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Meta Objetivos Ao nal desta aula, o aluno deverá estar apto para: • analisar criticamente uma pesquisa cientíca, tendo em vista as questões éticas e epistemológicas que a envolvem; • reetir sobre os aspectos éticos e epistemológicos envolvidos na pesquisa linguística. Apresentar uma reexão crítica sobre a função social de uma pesquisa e sua dimensão ética, especialmente no que tange à pesquisa linguística. 2 aula ASPECTOS ÉTICOS E EPISTEMOLÓGICOS DA PESQUISA EM LINGUAGEM LETRAS - PESQUISA APLICADA - MOD. 2 - VOL 1 - UNID 1 - AULA 2.indd 33 LETRAS - PESQUISA APLICADA - MOD. 2 - VOL 1 - UNID 1 - AULA 2.indd 33 10/6/2010 09:28:09 10/6/2010 09:28:09

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MetaObjetiv

os Ao fi nal desta aula, o aluno deverá estar apto para:

• analisar criticamente uma pesquisa científi ca, tendo em vista as questões éticas e epistemológicas que a envolvem;

• refl etir sobre os aspectos éticos e epistemológicos envolvidos na pesquisa linguística.

Apresentar uma refl exão crítica sobre a função social de uma pesquisa e sua dimensão ética, especialmente no que tange à pesquisa linguística.

2 aula

ASPECTOS ÉTICOS E EPISTEMOLÓGICOS DA PESQUISA EM LINGUAGEM

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1 INTRODUÇÃO

É um erro pensar que novas idéias surgem graças exclusivamente à experimentação e,

portanto, a se apoiarem, em seu nascedouro, nesta experimentação. Novas idéias, mesmo

no campo das ciências, surgem através do livre pensar, sendo muitas vezes, e à primeira vista,

absurdas (FILHO, 2000, p.1).

Na aula anterior (aula 1), falamos sobre os tipos de

conhecimento com os quais os seres humanos lidam, detendo-

nos, mais especifi camente, no conhecimento científi co.

Expusemos as subdivisões mais comuns dos ramos científi cos

e explicamos, grosso modo, o que caracteriza uma pesquisa

científi ca e quais os tipos mais comuns.

Nesta aula, visamos discutir os aspectos fi losófi cos,

éticos e epistemológicos envolvidos na pesquisa científi ca em

geral, e na pesquisa linguística em particular. Procuraremos

refl etir, também, a respeito da função social de uma pesquisa

linguística. O que leva uma pesquisa a ser considerada ética,

socialmente responsável e necessária? Essas respostas

perpassam não apenas os aspectos fi losófi cos como também

os aspectos políticos da pesquisa, os quais serão aqui tratados

de uma maneira abrangente.

AULA 2ASPECTOS ÉTICOS E EPISTEMOLÓGICOS DA

PESQUISA EM LINGUAGEM

Ética: em fi losofi a, “ética” signifi ca aquilo que é bom para todos. Aquilo que atende a

interesses de alguns, em detrimento de outros,

seria considerado “antiético”.

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Pesquisa Aplicada ao ensino de Letras

36 Módulo 2 I Volume 1 EAD

Aspectos éticos e epistemológicos da pesquisa em linguagem

2 MUITO ALÉM DA TÉCNICA

Quando falamos em procedimento

científi co, qual a primeira coisa que

lhe vem à mente? Provavelmente

você pensou num arsenal de

técnicas e métodos rigorosos

para o controle do objeto

que está sendo pesquisado.

E se pedirmos para

você dizer quais objetos

vêm a sua mente quando se

fala em pesquisa científi ca?

Poderemos supor que você

pensou em instrumentos de

laboratório como microscópio,

telescópio, tubos de ensaio entre

outros. Essa é a imagem de ciência

que nos acostumamos a lidar no nosso

dia a dia. Do mesmo modo, a imagem de

cientista estaria também vinculada à de um indivíduo que

domina uma série de conhecimentos teóricos e o manejo de

técnicas refi nadas de investigação.

