euclides da cunha e o fazer antropolÓgico · derrota de canudos tornou-se para o exército e para...
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Professor: Elson Junior
Santo Antônio de Pádua, agosto de 2017
EUCLIDES DA CUNHA E
O FAZER
ANTROPOLÓGICO
O AUTOR
• 1886-1909.
• Engenheiro, sociólogo, jornalista e historiador.
Até a Campanha de Canudos, Euclides da Cunha foi
um defensor incondicional do novo regime.
• Chegou a Canudos em 1897, como repórter do
jornal O Estado de S. Paulo.
Contexto da obra
• Em 1896, no sertão da Bahia, teve início um dos
acontecimentos mais impressionantes e sangrentos
de toda a história do Brasil: a Campanha de
Canudos.
• Quatro expedições foram enviadas durante um
ano contra mais de vinte mil habitantes da região:
índios, mulatos, caboclos, pretos... sertanejos
dirigidos pelo beato Antônio Conselheiro e munidos
apenas de paus, pedras e armas rústicas.
• A resistência do sertanejo assombrava o país, e a
derrota de Canudos tornou-se para o Exército e para
a República uma questão de honra nacional.
O desconhecido sertão
• Até o início da guerra, as elites do litoral e do sul
ignoravam o que fosse o sertão: uma estranha pátria
sem dono, abandonada pelas leis e instituições,
vivendo sob o jugo da terra e dos latifundiários.
• Para compreender a revolta era necessário que o
sertão viesse à tona, numa nova tradução.
• Foi essa a grande proeza do jornalista e
engenheiro militar Euclides da Cunha, ao publicar
seu livro "Os Sertões", em 1902. Uma obra
contundente, que destruía o sonho brasileiro da
república e da civilização branca europeizada.
• Em Canudos, ao acompanhar a luta de perto,
Euclides da Cunha percebeu que a guerra tinha
como razões aparentes o fanatismo religioso.
Suas razões profundas eram o latifúndio, o
coronelismo, a servidão, o isolamento cultural e a
dureza do meio.
• Foi o primeiro escritor brasileiro a diagnosticar o
subdesenvolvimento do Brasil, referindo-se à
existência de dois países contraditórios: o do litoral e
o do sertão.
• Canudos resultou do confronto entre esses dois
Brasis, distintos entre si no espaço e no tempo, pelo
atraso de séculos em que vivia a sociedade rural.
A obra
• 1902.
• Divido em “A terra”, “O homem” e “A luta”.
• Mostrou que todos os reveses sertanejos estão
ligados à terra, desde a opressão semifeudal do
latifúndio até a ignorância e o isolamento a que esta
parte do Brasil sempre esteve condenada. E
evidenciou que nada supera a principal calamidade
do sertão: a seca.
• É obra científica e artística
Adere ao determinismo geográfico, ao esquema do
evolucionismo racial e à crença na inferioridade do
negro.
• Condena a mestiçagem.
O sertanejo
"O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o
raquitismo exaustivo dos mestiços do litoral. A sua
aparência, entretanto, no primeiro lance de vista,
revela o contrário(...). É desgracioso,
desengonçado, torto. Hércules-Quasimodo (...) é o
homem permanentemente fatigado (...) Entretanto,
toda essa aparência de cansaço ilude (...) No revés
o homem transfigura-se . (...) e da figura vulgar do
tabaréu canhestro reponta, inesperadamente, o
aspecto dominador de um titã acobreado e potente,
num desdobramento surpreendente de força e
agilidade extraordinárias."
• Analisa o sertanejo como um produto do meio, da
raça e da história.
• Ao tentar compreender a psicologia do sertanejo,
Euclides da Cunha fez um ensaio revelador sobre a
formação do homem brasileiro.
• Desmistificou o pensamento vigente entre as elites
do período, de que somente os brancos de origem
europeia eram legítimos representantes da nação.
• Mostrou que não existe no país raça branca pura,
mas uma infinidade de combinações multirraciais.
• Afirmava que a mestiçagem enfraquecia o
indivíduo e implicava uma perda de identidade - um
problema para a concepção de nação.
• Para ele, o mestiço do litoral é degenerado e o
sertanejo, retrógrado. No caso do sertão, porém,
considerou que só esse mestiço se adaptaria à
região.
• “sub-raça sertaneja”
• No sertão, a mistura de raças deu-se mais
entre brancos e índios.
• O jesuíta, o vaqueiro e o bandeirante foram
os primeiros habitantes brancos que migraram
para a região.
• Deram origem aos tipos populares que
compõem o sertão: o beato, o cangaceiro e o
jagunço.
• “Porque ali ficaram, inteiramente divorciados do
resto do Brasil e do mundo, murados a leste pela
Serra Geral, tolhidos no ocidente pelos amplos
campos gerais, que se desatam para o Piauí e que
ainda hoje o sertanejo acredita sem fins. O meio
atraía-o e guardava-os.”
• O sertanejo: um mestiço favorecido pelo
isolamento.
• “É um retrógrado; não é um degenerado”
"O abandono em que jazeram teve função benéfica.
Libertou-os da adaptação penosíssima a um estádio
social superior, e simultaneamente, evitou que
descambassem para as aberrações e vícios dos
meios adiantados”
• Político:
República x Monarquia
• Perspectiva Cultural:
Progresso e Civilização x Atraso e barbárie
• Socioeconômico:
Urbano e pré-industrial x Agrário-feudal
• Geográfico:
Litoral x Sertão
Racial:
Raça branca dominante x Mestiçagem (sub-raça)
Filosófico:
Razão e ciência x Misticismo e fanatismo religioso
• Demonstrou que a Campanha de Canudos foi
absurda, pois a população não era monarquista,
como o exército acreditava.
• Morreram ao todo mais de 25 mil pessoas,
culminando com a destruição total da povoação.
Significado da obra
• É a primeira obra a lançar o modelo dos “dois
brasis”: um litorâneo e outro interiorano.
• Ideia de que a compreensão de cada uma dessas
partes permitiria a compreensão do país como um
todo:
cidades litorâneas = polos de desenvolvimento
político e econômico
interior = condições de atraso econômico que
subjugavam suas populações à fome e à miséria.
• Euclides da Cunha não encontra o tipo brasileiro,
que segundo ele próprio talvez nem exista, mas
estabelece um símbolo da nacionalidade, símbolo
que podia se prestar "a operar como um eixo sólido
que centrasse, dirigisse e organizasse as reflexões
desnorteadas sobre a realidade
nacional."(SEVCENKO, 1981: 106).
• “A nação brasileira é o resultado de uma angústia
racial”.