exames de madureza em mato grosso : 1930 … · en este trabajo se analiza la oferta inicial del...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
MESTRADO EM EDUCAÇÃO
KLEBERSON RODRIGO VASCONCELOS DE OLIVEIRA
EXAMES DE MADUREZA EM MATO GROSSO : 1930 - 1970
CUIABÁ
2017
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KLEBERSON RODRIGO VASCONCELOS DE OLIVEIRA
EXAMES DE MADUREZA EM MATO GROSSO: 1930 – 1970
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Educação, do Instituto de
Educação da Universidade Federal de Mato
Grosso, como requisito para obtenção do
Título de Mestre em Educação, na Linha de
Pesquisa: Cultura, Memória e Teorias em
Educação.
Orientadora: Profª. Drª. Márcia dos Santos
Ferreira
CUIABÁ
2017
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela dádiva da vida, aos amigos que conquistei e aqueles que
ficaram para trás por inúmeros motivos, aos meus familiares por apoiarem
incondicionalmente minhas decisões de cunho pessoal e profissional.
Agradeço também àqueles que indiretamente contribuíram para preencher meu
leque de experiências em minha passagem pela Pós-Graduação.
Ao Grupo de Pesquisa História de Educação e Memória (GEM), e ao Centro
Memória Viva MT (CMV).
À professora Elizabeth Figueiredo de Sá, por me dar a primeira oportunidade
como pesquisador.
À minha orientadora Márcia dos Santos Ferreira, pela honra, dedicação e
paciência na condução dessa produção.
À minha família com todo apoio incondicional, com agradecimento especial ,
minha mãe minha maior fonte de inspiração, aquela que cuidou e me tratou com
carinho, não só a mim como aos meus irmãos, trabalhando arduamente para que
tivéssemos uma educação, que até então ela não teve oportunidade de conseguir.
Minha mãe, meu molde meu espelho: se eu me tornar uma pequena parte da
pessoa e profissional que a senhora é, a vida já terá valido a pena.
Ao meus avós Luiza Vasconcelos de Amorim (in memorian) e Miguel João de
Amorim (in memorian) deixando saudades em nossos corações.
Aos funcionários/amigos do Programa de Pós-Graduação, em especial a
Marcos (Marcão) e Luisa, que desde a graduação foram incentivadores de meu trabalho,
sempre me alertando dos prazos e ajudando na caminhada.
Aos meus companheiros de mestrado e integrantes do GEM por amizades
conquistadas e pela contribuição de todos.
E um agradecimento especial a Érica Pompeu de Oliveira, minha namorada,
companheira e anjo da guarda pela ajuda e força nessa caminhada.
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RESUMO
O exame de madureza no Brasil foi criado no século XIX pelo Decreto 981/1890, e
buscava, pela sua proposta inicial, atender a um público que almejava galgar patamares
mais elevados de escolaridade. Surgiu concomitantemente à reforma Benjamin
Constant, com o propósito de que os estudantes nele aprovados pudessem se candidatar
a vagas em cursos superiores. Assumiu várias características através das reformas
educacionais ao longo do período estudado, como a Francisco Campos, Gustavo
Capanema e a LDBEN de 1961, e com elas foi sendo utilizado por parcelas mais amplas
da população com os mais diversificados propósitos. O presente trabalho discute a
oferta inicial do exame de madureza no Brasil e sua efetiva aplicação em Mato Grosso,
com foco na demanda, através da identificação e estudo dos resultados dos candidatos
que a eles se submeteram. Para isso, a pesquisa parte da análise documental que registra
a realização do exame, a sua organização e implantação em Mato Grosso, como atas e
fichas individuais dos candidatos ao exame, encontrados nos acervos do Centro
Memória Viva (CMV-UFMT) e da Secretaria de Educação do Estado de Mato Grosso.
Em Mato Grosso, os exames de madureza começaram a ser aplicados na década de
1930, com pequena procura e eram ofertados somente em Cuiabá. Posteriormente, na
década de 1960, o exame se expande aos outros municípios do estado, com um aumento
de procura pelos candidatos. O exame foi ofertado até inicio da década de 1970, quando
foi incorporado ao sistema supletivo de ensino.
Palavras-Chave: Exames de Madureza. Registros de candidatos. Mato Grosso.
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ABSTRACT
The maturity test in Brazil was created in the nineteenth century by Decree 981/1890,
and sought, by its initial proposal, to attend a public that sought to reach higher levels of
schooling. The examination came together with the Benjamin Constant reform, so that
the students approved there could apply for higher-level positions. The exam took on
several characteristics through educational reforms throughout the studied period, such
as Francisco Campos, Gustavo Capanema and LDBEN of 1961, and it was used by
larger portions of the population with the most diversified purposes. The present work
discusses the initial offer of the maturity test in Brazil and its effective application in
Mato Grosso, focusing on the demand, through the identification and study of the
results of the candidates that submitted to them. To do so, the research is based on the
documentary analysis that records the examination, its organization and implantation in
Mato Grosso, as individual records and records of the candidates for the exam, found in
the collections of the Centro Memória Viva (CMV-UFMT) and the Secretariat Of
Education of the State of Mato Grosso. In Mato Grosso, the maturity tests began to be
applied in the 1930s, with small, the exam was only offered in Cuiabá. Only in the
1960s did the examination expand to other municipalities with increased demand for
candidates. The exam is offered until the beginning of the 1970s, when it was
incorporated into the supplementary teaching system.
Keywords: Exams of Maturity. Candidate records. Mato Grosso.
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RESUMEN
El examen de madurez en Brasil fue creado en el siglo XIX por el Decreto 981/1890,
buscó, por su propuesta inicial, conocer a un público que deseaba subir los niveles más
altos de educación. El examen surgió simultáneamente con la reforma Benjamin
Constant, con el objetivo de que los estudiantes aprobados podría aplicar para las
vacantes en la educación superior. El examen se llevó varias funciones a través de las
reformas educativas en el período estudiado, como Francisco Campos, Gustavo
Capanema y LDBEN 1961, y con ellos estaba siendo utilizado por las partes más
amplias de la población con los más diversos fines. En este trabajo se analiza la oferta
inicial del examen de madurez en Brasil y su aplicación efectiva en el Mato Grosso,
centrándose en la demanda, a través de la identificación y el estudio de los resultados de
los candidatos que hayan sido objeto. Para ello, la investigación parte del análisis
documental que registra el examen, su organización y el despliegue en Mato Grosso,
como actas y registros individuales de los candidatos para el examen, que se encuentra
en las colecciones del Centro de la Memoria de estar (CMV-UFMT) y la Secretaría
Estado de Mato Grosso Educación. En Mato Grosso, los exámenes de madurez
empezaron a aplicarse en la década de 1930, con el pequeño, el examen se ofrece sólo
en Cuiabá. Sólo en la década de 1960 el examen se expande a otros municipios con un
aumento de la demanda de candidatos. El examen se ofrece a comienzos de la década de
1970, cuando se incorporó a la enseñanza del sistema complementario.
Palabras clave: Pruebas de madurez. Registros candidatos. Mato Grosso.
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LISTA DE ABREVIATURAS
CMV/MT: Centro Memória Viva Mato Grosso
GEM: Grupo de Pesquisa de História da Educação e Memória
IE: Instituto de Educação
PPGE: Programa de Pós-Graduação em Educação
PIBIC: Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica
SEDUC/MT: Secretaria de Educação do Estado de Mato Grosso
SEMIEDU: Seminário de Educação
EHECO: Encontro de História da Educação do Centro-Oeste
UFMT: Universidade Federal de Mato Grosso
LDBEN: Lei de Diretrizes e Bases da educação Nacional
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LISTA DE FIGURAS
Figura 01: Ata do exame de madureza no Liceu Cuiabano, 1935................................41
Figura 02: Ata do exame de madureza 1944.................................................................47
Figura 03: Ata do exame de madureza primeira época, 1947.......................................48
Figura 04: Ata de realização do Exame Madureza realizado em Cuiabá em 1963.......56
Figura 5: Ata de realização do Exame Madureza realizado em Campo Grande em
1967. (1ª folha)..............................................................................................................63
Figura 6: Ata de realização do Exame Madureza realizado em Campo Grande em
1969...............................................................................................................................66
Figura 7: Ata de realização do Exame Madureza realizado em Dourados em
1970...............................................................................................................................67
Figura 8: Ata de realização do Exame Madureza realizado em Campo Grande
1970...............................................................................................................................68
Figura 9: Página da ata de registro de realização dos exames de madureza de 2º ciclo
realizado em Três Lagoas em dezembro de 1971.........................................................70
Figura 10: Pasta individual de candidato, submetido ao exame na modalidade parcelada
.......................................................................................................................................72
Figura 11: Ficha de requerimento do candidatos aos exames de madureza..................73
Figura 12: Certificado de eliminação de disciplina,1967..............................................74
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LISTA DE QUADROS
Quadro 01: conceitos de notas para o exame de madureza............................................40
Quadro 02: percurso dos alunos concluintes do Curso Fundamental na década de 1930 a
1940.................................................................................................................................43
Quadro 03: Candidatos ao exame nos anos de 1944, 1945, 1947, 1948, 1949 e
1952.................................................................................................................................49
Quadro 4: Candidatos ao exame de madureza no Colégio Liceu Cuiabano, de segunda
época, em 1964................................................................................................................58
Quadro 5: Candidatos ao exame de madureza no Colégio Liceu Cuiabano, ginasial,
primeira época, nov./1965...............................................................................................59
Quadro 6: Candidatos ao exame de madureza no Colégio Liceu Cuiabano, ginasial,
primeira época, nov./1965...............................................................................................60
Quadro 7: Candidatos ao exame de madureza no Liceu Cuiabano, colegial, segunda
época, mar./1966.............................................................................................................61
Quadro 8: Candidatos ao exame de madureza no Colégio Liceu Cuiabano, colegial,
novembro de 1966..........................................................................................................62
Quadro 9: Candidatos ao exame de madureza no Colégio Liceu Cuiabano, colegial,
novembro de 1967..........................................................................................................62
Quadro 10: Candidatos ao exame de madureza no Colégio Liceu Cuiabano, colegial,
novembro de 1968..........................................................................................................64
Quadro 11: Candidatos ao exame de madureza no Colégio Liceu Cuiabano, colegial,
novembro de 1969..........................................................................................................64
Quadro 12: Candidatos ao exame de madureza no Colégio Liceu Cuiabano, colegial,
dezembro de 1969...........................................................................................................65
Quadro 13: Candidatos ao exame de madureza no Colégio Liceu Cuiabano, dezembro
de 1970............................................................................................................................69
Quadro 14 : Panorama pela procura pelo exame de madureza na modalidade parcelada
por candidatos de Mato Grosso no Colégio Liceu Cuiabano em 1965, 1966,1967, 1968,
1969, 1970, 1971 e 1973.................................................................................................75
Quadro 15 : Panorama pela procura pelo exame de madureza na modalidade parcelada
por candidatos de São Paulo no Colégio Liceu Cuiabano em 1965, 1966,1967, 1968,
1969, 1970.......................................................................................................................76
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Quadro 16: Procura pelo exame de madureza na modalidade parcelada por candidatos
da Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Ceará, Goiás,
Tocantins, Indonésia, Paraguai,Itália e Portugal, nos anos de 1967, 1968, 1970 e
1971.................................................................................................................................78
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TABELA
Tabela 1: Alunos concluintes do Curso Fundamental do Ensino Secundário.................46
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SUMÁRIO
Introdução ..................................................................................................................... 15
Capítulo I - Exames de Madureza no Brasil ............................................................. 22
1.1 O Exame de Madureza : Criação e Normatização ............................................... 24
1.2 Exame de madureza na Reforma Francisco Campos: Artigo 100 do Decreto
21.241/1932 ............................................................................................................... 30
1.3 O Exame de Madureza na Reforma Gustavo Capanema : Decreto 4244/42 ...... 33
Capítulo II - O Exame de Madureza em Mato Grosso ............................................ 37
2.1 O Exame Madureza em Mato Grosso à Luz do Decreto 139/1903 ..................... 38
2.2 O exame de madureza em Mato Grosso sob a influência da Reforma Francisco
Campos ...................................................................................................................... .40
2.3 Candidatos ao Exame Sob a Tutela do Artigo 91 em Mato Grosso .................... 46
Capítulo III - Exames de Madureza e Sua Expansão em Mato Grosso ................. 52
3.1 O Exame de Madurea na LDBEN (Lei n° 4.024/1961) ...................................... 53
3.2 Os Exames De Madureza Em Mato Grosso Nas Décadas De 1960 e 1970 ......... 55
3.3 A Busca Pela Forma Parcelada de Exame em Mato Grosso Na Década De 1960:
Estudo Das Fichas Individuais De Candidatos ........................................................... 70
Considerações Finais .................................................................................................... 79
Referências .................................................................................................................... 81
Anexos ............................................................................................................................ 85
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INTRODUÇÃO
Ao iniciar minha trajetória universitária no curso de Pedagogia em 2011, tinha
somente como objetivo terminar a graduação e, o quanto antes, entrar no mercado de
trabalho. Não vislumbrava fazer parte do Programa de Pós-Graduação em Educação da
UFMT. Esse caminho, até meu ingresso ao programa, iniciou-se com a disciplina
História da Educação I, ministrada no primeiro semestre de 2011 pela Profa. Dra.
Elizabeth Figueiredo de Sá, coordenadora do Grupo História da Educação e Memória da
UFMT. A partir deste momento, minha trajetória educacional tomou outra perspectiva
(ou outro rumo), com resultados finais antes não vislumbrados.
Como atividades avaliativas da disciplina, destaco duas estratégias
metodológicas desenvolvidas pela professora que acenderam a minha fagulha de
pesquisador. Na primeira atividade a professora propôs a escrita da nossa história
escolar, ou memorial escolar, relacionando com fatos históricos e a influência desses em
nossa trajetória educacional até aquele momento como aluno de graduação.
A segunda atividade foi minha primeira inserção na pesquisa de campo, que se
configurou da seguinte maneira: primeiro, a divisão da sala em grupos, e cada grupo se
responsabilizou por pesquisar sobre uma instituição escolar ou um personagem
relevante para educação de Mato Grosso. Pensei, inicialmente, em contar a história da
primeira instituição de ensino do município de Várzea Grande, a Escola Barca Pêndulo
do Porto, mas, como eu não havia encontrado documentos para sustentar a pesquisa,
essa ideia pareceu-me inviável naquela ocasião.
Nesse momento, pensava que minha primeira atividade como um pesquisador
iniciante já havia naufragado, quando, pelas mãos de uma ex-diretora do colégio Barca
Pêndulo tive acesso a um diário da secretaria com dados datados inicialmente da década
1940 e 1950, contendo os nomes dos alunos, profissão dos pais, notas e outras
informações relevantes. A partir daí, o foco da pesquisa passou a ser a análise desse
diário e dessa fonte culminou na minha primeira produção como pesquisador iniciante
percebendo a enormidade de assuntos a serem explorados através de documentos e
relatos históricos.
Ir a campo e enfrentar os desafios para retratar o processo educacional dessa
escola em uma determinada época foi para mim um exercício enriquecedor, e, ao ver o
produto final em forma do trabalho escrito, ficaram ainda inquietações e um gosto de
“quero mais”.
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Com uma ótima relação aluno/professor consolidada com a professora
Elizabeth Sá, recebi um convite para trabalhar como monitor no I Encontro de História
da Educação do Centro-Oeste (I EHECO), evento organizado pelo Grupo de Pesquisa
História da Educação e Memória (GEM), por ela coordenado, e passei a me inteirar com
a riqueza das produções em História da Educação do Brasil e da região Centro-Oeste.
Em 2011, recebi o primeiro convite para tentar seleção como bolsista de
Iniciação Cientifica do GEM. Mas, por motivo de ordem administrativa esse ingresso
não se concretizou, deixando-me frustrado. Logo em seguida, recebi outro convite de
monitoria em mais um evento coordenado pela professora Dra. Elizabeth Sá e
organizado pelo GEM em parcerias com outras instituições do país, o VII Congresso
Brasileiro de História da Educação, um evento de porte internacional que foi realizado
com grande êxito.
Foram horas de trabalho e de aprendizagens, nas quais tive a oportunidade
conhecer pesquisadores e publicações sobre História da Educação de todo o país e
também do exterior.
Incrédulo da possibilidade de ser integrante como bolsista de iniciação
científica do grupo de Pesquisa em História da Educação (GEM), participei de um
processo seletivo, pleiteando uma vaga de bolsista de extensão do Centro Memória Viva
(CMV), da UFMT, que tem seu trabalho voltado à Educação de Jovens e Adultos,
Educação Popular e Movimentos Sociais. O CMV trabalha com acervos sobre esses
assuntos e é coordenado pela professora Márcia dos Santos Ferreira, que integra, junto
com a professora Elizabeth Sá, o GEM. Nesta seleção consegui aprovação e passei a
atuar no CMV e no GEM.
Antes dos trabalhos em si, eu e outros bolsistas selecionados para trabalhar no
CMV participamos de um minicurso sobre catalogação de arquivos, ministrado pela
Profa. Dra. Elizabeth Madureira Siqueira, na Casa Barão de Melgaço, da Secretaria de
Cultura do Estado de Mato Grosso, sediada em Cuiabá, com intuito de auxiliarmos a
professora Madureira na catalogação e manutenção do acervo da Casa Barão de
Melgaço.
Após alguns meses de trabalho como extensionista, recebi o segundo convite
para participar novamente do processo seletivo para bolsista de Iniciação Cientifica do
GEM. Nessa ocasião, comuniquei a professora Márcia Ferreira que estaria deixando de
ser bolsista de extensão para pleitear uma vaga como bolsista de Iniciação Cientifica, e,
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nessa segunda tentativa, consegui ser aprovado na seleção, ficando sob orientação da
professora Elizabeth Sá.