Essa concepção prototípica − e estereotipada − não

acontece por acaso. Fomos acostumados a uma visão de

ciência atrelada exclusivamente ao domínio de técnicas de

investigação, o que deixou de lado as demais dimensões, tão ou

mais importantes do que a metodológica. Essa visão, conforme

atesta Pádua:

[...] inclui a preocupação com o saber-fazer, isto é, a técnica, e tem seu ponto de partida na geometria e na matemática, com a noção de medida (saber-medir), que caracteriza as explicações sobre o universo, a matéria, o movimento, os corpos etc. (PÁDUA, 2003, p. 17).

Na atualidade, procura-se questionar sobre o real valor

de uma pesquisa e sua funcionalidade para o ser humano, em

particular, e para a sociedade, em geral. Já não nos satisfazem as

pesquisas mirabolantes e suas explicações curiosas. Interessa-

Homem VitruvianoLeonardo Da Vinci

Estereotipada: em termos gerais, um estereótipo diz

respeito a uma visão preconcebida de algo ou alguém. Falar de uma visão estereotipada é o mesmo que falar de uma visão equivocada,

em geral discriminatória, a respeito de alguma coisa ou de alguma

pessoa.

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nos a funcionalidade da pesquisa, a responsabilidade social de

uma pesquisa. Isso leva inevitavelmente ao questionamento

sobre todas as dimensões da ciência, quais sejam, a dimensão

fi losófi ca, ética, epistemológica e, também, técnica.

a) a dimensão fi losófi ca

A fi losofi a de uma ciência diz respeito à razão de ser

dela mesma, à sua natureza, daí ouvir-se falar em Filosofi a

da Matemática, Filosofi a da Linguística, entre outras. Dessa

maneira, uma ciência não se defi niria apenas pela sua dimensão

metodológica, mas pela sua dimensão existencial, essencial.

Qual a razão de ser de uma ciência? Essa razão está ligada a

algo essencial ao sujeito e à sociedade. Assim, cada vez que

se faz ciência, com cada nova investigação a respeito de um

objeto em particular, contribui-se para ampliar o conhecimento

sobre a natureza mesma da ciência, à qual a pesquisa está

vinculada. Assim, a dimensão fi losófi ca de uma ciência está

relacionada:

• à natureza das afi rmações e dos conceitos científi cos;

• à maneira como a ciência explica, faz previsões e domina

a natureza;

• ao uso que é feito dos métodos científi cos;

• às contribuições de uma dada ciência para a transformação

da sociedade.

FIGURA 2UAB/UESC

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Pesquisa Aplicada ao ensino de Letras

38 Módulo 2 I Volume 1 EAD

Aspectos éticos e epistemológicos da pesquisa em linguagem

b) a dimensão ética

O que caracteriza uma pesquisa como ética? Para

responder a esta pergunta, pensemos inicialmente no conceito

da palavra ética. Ferreira (1986) defi ne ética como:

Estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualifi cação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto (p. 188).

Dessa forma, para que uma

pesquisa científi ca seja considerada

ética, pensaríamos, de antemão, que ela

deveria ter, como objetivo fundamental,

a contribuição para o “bem” e não para

o “mal”. Então, por exemplo, uma

ciência que contribui para o aumento

da produção de bombas nucleares

poderia ter sua dimensão ética

questionada, considerando-se

que a mesma não visa ao “bem”

da humanidade − embora possa

haver alguma controvérsia de

que as bombas são usadas para

“proteger” um grupo social contra

atentados de outro grupo social. Uma vez

polêmica, não entraremos aqui no mérito dessa discussão.

Serve, portanto, apenas de ilustração do caráter ético de uma

pesquisa.

Com efeito, discussões a respeito da dimensão ética

vão muito além da simples defi nição dicotômica de “bem” e

“mal”. Refl etir-se, por exemplo, sobre o fato de uma pesquisa

considerar os negros como raça intelectualmente inferior e os

brancos como raça superior, leva-nos à questão do preconceito

social e da discriminação racial. Uma pesquisa que defende

essa tese seria também considerada uma pesquisa eticamente

equivocada.

