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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR-CORREGEDOR DO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO RIO GRANDE DO SUL O MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL, pelo Procurador Regional Eleitoral, no uso de suas atribuições legais, vem, com base no art. 22 da Lei Complementar n. 64/90, propor a presente AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL em face de (1) OSVALDO ANIETTO BIOLCHI, candidato a deputado federal pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro sob o n. 1580, já devidamente qualificado no processo de registro Classe 15 n. 413 2006, e (2) MÁRCIO DELLA VALLE BIOLCHI, candidato a deputado estadual pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro sob o n. 15500, já devidamente qualificado no processo de registro Classe 15 479 2006, pelas razões e fundamentos e nos termos em que passa a expor: I – DOS FATOS O deputado federal OSVALDO ANIETTO BIOLCHI e o deputado estadual MÁRCIO DELLA VALLE BIOLCHI, ambos candidatos à reeleição no pleito de 2006, mantêm em funcionamento em Porto Alegre, na Rua Aparício Borges, n. 1695, Bairro Glória, CEP 90.680-570, um albergue denominado CASA DE

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR-CORREGEDOR DOTRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO RIO GRANDE DO SUL

O MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL, peloProcurador Regional Eleitoral, no uso de suas atribuições legais, vem, com base no art.22 da Lei Complementar n. 64/90, propor a presente AÇÃO DE INVESTIGAÇÃOJUDICIAL ELEITORAL em face de

(1) OSVALDO ANIETTO BIOLCHI, candidato a deputado federal pelo Partido doMovimento Democrático Brasileiro sob o n. 1580, já devidamente qualificado noprocesso de registro Classe 15 n. 413 2006, e

(2) MÁRCIO DELLA VALLE BIOLCHI, candidato a deputado estadual peloPartido do Movimento Democrático Brasileiro sob o n. 15500, já devidamentequalificado no processo de registro Classe 15 479 2006,

pelas razões e fundamentos e nos termos em que passa a expor:

I – DOS FATOS

O deputado federal OSVALDO ANIETTO BIOLCHI e odeputado estadual MÁRCIO DELLA VALLE BIOLCHI, ambos candidatos à reeleiçãono pleito de 2006, mantêm em funcionamento em Porto Alegre, na Rua AparícioBorges, n. 1695, Bairro Glória, CEP 90.680-570, um albergue denominado CASA DE

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APOIO À SAÚDE, em que prestam gratuitamente a eleitores serviços de hospedagem,transporte e outras vantagens, tais como equipamentos para cozinhar e sala de refeições.O serviço se destina, primordialmente, a pessoas de outros municípios que se dirigem àCapital para, em regra, mas não exclusivamente, realizar tratamento especializado desaúde.

O Ministério Público Eleitoral tomou conhecimento doalbergue CASA DE APOIO À SAÚDE somente no dia 25.set.2006, por meio depanfleto de propaganda eleitoral dos investigados, que dava notícia de sua existência elocalização. Este panfleto havia sido, naquela data, entregue ao Tribunal RegionalEleitoral do RS, por eleitor que não quis se identificar, e imediatamente remetido, paraprovidências, a esta Procuradoria Regional Eleitoral.

Além disso, no mesmo dia, 25.set.2006, a ColigaçãoFrente Popular – A Força do Povo (PT e PC do B) e o Partido dos Trabalhadores – PTencaminharam notícia documentada a esta Procuradoria Regional Eleitoral, na qual,dentre outras informações, comunicaram a existência do albergue do investigadoMárcio Biolchi, indicando a sua localização. A representação veio acompanhada defotos produzidas por FLÁVIO ISMAIL MALMACEDO GONÇALVES e MIGUELIDIART GOMES, que serão arrolados como testemunhas do presente processo.

A partir disso, tão logo tomou conhecimento da existênciae localização do albergue dos investigados, o Ministério Público Eleitoral ajuizou, nodia 26.set.2006, ação cautelar (Processo Classe 04 n. 21 2006) preparatória deinvestigação judicial eleitoral por abuso de poder econômico, para que houvesse averificação in loco da presença de eleitores beneficiados, bem como da presença depropaganda eleitoral, ou de outros elementos que comprovassem a vinculação dacandidatura dos investigados com o serviço assistencial.

