etnografias urbanas cultura e cidade de dentro e de perto - cibele saliba rizek

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19 ensaios A pesquisa etnográfica, que busca compreender as práticas e a experiência da cidade em sua mul- tiplicidade, tem como um de seus lugares privile- giados a investigação sobre a produção cultural em sua enorme multiplicidade, que ganha, em especial nesse momento de transformações da materialidade e do ordenamento urbano, bem como das formas de resistência e de conflito, con- tornos mais ou menos nítidos, mais ou menos borrados. Cidade e produção cultural articuladas podem apontar eixos de elaboração e expressão simbólica, lugares de disputa de significados e sentidos, mais do que expressão ou rebatimento de um suposto “real”, simplesmente espelhado, quer como reflexo quer como ilusão. Dessa pers- pectiva, perscrutar as várias dimensões de um fa- zer, de um conjunto de práticas, de um conjunto de relações é muito mais do que compreender apenas (apenas?) representações. Ainda assim, é preciso também apreender, pesquisar, coletar ETNOGRAFIAS URBANAS cultura e cidade de dentro e de perto Cibele Saliba Rizek Socióloga, professora PPG Arquitetura e Urbanismo do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo/USP São Carlos e pesquisadora CNPq

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Etnografias Urbanascultura e cidade de dentro e de perto -Cibele Saliba Rizek

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  • 19

    ensaios

    A pesquisa etnogrfica, que busca compreender

    as prticas e a experincia da cidade em sua mul-

    tiplicidade, tem como um de seus lugares privile-

    giados a investigao sobre a produo cultural

    em sua enorme multiplicidade, que ganha, em

    especial nesse momento de transformaes da

    materialidade e do ordenamento urbano, bem

    como das formas de resistncia e de conflito, con-

    tornos mais ou menos ntidos, mais ou menos

    borrados. Cidade e produo cultural articuladas

    podem apontar eixos de elaborao e expresso

    simblica, lugares de disputa de significados e

    sentidos, mais do que expresso ou rebatimento

    de um suposto real, simplesmente espelhado,

    quer como reflexo quer como iluso. Dessa pers-

    pectiva, perscrutar as vrias dimenses de um fa-

    zer, de um conjunto de prticas, de um conjunto

    de relaes muito mais do que compreender

    apenas (apenas?) representaes. Ainda assim,

    preciso tambm apreender, pesquisar, coletar

    Etnografias Urbanas cultura e cidade de dentro e de perto

    Cibele Saliba RizekSociloga, professora PPG Arquitetura e Urbanismo do Instituto de

    Arquitetura e Urbanismo da Universidade de So Paulo/USP So Carlos e pesquisadora CNPq

  • 20

    e interpretar representaes, dimenses simb-

    licas, expresses estticas que possam apontar

    consensos e dissensos, dimenses que permitam

    entrever vnculos e relaes entre esttica (apre-

    enso e percepo do mundo sensvel) e poltica,

    entrever formas de disputa em torno das leituras

    do mundo, da cidade, da produo esttica. Dessa

    perspectiva, possvel pensar a pesquisa etnogr-

    fica como um caminho frtil para compreender a

    produo o fazer, relaes, prticas, horizontes e

    modos de recepo das dimenses urbanas e de

    seus sentidos.

    Diante desses vnculos entre cidade e produo

    da cultura, para alm das evidncias mais ime-

    diatas, a perspectiva etnogrfica implica em uma

    reflexo sobre o lugar e a insero do prprio pes-

    quisador em campo, o estatuto da pesquisa de

    campo, das formas de observao em uma pala-

    vra as negociaes, o acesso e os modos de com-

    preender o que se passa na pesquisa de campo, o

    que acontece com a relao entre o pesquisador

    e aquilo que se construiu como alvo de conheci-

    mento, na relao entre o que se ilumina e o que

    permanece na sombra tanto do ponto de vista

    do olhar, quanto do ponto de vista da palavra, isto

    , das formas de enunciao das informaes, sen-

    tidos, prticas que se pde observar, de que de

    algum modo se pde participar.