A concepção de uma ciência eticamente possível vai

ainda mais longe para Cardoso (1998). Ele questiona se a

ciência moderna seria realmente ética na medida em que vai

FIGURA 3Fonte: UAB/UESC

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de encontro à dimensão essencial do Homem como sujeito de

“autodeterminação”, uma vez que um dos objetivos centrais

da ciência é o controle da natureza e a intervenção sobre a

estrutura social.

c) a dimensão epistemológica

A palavra epistemologia tem origem no grego: episteme

signifi ca ciência; logia, estudo. Assim, no sentido literal, a

epistemologia se defi ne como “o estudo da ciência”.

Dessa forma, poderíamos considerar que a dimensão

epistemológica de uma ciência refl ete a sua característica

metateórica, ou seja, a teoria sobre a teoria. Embora haja, no

interior de toda ciência, uma área que visa refl etir criticamente

sobre a maneira como uma dada ciência conduz suas pesquisas

− no caso da Linguística costuma-se denominar Epistemologia

Linguística − na verdade, toda pesquisa científi ca abrange, ao

menos subliminarmente, um aspecto epistemológico, o que se

refl ete pela escolha de um determinado enfoque (quantitativo

ou qualitativo?), de uma determinada linha de análise (dedutiva

ou indutiva?), de um tipo de procedimento de coleta de dados

(pesquisa de campo, experimental, estudo de caso?) entre

outros.

Assim defi nida, a dimensão epistemológica de uma

pesquisa diz respeito à postura metateórica que o pesquisador

deve ter constantemente durante uma investigação: é o

perguntar sobre as próprias perguntas, sua validade, sua

funcionalidade, seu valor; é o duvidar das certezas; o dobrar-

se sobre o que parece dado, tentando ver além daquilo que é

FIGURA 3 - Ciência como objeto de estudoUAB/UESC

Metateórica: no sentido literal, um estudo

metateórico tem a teoria como meta, como o

objeto de estudo. Assim, uma pesquisa que vise refl etir sobre como um determinado tema é estudado constitui-se

num estudo metateórico.

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Pesquisa Aplicada ao ensino de Letras

40 Módulo 2 I Volume 1 EAD

Aspectos éticos e epistemológicos da pesquisa em linguagem

aparente. É essa dimensão que faz de uma

pesquisa algo questionável (no sentido de que

nenhuma verdade a que se chega é irrefutável)

e é este questionar sobre o próprio fazer que

diferencia a ciência da religião, impedindo

que as verdades atingidas pela via da ciência

se transformem em dogmas inquestionáveis.

c) a dimensão técnica

Por fi m, a dimensão técnica diz respeito aos procedimentos

adotados pelo cientista na realização de uma pesquisa: quais

instrumentos são utilizados, quais critérios são estabelecidos,

quais as etapas a serem seguidas, qual a maneira como a

pesquisa deve ser divulgada, em qual campo pode ser aplicada

e como deve ser esta aplicação entre outros.

Como se pode deduzir a partir do exposto, embora

culturalmente tenha-se reduzido o caráter de cientifi cidade

de uma pesquisa ao aspecto técnico, a verdade é que esta

é apenas uma das dimensões (e sequer a mais importante)

de uma pesquisa científi ca. Com efeito, todas as dimensões

expostas anteriormente são necessárias e essenciais a uma

pesquisa, embora não necessitem estar explicitadas, e devem

estar inter-relacionadas para que possa produzir resultados

confi áveis e funcionais.

FIGURA 5UAB/UESC

ATE

ÃO

Diferença entre ciência e religião: na aula anterior, falávamos sobre o conhecimento científi co e o religioso. Aqui cabe frisar que uma das diferenças fundamentais entre a fé a ciência é que a fé não admite questionamento sobre si mesma, enquanto a ciência está constantemente refl etindo sobre as verdades construídas por ela mesma.

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3 CRITÉRIOS ÉTICOS E EPISTEMOLÓGICOS NA PESQUISA LINGUÍSTICA

A ciência da linguagem é uma disciplina jovem, embora

as tentativas de responder a interrogações sobre a linguagem

remontem séculos. Das antigas refl exões dos gregos sobre

a origem da linguagem até as novas tendências nos estudos

linguísticos, há uma longa distância; entretanto, as questões

inerentes ao fazer científi co ainda subsistem. A cada dia mais,

os teóricos têm se defrontado com essas questões na tentativa

de garantir procedimentos não apenas sofi sticados, mas

abrangentes, fi dedignos e eticamente corretos.