O caso dos investigados não é um fenômeno isolado, poisse insere em uma investigação mais ampla iniciada pelo Ministério Público Eleitoral emjulho deste ano, relacionada aos albergues mantidos por deputados do Estado do RioGrande do Sul, tanto federais quanto estaduais, que oferecem hospedagem gratuita etransporte a pessoas que vêm do interior para realizar tratamento especializado de saúdeem Porto Alegre ou em outras cidades consideradas centros de referência em saúde emsuas respectivas regiões. Até o momento, o Ministério Público Eleitoral apurou que pelo

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menos onze deputados mantêm estabelecimentos deste gênero no Rio Grande do Sul, osquais contribuem significativamente para as suas respectivas campanhas eleitorais esucessivas reeleições.

Embora os candidatos que mantêm albergues, via de regra,afirmem que se trata pura e simplesmente de ação solidária, sem qualquer interesseeleitoral, os fatos os contradizem. Isto porque todos eles exaltam sua solidariedade emsuas respectivas propagandas eleitorais. Se realmente se cuidasse de assistencialismodesinteressado, obviamente não haveria razão para que, por meio da propagandaeleitoral, as supostas ações solidárias fossem vinculadas às suas candidaturas. O que tema ver a atuação parlamentar com a concessão gratuita de hospedagem?

Se o assistencialismo com intuito eleitoral, por si só, jáparece moralmente reprovável, é de se destacar que a legislação eleitoral proíbe a suarealização durante a campanha eleitoral, isto é desde o registro da candidatura até o diada eleição. O art. 23, § 5º, da Lei n. 9.504/97 prevê que “ficam vedadas quaisquerdoações em dinheiro, bem como de troféus, prêmios, ajudas de qualquer espécie feitaspor candidato, entre o registro e a eleição, a pessoas físicas e jurídicas”.

Em razão disso, o Ministério Público Eleitoral apuroucomo se comportavam os candidatos que mantêm albergues no Estado. Nem todos eramconhecidos desta Procuradoria Regional Eleitoral. Inicialmente, apenas seis deputadosforam investigados. Assim, no dia 19.set.2006 foi realizada uma grande operação noEstado, em que se procedeu a ações de busca e apreensão, simultaneamente em váriascidades, em um total de dez albergues. Na oportunidade, foi possível observar que todosos locais verificados, sem nenhuma exceção, apresentavam uma característica emcomum: estavam repletos de propaganda eleitoral do candidato mantenedor doserviço.

Para as ações de busca e apreensão que foram, no dia19.set.2006, realizadas simultaneamente em dez albergues, o efeito surpresa foi fatorfundamental. Ele permitiu que se fizesse a demonstração exata da real finalidade dosalbergues: a captação ilícita de sufrágio, com entrega de vantagem a eleitores, com ofim de captar-lhes o voto. Além da farta propaganda eleitoral dos mantenedores e dedezenas de beneficiários hospedados que foram encontrados nesses estabelecimentos,alguns albergues mantinham, inclusive, malas diretas com os nomes dos beneficiários

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cadastrados, os quais recebiam propaganda eleitoral em suas respectivas residências. Talmedida era realizada para lembrá-los do serviço prestado, bem como indicar o tempo eo modo do eleitor demonstrar a sua gratidão.

Não obstante, havia mais albergues do que os inicialmenteconhecidos por esta Procuradoria Regional Eleitoral. A prática de manutenção dealbergues por parlamentares havia se propagado no Estado. E a explicação para isso éevidente: quem mantém albergues normalmente se reelege. Por conta disso, o modelovem sendo copiado entre os políticos do Rio Grande do Sul, dentre os quais se incluemos ora investigados, deputado federal OSVALDO ANIETTO BIOLCHI e deputadoestadual MÁRCIO DELLA VALLE BIOLCHI, respectivamente pai e filho, quecriaram, em 2003, a CASA DE APOIO À SAÚDE.

O panfleto de propaganda eleitoral1 dos investigadosrecebido por esta Procuradoria Regional esclarece, a respeito de MÁRCIO DELLAVALLE BIOLCHI, que ele é “ex-vereador de Carazinho, eleito o mais jovem deputadoestadual desta legislatura, em 2002, com 23 anos (...)”. Segue afirmando que “(...)Márcio conhece a realidade das pessoas que chegam diariamente do interior em buscade tratamento de saúde”. A mesma propaganda exalta as qualidades do pai, o deputadofederal OSVALDO ANIETTO BIOLCHI, descrito como alguém que “(...) tem trabalhodestacado nas questões da área de saúde”, aduzindo, ainda, que “com sua atuação noCongresso Nacional, o líder peemedebista conseguiu destinar recursos para centenasde municípios de todo o Estado”.