Recebi meus primeiros afazeres como bolsista de iniciação científica:
digitalizar e catalogar o acervo do Colégio Presbiteriano do Buriti, localizado em
Chapada dos Guimarães, acervo localizado pelo mestrando Lucas Paulo de Freitas, que
utilizou esses documentos como fonte para produção de sua dissertação de Mestrado,
intitulada “O Colégio Presbiteriano Buriti (1923-1965)”, defendida em 2013. Através da
experiência de contato com o arquivo, escrevi o primeiro artigo como bolsista de
Iniciação Científica, que foi aprovado em um evento internacional, o X Congresso Luso
Brasileiro de História da Educação, realizado em Curitiba/PR em 2014. O artigo foi
intitulado “A Educação Promovida Pela Missão Presbiteriana em Chapada dos
Guimarães nos Anos de 1960”, em co-autoria de Ana Clara Felipe, que também era
bolsista de Iniciação Científica do GEM.
Ao término do período de Iniciação Científica e cursando o quarto e último ano
do curso de Pedagogia, comecei a me preocupar com a produção do Dossiê1, ou
Trabalho de Conclusão de Curso, e, já familiarizado com produções na área da História
da Educação, optei por adotar o Exame de Madureza como objeto de estudo por ter tido
contato com acervo referente ao exame quanto extensionista e bolsista de iniciação,
abordando a implantação do exame no cenário educacional brasileiro, intitulado
“Caminhos Pedagógicos e Madureza”.
Aproveitei este tema de dossiê para, no SemiEdu de 2014, evento promovido
pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da UFMT, para apresentar na
modalidade pôster o trabalho intitulado “A Criação do Exame de Madureza e sua
Aplicação no Liceu Cuiabano”. Nele, focalizei a implantação do exame relacionando ao
cenário educacional mato-grossense.
Ao trabalhar com o exame de madureza como objeto de Dossiê, aproveitei de
muitas ideias nele abordadas para a produção do anteprojeto de pesquisa, que foi
submetido à seleção de mestrado. Reitero que só foi possível estudar os exames de
madureza em Mato Grosso pelo trabalho antes desenvolvido pelo Centro Memória
1 Dossiê é o trabalho de conclusão de curso da Pedagogia e trata-se de atividade pedagógica de Conclusão
de Curso, importante para a formação do pedagogo. Funciona como valioso instrumento de produção de
conhecimento e desenvolvimento da capacidade crítica e reflexiva, possibilitando perspectivas
acadêmicas e profissionais. Assegura a continuidade das atividades da disciplina, com aprofundamento de
temáticas relacionadas com a educação e suas interfaces e com áreas afins, concretizando com a produção
de um documento escrito.
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Viva, que disponibiliza seus arquivos aos pesquisadores interessados. Os trabalhos de
digitalização dos documentos relativos ao exame e a produção do acervo
disponibilizado pelo CMV foram realizados pela professora Elizabeth Madureira
Siqueira, a partir de um convênio com a Secretaria de Educação de Mato Grosso.
Participei da seleção ao mestrado em educação 2015 na Linha de Pesquisa
Cultura, Memória e Teoria da Educação, e direcionado ao grupo de pesquisa GEM, com
o qual já tinha uma afinidade. Com minha aprovação no processo de seleção para o
mestrado, sai direto da graduação para pós-graduação, com apenas 10 dias de férias.
Nunca fiquei tão alegre em não ter férias! Colei grau na primeira dezena de
março e na segunda dezena do mesmo mês iniciei o percurso como aluno da pós-
graduação.
Agradeço às professoras Elizabeth Sá e Márcia Ferreira, a primeira por ter me
mostrado que eu podia dar conta e, a segunda, por ter me aceitado como orientando.
Espero não ter decepcionado-as.
Com o ingresso no programa, um dos primeiros trabalhos como mestrando foi
a busca pela documentação sobre o exame de madureza, além do acervo
disponibilizadopelo CMV, documentos que englobavam aspectos de implantação e
aplicação no cenário educacional mato-grossense. Essa etapa deu seguimento ao
trabalho iniciado com a produção do trabalho de conclusão de curso de graduação em
Pedagogia, que foi delimitado a uma caracterização do Exame de Madureza no Brasil.
Como a professora Elizabeth Madureira Siqueira já havia feito um trabalho de
catalogação e digitalização desse material específico do exame de madureza, no acervo
da Secretaria de Educação de Mato Grosso, minha pesquisa foi iniciada com a consulta
a esse acervo.
Com a permissão da técnica Márcia Barbosa Camargo Maia, responsável pelos
arquivos da então chamada Coordenação de Exames Supletivos da Secretaria Estadual
de Educação, localizada no bairro Porto Cuiabá, iniciei a procura e catalogação da
documentação relativa ao exame de madureza e sua realização em Mato Grosso.
O local de guarda dos documentos era um tanto improvisado, tendo sofrido
inúmeras mudanças que causaram a perda de uma grande parte da documentação. A
partir do contato com as atas dos exames de 1930 a 1970, encontro no acervo da
Secretaria as fichas individuais dos candidatos que se submeteram aos exames. No
entanto, maioria dessas fichas se perdeu e as que restaram se limitavam aos candidatos
de 1965 a 1973, que fizeram os exames no Liceu Cuiabano, em Cuiabá.
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A localização das fichas individuais dos candidatos aos exames de madureza
em Mato Grosso contribuiu decisivamente para a definição do objetivo desta pesquisa:
discutir a oferta inicial do exame de madureza no Brasil e sua efetiva aplicação em
Mato Grosso, com foco na demanda, através da identificação e estudo dos resultados
obtidos pelos candidatos que a eles se submeteram, nesse estado, entre 1935 e 1971.
Com as atas disponibilizadas pelo trabalho da professora Elizabeth Madureira
e meu trabalho de catalogação e digitalização do acervo, esta dissertação foi pautada
pela organização e tentativa de realizar uma interpretação das questões suscitadas por
esses dois conjuntos documentais para o estudo do exame de madureza e sua efetiva
aplicação em Mato Grosso, entre as décadas de 1930 até 1970.
O primeiro conjunto documental utilizado para análise refere-se às atas dos
resultados dos exames digitalizados pela professora Elizabeth Madureira, nas quais se
encontram registros do exame em Mato Grosso de 1935 até 1971. Esse conjunto
documental é dotado de especial importância porque as pesquisas realizadas até então
no Brasil, sobre os exames de madureza, registram a dificuldade de identificação de
documentos que atestem a efetiva aplicação dos exames, fato superado pela
documentação localizada em Mato Grosso.
As atas analisadas até o ano de 1966 correspondem apenas aos exames
realizados em Cuiabá, no Colégio Liceu Cuiabano. Após essa data, ocorre uma
expansão da oferta do exame que até 1966 era realizado somente em Cuiabá, passando a
ser ofertado em outras cidades do estado no ano seguinte como: Aquidauana, no
Colégio Estadual Cândido Mariano; em Barra das Garças, no Ginásio Estadual Barra
das Garças; em Campo Grande, no Colégio Estadual Maria Constança de Barros
Machado; em Corumbá, no Colégio Estadual Maria Leite; em Dourados, no Colégio
Estadual Presidente Vargas e; em Três Lagoas, no Colégio Estadual 2 de Julho.
O segundo conjunto documental utilizado se constituiu das fichas individuais
dos candidatos ao exame na modalidade parcelada, por mim digitalizadas. Essas fichas
se restringem ao Colégio Liceu Cuiabano. As fichas são datadas de 1965 a 1973, e em
seu conteúdo existem informações pessoais dos candidatos e sua opção pelas disciplinas
as quais desejavam se submeter ao exame. As fichas não indicam resultados dos
exames, mas colaboraram para caracterizar aspectos da procura pelos exames em
Cuiabá no período de 1965 a 1973.
Uma ressalva importante refere-se à quantificação desse acervo de fichas de
inscrição, uma vez que não foi possível digitalizar o total de fichas existente no acervo.
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Em 2015, o acervo teve que ser remanejado a outro endereço e, por conta das
dificuldades de instalação no novo prédio destinado para o arquivo, o acesso ao acervo
tornou-se inviável. Nesse processo, foi possível digitalizar apenas cerca de 70% do
acervo existente.
Neste trabalho, foram empregados como referências: Burke (1992) e suas
preocupações e indagações quanto à necessidade de atenção a outros lados da história, e
não somente ao dos vencedores, e quanto à importância da consulta a acervos
documentais, como evidências seguras para história; Nagle (2001), com suas
contribuições com a educação na Primeira Republica; Castro (1973), autora referência
principal da dissertação, trazendo um panorama dos Exames de Madureza no Brasil;
Giubilei (1993) com suas análises no que concerne ao trabalho educativo com adultos;
Leite (1970) e Marcilio (1963), utilizados para o maior entendimento quanto à educação
mato-grossense.
Como introduzido acima, uma das referências fundamentais deste trabalho é a
dissertação intitulada “O Exame de Madureza no Sistema de Ensino Brasileiro”, escrita
por Josélia Saraiva Castro, em 1973, e defendida na Pontifícia Universidade Católica do
Rio de Janeiro. Nela, Josélia apresenta um estudo sobre o exame de madureza e seu
percurso no cenário educacional brasileiro, em que são apontados alguns aspectos e
resultados encontrados sobre o exame, com foco maior no Rio de Janeiro e São Paulo.
A autora discute a aplicação efetiva do exame, balizada pelas leis educacionais
e apresentando a trajetória de configuração e atendimento do exame desde sua criação
até 1970. Ao optar pelo recorte de 1930 a 1970, faço então uma discussão entre a
oferta inicial do exame de madureza no Brasil e sua efetiva aplicação em Mato Grosso,
com foco na demanda, através da identificação e estudo dos resultados obtidos pelos
candidatos que a eles se submeteram, nesse estado, entre 1935 e 1970.
Esse recorte foi escolhido porque os primeiros registros da aplicação do exame
em Mato Grosso são datados da década de 1930, fechando o recorte na década de 1970,
quando o exame é incorporado ao sistema Supletivo de Ensino.
Ressalto a importância e o papel do CMV/UFMT com o trabalho de
catalogação documental que foi de suma importtância para a escrita desta dissertação,
utilizando a metodologia de análise documental encontrada nos acervos referentes a
aplicação do exame em Mato Grosso no período estudado.
Trata-se, portanto, de uma pesquisa de cunho bibliográfico e documental e,
para focalizar o objeto estudado, a oferta inicial do exame de madureza no Brasil e sua
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efetiva aplicação em Mato Grosso nas década de 1930 e 1970, a dissertação se dividide
em três capítulos, que buscam atingir o objetivo de apresentar a oferta inicial do exame
de madureza no Brasil e sua efetiva aplicação em Mato Grosso.
No primeiro capítulo, intitulado “Exames de Madureza no Brasil”, buscou-se
aspectos da criação e implementação do Exame em âmbito nacional, idealizado para
testar a “maturidade” intelectual dos candidatos que eram a ele submetidos. A proposta
inicial do exame é apresentada, bem como seus sistemas avaliativos, a aplicação inicial
no Brasil e a definição do público alvo atendido.
O segundo capítulo, “Exames de madureza em Mato Grosso”, buscou analisar
as configurações assumidas pelo exame ao longo das décadas pelas reformas
educacionais de Francisco Campos e Gustavo Capanema, fazendo uma introdução com
a primeira lesgislação da aplicação do exame em Mato Grosso. No terceiro capítulo,
intitulado “Exames de Madureza e sua expansão em Mato Grosso” buscou-se analisar a
procura pelo exame com foco na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, lei n.
4.024 e 1961, a procura pela modalidade parcelada de avaliação, os pré-requisitos para
se prestar os exames, o perfil dos candidatos e a interpretação das modificações
identificadas ao longo do período estudado com análises das fichas individuais
coletadas no acervo da Secretaria Estadual de Educação.
Pesquisar sobre o processo de implementação e sua efetiva aplicação em Mato
Grosso ajuda-nos a compreender aspectos da educação em Mato Grosso no período
estudado, na qual se vê o início de uma perspectiva de atendimento, sob diferenciadas
formas, de pessoas que buscam certificação para atingir seus objetivos profissionais
e/ou acadêmicos, permitindo uma compreensão dos diversos processos que antecederam
os atuais exames supletivos e os diferentes públicos que os procuravam.
22
CAPITULO 1
EXAMES DE MADUREZA NO BRASIL
23
Para discutir sobre os exames de madureza, objeto de investigação da presente
dissertação, faz-se necessário trazer à lume seu significado e origem. Conforme o
dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, “madureza” refere-se à condição do que se
acha plenamente desenvolvido, maturidade, ou seja, uma coisa madura, pronta e com
desenvolvimento completo. O exame de madureza se propunha originalmente, na sua
implantação, a testar ou validar o conhecimento dos conteúdos do ensino secundário.
Josélia Castro (1973), ao abordar o Ensino Secundário, afirma que no Império,
quando o Brasil passa a ser sede da corte portuguesa, o príncipe regente criou cursos
superiores profissionais com o intuito de preparar recursos humanos para trabalhar na
corte e em serviços públicos. Foram então criados a Academia de Marinha e Militar, e
cursos como Medicina, Economia, Agricultura, Química e Cursos Jurídicos, que,
posteriormente, foram transformados em Faculdades de Direito.
Nesse contexto, a autora esclarece que os estudantes da época não estavam
habilitados para o ingresso nesses cursos superiores recém criados, tornando necessária
a criação de uma preparação para admissão nesses cursos. Desse modo, foram criados: o
Seminário de Olinda (1832) que, mais adiante, transformou-se em Colégio Preparatório
das Artes dos Cursos Jurídicos; o Ateneu do Rio Grande do Norte; e, o Colégio Dom
Pedro II, no Rio de Janeiro, juntamente com o Liceu Provincial da Bahia. Em seguida,
também foram criados cursos preparatórios em estabelecimentos particulares.
(CASTRO, 1973).
No cenário de iniciativas, públicas e particulares, de preparação dos candidatos
para o ingresso do ensino superior é que surgiu o exame de madureza, como afirma
Castro (1973, p. 8):
Como somente ao Colégio Pedro II cabia conferir o grau de bacharel,
exigência para matricula no curso superior, todos os alunos
provenientes dos liceus e dos estabelecimentos particulares eram
obrigados a prestar exames junto às Academias de São Paulo, Olinda,
Rio de Janeiro e Bahia. Assim, nasceram os exames preparatórios que
constituem as raízes do “Exame de Madureza”.
Nesse sentido, o presente capítulo trata da criação e normatização do exame de
madureza no Brasil, tendo como referência as legislações educacionais de Benjamin
Constant, em 1890, o Decreto 2.857, de 1898, as Reformas Rivadavia Corrêa, de 1911,
24
as de Carlos Maximiliano, de 1915, as de Francisco Campos, em 1939 e as de Gustavo
Capanema, no ano de 1942.
1.1 O exame de madureza: criação e normatização
O exame de madureza surge com a refoma promovida por Benjamin Constant,
através do Decreto 981/1890, cujo intuito era dar ao ensino secundário um caráter de
formação terminativa e não somente o caráter de preparatório para o ensino superior.
A respeito desse tema, Castro (1973) afirma que o Exame foi concebido com
dupla finalidade: política e pedagógica.
Sua função política ganha expressão quando o exame é utilizado como um
instrumento pelo Governo Federal para agir diretamente nas funções do ensino
secundário, na qual o Governo institui a equiparação dos estabelecimentos estaduais e
particulares ao Colégio D. Pedro II.
Quanto a sua função pedagógica, o exame de madureza seria:
[...] o coroamento do curso integral de estudo, mediante o qual o aluno
recebia o grau de bacharel, Benjamin Constant pretendeu dar ao
ensino secundário um caráter formativo, cumprindo os sete anos do
curso integral, o aluno submeter-se-ia ao Exame de Madureza que
tinha caráter de conclusão de curso e era pré-requisito para matrícula
no curso superior (CASTRO, 1973, p. 14).
Ao procurar promover a integração do sistema de ensino brasileiro, em 1890,
Benjamim Constant pretendia atribuir ao ensino secundário o caráter formativo, através
do qual:
Cumprindo os sete anos do curso integral, o aluno submeter-se-ia ao
Exame de Madureza que tinha caráter de conclusão de curso e era pré-
requisito para matricula no curso superior. O Exame de Madureza se
destinava a verificar se o aluno tinha cultura intelectual necessária.
Para ele orientava-se todo o plano de estudos, sendo considerado
centro e coroamento do processo educativo. (CASTRO, 1973, p.14).
No entanto, segundo a autora, o exame, embora declarado “para todos”, foi
direcionado para uma “elite cultural”, que não tinha a certificação do ensino secundário,
seja porque receberam instrução pela própria família ou por professores particulares,
pertencendo a um grupo social privilegiado.
25
O Decreto 981/1890, além de criar o exame de madureza, normatiza a sua
aplicação no território nacional. Através do artigo 36, pode-se verificar a população a
que o exame se dirigia e as disciplinas que o compunham:
O exame de madureza, a que só poderão ser admitidos, dentre os
alunos do Ginásio, os aprovados em todos os exames finais, constará
de provas escritas e orais sobre cada uma das seções seguintes:
1. Línguas vivas, especialmente língua portuguesa e literatura
nacional.
2. Línguas mortas.
3. Matemática e Astronomia.
4. Ciências físicas e suas aplicações: Metereologia, Mineralogia e
Geologia.
