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Universidade Camilo Castelo Branco Pós-Graduação em Produção Animal, Campus Descalvado EUKIRA ENILDE MONZANI PADRONIZAÇÃO DE MÉTODO ANALÍTICO DE FIBRA EM ALIMENTOS VOLUMOSOS PADRONIZATION OF ANALYTICAL METHOD OF ROUGHAGES DESCALVADO, SP 2013

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Universidade Camilo Castelo Branco

Pós-Graduação em Produção Animal, Campus Descalvado

EUKIRA ENILDE MONZANI

PADRONIZAÇÃO DE MÉTODO ANALÍTICO DE FIBRA EM

ALIMENTOS VOLUMOSOS

PADRONIZATION OF ANALYTICAL METHOD OF ROUGHAGES

DESCALVADO, SP

2013

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Eukira Enilde Monzani

PADRONIZAÇÃO DE MÉTODO ANALÍTICO DE FIBRA EM ALIMENTOS

VOLUMOSOS

Orientadora: Profa. Dra. Liandra Maria Abaker Bertipaglia

Co- Orientador: Prof. Dr. Gabriel Mauricio Peruca de Melo

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Produção Animal da

Universidade Camilo Castelo Branco, como complementação dos créditos necessários para obtenção

do título de Mestre em Produção Animal.

Descalvado, SP

2013

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DedicoDedicoDedicoDedico

Dedico o presente trabalho aos meus pais, Izoldino Laurindo Monzani

(no coração) e Maria Aparecida Guellero Monzani que foram a

principal razão de todo meu esforço.

Às minhas irmãs, sobrinhas e ao meu namorado pela compreensão, apoio

e paciência.

E a minha pequena Andora por sempre estar presente em minha vida.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por tornar tudo possível, e me auxiliar a sempre ter força e garra para seguir

em frente.

A meus pais, Izoldino e Maria por serem meu alicerce acreditando sempre em minha

capacidade, me apoiando e incentivando a alcançar meus objetivos. Por tudo que

me proporcionaram; tudo que sou devo a eles.

A Profª Drª Liandra Maria Abaker Bertipaglia, pela orientação na elaboração e

condução deste experimento e, principalmente, pela confiança e todo o auxílio

dedicado.

Ao Profº Dr Gabriel Mauricio Peruca de Melo, meu co-orientador, pela fundamental

colaboração neste trabalho, pelo apoio, confiança e dedicação profissional.

Ao Profº Dr Vando Edésio Soares, pela imensa colaboração e apoio para a

conclusão deste trabalho.

As minhas irmãs Eloelene, Evanilda, Edilene e Emilene; e minhas sobrinhas Laís e

Letícia por toda a paciência e compreensão em todos os momentos.

Ao meu namorado Marco Antonio Mota Junior pelo apoio nos momentos difíceis,

pelo carinho, respeito e paciência e por tornar minha vida cada dia mais feliz.

A minha pequena Andora pelas ausências, falta de tempo, e compreensão.

A todos aqueles que direta ou indiretamente estiveram presentes me auxiliando em

mais uma conquista em minha vida.

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PADRONIZAÇÃO DE MÉTODO ANALÍTICO DE FIBRA EM ALIMENTOS

VOLUMOSOS

RESUMO

O experimento foi realizado no laboratório de Biogeoquímica e Nutrição Animal, da

UNICASTELO, campus Descalvado a fim de avaliar a eficiência do micro método de

análise de fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e

lignina, utilizando saquinhos de tecido TNT, em duas espessuras de trama e,

comparando-o com o método de determinação de fibra de Van Soest (1963b).

Utilizou-se 4 amostras de volumosos (silagem de milho, alfafa, bagaço de cana, feno

tifton). O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, com

quatro tratamentos, a saber: método convencional de refluxo (Van Soest), método

sequencial com autoclave utilizando cadinhos filtrantes, método sequencial com

autoclave utilizando saquinhos de TNT de trama fina, método sequencial com

autoclave utilizando saquinhos de TNT de trama grossa; três repetições por

tratamento. Os dados foram analisados em esquema de análise de parcelas

subdivididas (três vezes no tempo). Diante dos resultados obtidos, observou-se que

em cada alimento usado na avaliação dos métodos, houve resultados distintos para

cada um dos parâmetros (FDN, FDA, lignina, hemicelulose, celulose). Na silagem de

milho, para a FDN, o método de refluxo mostrou resultados significativamente

inferiores aos demais métodos; da mesma forma para FDA, hemicelulose e celulose.

Para alfafa, os resultados nos três períodos experimentais dificulta o julgamento dos

métodos, com exceção da FDA e celulose que apresentou menores valores (P<0,05)

no método refluxo. Para o bagaço de cana, os resultados médios de lignina e

celulose foram inferiores no método refluxo. Os demais parâmetros apresentaram

valores diferentes em cada período experimental. De acordo com os dados obtidos,

conclui-se que os resultados dos parâmetros obtidos por meio do método TNT-

grosso, que é alternativo ao Refluxo e Autoclave-cadinho estão “numericamente”

muito próximos e, considerando ser um método mais economicamente viável e

sustentável na rotina laboratorial de análises de alimentos, recomenda-se a adoção.

Palavras-chave: Autoclave, FDA, FDN, lignina, TNT

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PADRONIZATION OF ANALYTICAL METHOD OF FIBER IN

ROUGHAGES.

ABSTRACT

The experiment was conducted in the Laboratory of Biogeochemical and Animal

Nutrition, of Unicastelo, campus Descalvado to evaluate the efficiency of the

microanalysis method neutral detergent fiber (NDF), acid detergent fiber (ADF) and

lignin, using bags nonwovens in two thicknesses of weft and comparing it with the

methods of Van Soest detergent. It was used 4 samples of bulky (corn silage, alfalfa,

cane bagasse, tifton hay). The experiment was conducted in a randomized design

with four treatments, namely: conventional reflux method (Van Soest), sequential

method with autoclave using crucibles filtering, sequential method with autoclave

using bags TNT thin weft, sequential method with autoclave using bags TNT thin

weft, three repetitions for treatment. The data were analyzed by analysis scheme

split plots (three times in time). Based on the results, it was observed that in each

sample used in the evaluation of the methods, there were different results for each of

the parameters (NDF, ADF, lignin, hemicellulose, cellulose). In Corn Silage for the

NDF, the result of the reflux method showed significantly lower than the other

methods; similarly to FDA, hemicellulose and cellulose. For alfalfa, the results in the

three experimental periods hampers the trial of the methods, except the FDA and

cellulose had lower (P <0.05) in reflux method. For Cane Bagasse, the average

results of Lignin and cellulose were lower in the reflux method. The parameters

showed different values in each experimental period. According to the obtained data,

it is concluded that the results of the parameters obtained through TNT-coarse

method that is alternative to the reflux and autoclave-crucible are "numerically" very

close and, considering it more economically viable and sustainable methods in

routine laboratory of food analysis, we recommend the adoption.

Key-words: Autoclave, ADF, NDF, Lignin, TNT

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Seção transversal de lâmina foliar de Brachiaria decumbens .................... 18

Figura 2: (A) saquinho de TNT confeccionado manualmente; (B) máquina seladora usada para vedar os saquinhos de tecido TNT ......................................................... 38

Figura 3: Saquinhos de TNT selados. trama fina (A) e trama grossa (B) .................. 38

Figura 4: Béquer de vidro de 500 mL com saquinhos já imersos no detergente neutro, e fechados com papel filme ........................................................................... 39

Figura 5: Saquinhos de TNT pós digestão com detergente neutro e colocados em prato de vidro para serem secos à estufa ................................................................. 40

Figura 6: Saquinhos de TNT acondicionados individualmente em frascos de plástico com adição de ácido sulfúrico 72% ........................................................................... 40

Figura 7: (A) Cadinhos filtrantes acondicionados em frascos plásticos, com adição da solução de detergente e tampados para serem levados à autoclave (B) autoclave.. 41

Figura 8: Cadinhos filtrantes imersos em ácido sulfúrico 72% acondicionados em frascos de plástico ..................................................................................................... 42

Figura 9: Resíduo da digestão em detergente, contido no cadinho filtrante, submetido à filtração sob vácuo ................................................................................ 42

Figura 10: Béqueres com amostra e solução de detergente em ebulição, sob refluxo, no aparelho de digestão ............................................................................................ 43

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Resumo dos tecidos das plantas e suas digestibilidades relativas ........... 22

Tabela 2: Principais métodos, usos e limitações, de análises de fibra utilizadas em forrageiras ................................................................................................................. 24

Tabela 3: Classificação das frações das forragens utilizando o método de Van

Soest ................................................................................................................. 29

Tabela 4: Desvios padrões e os coeficientes de variação em diferentes análises, estabelecidos como medida de precisão .................................................................. 34

Tabela 5: Teores médios de fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), lignina, hemicelulose e celulose, e desvio padrão da silagem de milho obtidos pelas diferentes metodologias de determinação da fibra .............................. 46

Tabela 6: Teores médios de fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), lignina, hemicelulose e celulose, e desvio padrão da alfafa obtidos pelas diferentes metodologias de determinação da fibra .......................................... 50

Tabela 7: Teores médios de fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), lignina, hemicelulose e celulose, e desvio padrão do bagaço de cana obtidos pelas diferentes metodologias de determinação da fibra .............................. 54

Tabela 8: Teores médios de fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), lignina, hemicelulose e celulose, e desvio padrão do feno tifton obtidos pelas diferentes metodologias de determinação da fibra .......................................... 58

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS % .... ................................. porcentagem

µm .. ................................. micrograma

AOAC ............................... Association of Official Analytical Chemists

atm . ................................. atmosfera

cm .. ................................. centímetro

cm2 . ................................. centímetro quadrado

CTAB ............................... Brometo de cetil trimetilamônio

ENN ................................. Extrativo não nitrogenado

FB .. ................................. Fibra Bruta

FBT ................................. Filter bag technique

FDA ................................. Fibra em detergente ácido

FDN ................................. Fibra em detergente neutro

FDNi ................................. Fibra em detergente neutro indigestível

g ..... ................................. gramas

m2 ... ................................. metro quadrado

mL .. ................................. mililitro

mm . ................................. milímetro

MM . ................................. Matéria mineral

MS .. ................................. Matéria seca

N ..... ................................. Nitrogênio

NNP ................................. Nitrogênio Não Protéico

NRC ................................. National Research Council

ºC ... ................................. Grau Célsio

PB .. ................................. Proteína Bruta

pH .. ................................. Potencial hidrogeniônico

PVC ................................. Policloreto de vinil

SAS ................................. Statistical analysis system

TNT ................................. Tecido não tecido

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SUMÁRIO

RESUMO........................................................................................................................ vii ABSTRACT ................................................................................................................... viii LISTA DE FIGURAS ....................................................................................................... ix LISTA DE TABELAS ........................................................................................................ x LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .......................................................................... xi 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 13 2. OBJETIVO GERAL .................................................................................................... 15

2.1 Objetivos especificos ............................................................................................ 15 3. REVISÃO DA LITERATURA ...................................................................................... 16

3.1. Caracteristicas da parede celular ........................................................................ 16 3.2. Métodos de análise da fração fibrosa .................................................................. 23

3.2.1. Fibra Bruta .................................................................................................... 25 3.2.2. Fibra em detergente neutro ........................................................................... 25 3.2.3. Fibra em detergente ácido ............................................................................ 27 3.2.4. Lignina ........................................................................................................... 29

3.3. Causas de variação nas análises da fibra em detergente ................................... 31 3.4. Estudos realizados com outras metodologias para determinação da fração fibrosa ......................................................................................................................... 34

4. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................... 36 4.1. Local do experimento........................................................................................... 36 4.2. Amostras utilizadas .............................................................................................. 36 4.3. Preparo das amostras.......................................................................................... 36 4.4. Tratamentos ......................................................................................................... 37 4.5. Delinemento experimental e análise estatística ................................................... 37 4.6. Métodos de análise .............................................................................................. 37

4.6.1. Micro método sequencial em autoclave com saquinhos de TNT (trama fina e grossa) ................................................................................................................. 37 4.6.2. Micro método sequencial em autoclave com cadinhos filtrantes ................... 41 4.6.3. Método de análise padrão (convencional) segundo Van Soest (1967) ......... 43

4.6.3.1. Análise de Fibra em detergente neutro ................................................... 43 4.6.3.2. Análise de Fibra em detergente ácido .................................................... 43

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................. 45 5.1. Considerações Finais .......................................................................................... 61

6. CONCLUSÕES .......................................................................................................... 63 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 64

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1. INTRODUÇÃO

O ponto de partida para entender os processos fisiológicos nos animais é o estudo

de composição química de alimentos. Esses processos fisiológicos são

responsáveis por transformar compostos complexos até a formação de produtos de

origem animal, especialmente em função de disponibilidade de energia (Berchielli et

al.,2001).

Quando se trata de nutrição de ruminantes, um dos principais conceitos

utilizados é o da fibra devido ao fato da forragem conter quantidade expressiva deste

nutriente e representar a base da sua alimentação. Na alimentação de ruminantes,

fibra refere-se à parede celular de plantas forrageiras (VAN SOEST, 1994). A fibra,

como alimento, fornece energia; além de representar até 60% da MS consumida

pelos animais.