O alvo do panfleto de propaganda eleitoral, no entanto,não é o de destacar realizações dos mandatos parlamentares dos investigados. Em vezdisso, o objetivo principal é vincular as suas candidaturas com a atividade assistencialpor eles desenvolvida na CASA DE APOIO À SAÚDE, em Porto Alegre. O título dopanfleto é por demais elucidativo: “PODE ENTRAR QUE A CASA É SUA” (assimmesmo, em destaque e em caixa alta). E acrescenta, em texto um pouco mais discreto:“Construindo a cidadania com você”.

1 De acordo com o número de inscrição no CNPJ indicado no canto esquerdo inferior do panfleto depropaganda dos investigados (CNPJ n. 87.161.501/0001-38), a empresa responsável pela impressão domaterial foi a Companhia Riograndense de Artes Gráticas – CORAG, localizada na Rua Cel. AparícioBorges, n. 2199, bairro Partenon, nesta Capital.

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No mencionado panfleto eleitoral, MÁRCIO BIOLCHIexplica de onde vem o viés solidário de sua vida parlamentar: “Por saber dasdificuldades enfrentadas por milhares de pessoas que chegam à capital em busca deatendimento especializado é que estamos, desde 2003, priorizando a área da saúde.Queremos que todos se sintam como se estivessem em suas próprias casas”. Para tanto,o albergue CASA DE APOIO À SAÚDE oferece quatro dormitórios, bem iluminados earejados, com roupa de cama e travesseiro para cada hóspede; cozinha, com fogão,refrigerador, microondas e utensílios domésticos à disposição dos hóspedes; sala derefeições, mesa, cadeiras e sofá, onde um “(...) televisor 29 polegadas foi instalado paragarantir os momentos de lazer e convivência num ambiente totalmente familiar”; etransporte, realizado por uma caminhonete Ducatto, com 16 lugares, e um motorista àdisposição das 6h30min às 18h30min, que “realiza o transporte dos hóspedes, desde aEstação Rodoviária de Porto Alegre”. O panfleto ainda destaca as pessoas quetrabalham no albergue, às quais se refere como “O nosso time do Albergue!”. Segundo omaterial, trabalham no albergue o Sargento Goi, Helias, Lisiane e Jackson.

O material de propaganda dos investigados contém,também, pequenos depoimentos de beneficiários. Claudiomar Louçanova Bissaco,agente de saneamento de Santiago/RS, afirma que o albergue “É uma ajuda tão grandeque a gente nem acredita. Além das acomodações serem excelentes a gente tem otransporte para nos levar onde é preciso. Já que a maioria aqui não saberia sedeslocar pela cidade”. Alexandre Silveira, estudante em Tunas/RS, observa que “Oalbergue, com toda a sua estrutura, é muito bom. As pessoas são atenciosas e nosatendem com todo o respeito. Estou feliz de poder contar com essa ajuda”. ElemarDreyer, aposentado morador de Três Passos/RS, é menos comedido e explicita o pedidode voto como condição para a manutenção do albergue: “Aqui estou sendo muito bemtratado. Temos que dar força para que o albergue continue atendendo a todos”(sublinhei!).

A partir disso, com base nesse panfleto e na representaçãoda Coligação Frente Popular, estando suficientemente demonstrado o caráter eleitoraldas atividades desenvolvidas no albergue dos investigados, na mesma data em que foiajuizada a ação cautelar (Processo Classe 04 n. 21 2006), a liminar foi deferida peloCorregedor Regional Eleitoral, Dr. Marcelo Bandeira Pereira, e imediatamentecumprido o mandado de busca e apreensão na CASA DE APOIO À SAÚDE.

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Segundo consta da certidão do oficial de justiça RonyRubens Presta García, que cumpriu a ordem judicial no albergue dos investigados, “nãofoi encontrada propaganda eleitoral no interior do albergue”. Não foram, igualmente,encontradas listas, cadastros, fichas ou livros contendo relação de usuários doestabelecimento, nem notas fiscais ou documentos sobre custos e despesas do albergue.