5. Biologia, Zoologia e Botânica.
6. Sociologia e Moral: Noções de economia Política e Direito pátrio
7. Geografia e história universal, especialmente do Brasil.
Quanto à aprovação para ingresso no curso superior, o Artigo 38, do Decreto
981/1890 esclarece:
A aprovação no exame de madureza do Ginásio Nacional dará direito
à matrícula em qualquer dos cursos superiores de caráter federal na
República; ao candidato que nele obtiver pelo menos dois terços de
notas plenamente será concedido o título de Bacharel em Ciências e
Letras
Observando os artigos 26 e 27 da referida Lei, percebe-se que as disciplinas
ofertadas no ensino secundário nos Ginásios são as mesmas que as exigidas para o
exame de madureza, com excessão da Ginástica, Música e Desenho.
Para Castro (1973, p. 17), o exame apresentava tanto uma função “regular”
quanto uma função “supletiva”, na Reforma Benjamin Constant:
A) Regular: os exames realizados “no processo”, isto é, no final do
curso integral, como conclusão de curso, integrava o sistema. Aos
alunos do Ginásio Nacional e, mais tarde, os alunos dos colégios
equiparados, necessariamente a eles deveriam submeter-se. O
certificado por ele conferido, seja de conclusão de curso, seja de
bacharel, era obrigatório para matricula no curso superior.
B) Supletiva, isto é, verificação “fora do processo”. Os candidatos
“estranhos”, alunos provenientes de escolas particulares ou que
recebiam instrução na própria família, tinham a possibilidade de
obterem certificado ou titulo de bacharel, submetendo-se aos mesmos
exames que os alunos do Ginásio Nacional.
26
O cumprimento dessas duas funções atribui ao exame de madureza um peso
específico: um caráter de terminalidade e, também, de suficiência. Ele só seria “prestado
no fim do curso integral”; logo, era uma avaliação final de um longo processo
formativo, escolar ou não. Destinava se “a verificar se o aluno tinha a cultura intelectual
necessária para dar prosseguimento aos estudos” (MOREIRA, 2008, p. 118).
Mesmo com diretrizes bem definidas, o exame de madureza passou somente a
ser exigido formalmente no Brasil no ano de 1896, sendo alvo de muitas críticas e
discussões sobre seu complexo currículo. Com a morte de Benjamin Constant, as
discussões acerca desse exame no Congresso se estenderam por uma década. Nessas
discussões, o embate se desenvolveu entre duas frentes: entre aqueles que davam ao
exame o peso de “salvador” do ensino secundário no país e aqueles que não
acreditavam nas potencialidades de sua realização. Os argumentos de não efetividade do
exame se baseavam na crítica à extensão dos conteúdos e à falta de preparo dos
candidatos (CASTRO, 1973).
Desse modo, o exame de madureza permaneceu no âmbito das discussões e
embates legislativos. Assim, foi aplicado apenas dois anos após o previsto, em 1898.
Sua aprovação envolveu alterações quanto à regulamentação, conforme expressas no
Capitulo III do Decreto 2.857.
No texto aprovado, a avaliação dos conteúdos de línguas mortas (no caso, o
latim) passou a ser restrita somente aos alunos que pretendiam matricular-se nas
Faculdades de Direito e no curso geral de Medicina, sendo facultativa a escolha por
inglês e alemão (Artigos 6° ao 15); o diretor passou a ocupar a função de julgar o
aluno não preparado para a promoção ou optar por seu impedimento como medida
disciplinar (Art. 8º); os professores das classes adiantadas de cada matéria, acordados
por maioria, poderiam requerer o exame de madureza para seus estudantes (Art. 10);
aos candidatos aprovados no exame eram conferidos o grau de bacharel em Ciências e
Letras, e esse título lhes dava preferência para a nomeação em igualdade de condições,
verificada nos concursos exigidos para admissão nas repartições federais ou ao
magistério secundário federal (Art. 11).
O capítulo IV dessa lei destina-se a explicitar os programas de ensino e de
exame, entre os seus artigos 16 e 21. Nesses artigos, consta que o ensino passou a ser
regulado por programas organizados trienalmente pela congregação do Ginásio
Nacional sobre as bases gerais fornecidas pelo diretor presidente (Art. 16), sendo
27
submetidos a avaliação do Ministro do Interior juntamente com o parecer justificativo
das modificações, contendo a opinião individual do diretor presidente da congregação.
O artigo 19 explicita a organização das disciplinas para atender aos programas
do ensino secundário (inclusive o madureza), definindo o método intuitivo2 como
metodologia a ser utilizada para o ensino das disciplinas.
Quanto aos conhecimento de Linguagem, define que:
Em todos os annos do curso será empregado o methodo intuitivo, e
preferido o ensino pratico ao theorico, cingindo-se o professor na
parte scientifica á explicação dos principios fundamentaes.
O estudo da grammatica limitar-se-ha ao que e strictamente
indispensavel para que o estudante tenha uma norma objectiva de
criterio quando quizer exprimir-se. O trabalho do alumno
desenvolver-se-ha em exercicios graduaes de leitura dos poetas e
prosadores respectivos, com os quaes o mestre procurará familiarisal-
o, obrigando-o á explicação dos termos, expressões idiomaticas,
figuradas, etc., pelos exercicios de synonimia, paraphrase, emprego de
vocabulos, reducção de prosa litteraria á linguagem commum, de
verso á prosa litteraria ou vulgar, assim como de composições
variadas e sempre mais difficeis, que versarão sobre conhecimentos
adquiridos, assumptos de ordem litteraria, explicados anteriormente, e
biographias.
Quanto às línguas vivas e mortas:
IV. Nas outras linguas vivas os programmas terão em vista que o
alumno se torne apto no manejo das obras principaes da litteratura
franceza e ingleza dos seculos XVII, XVIII e actual, e da allemã de
Goethe em deante, e que adquira alguma pratica no uso da lingua
corrente, quer oral quer escripta.
V. No latim se procurará incutir no alumno a comprehensão dos
classicos mais importantes, seguido o processo de o ensinar como uma
lingua viva.
Quanto às disciplinas de Matemática, Física e Zoologia:
VI. Em mathematica incluir-se-ha: o estudo completo da arithmetica e
da algebra elementar, da geometria preliminar e trigonometria
2 Segundo Vera Tereza Valdemarin, o método intuitivo pretende direcionar o desenvolvimento do
estudante de modo que a observação gere o raciocínio e o trabalho prepare o futuro produtor de
conhecimentos, tornando indissociáveis pensar e construir. Revista Educar em Revista, n.18, p.157-182.
2001.
28
rectilinea e da geometria especial (estudo perfunctorio das secções
conicas, da conchoide, da cissoide, da limaçon de Pascal e da espiral
de Archimedes).
VII. Em physica: conhecimento dos phenomenos e leis mais notaveis
dos diversos ramos da physica. Em chimica: elementos mais
importantes e de suas combinações inorganicas e organicas mais
conhecidas, bem como as leis fundamentaes da chimica.
VIII. Em zoologia: ordens mais importantes das classes dos
vertebrados, alguns representantes das outras classes do reino animal,
noções fundamentaes sobre a geographia animal; em botanica:
familias mais importantes do systema natural; plantas uteis exoticas
mais importantes, distribuição geographica das plantas conhecidas.
E quanto à Geografia e História Universal e do Brasil:
IX. No ensino da geographia occupar-se-hão os programmas com o
conhecimento intuitivo da natureza ambiente, bem como das cartas e
com os exercicios cartographicos; constituição physica da superficie
da terra e sua divisão politica; e principios de geographia
mathematica.
X. Na historia universal mencionar-se-hão todos os factos que fizeram
época, com especialidade os referentes á organisação dos governos
civis na Europa moderna e na America. Na historia do Brazil: o
desenvolvimento da nossa nacionalidade e respectiva organisação
politica e biographias dos brazileiros mais notáveis
Nos artigos 50 a 92, a legislação trata acerca da organização e aplicação do
exame de madureza em território nacional. Semelhante à proposta pelo Decreto 981,
essa organização ficaria a cargo de um júri composto de cinco membros nomeados
pelo Governo dentre os professores dos cursos de ensino superior. O júri deveria se
reunir no Externato do Ginásio Nacional em 10 de novembro do ano vigente para
organizar o exame. As inscrições eram abertas no dia 15 de novembro e encerradas
impreterivelmente a 25 do mesmo mês. No 25° dia do mesmo mês deveria haver
divisão das turmas dos examinandos inscritos e designação dos examinadores e
definidos os dias das provas escritas e orais, devendo o processo ser concluído no prazo
de 30 dias.
Conforme o artigo 57, os exame deveriam começar no primeiro dia útil de
dezembro, obedecendo os seguintes critérios:
Art. 73. As provas serão escriptas e oraes nas linguas e em
mathematica e sómente oraes em outras materias.
Art. 74. A prova escripta será commum á turma, que se constituirá de
accordo com a capacidade do local e as conveniencias de fiscalisação.
29
Paragrapho unico. Não excederá de seis horas o tempo concedido para
a prova conjuncta de portuguez e de linguas vivas (1º dia). Para a
prova de mathematica e latim (2º dia) terá o alumno o mesmo numero
de horas, quando se verificar a hypothese do art. 6º, e sómente cinco
horas no caso contrario.
Art. 75. A prova oral se fará, de uma vez, por turmas nunca maiores
de cinco alumnos, depois de realizadas as diligencias do art. 80, e
poderá estender-se até uma hora e dez minutos para cada examinando
ou 10 minutos para cada materia.
Art. 76. A prova escripta será feita a portas fechadas; a oral
publicamente. O papel distribuido aos examinandos será rubricado
pelo presidente e secretario do jury.
No contexto de aplicação e ajustes entre o proposto por Benjamin e o Decreto
2.587, foram realizados três vezes o exame, na primeira vez, em 1898, contando com a
participação de seis candidatos, sendo que todos obtiveram aprovação. No ano seguinte,
onze candidatos se inscreveram ao exame no Rio de Janeiro, sendo três reprovados, e
oito aprovados, e, no Ginásio Fluminense, houve duas inscrições para o exame, ambas
obtendo aprovação.
Em vinte anos, de 1890 a 1910, somente foram aplicados os exames três vezes,
e, em 1911, a Reforma Rivadávia Corrêa, com a Lei Orgânica do Ensino Superior e
Fundamental, e o Decreto nº 8.659, revoga a reforma anterior, bem como a equiparação
dos estabelecimentos de ensino secundário ao Colégio Pedro II (BOMENY, 1993, p. 5).
Essa reforma institui um novo tipo de exame para ingresso no ensino superior
(Decreto nº 8.659, Artigo 65).
O candidato passaria por exame que o submeteria a um juízo de conjunto
sobre o seu desenvolvimento intelectual e capacidade para empreender eficazmente o
estudo das matérias que constituem o ensino da faculdade. Esse exame passou a ser
denominado “exame de admissão”, e seriam realizados nas próprias instituições de
ingresso dos candidatos, conforme incisos I, II, III e IV do Artigo 65:
§ I. O exame de admissão a que se refere este artigo constará de prova
escripta em vernaculo, que revele a cultura mental que se quer
verificar e de uma prova oral sobre línguas e sciencias;
§ II. A commissão examinadora será composta, a juízo da
Congregação, de professores do proprio instituto ou de pessoas
estranhas, escolhidas pela Congregação, sob a presidencia de um
daquelles professores, com a fiscalização, em ambos os casos, do
director e de um representante do Conselho Superior;
§ III. O exame de admissão se realizará de 1 a 25 de março;
§ IV. Taxas especiaes de exame de admissão serão cobradas, sendo do
seu producto pagas as diárias dos examinadores.
30
Segundo Luiz Antônio Cunha, “as justificativas apresentadas a essa reforma
evocavam as antigas e reiteradas críticas à má qualidade do ensino secundário”
(CUNHA, 1986, p. 163).
Em 1915, entrou em vigência outra reforma, promovida pelo ministro do
Interior Carlos Maximiliano (PALMA FILHO, 2005). Conhecida como Reforma Carlos
Maximiliano, instituiu os exames de vestibular aos cursos superiores e a obrigação da
conclusão do curso secundário para o ingresso nas faculdades. O ensino superior não foi
alterado e recuperou a oficialização do ensino, colocando limites estreitos à
equiparação, concedendo-a apenas por meio de rigorosa inspeção
Nesse momento, o exame de madureza deixou de existir, sofrendo com o
descrédito por parte dos responsáveis pela educação, que apontavam como a principal
causa da pequena procura e, consequentemente, do seu insucesso, à dificuldade de
adaptação de algo pensado para a Europa à realidade educacional no Brasil.
Apenas em 1932 o exame de madureza ressurgiu, através do Artigo 100, do
Decreto 21.241. Conforme Castro (1973), o exame de madureza iniciou com o chamado
“Artigo 100” sua segunda fase na história da educação brasileira.
1.2 O Exame de Madureza na Reforma Francisco Campos: Artigo 100 do Decreto
21.241/1932
A Reforma Francisco Campos estabeleceu oficialmente, em todo território
nacional, uma série de medidas de modificação do ensino secundário brasileiro. Uma
das mais importantes foi o aumento do número de anos do curso secundário e sua
divisão em dois ciclos: o Fundamental, de cinco séries, e o Complementar, de duas
séries. Introduziu a seriação do currículo, a implantação da frequência obrigatória dos
alunos às aulas, e, também, a obrigatoriedade de um sistema regular de avaliação
discente. Conforme interpreta Dallabrida (2009, p. 185), essas medidas visavam
preparar os estudantes secundaristas para a sociedade capitalista que se consolidava no
Brasil nos anos de 1930.
No contexto da Reforma Francisco Campos, Decreto 21.241/1932, observa-se
também uma preocupação em atender, através do ensino público, uma parcela da
população que não havia frequentado a escola em nível secundário, sobretudo em seu
31
ciclo fundamental, e precisava da certificação dele decorrente, em um ambiente social
caracterizado pelos processos de industrialização e urbanização crescentes. Nesse
sentido, Castro (1973, p. 25) esclarece que:
[...] os líderes políticos estavam atentos para os problemas sociais
resultantes do fenômeno de industrialização e urbanização. Uma
expansão quantitativa de ensino se tornou um imperativo. Expansão
que deveria atender não só a falta normal de escolaridade, mas
também aqueles que, depois de adultos, sentiam a necessidade de
voltar à escola. [...] Como não havia escolas noturnas suficientes para
o atendimento, Francisco Campos introduziu na reforma um tipo de
exame para as pessoas que não pudessem seguir o curso fundamental
regular.3
Essa reforma, apresenta no Artigo 100 as disposições e a organização do
ensino secundário. Determina a idade mínima a ser comprovada para participação do
exame, as matérias avaliativas, que, no caso, teriam que ser do programa do ensino
secundário, as indicações de prova oral, escrita e prático-oral e, esclarece quanto à
validade do exame e a aprovação (ou não) do participante.
O exame de madureza visava a habilitação na 3ª e, sucessivamente, na 4ª e 5ª
séries do Curso Fundamental do Ensino Secundário. Encontravam-se aptos para realizar
a prova homens e mulheres com a idade mínima de 18 anos, com comprovante de
habilitação da série precedente, mediante pagamento de taxas. (Art. 100).
Somente o Colégio Pedro II e estabelecimentos equiparados (os Liceus)
encontravam-se habilitados para efetuar o exame, que acontecia no mês de fevereiro,
sendo requerido na segunda quinzena de janeiro (Art. 100, § 1º), conforme
correspondiam ao programa da 3ª, 4ª e 5ª séries do ensino secundário, em seu ciclo
fundamental. As modalidades de sua aplicação não sofreram alteração, sendo “de prova
escrita e prova oral ou prático-oral, conforme a natureza da disciplina, salvo o de
Desenho, que constará de uma prova gráfica” (§3º).
Para o candidato concluir o ciclo fundamental do ensino secundário, este
deveria se submeter uma vez por ano ao exame de madureza, habilitando-se em
sequência na 3ª, 4ª e 5ª séries, e conseguindo aprovação com médias superiores a 7
3 Essa reforma imprimiu maior organicidade ao ensino secundário em âmbito nacional estabelecendo os
estudos regulares, a seriação e a freqüência obrigatória. Além disso, instituiu a divisão do ensino
secundário em dois ciclos – um fundamental (5 anos de duração) e outro complementar (2 anos de
duração).
32
(sete). Isso significa que o candidato levaria no mínimo três anos para concluir o
primeiro ciclo do ensino secundário. Castro (1973, p. 29) esclarece que:
Os exames eram realizados uma vez ao ano, mas os candidatos
concluíam-no em três anos, habilitando-se sucessivamente na 3ª,
4ª e 5ª séries. Assim, os exames eram feitos por série, e cada
disciplina tinha caráter eliminatório, sendo a promoção por
série.
A lei introduz como penalidade a nulidade do processo de certificação no caso
do candidato prestar exames, na mesma época, em mais de um estabelecimento, de
forma a evitar que o candidato cumprisse todo o ensino secundário no mesmo ano.
Nesse caso, o candidato ainda ficaria proibido de se inscrever em exames no ano
seguinte.
Sobre a constituição das bancas examinadoras:
§ 5º A constituição das bancas examinadoras, o arrolamento das
provas escritas, o seu julgamento e o das provas orais ou prático-orais
obedecerão, no que lhes for aplicável, ao disposto nos artigos 38, 39 e
40 deste decreto.
§ 6º Na constituição das bancas examinadoras não poderão figurar
professores que mantenham cursos ou estabelecimentos de ensino,
lecionem particularmente ou exerçam atividade didática em
estabelecimento de ensino não oficiais, sendo nulos em qualquer
tempo os exames prestados com infração deste dispositivo.
Sobre a aprovação dos candidatos:
§ 7º Será considerado aprovado o candidato que obtiver, além da nota
trinta, no mínimo, na prova gráfica de Desenho e como média
aritmética das notas da prova escrita e da prova oral, ou prático-oral,
em cada uma das demais disciplinas, média aritmética igual ou
superior a cinquenta no conjunto das disciplinas.