Seguindo essa orientação, é nosso objetivo, neste

momento da nossa aula, refl etir sobre as características que

envolvem a pesquisa linguística. Para tal, tomaremos como

base as dimensões da pesquisa acima expostas, quais sejam:

a) a dimensão fi losófi ca; b) a dimensão epistemológica; c) a

dimensão ética e d) a dimensão técnica.

a) a dimensão fi losófi ca

Já dissemos anteriormente

que cada ciência tem sua fi losofi a

interna, assim, exemplifi camos

a Filosofi a da Matemática como

a ciência que refl ete sobre o

uso dos conceitos e axiomas

matemáticos na interpretação

científi ca. Seguindo o mesmo

raciocínio, poderíamos afi rmar

que a dimensão fi losófi ca de uma

pesquisa linguística pode ser abordada a partir da Filosofi a

da Linguística, uma área da Filosofi a que teria como objeto a

refl exão sobre a natureza das teorias linguísticas, ou seja, das

vertentes de estudo que se cristalizaram ao longo dos estudos

linguísticos.

Conhecer a teoria à qual uma pesquisa em particular

está ligada − e conhecer, além disso, os interesses políticos aos

quais essa teoria atende (a esse respeito Rajagopalan (2006)

FIGURA 6UAB/UESC

Axiomas: diz respeito ao conhecimento

dado, tomado como verdadeiro sem

a necessidade de comprovação. Seria um conhecimento prévio, uma hipótese inicial a partir da qual outros conceitos derivam.

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Pesquisa Aplicada ao ensino de Letras

42 Módulo 2 I Volume 1 EAD

Aspectos éticos e epistemológicos da pesquisa em linguagem

mostra, muito claramente, que nenhuma pesquisa é “ingênua”)

− é fundamental, não só para que se possa compreender a

linha de raciocínio de um pesquisador, mas, também, para que

se possa tomar decisões a respeito de como lançar mão do

conhecimento ali produzido.

Isso tudo nos leva à dimensão ética e à dimensão

epistemológica da pesquisa linguística. Poderíamos mesmo

dizer que essas duas dimensões seriam aspectos específi cos

dessa dimensão maior, que é a fi losófi ca.

b) a dimensão ética

Tomando ética num sentido mais amplo, gostaríamos

de abordar dois aspectos da pesquisa: aquele defendido por

Rajagopalan (2006), a respeito da questão política da pesquisa,

e o apontado por Paiva (2005), quanto à questão do valor

moral, interno à pesquisa.

Rajagopalan, adotando um ponto de vista altamente

crítico a respeito da Linguística, especialmente da Linguística

Aplicada, defende que a nossa ciência − como tantas outras

− tem capítulos, diríamos “vergonhosos” do ponto de vista

ético, que atendem a interesses alheios à própria produção

do conhecimento, caracterizando-se, segundo ele, como “uma

lingüística de resultados” (2006, p. 151):

Por mais que se negue no campo da lingüística teórica que seus pesquisadores tenham quaisquer vínculos com fi ns práticos, não resta dúvida de que a guinada formalista sofrida pela disciplina, logo depois da Segunda Grande Guerra, foi diretamente infl uenciada pelas novas fontes de fi nanciamento. Ou seja, a forma como as pesquisas lingüísticas foram conduzidas nessa época foi determinada pelas expectativas criadas em torno de suas possíveis aplicações. Por um lado, as agências de fomento começaram a investir pesadamente em pesquisas lingüísticas, esperando resultados palpáveis como métodos sofi sticados de quebra de códigos secretos, tradução automática e instantânea etc. Por outro lado, os próprios pesquisadores foram cada vez mais atraídos pela possibilidade de agradar às agências, cujos interesses específi cos demandavam certos tipos de pesquisa em detrimento das demais e, dessa forma, recebiam mais verbas (RAJAGOPALAN, 2006, p. 152).

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Tudo isso nos faz refl etir seriamente sobre o mito

da neutralidade científi ca. Tendo em vista que a ciência é

feita por pessoas e que essas pessoas têm sempre algum

interesse particular − atendendo a demandas mais ou menos

individualistas − até que ponto poderíamos afi rmar que existe

neutralidade do pesquisador ao realizar uma pesquisa? Até que

ponto se pode garantir que essa ausência de neutralidade não

atinge os próprios resultados da pesquisa?

