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MARCELLO BARBOSA OTONI GONÇALVES GUEDES
EVIDÊNCIAS DE VALIDADE DE UM QUESTIONÁRIO PARA AVALIAÇÃO DO
APOIO SOCIAL INFORMAL PARA IDOSOS
NATAL/RN
2017
www.posgraduacao.ufrn.br/ppgscol [email protected] 55-84-3342-2338
CENTRODECIÊNCIASDASAÚDEPROGRAMADEPÓS-GRADUAÇÃOEMSAÚDECOLETIVA
MARCELLO BARBOSA OTONI GONÇALVES GUEDES
EVIDÊNCIAS DE VALIDADE DE UM QUESTIONÁRIO PARA AVALIAÇÃO DO
APOIO SOCIAL INFORMAL PARA IDOSOS
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Saúde Coletiva, Centro de Ciências da Saúde
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
como requisito para a obtenção do título de
Doutor em Saúde Coletiva.
Orientador: Prof. Dr. Kenio Costa Lima
Natal/RN
2017
Ficha Catalográfica
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Alberto Moreira Campos - Departamento de
Odontologia
Guedes, Marcello Barbosa Otoni Goncalves.
Evidências de validade de um questionário para avaliação do
apoio social informal para idosos / Marcello Barbosa Otoni
Goncalves Guedes. - 2018.
76f.: il.
Tese (Doutorado em Saúde Coletiva)- Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós
Graduação em Saúde Coletiva, Natal, 2018.
Orientador: kenio Costa de Lima.
1. Idosos - Tese. 2. Apoio social - Tese. 3. Inquéritos e
questionários - Tese. 4. Estudos de validação - Tese. 5. Análise
fatorial - Tese. I. Lima, kenio Costa. II. Título.
RN/UF/BSOI BLACK D56
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha esposa, por sua compreensão e apoio nos momentos
difíceis de estudo, escrita e trabalho com o projeto. A meus pais e irmãos, por sempre estarem
a meu lado.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, por me proporcionar saúde e a possibilidade de ter desenvolvido
este projeto. A minha esposa Thais, pelo companheirismo e apoio que tornaram esta
caminhada mais branda. Aos meus pais Marcelo Neto e Marilande, que sempre me
direcionaram para um caminho correto. A meu orientador, professor Kenio, por uma
orientação irretocável e de excelência acadêmica. A meus irmãos, todos os familiares e
amigos que participaram um pouco deste momento, o meu muito obrigado por acreditarem
sempre no meu potêncial.
Todas as vitórias ocultam uma abdicação.
Simone de Beauvoir
RESUMO
O envelhecimento populacional é uma realidade no Brasil e no mundo, evidenciando além de
uma transição demográfica, uma transição epidemiológica. Novas demandas para o cuidado
integral da pessoa idosa se fazem presentes e, para que seja contemplada, a
multidimensionalidade da saúde, seus aspectos sociais também devem ser considerados na
avaliação em saúde. Dentre fatores sociais importantes para a avaliação do idoso, merece
destaque o Apoio Social, sobretudo o informal. Assim, os objetivos deste trabalho foram
construir e validar um questionário para avaliação do apoio social informal para idosos. Trata-
se de uma pesquisa descritiva, observacional, do tipo quantitativa. O projeto foi aprovado pelo
comitê de ética em pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes, sendo executado entre
os meses de janeiro a dezembro de 2016 no município do Natal-RN e em outras localidades
do Brasil por entrevistas presenciais com os idosos e questionário autorrespondido
virtualmente com os especialistas. Os critérios de inclusão foram: experiência comprovada na
área de apoio social (para especialistas) ou ter 60 anos ou mais e ter capacidade cognitiva
preservada (para os idosos). Na etapa de Validade de Conteúdo (VC), avaliou-se a relevância
dos itens segundo Índice de Validade de Conteúdo (IVC) geral e por item e montagem de
painel com as observações feitas pelos especialistas. Na etapa de Validade do Processo de
Respostas (VPR), avaliou-se o entendimento referente aos itens pelo público alvo. Para
validade fatorial procedeu-se com Análise Fatorial Exploratória (AFE). Para realização da
AFE foi usado o programa estatístico M PLUS Versão 7®. Foi realizado agrupamento de
variáveis (tipo R) e extração de fatores com análise de fatores comuns, a partir de rotação
oblíqua Geomin. Como critério de exclusão dos itens foi adotado o valor de referência maior
ou igual a 0,35 de carga fatorial e maior ou igual a 0,5 de comunalidade por item. Para
determinação da quantidade de fatores retidos, foram observados os critérios de valores
próprios >1, variância explicada acumulada mínima de 60% e análise paralela de Horn. Na
etapa de VC com especialistas, obteve-se um total de 40 entrevistados, 90% eram Doutores,
7,5% Mestres e 2,5% Especialistas. O IVC geral foi de 0,88 e apenas um item teve IVC
considerado pobre. Após avaliação do painel, dois itens foram incluídos e os demais
aprimorados. Na etapa de VPR com os idosos, obteve-se um total de 41 entrevistados. Após
análise do painel de observações feitas pelos idosos, as questões passaram por modificações
para seu aperfeiçoamento. 259 idosos, das cinco regiões do Brasil responderam ao
questionário. Após AFE, 4 itens foram excluídos devido a pobreza de suas cargas fatoriais e 4
fatores foram identificados: “composição e extensão da rede social”, “ apoio instrumental e
disponibilidade”, “reciprocidade e longitudinalidade” e “apoio emocional e participação
social”. O questionário demonstrou uma boa relevância dos itens propostos e as observações
feitas pelos entrevistados permitiram uma aproximação da linguagem utilizada no
instrumento, à linguagem usada pelos idosos. O instrumento com 20 itens e 4 fatores retidos,
apresentou boas propriedades psicométricas, tais como: cargas fatoriais aceitáveis e
comunalidades excelentes. Sugere-se 42 como pontuação geral de corte ótima.
Palavras-chave: Apoio Social. Idosos. Inquéritos e Questionários. Estudos de Validação.
Análise Fatorial.
ABSTRACT
Population aging is a reality in Brazil and in the world, evidencing, besides a demographic
transition, an epidemiological transition. New demands for the integral care of the elderly are
present and to be considered, the multidimensionality of health, its social aspects should also
be considered in health assessment. Among important social factors for the assessment of the
elderly, Social Support, especially the informal one, deserves special mention. Thus, the
objectives of this study were to construct and validate a questionnaire to evaluate informal
social support for the elderly. It is a descriptive, observational and quantitative research. The
project was approved by the research ethics committee of the Onofre Lopes University
Hospital, and was performed between January and December 2016 in the city of Natal-RN
and other locations in Brazil through face-to-face interviews with the elderly and a
questionnaire virtually answered by the specialists. Inclusion criteria were: proven experience
in the social support area (for specialists) or 60 years of age or older and have preserved
cognitive ability (for the elderly). In the Content Validity (CV) stage, was evaluated by
relevance of the items according to the General Content Validity Index (CVI) and per item
and panel assembly were evaluated with the observations made by the specialists. In the
Validity of Process Responses (VPR) stage, the understanding of the items by the target
audience was evaluated. For factorial validity we proceeded with Exploratory Factor Analysis
(EFA). Using the statistical program M PLUS Version 7® was used. Variable grouping (type
R) and factor extraction were performed with analysis of common factors, using oblique
rotation Geomin. As exclusion criterion of the items was adopted a reference value greater
than or equal to 0.35 of factorial load and greater or equal to 0.5 of commonality per item. To
determine the amount of retained factors, the criteria of own values> 1, minimum cumulative
explained variance of 60% and parallel Horn analysis were observed. In the CV stage with
specialists, a total of 40 interviewees were obtained, 90% were PhD, 7.5% Masters and 2.5%
Specialists. The general CVI was 0.88 and only one item had considered poor. After panel
evaluation, two items were included and the others modified. In the VPR stage with the
elderly, a total of 41 interviewees were obtained. After analyzing the panel of observations
made by the elderly, the issues went through modifications for their improvement. A sample
of 259 elderly people from the five regions of Brazil answered the questionnaire. After EFA,
4 items were excluded due to the poverty of their factorial loads and 4 factors were identified:
"composition and extension of the social network", "support instrumental and availability",
"reciprocity and longitudinality" and "support emotional support and social participation".
The questionnaire showed a good relevance of the proposed items and the observations made
by the interviewees allowed an approximation of the language used in the instrument, to the
language used by the elderly. The instrument with 20 items and 4 retained factors presented
good psychometric properties, such as: acceptable factor loads and excellent commonalities.
We suggest 42 as the overall optimal cut score.
Keywoods: Social Support. Aged. Surveys and Questionnaires. Validation Studies. Factor
Analysis, Statistical.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1 - Critérios de busca e inclusão de artigos científicos referente ao Apoio
Social, Natal-RN, Brasil, 2017.
16
Quadro 2 - Instrumentos para avaliação do Apoio Social, ano de publicação e
abordagem da pesquisa. Natal-RN, 2017 20
Quadro 3 - Primeira versão do instrumento após revisão da literatura e consenso
dos juízes para avaliação de especialistas, Natal-RN, Brasil, 2017. 32
Quadro 4 - Observações para alterações e sugestões de inclusão de itens dos
especialistas aceitas pelos juízes. Natal-RN, Brasil, 2017. 34
Quadro 5 - Itens sem e com alterações, após sugestões específicas dos especialistas
aceitas pelos juízes. Natal-RN, Brasil. 2017
34
Quadro 6 - Itens Sem e com alterações após sugestões do público-alvo aceitas
pelos juízes. Natal-RN, Brasil. 2017 35
Quadro 7 - Questionário de Apoio Social Informal para Idosos após etapas de
validação baseada no conteúdo e no processo de respostas. Natal-RN,
Brasil, 2017 35
Figura 1 - Gráfico de autovalor e simulação de fatores para critério de Análise
Paralela de Horn do Questionário de Apoio Social Informal para
Idosos 39
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Índice de Validade de Conteúdo (IVC) por item e geral, segundo julgamento
de relevância por especialistas, Natal-RN, Brasil, 2017 34
Tabela 2 - Cargas Fatoriais dos 24 itens originais do Questionário de Apoio Social
Informal para Idosos, considerando apenas 1 Fator extraído. Natal-RN,
Brasil. 2017
36
Tabela 3 - Número de Fatores extraídos, seus valores próprios, porcentagem explicada
pela variância comum para cada fator possível e porcentagem da variância
comum acumulada do Questionário de Apoio Social Informal para Idosos.
Natal-RN, Brasil. 2017
37
Tabela 4 - Matriz de cargas fatoriais rotacionadas com 4 Fatores Extraídos, 20 itens e
suas respectivas comunalidades do Questionário de Apoio Social Informal
para Idosos. Natal-RN, Brasil. 2017
39
Tabela 5 - Valores atribuídos aos itens e ao instrumento. Médias aritméticas e desvio
padrão por item. Médias por Fatores. Média geral e Mediana do instrumento,
após entrevistas com idosos. Natal-RN, Brasil, 2017. 40
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 12
2 REVISÃO DA LITERATURA.......................................................................... 16
2.1 O PAPEL DO APOIO SOCIAL E DAS REDES MICROSSOCIAIS NA
SAÚDE DO IDOSO............................................................................................
16
2.2 AVALIAÇÃO DO APOIO SOCIAL E DA REDE SOCIAL............................. 19
2.3 APOIO SOCIAL E O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: UM PONTO PARA
REFLEXÃO..........................................................................................................
21
2.4 O MANEJO DO APOIO SOCIAL: ESTRATÉGIAS E FERRAMENTAS
BASEADAS EM EVIDÊNCIA............................................................................
23
3 OBJETIVOS........................................................................................................ 27
3.1 OBJETIVO GERAL............................................................................................. 27
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................................................... 27
4 MÉTODO............................................................................................................ 28
4.1 CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA............................................................... 28
4.2 COLETA DOS DADOS E PLANO AMOSTRAL.............................................. 28
4.3 ANÁLISE DOS DADOS...................................................................................... 30
4.4 ASPECTOS ÉTICOS .......................................................................................... 31
5 RESULTADOS................................................................................................... 32
6 DISCUSSÃO........................................................................................................ 42
7 CONCLUSÕES................................................................................................... 50
REFERÊNCIAS.................................................................................................. 51
APÊNDICES....................................................................................................... 59
12
1 INTRODUÇÃO
Investigações vêm mostrando que a pobreza de relações sociais constitui fator de risco
à saúde, comparável a outros que são comprovadamente nocivos, tais como o fumo, a pressão
arterial elevada, a obesidade e a ausência de atividade física, os quais acarretam implicações
clínicas para Saúde Pública (ANDRADE; VAITSMAN, 2002). O Apoio Social (AS) parece
ter um amplo impacto em muitos aspectos da vida das pessoas, sobretudo em população sob
vulnerabilidade social, psicológica e de saúde, como é o caso dos idosos (JOHNSON et al.,
2014).
O envelhecimento populacional é realidade mundial e o Brasil acompanha esta
mudança demográfica e epidemiológica de forma acelerada. Em 2050 teremos mais de 30
milhões de idosos (FURTADO et al., 2012; VERAS, 2009; LEBRÃO, 2009). Juntamente
com estas mudanças, fazem-se presentes novas demandas no cuidado com a pessoa idosa,
diante de um olhar mais amplo relacionado às questões de saúde. Entender o cuidado ao idoso
considerando apenas os aspectos relativos à doença e negligenciando aspectos importantes,
tais como os sociais e os psicológicos, poderá prejudicar ações integrais e efetivas a esta
população (PAIM; ALMEIDA FILHO, 2014; BACKES et al., 2009; SCILIAR, 2007;
SEGRE; FERRAZ, 1997).
Na direção da complexidade da compreensão do processo saúde-doença do idoso, o
Ministério da Saúde brasileiro em 2006, determinou como formas de ações prioritárias para
esta população, a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI) que destaca, dentre
outros fundamentos, a participação ativa dos idosos na sociedade, incluindo participação
contínua nas questões sociais e fomento a recursos socioeducativos e de saúde direcionados a
esse grupo (BRASIL, 2006).
Pesquisas descrevem que condições sociais inadequadas estão diretamente associadas
a indicadores de doenças ou condições adversas de vida, influenciando também o bem estar
emocional das pessoas (FÉLIX et al., 2016; JOHNSON et al., 2014; MELCHIORRE et al.,
2013; BOEN; DALGADO; BJERTNESS, 2012; EISELE et al. 2012). Nesta perspectiva, o
Apoio Social (AS), em especial o informal, tem papel importante como ferramenta de suporte
à atenção à saúde das pessoas com 60 anos ou mais (MAIA et al., 2016; LUCHESI et al.,
2015).
13
García-Martín et al. (2016) conceituam o AS como o suporte acessível a um indivíduo
através de laços sociais com outros indivíduos, grupos e a comunidade. Griep e colaboradores
(2005) destacam o apoio social como qualquer ajuda que o indivíduo posso receber em caso
de necessidade. Squassoni, Matkusara e Panúncio-Pinto (2016) destacam o apoio social como
uma informação que leva o indivíduo a acreditar que é amado, que existem pessoas que se
preocupam com ele, que é apreciado, valorizado, e que está afiliado a grupos com
responsabilidades mútuas.
