eticamedicacfm-1246-88

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RESOLUÇÃO CFM nº 1.246/88 O CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, no uso das atribuições que lhe confere a Lei nº 3.268, de 30 de setembro de 1957, regulamentada pelo Decreto nº 44.045, de 19 de julho de 1958, e CONSIDERANDO as propostas formuladas ao longo dos anos de 1986 e 1987 pelos Conselhos Regionais de Medicina, pelos médicos e por instituições científicas e universitárias para a elaboração de um novo Código de Ética Médica. CONSIDERANDO as decisões da I Conferência Nacional de Ética Médica que elaborou, com participação de Delegados Médicos de todo o Brasil, um novo Código de Ética Médica. CONSIDERANDO o decidido na sessão plenária de 08 de janeiro de 1988; RESOLVE: Art. 1º - Aprovar o Código de Ética Médica, anexo a esta Resolução. Art. 2º - O Conselho Federal de Medicina, sempre que necessário, expedirá Resoluções que complementem este Código de Ética Médica e facilitem sua aplicação. Art. 3º - O presente Código entra em vigor na data de sua publicação e revoga o Código de Ética Médica (DOU-11.01.65) o Código Brasileiro de Deontologia Médica (RESOLUÇÃO CFM Nº 1.154, de 13.04.84) e demais disposições em contrário. Rio de Janeiro, 08 de janeiro de 1988. FRANCISCO ÁLVARO BARBOSA COSTA Presidente ANA MARIA CANTALICE LIPKE Secretária-Geral CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA PREÂMBULO I - O presente Código contém as normas éticas que devem ser seguidas pelos médicos no exercício da profissão, independentemente da função ou cargo que ocupem. II - As organizações de prestação de serviços médicos estão sujeitas às normas deste Código. III - Para o exercício da Medicina, impõe-se a inscrição no Conselho Regional do respectivo Estado, Território ou Distrito Federal. IV - A fim de garantir o acatamento e cabal execução deste

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Reflexão do CRM sobre Etica medica para trabalho em IES

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  • RESOLUO CFM n 1.246/88

    O CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, no uso das atribuies que lhe confere a Lei n 3.268, de 30 de setembro de 1957, regulamentada pelo Decreto n 44.045, de 19 de julho de 1958, e CONSIDERANDO as propostas formuladas ao longo dos anos de 1986 e 1987 pelos Conselhos Regionais de Medicina, pelos mdicos e por instituies cientficas e universitrias para a elaborao de um novo Cdigo de tica Mdica. CONSIDERANDO as decises da I Conferncia Nacional de tica Mdica que elaborou, com participao de Delegados Mdicos de todo o Brasil, um novo Cdigo de tica Mdica. CONSIDERANDO o decidido na sesso plenria de 08 de janeiro de 1988;

    RESOLVE:

    Art. 1 - Aprovar o Cdigo de tica Mdica, anexo a esta Resoluo. Art. 2 - O Conselho Federal de Medicina, sempre que necessrio, expedir Resolues que complementem este Cdigo de tica Mdica e facilitem sua aplicao. Art. 3 - O presente Cdigo entra em vigor na data de sua publicao e revoga o Cdigo de tica Mdica (DOU-11.01.65) o Cdigo Brasileiro de Deontologia Mdica (RESOLUO CFM N 1.154, de 13.04.84) e demais disposies em contrrio.

    Rio de Janeiro, 08 de janeiro de 1988.

    FRANCISCO LVARO BARBOSA COSTA Presidente

    ANA MARIA CANTALICE LIPKE Secretria-Geral

    CDIGO DE TICA MDICA

    PREMBULO

    I - O presente Cdigo contm as normas ticas que devem ser seguidas pelos mdicos no exerccio da profisso, independentemente da funo ou cargo que ocupem. II - As organizaes de prestao de servios mdicos esto sujeitas s normas deste Cdigo. III - Para o exerccio da Medicina, impe-se a inscrio no Conselho Regional do respectivo Estado, Territrio ou Distrito Federal. IV - A fim de garantir o acatamento e cabal execuo deste

  • Cdigo,cabe ao mdico comunicar do Conselho Regional de Medicina, com discrio e fundamento, fatos de que tenha conhecimento e que caracterizem possvel infringncia do presente Cdigo e das Normas que regulam o exerccio da Medicina. V - A fiscalizao do cumprimento das normas estabelecidas neste Cdigo atribuio dos Conselhos de Medicina, das Comisses de tica, das autoridades da rea de sade e dos mdicos em geral. VI - Os infratores do presente Cdigo sujeitar-se-o s penas disciplinares previstas em lei.