Por outro lado, o autor mostra, também, o quanto essas

pesquisas deixam de atender alguns critérios mínimos de

relevância social. Assim, Rajagopalan denuncia: a) o descaso

com a opinião do leigo, o qual é usado como simples “fornecedor

de informações”, quando sujeito de uma pesquisa; b) o descaso

com o social, uma vez que, por tradição, a sociedade é vista,

no interior da pesquisa linguística, como algo contingencial,

centrando-se, o pesquisador, num sujeito-ideal; c) a falta de

fornecimento de saídas práticas para uma série de problemas

sociolinguísticos; entre outras.

Paiva (2005), por sua vez, traz refl exões sobre aspectos

éticos inerentes à prática da pesquisa em linguagem, advogando

ser a ética necessária aos mínimos procedimentos da pesquisa,

desde a seleção dos sujeitos envolvidos, passando pela

necessidade de que todos os sujeitos envolvidos na pesquisa

tenham sua dignidade respeitada em todos os momentos, até

a maneira como a pesquisa deve ser divulgada. Para ela, uma

pesquisa só pode ser considerada ética se benefi cia a todos

os envolvidos e não apenas ao pesquisador. Se o pesquisador

não tiver esses cuidados, seu trabalho pode chegar ao ponto

de prejudicar o pesquisado. É isso que ocorre, algumas vezes,

PARA

CO

NH

ECER

Rajagopalan: É Doutor em Linguística Aplicada pela Pontifícia Universidade Católica

de São Paulo (PUC-SP) e Pós-Doutor em Filosofi a da Linguagem (Universidade da

Califórnia, Berkeley, EUA). Já publicou diversos livros, entre os mais divulgados:

Por uma Lingüística Crítica (Parábola, 2003) e A Lingüística que Nos Faz Falhar (em

parceria, Parábola, 2004). É Professor Titular na área de Semântica e Pragmática

das Línguas Naturais da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). O autor é

amplamente conhecido pelas suas posições teóricas criticas e revolucionárias acerca

de aspectos epistemológicos da Linguística, especialmente a Linguística Aplicada. Na

obra em apreço, o autor traz questionamentos e informações surpreendentes que nos

fazem refl etir sobre o quanto a política local e internacional interferem nas opções dos

cientistas. O texto encontra-se na lista das sugestões de leitura, ao fi nal desta aula.

SAIBA MAIS

Paiva: o texto de Paiva delineia uma série de critérios que devem ser respeitados para que uma pesquisa seja considerada ética. É um texto simples e muito esclarecedor. Será in-dicado na atividade avaliativa fi nal.

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Pesquisa Aplicada ao ensino de Letras

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Aspectos éticos e epistemológicos da pesquisa em linguagem

com as pesquisas de sala de aula, segundo a autora:

É preocupante ver que pesquisados abrem sua sala de aula, fornecem dados, expõem sua produção acadêmica e colaboram com os pesquisadores, mas, em troca, vêem todo o seu trabalho desconstruído, sem que seja apresentada nenhuma alternativa, interrompendo a cadeia ação-refl exão-ação, pois a refl exão desses pesquisadores aponta para conclusões niilistas, sem saída, e sem indicação de caminhos alternativos (PAIVA, 2005, p. 51, grifo nosso).

c) a dimensão epistemológica

O que caracterizaria a dimensão epistemológica na

pesquisa em ciência da linguagem? Acima já delimitamos o

que caracterizaria a epistemologia nas ciências em geral;

assim, Willians (2003) defende que cinco aspectos podem ser

considerados quando de trata de epistemologia da ciência:

a) o problema analítico; b) o problema da demarcação; c) o

problema do método; d) o problema do cepticismo e e) o

problema do valor.

À luz dessa classifi cação, analisaremos como se

caracterizaria a dimensão ética na pesquisa em linguagem:

• o problema analítico: qual seria a pergunta central

que se encontra por traz de toda pesquisa linguística?

