euclydes filho - o stf e as células-tronco

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7/25/2019 Euclydes Filho - O STF e as Células-Tronco http://slidepdf.com/reader/full/euclydes-filho-o-stf-e-as-celulas-tronco 1/9 O Supremo Tribunal Federal, células-tronco e o início da vida humana  Texto extraído do Jus Navigandi http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=11184 E u c l y d e s   n t ! n i o  d o s  S a n t o s  F i l h o p r o e s s o r  t i

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O Supremo Tribunal Federal ceacutelulas-tronco e o iniacutecio da vidahumana

Texto extraiacutedo do Jus Navigandihttpjus2uolcombrdoutrinatextoaspid=11184

Euclydes ntnio dos

Santos Fil

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rande(

adoado

em

ampio

rande

)amp+

Introduccedilatildeo

Em 24032005 o Congresso Nacional aprovou a Lei Federal 111052005 tammconecida como Lei de iosseguran$a ue dentre outros aspectos regulamentou a utiliampa$o dasdenominadas clulas(tronco emrion)rias para ins terap+uticos e de pesuisa cientica no pas-iamp in verbis o art 5 da mencionada lei

Art 5o Eacute permitida para fins de pesquisa e terapia a utilizaccedilatildeo de ceacutelulastronco embrionaacuterias obtidas de embriotildees humanos produzidos por fertilizaccedilatildeo in

vitro e natildeo utilizados no respectivo procedimento atendidas as seuintes condiccedilotildees

se$am embriotildees inviaacuteveis ou

se$am embriotildees conelados haacute amp tr(s) anos ou mais na data da publicaccedilatildeo desta ei ou que $aacute conelados na data da publicaccedilatildeo desta ei depois

de completarem amp tr(s) anos contados a partir da data de

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conelamento

+ o -m qualquer caso eacute necessaacuterio o consentimento dos enitores

+ o nstituiccedilotildees de pesquisa e serviccedilos de sade que realizem pesquisa ou

terapia com ceacutelulas0tronco embrionaacuterias humanas deveratildeo submeter seus pro$etos 1apreciaccedilatildeo e aprovaccedilatildeo dos respectivos comit(s de eacutetica em pesquisa

+ ampo Eacute vedada a comercializaccedilatildeo do material biol2ico a que se refere esteartio e sua praacutetica implica o crime tipificado no art5 da ei no 34amp4 de 4 de

fevereiro de 33

nconormado o ento rocurador(eral da eplica -r Cl)udio Lemos Fontelesingressou com $o -ireta de nconstitucionalidade 6-N7 ue receeu o n 3510 8 rocurador

aseia sua inconormidade nos seguintes argumentos

a) 6a vida humana acontece na e a partir da fecundaccedilatildeo6 desenvolvendo0 se continuamente

b) o zioto constitu7do por uma nica ceacutelula eacute um 6ser humanoembrionaacuterio6

c) eacute no momento da fecundaccedilatildeo que a mulher enravida acolhendo o ziotoe lhe propiciando um ambiente pr2prio para o seu desenvolvimento

d) a pesquisa com ceacutelulas0tronco adultas eacute ob$etiva e certamente mais promissora do que a pesquisa com ceacutelulas0tronco embrionaacuterias

Em sesso dauela Egrgia Corte realiampada no ltimo dia 05032009 para o ulgamento da-N o atual rocurador(eral da eplica ntonio Fernando de ouampa e o advogado da CN6Conedera$o Nacional dos ispos do rasil7 ves andra ltartins discursaram pelainconstitucionalidade da lei deendendo ue a Constitui$o garante o direito = vida e ue o emrio

) seria um ser vivo

egundo noticias veiculadas pelo gtsitegt de noticias 8olha 9nline6ttp1olauolcomrolacienciault30u3AB054stml7 o procurador teria reiterado uegthaacute consistente convicccedilatildeo cient7fica de que a vida humana acontece a partir da fecundaccedilatildeo e o

artio 5 da onstituiccedilatildeo arante a inviolabilidade da vida humanagt

odavia o ltinistro elator da -N ltin Carlos Dres ritto em seu voto posicionou(se pela Constitucionalidade do art 5 da Lei de iosseguran$a 6leia na ntegra o voto proerido no prprio gtsitegt do F emttpstgovraruivocmsnoticiaNoticiataneoadi3510relatorpd 7

ag+ncia de notcias do F assim sumariampou o voto do ltin ritto

-m seu voto de quase duas horas de duraccedilatildeo o ministro qualificou como6perfeito6 e 6bem concatenado bloco normativo6 o dispositivo questionado ao

lembrar que ele apresenta uma seacuterie de condicionantes para o aproveitamento dasceacutelulas0tronco embrionaacuterias 6in vitro6 -ntre elas estatildeo a que restrine o uso para

pesquisa 1quelas natildeo aproveitadas para fins reprodutivos 1quelas que natildeo tiverem

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viabilidade 1quelas que este$am coneladas por tr(s anos ou mais e 1quelas queconeladas completarem tr(s anos nesse estaacuteio ltambeacutem mencionou a necessidadede consentimento do casal doador para realizaccedilatildeo de pesquisas cient7ficas paratratamento de doenccedilas o e=ame de meacuterito pelos comit(s de eacutetica e pesquisa e avedaccedilatildeo de sua comercializaccedilatildeo

Agtres ritto disse que a onstituiccedilatildeo 8ederal quando se refere a direitos e arantias constitucionais fala do indiv7duo pessoa ser humano $aacute nascidodesconsiderando o estado de embriatildeo e feto mas a leislaccedilatildeo infraconstitucionalcuidou do direito do nascituro do ser que estaacute a caminho do nascimento

9 ministro sustentou entretanto a tese de que para e=istir vida humana eacute preciso que o embriatildeo tenha sido implantado no tero humano eundo ele temque haver a participaccedilatildeo ativa da futura matildee - o embriatildeo natildeo sobrevive no tero

sem a matildee eundo ele o zioto embriatildeo em estaacuteio inicial) eacute a primeira fase doembriatildeo humano a ceacutelula0ovo ou ceacutelula0matildee mas representa uma realidade distinta

da pessoa natural porque ainda natildeo tem ceacuterebro formado

69 zioto natildeo pode antecipar0se 1 metamorfose6 observou 6eria ir aleacutemde si mesmo para ser outro ser6 -le citou como e=emplo a relaccedilatildeo entre a chuva e a

planta a crisaacutelida e a laarta 6inueacutem afirma que a semente $aacute eacute planta ou que acrisaacutelida eacute uma borboleta6 afirmou 6atildeo haacute pessoa humana embrionaacuteria mas umembriatildeo de pessoa humana -sta sim recebe tutela constitucional moralbioraacutefica espiritual eacute parte do todo social medida de todas as coisas6

Entende o elator ue a vida s come$a aps o nascimento egundo suas declara$GesgtBida humana eacute o fenCmeno que transcorre entre o nascimento e a morte cerebral o embriatildeo oque se tem eacute uma vida veetativa que se antecipa ao ceacuterebrogt

8 ulgamento oi interrompido pelo pedido de vista do ltin Carlos lerto lteneampes-ireito ue teria a partir dauela data 10 dias prorrog)veis por at mais 20 dias para analisar o

processo e devolv+(lo ao riunal

pesar da interrup$o a ltin Ellen racie ) antecipou seu voto tendo acompanado o doelator egundo ela gt atildeo constato v7cio de inconstitucionalidade eundo acredito o preacute0embriatildeo natildeo acolhido no tero natildeo se classifica como pessoagt

No restam dvidas de ue a deciso ualuer ue sea ter) releos no apenas na uestoda utiliampa$o de clulas(tronco emrion)rias mas alcan$ar) tamm a discusso de outros temas particularmente o do aorto 8 ue ocorrer) nas primas semanas certamente ainda umaincgnita s linas ue se seguem so um tentativa de elucidar alguns aspectos ue ulgamosinteressantes e relevantes no processo e ue certamente tem passado pela mente de todos auelesue v+m acompanando o deate

Quando realmente comeccedila a vida humana

uesto de uando tem incio a vida umana ue se proeta sore o deate em curso noF tem sido eita ao longo de toda a istria da civiliampa$o s respostas t+m se mostradoetremamente mut)veis alterando(se de acordo com o tempo e as caractersticas da sociedade

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sendo ruto de suas cren$as e valores

t mesmo a grea Catlica ue oe deende a sacralidade da vida umana desde suaconcep$o durante a maior parte de sua istria ou sea por cerca de 1900 anos pouca aten$odeu = uesto Em 1599 o apa isto 6ou ito7 H condenou o aorto = ecomuno Esta deciso

todavia oi revogada pelo apa regrio IH 615B0(15B17 retomando a grea = tradicional visode ue o aorto no era omicdio e assim no deveria ser penaliampada de tal orma ssim se agrea no aprovava o aorto pelo menos no o condenava omente com o apa io I 6194(19A97 a uesto oi retomada e a condena$o pela ecomuno outra veamp aplicada ltencione(seue ao ue tudo indica tal posi$o oi tomada muito mais pelo princpio da preven$o do ue poruma deini$o clara do momento em ue a alma era realmente receidaJ ou sea ao no se saer emue momento recee o omem sua alma melor prevenir e proteg+(la desde seu potencial incio-e acordo com annon e Kolter 6annon omas and Kolter llan 1BB0 elections onte ltoral tatus o te re(EmrDo ltheoloical tudies Holume 517 a atual doutrina da greaCatlica mantm a cren$a de ue no momento da ertiliampa$o com a orma$o do ampigoto ue umanova vida umana tem lugar e recee sua alma sto como ) airmado todavia relativamente

novo m eto no era considerado realmente uma pessoa e o aorto no era considerado omicdio pela grea Catlica at o inal do sculo II

literatura cientica contm um conunto astante rico de inorma$Ges ue pode ser e temsido utiliampado para determinar o eetivo incio da vida umana Heamos algumas delas

a)nicio da vida e ciclo vital

m ciclo como o prprio nome indica algo ue se repete continuamente No tem assimnem incio nem im anto o espermatoampide uanto o vulo so unidades de vida e sua usoapenas a perpetua ainda ue com caractersticas distintas de cada uma delas individualmente 8 uese orma uma vida dierente como so dierentes os indivduos em cada uma das etapas da vidam emrio dierente de uma crian$a ue dierente de um adolescente ue dierente de umadulto ltas so todos componentes de um ciclo contnuo ssim nem a unio dos gametas nemualuer outra ase do ciclo pode ser denominada de incio da vida Esta uesto so tal ptica na verdade irrelevante vida um processo contnuo e ualuer um dos pontos utiliampados paramarcar suas ases tais como o implante no tero ou o aparecimento de ondas eletroencealogr)icasso meras tentativas de categoriampar os eventos e acilitar seu estudo no tendo ualuer signiicadona deini$o do momento em ue a vida realmente se inicia

b)A fertilizaccedilatildeo

ertiliampa$o um dos eventos ue tem sido mais utiliampados para marcar o incio da vidaumana particularmente auele em ue os cromossomos oriundos do vulo e do espermatoampidecolocam(se lado a lado 6pareamento7 e do origem a uma clula dita diplide com caractersticasnicas

8 primeiro prolema advm do ato de ue a ertiliampa$o no um momento mas umaseM+ncia de eventos ue pode durar v)rias oras 6geralmente de 12 a 24 7 ssim diamper ue a vidacome$a na ertiliampa$o no resolve a uesto ) ue ertiliampa$o ao contr)rio do ue muitosacreditam no um nico momento

m segundo prolema advm do denominado gtargumento dos g+meosgt ps a orma$odo ampigoto por um perodo de at 2 semanas aproimadamente as clulas ue se ormam seguindo aertiliampa$o podem se separar ormando g+meos trig+meos uadrig+meos etc ssim at passar o

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perodo em ue a orma$o de g+meos sea possvel no se pode diamper ue o ampigoto eistente seaum indivduoJ na realidade o processo de individualiampa$o no se encerra at ue a possiilidade daorma$o de g+meos desapare$a totalmente

uesto ao contr)rio do ue possa parecer no tem rela$o com a individualidade

gentica pois cad)veres tecidos isolados rgos para transplante etc goampam de asolutaindividualidade gentica ssim no pode ser este o ato ue determina o incio da vida umanalm disso identidade gentica pode ser compartilada por v)rios indivduos como os g+meosunivitelinos o ue no os aamp perder suas individualidades umanas

c)A astrulaccedilatildeo

-epois da ertiliampa$o a clula ento ormada come$a a sorer um conunto de divisGesdando origem a um nmero crescente delas medida em ue aumenta o nmero de clulastamm se inicia um processo de dierencia$o ou sea as clulas passam a ) no ser eatamentetodas iguais -epois de passadas cerca de 2 semanas as clulas podem ser divididas em duas

grandes categorias ectoderma e endoderma seguindo(se a orma$o de uma terceira o mesodermaais grupos de clulas so denominados de oletos emrion)rios o estes oletos ue daroorigem aos dierentes tecidos do corpo umano tais como msculos pele tecido nervoso etc Otamm por volta desta ase ue o emrio se ia no tero materno

ara v)rios pesuisadores apenas nesta ase aps passado o perodo de possvel orma$ode g+meos ue a verdadeira individualidade do emrio se apresenta s propriedades )sicas uegovernaro o emrio e conduampiro = orma$o de seus distintos rgos e tecidos no esto

presentes at esta ase e apenas durante ela perdem as clulas presentes a capacidade de gerarnovos indivduos ssim apenas durante esta ase ue se completa a gtindividualiampa$ogt emosaui sem dvida um novo indivduo

P) uem argumente no sem certa raampo ue a uesto mais importante no ser ou noser um indivduo do ponto de vista iolgico +meos univitelinos como ) mencionamos no soindivduos do ponto de vista gentico so clones naturais verdadeiros mas cada um tem uma

personalidade e umanidade nicas uesto assim ser ou no ser umano o ue aordaremosmais adiante

c 9 --D

-urante o desenvolvimento emrion)rio por volta de 24(2A semanas aps a ertiliampa$o )

se capaamp de registrar pela primeiras veamp um eletroencealograma 6EE7 do emrio o uesigniica a inuestion)vel eist+ncia de um sistema nervoso uncional 6ainda ue nonecessariamente completo7

O de conecimento geral ue modernamente tem se utiliampado a morte cereral determinada pelo EE como critrio de morte permitindo assim a retirada inclusive de tecidos vivos paratransplantes

8 argumento aui portanto astante simples e o EE utiliampado como critrio de vidae morte no adulto tamm deveria ser empregado no emrio ou sea at ue suram eetivamenteas ondas cererais tal emrio esta destitudo da verdadeira vida umana

Eistem diversos outros critrios e momentos no desenvolvimento emrion)rio ue poderiam ser utiliampados para demarcar o incio da vida umana tais como o incio dos atimentos