Pelo fato de apresentarem boa estimação de componentes totais da parede

celular e de suas frações indigestíveis, a AOAC (1980) aceitou oficialmente as

técnicas desenvolvidas por Van Soest (1963b, 1967) e por Van Soest e Wine (1967,

1968), também conhecidas como sistema detergente, o qual se obtém a fibra em

detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA) (Ferreira, 1994).

Essas metodologias foram amplamente aceitas. Porém ao passar dos anos,

comprovou-se que essas técnicas originais não eram tão eficazes para alguns

alimentos como cereais ricos em amido e subprodutos agroindustriais ricos em

tanino, pectina, complexos tanino-proteína e produtos de Maillard; surgindo então,

necessidade de fazer modificações em alguma etapa do método analítico de acordo

com a amostra a ser analisada (Van Soest et al., 1991). Segundo Mertens (1992), o

surgimento do sistema detergente tornou possível um avanço significativo na

caracterização nutricional dos alimentos.

Ultimamente, a técnica de sistema detergente é o método mais utilizado para

determinar fibra e constituintes da parede celular. Para realização deste método,

utiliza-se 1 g de amostra para 100 mL de solução detergente; e equipamento

específico.

Há outros métodos para avaliar FDN e FDA, entre eles há o método

convencional (Van Soest, 1967) e o método Filter Bag Technique da Ankom (FBT),

segundo Ankom (2012).

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Pelo fato da necessidade de manutenção de equipamentos utilizados, alto

custo de reagentes, além de ser necessário muito tempo para realizar as análises;

busca-se métodos alternativos com baixo custo, porém que forneçam resultados

fidedignos ao método original.

Holechek; Vavra (1982), Shultz et al. (2003), Shultz e Shultz (2003) citam um

micro método para determinar os constituintes da parede celular, tendo a fonte de

aquecimento como o único fator que diferencia; utilizando-se bloco de digestão ou

banho Maria.

Segundo Lima (2003), os nutricionistas não analisam mais a fibra pelo método

de fibra bruta, e sim pelo método de fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em

detergente ácido (FDA). Isso se deu pelo fato do resultado analítico do método de

fibra bruta, consistirem de celulose, com poucas quantidades de lignina e

hemicelulose. Sendo assim, iniciou-se a utilização do método FDN e FDA para

expressar a concentração de fibras dos alimentos e, no balanceamento de dietas

para ruminantes.

Diante deste contexto e, pelo fato de não encontrar informações na literatura

consultada a cerca de dados sobre análises com micro métodos, procurou-se, com o

presente trabalho, gerar informações a respeito da análise da fibra do sistema

detergente, por meio de micro método, analisando-se o tecido não tecido na análise.

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2. OBJETIVO GERAL

O presente estudo teve o objetivo de avaliar a eficiência de um micro método de

análise de fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e

lignina, que utiliza saquinhos de TNT, em duas espessuras de trama do tecido,

comparando-os com métodos já avaliados e tradicionais.

2.1 Objetivos específicos

De modo específico, pretendeu-se:

Verificar se o micro método é viável e eficiente, comparado aos métodos já

avaliados e tradicionaisl (Sistema de detergente, Van Soest), uma vez que o custo

será menor.

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3. REVISÃO DA LITERATURA

Os ruminantes utilizam os mecanismos simbióticos para aproveitar os nutrientes

presentes na parede celular, pois, mamíferos em geral, não produzem enzimas que

hidrolisam predominantemente os polissacarídeos presentes na parede celular, os

quais necessitam de microrganismos do trato gastrintestinal para serem fermentados

(VAN SOEST, 1994). O mesmo autor ressalta que a quantidade de fibra e suas

frações compreendem os fatores que afetam a ingestão e o desempenho dos

ruminantes, principalmente pela baixa digestibilidade, de tal forma que o volume

físico ocupado no rúmen comprometerá a ingestão e o desempenho do animal.

3.1. Características da parede celular

É importante saber como é organizada a parede celular, assim como a relação entre

seus componentes para compreender e saber usar os diversos métodos analíticos

existentes para a quantificação da fibra (BOLWELL, 2000).

A parede celular é um complexo de estruturas laminares que se divide em

três zonas distintas: lamela média, parede celular primária e parede celular

secundária. A parede celular primária é constituída de vários polissacarídios,

incluindo a celulose, com interligação polissacarídica e ramificações de cadeias ricas

em xilose, denominadas xiloglicanas; as quais são responsáveis pela manutenção

da organização espacial das microfibrilas de celulose. São encontradas em maior

quantidade na parede celular das gramíneas do que das leguminosas (BOLWELL,

2000).

A parede celular da planta é um compartimento dinâmico que sofre

modificações no decorrer do período de vida da célula. Durante a divisão celular da

célula, surge a parede celular primária, e durante a expansão celular, sua área

superficial rapidamente aumenta. Pode-se caracterizar a parede celular como uma

composição altamente organizada de muitos e diferentes polissacarídios, proteínas,

substâncias aromáticas, água e minerais (CARPITA; MCCANN, 2000).

Segundo Iiyama et al. (1993), o início do desenvolvimento da célula vegetal

se dá pelo crescimento do tamanho celular, e a parede celular é mencionada como

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parede primária sendo capaz de se alongar devido aos polímeros da parede que não

estão interligados.

Os polissacarídios, polímeros de açúcar, são os principais componentes da

parede celular e constituem a sua principal base estrutural. Todos os açúcares da

parede celular são aldoses. A celulose apresenta-se na forma de microfibrilas

arranjadas paralelamente uma a outra. É o polissacarídio mais abundante nas

plantas, contabilizando cerca de 15 a 30% da matéria seca de todas as paredes

celulares primárias e também de grande percentagem das paredes secundárias

(GIBEAUT; CARPITA, 1994).

A hemicelulose são glicanas ligadas às microfibrilas que compõe a celulose

através de pontes de hidrogênio. A hemicelulose representa amplamente todo

material extraído da parede celular através de solução ácida (JARVIS, 1984). Entre

as células adjacentes, existe região denominada de lamela média, que é formada na

interface das paredes primárias das células em formação e é composta por

substâncias péctidas. Durante a divisão celular, forma-se a lamela média que cresce

coordenadamente durante a expansão celular (CROTEAU et al., 2000).

O crescimento celular, que é caracterizado por um aumento irreversível do

seu volume, pode ocorrer devido à expansão (aumento do tamanho celular em duas

ou três dimensões) ou pela elongação (expansão restrita a uma dimensão). De

modo geral, a expansão celular envolve significativas alterações na massa e na

composição da parede celular (COSGROVE, 1997).

A deposição de novos materiais e o crescimento da maioria das células de

uma planta ocorrem uniformemente ao longo da expansão da parede celular (TAIZ,

1984). Quando a planta pára de crescer começa o processo de maturação ou

diferenciação e, com isso, a deposição da parede secundária e a lignificação (Figura

1). A transição da síntese da parede primária para a secundária é marcada pela

interrupção de deposição de pectina e intenso aumento na síntese e deposição de

celulose/hemicelulose e lignina (CARPITA; MACCANN, 2000).

Segundo Bauer et al. (2008), os resultados da análise químico-bromatológica

e da reação positiva com a safranina (cor avermelhada) (Figura 1) demonstram as

correlações negativas, entre esses tecidos e a digestibilidade, evidenciando o

caráter de barreira desses tecidos no processo de digestão. Além disso, as

proporções de xilema e esclerênquima guardaram correlações positivas com os

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componentes da parede celular (fibra em detergente neutro, fibra em detergente

ácido, celulose e lignina)

Figura 01: Seção transversal de lamina foliar de Brachiaria decumbens.

Abreviações: FV-feixe vascular; CB-célula buliforme; EP- epiderme; XIL-xilema; CBF-célula da bainha do feixe; F-floema; ESC-esclerênquima; MÊS-mesófilo. Coloração avermelhada indica

sítios de lignina. Escala em micrometros (µm). Fonte: Bauer et al., 2008

A cutinização e a lignificação da epiderme, apesar de oferecerem resistência

física à planta, comprometem a colonização das partículas pelos microrganismos

que ficam dependentes de lesões na epiderme e das passagens representadas

pelos estômatos (BAUER et al., 2008).

Segundo Showalter (1993), toda arquitetura da parede celular da planta é

definida após a lignificação. A parede primária é definida como a estrutura que

participa na expansão da célula. A célula toma sua forma definitiva quando pára de

crescer e, nesse ponto, começa a ocorrer depósitos de paredes secundárias iniciais,

e, na maturidade, apresentam cerca de 98% de celulose na sua constituição.

A parede celular secundária pode conter outros polissacarídios não

celulósicos (hemicelulose), pectina, proteínas estruturais e substâncias aromáticas

como a lignina. Esta seção consiste de três camadas distintas, que são distinguidas

em função das diferenças na orientação de suas microfibrilas de celulose. A celulose

e os polissacarídios não celulósicos da parede secundária são qualitativamente

distintos da parede primária. As principais diferenças são os componentes da

hemicelulose da parede secundária, que são compostos primariamente por xilanas e

mananas (BIDLACK et al., 1992).

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De acordo com os mesmos autores, a distinção da parede celular

secundária é a incorporação de lignina, que é um sistema de compostos aromáticos

denominados fenilpropanóides. A síntese de lignina se inicia quando começa a

deposição da parede secundária. Os fenilpropanóides, álcoois hidroxicinamoil, p-

coumaril, coniferil e o álcool sinaptil representam todo sistema lignina. O álcool

coniferil, que predomina nas espécies arbóreas; álcool sinapil e álcool coumaril são

os três álcoois aromáticos que compreendem a lignina.

Na biossíntese da lignina o p-coumaril é transportado do citosol para a

parede da célula. Observou-se, por meio de microscopia eletrônica a biossíntese da

lignina iniciando-se na lamela média. Assim, nestes locais da parede celular formam-

se domínios específicos que se estendem às outras camadas da parede celular, em

direção à membrana plasmática (CROTEAU et al., 2000).

De acordo com Jung; Allen (1995) o processo de lignificação inicia-se da

região da parede primária para a parede secundária, mas a deposição de lignina

acontece sempre após a deposição dos polissacarídios da parede secundária. O

resultado desse padrão de desenvolvimento ou padrão de deposição da lignina é

que os polissacarídeos depositados mais recentemente na parede secundária não

são lignificados e a região da lamela média e parede primária é intensamente

lignificada. Isso pode explicar porque os microrganismos degradam a parede celular

do lúmen da célula para fora e, porque a lamela média e parede celular nunca são

completamente digeridas.

CROTEAU et al. (2000) ressaltam que a lignina atua como um cimento

intercelular, conferindo impermeabilidade à água, promovendo uma barreira ao

ingresso de patógenos. A composição da lignina depositada varia de acordo com a

espécie, tipo de célula e estágio de desenvolvimento do tecido. Esta diferenciação

se dá em função da partição diferencial de carbono entre os polissacarídios da

parede celular e da lignina.

Segundo Van Soest (1994), para se diferenciar o tipo de lignina em

forrageiras usa-se o termo lignina “core”, referindo-se ao polímero fenilpropanóide

depositado na parede celular, pela polimerização dos álcoois precursores coniferil,

sinapil e p-coumaril e lignina “não core” envolvendo os ácidos fenólicos (p-cumárico

e ferúlico), depositados na parede celular durante a sua formação.

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A interação entre a lignina e os carboidratos, o tipo de lignina presente e a

sua quantidade são fatores críticos e exercem grande influência na digestibilidade da

forragem pelos animais (JUNG; DEETZ, 1993).

Segundo Ralph et al. (1994), pode-se dizer que as gramíneas apresentam

deposição de grandes quantidades de p-coumárico, como de lignina durante

estágios mais avançados da lignificação. Segundo Hartley (1972), há correlações

negativas entre as concentrações desse ácido e a digestibilidade de forrageiras.

A limitação da digestão em razão da lignificação da parede celular pode

ocorrer devido três possíveis mecanismos, sendo eles, o efeito tóxico da lignina

sobre os microrganismos do rúmen; o impedimento físico devido à ligação lignina-

polissacarídio, limitando o acesso de enzimas fibrolíticas; e, devido à hidrofobicidade

causada pela lignina ocorre limitação da ação de enzimas hidrofílicas (JUNG;

DEETZ, 1993).

Em função da concentração da parede celular, da composição e a

digestibilidade dos diferentes tecidos da planta diferirem radicalmente, a análise da

fração fibrosa pode gerar informações a respeito da composição média da parede

celular do alimento considerado (JUNG, 1997).

Sendo assim, a concentração maior de fibra está no caule, em relação à

lâmina foliar, na maioria das espécies de plantas. Por exemplo, a quantidade de

FDN das folhas da alfafa no estádio de florescimento é cerca de 25% e do caule é

de 40-55%. No mesmo estádio de maturidade, gramíneas C3 (Festuca arundinacea

Schreb) apresentam 50% de FDN nas folhas e 70% nos caules e as gramíneas C4

(bermudagrass (Cynodon dactylon (L.) Pers), são caracterizadas por conterem

aproximadamente 70% de FDN nas folhas e 85% nos caules (BUXTON et al., 1995).