Por óbvio, essa situação já era de algum modo esperada.Alertados pelas ações de busca e apreensão executadas em outros albergues eleitoraisuma semana antes, no dia 19.set.2006, os investigados promoveram uma criteriosafaxina na CASA DE APOIO À SAÚDE, retirando toda a propaganda eleitoral queestava no local, bem como todos cadastros de beneficiários e documentos referentes aoscustos do albergue. Não houve, neste caso, o efeito surpresa que exerceu papelfundamental nas ações de busca e apreensão realizadas no dia 19.set.2006.

Contudo, pôde-se constatar que o serviço estavafuncionando normalmente e que havia nada menos do que dez pessoas vindas dointerior ali hospedadas, todas relacionadas na certidão do oficial de justiça: (1) EledirTeresinha Garcia – Carazinho/RS; (2) Dalva Carvalho Aguirre – Itaqui/RS; (3) IedaMaria Cantos Garcia –Rio Grande/RS; (4) Isabel Cristina Lemos de Jesus – BentoGonçalves/RS; (5) Dinah Menezes Nunes – Quaraí/RS; (6) Dalila Campos Quazine –São Sepé/RS; (7) Domingos de Lima Lacerda – Quaraí/RS; (8) Clair Meier –Carazinho/RS; (9) João Iranir Machado da Luz – São Luiz Gonzaga/RS; (10) FernandoVital – Guarani das Missões/RS.

Anexas à certidão do oficial de justiça há, além disso,declarações de Lisiane dos Santos, assessora parlamentar do investigado MárcioBiolchi, e de hóspedes que foram lá encontrados. A assessora parlamentar doinvestigado informa que

o albergue é mantido (aluguel, luz, água, etc) pelo deputadoBiolchi. Os contatos para encaminhamento ao albergue são feitos pelaAssembléia com a Cristiane, Jucélia, Rafael Carolina, Sargento Goi(todos do gabinete do deputado). (grifei!)

Dalva Carvalho Aguirre, de Itaqui/RS, afirma que

ficou sabendo do sabendo da pousada através de conhecidos. Ligou

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para a Assembléia e falou com uma funcionária do Gabinete do Dep.Biolchi. Não paga nada. (...) Sabe que o Deputado é candidato e temintenção de votar nele porque ele a ajuda. (grifei!)

Ieda Maria Garcia, por sua vez, relatou que

veio de Rio Grande, é a terceira vez que fica neste albergue. Aassistente social de Rio Grande falou aqui com a pousada. Ganhou apassagem. Não paga hospedagem. Havia uma caminhoneta doDeputado, a qual não está aqui hoje, que fazia o transporte para ohospital. Era uma van, atualmente não há mais. Não tinha custo.Lá em Rio Grande a Assistência Social deu passagens de ida e volta.Tem o santinho do Dep. Biolchi em casa. Ganhou o santinho aquina 2ª vez que veio (setembro de 2006). Não lembra quem deu osantinho, a casa estava muito cheia e estavam trabalhandobastante na campanha. Havia vários cartazes nos fundos da casa.Avistou propagandas nas dependências do imóvel (propagandasdo Dep. Biolchi). (grifei!)

A declaração de Ieda Maria García evidencia que, até bempouco tempo antes da ação de busca e apreensão, havia propaganda eleitoral na CASADE APOIO À SAÚDE. “A casa estava muito cheia e estavam trabalhando bastante nacampanha”, informou a eleitora. Isso evidencia que a atividade assistencial do alberguese confundia com a campanha eleitoral.

De qualquer modo, para que não haja dúvida quanto àidentidade do mantenedor do serviço, há, na fachada do imóvel em que está localizada aCASA DE APOIO À SAÚDE, pinturas com propagandas tanto de OSVALDOANIETTO BIOLCHI, o pai, quanto de MÁRCIO DELLA VALLE BIOLCHI, o filho.Ambos eram candidatos à reeleição aos cargos de deputado federal e deputado estadual,respectivamente.