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cardacos 6a parada cardaca oi por longo tempo utiliampada como critrio de morte7 ou o surgimentodos primeiros circuitos neuronais 8 prolema central todavia permanece ual sea so todos

pontos aritr)rios num ciclo contnuo de desenvolvimento verdade porm uma s do ponto

de vista praacutetico a vida humana teraacute iniacutecio no ponto em que a sociedade assim o decidir suainterrup$o prematura ou no poder) ser eetuada uando e como esta sociedade desear No )

eetivamente critrios cienticos ue permitam determin)(lo e por uma nica raampo ele no eiste

O que eacute vida humana

8 ue signiica ser humanoQ Este nos parece um aspecto central do prolema Ruando ue um gtembriatildeo de ser humanogt para utiliampar as palavras do ltin Dres ritto aduire suaumanidadeQ

er) ue ser gtumanogt signiica apenas ter cromossomos ou -N umanoQ 8u pertencer a

espcie umanaQ

Claramente ue no e assim o or temos ue rever nossas posi$Ges uanto a possiilidadede congelamento de tecidos ou de manter clulas em culturaJ ainal todos t+m cromossomos e-N umanos odos pertencem = espcie umana ertencer = espcie umana no a nicacondi$o necess)ria para ue algum sea realmente dotado de umanidade

Ruando nos reerimos a gtumanogt vamos alm de caractersticas iolgicas O a ue domeu ponto de vista particular reside o maior prolema deste deate Ruerer derivar princpiosmorais ou deinir direitos a partir de caractersticas iolgicas pode conduampir = distor$Gesinaceit)veis ssim como eu posso usar o momento da ertiliampa$o da gastrula$o do aparecimentodo EE ou o nascimento 6como o aamp o ltin Dres ritto7 para determinar uem tem ou no gtvidaumanagt outros podem empregar a cor da pele 6ou dos caelos7 o tamano da orela ou aailidade de tocar um instrumento musical para conceder ou negar direitos individuais concesso de direitos particularmente direitos morais deve portanto assentar(se sore outras

ases uer diamper sore ases morais

or ue ento seria errado matar um ser umanoQ Em primeiro lugar devemos lemrar uematar um ser umano do ponto de vista moral e mesmo legal pode no ser errado prprialegisla$o rasileira prev+ situa$Ges em ue matar algum pode ser pereitamente ustiic)vel taiscomo a legtima deesa ou o estado de necessidade ssim no se pode de orma irrestrita diamper

ue errado matar outro ser umano pois eistem situa$Ges em ue a prpria sociedade consideratal ato pereitamente ustiic)vel

or outro lado se no tivssemos ualuer motivo para matar a no ser o deseo de aamp+(loento isto seria evidentemente considerado errado O errado matar outro ser umano para a puragratiica$o dauele ue mata ou por motivos considerados teis e inustiic)veis pelo conunto dasociedade

orm se eistirem motivos ue ustiiuem a morte causada tais como a legtima deesaou o estado de necessidade ento a tica se modiica

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Conclusotildees

ortanto parece(nos euivocado o oco da uesto assim como tem sido colocada nodeate ue se trava no seio do F e da sociedade rasileiras acerca do momento em ue se inicia avida umana e se possvel utiliampar emriGes invi)veis congelados para oten$o de clulas(tronco

para ins terap+uticos e de pesuisa cientica O como uma verdadeira cortina de uma$a uestonos parece so este ponto de vista muito mais simples ual sea se a sociedade rasileira ulgar ustiic)vel utiliampar emriGes congelados para oten$o de clulas(tronco emrion)rias tal como previsto na lei assim como considerou ustiic)vel matar outro ser umano em legtima deesa poreemplo ento no ) ualuer impedimento moral em ue isto assim o sea or outro lado se asociedade considerar inustiic)vel tal utiliampa$o assim como considera o estaelecimento da penade morte em nosso pas ento necess)rio ue se declare a inconstitucionalidade do art 5 da Lei deiosseguran$a O evidente ue isto no pode ser eito sem proundas releGes acerca do impacto econseM+ncias destas medidas sem ue se relita sore todo o conunto de cren$as e valores ue

permeiam a sociedade Contudo do ponto de vista pragm)tico a situa$o clara ser) comodesearmos ue sea

iologia pode esclarecer aspectos importantes da uesto mas no pode resolv+(la solu$o est) dentro de cada um de ns em nossos conceitos de certo ou errado usto ou inustomoral ou imoral ais aspectos so individuais e incorruptveis so rutos de nossas cren$as eviv+nciasJ em resumo dauilo ue eetivamente somos

Sobre o autor

Euclydes Antocircnio dos Santos Filho E-mail ntre em contato

Sobre o textoTexto inserido no Jus Navigandi nordm1757 ($$ampElaorado e $$$

Informaccedilotildees bibliograacuteficas)onore a N+ -$$$$ da Associa0o +rasileira de Noras Tcnicas (A+NTamp2 este texto cient3ico 4ulicado e 4eridicoeletrocircnico deve ser citado da seguinte ora

SANT6S F8962 Euclydes Antocircnio dos 6 Su4reo Triunal Federal2 clulastronco e o in3cio davida huana Jus Navigandi2 Teresina2 ano 12 n 17572 ar $$ is4on3vel e

lthtt4==gtusuolcor=doutrina=textoas4id111 Acesso e ar $$

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Introduccedilatildeo

Em 24032005 o Congresso Nacional aprovou a Lei Federal 111052005 tammconecida como Lei de iosseguran$a ue dentre outros aspectos regulamentou a utiliampa$o dasdenominadas clulas(tronco emrion)rias para ins terap+uticos e de pesuisa cientica no pas-iamp in verbis o art 5 da mencionada lei

Art 5o Eacute permitida para fins de pesquisa e terapia a utilizaccedilatildeo de ceacutelulastronco embrionaacuterias obtidas de embriotildees humanos produzidos por fertilizaccedilatildeo in

vitro e natildeo utilizados no respectivo procedimento atendidas as seuintes condiccedilotildees

se$am embriotildees inviaacuteveis ou

se$am embriotildees conelados haacute amp tr(s) anos ou mais na data da publicaccedilatildeo desta ei ou que $aacute conelados na data da publicaccedilatildeo desta ei depois

de completarem amp tr(s) anos contados a partir da data de

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conelamento

+ o -m qualquer caso eacute necessaacuterio o consentimento dos enitores

+ o nstituiccedilotildees de pesquisa e serviccedilos de sade que realizem pesquisa ou

terapia com ceacutelulas0tronco embrionaacuterias humanas deveratildeo submeter seus pro$etos 1apreciaccedilatildeo e aprovaccedilatildeo dos respectivos comit(s de eacutetica em pesquisa

+ ampo Eacute vedada a comercializaccedilatildeo do material biol2ico a que se refere esteartio e sua praacutetica implica o crime tipificado no art5 da ei no 34amp4 de 4 de

fevereiro de 33

nconormado o ento rocurador(eral da eplica -r Cl)udio Lemos Fontelesingressou com $o -ireta de nconstitucionalidade 6-N7 ue receeu o n 3510 8 rocurador

aseia sua inconormidade nos seguintes argumentos

a) 6a vida humana acontece na e a partir da fecundaccedilatildeo6 desenvolvendo0 se continuamente

b) o zioto constitu7do por uma nica ceacutelula eacute um 6ser humanoembrionaacuterio6

c) eacute no momento da fecundaccedilatildeo que a mulher enravida acolhendo o ziotoe lhe propiciando um ambiente pr2prio para o seu desenvolvimento

d) a pesquisa com ceacutelulas0tronco adultas eacute ob$etiva e certamente mais promissora do que a pesquisa com ceacutelulas0tronco embrionaacuterias

Em sesso dauela Egrgia Corte realiampada no ltimo dia 05032009 para o ulgamento da-N o atual rocurador(eral da eplica ntonio Fernando de ouampa e o advogado da CN6Conedera$o Nacional dos ispos do rasil7 ves andra ltartins discursaram pelainconstitucionalidade da lei deendendo ue a Constitui$o garante o direito = vida e ue o emrio

) seria um ser vivo

egundo noticias veiculadas pelo gtsitegt de noticias 8olha 9nline6ttp1olauolcomrolacienciault30u3AB054stml7 o procurador teria reiterado uegthaacute consistente convicccedilatildeo cient7fica de que a vida humana acontece a partir da fecundaccedilatildeo e o

artio 5 da onstituiccedilatildeo arante a inviolabilidade da vida humanagt

odavia o ltinistro elator da -N ltin Carlos Dres ritto em seu voto posicionou(se pela Constitucionalidade do art 5 da Lei de iosseguran$a 6leia na ntegra o voto proerido no prprio gtsitegt do F emttpstgovraruivocmsnoticiaNoticiataneoadi3510relatorpd 7

ag+ncia de notcias do F assim sumariampou o voto do ltin ritto

-m seu voto de quase duas horas de duraccedilatildeo o ministro qualificou como6perfeito6 e 6bem concatenado bloco normativo6 o dispositivo questionado ao

lembrar que ele apresenta uma seacuterie de condicionantes para o aproveitamento dasceacutelulas0tronco embrionaacuterias 6in vitro6 -ntre elas estatildeo a que restrine o uso para

pesquisa 1quelas natildeo aproveitadas para fins reprodutivos 1quelas que natildeo tiverem

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viabilidade 1quelas que este$am coneladas por tr(s anos ou mais e 1quelas queconeladas completarem tr(s anos nesse estaacuteio ltambeacutem mencionou a necessidadede consentimento do casal doador para realizaccedilatildeo de pesquisas cient7ficas paratratamento de doenccedilas o e=ame de meacuterito pelos comit(s de eacutetica e pesquisa e avedaccedilatildeo de sua comercializaccedilatildeo

Agtres ritto disse que a onstituiccedilatildeo 8ederal quando se refere a direitos e arantias constitucionais fala do indiv7duo pessoa ser humano $aacute nascidodesconsiderando o estado de embriatildeo e feto mas a leislaccedilatildeo infraconstitucionalcuidou do direito do nascituro do ser que estaacute a caminho do nascimento

9 ministro sustentou entretanto a tese de que para e=istir vida humana eacute preciso que o embriatildeo tenha sido implantado no tero humano eundo ele temque haver a participaccedilatildeo ativa da futura matildee - o embriatildeo natildeo sobrevive no tero

sem a matildee eundo ele o zioto embriatildeo em estaacuteio inicial) eacute a primeira fase doembriatildeo humano a ceacutelula0ovo ou ceacutelula0matildee mas representa uma realidade distinta

da pessoa natural porque ainda natildeo tem ceacuterebro formado

69 zioto natildeo pode antecipar0se 1 metamorfose6 observou 6eria ir aleacutemde si mesmo para ser outro ser6 -le citou como e=emplo a relaccedilatildeo entre a chuva e a

planta a crisaacutelida e a laarta 6inueacutem afirma que a semente $aacute eacute planta ou que acrisaacutelida eacute uma borboleta6 afirmou 6atildeo haacute pessoa humana embrionaacuteria mas umembriatildeo de pessoa humana -sta sim recebe tutela constitucional moralbioraacutefica espiritual eacute parte do todo social medida de todas as coisas6

Entende o elator ue a vida s come$a aps o nascimento egundo suas declara$GesgtBida humana eacute o fenCmeno que transcorre entre o nascimento e a morte cerebral o embriatildeo oque se tem eacute uma vida veetativa que se antecipa ao ceacuterebrogt

8 ulgamento oi interrompido pelo pedido de vista do ltin Carlos lerto lteneampes-ireito ue teria a partir dauela data 10 dias prorrog)veis por at mais 20 dias para analisar o

processo e devolv+(lo ao riunal

pesar da interrup$o a ltin Ellen racie ) antecipou seu voto tendo acompanado o doelator egundo ela gt atildeo constato v7cio de inconstitucionalidade eundo acredito o preacute0embriatildeo natildeo acolhido no tero natildeo se classifica como pessoagt

No restam dvidas de ue a deciso ualuer ue sea ter) releos no apenas na uestoda utiliampa$o de clulas(tronco emrion)rias mas alcan$ar) tamm a discusso de outros temas particularmente o do aorto 8 ue ocorrer) nas primas semanas certamente ainda umaincgnita s linas ue se seguem so um tentativa de elucidar alguns aspectos ue ulgamosinteressantes e relevantes no processo e ue certamente tem passado pela mente de todos auelesue v+m acompanando o deate

Quando realmente comeccedila a vida humana

uesto de uando tem incio a vida umana ue se proeta sore o deate em curso noF tem sido eita ao longo de toda a istria da civiliampa$o s respostas t+m se mostradoetremamente mut)veis alterando(se de acordo com o tempo e as caractersticas da sociedade

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sendo ruto de suas cren$as e valores

t mesmo a grea Catlica ue oe deende a sacralidade da vida umana desde suaconcep$o durante a maior parte de sua istria ou sea por cerca de 1900 anos pouca aten$odeu = uesto Em 1599 o apa isto 6ou ito7 H condenou o aorto = ecomuno Esta deciso

todavia oi revogada pelo apa regrio IH 615B0(15B17 retomando a grea = tradicional visode ue o aorto no era omicdio e assim no deveria ser penaliampada de tal orma ssim se agrea no aprovava o aorto pelo menos no o condenava omente com o apa io I 6194(19A97 a uesto oi retomada e a condena$o pela ecomuno outra veamp aplicada ltencione(seue ao ue tudo indica tal posi$o oi tomada muito mais pelo princpio da preven$o do ue poruma deini$o clara do momento em ue a alma era realmente receidaJ ou sea ao no se saer emue momento recee o omem sua alma melor prevenir e proteg+(la desde seu potencial incio-e acordo com annon e Kolter 6annon omas and Kolter llan 1BB0 elections onte ltoral tatus o te re(EmrDo ltheoloical tudies Holume 517 a atual doutrina da greaCatlica mantm a cren$a de ue no momento da ertiliampa$o com a orma$o do ampigoto ue umanova vida umana tem lugar e recee sua alma sto como ) airmado todavia relativamente

novo m eto no era considerado realmente uma pessoa e o aorto no era considerado omicdio pela grea Catlica at o inal do sculo II

literatura cientica contm um conunto astante rico de inorma$Ges ue pode ser e temsido utiliampado para determinar o eetivo incio da vida umana Heamos algumas delas

a)nicio da vida e ciclo vital

m ciclo como o prprio nome indica algo ue se repete continuamente No tem assimnem incio nem im anto o espermatoampide uanto o vulo so unidades de vida e sua usoapenas a perpetua ainda ue com caractersticas distintas de cada uma delas individualmente 8 uese orma uma vida dierente como so dierentes os indivduos em cada uma das etapas da vidam emrio dierente de uma crian$a ue dierente de um adolescente ue dierente de umadulto ltas so todos componentes de um ciclo contnuo ssim nem a unio dos gametas nemualuer outra ase do ciclo pode ser denominada de incio da vida Esta uesto so tal ptica na verdade irrelevante vida um processo contnuo e ualuer um dos pontos utiliampados paramarcar suas ases tais como o implante no tero ou o aparecimento de ondas eletroencealogr)icasso meras tentativas de categoriampar os eventos e acilitar seu estudo no tendo ualuer signiicadona deini$o do momento em ue a vida realmente se inicia

b)A fertilizaccedilatildeo

ertiliampa$o um dos eventos ue tem sido mais utiliampados para marcar o incio da vidaumana particularmente auele em ue os cromossomos oriundos do vulo e do espermatoampidecolocam(se lado a lado 6pareamento7 e do origem a uma clula dita diplide com caractersticasnicas

