Ética moderna temas em discussão: as críticas ao projeto iluminista de fundamentação da moral ;...
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ÉTICA MODERNA
Temas em discussão: • As críticas ao projeto iluminista de
fundamentação da moral ;• Ética em Kant. • Sociedade moderna e a desvalorização da base
religioso-metafísica;
A Ética Religiosa• verdades reveladas a respeito de Deus, das relações do homem
como o seu criador e do modo de vida prático que o homem deve seguir para obter a salvação no outro mundo.
• Deus é concebido como um ser pessoal, bom, onisciente e todo-poderoso. O homem tem seu fim último em Deus, que é o seu bem mais alto e o seu valor supremo.
• Deus exige a sua obediência e a sujeição a seus mandamentos, que têm o caráter de imperativos supremos.
• o que o homem é e o que deve fazer definem-se essencialmente não em relação com uma comunidade humana (como a polis) ou com o universo inteiro, e sim, em relação a Deus. todo o seu comportamento — incluindo a moral — deve orientar-se para ele como objetivo supremo. A essência da felicidade (a beatitude) é a contemplação de Deus; o amor humano fica subordinado ao divino; a ordem sobrenatural tem a primazia sobre a ordem natural humana.
A Ética Religiosa - Virtudes• virtudes fundamentais — a prudência, a fortaleza, a temperança
e a justiça, que são as virtudes morais em sentido próprio e regulam as relações entre os homens, são virtudes em escala humana.
• virtudes supremas ou teologais (fé, esperança e caridade). regulam as relações entre o homem e Deus e são virtudes em escala divina.
• elevar o homem de uma ordem terrestre para uma ordem sobrenatural, na qual possa viver uma vida plena, feliz e verdadeira, sem as imperfeições, as desigualdades e injustiças terrenas.
• Todos os homens, sem distinção — escravos e livres, cultos e ignorantes —, são iguais diante de Deus e são chamados a alcançar a perfeição e a justiça num mundo sobrenatural.
A Ética Cristã Filosófica• O cristianismo não é uma filosofia, mas uma religião
(isto é, antes de tudo, uma fé e um dogma). • faz-se filosofia na Idade Média para esclarecer e
justificar, lançando mão da razão, o domínio das verdades reveladas ou para abordar questões que derivam das (ou surgem em relação com as) questões teológicas.
• a filosofia é serva da teologia. • A ética é limitada pela sua índole religiosa e dogmática.
A Ética Cristã Filosófica• SANTO AGOSTINHO• elevação ascética até Deus, que culmina no êxtase
místico ou felicidade, que não pode ser alcançada neste mundo.
• sublinha o valor da experiência pessoal, da interioridade, da vontade e do amor.
A Ética Cristã FilosóficaSANTO TOMÁS DE AQUINO• Deus é o bem objetivo ou fim supremo, cuja posse
causa gozo ou felicidade, que é um bem subjetivo. • a contemplação, o conhecimento (como visão de
Deus) é o meio mais adequado para alcançar o fim último.
• Na sua doutrina político-social, atém-se à tese do homem como ser social ou político, e, ao referir-se às diversas formas de governo, inclina-se para uma monarquia moderada, ainda que considere que todo o poder derive de Deus e o poder supremo caiba à Igreja.
Ética na Modernidade• Nova concepção do homem e do mundo• Novas ideias, concepções e valores nas artes,
ciências e filosofia;• Tendência ao antropocentrismo – valorização
da obra humana;• o movimento cultural que marcou essas
transformações é o Renascimento (séculos XV e XVI) –revalorização do homem e da natureza
• Movimento criaria a base conceitual de valores que permitiram a arrancada da razão e da ciência;
Nova concepção do homem e do mundo
• Inspirado no humanismo – movimento defendia o retorno aos ideais de exaltação do homem e de seus atributos como: razão e liberdade;
• O pensador moderno procurava conhecer a realidade e exercer controle sobre ela;
A Ética Moderna - Antropocêntrica• sucede à sociedade feudal da Idade Média• mudanças em todas as ordens:
► econômica →forças produtivas - as relações capitalistas de produção;
► científica → constituição da ciência moderna (Galileu e Newton)
► social→ nova classe social — a burguesia► política → revoluções (na Holanda, Inglaterra e França);
Estados modernos, únicos e centralizados. ► atraso político e econômico de outros países (como
Alemanha e Itália), que somente no século XIX conseguem realizar a sua unidade nacional.