Em que pese não ter sido encontrada propaganda dosinvestigados no interior do albergue, há, no caso dos deputados Biolchi, um ponto dignode destaque. Eles ostentam, em detalhes, o abuso de poder econômico no própriomaterial de propaganda eleitoral. Poderia haver pedido mais expresso de votos? E seesse pedido está vinculado à prestação de um serviço, qual a conclusão? Não é sugestivaa chamada da propaganda: “PODE ENTRAR QUE A CASA É SUA”? Isso não configuraoferta de prestação de serviço? E feita em material que constitui apelo por voto nãoconstitui exatamente o que a lei denomina de captação ilícita de sufrágio?

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Ainda que não se entendesse assim, é de se registrar que oserviço funcionava a pleno vapor no meio da campanha eleitoral, como constatou a açãoda Justiça. Havia dez hóspedes no local. Como se vê, não é só oferta de serviço. Háefetiva prestação desse serviço, que os dois parlamentares levaram a público, compedido de voto. Lembro que o panfleto de propaganda, logo após a chamada que nosconvida a entrar na casa, “que é sua”, traz um colinha de voto, com os números dos doiscandidatos investigados. E o seguinte apelo: “FAÇA A OPÇÃO CERTA”.

Por tudo isso, o fato que enseja o ajuizamento da presenteinvestigação judicial eleitoral é a prestação de serviços a eleitores, desde o início doprocesso eleitoral – e mesmo antes disso –, com o evidente fim de obtenção de votos. Ahospedagem – entre os outros benefícios oferecidos – de eleitores em Porto Alegre, pararealização de tratamento especializado de saúde, constitui um benefício inegável, comvalor econômico estimável. A partir disso, considerando a propaganda eleitoral quebusca identificar a oferta desse benefício com as candidaturas de OSVALDOANIETTO BIOLCHI e MÁRCIO DELLA VALLE BIOLCHI, é possível constatar aocorrência de abuso de poder econômico, haja vista que o serviço é prestadoininterruptamente desde 2003, influenciando milhares de eleitores beneficiários, seusparentes e amigos, tornando evidente a potencialidade do ilícito influir no resultado dopleito, afetando a normalidade e legitimidade das eleições.

II – DOS FUNDAMENTOS

a) Do cabimento da ação de investigação judicial eleitoral

O art. 19, caput, da Lei Complementar n. 64/90 dispõe quea ação de investigação judicial eleitoral é a medida judicial cabível para apurartrangressões pertinentes à origem de valores pecuniários, abuso de poder econômico oupolítico, em detrimento da liberdade de voto, que serão apuradas pelo Corregedor-Gerale Corregedores Regionais Eleitorais. O parágrafo único do mesmo dispositivo, por suavez, estabelece como diretriz a orientar a apuração destes ilícitos a proteção danormalidade e legitimidade das eleições.

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Deste modo, considerando que, conforme serádemonstrado nesta ação, a conduta caracteriza abuso de poder econômico, é plenamenteviável o ajuizamento da presente ação de investigação judicial eleitoral, que deveráobservar o procedimento previsto no art. 22 da LC n. 64/90. O que se pretende com estaação é comprovar que os investigados, ao disponibilizar o serviço de albergues aeleitores, vinculando-o às suas candidaturas, violaram dispositivos legais que regem oprocesso eleitoral e desequilibraram, desse modo, a igualdade entre os candidatos, o queatuou em detrimento da liberdade do voto, em evidente abuso de poder econômico.

b) Da caracterização do abuso de poder econômico

A Constituição Federal e a legislação infraconstitucionalque regem o processo eleitoral não possuem um preceito normativo que conceitue inabstracto condutas que caracterizem abuso de poder econômico ou político. Nãoobstante, a Constituição Federal, no art. 14, §§ 9º e 10, e a LC n. 64/90, nos seus arts. 19e 22, estabelecem que a coibição destas formas de abuso deverão observar as seguintesfinalidades: (a) a proteção da normalidade e legitimidade das eleições, (b) da liberdadedo voto, (c) da probidade administrativa e (d) da moralidade para o exercício domandato.

Desta forma, a identificação dos atos que consubstanciemabuso de poder econômico deverá ser realizada a partir do caso concreto – e não decondutas previamente tipificadas –, tarefa esta que, à luz das normas legais econstitucionais que regem a matéria, deverá ser norteada sempre pelas finalidadesmencionadas, que derivam, em última análise, dos princípios democrático erepublicano.