8 primeiro prolema advm do ato de ue a ertiliampa$o no um momento mas umaseM+ncia de eventos ue pode durar v)rias oras 6geralmente de 12 a 24 7 ssim diamper ue a vidacome$a na ertiliampa$o no resolve a uesto ) ue ertiliampa$o ao contr)rio do ue muitosacreditam no um nico momento

m segundo prolema advm do denominado gtargumento dos g+meosgt ps a orma$odo ampigoto por um perodo de at 2 semanas aproimadamente as clulas ue se ormam seguindo aertiliampa$o podem se separar ormando g+meos trig+meos uadrig+meos etc ssim at passar o

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perodo em ue a orma$o de g+meos sea possvel no se pode diamper ue o ampigoto eistente seaum indivduoJ na realidade o processo de individualiampa$o no se encerra at ue a possiilidade daorma$o de g+meos desapare$a totalmente

uesto ao contr)rio do ue possa parecer no tem rela$o com a individualidade

gentica pois cad)veres tecidos isolados rgos para transplante etc goampam de asolutaindividualidade gentica ssim no pode ser este o ato ue determina o incio da vida umanalm disso identidade gentica pode ser compartilada por v)rios indivduos como os g+meosunivitelinos o ue no os aamp perder suas individualidades umanas

c)A astrulaccedilatildeo

-epois da ertiliampa$o a clula ento ormada come$a a sorer um conunto de divisGesdando origem a um nmero crescente delas medida em ue aumenta o nmero de clulastamm se inicia um processo de dierencia$o ou sea as clulas passam a ) no ser eatamentetodas iguais -epois de passadas cerca de 2 semanas as clulas podem ser divididas em duas

grandes categorias ectoderma e endoderma seguindo(se a orma$o de uma terceira o mesodermaais grupos de clulas so denominados de oletos emrion)rios o estes oletos ue daroorigem aos dierentes tecidos do corpo umano tais como msculos pele tecido nervoso etc Otamm por volta desta ase ue o emrio se ia no tero materno

ara v)rios pesuisadores apenas nesta ase aps passado o perodo de possvel orma$ode g+meos ue a verdadeira individualidade do emrio se apresenta s propriedades )sicas uegovernaro o emrio e conduampiro = orma$o de seus distintos rgos e tecidos no esto

presentes at esta ase e apenas durante ela perdem as clulas presentes a capacidade de gerarnovos indivduos ssim apenas durante esta ase ue se completa a gtindividualiampa$ogt emosaui sem dvida um novo indivduo

P) uem argumente no sem certa raampo ue a uesto mais importante no ser ou noser um indivduo do ponto de vista iolgico +meos univitelinos como ) mencionamos no soindivduos do ponto de vista gentico so clones naturais verdadeiros mas cada um tem uma

personalidade e umanidade nicas uesto assim ser ou no ser umano o ue aordaremosmais adiante

c 9 --D

-urante o desenvolvimento emrion)rio por volta de 24(2A semanas aps a ertiliampa$o )

se capaamp de registrar pela primeiras veamp um eletroencealograma 6EE7 do emrio o uesigniica a inuestion)vel eist+ncia de um sistema nervoso uncional 6ainda ue nonecessariamente completo7

O de conecimento geral ue modernamente tem se utiliampado a morte cereral determinada pelo EE como critrio de morte permitindo assim a retirada inclusive de tecidos vivos paratransplantes

8 argumento aui portanto astante simples e o EE utiliampado como critrio de vidae morte no adulto tamm deveria ser empregado no emrio ou sea at ue suram eetivamenteas ondas cererais tal emrio esta destitudo da verdadeira vida umana

Eistem diversos outros critrios e momentos no desenvolvimento emrion)rio ue poderiam ser utiliampados para demarcar o incio da vida umana tais como o incio dos atimentos

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cardacos 6a parada cardaca oi por longo tempo utiliampada como critrio de morte7 ou o surgimentodos primeiros circuitos neuronais 8 prolema central todavia permanece ual sea so todos

pontos aritr)rios num ciclo contnuo de desenvolvimento verdade porm uma s do ponto

de vista praacutetico a vida humana teraacute iniacutecio no ponto em que a sociedade assim o decidir suainterrup$o prematura ou no poder) ser eetuada uando e como esta sociedade desear No )

eetivamente critrios cienticos ue permitam determin)(lo e por uma nica raampo ele no eiste

O que eacute vida humana

8 ue signiica ser humanoQ Este nos parece um aspecto central do prolema Ruando ue um gtembriatildeo de ser humanogt para utiliampar as palavras do ltin Dres ritto aduire suaumanidadeQ

er) ue ser gtumanogt signiica apenas ter cromossomos ou -N umanoQ 8u pertencer a

espcie umanaQ

Claramente ue no e assim o or temos ue rever nossas posi$Ges uanto a possiilidadede congelamento de tecidos ou de manter clulas em culturaJ ainal todos t+m cromossomos e-N umanos odos pertencem = espcie umana ertencer = espcie umana no a nicacondi$o necess)ria para ue algum sea realmente dotado de umanidade

Ruando nos reerimos a gtumanogt vamos alm de caractersticas iolgicas O a ue domeu ponto de vista particular reside o maior prolema deste deate Ruerer derivar princpiosmorais ou deinir direitos a partir de caractersticas iolgicas pode conduampir = distor$Gesinaceit)veis ssim como eu posso usar o momento da ertiliampa$o da gastrula$o do aparecimentodo EE ou o nascimento 6como o aamp o ltin Dres ritto7 para determinar uem tem ou no gtvidaumanagt outros podem empregar a cor da pele 6ou dos caelos7 o tamano da orela ou aailidade de tocar um instrumento musical para conceder ou negar direitos individuais concesso de direitos particularmente direitos morais deve portanto assentar(se sore outras

ases uer diamper sore ases morais

or ue ento seria errado matar um ser umanoQ Em primeiro lugar devemos lemrar uematar um ser umano do ponto de vista moral e mesmo legal pode no ser errado prprialegisla$o rasileira prev+ situa$Ges em ue matar algum pode ser pereitamente ustiic)vel taiscomo a legtima deesa ou o estado de necessidade ssim no se pode de orma irrestrita diamper

ue errado matar outro ser umano pois eistem situa$Ges em ue a prpria sociedade consideratal ato pereitamente ustiic)vel

or outro lado se no tivssemos ualuer motivo para matar a no ser o deseo de aamp+(loento isto seria evidentemente considerado errado O errado matar outro ser umano para a puragratiica$o dauele ue mata ou por motivos considerados teis e inustiic)veis pelo conunto dasociedade

orm se eistirem motivos ue ustiiuem a morte causada tais como a legtima deesaou o estado de necessidade ento a tica se modiica

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Conclusotildees

ortanto parece(nos euivocado o oco da uesto assim como tem sido colocada nodeate ue se trava no seio do F e da sociedade rasileiras acerca do momento em ue se inicia avida umana e se possvel utiliampar emriGes invi)veis congelados para oten$o de clulas(tronco

para ins terap+uticos e de pesuisa cientica O como uma verdadeira cortina de uma$a uestonos parece so este ponto de vista muito mais simples ual sea se a sociedade rasileira ulgar ustiic)vel utiliampar emriGes congelados para oten$o de clulas(tronco emrion)rias tal como previsto na lei assim como considerou ustiic)vel matar outro ser umano em legtima deesa poreemplo ento no ) ualuer impedimento moral em ue isto assim o sea or outro lado se asociedade considerar inustiic)vel tal utiliampa$o assim como considera o estaelecimento da penade morte em nosso pas ento necess)rio ue se declare a inconstitucionalidade do art 5 da Lei deiosseguran$a O evidente ue isto no pode ser eito sem proundas releGes acerca do impacto econseM+ncias destas medidas sem ue se relita sore todo o conunto de cren$as e valores ue

permeiam a sociedade Contudo do ponto de vista pragm)tico a situa$o clara ser) comodesearmos ue sea

iologia pode esclarecer aspectos importantes da uesto mas no pode resolv+(la solu$o est) dentro de cada um de ns em nossos conceitos de certo ou errado usto ou inustomoral ou imoral ais aspectos so individuais e incorruptveis so rutos de nossas cren$as eviv+nciasJ em resumo dauilo ue eetivamente somos

Sobre o autor

Euclydes Antocircnio dos Santos Filho E-mail ntre em contato

Sobre o textoTexto inserido no Jus Navigandi nordm1757 ($$ampElaorado e $$$

Informaccedilotildees bibliograacuteficas)onore a N+ -$$$$ da Associa0o +rasileira de Noras Tcnicas (A+NTamp2 este texto cient3ico 4ulicado e 4eridicoeletrocircnico deve ser citado da seguinte ora

SANT6S F8962 Euclydes Antocircnio dos 6 Su4reo Triunal Federal2 clulastronco e o in3cio davida huana Jus Navigandi2 Teresina2 ano 12 n 17572 ar $$ is4on3vel e

lthtt4==gtusuolcor=doutrina=textoas4id111 Acesso e ar $$

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rande(

adoado

em

ampio

rande

)amp+

Introduccedilatildeo

Em 24032005 o Congresso Nacional aprovou a Lei Federal 111052005 tammconecida como Lei de iosseguran$a ue dentre outros aspectos regulamentou a utiliampa$o dasdenominadas clulas(tronco emrion)rias para ins terap+uticos e de pesuisa cientica no pas-iamp in verbis o art 5 da mencionada lei

Art 5o Eacute permitida para fins de pesquisa e terapia a utilizaccedilatildeo de ceacutelulastronco embrionaacuterias obtidas de embriotildees humanos produzidos por fertilizaccedilatildeo in

vitro e natildeo utilizados no respectivo procedimento atendidas as seuintes condiccedilotildees

se$am embriotildees inviaacuteveis ou

se$am embriotildees conelados haacute amp tr(s) anos ou mais na data da publicaccedilatildeo desta ei ou que $aacute conelados na data da publicaccedilatildeo desta ei depois

de completarem amp tr(s) anos contados a partir da data de

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conelamento

+ o -m qualquer caso eacute necessaacuterio o consentimento dos enitores

+ o nstituiccedilotildees de pesquisa e serviccedilos de sade que realizem pesquisa ou

terapia com ceacutelulas0tronco embrionaacuterias humanas deveratildeo submeter seus pro$etos 1apreciaccedilatildeo e aprovaccedilatildeo dos respectivos comit(s de eacutetica em pesquisa

+ ampo Eacute vedada a comercializaccedilatildeo do material biol2ico a que se refere esteartio e sua praacutetica implica o crime tipificado no art5 da ei no 34amp4 de 4 de

fevereiro de 33

nconormado o ento rocurador(eral da eplica -r Cl)udio Lemos Fontelesingressou com $o -ireta de nconstitucionalidade 6-N7 ue receeu o n 3510 8 rocurador

aseia sua inconormidade nos seguintes argumentos

a) 6a vida humana acontece na e a partir da fecundaccedilatildeo6 desenvolvendo0 se continuamente

b) o zioto constitu7do por uma nica ceacutelula eacute um 6ser humanoembrionaacuterio6

c) eacute no momento da fecundaccedilatildeo que a mulher enravida acolhendo o ziotoe lhe propiciando um ambiente pr2prio para o seu desenvolvimento

d) a pesquisa com ceacutelulas0tronco adultas eacute ob$etiva e certamente mais promissora do que a pesquisa com ceacutelulas0tronco embrionaacuterias

Em sesso dauela Egrgia Corte realiampada no ltimo dia 05032009 para o ulgamento da-N o atual rocurador(eral da eplica ntonio Fernando de ouampa e o advogado da CN6Conedera$o Nacional dos ispos do rasil7 ves andra ltartins discursaram pelainconstitucionalidade da lei deendendo ue a Constitui$o garante o direito = vida e ue o emrio

) seria um ser vivo

egundo noticias veiculadas pelo gtsitegt de noticias 8olha 9nline6ttp1olauolcomrolacienciault30u3AB054stml7 o procurador teria reiterado uegthaacute consistente convicccedilatildeo cient7fica de que a vida humana acontece a partir da fecundaccedilatildeo e o

artio 5 da onstituiccedilatildeo arante a inviolabilidade da vida humanagt

odavia o ltinistro elator da -N ltin Carlos Dres ritto em seu voto posicionou(se pela Constitucionalidade do art 5 da Lei de iosseguran$a 6leia na ntegra o voto proerido no prprio gtsitegt do F emttpstgovraruivocmsnoticiaNoticiataneoadi3510relatorpd 7

ag+ncia de notcias do F assim sumariampou o voto do ltin ritto

-m seu voto de quase duas horas de duraccedilatildeo o ministro qualificou como6perfeito6 e 6bem concatenado bloco normativo6 o dispositivo questionado ao

lembrar que ele apresenta uma seacuterie de condicionantes para o aproveitamento dasceacutelulas0tronco embrionaacuterias 6in vitro6 -ntre elas estatildeo a que restrine o uso para

pesquisa 1quelas natildeo aproveitadas para fins reprodutivos 1quelas que natildeo tiverem

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viabilidade 1quelas que este$am coneladas por tr(s anos ou mais e 1quelas queconeladas completarem tr(s anos nesse estaacuteio ltambeacutem mencionou a necessidadede consentimento do casal doador para realizaccedilatildeo de pesquisas cient7ficas paratratamento de doenccedilas o e=ame de meacuterito pelos comit(s de eacutetica e pesquisa e avedaccedilatildeo de sua comercializaccedilatildeo

Agtres ritto disse que a onstituiccedilatildeo 8ederal quando se refere a direitos e arantias constitucionais fala do indiv7duo pessoa ser humano $aacute nascidodesconsiderando o estado de embriatildeo e feto mas a leislaccedilatildeo infraconstitucionalcuidou do direito do nascituro do ser que estaacute a caminho do nascimento