A diferenciação das relações de apoio social de acordo com seu conteúdo, processo e
desenvolvimento podem impactar diretamente na adaptação dos indivíduos ao seu meio
social. Nesta perspectiva, o AS deve ser avaliado distinguindo-se seus tipos segundo as
relações que lhe dão origem (ORNELAS, 1994). É comum observar na literatura científica a
diferenciação entre Apoio Social Formal (ASF), onde incluem-se os serviços estatais, de
segurança social, organizações diversas, tais como grupos de igrejas, profissionais da saúde,
dentre outros e Apoio Social Informal (ASI), onde inclui-se a rede de familiares, amigos e
vizinhos, por exemplo (MARTINS, 2005; CHATTERS; TAYLOR; JACKSON, 1985). O
isolamento e a quebra dos vínculos com a rede de ASI poderiam aumentar a vulnerabilidade
dos indivíduos ao adoecimento, tornando-se uma barreira para o alcance do envelhecimento
ativo (MAIA et al., 2016; SQUASSONI; MATSUKURA; PANÚNCIO-PINTO, 2014).
A importância do AS é destacada por Maia et al. (2016) que reiteram que a existência
de redes de apoio informal é um componente essencial para assegurar a autonomia, uma
autoavaliação positiva, uma maior saúde mental e satisfação de vida. Félix et al. (2016) em
revisão integrativa da literatura, identificaram a falta de apoio social como um dos fatores
preponderantes para a tentativa de suicídio em grupos vulneráveis no Brasil, o que corrobora
achados de outro país (KLEIMAN; LIU, 2014).
O AS compõe os recursos sociais e individuais de enfrentamento nos quais as pessoas
baseiam suas respostas a necessidades cotidianas e situações estressantes (GONÇALVES et
al., 2011). A avaliação do indivíduo sobre o AS bem sucedido tem sido relacionada a diversos
desfechos positivos na saúde física e mental, influenciando a maneira de perceber situações
estressantes, o bem-estar emocional e psicológico e até a longevidade dos indivíduos
(MELCHIORRE et al., 2013; BOEN; DALGADO; BJERTNESS, 2012; GONÇALVES et al.,
2011).
14
A validade se refere a capacidade de um instrumento medir com precisão o fenômeno
a ser estudado, ou seja, quando ele consegue avaliar realmente seu objetivo (ALEXANDRE;
COLUCI, 2011). Para a construção e validação de um questionário fazem-se necessárias,
dentre outras, as etapas de “validade baseada no conteúdo”, “validade baseada no processo de
respostas” e a “validade fatorial”, que poderão ser desenvolvidas por procedimentos
qualitativos e quantitativos, de acordo com a metodologia proposta (AERA, 2014;
ALEXANDRE; COLUCI, 2011; VIEIRA, 2009; PASQUALI, 2007).
A validade baseada no conteúdo avalia o grau em que cada elemento de um
instrumento de medida é relevante e representativo de um específico construto com um
propósito particular de avaliação e é usualmente desenvolvida a partir de abrangente revisão
da literatura, consulta a especialistas através de entrevistas, discussão em grupo (grupos
focais) ou construção de painel, seguida de julgamento por juízes (PINHEIRO; FARIAS;
ABE-LIMA, 2013; VIEIRA, 2009). Já a validade baseada no processo de respostas engloba a
análise de entrevistas a pessoas leigas potencialmente relacionadas com a população do
estudo e posterior avaliação de juízes. (AERA, 2014; PINHEIRO; FARIAS; ABE-LIMA,
2013; ALEXANDRE; COLUCI, 2011). Infelizmente, a maior parte dos autores não
descrevem em detalhes estas etapas.
A validação fatorial é definida como o grau em que um instrumento mede o construto
que pretende medir e somente será aceita se os itens do instrumento estiverem relacionados
com os conceitos teóricos e sua operacionalização (CRONBACH; MEEHL, 1955). Esta etapa
tem o objetivo de validar a teoria em que se apoiou a construção do instrumento, tendo
portanto relação direta com as etapas anteriores (DEVON et al., 2007; SHULTZ; WHITNEY,
2005). A Análise Fatorial, em especial a exploratória, se baseia na definição de uma estrutura
por domínios com a criação de um conjunto menor de variáveis, comparando-se ao conjunto
original e diferentemente da análise fatorial confirmatória, o pesquisador tem pouco ou
nenhum conhecimento acerca da estrutura dos fatores (DAMÁSIO, 2012; VIEIRA & RIBAS,
2011; HAIR JÚNIOR et al., 2009; FÁVERO, 2009).
Dentro da lógica da sistematização do processo de avaliação, faz-se necessário que os
instrumentos obedeçam o rigor metodológico das etapas do processo de validação (AERA,
2014; LUCAS et al., 2010). A avaliação criteriosa do ASI pode se tornar complexa,
demasiadamente abstrata e subjetiva, caso não sejam utilizados instrumentos de avaliação
15
validados no processo de investigação. As variáveis de observação são múltiplas, o que pode
trazer dificuldade para uma observação exclusivamente subjetiva.
Para uma intervenção eficiente no Apoio Social Informal (ASI) é importante que seu
processo de avaliação utilize instrumentos de reconhecida validade. No entanto, a medição do
construto permanece uma questão que tem sido abordada a partir de perspectivas diferentes
por muitos pesquisadores, utilizando diferentes instrumentos de avaliação e que muitas vezes
não contemplam requisitos mínimos de validação (GOMIDE; SCHUTZ, 2015;
GONÇALVES et al., 2011). Somando-se a esta falta ou redução da utilização de instrumentos
adequados, a multidimensionalidade do construto apoio social e a falta de distinção entre o
Apoio Formal (ASF) e o ASI, têm contribuído para a adversidade na construção de
instrumentos apropriados, tornando-se excessivamente genéricos, o que dificulta a
comparação de resultados entre as pesquisas, podendo também levar a uma avaliação
imprudente ou incompleta (GONÇALVES et al., 2011).
Diante do exposto até aqui e de outros pressupostos de evidências científicas para o
processo de avaliação (SALMOND, 2008), percebe-se a importância de utilizar instrumentos
construídos e validados para análise do ASI, mediante a escassez de recursos de avaliação na
literatura para este construto específico (GONÇALVES et al., 2011), considerando ainda que
a maior parte dos instrumentos abordam o Apoio Social Formal ou mesmo não diferem os
construtos um do outro para a população idosa (SQUASSONI; MATSUKURA; PANÚNCIO-
PINTO, 2016; DOMINGUES et al., 2011; GRIEP et al., 2005).
2 REVISÃO DA LITERATURA
Para atender aos propósitos do estudo, procedemos com um levantamento
bibliográfico. A revisão da literatura foi do tipo narrativa, com pesquisa na internet entre os
meses de outubro e dezembro de 2016, os critérios de busca e inclusão dos artigos estão
descritos no quadro 1. Os cruzamentos entre os descritores eram sempre realizados entre
“social support” e um segundo descritor, utilizando o operador boleano “and”. Em seguida as
informações foram compiladas em formato de temáticas para facilitação do entendimento.
16
Quadro 1 – Critérios de busca e inclusão de artigos científicos referente ao Apoio Social, Natal-RN,
Brasil, 2017.
Período da publicação 1996 a 2016
Base de dados PubMed/MedLine/; Cochrane; Scopus; Busca
ativa nas referências dos artigos encontrados
Descritores Social Support; Aged; Handling; Evaluation;
Social Networking; Public Health
Operador boleano “and”
Restritores Seres humanos com 60 anos ou mais
Idiomas Inglês, Português, Espanhol
Total de Artigos incluídos 60
Fonte: Elaborado pelo próprio autor (2017)
2.1 O PAPEL DO APOIO SOCIAL E DAS REDES MICROSSOCIAIS NA SAÚDE DO
IDOSO
Geib (2012) destacam as redes sociais e comunitárias como determinantes sociais
definitivos para a saúde dos idosos, definindo-as como capital social formado por relações
fortalecidas por confiança, cooperação e reciprocidade. Portanto, redes sociais são fortalecidas
quando existe reciprocidade nas relações interpessoais. Quando não existe reciprocidade, a
interação social se desequilibra, enfraquecendo os laços da coesão social e consequentemente
das relações sociais, formando assim um ciclo prejudicial para a vida das pessoas em fase de
vida mais avançada.
Para muitas pessoas idosas, as redes constituem o único recurso disponível para aliviar
as cargas da vida cotidiana e aquelas que provêm da enfermidade (GEIB., 2012), trazendo
suporte emocional e uma percepção sobre si mesmo mais positiva (GONÇALVES, 2011),
numa concepção que vai muito além do simples fato de ir à farmácia ou a padaria como forma
de ajudar, mas sim de se fazer o idoso efetiva e afetivamente envolvido num ambiente
positivo e acolhedor.
Destacados alguns pontos sobre o papel da rede e do apoio social para os idosos, é
importante a discussão sobre as seguintes questões: como são constituídas as redes
microssociais? Quem seriam os atores sociais envolvidos e que poderiam dar suporte à
17
construção desta rede? Serão destacados os seguintes entendimentos: a) existem pessoas mais
próximas, com contatos sociais frequentes, por exemplo, uma vez na semana ou algumas
vezes no mês e normalmente estão presentes em situações de necessidade. Esses atores
sociais, formam nossa rede microssocial (MAIA et al., 2016; AMARAL et al., 2013); b) esta
rede pode também ser composta por profissionais qualificados, como os da saúde, por
exemplo, ou serviços estatais, os quais poderão fornecer apoio social, neste caso, do tipo
formal, ou por amigos, parentes, vizinhos, que também poderão fornecer um suporte social,
neste caso, do tipo informal (MAIA et al., 2016; MARTINS, 2005). É interessante reiterar
que a rede microssocial pode ser composta hora por apoio formal, hora por apoio informal.
Alvarenga et al., (2011), estudando uma população de 503 idosos da cidade de
Dourados no Mato Grosso do Sul, encontraram que a rede mais próxima de contatos sociais
para o grupo, era constituída em importância decrescente principalmente por filhos, vizinhos,
netos e amigos. Neste mesmo estudo, outros atores também foram citados, como agentes
comunitários de saúde e irmãos. Maia et. al (2016) em estudo desenvolvido com 306 idosos
em Portugal identificou os familiares e rede de amigos como os maiores preditores para o
envelhecimento ativo.
Um importante aspecto destacado por Gardner (2011) no que diz respeito ao suporte
informal é a constituição das redes naturais de vizinhança (Natural Neighborhood Networks-
NNN) que compreendem três tipos de relações. Relações de proximidade (vizinhos), relações
de serviço (motoristas de táxi, funcionários de lojas, dentre outros) e relações com pessoas
que não residem no bairro. Tais redes melhorariam sobremaneira o suporte oferecido pela
família e amigos e não substituiria o suporte formal, mas o complementaria.
Barker (2002) destaca que a relação existente entre os cuidadores informais sem
parentesco com o idoso caracteriza um cuidado casual, limitado, cuja relação é comprometida.
Tais relações sofrem variação de acordo com o grau de afetividade entre os cuidadores e
idosos. Ainda assim, o autor ressalta que essas relações são benéficas, podendo reduzir o grau
de ansiedade dos idosos fragilizados e evitar a institucionalização.
Sabe-se, no entanto, que existe certa complexidade na avaliação das redes
microssociais, já que elas vão além de simplesmente identificar quem poderiam ser as pessoas
envolvidas, fazendo-se necessário o entendimento de aspectos importantes como a extensão
da rede e a qualidade do apoio recebido pelos atores nela envolvidos. A relação social de
18
cuidado desenvolvida pelo idoso com a família, amigos ou até mesmo outros idosos se torna
algo benéfico a partir do momento em que existe o bem estar do idoso, o qual se configura por
meio do bom relacionamento com a família, amigos e vizinhos (GOUVEIA et al., 2016;
GRIEP et al., 2005).
O papel da rede de suporte ofertada por amigos, família e vizinhos para idosos
canadenses frágeis foi avaliado por Fast et al., (2004). Segundo os autores, as redes de
cuidados podem variar muito em função do tamanho, da composição da relação, gênero, idade
e proximidade. Portanto, as características da rede podem vir a expor os idosos a riscos de
receber suporte inadequado. Destacam-se aqui alguns fatores como, por exemplo, pequeno
tamanho da rede, altas proporções de cuidadores não-parentes, homens e membros distante
geograficamente e falta de cônjuge ou companheiro(a) em casa, como possíveis fatores
associados ao suporte inadequado.
Efeitos negativos do suporte social na saúde e bem estar também são descritos. Ramos
(2002) cita que pode haver efeito negativo na auto-estima do idoso que recebe suporte,
quando este o reconhece como dependência e falta de autonomia, e, mais ainda, quando existe
falta de capacidade de retribuir o auxílio recebido. Muitos indivíduos podem deprimir diante
de uma troca não balanceada. Relações descompassadas entre os atores envolvidos no suporte
ofertado e recebido, também podem gerar efeito negativo.
Questões relacionadas a gênero sempre permeiam a discussão do suporte informal. Em
vários estudos (BOURQUE et al., 2005; BARRETT; LYNCH, 1999; BARKER, MORROW;
MITTENESS, 1998) as mulheres apresentam mais cuidados informais que os homens. A
figura da filha adulta é o elemento chave no cuidado informal às mulheres. Quanto aos
homens, especialmente aqueles casados com mulheres que não são as mães dos seus filhos,
tendem a ter redes de apoio pequenas e vulneráveis (BARKER; MORROW; MITTENESS,
1998). Larsson e Thorslund (2002), no entanto, afirmam que os homens são mais propensos a
receberem cuidado informal através de suas esposas. Segundo eles, as mulheres, por sua vez,
recebem mais cuidados do tipo formal. Para eles, é muito mais comum as mulheres viverem
sozinhas. Os homens moram com a esposa ou outro familiar, o que implica em uma maior
prevalência de recebimento de cuidados pelos homens. No estudo de Larsson e Thorslund
(2002), 54% dos homens recebiam cuidado informal de um morador do mesmo domicílio.
Para as mulheres, esse valor era de 13%. Segundo eles, não houve diferença no recebimento
de cuidado informal entre pessoas de nível educacional diferente.
19
O suporte para idosos não-casados e sem filhos foi estudado por Wu e Pollard (1998).
Uma vez que existem funções sociais específicas de filhos, nestes idosos estas costumam ser
realizadas pelos irmãos, que podem ter senso de compromisso similar ao existente na relação
entre pais e filhos. O subgrupo dos viúvos e divorciados parece estar sob maior risco de falta
de suporte. Os solteiros, ao contrário, tendem a cultivar mais amizades de maneira mais ativa
ao longo da vida, e estas poderão funcionar como rede de suporte no envelhecimento.
Segundo os autores, o suporte oferecido pelos vizinhos está mais relacionado a situações
emergenciais, tendo em vista a proximidade geográfica. Por outro lado, o apoio prolongado é
provido por parentes.
2.2 AVALIAÇÃO DO APOIO SOCIAL E DA REDE SOCIAL
Para avaliação do apoio social, uma série de questões são propostas em vários estudos.
Os aspectos mais relevantes nesse sentido englobam uma avaliação da composição e tamanho
da rede social, a durabilidade, a proximidade geográfica, a frequência do contato social, a
intimidade e a reciprocidade, a qualidade do suporte social recebido, o suporte instrumental e
emocional e a ajuda aos outros (GOMIDE; SCHÜTZ, 2015; THANAKWANG et al., 2011;
WALTER-GINZBURG et al., 2002; CHI; CHOU, 2001).
Algumas ferramentas específicas podem ser usadas para avaliar o suporte informal e,
consequentemente, analisar a rede em que o idoso está inserido, mostrando-se instrumentos
importantes para pesquisas e avaliação da situação de saúde para intervenções que venham a
contemplar os diversos aspectos de saúde do idoso, incluindo os sociais. O objetivo aqui não é
aprofundar esforços no entendimento desses instrumentos, mas citá-los brevemente para uma
posterior análise sobre a escolha mais do instrumento mais adequado a depender do contexto.