    CAPTULO I - PRINCPIOS FUNDAMENTAIS

    Art. 1 - A Medicina uma profisso a servio da sade do ser humano e da coletividade e deve ser exercida sem discriminao de qualquer natureza. Art. 2 - O alvo de toda a ateno do mdico a sade do ser humano, em benefcio da qual dever agir com o mximo de zelo e o melhor de sua capacidade profissional. Art. 3 - A fim de que possa exercer a Medicina com honra e dignidade, o mdico deve ter boas condies de trabalho e ser remunerado de forma justa. Art. 4 - Ao mdico cabe zelar e trabalhar pelo perfeito desempenho tico da Medicina e pelo prestgio e bom conceito da profisso. Art. 5 - O mdico deve aprimorar continuamente seus conhecimentos e usar o melhor do progresso cientfico em benefcio do paciente. Art. 6 - O mdico deve guardar absoluto respeito pela vida humana, atuando sempre em benefcio do paciente. Jamais utilizar seus conhecimentos para gerar sofrimento fsico ou moral, para o extermnio do ser humano ou para permitir e acobertar tentativa contra sua dignidade e integridade. Art. 7 - O mdico deve exercer a profisso com ampla autonomia, no sendo obrigado a prestar servios profissionais a quem ele no deseje salvo na ausncia de outro mdico, em casos de urgncia, ou quando sua negativa possa trazer danos irreversveis ao paciente. Art. 8 - O mdico no pode, em qualquer circunstncia ou sob qualquer pretexto, renunciar sua liberdade profissional, devendo evitar que quaisquer restries ou imposies possam prejudicar a eficcia e correo de seu trabalho. Art. 9 - A Medicina no pode, em qualquer circunstncia ou de qualquer forma, ser exercida como comrcio. Art. 10 - O trabalho mdico no pode ser explorado por terceiros com objetivos de lucro, finalidade poltica ou religiosa. Art. 11 - O mdico deve manter sigilo quanto s informaes confidenciais de que tiver conhecimento no desempenho de suas funes. O mesmo se aplica ao trabalho em empresas, exceto nos casos em que seu silncio prejudique ou ponha em risco a sade do trabalhador ou da comunidade. Art. 12 - O mdico deve buscar a melhor adequao do trabalho ao ser humano e a eliminao ou controle dos riscos inerentes ao trabalho. Art. 13 - O mdico deve denunciar s autoridades competentes

  • quaisquer formas de poluio ou deteriorao do meio ambiente, prejudiciais sade e vida. Art. 14 - O mdico deve empenhar-se para melhorar as condies de sade e os padres dos servios mdicos e assumir sua parcela de responsabilidade em relao sade pblica, educao sanitria e legislao referente sade. Art. 15 - Deve o mdico ser solidrio com os movimentos de defesa da dignidade profissional, seja por remunerao condigna, seja por condies de trabalho compatveis com o exerccio tico profissional da Medicina e seu aprimoramento tcnico. Art. 16 - Nenhuma disposio estatutria ou regimental de hospital ou instituio pblica ou privada poder limitar a escolha, por parte do mdico, dos meios a serem postos em prtica para o estabelecimento do diagnstico e para a execuo do tratamento, salvo quando em benefcio do paciente. Art. 17 - O mdico investido em funo de direo tem o dever de assegurar as condies mnimas para o desempenho tico profissional da Medicina. Art. 18 - As relaes do mdico com os demais profissionais em exerccio na rea de sade devem basear-se no respeito mtuo, na liberdade e independncia profissional de cada um, buscando sempre o interesse e o bem-estar do paciente. Art. 19 - O mdico deve ter, para com os seus colegas, respeito, considerao e solidariedade, sem, todavia, eximir-se de denunciar atos que contrariem os postulados ticos Comisso de tica da instituio em que exerce seu trabalho profissional e, se necessrio, ao Conselho Regional de Medicina.