9 ministro sustentou entretanto a tese de que para e=istir vida humana eacute preciso que o embriatildeo tenha sido implantado no tero humano eundo ele temque haver a participaccedilatildeo ativa da futura matildee - o embriatildeo natildeo sobrevive no tero

sem a matildee eundo ele o zioto embriatildeo em estaacuteio inicial) eacute a primeira fase doembriatildeo humano a ceacutelula0ovo ou ceacutelula0matildee mas representa uma realidade distinta

da pessoa natural porque ainda natildeo tem ceacuterebro formado

69 zioto natildeo pode antecipar0se 1 metamorfose6 observou 6eria ir aleacutemde si mesmo para ser outro ser6 -le citou como e=emplo a relaccedilatildeo entre a chuva e a

planta a crisaacutelida e a laarta 6inueacutem afirma que a semente $aacute eacute planta ou que acrisaacutelida eacute uma borboleta6 afirmou 6atildeo haacute pessoa humana embrionaacuteria mas umembriatildeo de pessoa humana -sta sim recebe tutela constitucional moralbioraacutefica espiritual eacute parte do todo social medida de todas as coisas6

Entende o elator ue a vida s come$a aps o nascimento egundo suas declara$GesgtBida humana eacute o fenCmeno que transcorre entre o nascimento e a morte cerebral o embriatildeo oque se tem eacute uma vida veetativa que se antecipa ao ceacuterebrogt

8 ulgamento oi interrompido pelo pedido de vista do ltin Carlos lerto lteneampes-ireito ue teria a partir dauela data 10 dias prorrog)veis por at mais 20 dias para analisar o

processo e devolv+(lo ao riunal

pesar da interrup$o a ltin Ellen racie ) antecipou seu voto tendo acompanado o doelator egundo ela gt atildeo constato v7cio de inconstitucionalidade eundo acredito o preacute0embriatildeo natildeo acolhido no tero natildeo se classifica como pessoagt

No restam dvidas de ue a deciso ualuer ue sea ter) releos no apenas na uestoda utiliampa$o de clulas(tronco emrion)rias mas alcan$ar) tamm a discusso de outros temas particularmente o do aorto 8 ue ocorrer) nas primas semanas certamente ainda umaincgnita s linas ue se seguem so um tentativa de elucidar alguns aspectos ue ulgamosinteressantes e relevantes no processo e ue certamente tem passado pela mente de todos auelesue v+m acompanando o deate

Quando realmente comeccedila a vida humana

uesto de uando tem incio a vida umana ue se proeta sore o deate em curso noF tem sido eita ao longo de toda a istria da civiliampa$o s respostas t+m se mostradoetremamente mut)veis alterando(se de acordo com o tempo e as caractersticas da sociedade

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sendo ruto de suas cren$as e valores

t mesmo a grea Catlica ue oe deende a sacralidade da vida umana desde suaconcep$o durante a maior parte de sua istria ou sea por cerca de 1900 anos pouca aten$odeu = uesto Em 1599 o apa isto 6ou ito7 H condenou o aorto = ecomuno Esta deciso

todavia oi revogada pelo apa regrio IH 615B0(15B17 retomando a grea = tradicional visode ue o aorto no era omicdio e assim no deveria ser penaliampada de tal orma ssim se agrea no aprovava o aorto pelo menos no o condenava omente com o apa io I 6194(19A97 a uesto oi retomada e a condena$o pela ecomuno outra veamp aplicada ltencione(seue ao ue tudo indica tal posi$o oi tomada muito mais pelo princpio da preven$o do ue poruma deini$o clara do momento em ue a alma era realmente receidaJ ou sea ao no se saer emue momento recee o omem sua alma melor prevenir e proteg+(la desde seu potencial incio-e acordo com annon e Kolter 6annon omas and Kolter llan 1BB0 elections onte ltoral tatus o te re(EmrDo ltheoloical tudies Holume 517 a atual doutrina da greaCatlica mantm a cren$a de ue no momento da ertiliampa$o com a orma$o do ampigoto ue umanova vida umana tem lugar e recee sua alma sto como ) airmado todavia relativamente

novo m eto no era considerado realmente uma pessoa e o aorto no era considerado omicdio pela grea Catlica at o inal do sculo II

literatura cientica contm um conunto astante rico de inorma$Ges ue pode ser e temsido utiliampado para determinar o eetivo incio da vida umana Heamos algumas delas

a)nicio da vida e ciclo vital

m ciclo como o prprio nome indica algo ue se repete continuamente No tem assimnem incio nem im anto o espermatoampide uanto o vulo so unidades de vida e sua usoapenas a perpetua ainda ue com caractersticas distintas de cada uma delas individualmente 8 uese orma uma vida dierente como so dierentes os indivduos em cada uma das etapas da vidam emrio dierente de uma crian$a ue dierente de um adolescente ue dierente de umadulto ltas so todos componentes de um ciclo contnuo ssim nem a unio dos gametas nemualuer outra ase do ciclo pode ser denominada de incio da vida Esta uesto so tal ptica na verdade irrelevante vida um processo contnuo e ualuer um dos pontos utiliampados paramarcar suas ases tais como o implante no tero ou o aparecimento de ondas eletroencealogr)icasso meras tentativas de categoriampar os eventos e acilitar seu estudo no tendo ualuer signiicadona deini$o do momento em ue a vida realmente se inicia

b)A fertilizaccedilatildeo

ertiliampa$o um dos eventos ue tem sido mais utiliampados para marcar o incio da vidaumana particularmente auele em ue os cromossomos oriundos do vulo e do espermatoampidecolocam(se lado a lado 6pareamento7 e do origem a uma clula dita diplide com caractersticasnicas

8 primeiro prolema advm do ato de ue a ertiliampa$o no um momento mas umaseM+ncia de eventos ue pode durar v)rias oras 6geralmente de 12 a 24 7 ssim diamper ue a vidacome$a na ertiliampa$o no resolve a uesto ) ue ertiliampa$o ao contr)rio do ue muitosacreditam no um nico momento

m segundo prolema advm do denominado gtargumento dos g+meosgt ps a orma$odo ampigoto por um perodo de at 2 semanas aproimadamente as clulas ue se ormam seguindo aertiliampa$o podem se separar ormando g+meos trig+meos uadrig+meos etc ssim at passar o

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perodo em ue a orma$o de g+meos sea possvel no se pode diamper ue o ampigoto eistente seaum indivduoJ na realidade o processo de individualiampa$o no se encerra at ue a possiilidade daorma$o de g+meos desapare$a totalmente

uesto ao contr)rio do ue possa parecer no tem rela$o com a individualidade

gentica pois cad)veres tecidos isolados rgos para transplante etc goampam de asolutaindividualidade gentica ssim no pode ser este o ato ue determina o incio da vida umanalm disso identidade gentica pode ser compartilada por v)rios indivduos como os g+meosunivitelinos o ue no os aamp perder suas individualidades umanas

c)A astrulaccedilatildeo

-epois da ertiliampa$o a clula ento ormada come$a a sorer um conunto de divisGesdando origem a um nmero crescente delas medida em ue aumenta o nmero de clulastamm se inicia um processo de dierencia$o ou sea as clulas passam a ) no ser eatamentetodas iguais -epois de passadas cerca de 2 semanas as clulas podem ser divididas em duas

grandes categorias ectoderma e endoderma seguindo(se a orma$o de uma terceira o mesodermaais grupos de clulas so denominados de oletos emrion)rios o estes oletos ue daroorigem aos dierentes tecidos do corpo umano tais como msculos pele tecido nervoso etc Otamm por volta desta ase ue o emrio se ia no tero materno

ara v)rios pesuisadores apenas nesta ase aps passado o perodo de possvel orma$ode g+meos ue a verdadeira individualidade do emrio se apresenta s propriedades )sicas uegovernaro o emrio e conduampiro = orma$o de seus distintos rgos e tecidos no esto

presentes at esta ase e apenas durante ela perdem as clulas presentes a capacidade de gerarnovos indivduos ssim apenas durante esta ase ue se completa a gtindividualiampa$ogt emosaui sem dvida um novo indivduo

P) uem argumente no sem certa raampo ue a uesto mais importante no ser ou noser um indivduo do ponto de vista iolgico +meos univitelinos como ) mencionamos no soindivduos do ponto de vista gentico so clones naturais verdadeiros mas cada um tem uma

personalidade e umanidade nicas uesto assim ser ou no ser umano o ue aordaremosmais adiante

c 9 --D

-urante o desenvolvimento emrion)rio por volta de 24(2A semanas aps a ertiliampa$o )

se capaamp de registrar pela primeiras veamp um eletroencealograma 6EE7 do emrio o uesigniica a inuestion)vel eist+ncia de um sistema nervoso uncional 6ainda ue nonecessariamente completo7

O de conecimento geral ue modernamente tem se utiliampado a morte cereral determinada pelo EE como critrio de morte permitindo assim a retirada inclusive de tecidos vivos paratransplantes

8 argumento aui portanto astante simples e o EE utiliampado como critrio de vidae morte no adulto tamm deveria ser empregado no emrio ou sea at ue suram eetivamenteas ondas cererais tal emrio esta destitudo da verdadeira vida umana

Eistem diversos outros critrios e momentos no desenvolvimento emrion)rio ue poderiam ser utiliampados para demarcar o incio da vida umana tais como o incio dos atimentos

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cardacos 6a parada cardaca oi por longo tempo utiliampada como critrio de morte7 ou o surgimentodos primeiros circuitos neuronais 8 prolema central todavia permanece ual sea so todos

pontos aritr)rios num ciclo contnuo de desenvolvimento verdade porm uma s do ponto

de vista praacutetico a vida humana teraacute iniacutecio no ponto em que a sociedade assim o decidir suainterrup$o prematura ou no poder) ser eetuada uando e como esta sociedade desear No )

eetivamente critrios cienticos ue permitam determin)(lo e por uma nica raampo ele no eiste

O que eacute vida humana

8 ue signiica ser humanoQ Este nos parece um aspecto central do prolema Ruando ue um gtembriatildeo de ser humanogt para utiliampar as palavras do ltin Dres ritto aduire suaumanidadeQ

er) ue ser gtumanogt signiica apenas ter cromossomos ou -N umanoQ 8u pertencer a

espcie umanaQ

Claramente ue no e assim o or temos ue rever nossas posi$Ges uanto a possiilidadede congelamento de tecidos ou de manter clulas em culturaJ ainal todos t+m cromossomos e-N umanos odos pertencem = espcie umana ertencer = espcie umana no a nicacondi$o necess)ria para ue algum sea realmente dotado de umanidade

Ruando nos reerimos a gtumanogt vamos alm de caractersticas iolgicas O a ue domeu ponto de vista particular reside o maior prolema deste deate Ruerer derivar princpiosmorais ou deinir direitos a partir de caractersticas iolgicas pode conduampir = distor$Gesinaceit)veis ssim como eu posso usar o momento da ertiliampa$o da gastrula$o do aparecimentodo EE ou o nascimento 6como o aamp o ltin Dres ritto7 para determinar uem tem ou no gtvidaumanagt outros podem empregar a cor da pele 6ou dos caelos7 o tamano da orela ou aailidade de tocar um instrumento musical para conceder ou negar direitos individuais concesso de direitos particularmente direitos morais deve portanto assentar(se sore outras

ases uer diamper sore ases morais

or ue ento seria errado matar um ser umanoQ Em primeiro lugar devemos lemrar uematar um ser umano do ponto de vista moral e mesmo legal pode no ser errado prprialegisla$o rasileira prev+ situa$Ges em ue matar algum pode ser pereitamente ustiic)vel taiscomo a legtima deesa ou o estado de necessidade ssim no se pode de orma irrestrita diamper

ue errado matar outro ser umano pois eistem situa$Ges em ue a prpria sociedade consideratal ato pereitamente ustiic)vel

or outro lado se no tivssemos ualuer motivo para matar a no ser o deseo de aamp+(loento isto seria evidentemente considerado errado O errado matar outro ser umano para a puragratiica$o dauele ue mata ou por motivos considerados teis e inustiic)veis pelo conunto dasociedade

orm se eistirem motivos ue ustiiuem a morte causada tais como a legtima deesaou o estado de necessidade ento a tica se modiica

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Conclusotildees

ortanto parece(nos euivocado o oco da uesto assim como tem sido colocada nodeate ue se trava no seio do F e da sociedade rasileiras acerca do momento em ue se inicia avida umana e se possvel utiliampar emriGes invi)veis congelados para oten$o de clulas(tronco

para ins terap+uticos e de pesuisa cientica O como uma verdadeira cortina de uma$a uestonos parece so este ponto de vista muito mais simples ual sea se a sociedade rasileira ulgar ustiic)vel utiliampar emriGes congelados para oten$o de clulas(tronco emrion)rias tal como previsto na lei assim como considerou ustiic)vel matar outro ser umano em legtima deesa poreemplo ento no ) ualuer impedimento moral em ue isto assim o sea or outro lado se asociedade considerar inustiic)vel tal utiliampa$o assim como considera o estaelecimento da penade morte em nosso pas ento necess)rio ue se declare a inconstitucionalidade do art 5 da Lei deiosseguran$a O evidente ue isto no pode ser eito sem proundas releGes acerca do impacto econseM+ncias destas medidas sem ue se relita sore todo o conunto de cren$as e valores ue

permeiam a sociedade Contudo do ponto de vista pragm)tico a situa$o clara ser) comodesearmos ue sea

iologia pode esclarecer aspectos importantes da uesto mas no pode resolv+(la solu$o est) dentro de cada um de ns em nossos conceitos de certo ou errado usto ou inustomoral ou imoral ais aspectos so individuais e incorruptveis so rutos de nossas cren$as eviv+nciasJ em resumo dauilo ue eetivamente somos

Sobre o autor

Euclydes Antocircnio dos Santos Filho E-mail ntre em contato

Sobre o textoTexto inserido no Jus Navigandi nordm1757 ($$ampElaorado e $$$

Informaccedilotildees bibliograacuteficas)onore a N+ -$$$$ da Associa0o +rasileira de Noras Tcnicas (A+NTamp2 este texto cient3ico 4ulicado e 4eridicoeletrocircnico deve ser citado da seguinte ora

SANT6S F8962 Euclydes Antocircnio dos 6 Su4reo Triunal Federal2 clulastronco e o in3cio davida huana Jus Navigandi2 Teresina2 ano 12 n 17572 ar $$ is4on3vel e

lthtt4==gtusuolcor=doutrina=textoas4id111 Acesso e ar $$

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conelamento

+ o -m qualquer caso eacute necessaacuterio o consentimento dos enitores

+ o nstituiccedilotildees de pesquisa e serviccedilos de sade que realizem pesquisa ou

terapia com ceacutelulas0tronco embrionaacuterias humanas deveratildeo submeter seus pro$etos 1apreciaccedilatildeo e aprovaccedilatildeo dos respectivos comit(s de eacutetica em pesquisa