Segundo Jung; Allen (1995), embora todas as paredes celulares das plantas

apresentem uma arquitetura básica similar, existem diferenças importantes entre os

grupos taxonômicos de forrageiras. As folhas das leguminosas contêm muito menos

parede celular que as gramíneas e, as leguminosas não apresentam o aumento na

concentração da parede celular com a maturidade, como acontece nas folhas das

gramíneas.

De acordo com Buxton; Russel (1988) a parede celular das leguminosas é

rica em pectina e tem quantidades relativamente maiores de celulose, como de

xilana. O conteúdo de lignina nas leguminosas é maior que nas gramíneas, embora

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a magnitude dessa diferença se dá quando se utiliza o método da lignina em

detergente ácido.

As leguminosas, de modo geral, são mais digestíveis que as gramíneas, não

porque suas fibras são mais digestíveis, e sim porque contêm menos fibra e,

portanto maior proporção de conteúdo celular. A diferença entre a digestibilidade das

folhas e dos caules é menor em gramíneas do que nas leguminosas, sendo que, nos

caules a digestibilidade declina mais rapidamente do que nas lâminas foliares, de

acordo com a maturidade da planta (ALBRECHT et al., 1987).

Nas folhas das gramíneas a lignificação ocorre na parte estrutural das folhas

(nervuras centrais e laterais), promovendo desta maneira, um mecanismo de

suporte, o que leva a uma alta concentração de fibra nas folhas, sendo duas vezes

maior que nas leguminosas e menos digestível por esta razão (BUXTON;

REDFEARN, 1997). De acordo com esses autores, nota-se diferentes tipos celulares

das plantas em função da disponibilidade dos nutrientes (Tabela 1).

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Tabela 1: Resumo dos tecidos das plantas e suas digestibilidades relativas

Tecidos Funções Digestibilidade Características Mesófilo Contém

cloroplasto Alta Parede delgada, sem

lignina. Parênquima Metabólica Moderada a alta Nos veios das folhas

de gramíneas e leguminosas.

Colênquima Estrutural Moderada a alta Nos veios das folhas de gramíneas e leguminosas. Parede grossa, sem lignina.

Parênquima da bainha

Contém cloroplasto

Moderada a alta Ao redor do tecido vascular nas folhas de C4. Parede grossa e lignificada.

Fibra do floema Estrutural Moderada Caule e pecíolos de leguminosas, geralmente não são lignificados.

Epiderme Derme Baixa a alta Parede espessa, lignificada, com cutícula e cera.

Tecido vascular Vascular Nenhuma a moderada

Compreende xilema e floema. Principal contribuição da fração indigestível.

Esclerênquima Estrutural Nenhuma a baixa Parede espessa e lignificada

Adaptado de BUXTON e REDFEARN (1997).

O esclerênquima, o tecido vascular, o parênquima do caule e a epiderme do

caule contêm componentes estruturais substancialmente indigestíveis devido à

lignificação, por isso, são digeridos muito vagarosamente no rúmen. As folhas de

gramíneas C3 são mais digestíveis que as gramíneas C4, pois têm mais células do

mesófilo. Nas espécies C3, as células do mesófilo, floema, epiderme e parênquima

são totalmente degradáveis, ao contrário das células da epiderme e parênquima das

gramíneas C4, que podem ser degradadas lentamente ou parcialmente degradadas.

A diferença na concentração de fibra nas C4, comparada com a C3, é maior devido

a maior quantidade de tecido vascular e células do parênquima (BUXTON;

REDFEARN, 1997).

Dados apresentados por Wilson; Mertens (1995) identificaram cinco

características de limitações estruturais na digestão da fibra de gramíneas e,

demonstram que as características das células são importantes quando se refere à

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digestão da fibra. Primeiramente, observou-se que a degradação microbiana pode

proceder apenas no interior (sentido parede secundária a lamela média) da parede

celular espessa e lignificada, pois a lamela média lignificada e a parede primária são

indigestíveis. Na sequência, as partículas passam rapidamente pelo rúmen;

Posteriormente, o acesso à célula não é imediato, pois partículas de fibra não são

totalmente expostas à mastigação; Sendo assim, a digestão da parede espessa do

parênquima e células do esclerênquima é limitada pela baixa relação entre a área

superficial e volume celular. Os compostos carboidratos-ácidos fenólicos podem ser

tóxicos (em nível celular) às bactérias que degradam a fibra.

Sendo assim, de acordo com Jung (1997), medidas mais sofisticadas da

composição da parede celular são cada vez mais prevalentes nos estudos de

pesquisa e, o principal objetivo destas pesquisas é o desenvolvimento da informação

acerca da composição química, histológica e estrutural das plantas forrageiras, além

do uso de métodos analíticos adequados para estes fins. Deste modo, o outro

objetivo que vem se destacando nos estudos de pesquisa vem a ser a relação de

todas estas informações analíticas e mecanismos de degradação ruminal aplicados

à nutrição dos animais domésticos.

3.2. Métodos de análise da fração fibrosa

Segundo Mertens (1997) a definição de fibra é meramente nutricional e está

vinculada ao método analítico empregado na sua determinação. Na química, a fibra

é um composto e não uma entidade química distinta, e, assim, a composição

química da fibra é dependente da sua fonte e da metodologia usada na sua

determinação laboratorial.

Na determinação laboratorial da fibra, o método deve estar adequado ao uso

do seu resultado, ou seja, adequando aos princípios biológicos e bioquímicos a que

se destina, seja aplicados aos monogástricos ou ruminantes. Além disso, deve ser

fiel à acurácia analítica, repetibilidade, praticidade e economia (MACEDO JÚNIOR et

al., 2007).

De acordo com os mesmos autores, embora o método ideal deva ter uma

correlação nutricional, não, necessariamente, tem composição química uniforme,

mas deve fornecer informações úteis aos nutricionistas de ruminantes quanto ao

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comportamento da fibra no trato digestivo dos animais, velocidades e extensão da

degradação e produtos finais de sua degradação.

Berchielli et al. (2006) ressaltam que o objetivo prático da avaliação de

alimentos é aperfeiçoar a sua eficiência de utilização, oferecendo assim uma

resposta mais confiável em relação à produção animal e proporcionando retorno

financeiro mais adequado ao produtor.

Diante deste contexto, segundo Bertipaglia (2005), o princípio básico da

análise de fibra é a determinação da concentração de fibra em uma dada amostra de

um alimento e, a escolha do método analítico irá depender do objetivo do

pesquisador ou do laboratório com quem se trabalha.

De acordo com Jung (1997) apud Bertipaglia (2005), os principais métodos

utilizados para a análise de fibra em forrageiras estão listados na Tabela 2.

Tabela 2: Principais métodos, usos e limitações, de análises de fibra utilizadas em forrageiras

Método de análise Fração avaliada Limitação do método Fibra bruta (FB) Porção da parede celular,

com recuperação completa da celulose.

Remoção de polissacarídeos não celulósicos e lignina.

Fibra em detergente neutro (FDN)

Fração incompletamente digestível, com recuperação completa da parede celular.

Remoção quase completa da pectina. A remoção da proteína e do amido pode ser um problema.

Fibra em detergente ácido (FDA)

Porção da parede celular, com recuperação completa da celulose.

Uma porção significativa da lignina é solubilizada.

Fibra dietética Recuperação completa de polímeros da parede celular.

Pode ser difícil a remoção da proteína e do amido.

Crampton-Maynard Celulose Contaminação com pequena quantidade de xilana.

FDA (menos lignina ácida detergente LAD)

Celulose Limitações do método FDA e LAD.

FDN (menos FDA) Hemicelulose Limitações do método FDA e FDN.

Lignina ácida detergente (LAD)

Lignina Com o método FDA solubiliza-se lignina, especialmente em gramíneas.

Lignina Klason Lignina Possível contaminação por proteína e carboidrato.

Adaptado de Jung (1997), apud Bertipaglia (2005).

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3.2.1 Fibra Bruta

O método da Fibra Bruta (FB) é o mais antigo e ainda utilizado, pois representa um

método oficial de análise de alimentos (AOAC), além da facilidade de condução. A

concentração da FB é determinado pelo sistema de análise proximal ou Weende. Foi

padronizado por Henneberg; Stohmann (1864) e nomeado com o lugar onde eles

trabalharam: “The Agronomy Research Station of Weende”.

De acordo com Bertipaglia (2005), a FB é um método gravimétrico, sendo que

dentro de um esquema analítico, uma amostra de aproximadamente 3 g é submetida

ao refluxo sequencial, durante 30 minutos, com 200 mL de uma solução ácida (ácido

sulfúrico 1,25%) e básica (hidróxido de sódio 1,25%), respectivamente. A princípio, o

álcali era usado para remover carboidratos puros, a extração ácida para separar a

fibra dos componentes que não fossem carboidratos, sendo a celulose parcialmente

hidrolisada e toda hemicelulose é dissolvida. O resíduo orgânico resultante

representa uma porção indigestível do alimento (fibra bruta), composto

principalmente de celulose, polissacarídios não celulósicos e lignina.

Segundo Van Soest (1994), a marcha analítica da FB subestima muito o

conteúdo total da parede celular da amostra de alimento e, apenas recupera uma

porção de polissacarídios da parede celular e a lignina.

Giger-Reverdin (1995) pontuou uma série de limitações do método, como por

exemplo, 1) substâncias da parede celular são arbitrariamente divididas em duas

partes: fibra bruta e extrato livre de nitrogênio (extrativo não nitrogenado – ENN),

que contém amido, entre outros polissacarídios, e açúcar solúvel; 2) a fibra bruta

compreende a celulose, cutina e suberina; 3) alguma porção da lignina é dissolvida

durante a hidrólise e é contabilizada no ENN; 4) a porção indigestível do ENN deve

ser de fato, parte da lignina.

3.2.2 Fibra em detergente neutro

A técnica do sistema de detergentes foi descrita originalmente por Van Soest e Wine

(1967) cuja técnica era alternativa ao Método de Weende que não diferenciava os

componentes da parede celular o suficiente para gerar informações a respeito de

diferentes forrageiras com maturidades diferentes. A partir de então, outras

sucessivas publicações (GOERING; VAN SOEST, 1970; ROBERTSON; VAN

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SOEST, 1981; VAN SOEST et al., 1991; MERTENS, 2002; MERTENS, 2003)

trataram de adequação da técnica original.

O método da quantificação da FDN, desenvolvido por Van Soest usa a

extração química, com a amostra em refluxo em solução de detergente neutro,

seguida pela determinação gravimétrica do resíduo da fibra (VAN SOEST; WINE,

1967).

Segundo Van Soest (1994), a FDN é considerada a entidade que representa

a fibra em um alimento para ruminantes, porém não é um método oficial da AOAC,

com a problemática de subestimar a concentração da parede celular, pois há

solubilização da pectina.

Na nutrição de ruminantes, a FDN pode ser correlacionada negativamente

com a ingestão de matéria seca. Em outras palavras, quanto maior o conteúdo de

FDN na forragem, menor será o consumo voluntário do animal (VAN SOEST, 1994).

A FDN aumenta com a idade (maturidade) da planta. De acordo com Van Soest

(1965) e Mertens (1994), a fração da FDN de forrageiras de baixo a moderado valor

de digestibilidade foi correlacionada com a ingestão da forragem.

Casler; Hatfield (2006) ressaltam que a FDN é considerada entidade

laboratorial mais simples e melhor para predizer o consumo voluntário de ruminantes

e, a tendência é de usá-la como critério na seleção de plantas em programas de

melhoramento genético. Neste sentido, a redução da concentração de FDN leva ao

aumento da digestibilidade da matéria seca, mas não altera a digestibilidade da

fração FDN. Observam que plantas com baixa concentração de FDN não

apresentam alteração na composição da parede celular, no entanto, apresentam

maior susceptibilidade à solubilização em solução de detergente, sugerindo, então,

que a parede celular destas plantas são menos estruturadas como àquelas com alta

FDN.

De acordo com Jaurena et al. (2012), a fração insolúvel em detergente neutro

(FDN) reflete, principalmente, a concentração de celulose, hemicelulose e lignina da

amostra. No entanto, apresenta quantidades distintas de proteína e fração mineral.

Para Jarrige (1981) e Carré; Brillouet (1986) a concentração de proteína é altamente

variável, entre 3 a 15% em volumosos e 1 a 20% em concentrados.

A remoção total do nitrogênio da parede celular é muito difícil devido às

ligações covalentes, sendo proposto o tratamento da amostra com enzimas

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proteolíticas. Se houver o envolvimento da proteína com tanino, ou compostos de

Maillard, as enzimas também podem ser utilizadas (PRESTON, 1979).