    CAPTULO II - DIREITOS DO MDICO

    direito do mdico: Art. 20 - exercer a Medicina sem ser discriminado por questes de religio, raa, sexo, nacionalidade, cor, opo sexual, idade, condio social, opinio poltica ou de qualquer outra natureza. Art. 21 - Indicar o procedimento adequado ao paciente, observadas as prticas reconhecidamente aceitas e respeitando as normas legais vigentes no Pas. Art. 22 - Apontar falhas nos regulamentos e normas das instituies em que trabalhe, quando as julgar indignas do exerccio da profisso ou prejudiciais ao paciente, devendo dirigir-se, nesses casos, aos rgos competentes e, obrigatoriamente, Comisso de tica e ao Conselho Regional de Medicina de sua jurisdio. Art. 23 - Recusar-se a exercer sua profisso em instituio pblica ou privada onde as condies de trabalho no sejam dignas ou possam prejudicar o paciente. Art. 24 - Suspender suas atividades, individual ou coletivamente, quando a instituio pblica ou privada para a qual trabalhe no oferecer condies mnimas para o exerccio profissional ou no a remunerar condignamente, ressalvadas as situaes de urgncia e emergncia, devendo comunicar imediatamente sua deciso ao

  • Conselho Regional de Medicina. Art. 25 - Internar e assistir seus pacientes em hospitais privados com ou sem carter filantrpico, ainda que no faa parte do seu corpo clnico, respeitadas as normas tcnicas da instituio. Art. 26 - Requerer desagravo pblico ao Conselho Regional de Medicina quando atingido no exerccio de sua profisso. Art. 27 - Dedicar ao paciente, quando trabalhar com relao de emprego, o tempo que sua experincia e capacidade profissional recomendarem para o desempenho de sua atividade, evitando que o acmulo de encargos ou de consultas prejudique o paciente. Art. 28 - Recusar a realizao de atos mdicos que embora permitidos por lei, sejam contrrios aos ditames de sua conscincia.

    CAPTULO III - RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL

    vedado ao mdico: Art. 29 - Praticar atos profissionais danosos ao paciente, que possam ser caracterizados como impercia, imprudncia ou negligncia. Art. 30 - Delegar a outros profissionais atos ou atribuies exclusivos da profisso mdica. Art. 31 - Deixar de assumir responsabilidade sobre procedimento mdico que indicou ou do qual participou, mesmo quando vrios mdicos tenham assistido o paciente. Art. 32 - Isentar-se de responsabilidade de qualquer ato profissional que tenha praticado ou indicado, ainda que este tenha sido solicitado ou consentido pelo paciente ou seu responsvel legal. Art. 33 - Assumir a responsabilidade por ato mdico que no praticou ou do qual no participou efetivamente. Art. 34 - Atribuir seus insucessos a terceiros e a circunstncias ocasionais, exceto nos casos em que isso possam ser devidamente comprovado. Art. 35 - Deixar de atender em setores de urgncia e emergncia, quando for de sua obrigao faz-lo, colocando em risco a vida de pacientes, mesmo respaldado por deciso majoritria da categoria. Art. 36 - Afastar-se de suas atividades profissionais, mesmo temporariamente, sem deixar outro mdico encarregado do atendimento de seus pacientes em estado grave. Art. 37 - Deixar de comparecer a planto em horrio pr-estabelecido ou abandon-lo sem a presena de substituto, salvo por motivo de fora maior. Art. 38 - Acumpliciar-se com os que exercem ilegalmente a Medicina, ou com profissionais ou instituies mdicas que pratiquem atos ilcitos. Art. 39 - Receitar ou atestar de forma secreta ou ilegvel, assim como assinar em branco folhas de receiturios, laudos, atestados ou quaisquer outros documentos mdicos. Art. 40 - Deixar de esclarecer o trabalhador sobre as condies de trabalho que ponham em risco sua sade, devendo comunicar o fato aos responsveis, s autoridades e ao Conselho Regional de Medicina. Art. 41 - Deixar de esclarecer o paciente sobre as determinantes