+ ampo Eacute vedada a comercializaccedilatildeo do material biol2ico a que se refere esteartio e sua praacutetica implica o crime tipificado no art5 da ei no 34amp4 de 4 de

fevereiro de 33

nconormado o ento rocurador(eral da eplica -r Cl)udio Lemos Fontelesingressou com $o -ireta de nconstitucionalidade 6-N7 ue receeu o n 3510 8 rocurador

aseia sua inconormidade nos seguintes argumentos

a) 6a vida humana acontece na e a partir da fecundaccedilatildeo6 desenvolvendo0 se continuamente

b) o zioto constitu7do por uma nica ceacutelula eacute um 6ser humanoembrionaacuterio6

c) eacute no momento da fecundaccedilatildeo que a mulher enravida acolhendo o ziotoe lhe propiciando um ambiente pr2prio para o seu desenvolvimento

d) a pesquisa com ceacutelulas0tronco adultas eacute ob$etiva e certamente mais promissora do que a pesquisa com ceacutelulas0tronco embrionaacuterias

Em sesso dauela Egrgia Corte realiampada no ltimo dia 05032009 para o ulgamento da-N o atual rocurador(eral da eplica ntonio Fernando de ouampa e o advogado da CN6Conedera$o Nacional dos ispos do rasil7 ves andra ltartins discursaram pelainconstitucionalidade da lei deendendo ue a Constitui$o garante o direito = vida e ue o emrio

) seria um ser vivo

egundo noticias veiculadas pelo gtsitegt de noticias 8olha 9nline6ttp1olauolcomrolacienciault30u3AB054stml7 o procurador teria reiterado uegthaacute consistente convicccedilatildeo cient7fica de que a vida humana acontece a partir da fecundaccedilatildeo e o

artio 5 da onstituiccedilatildeo arante a inviolabilidade da vida humanagt

odavia o ltinistro elator da -N ltin Carlos Dres ritto em seu voto posicionou(se pela Constitucionalidade do art 5 da Lei de iosseguran$a 6leia na ntegra o voto proerido no prprio gtsitegt do F emttpstgovraruivocmsnoticiaNoticiataneoadi3510relatorpd 7

ag+ncia de notcias do F assim sumariampou o voto do ltin ritto

-m seu voto de quase duas horas de duraccedilatildeo o ministro qualificou como6perfeito6 e 6bem concatenado bloco normativo6 o dispositivo questionado ao

lembrar que ele apresenta uma seacuterie de condicionantes para o aproveitamento dasceacutelulas0tronco embrionaacuterias 6in vitro6 -ntre elas estatildeo a que restrine o uso para

pesquisa 1quelas natildeo aproveitadas para fins reprodutivos 1quelas que natildeo tiverem

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viabilidade 1quelas que este$am coneladas por tr(s anos ou mais e 1quelas queconeladas completarem tr(s anos nesse estaacuteio ltambeacutem mencionou a necessidadede consentimento do casal doador para realizaccedilatildeo de pesquisas cient7ficas paratratamento de doenccedilas o e=ame de meacuterito pelos comit(s de eacutetica e pesquisa e avedaccedilatildeo de sua comercializaccedilatildeo

Agtres ritto disse que a onstituiccedilatildeo 8ederal quando se refere a direitos e arantias constitucionais fala do indiv7duo pessoa ser humano $aacute nascidodesconsiderando o estado de embriatildeo e feto mas a leislaccedilatildeo infraconstitucionalcuidou do direito do nascituro do ser que estaacute a caminho do nascimento

9 ministro sustentou entretanto a tese de que para e=istir vida humana eacute preciso que o embriatildeo tenha sido implantado no tero humano eundo ele temque haver a participaccedilatildeo ativa da futura matildee - o embriatildeo natildeo sobrevive no tero

sem a matildee eundo ele o zioto embriatildeo em estaacuteio inicial) eacute a primeira fase doembriatildeo humano a ceacutelula0ovo ou ceacutelula0matildee mas representa uma realidade distinta

da pessoa natural porque ainda natildeo tem ceacuterebro formado

69 zioto natildeo pode antecipar0se 1 metamorfose6 observou 6eria ir aleacutemde si mesmo para ser outro ser6 -le citou como e=emplo a relaccedilatildeo entre a chuva e a

planta a crisaacutelida e a laarta 6inueacutem afirma que a semente $aacute eacute planta ou que acrisaacutelida eacute uma borboleta6 afirmou 6atildeo haacute pessoa humana embrionaacuteria mas umembriatildeo de pessoa humana -sta sim recebe tutela constitucional moralbioraacutefica espiritual eacute parte do todo social medida de todas as coisas6

Entende o elator ue a vida s come$a aps o nascimento egundo suas declara$GesgtBida humana eacute o fenCmeno que transcorre entre o nascimento e a morte cerebral o embriatildeo oque se tem eacute uma vida veetativa que se antecipa ao ceacuterebrogt

8 ulgamento oi interrompido pelo pedido de vista do ltin Carlos lerto lteneampes-ireito ue teria a partir dauela data 10 dias prorrog)veis por at mais 20 dias para analisar o

processo e devolv+(lo ao riunal

pesar da interrup$o a ltin Ellen racie ) antecipou seu voto tendo acompanado o doelator egundo ela gt atildeo constato v7cio de inconstitucionalidade eundo acredito o preacute0embriatildeo natildeo acolhido no tero natildeo se classifica como pessoagt

No restam dvidas de ue a deciso ualuer ue sea ter) releos no apenas na uestoda utiliampa$o de clulas(tronco emrion)rias mas alcan$ar) tamm a discusso de outros temas particularmente o do aorto 8 ue ocorrer) nas primas semanas certamente ainda umaincgnita s linas ue se seguem so um tentativa de elucidar alguns aspectos ue ulgamosinteressantes e relevantes no processo e ue certamente tem passado pela mente de todos auelesue v+m acompanando o deate

Quando realmente comeccedila a vida humana

uesto de uando tem incio a vida umana ue se proeta sore o deate em curso noF tem sido eita ao longo de toda a istria da civiliampa$o s respostas t+m se mostradoetremamente mut)veis alterando(se de acordo com o tempo e as caractersticas da sociedade

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sendo ruto de suas cren$as e valores

t mesmo a grea Catlica ue oe deende a sacralidade da vida umana desde suaconcep$o durante a maior parte de sua istria ou sea por cerca de 1900 anos pouca aten$odeu = uesto Em 1599 o apa isto 6ou ito7 H condenou o aorto = ecomuno Esta deciso

todavia oi revogada pelo apa regrio IH 615B0(15B17 retomando a grea = tradicional visode ue o aorto no era omicdio e assim no deveria ser penaliampada de tal orma ssim se agrea no aprovava o aorto pelo menos no o condenava omente com o apa io I 6194(19A97 a uesto oi retomada e a condena$o pela ecomuno outra veamp aplicada ltencione(seue ao ue tudo indica tal posi$o oi tomada muito mais pelo princpio da preven$o do ue poruma deini$o clara do momento em ue a alma era realmente receidaJ ou sea ao no se saer emue momento recee o omem sua alma melor prevenir e proteg+(la desde seu potencial incio-e acordo com annon e Kolter 6annon omas and Kolter llan 1BB0 elections onte ltoral tatus o te re(EmrDo ltheoloical tudies Holume 517 a atual doutrina da greaCatlica mantm a cren$a de ue no momento da ertiliampa$o com a orma$o do ampigoto ue umanova vida umana tem lugar e recee sua alma sto como ) airmado todavia relativamente

novo m eto no era considerado realmente uma pessoa e o aorto no era considerado omicdio pela grea Catlica at o inal do sculo II

literatura cientica contm um conunto astante rico de inorma$Ges ue pode ser e temsido utiliampado para determinar o eetivo incio da vida umana Heamos algumas delas

a)nicio da vida e ciclo vital

m ciclo como o prprio nome indica algo ue se repete continuamente No tem assimnem incio nem im anto o espermatoampide uanto o vulo so unidades de vida e sua usoapenas a perpetua ainda ue com caractersticas distintas de cada uma delas individualmente 8 uese orma uma vida dierente como so dierentes os indivduos em cada uma das etapas da vidam emrio dierente de uma crian$a ue dierente de um adolescente ue dierente de umadulto ltas so todos componentes de um ciclo contnuo ssim nem a unio dos gametas nemualuer outra ase do ciclo pode ser denominada de incio da vida Esta uesto so tal ptica na verdade irrelevante vida um processo contnuo e ualuer um dos pontos utiliampados paramarcar suas ases tais como o implante no tero ou o aparecimento de ondas eletroencealogr)icasso meras tentativas de categoriampar os eventos e acilitar seu estudo no tendo ualuer signiicadona deini$o do momento em ue a vida realmente se inicia

b)A fertilizaccedilatildeo

ertiliampa$o um dos eventos ue tem sido mais utiliampados para marcar o incio da vidaumana particularmente auele em ue os cromossomos oriundos do vulo e do espermatoampidecolocam(se lado a lado 6pareamento7 e do origem a uma clula dita diplide com caractersticasnicas

8 primeiro prolema advm do ato de ue a ertiliampa$o no um momento mas umaseM+ncia de eventos ue pode durar v)rias oras 6geralmente de 12 a 24 7 ssim diamper ue a vidacome$a na ertiliampa$o no resolve a uesto ) ue ertiliampa$o ao contr)rio do ue muitosacreditam no um nico momento

m segundo prolema advm do denominado gtargumento dos g+meosgt ps a orma$odo ampigoto por um perodo de at 2 semanas aproimadamente as clulas ue se ormam seguindo aertiliampa$o podem se separar ormando g+meos trig+meos uadrig+meos etc ssim at passar o

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perodo em ue a orma$o de g+meos sea possvel no se pode diamper ue o ampigoto eistente seaum indivduoJ na realidade o processo de individualiampa$o no se encerra at ue a possiilidade daorma$o de g+meos desapare$a totalmente

uesto ao contr)rio do ue possa parecer no tem rela$o com a individualidade

gentica pois cad)veres tecidos isolados rgos para transplante etc goampam de asolutaindividualidade gentica ssim no pode ser este o ato ue determina o incio da vida umanalm disso identidade gentica pode ser compartilada por v)rios indivduos como os g+meosunivitelinos o ue no os aamp perder suas individualidades umanas

c)A astrulaccedilatildeo

-epois da ertiliampa$o a clula ento ormada come$a a sorer um conunto de divisGesdando origem a um nmero crescente delas medida em ue aumenta o nmero de clulastamm se inicia um processo de dierencia$o ou sea as clulas passam a ) no ser eatamentetodas iguais -epois de passadas cerca de 2 semanas as clulas podem ser divididas em duas

grandes categorias ectoderma e endoderma seguindo(se a orma$o de uma terceira o mesodermaais grupos de clulas so denominados de oletos emrion)rios o estes oletos ue daroorigem aos dierentes tecidos do corpo umano tais como msculos pele tecido nervoso etc Otamm por volta desta ase ue o emrio se ia no tero materno

ara v)rios pesuisadores apenas nesta ase aps passado o perodo de possvel orma$ode g+meos ue a verdadeira individualidade do emrio se apresenta s propriedades )sicas uegovernaro o emrio e conduampiro = orma$o de seus distintos rgos e tecidos no esto

presentes at esta ase e apenas durante ela perdem as clulas presentes a capacidade de gerarnovos indivduos ssim apenas durante esta ase ue se completa a gtindividualiampa$ogt emosaui sem dvida um novo indivduo

P) uem argumente no sem certa raampo ue a uesto mais importante no ser ou noser um indivduo do ponto de vista iolgico +meos univitelinos como ) mencionamos no soindivduos do ponto de vista gentico so clones naturais verdadeiros mas cada um tem uma

personalidade e umanidade nicas uesto assim ser ou no ser umano o ue aordaremosmais adiante

c 9 --D

-urante o desenvolvimento emrion)rio por volta de 24(2A semanas aps a ertiliampa$o )

se capaamp de registrar pela primeiras veamp um eletroencealograma 6EE7 do emrio o uesigniica a inuestion)vel eist+ncia de um sistema nervoso uncional 6ainda ue nonecessariamente completo7

O de conecimento geral ue modernamente tem se utiliampado a morte cereral determinada pelo EE como critrio de morte permitindo assim a retirada inclusive de tecidos vivos paratransplantes

8 argumento aui portanto astante simples e o EE utiliampado como critrio de vidae morte no adulto tamm deveria ser empregado no emrio ou sea at ue suram eetivamenteas ondas cererais tal emrio esta destitudo da verdadeira vida umana

Eistem diversos outros critrios e momentos no desenvolvimento emrion)rio ue poderiam ser utiliampados para demarcar o incio da vida umana tais como o incio dos atimentos

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cardacos 6a parada cardaca oi por longo tempo utiliampada como critrio de morte7 ou o surgimentodos primeiros circuitos neuronais 8 prolema central todavia permanece ual sea so todos

pontos aritr)rios num ciclo contnuo de desenvolvimento verdade porm uma s do ponto

de vista praacutetico a vida humana teraacute iniacutecio no ponto em que a sociedade assim o decidir suainterrup$o prematura ou no poder) ser eetuada uando e como esta sociedade desear No )

eetivamente critrios cienticos ue permitam determin)(lo e por uma nica raampo ele no eiste

O que eacute vida humana

8 ue signiica ser humanoQ Este nos parece um aspecto central do prolema Ruando ue um gtembriatildeo de ser humanogt para utiliampar as palavras do ltin Dres ritto aduire suaumanidadeQ

er) ue ser gtumanogt signiica apenas ter cromossomos ou -N umanoQ 8u pertencer a

espcie umanaQ

Claramente ue no e assim o or temos ue rever nossas posi$Ges uanto a possiilidadede congelamento de tecidos ou de manter clulas em culturaJ ainal todos t+m cromossomos e-N umanos odos pertencem = espcie umana ertencer = espcie umana no a nicacondi$o necess)ria para ue algum sea realmente dotado de umanidade

Ruando nos reerimos a gtumanogt vamos alm de caractersticas iolgicas O a ue domeu ponto de vista particular reside o maior prolema deste deate Ruerer derivar princpiosmorais ou deinir direitos a partir de caractersticas iolgicas pode conduampir = distor$Gesinaceit)veis ssim como eu posso usar o momento da ertiliampa$o da gastrula$o do aparecimentodo EE ou o nascimento 6como o aamp o ltin Dres ritto7 para determinar uem tem ou no gtvidaumanagt outros podem empregar a cor da pele 6ou dos caelos7 o tamano da orela ou aailidade de tocar um instrumento musical para conceder ou negar direitos individuais concesso de direitos particularmente direitos morais deve portanto assentar(se sore outras

ases uer diamper sore ases morais

or ue ento seria errado matar um ser umanoQ Em primeiro lugar devemos lemrar uematar um ser umano do ponto de vista moral e mesmo legal pode no ser errado prprialegisla$o rasileira prev+ situa$Ges em ue matar algum pode ser pereitamente ustiic)vel taiscomo a legtima deesa ou o estado de necessidade ssim no se pode de orma irrestrita diamper

ue errado matar outro ser umano pois eistem situa$Ges em ue a prpria sociedade consideratal ato pereitamente ustiic)vel

or outro lado se no tivssemos ualuer motivo para matar a no ser o deseo de aamp+(loento isto seria evidentemente considerado errado O errado matar outro ser umano para a puragratiica$o dauele ue mata ou por motivos considerados teis e inustiic)veis pelo conunto dasociedade

orm se eistirem motivos ue ustiiuem a morte causada tais como a legtima deesaou o estado de necessidade ento a tica se modiica

