evolução vs criacionismo

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Evolu ção vs Criacionismo http://ceticismo.net/ciencia-tecnologia/evolucao-vs-criacionismo/  Uma das maiores controvérsias reside no embate de duas propostas antagônicas: A Teoria da Evolução, que explica o surgimento as espécies – fundamentada nas pesquisas de Charles Darwin, com base na Seleção Natural – e o Criacionismo, fundamentado unicamente no que vem escrito na Bíblia, e que os religiosos fundamentalistas tendem a aceitar como verdade literal e incontestável de como tudo foi criado, desde o menor ser vivente até o Universo macroscópico. Nesta série, procuraremos explicar claramente o que é o que, quais as evidências que sustentam as duas proposições, onde elas se contradizem e como determinar qual é mais verossímel. Tentamos não fazer um artigo enorme, indo para as informações mais importantes, deixando muito do histórico detalhado de lado., em favor da concisão Tem muita informação na Internet; portanto, se quiserem se aprofundar, o Google é seu amigo. Como o artigo acabou se tornando grande, separamos em 6 partes. São elas: Parte I  – Fundamentamos aqui o que é Ciência e o que regulamenta seu procedimento. A saber, o Método Científico. Parte II  As bases da taxonomia. O que é uma espécie? E especiação? Como Charles Darwin chegou ao conceito de Evolução? Quais os outros cientistas que trabalharam nisso? Parte III –  Aqui falamos sobre o passado turbulento do planeta e como temos registrois de tudoi isso. Abordamos o confronto da Evolução, segundo o Gradualismo e do Equilíbrio Pontuado. Parte IV –  Nesta parte, vemos o confronto daqueles que dizem se a hipótese que se opõe à Evolução: O Criacionismo, seguido pelo Design Inteligente, com todos os problemas que este choque causou. Parte V –  Exame das tentativas de refutação da Teoria da Evolução, segundo os Criacionistas, mostrando o quanto elas são falsamente verdadeiras, sequer arranhando a Evolução. Parte VI  Considerações finais e agradecimentos Acompanhe-nos nessa viagem pelo conhecimento.

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Evo lu ção vs Cr iac ion ism o

http://ceticismo.net/ciencia-tecnologia/evolucao-vs-criacionismo/ 

Uma das maiores controvérsias reside no embate de duas propostas

antagônicas: A Teoria da Evolução, que explica o surgimento as espécies –fundamentada nas pesquisas de Charles Darwin, com base na Seleção Natural– e o Criacionismo, fundamentado unicamente no que vem escrito na Bíblia, eque os religiosos fundamentalistas tendem a aceitar como verdade literal eincontestável de como tudo foi criado, desde o menor ser vivente até oUniverso macroscópico.

Nesta série, procuraremos explicar claramente o que é o que, quais asevidências que sustentam as duas proposições, onde elas se contradizem ecomo determinar qual é mais verossímel. Tentamos não fazer um artigo

enorme, indo para as informações mais importantes, deixando muito dohistórico detalhado de lado., em favor da concisão Tem muita informação naInternet; portanto, se quiserem se aprofundar, o Google é seu amigo. 

Como o artigo acabou se tornando grande, separamos em 6 partes. São elas:

Par te I   – Fundamentamos aqui o que é Ciência e o que regulamenta seuprocedimento. A saber, o Método Científico.

Pa r t e I I –  As bases da taxonomia. O que é uma espécie? E especiação? ComoCharles Darwin chegou ao conceito de Evolução? Quais os outros cientistas que

trabalharam nisso?

Par t e I I I –  Aqui falamos sobre o passado turbulento do planeta e como temosregistrois de tudoi isso. Abordamos o confronto da Evolução, segundo oGradualismo e do Equilíbrio Pontuado.

Pa r te I V –  Nesta parte, vemos o confronto daqueles que dizem se a hipóteseque se opõe à Evolução: O Criacionismo, seguido pelo Design Inteligente, comtodos os problemas que este choque causou.

Par t e V –  Exame das tentativas de refutação da Teoria da Evolução, segundoos Criacionistas, mostrando o quanto elas são falsamente verdadeiras, sequerarranhando a Evolução.

Pa r te V I –  Considerações finais e agradecimentos

Acompanhe-nos nessa viagem pelo conhecimento.

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Sumário

Evolu ção vs Cr iac ion i smo  ...............................................................................................................1

Evolução vs Criacionismo Parte I  ..........................................................................................................2

O Mecanismo da Ciência  ...................................................................................................................2

Evolução vs Criacionismo Parte II  .........................................................................................................6

A Revolução dos Nomes  ....................................................................................................................6

A chave do mistério  ......................................................................................................................... 11

Evolução vs Criacionismo Parte III  .................................................................................................... 20

Era uma vez um mundo malvado…  ........................................................................................... 20

Aos poucos ou tudo de uma vez?  ............................................................................................... 25

Evolução vs Criacionismo Parte IV  ..................................................................................................... 28

Criacionismo e Design Inteligente .............................................................................................. 28

Analfabetismo Científico  ................................................................................................................. 32

Evolução vs Criacionismo Parte V  ...................................................................................................... 34

Parece, mas não é…  ......................................................................................................................... 35

Esperneios e tentativas de refutação  ........................................................................................ 41

MITO DETONADO  .............................................................................................................................. 44

Evolução vs Criacionismo Parte VI  ..................................................................................................... 50

Considerações finais ........................................................................................................................ 50

 

Evo lu ção vs Cr iac ion ism o Par t e I

O Mecanism o d a Ciênc ia  

A Teoria da Evolução, vulgar e erroneamente chamada de “Evolucionismo” ou,pior ainda, “Darwinismo”, é a teoria científica que explica como surgiu aimensa diversidade das espécies. Mas, o que é uma Teoria Científica e o que éuma espécie?

As pessoas leigas confundem Teoria Científica com a palavra “teoria” que, nosenso comum, significa “algo que não foi provado como verdadeiro a priori ”.Entretanto, há muita diferença entre elas.

O senso comum nunca serviu para muita coisa no mundo científico. Ele ébaseado em impressões, em histórias passadas de boca-em-boca, de visõesparticulares de como as pessoas sem conhecimento específico observam omundo. Não que isso seja completamente errado; ninguém exige que você

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seja um expert em tudo. Mas, no mundo acadêmico, “impressões”, “palpites” e “achismos” não têm muita validade. Eu digo que não tem m u i t a validade, poisaté mesmo cientistas seguem palpites, mas isso veremos já, já.

O senso comum serve para as pessoas no dia-a-dia. Falamos que o Sol se põeàs 18 horas, por exemplo. E, realmente, se acompanharmos o Sol em sua

trajetória, veremos que ele “nasce” no leste, caminha pelo céu e se põe nooeste. Nada de errado nisso.

Mas, qualquer um que estude fundamentos de ciência, sabe que o Sol estápraticamente parado em relação ao Sistema Solar, que na verdade os planetasé que se movem. Um caso similar podemos ver todos os dias. Se sentarmosdentro um ônibus, quando ele começar a se mover, a nossa impressão, onosso senso comum, diz que as pessoas nas calçadas, assim como postes,carros, casas etc. é que estão se movendo, enquanto nós, passageiros, é queestamos parados. Isso nós podemos evidenciar fácil, já que eu posso ver o

motorista lá na frente paradinho, sentado em sua cadeira.

Um estudante de Física sabe que os passageiros desse ônibus não estãoparados em relação às pessoas nas calçadas, mas sim parados em relação aomotorista. Tanto as pessoas quanto o motorista são meros referenciais, sob osquais eu comparo meu estado (em movimento ou parado).

Para as pessoas na rua, eu e o motorista estamos em movimento. Para umcarro que venha em sentido oposto ao nosso, as pessoas na calçada se movemem sentido opos to ao nosso também, e nós (eu e o motorista) estamos nos

movimentando mais rápido ainda, já que são somadas as velocidades doônibus e do carro.

Nossas sensações são, portanto, imprecisas. Nosso senso comum é, com isso,algo totalmente inútil.

A Ciência precisa de dados precisos, precisa de parâmetros exatos, precisa dealgo em que se apoiar que seja universal e único, ou seja, que não dependa deparâmetros que variem de uma hora para outra em diferentes lugares (embreve, um artigo sobre Medições e Dimensões. Aguardem).

Para tanto, ela estipula conceitos e métodos. E um método seguidouniversalmente pela Ciência é chamado de… Método Científico!

Segundo o Método Científico, no decorrer de uma pesquisa nós devemoscumprir algumas etapas, por assim dizer. Bem, o primeiro passo é uma… idéia!Sim, uma idéia.

Claro que nem sempre se começa com uma idéia. Muitas descobertascientíficas foram feitas ao acaso; mesmo porque, Fleming nunca deixaria mofocrescer em suas placas de Petri assim, sem mais nem menos ou por pura

diversão, do mesmo modo como Horace Wells prestou atenção num show demágica e viu que algumas pessoas não sentiam dor sob o efeito de gáshilariante (a saber, óxido nitroso, N2O).

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Um cientista precisa começar de algum ponto, então ele pode partir doprincípio com um palpite. Esse palpite baseia-se num pensamento “e se…?”. Aessa idéia  chamamos “hipótese”, mas apesar do nome chique, ainda é umaidéia.

O cientista em questão fará várias observações e foi isso o que Darwin fez,

quando esteve nas Galápagos. Ele demorou 30 anos para esboçar sua teoria,mas já veremos isso.

Ao observar um evento, um cientista criará alguma idéia que o leve a explicareste evento. Para isso, ele terá que fazer mais pesquisas para saber se aqueleevento aconteceu por acaso ou é algo comum. Tendo a sua idéia – a suahipótese – ele vai fazer experimentações (se possível, mas isso não éobrigatório). Em prosseguimento, o cientista vai fazer algo que pode parecerabsurdo para as demais pessoas. Ele vai tentar destruir sua própria hipótese!

É, é isso mesmo! Para que esta teoria seja válida, ela terá que ser falseável,isto é, ela terá que apresentar alguma possibilidade de estar errada. Para quea referida proposição seja refutável ou falseável, o cientista lançará mão deobservações e experimentos que tente mostrar que essa proposição seja falsa.Ele vai tentar imaginar qualquer coisa que impossibilite que sua hipótese sejaverdadeira. Se ele não conseguir nada que faça a hipótese dele cair por terra,o cientista senta-se calmamente e dá à sua pesquisa o status de Teoria.

Suponha que você veja um corvo preto. Então, há a probabilidade de haver umcorvo branco? Sim, há. Se você não experimentar nem quiser sequer observar

se existem corvos brancos, você não poderá afirmar “Todos os corvos sãopretos”. Você pode até afirmar que alguns corvos são pretos, mas não poderáatestar que TODOS os corvos sejam pretos. Se você não pode observar, sevocê não pode experimentar, se você sequer pode estudar um objeto, ele nãoé falseável e, para a Ciência, ele não poderá ser levado em conta. Achismosnão levam a lugar nenhum.

Tendo visto que sua proposição é falseável e que resistiu a todos os exames etestes para determinar se a sua teoria é válida e sem erros (pelo menos,aparentes), o cientista publicará o seu trabalho para que outros cientistas oexaminem, para saber se há algum furo. Diferente das demais categorias, nãohá (muito) corporativismo. Os responsáveis pelos veículos de divulgaçãocientífica farão um exame minucioso para saber se aquela hipótese é algodigno de ser de conhecimento no mundo. O trabalho passará pelo terrorchamado refereeing , onde vários examinadores buscarão, não comprovar, masDERRUBAR as alegações, através de mínimas inconsistências. Se tiver, elesrejeitam. Mesmo que seja para deixar o texto o mais claro possível. Eu nãoconheço um único trabalho que foi aprovado logo de início. Isso vale para umartigo na Nature , uma defesa de monografia até um exame para determinaçãode um prêmio Nobel.

Uma Teoria Científica resistiu a todo esse processo. As pessoas tendem a acharque as Leis Científicas são o topo da hierarquia na Ciência; mas estãoenganadas. O senso comum (ha-ha!) está acostumado a pensar (?) que Leis

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são o supra-sumo de tudo; mas, como sempre, o senso comum perde feio proMétodo Científico. As Leis Científicas são proposições muito generalizadas. Elasexplicam uma idéia geral de como uma coisa funciona em TODAS as partes doUniverso.

Para citar um exemplo, vejamos a Lei da Gravitação Universal.

Newton disse que corpos atraem-se mutuamente de acordo com uma forçadiretamente proporcional às massas desses corpos e inversamenteproporcional ao quadrado da distância que os separam. Ou seja, se você, meucaro estiver a uma distância igual entre a Ellen Roche e o Rei Momo, eu possoafirmar com certeza que você será atraído gravitacionalmente para o ReiMomo. Desculpe, mas a verdade é essa. Sua sorte (ou azar, vai saber) é que aGravidade é uma força muito, muito fraca. Se a Gravidade fosse uma forçaforte, um ímã não tiraria uma moeda que está sobre o chão. Agora, leve emconta o tamanho da Terra e o tamanho do ímã e da moeda.

Essa atração entre os corpos acontece aqui na Terra (que por sinal você a estáatraindo e a Terra o atrai igualmente), em Plutão (mesmo deixando de serplaneta), em Alfa de Centauro, na Galáxia M-81, nos confins do último planetaque gira ao redor da última estrela, na última galáxia do Universo (supondoque realmente exista algo de último no Universo).

Interessante, não? Mas, o que a explicou? (Me refiro à Gravidade e não a EllenRoche) Nem mesmo Newton sabia o que causava a Gravidade! Ele apenasapontou o efeito e as fórmulas matemáticas que dimensionam este efeito. Mas,

não o p o r q u e deste efeito acontecer.Einstein, com sua Teoria da Relatividade, explicou a causa disso acontecer(corpos massivos distorcem o espaço-tempo e isso provoca ao deslocamentodos corpos em direção uns aos outros).

A Gravidade existe? Pule no alto do 50º andar e volte aqui pra me dizer. Eu fizisso hoje e pude comprovar que sim, eu fui atraído pro chão de novo (merefiro ao chão do respectivo andar, eu sei muito bem que a Gravidade funcionapara eu evitar um pulo d o 50º andar, ao invés de pular n o 50º andar).

Creio que deu pra entender a BURRI CE de alegar que uma Teoria Científica éapenas uma teoria.

O que isso tem a ver com Evolução? Muita coisa!

Darwin, em seus estudos, percebeu que as espécies são diferentes. Algumaspessoas podem achar que isso é um imenso lampejo do óbvio, mas lembrem-se que ainda existem pessoas que acham que formigas são todas iguais, quepeixes são todos iguais etc. E até teriam razão, se não fosse o fato que existeuma coisa chamada Divisão Taxonômica.

Agora, a coisa começa a esquenta

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Evo lu ção vs Cr iac ion ism o Par t e I I

A Revolu ção dos Nom es

Carl von Linné foi (e ainda é) um marco naBiologia. Foi botânico, zoólogo e médico, cuja contribuição para a Ciência éalgo insuperável; grande entre grandes! Quem pouco estuda, não sabe nada.Linné fez algo mais do que necessário, embora ninguém tinha se tocado dissoantes. Usando uma gíria podemos afirmar peremptoriamente: Linné deu nomeaos bois!

Obviamente, eu não estou maluco e nem falando de pecuária. Linné, cujonome latinizado é Carolvs Linnaevs  ou, aportuguesadamente, Carlos Lineu,criou a Divisão Taxonômica.

Vamos explicar rapidamente: Qualquer animal (no sentido biológico, não seofendam) sabe que os demais animais são diferentes. Mas, citar nomes comogato, cachorro, periquito, papagaio e o demônio da tasmânia não diz nada.Begônias, samambaias (a planta, e não a modelo), acácia, sequóia, pinheiro,macieira, alfaces e berinjelas também são plantas. Mas, são todas iguais?

Bem, sabemos que tanto animais e plantas são diferentes entre si; e daí? Daí que temos que dizer o quanto eles são diferentes. Que um gato é diferente deum crocodilo é óbvio. Mas, e um gato angorá e um gato siamês? Ambos nãosão gatos? Não arranham? E os cães? Um pinscher é um cão da mesma formaque um dobermann também é. Se bem que um pinscher pareça com umdobermann em miniatura e pense que é um dobermann em tamanho normal.Como determinar essa diferença?

Aí entra a taxonomia de Lineu, que classifica as coisas vivas em umahierarquia, começando com os Reinos. Reinos são divididos em Filos (no casode animais) ou Divisões (para o caso das plantas). Os dois últimos sãodivididos em Classes, então em Ordens, Famílias, Gêneros e Espécies e, dentro

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de cada um em subdivisões. Grupos de organismos em qualquer uma destasclassificações são chamados taxa  (singular, taxon ), ou phyla , ou grupostaxonômicos.

Bem, para falar a verdade, Lineu não pensou nisso tudo exatamente, mas deuo ponta-pé inicial, definindo como sendo espécie, a última coisa a diferir os

seres vivos. Mas, ele estava enganado, aliás, ele seria m e l h o ra d o ! 

