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Estudos técnicos para subsidiar a proposta de criação do PARQUE ESTADUAL SERRA DA PRATA EstudosTécnicos Meio Físico Brasília-DF, dezembro de 2012

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Foto: Fátima Sonoda

Estudos técnicos para subsidiar a proposta de criação do

PARQUE ESTADUAL SERRA DA PRATA

EstudosTécnicos

Meio Físico

Brasília-DF, dezembro de 2012

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Diretor-Presidente Henrique Brandão Cavalcanti

Superintendente-Executivo Cesar Victor do Espírito Santo

Administrativo-Financeiro Carlos Daniel Martins Schneider Eduardo B. Passos Paulo Henrique Gonçalves

Projeto estudos para criação de unidades de conservação no Estado de Goiás

Coordenação Geral - Paulo de Tarso Zuquim Antas Coordenação Executiva - Mara Cristina Moscoso Coordenação do Meio Biótico - Paula Hanna Valdujo Administrativo-financeiro - Paulo Henrique Gonçalves

Consultores setoriais

Sistema de Informação Geográfica Renato Prado dos Santos – Coordenação Edivaldo Lima de Souza

Meio Físico Tadeu Veiga Ana Raíssa Amorim dos Santos S PIDIAR ALNA

Secretário do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos Leonardo de Moura Vilela

Superintendente de Unidades de Conservação José Leopoldo de Castro Ribeiro

Gerente de Àreas Protegidas Gilvânia Maria Silva

Coordenadora do Projeto Cerrado Sustentável Susete Araújo Pequeno

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Sumário APRESENTAÇÃO ..................................................................................................................... 7

METODOLOGIA ...................................................................................................................... 9

RESULTADOS ....................................................................................................................... 11

1. Aspectos regionais ........................................................................................................ 11

1.1. Geologia ................................................................................................................... 11

1.2. Geomorfologia .......................................................................................................... 15

1.3. Clima ........................................................................................................................ 18

1.4. Solos ........................................................................................................................ 20

1.5. Águas ....................................................................................................................... 23

2. Aspectos locais ............................................................................................................. 27

2.1. Geologia e recursos minerais ..................................................................................... 27

2.2. Relevo ...................................................................................................................... 30

2.3. Clima ........................................................................................................................ 30

2.4. Solos ........................................................................................................................ 30

2.5. Águas ....................................................................................................................... 30

2.6. Qualidade ambiental ................................................................................................. 31

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................. 34

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Sumário de tabela Tabela 1. Correspondência entre os tipos de solos ........................................................................ 20

Sumário de mapas Mapa 1. Geologia regional ............................................................................................................ 12 Mapa 2. Formas de relevo ............................................................................................................. 16 Mapa 3. Solos................................................................................................................................ 21 Mapa 4. Sub-bacias hidrográficas .................................................................................................. 24 Mapa 5. Geologia, relevo e hidrografia ......................................................................................... 28

Sumário de fotografias

Foto 1. Extensos afloramentos de calcários Bambuí, dominantes na porção leste da área potencial Serra da Prata. Escarpas com feições cársticas e matas secas preservadas. Ocupação agropecuária ao fundo. Coordenadas UTM 300.670E e 8.513.059N. Foto: Tadeu Veiga ..................................... 31 Foto 2. Cristas esculpidas em quartzitos e rochas associadas do Grupo Araí, no extremo NW da área. Relevo acidentado (Serra do Cubículo), com solos litólicos, drenagens encaixadas e cerrados preservados. Coordenadas UTM 284.409E e 8.519.709N Foto: Tadeu Veiga ................................ 32 Foto 3. Elevações com penhascos característicos do Granito Mocambo, na porção oeste da área. Erosão ativa, cobertura florestal preservada. Coordenadas UTM 280.319E e 8.514.851N. Foto: Tadeu Veiga .................................................................................................................................. 32 Foto 4. Rio Paranã, a sudeste da área potencial. Leito encaixado com afloramentos, acima do cânion denominado Funil do Paranã. Coordenadas UTM 277.035E e 8.805.181N. Foto: Tadeu Veiga ..................................................................................................................................................... 33

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Lista de Siglas ANA Agência Nacional de Águas CPRM Serviço Geológico do Brasil DATASUS Banco de dados do Sistema Único de Saúde DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral E Leste ENE Lés-nordeste EROS-USGS Geological Survey Center for Earth Resources Observation and Science INMET Instituto Nacional de Metereologia IRS Indian Remote Sensing MPpa Grupo Paranoá MPpa3 Grupo Paranoá – Unidade 3 – Rítmica Quartzítica Intermediária MPpa4 Grupo Paranoá – Unidade 4 – Rítmica Pelito-Carbonatada N Norte N1dl Coberturas detrito-lateríticas NE Nordeste NNE Nor-nordeste NP2pb Grupo Bambuí – Subgrupo Paraopeba NP2qfm Fengita-quartzo milonito NP2sh Grupo Bambuí – Formação Serra de Santa Helena NP2sl Grupo Bambuí – Formação Sete Lagoas NP2slcc Grupo Bambuí – Formação Sete Lagoas – Fácies Calcário NP2sld Grupo Bambuí – Formação Sete Lagoas – Fácies Dolomito NP2slm Grupo Bambuí – Formação Sete Lagoas – Fácies Marga NQdl Coberturas detrito-lateríticas NW Noroeste OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico PP13tz Formação Ticunzal PP2γau Suíte Aurumina PP2γau1 Suíte Aurumina – Fácies Sienogranito PP2γau2 Suíte Aurumina – Fácies Monzogranito PP4a Grupo Araí – Formação Arraias PP4aa Grupo Araí – Formação Arraias – Fácies Metarenito PP4acg Grupo Araí – Formação Arraias – Fácies Metaconglomerado PP4aqa Grupo Araí – Formação Arraias – Fácies Quartzito Arcoseano PP4aqf Grupo Araí – Formação Arraias – Fácies Quartzito Feldspático PP4aqo Grupo Araí – Formação Arraias – Fácies Ortoquartzito PP4aqsx Grupo Araí – Formação Arraias – Fácies Quartzito Seixoso PP4as Grupo Araí – Formação Arraias – Fácies Metassiltito e Metarristmito PP4t Grupo Araí – Formação Traíras PP4tqt Grupo Araí – Formação Traíras – Fácies Quartzito PP4tst1 Grupo Araí – Formação Traíras – Fácies Siltito Um PP4γ4pb1 Suíte Pedra Branca – Fácies Biotita Granito PP4γpb Suíte Pedra Branca Q2a Depósitos Aluvionares S Sul SAAR Sistema Aquífero Araí SAB Sistema Aquífero Bambuí