§ 8º Ao candidato inabilitado nos exames de qualquer série será
permitido, na época seguinte, renovar mais uma vez inscrição nos
exames da série em que não lograra aprovação.
§ 9º Os candidatos aprovados na 5ª série, para a matrícula nos
institutos de ensino superior, ficarão obrigados à frequência e às
demais exigências estabelecidas para o curso complementar
respectivo.
Estudando a Reforma Francisco Campos, no Artigo 100 do Decreto
21.241/1932, foi possível perceber a instalação de uma nova realidade política e a
33
necessidade de elevar a situação da educação, pensando na formação para sociedade
industrializada, que se configurava nessa década. Por isso, a Reforma Francisco
Campos caracterizou-se por organizar os estudos secundários nos estabelecimentos de
ensino considerados apropriados, uma vez que apresentava um programa de ensino de
caráter obrigatório em todo país, ministrado e equiparado ao Colégio Pedro II. Observa-
se, também, que o exame de madureza se aplicava apenas ao ciclo fundamental do
secundário, com o ciclo complementar sendo realizado, obrigatório, em regime regular.
1.3. Exame de madureza na Reforma Gustavo Capanema: Decreto 4244/1942
A reforma promovida por Gustavo Capanema surge dez anos após a de
Francisco Campos. Com ela, o então ministro Gustavo Capanema almejava a integração
do ensino comercial, agrícola e industrial.
No que se refere ao ensino secundário, em plena expansão, Capanema através
do Decreto 4244, de 1942, dividiu o ensino secundário em dois ciclos: ginasial, de
quatro anos, e o colegial, de três anos (CASTRO, 1973, p. 32).
O decreto 4244/1942 instituiu os exames de licença ginasial e colegial,
destinados aos alunos regulares que, no final de cada ciclo, deveriam submeter-se a um
exame que compreendia todas as disciplinas estudadas no curso. Os exames de licença
ginasial dividiam-se em duas modalidades: clássica e científica, de acordo com a
modalidade correspondente.
Pelo Decreto de 1942, a partir do seu capítulo XV, em seus Artigos 53 e 54,
trata sobre a conclusão do ensino secundário e da admissão para realização dos exames
de licença:
Art. 53. A conclusão dos estudos secundários, de primeiro e de
segundo ciclo, só se verificará pelos exames de licença.
Art. 54. Serão admitidos a prestar exames de licença os candidatos
para este efeito devidamente habilitados.
Quanto à divisão em categorias, o Artigo 55 esclarece que:
Art. 55. Os exames de licença serão de duas categorias:
1. Exames de licença ginasial, para conclusão dos estudos de primeiro
ciclo.
34
2. Exames de licença clássica e exames de licença colegial, para
conclusão dos estudos, respectivamente, do curso clássico e do curso
científico.
Quanto às disciplinas do exame de licença ginasial, clássica e cientifica, os
Artigos 56 a 58 elencam seus conteúdos:
Art. 56. Os exames de licença ginasial versarão sobre as seguintes
disciplinas: 1) Português; 2) Latim; 3) Francês; 4) Inglês; 5)
Matemática; 6) Ciências naturais; 7) História geral e do Brasil; 8)
Geografia geral e do Brasil; 9) Desenho.
Art. 57. Os exames de licença clássica versarão sobre as seguintes
disciplinas: 1) Português; 2) Latim; 3) Grego;quatro e 5) Duas línguas
vivas estrangeiras escolhidas dentre o francês, o inglês e o espanhol;
6) Matemática; 7) Física, química e biologia; 8) História geral e do
Brasil; 9) Geografia geral e do Brasil; 10) Filosofia.
Parágrafo único. Os candidatos que tenham feito o curso clássico de
acordo com o disposto no art. 16 desta lei não prestarão exame de
grego, mas serão obrigados aos exames das três línguas vivas
estrangeiras do segundo ciclo.
Art. 58. Os exames de licença científica versarão sobre as seguintes
disciplinas: 1) Português; 2 e 3) Duas línguas vivas estrangeiras
escolhidas entre o francês, o inglês e o espanhol; 4) Matemática; 5)
Física, química a biologia; 6) História geral e do Brasil; 7) Geografia
geral a do Brasil; 8) Filosofia; 9) Desenho.
Os artigos 60 e 61 esclarecem sobre a execução do exame e sua divisão em
prova escrita e oral. Os exames de licença consistiam, para as Línguas e a Matemática,
de uma prova escrita e de uma prova oral. Para as demais Ciências e Filosofia, consistia
somente em uma prova oral, e, para Desenho, somente de uma prova prática.
A prova escrita, nos exames de licença, tinha caráter eliminatório sempre que
lhe fosse conferida nota inferior a três. Além disso, os exames de licença eram
realizados no decurso dos meses de dezembro e de janeiro de cada ano.
Quanto às instituições aptas a realização do exame, os artigos 62 e 63,
enfatizavam a equiparação aos estabelecimentos federais de ensino:
Art. 62. Os exames de licença ginasial poderão ser processados em
qualquer estabelecimento de ensino secundário federal, equiparado ou
reconhecido, e serão prestados perante bancas examinadoras,
constituídas pela respectiva direção.
Parágrafo único. É extensivo aos exames da licença ginasial o preceito
do art. 52 desta lei.
35
Art. 63. Os exames de licença clássica e os de licença científica
revestir-se-ão de caráter oficial. Serão processados nos colégios
federais e equiparados e nos estabelecimentos oficiais de ensino
superior, que para essa responsabilidade forem indicados por ato do
Presidente da República, e prestados perante bancas examinadoras,
compostas, sempre que possível, de elementos do magistério oficial e
designadas pelo ministro da Educação.
§ 1º Aos exames processados em colégio federal ou equiparado não
poderão concorrer os seus próprios alunos, salvo quando não for
possível, na respectiva localidade, submetê-los a exames em outro
estabelecimento de ensino.
§ 2º Não poderá, sob pena de nulidade, ser prestada prova de uma
disciplina perante examinador que, no decurso dos estudos de segundo
ciclo, a tenha ensinado, no todo ou em parte, ao examinando.
No que se refere à habilitação ou conclusão, o artigo 64 atenta para:
Art. 64. Considerar-se-á habilitado, para efeito de conclusão de
qualquer dos cursos de que trata esta lei, o candidato que, nos exames
de licença, licença, satisfizer as duas condições seguintes: a) obter, no
conjunto das disciplinas, a nota geral cinco pelo menos; b) obter, em
cada disciplina, a nota quatro pelo menos.
§ 1º A nota geral será a média aritmética das notas de todas as
disciplinas.
§ 2º A nota de cada disciplina será a média aritmética das notas, da
prova escrita e da prova oral ou, quando o exame constar somente de
uma prova, a nota desta.
Nesse capítulo o intuito foi explanar as diversas formas que o exame se
apresenta ao passar por influências ao longo do período estudado pelas reformas
educacionais, sempre no intuito de aperfeiçoar o ensino secundário. De início o exame
tem caráter de terminalidade e preparatório conferindo a aprendizagem do candidato
em um conjunto de matérias avaliativas. Na Reforma Carlos Maximiliano o exame dá
lugar ao vestibular, um outro tipo de exame aplicado para ingresso aos cursos superiores
e para a conclusão do curso secundário.
A reforma seguinte a de Francisco Campos, observou-se a preocupação em
atender, através do ensino público, uma parcela da população que não havia frequentado
a escola em nível secundário, sobretudo em seu ciclo fundamental, e precisava da
certificação dele decorrente, em um ambiente social caracterizado pelos processos de
industrialização e urbanização crescentes, já com a reforma promovida por Gustavo
Capanema, que surge dez anos após a de Francisco Campos se almejava a integração
36
do ensino comercial, agrícola e industrial dividindo o ensino secundário em dois ciclos:
ginasial, de quatro anos, e o colegial, de três anos.
37
CAPÍTULO 2
O EXAME DE MADUREZA EM MATO GROSSO
38
Após apresentação das primeiras legislações nacionais para os exames de
madureza, este capítulo trata sobre a regulamentação e aplicação do exame de madureza
em Mato Grosso, com o suporte documental das legislações e atas de aplicação de
exames, especificamente em Cuiabá, no Colégio Liceu Cuiabano. O Regulamento do
Liceu Cuiabano, de 1903 (Decreto 139), equipara-o ao Ginásio Nacional do Rio de
Janeiro, autorizado pelo Presidente do Estado de Mato Grosso, Coronel Antônio Pedro
Alves de Barros, documento indicativo de que o colégio possuía os requisitos para a
aplicação do exame de madureza em Mato Grosso.
2.1 O exame madureza em Mato Grosso à luz do Decreto 139/1903
A primeira regulamentação encontrada que faz referência ao exame de
madureza em Mato Grosso é o Decreto 139, datado de janeiro de 1903, documento
direcionador quanto ao funcionamento e organização do exame no Colégio Liceu
Cuiabano.
Em sua Seção II, dos artigos 27 aos 37 a legislação trata especificamente sobre
o exame que “[…] são destinados a verificar se o aluno tem assimilada a suma da
cultura intelectual necessária” (MATO GROSSO, Decreto 139, Art. 27, 1903). Segundo
a orientação do referido Decreto, poderiam se submeter ao exame “[…] os candidatos
do estabelecimento ou estranhos que requererem-o provando terem sido aprovados no
6º ano do curso integral” (Idem).
Para a aplicação e avaliação do exame em suas respectivas matérias, o artigo
28 determina a formação de duas comissões compostas de lentes do Liceu, eleitas pela
congregação, sendo: “três lentes para examinar Línguas Vivas, um para Literatura, dois
para Línguas Mortas, dois para Matemática, Mecânica e Astronomia, dois para Física,
Química e História Natural, dois para Geografia e História, um para Lógica e um para
Desenho” (MATO GROSSO, Decreto 139, Art. 28, 1903).
O programa dos exames envolvem conhecimentos “[…] Línguas e Matemática
Elementar, Gráfica de Desenho” e, provas orais de: Línguas Vivas; Línguas Mortas;
Matemática e Astronomia; Física, Química e História Natural; e, Geografia, História e
Lógica” (MATO GROSSO, Decreto 139, Art. 29, 1903). A prova escrita tinha duração
de 5 horas para cada sessão de línguas vivas, línguas mortas, matemática elementar e
desenho e, na modalidade de avaliação oral, conforme Art. 29, fazia-se necessário um
intervalo de repouso para os candidatos e a comissão.
39
O exame de madureza, com suas provas escritas e orais, deveriam acontecer
seguindo as seguintes orientações:
Os pontos de dissertação ou questões a desenvolver serão formulados
pela comissão examinadora, para cada turma, de acordo com os
programas do exame de madureza do Ginásio Nacional, observadas as
seguintes regras.
I – Para o exame de português, 12 temas de dissertação sobre aumento
literário, científico, artístico ou histórico. O presidente da comissão
poderá acusar e substituir por outros os temas dados até o número de
seis.
II- Para matemática várias séries de questões, cada série subdividida
em duas questões, uma relativa a cada Matéria (aritmética, álgebra,
geometria e trigonometria). Destas serão designadas à sorte duas, uma
relativa a cada matéria.
III- Para geografia e história, no mínimo do ponto, compreendendo
cada um, uma parte da geral e outra da pátria.
IV- Os exames de francês, inglês e alemão, nas provas escritas,
constarão versão para essas línguas de trechos fáceis de linguagem
corrente. Na versão para o inglês e alemão o tema será dado em língua
francesa e servirá para esse fim qualquer passagem fácil de autor
francês contemporâneo.
V- Na prova oral serão feitas traduções dessas línguas, também de
outros autores contemporâneos que não contenham dificuldades
especiais e não incluídos nos Programas de ensino, mas indicado pela
comissão examinadora e sorteados para cada turma de alunos, os quais
deverão se mostrar habilitados a falar ou pelo menos a entender as
linguagens estrangeiras. VI- As provas escritas de latim e de grego constarão de trechos fáceis
(tirados de sorte) de um dos autores manuseados no sexto ano e
sorteados na ocasião.
VII- Nas provas escritas de línguas será permitida a consulta, que o
candidato fará a comissão examinadora em uma folha de papel
devidamente rubricada, apensando-a depois à prova, nas de
matemática, poderá manusear as tábuas de logaritmos.
VIII- A prova oral de latim e grego versará sobre tradução de um
trecho de autores clássicos tirados à sorte, e sobre análise e aplicações
de regras gramaticais.
IX- Nas questões formuladas para os exames orais de história natural
(zoologia e botânica), física e química, geografia e história, em grupo
de duas ciências, a cada subdivisão deverão corresponder seis pontos.
X- Na prova oral de literatura se verificará o subsídio de que dispõe
cada candidato para a pureza da língua vernácula; e a oral de lógica
versará sobre um ponto tirado à sorte dentre dose formulados pela
comissão examinadora, as quais deverão compreender toda a
disciplina (MATO GROSSO, Decreto 139, Art.31, 1903).
No caso do candidato que, por algum motivo, não participasse de qualquer uma
das provas ou se retirasse antes de terminá-la, sua prova era anulada (Art. 33) .
40
Para ser aprovado o candidato teria que obter uma nota igual ou superior a sete
(7). A atribuição de notas do exame de madureza tinha como critério:
NOTAS CONCEITOS
0 Péssima
1, 2, e 3 Má
4, 5 e 6 Sofrível
7, 8, e 9 Boa
10 Ótima
Quadro 01: Conceitos de notas para o exame de madureza
Fonte: MATO GROSSO, Decreto 139, Art.21, 1903.
A supervisão do exame deveria ser feita por um delegado designado pelo
governo, para assistir todo o processo do exame. A ele era dado o direito de veto, com
efeito suspensivo, sobre qualquer irregularidade na execução do exame (Art. 36).
Mesmo com a legislação datada de 1903, o exame de madureza começou a ser
efetivamente aplicado na década de 1930, portanto, sendo orientado pela Reforma
Francisco Campos.
Castro (1973, p. 25) considera a década de 1930 como pertencente à segunda
fase do exame de madureza, em que houve a preocupação educacional com o preparo
das pessoas para a sociedade industrializada que se configurava à época.
2.2 O exame de madureza em Mato Grosso sob a influência da Reforma Francisco
Campos
Apesar de ter existido uma legislação para o exame em Mato Grosso no início
do século XX, apresentada no tópico anterior, a documentação encontrada indica que a
aplicação efetiva do exame no estado de Mato Grosso apenas na década de 1930, já no
contexto da Reforma Francisco Campos e, mais precisamente, orientada pelo Artigo
100 do decreto 21.241/1932 , que definia as diretrizes nacionais para aplicação dos
exames.
41
Como anteriormente citado, as primeiras informações sobre o exame de
madureza em Mato Grosso são encontradas nas atas do Colégio Liceu Cuiabano, que,
nesse caso, trazem o percurso dos candidatos em busca da conclusão do Curso
Fundamental do Ensino Secundário, em atenção ao Artigo 100, do Decreto 21.241, de
1932.
Antes da discussão sobre o percurso dos candidatos em busca da conclusão do
Curso Fundamental do Ensino Secundário, faz-se necessário, no entanto, trazer algumas
informações sobre as atas para que pasamos analisar nesse tópico.
As atas analisadas contêm informações impressas em seu conteúdo, trazendo
os nomes dos candidatos submetidos ao exame, a indicação do ano em que o candidato
se submeteu ao exame, a denominação da instituição de ensino, indicação da cidade e o
estado onde se localizava a instituição de ensino, a série a ser avaliada, a indicação do
Artigo que validava o exame (no caso, o Artigo 100, do Decreto 21.241/1932), a
informação do Artigo balizador aparecia impressa na parte superior, à direita da ata.
Apresentavam, também, as disciplinas avaliadas, notas obtidas e a média geral
dos candidatos, e em algumas atas apareciam a assinatura do diretor e do inspetor do
colégio responsáveis pela realização do exame no respectivo ano, conforme
exemplificado na figura 01.
Figura 01 : Ata do exame de madureza no Liceu Cuiabano, 1935.
Fonte: Arquivo do Centro Memória Viva de Mato Grosso - UFMT
42
Ainda com intuito de melhor entendimento do percurso de certificação, foi
elaborado um quadro e uma tabela, detalhando o percurso dos candidatos concluintes e
não concluintes do Curso Fundamental do Ensino Secundário, com base no Artigo 100
na década analisada.
No Quadro, os candidatos são identificados pela inicias de seus nomes e
aqueles que conseguiram concluir o Curso Fundamental do Ensino Secundário no
Colégio Liceu Cuiabano pelo exame de madureza, aprovados na 3ª, 4ª e 5ª séries em
sequência, receberam destaque em cinza e a letra “x” é usada para indicar a série que o
candidato foi submetido ao exame no respectivo ano. O quadro mostra os candidatos
concluintes do Curso Fundamental do Ensino Secundário, detalhando o ano de início e
término do Curso somente dos candidatos concluintes.
43
Alunos
Ano
1935 1936 1937 1938 1939 1940
3ª 4ª 5ª 3ª 4ª 5ª 3ª 4ª 5ª 3ª 4ª 5ª 3ª 4ª 5ª 3ª 4ª 5ª
LAL X X X
LVF X X X
RC X X X
BFM X X X
ODR X X X
ALB X X X
BF X X
ESM X X
JSF X
RSC X X
AMF X
CB X X
RAC X
RM X
BF X
ESM X
RSC X
WFM X X
EF X X X
SJC X
SSG X
CB X
RE X
EAS X
EB X
EJC X
JFR X
MHS X
MOP X
RNR X
SJG X Quadro 02: percurso dos alunos concluintes do Curso Fundamental na década de 1930 a 194
Fonte: Elaborado por Kleberson R. V. de Oliveira a partir de informações das atas de realização
dos exames, de 1935 a 1940.