Foi Lineu quem criou a regra da nomeação das espécies com os nomes emlatim, com dois nomes (ou três, se for o caso), onde o 1° nome é escrito emmaiúscula, e o 2º e 3° são escritos em minúsculas. Um exemplo é o nossoamigo gato doméstico, que inicialmente foi classificado como Felis silvestris ,mas uma taxonomia bem completa seria:

Reino:   An ima l ia  

Fi lo:   Chorda ta  

Classe:  M a m m a l i a  

O rd e m :   Carn ivora  

Famíl ia :   Fel idae 

Gênero:   Fel is 

Espécie:   Fel is s i lvestr is 

Subespéc ie :  F. s i l ves t r i s ca tus  

Mas, isso é uma classificação bem geral, pois cada táxon tem diversassubdivisões. Zoologia não é algo tão simples e os organismos vivos devem sermuito bem distintos um dos outros, pois isso é muito importante.

Lineu era fixista. Ele acreditava que as espécies eram imutáveis epermaneceram assim, desde que foram criadas no início dos tempos. Como aTeoria da Evolução de Darwin só apareceria quase um século depois da mortede Lineu (este morrera em 1778 e a Origem das Espécies foi publicado em1859), é natural que ele ainda pensasse que fora tudo obra de um ser lá emcima qualquer (ou lá embaixo, vai saber…).

Entretanto, de acordo com Darwin, as espécies nunca foram fixas, pelocontrário. Elas mudam sob certas condições. Mas, eu ainda falarei disso.Continuemos.

Darwin não sabia definir perfeitamente o que era uma espécie, da mesmaforma que Isaac Newton não sabia descrever o que especificamente era a forçada gravidade; mesmo porque, a tecnologia da época de Darwin dispunha

apenas de microscópios ópticos (e não tão sensíveis quanto os de hoje). Eletinha apenas a observação morfológica dos seres vivos. Os segredos do DNAsó seriam descobertos cerca de 100 anos depois de Darwin. Por isso, também

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é natural que ele achasse que as espécies não podiam ser definidasperfeitamente, conforme um escrito seu de 1856:

É engraçado ver como diferentes idéias se manifestam nas diferentes mentesdos naturalistas, quando eles falam “espécies”. Tudo isso resulta de definir oindefinível

Darwin descobriu que as espécies nunca foram fixas e, portanto, o relato daCriação não poderia ser verdadeiro. Ainda segundo Darwin:

Eu vejo o termo “espécie” como um conceito arbitrário, cunhado apenas pormera conveniência, para designar um grupo de indivíduos muito semelhantesentre si.

No tempo de Darwin, não havia mais subdivisões depois de “Espécie”. Isso sóapareceu depois, dada a variedade cada vez maior de espécies encontradas,

com variações mínimas entre si; mas, ainda assim, são variações.

Enquanto Darwin estava terminando sua obra máxima, um certo mongeagostiniano fazia experimentos nos jardins de seu mosteiro, examinando ascaracterísticas de ervilhas e árvores. Este monge seria mais tarde chamado deo Pai da Genética, apesar dos seus trabalhos só terem sido publicados muitosanos depois de sua morte obscura e ignorada, então. Seu nome era GregorMendel.

Se você estudou um Ensino Médio decente, sabe que Mendel fazia experiências

com ervilhas, verificando as cores e texturas de suas cascas. Com isso, eledeterminou que algumas características são passadas dos pais para os filhos.Mas, será que isso tem a ver com o conceito de espécie?

Claro que não! Eu coloquei isso apenas pra encher lingüiça e fazer vocês debobos. Duh! É óbvio que tem. Porque, com a transmissão de caractereshereditários, haverá grande chance de gerarmos um indivíduo igual aos pais,certo?

Hummmmmm…. Não, não é tão certo não. Mas, vamos parar por enquanto edefinir de uma vez por todas, que diabos é uma espécie; e para isso,contaremos com a ajuda das mais famosas letrinhas da Ciência.

O advento da descoberta do DNA (ou ADN, se o sinhoire fala portuguêslusitano) fez muita diferença na Biologia. Com ele, explica-se muita coisa,prevê-se muita coisa e resolve-se muitos problemas. E um deles foi o conceitode espécie. Animais não podem cruzar com plantas. A despeito da tara quecada um possa ter, não se conseguirá nada ao tentar estabelecer ocruzamento entre eles, pois fazem parte de dois reinos diferentes. Da mesmaforma, não se consegue cruzar uma foca com uma aranha, pois fazem parte defilos diferentes. E isso prossegue até chegar ao nível de espécie.

Ernst Mayr, ornitólogo alemão, rejeitou a tese de Darwin sobre o fato do termo “espécie” ser apenas uma convenção (mas, não com relação ao processo

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evolutivo). Para Mayr, o conceito de espécie era sim, uma entidade biológicaque poderia ser bem definida. Bem, ele estava certo em parte.

Em 1942, em plena Segunda Grande Guerra, Mayr definiu que espéciesformam um pool gênico, ou um reservatório gênico , cuja expressão seria maistarde utilizada por Theodosius Dobzhansky, em 1950. Dessa forma, o conceito

de Espécie , estabelecido por Mayr e Dobzhansky, segue a seguinte definição:

 “Espécies são grupos de populações naturais que estão ou têm o potencial deestar se intercruzando, e que estão reprodutivamente isolados de outrosgrupos” 

Ou seja, um bando de bichos só poderão cruzar (transar, acasalar, fazer fuc-fuc… use a expressão que quiser) com outros bichos, se eles forem da mesmaespécie. Caso contrário, seja por serem de espécies diferentes ou porque estãoisolados de demais animais, não poderão cruzar com mais ninguém.

Simples, não? Errado! Nada na Ciência é simples. A Ciência não se baseia emsimplicidades, baseia-se em estudos, em avanços, em ampliação deconhecimentos… A Ciência não se baseia em “A é igual a B e pronto, acabou-se!”. A Ciência está sempre em constante desenvolvimento e ampliação de simesma. A Ciência nunca está errada; ela se baseia nos conhecimentos que sãoadquiridos a cada momento. Se as futuras descobertas contradirão oumodificarão os conceitos de hoje, não importa. A Ciência corrige a si própria enão depende de vontades ou de crenças. Tudo na Ciência deve ser estudado ecomprovado.

Assim, surgiu um problema, pois atualmente sabe-se que espécies migram ese acasalam com outras espécies. Isso pode não dar em nada, mas pode darem muita coisa: o surgimento de uma nova espécie!

Qualquer morador em zona rural sabe que se cruzar um jumento com umaégua, nascerão burros. O jumento é uma espécie, a égua é outra espécie, masos burros são algo novo; serão uma nova espécie? O detalhe é que o burro(ou, se for fêmea, a mula) é estéril, isto é, não procria. Assim, uma espécie éaquela que cruza entre si, gerando i nd i v íduos fé r te i s. Divisões abaixo dissosão subespécies. Logo, o burro não é uma espécie e sim uma subespécie.

No caso de chiuauas e rotweillers, ambos são cães. Ok. Ambos são da mesmaespécie. Ok. Mas, daí em diante existem várias outras subdivisões, como raçasetc. Porque, caso não tenham notado, um chiuaua NÃO É um rotweiller.

Bem, com esta confusão absurda na determinação sobre como classificar umser vivo, a Ciência teve que desenvolver melhor suas definições, pois oconceito de espécie de Mayr e Dobzhansky só pode ser levado em contaquando se tem cruzamentos, ou seja, quando há procriação sexuada. Só queexistem animais que não se reproduzem assim, como é o caso dos rotíferos

bdelóideos, que abandonaram este sistema de reprodução há uns 100 milhõesde anos. Todos os rotíferos dessa ordem são fêmeas (sem exceção) e geram

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seus embriões sem a necessidade de esperma, ou seja, nada de macho nahora do “vâmu vê”.

Bem, para suprir esta, digamos, “falha” na conceituação de Mayr eDobzhansky, surgiu o conceito de filogenia.

Filogenia é a representação da história das relações de parentesco entre asespécies. Quando nós estudamos as relações de parentesco entre duasespécies, teoricamente, houve uma espécie ancestral comum a elas, a que asoriginou. E com isso, levando em conta as espécies ancestrais, construímos achamada Árvore F i logenét ica ou Cladograma . Um exemplo de cladogramavocê vê abaixo. Clique na imagem para ampliar.

Como pode ver, os animais acima vem de um enorme “galho” evolutivo. Mas,eles se separam em diversos galhos subjacebntes. Assim, um não veio dooutro, ou seja, a sequência não é linear. Eles vieram de um “tronco” e serepartiram em vários galhos diferentes, evoluindo simultaneamente, ainda quede forma difenrete uns dos outros.

As análises de DNA atestam que temos similaridades com outros animais.Fato! Essas análises apontam o quanto somos parecidos geneticamente comoutros animais. Fato! Quando mais próxima é essa similaridade, mais provávelque tenhamos um mesmo ancestral comum recente. Fato incontestável! Asanálises de DNA não mentem, pois sua taxa de erro é de cerca 0,1%. E comoessas análises são feitas mais de uma vez, o resultado é conclusivo.

Querendo os especistas ou não, os seres humanos são seres vivos eucariotas,animais, cordados, vertebrados, tetrápodes, mamíferos, placentários,primatas, simiiformes, pertencentes à família Hominidae , ao gênero Homo e à

espécie Homo Sapiens .Sim, meu filho, você é um primata. Não veio de macaco nenhum. Sendo vocêum primata, pode-se até dizer que você É um macaco! Lamento muito, masalguém tinha que lhe dizer isso. Você não é melhor que nenhum outro animal.Mas, veja pelo lado bom: você não é um punhado de barro largado pelo chãode qualquer jeito. Pelo menos, ninguém até agora mostrou como um compostomajoritariamente constituído de dióxido de silício (sílica, pára os íntimos) setransforma em um corpo formado por uma miríade de compostos baseados emcarbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio (entre outras coisas). O fato devocê, meu caro primata, ter um polegar opositor, e conseguir usar um controleremoto, não o fará correr mais rápido que um guepardo ou ser capaz de fugirde um tubarão a nado e… Ei! Afinal, como se deu essa diversidade, hein?

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Senhoras e senhores, preparem-se! Pois, aprenderemos na próxima página oque é Evolução, como acontece e o mais importante: p o r q u e  acontece.

A chave do m is té r io  

O mundo biológico é muito vasto. Trilhões de formas de vida, divididas em

dezenas de milhões de espécies. Desde a mísera ameba até o ser humano. Sebem que alguns seres humanos se comportam como tendo o QI de umaameba… Mas, como surgiu tudo isso?

Bem, se você prestou atenção no texto da página anterior, você sabe o que éuma espécie. Se não entendeu, sugiro que compre um livro de biologia eestude mais. Evolução é basicamente isso: a transformação de uma espécie.

O que faz esta transformação? Pode ser qualquer coisa. Essa transformaçãopode  ser aleatória. Pode acontecer a qualquer minuto (ou pode simplesmente

n ão acontecer), mas o detalhe é o que a permite.

Qualquer leitor de quadrinhos sabe (mesmo que um tanto exageradamente)que nós somos feitos de cromossomos. Eles sempre são em pares (no caso doshumanos normais, 23 pares), pois herdamos metade dos cromossomos do paie a outra metade da mãe. Esses cromossomos são formados por milhões degenes. E o conjunto disso tudo fornece o código genético. Se apenas um geneestiver fora do lugar, podemos ter algo muito, muito bom ou algo muito, muitoruim.

Quando o seu pai, naquela linda sessão de sexo selvagem que teve com suamãe (sim, seus pais fazem sexo; ou pelo menos fizeram um dia), cedeu seusqueridos espermatozóides à sua mommy – claro que eu levo em conta queeles não usaram camisinha ou outro método anticoncepcional qualquer – osespermatozóides carregaram metade de suas informações genéticas. O óvulode mommy trouxe metade das informações genéticas dela. Para maioresinformações, estudem sobre mitose e meiose no seu livro de biologia favorito.

Bem, a divisão não foi (ou não deveria ser) feita de qualquer jeito. Os parescromossômicos de cada um se bipartiu e cada metade para um lado. O DNA,que é uma espiral dupla, se divide e voilá!

Quando o espermatozóide fecundou o óvulo, houve uma fusão dos doisgametas (não vou dizer o que é gameta, vai estudar!), fundindo as metades doDNA e pronto! Um ser vivo novinho em folha, com os originais de fábrica esem opcionais! Ou não.

O DNA é uma estrutura onde há milhões de genes, cada um responsável poruma ação num ser vivo. Desde características físicas, como a cor dos olhos,até a tendência a apresentar doenças (anemia falciforme, por exemplo). Umgene fora do lugar e babau! Intolerância à lactose é um exemplo. Algumas

pessoas simplesmente não podem beber leite in natura . Mas, felizmente,atualmente nós temos leite sem lactose. A Ciência marca ponto mais uma vez.

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Por algum motivo qualquer, quando um ser vivo se reproduz, seusdescendentes podem vir com alguma anomalia, por assim dizer. Como se umdos degraus da escada do DNA viesse fora do lugar, um gene se ativa oudesativa, propiciando uma nova característica ou eliminando uma característicapré-existente. Chamamos a isso de m u ta ç ã o .

Esqueça os X-Men. Uma mutação não fará você lançar feixes de energia pelosolhos ou controlar o clima. Seria legal se tivéssemos um fator de cura queagisse contra qualquer ferimento ou doença, mas infelizmente (ou felizmente)isso nunca foi evidenciado e tal coisa dificilmente ocorrerá um dia em sereshumanos.

É através dessas mutações que começa o processo evolutivo, mas tem algopor trás disso. Algo sinistro, ruim e implacável. Uma ação que determinará ofuturo dos seres vivos em potencial. Algo tão mesquinho que só podia ser umaação inconsciente, e que não faz as coisas por bondade ou ruindade.

Simplesmente é algo que delimita qual a capacidade do ser vivo manter-se porgerações.

Seu nome é Seleção Natural. Antes de aprendermos sobre ela, vamos voltarum pouco no tempo, falando um pouquinho sobre um certo inglês de nomeDarwin.

Erasmus Darwin pertencia à família Darwin-Wedgwood e era avô de ummenino que seria batizado como Charles. Erasmus nasceu em 12 de dezembrode 1731 e faleceu em 18 de abril de 1802 em Nottinghamshire, Inglaterra. Foi

médico, filósofo natural, fisiologista, inventor e poeta. Vovô Darwin foi um dosmembros fundadores da Lunar Society, um grupo de discussão de pioneirosindustriais e filósofos naturais.

Vovô Darwin ingressou na Lichfield Botanical Society  afim de traduzir ostrabalhos de Lineu, do latim para o inglês, o que demorou 7 anos. O resultadoforam duas publicações: A System of Vegetables (Um Sistema dos Vegetais),entre 1783 e 1785, e The Families of Plants (As famílias das plantas) em 1787.Nestes volumes, Erasmus Darwin cunhou muitos dos nomes em inglês dasplantas que são empregadas hoje em dia.

Vovô Darwin então escreveu “The Loves of the Plants” (O Amor das Plantas),um longo poema, bem como escreveu “Economy of Vegetation” (Economia daVegetação) e juntos, os dois trabalhos foram publicados no The Botanic 

Garden .

No entando, seu mais importante trabalho científico foi Zoönomia (escritoentre 1794 e 1796), o qual contem um sistema de patologia, e um tratadosobre “Geração”, no qual ele – segundo seu netinho Chareles – antecipou asdeduções de Lamarck. Como podem confirmar os botânicos, o fruto não cailonge do pé. Nem que o fruto seja uma geração depois.

Vovô Darwin baseou suas teorias na teoria psicológica de David Hartleychamada “Associacionismo”. A essência de suas ideias está continda na

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segiunte passagem, a qual ele segue a conclusão que uma única forma defilamento vivo é e sempre tem sido a causa de toda a vida orgânica:

Seria demasiado ousados para imaginar que, no grande período de tempodecorrido desde que a Terra começou a existir, talvez milhões de anos antesdo início da história da humanidade seria demasiado ousado imaginar que

todos os animais de sangue quente tenham surgido a partir de filamento vivo,que a grande Causa Primeira presenteou com animalidade, com o poder deasquirir novas partes, que reuniu novas capacidades, dirigido por irritações,sensações, volições e associações, e, portanto, possuem a faculdade decontinuar a melhorar a sua própria atividade inerente, e de fornecer a essasmelhorias em geração a sua posteridade, mundo sem fim!

Podemos vislumbrar aí um curto, rudimentar, mas não menos interessanteesboço do processo evolutivo, onde microorganismos, com o tempo, adquiriamcapacidades inatas em, através dos mecanismos da Seleção Natural, iriam

passar tais características aos seus descendentes.

Não se sabe no que Vovô Darwin estava pensando quando escreveu isso, masele antecipou muita coisa em suas poucas linhas, toda uma teoria queconsumiria um livro inteiro e abalaria o mundo nos anos a seguir. O que sesabe é que Erasmus Darwin estava familiarizado com o pensamentoevolucionário de James Burnett, Lord Monboddo, e citou-o em seu trabalho de1803 chamado “Temple of Nature” (Templo da Natureza).

Saindo da Ingçaterra, vamos para a França, onde Jean-Baptiste Lamarck

nasceu em 1 de agosto de 1744. Ele foi um dos primeiros a ter idéias sobre oprocesso evolutivo e, por isso, é chamado de “pré-darwinista”. Aliás, foi eleque, de fato, introduziu o termo “Biologia”, para a ciência que estuda a vida.

Lamarck era um essencialista (ou fixista) que acreditava que as espécies eramfixas e imutáveis. Mas graças ao seu trabalho sobre os moluscos da Bacia deParis, ficou convencido da modificação das espécies ao longo do tempo, edesenvolveu a sua teoria da evolução (apresentada ao público em 1809 na suaPhilosophie Zoologique ).