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Lista de Siglas SABc Sistema Aquífero Bambuí – Subsistema Cárstico SABf Sistema Aquífero Bambuí – Subsistema Fraturado SABfc Sistema Aquífero Bambuí – Subsistema Físsuro-Cárstico SACNE Sistema Aquífero Cristalino Nordeste SGM Superintendência de Geologia e Mineração SW Sudoeste W Oeste WSW Oés-sudoeste

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APRESENTAÇÃO

A Fundação Pró-Natureza (Funatura) foi selecionada mediante licitação e firmou com o Governo do Estado de Goiás, o Contrato no 009/2012. O objetivo central é realizar o projeto “Criação de Unidades de Conservação no Estado de Goiás” através da análise dos dados dos componentes de biodiversidade, geodiversidade e socioeconomia com apoio de imagens de satélite e Sistemas de Informação Geográfica. Inicialmente foram avaliados 15 polígonos, indicados pela Secretaria de Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do estado (Semarh-GO). Os mesmos foram selecionados pela Secretaria conforme os critérios explicitados no documento “Pré-seleção de áreas potenciais para a criação de unidades de conservação no Estado de Goiás”, produzido pela Gerência de Áreas Protegidas da Semarh-GO. Houve inicialmente a apresentação da metodologia de trabalho para a Semarh-GO e sua equipe técnica envolvida com o projeto, em agosto de 2012. A seguir foram feitas as primeiras avaliações de representatividade atual dos ecossistemas a partir de imagens de satélite e verificação de prioridades para conservação com o uso de fontes bibliográficas e bancos de dados não publicados de propriedade dos consultores ou pesquisadores consultados. Essa etapa visou elencar os polígonos frente as prioridades de conservação para os ambientes no estado, no país e internacionalmente. O detalhamento dessa etapa foi o objeto da fase anterior desse contrato e foi entregue nas formas digital e impressa para a Semarh-GO. A partir da listagem obtida foram selecionados os cinco polígonos ou grupos de polígonos (em alguns casos havia a proximidade geográfica e ecológica entre pares de polígonos indicados, sendo então avaliados em conjunto nesse momento) pela Semarh-GO, os quais passariam a ter avaliações diretas pelas equipes de consultores setoriais em campo. Além desses cinco, número pré-definido conforme a metodologia de abordagem estabelecida inicialmente, um sexto permaneceu para eventuais avaliações de campo devido a falta de fontes secundárias seguras. O relatório atual aborda os resultados referentes aos meios físicos, bióticos e socioeconômicos das áreas de estudo, bem como de sobrevoos efetuados. Para cada área estudada foram sugeridas unidades de conservação de proteção integral, com seus limites indicados em carta topográfica e sobre imagem de satélite. Além dessas áreas de estudo, a sexta foi avaliada em campo para verificação da realização de estudos mais aprofundados e o resultado é objeto de um volume em separado. Além dos relatórios por área de estudo, também é apresentado um volume integrando os resultados do sobrevoo e das sugestões de unidades de conservação de proteção integral. O resultado final busca ampliar o Sistema de Unidades de Conservação de Goiás com pelo menos o dobro de superfície em áreas de proteção integral criadas em relação à situação do início de 2012. A atividade está inserida no Projeto Cerrado Sustentável Goiás, componente 1 - Proteção da Biodiversidade pela Expansão e Consolidação de Áreas Protegidas no Corredor Ecológico Paranã-Pirineus e na APA João Leite. Na seleção da categoria de Unidade de Conservação de proteção integral buscou-se equilibrar a necessidade de proteção de amostras das ricas biodiversidade e geodiversidade goianas com a possibilidade da unidade representar uma fonte adicional de renda para os municípios envolvidos.

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Nesse volume a Funatura indica a criação do Parque Estadual Serra da Prata, situado integralmente no município de Monte Alegre de Goiás. Seus limites englobam uma parte do rio Paranã onde ele já deixa de ser um rio de planície com meandros para entrar na área rochosa de corredeiras, a qual chega a seu máximo no chamado Funil, localizado a jusante da estrada GO-118 e onde todo o rio passa por uma estreita garganta rochosa entre as montanhas antes da área calunga do rio das Almas. Tendo o rio como limite, que está na cota aproximada de 390 m, a Serra da Prata lança-se a grandes alturas alcançando 1020 m na sua região oriental. Em oito quilômetros há um desnível de 630 m, produzindo um maciço imponente, mais notável ainda por quem chega pelo sul ou pelo leste, vindo da planície do rio Paranã. Além dessa condição especial, o maciço ainda pode ser subdividido com uma massa de granito a oeste e um centro mais escarpado prolongando-se a nordeste em uma crista até próximo da cidade. Na face leste há um grande afloramento de calcário emoldurando a serra com sua mata seca ou decidual. Essa fitofisionomia é uma das mais ameaçadas mundialmente e no vale do rio Paranã, bem como ao longo das encostas da Serra Geral de Goiás, possui a sua maior expressão do estado. Habitam a mata decidual uma série de espécies endêmicas de aves a répteis e anfíbios, sendo que nesse último grupo foram coletados exemplares em campo de espécies ainda não descritas cientificamente. A mata ciliar do rio Paranã forma outra fitofisionomia notável, assim como os campos de altitude sobre o substrato rochoso. Nos fundos de vale além da influência do calcário ocorrem matas de galeria com outra composição de espécies. Junto com os cerrados de altitude ou do vale tornam essa área a prioritária em termos dos parâmetros de biodiversidade e geodiversidade utilizados nesse trabalho.