Como a conclusão do Curso Fundamental do Ensino Secundário exigia a
aprovação na 3ª, 4ª e 5ª séries, ao analisarmos o percurso dos candidatos encontramos
aqueles que se submeteram aos exames já diretamente na 4ª série e umas das hipóteses
para explicação desse fato é que esses candidatos submeteram-se ao exame para 3ª série
em outra instituição de ensino, dando continuidade a sua certificação no Liceu
Cuiabano, instituição apta a realizar o exame de madureza em Mato Grosso.
44
Assim, como há indicação de candidatos que somente se submetem ao exame
na 3ª e 4ª série não havendo indicação de que esses candidatos tenham continuado seus
estudos no Liceu Cuiabano, acreditamos na hipótese de que deram continuidade à busca
por certificação em outra instituição de ensino apta a realizar o exame no país.
As primeiras informações são datadas de 1935 e apontaram que 3
candidatos se submeteram ao exame para 3ª série, os candidatos LAL, LVF e RC. A
análise do percurso desses candidatos aponta que eles obtiveram êxito quanto à
conclusão do Curso Fundamental do Ensino Secundário, sendo aprovados na 3ª série em
1935, na 4ª em 1936, e na 5ª série no ano de 1937. Ressaltando que os candidatos
apenas poderiam ser submetidos ao exame de madureza uma vez por ano e, caso não
conseguissem a aprovação, deveriam esperar o ano seguinte para tentar uma nova
avaliação.
Em 1936, ao todo, 10 pessoas se submeteram ao exame, dentre eles os
candidatos BFM, ODR e ALB iniciaram o percurso para conclusão do Curso
Fundamental do Ensino Secundário nesse ano, se submetendo ao exame para 3ª série e
continuando o percurso nos anos seguintes, 1937 e 1938. Os três candidatos foram
aprovados na 4ª e 5ª séries, concluindo assim o Curso Fundamental do Ensino
Secundário.
Além dos candidatos que conseguiram concluir o Curso Fundamental do
Ensino Secundário, há indicação de candidatos não concluintes, dentre eles BF e RSC,
que são aprovados na 3ª série em 1936, mas são reprovados no ano seguinte, 1937, no
exame para 4ª série. Os candidatos ESM e JSF fizeram o exame para 3ª série em 1936 e
não conseguiram aprovação, não havendo mais registro de submissão desses dois
últimos candidatos aos exames nos anos posteriores.
Em 1937, ao todo, 14 pessoas se submeteram ao exame: os candidatos LAL,
LVF e RC, que concluiram nesse ano o Curso Fundamental do Ensino Secundário,
iniciado em 1935; os candidatos BFM, ODR e ALB que continuaram o percurso para
conclusão do Curso Fundamental do Ensino Secundário, iniciado em 1936, sendo
submetidos ao exame para 4ª série nesse ano; e os candidatos não concluintes AMF e
RAC, submetidos ao exame na 3ª série sendo reprovados, e não havendo mais registro
de submissões desses candidatos nos anos posteriores, acontecendo o mesmo com os
candidatos RM, ESM, RSC, que, nesse caso, foram submetidos ao exame na 4ª série e
acabaram sendo reprovados; o candidato CB, submetido ao exame na 3ª série, foi
aprovado e, no ano seguinte, em 1938, acabou sendo reprovado na 4ª série; e o
45
candidato WFM, submetido ao exame para 4ª série, conseguindo aprovação, e, em
1938, na 5ª série, último ano para conclusão do Curso Fundamental do Ensino
Secundário, não conseguiu aprovação.
Em 1938, ao todo, 8 pessoas se submeteram ao exame: os candidatos ALB,
BFM e ODR, que concluiram o Curso Fundamental do Ensino Secundário iniciado em
1936; o candidato EF que nesse ano iniciou seu percurso em busca da conclusão do
Curso Fundamental do Ensino Secundário, se submetendo ao exame para 3ª série e
obtendo aprovação; e os candidatos SJC e SSG, submetidos ao exame na 3ª série sendo
reprovados e sem registro desses candidatos nos anos seguintes; os candidatos CB e RE
que se submeteram ao exame na 4ª série não conseguiram aprovação, e também sem
registro nos anos seguintes.
Em 1939, ao todo, 9 pessoas se submeteram ao exame, e nesse ano consta
registro somente de um candidato que conseguiu aprovação no exame para a 4ª série: o
candidato EF, que iniciou seu percurso no ano anterior, sendo o único habilitado para
obter a conclusão do Curso Fundamental do Ensino Secundário no ano seguinte; os
demais candidatos EAS, EB, EJC, JFR, MHS, MOP, RNR E SJG submeteram-se ao
exame para 3ª série, e todos foram reprovados, não havendo mais registro desses
candidatos se submetendo aos exames nos anos posteriores.
E, no ano de 1940, último ano da análise das atas, consta somente registro de
um candidato EF como submetido ao exame, que iniciou seu percurso em 1938 e em
1940 conseguiu sua aprovação na 5ª série, concluindo assim o Curso Fundamental do
Ensino Secundário. No ano de 1941 somente um candidato se submeteu ao exame nos
moldes da conclusão do curso: J.C.D, para 3ª série com média final de 5,5. No ano de
1942, há registro de candidatos se submetendo ao exame na modalidade parcelada, por
disciplinas, sem resultados conclusivos.
Pode-se observar que nessa década houve pouca procura pelos exames,
chegando ao ponto de encontrarmos somente um candidato se submetendo ao exame
anualmente.
Foram submetidos aos exames de madureza na década de 1930, mais
especificamente entre os anos de 1935 a 1940, um total de 36 candidatos. Desse total,
somente uma pequena parcela dos candidatos conseguiu concluir o Curso Fundamental
do Ensino Secundário, mais exatamente, apenas 7 (sete) candidatos conseguiram com
êxito a finalização do Curso Fundamental nas bases no Artigo 100, conforme podemos
observar na tabela abaixo:
46
Aluno
Ano de início do curso
Fundamental
Ano de Conclusão do Curso
Fundamental do Ensino
Secundário
LAL 1935 1937
LVF 1935 1937
RC 1935 1937
ALB 1936 1938
BFM 1936 1938
ODR 1936 1938
EF 1938 1940 Tabela 1- Alunos concluintes do Curso Fundamental do Ensino Secundário
Fonte: Elaborado por Kleberson R. V. de Oliveira a partir de informações das atas de realização dos
exames, de1935 a 1940
Com a interpretação das atas, constatou-se que o Liceu seguiu as normas do
Artigo 100, respeitando as disciplinas preconizadas e a dinâmica de funcionamento
sugerida, que exigia a realização do exame de cada série em anos sucessivos até a
autorização para ingresso no curso complementar de dois anos (para os quais não havia
exames) e posterior acesso ao ensino superior.
Josélia Saraiva Castro, em sua dissertação sobre o tema, afirma que não havia
obtido dados sobre a procura e resultado dos exames orientados pelo Artigo 100 nos
estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Conforme a autora: “não foi possível conseguir
dados sobre a procura e o resultado dos exames do Art. 100” (CASTRO, 1973, p. 31).
Em Mato Grosso foram encontradas evidências da realização dos exames de
madureza com base no Artigo citado, e informações dos concluintes do Curso
Fundamental do Ensino Secundário.
Ficou evidente que os exames de madureza foram procurados por uma pequena
quantidade de candidatos, que deles se utilizaram para obter a certificação dos três anos
do curso fundamental do ensino secundário.
2.3 Candidatos ao exame sob a orientação do Artigo 91 em Mato Grosso
Nesse tópico o intuito é analisar a aplicação do exame balizados pela reforma
proposta por Gustavo Capanema no Colégio Liceu Cuiabano, quando os exames
passaram a ser orientados pelo Decreto 4.244, de 1942, mais especificamente. pelo
Artigo 91. Esse artigo determina que: “Aos maiores de dezenove anos será permitida a
47
obtenção do certificado de licença ginasial em conseqüência aos estudos realizados
particularmente, sem a observância do regime escolar exigido pela lei”.
A análise das evidências da aplicação dessa determinação do Artigo 91 em
Mato Grosso também está disponível na forma de atas que apresentam as informações
dos candidatos.
A primeira ata mato-grossense analisada nesse tópico é de 1944 (figura 02),
nota-se a semelhança com a ata analisada anteriormente, orientada pelo Artigo 100,
datada de 1935. Ela é organizada da seguinte forma: o nome do candidato, notas das
disciplinas com média geral e se refere a exames de segunda época, conforme
observamos abaixo:
Figura 02: Ata do exame de madureza 1944.
Fonte: Centro Memória Viva de Mato Grosso - UFMT
Nessa primeira turma sob a tutela do Artigo 91, cinco (5) candidatos se
submeteram aos exames: AF, MCA, EZ, BALM e EMS, todos foram aprovados,
conforme o critério de avaliação normatizado pelo Decreto 4244/42.
Em 1945, não foram encontrados documentos sobre a aplicação do exame. Em
1946, somente um candidato se submeteu ao exame nos moldes do Artigo 91, o
candidato DMF, em primeira época. O candidato realizou avaliação em todas as
48
disciplinas, obtendo média 6.5, e o mesmo candidato, já com a companhia de mais um,
se submete ao exame para segunda época somente na disciplina de Matemática.
Em 1947, oito (8) candidatos se submeteram ao exame nos moldes do Artigo
91, ABF, AFM, CAP, CMM, FAT, PB, POF, ZOD, todos foram considerados como
inabilitados (reprovados) na primeira prova.
Figura 03: Ata do exame de madureza primeira época, 1947 Fonte: : Centro Memória Viva de Mato Grosso -UFMT
Em 1948, quatro (4) candidatos se submeteram ao exame nos moldes do Artigo
91, ABF (que tentou em 1947, conseguindo sua aprovação com média 8.3), FAT e JBA
(inabilitados no primeiro exame) e ZOD (inabilitado no segundo exame, sendo
reprovado também no ano de 1947).
Em 1949, somente um (1) candidato se submeteu ao exame nos moldes do
Artigo 91, APM (a documentação não indica se os exames foram para primeira ou
segunda época) e, conforme nota, obteve aprovação com média 8.2.
Em 1950, não há registro da aplicação do exame. Em 1951, dois (2) candidatos
se submeteram ao exame, ABN (aprovado em 1947 na primeira época e reprovado em
1950 na segunda época), e PAF (reprovado com média 4).
Já em 1952, quatro (4) candidatos se submeteram ao exame. O candidato ABN
que conseguiu sua aprovação no exame de segunda época, enquanto AAC e CLM foram
49
reprovados. O candidato PAF foi reprovado em 1951 na segunda época e conseguiu
aprovação em 1952.
Nos anos de 1953 e 1954 não há registro de aplicação do exame, reaparecendo
novamente em 1955 com 16 candidatos. Na documentação analisada não foi possível
obter as iniciais dos nomes dos candidatos, pois consta somente as notas e a média geral
desses candidatos para segunda época, e todos foram considerados inabilitados.
No quadro abaixo é possível ver o panorama da procura pelo exame quanto à
aprovação e reprovação dos candidatos na modalidade do exame no Artigo 91. No
quadro mostramos os candidatos aprovados indicados pelas letras AP, e reprovados
indicados pelas letras RP, fazendo-se necessária uma observação quanto à análise do
ano de 1955, em que não foi possível identificar as iniciais dos candidatos submetidos
ao exame, somente foi possível a confirmação de que todos os 16 candidatos foram
reprovados.
Candidatos
1944 1945 1947 1948 1949 1952
1º
Época
2º
Época
1º
Época
2º
Época
1º
Época
2º
Época
1º
Época
2º
Época
1º
Época
2º
Época
1º
Época
2º
Época
A.A.C RP
A.B.F RP AP
A.B.N AP
A.F AP
A.F.M RP
A.P.M AP AP
B.A.L.M AP
C.A.P RP
C.L.M RP
C.M.M RP
D.M.F AP AP
E.M.S AP
E.Z AP
F.A.T RP RP
J.B.A RP
M.C.A AP
P.A.F AP
P.B RP
P.O.F RP
Z.O.D RP RP
Quadro 03: Candidatos ao exame nos anos de 1944, 1945, 1947, 1948, 1949 e 1952.
Fonte - Elaborado por Kleberson R. V. de Oliveira a partir de informações das atas de realização dos
exames, de1944 a 1952, disponível no Centro Memória Viva de Mato Grosso - UFMT
Para Castro (1973, p.35), o exame conservou características do Artigo 100 de
Francisco Campos, ao assumir função supletiva, permitindo que o adulto gozasse do
direito de um certificado de ginásio.
50
A autora ainda informa quanto ao exame de segunda época, explicando que
essa modalidade somente foi disponibilizada em 1946, para aqueles reprovados em
primeira época. Pela documentação referente ao exame em Mato Grosso, no entanto,
encontramos exames de segunda época datados de 1944.
O Artigo 91, em seu cerne tinha a intenção de dar maiores possibilidades e
oportunidades para aqueles que queriam obter sua certificação do curso ginasial. Josélia
Castro, em sua dissertação, evidenciou um aumento pela procura dos candidatos pela
modalidade do exame no cenário estudado por ela, fato oposto ao revelado pela análise
documental realizada em Mato Grosso, evidenciando a baixa procura pelo exame nessa
modalidade, mesmo na vigência da possibilidade do exame ser realizado duas vezes por
ano.
Em 1957, o Artigo 91 sofreu alterações, passando a indicar que seu público
alvo era os maiores de 18 anos, ou aqueles em buscavam certificação de seus estudos.
Nessa modificação de 1957, pela Lei 3283, o Artigo 91 assumiu a seguinte redação:
Artigo 91 – Aos maiores de 18 (dezoito) anos será permitida a
obtenção de certificado de licença ginasial, mediante a prestação de
Exames de Madureza referentes ao primeiro ciclo do curso
secundário, após estudos realizados sem observância do regime
escolar exigido por este Decreto-Lei. Nas mesmas condições permitir-
se-á a obtenção de certificado de licença colegial clássica ou científica
aos maiores de 20 (vinte) anos portadores do certificado de licença
ginasial ou de diploma equivalente
Esta lei reintroduziu o termo “madureza”, ao invés de exame de licença,
oportunizando aos candidatos suprirem sua escolarização não adquirida no ensino
regular. Os últimos anos da aplicação da Lei 4.244/42 foram marcados pelo processo de
evasão do ensino regular.
Nos últimos anos da vigencia da Lei 4.244/42 o Madureza favoreceu
também a evasão do ensino regular quando permitiu que os alunos
regulares do curso ginasial e do curso colegial se submeterem a esses
exames. Para os utlimos , ainda se epresentavam vantagens pois
ficariam os candidatos das disciplinas estudadas nos dois primeiros
anos do segundo ciclo. (CASTRO, 1973, p. 40).
51
Os resultados alcançados pelos candidatos ao exame em Mato Grosso
indicam, portanto, que a procura pelo exame foi acanhada, fato que pode ser
relacionado à complexidade das discilpinas exigidas e à oferta restrita à cidade Cuiabá,
pelo Liceu Cuibano. Nesse período, quem se apropriou do exame são os filhos de
famílias tradicionais cuiabanas em busca de certificação de seus estudos.
52
CAPÍTULO 3
EXAMES DE MADUREZA E SUA EXPANSÃO EM MATO GROSSO
53
Este capítulo focaliza o processo de expansão do exame em território mato-
grossense, sob a vigência da Lei nº 4.024 de 1961 (LDBEN). O suporte documental não
se restringue somente às atas de aplicação, envolvendo, também, as fichas individuais
dos candidatos que procuraram a modalidade do exame preconizada em Lei.
3.1 Os exames de madureza na Lei nº 4.024/1961 (LDBEN)
A década de 1960 foi marcada pela expansão dos exames de madureza no
estado de Mato Grosso. O exame passa a ter uma procura considerável na modalidade
parcelada, contrastando com a pequena procura que caracterizou as décadas anteriores.
A Lei n. 4.024./1961, que normatizava as Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDBEN4) ampliou a possibilidade de oferta dos exames de madureza aos
estabelecimentos oficiais e particulares que mantivessem cursos secundários. Com isso,
outras localidades do estado, além da capital, passaram a ser atendidas, com exames
realizados em Aquidauana, Dourados, Três Lagoas e Corumbá.
Essa LDBEN era mencionada nas fichas individuas dos candidatos ao exame
de madureza, fato que referenda a atenção das escolas mato-grossenses às normas
nacionais. Nessas fichas, o candidato explicitava a intenção de submissão ao exame de
madureza de acordo com a Lei citada.
Conforme Castro (1973), essa LDBEN procurou contemplar a grande
diversidade geográfica do país e caracterizou-se por promover descentralização
administrativa, na qual o ensino brasileiro passou a conviver com os sistemas estaduais
e o sistema federal. A autora (CASTRO, 1973, p. 41) esclarece que:
A LDBEN se caracterizou, pois, pela descentralização administrativa e
pedagógica, flexibilidade e pluralidade de currículos. Deu ampla liberdade
aos colégios para experiências pedagógicas. Todavia não foi essa lei
explorada em todas suas virtualidades.
Mediante a descentralização administrativa, o ensino brasileiro passou a ter
dois sistemas: o federal e o estadual: “a União, os Estados e o Distrito
Federal organizarão os seus sistemas de ensino, com observância da presente
Lei”, diz o Art. 11 da Lei 4024/61, atendendo a constituição de 1946, artigos
170 e 171.