► espiritual → a Igreja Católica perde a sua função de guia. - reforma
Rupturarazão - filosofia ↔ fé - teologia
natureza - ciências naturais ↔ Deus -
pressupostos teológicos
Estado ↔ Igreja
homem ↔ Deus
Ameaças à nova mentalidade• A transição para a
mentalidade científica sofreu grande resistência.
• Forças do passado medieval lutaram contra essas transformações.
• Puniram muitos pensadores da época e organizaram uma lista de livros proibidos - Index
Ameaças à nova mentalidade• Órgão da igreja católica
criado em 1232 encarregado de descobrir e julgar os responsáveis por heresias.
• Giordano Bruno (1548-1600) foi condenado à morte na fogueira por contestar o pensamento católico.
• Apoiava o heliocentrismo de Copérnico.
Ética na Modernidade
• O século XVIII é chamado de século das luzes • porque em todas as expressões do pensamento e
atividades humana, a razão como luz, serve para interpretar e organizar o mundo.
• Recorrer à razão significa recusar a intolerância religiosa e o critério de autoridade.
• A concepção moral se centrou na autonomia humana;
• A moral vai se tornar laica (não religiosa)• O fundamento dos valores não se encontra em Deus
mas no próprio homem;
A Ética Moderna• Descartes (século
XVII)• tendência a basear a
filosofia no homem, embora este ainda se conceba como um abstrato eu pensante;
A Ética de Kant• A concepção mais
expressiva sobre a natureza humana do período foi a de Kant.
• Kant (1724-1804), Koenigsberg• Fundamentação da
metafísica dos costumes, em 1785
• Crítica da razão prática, em 1788.
Imanuel Kant• Nascido em Königsberg – Alemanha.• Homem metódico e de hábitos regulares;• Lecionou 40 anos na Universidade de
Königsberg ;• Considerado o maior filósofo do Iluminismo
alemão.• O ser humano como ser dotado de razão e
liberdade é o centro de sua filosofia.
Ética em Kant• toma como ponto de partida da sua o factum (o fato) da
moralidade.• É um fato indiscutível, certamente, que o homem se
sente responsável pelos seus atos e tem consciência do seu dever.
• esta consciência obriga a supor que o homem é livre.• procurou demonstrar que era possível formular para
a moral leis universais• Estas leis tinham que ser formuladas à priori• O legislador supremo da moralidade é a razão
humana. • que interessa na moralidade de um ato é o respeito à
própria lei moral
Ética em Kant• O problema da moralidade exige que se proponha a questão
do fundamento da bondade dos atos, ou em que consiste o bom.
• o único bom em si mesmo é uma boa vontade.• A bondade de uma ação não se deve procurar em si mesma,
mas na vontade com que se fez. • É boa a vontade que age por puro respeito ao dever, sem
razões outras a não ser o cumprimento do dever ou a sujeição à lei moral.
• O mandamento ou dever que deve ser cumprido é incondicionado e absoluto;
• o que a boa vontade ordena é universal por sua forma e não tem um conteúdo concreto: refere-se a todos os homens em todo o tempo e em todas as circunstâncias e condições.
Ética em Kant• Kant desvincula a ética da felicidade. • Funda a prática moral, em uma lei apriorística
inerente à racionalidade universal humana, que chama de imperativo categórico.
• “age só, segundo uma máxima tal, que possas querer ao mesmo tempo que se torne lei universal”.
Ética em Kant• A razão pura prática é aqui imediatamente
legisladora. A vontade é concebida como independente de condições empíricas, por conseguinte, como vontade pura determinada pela simples forma da lei, e este princípio de determinação é visto como a condição suprema de todas as máximas.