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METODOLOGIA

A área de estudo Serra da Prata foi selecionada como prioritária, em um conjunto de 15 áreas potencialmente destinadas à criação de Unidades de Conservação no Estado de Goiás. A seleção considerou a sua importância ambiental, avaliada em caráter multidisciplinar com base em dados secundários e no conhecimento dos diversos pesquisadores. Em seguida, realizaram-se estudos específicos para caracterização dos seus atributos físicos, bióticos e socioeconômicos. A caracterização do meio físico seguiu o conceito da geodiversidade, lançado por Veiga (1999 e 2002) e posteriormente consagrado pelo Serviço Geológico do Brasil (Silva, 2008, entre outros). A geodiversidade expressa as particularidades do meio físico, abrangendo rochas, relevo, clima, solos e águas, subterrâneas e superficiais. Tais atributos resultam da atuação cumulativa de processos geológicos múltiplos. Por sua vez, condicionam a paisagem e propiciam a diversidade biológica e cultural nela desenvolvidas, em permanente interação. O conhecimento da geodiversidade é essencial à abordagem criteriosa de qualquer área ou região: por preceder a biodiversidade, ajuda a entender a dinâmica ambiental vigente. Além disso, o subsolo pode conter recursos minerais, hídricos e energéticos, cujo aproveitamento precisa ser devidamente equacionado, para não comprometer a própria biodiversidade e a qualidade de vida dos seus habitantes. É o caso dessa área, aqui recomendada para conservação. Seus atributos físicos foram caracterizados com base em dados secundários e na experiência de trabalho dos geólogos. Entre os estudos prévios consultados, destacam-se os levantamentos sistemáticos pioneiros realizados pelo Projeto Radambrasil (Radambrasil, 1981, 1982) e estudos promovidos pela Superintendência de Geologia e Mineração da Secretaria de Indústria e Comércio do Estado de Goiás, em parceria com o Serviço Geológico do Brasil e a Universidade de Brasília (CPRM/SIC-SGM, 2008, entre outros). A bibliografia completa é apresentada ao final. Utilizaram-se bases cartográficas, imagens de satélite e mapas temáticos disponíveis no Sistema Estadual de Estatística e de Informações Geográficas do Estado de Goás (SIEG). São informações homogêneas, atualizadas e suficientemente detalhadas para a contextualização regional. Os dados foram processados em plataforma Arc Map para elaboração dos mapas regionais apresentados adiante: geologia, relevo, tipos de solos e hidrografia. Tais mapas ilustram a área em foco, frente a outras áreas potenciais para conservação selecionadas na porção nordeste de Goiás. O contexto local foi caracterizado em maior detalhe. Elaborou-se um mapa específico da área de estudo Serra da Prata, abrangendo geologia, recursos minerais, relevo e drenagens principais. Na sequência, programou-se um sobrevoo de reconhecimento, em conjunto com os demais pesquisadores, visando: a) reconhecer os principais atributos descritos; b) avaliar a integridade ambiental da área; c) confirmar a pertinência da criação de uma unidade de conservação; e d) definir diretrizes específicas para a proposta de criação – tipo de unidade de conservação, limites, etc. O sobrevoo permitiu a coleta de informações relevantes e propiciou uma visão abrangente do contexto em foco. Os pontos descritos foram fotografados com câmera digital (Pentax WG-1) e georreferenciados com aparelho GPS de navegação (Garmin 60CSx). As observações foram imediatamente registradas em caderneta e mapas de campo.

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De posse de todos esses dados, foi elaborado o presente relatório, buscando atender aos seguintes objetivos: Descrever a evolução geológica da região, apresentando o conjunto de rochas

presentes, o seu empilhamento estratigráfico e sua estruturação; Descrever o relevo e respectivas unidades fisionômicas, caracterizando-as quanto às

altitudes dominantes e suscetibilidade à erosão; Interpretar a evolução morfogenética quanto ao condicionamento litológico e estrutural

da paisagem, altitudes e declividades; Caracterizar o clima quanto à dinâmica atmosférica e sua influência sobre as

temperaturas, pluviosidade, regime de chuvas e umidade do ar; Caracterizar os solos quanto aos atributos físicos relevantes para conservação e

manejo: permeabilidade, suscetibilidade à erosão e fragilidade ao uso; Caracterizar os recursos hídricos superficiais e subterrâneos quanto à disponibilidade,

usos, áreas de recarga, vulnerabilidade à contaminação e potencialidades; Indicar locais atrativos à possível visitação pública, bem como locais com restrições à

visitação e/ou à implantação de infraestrutura; Recomendar pesquisas futuras sobre os temas abordados; Fornecer subsídios para equacionamento de outros aspectos relevantes, tais como:

monitoramento de áreas frágeis, recuperação de áreas degradadas, articulação com outras áreas preservadas (corredores ecológicos), etc.