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Conclusotildees

ortanto parece(nos euivocado o oco da uesto assim como tem sido colocada nodeate ue se trava no seio do F e da sociedade rasileiras acerca do momento em ue se inicia avida umana e se possvel utiliampar emriGes invi)veis congelados para oten$o de clulas(tronco

para ins terap+uticos e de pesuisa cientica O como uma verdadeira cortina de uma$a uestonos parece so este ponto de vista muito mais simples ual sea se a sociedade rasileira ulgar ustiic)vel utiliampar emriGes congelados para oten$o de clulas(tronco emrion)rias tal como previsto na lei assim como considerou ustiic)vel matar outro ser umano em legtima deesa poreemplo ento no ) ualuer impedimento moral em ue isto assim o sea or outro lado se asociedade considerar inustiic)vel tal utiliampa$o assim como considera o estaelecimento da penade morte em nosso pas ento necess)rio ue se declare a inconstitucionalidade do art 5 da Lei deiosseguran$a O evidente ue isto no pode ser eito sem proundas releGes acerca do impacto econseM+ncias destas medidas sem ue se relita sore todo o conunto de cren$as e valores ue

permeiam a sociedade Contudo do ponto de vista pragm)tico a situa$o clara ser) comodesearmos ue sea

iologia pode esclarecer aspectos importantes da uesto mas no pode resolv+(la solu$o est) dentro de cada um de ns em nossos conceitos de certo ou errado usto ou inustomoral ou imoral ais aspectos so individuais e incorruptveis so rutos de nossas cren$as eviv+nciasJ em resumo dauilo ue eetivamente somos

Sobre o autor

Euclydes Antocircnio dos Santos Filho E-mail ntre em contato

Sobre o textoTexto inserido no Jus Navigandi nordm1757 ($$ampElaorado e $$$

Informaccedilotildees bibliograacuteficas)onore a N+ -$$$$ da Associa0o +rasileira de Noras Tcnicas (A+NTamp2 este texto cient3ico 4ulicado e 4eridicoeletrocircnico deve ser citado da seguinte ora

SANT6S F8962 Euclydes Antocircnio dos 6 Su4reo Triunal Federal2 clulastronco e o in3cio davida huana Jus Navigandi2 Teresina2 ano 12 n 17572 ar $$ is4on3vel e

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viabilidade 1quelas que este$am coneladas por tr(s anos ou mais e 1quelas queconeladas completarem tr(s anos nesse estaacuteio ltambeacutem mencionou a necessidadede consentimento do casal doador para realizaccedilatildeo de pesquisas cient7ficas paratratamento de doenccedilas o e=ame de meacuterito pelos comit(s de eacutetica e pesquisa e avedaccedilatildeo de sua comercializaccedilatildeo

Agtres ritto disse que a onstituiccedilatildeo 8ederal quando se refere a direitos e arantias constitucionais fala do indiv7duo pessoa ser humano $aacute nascidodesconsiderando o estado de embriatildeo e feto mas a leislaccedilatildeo infraconstitucionalcuidou do direito do nascituro do ser que estaacute a caminho do nascimento

9 ministro sustentou entretanto a tese de que para e=istir vida humana eacute preciso que o embriatildeo tenha sido implantado no tero humano eundo ele temque haver a participaccedilatildeo ativa da futura matildee - o embriatildeo natildeo sobrevive no tero

sem a matildee eundo ele o zioto embriatildeo em estaacuteio inicial) eacute a primeira fase doembriatildeo humano a ceacutelula0ovo ou ceacutelula0matildee mas representa uma realidade distinta

da pessoa natural porque ainda natildeo tem ceacuterebro formado

69 zioto natildeo pode antecipar0se 1 metamorfose6 observou 6eria ir aleacutemde si mesmo para ser outro ser6 -le citou como e=emplo a relaccedilatildeo entre a chuva e a

planta a crisaacutelida e a laarta 6inueacutem afirma que a semente $aacute eacute planta ou que acrisaacutelida eacute uma borboleta6 afirmou 6atildeo haacute pessoa humana embrionaacuteria mas umembriatildeo de pessoa humana -sta sim recebe tutela constitucional moralbioraacutefica espiritual eacute parte do todo social medida de todas as coisas6

Entende o elator ue a vida s come$a aps o nascimento egundo suas declara$GesgtBida humana eacute o fenCmeno que transcorre entre o nascimento e a morte cerebral o embriatildeo oque se tem eacute uma vida veetativa que se antecipa ao ceacuterebrogt

8 ulgamento oi interrompido pelo pedido de vista do ltin Carlos lerto lteneampes-ireito ue teria a partir dauela data 10 dias prorrog)veis por at mais 20 dias para analisar o

processo e devolv+(lo ao riunal

pesar da interrup$o a ltin Ellen racie ) antecipou seu voto tendo acompanado o doelator egundo ela gt atildeo constato v7cio de inconstitucionalidade eundo acredito o preacute0embriatildeo natildeo acolhido no tero natildeo se classifica como pessoagt

No restam dvidas de ue a deciso ualuer ue sea ter) releos no apenas na uestoda utiliampa$o de clulas(tronco emrion)rias mas alcan$ar) tamm a discusso de outros temas particularmente o do aorto 8 ue ocorrer) nas primas semanas certamente ainda umaincgnita s linas ue se seguem so um tentativa de elucidar alguns aspectos ue ulgamosinteressantes e relevantes no processo e ue certamente tem passado pela mente de todos auelesue v+m acompanando o deate

Quando realmente comeccedila a vida humana

uesto de uando tem incio a vida umana ue se proeta sore o deate em curso noF tem sido eita ao longo de toda a istria da civiliampa$o s respostas t+m se mostradoetremamente mut)veis alterando(se de acordo com o tempo e as caractersticas da sociedade

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sendo ruto de suas cren$as e valores

t mesmo a grea Catlica ue oe deende a sacralidade da vida umana desde suaconcep$o durante a maior parte de sua istria ou sea por cerca de 1900 anos pouca aten$odeu = uesto Em 1599 o apa isto 6ou ito7 H condenou o aorto = ecomuno Esta deciso

todavia oi revogada pelo apa regrio IH 615B0(15B17 retomando a grea = tradicional visode ue o aorto no era omicdio e assim no deveria ser penaliampada de tal orma ssim se agrea no aprovava o aorto pelo menos no o condenava omente com o apa io I 6194(19A97 a uesto oi retomada e a condena$o pela ecomuno outra veamp aplicada ltencione(seue ao ue tudo indica tal posi$o oi tomada muito mais pelo princpio da preven$o do ue poruma deini$o clara do momento em ue a alma era realmente receidaJ ou sea ao no se saer emue momento recee o omem sua alma melor prevenir e proteg+(la desde seu potencial incio-e acordo com annon e Kolter 6annon omas and Kolter llan 1BB0 elections onte ltoral tatus o te re(EmrDo ltheoloical tudies Holume 517 a atual doutrina da greaCatlica mantm a cren$a de ue no momento da ertiliampa$o com a orma$o do ampigoto ue umanova vida umana tem lugar e recee sua alma sto como ) airmado todavia relativamente

novo m eto no era considerado realmente uma pessoa e o aorto no era considerado omicdio pela grea Catlica at o inal do sculo II

literatura cientica contm um conunto astante rico de inorma$Ges ue pode ser e temsido utiliampado para determinar o eetivo incio da vida umana Heamos algumas delas

a)nicio da vida e ciclo vital

m ciclo como o prprio nome indica algo ue se repete continuamente No tem assimnem incio nem im anto o espermatoampide uanto o vulo so unidades de vida e sua usoapenas a perpetua ainda ue com caractersticas distintas de cada uma delas individualmente 8 uese orma uma vida dierente como so dierentes os indivduos em cada uma das etapas da vidam emrio dierente de uma crian$a ue dierente de um adolescente ue dierente de umadulto ltas so todos componentes de um ciclo contnuo ssim nem a unio dos gametas nemualuer outra ase do ciclo pode ser denominada de incio da vida Esta uesto so tal ptica na verdade irrelevante vida um processo contnuo e ualuer um dos pontos utiliampados paramarcar suas ases tais como o implante no tero ou o aparecimento de ondas eletroencealogr)icasso meras tentativas de categoriampar os eventos e acilitar seu estudo no tendo ualuer signiicadona deini$o do momento em ue a vida realmente se inicia

b)A fertilizaccedilatildeo

ertiliampa$o um dos eventos ue tem sido mais utiliampados para marcar o incio da vidaumana particularmente auele em ue os cromossomos oriundos do vulo e do espermatoampidecolocam(se lado a lado 6pareamento7 e do origem a uma clula dita diplide com caractersticasnicas

8 primeiro prolema advm do ato de ue a ertiliampa$o no um momento mas umaseM+ncia de eventos ue pode durar v)rias oras 6geralmente de 12 a 24 7 ssim diamper ue a vidacome$a na ertiliampa$o no resolve a uesto ) ue ertiliampa$o ao contr)rio do ue muitosacreditam no um nico momento

m segundo prolema advm do denominado gtargumento dos g+meosgt ps a orma$odo ampigoto por um perodo de at 2 semanas aproimadamente as clulas ue se ormam seguindo aertiliampa$o podem se separar ormando g+meos trig+meos uadrig+meos etc ssim at passar o

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perodo em ue a orma$o de g+meos sea possvel no se pode diamper ue o ampigoto eistente seaum indivduoJ na realidade o processo de individualiampa$o no se encerra at ue a possiilidade daorma$o de g+meos desapare$a totalmente

uesto ao contr)rio do ue possa parecer no tem rela$o com a individualidade

gentica pois cad)veres tecidos isolados rgos para transplante etc goampam de asolutaindividualidade gentica ssim no pode ser este o ato ue determina o incio da vida umanalm disso identidade gentica pode ser compartilada por v)rios indivduos como os g+meosunivitelinos o ue no os aamp perder suas individualidades umanas

c)A astrulaccedilatildeo

-epois da ertiliampa$o a clula ento ormada come$a a sorer um conunto de divisGesdando origem a um nmero crescente delas medida em ue aumenta o nmero de clulastamm se inicia um processo de dierencia$o ou sea as clulas passam a ) no ser eatamentetodas iguais -epois de passadas cerca de 2 semanas as clulas podem ser divididas em duas

grandes categorias ectoderma e endoderma seguindo(se a orma$o de uma terceira o mesodermaais grupos de clulas so denominados de oletos emrion)rios o estes oletos ue daroorigem aos dierentes tecidos do corpo umano tais como msculos pele tecido nervoso etc Otamm por volta desta ase ue o emrio se ia no tero materno

ara v)rios pesuisadores apenas nesta ase aps passado o perodo de possvel orma$ode g+meos ue a verdadeira individualidade do emrio se apresenta s propriedades )sicas uegovernaro o emrio e conduampiro = orma$o de seus distintos rgos e tecidos no esto

presentes at esta ase e apenas durante ela perdem as clulas presentes a capacidade de gerarnovos indivduos ssim apenas durante esta ase ue se completa a gtindividualiampa$ogt emosaui sem dvida um novo indivduo

P) uem argumente no sem certa raampo ue a uesto mais importante no ser ou noser um indivduo do ponto de vista iolgico +meos univitelinos como ) mencionamos no soindivduos do ponto de vista gentico so clones naturais verdadeiros mas cada um tem uma

personalidade e umanidade nicas uesto assim ser ou no ser umano o ue aordaremosmais adiante

c 9 --D

-urante o desenvolvimento emrion)rio por volta de 24(2A semanas aps a ertiliampa$o )

se capaamp de registrar pela primeiras veamp um eletroencealograma 6EE7 do emrio o uesigniica a inuestion)vel eist+ncia de um sistema nervoso uncional 6ainda ue nonecessariamente completo7

O de conecimento geral ue modernamente tem se utiliampado a morte cereral determinada pelo EE como critrio de morte permitindo assim a retirada inclusive de tecidos vivos paratransplantes

8 argumento aui portanto astante simples e o EE utiliampado como critrio de vidae morte no adulto tamm deveria ser empregado no emrio ou sea at ue suram eetivamenteas ondas cererais tal emrio esta destitudo da verdadeira vida umana

Eistem diversos outros critrios e momentos no desenvolvimento emrion)rio ue poderiam ser utiliampados para demarcar o incio da vida umana tais como o incio dos atimentos

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cardacos 6a parada cardaca oi por longo tempo utiliampada como critrio de morte7 ou o surgimentodos primeiros circuitos neuronais 8 prolema central todavia permanece ual sea so todos

pontos aritr)rios num ciclo contnuo de desenvolvimento verdade porm uma s do ponto

de vista praacutetico a vida humana teraacute iniacutecio no ponto em que a sociedade assim o decidir suainterrup$o prematura ou no poder) ser eetuada uando e como esta sociedade desear No )

eetivamente critrios cienticos ue permitam determin)(lo e por uma nica raampo ele no eiste

O que eacute vida humana

8 ue signiica ser humanoQ Este nos parece um aspecto central do prolema Ruando ue um gtembriatildeo de ser humanogt para utiliampar as palavras do ltin Dres ritto aduire suaumanidadeQ

er) ue ser gtumanogt signiica apenas ter cromossomos ou -N umanoQ 8u pertencer a

espcie umanaQ

Claramente ue no e assim o or temos ue rever nossas posi$Ges uanto a possiilidadede congelamento de tecidos ou de manter clulas em culturaJ ainal todos t+m cromossomos e-N umanos odos pertencem = espcie umana ertencer = espcie umana no a nicacondi$o necess)ria para ue algum sea realmente dotado de umanidade