    Dentro dessa perspectiva de elaborao das et-

    nografias e das etnografias urbanas em particular

    talvez seja necessrio pensar as relaes e os vn-

    culos que se estabelecem no trabalho de campo

    como forma de afetao que envolve o prprio

    pesquisador de modo bastante peculiar. por isso

    porque fui muitas vezes afetada e fortemente en-

    volvida na trama dessas relaes tanto do ponto

    de vista do observador como do ponto de vista

    pessoal, que acabei procurando referncias que

    me permitissem pensar a minha prpria prtica de

    pesquisa, as incurses etnogrficas, as relaes e o

    estatuto das prticas do trabalho de campo. Nesse

    sentido, a redescoberta do texto de J. Fevret-Saada

    (1977) permitiu fazer uma ponte entre a reflexo

    sobre essas prticas, sobre o lugar e os procedi-

    mentos da pesquisa etnogrfica sem cair no exer-

    ccio talvez excessivamente usual do que se

    pode identificar como uma autoetnografia.

    No mbito da pesquisa urbana, da pesquisa que

    busca aproximar a experincia urbana da preca-

    riedade e da pobreza e a produo cultural de co-

    letivos e grupos, mais do que as frequentes iden-

    tificaes com os informantes e suas prticas,

    preciso afirmar, com Fevret-Saada, que ser afetado

    no manter relaes de empatia, tampouco pra-

    ticar como o outro ou pelo outro as prticas que

    se quer analisar. Ao contrrio: exatamente por-

    que no estamos no lugar do outro que preciso

    representar ou imaginar como e o que significa

    estar naquele lugar. Dessa perspectiva, trata-se de

    uma distncia e no de uma aproximao. Ser afe-

    tado aceitar estar nesse lugar experimentando

    suas intensidades, modificando o prprio estoque

    de imagens prvias que os pesquisadores levam

    consigo ao campo de investigao. Por outro lado,

    claro que as imagens que para esse outro e s

    para ele esto associadas a essas intensidades

    escapam a um conjunto de modos verbais de co-

    municao.

    A partir desse reconhecimento, o texto sobre ser

    afetado de Jeanne Favret-Saada (2005) diz respei-

    to a intensidades e alteridades e responde a uma

    questo clssica que se repe nas dimenses con-

  • 21

    temporneas de pesquisa: como falar dos outros

    sem que se esteja falando de si mesmo? Se, em

    alguma medida, essa tarefa impossvel, por ou-

    tro lado, essa impossibilidade no pode se desdo-

    brar em um calar-se, em um silncio sobre o outro,

    sobre suas prticas e suas representaes. Entre a

    impossibilidade de apreenso e o silncio na boa

    distncia entre os dois, aproximando o outro dos

    seus afetos (e de certo modo tambm dos nossos)

    a etnografia parece provocar e recolocar a ques-

    to da separao entre pesquisa, pesquisador e

    objeto, bem como os processos de aproximao

    e tenso conceitual entre os procedimentos do in-

    vestigador dos procedimentos investigados.

    Dessa perspectiva, a etnografia como forma de

    pesquisa, como mtodo, um sistema de luga-

    res em contraste (e no em concordncia) com o

    sistema de lugares que conforma a cidade e seus

    habitantes: no primeiro a pesquisa etnogrfica

    uma certaatopiados enunciados (eles so ditos,

    mas procedem de lugar nenhum, e ningum, rigo-

    rosamente falando, os diz), no segundo, diferen-

    temente, h situaes de enunciao, do que de-

    corre uma tpica bastante estrita dos enunciados

    (o dito no outra coisa seno quem o diz, para

    quem o diz e o lugar a partir do qual dito). (BAR-

    BOSA NETO, 2012) Ou seja, quando ns, pesquisa-

    dores, descrevemos e analisamos, usamos muito

    frequentemente a figura de um sujeito indefinido

    do discurso, como se no estivssemos estado l,

    como se no tivssemos sido implicados no ato

    mesmo da pesquisa. Assim, a pesquisa sobre di-

    menses e prticas urbanas, a pesquisa sobre a

    produo da cultura, suas dimenses simblicas,

    econmicas e polticas, ou mesmo no caso da

    pesquisa de Fevret Saada, sobre a feitiaria pode-

    riam funcionar como uma possibilidade de crtica

    etnogrfica, isto , como um feitio sobre a pr-

    pria etnografia, e, logo, como uma das formas de

    contornar os seus impasses de apreenso, com-

    preenso, enunciao. Mas se de fato a possibili-

    dade de crtica etnogrfica pode ser colocada,

    porque, de outro modo, a criao etnogrfica no

    pode ser resumida a um problema de represen-

    tao. Ser afetado o nome que J. Favret-Saada

    (2005) escolheu para designar essa experincia de

    criao que escapa representao, uma experi-

    ncia que simultaneamente de campo e de tex-

    to, e, sobretudo, de sua sutil e delicada conexo.