3.2.3 Fibra em detergente ácido

Ao contrário do que foi documentado a cerca da FDN, a FDA é obtida por um

método de análise aprovado pela AOAC, que utiliza solução de detergente ácido

(brometo de cetiltrimetilamônio ou CTAB, adicionado ao ácido sulfúrico 1N) na

amostra em refluxo, seguida pela determinação gravimétrica do resíduo. Segundo os

princípios metodológicos, a fibra em detergente ácido refere-se ao resíduo orgânico

da hidrólise do ácido sulfúrico normal (VAN SOEST; ROBERTSON, 1980).

Segundo Segura et al. (2007), o método da FDA foi publicado em 1963 (VAN

SOEST 1963a; VAN SOEST 1963b) sendo as primeiras publicações que realmente

descreviam o sistema detergente de análise. A FDA rapidamente substituiu a fibra

bruta (FB) do sistema Weende, pois foi caracterizada como método mais simples e

resultava em valores analíticos similares.

De acordo com os mesmos autores, o procedimento para a FDA foi aprovado

pela Association of Official Analytical Chemist (AOAC) e tão logo, padronizado nos

laboratórios de análises químicas.

A FDA compreende as frações de celulose, principalmente, e lignina. Por não

conter a hemicelulose, tornou-se um método menos interessante para se avaliar a

fração fibrosa estrutural total e, assim, em 1968, o método da FDN foi publicado, e a

FDA foi pouco a pouco sendo deixada para caracterizar a fibra e, sim,

correlacionada com a digestibilidade dos alimentos. Hoje em dia, o método de

determinação da FDA é mais usado como uma das etapas para se determinar a

lignina da amostra (SEGURA et al., 2007).

A FDA, que se trata de uma porção da fibra, além de incluir a celulose e a

lignina da parede celular, apresenta quantidades variáveis de xilana e outros

componentes (VAN SOEST, 1963b). O detergente ácido tem duas funções

importantes na amostra, sendo uma delas a extração dos lipídios quando não estão

presentes na amostra em altas concentrações (VAN SOEST, 1963a) e o outro,

originar o resíduo (FDA) com menor conteúdo de proteína contaminante quanto

possível, entre outros contaminantes (pentosanas, nitrogênio, partículas de solo,

hemicelulose), como demonstrado por vários pesquisadores (JARRIGE, 1980;

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AERTS et al., 1978; THEANDER; AMAN, 1980; BITTNER; STREET, 1983; GIGER-

REVERDIN, 1995). Da mesma forma, o conteúdo da FDN pode ser superestimado

pela contaminação de partículas de solo, em 47% e a FDA em 61% (AERTS et al.,

1978), sendo mais solúveis em detergente ácido que em detergente neutro. Do

mesmo modo, a maioria das gramíneas apresenta quantidades significativas de

sílica.

Quanto à contaminação por proteína, deve-se à formação do complexo

proteína-carboidrato, também formado com lignina (artefatos de lignina), que podem

ser formados em forragens mal conservadas ou no preparo da amostra em estufa

(VAN SOEST, 1965) e proteína-tanino (VAN SOEST et al., 1987).

A contaminação de nitrogênio na FDA, em termos nutricionais, não está

disponível para o animal (VAN SOEST; SNIFFEN, 1984). A contaminação por

hemicelulose pode ser resultado das ligações covalentes entre hemicelulose e

lignina, ou também das pontes de hidrogênio entre xilanas e microfibrilas de celulose

GIGER-REVERDIN (1995).

De acordo com Giger (1985), a obtenção do resíduo em detergente ácido em

sequência à obtenção do resíduo em detergente neutro, pode gerar um resultado

subestimado, pois o sulfito de sódio solubiliza parte da lignina, e a solução de

detergente neutro dissolve a maior parte da pectina e sílica endógena. Segundo

Bailey; Ulyatt (1970), a análise sequencial de FDA, deve ser realizada a partir do

resíduo da FDN, sem o uso do sulfito de sódio.

De acordo com Van Soest et al. (1991), a FDA não é uma fração da fibra

válida para ser usada como indicativo da digestibilidade. Esta afirmação pode ser

explicada uma vez que, quanto maior o conteúdo de FDA na forragem, menor será a

digestibilidade no animal, devido à característica física de insolubilidade em

detergente ácido (SCHROEDER, 2004).

Em função da característica física de insolubilidade, o controle físico da

digestão interage negativamente com a ingestão voluntária da forragem pelo

ruminante e, desta forma, torna-se fator crítico do desempenho ponderal do animal.

A concentração da parede celular está negativamente relacionada com o consumo

de dietas ricas em forragem, pois contribui para o enchimento do rúmen (ruminal fill),

que é associado à fração indigestível da parede celular. A concentração da fração

indigestível da parede celular e a sua taxa de passagem são parâmetros críticos na

determinação do enchimento do rúmen (JUNG; ALLEN, 1995).

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Segundo os mesmos autores, os benefícios econômicos da redução da

concentração da parede celular e o aumento da digestibilidade são significativos.

Devido à alta concentração da parede celular e à sua digestibilidade o

melhoramento de espécies de gramíneas em função da diminuição na concentração

da parede celular ao invés da sua digestibilidade é muito desejável.

Segundo Bertipaglia (2005), de modo geral, o método de Van Soest classifica

as frações da forragem de acordo com a sua disponibilidade (Tabela 3).

Tabela 3: Classificação das frações das forrageiras utilizando o método de Van Soest

Fração Componentes Disponibilidade Nutricional Ruminantes Não-Ruminantes

Conteúdo celular Açúcar,amido, pectina

Completa Completa

Carboidratos solúveis

Completa Completa

Proteína, NNP Alta Alta Lipídios Alta Alta Outros solúveis Alta Alta Parede celular Hemicelulose Parcial Baixa (FDN) Celulose Parcial Baixa Proteína aquecida Indigestível Indigestível Lignina Indigestível Indigestível Sílica Indigestível Indigestível Adaptado de VAN SOEST (1967).

3.2.4 Lignina

A conformação estrutural específica das plantas é consequência da produção dos

ácidos fenólicos e da lignina que são depositados na parede celular de acordo com a

maturidade da planta. A lignina é o elemento chave que limita a digestibilidade da

parede celular, no entanto a lignina, para exercer seu efeito depende da presença

das ligações (pontes) entre os polissacarídeos da parede celular com ela mesma e

com o ácido ferúlico. A composição da lignina e ácido p-cumárico associados à

parede celular afeta menos a sua digestibilidade do que a presença destas pontes

(JUNG; ALLEN, 1995).

De acordo com Buxton et al. (1996), a concentração de lignina está

fortemente relacionada à porção indigestível da matéria seca de forragens. Segundo

Buxton; Redfearn (1997), a lignina tem sido identificada como fator primário

responsável pela limitação da digestibilidade da fibra, mas a utilização da fibra é

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também limitada pela composição química e seu nível organizacional na parede

celular.

A lignina é a estrutura química que interfere na degradação microbiana dos

polissacarídeos da fração fibrosa devido a sua ação física, pois forma uma barreira

ao acesso dos microrganismos aos polissacarídeos. Por isso conferiu-se uma

importância às pontes ou ligações entre a lignina e os polissacarídeos,

intermediadas pelas ligações com o ácido ferúlico, implicando como fator inibitório

adicional da digestão da fibra, principalmente de gramíneas (JUNG; ALLEN 1995).

Quanto à quantificação da lignina de uma amostra, segundo Jung et al.,

(1999), existem vários métodos para a sua determinação uma vez que a lignina está

associada negativamente à digestibilidade, sendo que a principal dificuldade do

estudo do papel da lignina na digestibilidade da parede celular tem sido o

desconhecimento da estrutura molecular definitiva e a concentração total de lignina,

que ainda são empíricos.

De acordo com Kirk; Obst (1988), o método da lignina de Klason é mais

antigo para a sua determinação e trata-se do resíduo remanescente após hidrólise

ácida. Este é o método de análise padrão para madeira, porém o seu uso para

forrageira é questionado devido a possível contaminação com proteína (VAN

SOEST, 1967).

Segundo Lowry et al. (1994), a lignina obtida do resíduo da amostra em

detergente ácido é o método alternativo para a lignina Klason e é o mais utilizado na

nutrição de ruminantes. Porém, a lignina em detergente ácido é um método que

subestima a concentração de lignina, pois a hidrólise ácida no procedimento da FDA

pode solubilizar uma porção da lignina.

Segundo Hatfield et al. (1994), o método da lignina Klason estima a

concentração de lignina em forrageiras de 2-5 vezes maior que o método da lignina

em detergente ácido, que não está significativamente contaminado por carboidratos

e proteínas e é similar à composição molecular da fibra em detergente ácido.

Jung et al. (1999) determinaram que o método da lignina Klason apresentou

maior acurácia que a lignina detergente ácido, resultado este obtido em função da

análise de comparação da energia bruta da forragem com o valor da energia bruta

calculada da análise da composição da forragem. Na lignina em detergente ácido,

estimada do valor calculado de energia bruta, foi de 68-84% da energia bruta da

forragem e para a lignina Klason o valor foi de 85-97%. Segundo os autores, isso

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indica que a estimativa da lignina Klason é substancialmente maior que a lignina

ácida e que não superestima a lignina, pois a energia bruta recuperada foi próxima a

100%.

O método da lignina em detergente ácido pode mensurar a cutina como

sendo lignina e essa condição pode superestimar a sua concentração; as amostras

de lignina em detergente ácido podem ser contaminadas com artefatos de Maillard,

sendo que parte da lignina pode ser solubilizada pela solução de ácido sulfúrico

72%, de acordo com Rebole et al. (1989).

Outro método para se estimar a lignina é o do permanganato, porém, também

apresenta inconvenientes como: não trata uniformemente as partículas de diferentes

tamanhos; a celulose pode ser parcialmente solubilizada se for empregada uma

quantidade excessiva de permanganato; a hemicelulose e certos tecidos do mesófilo

podem ser oxidados, segundo Fukushima et al. (1999).

De acordo com Jung et al. (1997), o valor estimado com acurácia para a

concentração de lignina de uma forrageira para se calcular uma dieta para um

animal, é de extrema importância, uma vez que a lignina não apresenta nenhum

valor de energia digestível para os animais e, se a concentração de lignina é

subestimada, é errôneo assumir a perda de matéria orgânica como carboidrato e

outros nutrientes do alimento.

3.3. Causas de variação nas análises da fibra em de tergente

Segundo Jaurena et al. (2012), está se tornando comum o aparecimento de erros e

interpretações inadequadas dos resultados de análise química dos alimentos, em

publicações técnicas e científicas, assim como em teses e dissertações de pós-

graduação, além de publicações apresentadas em reuniões técnicas. Sendo assim,

este fato leva à consideração da necessidade, mais uma vez, da padronização, pelo

menos, das terminologias usadas nos métodos analíticos de alimentos para animais

de produção.

Os resultados da avaliação de alimentos estão sujeitos à variação, como

qualquer outro sistema de medidas. No entanto, a variabilidade na composição e

valor nutritivo dos alimentos (intrínseco) usados nos sistemas de formulação de

dietas da produção animal é tão vasto e, complementa-se com os fatores

extrínsecos (por exemplo, amostragem, procedimento analítico, qualidade dos

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reagentes, desempenho dos analistas e, comunicação dos resultados), aumentando

a variabilidade dos resultados analíticos (GIZZI; GIVENS, 2004).

De acordo com Hall (2007), cabe destacar que a preponderância, dentro do

campo da avaliação nutricional de alimentos, dos métodos de natureza empírica

(onde o método define o que se mede, por exemplo, a fibra em detergente neutro,

fibra bruta, carboidratos solúveis) contribui para a falta de reprodutibilidade dos

resultados, uma vez que qualquer fonte de alteração gera resultados distintos.

Bertipaglia (2005) ressalta que devido ao fato da fibra ser definida de acordo

com o método usado para isolá-la, deveria estar claro que qualquer modificação do

método original ou semelhante, tem o potencial de originar um conceito novo para

fibra, e que pode não ser comparável ou compatível com o conceito já firmado.

Qualquer modificação de método para se determinar a fibra, para ser

aceitável, deve ser avaliada com amostras de alimentos que representem cada

classe de ingrediente de uma dieta. Além disso, outros fatores podem alterar o valor

da fibra em uma análise (MERTENS, 1992).