É prudente dizer ainda que necessita-se de instrumentos com critérios de construção e
validação mais cuidadosos (AERA, 2014) e que acolham a população brasileira nos seus
aspectos culturais e sociais específicos. Ademais, poucos foram os instrumentos direcionados
a população idosa e nenhum deles abordou o apoio social, especificamente o informal, para
idosos. No quadro abaixo (Quadro 2) segue um resumo com alguns instrumentos.
Quadro 2 - Instrumentos para avaliação do Apoio Social, ano de publicação e abordagem da pesquisa.
Natal-RN, 2017
20
Instrumento/Autor Ano Abordagem
Escala de apoio social
para hábitos alimentares
saudáveis. (PESSINI et
al.)
2016
Avaliou a equivalência transcultural e as propriedades
psicométricas em pessoas com pessoas de 24 a 86 anos. O
instrumento apresentou equivalência transcultural e propriedades
psicométricas adequadas para aplicação em adultos e idosos
Mapa Mínimo de
Relações do Idoso:
análise de
reprodutibilidade
(MMRI) (DOMINGUES
et al.)
2011
Apresenta a reprodutibilidade do MMRI (versão de adaptação
transcultural de 2000 do mesmo autor) que é constituído por quatro
quadrantes que representam família, amigos, comunidade e relações
com os serviços sociais ou de saúde. Sobre esses quadrantes
inscrevem-se três áreas, ou seja, um círculo interno de relações
mais próximas, um intermediário e outro de contatos ocasionais.
Escala de percepção de
suporte social (EPSS)
(SIQUEIRA)
2008
Aplicada a pessoas com média de idade de 23,93 anos. A partir de
análise fatorial obteve relevantes índices psicométricos.
Escala de apoio social
para a prática de
atividades físicas (Easaf)
(REIS et al.)
2011
Avalia a validade e a fidedignidade da versão brasileira da escala de
apoio social para a prática de atividades físicas em adultos
brasileiros.
Escala de Suporte Social
para Pessoas Vivendo
com HIV/ Aids (SEIDL;
TRÓCCOLI)
2006
A análise fatorial exploratória indicou a existência de dois fatores
de primeira ordem: suporte social emocional e suporte social
instrumental.
Escala de Apoio Social
do Estudo Pró-Saúde,
adaptada de Social
SupportSurveyofthe
Medical OutcomesStudy
(MOS) (GRIEP et al.)
2005
Composta por itens que abrange cinco dimensões funcionais de
apoio social: “material”, “afetivo”, “emocional”, “informação” e
“interação social positiva”.
Escala de Apoio Social
de Bille-Brahe(EAS/BB)
(GASPARI; BOTEGA)
2002
Questões que avaliam nível de demanda do indivíduo por apoio e
de obtenção do auxílio de sua família e amigos.
Escala de Suporte Social
e Estresse na Infância e
Adolescência
2001 Os autores estudaram o efeito do suporte social na infância e
adolescência sobre o estado depressivo de idosos
21
(CUPERTINO)
Questionário de Suporte
Social de Norbeck
(NSSQ)
(ANDRIOLA;
TROCCOLI,; DIAS)
1990
Avalia as múltiplas fontes de apoio social percebidas através de três
componentes funcionais (afeto, afirmação e ajuda) e de três
propriedades da rede social do sujeito (número de pessoas
componentes da rede, duração dos relacionamentos e frequência de
contato com os membros da rede)
Fonte: Elaborado pelo Autor (2017).
2.3 APOIO SOCIAL E O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: UM PONTO PARA REFLEXÃO
Um ponto que merece reflexão, refere-se a como as redes sociais estão inseridas no
sistema de saúde público vigente no Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS). Considerando a
integralidade como um dos princípios finalísticos do nosso sistema de saúde, onde uma de
suas dimensões é a observância do conceito ampliado em saúde, que deve dar atenção não só
aos aspectos de doença, mas também aos sociais e psicológicos (PAIM; ALMEIDA FILHO,
2014), o que se vê muitas vezes é que nossos serviços estão preparados para atenderem a uma
demanda somente a doenças, sobretudo as condições agudas, de forma fragmentada e que não
considera o protagonismo e autonomia do usuário. Isso gera limitações no atendimento,
redução de eficácia e incremento nos gastos, sobretudo com aqueles que apresentam
condições crônicas, sejam patológicas ou de fatores de risco (MENDES, 2010), como é o caso
da presença de uma rede microssocial desarranjada. Considera-se esta como uma condição de
risco crônica, por se tratar de uma condição que afeta a vida de muitos idosos de forma
continuada e prolongada. Neste contexto adverso, as redes sociais bem arranjadas favoreceria
o suporte social e, consequentemente, levariam a uma redução de demanda nas redes de
atenção à saúde.
No documento, “Diretrizes para o cuidado das pessoas com doenças crônicas nas redes
de atenção à saúde e nas linhas de cuidado prioritárias”, elaborado pelo Ministério da Saúde
(BRASIL, 2013), são preconizadas ações voltadas para os determinantes sociais, lançando
mão de ferramentas que sejam capazes de avaliar o processo saúde de forma completa,
considerando a complexidade e singularidade de cada um e o meio onde ele está inserido. Em
alguns momentos, aquele indivíduo mesmo medicado, continua com seus níveis de pressão
arterial elevados e alguns profissionais atuando na atenção primária em saúde, ainda com uma
22
visão hospitalocêntrica e meramente prescritiva, não entendem que podem existir diversos
fatores, incluindo os sociais, que poderiam estar prejudicando a evolução do processo de
tratamento, como é o caso das redes sociais. São sugeridas ainda neste documento,
instrumentos e ações atuais e integrativas para o sistema e para o sujeito, como, o projeto
terapêutico singular, a clínica ampliada, a atenção multiprofissional, o apoio matricial, o
cuidado coletivo, o cuidado apoiado por leigos, o acompanhamento à distância e o
autocuidado apoiado (BRASIL, 2013), que na prática não ocorrem nem com as condições
patológicas mais corriqueiras, tampouco com as condições sociais.
Introduzir novas ideias de atenção à saúde requer um esforço extra não somente das
autoridades políticas, dos gestores dos serviços e profissionais envolvidos, mas também um
esforço dos próprios usuários por uma responsabilidade compartilhada no cuidado de sua
saúde ou das pessoas próximas, proporcionando o empoderamento e autonomia popular para
as questões de saúde e bem estar do dia-a-dia deles mesmos. Este esforço deve ainda se
desenvolver com ações intersetoriais envolvendo os diversos setores da sociedade, sejam eles,
da saúde, da educação, do meio ambiente, da segurança pública, do transporte, dentre outros.
Como estas ações não ocorrem com a devida frequência, percebemos então um discurso do
século XXI e as ações propriamente ditas com o cuidado à saúde do século XIX, afastando-se
portanto da integralidade objetivada pelo SUS. Assim sendo, além desta nova visão,
discutiremos também a seguir algumas sugestões específicas para o manejo do suporte social
e construção das redes microssociais, como alternativas de cuidado e forma de apoio às redes
de atenção à saúde, que poderão ser inseridas nos diversos níveis dos serviços de saúde.
2.4 O MANEJO DO APOIO SOCIAL: ESTRATÉGIAS E FERRAMENTAS BASEADAS
EM EVIDÊNCIA
O manejo do apoio social pode também apresentar efeito reverso positivo, ou seja,
promover benefício aos que o executam. Estratégias como o autocuidado apoiado, a gestão de
cuidado por pares, os grupos operativos presenciais e não presenciais de idosos e o uso de
ferramentas interativas via internet, como as redes sociais e aplicativos de conversas com
smartphones podem se mostrar importantes instrumentos multiplicadores do AS na
comunidade e fortalecedores das redes microssociais. Citaremos nos próximos parágrafos,
23
algumas experiências exitosas em pesquisas e relatos com ações promotoras de apoio social
formal e informal.
O manejo do apoio social por parte dos profissionais de saúde é incipiente. Em geral,
os profissionais lançam mão do suporte formal. Muitas são as iniciativas de capacitação dos
próprios idosos como multiplicadores em programas de prevenção de doenças crônicas,
através das comunidades ou instituições religiosas. Destaca-se aqui o papel das “Promotoras
de Saúde”, mulheres idosas, identificadas por diversas instituições religiosas e que foram
capacitadas para atuarem em suas comunidades levando à população conhecimentos, atitudes
e formas de prevenção de vários tipos de cânceres. Entretanto, no que diz respeito a aspectos
sociais, como é o caso do AS, essas ações são ainda limitadas.
Davis et al., (1998) avaliaram tais benefícios sobre idosos livres de doenças terminais
ou transtornos cognitivos que receberam ou não suporte ao cuidado por um ano, prestado por
mentores voluntários idosos (mais jovens e mais saudáveis que os participantes do programa).
Estes foram treinados durante 12 sessões de duas horas, duas vezes na semana por seis
semanas em relação a exercício, nutrição, segurança doméstica, fumo, uso do álcool e
medicações. Ao final do estudo, observou-se que os voluntários não só prestaram serviços de
apoio a outros, como também se beneficiaram (melhorias na saúde e função), indicando uma
importância para a reciprocidade no Apoio Social para a saúde.
Barr e Russell (2007) documentaram as características das redes sociais de idosos
residentes de um resort costeiro, como parte de um estudo qualitativo do seu capital social.
Os autores destacaram que para a maioria dos respondentes, a aposentadoria foi o tempo de
transição em que eles se mudaram para o resort costeiro, o que significou uma quebra dos
padrões de conexão social. As famílias estavam geograficamente distantes e novas amizades
necessitaram ser estabelecidas na área. A filiação a clubes ou associações pode ser um dos
caminhos nos quais as conexões são feitas.
Outra forma proposta de manejo do suporte informal por parte dos idosos se dá através
da participação desse idoso em programas sociais, incluindo-os nas escolas, por exemplo, a
fim de que os mesmos possam contribuir na educação infantil (FRIED et al., 1997). Seguindo
essa mesma linha de raciocínio, Frick et al., (2004) avaliam o custo-efetividade da experiência
“CORPS” desenvolvida em Baltimore – EUA, onde os idosos têm a oportunidade de
contribuir com seu trabalho “voluntário” nas escolas públicas, desenvolvendo atividades de
24
moderado envolvimento físico, emocional e cognitivo. Os resultados demonstram uma
melhoria na saúde e qualidade de vida dos tais “voluntários” a partir do conceito de suporte
fornecido como ferramenta de valorização do próprio apoio social e, consequentemente,
redução dos gastos médicos.
A participação de idosos em grupos, ou seja, a sua própria mobilização da rede
informal tem sido vista em várias experiências exitosas. Um dos bons exemplos é a
participação dos idosos cubanos no que Fernández–Alfonso, Pérez e Rodriguez (2007)
denominam de “Círculo de Abuelos” amigos do esporte. Trata-se de uma organização
comunitária que incentiva a participação em atividades físicas e que tem trazido melhorias nas
atividades diárias dos idosos que participam do mesmo.
A formação de “pontes” entre idosos através dos recursos da informática também é
uma das experiências que demonstram como o próprio idoso pode mobilizar a rede de suporte
informal. Segundo Cornwell (2009), uma boa saúde física e principalmente cognitiva está
relacionada com a formação de pontes sociais que proporcionem um envolvimento em um
ambiente social refletido como uma ação positiva para a saúde integral dos idosos. Esta ação
independe da idade dos idosos, mas sofre influência da experiência de vida, como o luto
(positivamente) e problemas com a aposentadoria e saúde (negativamente). Hobbs et al.,
(2016) perceberam um risco de mortalidade reduzido entre idosos que realizam uma maior
integração social em redes sociais como o Facebook.
Uma forma muito interessante de potencializar o AS por parte dos idosos é a descrita
por Letcher e Perlow (2009). Trata-se do que eles denominam de “Community Exchange” ou
comunidade de troca. A comunidade de troca usa a lógica do banco de horas (“time bank”)
onde os indivíduos recebem créditos pelo tempo dedicado ao serviço de apoio. O suporte
informal é constituído por variados tipos de ações de acordo com as necessidades de quem vai
recebê-las e com o conhecimento de quem vai ofertá-las, como ensinar a tocar um
instrumento, conversar por telefone com quem não pode sair de casa, entre outras. Para quem
oferta o seu tempo, a participação nesse tipo de atividade aumenta o bem-estar e a auto-estima
e para quem a recebe há uma contribuição com a promoção da saúde. Em nível coletivo, este
modelo de suporte social baseado em parcerias contribui para o estabelecimento do respeito
ao outro e redução de iniquidades. A reciprocidade é a palavra chave desse trabalho
voluntário.
25
Seguindo a linha de criação de grupos comunitários para o Apoio Social, Hale (2011)
descreve em seu trabalho a prática da jardinagem comunitária, o significado e a história dos
jardins, os aspectos sociais da jardinagem em comunidade e os relacionamentos estabelecidos
com essa atividade. Segundo os autores, os indivíduos que participam das hortas comunitárias
trabalham em todo o processo de plantação (preparo do solo à colheita), favorecendo o
contato social, a aquisição de novos conhecimentos e as condições de saúde, uma vez que eles
se alimentam dos vegetais que cultivam.
A mobilização da rede de suporte informal deve transcender aspectos meramente de
“uso” do suporte familiar, de vizinhos ou amigos e permitir o envolvimento dos idosos em
atividades sociais que os conectem com a rede social de forma que ocorra uma interação
recíproca. Nesta perspectiva, um aspecto importante ressaltado por Ashida e Heaney (2008) é
que suporte social e conexão social devem ser considerados construtos diferentes. Eles
afirmam que indivíduos podem receber suporte social e apresentar sentimento de solidão.
Portanto, eles sugerem que se deve associar o suporte informal à conexão social, garantindo
assim o bem-estar do indivíduo. Tal ideia é reforçada por James et al. (2011), que defende que
a falta de interação social está associada à incapacidade. O mecanismo subjacente a essa
relação é pouco conhecido.
Na atualidade, as exigências pessoais sobre as necessidades do cuidado com a saúde se
transformaram. A disponibilidade e o acesso a novas tecnologias e ações para a saúde
modificaram a percepção das pessoas e sociedade sobre como os serviços e os profissionais
da saúde e de outras áreas se organizam e atuam. Entretanto, novas atitudes compatíveis com
estas transformações, são necessárias. As novas demandas e anseios da população, sobretudo
a idosa, só serão atendidas com uma mudança no olhar para um cuidar humanizado, efetivo,
para e com estas pessoas.
Os desafios são enormes, dentre eles, fazer perceber o Apoio Social como
determinante importante da saúde das pessoas não somente nos serviços de saúde (seja este
serviço inserido em qualquer nível de complexidade ou tecnológico), mas também na
comunidade, como instrumento transformador do processo saúde-doença do idoso, devendo
ser realizado pelos diversos atores sociais envolvidos, incluindo-se o próprio idoso e demais
membros da sociedade (familiares, amigos, vizinhos, grupos religiosos, profissionais de saúde
e do serviço social, estudantes, dentre outros).
26
O apoio social é apenas uma das multifacetas que devem ser consideradas nesta nova
perspectiva da atenção à saúde e não mais somente da atenção à doença. Mesmo sendo apenas
parte de uma atenção integral, as redes microssociais podem ter um efeito multiplicador, nos
aspectos sociais, psicossomáticos e porque não dizer biológicos das pessoas, proporcionando
maior interação, reduzindo efeitos danosos à saúde e favorecendo o bem-estar dos idosos e
daqueles que os rodeiam.
27
3 OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
Construir e validar um instrumento que avalie o apoio social informal para idosos
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Elaborar itens para o questionário a partir de revisão da literatura
• Avaliar a evidência de validade de conteúdo dos itens propostos
• Avaliar a evidência de validade baseada nas respostas dos itens propostos
• Avaliar a evidência de validade fatorial dos itens propostos a partir de Análise Fatorial
Exploratória
28
4 MÉTODO
4.1 CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA
Trata-se de uma pesquisa de processo de validação. O presente estudo ocorreu no
período de janeiro a dezembro de 2016, como parte do projeto “Construção e validação de
uma escala de apoio social para idosos”. Esta pesquisa contemplou as etapas do processo de
construção e validação de questionário: validade baseada no conteúdo, validade baseada no
processo de respostas e validade fatorial à partir de Análise Fatorial Exploratória (AERA,
2014; VIEIRA, 2009).