    A elaborao do livro de J. F. Saada (1977), sua es-

    critura e publicao, se alongaram por 10 anos e

    esse tempo foi imprescindvel, j que apenas de-

    pois de praticamente um ano, aps a autora ter

    sido, ela prpria, diagnosticada como enfeitia-

    da, as pessoas envolvidas passaram a falar sobre

    feitiaria com franqueza, dirigindo-se a ela que

    afinal fazia parte daquilo a que se dedicava como

    pesquisadora. Precisamente por isso, o tempo de

    pesquisa intrnseco matria etnogrfica. Intei-

    ramente consagrado feitiaria, cuidadosamen-

    te descrita como um sistema de lugares, o livro

    contm uma reflexo profunda sobre a prpria

    maneira de descrever o tema de que trata. Talvez

    fosse necessrio fazer a mesma coisa com os te-

    mas da cidade a vilegiatura, o passeio, o percur-

    so, a periferia, as centralidades, a desigualdade, a

    festa e ainda, sobretudo, talvez fosse necessrio

    fazer o mesmo com a produo da cultura em sua

    multiplicidade de formas, mediaes e atores, em

    um mosaico de polticas e de financiamentos, em

    um caleidoscpio de linguagens e de manifesta-

    es e seus lugares do local ao mundializado,

    da espontaneidade e da memria, do rigorosa-

    mente institucional, das prticas que conferem

  • 22

    e disputam sentido da cidade, da desigualdade,

    da condio dos prprios produtores, quelas

    que se destinam a gerir e a acomodar pobreza e

    desigualdades. Retomando J. Fevret-Saada, se a

    etnografia da feitiaria tambm uma medita-

    o feiticeira sobre a etnografia, a etnografia das

    cidades e do lugar e da produo da cultura nas

    cenas urbanas do presente, tambm poderia ser

    um modo de urbanizar a pesquisa etnogrfica e

    seus modos de conceituar a relao entre objeto

    e produo do conhecimento. Dessa perspectiva,

    o lugar do pesquisador pode e deve ser interroga-

    do para alm de um discurso em terceira pessoa,

    como sujeito indefinido, como se no estivesse na

    cena que descreve.

    Numa descrio etnogrfica nos moldes tradi-

    cionais o etngrafo aparece ou antes no apare-

    ce como sujeito indefinido fala-se, v-se. Mas

    preciso lembrar, a partir de um conjunto nada

    desprezvel de reflexes sobre a linguagem que a

    fala no est fora do conflito e da tenso e que

    preciso pensar quem v e como v, j que o olho

    , na maior parte das vezes, o olho da tradio. Ou

    seja, antes mesmo de pronunciar uma s palavra

    o etngrafo est inscrito em um campo de rela-

    es de fora. Isso fica claro quando se estuda a

    feitiaria, mas tambm fica claro quando se quer

    apreender situaes urbanas; fica claro ainda no

    quadro das polticas e programas de cultura, na

    apreenso por vezes difcil de formas de financia-

    mento e dos sujeitos frequentemente em litgio

    que produzem filmes, grafitti, cinema e vdeo, m-

    sica e dana, que produzem cultura dentro e fora

    de programas e polticas.