4 Lei que Fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, disponível: em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4024.htm>
54
Nesse cenário de transformação e adaptação, com a justificativa de garantir a
unidade nacional, o Conselho Federal de Educação determinou que, nos dois sistemas,
deveria ser instituído um currículo com disciplinas avaliativas obrigatórias e
complementares. As obrigatórias eram: Português, História, Geografia, Matemática e
Ciências. Essa norma assegurava, nas palavras de Castro (1973, p. 41), uma cultura
comum. As disciplinas complementares, por sua vez, garantiriam a variedade dos
currículos (CASTRO, 1973, p. 42).
A LDBEN de 1961, mais precisamente o seu Artigo 99, que trata dos exames
de madureza, diminuiu a idade exigida para certificação, tanto no curso ginasial quanto
no colegial, respectivamente para 16 e 19 anos de idade:
Aos maiores de dezesseis anos será permitida a obtenção de certificados de
conclusão do curso ginasial mediante a prestação de Exames de Madureza
em dois anos no mínimo, e três no máximo, após estudos realizados sem
observância de regime escolar.
Parágrafo único – Nas mesmas condições permiti-se-a a obtenção do
certificado de conclusão de curso colegial aos maiores de dezenove anos.
Entre 1962 e 1964, dois pareceres do Conselho Federal de Educação passaram
a regulamentar o Artigo 99 da LDBEN, sobretudo, no que se referia aos conteúdos do
exame. Conforme explica Castro (1973, p. 43), o Parecer n. 74/1962 do Conselho
Federal de Educação estabeleceu que o exame de madureza passaria a exigir as mesmas
disciplinas obrigatórias existentes nos currículos do ginásio, acrescentando uma língua
viva estrangeira para o colegial.
O parecer do Conselho Federal de Educação n. 260/1964, por sua vez, definiu
as disciplinas que integrariam o exame de madureza de 2º ciclo (colegial). Conforme
explica Castro (1973, p.43):
o candidato submeter-se-ia aos exames de português, uma língua viva
e mais quatro disciplinas dentre as obrigatórias, complementares e
optativas, relacionadas pelo Conselho Federal de Educação: Física,
Química, Biologia, Filosofia, Desenho, Grego, Mineralogia e
Geologia, estudos Sociais, psicologia, Lógica, Introdução as Artes,
Direito Usual, Elementos de Economia, Noções de Contabilidade,
Noções de Biblioteconomia, Puericultura, Higiene e Dietética.
A LDBEN corroborou a forma parcelada dos exames e os candidatos tinham a
possibilidade de fazer o exame de forma parcelada em, no mínimo, dois anos e, no
máximo, três anos.
55
As inscrições no exame passaram a ser ofertadas duas vezes ao ano, e em
meses diferentes, para cada uma das modalidades: o madureza ginasial e colegial.
O Decreto n. 51.680A, de 22/01/1963, instituiu a nota 5 (cinco) como mínima
para aprovação e determinou que, caso o candidato fosse reprovado, ele poderia se
inscrever no exame para refazer a disciplina ou disciplinas em que não obtivesse
aprovação somente quatro meses depois da sua última reprovação. Além disso,
conforme destaca Castro (1973, p. 45-6), esse decreto estabeleceu o “Programa de
Recuperação Cultural”, que criava cursos intensivos de preparação para os Exames de
Madureza.
Em 1969, o Artigo 99 da LDBEN sofreu sua última modificação e passou a
apresentar a seguinte formulação:
Assim ficou a redação do Artigo 99: “Aos maiores de dezesseis anos
será permitida a obtenção de certificados de conclusão do curso
ginasial, mediante a prestação de exames de madureza, após estudos
realizados sem observância do regime escolar”
Parágrafo único: “Nas mesmas condições, permitir-se-á obtenção do
certificado de conclusão do curso colegial aos maiores de dezenove
anos” (CASTRO, 1973, p. 46).
Os exames, portanto, passaram a ser oferecidos de forma global ou parcelada,
sem limites mínimos ou máximos de disciplinas, aos maiores de 16 anos, para o curso
ginasial, e aos 19 anos, para o curso colegial.
3.2 Os Exames de Madureza em Mato Grosso nas décadas de 1960 e 1970
Diferentemente das análises das décadas anteriores, em que as atas de registro
da realização dos exames de madureza em Mato Grosso ficavam restritas somente ao
Colégio Liceu Cuiabano, nas décadas de 1960 e 1970, com a expansão do exame no
estado, ele passou a ser ofertado em mais municípios, como Campo Grande,
Aquidauana, Três Lagoas, Corumbá e Dourados.
As atas analisadas trazem informações sobre colégio responsável pelo exame, a
data, a pessoa responsável pela aplicação do exame, a discriminação da comissão
constituída para sua realização e a indicação da regulamentação vigente da época, no
caso, a LDBEN, conforme figura 04.
56
Figura 04 – Ata de realização do Exame Madureza realizado em Cuiabá em 1963.
Fonte: Centro Memória Viva de Mato Grosso - UFMT
As atas referentes aos anos de 1955 a 1962 não foram localizadas nos acervos
pesquisados, impossibilitando sua interpretação neste trabalho. A documentação remete
ao ano de 1963, quando o exame foi aplicado no Colégio Estadual de Mato Grosso,
também conhecido como Colégio Liceu Cuiabano.
A ata de 1963 indica que a instituição de ensino era dirigida pelo professor
Lido Modesto da Silva, e, a comissão responsável pelos exames era composta pelos
professores Ranulfo Paes de Barros, Ivan Rodrigues Arrais, Alaíde Addor, Aida
Siqueira Moreira Figueiredo, Rafael Rueda, Gastão Muller, Josephina Paes de Barros
Lima, Francisco de Brito e Paulo Henrique Vilá.
Em 1963, foram submetidos sete (7) candidatos para o exame ginasial, nas
disciplinas de Português, Matemática, Ciências, História e Geografia, e todos foram
reprovados.
No ano de 1964 houve um aumento significativo da procura pelos exames na
modalidade parcelada em Cuiabá. Nesse ano, o diretor do Liceu era o professor
Sebastião Arruda Figueiredo e a comissão examinadora era composta pelos professores
Ranulfo Paes de Barros, Ivan Rodrigues Arrais, Aida Siqueira Moreira Figueiredo, João
57
Crisóstomo Figueiredo, Edy Soares, Rafael Rueda, Josephina Paes de Barros Lima,
Edwiges Maria Gomes Magalhães e Hilton Sabo de Oliveira.
Foram submetidos ao exame, em abril de 1964, para o ginasial, 50 candidatos,
que fizeram as provas nas disciplinas de Português, Matemática, Ciências, História e
Geografia. Dentre os 50 candidatos houve somente 1 (uma) aprovação na disciplina de
História, com média 6,0. No exame colegial, todos os nove (9) candidatos inscritos
foram reprovados.
A partir das informações das atas de realização dos exames de madureza
localizadas foram organizados quadros sintéticos que apresentam a procura e os
resultados dos exames realizados no Liceu Cuiabano a partir de 1964.
Os quadros apresentam as iniciais dos candidatos, as matérias a que eles se
submeteram no exame, a informação quanto a sua aprovação e reprovação nas
disciplinas avaliadas, em que a sigla (RP) indica reprovação e (AP) aprovação, a
aprovação leva destaque em cinza, oferecendo ao leitor melhor percepção visual da
diferença entre aprovados e reprovados no exame, a cada ano.
Em novembro de 1964, foram submetidos ao exame de primeira época, 22
candidatos nas disciplinas de Português, Matemática, História, Geografia, Ciências e
Moral e Cívica. Nesse ano, a ata não especifica a comissão e nem o diretor da
instituição.
58
Candidatos
1964
Disciplinas Requeridas
Port Mat Hist Geo Cien M.C
A.F.M RP RP RP RP RP RP
A.F.A RP RP AP AP AP AP
A.M.C AP RP RP RP RP RP
A.R.S AP RP RP RP AP RP
A.E.S RP AP RP RP AP AP
B.T.R RP RP RP RP RP RP
C.M.S RP RP RP RP RP RP
D.F.S RP RP RP RP RP RP
D.A RP RP RP RP AP RP
E.F.B RP RP RP RP RP RP
E.M.A RP RP RP RP RP RP
E.F.A RP RP RP RP RP RP
J.N.R AP AP AP AP AP AP
J.T.M AP RP RP RP RP RP
J.B.S RP RP RP RP RP RP
J.B.D RP RP RP RP RP RP
M.M.G.S RP AP RP RP AP RP
M.J.P RP RP RP RP RP RP
M.B.E.S RP RP RP RP AP RP
M.A RP RP RP RP AP RP
S.S.G RP RP RP RP RP RP
Z.P.C AP RM AP AP AP AP
Quadro 4 - Candidatos ao exame de madureza no Colégio Liceu Cuiabano, de
segunda época, em 1964.
Fonte - Elaborado por Kleberson R. V. de Oliveira a partir de informações das
atas de realização dos exames, 1964, Disponível no Centro Memória Viva de
Mato Grosso - UFMT
Nota-se que, mesmo com a oferta da modalidade parcelada e com um
considerável aumento pela procura nessa modalidade, o número de reprovações
ultrapassou o número de aprovações no ano de 1964. Este fato pode sugerir o
desconhecimento do funcionamento da modalidade e suas recentes modificações pelos
candidatos.
Já no ano de 1965, foram submetidos ao exame de primeira época, no Colégio
Liceu Cuiabano, 28 candidatos para o primeiro ciclo (ginasial), em fevereiro, nas
disciplinas Português, Matemática, História, Geografia, Ciências e Moral e Cívica.
Observa-se que número de aprovações foi mais elevado que no ano anterior,
sugerindo a maior adaptação dos candidatos à forma de avaliação colocada pelos
exames de madureza.
59
Candidatos
1965
Disciplinas Requeridas
Port Mat Hist Geo Cien M.C
A.V.A AP AP RP AP AP AP
A.M.C AP AP AP RP RP RP A.R.S AP RP AP RP AP AP
C.A.C.M RP RP RP AP RP RP C.A RP AP RP AP RP RP
C.M.C.M AP AP RP AP AP AP
D.L.C.L RP RP RP AP RP RP D.A RP RP RP AP AP RP
E.B.S.S RP AP RP AP RP RP E.M.A RP RP RP RP RP RP E.F.A AP AP RP AP RP AP
E.A.B RP RP RP RP RP RP I.A.B.R RP RP RP RP RP RP J.C.N.R RP AP RP RP RP RP
J.B.S RP AP RP RP RP RP J.A.V.A AP AP RP AP RP AP
J.B.D RP AP RP RP RP RP M.B.P AP AP RP RP AP RP M.I.C RP RP RP RP RP RP
M.C.A.S RP RP RP AP RP RP M.M.G.S RP AP RP AP AP AP
M.J.P RP - - - - -
M.B.D.E.S RP AP RP AP AP AP
M.B.D AP RP RP RP RP RP N.O.L RP RP RP AP RP RP
P.M AP AP AP AP RP AP
S.S.G RP RP RP RP RP RP T.A.M.N AP AP AP AP RP AP
Quadro 5 - Candidatos ao exame de madureza no Colégio Liceu Cuiabano,
ginasial, primeira época, nov./1965
Fonte - Elaborado por Kleberson R. V. de Oliveira a partir de informações das
atas de realização dos exames, 1965. Disponível no Centro Memória Viva de
Mato Grosso - UFMT
Outra ata do Colégio Liceu Cuiabano, datada do mesmo ano, indica que 58
candidatos se submeteram aos exames também para primeiro ciclo (ginasial), de
segunda época, realizados em outubro.
60
Candidatos 1965 Disciplinas Requeridas
Port Mat Hist Geo Cien M.C
A.C.M RP AP RP RP RP RP
A.L.F RP AP AP AP AP AP
A.A. RP RP AP RP RP RP
A.I.O RP RP RP RP RP RP
A.R.M AP RP RP AP AP AP
A.P.S AP AP AP RP RP RP
A.C.M.R RP AP RP RP RP RP
B.T.R RP RP RP RP RP RP
C.O.L RP RP AP RP RP RP
C.A.C.M RP RP RP AP AP RP
C.J.S RP RP RP RP AP RP
D.T RP RP AP RP AP RP
D.R.D RP RP RP RP RP RP
D.L.C.L RP RP RP RP RP RP
E.A.A RP RP RP RP AP RP
E.B.S.S RP AP RP AP RP AP
E.V.N.S RP RP RP RP RP RP
E.F.B RP RP RP RP RP RP
E.M.F AP AP RP AP RP RP
E.O RP RP RP RP RP RP
E.A.B RP RP RP RP RP RP
F.E.P.R RP AP RP RP RP RP
F.M.S.M RP RP RP AP RP RP
H.B.C RP AP RP RP RP RP
H.K RP RP RP RP RP RP
H.L.S RP RP RP RP RP RP
I.S.F RP RP RP RP RP RP
I.A.B.R RP RP AP RP RP RP
J.B.S RP AP RP RP RP RP
J.G.S RP RP RP RP RP RP
J.C.N.R RP AP RP RP RP RP
J.B.C RP RP RP RP AP RP
J.O.M RP RP AP RP AP RP
J.M.A.J RP AP RP RP RP RP
J.B.D RP AP RP RP RP RP
K.U AP AP AP AP AP AP
L.P.S AP AP RP AP AP AP
M.P.F AP AP RP RP RP RP
M.B.F RP AP RP RP RP RP
M.N.L RP RP RP RP RP RP
M.R.R RP RP RP AP AP RP
M.G.B AP AP RP RP AP AP
M.A.B.R AP AP RP AP AP AP
M.B.E.S RP AP RP AP AP AP
M.A.B RP RP AP RP AP RP
M.B.D AP RP RP RP RP RP
M.I.C RP AP RP RP RP RP
M.C.A.S RP RP RP AP RP RP
M.B.P AP AP AP RP AP AP
M.G.O RP AP AP RP RP AP
N.O.L RP RP RP AP AP AP
N.A.G RP RP RP RP AP RP
61
P.M AP AP AP AP RP AP
P.A.V AP AP RP AP RP AP
R.M.C.L RP AP RP RP AP AP
V.G.R RP RP AP AP AP AP
W.L.N RP RP RP RP RP RP
W.C.M RP AP AP AP AP AP
Quadro 6 - Candidatos ao exame de madureza no Colégio Liceu Cuiabano,
ginasial, segunda época, novembro de 1965
Fonte - Elaborado por Kleberson R. V. de Oliveira a partir de informações das
atas de realização dos exames, 1965. Disponível no Centro Memória Viva de
Mato Grosso - UFMT
É possível notar que, em 1965, os resultados dos exames de primeira e segunda
época ainda apontam um índice de reprovações maior que o de aprovações, mas as
reprovações sofrem uma queda considerável.
Em março de 1966, foram submetidos aos exames para segundo ciclo
(colegial) em Cuiabá, no Liceu Cuiabano, 8 (oito) candidatos para disciplinas
Português, Matemática, Geografia, Biologia, Desenho, Francês, Inglês, Física, Química.
Candidatos
1966
Disciplinas Requeridas
Port Mat Hist Geo Bio Des Fran Ing Fís Quim M.C
A.S.F RP RP - - - RP - RP RP RP -
E.B.S.S RP - - - - - - RP - RP -
F.R.P.M - RP - - - RP - - AP AP -
I.B.C AP RP - - AP RP AP - RP RP -
M.B.P RP RP - - RP RP - RP RP RP -
O.S.C RP RP - - RP RP - RP RP RP -
R.A.C RP RP - - - RP - RP RP AP -
Z.P.C RP RP - - AP - - AP AP RP -
Quadro 7 - Candidatos ao exame de madureza no Liceu Cuiabano, colegial, segunda época,
mar./1966
Fonte - Elaborado por Kleberson R. V. de Oliveira a partir de informações das atas de realização
dos exames, 1966. Disponível no Centro Memória Viva de Mato Grosso - UFMT
Já em novembro do mesmo ano, foram submetidos 22 candidatos para segundo
ciclo (colegial), para disciplinas Português, Matemática, História, Geografia, Biologia,
Desenho, Inglês, Física, Química.
62
Candidatos
1966
Displicinas Requeridas
Port Mat Hist Geo Bio Des Fran Ing Fís Quim M.C
A.I RP - RP RP RP - - - - RP -
A.M - RP - - - RP - RP - RP -
A.E.S.F RP RP - - RP - - - RP RP -
C.M.B.A RP RP - - - RP - - RP RP -
D.C.S - - - - - - - - - - -
E.F.O - RP - - - RP - RP RP RP -
E.B.B - RP - - - RP - RP RP RP -
E.L.C.M RP - RP RP - - - RP - - -
F.R.P.M - RP AP RP - - - RP - - -
G.H.C - RP - - - RP - RP RP RP -
I.B.C - RP - - - RP - - - - -
J.E.G - RP - - - RP - RP RP RP -
L.F.S RP RP - - - RP - RP - RP -
L.CM.P.S AP - RP RP - - - AP - - -
L.D.C - - RP RP - - - RP - - -
M.B.P RP RP - - RP RP - - - RP -
N.B.L RP RP - - RP - - - - RP -
O.S.C - RP - - - - - - RP -
R.A.C - - - - - - - - - - -
S.M.B RP - RP RP - - - RP - - -
Z.P.C - RP - - - - - - - - -
Quadro 8 - Candidatos ao exame de madureza no Colégio Liceu Cuiabano, colegial, novembro
de 1966.
Fonte - Elaborado por Kleberson R. V. de Oliveira a partir de informações das atas de realização
dos exames, 1966. Disponível no Centro Memória Viva de Mato Grosso - UFMT
As reprovações são predominantes entre os candidatos aos exames de nível
colegial, principalmente entre os candidatos submetidos aos exames em novembro. O
ano de 1966 foi o último em que o exame foi ofertado apenas em Cuiabá.