  • sociais, ambientais ou profissionais de sua doena. Art. 42 - Praticar ou indicar atos mdicos desnecessrios ou proibidos pela legislao do Pas. Art. 43 - Descumprir legislao especfica nos casos de transplantes de rgos ou tecidos, esterilizao, fecundao artificial e abortamento. Art. 44 - Deixar de colaborar com as autoridades sanitrias ou infringir a legislao vigente. Art. 45 - Deixar de cumprir, sem justificativa, as normas emanadas do Conselho Federal e Regionais de Medicina e de atender s suas requisies administrativas, intimaes ou notificaes, no prazo determinado.

    CAPTULO IV - DIREITOS HUMANOS

    vedado ao mdico: Art. 46 - Efetuar qualquer procedimento mdico sem o esclarecimento e o consentimento prvios do paciente ou de seu responsvel legal, salvo em iminente perigo de vida. Art. 47 - Discriminar o ser humano de qualquer forma ou sob qualquer pretexto. Art. 48 - Exercer sua autoridade de maneira a limitar o direito do paciente de decidir livremente sobre a sua pessoa ou seu bem-estar. Art. 49 - Participar da prtica de tortura ou outras formas de procedimento degradantes, desumanas ou cruis, ser conivente com tais prticas ou no as denunciar quando delas tiver conhecimento. Art. 50 - Fornecer meios, instrumentos, substncias ou conhecimentos que facilitem a prtica de tortura ou outras formas de procedimentos degradantes, desumanas ou cruis, em relao pessoa. Art. 51 - Alimentar compulsoriamente qualquer pessoa em greve de fome que for considerada capaz, fsica e mentalmente, de fazer juzo perfeito das possveis conseqncias de sua atitude. Em tais casos, deve o mdico faz-la ciente das provveis complicaes do jejum prolongado e, na hiptese de perigo de vida iminente, trat-la. Art. 52 - Usar qualquer processo que possa alterar a personalidade ou a conscincia da pessoa, com a finalidade de diminuir sua resistncia fsica ou mental em investigao policial ou de qualquer outra natureza. Art. 53 - Desrespeitar o interesse e a integridade de paciente, ao exercer a profisso em qualquer instituio na qual o mesmo esteja recolhido independentemente da prpria vontade. Pargrafo nico - Ocorrendo quaisquer atos lesivos personalidade e sade fsica ou psquica dos pacientes a ele confiados, o mdico est obrigado a denunciar o fato autoridade competente e ao Conselho Regional de Medicina. Art. 54 - Fornecer meio, instrumento, substncia, conhecimentos, ou participar, de qualquer maneira, na execuo de pena de morte. Art. 55 - Usar da profisso para corromper os costumes, cometer ou favorecer crime.