Ruando nos reerimos a gtumanogt vamos alm de caractersticas iolgicas O a ue domeu ponto de vista particular reside o maior prolema deste deate Ruerer derivar princpiosmorais ou deinir direitos a partir de caractersticas iolgicas pode conduampir = distor$Gesinaceit)veis ssim como eu posso usar o momento da ertiliampa$o da gastrula$o do aparecimentodo EE ou o nascimento 6como o aamp o ltin Dres ritto7 para determinar uem tem ou no gtvidaumanagt outros podem empregar a cor da pele 6ou dos caelos7 o tamano da orela ou aailidade de tocar um instrumento musical para conceder ou negar direitos individuais concesso de direitos particularmente direitos morais deve portanto assentar(se sore outras

ases uer diamper sore ases morais

or ue ento seria errado matar um ser umanoQ Em primeiro lugar devemos lemrar uematar um ser umano do ponto de vista moral e mesmo legal pode no ser errado prprialegisla$o rasileira prev+ situa$Ges em ue matar algum pode ser pereitamente ustiic)vel taiscomo a legtima deesa ou o estado de necessidade ssim no se pode de orma irrestrita diamper

ue errado matar outro ser umano pois eistem situa$Ges em ue a prpria sociedade consideratal ato pereitamente ustiic)vel

or outro lado se no tivssemos ualuer motivo para matar a no ser o deseo de aamp+(loento isto seria evidentemente considerado errado O errado matar outro ser umano para a puragratiica$o dauele ue mata ou por motivos considerados teis e inustiic)veis pelo conunto dasociedade

orm se eistirem motivos ue ustiiuem a morte causada tais como a legtima deesaou o estado de necessidade ento a tica se modiica

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Conclusotildees

ortanto parece(nos euivocado o oco da uesto assim como tem sido colocada nodeate ue se trava no seio do F e da sociedade rasileiras acerca do momento em ue se inicia avida umana e se possvel utiliampar emriGes invi)veis congelados para oten$o de clulas(tronco

para ins terap+uticos e de pesuisa cientica O como uma verdadeira cortina de uma$a uestonos parece so este ponto de vista muito mais simples ual sea se a sociedade rasileira ulgar ustiic)vel utiliampar emriGes congelados para oten$o de clulas(tronco emrion)rias tal como previsto na lei assim como considerou ustiic)vel matar outro ser umano em legtima deesa poreemplo ento no ) ualuer impedimento moral em ue isto assim o sea or outro lado se asociedade considerar inustiic)vel tal utiliampa$o assim como considera o estaelecimento da penade morte em nosso pas ento necess)rio ue se declare a inconstitucionalidade do art 5 da Lei deiosseguran$a O evidente ue isto no pode ser eito sem proundas releGes acerca do impacto econseM+ncias destas medidas sem ue se relita sore todo o conunto de cren$as e valores ue

permeiam a sociedade Contudo do ponto de vista pragm)tico a situa$o clara ser) comodesearmos ue sea

iologia pode esclarecer aspectos importantes da uesto mas no pode resolv+(la solu$o est) dentro de cada um de ns em nossos conceitos de certo ou errado usto ou inustomoral ou imoral ais aspectos so individuais e incorruptveis so rutos de nossas cren$as eviv+nciasJ em resumo dauilo ue eetivamente somos

Sobre o autor

Euclydes Antocircnio dos Santos Filho E-mail ntre em contato

Sobre o textoTexto inserido no Jus Navigandi nordm1757 ($$ampElaorado e $$$

Informaccedilotildees bibliograacuteficas)onore a N+ -$$$$ da Associa0o +rasileira de Noras Tcnicas (A+NTamp2 este texto cient3ico 4ulicado e 4eridicoeletrocircnico deve ser citado da seguinte ora

SANT6S F8962 Euclydes Antocircnio dos 6 Su4reo Triunal Federal2 clulastronco e o in3cio davida huana Jus Navigandi2 Teresina2 ano 12 n 17572 ar $$ is4on3vel e

lthtt4==gtusuolcor=doutrina=textoas4id111 Acesso e ar $$

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sendo ruto de suas cren$as e valores

t mesmo a grea Catlica ue oe deende a sacralidade da vida umana desde suaconcep$o durante a maior parte de sua istria ou sea por cerca de 1900 anos pouca aten$odeu = uesto Em 1599 o apa isto 6ou ito7 H condenou o aorto = ecomuno Esta deciso

todavia oi revogada pelo apa regrio IH 615B0(15B17 retomando a grea = tradicional visode ue o aorto no era omicdio e assim no deveria ser penaliampada de tal orma ssim se agrea no aprovava o aorto pelo menos no o condenava omente com o apa io I 6194(19A97 a uesto oi retomada e a condena$o pela ecomuno outra veamp aplicada ltencione(seue ao ue tudo indica tal posi$o oi tomada muito mais pelo princpio da preven$o do ue poruma deini$o clara do momento em ue a alma era realmente receidaJ ou sea ao no se saer emue momento recee o omem sua alma melor prevenir e proteg+(la desde seu potencial incio-e acordo com annon e Kolter 6annon omas and Kolter llan 1BB0 elections onte ltoral tatus o te re(EmrDo ltheoloical tudies Holume 517 a atual doutrina da greaCatlica mantm a cren$a de ue no momento da ertiliampa$o com a orma$o do ampigoto ue umanova vida umana tem lugar e recee sua alma sto como ) airmado todavia relativamente

novo m eto no era considerado realmente uma pessoa e o aorto no era considerado omicdio pela grea Catlica at o inal do sculo II

literatura cientica contm um conunto astante rico de inorma$Ges ue pode ser e temsido utiliampado para determinar o eetivo incio da vida umana Heamos algumas delas

a)nicio da vida e ciclo vital

m ciclo como o prprio nome indica algo ue se repete continuamente No tem assimnem incio nem im anto o espermatoampide uanto o vulo so unidades de vida e sua usoapenas a perpetua ainda ue com caractersticas distintas de cada uma delas individualmente 8 uese orma uma vida dierente como so dierentes os indivduos em cada uma das etapas da vidam emrio dierente de uma crian$a ue dierente de um adolescente ue dierente de umadulto ltas so todos componentes de um ciclo contnuo ssim nem a unio dos gametas nemualuer outra ase do ciclo pode ser denominada de incio da vida Esta uesto so tal ptica na verdade irrelevante vida um processo contnuo e ualuer um dos pontos utiliampados paramarcar suas ases tais como o implante no tero ou o aparecimento de ondas eletroencealogr)icasso meras tentativas de categoriampar os eventos e acilitar seu estudo no tendo ualuer signiicadona deini$o do momento em ue a vida realmente se inicia

b)A fertilizaccedilatildeo

ertiliampa$o um dos eventos ue tem sido mais utiliampados para marcar o incio da vidaumana particularmente auele em ue os cromossomos oriundos do vulo e do espermatoampidecolocam(se lado a lado 6pareamento7 e do origem a uma clula dita diplide com caractersticasnicas

8 primeiro prolema advm do ato de ue a ertiliampa$o no um momento mas umaseM+ncia de eventos ue pode durar v)rias oras 6geralmente de 12 a 24 7 ssim diamper ue a vidacome$a na ertiliampa$o no resolve a uesto ) ue ertiliampa$o ao contr)rio do ue muitosacreditam no um nico momento

m segundo prolema advm do denominado gtargumento dos g+meosgt ps a orma$odo ampigoto por um perodo de at 2 semanas aproimadamente as clulas ue se ormam seguindo aertiliampa$o podem se separar ormando g+meos trig+meos uadrig+meos etc ssim at passar o

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perodo em ue a orma$o de g+meos sea possvel no se pode diamper ue o ampigoto eistente seaum indivduoJ na realidade o processo de individualiampa$o no se encerra at ue a possiilidade daorma$o de g+meos desapare$a totalmente

uesto ao contr)rio do ue possa parecer no tem rela$o com a individualidade

gentica pois cad)veres tecidos isolados rgos para transplante etc goampam de asolutaindividualidade gentica ssim no pode ser este o ato ue determina o incio da vida umanalm disso identidade gentica pode ser compartilada por v)rios indivduos como os g+meosunivitelinos o ue no os aamp perder suas individualidades umanas

c)A astrulaccedilatildeo

-epois da ertiliampa$o a clula ento ormada come$a a sorer um conunto de divisGesdando origem a um nmero crescente delas medida em ue aumenta o nmero de clulastamm se inicia um processo de dierencia$o ou sea as clulas passam a ) no ser eatamentetodas iguais -epois de passadas cerca de 2 semanas as clulas podem ser divididas em duas

grandes categorias ectoderma e endoderma seguindo(se a orma$o de uma terceira o mesodermaais grupos de clulas so denominados de oletos emrion)rios o estes oletos ue daroorigem aos dierentes tecidos do corpo umano tais como msculos pele tecido nervoso etc Otamm por volta desta ase ue o emrio se ia no tero materno

ara v)rios pesuisadores apenas nesta ase aps passado o perodo de possvel orma$ode g+meos ue a verdadeira individualidade do emrio se apresenta s propriedades )sicas uegovernaro o emrio e conduampiro = orma$o de seus distintos rgos e tecidos no esto

presentes at esta ase e apenas durante ela perdem as clulas presentes a capacidade de gerarnovos indivduos ssim apenas durante esta ase ue se completa a gtindividualiampa$ogt emosaui sem dvida um novo indivduo

P) uem argumente no sem certa raampo ue a uesto mais importante no ser ou noser um indivduo do ponto de vista iolgico +meos univitelinos como ) mencionamos no soindivduos do ponto de vista gentico so clones naturais verdadeiros mas cada um tem uma

personalidade e umanidade nicas uesto assim ser ou no ser umano o ue aordaremosmais adiante

c 9 --D

-urante o desenvolvimento emrion)rio por volta de 24(2A semanas aps a ertiliampa$o )

se capaamp de registrar pela primeiras veamp um eletroencealograma 6EE7 do emrio o uesigniica a inuestion)vel eist+ncia de um sistema nervoso uncional 6ainda ue nonecessariamente completo7

O de conecimento geral ue modernamente tem se utiliampado a morte cereral determinada pelo EE como critrio de morte permitindo assim a retirada inclusive de tecidos vivos paratransplantes

8 argumento aui portanto astante simples e o EE utiliampado como critrio de vidae morte no adulto tamm deveria ser empregado no emrio ou sea at ue suram eetivamenteas ondas cererais tal emrio esta destitudo da verdadeira vida umana

Eistem diversos outros critrios e momentos no desenvolvimento emrion)rio ue poderiam ser utiliampados para demarcar o incio da vida umana tais como o incio dos atimentos

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cardacos 6a parada cardaca oi por longo tempo utiliampada como critrio de morte7 ou o surgimentodos primeiros circuitos neuronais 8 prolema central todavia permanece ual sea so todos

pontos aritr)rios num ciclo contnuo de desenvolvimento verdade porm uma s do ponto

de vista praacutetico a vida humana teraacute iniacutecio no ponto em que a sociedade assim o decidir suainterrup$o prematura ou no poder) ser eetuada uando e como esta sociedade desear No )

eetivamente critrios cienticos ue permitam determin)(lo e por uma nica raampo ele no eiste

O que eacute vida humana

8 ue signiica ser humanoQ Este nos parece um aspecto central do prolema Ruando ue um gtembriatildeo de ser humanogt para utiliampar as palavras do ltin Dres ritto aduire suaumanidadeQ

er) ue ser gtumanogt signiica apenas ter cromossomos ou -N umanoQ 8u pertencer a

espcie umanaQ

Claramente ue no e assim o or temos ue rever nossas posi$Ges uanto a possiilidadede congelamento de tecidos ou de manter clulas em culturaJ ainal todos t+m cromossomos e-N umanos odos pertencem = espcie umana ertencer = espcie umana no a nicacondi$o necess)ria para ue algum sea realmente dotado de umanidade

Ruando nos reerimos a gtumanogt vamos alm de caractersticas iolgicas O a ue domeu ponto de vista particular reside o maior prolema deste deate Ruerer derivar princpiosmorais ou deinir direitos a partir de caractersticas iolgicas pode conduampir = distor$Gesinaceit)veis ssim como eu posso usar o momento da ertiliampa$o da gastrula$o do aparecimentodo EE ou o nascimento 6como o aamp o ltin Dres ritto7 para determinar uem tem ou no gtvidaumanagt outros podem empregar a cor da pele 6ou dos caelos7 o tamano da orela ou aailidade de tocar um instrumento musical para conceder ou negar direitos individuais concesso de direitos particularmente direitos morais deve portanto assentar(se sore outras

ases uer diamper sore ases morais

or ue ento seria errado matar um ser umanoQ Em primeiro lugar devemos lemrar uematar um ser umano do ponto de vista moral e mesmo legal pode no ser errado prprialegisla$o rasileira prev+ situa$Ges em ue matar algum pode ser pereitamente ustiic)vel taiscomo a legtima deesa ou o estado de necessidade ssim no se pode de orma irrestrita diamper

ue errado matar outro ser umano pois eistem situa$Ges em ue a prpria sociedade consideratal ato pereitamente ustiic)vel

or outro lado se no tivssemos ualuer motivo para matar a no ser o deseo de aamp+(loento isto seria evidentemente considerado errado O errado matar outro ser umano para a puragratiica$o dauele ue mata ou por motivos considerados teis e inustiic)veis pelo conunto dasociedade

orm se eistirem motivos ue ustiiuem a morte causada tais como a legtima deesaou o estado de necessidade ento a tica se modiica

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Conclusotildees

ortanto parece(nos euivocado o oco da uesto assim como tem sido colocada nodeate ue se trava no seio do F e da sociedade rasileiras acerca do momento em ue se inicia avida umana e se possvel utiliampar emriGes invi)veis congelados para oten$o de clulas(tronco

para ins terap+uticos e de pesuisa cientica O como uma verdadeira cortina de uma$a uestonos parece so este ponto de vista muito mais simples ual sea se a sociedade rasileira ulgar ustiic)vel utiliampar emriGes congelados para oten$o de clulas(tronco emrion)rias tal como previsto na lei assim como considerou ustiic)vel matar outro ser umano em legtima deesa poreemplo ento no ) ualuer impedimento moral em ue isto assim o sea or outro lado se asociedade considerar inustiic)vel tal utiliampa$o assim como considera o estaelecimento da penade morte em nosso pas ento necess)rio ue se declare a inconstitucionalidade do art 5 da Lei deiosseguran$a O evidente ue isto no pode ser eito sem proundas releGes acerca do impacto econseM+ncias destas medidas sem ue se relita sore todo o conunto de cren$as e valores ue

permeiam a sociedade Contudo do ponto de vista pragm)tico a situa$o clara ser) comodesearmos ue sea

iologia pode esclarecer aspectos importantes da uesto mas no pode resolv+(la solu$o est) dentro de cada um de ns em nossos conceitos de certo ou errado usto ou inustomoral ou imoral ais aspectos so individuais e incorruptveis so rutos de nossas cren$as eviv+nciasJ em resumo dauilo ue eetivamente somos

Sobre o autor

Euclydes Antocircnio dos Santos Filho E-mail ntre em contato

Sobre o textoTexto inserido no Jus Navigandi nordm1757 ($$ampElaorado e $$$

Informaccedilotildees bibliograacuteficas)onore a N+ -$$$$ da Associa0o +rasileira de Noras Tcnicas (A+NTamp2 este texto cient3ico 4ulicado e 4eridicoeletrocircnico deve ser citado da seguinte ora