O abuso de poder na seara eleitoral pode, em princípio,apresentar-se de duas formas: (a) ele pode consistir no uso indevido ou exorbitante deum direito que é conferido ao candidato; ou, o que é mais grave, (b) apresentar-se sob aforma de atos que, desde a origem, estão em desconformidade com o ordenamentojurídico.

No caso concreto, a conduta dos investigados caracterizaabuso de poder econômico, com aptidão para afetar a normalidade e legitimidade das

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eleições, porque ela, praticada de forma ininterrupta e atingindo um grande contingentede eleitores, violou dispositivos expressos da legislação eleitoral. Ela se apresentava,portanto, desde a origem em desconformidade com o ordenamento jurídico,configurando a hipótese mais grave de abuso de poder econômico.

Primeiro, ao disponibilizar os albergues a eleitores duranteo período eleitoral, os investigados violaram o art. 23, § 5º, da Lei n. 9.504/97, quedispõe que ficam vedadas quaisquer doações em dinheiro, bem como de troféus, ajudasde qualquer espécie feitas por candidato, entre o registro e a eleição, a pessoas físicasou jurídicas. Segundo, infringiram também o art. 41-A da Lei das Eleições, queestabelece que constitui captação ilícita de sufrágio o candidato doar, oferecer,prometer, ou entregar, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagempessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o registroda candidatura até o dia da eleição.

Na sociedade de massas contemporânea, considerada a suadinâmica complexa, não se pode esperar, para a caracterização do abuso de podereconômico, que o oferecimento de vantagens a eleitores consista necessariamente naentrega de bens móveis ou de dinheiro em espécie. Em uma versão mais moderna deabuso de poder econômico, tem-se, por vezes, a exemplo do que fizeram osinvestigados, atividades de prestação de serviços, o que, embora não se dê com aentrega de bens ou de dinheiro em espécie, igualmente representa, para o eleitor, umavantagem economicamente estimável. Não é por outra razão que os arts. 23, § 5º, e 41-A, da Lei n. 9.504/97, incluem em suas vedações “ajudas de qualquer espécie feitas porcandidato” e a doação, oferta, promessa ou entrega, ao eleitor, de “bem ou vantagempessoal de qualquer natureza”.

No caso dos investigados, a vantagem econômica que elesofereciam, conforme faz prova o panfleto de propaganda eleitoral anexo, cujasinformações foram confirmadas na ação de busca e apreensão realizada no albergue em26.set.2006 (Processo Classe 04 n. 21 2006), consistia na hospedagem gratuita deeleitores, com toda a infra-estrutura necessária. Havia, também, o oferecimento detransporte, também gratuito, que era realizado em uma caminhonete que contava commotorista à disposição das 6h30min às 18h30min. Esta caminhonete realizava otransporte de hóspedes da CASA DE APOIO À SAÚDE até a Estação Rodoviária ou ahospitais de Porto Alegre.

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Enfim, conforme está amplamente demonstrado, haviauma grande infra-estrutura montada para a prestação de um serviço assistencialinteiramente gratuito. A princípio, poder-se-ia afirmar que nenhuma irregularidadehaveria nisso, que o serviço não guarda nenhuma relação com a matéria eleitoral. Emverdade, não existe mesmo qualquer irregularidade na manutenção, por si só, de serviçoassistencial. Entretanto, no momento em que, por meio de propaganda eleitoral, ocorre aexplícita identificação do serviço assistencial com as candidaturas dos investigados, ocaso passou a interessar sim à Justiça Eleitoral, na medida em que ele influenciou oprocesso eleitoral, desequilibrando a disputa entre os candidatos em favor dos orainvestigados.

Ressalte-se que, para a manutenção do albergue, há umsignificativo custo envolvido. Há despesas de água, luz, telefone, gás, material delimpeza, combustível, tudo sem contar a despesa com pessoal (conforme comprovam,em parte, os demonstrativos de despesas e notas juntados pelos investigados aoProcesso Classe 04 n. 21 2006). Tudo isso implica significativo gasto permanente dosinvestigados com a manutenção do albergue, custo que provavelmente sequer serácontabilizado na prestação de contas de campanha, mas igualmente beneficia ascandidaturas.