    CAPTULO V - RELAO COM PACIENTES E FAMILIARES

  • vedado ao mdico: Art. 56 - Desrespeitar o direito do paciente de decidir livremente sobre a execuo de prticas diagnsticas ou teraputicas, salvo em caso de iminente perigo de vida. Art. 57 - Deixar de utilizar todos os meios disponveis de diagnsticos e tratamento a seu alcance em favor do paciente. Art. 58 - Deixar de atender paciente que procure seus cuidados profissionais em caso de urgncia, quando no haja outro mdico ou servio mdico em condies de faz-lo. Art. 59 - deixar de informar ao paciente o diagnstico, o prognstico, os riscos e objetivos do tratamento, salvo quando a comunicao direta ao mesmo possa provocar-lhe dano, devendo, nesse caso, a comunicao ser feita ao seu responsvel legal. Art. 60 - Exagerar a gravidade do diagnstico ou prognstico, complicar a teraputica, ou exceder-se no nmero de visitas, consultas ou quaisquer outros procedimentos mdicos. Art. 61 - Abandonar paciente sob seus cuidados. Pargrafo 1 - Ocorrendo fatos que, a seu critrio, prejudiquem o bom relacionamento com o paciente ou o pleno desempenho profissional, o mdico tem o direito de renunciar ao atendimento, desde que comunique previamente ao paciente ou seu responsvel legal, assegurando-se da continuidade dos cuidados e fornecendo todas as informaes necessrias ao mdico que lhe suceder. Pargrafo 2 - Salvo por justa causa, comunicada ao paciente ou a seus familiares, o mdico no pode abandonar o paciente por ser este portador de molstia crnica ou incurvel, mas deve continuar a assisti-lo ainda que apenas para mitigar o sofrimento fsico ou psquico. Art. 62 - Prescrever tratamento ou outros procedimentos sem exame direto do paciente, salvo em casos de urgncia e impossibilidade comprovada de realiz-lo, devendo, nesse caso, faz-lo imediatamente cessado o impedimento. Art. 63 - Desrespeitar o pudor de qualquer pessoa sob seus cuidados profissionais. Art. 64 - Opor-se realizao de conferncia mdica solicitada pelo paciente ou seu responsvel legal. Art. 65 - Aproveitar-se de situaes decorrentes da relao mdico-paciente para obter vantagem fsica, emocional, financeira ou poltica. Art. 66 - Utilizar, em qualquer caso, meios destinados a abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu responsvel legal. Art. 67 - Desrespeitar o direito do paciente de decidir livremente sobre mtodo contraceptivo, devendo o mdico sempre esclarecer sobre a indicao, a segurana, a reversibilidade e o risco de cada mtodo. Art. 68 - Praticar fecundao artificial sem que os participantes estejam de inteiro acordo e devidamente esclarecidos sobre o procedimento. Art. 69 - Deixar de elaborar pronturio mdico para cada paciente. Art. 70 - Negar ao paciente acesso a seu pronturio mdico, ficha clnica ou similar, bem como deixar de dar explicaes necessrias sua compreenso, salvo quando ocasionar riscos para o paciente ou para terceiros. Art. 71 - Deixar de fornecer laudo mdico ao paciente, quando do

  • encaminhamento ou transferncia para fins de continuidade do tratamento, ou na alta, se solicitado.

    CAPTULO VI - DOAO E TRANSPLANTE DE RGOS E TECIDOS

    vedado ao mdico: Art. 72 - Participar do processo de diagnstico da morte ou da deciso de suspenso dos meios artificiais de prolongamento da vida de possvel doador, quando pertencente equipe de transplante. Art. 73 - Deixar, em caso de transplante, de explicar ao doador ou seu responsvel legal, e ao receptor, ou seu responsvel legal, em termos compreensveis, os riscos de exames, cirurgias ou outros procedimentos. Art. 74 - Retirar rgo de doador vivo quando interdito ou incapaz, mesmo com autorizao de seu responsvel legal. Art. 75 - Participar direta ou indiretamente da comercializao de rgos ou tecidos humanos.

    CAPTULO VII - RELAES ENTRE MDICOS

    vedado ao mdico: Art. 76 - Servir-se de sua posio hierrquica para impedir, por motivo econmico, poltico, ideolgico ou qualquer outro, que mdico utilize as instalaes e demais recursos da instituio sob sua direo, particularmente quando se trate da nica existente na localidade. Art. 77 - Assumir emprego, cargo ou funo, sucedendo a mdico demitido ou afastado em represlia a atitude de defesa de movimentos legtimos da categoria ou da aplicao deste Cdigo. Art. 78 - Posicionar-se contrariamente a movimentos legtimos da categoria mdica, com a finalidade de obter vantagens. Art. 79 - Acobertar erro ou conduta antitica de mdico. Art. 80 - Praticar concorrncia desleal com outro mdico. Art. 81 - Alterar a prescrio ou tratamento de paciente, determinado por outro mdico, mesmo quando investido em funo de chefia ou de auditoria, salvo em situao de indiscutvel convenincia para o paciente, devendo comunicar imediatamente o fato ao mdico responsvel. Art. 82 - Deixar de encaminhar de volta ao mdico assistente, o paciente que lhe foi enviado para procedimento especializado, devendo, na ocasio, fornecer-lhe as devidas informaes sobre o ocorrido no perodo em que se responsabilizou pelo paciente. Art. 83 - Deixar de fornecer a outro mdico informaes sobre o quadro clnico de paciente, desde que autorizado por este ou seu responsvel legal. Art. 84 - Deixar de informar ao substituto o quadro clnico dos pacientes sob sua responsabilidade, ao ser substitudo no final do turno de trabalho. Art. 85 - Utilizar-se de sua posio hierrquica para impedir que seus