Segundo Mertens (1992) deve-se observar os protocolos e as condições na

análise de fibra em detergente que influenciam o resultado da análise, a saber: Sub-

amostragem e segregação, pois todo processo que originar produto com segregação

de partículas deve ser sub-amostrado para que se obtenha amostra verdadeira;

Secagem das amostras: compostos insolúveis de proteínas e carboidratos

produzidos mediante altas temperaturas serão considerados como artefatos da fibra

e lignina no sistema de detergente. Sendo assim, recomenda-se usar 50ºC durante a

secagem, e nunca expor a temperaturas superiores a 60-65ºC;

Moagem das amostras: uma vez que o método da fibra em detergente basea-

se na solubilização dos compostos não fibrosos da amostra, é esperado que uma

eficiente extração deva ser maior, tanto quanto maior a área de superfície para a

penetração do detergente. O contrário também é verdadeiro, ou seja, partículas

muito pequenas podem ser lavadas e serem perdidas na filtragem do resíduo da

amostra. Recomenda-se moagem com moinho tipo Wiley, dotado de peneira com

abertura de malha de 1 mm; Padronização de reagentes: na análise da FDA, que

utiliza ácido sulfúrico 1N, essa normalidade do ácido deve ser precisa, podendo

variar de 0,99 a 1,01 N. Na análise da FDN, a solução de detergente neutro deve ser

padronizada a um pH de 6,9 a 7,1;

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Quantidade de amostra: a proporção de amostra e solução de detergente

deve ser padronizada. O procedimento padrão para FDA recomenda uso de 1,0 g de

amostra e 100 mL de solução de detergente ácido, enquanto para FDN usa-se 0,5 g

de amostra e 50 mL de solução de detergente neutro, devendo-se então manter a

mesma proporção amostra:solução; Pré-tratamento da amostra antes do refluxo:

não é recomendado. A exposição da amostra por tempo prolongado degrada os

componentes da fibra; Variação no tempo de refluxo e temperatura: sabe-se que a

extração da fibra em detergente é dependente do tempo e da temperatura e que o

aumento desses fatores resultará na diminuição do resíduo recuperado; Tratamento

do resíduo com água quente e acetona: o erro mais comum na análise da fibra é a

incompleta lavagem do resíduo de fibra para remover o detergente e os

componentes solúveis da amostra.

Esse resíduo deve ser enxaguado com 30-40 mL de água quente (95-100ºC)

por no mínimo 2 minutos para que se remova todo resíduo de detergente e os

compostos solúveis presentes nas partículas da amostra. A acetona é usada para

remover lipídios residuais (gorduras e ceras) das amostras. Geralmente, usa-se 30

mL de acetona, durante 5 minutos; Filtragem: usar sistema de vácuo mínimo para

que não ocorra perda de partícula pela placa filtrante do cadinho. O cadinho

adequado também tem fundamental importância na eficiência do processo, sendo

recomendado o uso de cadinho de Gooch de 50 mL, com porosidade grossa;

Secagem e pesagem dos cadinhos com o resíduo: As amostras devem permanecer

na estufa em temperatura de 100-105ºC, até atingirem peso constante, o que

normalmente leva 8 horas.

Para Undersander et al. (1993) e Galyean (1997), existem, respectivamente,

valores de desvios padrões e dos coeficientes de variação, ao realizar

determinações em duplicatas, que devem ser aceitos na validação dos valores

analíticos (Tabela 4). Se não forem atendidos, ou, se os valores obtidos forem

superiores, será necessário estabelecer novas determinações laboratoriais.

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Tabela 4: Desvios padrões e os coeficientes de variação em diferentes análises, estabelecidos como

medida de precisão

Análise Desvio padrão Coeficiente de Variação (%)

Matéria seca ±0,10 0,5 Matéria mineral ±0,10 2,0 Proteína bruta ±0,10 (PB 10%)

±0,20 (PB 20%) 2,0

Fibra em detergente neutro ±0,35 (FDN 40%) ±0,60 (FDN 70%)

3,0

Fibra em detergente ácido ±0,20 (FDA 20%) ±0,35 (FDA 40%)

3,0

Extrato etéreo ±0,10 4,0 Nitrogênio insolúvel em detergente ácido

±0,20 a ±0,40 ---

Valores entre parênteses indicam teor nos alimentos.

Adaptado de BERTIPAGLIA (2005).

3.4. Estudos realizados com outras metodologias para det erminação da fração fibrosa

Bortolassi et al. (2000) realizaram experimento para comparar o método

convencional e Filter Bag Technique da Ankon® (FBT – filtro F57) na determinação

de fibra em detergente neutro e fibra em detergente ácido. O método FBT mostrou-

se eficaz para determinação de FDN e FDA para a maioria dos alimentos utilizados

no experimento. Na análise de FDN e FDA na FBT, utilizou-se 1800 mL de solução

detergente para cada 24 amostras. Usou-se 0,5g de amostra em cada filtro de F57,

sendo este posteriormente lacrado a quente (BORTOLASSI et al., 2000).

Observou-se que o FBT pode ser reutilizado até seis vezes para alimentos

como silagem de milho e farelo de canola. A análise de FDN do milho, no método de

FBT, não é recomendada pela gelatinização do amido dentro do filtro, o que

provavelmente causa entupimento da malha, superestimando o teor de FDN deste

alimento (BORTOLASSI et al., 2000).

A FBT mostrou maior concordância com resultados de FDA do NRC (1989)

que o método convencional. E os resultados de FDN mesmo com reutilização dos

filtros, mostrou que alguns alimentos possuem boa proximidade com valor de FDN

proposto pelo NRC (1989) (BORTOLASSI et al., 2000).

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Para os alimentos que não apresentaram diferenças (p>0,05) entre os

tratamentos, a FBT apresenta a vantagem de possibilitar a realização das análises

mais rapidamente, pois suporta 24 amostras por vez, ocupa pouco espaço físico

dentro do laboratório, diminui em até 50% o custo com mão-de-obra, além de estar

passando pelo processo de aprovação desde 1996 pela AOAC (Ankom®, 2012).

O método FBT mostrou-se eficaz para determinação de FDN e FDA para a

maioria dos alimentos (BORTOLASSI et al., 2000).

Embora a aplicação do F57 para avaliação do teor de fibra em alimentos

apresente perspectivas favoráveis (BERCHIELLI et al., 2001), o custo associado a

esse material pode inviabilizar sua aplicação rotineira em análise de alimentos. Têm-

se buscado alternativas a este material na utilização do sistema Ankom® de análise

de fibra, entre essas, o tecido não-tecido (TNT), com gramatura 100 g/m2 (CASALI,

et al., 2009).

Casali et al. (2009) realizaram experimento para estimar teores de

componentes fibrosos em alimentos para ruminantes, em sacos de diferentes

tecidos. Os tecidos utilizados foram náilon (50 µm), F57 (Ankon®) e tecido-não-

tecido (TNT – 100 g/m2). Este experimento teve como objetivo observar a

integridade física pós-incubação ruminal e pós-extração com detergente, avaliar as

perdas de partículas e as estimativas dos teores de FDNi de alguns alimentos para

ruminantes obtidas em procedimentos in situ utilizando-se sacos confeccionados

com os tecidos náilon (50 µm), F57 (Ankon®) e tecido-não-tecido (TNT – 100 g/m2)

(CASALI et al., 2009).

Foram utilizadas seis repetições de cada alimento para cada material. Estes

sacos foram acondicionados com amostra de diferentes alimentos no rúmen e,

posteriormente foram retirados, lavados com água corrente até o total clareamento,

e tratados com detergente neutro. Os sacos de TNT e F57 obtiveram teores de FDN

superior ao obtido com náilon para alguns alimentos (CASALI et al., 2009).

Nunes et al. (2005), compararam teores de FDN e FDA em amostras de

alimentos obtidas por intermédio de sacos e TNT e F57, e não observaram

diferenças entre os tecidos. Isso indica a possibilidade do uso do TNT como material

alternativo para análise de fibra (CASALI et al., 2009).

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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. Local do experimento

O experimento foi realizado no Laboratório de Nutrição Animal e Biogeoquímica da

Universidade Camilo Castelo Branco, UNICASTELO, campus de Descalvado-SP.

4.2. Amostras Utilizadas

Na avaliação e padronização do micro método, foram utilizadas amostras dos

alimentos: silagem de milho, bagaço de cana, feno tifton e alfafa emurchecida.

A escolha destes alimentos visou propiciar a avaliação de volumosos por

serem ingredientes de referente uso com maior disponibilidade, na grande parte

utilizados em confinamentos.

4.3. Preparo das Amostras

As amostras foram provenientes de propriedades rurais do município de

Descalvado.

As amostras foram secas em estufa com circulação forçada de ar, à

temperatura de 55º C, por 72 horas, e posteriormente, processadas em moinho tipo

Willey (Modelo Thomas) primeiramente em peneiras com malha de 1,0 mm e

posteriormente em peneiras de malha de 0,5 mm; procedimento recomendado por

NFTA (1992). Parte da amostra que ficava no moinho após o processamento, era

colocado juntamente com a amostra que tinha passado pelas peneiras.

As determinações de matéria seca (MS) e matéria mineral (MM) foram

realizadas de acordo com a AOAC (1990).

Dos constituintes da fração de carboidrato fibroso foram determinados os

teores de fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA)

segundo Van Soest (1967) e, a lignina utilizando-se ácido sulfúrico 72%, conforme

Goering; Van Soest (1970).

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4.4. Tratamentos

As amostras de alimentos foram testadas em quatro tratamentos, com três

repetições em cada tratamento.

Os tratamentos utilizados foram:

1. Método convencional (refluxo) utilizado na determinação dos

constituintes da parede celular, FDN, FDA e lignina, segundo metodologia de Van

Soest (1967);

2. Método Sequencial com autoclave: usando cadinhos filtrantes;

3. Método Sequencial com autoclave: usando saquinhos de TNT de trama

fina;

4. Método Sequencial com autoclave: usando saquinhos de TNT de trama

grossa.

4.5. Delineamento experimental e análise estatístic a

O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, com quatro

tratamentos, três repetições por tratamento, em esquema de análise de parcelas

subdivididas (três vezes no tempo).

Os dados foram processados e analisados no programa Statistical Analysis

System (SAS), versão 9.0 (2002). Quando a análise de variância foi significativa, as

médias foram comparadas pelo teste Tukey (5% de significância).

4.6. Métodos de Análise

4.6.1. Micro método sequencial em autoclave com saq uinhos de TNT (trama

fina e grossa)

Os saquinhos foram confeccionados manualmente, selados com máquina seladora

(Figura 2), deixando apenas uma abertura para introduzir a amostra a ser analisada.

Posteriormente, foram numerados com o auxílio de lápis (grafite preto).

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Figura 2: (A) saquinho de TNT confeccionado manualmente; (B) máquina seladora usada para vedar

os saquinhos de tecido TNT.

Foi realizada a pesagem para anotação do peso vazio (tara) dos saquinhos,

e posteriormente, a pesagem de 0,5 g de amostra e acondicionada no interior do

saquinho. O acondicionamento das amostras seguiu a relação de 0,5 g de MS por

25 cm2 de superfície interna do saquinho de TNT. Foram confeccionados três

saquinhos de tecido de trama fina e três saquinhos de tecido de trama grossa para

cada alimento avaliado, e repetida a análise três vezes no tempo no laboratório,

resultando em seis saquinhos para cada alimento, para cada tempo.

Foram confeccionados três saquinhos de tecido de trama fina e três

saquinhos de tecido de trama grossa, os quais ficaram vazios (sem amostra) para

teste da durabilidade e desgaste do tecido durante o procedimento analítico.

A seguir, os saquinhos foram selados para que a amostra permanecesse

dentro do saquinho durante todo o processo (Figura 3).

Figura 3: Saquinhos de TNT, selados. Trama fina (A) e trama grossa (B).

A B

A B

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Os saquinhos foram colocados em Béquer de vidro de 500 mL, com 102 mL

de detergente neutro. Em cada Béquer foram colocados os seis saquinhos com as

amostras de cada alimento (três de trama fina e três de trama grossa). Os Béqueres

foram vedados com filme plástico PVC perfurado e preso com um elástico (Figura 4).

Figura 4: Béquer de vidro de 500 mL com saquinhos já imersos no detergente neutro, e fechados

com papel filme.

Todos os béqueres foram levados à autoclave na temperatura de 121ºC e

pressão de 1 atm, por 30 minutos. Após esse período de incubação na autoclave, os

saquinhos foram lavados com água fervida (80ºC – 110ºC) para poder eliminar o

resíduo de detergente presente na amostra. Utilizou-se água fervida (80ºC – 110ºC)

para lavar as amostras, pois assim a eliminação do resíduo é mais facilitada do que

se tivesse utilizado água fria.

Em seguida, os saquinhos foram dispostos em prato de vidro e levados à

estufa a 105ºC por 8 horas (Figura 5). Após esse período, permaneceram em

dessecador para atingirem a temperatura ambiente. Foram pesados, e

sequencialmente, submetidos ao processo anterior, mas, incubados em autoclave

com a solução de detergente ácido.

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Figura 5: Saquinhos de TNT pós digestão com detergente neutro e colocados em prato de vidro para

serem secos à estufa

Após a determinação sequencial da fração de FDN e FDA os saquinhos

foram acondicionados em frascos de plástico onde foi adicionada solução de ácido

sulfúrico 72% para a determinação do teor da lignina em detergente ácido, onde

permaneceram por 4 horas (Figura 6). Estes saquinhos foram novamente lavados

com água quente (80ºC a 110ºC), levados à estufa na temperatura de 105ºC por

período de tempo de 8 horas; posteriormente, mantidos em dessecador para

atingirem a temperatura ambiente, e pesados.

Figura 6: Saquinhos de TNT acondicionados individualmente em frascos de plástico com adição de

ácido sulfúrico 72%

Estes saquinhos foram colocados individualmente em cadinhos de porcelana

previamente pesados (tara), e submetidos em forno mufla a 551ºC por 4 horas, com

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a finalidade de se obter o teor de matéria mineral. Posteriormente, mantidos em

dessecador para atingirem a temperatura ambiente e pesados.