Por todas essas razões, conclui-se que os investigadospraticaram captação ilícita de sufrágio e, considerada a sua prática reiterada e em largaescala, flagrante abuso de poder econômico. Ressalte-se que o Tribunal SuperiorEleitoral tem entendido que há abuso de poder econômico quando configurada a práticade captação ilícita de sufrágio com potencial de afetar a normalidade e legitimidade daseleições. Colaciono, nesse sentido, o seguinte julgado:

RECURSO ORDINÁRIO. Eleições 2002. Abuso do podereconômico. Captação ilegal de sufrágio. Configuração. Provimentonegado.Configurado o abuso do poder econômico, decorrente da práticade assistencialismo voltado à captação ilegal de sufrágios, impõe-se a declaração da inelegibilidade, nos termos do art. 22, VI, daLC nº 64/90.2

2 RO n. 741, rel. Min. Humberto Gomes de Barros, j. 22.02.2005, DJ 06.05.2005, p. 151

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c) Da potencialidade do ilícito afetar a normalidade elegitimidade das eleições

Um dos principais elementos para a caracterização doabuso de poder econômico é a potencialidade do ilícito afetar a normalidade elegitimidade das eleições, influindo sobre o resultado do pleito. Não se está, com isso,exigindo a demonstração de cálculos matemáticos que demonstrem a relação de causa eefeito entre os atos praticados e o resultado das eleições. Basta que o ato, tomando-seem consideração as circunstâncias e a conjuntura em que foi praticado, seja apto ainfluir sobre a vontade popular. Daí falar-se em potencialidade e não em nexo decausalidade.

Nesse sentido, as seguintes decisões do TSE:

RECURSO ORDINÁRIO. ELEIÇÃO 2002. AÇÃO DEINVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL. ABUSO DO PODERECONÔMICO E USO INDEVIDO DOS MEIOS DECOMUNICACÃO. POTENCIALIDADE. NÃO-CARACTERIZAÇÃO. NEGADO PROVIMENTO.I - Segundo a jurisprudência desta Corte, alterada desde ojulgamento do REspe nº 19.571/AC, rel. Min. Sepúlveda Pertence,DJ de 16.8.2002, na ação de investigação judicial eleitoral, deixoude se exigir que fosse demonstrado o nexo de causalidade entre oabuso praticado e o resultado do pleito, bastando para aprocedência da ação a "indispensável demonstração - posto queindiciária - da provável influência do ilícito no resultado eleitoral(...)".II - O TSE admite que os jornais e os demais meios impressos decomunicação possam assumir posição em relação à determinadacandidatura, sendo punível, nos termos do art. 22 da LC nº 64/90, osexcessos praticados. Precedente.3

Recurso Especial. Investigação Judicial(LC 64/90, arts. 1º, "d", 19, §único, 22, XIV e XV e 24 c/c L. 9.504/97, art. 41-A) - Ausência deprova e de nexo de causalidade.

3 RO n. 758, rel. Min. Francisco Peçanha Martins, j. 12.08.2004, DJ 03.09.2004, p. 108

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I. É certo bastar a potencialidade de influência no resultado dopleito para a procedência da investigação judicial: a verificaçãodessa probabilidade, no entanto, pressupõe prova cabal daexistência dos fatos abusivos ou de captação ilícita de sufrágiosdelatados.II. Impossibilidade de reexame e valoração do conjunto probatório navia do recurso especial (Súmula 279 -STF).III. Fortes indícios de configuração, em tese, do crime de corrupção(Cód. El. art. 299): extração e remessa de cópia dos autos ao MPEpara as providências cabíveis.IV. Recurso não conhecido.4

No caso dos investigados, a potencialidade de que o ilícitopraticado desequilibre a igualdade de oportunidades entre os candidatos e, porconseqüência, influa no resultado do pleito é evidente. Conforme noticia o própriopanfleto de propaganda eleitoral dos investigados, informação corroborada pelo contratode locação juntado pelos investigados nos autos do Processo Classe 16 n. 298 20065, aCASA DE APOIO À SAÚDE funciona ininterruptamente desde 2005, beneficiandodezenas de eleitores a cada semana. Se tomarmos por base o fato de que apenas nomomento do cumprimento do mandado de busca e apreensão estavam presentes noalbergue 10 (dez) hóspedes, constata-se que se cuida de serviço assistencial de grandemonta, que certamente já beneficiou milhares de eleitores, de onde se extrai apotencialidade do ilícito desequilibrar a corrida eleitoral.