  • subordinados atuem dentro dos princpios ticos.

    CAPTULO VIII - REMUNERAO PROFISSIONAL

    vedado ao mdico: Art. 86 - Receber remunerao pela prestao de servios profissionais a preos vis ou extorsivos, inclusive atravs de convnios. Art. 87 - Remunerar ou receber comisso ou vantagens por paciente encaminhado ou recebido, ou por servios no efetivamente prestados. Art. 88 - Permitir a incluso de nomes de profissionais que no participaram do ato mdico, para efeito de cobrana de honorrios. Art. 89 - Deixar de se conduzir com moderao na fixao de seus honorrios, devendo considerar as limitaes econmicas do paciente, as circunstncias do atendimento e a prtica local. Art. 90 - Deixar de ajustar previamente com o paciente o custo provvel dos procedimentos propostos, quando solicitado. Art. 91 - Firmar qualquer contrato de assistncia mdica que subordine os honorrios ao resultado do tratamento ou cura do paciente. Art. 92 - Explorar o trabalho mdico como proprietrio, scio ou dirigente de empresas ou instituies prestadoras de servios mdicos, vem como auferir lucro sobre o trabalho de outro mdico, isoladamente ou em equipe. Art. 93 - Agenciar, aliciar ou desviar, por qualquer meio, para clnica particular ou instituies de qualquer natureza, paciente que tenha atendido em virtude de sua funo em instituies pblicas. Art. 94 - Utilizar-se de instituies pblicas para execuo de procedimentos mdicos em pacientes de sua clnica privada, como forma de obter vantagens pessoais. Art. 95 - Cobrar honorrios de paciente assistido em instituio que se destina prestao de servios pblicos; ou receber remunerao de paciente como complemento de salrio ou de honorrios. Art. 96 - Reduzir, quando em funo de direo ou chefia, a remunerao devida ao mdico, utilizando-se de descontos a ttulo de taxa de administrao ou quaisquer outros artifcios. Art. 97 - Reter, a qualquer pretexto, remunerao de mdicos e outros profissionais. Art. 98 - Exercer a profisso com interao ou dependncia de farmcia, laboratrio farmacutico, tica ou qualquer organizao destinada fabricao, manipulao ou comercializao de produtos de prescrio mdica de qualquer natureza, exceto quando se tratar de exerccio da Medicina do Trabalho. Art. 99 - Exercer simultaneamente a Medicina e a Farmcia, bem como obter vantagem pela comercializao de medicamentos, rteses ou prteses, cuja compra decorra de influncia direta em virtude da sua atividade profissional. Art. 100 - Deixar de apresentar, separadamente, seus honorrios quando no atendimento ao paciente participarem outros profissionais. Art. 101 - Oferecer seus servios profissionais como prmio em concurso de qualquer natureza.