• O a priori é tudo aquilo que é valido independentemente de qualquer condição ou imposição derivada da experiência.
ÉTICA DEONTOLÓGICA
ÉTICA DO DEVER
ÉTICA DO DEVER
DEON --- DEVER
VALOR DA AÇÃO NÃO DEPENDE DE
SUAS CONSEQÜÊNCIAS
IMMANUEL KANT1724 - 1804
AÇÃO MORAL
REALIZADA POR DEVER
PRESSUPOSTOS:
[1] RACIONALIDADE
A razão é a faculdade de excelência dos seres humanos.
Daí o forte “racionalismo” de Kant.
[2] DIGNIDADE HUMANA
Os seres humanos devem ser tratados
como um fim em si mesmo, nunca
como um meio.
.[3] VALORES ABSOLUTOS
Há valores absolutos, isto é, bons ou
maus por si mesmos independentes
das conseqüências que produzam
[4] SENTIMENTO DE DEVER
Uma ação é moral, somente, quando
realizada pelo sentimento de dever.
DAVID HUME
1711 – 1776
PAIXÕES FIM
RAZÃO MEIOS
DISTINÇÃO
JUÍZOS / IMPERATIVOS:
[1] HIPOTÉTICOS
[2] CATEGÓRICOS
IMPERATIVOS HIPOTÉTICOS
Os imperativos hipotéticos derivam de
nossas inclinações que determinam o fim.
A razão neste âmbito determina os meios..
IMPERATIVOS HIPOTÉTICOS
Trata-se de desejos contingentes, pois há
muitos imperativos hipotéticos porque há
muitos fins diferentes que os seres
humanos podem propor-se alcançar..
IMPERATIVOS HIPOTÉTICOS
NÃO MORAIS
VONTADE / DESEJO FIM
RAZÃO MEIOS
SE QUERES X,ENTÃO FAÇAS Y.
Se queres ter boa saúde, faça exercícios.
IMPERATIVO CATEGÓRICO:
Independentemente do fim que
desejamos atingir, devemos agir desta ou
daquela maneira.
FAÇA X!
IMPERATIVO CATEGÓRICO:
Devemos agir apenas de acordo com
uma máxima que possamos, ao mesmo
tempo, querer que se torne uma lei
universal.
MÁXIMA:
PRINCÍPIO SUBJETIVO DA AÇÃO:
MOTIVO DA AÇÃO.
AGIR DE TAL MODO QUE A MÁXIMA QUE REGULA A AÇÃO POSSA SER
UNIVERSALIZADA.
PRINCÍPIO DE UNIVERSALIZAÇÃO:
MEU ATO DEVE VALER PARA TODO E QUALQUER SER RACIONAL.
AÇÃO É MORAL:
SE SATISFAZ A UNIVERSALIZAÇÃO EXIGIDA PELO IMPERATIVO CATEGÓRICO.
EXEMPLO 1:
AÇÃO:
DEVOLVER OU NÃO UM LIVRO.
MÁXIMA:
SE PEÇO UM LIVRO EMPRESTADO, TENHO A INTENÇÃO DE DEVOLVÊ-LO.
CRITÉRIO DE UNIVERSALIZAÇÃO APLICADO A MÁXIMA:
DESEJO QUE TODO O SER RACIONAL
SEMPRE QUE PEGUE UM LIVRO
EMPRESTADO DEVE DEVOLVÊ-LO?
EXEMPLO 2:AÇÃO:
FURTAR UM LIVRO RARO DA BIBLIOTECA.
MÁXIMA:
É PERMITIDO ROUBAR LIVROS RAROS.
CRITÉRIO DE UNIVERSALIZAÇÃO APLICADO A MÁXIMA:
POSSO QUERER QUE TODOS
FURTEM LIVROS RAROS?
MÁXIMA:
NÃO É UNIVERSALIZÁVEL.
AÇÃO:
MORALMENTE INCORRETA.