III – DO PEDIDO

ANTE O EXPOSTO, o Ministério Público Eleitoralrequer:

(a) que a presente ação de investigação judicialeleitoral seja recebida e processada;

(b) que sejam notificados os investigados para,querendo, oferecerem defesa no prazo legal;

4 RESPE n. 19.553, rel. Min. José Paulo Sepúlveda Pertence, j. 21.03.2002, DJ n. 21.06.2002, p. 2445 O processo se refere a representação eleitoral por captação ilícita de sufrágio (art. 41-A da Lei n.9.504/97), com base nos mesmos fatos, ajuizada pelo Ministério Público Eleitoral contra os orainvestigados.

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(c) que, para a melhor instrução do feito, sejamtomadas as seguintes providências:

(c.1) que seja apensado aos autos a Ação Cautelar 04 212006;(c.2) que seja intimada a Companhia Riograndense deArtes Gráticas – CORAG (Rua Cel. Aparício Borges, n.2199, bairro Partenon), responsável pela impressão dopanfleto de campanha dos representados anexo à presente,para que, no prazo de 24 horas, informe o número deexemplares impressos e encaminhe 1 (um) exemplar decada tipo de material de propaganda dos representados queforam impressos por aquela empresa nos últimos 6 (seis)meses, ou, alternativamente, caso este requerimento játenha sido atendido nos autos do Processo Classe 04 n. 212006, que sejam juntadas cópias dos documentosenviados; (c.4) tendo em vista o caráter assistencial afirmado naprestação do serviço vedado pela lei eleitoral, que sejadeterminado aos investigados que exibam as listas,documentos ou cadastros de hóspedes da Casa de Apoio àSaúde, com os registros de hospedagens realizadas desdejaneiro de 2006;(c.5) que seja oficiada a Assembléia Legislativa do Estadodo Rio Grande do Sul, com endereço na Praça MarechalDeodoro, n. 101, bairro Centro, CEP 90010-300, PortoAlegre/RS, para que forneça a relação de funcionários dogabinete do deputado estadual Márcio Biolchi nos últimos12 (doze) meses;(c.7) que sejam ouvidas as testemunhas conforme o rolque segue abaixo, a serem intimadas pessoalmente nosendereços pessoais ou funcionais indicados ou,alternativamente, por economia processual, caso elas játenham sido ouvidas nos autos do Processo Classe 16 n.298 2006, sejam os seus depoimentos tomados comoprova emprestada, juntando-se aos presentes autos cópiasautenticadas deles.

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(d) que, ao final, seja julgada inteiramente procedente apresente Ação de Investigação Judicial Eleitoral, para o fim de, nos termos do 22, XIV,da Lei Complementar n. 64/90, reconhecer a responsabilidade dos investigados porabuso de poder econômico e cominar-lhes a sanção de inelegibilidade para as eleiçõesque se realizarem nos 3 (três) anos subseqüentes à em que foi cometido o ilícitoeleitoral.

Protesta, por fim, pela produção de todos os meios deprova em direito admitidos.

Nestes termos, pede e espera deferimento.

Porto Alegre, 1 de novembro de 2006.

João Heliofar de Jesus VillarProcurador Regional Eleitoral

Rol de testemunhas:

1. NYLSON PAIM DE ABREU FILHO, servidor do Ministério Público Federal, comendereço profissional na Rua Sete de Setembro, n. 1133 (Procuradoria Regional daRepública da 4ª Região) – Porto Alegre/RS

2. RONY RUBENS PRESTA GARCIA, servidor da 2ª Zona Eleitoral, com endereçofuncional na Av. Padre Cacique, n. 96 – Porto Alegre/RS

3. IEDA MARIA CANTOS GARCIA, hóspede do albergue, residente e domiciliadaRua 8, casa 240, bairro Getúlio Vargas – Rio Grande/RS

4. FLÁVIO ISMAIL MALMACEDO GONÇALVES, residente e domiciliado na RuaFlorianópolis, n. 231 – Sapiranga/RS

5. MIGUEL IDIART GOMES, residente e domiciliado na Rua Jacinto Gomes, n. 529,apto. 101 – Porto Alegre/RS.