A criação da unidade de conservação aqui recomendada ensejará o progressivo aprofundamento de tais temas, em conformidade com a proteção ambiental e a legislação.

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RESULTADOS

1. Aspectos regionais

O contexto regional aqui caracterizado corresponde à porção nordeste do Estado de Goiás. Nele se insere a área em apreço e outras áreas potenciais para conservação, abordadas em conjunto nas etapas iniciais dos estudos e ilustradas nos mapas regionais apresentados adiante.

1.1. Geologia

A porção em estudo está inserida na Província Tectônica do Tocantins, que compreende três cinturões dobrados ou faixas: Brasília, Araguaia e Paraguai, sendo a primeira dominante no Estado de Goiás (Almeida et al., 1977).

A Faixa Brasília é um cinturão gerado pela colisão de dois blocos continentais antigos: Cráton Amazônico a oeste e Cráton São Francisco a leste. Essa colisão foi responsável pela deformação e metamorfismo presentes nas rochas ígneas e sedimentares da província (CPRM/SIC-SGM, 2008). A compartimentação tectônica da Faixa Brasília compreende: a) Terrenos Granito-Greenstone; b) Cinturões Paleoproterozóicos; c) Bacia Intracontinental - Rift Intracontinental Paleo-Mesoproterozóico; d) Seqüência Pós-Rift; e) Bacia Oceânica Mesoproterozóica; f) Arco Magmático de Goiás; g) Bacia Marginal de Arco; h) Raiz de Arco Magmático; i) Bacia de Margem Passiva; j) Bacia de Antepaís (CPRM/SIC-SGM, 2008). A porção em foco abrange: Cinturões Paleoproterozóicos, Bacia Intra-continental - Rift Intracontinental Paleo-Mesoproterozóico e Sequência pós-Rift, Bacia de Margem Passiva e Bacia de Antepaís, assim como formações cenozóicas (depósitos aluvionares e coberturas detrito-lateríticas). As unidades geológicas presentes são descritas a seguir, da mais antiga para a mais recente (mapa 1).

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Mapa 1. Geologia regional

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- Cinturões Paleoproterozóicos

Essas são as rochas mais antigas. Correspondem ao embasamento da Faixa Brasília e têm idades Paleoproterozóicas (entre 2.300 e 2.100 milhões de anos). Na região de interesse, são representadas por metassedimentos da Formação Ticunzal e por rochas graníticas Suíte Aurumina, descritas a seguir:

Formação Ticunzal (PP13tz)

A Formação Ticunzal é constituída na base por paragnaisses, que passam gradualmente a xistos grafitosos, seguidos por muscovita xistos, sericita-clorita xistos, micaxistos granadíferos, tremolita xistos e grafita xistos (Alvarenga et al., 2006). Essas rochas são caracteristicamente politectônicas e polimetamórficas. Sugere-se que foram depositadas em ambiente marinho restrito, com atividade biológica (Pimentel et al., 2000).

Hospeda mineralizações de urânio na região do rio Preto e provavelmente também na região de Campos Belos. A formação é a encaixante dos granitos e pegmatitos da Suíte Aurumina, hospedeiros dos depósitos de estanho e tântalo da região de Monte Alegre de Goiás (CPRM/SIC-SGM, 2008).

Suite Aurumina (PP2γ2au)

A Suíte Aurumina é formada por corpos graníticos sin a pós-tectônicos, intrusivos na Formação Ticunzal (Pereira, 2001). O granito típico é um corpo alongado segundo N30W, com zonas de deformação intensa que podem ser confundidas com as encaixantes. As principais litologias são muscovita granito, biotita-muscovita granito, tonalito e biotita granito (Botelho et al., 2006).

As rochas da suíte hospedam mineralizações de ouro, estanho e tantalita. Em Cavalcante, ocorrem ouro e platinóides associados a veios de quartzo, em milonitos no contato entre o granito e a Formação Ticunzal. Há depósitos e ocorrências de estanho e tântalo em greisens e pegmatitos em Monte Alegre de Goiás (Botelho et al., 2006).

Na região de estudo, estão presentes as fácies sienogranito (PP2γ2au1) e monzogranito (PP2γ2au2), sendo a segunda associada aos depósitos de ouro em Cavalcante e Aurumina (CPRM/SIC-SGM, 2008).

- Bacia Intracontinental Paleo-Mesoproterozóica – Sequência Rift e Sequência pós-Rift

São rochas de idade Paleo a Mesoproterozóica (entre 2.000 e 1.600 milhões de anos), também integrantes do embasamento da Faixa Brasília. São representadas na região por sedimentos anorogênicos da Formação Arraias do Grupo Araí, por intrusões graníticas anorogênicas da Sub-província Paranã – Suíte Pedra Branca (sequência Rift) e por rochas psamo-pelíticas da Formação Traíras do Grupo Araí (sequência pós-Rift) (CPRM/SIC-SGM, 2008).

Grupo Araí – Formação Arraias (PP4a)

A Formação Arraias do Grupo Araí é constituída por rochas metassedimentares e metavulcânicas depositadas sobre o embasamento. As principais litologias são: dacito, riodacito, riolito e basalto para as metavulcânicas; e metarenito, metaconglomerado, quartzito arcoseano, quartzito feldspático, ortoquartzito, quarztito com seixos, metassiltito e metarritmito para as metassedimentares. Apresentam estruturas sedimentares primárias preservadas, como marcas de onda e estratificações cruzadas, tabulares e acanaladas (Alvarenga et al., 2006).