Em 1967, o exame começa a dar seus primeiros passos em direção à expansão,
passando a ser ofertado também em Campo Grande, no Ginásio Campograndense.
Em 1967, no Liceu Cuiabano, foram submetidos aos exames 7 (sete)
candidatos para segundo ciclo (colegial), nas disciplinas Português, Matemática,
História, Geografia, Biologia, Desenho, Francês, Inglês, Física, Química. Nesse exame
pode ser percebido maior índice de aprovações.
Candidatos
1967
Disciplinas Requeridas
Port Mat Hist Geo Bio Des Fran Ing Fís Quim EM.C
A.R.C.C RP - AP - RP - - - - RP -
E.O.S AP - AP RP RP - - RP - - -
E.R.P AP - AP AP RP - - AP - - -
J.E.G RP - AP AP RP - - RP - - -
K.F.S.S RP - RP RP RP - - RP - - -
J.M.B.W RP - - - RP - - RP - RP -
O.G.B AP - RP RP - - - - - RP -
Quadro 9 - Candidatos ao exame de madureza no Colégio Liceu Cuiabano, colegial, novembro
de 1967.
Fonte - Elaborado por Kleberson R. V. de Oliveira a partir de informações das atas de realização
dos exames, 1967 Dispoível no Centro Memória Viva de Mato Grosso - UFMT
63
Corroborando a afirmação acima, a documentação evidencia a expansão do
exame no estado. As atas são atribuídas ao Colégio Estadual Campograndense e
apresentam um acréscimo significativo da procura pelo exame na modalidade parcelada,
em 1967. As quatro atas localizadas apresentam uma relação de candidatos numerados
de 1 a 70, submetidos ao exame para primeiro ciclo (ginasial) e 4 candidatos submetidos
ao segundo ciclo (colegial).
Figura 5 – Ata de realização do Exame Madureza realizado em Campo Grande em 1967 (1ª folha).
Fonte: Centro Memória Viva de Mato Grosso - UFMT
Em 1967, em Campo Grande, a procura maior foi pelas disciplinas de
Português e Matemática e percebe-se um alto número de reprovações na disciplina de
Ciências, História, Geografia e Português (cerca de 90% de reprovações nessas
disciplinas). Na disciplina de matemática, dos 70 candidatos que se submeteram a essa
prova, 54 foram aprovados.
Em 1968, foram submetidos no Liceu Cuiabano 6 (seis) candidatos para o
exame de madureza para segundo ciclo (colegial), nas disciplinas de Português,
Matemática, geografia, História, Inglês Física, Química, com mais reprovações que
aprovações.
64
Candidatos 1968 Disciplinas Requeridas
Port Mat Geo Hist Bio EMC Fran Ing Fís Quim Des
E.R.P - - - - AP - - - - RP -
J.E.G - - - - - - - - - RP -
E.H.S - RP - - RP - - RP RP RP -
K.F.S.S RP RP RP - RP - - RP RP - -
J.M.B.W RP - RP RP AP - - AP RP RP -
J.M.B.W - RP RP AP AP - - RP - - -
Quadro 10 - Candidatos ao exame de madureza no Colégio Liceu Cuiabano, colegial, novembro
de 1968
Fonte - Elaborado por Kleberson R. V. de Oliveira a partir de informações das atas de realização
dos exames, 1968. Disponível no Centro Memória Viva de Mato Grosso - UFMT
Em 1968, no Colégio Estadual Campograndense, foram submetidos aos
exames 287 candidatos entre madureza ginasial e colegial. Assim como em Cuiabá, as
atas apontam para um alto índice de reprovações.
Em março de 1969, 6 (seis) candidatos foram submetidos aos exames para
segundo ciclo (colegial), no Liceu Cuiabano, nas disciplinas relacionadas no quadro,
apontando também poucas aprovações.
Candidatos
1969
Disciplinas Requeridas
Port Mat Geo hist Bio EM.C Fran Ing Fís Quim Des
J.P.F RP - RP RP RP - - - - - -
J.V.L - - - - - - - AP - - -
P.J.B RP RP RP RP RP - - RP - - -
W.E.R RP - - RP RP - - RP RP - -
K.H.S - RP RP - RP - - RP - - -
O.G.B - AP AP - - - - - - - -
Quadro 11 - Candidatos ao exame de madureza no Colégio Liceu Cuiabano, colegial, novembro
de 1969.
Fonte - Elaborado por Kleberson R. V. de Oliveira a partir de informações das atas de realização
dos exames, 1969. Disponível no Centro Memória Viva de Mato Grosso - UFMT
Em dezembro do mesmo ano, 21 candidatos foram submetidos para o segundo
ciclo (colegial), no Colégio Liceu Cuiabano, nas disciplinas relacionadas, também
apontando alto índice de reprovações.
65
Candidatos
1969
Disciplinas Requeridas
Port Mat Geog Hsit Bio E.M.C Fran Ing Fís Quim Des
A.R.N RP RP RP RP RP - - RP RP RP -
A.E.R.S RP - - RP - - - - - - -
C.M.C RP RP RP AP RP - - RP RP RP -
D.E.N AP RP RP RP RP - - RP RP RP
D.D.C AP RP RP RP RP - - AP RP - -
E.H.S - - - - RP - - RP RP RP -
E.G RP - - RP - - - - - - -
G.M.D AP - RP AP - - AP - - - -
I.M.H RP RP RP AP RP - - AP AP RP -
I.M.A RP RP RP RP RP - - AP RP RP -
L.F.S RP RP RP RP RP - - - RP - RP
M.D.H RP RP RP RP RP - - AP RP RP -
M.L.B RP RP RP RP RP - - - - RP -
N.G.A.O RP RP RP RP RP - - RP RP RP -
R.G.O RP RP RP RP RP - - RP RP RP -
R.R.C RP - RP RP RP - - - RP RP -
R.F.A RP RP RP RP RP - - RP RP RP -
S.B.C RP RP RP RP RP - - AP RP RP -
V.V.L RP RP RP RP RP - - RP RP RP -
M.B.S RP RP RP RP RP - - RP RP RP -
Quadro 12 - Candidatos ao exame de madureza no Colégio Liceu Cuiabano, colegial, dezembro
de 1969.
Fonte - Elaborado por Kleberson R. V. de Oliveira a partir de informações das atas de realização
dos exames, 1969. Disponível no Centro Memória Viva - UFMT
Já no Colégio Estadual Campograndense, em 1969, as atas trazem agrupados
candidatos que se submeteram ao primeiro e segundo ciclo (ginasial e colegial), não
havendo possibilidade de distinção quantitativa para ambos os ciclos. As atas indicam
137 candidatos se submetendo aos exames de madureza nos moldes do artigo 99. Um
aspecto a ser destacado nesse ano são as atas escritas a mão, em uma distribuição de
informações semelhante as atas anteriores, que eram datilografadas.
66
Figura 6 – Ata de realização do Exame Madureza realizado em Campo Grande em 1969.
Fonte: Centro Memória Viva de Mato Grosso - UFMT
Em 1970, o exame passou a ser ofertado em Dourados, no Colégio Estadual
Presidente Vargas e pelo levantamento realizado nas atas localizadas, mais de 500
candidatos procuraram os exames nos moldes do artigo 99, e todos para o segundo ciclo
(colegial), o que indica massiva procura. A seguir é apresentada a imagem de uma das
atas dos exames de 2º ciclo realizados em Dourados, no referido Colégio .
67
Figura 7 – Ata de realização do Exame Madureza realizado em Dourados em 1970.
Fonte: Centro Memória Viva de Mato Grosso - UFMT
Já em Campo Grande, no colégio Ginásio Campograndense, também houve
um aumento significativo da procura pelo exame na modalidade parcelada, Art. 99,
chegando a contabilizar, no segundo ciclo, exatos 1.114 candidatos, conforme relata a
observação anotada ao pé do documento abaixo: “Por engano, do numero 959 passou-
se para 969. O número total de candidatos inscritos são 1.114”.
68
Figura 8 – Ata de realização do Exame Madureza realizado em Campo Grande 1970.
Fonte: Centro Memória Viva de Mato Grosso - UFMT
A observação das informações apresentadas da extensa tabela, cuja última
página é apresentada acima, permite afirmar que a aprovação por disciplinas aponta um
alto índice de reprovações. A disciplina de Matemática obteve maior indíce de
reprovações, com um total de 83% dos candidatos; em Português, 76%; em Inglês,
67%; em História, 33%; em Geografia, 40%; em Biologia, 54%; em Física, 74% em
Desenho, 19%; em Francês, 67% em Química, 76%; em Educação Moral e Cívica, 9,76
%. Essa ata é datada de 1971, mas se refere aos exames realizados em 1970.
Em Cuiabá, no mesmo ano, a procura foi menor, conforme quadro de
aprovações e reprovações abaixo:
69
Candidatos
1970
Disciplinas Requeridas
Port Mat Geo Geo Hist EMC Fran Ing Fís Quim Des
A.C.L RP - RP RP RP - - RP - - -
A.C.P RP RP RP RP RP - - - RP RP RP
C.F.S RP RP RP RP RP - RP - RP RP -
C.M.C RP RP - - RP - - - - - -
E.H.S - - - - RP - - RP - - -
I.M.H RP - RP - RP - - - - - -
J.V.L RP - RP RP RP - - - - RP -
J.C.F.S RP RP - RP - - - - AP RP AP
J.A.V RP RP RP RP RP - - - - - -
L.M.A RP - - RP - - - RP RP - -
L.G.C RP - - - - - - RP RP RP -
L.S RP - RP RP - - - RP - - -
M.D.H RP - - RP RP - - - - - -
M.A.R.C RP RP RP RP RP - - RP AP RP -
R.M.F - - RP - RP - - - - - RP
B.B.C - - RP RP - - - RP - RP -
Quadro 13 - Candidatos ao exame de madureza no Colégio Liceu Cuiabano, dezembro de 1970
Fonte - Elaborado por Kleberson R. V. de Oliveira a partir de informações das atas de realização
dos exames, 1970. Disponível no Centro Memória Viva - UFMT
O ano de 1971 foi o último de aplicação do exame de madureza em Mato
Grosso, sendo substituído pelo exame de suplência, ancorado pela Lei 5692/1971, que
instituiu a Reforma do Ensino de 1º e 2º Graus.
A partir de 1972, é possível encontrar a aplicação do exame, ainda com
denominação de “Exame de Madureza” realizados nos municípios de: Aquidauana, no
Colégio Estadual Candido Mariano; Barra das Garças, no Ginásio Estadual Barra das
Garças); Campo Grande, no Colégio Estadual Maria Constança de Barros Machado;
Corumbá, no Colégio Estadual Maria Leite; Cuiabá, no Liceu Cuiabano; Dourados, no
Colégio Estadual Presidente Vargas, e; Três Lagoas, no Colégio Estadual 2 de Julho
Em 1971, no município de Aquidauana, 228 candidatos se submeteram ao
exame. Em Barra do Garças, no mesmo ano, houve 253 candidatos. Em Campo Grande,
406; em Corumbá, 79 candidatos para o 1º Ciclo e 11 para o 2º ciclo. Em Cuiabá, 131
para o 1º ciclo; em Dourados, 1.579 para o I Ciclo; e em Três Lagoas não foi possível
precisar quantitativamente o número de candidatos que procuraram pelo exame. A partir
da observação das diversas páginas de documentos localizados no arquivo para esse
ano, pode-se considerar que mais de 1000 candidatos se submeteram ao exame para o I
e II Ciclo.
70
Figura 9 – Página da ata de registro de realização dos exames de madureza de 2º ciclo realizado em Três
Lagoas em dezembro de 1971.
Fonte: Centro Memória Viva de Mato Grosso - UFMT
Mesmo com o exame passando a ser integrado ao sistema supletivo pela Lei
5.692/1971, foram encontrados diversos documentos que ainda empregavam a
denominação de “Exame de Madureza” até 1973, em Mato Grosso. A partir de então, os
documentos passaram a empregar a denominação de “exame de suplência”.
3.3 A busca pela forma parcelada de exame em Mato Grosso na década de 1960:
estudo das fichas individuais de candidatos
Nessa parte do trabalho, o exercício foi analisar o segundo conjunto de fontes
documentais referente à aplicação dos exames, as fichas individuais dos candidatos aos
exames de madureza em Cuiabá, no intuito de compreender algumas características da
procura pela modalidade parcelada, no período de 1965 a 1973. Foram digitalizadas 491
fichas individuais, todas de candidatos que se inscreveram para submissão às provas no
Liceu Cuiabano. Os acervos consultados não dispunham de fichas de inscrição de
candidatos a provas em outras localidades do estado.
71
As fichas individuais apresentam informações referentes a documentos
pessoais, requerimento de inscrição, certidão de nascimento, atestado de vacinação,
certificado de alistamento militar (para os homens), guia de recolhimento para
pagamento de uma taxa devida por candidatos não mato-grossenses, histórico escolar e
certificado de eliminação de matérias em exames anteriores.
Em decorrência das diversas mudanças de local e consequente perda de parte
da documentação, restaram poucas fichas de inscrição para pesquisa. O uso da palavra
“pouco” é um contraponto com a quantidade preservada de atas, “muitas”. No caso das
fichas, elas se resumiam a um armário de quatro gavetas, indicando visível
despreocupação quanto a um acervo importante que serviria de base para muitas
pesquisas.
As fichas analisadas somam um total de 491 unidades e fazem menção ao
Decreto nº 43.033, 14 de janeiro de 1958, que, no seu Artigo 3°, quanto à documentação
para inscrição no exame, exigia:
Para inscrição nos exames de madureza do primeiro ciclo o candidato
deverá apresentar requerimento com indicação das disciplinas em que
pretende ser examinado, nos têrmos do artigo anterior, acompanhado
dos seguintes documentos:
a) prova de idade mínima de dezoito anos, completos ou a completar
até 31 de dezembro do ano em curso;
b) prova de identidade;
c) prova de quitação com as obrigações do serviço militar, quando fôr
o caso;
d) prova de sanidade física e mental;
e) atestado de vacinação;
f) atestado de ter realizado estudos correspondentes ao nível do
exame, firmado por dois professôres registrados no Ministério da
Educação e Cultura.
Parágrafo único. Além dos documentos previstos neste artigo, o
candidato aos exames de madureza do segundo ciclo deverá provar,
no ato da inscrição, ter vinte anos completos ou a completar até 31 de
dezembro seguinte e apresentar comprovante de conclusão de curso
ginasial ou equivalente.
Para esclarecimento quanto ao conteúdo da documentação estudada, é possível
observar a pasta individual do candidato J.A.R., que continha toda a documentação
explicitada acima, conforme figura abaixo:
72
Figura 10 – Pasta individual de candidato, submetido ao exame na modalidade parcelada , 1968.
Fonte: Arquivo SEDUC/MT, Bairro Porto.
O documento que apresenta aspectos importantes dessa procura da forma
parcelada de exame foi o formulário padrão, em que o candidato indicava as disciplinas
que queria ser avaliado, conforme figura 11 abaixo:
73
Figura 11 – Ficha de requerimento do candidatos aos exames de madureza, 1971.
Fonte: Arquivo SEDUC/MT, Bairro Porto.
Outra documentação que indicava a participação do candidato no exame, na
modalidade parcelada, eram históricos escolares indicando eliminação de disciplinas em
exames anteriores, realizados em outras instituições de ensino, conforme esclarece a
figura 12, abaixo. Nela, é possível observar que o candidato E.P.B submeteu-se ao
exame ginasial, no Colégio Salesiano Dom Henrique, em Lins, São Paulo, no ano de
1967, antes de submeter-se ao exame em Cuiabá.
74
Figura 12 – Certificado de eliminação de disciplina,1967.
Fonte: Arquivo SEDUC/MT, Bairro Porto.
As 491 fichas consultadas são em sua maioria do ano de 1968. Essa
constatação foi feita pelo pesquisador no momento da digitalização documental.
Nas fichas individuais observa-se a indicação da procura de onze (11)
disciplinas preconizadas para os exames de madureza ginasial e colegial, são elas:
Matemática, Português, Geografia, História, Ciências, Educação Moral e Cívica, Inglês,
Física, Química, Biologia e Francês.
Os exames foram aplicados no Colégio Liceu Cuiabano seguindo as diretrizes
educacionais nacionais preconizadas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional de 1961.
A partir das informações colhidas das fichas, foi possível identificar três
grupos distintos de candidatos aos exames:
1. Candidatos mato-grossenses (masculino e feminino)
2. Candidatos de São Paulo (masculino e feminino)
3. Candidatos de outros lugares, que englobam candidatos da Bahia, Minas
Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Ceará, Goiás, Tocantins e
Internacional (Indonésia, Paraguai, Itália e Portugal)
Essa caracterização geográfica da origem dos candidatos de ambos os sexos
deu-se pela quantidade significativa de fichas pertencentes a cada um dos grupos.
75
Ao todo foram encontrados 141 candidatos mato-grossenses que se
submeteram aos exames nos anos de 1965, 1966, 1967, 1968, 1969, 1970, 1971 e 1973,
divididos em 69 candidatas do sexo feminino (66 para disciplinas do curso ginasial e 3
ao curso colegial) e 72 candidatos do sexo masculino (65 do ginasial e 7 do colegial).
Entre os candidatos mato-grossenses, portanto, houve um equilíbrio entre homens e
mulheres, cuja procura era predominantemente pela realização de exames parcelados de
disciplinas do curso ginasial.
A maior parte dos candidatos estava se submetendo aos exames na modalidade
parcelada pela primeira vez.