Qual o conceito que perpassa todas as pesquisas em

linguística que as identifi cam como pertencendo à

mesma ciência? Pensamos que, por traz de todas as

perguntas, encontra-se a pergunta fundamental “o que

é a linguagem?”. O estudo linguístico tem fundamento

central na visão estruturalista de Saussure, segundo

a qual a língua deve ser estudada por si mesma, sem

que se deva levar em consideração o sujeito que fala

e a situação social dessa fala. Tal conceito, tendo se

perpetuado tradicionalmente − ancorado na visão

de que Saussure seria o “pai” da linguística − entra

em contradição com os estudos atuais que admitem

a presença do sujeito, da sociedade (e da história de

ambos) como constitutivos da linguagem, criando uma

Niilistas: relativo ao fi lósofo Nietzsche,

esse termo, tomado no sentido positivo, quer referir-se ao

desmascaramento de uma verdade. Aqui, o termo é tomado

no sentido negativo, como a paralisia, a

“ausência de saídas” para um problema

apresentado.

Cepticismo: fundamentada numa perspectiva fi losófi ca

que defende a inexistência da verdade, o

cepticismo pode ser visto como sinônimo

de dúvida, ou, mais que isso, uma descrença a respeito

de algo.

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celeuma entre estudiosos que atendem ao critério

saussuriano e os que não atendem. Pergunta-se,

portanto: deveríamos considerar os estudos sob a

perspectiva diversa da estruturalista como externos à

pesquisa linguística?

• o problema da demarcação: outra pergunta a ser

feita: sendo a vida algo simbólico, como diferenciar o

que é do que não é linguagem? Seguindo a mesma

linha de raciocínio, perguntaríamos, como identifi car

a fronteira que separa o estudioso da linguagem

do estudioso daquilo que não é linguagem? Ou toda

pesquisa é uma pesquisa linguística?

• o problema do método: quanto à maneira como

o estudioso tem acesso ao conhecimento, ou seja,

o método utilizado, poderíamos advogar existir um

método ideal? Qual seria o ideal? Ou existiriam diferentes

formas, igualmente verdadeiras, de investigar a

linguagem? Estão os cientistas da linguagem lançando

mão adequadamente da tecnologia moderna para

melhorar os métodos de investigação? Essas, como as

outras, são perguntas sem respostas prontas, mas que

devem ser sempre levantadas quando se faz ciência.

• o problema do cepticismo: existe, na fi losofi a, uma

tese que defende que o conhecimento (nos termos

defi nidos pelo cientista) é algo impossível. Caberia,

portanto, também nos perguntar: será possível

compreender, na essência, o que é a linguagem?

Conseguimos hoje, a partir do conhecimento produzido

na ciência da linguagem, separar o que é linguagem

daquilo que não o é? E haveria então uma entidade,

em algum lugar da mente do indivíduo, ou no vácuo

da sociedade, em que situaríamos a linguagem? Há

muitos estudiosos que tentaram responder a esta

pergunta: alguns afi rmaram que a linguagem se situa

especifi camente do lado esquerdo do cérebro; outros

defendem que a linguagem não pode ser localizada

num espaço concreto, uma vez que se trata, por um

lado, de uma rede de relações conexas, e, por outro, de

um construto teórico.

• o problema do valor: caberia, no que tange ao valor,

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Pesquisa Aplicada ao ensino de Letras

46 Módulo 2 I Volume 1 EAD

Aspectos éticos e epistemológicos da pesquisa em linguagem

perguntar-nos: vale a pena conhecer sobre a linguagem?

Se sim, para que nos serve esse conhecimento?

Queremos conhecer, cada dia mais, sobre a linguagem

apenas por curiosidade ou para que esse conhecimento

possa ser aplicado a algo útil? Está claro que uma

pesquisa linguística, por estar inserida em uma área

específi ca, pretende fazer perguntas delimitadas e dar

respostas específi cas, entretanto, no interior de toda

pesquisa linguística, esses aspectos apontados são

perguntas que “não querem calar”.