A teoria evolucionista proposta por Lamarck (também chamada deLamarckismo) propõe que a evolução das espécies depende de dois fatoresfundamentais. São eles:

Lei do uso e desuso dos ó rgãos ou 1ª Lei de Lamar ck – Segundo esta lei,os organismos desenvolvem seus órgãos segundo suas necessidades e outrosse atrofiam decorrentes do desuso. Lamarck procurava, dessa forma, explicarcaracterísticas no organismo que podem sofrer adaptações por impulsosinternos a fim de estabelecer uma relação harmoniosa com o meio ambiente.

Assim, um órgão passa por transformações sucessivas para atender às

necessidades do meio externo. Em outras palavras, se você não precisa de umbraço, ele iria encolher até sumir por completo. Um exemplo notório doLamarckismo são as girafas. À medida que elas necessitavam alcançar folhas

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em galhos mais altos, seus pescoços iam aumentando de tamanho até chegarao que é hoje. E, segundo a teoria, continuaria crescendo.

Le i da herança dos carac te res adqu i r idos ou 2ª Le i de Lamarck –  Segundo esta lei, as alterações sofridas no organismo, ao longo da vida de umdeterminado ser, eram transmitidas aos seus descendentes por

hereditariedade. Sabemos que somente por modificações nos genes é que serecebe uma herança de um antecessor, pois o DNA passa o gene para o RNA eeste transfere para a proteína. Quando o gene é transferido para a proteínanão há possibilidade de modificar as informações do RNA e do DNA, portantonão existem condições para que tais alterações sejam hereditárias.

Explicando melhor a idéia de Lamarck, se você é um indivíduo branco-azêdo,casado com uma moça também branca como neve e resolvesse que seu filhodeveria ser moreninho, bastaria que vocês dois fossem à praia no domingão desol, ficando lá quarando que nem roupa recém-lavada, até adquirirem uma

linda cor vermelha-lagosta (e um câncer de pele), chegar em casa e partir prorala-e-rola. Nada de safadeza na praia, tem muita criança olhando!

Infelizmente, isso não adianta de nada. Se vocês dois são caucasianos, podemficar vermelhos que nem pimentão, seus filhos serão brancos também. Mas sesua mulher der à luz a um menino mulatinho, não culpe Lamarck (mesmoporque, ele não era negro). Ao invés disso, contrate um advogado pro divórcio.

Agora, se você é branco, mas com ancestrais mulatos, é bem possível quevocê tenha um filho mulato. Assim como filhos de negros podem sair com

olhos verdes. Agora, se dois negros tiverem um filho japonês, deixe oadvogado especializado em divórcio de lado e chame a polícia, pois alguém namaternidade fez besteira! (intencional ou não)

As idéias de Lamarck estavam de certa forma erradas, mas alguém tinha quecomeçar com alguma idéia. Com o tempo, verificou-se que as espécies nãomudam pra atender às necessidades. Isso seria algo um tanto misericordioso.

Só que de misericordiosa, a Seleção Natural não tem nada.

Agora entramos no maravilhoso mundo natural. Onde apenas os fortessobrev….

Pééééééééééééééé

Esqueça isso! Essa conversa mole de “somente os fortes sobrevivem” é tãofantasiosa quanto malucos com espadas saírem decapitando-se mutuamente,gritando “There can be only one!” 

Para desespero de muitos que tentam contrariar a Evolução, nenhum cientistasensato emprega este argumento. Evolução nunca disse que somente os fortes

sobrevivem. Quem é mais forte? Um urso cinzento ou um simples rato-canguru? Deixe-os num deserto como o de Atacama, no Chile, e vocêdescobrirá.

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A Seleção Natural age sobre organismos vivos. Se eles estão adaptados ao seuambiente, eles continuarão cruzando, fazendo filhotinhos e dando continuidadeà espécie. Ou seja, não importa quem é o mais forte e sim quem estáadaptado ao ambiente em que vive.

Darwin percebeu isso, embora não de imediato. Em sua expedição no Beagle,

principalmente depois de uma visitinha a Galápagos (ilha na costa chilena), elenotou que haviam diferentes espécies de animais, algumas diferindo muitosutilmente, outras, nem tão sutis assim. Como no caso dos famosos tentilhões.O fator diferencial foi a barreira geográfica, pois o ser vivo que não estiverpreviamente

Dificilmente na Ciência um pesquisador trabalha sozinho. Darwin fez o quequalquer criatura inteligente faria: deixou que especialistas examinassemespécimes dentro de sua área. As aves ficaram a cargo do ornitólogo JohnGould, que foi quem avisou a Darwin que os diversos tentilhões traz\idospertenciam à mesma espécie, só o bico que variava de tamanho e formato. Osrépteis ficaram a cargo de Thomas Bell e os mamíferos foram examinados por

Richard Owen.

adaptado ao ambiente vai pras cucuias. É curioso saber queDarwin era muito jovem quando foi pra expedição. Na verdade, o capitão dobarco, Robert Fitzroy, queria alguém inteligente e culto com quem pudesseconversar durante a viagem. Não estava previsto que Darwin seria onaturalista oficial. Nem sequer tinham pensado nisso. Com o tempo, asanotações de Darwin se mostraram primordiais. Ele recolheu várias caixas com

amostras, contendo 1.529 espécies em frascos com álcool e 3.907 espécimespreservados, e mandou para a Inglaterra, pedindo para colaboradores daremsuas opiniões e isso tudo ele deixou anotado em seu diário de viagem.

Sobre as variações adaptativas dos seres vivos em meio ao ambiente em quevivem, outros cientistas perceberam isso também. Um deles foi Alfred RusselWallace.

Em 1855, o inglês Alfred Russell Wallace publicou um artigo, “On the LawWhich has Regulated the Introduction of Species” (Sobre a Lei que temRegulado a Introdução das Espécies), onde ele junta e enumera observaçõesgerais sobre a distribuição geográfica e geológica das espécies. É por causadisso que Wallace é chamado de Pai da B iogeogra f ia . Ele ainda conclui que “Cada espécie surgiu coincidindo tanto em espaço quanto em tempo com umaespécie proximamente a ela aliada.” Esse artigo, também conhecido como aLei Sarawak (assim denominada devido ao estado de Sarawak, localizado nailha de Bornéu) foi um prenúncio ao monumental artigo que ele escreveria trêsanos mais tarde.

Wallace encontrou-se brevemente e apenas uma vez com Darwin, e foi um dosseus numerosos correspondentes de todas as partes do mundo, cujasobservações Darwin utilizou para dar suporte às suas teorias. Wallace sabiaque Darwin se interessava muito sobre como e porque as espécies se

originavam, e confiava na opinião dele sobre o assunto, ou seja, Wallace viaem Darwin um aliado e não um competidor por títulos e glórias. Assim, Wallaceenviou a Darwin seu ensaio “On the Tendency of Varieties to Depart

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Indefinitely From the Original Type” (Sobre a Tendência das Variedades de seSepararem Indefinidamente do Tipo Original) em 1858, e pediu-lhe queescrevesse a crítica.

Em 18 de junho de 1858, Darwin recebeu o manuscrito de Wallace. Embora oensaio de Wallace ainda não propusesse o famoso conceito de Seleção Natural,

enfatizava uma divergência evolutiva entre as espécies e suas similares. Nessesentido, era essencialmente o mesmo que a teoria sobre a qual Darwin tinhatrabalhado durante 20 anos, e que nunca tinha sido publicada. Darwinescreveu a Charles Lyell: “ele não poderia ter feito um resumo melhor! Até osseus termos constam agora nos títulos dos meus capítulos!” 

Apesar de Wallace não ter pedido que publicassem o seu ensaio, Charles Lyelle Joseph Hooker decidiram apresentar o ensaio junto a trechos de um artigo,que Darwin havia escrito em 1844 e mantido confidencial, à Linnean Society of 

London , em 1 de julho de 1858, dando destaque à teoria de Darwin.

Isso pode parecer uma grande facada nas costas, mas nunca fora a intençãode Darwin. O que aconteceu foi que o prestígio de Darwin no meio acadêmicoera muito superior ao de Wallace, que (pelo menos acredita-se assim) nãoteria sido levado tão a sério quanto Darwin foi. Darwin conseguiu tantosinimigos com sua obra quanto este que vos escreve aqui. Se não, mais!Principalmente depois que ele escreveui “A Descendência do Homem”, onde eledemonstra que o ser humano não se destaca em nada na natureza, posto queé um animal como qualquer outro e, horror dos horrores, seres humanos sãoprimatas e possuem um ancestral comum com os macacos. Mais uma vez terei

que ressaltar: O HOMEM NÃO VEI O DO MACACO!! Apenas estamos nomesmo galho (deliciosa expressão que não é bem um trocadilho, mas funcionatambém como tal) evolutivo que nossos amigos chimpanzés, bonobos, gorilasetc.

Por causa disso, Darwin foi severamente atacado e é daí que vem a famosacaricatura retratando Darwin com um corpo de macaco. Mas, que se podeesperar de fundamentalistas iletrados, com baixa capacidade de interpretaçãode texto? A sorte de Darwin é que ele era apoiado por outros cientistas eintelectuais, e seu mais ardoroso defensor foi Thomas Huxley, avô do escritorAldous Huxley.

Considerando que Darwin nunca foi grande coisa como orador, coube a Huxleydefender muitas da idéias de Darwin, apesar de se opor a algumas partesdelas. Por causa disso, Huxley ficou conhecido como “O Buldogue de Darwin”;e só para ilustrar o quanto ele defendia as idéias de seu amigo, num debatecom Samuel Wilberforce (ao que me consta, ele não era jornalista, mas vaisaber…), que – à boa maneira dos leigos intrometidos que adoram falarbobagens – perguntou sarcasticamente a Huxley se fora através da sua avó oudo seu avô que ele alegava a descendência de um macaco.

Huxley – uma espécie de precursor do Cet ic ismo.net – fuzilou:

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Se a questão é se eu preferiria ter um macaco miserável como avô ou umhomem altamente favorecido pela natureza, que possui grande capacidade deinfluência, mas mesmo assim emprega essa capacidade e influência para omero propósito de introduzir o ridículo em uma discussão científica séria, eunão hesitaria afirmar a preferência pelo macaco!

Ow n e d b y H u x l e y ! 

A diferença básica entre Darwin e Wallace é que o primeiro considerava que aseleção agia sobre os indivíduos, enquanto que o segundo achava que eram aspopulações a unidade básica de transformação. Parece maluquice, mas ambosestavam certos. As mutações ocorrem indivíduo a indivíduo. A Natureza nãoescolhe que um determinado grupo terá a mesma mutação genética.

Em contrapartida, a Evolução só será evidenciada com vários indivíduosapresentarem a mesma mudança, cruzando-se entre si e gerando

descendentes férteis. Estes passaram seus genes adiante e assimsucessivamente. A não ser que a mutação seja algo maléfico e dizime quasetoda a população.

Além disso, Wallace enxergava a evolução como uma escada de progresso comformas superiores e inferiores, bem diferente da visão de Darwin que desdecedo apontava que “não existe superior ou inferior”, e nisso Darwin estavacerto e Wallace errado. Sobre seu artigo “Da tendência das variedadesdivergirem indefinidamente do tipo original”, Wallace postula queoriginalmente uma população de “espécie-pai” dá origem a variedades que,

frente às condições ambientais, se tornariam “variedade superior” e “variedadeinferior”. Se a situação de uma dada região geográfica muda, tanto apopulação da “espécie-pai”, como da “variedade inferior” diminuemrapidamente podendo vir a se extinguirem. Com isso, só a “variedade superior” conseguiria se manter e passaria a ocupar a área de ocupação das outrasduas. Dessa maneira a população da “variedade superior” substituiria a “espécie-pai”, tornando-se uma nova espécie. A repetição desse processoresulta no desenvolvimento progressivo e na divergência contínua do tipooriginal.

Mas, afinal de contas, o que foi que causou as diferenças? Uma forçasobrenatural?

Poderia ser, se a Seleção Natural fosse parte de alguma religião, onde bastaafirmarmos algo sem provas, que ela terá que ser aceita, sem a menorcontestação, violando os princípios básicos do Método Científico, tornando-semais um dogma. Acontece que a Seleção Natural não é uma entidade, não éum ser vivo ou ser bruto. Ela é apenas um evento, assim como a Gravidade éum evento observado entre corpos, que interagem entre si. A Seleção Naturalacontece quando o meio-ambiente seleciona os seres vivos que estãoadaptados a ele. Caso contrário, sinto muito, o ser vivo vai perecer.

É incrível como um evento aleatório gera esta infinidade de seres vivos… SE fosse aleatório. Mas, não é.

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Mutações ocorrem aleatoriamente, mas não de qualquer forma. As reaçõesfísicas e químicas seguem padrões… leis, se quiserem chamar assim. Ácidoclorídrico mais hidróxido de sódio formará – se usarmos um equivalente-gramade cada – um equivalente-grama de cloreto de sódio e um equivalente-gramade água. É uma reação básica da Química e não importa o quanto você queiraque dê outra coisa ou repita o procedimento 500 milhões de vezes. SEMPRE 

dará o mesmo resultado. Se acontecer algo diferente, ou os reagentes estãoerrados, ou você fez besteira na hora de medir e promover a reação.

Assim, as mutações ocorrem obedecendo às leis da Química e da Física. Issosignifica dizer que seu corpo nunca poderá mudar em nível atômico, para queas moléculas constituintes nos compostos em suas células possam setransformar em metal rígido; portanto, esqueça o Colossus.

Quando falamos que as mutações ocorrem aleatoriamente, queremos dizer quenão se sabe quando ou onde uma determinada mudança no código genético

vai acontecer numa grande população, salvo em testes controlados. Umamutação é algo como ganhar na loteria (sim, eu peguei este argumento de umcomentário anterior e vou desenvolvê-lo para demonstrar isso).

Não é impossível você ganhar na loteria. Difícil, mas não impossível. A escolhados números para jogar na Mega Sena é aleatória, mas obedece a certasregras, como escolher 6 números diferentes, a faixa de escolha tem que serentre 01 a 60, deve-se fazer a aposta de acordo certo período estipulado etc. Asaber, você teria uma probabilidade de acertar ao fazer uma aposta mínima éde 1 e m 5 0 .0 6 3 .8 6 0 , conforme é dito pela própria Caixa Econômica Federal. 

Se você estudar sobre Análise Combinatória entenderá o porque deste número.O modo como você escolheu os números dificilmente é absolutamentealeatório, pois sua escolha sempre envolve uma decisão por motivosdeterminados por um raciocínio, que pode não ser consciente, mas se deve aalgum motivo.

Isso poderia em princípio indicar que as mutações são previamentedeterminadas por alguém, mas se assim o fosse, para que esse “alguém” iriaquerer uma especiação gradual? Se eu soubesse que números seriamsorteados na Mega Sena, eu os escolheria e pronto! Quer dizer, isso se eufosse dotado de onisciência, é claro.

Agora, se levarmos em conta que podemos fazer múltiplas escolhas, durantemúltiplos concursos, durante múltiplos anos, a probabilidade de eu ganhar é…Infinita! Bem-vindos à Lei dos Grandes números. 

Mutações estão ocorrendo a cada minuto, em alguns genes mais, outrosmenos. Se uma mutação ocorre num certo gene, ele é chamado de um novo “alelo”, uma forma mutada do gene ancestral a ele. Que pode (ou não)resultar em alteração no polipeptídeo que ele codifica – pois é isso que os

genes fazem: codificação de peptídios – e é essa codificação que fará com quecertas propriedades apareçam ou desapareçam.

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Em outras palavras, uma determinada mutação pode ser neutra ou não. Senão for neutra, pode ainda ser “visível”, como uma mosca mutante sem asas,ou “invisível” como a formação de uma nova proteína no seu sistema digestivo.Isso tem a ver com os níveis hierárquicos, uma mutação pode ter efeitosomente na célula, ou no comportamento, ou na “aparência” do organismo emquestão.

Assim, se for uma mutação que altere muita coisa, é muito provável que aSeleção Natural elimine-a da população (o indivíduo portador de tal mutaçãonão se reproduzirá a tempo de gerar muitos descendentes). E assim ocorre:mutações acontecendo, a Seleção Natural (assim como as catástrofes e “contingências”) eliminando as “ruins” e mantendo as “boas”. Tudo isso numlongo espaço de tempo. Normalmente, só vemos os efeitos de uma mutaçãoquando ela salta aos olhos ou quando analisamos o DNA de alguém, e é issoque os cientistas fazem.

Num mundo gentil e misericordioso, nenhuma mutação causaria danos, seriaapenas para melhorar. Num mundo estático, elas sequer existiriam. Só quenão é isso que acontece no mundo natural e ninguém disse que este mundoteria que ser bonzinho para com os seres vivos.

Mutações podem ser danosas e cruéis se fossem conscientes. Elas acontecemapenas porque… acontecem. Lembrem-se que as mutações são aleatórias.Assim, o que uma hora pode gerar um indivíduo mais resistente a uma doença,em outra ocasião pode dizimar populações inteiras. Como aconteceu com agripe espanhola. Uma mutação no genoma do vírus o transformou em algo

letal, ceifando várias vidas. Mas, assim como a mutação veio – e fez dessevírus algo terrivelmente fatal –, outra mutação fez com que ele desaparecesse.Um raio cósmico pode acertar em cheio os seus órgãos reprodutores,ocasionando uma mutação nas suas células germinativas. Há o caso dealgumas mulheres africanas que desenvolveram resistência ao HIV, o vírus (naverdade, um retrovírus) da AIDS, conforme você pode ver AQUI e AQUI. 