4.2 COLETA DOS DADOS E PLANO AMOSTRAL
A primeira etapa se referiu à validade baseada no conteúdo, onde procedeu-se com a
escolha dos itens pelos juízes, após abrangente revisão da literatura para elaboração da
primeira versão do instrumento. Em sequência, seguiu de julgamento da relevância dos itens
por especialistas. Então, a construção inicial das questões referentes ao primeiro modelo do
questionário foi realizada por dois juízes estudiosos da temática Apoio Social e a escolha de
cada item ocorreu sempre de maneira consensual dialogada após revisão da literatura. Em
seguida, realizou-se a aplicação do questionário por internet para especialistas, tendo como
critérios de inclusão: autores de artigos científicos na área, docentes dos cursos de Psicologia
e Serviço Social (professores formadores de profissionais mais próximos na avaliação e
manejo do apoio social entre idosos) e profissionais que trabalhassem diretamente com a
temática.
A amostra nesta etapa foi por conveniência e totalizou 40 especialistas. O contato foi
feito após montagem de banco de dados de e-mail dos autores responsáveis pela publicação
dos artigos disponíveis na rede virtual de computadores e contato dos docentes disponíveis
nas páginas da web das suas respectivas instituições de ensino superior ou convite presencial
de profissionais da área. O convite foi enviado simultaneamente para todos os especialistas
através da ferramenta de pesquisa SurveyMonkey®. A carta convite continha os seguintes
dizeres: “O Apoio Social é um determinante importante para a saúde de diversas pessoas
idosas. Esse estudo tem como objetivo construir e validar um questionário para avaliação do
Apoio Social Informal para idosos. Esta é uma etapa inicial da pesquisa, na qual participam
pesquisadores e especialistas na temática de Apoio Social Informal, para avaliarem a
relevância dos itens propostos e possíveis alterações ou inclusões de novos itens. Sua
29
participação é voluntária e se dará por meio das respostas realizadas neste questionário. Caso
o senhor(a) se sinta a vontade em responder as questões estará dando relevante contribuição à
nossa pesquisa.” Todos os participantes aceitaram o termo de consentimento livre e
esclarecido.
A segunda etapa de validade baseada no processo de respostas foi realizada também
com amostra por conveniência, totalizando 41 pessoas (público alvo), em entrevistas
presenciais, selecionados em uma instituição de longa permanência, uma associação de idosos
e um centro de consultas do sistema único de saúde, todos localizados na cidade do Natal-RN.
Os critérios de inclusão foram: ter 60 anos ou mais e ter capacidade cognitiva preservada (não
possuir diagnóstico clínico de déficit cognitivo). Todos os participantes assinaram o termo de
consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE A). Além das questões referentes ao ASI, os
entrevistados eram perguntados sobre sua idade, gênero, escolaridade e renda. Nesta etapa, os
participantes eram questionados sobre o entendimento ou não de cada item, eram solicitados
para repetir as questões e encorajados a sugerir alterações. Além disso, eram observados
reações não verbais dos entrevistados durante as perguntas (expressões faciais de dúvida ou
estranhamento, por exemplo) e o tempo elevado de resposta (AERA, 2014; PADILHA;
BENÍTEZ, 2014; CANZONIERI, 2011; VIEIRA, 2009). A manutenção, alteração ou
exclusão dos itens se deu por decisão consensual dialogada dos mesmos juízes da etapa
anterior, após construção de um painel com as informações fornecidas pelos entrevistados
(ALEXANDRE; COLUCI, 2011; GIBBS, 2009).
Para validade fatorial, a coleta de dados ocorreu de forma presencial ou virtual com
população de 60 anos ou mais da cidade do Natal, em uma associação de idosos, um centro de
consultas público e um parque municipal ou em demais localizações do Brasil por contato via
e-mail, obtidos em banco de dados de universaidades abertas da terceira idade ou a partir de
divulgação em redes sociais, com a ferramenta Survey Monkey®. Quando presencial, os
participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE A), quando
virtual, os participantes concordaram em participar do estudo, clicando na opção “eu
concordo” do questionário.
Os critérios de inclusão dos participantes do estudo foram ter 60 anos ou mais, com
níveis cognitivos preservados, capazes de responder às questões propostas. Sempre que o
respondente não possuía nenhum grau de instrução escolar a entrevista era obrigatoriamente
presencial. O número total de indivíduos respondentes obedeceu uma proporção mínima de 10
30
para cada variável incluída no instrumento (24 itens), totalizando 259 indivíduos, seguindo
critérios orientados por Hair Júnior et al. (2009).
4.3 ANÁLISE DOS DADOS
O questionário dirigido aos especialistas solicitava respostas quanto ao nível de
escolaridade, bem como questões de múltipla escolha e abertas referentes aos itens propostos
com os seguintes dizeres: “1- Classifique cada questão abaixo segundo grau de relevância
para avaliação do Apoio Social para idosos” (Respostas desta questão estruturadas em Escala
Likert: 1- Irrelevante; 2- Pouco Relevante; 3- Relevante; 4- Muito Relevante; 5-
Extremamente Relevante); 2- “Caso o (a) senhor (a) queira sugerir a inclusão de algum item,
o faça na caixa de texto abaixo”; “3- Caso o (a) senhor (a) queira sugerir a alteração de algum
item, descreva o número correspondente e como gostaria que fosse alterado na caixa de texto
abaixo” (VIEIRA, 2009).
Para se determinar o grau de relevância dos itens e relevância geral do instrumento foi
utilizado o Índice de Validade de Conteúdo (IVC) (POLIT; BECK, 2006) que mede a
proporção de relevância de cada item, baseada nas respostas dos juízes, (respostas 3, 4 ou 5
foram consideradas adequadas), onde: IVC por item = Número de julgamentos adequados
(respostas 3+4+5) / Número total de julgamentos. Itens com IVC maior ou igual a 0,78 foram
mantidos (POLIT; BECK, 2006). O IVC geral indica a proporção de relevância da média de
todo o instrumento, onde IVC Geral= Média Geral de todas as Respostas Adequadas / número
total de julgamentos. A manutenção, alteração ou exclusão dos itens se deu por decisão
consensual dialogada dos dois juízes após construção de um painel com as informações
fornecidas pelos entrevistados e análise do IVC dos itens (PINHEIRO, FARIAS, ABE-LIMA,
2013; GIBBS, 2009; POLIT; BECK, 2006).
Procedeu-se com a Análise Fatorial Exploratória, com uso do programa estatístico M
PLUS Versão 7®. Foi realizado agrupamento de variáveis (tipo R) e extração de fatores com
análise de fatores comuns, a partir de rotação oblíqua Geomin. A matriz tetracórica/policórica
foi rodada inicialmente com apenas um fator e todos os 24 itens originais. Para interpretação
da matriz fatorial rotacionada adotou-se alguns critérios para avaliação da manutenção dos
itens. O critério de exclusão inicial do item baseou-se nas diretrizes para identificação de
cargas fatoriais significantes com base no tamanho da amostra, sendo 0,35 para amostra entre
250 e 349 sujeitos, segundo Hair Júnior et al. (2009), com significância baseada em um nível
31
de significância (α) de 0,05 e um poder de 80%, e erros-padrão considerados como o dobro
daqueles de coeficientes de correlação convencionais. Destaque em negrito para a análise
fatorial com significância de p<0,05 para a amostra da pesquisa. Itens com cargas fatoriais
inferiores a 0,35 foram excluídos.
As comunalidades menores que 0,50, em sua maior parte, foram consideradas como não
tendo explicação suficiente e esses itens eram avaliados caso a caso (após determinação dos
fatores). Variáveis com cargas significantes em mais de um fator (cargas cruzadas), foram
avaliadas por sua inclusão em determinado fator, mediante sua intensidade de significância e
representação conceitual sobre o determinado domínio (após determinação dos fatores).
O próximo passo foi determinar o número de fatores. Para isso, alguns critérios foram
adotados. Devem ser extraídos apenas os fatores com valores próprios (eigenvalues) acima de
1. Variância acumulada deverá ser igual ou maior a 60% para a quantidade de Fatores
possíveis. Critério de Análise Paralela de Horn para extração de Fatores: análise gráfica da
curva da variância com observação do início da sua horizontalização ou queda brusca.
Como primeira proposta de valores de referência para o instrumento, serão atribuídos
valores aos itens proporcionais à variância comum explicada para seu fator. Às respostas
“sim” serão atribuídos os valores máximos (2 ou 4, considerando a proporção de variância
explicada do fator a que o item pertence) referentes ao item e às respostas “não” será atribuída
nota zero. Os valores de referência do instrumento geral e das dimensões serão determinados
pela média, em caso de distribuição normal, ou pela mediana, caso a distribuição da amostra
não seja considerada normal. A amostra total de 259 sujeitos será considerada para definição
das médias e medianas.
4.4 ASPECTOS ÉTICOS
Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário
Onofre Lopes, sob parecer número 1.644.533 e CAAE 54608616.8.0000.5292 (APÊNDICE
B). Este estudo está de acordo com o que preconizam as Resoluções nº 196/96 e nº 466/2012,
do Conselho Nacional de Saúde (CNS).
32
5 RESULTADOS
Quanto à análise descritiva, na etapa de validade baseada no conteúdo com
especialistas, de um total de 40 entrevistados, 90% eram doutores, 7,5% eram mestres e 2,5%
especialistas. Na etapa de validade baseada no processo de respostas com os idosos, de um
total de 41 entrevistados, 17 (41,5%) eram do gênero masculino, 24 (58,5%) eram mulheres.
A idade média foi de 70,87 anos (±8,01), a maior parte (39%) possuía ensino fundamental,
seguido de ensino médio (26,8%), superior (22%), sem instrução (7,3%) e pós-graduação
(4,9%). A renda média foi de: 2439,02 reais (±2792,86).
A primeira versão dos itens propostos foi realizada a partir de revisão da literatura e
decisão consensual dos dois juízes participantes da pesquisa para sua inclusão ou não no
instrumento. Esta versão constou de 22 itens descritos do Quadro 3. Na tabela 1 apresentamos
os resultados de IVC geral e por item, onde apenas o item 22 teve desempenho insatisfatório e
foi alterado pelos juízes.
Quadro 3- Primeira versão do instrumento após revisão da literatura e consenso dos juízes para
avaliação de especialistas, Natal-RN, Brasil, 2017.
MARQUE A ALTERNATIVA QUE O(A) SENHOR(A) JULGUE MAIS APROPRIADA PARA CADA
ITEM REFERENTE AO APOIO SOCIAL PARA IDOSOS
1.O senhor(a) pode contar com muitas pessoas próximas?
2.O senhor(a) mora com muitas pessoas?
3.O senhor(a) possui amigos próximos?
4. O senhor(a) tem um parente próximo que more perto?
5. O senhor(a) tem um amigo que more perto?
6. O senhor(a) tem um vizinho presente?
7.O senhor(a) realiza visitas a outras pessoas com frequência?
8.O senhor(a) recebe visitas de outras pessoas com frequência?
9.O senhor(a) tem alguém com quem conversar?
10.O senhor(a) tem alguém para ajudar nas tarefas de casa?
11.O senhor(a) tem alguém para ajudar a sair de casa quando precisa?
12.O senhor(a) tem alguém para ajudar quando está de cama ou doente?
13.O senhor(a) tem alguém para ajudar quando tem dificuldade financeira?
14.O senhor(a) participa das discussões para uma decisão familiar?
15.O senhor(a) participa das discussões para uma decisão entre amigos?
16.O senhor(a) participa das discussões para uma decisão da comunidade?
17.O senhor(a) escuta o problema dos outros quando solicitado?
18.O senhor(a) conforta a tristeza dos outros quando solicitado?
19.O senhor(a) compartilha momentos de lazer com alguém?
20.O contato social com outras pessoas é duradouro?
21.A ajuda que o senhor teve ou teria de alguém nos últimos 30 dias foi adequada?
22. Quando jovem, o senhor recebia ajuda adequada de outras pessoas?
Fonte: Elaborado pelo Autor (2017).
33
Tabela 1- Índice de Validade de Conteúdo (IVC) por item e geral, segundo julgamento de relevância
por especialistas, Natal-RN, Brasil, 2017.
Item Índice de
Validade de
Conteúdo
por item
1.O senhor(a) pode contar com muitas pessoas próximas? 0,92
2.O senhor(a) mora com muitas pessoas? 0,82
3.O senhor(a) possui amigos próximos? 0,90
4. O senhor(a) tem um parente próximo que more perto? 0,90
5. O senhor(a) tem um amigo que more perto? 0,92
6. O senhor(a) tem um vizinho presente? 0,88
7.O senhor(a) realiza visitas a outras pessoas com frequência? 0,88
8.O senhor(a) recebe visitas de outras pessoas com frequência? 0,90
9.O senhor(a) tem alguém com quem conversar? 0,92
10.O senhor(a) tem alguém para ajudar nas tarefas de casa? 0,92
11.O senhor(a) tem alguém para ajudar a sair de casa quando
precisa?
0,92
12.O senhor(a) tem alguém para ajudar quando está de cama ou
doente?
0,95
13.O senhor(a) tem alguém para ajudar quando tem dificuldade
financeira?
0,95
14.O senhor(a) participa das discussões para uma decisão familiar? 0,90
15.O senhor(a) participa das discussões para uma decisão entre
amigos?
0,82
16.O senhor(a) participa das discussões para uma decisão da
comunidade?
0,82
17.O senhor(a) escuta o problema dos outros quando solicitado? 0,90
18.O senhor(a) conforta a tristeza dos outros quando solicitado? 0,88
19.O senhor(a) compartilha momentos de lazer com alguém? 0,95
20.O contato social com outras pessoas é duradouro? 0,88
21.A ajuda que o senhor teve ou teria de alguém nos últimos 30 dias
foi adequada?
0,82
22. Quando jovem, o senhor recebia ajuda adequada de outras
pessoas?
0,65*
IVC – Geral 0,88
Legenda: * valor inferior ao valor de referência de 0,78 (POLIT; BECK, 2006)
Fonte: Elaborado pelo Autor (2017).
No Quadro 4 encontra-se dispostas as sugestões para alterações e inclusões de novos
itens feitas pelos especialistas. Os paineis completos estão disponíveis nos Apêndices C e D.
No quadro 5 faz-se uma comparação de antes e depois das alterações dos itens após sugestões
dos especialistas. No quadro 6 faz-se uma comparação de antes e depois das alterações dos
itens após sugestões dos idosos, seu painel completo encontra-se disponível no Apêndice E,
seu painel completo encontra-se disponível no Apêndice F. O quadro 7 apresenta proposta do
questionário após etapas de validade baseada no conteúdo e no processo de respostas.
34
Quadro 4- Observações para alterações e sugestões de inclusão de itens dos especialistas aceitas pelos
juízes. Natal-RN, Brasil, 2017.
Observações dos especialistas aceitas
Restrição para Apoio Social Informal no cabeçalho
Uso do singular para facilitar o entendimento
Redução do número de palavras em algumas frases
Pronome de tratamento “você” ao invés de “senhor”
Sugestões de inclusões de itens pelos especialistas aceitas
Quando você está triste ou com saudades de alguém você tem com quem falar sobre isso?
Você possui parentes próximos que ajudem nos seus cuidados quando precisa?
Fonte: Elaborado pelo Autor (2017).