    porque a fala uma guerra (BARBOSA NETO,

    2012) que as informaes sobre a feitiaria mas

    tambm sobre as prticas e representaes, sobre

    as imagens da cidade e sobre os sentidos da ex-

    perincia tm a particularidade de no serem

    propriamente informaes. A fala um lugar e

    quem o ocupa.Da porque falar sobre a feitiaria e

    tambm sobre as prticas e os lugares da cidade e

    suas relaes com a produo da cultura sempre

    perigoso.Nesse contexto, a pesquisa etnogrfica e

    sua narrativa uma prtica que diz respeito a um

    sujeito em meio a outros sujeitos e sua fala, assim

    como a de seus informantes, submetida s mes-

    mas foras ou intensidades. Ou seja, sem o reco-

    nhecimento de um lugar aquele que o pesquisa-

    dor ocupa em campo e na escritura, na descrio

    daquilo que foi possvel apreender e conhecer, o

    estatuto mesmo da observao acaba sendo pos-

    to em xeque porque, nesse sistema de lugares, no

    h lugar para o que no tem lugar nenhum. No

    h posio neutra da palavra [...] quem quer que

    fale est em guerra e o etngrafo no uma ex-

    ceo. (Desse modo) no h lugar para um obser-

    vador no engajado. (FEVRET-SAADA, 1977, p. 27,

    traduo nossa)1

    Assim, na pesquisa etnogrfica sobre a produo

    cultural, a ideia de um saber intransitivo, de um sa-

    ber que contenha no prprio ato da pesquisa e da

    escritura sua razo de existir, no se sustenta, no

    consegue ter relevncia nas dimenses da obser-

    vao, compreenso, descrio e anlise nem da

    feitiaria de Fevret- Saada, nem dos espetculos

    do Dolores Mecatrnica, nem das canes que

    inventam e interpretam os sujeitos perifricos,

    nem das ocupaes e disputas por espao do Cine

    Campinho, nem das cantigas de infncia das mu-

    lheres das Trs Marias de Cidade Tiradentes no

    espao do coletivo Pombas Urbanas.2 V-se que

    a produo e frequentemente o litgio de signifi-

  • 23

    cados sobre a qual se fundam parte significativa

    dessas prticas no pode ser apagado nem tam-

    pouco apagar o pesquisador e o lugar que ocupa

    na investigao e na busca de descrio e com-

    preenso. Nesse caso silncio e denegao s po-

    dem comprometer o resultado da pesquisa. Para

    alm dessas dimenses mais imediatas, tambm

    preciso pensar a produo da cultura no caso da

    minha pesquisa em particular3 na cidade, como

    lugar do evento, das prticas e da experincia cujo

    sentido se manifesta ou se disputa.