As idades das candidatas do sexo feminino variaram entre 16 e 40 anos, com
predominância de candidatas entre 20 e 25 anos de idade. No caso dos candidatos do
sexo masculino a idade ficou na média de 22 anos, com candidatos entre 16 e 36 anos
de idade. As disciplinas mais procuradas por essa faiza etária foram: Matemática e
Português, seguidas de Geografia, História, Ciências; as que apresentam indíce de
menor procura são: Moral e Cívica, Inglês, Física, Química, Biologia, Frances e
Desenho.
O quadro abaixo apresenta uma síntese da procura pelo exame pelos
candidatos mato-grossenses nas décadas de 1960 e 1970.
MATO GROSSO
Ano Masculino Feminino
Ginasial Colegial Ginasial Colegial
1965 1 - 1 -
1966 1 - 2 -
1967 - - 1 -
1968 45 1 37 1
1969 1 - - -
1970 8 2 12 1
1971 9 4 12 1
1973 - - 1 -
Total: 141 candidatos
Quadro 14 – Panorama pela procura pelo exame de madureza na modalidade
parcelada por candidatos de Mato Grosso no Colégio Liceu Cuiabano em 1965,
1966,1967, 1968, 1969, 1970, 1971 e 1973.
Fonte - Elaborado por Kleberson R. V. de Oliveira a partir de informações das
fichas de inscrição dos exames. Disponivel no acervo SEDUC/MT bairo Porto.
Quanto aos candidatos provenientes de São Paulo, ao todo foram encontrados
305 candidatos, que fizeram exames nos anos de 1965, 1966, 1967, 1968, 1969, 1970 e
76
1971, com grande concentração de fichas de candidatos no ano de 19685. Houve 157
candidatas do sexo feminino (152 para disciplinas do curso ginasial e 4 para o colegial)
e 148 candidatos do sexo masculino (143 para o ginasial e 5 para o colegial), e 1 sem
identificação.
As idades das candidatas do sexo feminino variaram entre 16 e 41 anos e de 16
e 53 anos no caso dos candidatos do sexo masculino, com maior concentração na idade
entre 26 e 30 anos. As matérias mais procuradas foram Matemática e Português,
seguidas de Geografia História e Ciências, sendo Moral e Cívica, Inglês, Física,
Química, Biologia e Francês, menos procuradas.
Dentre os candidatos paulistas, a maioria estava requerendo submissão ao
exame pela segunda vez e para as disciplinas do curso ginasial.
Nota-se que o grupo proveniente de São Paulo é maior que os mato-grossenses,
indicando que esses candidatos paulistas procuravam outros estados em busca de
aprovação a partir de uma experiência mal sucedida em seu estado de origem.
O quadro abaixo apresenta um panorama da procura pelo exame pelo grupo
proveniente de São Paulo.
SÃO PAULO
ANO Masculino Feminino
Ginasial Colegial Ginasial Colegial
1965 - - 1 -
1966 - - 2 -
1967 2 - 5 -
1968 135 - 140 3
1969 - - 1 -
1970 2 - 2 1
1971 5 4 1 -
TOTAL: 304 candidatos identificados
Quadro 15 – panorama pela procura pelo exame de madureza na modalidada parcelada por
candidatos de São Paulo no Colégio Liceu Cuiabano em 1965, 1966,1967, 1968, 1969, 1970.
Fonte - Elaborado por Kleberson R. V. de Oliveira a partir de informações das fichas de inscrição dos
exames. Disponivel no acervo SEDUC/MT bairo Porto.
5 Essa grande concentração de fichas do ano de 1968, também obervada entre os candidatos mato-
grossenses e de outras procedências (que serão apresentados a seguir), pode ser atribuída,
hipoteticamente, a uma aleatoriedade do processo de preservação documental ou a maior procura pelos
exames nesse ano. Não foram obtidas informações que comprovassem ou não quaisquer das hipóteses
levantadas.
77
O terceiro grupo analisado reúne candidatos provenientes da Bahia, Minas
Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Ceará, Goiás, Tocantins e
outros países (Indonésia, Paraguai, Itália e Portugal). Provavelmente, os candidatos de
outros países eram migrantes que ainda não se identificavam como oriundos dos estados
brasileiros em que residiam atualmente e poderiam, hipoteticamente, residir em
qualquer lugar do país, inclusive em Mato Grosso.
Ao todo foram encontrados 46 candidatos nos anos de 1967, 1968, 1970 e
1971, que requereram a realização do exame na modalidade parcelada, divididos em 7
candidatos do sexo feminino (4 ao curso ginasial e 3 no colegial) e 39 candidatos do
sexo masculino (36 ao curso ginasial e 3 ao colegial).
As idades das candidatas do sexo feminino variaram entre 18 e 41 anos. No
caso dos candidatos do sexo masculino a idade variou de 16 a 41 anos de idade. As
disciplinas mais procuradas foram Matemática e Português, seguidas de Geografia e
História, com Ciências, Moral e Cívica, Inglês e Biologia menos procuradas.
Conforme constatado nos candidatos de Mato Grosso e São Paulo a maior
procura pelos candidatos de outras origens também foi pelas disciplinas do curso
ginasial.
O quadro abaixo apresenta um panorama da procura pelo exame pelo grupo
proveniente de Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pernambuco,
Ceará, Goiás, Tocantins e outros países (Indonésia, Paraguai, Itália e Portugal).
78
OUTROS
Estado Ano Masculino Feminino
Ginasial Colegial Ginasial Colegial
Bahia 1968 9
1971 1
Minas Gerais
1967 1
1968 14
1970 1
1971 2
Rio de Janeiro
1968 1
1970 1
1971 2
Rio Grande do Sul 1968 1
1971 1
Pernambuco 1968 2
1971 1
Ceará 1968 1
Goiás 1968 1 1
Tocantins 1968 1
Outros países 1968 3 2
TOTAL: 46 CANDIDATOS
Quadro 16 – Procura pelo exame de madureza na modalidade parcelada por candidatos da Bahia,
Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Ceará, Goiás, Tocantins,
Indonésia, Paraguai, Itália e Portugal, nos anos de 1967, 1968, 1970 e 1971.
Fonte - Elaborado por Kleberson R. V. de Oliveira a partir de informações das fichas de inscrição
dos exames. Disponivel no acervo SEDUC/MT bairo Porto.
Observou-se, portanto, a significativa expansão e procura pelo exame em Mato
Grosso nas décadas de 1960 até 1970, com a oferta do exame na forma parcelada. Nas
décadas de 1930, 1940 e 1950 foram encontradas atas que registravam quantidades
reduzidas de canditados ao exame – até mesmo atas com apenas três candidatos. Na
década de 1960, foram encontradas atas com mais de mil candidatos – como foi o caso
do município de Dourados. As fichas individuas dos alunos da década de 1960
mostraram a significativa presença de candidados do estado de São Paulo, que
procuravam os exames em outros estados da federação, provavelmente, como estratégia
de procura por certificação e/ou oportunidade de dar continuidade aos estudos.
O exame ofertado da forma parcelada ampliou o acesso ao exame, no entanto,
ficou evidenciado que a expansão foi acompanhada pela manutenção dos índices de
reprovação.
79
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho no decorrer dessas páginas não se limita somente a apresentar uma
dissertação, se estende a formação de um pesquisador que ainda está em busca de seu
estado de “madureza” e a produção da presente dissertação foi mais um passo nesse
processo.
Retratar o cenário exame de madureza em Mato Grosso foi um trabalho árduo
e desafiador, voltado ao trato de objeto inédito que representou uma enorme
responsabilidade em busca de algumas repostas.
Ao analisar os dois conjuntos documentais foi possível levantar algumas
considerações, a partir da afirmação de Josélia Castro de que o exame, em seu
nascimento, sofreu com descrédito dos legisladores, e, durante as três décadas iniciais
de aplicação cirscuncrita no Rio de Janeiro, naquilo que a autora denominou como
primeira fase do exame, que corresponde de 1890 a 1910, dentre esses anos citados
anteriormente não encontramos registro de aplicação do exame em Mato Grosso.
Foi possível constatar também que a primeira documentação que corresponde a
primeira legislação para aplicação do exame em Mato Grosso, foi o Decreto 139/1903
do Liceu Cuiabano, que traz direcionamentos e diretrizes com base na legislação
nacional, proposta para aplicação do exame em Mato Grosso. Efetivamente, o exame só
foi aplicado neste estado na década de 1930 e, não foi possível localizar, durante a
pesquisa e escrita desta dissertação, qualquer documento que pudesse responder a falta
de aplicação do exame antes desse período correspondente entre a primeira diretriz de
aplicação e os efetivos resultados oficiais em Mato Grosso. Vale ressaltar que não foi
encontrado outro Decreto ou norma legal além do Decreto 139/1903.
Durante a primeira década (1930) de aplicação do exame em Mato Grosso
notou-se pouca procura pelos exames e, tomando como referência os sobrenomes dos
candidatos, é possível sugerir que o grupo social que se apropria dos primeiros exames
em Mato Grosso era composto por membros de famílias tradicionais cuiabanas.
A oferta do exame nesses primeiros anos de aplicação em Mato Grosso,
exclusivamente no colégio Liceu Cuiabano, pode ser cogitada pelo fato de ser
equiparado ao Colégio Pedro II, do Rio de Janeiro.
Esse cenário com pouca procura pelo exame em Mato Grosso seguiu nas
décadas de 1940 e 1950, corroborando com a idéia de que a baixa procura se deva pelo
80
conteúdo avaliativo do exame, que considero extenso e de dificuldade elevada, não
encorajando os candidatos a se submeterem ao exame.
Ficou claro com as análises que o exame foi sendo adequado às mudanças
propostas pelas reformais educacionais ao longo do tempo. Essas mudanças podem ser
observadas na documentação analisada, que indicava a avaliação em Mato Grosso
conforme preconizava a legislação educacional vigente da época.
Passadas essas três décadas e constatada a baixa procura pelo exame, na década
de 1960 essa procura aumentou consideravelvente. Se no início do período de estudo a
procura pelo exame se restringia a três candidatos, a partir da década de 1960 foi
localizada documentação com informação de mais de mil candidatos, e, se antes restrito
somente a Cuiabá, o exame passou a ser ofertado em vários municípios. Uma das
explicações para esse aumento considerável está na oferta da forma parcelada do exame
e na equiparação de mais Colégios às diretrizes educacionais para oferta do exame.
Na década de 1960 as fichas individuais dos alunos apresentam um cenário de
procura pelo exame em sua maioria por candidatos não residentes em Mato Grosso, que
haviam sido reprovados em exames em seus estados de origem. Essa “migração” de
canditatos sugere que os mesmos percorriam diferentes espaços em busta de aprovação.
O trabalho até aqui não se limita a uma conclusão típica de fim de estudo,
existem lacunas documentais e cada vez mais perguntas que suscitam novas
investigações. No entanto, foi possível observar que o exame se expandiu em Mato
Grosso na década de 1960, alcançando maiores contingentes de candidatos, sobretudo
na região sul do estado, e, na Capital, sendo procurado por candidatos de ambos os
sexos, com idade predominantemente entre 25 e 30 anos, provenientes, sobretudo, do
estado de São Paulo. Ao término dessa produção percebe-se ainda que ainda há muito a
ser esclarecido sobre o exame de madureza em Mato Grosso, e que este trabalho se
apresenta como um ponto de partida para futuros pesquisadores.
81
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85
ANEXOS
Tabulação da informações da fichas individuas dos candidatos ao exame na década de
1960.
São Paulo – masculino
Total – 148
1967 – 2 Candidatos (Ginasial)
1968 – 135 candidatos (Ginasial)
1970 – 2 candidatos (Ginasial)
1971 – 9 candidatos - 5 (Colegial) – 4 (Ginasial)
143 candidatos Ginasial - 5 candidatos para o Colegial
Idade
De 16 a 53 anos
Disciplinas
Matemática = 117
Português = 86
Geografia = 69
História = 40
Ciências = 59
Moral e Cívica = 5
Inglês = 2
Física = 3
Quimica = 3
Biologia = 3
Frances = 2
86
São Paulo – Feminino
Total – 157
1965 - 1 candidato (Ginasial)
1966 – 2 candidatos (Ginasial)
1967 – 5 candidatos (Ginasial)
1968 – 144 candidatos-------140 (Ginasial) – 3 (Colegial) – 1 (Sem identificação)
1969– 1 Candidato (Ginasial)
1970 – 3 candidatos ----- 2(Ginasial) – 1 (Colegial)
1971 – 1 candidato (Ginasial)
152 candidatos Ginasial - 4 candidatos para o Colegial – 1 sem identificação
Idade
De 16 a 41 anos.
Disciplinas
Matemática = 119
Português = 64
Geografia = 60
História = 40
Ciências = 47
Moral e Cívica = 2
87
Mato Grosso – Feminino
Total – 69
1965 – 1 Candidato (Ginasial)
1966 - 2 Candidatos (Ginasial)
1967 – 1 Candidatos (Ginasial)
1968 – 38 candidatos -------37 (Ginasial) – 1 (Colegial)
1970 – 13 candidatos ----- 12 (Ginasial) – 1 (Colegial)
1971 – 13 candidatos ----- 12 (Ginasial) – 1 (Colegial)
1973 - 1 Candidato (Ginasial)
66 candidatos Ginasial - 3 candidatos para o Colegial
Idade
De 16 a 40 anos.
Disciplinas
Matemática = 43
Português = 44
Geografia = 47
História = 41
Ciências = 45
Moral e Cívica = 22
Inglês = 3
Física = 1
Quimica = 1
Biologia = 3
Frances = 2
88
Mato Grosso – Masculino
Total – 72
1965 – 1 Candidato (Ginasial)
1966 - 1 Candidato (Ginasial)
1968 – 46 candidatos ------- 45 (Ginasial) – 1 (Colegial)
1969 - 1 Candidato (Ginasial)
1970 – 10 candidatos ----- 8(Ginasial) – 2 (Colegial)
1971 – 13 candidatos (Ginasial) ----- 9 (Ginasial) – 4 (Colegial)
72 candidatos --- 65 Ginasial - 7 candidatos para o Colegial
Idade
De 16 a 36 anos.
Disciplinas
Matemática = 42
Português = 43
Geografia = 44
História = 45
Ciências = 40
Moral e Cívica = 21
Inglês = 4
Física = 2
Quimica = 3
Biologia = 4
Frances = 2
Desenho = 1
89
Bahia – Masculino
Total – 10
1968 – 9 candidatos (Ginasial)
1971 –1 Candidato (Colegial)
10 candidatos --- 9 Ginasial - 1 candidato para o Colegial
Idade
De 19 a 35 anos.
Disciplinas
Matemática = 7
Português = 7
Geografia = 5
História = 3
Ciências = 3
Moral e Cívica = 1
90
Internacional
Total – 05
1968 – 5 candidatos 3(Ginasial) ---2 (Colegial)
5 candidatos --- 3 Ginasial - 2 candidatos para o Colegial
Idade
De 20 a 41 anos.
Disciplinas
Matemática = 3
Português = 3
Geografia = 3
História = 3
Ciências = 2
Moral e Cívica = 1
Inglês – 1
Biologia – 1
2 (Duas) candidatas da Indonésia ---- 2 colegial
1 (Um) Candidato do Paraguai ---- Ginasial
1 (Um) Candidato da Itália ---- Ginasial
1 (Um) Candidato de Portugal ---- Ginasial
91
Pernambuco – Masculino
Total – 2
1968 – 2 candidatos (Ginasial)
2 candidatos --- 2 Ginasial
Idade
De 18 a 20 anos.
Disciplinas
Matemática = 2
Português = 2
Geografia = 1
História = 1
Ciências = 1
Pernambuco –Feminino
Total – 1
1971 – 1 candidato (Ginasial)
Idade
22
Disciplinas
Matemática = 1
Português = 1
Geografia = 1
História = 1
Ciências = 1
92
Rio Grande do Sul –Feminino
Total – 1
1971 – 1 candidato (Colegial)
Idade
29
Disciplinas
Português = 1
Geografia = 1
História = 1
Inglês – 1
Moral e Civica - 1
Rio Grande do Sul – Masculino
Total – 2
1968 – 2 candidato (Ginasial)
Idade
18 e 20 anos
Disciplinas
Português = 1
Matemática - 2
Ciencias = 1
História = 1
Moral e Civica - 1
93
Rio de Janeiro – Masculino
Total – 4
1968 – 1 candidato (Ginasial)
1970 – 1 candidato (Ginasial)
1971 – 2 candidatos (Colegial)
3 candidatos --- 2 Ginasial - 2 candidatos para o Colegial
Idade
De 16 a 25 anos.
Disciplinas
Matemática = 2
Português = 2
Geografia = 2
História = 2
Ciências = 3
Moral e Cívica = 4
Inglês = 1
Química = 1
Biologia = 1
94
Minas Gerais – Masculino
Total – 18
1967 – 1 Candidato (Ginasial)
1968 – 14 candidatos (Ginasial)
1970 – 1 candidato (Ginasial)
1971 – 2 candidatos (Ginasial)
18 candidatos --- 18 Ginasial
Idade
De 16 a 41 anos.
Disciplinas
Matemática = 13
Português = 8
Geografia = 11
Ciências = 9
Moral e Cívica = 7
História - 8
95
Tocantins –Feminino
Total – 1
1968 – 1 candidato (Ginasial)
Idade
40
Disciplinas
Matemática- 1
Ciências - 1
96
Goiás – Masculino
Total – 1
1968 – 1 candidato (Ginasial)
Idade
19
Disciplinas
Matemática- 1
Português - 1
História - 1
Goiás – Feminino
Total – 1
1968 – 1 candidato (Ginasial)
Idade
18
Disciplinas
Matemática- 1
Geografia - 1
História - 1
97
Ceará – Feminino
Total – 1
1968 – 1 candidato (Colegial)
Idade
26
Disciplinas
Matemática- 1
Português - 1