Quadro 5- Item Original e com alterações, após sugestões específicas dos especialistas aceitas pelos
juízes. Natal-RN, Brasil. 2017
Item Original Item Reformulado
Quando jovem, o senhor(a) recebia ajuda adequada
de outras pessoas?
Quando jovem, você recebia ajuda adequada de
outras pessoas?
O senhor(a) participa das discussões para uma
decisão familiar?
Você participa de uma decisão familiar?
O senhor(a) participa das discussões para uma
decisão entre amigos?
Você participa das decisões entre amigos?
O senhor(a) escuta o problema dos outros quando
solicitado?
Você escuta o problema dos outros quando
solicitado?
O senhor(a) recebe visitas de outras pessoas com
frequência?
Você recebe visitas com frequência?
O senhor(a) tem um amigo que more perto? Você possui algum amigo que veja
frequentemente?
A ajuda que o senhor teve ou teria nos últimos 30
dias foi adequada?
A ajuda que o você teve ou teria nos últimos 30
dias foi satisfatória?
O senhor(a) tem um vizinho presente? Você tem um vizinho com quem possa contar em
caso de necessidade?
O senhor(a) tem um parente próximo que more
perto?
Você tem um parente com quem possa contar e
more perto?
O contato social com outras pessoas é duradouro? O seu contato social com outras pessoas é
duradouro?
Fonte: Elaborado pelo Autor (2017).
35
Quadro 6 - Itens original e com alterações após sugestões do público-alvo aceitas pelos juízes. Natal-
RN, Brasil. 2017
Item Original Item Reformulado
Você tem um parente com quem possa contar e
more perto?
Você tem alguém da família com que possa contar
e more perto?
Você realiza visitas com frequência? Você visitou outras pessoas com frequência?
Você tem alguém para ajudar a sair de casa quando
precisa?
Você tem alguém para ajudar a sair de casa caso
precise?
Você tem alguém para ajudar quando está de cama
ou doente?
Você tem alguém para ajudar caso esteja de cama
ou doente?
Você tem alguém para ajudar quando tem
dificuldade financeira?
Caso você tenha dificuldade financeira tem alguém
para lhe ajudar?
Você participa de uma decisão familiar? Você participa de alguma decisão familiar?
Você escuta o problema dos outros quando
solicitado?
Você ajuda outras pessoas quando solicitado?
Você conforta a tristeza dos outros quando
solicitado?
Você consola as pessoas quando elas estão tristes?
O seu contato social com outras pessoas é
duradouro?
O seu contato social com outras pessoas é
permanente?
A ajuda que você teve ou teria nos últimos 30 dias
foi satisfatória?
A ajuda que você teve ou teria nos últimos 30 dias
foi ou seria satisfatória?
Fonte: Elaborado pelo Autor (2017).
Quadro 7- Questionário de Apoio Social Informal para Idosos após etapas de validação baseada no
conteúdo e no processo de respostas. Natal-RN, Brasil, 2017.
O Apoio Social Informal trata-se de todo suporte emocional, financeiro, material ou para atividades diárias do
dia-a-dia, recebida por uma rede de pessoas (parentes, amigos, vizinhos, dentre outros).
MARQUE A ALTERNATIVA QUE O(A) SENHOR(A) JULGUE MAIS APROPRIADA PARA CADA ITEM
REFERENTE AO APOIO SOCIAL INFORMAL ENTRE IDOSOS
Item/Alternativas de resposta SIM NÃO
1.Você pode contar com pessoas próximas?
2. Você mora com muitas pessoas?
3.Você possui um amigo que veja frequentemente?
4. Você tem alguém da família com que possa contar e more perto?
5. Você tem um amigo que more perto?
6. Você tem um vizinho com quem possa contar em caso de
necessidade?
7. Você visita outras pessoas com frequência?
8. Você recebe visitas com frequência?
9. Você tem alguém com quem conversar?
10. Você tem alguém para ajudar nas tarefas de casa?
11. Você tem alguém para ajudar a sair de casa caso precise?
12. Você tem alguém para ajudar caso esteja de cama ou doente?
13. Caso você tenha dificuldade financeira tem alguém para lhe ajudar?
14. Você participa de alguma decisão familiar?
15. Você participa das decisões entre amigos?
16. Você participa de alguma decisão da comunidade?
17. Você ajuda outras pessoas quando solicitado?
18. Você consola as pessoas quando elas estão tristes?
36
19. Você compartilha momentos de lazer com alguém?
20. O seu contato social com outras pessoas é permanente?
21. A ajuda que você teve ou teria nos últimos 30 dias foi ou seria
satisfatória?
22. Ao longo da vida, você recebeu ajuda adequada de outras pessoas?
23. Quando você está triste ou com saudades tem com quem falar sobre
isso?
24. Você possui algum familiar que ajude nos seus cuidados caso
precise?
Fonte: Elaborado pelo Autor (2017).
Quanto à análise descritiva, a amostra total correspondeu a 259 respondentes, sendo
73,15% mulheres e 26,85% homens. A proporção do nível de escolaridade foi 34,75%
possuíam ensino fundamental, 23,17% ensino médio, seguido de 22,01% com ensino
superior, 11,58% sem instrução e 8,49% com pós-graduação. Obtivemos respostas das cinco
regiões do Brasil, sendo a maior parte do Nordeste (85,33%) e Sudeste (12,36%), seguido de
outras regiões (2,32%).
Com relação à determinação dos valores de referência para o instrumento, com base na
variância comum explicada de cada fator, foi atribuído à dimensão 1, 20 pontos possíveis; à
dimensão 2, 14 pontos possíveis; a dimensão 3, 6 pontos possíveis; e à dimensão 4, 10 pontos
possíveis. A média geral entre os respondentes foi de 40,01 e a mediana geral foi de 42; do
fator um 20; do fator dois 10; do fator três, 6; e do fator quatro 8 pontos. Na tabela 2,
apresenta-se todos os itens com suas respectivas cargas fatoriais considerando um fator
extraído. Na tabela 3, encontram-se as variâncias comum explicada para os fatores possíveis e
suas porcentagens de variância comum acumuladas.
Tabela 2 - Cargas Fatoriais dos 24 itens originais do Questionário de Apoio Social Informal para
Idosos, considerando apenas 1 Fator extraído. Natal-RN, Brasil. 2017.
Itens Cargas Fatoriais
1 0.746*
2 0.425*
3 0.576*
4 0.718*
5 0.603*
6 0.587*
7 0.314
8 0.480*
9 0.725*
10 0.447*
11 0.661*
12 0.744*
13 0.693*
14 0.591*
15 0.487*
37
16 0.312
17 0.292
18 0.270
19 0.620*
20 0.624*
21 0.452*
22 0.628*
23 0.691*
24 0.743*
Legenda: Itens e valores com cargas fatoriais inferiores a 0,35 em destaque. *Significante para p<0,05
Fonte: Elaborado pelo Autor (2017).
Tabela 3 - Número de Fatores extraídos, seus valores próprios, porcentagem explicada pela variância
comum para cada fator possível e porcentagem da variância comum acumulada do Questionário de
Apoio Social Informal para Idosos. Natal-RN, Brasil. 2017
Fator Extraído Valores próprios Porcentagem explicada pela
variância comum
Porcentagem da variância
comum acumulada
1 7.816 38,7% 38,7%
2 2.374 11,8% 50,5%
3 1.621 8,0% 58,5%
4 1.368 6,8% 65,3%
5 1.121 5,6% 70,9%
6 0.943 4,7% 75,6%
7 0.794 3,9% 79,5%
8 0.777 3,8% 83,3%
9 0.754 3,7% 87,0%
10 0.599 3,0% 90,0%
11 0.563 2,8% 92,8%
12 0.449 2,2% 95,0%
13 0.367 1,8% 96,8%
14 0.341 1,7% 98,5%
15 0.188 0,9% 99,4%
16 0.128 0,6% 100%
38
17 0,000 0,00%
18 -0.017
19 -0.086
20 -0.100
Valor Próprio Total 20,203
Legenda: Em destaque número de fatores extraídos e porcentagem de variância comum acumulada mínima
aceitável e com valores próprios > 1.
Fonte: Elaborado pelo Autor (2017).
Na figura 1 apresenta-se o gráfico de autovalor e Horn com simulação para critério de
análise paralela. Observa-se nesta figura um início da horizontalização da linha entre os
fatores 4 e 5, apresentados com o símbolo “x”, pontos estes sugestivos sobre a escolha o
número de fatores ideal. Na tabela 4, segue-se a distribuição das cargas fatoriais e
comunalidades com 4 fatores retidos, sendo que o item foi atribuído a determinado fator de
acordo com seu grau de significância estatística de maior carga fatorial. Na tabela 5 apresenta-
se os resultados de medianas e médias para os 4 fatores e geral.
Figura 1: Gráfico de autovalor e simulação de fatores para critério de Análise Paralela de
Horn do Questionário de Apoio Social Informal para Idosos. Natal-RN, Brasil. 2017.
.
39
Fonte: Elaborado pelo Autor (2017).
Tabela 4 - Matriz de cargas fatoriais rotacionadas com 4 Fatores Extraídos, 20 itens e suas respectivas
comunalidades do Questionário de Apoio Social Informal para Idosos. Natal-RN, Brasil. 2017.
Fatores/Cargas
Fatoriais dos
Itens
FATOR 1 FATOR 2 FATOR 3 FATOR 4 Comunalidades
1 0.571* 0.038 0.499* -0.013 0,842
2 0.041 0.653* -0.046 0.028 0,903
3 0.650* -0.054 -0.235 0.239 0,878
4 0.495* 0.239 0.385 -0.065 0,891
5 0.978* -0.379 -0.012 0.056 0,838
6 0.584* -0.009 0.041 0.135 0,892
8 0.224 0.351* 0.039 0.093 0,920
9 0.442 0.100 -0.042 0.500* 0,872
10 -0.088 0.886* -0.196 0.036 0,851
11 0.316 0.547* 0.144 -0.040 0,873
12 0.453* 0.484* 0.167 -0.079 0,881
13 0.386* 0.526* 0.029 0.060 0,903
14 0.035 -0.068 0.817* 0.428 0,851
15 0.111 -0.163 0.265 0.511* 0,902
19 0.044 0.332* -0.012 0.679* 0,852
20 0.124 -0.018 0.110 0.703* 0,877
21 0.254 0.100 0.353* -0.005 0,848
22 0.014 0.109 0.585* 0.460* 0,885
23 0.309 0.208 -0.045 0.518* 0,901
24 0.059 0.681* 0.351 0.078 0,862
Legenda: Destaques em negrito das cargas fatoriais para determinação do Fator em que o item foi
atribuído. *Significante para p<0,05
Fonte: Elaborado pelo Autor (2017).
Tabela 5 – Valores atribuídos aos itens e ao instrumento. Médias aritméticas e desvio padrão por item.
Médias por Fatores. Média geral e Mediana do instrumento, após entrevistas com idosos. Natal-RN,
Brasil, 2017.
Itens e Fatores Valor atribuido ao item Média
Aritmética
Obtida
Desvio Padrão
COMPOSIÇÃO E EXTENSÃO DA REDE SOCIAL
1.Você pode contar com pessoas
próximas?
4 3,86 ±0,73
40
3.Você possui um amigo que veja
frequentemente?
4 3,32 ±1,50
4. Você tem alguém da família com que
possa contar e more perto?
4 3,42 ±1,40
5. Você tem um amigo que more perto? 4 3,29 ±1,53
6. Você tem um vizinho com quem
possa contar em caso de necessidade?
4 3,14 ±1,64
Mediana do Fator 1 20 pontos
APOIO INSTRUMENTAL E DISPONIBILIDADE
2. Você mora com muitas pessoas? 2 0,55 ±0,89
8. Você recebe visitas com frequência? 2 1,19 ±0,98
10. Você tem alguém para ajudar nas
tarefas de casa?
2 1,44 ±0,90
11. Você tem alguém para ajudar a sair
de casa caso precise?
2 1,75 ±0,65
12. Você tem alguém para ajudar caso
esteja de cama ou doente?
2 1,79 ±0,61
13. Caso você tenha dificuldade
financeira tem alguém para lhe ajudar?
2 1,59 ±0,80
24. Você possui algum familiar que
ajude nos seus cuidados caso precise?
2 1,85 ±0,52
Mediana do Fator 2 10 pontos
RECIPROCIDADE E LONGITUDINALIDADE
14. Você participa de alguma decisão
familiar?
2 1,40 ±0,91
21. A ajuda que você teve ou teria nos
últimos 30 dias foi ou seria satisfatória?
2 1,86 ±0,51
22. Ao longo da vida, você recebeu
ajuda adequada de outras pessoas?
2 1,59 ±0,80
Mediana do Fator 3 6 pontos
APOIO EMOCIONAL E PARTICIPAÇÃO SOCIAL
9. Você tem alguém com quem
conversar?
2 1,83 ±0,55
15. Você participa das decisões entre
amigos?
2 0,89 ±0,99
19. Você compartilha momentos de
lazer com alguém?
2 1,70 ±0,69
20. O seu contato social com outras
pessoas é permanente?
2 1,62 ±0,78
23. Quando você está triste ou com
saudades tem com quem falar sobre
isso?
2 1,54 ±0,84
Média Geral do Fator 4 8 pontos
Média Total obtida nas entrevistas 40,01 ±8,20
Mediana 42 pontos (IC=95%)
Valor total atribuído ao instrumento 50 pontos
Legenda: IC = intervalo de confiança
Fonte: Elaborada pelo Autor (2017)
41
6 DISCUSSÃO
Para a construção e validação de instrumentos é importante destacar alguns pontos
para reflexão. Referente a validação de instrumentos é importante entendê-la como uma
reunião de recursos e procedimentos que se organizam como um processo e não como um
produto concluído. As etapas do processo de validação devem se complementar e o nível de
evidência alcançado pelo instrumento para medir determinado construto ou fenômeno deverá
estar em constante evolução (AERA, 2014; RIOS; WELLS, 2014; SIRECI; PADILLA,
BENÍTEZ 2014).
Quanto à análise descritiva, no que diz respeito à amostra da etapa de validade
baseada no conteúdo, observou-se um alto grau de instrução dos participantes especialistas, o
que poderia reduzir vícios de resposta por incompreensão das perguntas ou do objetivo do
estudo. Sobre os respondentes da etapa de validade baseada no processo de respostas, é
importante ressaltar que tivemos respondentes de todos os níveis de escolaridade, desde “sem
instrução” por educação formal a pós-graduados, com um equilíbrio no quantitativo entre os
gêneros masculino e feminino. Ademais, a coleta foi realizada tanto em instituição de longa
permanência, quanto em locais públicos. Esses aspectos reforçam a aplicabilidade do
questionário em uma população institucionalizada ou não.
A validade baseada no conteúdo foi medida através de um painel de especialistas
(ALEXANDRE; COLUCI, 2011). Esta ferramenta se integrou à pesquisa como parte de uma
fase preliminar, contribuindo para o estabelecimento de bases para a investigação. Esta fase
foi importante para apoiar o rompimento com preconceitos e falsas evidências sobre o
construto estudado (DAVIDSON, KEATING, 2014; PINHEIRO, FARIAS, ABE-LIMA,
2013; ALEXANDRE; COLUCI, 2011).
Com relação às observações gerais feitas pelos especialistas referentes ao instrumento,
as que foram acatadas resultaram em redução do tamanho de frases, tornando-as mais
objetivas, o que poderá reduzir o tempo final de aplicação do questionário (VIERA, 2009). As
frases tiveram também uma linguagem aperfeiçoada, o que poderia fortalecer o vínculo entre
o respondente e o processo de aplicação do instrumento e assim aumentaria a adesão para a
conclusão de todas as respostas e também facilitaria o entendimento do entrevistado,
reduzindo o viés de resposta (AMATUZZI et al., 2006). Foi sugerido que no cabeçalho do
42
questionário se restringisse o objeto de estudo para “Apoio Social Informal”, o que não estava
claro na primeira versão e foi também acatado pelos juízes.