Não por acaso, eram prostitutas. Isso significa que elas se adaptaram? Não,isso seria Lamarckismo. Acontece que nelas os retrovírus como da Aids mudammuito, pois elas estão expostas a vários tipos de doenças, trazidas pelos seus…hã… clientes. Se elas têm muito contato com os doentes – e temPREVIAMENTE capacidade inata de resistência – elas estão sempre em contatocom os retrovírus. Se elas tem muito contato com os doentes e temcapacidade inata de resistência, elas estão sempre em contato com osmutantes. Como elas estão sempre em contato com mutantes seu sistemaimunológico sempre melhora um pouco. O vírus muda um pouco e as defesasdela melhoram um pouco (se não mudarem, já era!). Isso acontece porque ocontato com doentes é diversificado e frequente, então elas estão expostas adiferentes mutantes, melhorando cada vez mais seus sistemas imunológicos.Apareceu um vírus um pouquinho mais forte? O sistema fica um pouquinhomais forte e assim sucessivamente. Onde você ouviu falar disso? Ora, esse é oprocesso de vacinação, onde os médicos inoculam um agente patogênicoatenuado, o sistema imunológico se desenvolve e lhe imuniza caso vocêrealmente seja contaminado com o agente, como o sarampo, rubéola etc.

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Desse modo, as prostitutas que não estavam previamente com o sistemaimunológico adaptado, morriam. As que não tiveram um sistema imunológicoque reagisse contra uma simples mutação no vírus, morriam. As que jápossuíam um sistema imunológico capaz de combater os vírus, continuaramvivas e passaram essa resistência aos seus descendentes. Mas, se pensam queisso acontece em lugares distantes e muito pobres como a África, lembrem-se

que este é o processo de infecções hospitalares, onde bactérias acabam setornando imunes aos antibióticos, dando uma severa dor de cabeça aosprofissionais de saúde, logo, esse processo de imunização nãoi tem só um ladobom, nos livrando de doenças, mas também um lado ruim, criando agentespatogênicos cada vez mais fortes.

Alguns podem alegar que tudo isso seja fruto da intervenção de algum sersobrenatural. Se fosse, seria algo meio pérfido, pois estaria brincando comvidas inocentes. Se fosse para matar as pessoas, seria mais fácil – paraqualquer criatura dotada deste poder – simplesmente fazer estas pessoas

desaparecerem. Muita especulação, e nenhuma prova ou evidência, não é nemmá ciência. Isso sequer é ciência!

Chegamos a um ponto em que é muito importante frisar mais uma vez:Evolução não se restringe a apenas um único indivíduo e sim a uma população.Pois, qualquer mudança num único indivíduo não é garantia que ela serápassada adiante, sem falar que seria quase impossível examinar todos osmembros de uma determinada população.

Como podemos acompanhar a história evolutiva de uma espécie de ser vivo?

Na próxima parte aprenderemos sobre isso.

Evo lução vs Cr iac ion ism o Pa r t e I I I

Er a um a v ez um m undo m a l v ado… 

A história da vida na Terra começou há muito, muito tempo. Estima-se que hácerca de 3,5 bilhões de anos surgiram as primeiras moléculas capazes defazerem réplicas de si mesmas, ainda que bem toscas. Como surgiram essas

moléculas não é concernente à Teoria da Evolução. A Teoria da Evolução nãose importa como surgiu a vida. Disso trata outra teoria científica (pesquisemsobre Oparin e Haldane). Evolução só se interessa por seres que

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 já estão vivos e como eles se transformam ao longo do tempo.

Sabemos mais ou menos como os espécimes vivos do passado aparentavampor causa de seu registro fóssil. Se você não sabe, fósseis são quaisquer pistasque um determinado ser vivo deixa no ambiente que possa ser analisado. Umtecido celular, folha, uma pegada, ossos, pinturas rupestres etc. Tudo isso sãoregistros que animais e plantas possam ter deixado para trás. Obviamente,quando falamos de pinturas rupestres, estamos sendo específicos parahominídeos, posto que uma samambaia dificilmente teria dotes artísticos (enão, não estou falando da Mulher Samambaia).

Um fóssil não se forma de uma hora pra outra. É um processo difícil e

demorado; por isso, tal registro é escasso, se levarmos em conta a miríade deespécies que já caminharam, rastejaram, nadaram, voaram ou simplesmenteficaram paradonas no planeta. Nem todos os seres acabam fossilizados, o quesignifica que estamos ainda muito longe de conhecermos todas as espéciesantigas da Terra. Isto é praticamente impossível, porque a fossilizaçãodepende muito do acaso.

A condição que favorece o processo de fossilização é o impedimento dadecomposição, quando o ser vivo é enterrado, congelado ou fica sob a lama,entre outros casos. Se isto ocorre, pode ser que daí surja um fóssil para nos

contar uma história – porém ainda existem outros fatores que impedirão ofóssil de chegar até nós de forma satisfatória. É que, mesmo fossilizado, elepode se dissolver, através da erosão, ou ser quimicamente alterado oudistorcido, através de mudanças bruscas de temperatura e pressão. Algumacatástrofe pode destruir um registro fóssil, como um vulcão ou um bando deoperários fazendo um buraco com uma escavadeira.

Mas, quando se encontra fósseis em bom estado de conservação,paleontólogos ficam muito felizes, pois mais um capítulo na história da Ciênciaserá escrito. A parte da paleontologia que cuida do estudo dos processos de

transmissão dos restos biológicos (ou melhor, da informação biológica) daBiosfera do passado para a Litosfera do presente chama-se “Tafonomia “, termo

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introduzido pelo paleontólogo soviético russo Ivan Antonovitch Efremov em1940.

É interessante notar que alguns fósseis estão tão bem preservados que oscientistas são capazes de analisar os fragmentos de DNA do ser fossilizado.Pode-se examinar a morfologia em muitos dos casos, isto é, analisa-se a

aparência externa (e interna também, caso o cientista seja sortudo) e, por fim,faz-se a datação, normalmente pelo método mais confiável existente: o deradioisótopos.

Seres vivos são formados basicamente por átomos de carbono (e não de silícioe muito menos vindos de compostos de sílica, como barro, por exemplo). Ocarbono é tão importante, mas tão importante, que ele é a base de uma dasdivisões da Química: a Química Orgânica.

Praticamente, todos os elementos possuem mais de um isótopo (ver.

Cons t i tu ição da Matér ia), e alguns desses isótopos sofrem decaimentoradioativo (ver Rad ioa t iv idade). E o carbono não é exceção. Seu primo maisconhecido é o carbono-14 (um átomo de carbono com massa atômica A = 14).

Isótopos radioativos sofrem decaimento a uma taxa absolutamente constante.Isso se chama “meia-vida”. No caso do carbono-14 (14C), sua meia-vida é iguala 5730 anos. Para simplificar, vamos dizer que eu disponho de 10 kg decarbono-14. Depois de 5730 anos, eu terei 5 kg de 14C. Depois de outros 5730anos, eu terei 2,5 kg. Mais 5730 anos e terei 1,25 kg de 14C e assimsucessivamente.

Assim que um organismo morre, ele para de absorver novos isótopos decarbono-14. A relação de carbono 12 por carbono 14 no momento da morte éa mesma que nos outros organismos vivos, mas o carbono 14 continua adecair (sua quantidade sempre se reduz à metade depois de 5730 anos) e nãoé mais reposto, enquanto que o carbono-12 mantém sua quantidadeconstante. Ao olhar a relação entre carbono-12 e carbono-14 na amostra ecompará-la com a relação em um ser vivo, é possível determinar a idade dealgo que viveu em tempos passados de forma bastante precisa.

As limitações do teste de 14C residem na incapacidade de datar com precisãoamostras muito “jovens” (200 anos em termos de radioatividade é algo muitorecente), pois não dará para se perceber uma diferença significativa. Emamostras muito velhas (em termos de milhões de anos), as amostras de 14Cserão muito, mas muito pequenas; assim, não se pode usá-lo para determinara idade e dinossauros, por exemplo. Ela só é confiável para datar amostras deaté 60 mil anos.

Por exemplo, há criacionistas que utilizam o método do carbono 14 paradatação de fósseis de dinossauros, e obtém idades muito menores do que osestimados por cientistas da área de paleontologia, e depois utilizam estes

 “novos dados” de má-fé para “refutar” a Evolução, esquecendo-se de formaconveniente ou por pura ignorância (um exemplo pode ser visto, clicando-seaqui  e aqui), de que este método não é válido para estas amostras, e sim

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outros métodos, como o Urânio por exemplo (ver Tempo Geológ ico). Ficopensando até onde vai a Lâmin a de Han lon  nesse caso…

Para amostras antigas, usa-se o mesmo processo radioisotópico, masempregando-se outros isótopos e análise das camadas estratificadas (camadasou “estratos” de qualquer formação natural ou artificial que se encontrava em

forma homogênea), isto é, analisando as rochas ao redor, pode-se presumir adatação do fóssil ali localizado. Quanto mais fundo, mais antigo será o fóssil.

Aliás, foi por causa disso que dois brasileiros ganharam o IgNobel de 2008, pois em sua pesquisa eles determinaram que a presença de tatus (que têm ohábito de cavar tocas fundas) poderia alterar a datação de alguns artefatosarqueológicos.

Para maiores informações sobre datações geológicas, recomendo este texto daUFRGS. 

Bem, foi com base no registro fóssil que Darwin complementou muito de suaspesquisas.

Muito falamos de Seleção Natural aqui, mas talvez ainda não deve estar claro oque é isso. Os seres vivos estão constantemente competindo. Não por saláriosou cargos eletivos, mas pela vida. Assim, quem tiver um pouquinho a mais devantagens, consegue sair vitorioso. E se esse animal, ou planta, conseguirviver o suficiente pra cruzar e gerar descendentes, essas habilidades poderão(ou não) ser passadas adiante.

Essa competição não é consciente. Os animais e plantas simplesmenteprocuram sobreviver da melhor maneira e acasalar. Um leão não mata umazebra por prazer, mata porque está com fome. Claro que isso dá o que pensarsobre a necessidade dos seres humanos consumirem carne, pois não estamoslimitados aos nossos instintos. Mas, isso é tema para outros debates e nãocabe discutir isso aqui.

Usando este exemplo do leão, se ele não estivesse adaptado pra correr atrásdo seu almoço (sim, eu sei que quem caça é a fêmea, mas me refiro à espéciede uma maneira geral), ele morreria de fome. Mortos não se reproduzem emuito menos geram descendentes. Assim, o leão que apareceu mais saudável,com maiores condições de caça, tem maior probabilidade de se alimentar. Osque não tiveram condições de caçar, não necessariamente fracos, mas comalguma deformidade nas patas, por exemplo, não conseguiria tal feito.

Enfim, para sermos sucintos, podemos afirmar com certeza de que a vidadevora a vida, para se manter viva. Não tem como alguém chegar e dizer “olhea natureza, veja como é perfeita” e fingir que não viu o que realmenteacontece à sua frente. Só acho que pessoas assim deveriam ser maiscuidadosas. Sempre pode ter um animal faminto à espreita.

Da mesma maneira que os animais competem por comida, eles tambémcompetem sexualmente, a fim de se tornarem mais “vistosos” e ganhar

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namoradinhas. Assim, eles podem arrumar parceiras, saírem pra ir numcineminha, tomar um chopp e partir pra sacanagem depois. Não, você não leuerrado e eu não cometi enganos, as fêmeas é que escolhem.

Um exemplo perfeito é o pavão. O senso comum (eu já falei que o sensocomum não serve pra nada?) diz que ele seria uma presa perfeita, logo não

poderia viver o suficiente pra gerar descendentes, certo? Sim, tão certo quepavões não existem, né?

O que acontece é que pavões e seus rabos coloridos (que só os machospossuem) só se mostram quando há fêmeas por perto. E por que isso? Pelofato que para erguer e abrir um rabão daqueles demanda certa força física. Éum modo dele dizer “Aí, gata pavoa, olha só como sou saudável e semdoenças. Sou forte e serei um pai e tanto, gerando filhotes fortes como eu”. Asfêmeas examinam qual deles é o mais saudável e… bem, o resto você sabe.

O mesmo acontece com certos peixes africanos chamados Pundamilia , ondealguns deles sofreram especiação e as fêmeas de profundidades maiospreferem machos de cores vermelhas, pois esta banda do espectro conseguepenetrar melhjor na água. Já as fêmeas que vivem próximo à superfíciepreferem machos de colorações azuladas. Sobre isso, vocês poderão ler melhorAQUI . 

As mudanças não se restringem apenas a quem será o mais sexy do ambiente.As mutações ocorrem nos genes e quando algum deles muda, como foi ditoacima, pode-se ter coisas que farão muita diferença no final das contas. Um

exemplo é a anemia falciforme; e ela acontece mais em pessoas de etnianegra. O interessante nela é que esta doença tem um efeito colateral: elaserve de prevenção contra a malária. Eu não estou bem certo se isso é algointeligente. Eu teria dado imunização às duas doenças, mas isso sou eu…

Se o ambiente muda drasticamente, como a quando o ocorreu devido à quedade um meteoro há 65 milhões de anos, pode haver sérias conseqüências. Noreferido caso, um imenso meteoro caiu na península de Yucatán, México,abrindo a cratera chamada Chicxulub (clique AQUI   para ver os maioresimpactos de meteoros na Terra).

O impacto foi extremamente violento! A uma velocidade de 25 km/s (eu disse “quilômetros por segundo”) atingiu a Terra com uma força estimada em cercade cinco b i l hões de bombas atômicas, semelhantes às que caíram emHiroshima. Catástrofe é pouco para definir este acontecimento! O impactogerou uma onda de choque que varreu o planeta de lado a lado, matando amaior parte dos grandes animais e incendiando florestas por causa da imensaenergia cinética liberada. Foram lançados na atmosfera milhares de toneladasde pedras, terra e pó. Toda essa “sujeira” ficou pairando no ar, refletindo osraios do Sol. O artigo original que desvendou o enigma da extinção dosdinossauros, publicado por Alvarez, pode ser visto AQUI . 

O planeta ficou imerso na escuridão e, com isso, das poucas plantas querestaram, a maioria não pôde fazer fotossíntese para se alimentar. Sem

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alimento, essas plantas começaram a morrer e, com elas, os herbívoros. Semos raios do Sol, a temperatura no planeta começou a cair, gerando um terrívelinverno nuclear. Somente animais de pequeno porte, que possuíssem sanguequente, necessitassem de pouca comida e capazes de digerir proteínas animais(isto é, carnívoros) poderiam sobreviver.

Se bem que há uma hipótese que não foram as partículas de poeira queimpediram a fotossíntese e sim nuvens sulfurosas acarretadas pelo impacto,conforme informou a Ciênc ia Hoj e. 

Foi a ascensão dos mamíferos! Eles eram os que mais estavam adaptados aonovo ambiente e, assim, começou o seu domínio, dividindo-se em novasordens, classes etc. Alguns se tornaram primatas e parte desses primatastomou uma outra direção evolutiva, tornando-se seres humanos. Tudo isso ébaseado em evidências e provas, atestando que a Evolução é um fato quecontinua a ocorrer a cada dia, cada hora, cada minuto e cada segundo.

Na próxima página, veremos outras versões de como se deu a diversidadebiológica mediante a Evolução.

Aos poucos ou tudo d e um a vez? 

Com isso, vimos que através de mudanças graduais e ação do meio-ambiente,através da Seleção Natural, durante um longo espaço de tempo, as espéciesmodificam-se. Considerando espaços de tempo muito longos, estas diferençasirão tornar-se tão amplas que os seres vivos se separarão, formando novas

ordens, classes, espécies etc. Isto é, quanto maiuor o tempo, maior aseparação, onde certas classes darão lugar a outras classes; deixando óbvioque uma planta não gerará um primata da noite pro dia. Assim, todo oconceito de Darwin estaria explicado, só que os estudos da biologia evolutivanão pararam aí.

Através de muitas observações de fósseis, os paleontólogos Stephen Jay Goulde Niles Eldredge chegaram ao conceito de Equilíbrio Pontuado. Para eles, aevolução das espécies não se dá forma constante e gradual, mas alternandolongos períodos de poucas mudanças com rápidos saltos transformativos; issosignifica dizer que na história da vida na Terra, novas espécies freqüentementeaparecem de repente, segundo Gould, e então persistem com poucasmudanças até se extinguirem, para cujo autor havia um padrão real.

Mas, há alguma controvérsia nisso tudo, pois alguns cientistas afirmam que talpostulado não é tão real assim. Gould usava como exemplo os trilobitas, queviveram durante milhões de anos e de repente se extinguiram, dando espaçopra outro tipo de trilobita. Nós chamamos isso de espécie porque precisamosestudar e utilizamos a nomenclatura pra facilitar as coisas.