d) a dimensão técnica

Ao falar da dimensão técnica da pesquisa, estamos nos

aprofundando em algo que é inerente à dimensão epistemológica

(explicitada no item c). Nesse sentido, defendemos que os

métodos e as técnicas adotados por um pesquisador não

podem ser vistos como algo à parte, instrumental apenas. A

técnica deve ser uma das pontas do iceberg de algo maior,

a metodologia. E metodologia aqui é tomada, não no sentido

procedimental, mas no sentido defendido por Gomes:

Podemos defi nir metodologia como o saber sobre os caminhos. Do ponto de vista etimológico, a palavra está defi nida. Porém, metodologia é mais do que isso e admite mais de uma concepção: metodologia é o campo no qual refl etimos sobre os métodos para a produção do conhecimento, ou seja, pensar sobre os caminhos possíveis para a produção do conhecimento.Sobre esse aspecto, é importante ressaltar que tal refl exão depende fundamentalmente da perspectiva teórica do pesquisador (GOMES, 2001, p. 8).

Visto sob essa perspectiva, o mérito de uma pesquisa não

seria a técnica por sim mesma − sofi sticação procedimental,

originalidade, utilização das novas tecnologias, validade,

fi dedignidade entre outras características. Todos esses critérios

teriam, sim, seu valor, mas o mérito maior estaria: a) na

capacidade de esse método abranger o objeto de estudo de

maneira ampla e esclarecedora; b) na coerência entre a escolha

Procedimental: referente a

“procedimento”, ao fazer.

VOCÊ SABIA?

Gomes: em palestra proferida no III Semi-nário de Estudos so-bre representação e imaginário – Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNESP, 2001 − Alberto Albuquerque Gomes faz uma retrospectiva das pesquisas no Brasil, evidenciando que, dife-rentemente de outros países como os EUA, a pesquisa científi ca no Brasil é eminentemente acadêmica, surgida e mantida quase ex-clusivamente pelas uni-versidades. Ele mostra também a importância do método nas ciências humanas. Vale a pena ler. Veja referência ao fi nal da aula.

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2U

nida

de I

A

ula

do método e a opção teórica; c) na forma como esse método

é utilizado de maneira a atender aos critérios epistemológicos,

fi losófi cos e éticos apontados

anteriormente, entre outras.

A dimensão técnica/

metodológica de uma pesquisa

tem tamanho valor que é matéria

obrigatória em todas as áreas de

todos os cursos universitários.

E é sobre essa dimensão que

nos aprofundaremos nas aulas

posteriores.

4 CONCLUSÃO

Baseados no conceito fundamental da metodologia como

a refl exão sobre o fazer científi co – o que ultrapassa a mera

aprendizagem da aplicação de métodos − procuramos discutir,

nesta aula, a respeito dos aspectos fi losófi cos que envolvem o

fazer científi co em geral e os estudos linguísticos em particular.

Pretendemos, com isso, mostrar que o valor da pesquisa não se

mede apenas pelos seus resultados, mas, principalmente, pelo

processo com que ela foi implementada. Para que possamos

considerar ser uma pesquisa satisfatória, tanto no ponto de vista

do processo como do produto, é necessário que ela atenda aos

mínimos critérios fi losófi cos, epistemológicos, éticos e técnicos

aqui apresentados.

FIGURA 7UAB/UESC

LEITURA RECOMENDADA

RAJAGOPALAN, Kanavillil. Repensar o papel da lingüística aplicada. In: MOITA LOPES, Luis Paulo da. Por uma lingüística aplicada indisciplinar. São Paulo: Parábola. p. 149-168. 2006.

GOMES, Alberto Albuquerque. A pesquisa em ciências humanas e a produção do conhecimento. Disponível em: <http://www.grupolusofona.pt/pls/portal/docs/PAGE/OPECE/APRESENTACAO/INVESTIGADORES/ALBERTO%20ALBUQUERQUE/PAPERS/A%20PESQUISA%20EM%20CI%C3%8ANCIA%20HUMANAS%20E%20A%20PRODU%C3%87%C3%83O%20DO%20CONHECIMENTO.PDF> Acesso em: 20 ago. 2009.