Os especialistas sugeriram ainda a inclusão de alguns itens. As sugestões aceitas
abrangeram questões importantes que contemplam variáveis que influenciam diretamente no
apoio social informal percebido, sendo apresentadas como parte de dimensões importantes
para a avaliação do construto estudado. São elas: o apoio emocional e apoio instrumental ou
de auxílio funcional (RATH; PANIGRAHI, 20017, SHUMAKER et al., 2017, GARCÍA-
MARTÍN et al., 2016).
Quanto ao IVC, o índice geral foi satisfatório, demonstrando a pertinência geral dos
itens incluídos inicialmente no instrumento (POLIT; BECK, 2006). O item vinte e dois,
“Quando jovem, você recebia ajuda adequada de outras pessoas?”, foi o único a ter um
desempenho insatisfatório segundo IVC por item (POLIT; BECK, 2006) e foi reestruturado
de forma que facilitasse o entendimento e desse uma noção referente ao apoio social informal
percebido ao longo da vida (FECHINE; TROMPIERI, 2012). A solução encontrada para este
item foi reestruturá-lo da seguinte forma: “ao longo da vida, você recebeu ajuda adequada de
outras pessoas?”.
Em algumas ocasiões, os especialistas podem dominar a temática estudada, mas ao
sugerir questões pertinentes ao tema, podem fazê-lo numa linguagem de compreensão
discutível para o público-alvo. Daí a importância da etapa de validade baseada no processo de
respostas, que objetiva aproximar a linguagem usada no instrumento, da linguagem usual do
público-alvo, tornando-a potencialmente mais compreensível (AERA, 2014; PADILLA;
BENÍTEZ, 2014).
Foi importante nesta etapa de entrevistas com os idosos, a coleta de indicadores diretos
e indiretos, tais como as respostas sobre o entendimento de cada questão e a reação dos
entrevistados a cada pergunta, respectivamente (PADILLA; BENÍTEZ, 2014). A
documentação das reações e percepções sobre o entendimento das perguntas pela população-
alvo, com posterior montagem do painel para este público, permitiu capturar especificidades
deste grupo, que somente através de entrevista face-a-face seria possível.
A escolha do formato de respostas para os idosos relativa ao entendimento ou não de
cada questão foi dicotômica ao invés de uma escala tipo Likert, por exemplo. Este formato de
respostas poderia facilitar o entendimento do entrevistado e reduzir a quantidade de respostas
43
aleatórias (VIEIRA, 2009). Com relação à análise das respostas da populção-alvo, referente
ao entendimento de cada item, a análise foi específica item a item, na direção de potencializar
o entendimento da frase segundo o objetivo de avaliação proposto pela questão e na tentativa
de reduzir a possibilidade de respostas do tipo “não se aplica” (GIBBS, 2009). Desta forma,
para análise sobre o aceite ou rejeição de propostas de mudanças, foi levado em consideração
as especificidades da população estudada.
As perguntas tiveram uma linguagem aproximada daquela falada mais comumente
pelos idosos, de forma que mantivesse ainda os princípios básicos de norma culta da língua
portuguesa e que o entendimento fosse potencializado (VIEIRA, 2009). Por exemplo, na
pergunta “Você escuta o problema dos outros quando solicitado?”, muitos idosos entendiam
“escutar o problema dos outros” como algo negativo, desta forma, a solução encontrada foi
reformular a pergunta para “Você ajuda outras pessoas quando solicitado?”.
A palavra “caso” foi usada para aperfeiçoar algumas perguntas, no sentido de reduzir a
possibilidade de respostas “não se aplica”. Por exemplo, na pergunta “Você tem alguém para
ajudar quando tem dificuldade financeira?”, existia a possibilidade de algumas pessoas nunca
terem tido dificuldade financeira. Assim sendo, a frase foi reformulada para “Caso você tenha
dificuldade financeira tem alguém para lhe ajudar?”. Situação similar ocorreu na frase que foi
reformulada para “Você tem alguém para ajudar a sair de casa caso precise?”.
Em alguns momentos, termos relativamente simples geraram confusão para o
respondente. Por exemplo, muitos idosos confundiam “receber visitas” com “realizar visitas”,
desta forma, o termo foi reestruturado para “Você visitou outras pessoas com frequência?”. O
termo “duradouro” era pouco usual para este público e foi alterado para “permanente”. Tal
qual ocorreu com o termo “confortar”, que foi modificado para “consolar”.
De modo geral, o construto Apoio Social Informal foi familiar e de fácil entendimento
para os idosos entrevistados, principalmente pelo fato das perguntas serem comuns e com
poucos termos técnicos ou científicos. Entretanto, a anotação de algumas reações de surpresa
ou demora na resposta ou resposta negativa de entendimento ou dificuldade em repetir a
pergunta que acabara de ser lida ou ainda a sugestão de alteração dada pelo entrevistado, dava
um direcionamento sobre perguntas que tinham determinado problema com muita frequência
e necessitavam serem reformuladas.
44
Entendendo a validação de questionários como um processo sistematizado e
continuado de ações, percebe-se a validação fatorial como etapa importante deste processo
(AERA, 2014; STREINER; KOTTNER, 2014; DAVIDSON; KEATING, 2014). A análise
fatorial é importante ferramenta para avaliar a estrutura de correlações entre variáveis. Estas
variáveis podem se agrupar em fatores quando estão fortemente correlacionadas, formando
assim dimensões latentes (identificadas nesta pesquisa pela análise fatorial tipo R) que
facilitam o entendimento do construto (FIGUEIREDO FILHO; SILVA JÚNIOR, 2010;
PASQUALI, 2009; HAIR JÚNIOR et al., 2009).
Quanto à análise descritiva, a amostra teve boa variabilidade dos sujeitos. Houve
representantes dos níveis de instrução formal fundamental a pós-graduados, com predomínio
de idosos da classe fundamental. Obteve-se respondentes das cinco regiões do Brasil, mas a
maior parte foi do Nordeste. Isto ocorreu, em parte, por terem sido somados os dados de
entrevistas presenciais que ocorreram no município do Natal. O genêro predominante foi
feminino, mas com uma amostra absoluta considerável de homens.
Quanto à escolha de ferramentas para a análise fatorial, a rotação de fatores permitiu
atingir um padrão mais simples, do ponto de vista interpretativo e teoricamente significativo.
A escolha da rotação do tipo oblíqua se deu pela necessidade em se permitir que os fatores
referentes ao apoio social informal se correlacionassem, considerando as variáveis escolhidas
(DAMÁSIO, 2012; HAIR JÚNIOR, et al., 2009).
Com relação à exclusão de itens, quatro questões tiveram cargas fatoriais muito pobres
e foram eliminadas após rotação, considerando um fator retido. Possivelmente, falhas de
compreensão no significado destas perguntas pelos entrevistados levaram a uma quantidade
de respostas aleatórias indesejável, interferindo no seu poder de explicação do construto e na
sua correlação com outras variáveis. Outra possibilidade, é a de que estas questões tenham
uma relevância discutível para a explicação geral do apoio social informal, levando-se em
conta que outras questões poderiam já estar explicando-as.
Um ponto de desafio em pesquisas com método de análise fatorial é a escolha do
número de fatores. Buscamos um equilíbrio entre a parcimônia e a significância de
informação. A superestimação na quantidade de fatores pode levar a produção de um número
exagerado de construtos, com um número de dimensões excessivas e supérfluas, com
reduzido poder explicativo. Em contrapartida, um número muito pequeno de fatores retidos
45
poderá resultar em perda significativa de informação (DAMÁSIO, 2012; HAIR JÚNIOR et
al., 2009; COSTELLO; OSBORNE, 2005; FAVA; VELICER, 1992).
Analisando um dos parâmetros adotados nesta pesquisa, o “critério da raiz latente”
(eigenvalues>1), Costello e Osborne (2005) demonstraram que ele tende a superestimar o
número de fatores retidos. Somando-se a isso, Fava e Velicer (1992) demonstraram que tal
superestimação tende a ocorrer principalmente quando as cargas fatoriais dos itens são baixas.
As cargas fatoriais dos itens desta pesquisa atenderam aos requisitos aceitáveis para o
tamanho da amostra de respondentes. Entretanto, o baixo número de cargas fatoriais ótimas
(acima de 0,70) e a presença de cargas fatoriais próximas do limite mínimo desejável (HAIR
JÚNIOR et al., 2009) foram indicativos para escolha de um número reduzido de fatores.
Diante das informações supracitadas, entendemos que a opção pelos quatro fatores
atenderam um percentual razoável de variância acumulada explicada e minimizou o risco de
superestimação de fatores, trazendo um equilíbrio entre parcimônia e significância de
informação. Esta escolha foi também apoiada pelos achados da Análise Paralela de Horn
(DAMÁSIO, 2012).
Após a opção de exclusão de quatro itens e determinação dos quatro fatores, a matriz
foi novamente rotacionada. Todas as cargas fatoriais se apresentaram significativas e
aceitáveis para os parâmetros pré-determinados. Cargas fatoriais significativas demonstram
uma correlação entre os itens e seus fatores. Além disso, as comunalidades dos itens,
considerando quatro fatores, foram excelentes (menor comunalidade de 0,838). As
comunalidades representam a quantia de variância explicada por cada variável. Isto demonstra
boa correlação de uma variável com as demais (variância compartilhada). Quanto à presença
de cargas fatoriais cruzadas, estas ocorreram em pequeno número e sempre foi escolhida a
inclusão em determinado fator, baseado no nível de significância, sem a necessidade de
justificativas conceituais. (HAIR JUNIOR et al., 2009; FÁVERO, 2009).
Avaliadas as significâncias das cargas fatoriais de cada item para seu devido
agrupamento, o próximo passo foi rotular os fatores, ou seja, determinar as dimensões latentes
de cada fator. Esta etapa não é determinada pelo programa de computador e sim pelos
pesquisadores envolvidos. Daí a importância de boa fundamentação teórica no entendimento
do construto estudado e dos reais aspectos que o definem (HAIR JUNIOR et al., 2009, 2009).
46
Para escolha dos rótulos, foram considerados os itens com cargas fatoriais maiores
como tendo importância maior na definição dos nomes, somado às abordagens teórico-
metodológicas que vêm sendo abordadas em pesquisas anteriores. Assim sendo, foram
determinadas as dimensões de: “Composição e Extensão da Rede Social”; “Apoio
Instrumental e Disponibilidade”; “Reciprocidade e Longitudinalidade”; “Apoio Emocional e
Participação Social”.
Algumas dimensões específicas do apoio social são discutidas na literatura e apoiam
as classificações escolhidas para as dimensões latentes deste estudo. Pesquisas apontam a
importância em se avaliar a composição da rede social para o ASI e destacam alguns
componentes importantes, dentre eles, a família e os amigos (SHUMAKER et al., 2017;
GOUVEIA et al.; SQUASSONI, MATSUKURA, PANÚNCIO-PINTO., 2016; ANTUNES;
FONTAINE, 2005). Domingues et al. (2011) em uma análise de reprodutibilidade do
instrumento “Mapa Mínimo de Relações do Idoso”, apontaram para a importância em se
avaliar a extensão da rede de apoio social para idosos.
A categoria “instrumental” como parte integrante do AS, é alvo de estudos, tanto em
pesquisas descritivas (RATH; PANIGRAHI, 2017), quanto em estudos de validação de
instrumentos (FREITAS et al., 2017; ZANINI; PEIXOTO, 2016; GRIEP et al., 2005).
Perceber a disponibilidade de pessoas próximas, inclusive para tarefas do dia-a-dia, pode
fazer com que o idoso se sinta valorizado e com laços sociais fortes com sua rede de apoio
(SQUASSONI, MATSUKURA, PANÚNCIO-PINTO 2016)
A reciprocidade pode levar a um sentimento de solidariedade (CANESQUI;
BARSAGLINI, 2012), o engajamento em decisões da família, por exemplo, pode ser fonte
deste sentimento. Quanto à longitudinalidade, esta questão ainda é pouco estudada no que se
refere ao apoio social informal. Entretanto, os aspectos referentes à continuidade do cuidado
se mostram positivos para modelos de redes de atenção bem sucedidos (VERAS et al., 2014)
e em desfechos de saúde (CUNHA; GIOVANELLA, 2011). Esses fatores valorizam a
importância da longitudinalidade como componente para se avaliar o apoio social informal
para idosos.
Os aspectos emocionais estão intimamente ligados à interação e participação social,
sendo portanto partes integrantes de um ASI bem sucedido e são dimensões constantemente
referidas em estudos para esta temática (PINTO; NERI, 2017; VIEIRA, 2013; ZANINI;
47
PEIXOTO, 2016, GRIEP et al., 2005). A Organização Mundial de Saúde (OMS), propõe na
Classificação Internacional de Funcionalidade (OMS, 2003) a avaliação da participação social
para o apoio e relacionamentos.
Sobre a determinação dos valores para cada dimensão, o fator 1 foi o único em que
seus itens foram mais pontuados, sendo atribuído a ele um total de 20 pontos, ou seja, 40% do
valor do instrumento. Esse valor foi muito próximo da porcentagem da variância explicada
para este fator, justificando assim uma graduação consideravelmente maior que as demais.
Com relação à determinação do valor de referência geral e por dimensões, os valores
sugeridos são apenas uma primeira proposta. Como a amostra não teve uma distribuição
normal, optou-se por usar as medianas geral e dos fatores como pontos de referência. É
importante que estudos com um delineamento mais refinado, no que se refere à acurácia
(MEDRONHO; PEREZ, 2009; JONES et al., 2010), delimitem pontos de corte mais precisos
para este instrumento, avaliando critérios como sensibilidade e especificidade, por exemplo.
Ainda que boa parte dos itens se empregam com maior magnitude à população idosa,
não se pode descartar a aplicação deste instrumento em outras populações, considerando a sua
ampla abordagem em dimensões que são comuns a diversos grupos sob vulnerabilidade.
Desta forma, este instrumento pode ser importante ferramenta de rastreio de apoio social
informal mal sucedido, podendo ser aplicado em diversos serviços de saúde, sobretudo na
atenção primária, em busca do apoio da rede social ao cuidado integral das pessoas,
potencializando assim os resultados almejados.
Como limitações do estudo, pode-se citar que as respostas com especialistas foram
coletadas completamente em formato online, isto dificultou o profissional respondente em
esclarecer dúvidas sobre os itens, o que poderá favorecer o surgimento de viés de resposta em
alguns casos. A amostra obtida para as entrevistas presenciais com o público-alvo foi de
apenas uma cidade. O ideal é que fosse de cidades e regiões diferentes do Brasil, para se
contemplar uma desejável variedade cultural entre os entrevistados. É válido destacar a
importância de outras etapas de validação para este instrumento, tais como a Análise Fatorial
Confirmatória, análise de acurácia e reprodutibilidade, adaptação transcultural para outros
idiomas, dentre outras.
Ainda sobre as limitações do estudo podemos citar que, mesmo tendo respondentes de
todas as regiões do país, a amostra foi concentrada em sua maior parte nas regiões Nordeste e
48
Sudeste, reduzindo assim a desejável variabilidade cultural. Parte dos entrevistados,
responderam ao questionário à distância, isso poderia favorecer um número maior de
respostas aleatórias, potencializando a possibilidade de viés de resposta (AMATUZZI et al.,
2006).