Entretanto, o registro fóssil, como sempre, tem que ser visto com cuidado,

pois não se pode afirmar com certeza que ambos trilobitas são iguais oudiferentes; afinal, não é porque a carapaça de um bicho é igual à de outro queambos serão a m e s m a espécie de animal. De início, até poderia se tratar de

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uma mesma espécie, mas uma simples carapaça não é fator identificador emtermos absolutos. Mesmo que seja uma mesma espécie, ainda há as váriassubdivisões dentro das espécies, como no caso de dobermanns e poodles(ambos pertencem à espécie canina, mas de raças diferentes).

Também, Gould e Eldredge não mencionam nenhuma evidência genética para

o que propuseram, basicamente porque eles não são geneticistas (no caso,Gould não era , posto que já faleceu). Seria fundamental, ao propor uma idéiatão abrangente como essa, encontrar um respaldo genético, e esse respaldonão foi encontrado (pelo menos não ainda).

Como foi dito, o meio-ambiente influi muito drasticamente na direçãoevolutiva. As condições macroclimáticas na Terra se mantém razoavelmenteconstantes, com mudanças repentinas (ao menos, em termos geológicos) quelevam a condições diferentes, que também se mantém por longos períodos.Durante um período constante, diversas espécies dominam a paisagem e

outras espécies, incapazes de competir com as dominantes, sobrevivem emnichos marginais – populações pequenas, em locais muito específicos.

Após uma modificação grande (pode ser regional, não global, como no caso da junção de 2 continentes). As espécies dominantes até então já não estarão emsua condição ótima. Por outro lado, algumas das espécies marginais podemencontrar condições mais amigáveis para elas, então. Essas invadirão esubstituirão as antigas dominantes, que se tornarão então marginais ou seextinguirão.

Dessa forma, teremos um grande período com fósseis abundantes da espéciedominante, e raros ou nenhum fóssil das marginais – uma mudança rápida – efósseis abundantes de algumas das antigas marginais (agora dominantes) eraros ou nenhum fóssil das antigas dominantes (agora marginais ou extintas).No registro fóssil isso pode parecer um salto, mas não foi. As antigas espéciesmarginais passaram muito tempo sobrevivendo, à medida que suasadaptações ao meio em questao permitiam, mas só aparecem no registroquando essas condições deixam de ser marginais – aparentando serrepentinamente adaptadas às novas condições.

Voltando ao caso da famosa “explosão cambriana”, onde muitos filos parecemsurgir abruptamente no registro fóssil, na realidade, teria-se essa impressãode “surgimento do nada” pelo fato de que a maioria dos filos da que aparecena explosão cambriana era de animais que teriam estruturas mais fáceis defossilizar, como conchas e carapaças. O “vazio” anterior a isso poderia estarrelacionado ao fato de que a maioria dos animais, então presentes, possuía decorpo mole, portanto com poucas chances de fossilização.

As demais “explosões” posteriores ao Cambriano poderiam ser explicadas porextinções em massa em curto prazo (“curto” em termos geológicos, é claro),deixando vários nichos abertos para os organismos sobreviventes ocuparem

por irradiação adaptativa.

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Algumas pessoas tendem a achar que a explosão cambriana foi uma espéciede evento “mágico”, onde ficaria provado a interferência sobrenatural para oaparecimento de tais seres, mas não há evidências que havia um “vácuo” davida na Terra, mesmo porque existem outros fósseis de plantas, mais fáceis dese fossilizar e guardar registros da época.

Um crítico dessa teoria é o biólogo Richard Dawkins, que costuma ver oPontuacionismo como uma mera “nota de rodapé” ao Neodarwinismo. ONeodarwinismo baseia-se na teoria proposta por Darwin e reconhece comoprincipais fatores evolutivos a mutação, a recombinação gênica e a SeleçãoNatural. Na verdade, o Neodarwinismo é uma complementação da teoria deDarwin em relação às fontes de variabilidade das populações, possibilitando apartir de 1910 com o desenvolvimento da Genética e o conhecimento domaterial hereditário. O Neodarwinismo não é o que se pode chamar de umnome “científico”. O mais correto é chamá-lo de Teoria Sintética da Evolução.

De acordo com a moderna teoria sintética, os processos básicos da Evoluçãosão quatro: Mutação, Recombinação Ggenética, Seleção Natural e IsolamentoReprodutivo. Os três primeiros constituem as fontes da variabilidade genética,sem a qual não pode ocorrer modificação. A Seleção Natural e o isolamentoreprodutivo orientam as variações em canais adaptativos.

Clinton Richard Dawkins nasceu em 26 de março de 1941 na capital do Quênia,Nairóbi, e é um dos maiores defensores contemporâneos da Teoria daEvolução, tendo também contribuído para com a ciência, mediante a ênfase daSeleção Natural ao nível genético, sugerindo que a Evolução seria como se, de

um certo modo, ocorresse uma luta dos próprios genes para se perpetuar,utilizando os organismos como veículos.

Foi durante os seus estudos em Oxford que Dawkins desenvolveu as principaislinhas de trabalho que norteiam seu ponto de vista científico. Ele éfreqüentemente citado pela expressão “máquina de sobrevivência”, umacombinação de outras duas expressões de Tinbergen, “máquina decomportamento” e “equipamento para sobrevivência”, que sempre lhe vinhamà cabeça quando lecionava em Oxford.

Dawkins deparou-se com o conceito de genes como unidades de seleção, porinfluência de W. D. Hamilton. Como dissemos, a Seleção Natural é processoque seleciona os indivíduos mais adaptados (e não mais fortes); a visãocentrada nos genes vai mais profundamente e entende isso como uma seleçãoindireta dos genes que determinam esse fenótipo mais adaptado nessesindivíduos. Dessa forma, a competição pelos recursos ambientais na SeleçãoNatural não se daria apenas entre indivíduos, entre diferentes genes possuídospor esses diferentes organismos. Esta idéia foi divulgada por Dawkins no seulivro de divulgação científica, “O Gene Egoísta”, que acabou trazendo paramuitos a imagem de Dawkins como autor dessa visão que seria maispropriamente creditada a W. D. Hamilton.

O estudo sobre a Evolução não acaba aqui. Nós apenas esboçamos as bases daTeoria da Evolução e a Teoria Sintética da Evolução. Agora, passaremos a

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analisar, na próxima parte, aquilo que alegam ser a “opção” que explica comoos seres vivos apareceram: o Criacionismo.

Evo lu ção vs Cr iac ion ism o Par t e I V

Cr iac ion ism o e Design I n t e l i gen te  

O Criacionismo é a crença de religiosos fundamentalistas que o planeta Terra,o céu (sem nenhuma estrela), as plantas, as estrelas (para separar o dia danoite), o Sol, a Lua, os animais (os primeiros seres vivos!) – para depois

aparecer o homem (os planetas não entram nisso) – surgiram conformedescrito no Gênesis, o primeiro livro da Bíblia. E isso tudo o b r i g a to r i a m e n te  nessa mesma ordem! Seus defensores, os criacionistas, alegam que ocriacionismo “compete de igual pra igual” com a Teoria da Evolução, e muitosquerem que seja ensinada nas escolas como uma teoria científica válida.

A “verdade” do Criacionismo está na infabilidade e inerrância da Bíblia, postoque a Bíblia diz que ela é a Palavra de Deus e se ela diz que é a Palavra deDeus, que está s e m p re certa, então a Bíblia está sempre certa, posto que eladiz que está sempre certa. Como ela está sempre certa, ela está certa ao

afirmar que está certa. Raciocínio circular, lembram?Bem, toda essa “criação” até seria possível, mas esbarra em certos problemas.O principal deles é o que regulamenta, controla e define a Ciência, que é oMétodo Científico.

Senão, vejamos: Para que o Criacionismo possa ser considerado Ciência, eletem que:

1) Basear-se em ob servações. 

Ninguém viu uma espécie surgir do nada – PUF! – conforme relata o Gênesis.Ninguém sequer viu o causador dela, ou seja, ninguém viu Deus. E dizer que o

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 “sente” como se sente uma rajada de vento é algo falacioso. Eu poderiarelacionar isso com qualquer coisa. Até mesmo com flatulências.

2 ) Levan tam en to de H ipó teses . 

Como vimos, uma hipótese é uma idéia que um cientista tem para explicar

determinado fenômeno. A idéia que os criacionistas têm sobre as causas detudo é Deus e ponto final. Aliás, nem é uma idéia, pra eles é verdadeinquestionável. Afinal, Deus disse. A Bíblia traz isso escrito. A Bíblia éinerrante, porque Deus disse. E Deus diz isso na Bíblia e… Bem, continuemos.

3) Prev isões. 

Isso não existe no Criacionismo. Deus fez, tá feito e ponto final! Oscriacionistas são fixistas. O que aconteceu no passado é imutável. Nadaacontecerá de diferente de novo.

4 ) Expe r im en tações . 

Nem pensem nisso! Deus não é pra ser testado (seguido de um monte deversículos bíblicos inócuos).

5) Fa lseab i l idade . 

Como vimos logo no início, toda hipótese tem que ser falseável ou refutável.Isso não quer dizer que o experimento seja falso; mas sim que ele pode serverificado, contestado. Ou seja, se ele realmente for falso, deve ser possívelprová-lo. Isso é absolutamente impossível no Criacionismo. Como testar prasaber se Deus não existe? Bem, Deus pode existir, mas isso não significa queele tenha feito algo. Deus pode ter criado as coisas, mas não significa que foido jeito que a Bíblia descreve. Deus pode existir e pode ter criado, mas nãosignifica que fora o deus bíblico. E sabemos que existem muitas religiões poraí. Qual deus foi?

Os fundamentalistas islâmicos são criacionistas também, mas em nenhummomento eles concordariam que foi tudo como relatado na Torah. Os hindusacham que o todo o Universo está contido no sonho de Brahma (o deus, não acerveja). Bumba, o deus congolês, teria criado tudo através de seu vômito.Para os egípcios, Atun, criou a si próprio a partir do Num (o Nilo, a águaprimordial), por ter pronunciado o seu próprio nome, depois teve 2 gêmeos,um filho Chu (que representava o ar seco) e uma filha Tefnut (ar úmido).

Nenhum desses seres pode ser testado pra sabermos qual é o verdadeiro equal é falso. A Falseabilidade não pode ser aplicada, e todo o conceito de “Ciência” é demolido. Sem o teste da falseabilidade, eu posso criar qualquerser fantástico, como deuses, fadas, duendes, elfos, ainur etc.

O Criacionismo não está preocupado em provar suas hipóteses. Não podem,portanto, estabelecer teorias científicas, ficando apenas no conceito de “teoria” do senso comum. E lá no início nós vimos o que adianta o senso comum.

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Não, não é essa a preocupação dos criacionistas. A preocupação deles, oumelhor, o m e d o deles reside na Teoria da Evolução. Eles fazem de tudo paradesacreditá-la; alegam que é uma filosofia ateísta, que foi a causa deassassinatos pelo mundo, pela eugenia propalada pelos nazistas entre muitosoutros absurdos. Tudo isso por MEDO de que seu castelo de cartas chamado “crença” desabe.

Pra início de conversa, ninguém disse que a Teoria da Evolução é uma filosofiaateísta, exceto os crentes. Porque, simplesmente, não é uma filosofia, é umaTeoria Científica (releia os primeiros parágrafos), devidamente embasada,evidenciada e PROVADA . Há ateus que aceitam-na como verdade, assimcomo algumas vertentes religiosas a aceitam integralmente, sem com issoperderem sua fé, como foi o caso da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR,para os íntimos). Não que eles aceitem de maneira imposta e dogmática e simporque as atuais evidências provam que a Evolução é um fato mais do quedemonstrado.

A Evolução nunca afirmou que um deus (seja ele qual for) não existe. Evoluçãotrata unicamente de como os seres vivos sofrem mudanças adaptativas e comoessas mudanças propiciam sua sobrevivência com o passar do tempo. Emnenhum documento oficial, tese de doutorado, dissertação, monografia,publicação indexada etc. vem escrito que a Teoria da Evolução prova quedeuses não existem. A Ciência não tem a menor preocupação quanto a isso!Para a Ciência, rezar pra Javé, Ganesh, Qetzalcoatl, Ormuz Mazda, Zeus, Alá,Ísis, Odin, Oxalá, Tupã, Indra, Júpiter, Astarte, Ruad Rofessa entre outrosmilhões e milhões de deuses, venerados pela humanidade ao longo de todos

esses milênios, é a mesma coisa que rezar pro Unicórnio Rosa Invisível,Monstro Espaguete Voador, Saci, Papai Noel ou qualquer outra figuraarquetípica criada pela psique humana.

Levando para o lado dos mitos, Joseph Campbell diz: “Mito é como chamamosa religião dos outros”.

Mas, os fundamentalistas vêem a Teoria da Evolução como uma ameaça à suafé frágil, posto que eles prec isam … eles são ob r igados a aceitar apenas

Para esse grupo de fanáticos religiosos, é muito difícil… digo, é imposs íve l  separar qualquer coisa de sua religião. Assim, quando se deparam com algoestritamente independente de sua religião (seja ele qual for), eles se opõemdiametralmente, sem sequer terem lido uma linha sequer sobre o assunto.Isso chama-se “alienação” (se bem que eu prefira usar o termo de “estupidezgalopante”, mas é apenas um conceito meu).

aCriação, já que ela é baseada num dogma religioso. Dogmas não requeremprovas, evidências, testes, comprovações, análises, comparações e coisas dotipo. Dogmas são impostos, nem que seja pela força.

E assim, começam os ataques infundados.

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Alegam que os nazistas usaram o conceito de Seleção Natural para oholocausto. Alegam também que eles se basearam nos escritos de FriedrichNietzsche. Isso é duplamente errado.

Primeiramente, Nietzsche nunca foi biólogo. Seu conceito de “super-homem” (que não tem nada a ver com Kal-El), deriva de sua idéia para um futuro

adiante à sua (dele) vida, onde haveria a chegada de um super-homem, umaespécie de “messias” que restabelecesse a associação de “bom” e “justo” com “nobre” e “digno”, substituindo assim os tortos valores do cristianismo. Isso jáexplica o imenso motivo dos cristãos odiarem Nietzsche.

Filosofias à parte, o que isso tem a ver com a Seleção Natural? Nada! Oconceito aqui é estritamente filosófico. Algo que aconteceria em termos desociologia e antropologia.

Claro que os nazis aproveitaram este conceito em proveito próprio, mas

discorrer sobre isso tomará muito tempo e não estamos num artigosociológico, e sim uma análise de conceitos de evolução biológica.. Issosignifica que uma discussão nessa linha é totalmente inútil no que concerne àEvolução e Godwin que se dane.

Criacionistas alegam que Hitler era grande admirador de Darwin.Particularmente, não vi nenhum livro ou um reles texto (salvo doscriacionistas) que ateste isso. E mesmo que seja verdade, fica a pergunta: Edaí? Lembremos que aquele austríaco maluco era músico e amava Wagner eMozart. Vamos dizer que a música clássica influenciou o Holocausto também?

Que tal condenarmos Zubin Mehta ao Tribunal de Haia? Vamos encarcerarqualquer um que diga que é admirador de música clássica? Quanto absurdo,gente!

Mas, quando dizemos que Hitler era cristão, os criacionistas dizem que não eraum cristão de verdade. Se ele tivesse seguido a Bíblia, ele seria um cara legal.Não haveria a eugenia, que é a busca do ser perfeito, vindo de uma “raçapura”.

Pena que a Teoria da Evolução nunca disse isso. Ela fala em um ser que  j áeste j a adap tado ao ambiente, tendo condições de viver para reproduzir-se egerar descendentes, seguindo uma tendência ad infinitum , salvo algumacatástrofe natural ocorra.

A contra-argumentação pode r ia levar ao conceito que Hitler nunca se baseouem escritos bíblicos para suas insanidades. Mas, não foi a Seleção Natural quedisse:

Osé ias 13 :16 – Samária levará sobre si a sua culpa; cairá à espada; seusfilhinhos serão despedaçados, e as suas mulheres grávidas serão fendidas.

Algumas versões bíblicas adicionam a fórmula “porque se rebelou contra seudeus”, mostrando que era uma limpeza étnica, matando quem não rezava parao mesmo deus. Mas, isso não era novidade, posto que já estava escrito em

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Número cap . 31 , onde é relatada uma campanha genocida, invadindo umaterra que, supostamente, o deus Javé teria dado de presente, ao invés deentrar em paz e feito amizade com o povo.

Mas, Jesus veio e lavou tudo isso. Exceto pelo fato que ele tinha dito quenenhum til ou um jota será mudado da Lei, e que aquele que violasse um dos

mandamentos (leia-se “Torah”), seria declarado o menor no Reino dos céus.(Mateus, cap. 5).

Muitas ordens estão na Bíblia e no Alcorão que ilustram com perfeição axenofobia, a misoginia e a homofobia. E sob pena de morte inclusive paraquem se recusar a cumpri-las! E os defensores mais fanáticos alegam queaquilo é a suprema vontade e ilustra a benevolência de um ser divino que crioutudo.

Mas, fora os pseudoargumentos sociológicos, existe algo que se possa usar em

ciência biológica para comprovar que a Evolução não passa de mito? Veremosisso na próxima página.

Ana l fabe t i smo Cien t í f i co 

Os criacionistas se dividem em mais exemplares que o número de todas asespécies vivas somadas. Isso se deve ao fato de existirem uma miríade imensade religiões que pregam sua própria visão da Criação. Cada religião possuidiferentes vertentes, como podemos citar os católicos, católicos ortodoxos,luteranos, mórmons, calvinistas, pentecostais, neo-pentecostais, adventistas

de sétimo dia, testemunhas de Jeová etc. Ambos rezam pro mesmo deus, emesmo assim vêm se matando mutuamente em nome de sua visão particularsobre como interpretar um livro que proíbe terminantemente que sejainterpretado.