Em todo o processo, foram incluídos saquinhos de trama fina e trama grossa

de TNT sem alimento para poder avaliar a integridade do tecido (durabilidade e

desgaste) após as etapas do processo analítico, assim como o vazio para que fosse

usado nos cálculos da estimativa das frações de FDN, FDA e lignina.

4.6.2. Micro método sequencial em autoclave com cad inhos filtrantes

Os cadinhos filtrantes (Gooch) foram mantidos em estufa à 105ºC por 8 horas,

retirados e colocados no dessecador até atingirem a temperatura ambiente, pesados

(tara), e então, adicionado 0,5 g de amostra. Estes cadinhos foram acondicionados

em frascos plásticos, onde foram adicionados 40 mL de solução de detergente

neutro, levados à autoclave onde permaneceram a 121ºC, 1 atm, por 30 minutos

(Figura 7).

Figura 7: (A) Cadinhos filtrantes acondicionados em frascos plásticos, com adição da solução de

detergente e tampados para serem levados à autoclave. (B) Autoclave

Após este procedimento, os cadinhos foram lavados com água destilada a

80ºC-110ºC e filtrados sob vácuo, até que fosse retirado todo o resíduo de

detergente da amostra. Posteriormente, foram levados para a estufa a 105ºC por 8

horas e, pesados. Todo o processo foi repetido nos cadinhos filtrantes que

continham o resíduo da análise da fibra em detergente neutro, porém desta vez com

o uso da solução de detergente ácido.

A

B

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Após estes procedimentos, os cadinhos foram acondicionados, novamente,

em frascos plásticos para adicionar o ácido sulfúrico 72%, para a análise do teor da

lignina em detergente ácido. A digestão em ácido sulfúrico permaneceu por 4 horas

(Figura 8). Após este período, foram lavados com água quente (80ºC a 110ºC), e

filtrados sob vácuo (Figura 9); e colocados na estufa a 105ºC por 8 horas.

Posteriomente foram colocados no dessecador para atingirem a temperatura

ambiente, para serem pesados e colocados em forno mufla a 551ºC por 4 horas, e

em seguida pesados.

Figura 8: Cadinhos filtrantes imersos em ácido sulfúrico 72%, acondicionados em frascos plásticos

Figura 9: Resíduo da digestão em detergente, contido no cadinho filtrante, submetido à filtração sob

vácuo.

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4.6.3. Método de análise padrão (convencional) segu ndo Van Soest (1967)

4.6.3.1. Análise da fibra em detergente neutro

Foi pesado 0,5 g da amostra em Béquer de vidro de 500 mL. Nos Béqueres foram

adicionados 50 mL de solução de detergente neutro. Os béqueres com as amostras

foram alocados no aparelho digestor. A temperatura foi ajustada para a amostra

permanecer em ebulição e sob refluxo, durante uma hora no aparelho (Figura 10).

Após, as amostras foram lavadas e filtradas sob vácuo nos cadinhos filtrantes

(previamente secos a 105ºC e pesados). Os cadinhos com o resíduo foram levados

para secar em estufa a 105ºC durante 8 horas. Após, retirados, colocados em

dessecador para atingir a temperatura ambiente e pesados. Posteriormente, os

cadinhos foram submetidos em forno mufla a 551ºC durante 4 horas para se obter

as cinzas (matéria mineral). Após, retirados e pesados.

Figura 10: Béqueres com amostra e solução de detergente em ebulição, sob refluxo, no aparelho de

digestão.

4.6.3.2. Análise da fibra em detergente ácido

Foi pesado 0,5 g da amostra em Béquer de vidro de 500 mL. Nos Béqueres foram

adicionados 50 mL de solução de detergente ácido. Os béqueres com as amostras

foram alocados no aparelho digestor. A temperatura foi ajustada para a amostra

permanecer em ebulição e sob refluxo, durante uma 1 hora no aparelho (Figura 10).

Após, as amostras foram lavadas e filtradas sob vácuo nos cadinhos filtrantes

(previamente secos a 105ºC e pesados). Os cadinhos com o resíduo foram levados

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para secar em estufa a 105ºC durante 8 horas. Após, retirados, colocados em

dessecador para atingir a temperatura ambiente e pesados.

Em seguida, os cadinhos com o resíduo da amostra digerida em detergente

ácido, foram alocados em frascos de plástico e imersos em ácido sulfúrico 72%

durante 4 horas. Após, foram lavados com água quente (80ºC a 110ºC), e filtrados

sob vácuo; colocados na estufa a 105ºC por 8 horas. Os cadinhos foram mantidos

em dessecador para atingirem a temperatura ambiente, pesados e levados à mufla a

551ºC por 4 horas, e, posteriormente, pesados. Todo o procedimento foi realizado

três vezes no tempo.

No processo analítico de determinação da FDN e FDA, não foi utilizada a

amilase, pois na silagem de milho havia a planta inteira, e a filtragem ocorreu

normalmente. Os resultados de análise foram considerados apenas a correção para

a cinza (matéria mineral) da amostra, não sendo corrigidas para nitrogênio.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em função da repetibilidade obtida entre os resultados analíticos e, entre os

períodos, os valores obtidos nas frações avaliadas (parâmetros), possibilitou

encontrar resultados significativos mesmo com pequenas diferenças numéricas. Em

alguns parâmetros a diferença média significativa foi de 1%, o que possibilitou uma

complexidade de resultados. Portanto cada alimento avaliado foi discutido

separadamente.

Os resultados de análise foram considerados apenas a correção para a cinza

(matéria mineral) da amostra.

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Na Tabela 5 encontram-se apresentados os resultados da composição média, expressos em % da MS da fibra em detergente

neutro, fibra em detergente ácido, lignina, hemicelulose e celulose da silagem de milho e seus respectivos coeficientes de

variação.

Tabela 5 : Teores médios de fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), lignina, hemicelulose e celulose, e desvio padrão da silagem

de milho obtidos pelas diferentes metodologias de determinação da fibra

Parâmetro Tratamento Período Experimental / Média e Desvios Padrões1 CV % 1 2 3

FDN

Autoclave-cadinho 56,93 ± 0,30 Ba 55,29 ± 0,72 Bb 56,22 ± 0,28 Aab 0,78% Autoclave-TNT fino 52,93 ± 0,56 Ca 52,89 ± 0,76 Ca 52,12 ± 1,04 Ba 1,50%

Autoclave-TNTgrosso 58,43 ± 0,27 Aa 53,20 ± 0,18 Cb 53,20 ± 0,41 Bb 0,52% Refluxo 57,71 ± 0,66 ABa 56,65 ± 0,33 Aa 56,87 ± 0,82 Aa 1,06%

FDA

Autoclave-cadinho 27,59 ± 0,27 Ba 26,79 ± 0,38 Bb 26,63 ± 0,50 Bb 1,43% Autoclave-TNT fino 25,12 ± 0,55 Ca 24,71 ± 0,41 Da 24,37 ± 0,72 Ca 2,27%

Autoclave-TNTgrosso 27,72 ± 0,95 Ba 25,89 ± 0,34 Cb 25,34 ± 0,92 BCb 2,80% Refluxo 29,59 ± 0,88 Aa 31,18 ± 0,55 Aa 30,72 ± 1,18 Aa 2,86%

LIGNINA

Autoclave-cadinho 4,07 ± 0,40 Aa 3,57 ± 0,07 ABb 3,74 ± 0,12 ABab 5,05% Autoclave-TNT fino 3,81 ± 0,57 Aa 1,75 ± 0,12 Ac 2,85 ± 0,17 Bb 9,28%

Autoclave-TNTgrosso 4,26 ± 0,32 Aa 2,51 ± 1,34 BCa 3,76 ± 1,19 ABa 30,88% Refluxo 4,35 ± 0,28 Aa 4,45 ± 0,20 Ca 4,80 ± 0,52 Aa 7,25%

HEMICELULOSE

Autoclave-cadinho 29,35 ± 0,57 Bab 28,50 ± 0,35 ABb 29,60 ± 0,38 Aa 1,49% Autoclave-TNT fino 27,82 ± 0,53 Ca 28,18 ± 0,88 Ca 27,75 ± 0,92 Ba 2,78%

Autoclave-TNTgrosso 30,71 ± 1,14 Aa 27,32 ± 0,52 Bb 27,86 ± 0,59 Bb 2,58% Refluxo 28,13 ± 0,22 BCa 25,47 ± 0,52 Ab 26,15 ± 0,51 Cb 1,59%

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CELULOSE

Autoclave-cadinho 23,37 ± 0,26 Ba 23,22 ± 0,46 Ba 22,89 ± 0,39 Ba 1,60% Autoclave-TNT fino 21,81 ± 0,32 Cb 22,96 ± 0,47 Ba 21,52 ± 0,60 Bb 2,09%

Autoclave-TNTgrosso 22,99 ± 0,66 Ba 23,38 ± 1,50 Ba 21,58 ± 1,92 Ba 6,07% Refluxo 25,25 ± 0,62 Ab 26,74 ± 0,36 Aa 25,92 ± 0,74 Aab 2,23%

1: Valores seguidos pela mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre si pelo teste t (p≥0,05)

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No método Refluxo, que foi considerado como padrão, observou-se repetibilidade

entre os períodos avaliados e, maior valor em relação aos demais métodos

avaliados (p<0,05).

No método Autoclave-cadinho, muito utilizado em vários Laboratórios

atualmente, pode-se observar que houve oscilação de valores entre os períodos.

O método Autoclave – TNT fino apresentou semelhança nos valores com

repetibilidade entre os períodos nos parâmetros FDN e FDA, porém na lignina houve

oscilação significativa dos valores entre os períodos.

No método Autoclave – TNT grosso houve semelhança, entre os períodos,

nos valores apenas para Lignina; os resultados de FDN e FDA apresentaram

oscilações significativas dos resultados entre os períodos.

Na comparação entre os resultados analíticos obtidos nos métodos avaliados,

em cada período experimental, observou-se variação significativa de resultados.

Cada método se comportou de uma maneira.

No primeiro período experimental observou-se semelhança nos resultados de

FDN entre os métodos Autoclave-cadinho, Autoclave-TNT grosso e Refluxo; porém,

para FDA, apesar do Refluxo apresentar o maior valor, houve semelhança de

resultados apenas entre os métodos Autoclave-cadinho e Autoclave-TNT Grosso. E,

para lignina houve semelhança de resultado entre os quatro métodos avaliados.

No segundo período experimental, embora o método Refluxo apresentou o

maior valor de FDN, houve semelhança apenas entre os Métodos Autoclave-TNT

fino e Autoclave-TNT grosso; na FDA houve oscilação de valores entre os métodos

(p<0,05). E para lignina observou-se semelhança de valores entre Refluxo e

Autoclave-cadinho.

No terceiro período experimental pôde-se observar semelhança de valores

entre os métodos de Refluxo e Autoclave-cadinho, sendo que no primeiro caso,

observou-se o maior valor para FDN; para FDA apesar do Refluxo apresentar maior

valor, houve oscilação entre os resultados dos métodos avaliados. E para lignina,

houve semelhança de valores entre os métodos Refluxo, Autoclave-cadinho e

Autoclave-TNT grosso.

No caso dos parâmetros hemicelulose e celulose obtidos em função de

estimativas a partir dos analitos de FDN, FDA e lignina, os resultados obtidos

refletem o acúmulo de erros das análises anteriores.

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49

No caso da hemicelulose, apenas o método Autoclave-TNT fino apresentou

semelhança nos resultados entre os períodos avaliados. Os demais métodos

apresentaram oscilações significativas. Na comparação entre os métodos, no

primeiro período, o Autoclave-TNT grosso apresentou maior valor, em relação ao

método padrão (Refluxo). No segundo e no terceiro período o método padrão

apresentou resultados inferiores aos demais métodos. Considerando que a

hemicelulose foi estimada a partir de resultados de FDN e FDA, esses parâmetros,

apresentaram maiores valores no método padrão, em todos os períodos.

Na celulose, os resultados obtidos foram mais coerentes com a tendência dos

resultados de FDA e lignina entre os métodos e períodos avaliados. Os resultados

de lignina, entre os períodos avaliados sofreram poucas oscilações e, entre os

métodos analíticos, os maiores valores obtidos foram no método padrão, em relação

aos demais avaliados.

De modo geral, observou-se que no método Refluxo obteve-se maior valor

analítico dos parâmetros avaliados, comparado aos demais métodos avaliados;

porém os valores do método Cadinho foram mais próximos ao método Refluxo.

No tempo, os métodos Refluxo e TNT fino foram semelhantes para FDN e

FDA.

Os resultados médios da análise dos parâmetros obtidos estão semelhantes

aqueles apresentados por Valadares Filho et al. (2010) com médias para FDN

(55,26 ±6,79); FDA (31,16 ±5,02); Lignina (4,74 ±1,43); Hemicelulose (24,27 ±4,17) e

Celulose (24,99 ±5,84).