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Grupo Araí – Formação Traíras (PP4t)

A Formação Traíras do Grupo Araí é caracterizada por rochas metassedimentares pós-rift, depositadas em ambiente marinho. Os principais litotipos são quartzito e siltito. Assim como na Formação Arraias, suas rochas apresentam estruturas sedimentares primárias preservadas, tais como estratificação cruzada, marcas de ondas e diques de areia (Alvarenga et al., 2006).

Suite Pedra Branca (PP4γpb)

A Suíte Pedra Branca abrange os granitos da Sub-província do Paranã. Reúne 8 intrusões maiores, que sustentam altos topográficos circulares (Marini e Botelho, 1986). Os granitos são intrusivos na Suite Aurumina e na Formação Ticunzal, e estão parcialmente cobertos por rochas do Grupo Araí. Apresentam mineralizações de estanho (CPRM/SIC-SGM, 2008; Botelho et al., 2006).

Há 2 litologias principais na Suíte: biotita granito (com texturas rapakivi e granofírica), e leucogranito. As mineralizações de estanho mais importantes são associadas ao leucogranito (CPRM/SIC-SGM, 2008).

- Bacia de Margem Passiva

Essa bacia é formada por rochas de idade Meso a Neoproterozóica (entre 1.600 e 600 milhões de anos), localizadas na Zona Externa da Faixa Brasília. Compreendem sequências pelito-carbonáticas e psamo-pelíticas plataformais do Grupo Paranoá (CPRM/SIC-SGM, 2008).

Grupo Paranoá (MPpa)

O Grupo Paranoá é composto por espessa sucessão psamo-pelítica, com importante contribuição de rochas carbonáticas. Na porção de interesse, estão presentes 2 unidades individualizadas por Faria (1995). A Unidade 3 (MPpa3) é composta por quartzito feldspático, filito carbonoso, argilito e metassiltito. A Unidade 4 (MPpa4) é formada por metargilito, ardósia, metassiltito, filito carbonoso, calcixisto e quartzito feldspático. Ambas mostram estruturas sedimentares primárias preservadas (CPRM/SIC-SGM, 2008). As rochas do Grupo Paranoá podem conter ocorrências de ouro. Os calcários são utilizáveis para a fabricação de cal e como corretivos agrícolas. Os quartzitos e areias derivadas são utilizados como insumos para construção civil (CPRM/SIC-SGM, 2008).

- Bacia de Antepaís

É formada por rochas de idade Neoproterozóica (entre 800 e 600 milhões de anos). São sedimentos pelito-carbonáticos do Grupo Bambuí, depositados em ambiente marinho raso.

Grupo Bambuí – Subgrupo Paraopeba (NP2pb)

O Grupo Bambuí compreende rochas pelito-siliciclásticas e carbonáticas, formadas em extenso mar epicontinental neoproterozóico. Segundo Dardenne (1978), sua deposição ocorreu em regime de plataforma epicontinental estável, sob megaciclos transgressivos-regressivos de águas pouco profundas. O Subgrupo Paraopeba compreende as formações Sete Lagoas, Serra de Santa Helena, Lagoa do Jacaré e Serra da Saudade. Na porção em foco, foram englobadas por Lacerda

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Filho et al. (1999) sob o termo Subgrupo Paraopeba Indiviso, que abrange siltitos e argilitos por vezes calcíferos, calcários e lentes de quartzito. A sequência contém ocorrências de fosfatos, potencialmente utilizáveis para a fabricação de fertilizantes. As rochas carbonáticas podem ser utilizadas para a produção de cimento, cal e corretivos agrícolas (CPRM/SIC-SGM, 2008).

- Bacias Cenozóicas – Formações Superficiais

Formações Superficiais correspondem a depósitos detríticos, formados in situ ou transportados, tais como: couraças ferruginosas sobre terrenos aplanados e sedimentos inconsolidados aluvionares.

Coberturas Detrito-Lateríticas (NQdl)

As coberturas detrito-lateríticas são representadas por lateritos autóctones com carapaça ferruginosa. Podem ocorrer sobre qualquer tipo de substrato (CPRM/SIC-SGM, 2008). São características de climas tropicais e propícias à concentração de ouro, manganês, alumínio e outros metais pouco solúveis, porventura presentes no substrato.

Depósitos aluvionares recentes (Q2a)

Os depósitos aluvionares se associam à rede de drenagem que flui sobre o embasamento cristalino e as bacias sedimentares. Compreendem as acumulações de sedimentos de calha e de planície de inundação, compostos por areias finas a grossas, cascalhos, lentes de material silto-argiloso e turfa. Os sedimentos podem ser utilizados in natura, como insumos para a construção civil (cascalho, areia, argila). As frações mais grossas podem conter concentrações de rutilo, ouro, zircão e diamante, as quais podem constituir depósitos de interesse econômico (CPRM/SIC-SGM, 2008).

1.2. Geomorfologia

A porção estudada está localizada no Planalto Central Goiano (Pena et al., 1975), que ocupa a parte norte do Estado de Goiás e a parte sul de Tocantins. O planalto é limitado a oeste pela Depressão do Araguaia, a norte e noroeste pela Depressão do Tocantins, e a sul-sudeste pelo Planalto Goiás-Minas. Esses limites são bem marcados por diferenças litológicas, altimétricas e de aspecto geral do relevo. Conforme assinalado por Radambrasil (1981), o Planalto Central Goiano é caracterizado pela diversidade de formas de relevo e de rochas metamórficas, de estruturas complexas (falhamentos, intrusões), e de cotas altimétricas (entre 400 e 1.650m). As feições de relevo são devidas às rochas dobradas do Grupo Araí e às rochas dos grupos Paranoá e Bambuí, também dobradas e arrastadas sobre as primeiras. Os dobramentos e posteriores falhamentos tectônicos modelaram um relevo com áreas de dissecação diferencial, predominância de cristas e barras, facetas triangulares, sulcos e escarpas estruturais justapostas a áreas conservadas planas ou levemente dissecadas (Radambrasil, 1982). A porção em foco compreende as seguintes subdivisões do Planalto Central Goiano, descritas adiante: Planalto Alto Tocantins-Paranaíba, Complexo Montanhoso Veadeiros-Araí e Vão do Paranã (mapa 2).