Entendendo o apoio social informal como um construto multidimensional, seria difícil
mensurar todos os seus aspectos e determinantes. Entretanto, o apoio social de informação é
reiteradas vezes destaque na literatura (ZANINI, PEIXOTO, 2016; JOHN et al., 2016;
HOBBS et al., 2016; GRIEP et al., 2005) e não foi contemplado neste instrumento. É
prudente lembrar ainda da importância em se certificar das qualidades psicométricas deste
instrumento em outras populações, além de se confirmar seus fatores ou dimensões latentes
através de uma Análise Fatorial Confirmatória.
49
7 CONCLUSÕES
A etapa de validade baseada no conteúdo demonstrou uma boa relevância dos itens
propostos mediante bons indicadores do índice de validade de conteúdo geral e por item.
Algumas sugestões indicadas pelos especialistas possibilitaram a inclusão de dois itens e
aperfeiçoamento das demais questões inicialmente propostas. A validade baseada no processo
de respostas permitiu uma aproximação da linguagem utilizada no instrumento, à linguagem
usada pelos idosos. Um melhor entendimento das questões pela população-alvo poderá
resultar em respostas mais fidedignas e num processo de aplicação do instrumento facilitado.
A partir da avaliação dos resultados da Análise Fatorial Exploratória, o Questionário
de Apoio Social Informal para Idosos apresentou boas propriedades psicométricas, tais como:
cargas fatoriais aceitáveis e comunalidades excelentes. Os vinte itens que compõem o
instrumento, se distribuíram em quatro fatores retidos: “Composição e Extensão da Rede
Social”; “Apoio Instrumental e Disponibilidade”; “Reciprocidade e Longitudinalidade”; e
“Apoio Emocional e Participação Social”.
O valor de referência sugerido para um apoio social informal para idosos bem
sucedido, foi de 42 pontos. Estudos de validação para o aperfeiçoamento deste questionário,
em novas populações e com técnica de Análise Fatorial Confirmatória e de acurácia, se fazem
importantes.
50
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58
Apêndice A – TERMO DE CONSETIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
O título desta pesquisa é “Construção e validação de uma escala de apoio social para idoso” O Suporte
Social é um determinante importante para a saúde de diversas pessoas idosas. Esse estudo tem como
objetivo construir e validar um questionário para avaliação do Suporte Social para idosos. Esta
pesquisa está sendo desenvolvida para o doutoramento do pesquisador Marcello Barbosa Otoni
Gonçalves Guedes, orientada pelo professor Kenio Costa Lima, sendo vinculada ao Programa de Pós-
Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Sua participação é voluntária e se dará por meio das respostas realizadas neste questionário. Caso
aceite, mas, depois o Sr (a) desista de sua participação, terá o direito e a liberdade de retirar seu
consentimento durante a coleta dos dados, independente do motivo e sem nenhum prejuízo a sua
pessoa. Se você aceitar participar, estará contribuindo para geração de instrumento de avaliação do
suporte social para a população idosa brasileira.
Os benefícios da pesquisa se referem à construção de um instrumento de avaliação do Apoio Social
que poderá ser útil, com aplicação simples e prática para pesquisadores e profissionais, na sua
aplicação na prática clínica e em outras pesquisas, fornecendo uma avaliação e/ou reavaliação mais
criteriosa do Apoio Social entre idosos, o que favorecerá toda sociedade.
Nesta pesquisa não ocorrerá qualquer intervenção clínica ou procedimento de avaliação que possa
prejudicar sua integridade física. Sua participação se resumi na resposta ao questionário, sem custos
financeiros advindos da pesquisa aos mesmos, descarta-se também riscos físicos relevantes.
Entretanto, agravos psicológicos advindos das respostas ao questionário poderão ocorrer. Caso o
senhor(a) se sinta emocionalmente afetado, lhe encaminharemos para atendimento psicológico no
Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte sem custos adicionais.
O tempo médio de realização do questionário é de 5 minutos. Ressaltamos que os dados coletados
serão mantidos em absoluto sigilo, de acordo com a Resolução do Conselho Nacional de Saúde
(CNS/MS) 466/12.Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital
Universitário Onofre Lopes, com número de parecer 1644533.
Para qualquer outra informação, o (a) Sr (a) poderá entrar em contato com o pesquisador Marcello
Barbosa Otoni Gonçalves Guedes pelo telefone (84) 998168693 ou ainda procurar o Comitê de Ética
em Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes Endereço: Av. Nilo Peçanha, 620, Bairro
Petrópolis, Espaço João Machado - 1º Andar - Prédio Administrativo - CEP 59.012-300 - Natal/Rn,
telefone: 3342-5003, E-mail: [email protected]
59
Eu, ________________________________________________ (paciente ou responsável), fui
informado dos objetivos da pesquisa acima de maneira clara e detalhada. Recebi informação a respeito
do método que será utilizado.
Sei que em qualquer momento poderei solicitar novas informações e modificar minha decisão se assim
eu desejar. Fui igualmente informado da garantia de receber resposta a qualquer dúvida acerca dos
procedimentos, da liberdade de tirar meu consentimento, a qualquer momento, e da garantia de que
não serei identificado quando da divulgação dos resultados e que as informações obtidas serão
utilizadas apenas para fins científicos vinculados ao presente projeto de pesquisa.
______________________________________________________________________
Assinatura do Entrevistado
______________________________________________________________________
Nome
Data: ___/____/__________
______________________________________________________________________
Impressão Datiloscópica
___________________________________________________________________________
Assinatura do Pesquisador
______________________________________________________________________
Nome
Data: ____/___/________
60
Apêndice B – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA
61
62
63
Apêndice C - Painel completo com análise das observações gerais referentes ao instrumento feitas pelos
especialistas, decisão e justificativas dos juízes. Natal-RN, Brasil, 2017
Observações gerais relativas ao
instrumento Decisão: aceitar/
aceitar
parcialmente/rej
eitar
Justificativa
Recomendo trocar "o senhor" por
você. Aceitar O pronome de tratamento “você” poderá
melhorar o vínculo entre o entrevistado e o
entrevistador e favorecer a adesão quando o
questionário for auto aplicado. Dependendo do público sugiro a
palavra “você” Aceitar O pronome de tratamento “você” poderá
melhorar o vínculo entre o entrevistado e o
entrevistador e favorecer a adesão quando o
questionário for auto aplicado. Sugiro retirar o "muitas" das
questões. Aceitar
parcialmente A redução da extensão da frase poderá
favorecer no entendimento em alguns itens. Penso que o questionário cobre
apenas parte do construto
proposto. Seria bom compreender
o que está sendo entendido por
apoio social, pois há, por
exemplo, recursos institucionais
que não foram considerados...
Aceitar Mediante a observação o questionário será
restringido a análise do Apoio Social
Informal.
Acho que a ideia presente de
apoio social está muito restrita,
seria importante, salvo melhor
juízo, também inserir a questão
do "apoio" institucional. Pois se
alguém idoso tem acesso à
direitos, algumas questões acima
listadas deixam de receber a
mesma importância. O
questionário para reforçar a ideia
que apoio social é somente aquele
advindo da família e de amigos.
Aceitar Mediante a observação o questionário será
restringido a análise do Apoio Social
Informal.
Todos os itens são relevantes!
Porém não comungo com a
perspectiva adotada para
dimensionar Índice de Apoio
Social. Entendo ser tb
responsabilidade do Estado,
através de Políticas públicas -
equipamentos sociais e recursos
humanos - ofertar proteção social
aos idosos/as. A perspectiva
adotada pelo pesquisador é de
absoluta responsabilização das
famílias e das redes de
solidariedade (amigos,
conhecidos, etc). Todos são
importantes, mas jamais devem
ser os exclusivos responsáveis!
Não se trata de "ajuda" e sim de
"direitos" ao bem estar e a
proteção social.
Aceitar Mediante a observação o questionário será
restringido a análise do Apoio Social
Informal.
Penso que o estudo deveria
incorporar o que já tivemos de
avanços no campo da Seguridade
Rejeitar A observação extrapola os objetivos da
construção do Painel por especialistas
propostos para esta etapa.
64
Social neste país! Em sendo
professor da UFRN - sugiro
procurar o Departamento de
Serviço Social desta importante
Universidade. Tenho certeza que
receberá necessárias orientações
para este estudo. Nas primeiras perguntas não
entendi o motivo do plural.
Poderia ser no singular, pois
facilitaria o entendimento
Aceita
Parcialmente Frases no singular poderão favorecer no
entendimento em alguns itens.
Sugiro introduzir o item idade,
por exemplo, estou respondendo
e não sou identificada pela minha
idade 56 anos como idosa, e
também não há um recorte de
gênero, se quem responde é
homem, mulher, gay, “trans”,
lésbica etc.
Rejeitar A observação extrapola os objetivos da
construção do Painel por especialistas.
Alguns destes itens poderão ser introduzidos
em etapa posterior na aplicação entre os
idosos.
Seria importante esclarecer o que
a pesquisa considera por apoio
social. No questionário final é
importante deixar um contato de
e-mail de um dos pesquisadores
responsáveis. Sobre as categorias
de análise não pareceram muito
adequadas (Irrelevante; Pouco
Relevante; Relevante Muito
Relevante; Extremamente
Relevante). Sugestão: Não, Sim,
Pouco Frequente, Muito
Frequente, Sempre
Rejeitar A observação extrapola os objetivos da
construção do Painel por especialistas
propostos para esta etapa. O grau de
relevância é característica essencial para o
desenvolvimento do estudo.
O instrumento precisa de
instruções de aplicação que
contemplem a especificidade dos
idosos. Acho desaconselhável
fazer o instrumento de modo auto
aplicado para essa população.
Melhor fazer em forma de
entrevista, pois eles se sentem
mais a vontade, mais acolhido e
até para o entrevistador dar
exemplos sobre os itens caso não
entendam
Rejeitar A observação extrapola os objetivos da
construção do Painel por
especialistaspropostos para esta etapa.
65
Apêndice D - Painel com sugestões de inclusão de novos itens pelos especialistas, decisão e justificativas
dos juízes. Natal-RN, Brasil, 2017
Sugestões de novos itens Decisão: aceitar/
aceitar
parcialmente/reje
itar
Versão do novo item Justificativa
Acho importante avaliar a
percepção do idoso também no
que diz respeito ao apoio
emocional. Por exemplo, quando
o senhor está triste ou com
saudades de alguém o senhor tem
com quem falar sobre isso?
Aceitar Quando você está
triste ou com
saudades de alguém
o senhor tem com
quem falar sobre
isso?
É importante a
avaliação do
aspecto emocional
no Apoio Social
Informal para
idosos.
Quais os serviços de que o senhor
dispõe na sua comunidade:
serviços médicos, apoio e
orientação psicológica, lazer,
acompanhamento.
Rejeitar - Extrapola o
conceito de Apoio
Social Informal
Acesso a benefícios
previdenciários e assistenciais; Rejeitar - Extrapola o
conceito de Apoio
Social Informal Oportunidades de reinserção no
mercado de trabalho Rejeitar - Extrapola o
conceito de Apoio
Social Informal Vida afetiva e sexual Rejeitar - Extrapola o
conceito de Apoio
Social Informal Itens relativos a estrutura
familiar: filhos e outros entes
próximos que efetivamente
ajudem nos cuidados dos idosos.
Aceitar Você possui parentes
próximos que
ajudem nos seus
cuidados quando
precisa?
Suporte de
familiares
próximos é
importante para
avaliação do Apoio
Social Informal. Acho que é importante considerar
também apoio para utilizar
remédios, para acompanhar em
exames médicos, se na casa há
adaptações para auxiliar na
locomoção/segurança...
Rejeita - Extrapola o
conceito de Apoio
Social Informal
Verifique sobre afetividade
(romance sexo etc) Rejeitar - Extrapola o
conceito de Apoio
Social Informal Se nos últimos 30 teve situações
de vulnerabilidade social (assalto,
medo etc)
Rejeitar - Extrapola o
conceito de Apoio
Social Informal O senhor(a) continua decidindo
sobre a sua vida? Muito relevante Rejeitar - Extrapola o
conceito de Apoio
Social Informal
66
Apêndice E - Painel com observações e sugestões para alteração de cada item realizadas pelos especialistas,
decisão, nova versão do item e justificativas dos juízes. Natal-RN, Brasil, 2017
Observações por itens
/sugestões Decisão: alterar,
manter, excluir Nova versão Justificativa
ITEM 22-Quando jovem, o
senhor recebia ajuda adequada
de outras pessoas?
- Quando jovem, você
recebia ajuda
adequada de outras
pessoas?
O pronome de
tratamento “você”
poderá melhorar o
vínculo entre o
entrevistado e o
entrevistador e
favorecer a adesão
e entendimento
sobre o
questionário Observação: Pra mim não ficou
clara, ou melhor não vai ao
encontro da situação presente de
apoio social.
Rejeitar - Este item pretende
avaliar o nível de
Apoio Social
recebido em outras
fases da vida. Observação: Acho desnecessária
a pergunta 22 Rejeitar - Este item pretende
avaliar o nível de
Apoio Social
recebido em outras
fases da vida. Sugestão: Quando jovem, você
recebia apoio de outras pessoas?
Recomendo trocar "o senhor" por
você
Aceitar - O pronome de
tratamento “você”
poderá melhorar o
vínculo entre o
entrevistado e o
entrevistador e
favorecer a adesão
e o entendimento
sobre o
questionário. ITEM 14- O senhor(a)
participa das discussões para
uma decisão familiar?
- Você participa de
uma decisão
familiar?
O pronome de
tratamento “você”
poderá melhorar o
vínculo entre o
entrevistado e o
entrevistador e
favorecer a adesão
e entendimento
sobre o
questionário Sugestão: É necessário? ou pode
mudar..." participa de decisões....
A palavra discussão pode suscitar
dúvidas. Pode ser entendido
como “brigar”
Aceitar - Entendemos que
participar das
decisões familiares
é um indicativo de
que o idoso
também fornece
suporte. A palavra
“discussão” foi
retirada para evitar
se confundir com
“brigas”,
“desentendimento”
67
ITEM 15- O senhor(a)
participa das discussões para
uma decisão entre amigos?
- Você participa das
decisões entre
amigos?
O pronome de
tratamento “você”
poderá melhorar o
vínculo entre o
entrevistado e o
entrevistador e
favorecer a adesão
e entendimento
sobre o
questionário Observação: A questão 15
também é incompreensível. O
que quer dizer?
Aceitar
parcialmente - A inclusão do
pronome “você”
no lugar de
“senhor” e a
retirada da palavra
“discussões”
poderá melhorar o
sentido da
pergunta. ITEM 2- O senhor(a) mora com
muitas pessoas? - -
Sugestão: você pode contar com
as pessoas que moram com o
senhor? (avaliar melhor a
percepção do apoio...do que
somente a indicação do número
de pessoas)
Rejeitar - Além da qualidade,
um dos aspectos
importantes para se
avaliar o Apoio
Social Informal é a
extensão da rede
social. Sugestão: Você mora com outras
pessoas? (comentário: o fato de
ter muitas pessoas não garante o
apoio ao idoso)
Rejeitar - Além da qualidade,
um dos aspectos
importantes para se
avaliar o Apoio
Social Informal é a
extensão da rede
social. Sugestão: Você mora sozinho? Rejeitar - Além da qualidade,
um dos aspectos
importantes para se
avaliar o Apoio
Social Informal é a
extensão da rede
social. Sugestão: Excluir Rejeitar - Além da qualidade,
um dos aspectos
importantes para se
avaliar o Apoio
Social Informal é a
extensão da rede
social. ITEM 17- O senhor(a) escuta o
problema dos outros quando
solicitado?
- Você escuta o
problema dos outros
quando solicitado?
O pronome de
tratamento “você”
poderá melhorar o
vínculo entre o
entrevistado e o
entrevistador e
favorecer a adesão
e entendimento
sobre o
questionário
68
Sugestão: Você escuta os
problemas dos outros quando
solicitado?