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50

Na Tabela 6 encontram-se apresentados os resultados da composição média, expressos em % da MS da fibra em detergente

neutro, fibra em detergente ácido, lignina, hemicelulose e celulose da alfafa e seus respectivos coeficientes de variação.

Tabela 6 : Teores médios de fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), lignina, hemicelulose e celulose, e desvio padrão da alfafa

obtidos pelas diferentes metodologias de determinação da fibra

Parâmetro Tratamento Período Experimental / Média e Desvios Padrões1 CV% 1 2 3

FDN

Autoclave-cadinho 36,21 ± 0,45 Ba 36,21 ± 0,39 BCa 35,47 ± 0,64 Aa 1,37% Autoclave-TNT fino 36,14 ± 0,82 Ba 34,92 ± 1,35 Ca 34,34 ± 0,60 Ba 2,63%

Autoclave-TNTgrosso 38,37 ± 1,32 Aa 37,70 ± 0,73 ABa 35,86 ± 0,13 Ab 1,91% Refluxo 39,28 ± 0,22 Aa 38,40 ± 0,32 Ab 36,22 ± 0,22 Ac 0,67%

FDA

Autoclave-cadinho 24,29 ± 0,37 Ba 23,93 ± 0,22 Ba 22,77 ± 0,67 Bb 1,79% Autoclave-TNT fino 22,27 ± 0,46 Ca 21,97 ± 0,57 Ca 22,80 ± 0,67 Ba 2,53%

Autoclave-TNTgrosso 24,09 ± 0,76 Ba 24,25 ± 0,08 Ba 23,20 ± 0,81 Bb 2,33% Refluxo 28,52 ± 0,31 Aa 28,94 ± 0,99 Aa 28,26 ± 0,19 Aa 1,73%

LIGNINA

Autoclave-cadinho 6,81 ± 0,28 Aa 6,22 ± 0,32 Ab 5,88 ± 0,16 Ab 3,93% Autoclave-TNT fino 5,06 ± 0,46 Bb 4,35 ± 0,54 Bb 6,10 ± 0,24 Aa 8,45%

Autoclave-TNTgrosso 6,22 ± 0,39 Aa 4,98 ± 0,21 Ba 5,91 ± 0,98 Aa 9,03% Refluxo 6,64 ± 0,04 Aa 6,62 ± 0,38 Aa 6,68 ± 0,41 Aa 4,15%

HEMICELULOSE

Autoclave-cadinho 11,92 ± 0,16 Bb 12,28 ± 0,19 Aab 12,70 ± 0,32 Aa 1,80% Autoclave-TNT fino 13,86 ± 1,16 Aa 12,94 ± 1,51 Aa 11,54 ± 1,14 Aa 9,96%

Autoclave-TNTgrosso 14,28 ± 0,76 Aa 13,45 ± 0,67 Aab 12,66 ± 0,91 Ab 5,84% Refluxo 10,76 ± 0,22 Ba 9,46 ± 0,99 Bb 7,97 ± 0,24 Bc 5,15%

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CELULOSE

Autoclave-cadinho 17,49 ± 0,60 Aa 17,71 ± 0,20 BCa 16,89 ± 0,54 Ba 2,58% Autoclave-TNT fino 17,21 ± 0,11 Bab 17,62 ± 0,59 Ca 16,70 ± 0,43 Bb 2,18%

Autoclave-TNTgrosso 17,87 ± 0,37 Bab 18,84 ± 0,74 Ba 17,29 ± 0,45 Bb 2,86% Refluxo 21,88 ± 0,34 Ab 22,32 ± 0,77 Aa 21,57 ± 0,25 Aa 2,06%

1: Valores seguidos pela mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre si pelo teste t (p≥0,05)

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No método Refluxo, que foi considerado como padrão, observou-se repetibilidade

entre os períodos avaliados nos parâmetros FDA e Lignina, porém na FDN houve

oscilação significativa dos valores entre os períodos.

No método Autoclave-cadinho, houve semelhança, entre os períodos, apenas

nos valores da FDN; os resultados da FDA e Lignina apresentaram oscilações

significativas entre os períodos.

O método Autoclave–TNT fino apresentou semelhança nos valores com

repetibilidade entre os períodos nos parâmetros FDN e FDA, porém na lignina houve

oscilação significativa dos valores entre os períodos.

No método Autoclave–TNT grosso houve semelhança, entre os períodos, nos

valores apenas para Lignina; os resultados de FDN e FDA apresentaram oscilações

significativas dos resultados entre os períodos.

Na comparação entre os resultados analíticos obtidos nos métodos avaliados,

em cada período experimental, observou-se variação significativa de resultados.

Cada método se comportou de uma maneira.

No primeiro período experimental observou-se semelhança nos resultados de

FDN entre os métodos Autoclave-TNT grosso e Refluxo; porém, para FDA, apesar

do Refluxo apresentar o maior valor, houve semelhança de resultados apenas entre

os métodos Autoclave-cadinho e Autoclave-TNT grosso. E, para lignina houve

semelhança de resultado entre os métodos Autoclave-cadinho, Autoclave-TNT

grosso e Refluxo, ressaltando que no método Autoclave-cadinho houve o maior valor

neste parâmetro.

No segundo período experimental, observou-se semelhança nos resultados

de FDN entre os métodos Autoclave-TNT grosso e Refluxo, no entanto o resultado

obtido do método Autoclave-TNT grosso se assemelha àquele obtido no método

Autoclave-cadinho; na FDA, embora no método Refluxo resultou no maior valor,

houve comparação de valores entre os métodos Autoclave-cadinho e Autoclave-TNT

grosso. E, na lignina observou-se semelhança de valores entre Refluxo e Autoclave-

cadinho; com maior valor no método Refluxo.

No terceiro período experimental pôde-se observar semelhança de valores na

FDN entre os métodos de Refluxo, Autoclave-cadinho e Autoclave-TNT grosso, com

o método Refluxo apresentando o maior valor; na FDA, apesar do método Refluxo

apresentar maior valor, houve semelhança nos resultados dos métodos Autoclave-

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53

cadinho, Autoclave-TNT grosso e Autoclave-TNT fino. E na lignina, houve

semelhança de valores entre os quatro métodos avaliados.

No caso da hemicelulose, apenas o método Autoclave-TNT fino apresentou

semelhança nos resultados entre os períodos avaliados. Os demais métodos

apresentaram oscilações significativas. Na comparação entre os métodos, no

primeiro e segundo períodos, o Autoclave-TNT grosso apresentou maior valor, em

relação ao método padrão (Refluxo). E no terceiro período, o método Autoclave-

cadinho apresentou maior valor em relação ao método padrão (Refluxo).

Considerando que a hemicelulose foi estimada a partir de resultados de FDN e FDA,

esses parâmetros, apresentaram maiores valores no método padrão, em todos os

períodos.

Na celulose, os resultados obtidos foram mais coerentes com a tendência dos

resultados de FDA e lignina entre os métodos e períodos avaliados. Os resultados

de lignina, entre os períodos avaliados sofreram poucas oscilações e, entre os

métodos analíticos, os maiores valores obtidos foram no método padrão, em relação

aos demais avaliados.

De modo geral, observou-se que no método Refluxo obteve-se maior valor

analítico dos parâmetros avaliados, comparado aos demais métodos. O método TNT

grosso foi semelhante ao Cadinho.

Os resultados médios da análise dos parâmetros (FDN, FDA) obtidos estão

semelhantes àqueles apresentados por Valadares Filho et al. (2010) com médias de

FDN (37,49 ±1,85); FDA (25,36 ±3,33); Lignina (7,49 ±0,97); Hemicelulose (9,17

±0,86) e Celulose (27,07 ±1,36). Os resultados médios de Lignina, Hemicelulose e

Celulose não se assemelham aos obtidos por Valadares Filho et. al (2010).

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Na Tabela 7 encontram-se apresentados os resultados da composição média, expressos em % da MS da fibra em detergente

neutro, fibra em detergente ácido, lignina, hemicelulose e celulose do bagaço de cana e seus respectivos coeficientes de variação.

Tabela 7 : Teores médios de fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), lignina, hemicelulose e celulose, e desvio padrão do bagaço

de cana obtidos pelas diferentes metodologias de determinação da fibra

Parâmetro Tratamento Período Experimental / Média e Desvios Padrões1 CV% 1 2 3

FDN

Autoclave-cadinho 91,59 ± 0,97 Aa 88,92 ± 0,75 Bb 91,24 ± 0,79 Aa 0,92% Autoclave-TNT fino 91,61 ± 0,60 Aa 89,30 ± 0,48 Bb 88,79 ± 1,72 Bb 1,04%

Autoclave-TNTgrosso 91,55 ± 1,01 Aa 90,01 ± 0,74 Bb 89,34 ± 0,42 ABb 0,80% Refluxo 92,59 ± 0,56 Aa 91,48 ± 0,57 Aa 89,79 ± 0,77 ABb 0,69%

FDA

Autoclave-cadinho 54,83 ± 0,25 Ba 52,40 ± 0,36 Bc 53,66 ± 0,57 Bb 0,73% Autoclave-TNT fino 52,88 ± 1,42 Cab 53,87 ± 1,57 Ba 50,83 ± 0,86 Db 2,43%

Autoclave-TNTgrosso 54,11 ± 0,68 BCa 53,96 ± 1,04 Ba 52,26 ± 0,61 Cb 1,45% Refluxo 60,31 ± 1,14 Aa 60,18 ± 1,10 Aa 59,32 ± 0,77 Aa 1,67%

LIGNINA

Autoclave-cadinho 9,95 ± 0,39 Ba 9,47 ± 0,17 ABab 9,28 ± 0,23 Bb 2,73% Autoclave-TNT fino 9,21 ± 0,25 Ba 7,69 ± 1,47 Ca 7,81 ± 0,12 Da 7,80%

Autoclave-TNTgrosso 9,52 ± 0,82 Ba 8,98 ± 0,29 BCab 8,42 ± 0,11 Cb 4,36% Refluxo 10,99 ± 0,22 Aa 10,79 ± 0,88 Aa 11,24 ± 0,23 Aa 4,07%

HEMICELULOSE

Autoclave-cadinho 36,77 ± 0,74 Aa 36,53 ± 0,67 Aa 37,58 ± 0,94 Aa 2,12% Autoclave-TNT fino 38,73 ± 1,93 Aa 34,38 ± 1,81 Ab 37,96 ± 0,87 Aa 4,17%

Autoclave-TNTgrosso 37,44 ± 0,41 Aa 36,04 ± 0,37 Ab 37,08 ± 0,97 Aab 1,59% Refluxo 32,28 ± 1,07 Ba 31,30 ± 1,65 Ba 30,47 ± 1,12 Ba 4,09%

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CELULOSE

Autoclave-cadinho 44,77 ± 0,06 Ba 42,92 ± 0,22 Cb 44,39 ± 0,49 Ba 0,58% Autoclave-TNT fino 44,60 ± 0,79 Bab 45,96 ± 1,27 Ba 43,02 ± 0,77 Cb 2,11%

Autoclave-TNTgrosso 44,64 ± 0,14 Ba 44,98 ± 1,03 Ba 43,83 ± 0,51 BCa 1,26% Refluxo 49,87 ± 0,39 Aa 49,40 ± 0,87 Aa 48,08 ± 0,54 Aa 1,22%

1: Valores seguidos pela mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre si pelo teste t (p≥0,05)

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No método Refluxo, que será considerado como padrão, observou-se repetibilidade

entre os períodos avaliados nos parâmetros FDA e Lignina; porém na FDN houve

oscilação de resultados; e apresentou maior valor em relação aos demais métodos

avaliados (p<0,05).

No método Autoclave-cadinho, pode-se observar que houve oscilação de

valores entre os períodos.

O método Autoclave – TNT fino apresentou semelhança nos valores com

repetibilidade entre os períodos no parâmetro Lignina, porém na FDN e FDA houve

oscilação significativa dos valores entre os períodos.

No método Autoclave – TNT grosso pode-se observar que houve oscilação de

valores entre períodos.

Na comparação entre os resultados analíticos obtidos nos métodos avaliados,

em cada período experimental, observou-se variação significativa de resultados.

Cada método se comportou de uma maneira.

No primeiro período experimental observou-se semelhança nos resultados de

FDN entre os quatro métodos avaliados, com o método Refluxo apresentando maior

valor; na FDA, apesar do Refluxo apresentar o maior valor, houve semelhança de

resultados apenas entre os métodos Autoclave-cadinho e Autoclave-TNT grosso. E,

na lignina o método Refluxo apresentou maior valor, porém houve semelhança de

valores entre os demais métodos avaliados (Autoclave-cadinho, Autoclave-TNT fino

e Autoclave-TNT grosso).

No segundo período experimental, embora o método Refluxo apresentou o

maior valor de FDN e FDA, houve semelhança entre os demais métodos avaliados

(Autoclave-cadinho, Autoclave-TNT fino e Autoclave-TNT grosso). E na lignina

observou-se semelhança de valores entre Refluxo e Autoclave-cadinho, porém

Refluxo apresentou maior valor.