  • CAPTULO IX - SEGREDO MDICO

    vedado ao mdico: Art. 102 - Revelar o fato de que tenha conhecimento em virtude do exerccio de sua profisso, salvo por justa causa, dever legal ou autorizao expressa do paciente. Pargrafo nico - Permanece essa proibio: a) Mesmo que o fato seja de conhecimento pblico ou que o paciente tenha falecido. b) Quando do depoimento como testemunha. Nesta hiptese o mdico comparecer perante a autoridade e declarar seu impedimento. Art. 103 - Revelar segredo profissional referente a paciente menor de idade, inclusive a seus pais ou responsveis legais, desde que o menor tenha capacidade de avaliar seu problema e de conduzir-se por seus prprios meios para solucion-lo, salvo quando a no revelao possa acarretar danos ao paciente. Art. 104 - Fazer referncia a casos clnicos identificveis, exibir pacientes ou seus retratos em anncios profissionais ou na divulgao de assuntos mdicos em programas de rdio, televiso ou cinema, e em artigos, entrevistas ou reportagens em jornais, revistas ou outras publicaes legais. Art. 105 - Revelar informaes confidenciais obtidas quando do exame mdico de trabalhadores inclusive por exigncia dos dirigentes de empresas ou instituies, salvo se o silncio puser em risco a sade dos empregados ou da comunidade. Art. 106 - Prestar a empresas seguradoras qualquer informao sobre as circunstncias da morte de paciente seu, alm daquelas contidas no prprio atestado de bito, salvo por expressa autorizao do responsvel legal ou sucessor. Art. 107 - Deixar de orientar seus auxiliares e de zelar para que respeitem o segredo profissional a que esto obrigados por lei. Art. 108 - Facilitar manuseio e conhecimento dos pronturios, papeletas e demais folhas de observaes mdicas sujeitas ao segredo profissional, por pessoas no obrigadas ao mesmo compromisso. Art. 109 - Deixar de guardar o segredo profissional na cobrana de honorrios por meio judicial ou extrajudicial.

    CAPTULO X - ATESTADO E BOLETIM MDICO

    vedado ao mdico: Art. 110 - Fornecer atestado sem ter praticado o ato profissional que o justifique, ou que no corresponda a verdade. Art. 111 - Utilizar-se do ato de atestar como forma de angariar clientela. Art. 112 - Deixar de atestar atos executados no exerccio profissional, quando solicitado pelo paciente ou seu responsvel legal. Pargrafo nico - O atestado mdico parte integrante do ato ou tratamento mdico, sendo o seu fornecimento direito inquestionvel do paciente, no importando em qualquer majorao dos honorrios. Art. 113 - Utilizar-se de formulrios de instituies pblicas para atestar

  • fatos verificados em clnica privada. Art. 114 - Atestar bito quando no o tenha verificado pessoalmente, ou quando no tenha prestado assistncia ao paciente, salvo, no ltimo caso, se o fizer como plantonista, mdico substituto, ou em caso de necropsia e verificao mdico-legal. Art. 115 - Deixar de atestar bito de paciente ao qual vinha prestando assistncia, exceto quando houver indcios de morte violenta. Art. 116 - Expedir boletim mdico falso ou tendencioso. Art. 117 - Elaborar ou divulgar boletim mdico que revele o diagnstico, prognstico ou teraputica, sem a expressa autorizao do paciente ou de seu responsvel legal.

    CAPTULO XI - PERCIA MDICA

    vedado ao mdico: Art. 118 - Deixar de atuar com absoluta iseno quando designado para servir como perito ou auditor, assim como ultrapassar os limites das suas atribuies e competncia. Art. 119 - Assinar laudos periciais ou de verificao mdico-legal, quando no o tenha realizado, ou participado pessoalmente do exame. Art. 120 - Ser perito de paciente seu, de pessoa de sua famlia ou de qualquer pessoa com a qual tenha relaes capazes de influir em seu trabalho. Art. 121 - Intervir, quando em funo de auditor ou perito, nos atos profissionais de outro mdico, ou fazer qualquer apreciao em presena do examinado, reservando suas observaes para o relatrio.