    Ainda sobre as dimenses de pesquisa talvez seja

    interessante refletir sobre um outro procedimen-

    to etnogrfico os registros de pesquisa porque

    eles nos lembram que os enunciados etnogrficos

    trazem consigo uma situao no etnogrfica de

    enunciao. Fevret-Saada avisava que o dirio que

    escrevia cotidianamente em campo era o que lhe

    permitia imaginar, ainda que no sem hesitaes,

    que tudo aquilo que acontecia com ela poderia al-

    gum dia virar outra coisa. [...] Dividia meu tempo

    entre as entrevistas e a redao dessas notas: tinha

    como regra a inscrever menos meus estados de

    esprito do que o discurso nativo e seus silncios,

    lapsos, voltas e reviravoltas, cortes, etc. (FEVRET-

    -SAADA,1977, p. 254, traduo nossa)4 O dirio de

    campo funciona como um anncio de um texto

    futuro, ao qual s se chega, quando se chega, por

    esse retornoao trabalho decampo. Esse trabalho

    de retorno uma volta ao campo, uma dobra de

    tempo e de espao sobre a pesquisa realizada,

    ainda inconclusa. Dessa perspectiva, a primeira

    pessoa no sempre a mesma pessoa. Disso de-

    corre que a alternativa atopia do sujeito terico

    e de pesquisa dificilmente poderia ser assumir a

    subjetividade de um eu. No livro de Fevret-Saada

    (1977), possvel entrever, em algum que est

    dentro e fora da cena, uma existncia que assume

    a forma narrativa. J que a feitiaria apenas fala

    da qual s possvel participar caso se esteja en-

    volvido, cabe ao etngrafo(a) a tarefa de contar as

    histrias que lhe contaram porque ele/ela estava

    presente e implicado(a) na prpria cena, no pr-

    prio enredo. No caso de Fevret-Saada, falar sobre

    a feitiaria s era possvel porque e na medida em

    que, no interior do processo de pesquisa, ela foi

    falada por seu prprio objeto. O livro Les mots, la

    mort, les sorts s pode dizer a feitiaria, dizendo,

    a partir das histrias que conta, o modo como foi

    dita por ela. (BARBOSA NETO, 2012) Assim como a

    feitiaria, a pesquisa sobre a vida urbana e a pro-

    duo da cultura que guarde um carter etnogr-

    fico s pode existir pelos outros, em conjuno e

    disjuno entre as dimenses e as prticas da ci-

    dade, as da produo da cultura os seus fazeres e

    relaes, sua materialidade e seus resultados as

    obras, espetculos, filmes, vdeos. Dessa perspec-

    tiva o lugar do etngrafo o lugar dos outros; o

    etngrafo diz esse outro a feitiaria, produo

    cultural e lugar na cidade dizendo-o como os

    outros o dizem. (BARBOSA NETO, 2012)

    Gostaria de terminar essas notas afirmando duas

    dimenses necessrias sobre a discusso dos ca-

    minhos e formas de pesquisa sobre a cidade, suas

    prticas, suas relaes. A primeira aponta que

    a etnografia e a experincia de ser afetado no

    significam uma reduo da pesquisa autoetno-

    grafia. No seu centro, a dimenso de uma alteri-

    dade radical est colocada como razo de ser da

    prpria pesquisa. A segunda afirma que o ponto

    de partida etnogrfico a pesquisa e o trabalho

    de campo. Esse ponto de partida no permite que

  • 24

    se assimile a pesquisa etnogrfica ao empirismo

    ou fragmentao da multiplicidade de incurses

    empricas tout court. A pesquisa etnogrfica no

    recusa o conceito, mas faz das dimenses concei-

    tuais e tericas seu ponto de chegada, incorpo-

    rando o tempo da observao, da descrio e da

    narrativa, na dobra analtica sobre o trabalho da

    investigao, a elaborao de seu relato e a feitura

    cuidadosa de sua anlise.

    Notas

    1 Em francs a citao completa: Autant dire quil ny a pas de position neutre de la parole: en sorcellerie, la parole, cest la guerre. Quiconque en parle est un belligrant et lethno-graphe comme tout le monde. Il ny a pas de place pour un observateur non engag.

    2 O Dolores Mecatrnica um grupo de teatro que atua na Zona Leste da Cidade de So Paulo e que disputou e ganhou financiamento pblico pela Lei de Fomento, em contraponto s formas de mecenato da Lei Rouanet. O coletivo Pombas Urbanas um importante centro de atividades e de produ-o cultural que atua em Cidade Tiradentes constitudo por conjuntos habitacionais da COHAB-SP e por favelas, no extre-mo Leste da Cidade de So Paulo, regio com os mais severos ndices de precariedade e de pobreza. O coletivo Pombas Ur-banas mantm inmeros convnios, tendo recebido tambm financiamento pblico pela Lei de Fomento ao Teatro, mas guarda importantes diferenas com o Dolores Mecatrnica ou com outros coletivos de Guaianases, apenas para citar o exemplo do Cine Campinho que tem papel relevante na constituio do Movimento Cultural de Guaianases, bairro construdo por auto empreendimento em sua maior parte, que tambm figura entre os mais precrios da cidade.

    3 Ver Rizek, Cibele S. Projeto de pesquisa Bolsa Produtividade CNPq em andamento O social e o cultural entrelaados 2011/2014

    4 Quoi quil arrivt, je partageais mon temps entre les entre-tiens et la redaction de ces notes; je my donnai pour rgle dy inscrire moins mes tats dme que le discours indigne en y incluant les silences, les lapsus, les retours en arrire, les csures, etc.

    REFERNCIas

    NETO, Edgar Rodrigues Barbosa. O quem das coisas: etnografia e feitiaria emLes mots, la mort, les sorts. In: Horizontes Antropolgicos. vol.18 no.37 Porto AlegreJan./June2012. Disponvel em: . Acesso em 15 de maio de 2013.

    FAVRET-SAADA, J. Ser afetado. (traduo de Paula de Siqueira Lopes).Cadernos de Campo, n. 13, p. 155-161, 2005.

    RIZEK, Cibele S. O social e o cultural entrelaados. Projeto de pesquisa Bolsa Produtividade CNPq em andamento 2011/2014.