No terceiro período experimental pôde-se observar semelhança de valores de

FDN entre os métodos Refluxo, Autoclave-cadinho e Autoclave-TNT grosso, sendo

que o método Autoclave-cadinho apresentou maior valor em relação aos outros

métodos comparados; nos parâmetros FDA e Lignina apesar do Refluxo apresentar

maior valor, houve oscilação entre os resultados dos métodos avaliados.

No caso da hemicelulose, os métodos Autoclave-cadinho e Refluxo

apresentaram semelhança nos resultados entre os períodos avaliados. Os demais

métodos apresentaram oscilações significativas. Na comparação entre os métodos,

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no primeiro e no terceiro períodos, o Autoclave-TNT fino apresentou maior valor, em

relação ao método padrão (Refluxo). E, no segundo período, o método Autoclave-

cadinho apresentou maior valor, em relação ao método padrão (Refluxo).

Considerando que a hemicelulose foi estimada a partir de resultados de FDN e FDA,

esses parâmetros, apresentaram maiores valores no método padrão, em todos os

períodos.

Na celulose, os métodos Autoclave-TNT grosso e Refluxo apresentaram

semelhança nos resultados entre os períodos avaliados; e os demais métodos

avaliados apresentaram oscilações significativas. Na comparação entre os métodos,

no primeiro período o método refluxo apresentou maior valor em relação aos outros

métodos avaliados. No segundo e terceiro períodos, apesar do método Refluxo ter

apresentado maior valor, houve oscilações significativas nos resultados dos demais

métodos avaliados.

De modo geral, observou-se que no método Refluxo obteve-se maior valor

analítico dos parâmetros avaliados, comparado aos demais métodos. O método

Cadinho foi semelhante ao método TNT grosso.

Os resultados médios da análise dos parâmetros (FDN, FDA e celulose)

obtidos estão semelhantes àqueles apresentados por Valadares Filho et al. (2010)

com médias de FDN (86,63 ±4,62); FDA (59,78 ±6,33); Lignina (12,76 ±2,31);

Hemicelulose (30,01 ±4,34) e Celulose (43,25 ±5,92). Porém os parâmetros Lignina

e Hemicelulose obtiveram valores diferentes aos relatados por Valadares Filho et. al

(2010).

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Na Tabela 8 encontram-se apresentados os resultados da composição média, expressos em % da MS da fibra em detergente

neutro, fibra em detergente ácido, lignina, hemicelulose e celulose do feno tifton e seus respectivos coeficientes de variação.

Tabela 8 : Teores médios de fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), lignina, hemicelulose e celulose, e desvio padrão do feno

tifton obtidos pelas diferentes metodologias de determinação da fibra

Parâmetro Tratamento Período Experimental / Média e Desvios Padrões1 CV% 1 2 3

FDN

Autoclave-cadinho 79,38 ± 0,24 Ba 77,87 ± 0,17 Bb 79,77 ± 0,26 Aa 0,28% Autoclave-TNT fino 76,67 ± 0,58 Ca 75,07 ± 1,25 Ca 75,03 ± 0,96 Ca 1,23%

Autoclave-TNTgrosso 79,10 ± 0,33 Ba 76,63 ± 0,93 BCb 77,09 ± 0,63 Bb 0,82% Refluxo 80,66 ± 0,76 Aab 81,47 ± 0,82 Aa 79,43 ± 0,11 Ab 0,69%

FDA

Autoclave-cadinho 37,34 ± 0,30 BCa 36,36 ± 0,53 Bb 37,60 ± 0,21 Ba 0,94% Autoclave-TNT fino 36,06 ± 0,53 Ca 34,67 ± 0,09 Cb 35,07 ± 0,84 Dab 1,38%

Autoclave-TNTgrosso 38,07 ± 0,71 Ba 36,20 ± 0,54 Bb 36,25 ± 0,39 Cb 1,48% Refluxo 41,70 ± 0,98 Aa 41,94 ± 0,30 Aa 41,66 ± 0,47 Aa 1,40%

LIGNINA

Autoclave-cadinho 6,00 ± 0,01 Aa 5,06 ± 0,18 ABc 5,68 ± 0,09 Ab 1,75% Autoclave-TNT fino 5,35 ± 0,32 Aa 3,57 ± 0,18 Cc 4,61 ± 0,37 Ab 6,29%

Autoclave-TNTgrosso 6,03 ± 0,65 Aa 4,66 ± 0,68 Ba 6,20 ± 1,72 Aa 17,67% Refluxo 5,86 ± 0,41 Aa 5,52 ± 0,23 Aa 5,81 ± 0,11 Aa 4,34%

HEMICELULOSE

Autoclave-cadinho 42,04 ± 0,14 Aab 41,52 ± 0,37 Ab 42,17 ± 0,24 Aa 0,60% Autoclave-TNT fino 40,61 ± 0,42 ABa 40,40 ± 1,17 ABa 39,96 ± 0,15 Ba 1,43%

Autoclave-TNTgrosso 41,03 ± 1,01 Aa 40,43 ± 1,09 ABa 40,85 ± 0,93 Ba 2,48% Refluxo 38,96 ± 1,57 Ba 39,53 ± 0,68 Ba 37,77 ± 0,58 Ca 2,44%

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CELULOSE

Autoclave-cadinho 31,13 ± 0,24 Ba 31,29 ± 0,69 Ba 31,92 ± 0,15 Ba 1,16% Autoclave-TNT fino 30,53 ± 0,23 Ca 31,10 ± 0,22 Ba 30,45 ± 0,89 Ba 1,45%

Autoclave-TNTgrosso 32,06 ± 0,08 Ba 31,54 ± 0,94 Ba 30,05 ± 1,97 Ba 3,26% Refluxo 35,51 ± 1,15 Aa 36,42 ± 0,47 Aa 35,85 ± 0,36 Aa 1,84%

1: Valores seguidos pela mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre si pelo teste t (p≥0,05)

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No método Refluxo, que será considerado como padrão, observou-se repetibilidade

entre os períodos avaliados nos parâmetros FDA e Lignina, porém para FDN houve

oscilação de valores.

No método Autoclave-cadinho, pode-se observar que houve oscilação de

valores entre os períodos.

O método Autoclave – TNT fino houve semelhança, entre os períodos, nos

valores apenas para FDN, porém na FDA e lignina houve oscilações significativas

dos resultados entre os períodos.

No método Autoclave – TNT grosso houve semelhança, entre os períodos,

nos valores apenas para Lignina; os resultados de FDN e FDA apresentaram

oscilações significativas dos resultados entre os períodos.

Na comparação entre os resultados analíticos obtidos nos métodos avaliados,

em cada período experimental, observou-se variação significativa de resultados.

Cada método se comportou de uma maneira.

No primeiro período experimental observou-se semelhança nos resultados de

FDN e FDA entre os métodos Autoclave-cadinho, Autoclave-TNT grosso, apesar do

Refluxo ter apresentado o maior valor. E, na lignina houve semelhança de resultado

entre os quatro métodos avaliados.

No segundo período experimental, embora o método Refluxo apresentou o

maior valor de FDN e FDA, houve semelhança apenas entre os métodos Autoclave-

cadinho e Autoclave-TNT grosso. Na lignina observou-se semelhança de valores

entre Refluxo e Autoclave-cadinho.

No terceiro período experimental pôde-se observar semelhança de valores de

FDN entre os métodos de Refluxo e Autoclave-cadinho, sendo que Autoclave-

cadinho apresentou maior valor em relação ao método padrão (Refluxo); na FDA

apesar do Refluxo apresentar maior valor, houve oscilação entre os resultados dos

métodos avaliados. Na lignina, houve semelhança de valores entre os quatro

métodos avaliados.

No caso da hemicelulose, houve semelhança de resultados entre períodos

nos métodos Refluxo, Autoclave-TNT fino e Autoclave-TNT grosso. O método

Autoclave-cadinho apresentou oscilação significativa. Na comparação entre os

métodos, no primeiro e segundo períodos, o Autoclave-cadinho apresentou maior

valor, em relação ao método padrão (Refluxo). Apenas no terceiro período o método

padrão apresentou resultados inferiores aos demais métodos. Considerando que a

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hemicelulose foi estimada a partir de resultados de FDN e FDA, esses parâmetros,

apresentaram maiores valores no método padrão, em todos os períodos.

Na celulose, houve semelhança dos resultados entre período dos métodos

avaliados. No primeiro período apesar de Refluxo apresentar maior valor, houve

oscilação de resultados. No segundo e terceiro períodos o método Refluxo obteve

maior valor em relação aos outros métodos avaliados, os quais obtiveram valores

semelhantes entre si.

De modo geral, observou-se que no método Refluxo obteve-se maior valor

analítico dos parâmetros avaliados, comparado aos demais métodos. O método

Cadinho foi semelhante ao método TNT grosso.

Os resultados médios da análise dos parâmetros obtidos, exceto para

Hemicelulose, estão semelhantes àqueles apresentados por Valadares Filho et al.

(2010) com médias de FDN (78,44 ±5,16); FDA (40,53 ±5,63); Lignina (5,37 ±1,95);

Hemicelulose (32,92 ±1,47) e Celulose (32,03 ±3,33).

Nas avaliações de feno tifton e silagem de milho, houve semelhança no

comportamento dos resultados, mas não nos valores.

Para as quatro amostras avaliadas (silagem de milho, alfafa, bagaço de cana

e feno tifton), o método TNT fino apresentou menor valor em relação aos outros

métodos avaliados.

5.1. Considerações Finais

Por haver minerais solúveis em detergente neutro, outros em detergente ácido e

outros em ácido sulfúrico; na análise sequencial (FDN – FDA – lignina) como foi para

cadinho, TNT fino e TNT grosso; pode ter ocorrido acúmulo de erros, ou seja, a

mesma cinza para corrigir FDN e lignina. Por outro lado, não sendo sequencial (FDN

– cinzas; FDA – lignina – cinzas), como o caso do refluxo, há grande chances de

ocorrer menos erros.

O TNT Fino apresentou maior dificuldade para confecção dos saquinhos,

principalmente na selagem a quente, maior possibilidade de perda de partículas.

Houve maior facilidade de rasgar durante os procedimentos realizados, por ser mais

fino, principalmente após as retiradas da estufa, por ter ficado muito seco.No

tratamento com ácido sulfúrico, para determinação da lignina, alguns saquinhos

necessitaram de um peso sobre eles para permanecerem imersos no ácido sulfúrico.

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Tanto saquinhos de TNT fino como TNT grosso foram cuidadosamente manuseados

e colocados no prato de vidro de forma que todos ficassem inteiramente dentro

deste recipiente e sem amassados para que não houvesse possibilidade de queimar

ou rasgar ao colocá-los na estufa.

Após sere confeccionados e selados, os saquinhos já foram pesados (tara);

ao contrário dos cadinhos, que antes foram colocados na estufa e após foram

pesados (tara);

A numeração dos saquinhos foi realizada logo após a selagem, e antes da

pesagem (tara); todos os saquinhos foram numerados com o mesmo grafite.

Os reagentes foram todos padronizados antes de iniciar os procedimentos, e

foi feita a quantidade suficiente para utilizar nos três períodos de todos os

tratamentos.

No procedimento padrão utilizou-se 0,5 g de amostra para 50 mL de solução

detergente. Nos procedimentos utilizando os saquinhos de TNT, foi utilizado 0,5 g de

amostra para 17 mL de solução detergente, pois os saquinhos eram acondicionados

em béquer de vidro, e observou-se que 102 mL era suficiente para “cobrir” os 6

saquinhos em cada béquer.

Foi utilizado água quente (80ºC – 100ºC) para lavagem das amostras em

todos os métodos avaliados pela facilidade de eliminação do detergente.

Durante os três períodos, foram utilizados os mesmos cadinhos, béqueres e

frascos de plásticos. Apenas os saquinhos de TNT que foram confeccionados uma

partida para cada período de tratamento, pois, como passaram pelo procedimento

da mufla para determinar cinzas, não havia possibilidade de reutilizá-los. Porém foi

utilizado a mesma partida de tecido para confeccionar todos os saquinhos.

Todos os procedimentos nos três períodos foram realizados pela mesma

pessoa.

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6. CONCLUSÃO Conclui-se que os resultados dos parâmetros obtidos por meio do método TNT-

grosso, que é alternativo ao Refluxo e Autoclave-cadinho estão “numericamente”

muito próximos e, considerando ser um método mais economicamente viável e

sustentável na rotina laboratorial de análises de alimentos, recomenda-se a adoção,

ressaltando que novos estudos sejam realizados, principalmente com relação ao

tamanho de partícula da amostra usada nos saquinhos.

O método TNT fino não é indicado pelas dificuldades encontradas no

manuseio do tecido para confecção dos saquinhos, assim como os problemas

ocorridos durante os procedimentos.

Ressalta-se, ainda, que essa diferença significativa, entre os valores dos

parâmetros, observada no presente trabalho (entre os métodos avaliados) também é

possível observar nos parâmetros, resultados interlaboratórios, obtidos de um único

método de análise (Sistema detergente de Van Soest), como pôde-se observar nos

dados de literatura publicados para FDN, FDA e lignina, reforçando, assim, a adoção

dos métodos alternativos e economicamente viáveis.

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