Quando confrontados com as provas obtidas pelos cientistas, normalmenteapelam mais para o toque emocional do que pelo bom senso. Começam pordizer que o Homem não veio do Macaco.

Bem, tenho que concordar que eles estão certos, já que os seres humanosnunca evoluíram de uma espécie de macaco. Aliás, a Teoria da Evolução nuncaafirmou tal coisa e eu DESAFI O que me mostrem uma publicação indexadaque diga tal barbaridade. Procurem no próprio Origem das Espécies e vejam seDarwin disse tal coisa. Mas, cultura e fundamentalismo são entidadesmutuamente excludentes.

O motivo dos criacionistas afirmarem estas bobagens reside – não numaevidência científica – mas na pura arrogância especista de se consideraremmelhor que os demais seres vivos (algo um tanto irônico se considerarmos queeles têm como a humildade uma qualidade divina). Só que os fatos apontamem outro sentido.

Sim, os seres humanos são animais. Não somos melhores nem piores. Se bemque eu nunca vi uma outra espécie zoológica destruir o próprio ambiente no

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qual vive. Acham que mesmo assim somos mais racionais, mas eu tenho cá asminhas dúvidas quanto a isso.

Orangotangos e bonobos possuem uma organização social tão desenvolvidaquanto a dos humanos (às vezes, até melhor). Golfinhos possuem laços deamizade e, similarmente aos humanos, fazem sexo por prazer e não apenas

para procriação (ao contrário do que o fanatismo religioso exige de seusseguidores).

Criacionistas da Terra Jovem alegam que o Universo jamais poderia aparecerde uma explosão e que isso já é prova definitiva que a Evolução é uma farsa.Bem, nisso existe uns probleminhas.

1) Evolução não faz nenhuma menção sobre a origem do Universo. Isso cabeaos físicos e cosmólogos. É o mesmo que dizer que carros não podem andarporque tartarugas não possuem rodas.

2) O Universo não surgiu de uma exp losão e sim de uma expansão , ondetoda matéria estava condensada, com uma energia imensa, restrita a um únicoponto e subitamente (esse “subitamente” não significa que seja de uma horapra outra. Os conceitos de tempo em cosmologia são um tanto diferentes,logo, esqueça o senso comum de vez). Explosão sugere reações químicas queliberam grande quantidade de energia, mas os físicos nunca disseram que foraisso. Há muitas teorias científicas que explicam o porque disso ter acontecido.Todas são baseadas em cálculos e modelos matemáticos. Dizer que foi vontadedivina implica em explicar quem teve esta vontade e de onde saiu esse

 “criador”. Alegar que nada ocorre sem ação de um criador recai numapergunta: Quem criou o Criador?

Criacionistas da Terra Jovem acham que o mundo tem 6000 anos (outrosdizem 10.000 anos), afinal é o que a Bíblia induz, através de cálculosgenealógicos de pessoas que sequer existiram (estou esperando as provas quemostram que estou errado). A Bíblia é inerrante, porque ela diz que é inerranteetc. Mas, não é o que as evidências apontam.

Quando confrontados com essas verdades, alegam que é fantasia, que iremospro inferno e caem no desespero, soltando milhões de versículos decorados(mas nunca compreendidos por eles). Não possuem nenhum embasamentocientífico para refutar nada. Não sabem o que é uma espécie, não sabem doque trata a Teoria da Evolução, não sabem nem de sua própria religião. Emsuma, não sabem NADA!  

Só sabem o que o pastor, padre, mulá, rabino ou quitandeiro metido areligioso querem que saibam e fazem sempre os mesmos ataques, alegandoque a Bíblia fez previsões que deram certo e daí por diante é puro esperneio.

A função da Ciência não é se contrapor a qualquer religião. Ciência é a soma

do conhecimento acumulado e ordenar este conhecimento de modo a favoreceras pessoas e o mundo em que vivem. A Ciência está se lixando pra qualquerreligião. Mas, o medo e a imposição de dogmas freiam isso, como é o caso das

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pesquisas de células-tronco, onde afirmam que é assassinato usar um montede células para desenvolver a medicina e fazer a saúde das pessoasmelhorarem. Mesmo porque, se isso acontecer, não será mais necessário rezar(inutilmente) para um deus qualquer, arriar despacho, acender velas ouqualquer outra coisa aqui. Se as pessoas possuem uma fé frágil, a ponto dedizerem que cientistas assim são criminosos homicidas, deveríamos impedir

que essas pessoas usassem os recursos da medicina e ficassem só nas igrejasrezando, quando estiverem com dor de cabeça.

Mas, a Ciência é para todos. Se ela é usada por interesses políticos,econômicos e religiosos, não é culpa dela e nem dos cientistas. A mesmaenergia atômica usada para matar milhares de pessoas no Japão, no fim da 2ªGrande Guerra é a mesma que pode gerar milhares de megawatts em usinasnucleares, evitando a queima de escassos combustíveis fósseis, afim de gerareletricidade. Mas, foi decisão de Aiatolá Khomeini condenar Salman Rushdie àmorte só porque não gostou de um simples livro. Não seria diferente com

Darwin hoje. Condenaram Giordano Bruno à morte no passado, Galileu foiposto em prisão domiciliar, condenam escritores hoje, até mesmo nós, doCet ic ismo.net , recebemos pregações virulentas quase todos os dias.

Uma lei idiota no estado do Tenessee proibia o ensino da Evolução, mas umprofessor chamado John Scopes não deu bola e fez o seu trabalho: ensinarCiência e não mitologias baratas. Scopes foi preso e julgado, num evento quetrouxe à baila as arbitrariedades de fundamentalistas fanáticos e seu medo deque sua crença não passe disso: apenas uma crença. Qual o medo deles,afinal? Até porque a Teoria da Evolução JAMAIS se declarou ser de cunho

ateísta. “Ame ao próximo, como a ti mesmo”… “Entre em acordo com seu inimigo”…Hipócritas!

O Criacionismo é apenas a expressão das religiões e foi lançado na lama pelassuas imensas falhas, como a ignorância cavalar de seus seguidores. Só que osreligiosos não iriam desistir dessa luta. Seu fanatismo de impor a sua vontade,a sua crença, sobre todas as demais pessoas é forte demais, onde todos terãoque se ajoelhar e confessar que Jesus é o Senhor (ou Alá, dependendo dareligião).

Para isso, travestiram o Criacionismo em algo que aparenta ser científico, masas aparências enganam.

Na próxima parte veremos o alvorecer do Design Inteligente.

Evo lu ção vs Cr i ac ion ism o Par t e V

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Parece, mas n ão é… 

O Design Inteligente é algo que realmente se pode chamar de “inteligente”.Não que ele seja realmente algo que se deva levar em conta em termos deCiência, mas porque seus defensores conseguiram usar de muitas falácias paraesconder o que ele realmente é: Criacionismo disfarçado.

Aliás, falácias é o que não faltam no Criacionismo e no Design Inteligente. E épor causa disso que eles são chamados de criaBURRI cionismo e DesignInteliJUMENTO, por pessoas que são familiarizadas com o conteúdo dessasfalácias.

A principal base do DI remete no século XVIII, através do que se chamaFalácia de Paley. William Paley nasceu em 14 de julho de 1743 e faleceu em 25de maio de 1805. Era um teólogo e filósofo britânico, que nos brindou comuma das maiores besteiras, mas de uma forma um tanto… digamos, poética.

O argumento de Paley para demonstrar a existência de um Criador se baseavanuma experiência mental. Nada de errado nisso, já que o próprio Einsteinusava muito desse artifício antes de partir para as contas. Segundo seuexperimento mental, Paley dizia que se nós encontrássemos um relógio nocampo (sem sequer termos visto um relógio antes), concluiríamos, pelaperfeição de suas funções e pelo intrincado de suas estruturas, que o relógiomencionado foi deliberadamente construído por um projetista. Afinal, algo tãobelo e bem feito como um relógio, com suas rodas dentadas, seu mecanismopreciso, sua forma de mostrar o andamento do tempo, sua função útil (marcar

as horas) seria definitivamente uma prova que “alguém” o construiu. Que orelógio veio de um relojoeiro, de um projetista inteligente.

Da mesma forma – afirmava Paley – quando olhamos para o intrincado e paraa perfeição do mundo biológico, não nos resta mais nada a não ser concluir,como com o relógio, que ele também é o produto de um projetista, esteprojetista inteligente, fora do mundo natural.

Sou obrigado a dar um crédito a Paley. Não é culpa dele por ter falecido 50anos antes da publicação da Origem das Espécies. Sua visão do mundo, lindo ebelo, realmente seria fantástico, SE o mundo fosse belo e perfeito.

Mas, não é.

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Um campo florido realmente é algo lindo de se ver. Mas, um vulcão emerupção é algo que só é “bonito” quando estamos a milhares de quilômetros dedistância, assistindo confortavelmente numa poltrona macia, através de umdocumentário da National Geographic. Ir lá, ninguém quer. Ninguém poderiadizer que a explosão do Krakatoa em 27 de agosto de 1883 foi algo bonito,nem mesmo a alma pia de Paley afirmaria isso. Só uma mente doente, idiota,

estúpida, ridícula e completamente imbecil afirmaria isso, ou que isso se deveuà alguma punição por um pecado qualquer.

O Universo é lindo também, através das lentes do Hubble e das imagenscedidas pela NASA. A explosão de uma supernova é algo realmente belo nãoé? Não, sinto em dizer, mas não é não.

Quando uma estrela muito massiva entra em colapso, as reações nucleares emseu núcleo não são mais contidas pela gravidade exercida por sua massa. Aestrela explode violentamente. Qualquer coisa relativamente próxima (milhões

de quilômetros) será brutalmente aniquilada pela energia liberada. Talvezalguma civilização inteligente seja riscada do mapa galáctico. Talvez, umapromessa de vida que esteja se iniciando é ceifada de forma voraz. Sóachamos legal porque está bem longe de nós, mas daqui a uns 5 bilhões deanos, nossa estrela particular, o Sol, não terá força suficiente para equilibraras forças internas e ele se tornará uma gigante vermelha. Ele devoraráMercúrio, Vênus, a Terra e Marte. Se não desenvolvermos um meio de cair foradaqui (supondo que ainda haverá seres humanos), seremos cozidos para o bel-prazer de outra civilização. Muito provavelmente, caso exista uma civilizaçãointeligente, dotada de tecnologia adequada para tal observação, eles dirão:

 “Olhe que bonito! Como o universo é lindo”. E não restará nada de nós paracontar sobre nossa história, nossas realizações e nossas falhas, nossa cultura,nossa música, poesia, literatura, arquitetura, nossos medos e anseios, nossaesperança no futuro. Nada disso restará. Desapareceremos como uma tênuenuvem que se desfaz no céu por um vento forte, durante o verão. Triste, masé essa a verdade.

Mas, os criacionistas não vêem isso. Seu antropocentrismo acha que o mundoexiste porque eles estão nele. Surge aqui a famosa falácia da “poça d’água”.

Um dia, durante uma obra na rua, fizeram um buraco. Choveu e nesse buracosurgiu uma poça. Como em toda fábula, essa poça cria consciência. Ela olhaem volta e se sente tranqüila. Assim, a querida poça diz: “Oh, que legal! Comoeu me adapto bem aqui, como este buraco foi feito adequadamente para meconter aqui. Com certeza, ele é obra de algum projetista inteligente para queeu ficasse confortável aqui. Esse projetista é esperto e caridoso para comigo epreciso rezar pra ele, agradecendo por esta dádiva.” 

Bem, esta história continuaria, mas o serviço Tapa-Buraco da prefeitura veio,tirou a água e tampou o buraco. Shit happens.

Acham que as criancinhas são criaturinhas lindas e perfeitas. Aqueles desenhosde crianças brincando nos panfletinhos coloridos são belíssimos. Mas, quandomostramos crianças subnutridas na África, ou com deformidades, como a

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criança que nasceu com dois rostos ou a nasceu com quatro pernas, mas foioperada, ficam horrorizados e dizem que nós somos ruins e desejamos o mal.Fui eu que fiz aquilo? Alguns débeis mentais virão com besteiras que aquilo éalguma punição causada pelo pecado original, outros queé um evento cármicoou que é para servir de exemplo a outras pessoas.

E EU é que sou ruim, né? É fácil falar este monte de besteira quando se éperfeitinho e está com tudo nos conformes. Mas, se fosse algum membro dealguma igreja, falariam dos mistérios da fé e como é maravilhoso ver ummártir do Senhor. Bleargh!

É muito engraçado ver que as tentativas de mostrar que tudo teve umdesenhista inteligente. As alegações são como a distância exata da Terra àLua, afim de gerar marés adequadas, que a distância da Terra ao Sol noscoloca numa região de conforto, não muito quente, nem muito frio e por aí vai.

O que isso implica? Exatamente na Seleção Natural.

Um desenhista perfeito faria coisas perfeitas; nada mais natural, não é? Vamosusar nossa imaginação e criar um Desenhista r e a l m e n te inteligente. Elepossivelmente faria coisas assim:

1. Um Sistema Solar onde o Sol fica no centro. Nada de elipses, as órbitas dosplanetas seriam círculos milimetricamente perfeitos.

2. Cada um dos 10 planetas existentes nesse sistema teria satélites que

seguissem a seqüência de Fibonacci (1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34 e 55satélites), contados a partir do mais próximo até o mais distante), girandotambém em círculos perfeitos ao redor de seu planeta-mãe.

3. Cada um dos planetas seria uma esfera absolutamente perfeita, comprecisão de centésimos de milímetro. Assim como seus satélites.

4. Cada um dos planetas teria um ecossistema próprio, dispondo de inúmerasformas de vida; todas elas coexistindo pacificamente.

5. As galáxias seriam esferas perfeitas, contendo bilhões de sistemas solaresexatamente iguais ao supracitado, com planetas absolutamente iguais, edisposta milimetricamente equidistantes.

6. Seres vivos não teriam problemas de doenças, já que um planejadorinteligente jamais faria algo que pudesse morrer com apenas uma espetada deum prego de ferro enferrujado.

7. Nenhum planeta seria bombardeado por eras e eras com meteorosgigantescos, aniquilando a quase totalidade das formas de vida.

8. Os seres de todos os planetas estariam se comunicando amistosamente.

9. Todos os seres vivos se respeitariam e não se matariam por diferenças.

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10. Não haveriam religiões, posto que todos teriam certeza sobre quem oscriou e porque, através de mensagens simples e claras e não por frasesobscuras e de sentido ambíguo.

O que vemos no Universo é uma mixórdia! Planetas desabitados, comtempestades que duram séculos, atmosferas tóxicas, onde ácidos

extremamente fortes estariam suspensos no ar, corroendo qualquer coisa queapareça por lá. Explosões violentas, choques de astros, galáxias em rotas decolisão e nenhuma evidência sequer que haja vida em outros planetas, quedirá vida inteligente.

O finado cientista Carl Sagan tinha uma resposta para estarmos sozinhos noUniverso: “Talvez estamos realmente sozinhos, posto que alguma civilizaçãotem que ser a primeira civilização tecnológica. Por que não a nossa?” 

Alegar que todo o Universo foi feito para nós bajularmos um suposto

desenhista inteligente é o cúmulo da arrogância. Nem sequer podemos ver oUniverso a olho nu. No máximo, alguns milhares de estrelas, o que é muito,muito pouco perto dos bilhões de estrelas em nossa galáxia. Qual a respostaque os defensores do DI têm pra isso? Nenhuma.

Mas, diferente dos criacionistas, o pessoal que defende o DI tem alguma coisaem que se basear, a título de argumentos. Na próxima página veremos como oDr. Behe tentou sustentar isso e foi, por isso, tido como incompetente peranteo tribunal de Dover.

O Ju lgam ent o de Dover  Em 2004 no condado de Dover, na Pensilvânia, EUA, um Conselho Escolar tevea idéia de violar a própria Constituição do país, onde se prevê a separação daIgreja e Estado. Para isso, eles queriam impor que se lesse uma declaração deum minuto, dizendo que a Teoria da Evolução não passava disso: uma teoria,iniciando o festival de besteiras. Na seqüência, que havia uma nova teoriacientífica, à qual chamavam de Intelligent Design (Design Inteligente).

Como se podia esperar, os professores de Biologia recusaram-seterminantemente a isso. E entraram com um processo contra estadeterminação.

Os defensores do DI alegaram que, ao contrário do criacionismo, o DI nãosegue a cronologia da Bíblia, afirmando que o suposto “desenhista” não eranecessariamente o Deus bíblico. Alguns de seus teóricos dizem até que o podersuperior pode ser um ser extraterrestre. Mas, como sempre, mentira temperna curta. Vocês podem ver um documentário completo que a NOVA fezacessando AQUI . 

Este documentário mostra como os advogados dos professores viram que o

livro sugerido pelos defensores do DI “Sobre Pandas e Pessoas” era o mesmoque um documento anterior que fora sugerido e rejeitado, mas onde a palavra “Deus” aparecia, tinha sido substituído por Designer. E eu que pensei que a

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Bíblia proibisse mentirosos… Se bem que em um dos versículos diz-se quepode-se mentir desde que seja para pregar as besteiras do Evangelho. Assim éfácil, né?