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Mapa 2. Formas de relevo

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- Planalto Alto Tocantins – Paranaíba

O Planalto Alto Tocantins – Paranaíba é marcado por relevo fragmentado, entremeado por depressões intermontanas, esculpidas por importantes formadores do rio Tocantins. As cotas na região variam entre 750 e 1.100m. A composição litológica é bastante variada, sendo as formas de relevo correlacionáveis às rochas dos grupos Araí, Paranoá e Bambuí (Radambrasil, 1981). O Grupo Paranoá forma um conjunto de relevo estrutural representado por intensa dissecação em formas aguçadas e cristas orientadas para NNE, sustentadas por quartzitos. Formas convexas ocorrem localmente. A rede de drenagem evidencia forte controle estrutural, geralmente direcionado em torno de NE-SW (Radambrasil, 1981).

- Complexo Montanhoso Veadeiros – Araí

O Complexo Montanhoso Veadeiros – Araí compreende dois grandes blocos planálticos, limitados por escarpas e serras com prolongamentos que seguem a orientação dos dobramentos. O bloco sul contém a Chapada dos Veadeiros, com orientação NE-SW. O seu prolongamento sul apresenta formas circulares comandadas por intrusões. No bloco norte predomina orientação estrutural N-S e nota-se melhor a sucessão de dobras com grande raio de curvatura. A altimetria varia entre 800 e 1.690m. Os pontos mais altos ocorrem na Chapada dos Veadeiros (Radambrasil, 1982). O relevo é caracterizado por formas estruturais instaladas sobre dobramentos do Grupo Araí, localmente cobertos por rochas dos grupos Paranoá e Bambuí, truncados por superfícies de aplanamento com posteriores efeitos de tectônica de falha. A porção norte do relevo também é influenciada pela presença de intrusões (Radambrasil, 1892). As formas de relevo refletem a rigidez litológica e a forte estruturação das rochas. Predominam formas residuais de flancos de dobras, nivelados por planos topográficos e esfacelados por fraturas e falhas, que favorecem a dissecação. Há também patamares estruturais, escarpas de falha, cristas assimétricas, facetas triangulares e planos de falha ou de dobra, vales e sulcos de paredes íngremes, controlados pelo fraturamento (Radambrasil, 1982).

- Vão do Paranã

O termo regional Vão do Paranã foi adotado para designar a depressão posicionada entre os relevos mais altos do Planalto Divisor São Francisco – Tocantins a leste, e do Planalto Central Goiano a oeste. Essa unidade tem formato ovalado, com eixo maior N-S. As cotas variam de 400 a 600m. As maiores elevações referem-se aos contatos com os patamares do Chapadão a leste e as Chapadas do Alto Rio Maranhão a oeste (Radambrasil, 1982). A característica mais importante do relevo do Vão do Paranã é a sucessão morfológica regular de planos encouraçados nos interflúvios e de planos argilosos mais baixos. Os relevos residuais são constituídos por camadas de calcário, na forma de cristas com orientação N-S. As áreas de acumulação têm escoamento difuso, e ocorrem comumente em planícies de inundação do rio Paranã e seus principais tributários.

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1.3. Clima

A porção nordeste de Goiás é caracterizada por temperaturas elevadas durante boa parte do ano, principalmente em função da forte radiação solar (Radambrasil, 1982). O relevo também assume importante papel no clima da região, tanto nos aspectos térmicos quanto na distribuição de chuvas. A influência térmica do relevo é comprovada pelas diferentes temperaturas observadas em diferentes níveis altimétricos da região. No que diz respeito à precipitação, a influência orográfica é ainda mais marcante (Radambrasil, 1982). A penetração de ventos úmidos do litoral é barrada pelas escarpas do Espinhaço e da Chapada Diamantina, o que torna o Planlto Central dependente das chuvas de verão trazidas pelo fluxo convectivo de orientação de oeste para leste. A ausência de ventos oceânicos acentua os efeitos da continentalidade durante a estiagem, período no qual a umidade relativa do ar torna-se muito baixa (Radambrasil, 1982).

- Tipos climáticos

A porção nordeste de Goiás é caracterizada por clima tropical de savana (clima quente, com estação seca acentuada, coincidente com o inverno austral), que corresponde ao domínio climático Aw da classificação Köppen-Geiger (Peel et al., 2007).

Como dito, o clima do Brasil Central é controlado exclusivamente por massas de ar equatoriais e tropicais, sem influência da massa tropical marítima. Essa característica promove um clima com 2 estações bem definidas. As chuvas se concentram no verão austral (cerca de 95% da precipitação anual incide nesse período) e o inverno é seco. Os climogramas da Figura 3A evidenciam a dualidade do clima tropical de savana, marcado por período chuvoso no verão e seco no inverno. A amplitude térmica é significativa, com temperaturas médias variando entre 18ºC e 26ºC, e média anual de 23ºC.

- Pluviosidade

A pluviosidade é definida pelo Regime Equatorial Continental, que determina o período de outubro a maio como mais chuvoso, com registros médios entre 800 e 1.300mm. Destaca-se dezembro, com médias que podem alcançar 300mm (Figura 3). O período seco, de junho a setembro, apresenta seus menores índices em julho (5,8 mm). É caracterizado por baixa umidade relativa do ar. Em julho e agosto, os índices de umidade comumente situam-se abaixo de 30%, podendo atingir 10% ou menos.