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48 Módulo 2 I Volume 1 EAD

Aspectos éticos e epistemológicos da pesquisa em linguagem

AATIVIDADESTIVIDADES

Você deverá fazer a leitura do seguinte artigo científi co:

• PAIVA, Vera Menezes. Refl exões sobre ética na pesquisa. Revista Brasileira de Lingüística Aplicada. Belo Horizonte. V. 5, n. 1. p. 43-61, 2005. Disponível em: <http://www.veramenezes.com/etica.htm> Acesso em: 20 ago. 2009.

Após a leitura, você deverá elaborar um resumo de uma lauda a respeito do texto lido. Para orientar melhor sua tarefa, sugerimos, a seguir, alguns passos para a leitura do texto e elaboração do resumo.

Roteiro para a leitura do texto e elaboração do resumo

1. Lembre-se que o resumo é uma síntese do texto lido, e que não se deve alterar o enfoque dado pelo autor no texto original, entretanto, você deverá utilizar suas palavras nessa elaboração; do contrário, não seria um resumo, seria uma transcrição reduzida.

2. O primeiro passo consiste na leitura de reconhecimento, observando: a) a fonte de onde o texto foi extraído; b) a sua estrutura (se dividido em capítulo, leia cada título de maneira a ter uma ideia global do que será tratado); c) o autor (quando se tem referências sobre o autor, também é possível prever a abordagem do texto) entre outros aspectos.

3. Parta agora para a leitura do texto, grifando os trechos que considera mais signifi cativos. Quando surgir uma palavra desconhecida, não recorra logo ao dicionário, tente compreendê-la no contexto da frase e do tema tratado; só procure uma palavra no dicionário caso essa estratégia não surta efeito.

4. Identifi que cada trecho grifado e faça o seguinte exercício: a) reescreva-os com suas próprias palavras; b) observe se há ideias repetidas; se houver, exclua-as ou tente englobá-las num mesmo período; c) selecione as ideias que são centrais para a compreensão do texto e exclua as que consistem em explicação ou exemplifi cação etc.; d) faça esse exercício até conseguir reduzir seu resumo ao tamanho sugerido.

5. O resumo deve estar em fonte 12, arial, parágrafo simples. Deverá conter, no cabeçalho, apenas a referência bibliográfi ca, seguida do título RESUMO, em maiúscula e centralizado. Abaixo do título, alinhado à direita, escreva seu nome completo. Depois de dar um espaço, inicie a redação do seu resumo.

Bom trabalho!

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nida

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A

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FE

NC

IAS

REFERÊNCIAS

CARDOSO, Clodoaldo Meneguello. Ciência e ética: alguns aspectos. Revista Ciência e Educação, n. 5, vol. 1. p. 1-6. 1998.

FERREIRA. Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 2. ed. Revista e aumentada. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, (16ª impressão), 1986.

GOMES, Alberto Albuquerque. A pesquisa em ciências humanas e a produção do conhecimento. Disponível em: <http://www.grupolusofona.pt/pls/portal/docs/PAGE/OPECE/A P R E S E N TA C A O / I N V E S T I G A D O R E S / A L B E RTO % 2 0ALBUQUERQUE/PAPERS/A%20PESQUISA%20EM%20C I % C 3 % 8 A N C I A % 2 0 H U M A N A S % 2 0 E % 2 0 A % 2 0PRODU%C3%87%C3%83O%20DO%20CONHECIMENTO.PDF> Acesso em: 20 ago. 2009.

PÁDUA, Elizabete Matallo Marchesini. Metodologia de pesquisa: abordagem teórico-prática. 9. ed. São Paulo: Papirus, 2003.

PAIVA, Vera Menezes. Refl exões sobre ética na pesquisa. Revista Brasileira de Lingüística Aplicada. Belo Horizonte. V. 5, n. 1. p. 43-61, 2005. Disponível em: < http://www.veramenezes.com/etica.htm> Acesso em: 20 ago. 2009.

RAJAGOPALAN, Kanavillil. Repensar o papel da lingüística aplicada. In: MOITA LOPES, Luis Paulo da. Por uma lingüística aplicada indisciplinar. São Paulo: Parábola. p. 149-168. 2006.

WILLIANS, Michael. O que é a epistemologia. Tradução de Vitor João Oliveira, 2003. Disponível em: <http://criticanarede.com/html/fi l_queeaepist.html> Acesso em: 23 ago. 2009.

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Suas anotações

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