SANT6S F8962 Euclydes Antocircnio dos 6 Su4reo Triunal Federal2 clulastronco e o in3cio davida huana Jus Navigandi2 Teresina2 ano 12 n 17572 ar $$ is4on3vel e

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perodo em ue a orma$o de g+meos sea possvel no se pode diamper ue o ampigoto eistente seaum indivduoJ na realidade o processo de individualiampa$o no se encerra at ue a possiilidade daorma$o de g+meos desapare$a totalmente

uesto ao contr)rio do ue possa parecer no tem rela$o com a individualidade

gentica pois cad)veres tecidos isolados rgos para transplante etc goampam de asolutaindividualidade gentica ssim no pode ser este o ato ue determina o incio da vida umanalm disso identidade gentica pode ser compartilada por v)rios indivduos como os g+meosunivitelinos o ue no os aamp perder suas individualidades umanas

c)A astrulaccedilatildeo

-epois da ertiliampa$o a clula ento ormada come$a a sorer um conunto de divisGesdando origem a um nmero crescente delas medida em ue aumenta o nmero de clulastamm se inicia um processo de dierencia$o ou sea as clulas passam a ) no ser eatamentetodas iguais -epois de passadas cerca de 2 semanas as clulas podem ser divididas em duas

grandes categorias ectoderma e endoderma seguindo(se a orma$o de uma terceira o mesodermaais grupos de clulas so denominados de oletos emrion)rios o estes oletos ue daroorigem aos dierentes tecidos do corpo umano tais como msculos pele tecido nervoso etc Otamm por volta desta ase ue o emrio se ia no tero materno

ara v)rios pesuisadores apenas nesta ase aps passado o perodo de possvel orma$ode g+meos ue a verdadeira individualidade do emrio se apresenta s propriedades )sicas uegovernaro o emrio e conduampiro = orma$o de seus distintos rgos e tecidos no esto

presentes at esta ase e apenas durante ela perdem as clulas presentes a capacidade de gerarnovos indivduos ssim apenas durante esta ase ue se completa a gtindividualiampa$ogt emosaui sem dvida um novo indivduo

P) uem argumente no sem certa raampo ue a uesto mais importante no ser ou noser um indivduo do ponto de vista iolgico +meos univitelinos como ) mencionamos no soindivduos do ponto de vista gentico so clones naturais verdadeiros mas cada um tem uma

personalidade e umanidade nicas uesto assim ser ou no ser umano o ue aordaremosmais adiante

c 9 --D

-urante o desenvolvimento emrion)rio por volta de 24(2A semanas aps a ertiliampa$o )

se capaamp de registrar pela primeiras veamp um eletroencealograma 6EE7 do emrio o uesigniica a inuestion)vel eist+ncia de um sistema nervoso uncional 6ainda ue nonecessariamente completo7

O de conecimento geral ue modernamente tem se utiliampado a morte cereral determinada pelo EE como critrio de morte permitindo assim a retirada inclusive de tecidos vivos paratransplantes

8 argumento aui portanto astante simples e o EE utiliampado como critrio de vidae morte no adulto tamm deveria ser empregado no emrio ou sea at ue suram eetivamenteas ondas cererais tal emrio esta destitudo da verdadeira vida umana

Eistem diversos outros critrios e momentos no desenvolvimento emrion)rio ue poderiam ser utiliampados para demarcar o incio da vida umana tais como o incio dos atimentos

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cardacos 6a parada cardaca oi por longo tempo utiliampada como critrio de morte7 ou o surgimentodos primeiros circuitos neuronais 8 prolema central todavia permanece ual sea so todos

pontos aritr)rios num ciclo contnuo de desenvolvimento verdade porm uma s do ponto

de vista praacutetico a vida humana teraacute iniacutecio no ponto em que a sociedade assim o decidir suainterrup$o prematura ou no poder) ser eetuada uando e como esta sociedade desear No )

eetivamente critrios cienticos ue permitam determin)(lo e por uma nica raampo ele no eiste

O que eacute vida humana

8 ue signiica ser humanoQ Este nos parece um aspecto central do prolema Ruando ue um gtembriatildeo de ser humanogt para utiliampar as palavras do ltin Dres ritto aduire suaumanidadeQ

er) ue ser gtumanogt signiica apenas ter cromossomos ou -N umanoQ 8u pertencer a

espcie umanaQ

Claramente ue no e assim o or temos ue rever nossas posi$Ges uanto a possiilidadede congelamento de tecidos ou de manter clulas em culturaJ ainal todos t+m cromossomos e-N umanos odos pertencem = espcie umana ertencer = espcie umana no a nicacondi$o necess)ria para ue algum sea realmente dotado de umanidade

Ruando nos reerimos a gtumanogt vamos alm de caractersticas iolgicas O a ue domeu ponto de vista particular reside o maior prolema deste deate Ruerer derivar princpiosmorais ou deinir direitos a partir de caractersticas iolgicas pode conduampir = distor$Gesinaceit)veis ssim como eu posso usar o momento da ertiliampa$o da gastrula$o do aparecimentodo EE ou o nascimento 6como o aamp o ltin Dres ritto7 para determinar uem tem ou no gtvidaumanagt outros podem empregar a cor da pele 6ou dos caelos7 o tamano da orela ou aailidade de tocar um instrumento musical para conceder ou negar direitos individuais concesso de direitos particularmente direitos morais deve portanto assentar(se sore outras

ases uer diamper sore ases morais

or ue ento seria errado matar um ser umanoQ Em primeiro lugar devemos lemrar uematar um ser umano do ponto de vista moral e mesmo legal pode no ser errado prprialegisla$o rasileira prev+ situa$Ges em ue matar algum pode ser pereitamente ustiic)vel taiscomo a legtima deesa ou o estado de necessidade ssim no se pode de orma irrestrita diamper

ue errado matar outro ser umano pois eistem situa$Ges em ue a prpria sociedade consideratal ato pereitamente ustiic)vel

or outro lado se no tivssemos ualuer motivo para matar a no ser o deseo de aamp+(loento isto seria evidentemente considerado errado O errado matar outro ser umano para a puragratiica$o dauele ue mata ou por motivos considerados teis e inustiic)veis pelo conunto dasociedade

orm se eistirem motivos ue ustiiuem a morte causada tais como a legtima deesaou o estado de necessidade ento a tica se modiica

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Conclusotildees

ortanto parece(nos euivocado o oco da uesto assim como tem sido colocada nodeate ue se trava no seio do F e da sociedade rasileiras acerca do momento em ue se inicia avida umana e se possvel utiliampar emriGes invi)veis congelados para oten$o de clulas(tronco

para ins terap+uticos e de pesuisa cientica O como uma verdadeira cortina de uma$a uestonos parece so este ponto de vista muito mais simples ual sea se a sociedade rasileira ulgar ustiic)vel utiliampar emriGes congelados para oten$o de clulas(tronco emrion)rias tal como previsto na lei assim como considerou ustiic)vel matar outro ser umano em legtima deesa poreemplo ento no ) ualuer impedimento moral em ue isto assim o sea or outro lado se asociedade considerar inustiic)vel tal utiliampa$o assim como considera o estaelecimento da penade morte em nosso pas ento necess)rio ue se declare a inconstitucionalidade do art 5 da Lei deiosseguran$a O evidente ue isto no pode ser eito sem proundas releGes acerca do impacto econseM+ncias destas medidas sem ue se relita sore todo o conunto de cren$as e valores ue

permeiam a sociedade Contudo do ponto de vista pragm)tico a situa$o clara ser) comodesearmos ue sea

iologia pode esclarecer aspectos importantes da uesto mas no pode resolv+(la solu$o est) dentro de cada um de ns em nossos conceitos de certo ou errado usto ou inustomoral ou imoral ais aspectos so individuais e incorruptveis so rutos de nossas cren$as eviv+nciasJ em resumo dauilo ue eetivamente somos

Sobre o autor

Euclydes Antocircnio dos Santos Filho E-mail ntre em contato

Sobre o textoTexto inserido no Jus Navigandi nordm1757 ($$ampElaorado e $$$

Informaccedilotildees bibliograacuteficas)onore a N+ -$$$$ da Associa0o +rasileira de Noras Tcnicas (A+NTamp2 este texto cient3ico 4ulicado e 4eridicoeletrocircnico deve ser citado da seguinte ora

SANT6S F8962 Euclydes Antocircnio dos 6 Su4reo Triunal Federal2 clulastronco e o in3cio davida huana Jus Navigandi2 Teresina2 ano 12 n 17572 ar $$ is4on3vel e

lthtt4==gtusuolcor=doutrina=textoas4id111 Acesso e ar $$

Page 8: Euclydes Filho - O STF e as Células-Tronco

7252019 Euclydes Filho - O STF e as Ceacutelulas-Tronco

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cardacos 6a parada cardaca oi por longo tempo utiliampada como critrio de morte7 ou o surgimentodos primeiros circuitos neuronais 8 prolema central todavia permanece ual sea so todos

pontos aritr)rios num ciclo contnuo de desenvolvimento verdade porm uma s do ponto

de vista praacutetico a vida humana teraacute iniacutecio no ponto em que a sociedade assim o decidir suainterrup$o prematura ou no poder) ser eetuada uando e como esta sociedade desear No )

eetivamente critrios cienticos ue permitam determin)(lo e por uma nica raampo ele no eiste

O que eacute vida humana

8 ue signiica ser humanoQ Este nos parece um aspecto central do prolema Ruando ue um gtembriatildeo de ser humanogt para utiliampar as palavras do ltin Dres ritto aduire suaumanidadeQ

er) ue ser gtumanogt signiica apenas ter cromossomos ou -N umanoQ 8u pertencer a

espcie umanaQ

Claramente ue no e assim o or temos ue rever nossas posi$Ges uanto a possiilidadede congelamento de tecidos ou de manter clulas em culturaJ ainal todos t+m cromossomos e-N umanos odos pertencem = espcie umana ertencer = espcie umana no a nicacondi$o necess)ria para ue algum sea realmente dotado de umanidade

Ruando nos reerimos a gtumanogt vamos alm de caractersticas iolgicas O a ue domeu ponto de vista particular reside o maior prolema deste deate Ruerer derivar princpiosmorais ou deinir direitos a partir de caractersticas iolgicas pode conduampir = distor$Gesinaceit)veis ssim como eu posso usar o momento da ertiliampa$o da gastrula$o do aparecimentodo EE ou o nascimento 6como o aamp o ltin Dres ritto7 para determinar uem tem ou no gtvidaumanagt outros podem empregar a cor da pele 6ou dos caelos7 o tamano da orela ou aailidade de tocar um instrumento musical para conceder ou negar direitos individuais concesso de direitos particularmente direitos morais deve portanto assentar(se sore outras

ases uer diamper sore ases morais

or ue ento seria errado matar um ser umanoQ Em primeiro lugar devemos lemrar uematar um ser umano do ponto de vista moral e mesmo legal pode no ser errado prprialegisla$o rasileira prev+ situa$Ges em ue matar algum pode ser pereitamente ustiic)vel taiscomo a legtima deesa ou o estado de necessidade ssim no se pode de orma irrestrita diamper

ue errado matar outro ser umano pois eistem situa$Ges em ue a prpria sociedade consideratal ato pereitamente ustiic)vel

or outro lado se no tivssemos ualuer motivo para matar a no ser o deseo de aamp+(loento isto seria evidentemente considerado errado O errado matar outro ser umano para a puragratiica$o dauele ue mata ou por motivos considerados teis e inustiic)veis pelo conunto dasociedade

orm se eistirem motivos ue ustiiuem a morte causada tais como a legtima deesaou o estado de necessidade ento a tica se modiica

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Conclusotildees

ortanto parece(nos euivocado o oco da uesto assim como tem sido colocada nodeate ue se trava no seio do F e da sociedade rasileiras acerca do momento em ue se inicia avida umana e se possvel utiliampar emriGes invi)veis congelados para oten$o de clulas(tronco

para ins terap+uticos e de pesuisa cientica O como uma verdadeira cortina de uma$a uestonos parece so este ponto de vista muito mais simples ual sea se a sociedade rasileira ulgar ustiic)vel utiliampar emriGes congelados para oten$o de clulas(tronco emrion)rias tal como previsto na lei assim como considerou ustiic)vel matar outro ser umano em legtima deesa poreemplo ento no ) ualuer impedimento moral em ue isto assim o sea or outro lado se asociedade considerar inustiic)vel tal utiliampa$o assim como considera o estaelecimento da penade morte em nosso pas ento necess)rio ue se declare a inconstitucionalidade do art 5 da Lei deiosseguran$a O evidente ue isto no pode ser eito sem proundas releGes acerca do impacto econseM+ncias destas medidas sem ue se relita sore todo o conunto de cren$as e valores ue

permeiam a sociedade Contudo do ponto de vista pragm)tico a situa$o clara ser) comodesearmos ue sea

iologia pode esclarecer aspectos importantes da uesto mas no pode resolv+(la solu$o est) dentro de cada um de ns em nossos conceitos de certo ou errado usto ou inustomoral ou imoral ais aspectos so individuais e incorruptveis so rutos de nossas cren$as eviv+nciasJ em resumo dauilo ue eetivamente somos

Sobre o autor

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SANT6S F8962 Euclydes Antocircnio dos 6 Su4reo Triunal Federal2 clulastronco e o in3cio davida huana Jus Navigandi2 Teresina2 ano 12 n 17572 ar $$ is4on3vel e

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ortanto parece(nos euivocado o oco da uesto assim como tem sido colocada nodeate ue se trava no seio do F e da sociedade rasileiras acerca do momento em ue se inicia avida umana e se possvel utiliampar emriGes invi)veis congelados para oten$o de clulas(tronco

para ins terap+uticos e de pesuisa cientica O como uma verdadeira cortina de uma$a uestonos parece so este ponto de vista muito mais simples ual sea se a sociedade rasileira ulgar ustiic)vel utiliampar emriGes congelados para oten$o de clulas(tronco emrion)rias tal como previsto na lei assim como considerou ustiic)vel matar outro ser umano em legtima deesa poreemplo ento no ) ualuer impedimento moral em ue isto assim o sea or outro lado se asociedade considerar inustiic)vel tal utiliampa$o assim como considera o estaelecimento da penade morte em nosso pas ento necess)rio ue se declare a inconstitucionalidade do art 5 da Lei deiosseguran$a O evidente ue isto no pode ser eito sem proundas releGes acerca do impacto econseM+ncias destas medidas sem ue se relita sore todo o conunto de cren$as e valores ue

permeiam a sociedade Contudo do ponto de vista pragm)tico a situa$o clara ser) comodesearmos ue sea

iologia pode esclarecer aspectos importantes da uesto mas no pode resolv+(la solu$o est) dentro de cada um de ns em nossos conceitos de certo ou errado usto ou inustomoral ou imoral ais aspectos so individuais e incorruptveis so rutos de nossas cren$as eviv+nciasJ em resumo dauilo ue eetivamente somos

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