    CAPTULO XII - PESQUISA MDICA

    vedado ao mdico: Art. 122 - Participar de qualquer tipo de experincia no ser humano com fins blicos, polticos, raciais ou eugnicos. Art. 123 - Realizar pesquisa em ser humano, sem que este tenha dado consentimento por escrito, aps devidamente esclarecido sobre a natureza e conseqncia da pesquisa. Pargrafo nico - Caso o paciente no tenha condies de dar seu livre consentimento, a pesquisa somente poder ser realizada, em seu prprio benefcio, aps expressa autorizao de seu responsvel legal. Art. 124 - Usar experimentalmente qualquer tipo de teraputica ainda no liberada para uso no Pas, sem a devida autorizao dos rgos competentes e sem consentimento do paciente ou de seu responsvel legal, devidamente informados da situao e das possveis conseqncias. Art. 125 - Promover pesquisa mdica na comunidade sem o conhecimento dessa coletividade e sem que o objetivo seja a proteo da sade pblica, respeitadas as caractersticas locais. Art. 126 - Obter vantagens pessoais, ter qualquer interesse comercial ou renunciar sua independncia profissional em relao a financiadores de pesquisa mdica da qual participe. Art. 127 - Realizar pesquisa mdica em ser humano sem submeter o

  • protocolo a aprovao e acompanhamento de comisso isenta de qualquer dependncia em relao ao pesquisador. Art. 128 - Realizar pesquisa mdica em voluntrios, sadios ou no, que tenham direta ou indiretamente dependncia ou subordinao relativamente ao pesquisador. Art. 129 - Executar ou participar de pesquisa mdica em que haja necessidade de suspender ou deixar de usar teraputica consagrada e, com isso, prejudicar o paciente. Art. 130 - Realizar experincias com novos tratamentos clnicos ou cirrgicos em paciente com afeco incurvel ou terminal sem que haja esperana razovel de utilidade para o mesmo, no lhe impondo sofrimentos adicionais.

    CAPTULO XIII - PUBLICIDADE E TRABALHOS CIENTFICOS

    vedado ao mdico: Art. 131 - Permitir que sua participao na divulgao de assuntos mdicos, em qualquer veculo de comunicao de massa, deixe de ter carter exclusivamente de esclarecimento e educao da coletividade. Art. 132 - Divulgar informao sobre assunto mdico de forma sensacionalista, promocional, ou de contedo inverdico. Art. 133 - Divulgar, fora do meio cientfico, processo de tratamento ou descoberta cujo valor ainda no esteja expressamente reconhecido por rgo competente. Art. 134 - Dar consulta, diagnstico ou prescrio por intermdio de qualquer veculo de comunicao de massa. Art. 135 - Anunciar ttulos cientficos que no possa comprovar ou especialidade para a qual no esteja qualificado. Art. 136 - Participar de anncios de empresas comerciais de qualquer natureza, valendo-se de sua profisso. Art. 137 - Publicar em seu nome trabalho cientfico do qual no tenha participado; atribuir-se autoria exclusiva de trabalho realizado por seus subordinados ou outros profissionais, mesmo quando executados sob sua orientao. Art. 138 - Utilizar-se, sem referncia ao autor ou sem a sua autorizao expressa, de dados, informaes, ou opinies ainda no publicados. Art. 139 - Apresentar como originais quaisquer idias, descobertas ou ilustraes que na realidade no o sejam. Art. 140 - Falsear dados estatsticos ou deturpar sua interpretao cientfica.

    CAPTULO XIV - DISPOSIES GERAIS

    Art. 141 - O mdico portador de doena incapacitante para o exerccio da Medicina, apurada pelo Conselho Regional de Medicina em procedimento administrativo com percia mdica, ter seu registro suspenso enquanto perdurar sua incapacidade. Art. 142 - O mdico est obrigado a acatar e respeitar os Acrdos e Resolues dos Conselhos Federal de Regionais de Medicina. Art. 143 - O Conselho Federal de Medicina, ouvidos os Conselhos

  • Regionais de Medicina e a categoria mdica, promover a reviso e a atualizao do presente Cdigo, quando necessrias. Art. 144 - As omisses deste Cdigo sero sanadas pelo Conselho Federal de Medicina. Art. 145 - O presente Cdigo entra em vigor na data de sua publicao e revoga o Cdigo de tica Mdica (DOU 11/01/65), o Cdigo Brasileiro de Deontologia Mdica (RESOLUO CFM N 1.154 de 13.04.84) e demais disposies em contrrio.