AÇÃO:NÃO ROUBAR
MÁXIMA:NÃO DEVO ROUBAR
TESTE:DESEJO QUE MINHA MÁXIMA SEJA
UNIVERSAL?
LEI MORAL:NUNCA DEVEMOS ROUBAR
VALOR:A AÇÃO É MORAL.
LEI MORALPRINCÍPIO OBJETIVO DA AÇÃO:
• NUNCA DEVEMOS MENTIR• NUNCA DEVEMOS ROUBAR
• NUNCA DEVEMOS DEIXAR DE CUMPRIR UMA PROMESSA
• NUNCA DEVEMOS PREJUDICAR OS OUTROS
É A UNIVERSALIZAÇÃO DA MÁXIMA À TODOS OS SERES RACIONAIS.
Dever e Sentimento de Dever
Como devemos agir?
Qual é nosso dever?
[1] Sabemos que o imperativo categórico
expressa a forma de nosso dever:
“Faça x”.
Dever e Sentimento de Dever
[2] Sabemos também que nossa máxima
precisa ser universalizável.
[3] A máxima universalizável torna-se uma
Lei Moral e, portanto, nosso DEVER.
DISTINÇÃO:
[a] AÇÃO CONFORME O DEVER;
[b] AÇÃO PELO DEVER.
SENTIMENTO DE DEVER
É A NECESSIDADE DE AGIR POR
RESPEITO A LEI.
QUANDO SEI QUE SOU MOTIVADO A
AGIR PELO SENTIMENTO DE DEVER?
CASO:
POR QUE VOCÊ DEVE DEVOLVER O DINHEIRO
QUE TOMOU EMPRETADO?
MOTIVO:
INCLINAÇÕES AFETIVAS
•TEMER SANÇÕES• COAÇÃO
• PERDER O CRÉDITO• NÃO DESAPONTAR O CREDOR
EM NEHUMA DESSAS SITUAÇÕES A AÇÃO TEM VALOR MORAL.
AÇÃO É MORAL:
QUANDO VOCÊ SE SENTE NA
OBRIGAÇÃO MORAL DE
DEVOLVER O DINHEIRO.
ESSÊNCIA DA AÇÃO MORAL
MOTIVO QUE PRODUZIU A AÇÃO
SENTIMENTO DE DEVER
BASE:
GENERALIZAR A MÁXIMA.
SOU MOVIDO PELO SENTIMENTO
DE DEVER QUANDO A MÁXIMA DE
MINHA AÇÃO É
UNIVERSALIZÁVEL, ISTO É,
TORNA-SE UMA LEI MORAL.
SÍNTESE:
[1] REGRA:
SURGE DA RACIONALIDADE DOS
SERES HUMANOS.
[2] AÇÃO MORAL:
DEVER.
[3] DEVER:
RESPEITO À LEI PELA LEI.
[4] LEI MORAL:
UNIVERSALIZAÇÃO DA MÁXIMA, ISTO É,
O QUE MOTIVA A AÇÃO.
CONFLITO:
• ABRIGAR UM JUDEU NA ALEMANHA NAZISTA.• RESPONDER A PERGUNTA DO
SOLDADO DA SS.
DILEMA:
DIZER A VERDADE?MENTIR?
KANT:
• DIZER A VERDADE.
• NÃO IMPORTA AS
CONSEQUÊNCIAS.
• MENTIR NÃO É UMA MÁXIMA
UNIVERSALIZÁVEL.
• NÃO HÁ EXCEÇÃO A REGRA.
AS PESSOAS SÃO FINS EM SI MESMO
Kant pensava que uma importante
consequência do teste de
universalidade é que devemos tratar
as pessoas como fins em si mesmos e
não como meios.
“Age de tal forma que trates a
humanidade, na tua pessoa ou na
pessoa de outrem, sempre como um
fim e nunca apenas como um meio”.
Kant queria dizer com isto que não
devemos tratar as pessoas como
meios para fins que elas
racionalmente não poderiam
consentir.