Os defensores do DI chamaram como testemunha Michael Behe, autor do livro “Caixa Preta de Darwin”.

Neste livro, Behe traz o conceito de “Complexidade Irredutível”, onde afirmaque algumas partes dos organismos vivos são tão complexos que nãopoderiam surgir de simples evolução por Seleção Natural e sim por obra de um “Projetista”. Como exemplo, ele citou o olho humano e o sistema imunológico.

No tocante ao sistema imunológico, Behe passou vergonha ao afirmar que nãohavia nenhuma pesquisa que explicasse o surgimento do nosso sistemaimunológico. Para sua vergonha, os advogados colocaram vários livros,documentos, publicações, teses etc. sobre a mesa à sua frente, demonstrando

que ele, ou não tinha conhecimento sobre nada em termos de ciência ou queele não fora honesto quanto a isso. Ignorância e desonestidade são coisascomuns entre os defensores do DI.

Até mesmo a metáfora usada por Behe foi usada contra ele. Ele afirmou que,como uma ratoeira não funciona se qualquer de suas partes for removida (avelha falácia de Paley). Infelizmente para ele, este é mais um argumentofurado e Richard Dawkins soube rebater muito bem e sem esforço. Elesimplesmente usou o conceito de uma ratoeira, uma máquina simples usadapara mandar ratos para o Éden dos roedores.

Começamos com a “ratoeira” mais simples possível – um simples pedaço deisca deixado sobre o chão. Quando o rato se aproxima da isca, acertamos elecom um martelo. Bonk! Simples e funcional, certo? (é um experimento mental,nenhum animal foi ferido ao idealizar isso)

Agora, vamos fazer uma pequena modificação. Basta que coloquemos a iscaem um pequeno buraco na parede. Isto tem a vantagem demomentaneamente confundir o rato quando o surpreendemos na isca, já queleva um tempo até que o rato encontre a saída do buraco, dando-nos maistempo para acertá-lo com o martelo.

Outra modificação leve – colocamos uma pequena porta dobradiça de metalcobrindo a abertura do buraco, a qual balança livremente para trás e parafrente. Isto confunde o rato um pouquinho mais e leva um pouco mais detempo para encontrar a saída – dando-nos um tempinho a mais para acertá-locom o martelo.

A seguir, adicionamos um mecanismo de mola que pode ser armado pelo ratoassim que ele pega a isca, deste modo fazendo com que a porta se feche atrásdele. A vantagem é que não temos mais que esperar lá quando o camundongo

entra – ao invés, o rato é agora confinado e pode ser acertado por nós atravésdo martelo em qualquer momento conveniente mais tarde.

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Outra modificação: viramos o aparato todo em 90 graus assim é apoiadohorizontalmente ao invés de verticalmente. Em outras palavras, nosso buracocom isca está agora no chão ao invés da parede. Isto tem a vantagem depermitir que o rato aborde nossa armadilha de qualquer direção, ao invés delimitar o acesso em apenas um lado da parede.

Outra modificação: eliminamos o buraco e simplesmente colocamos a aparatode porta dobradiça no chão de modo que, quando armada, a porta daarmadilha bate fortemente no chão onde o gatilho está localizado, esmagandoo camundongo para nós quando ele tropeça no gatilho. A nova vantagem éque não temos mais que acertar o camundongo com o martelo – a armadilhanova na prática faz isto por nós.

Uma modificação final. Cortamos a parte do chão que cerca nossa armadilha eafixamos o mecanismo de armadilha diretamente a ela. Isto permite quelevemos nossa armadilha para qualquer lugar que quisermos, ao invés de

limitá-la a um local.

E assim desenvolvemos passo a passo algo que deveria ser “irredutivelmentecomplexo”. Cada passo é completamente funcional por si mesmo, e em cadapasso, o resultado pretendido é conseguido — um rato morto. Cada passosucessivo é construído sobre o precedente através de pequenas modificações,no entanto cada passo é mais eficiente de algum modo que seu predecessor.

Outra variação da falácia de Paley (imagino que qualquer criacionista tenha umpôster dele pendurado na parede) foi proposta por Fred Hoyle, onde comparou

a probabilidade do processo evolutivo ocorrer com a possibilidade de umvendaval ocorrer sobre um ferro velho e de lá sair um 747.

Fred Hoyle nasceu em 24 de junho de 1915 em Bingley, Yorkshire (Inglaterra),e faleceu 20 de agosto de 2001. Ele foi uma figura polêmica, mas não menosrespeitado no meio científico. Sua área era a cosmogonia e um feroz opositorao Big Bang. Não, ele não tinha formação em Biologia e vocês podem imaginaraonde isso vai levar…

Segundo Hoyle, o Universo era eterno e essencialmente imutável, ainda queapresentando galáxias que se afastam umas das outras. A teoria do UniversoEstacionário de Hoyle apoiava-se na formação de matéria entre as galáxias detempos em tempos, de modo que mesmo que as galáxias se afastassem umasdas outras, novas galáxias que se desenvolviam entre elas enchiam o espaçoque elas deixavam vago.

Mas, Hoyle fez uma grande contribuição para a Teoria do Big Bang: ele abatizou

Pois é, não foi Hubble que deu este nome, que os criacionistas muitas vezesnem conseguem escrever, confundindo com Big Ben, o relógio instalado na

torre do Paralmento Inglês (na verdade, este nome é apenas do sino do relógioe não do relógio em si). Quem pouco estuda…

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Hoyle não entendeu a diferença entre expansão e explosão e daí veio aconfusão toda; e para mostrar que ele devia ficar escrevendo ficção científica,ele tornou-se um feroz crítico de teorias de evolução química para explicar aorigem da vida de maneira natural (não, isso AINDA não tem nada a ver com oprocesso evolutivo das espécies). Com Chandra Wickramasinghe, Hoylepromoveu a teoria de que a vida surgiu no espaço, espalhando-se pelo

universo via “panspermia”, e que a evolução na Terra é dirigida por um fluxoconstante de vírus que chegam via cometas.

Ele só “esqueceu” de dizer COMO estas formas de vida surgiram. C’est l avie. 

A partir da próxima página entraremos na reta final e veremos as atuaispseudorrefutações dos criacionistas e mostraremos como derrubar cadabesteira alegada por eles.

Esperne ios e ten t a t i vas de re fu tação 

Como já vimos, os adeptos da religião travestida de ciência chamadacriaBURRIcionismo ser baseiam no que um ou outro pseudointelectual diz, quepara eles é a verdade absoluta (desde que se concorde com eles).

Eu poderia usar de apelo à autoridade e despejar meus diplomas, certificados eaté a minha velha carteirinha de sócio do fã-clube da saudosa Frota EstelarBrasileira (sim, eu sou trekker e ninguém tem nada com isso). Mas, nãoprecisarei de nada disso. A refutação será baseada fundamentalmente emconteúdos de Física em nível de Ensino Médio, ou mesmo de 9º ano de Ensino

Fundamental. Algumas serão um pouco mais complexas, mas nem por issoserá necessário muito esforço para mostrar que as “provas” apresentadaspelos criaBURRIcionistas – seguidores da ridícula idéia que a Terra é jovem –não passa de balela. Fiquem atentos, pessoal.

1ª a legação – A recessão lunar mos t ra que a idade da Ter ra não é tãolonga assim  

Este argumento é uma das maiores bobagens, incapaz de passar no teste doriso, que aparece em duas versões:

a) Dada a taxa de afastamento da Terra a Lua se pudéssemos retroceder notempo veríamos que a Lua estaria encostada na superfície da Terra se osistema Terra-Lua existisse há milhões de anos. Como existe uma distânciamínima para que a Lua se aproximasse da Terra antes que fosse destruída pelaforça de maré (Limite de Roche) vemos que o sistema Terra Lua possui nomáximo alguns milhares de anos como previsto pelo criacionismo.

O problema das falácias é que – para quem entende pouco, não é do ramo, é

desatento ou mesmo um mau-caráter – ela faz sentido em um primeiromomento; logo, deve estar certa. Mas, como toda falácia, ela se desmorona

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frente a um exame criterioso, da mesma forma como um castelo de cartasdesaba frente a uma ventania.

Para início de conversa, vamos saber umas coisinhas que se aprende no EnsinoFundamental (para quem não matou aula, claro):

•  Distância Terra-Lua (média) = 384.000 km•  Raio da Terra (médio) = 6.400 km•  Raio da Lua (médio) = 1.700 km

Creio que isso todo mundo entendeu. Perguntem a Mrs. Google, caso nãoacreditem em mim.

Sabemos que o movimento da órbita da Lua e sua força gravitacional (devido àsua massa e a da Terra), proporciona o fenômeno das marés. Mas, tem umpequeno detalhe: o tempo de rotação da Terra é mais rápido que o movimento

de translação da Lua em torno da Terra. Assim, temosRotação da Ter r a : 24 horas

Trans lação da Lua ao redor da Ter ra : 27 horas

Com a rotação, acontece fricção entre a massa de água e o solo oceânico;assim, forma-se um “abaulamento” do nível do mar, isto é, ele fica “oval”,proporcionando alturas de marés em cerca de 10 metros. Somado a isso, oeixo axial da maré forma um ângulo de 10º em relação ao eixo que corta oscentros da Terra e da Lua (pode chamá-los de Centro de Gravidade).

Alguma dúvida até aí? Bem, continuemos: O que isso tem a ver com o Limitede Roche? Aliás, Que diabos é “Limite de Roche”?

Limite de Roche é uma conseqüência das forças de maré. Ocorre quando umsatélite natural não pode chegar muito perto de seu planeta sem se romper,isto é, chegando perto o suficiente para as marés gravitacionais odespedaçarem. O limite de Roche é a distância mínima do centro do planetaque um satélite fluído pode chegar sem se tornar instável frente a rompimento

por maré. Maiores informações você pode ler no site da UFRGS. 

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Tudo muito bom, tudo muito bonito, mas em que pesa a baboseiracriaRIDICULAcionista? Eles alegam que, com a aproximação da Lua, ela já teriachegado muito perto do Limite de Roche e teria se fragmentado há muitotempo, a menos que a formação fosse “recente” (em termos geológicos, éclaro).

Bem, se pegarmos um DeLorean e voltarmos no tempo, até poderíamos ver talcoisa acontecendo. Mas, sob quais circunstâncias? Quanto tempo demoraria?

Chamemos Dp a distância percorrida pela Lua até chegar a Terra. Logo, temos:

Dp = DT/ L – ( RT + RL)  

Isso significa que a distância percorrida (Dp) será a distância entre os centrosde gravidade da Terra e da Lua. Como somente as superfícies se tocariam,temos que descontar os raios médios dos dois astros (se você não sabe o que

é raio de uma esfera e nem mesmo o que é uma esfera, por favor, volte procolégio).

Substituindo os valores, temos: Dp = 384.000 – (6400 + 1700) km = 375.900km. Isto é 375.900.000.000 mm.

Por que convertemos em milímetros? Por um motivo bem simples: Segundo oDepartamento de Astronomia da Universidade Estadual de Ohio, a velocidadede escape da Lua é de 38 mm/ano. Ou seja, a cada an o , a Lua “foge”  3 8m i l ím e t ro s da Terra. Legal, né?

Para quem cursou o nono ano do Ensino Fundamental, sabe que podemoscalcular o tempo que um móvel em M.R.U. demora para percorrer uma certadistância percorrida, sabendo a velocidade.

Assim, temos: Δt = ΔS / ΔV

Δt = 375.900.000.000 / 38 = 9.892.000.000 anos ou aproximadamente 9 ,9b i lhões de anos !  

Preciso dizer alguma coisa?

b) A segunda imensa bobagem é a inversa do primeiro pseudoargumento: Se osistema Terra-Lua existisse no tempo previsto pelos malditos evolucionistas(não que Evolução tenha a ver com a idade da Terra, mas para quem nãoestudou, não se pode exigir muito, não é?), dada a taxa atual de afastamentoda Lua esta já teria se perdido no espaço o que comprova que o sistema Terra-Lua possui apenas alguns milhares de anos apenas.

Eu adoro estas bobagens. Me divertem de montão!

O tosco que inventou esta baboseira, como não podia deixar de ser, apela parao bom e velho argumentum ad verecundiam , mostrando-se PhD em astrofísica.O cara é tão bom em astrofísica que se “esqueceu” das aulas de Ensino Médio.

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O pobre coitado acha que colocar equações matemáticas a torto e a direitopode impressionar muita gente.

Bem, até que de certa maneira eu concordo com ele, dado o absurdoanalfabetismo científico que anda por aí. Vamos ver como o “cientista” chegoua esta conclusão? Podemos ver no não menos tosco, Answers in Genesis  a

demonstração matemática dele:

k = r6dr/dt = (384,401 km) 6 x (0.000038 km/ano) = 1 ,2 x 1 0 2 9 k m 7 / an o  

Uaaaaaaaaaaaaaaaaaau!!!!!!!!!!

12 seguidos de 28 ZEROS ( ! ! ! ! ) quilômetros elevados à sétima potência porano!!! Meus Sais!! Deus existe, Jesus é o Senhor, Habemus Jumenta deBalaão!!!

EPA!! !! Per aí! QUI LÔMETROS ELEVADOS À SÉTI MA POTÊNCI A????WTF? 

Pesquisas feitas em alguns sites trouxeram resultados interessantes.

O perclaro Dr. Lisle graduou-se na Ohio Wesleyan University (UniversidadeWesleyana de Ohio). Bem, o distinto doutor possui publicação indexada. Mas,notem que não se trata de NENHUM tema criaBURRI cionista. Por que será? Omundo não está preparado para as maravilhosas revelações dele?

Ora, bolas! Considerando que a Lua afasta-se a uma taxa de cerca de 3,8 cm(ou 0,000038 km) ao ano, ela teria migrado – desde a sua formação – cercade 171.000 km a partir de sua posição original a 4,5 bilhões de anos atrás (ocálculo é simples: 0,000038 x 4.500.000.000 = 171.000km)! Qualquer criançade Ensino Fundamental de primeiro ao quinto ano é capaz de fazer uma contaassim. Religiosos não são? Ah, bem, na Bíblia não se fala de matemática, equando se fala, sai um monte de bobagens.

Ou seja, pessoal, o problema alegado pelos criaBURRIcionistas NONEKZI STE!! . Da mesma maneira como o foco da crença deles. O que existe éuma brutal preguiça (e uma desonestidade maior ainda) deles em verificar se ainformação que lhes passam está correta e se tem fundamento.

Bem, fundamentalistas, com certeza eles são.

MI TO DETONADO

2ª a legação : Tem as genér icos e pouco e luc ida t ivos  

Defensores do criaI D I O Tismo, como o professor “doutor” Adauto Loureço (em

breve, um artigo sobre o conteúdo das palestras dele) costumam fazerpalestras tendo temas como “Design Inteligente na Natureza: Real ouAparente?”.

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Isso pode dizer muita coisa a quem acredita nessa bobagem, mas céticos são…céticos, ora bolas, com relação a isso. Afinal, o que ele vai dizer que éinteligente no mundo? A Natureza? Os lindos pandas? Os belos gatinhos? Ouele vai mostrar um caramujo, cujo ânus localiza-se bem sobre a sua cabeça?Olhem o esquema abaixo.

Viram? Quando ele se esconde, o ânus fica sobre a cabeça. Que maravilha deprojeto é um ser vivo que defeca sobre si mesmo, não é mesmo? Só mesmo

um deus para fazer uma coisa tão… in-crí-vel! Ou será que a melhor prova é onosso apêndice, que não serve para nada, além de inflamar e causar sériosproblemas de saúde.

Continuando com temas genéricos e desprovidos de sentido, defensoresardorosos do criacionismo professam temas algo como “As Cosmovisões dasOrigens e o Papel da Ciência”. Pffff, que ridículo!

Com a lei dos genéricos, surgiu uma nova raça de palestrantes: TemasGenéricos: serve pra qualquer ocasião. Não é como o verdadeiro, mas ajuda aenganar.

Em suma, duas grandes besteiras sem nexo, em que ele pode falar, falar efalar, sem dizer muita coisa, no mesmo estilo que muitos comentaristas daquicostumam fazer. Assim, qualquer um é palestrante.

3ª a legação : O escape de Hé l io de nosso p lane ta demons t ra que aTe r ra é j ovem  

Os artigos que os criaBURRIcionistas utilizam para tentar fundamentar esteargumento são referências bem antigas (décadas de 60, 70 e 80), anterioresainda ao lançamento da UV I MAGER. Trata-se de uma câmera instalada numsatélite, que capta imagens na frequência do ultravioleta. Sua principalfinalidade é carregar um sensor de ultravioleta para detectar fótons que sãoque estão espalhados isoladamente ionizado hélio na plasmasfera, em torno daTerra no interior magnetosfera. Veja AQUI . 

Estas referências dão conta principalmente sobre a perda de Hélio na altaatmosfera por fuga térmica, um mecanismo que apesar de ocorrer não é tão

eficiente para ocasionar perda suficiente de Hélio que justificasse sua baixaconcentração atmosférica o que indicaria uma Terra jovem, cujo tempo deexistência ainda não teria sido capaz de saturar a atmosfera.

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Contudo a pesquisa para resolver este problema não parou desde a época de80. Artigos recentes explicam mecanismos mais eficientes para perda de Hélio.