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Fonte: INMET, 2012.

Figura 1. Climogramas para 2011 das estações climáticas de Alto Paraíso de Goiás, Niquelândia, Monte Alegre de Goiás e Posse

- Temperatura

As temperaturas na região são condicionadas por sua continentalidade, pela latitude e pelo relevo. De maneira geral, são elevadas durante o ano todo, e mostram grandes amplitudes anuais. As temperaturas são mais altas em setembro, com máximas podendo atingir 35ºC. No verão, a temperatura máxima média varia entre 25ºC e 30ºC. Maio, junho e julho são os meses mais frios, sendo em julho as menores médias, que oscilam entre 15ºC e 20ºC (Figura 3). Como dito, o relevo condiciona variações locais de temperatura. Podem ocorrer diferenças de até 5ºC entre as médias do Vão do Paranã (25ºC) e dos Patamares do Chapadão (20ºC), na transição entre clima úmido e semiúmido (Radambrasil, 1982).

- Balanço hídrico

A porção nordeste de Goiás está sob influência de clima úmido, onde é registrado excedente hídrico durante todo o período chuvoso (Andreae et al., 2004).

A região apresenta disponibilidade hídrica em sete meses do ano e déficit em apenas quatro meses (especialmente agosto). O excedente hídrico, que consiste na água que escoa em superfície ou em profundidade, incorporando-se à rede de drenagem, pode atingir 800 mm anuais.

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1.4. Solos

Os solos resultam da interação entre clima, tipos de rocha e relevo. Por consequência, as principais feições geológicas e geomorfológicas da região se refletem nos tipos de solos presentes. O Projeto Radambrasil (1982) caracterizou os solos da região de interesse em ampla escala, por meio de mapeamentos sistemáticos. Em 2006, a Embrapa adotou uma nova classificação, sob o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. A Figura 4 mostra as classes de solo existentes na porção em foco. A tabela 1 mostra a correspondência entre os tipos de solos utilizados por Radambrasil (1982) e a atual classificação adotada pela Embrapa. Os prinicipais tipos de solo são apresentados adiante segundo a nova classificação (Embrapa, 2006). Tabela 1. Correspondência entre os tipos de solos

CLASSIFICAÇÃO RADAMBRASIL (1982) CLASSIFICAÇÃO EMBRAPA (2006)

Areias Quartzosas, Areias Quartzosas Hidromórficas e Aluviais Neossolo

Latossolo Vermelho Amarelo e Latossolo Vermelho Escuro Latossolo

Cambissolos Cambissolo

Lateritas Hidromórficas Plintossolo

Terra Roxa Estruturada Similar Argissolo

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Mapa 3. Solos

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Neossolo

Em geral, são solos originados de depósitos arenosos profundos (ao menos 2m de profundidade), constituídos essencialmente por areias quartzosas e distróficas. São praticamente destituídos de minerais primários pouco resistentes ao intemperismo. Ocorrem em relevos planos a suavemente ondulados, comumente associados a latossolos, áreas de nascentes e veredas. São muito suscetíveis à erosão (Radambrasil, 1982). Como assinalado pela Embrapa (2006, entre outros), as regiões de neossolo (com latossolos associados) vêm sendo incorporadas a cultivos de grãos ou a plantios de eucalipto. Sua utilização demanda correção da acidez, adubação e irrigação em larga escala.

Latossolo Os latossolos são formados pelo processo denominado latolização, que consiste na remoção da sílica e das bases do perfil (Ca2+, Mg2+, K+, etc.), após transformação dos minerais primários constituintes. Essa remoção promove o enriquecimento residual do solo em óxidos de ferro e de alumínio. São solos profundos (normalmente superiores a 2 m), têm aspecto maciço poroso, são macios quando secos e muito friáveis quando úmidos. Por isso, são suscetíveis à erosão, junto aos cursos d’água e nas bordas das chapadas. No bioma Cerrado, os latossolos ocupam praticamente todas as áreas planas a suavemente onduladas, com declividade inferior a 7%. Isso facilita o seu uso mecanizado, em chapadas e também em vales. Os latossolos são passíveis de utilização com culturas anuais, perenes, pastagens e reflorestamento. Um fator limitante é a baixa fertilidade, mas com aplicações adequadas de corretivos e fertilizantes, aliadas à época propícia de plantio de cultivares adaptadas, obtêm-se boas produções. Em consequência, tais solos vêm sendo intensamente utilizados pela agricultura mecanizada para produção de grãos – especialmente soja e milho (Embrapa, 2006).

Cambissolo

São solos constituídos por material mineral, com horizonte B. Devido à heterogeneidade do material de origem, das formas de relevo e das condições climáticas, as características desses solos variam muito de um local para outro. De modo geral, são solos drenados, álicos e pouco profundos. Apresentam fase pedregosa e não pedregosa. No nordeste de Goiás desenvolvem-se em relevos ondulados a fortemente ondulados, sobre rochas dos Grupos Paranoá e Bambuí. Os cambissolos desenvolvidos em relevo pouco movimentado apresentam bom potencial agrícola. Quando situados em planícies aluviais, estão sujeitos a inundações, que podem limitar o uso agrícola. De qualquer modo, prestam-se para cultivos diversos, ainda que em pequena escala (Embrapa, 2006).

Plintossolo Plintossolos caracterizam-se pela presença de manchas ou mosqueados avermelhados, ricos em ferro e de consistência macia, que podem ser facilmente individualizados da matriz do solo (plintitas). Contêm também nódulos e/ou concreções ferruginosas, extremamente duras, que podem formar camadas espessas, contínuas e endurecidas (Embrapa, 2006).