Aceitar - -
Sugestão: Itens 17 e 18 - Não
consegui entender o
objetivo.Sugiro Excluir
Rejeitar - Fornecer suporte
emocional é um
aspecto importante
do Apoio Social
Informal para
idosos ITEM 8- O senhor(a) recebe
visitas de outras pessoas com
frequência?
- Você recebe visitas
com frequência? -
Sugestão: O senhor(a) recebe
visitas com frequência? Aceitar - A redução da
extensão da frase
poderá favorecer
no entendimento
deste item. Você recebe visitas de familiares? Rejeitar - Especificar muito
algumas questões
poderia tornar o
questionário
excessivamente
extenso. ITEM 5- O senhor(a) tem um
amigo que more perto? - Você possui algum
amigo que veja
frequentemente?
-
Sugestão: poderia ser diferente -
perguntar sobre o amigo e além
de morar perto, se eles tem
contato frequente
Aceitar
parcialmente,
alteração item 3
- A sugestão foi
acolhida para
modificação do
item 3, por
favorecer um
melhor
entendimento da
frase. ITEM 21- A ajuda que o senhor
teve ou teria nos últimos 30 dias
foi adequada?
- A ajuda que o você
teve ou teria nos
últimos 30 dias foi
satisfatória?
-
Sugestão: A ajuda que você teve
nos últimos 30 dias foi
satisfatória?
Aceitar - O pronome de
tratamento “você”
poderá melhorar o
vínculo entre o
entrevistado e o
entrevistador e
favorecer a adesão
e o entendimento
sobre o
questionário for
auto aplicado. A
palavra
“satisfatória”
poderá favorecer
um melhor
entendimento da
frase. Sugestão: o senhor se sente
satisfeito com a ajuda que
recebeu nos últimos 30 dias?
Aceitar
parcialmente - A palavra
“satisfatória”
poderá favorecer
um melhor
69
entendimento da
frase. Observação: qual seria o tipo de
ajuda? Dependendo desta
classificação, encaixaria ou não
no item apoio social
Rejeitar - Especificar muito
algumas questões
poderia tornar o
questionário
excessivamente
extenso. ITEM 6- O senhor(a) tem um
vizinho presente? - Você tem um vizinho
com quem possa
contar em caso de
necessidade?
-
Observação: A questão 6 também
é problemática. O que seria um
vizinho "presente"?
Aceitar - A adequação da
frase poderá
favorecer o seu
entendimento. Sugestão: O senhor(a) tem um
vizinho presente, com quem
possa contar em caso de
necessidade?
Aceitar
Parcialmente - A adequação da
frase poderá
favorecer o seu
entendimento. Sugestão: "Vizinho presente"
pode não ser claro para todas as
pessoas. Quem sabe "um vizinho
amigável, disponível quando
precisa de alguma ajuda"?
Aceitar
parcialmente - A adequação da
frase poderá
favorecer o seu
entendimento.
Sugestão: O senhor(a) tem um
vizinho presente? Rejeitar - Estar presente, não
significa o mesmo
de poder contar. ITEM 4- O senhor(a) tem um
parente próximo que more
perto?
- Você tem um parente
com quem possa
contar e more perto?
-
Sugestão: Excluir ou definir o
que é próximo (irmão, filho...) Aceitar
parcialmente - A adequação da
frase poderá
favorecer o seu
entendimento.
Entretanto,
especificar cada
membro próximo
poderia deixar o
questionário
excessivamente
extenso. ITEM 1: - O senhor(a) pode
contar com muitas pessoas
próximas?
- - -
Sugestão: Você pode contar com
pessoas muito próximas? Rejeitar Além da qualidade,
um dos aspectos
importantes para se
avaliar o Apoio
Social Informal é a
extensão da rede
social. Observação: Por exemplo, o item
1 é "O senhor(a) pode contar com
muitas pessoas próximas?". As
evidências científicas revelam
que o número de pessoas na rede
não está diretamente relacionado
à trocas de apoio satisfatórias.
Rejeitar - Além da qualidade,
um dos aspectos
importantes para se
avaliar o Apoio
Social Informal é a
extensão da rede
social.
70
Um idoso com uma rede pequena
pode se sentir mais satisfeito com
as trocas que estabelece com sua
rede do que um idoso que tem
uma rede muito grande, mas que
nem todos os membros são
mobilizados. Observação: nas primeiras
perguntas não entendi o motivo
do plural. Poderia ser no singular,
pois facilitaria o entendimento
Rejeitar - Além da qualidade,
um dos aspectos
importantes para se
avaliar o Apoio
Social Informal é a
extensão da rede
social. ITEM 20- O contato social com
outras pessoas é duradouro? - O seu contato social
com outras pessoas é
duradouro?
-
Observação: A questão 20 é
incompreensível. O que é contato
duradouro? A questão 15 também
é incompreensível. O que quer
dizer?
Aceitar
parcialmente - A adequação da
frase poderá
favorecer o seu
entendimento.
Sugestão: O seu contato social
com outras pessoas é duradouro? Aceitar - A adequação da
frase poderá
favorecer o seu
entendimento.
71
Apêndice F – Painel com observações, sugestões dos idosos, decisões e justificativas dos juízes referentes
aos itens do Questionário de Apoio Social Informal para Idosos. Natal-RN, Brasil, 2017
Item Observações e percepções Decisão dos Juízes e
Justificativa 1.Você pode contar com pessoas
próximas?
Necessitou de repetição para
entender; Necessitou de repetição para
entender; Hesitou ao responder e relacionou
pessoas próximas a amigos;
Manter item. As reações
foram relativas à
percepção do
entrevistado e não
ocorreram em grande
número.
2. Você mora com muitas
pessoas? Mora com mais 4 pessoas mas não
julga ser muitas; Relatou morar com mais 3 pessoas e
julgou ser pouco; Diz morar com mais 3 pessoas, mas
não sabe informar se é muito ou
pouco; Diz morar com 4 pessoas, mas não
achou muito; Relatou morar com mais 3 pessoas e
julgou ser muitas
Manter Item O objetivo deste item é
avaliar a concepção do
próprio entrevistado em
determinar o que é muito
ou pouco e não ter um
parâmetro quantificável
específico.
3.Você possui um amigo que
veja frequentemente?
Necessitou de repetição para
entender; Relatou entender, mas relacionou
“ver amigo frequentemente” a ajuda
que lhe é dada por alguém quando
está doente;
Manter Item. O objetivo deste item é
avaliar a concepção do
próprio entrevistado em
determinar o que é muito
ou pouco e não ter um
parâmetro quantificável
específico. 4. Você tem um parente com
quem possa contar e more
perto?
Esqueceu parte da pergunta e
necessitou de repetição para
responder; Exclui filho como parente, mesmo
tendo um que more perto, não
entendeu ele como parente;
Alterar item para Você
tem alguém da família
com que possa contar e
more perto? Muitos entrevistados
atribuíam “parentes
próximos” apenas aos
familiares mais distantes,
e excluíam irmãos, pais e
filhos do grupo. 5. Você tem um amigo que more
perto? Sem observações relevantes Manter item
6. Você tem um vizinho com
quem possa contar em caso de
necessidade?
Necessitou de repetição para
entender; Relatou entender, mas associou
“vizinho” a uma pessoa que mora na
cidade e não muito próximo de sua
casa; Necessitou de repetição para
entender;
Manter item. As reações
foram relativas à
percepção do
entrevistado e não
ocorreram em grande
número.
7. Você realiza visitas com
frequência? Gerou dúvida em relação ao grau de
frequência; Entendeu como receber visitas, mas
ao ser questionado na pergunta
posterior entendeu o significado
desta; Relatou que a pergunta seria melhor
Alterar item para “Você
visitou outras pessoas
com frequência?”.
Espera-se que neste
formato a linguagem
esteja mais próxima da
usado pelo público alvo,
72
compreendida falando da seguinte
forma: “Você faz visitas com
frequência?”; Necessitou de repetição para
entender;
facilitando seu
entendimento.
8. Você recebe visitas com
frequência?
Confundiu “realizar” com “receber”
da pergunta anterior;
Manter item. As reações
foram relativas à
percepção do
entrevistado e não
ocorreram em grande
número. 9. Você tem alguém com quem
conversar? Sem observações relevantes Manter Item
10. Você tem alguém para
ajudar nas tarefas de casa? Demonstrou dúvida por não ter
empregada, mas entendeu a pergunta;
Manter item. As reações
foram relativas à
percepção do
entrevistado e não
ocorreram em grande
número. 11. Você tem alguém para
ajudar a sair de casa quando
precisa?
Necessitou de repetição para
entender; Necessitou de repetição para
entender; Relatou não se aplicar a ele, mas
entendeu bem a pergunta;
Alterar item para: “Você
tem alguém para ajudar a
sair de casa caso
precise?” A palavra “caso” ajuda a
eliminar muitas respostas
“não se aplica”. 12. Você tem alguém para
ajudar quando está de cama ou
doente?
Hesitou ao responder por ter ficado
emocionada; Relatou não se aplicar a ele, mas
entendeu bem a pergunta;
Alterar item para “Você
tem alguém para ajudar
caso esteja de cama ou
doente?”. A palavra
“caso” ajuda a eliminar
muitas respostas “não se
aplica”. 13. Você tem alguém para
ajudar quando tem dificuldade
financeira?
Sem Observações relevantes. Alterar item para “Caso
você tenha dificuldade
financeira tem alguém
para lhe ajudar?”A
palavra “caso” ajuda a
eliminar muitas respostas
“não se aplica”. 14. Você participa de uma
decisão familiar?
Demonstrou certa hesitação mas
explicou bem o significado do item; Demonstrou certa hesitação
Alterar item para “Você
participa de alguma
decisão familiar?” A
palavra “alguma” deixou
a questão mais
abrangente. 15. Você participa das decisões
entre amigos?
Entendeu como interação entre
amigos; Confundiu com “ pedir ajuda”;
Manter item. As reações
foram relativas à
percepção do
entrevistado e não
ocorreram em grande
número. 16. Você participa de alguma
decisão da comunidade?
Sem observações relevantes Manter Item
17. Você escuta o problema dos
outros quando solicitado?
Relacionou problemas com
necessidades que outras pessoas
possam ter;
Alterar item para “Você
ajuda outras pessoas
quando solicitado?”.
73
Hesitou ao explicar a pergunta, mas
conseguiu compreender o significado
do item; Entendeu “escutar problemas” como
algo negativo, relacionando com
intrigas sobre a vida dos outros que
algumas pessoas possam vir falar
para ele, por exemplo; Entendeu “escutar problemas” como
algo negativo.
Escutar o problema, no
entendimento dos juízes
seria uma forma de ajuda
emocional fornecida, o
que não foi entendido
desta forma pelos
entrevistados, diante do
problema decidiu-se
alterar a pergunta.
18. Você conforta a tristeza dos
outros quando solicitado?
Entendeu “confortar tristeza” como
algo negativo; Necessitou de repetição para
entender; Pareceu não entender bem a palavra
“conforto”, mas soube explicar o
item; Julgou a pergunta ser muito
semelhante à pergunta anterior;
Alterar item para “Você
consola as pessoas
quando elas estão
tristes?”. Confortar a
tristeza no entendimento
dos juízes seria uma
forma de ajuda
emocional fornecida, o
que não foi entendido
desta forma pelos
entrevistados, diante do
problema decidiu-se
alterar a pergunta. 19. Você compartilha momentos
de lazer com alguém? Sem observações relevantes Manter Item
20. O seu contato social com
outras pessoas é duradouro?
Durante explicação do que se tratava,
restringiu contato social apenas à
“conversa”; Destacou a expressão “permanente”.
Alterar item para “O seu
contato social com outras
pessoas é permanente?”.
A substituição da palavra
duradouro poderá
aproximar a linguagem
do instrumento da
linguagem usada pela
população alvo,
facilitando o
entendimento. 21. A ajuda que você teve ou
teria nos últimos 30 dias foi
satisfatória?
Perguntou qual tipo de ajuda; Perguntou que tipo de ajuda; Necessitou de repetição para
responder; Perguntou que tipo de ajuda;
Restringiu a “ajuda” a apenas
familiares, excluindo outras pessoas; Relacionou à ajuda financeira que o
filho fornece todo mês.
Alterar item para “A
ajuda que você teve ou
teria nos últimos 30 dias
foi ou seria satisfatória?”
A inclusão da palavra
seria” reduz o número de
respostas “não se aplica”
22. Quando jovem, você recebia
ajuda adequada de outras
pessoas?
Entendeu, mas não se lembra; Relacionou a juventude apenas à
idade adulta e a independência com
seu próprio trabalho; Restringiu “outras pessoas” apenas a
amigos e conhecidos, não incluindo
familiares neste grupo; Relacionou ao sofrimento da
juventude por condições precárias da
família; Perguntou que tipo de ajuda.
Alterar item para “Ao
longo da vida, você
recebeu ajuda adequada
de outras pessoas?”. A
alteração deixou o
questionamento mais
abrangente.
23. Quando você está triste ou Sem observações relevantes Manter Item
74
com saudades de alguém tem
com quem falar sobre isso? 24. Você possui parentes
próximos que ajudem nos seus
cuidados quando precisa?
Relacionou mais a “atenção afetiva”
que outros tipos de cuidados; Tende a excluir parentes muito
próximos como filhos;
Alterar item para: “Você
possui algum familiar
que ajude nos seus
cuidados caso
precise?”.A palavra
“caso” possivelmente
ajudará a minimizar as
respostas “não se aplica”
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Apêndice G - Questionário de Apoio Social Informal para Idosos após Análise Fatorial Exploratória e extração
dos 4 fatores. Natal-RN, Brasil. 2017
GÊNERO: ( ) Masculino ( ) Feminino IDADE: ESCOLARIDADE: ( ) Ensino Fundamental ( ) Ensino Médio ( ) Ensino Superior ( ) Pós Graduação O Apoio Social Informal trata-se de todo suporte emocional, financeiro, material ou para atividades do dia-a-dia,
recebida por uma rede de pessoas (parentes, amigos, vizinhos, dentre outros). MARQUE A ALTERNATIVA QUE O(A) SENHOR(A) JULGUE MAIS APROPRIADA PARA CADA ITEM
REFERENTE AO APOIO SOCIAL INFORMAL PARA IDOSOS Itens e Fatores SIM NÃO
COMPOSIÇÃO E EXTENSÃO DA REDE SOCIAL 1.Você pode contar com pessoas próximas?
3.Você possui um amigo que veja frequentemente?
4. Você tem alguém da família com que possa contar e more perto?
5. Você tem um amigo que more perto?
6. Você tem um vizinho com quem possa contar em caso de
necessidade?
INSTRUMENTAL E DISPONIBILIDADE 2. Você mora com muitas pessoas?
8. Você recebe visitas com frequência?
10. Você tem alguém para ajudar nas tarefas de casa?
11. Você tem alguém para ajudar a sair de casa caso precise?
12. Você tem alguém para ajudar caso esteja de cama ou doente?
13. Caso você tenha dificuldade financeira tem alguém para lhe
ajudar?
24. Você possui algum familiar que ajude nos seus cuidados caso
precise?
RECIPROCIDADE E LONGITUDINALIDADE 14. Você participa de alguma decisão familiar?
21. A ajuda que você teve ou teria nos últimos 30 dias foi ou seria
satisfatória?
22. Ao longo da vida, você recebeu ajuda adequada de outras
pessoas?
EMOCIONAL E PARTICIPAÇÃO SOCIAL
9. Você tem alguém com quem conversar?
15. Você participa das decisões entre amigos?
19. Você compartilha momentos de lazer com alguém?
20. O seu contato social com outras pessoas é permanente?
23. Quando você está triste ou com saudades tem com quem falar
sobre isso?
Fonte: Elabora pelo Autor (2017).