Hoje o mecanismo mais bem aceito é que a perda de helio ocorre apos esteionizar-se na alta atmosfera. Ionizado e carregado de carga elétrica este hélioé então conduzido pelas linhas de força do campo magnético terrestre que

concentradas nas regiões dos polos, conforme apresentado pelo modelo quelançado neste artigo (notem a data): He l ium escape f rom the te r res t r i a la tm o sp h e re : Th e i o n o u t f l o w m e ch a n i sm - ( 1 9 9 6 )  

O resultado deste escape é uma esfera de esfera de plasma (a Plasmasfera)constituido de hélio ionizado (bem como de outros elementos ionizados comohidrogênio e oxigênio) que foi finalmente imageada pela sonda IMAGER UVlançada na década de 90. O resultado destas observações pode ser visto AQUI  

Toda esta “aura” azul ao redor da Terra é Helio ionizado. A plasmasfera de

hélio alcança uma distância de até 6 raios terrestres ao redor da Terra, porémcomo o vento solar arrasta material deste esfera de plasma ela também seextende pela magnetocauda de nosso planeta. 

O que estas imagens demonstram é que o mecanismo que criaBURRIcionistasespalhados por aí, como o ilustre Adauto, dizem que não existe, não sóexistem como os modelos propostos para explicá-los ANTES do lançamento daIMAGER UV foram confirmados pelas observações da sonda. Este mecanismoportanto é o responsável pela maior parte da fuga de hélio de nossaatmosfera.

Os dois mecanismos somados ( fuga pelas linhas de campo magnético e fugatérmica ) dão conta de manter a baixa taxa de Helio atmosférico como éobservado.

Mais informações acessem o site da NASA  e o artigo publicado na ScienceDirect . 

De qualquer forma, mesmo o artigo do Answers in Genesis aplica outro golpecria: fundamentar-se e repetir apenas o que lhes convém, como todo bom sitecrental. Relutantemente atualizam-se ou utilizam fontes mais recentes a seusartigos e pseudo-refutações, apenas repetem o besteirol pseudocientífico

A esfera de plasma que se viu é, portanto, hélio ionizado e nada fará com quea verdade mude.

4ª a legação : Os ha los de Po lôn io  

Essa é uma das clássicas besteiras travestidas de ciência. Marcas de Polônio,

que é um isótopo radioativo, em rochas graníticas mostram que a Terra é jovem.

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Isso cansa, pombas, vamos perguntar: E o que é que isso tem a ver com aTeoria da Evolução das Espécies? Nada, como sempre, mas já que émencionada, vamos desmentir o besteirol.

Robert Gentry é um físico nuclear e ardoroso defensor do besteirol chamadoTerra Jovem (além de ser Adventista do 7º dia, mas ninguém é perfeito). Em

suas “pesquisas” ele afirma que provou a formação rápida da Terra, através deHalos de Polônio–218. Segundo o mito criacionista, ele usou uma microsondade íons que atingiu o centro da halo de po 218, que o fragmentou em milhõesde pedaços, uma lente capturou o material, que por sua vez foi analisado porum espectômetro magnético e não foi achado nada de radônio no halo achou-se chumbo e 218Po.

Isso, ainda segundo o mito criacionista, refutaria por completo o Big Bang, quetrata da origem do Universo e não do planeta Terra. Pééééééé. Menos umponto pras Ovelhinhas do Senhor. Gentry achou halos de polônio. Ok, isso

prova que… ele apenas encontrou halos de polônio. Infelizmente, honestidadeé algo que passa longe na cabeça desse pessoal, já que ignoram outrosensaios radioisotópicos que determinam com mais precisão ainda a idade dasrochas. Temos muitos testes, como Rubídio-Estrôncio, Potássio-Argônio, etc…,existem ainda outros métodos, mas maiores informações, vocês encontramAQUI , AQUI , AQUI e AQUI. 

Sinceramente, eu acho ridículo ainda ter que refutar isso, posto que nada tema ver com a origem das espécies, mas criaBURRIcionistas acham que sim.

Mas, vamos entrar no jogo e levar em conta que Gentry estava (hahahahaha)certo. Desse modo, os halos associados com todos os isótopos dos polôniosdevem estar atuais na abundância igual. Entretanto, Gentry não relata apresença dos halos que correspondem ao decaimento de Polônio–215 e dePolônio–211 (Decaimento Urânio–235); ou Polônio–216 e Polônio–212. Porquê?

Hipóteses esquecidas não precisam nem ser rebatidas na literatura cientifica,só resta o deboche e escárnio, posto que o ilustre Robert Gentry nuncapublicou uma linha sobre criacionismo num periódico científico. Por que será?Os pérfidos ateus o impediram? Ameaçaram?

A verdade é que Gentry primeiro cometeu uma fraude, pois disse que tinhaamostras do mundo inteiro quando só tinha de 2 minas radioativascanadenses, virou chacota no mundo todo e perdeu a credibilidade por isso;depois resolveu conseguir amostras, e pediu a pessoas comuns que coletassemgranitos e enviassem a ele, ora rochas sem dados de coleta, muitos granitosde diferentes idades, sem nome da formação localização exata… Isso é a coisamais IDIOTA que se pode ver em termos de Ciência. Para criaBURRIcionistas,isso não é nada demais, assim como não é nada demais ordenar a morte dehomossexuais e mutilação genital feminina.

Ninguém consegue saber de onde exatamente veio cada pedra para reproduziro experimento, e sem reprodução de experimentos, o que temos? Mito,

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fantasia, falácia, besteira e, enfim, DESONESTIDADE. Gentry foiabsolutamente reprovado no teste da falseabilidade de Popper. Game Over!

5ª a legação : A inda ex is tem ce lacan tos p rovando que fósse is v ivos não

m u d ar a m e m n a da  

Finalmente uma (falsa) alegação que realmente se opõe à Teoria da Evolução.A lástima é que ela é ridiculamente ignorante e revela o desconhecimento detaxonomia (leia anteriormente).

Fóssil vivo seria, em tese, um remanescente de uma espécie que viveu erasatrás. Como eu falei logo no início, um fóssil é uma prova que existiu um servivo. Assim, em termos de conceituação, o termo “fóssil vivo” é esquisito. Tãoesquisito quanto cobras falantes.

CriaBURRIcionistas insistem em citar o Celacanto, mas o que é isso?

Celacantos são uma das maiores descobertas da Ciência. A sua característicamais importante é a presença de barbatanas pares (peitorais e pélvicas) cujasbases são pedúnculos que se assemelham aos membros dos vertebradosterrestres e se movem da mesma maneira. Ou seja, um dos ancestrais dosanimais terrestres.

Apesar de alardearem que foram encontrados celacantos vivos nos dias de

hoje, deve se levar em conta que o celacanto atual NÃO É o mesmo celacantodas espécies extintas. “Celacanto” é o nome dado a uma ORDEM de peixes, osCoelacant h i f or m es , da qual existem nove famí l ias conhec idas, todasextintas, com exceção de um único gênero (Latimeria) de uma única família(Latimeriidae) que possui duas espécies conhecidas (L. chal um nae   e L.

m enad oensis  ), sendo que os outros gêneros dessa família também estãoextintos.

Entenderam? É como você ter uma família com 9 irmãos, 8 falecerem e, comovocê encontrou apenas um deles ainda vivo, achar que eram TODOS gêmeosidênticos.

Atualmente, nem precisamos do Celacanto, posto que temos o Ven tas tega  

curon ica  . 

Mas, existem seres vivos que mudam pouco? Sim, existem. Extremófilos sãoum perfeito exemplo disso e em nada refuta a Evolução e é fácil de entender,se você está realmente disposto a aprender.

Muitas bactérias estão adaptadas aos mais variados limites de pressão etemperatura, salinidade, radiação muito energética, ausência de Sol, e

ambientes onde outrora não se imaginava a vida possível.

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Eu falei anteriormente que as mutações ocorrem a cada momento, mas semnenhuma previsão do que vai causar. Assim, como um bicho não se adaptaexpontaneamente ao ambiente, se o ambiente muda radicalmente, ele malterá tempo de qualquer coisa e vai morrer, como foi o caso dos dinossaurosque eu relatei anteriormente. Agora, o contrário também pode ocorrer.Extremófilos de zonas abissais, perto de vulcões ou até em desertos

sobrevivem porque seu ambiente é estático. Assim, qualquer mutação queocorre poderá deixá-los incapazes de se sobreviver e gerar descendentes. Sóos que estão adaptados ao ambiente conseguem se manter. Assim, isso não sónão refuta a Evolução, como a comprova.

6ª a legação : O Homem de P i l t down mos t ra que a Evo lução é umaf ra u d e 

Este é uma das maiores armas dos criaBURRIcionistas. Com esta arma, elespretendem arrasar com a Evolução e mostrar finalmente que tudo não passade mentira, e que a verdade é rezar para ___________ (escreva aqui o nomede um deus qualquer).

Em 1912, fragmentos de um crânio e uma mandíbula (com apenas doisdentes) foram coletados em um terreno em Piltdown, uma vila próxima aUckfield, East Sussex, na inglaterra. O primeiro trabalho sobre o assunto foipublicado pelo arqueólogo e geólogo amador Charles Dawson com acontribuição do sacerdote jesuíta Teilhard de Cardin, também muito

interessado em geologia e paleontologia.Segundo observações, o crânio pertencia a um humanóide, enquanto que amandíbulo se assemelhava à de um macaco. Junto com isso, foram achadosvários dentes e ossos fossilizados de animais, instrumentos de pedra, etc. Aprincípio, deduziu-se que os ossos do crânio e mandíbula fossem do mesmoanimal, pois foram encontrados em curta distância, apresentavam os mesmossinais de fossilização e os dentes, apesar de semelhantes aos de macaco,tinham características humanas.

Mais tarde Dawson, o doublê de cientista, encontrou mais fósseis, fortalecendoa hipótese do ancestral, parte Homo e parte macaco, pois, embora o crânioparecesse muito semelhante ao do homem moderno, a mandíbula eranitidamente primitiva. O Homem de Piltdown foi então batizado deEoanthropus dawsoni . Estas “evidências” pareciam demonstrar que o cérebroabriu o caminho para o surgimento do homem e que as origens do homemmoderno eram extremamente antigas.

Só quie houve um sério problema. Os demais cientistas que queriam examinaros fósseis eram impedidos. Na verdade, o Homem de Piltdown era uma farsa esó foi descoberto como tal em meados da década de 1950. Na verdade

tratava-se realmente de um crânio humano e r e a l m e n te de uma mandíbulade macaco. Ele não foi desmascarado como fraude mais cedo devido aoimpedimento de acesso às “provas,” que foram fechadas no Museu Britânico.

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O que isso mostra? Que as espécies não evoluem e que a evolução é umafraude? Não, mostra que a Ciência segue criteriosos métodos, e quando estesmétodos não são seguidos pistas falsas e indivíduos mal-intencionados podemaparecer. Foi o próprio Método Científico que desvendou a fraude, foi o MétodoCientífico, com sua clareza e objetividade, que descartou falsas evidências,para que as genuínas recebam o crédito que merecem.

E o que não falta são evidências para a Evolução.

A Ciência é perfeita, mas os cientistas não. São pessoas que cometem erros ealguns são levados pela vaidade. Os processos de refereeing neutralizam isso, já que profissionais que você nunca viu na vida, e muito provavelmente nãopossuem uma opinião a respeito de sua pessoa, examinarão seus artigos sempaixão, mas com objetividade; tendo apenas como meta o desenvolviumentodo conhecimento humano.

A Ciência é perfeita por isso: porque ela se auto-regula. Quem regula oCriacionismo? Quem regula os religiosos? Quais os métodos nos quais eles sebaseiam? Existe Método Criacionista?

Fi l ipenses 1:8 - Mas que importa? Contanto que Cristo seja anunciado detoda a maneira, o u c o m f i n g i m e n to o u e m v e rd a d e , nisso me regozijo, eme regozijarei ainda.

Creio que sabemos no que eles se baseiam…

Na próxima e última parte eu farei minhas considerações finais eagradecimentos.

Evo lu ção vs Cr iac ion ism o Par t e V I

Cons ider ações f ina is  

Eu poderia continuar falando seguidamente de todas as idiotices do DI queapregoam por aí, tentando refutar a Evolução. Para cada uma existe uma

explicação simples, mas não simplista. Este artigo não foi escrito para osreligiosos fundamentalistas desajuizados. Não foi escrito tentando fazer comque aceitem a Evolução; mesmo porque, aqui não é uma igreja. Os fatos estãoaí. Por mim, podem acreditar que Noé pegou todos os animais da Terra ecolocou num barco com formato de caixa de sapato e viveu 900 anos, eu nãome importo.

O que me irrita é ver o motivo com que os religiosos fundamentalistas aatacam: medo! Sim, m - e - d - o de suas vidinhas ridículas saírem da fantasiaque criaram entorno de si, afim de se sentirem menos miseráveis. O deus

deles é tão limitado que, ao seu ver, ele SÓ poderia criar o mundo e os seresviventes como diz um livro cheio de erros históricos, científicos e geográficos.

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Um livro com contradições absurdas, escrito na Idade do Ferro por uma tribode pastores ignorantes, que não sabiam nada sobre o mundo afora.

Enquanto eles estavam venerando um deus tribal, que ordenava matanças eextermínio, os Egípcios já tinham construído as Grandes Pirâmides,Eratóstenes tinha determinado a circunferência (e não círculo) da Terra,

usando duas estacas, com um erro estupidamente ridículo, mesmo para ospadrões de hoje. Enquanto os hebreus achavam que as estrelas eram apenasluzeiros, a Biblioteca de Alexandria abrigava os mais famosos cientistas daépoca, com um volume de trabalho monstruoso. Volume esse dilapidado,queimado e destruído por fanáticos religiosos que tinham medo doconhecimento e só conheciam a escuridão da crença.

Não sinto o menor apreço ou raiva de religiosos apedeutas. Eu sinto desprezo.A irritação vem de uma tentativa de fundamentalistas toscos que querempodar a Ciência, reconduzindo-nos à uma nova Idade das Trevas. Mas não

conseguirão. A própria Ciência criou mecanismos de se auto-proteger deiletrados como vocês, fundamentalistas. Conseguiram condenar Scopes a umamulta, mas a lei do Tenessee caiu, perderam no Julgamento de Dover econtinuarão perdendo cada vez mais, podem estar certos. Vocês mergulharamo mundo em 1000 anos de atraso cultural. É irônico que os árabes de outroraforam os responsáveis por guardarem, cultivarem e pesquisarem os velhosfilósofos, desenvolverem a matemática, aritmética, geometria, alquimia (comoantes a Química era conhecida, antes do termo “alquimia” virar coisa decharlatães) etc. O Renascimento acabou com seu domínio, o Iluminismotrouxe-nos a luz da Razão. Hoje, os árabes estão caindo em sua própria Idade

das Trevas, mas em outros lugares, a Luz do Conhecimento se acende.Aceitem: os fundamentalistas perderam! E continuarão perdendo, porqueagora temos um veículo global de difusão do pensamento, de disseminação deinformação e cultura. Antes, poucos tinham acesso a livros. O DicionárioFilosófico era deixado em bancos de praças para os interessados lerem. Hojeestamos num espaço onde os ávidos por conhecimento chegam em busca derespostas. Seu obscurantismo foi destroçado. Ainda dominam uma parcelaignorante, mas isso é o de menos. Não podem mais impor suas vontades.Podem continuar rezando pro Jesus, pro seu enviado de Alá, montado nocamelo ou em um deus qualquer.

Muitos cientistas estão atentos e dentre eles tem muitos religiosos, comoFrancisco Ayala. Ele é cristão, defende sua fé, mas sabe diferenciar o real doimaginário e luta pra unificar os dois lados: Fé e Ciência. Mas, graças afundamentalistas toscos, ele fracassará. Não importa, o tempo mostrou o queaconteceu com cada teocracia, e a atual teocracia dos fundamentalistas será apróxima.

Darwin foi e ainda é um dos maiores marcos da Ciência. Queiram vocês ounão, não me importo. O texto desta série foi para os que não querem aceitar

como cordeirinhos qualquer besteira que lhe impuserem. São fatos históricos ecientíficos, embasados por periódicos científicos, livros, internet,

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documentários etc. Seu livro (seja ele qual for) não é páreo para as milharesde fontes informativas.

Sento-me agora e rio daqueles que tentaram, tentam e ainda tentarãoobscurecer as mentes. Nós aqui fizemos a nossa parte, assim como muitosoutros fizeram no passado, e muitos mais ainda farão no futuro. As trevas

agora estão se dirigindo para os últimos dias sobre sua pobre crença, que osfaz acreditar ainda que suas religiões vencerão o Conhecimento.

Agradec imen tos  

Deixo aqui meus agradecimentos aos meus amigos que me ajudaram a redigireste texto e o revisaram, bem como me deram idéias, sugestões e melhoriasno texto, em termos de clareza e aprofundamento. Agradeço também ao

pessoal da comunidade orkutiana Evo x Cria , Clube Cético, STR, ao siteEvolucionismo x Criacionismo e até a vocês, criaBURRIcionistas, eu agradeço.Seus esforços de tentarem refutar o irrefutável nos faz estudar mais, procurarmais e, por fim, ANIQUILÁ-LOS, reduzindo seus pseudo-argumentos ao querealmente são: uma piada! A vocês, meus caros fundamentalistas, deixo umamensagem do próprio Charles Darwin

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