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Na porção em foco, os plintossolos ocupam terrenos planos laterizados, desenvolvidos sobre rochas do Grupo Bambuí. São naturalmente pouco férteis, devido à elevada acidez e toxicidade em alumínio, o que os tornam inaptos ou com aptidão restrita ao cultivo, sendo utilizados apenas como pastagens naturais.

Argissolo

Os argissolos apresentam, como característica diagnóstica, um horizonte B textural. São solos medianamente profundos a profundos, moderadamente drenados e altamente susceptíveis a erosão. Na região em estudo, ocorrem sobre rochas do Grupo Bambuí. Quando localizados em áreas de relevo plano a suavemente ondulado, podem ser usados para diversas culturas, desde que sejam feitas correções da acidez e adubação (Embrapa, 2006).

1.5. Águas

A porção nordeste do Estado de Goiás integra a Região Hídrica Tocantins – Araguaia (Almeida et al., 2006). É representada por cursos d’água que vertem de sul para norte e formam os rios Araguaia e Tocantins (Figura 5). A rede de drenagem é diversificada e relativamente densa, mesmo tratando-se de uma região onde, em função do clima, nem todos os rios são perenes (Radambrasil, 1982).

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Mapa 4. Sub-bacias hidrográficas

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- Aspectos hidrogeológicos regionais

Os recursos hídricos superficiais têm estreita relação com as águas subterrâneas. Rios, córregos e outras drenagens ora alimentam os aqüíferos, ora são alimentados pelas águas subterrâneas. Na porção de interesse, Almeida et al. (2006) destacam os seguintes domínios hidrogeológicos:

Domínio Fraturado

O Domínio Fraturado é constituído por rochas magmáticas e metamórficas, onde os processos tectônicos rúpteis foram responsáveis pelo desenvolvimento de fraturas que compõem o espaço eventualmente preenchido pela água. O potencial desses sistemas é vinculado à abertura, densidade e interconexão das fraturas. Os processos neotectônicos são de fundamental importância para a manutenção da abertura da porosidade secundária planar.

Domínio Físsuro-Cárstico

O Domínio Físsuro-Cárstico é representado por situações onde rochas carbonáticas (calcários, dolomitos, margas e mármores) ocorrem na forma de lentes, com restrita continuidade lateral, interdigitadas com litologias pouco permeáveis (siltitos argilosos, folhelhos, filitos ou xistos).

Domínio Cárstico

O Domínio Cárstico pressupõe rochas carbonáticas com ampla continuidade lateral e vertical, de forma que o processo de dissolução cárstica tenha considerável desenvolvimento, com abertura de espaços maiores que 1m. Nesses sistemas, comumente ocorrem drenagens subterrâneas de fluxo turbulento, similares a cursos de drenagens superficiais.

- Recursos hídricos subterrâneos

Na porção nordeste de Goiás, Almeida et al. (2006) propõem 4 sistemas aquíferos diferentes, descritos a seguir:

Sistema Aquífero Cristalino Nordeste (SACNE)

O Sistema Aquífero Cristalino Nordeste compreende o embasamento arqueano-proterozóico e a Formação Ticunzal, que ocorrem na porção nordeste de Goiás. É uma das regiões com menor disponibilidade hídrica subterrânea do Estado, por se tratar de um conjunto de rochas pouco fraturadas, expostas em terrenos arrasados, com amplos lajedos maciços e coberturas de solos da classe dos Neossolos e Cambissolos. Além disso, as taxas de precipitação pluvial são baixas e as chuvas são bastante irregulares – temporal e espacialmente.

Sistema Aquífero Araí (SAAR)

O Sistema Aquífero Araí corresponde aos litotipos do Grupo Araí: metaconglomerados, metarenitos e metapelitos. As rochas de granulação mais grossa apresentam fraturamento acentuado, o que regula as áreas de recarga do aquífero e as nascentes. O conjunto formado por metaconglomerados e metarenitos tem excelente produtividade e vazões específicas moderadas. Todavia, o conjunto de rochas metapelíticas apresenta condições desfavoráveis, com vazões médias baixas e alta incidência de poços tubulares secos ou de baixa produtividade.

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Sistema Aquífero Paranoá (SAP)

O Sistema Aquífero Paranoá corresponde aos litotipos do Grupo Paranoá. O estágio de conhecimento aqui é mais avançado, em razão de estudos realizados no Distrito Federal e entorno, bem como na região da Chapada dos Veadeiros. As camadas arenosas presentes caracterizam-no como excelente reservatório de água. Além disso, as rochas apresentam fraturamento com grande distribuição, abertura e interconexão. Quando não há interferência de material pelítico, as fraturas se mantêm abertas em profundidades expressivas. Outra característica marcante do SAP é a presença de lentes de calcários e camadas e lentes de quartzitos, associados a rochas argilosas. O desenvolvimento de carstificação nos litotipos carbonáticos pode apresentar diferentes estágios, desde praticamente ausente (nas lentes menores e isoladas) até bastante elevado (nas lentes maiores).

Sistema Aqüífero Bambuí (SAB)

O Sistema Aqüífero Bambuí corresponde ao conjunto de rochas do Grupo Bambuí e subdivide-se nos subsistemas: Fraturado, Físsuro-Cárstico e Cárstico. O Subsistema Fraturado (SABf) engloba as rochas das formações Três Marias e Serra da Saudade. São aqüíferos fissurados, controlados pela densidade de fraturamento. Apesar da predominância de materiais pelíticos, o comportamento rúptil dos metassiltitos mais maciços e a presença de bancos arcoseanos permite elevada atividade hídrica. O relevo favorece a infiltração e otimiza os reservatórios subterrâneos. O Subsistema Físsuro-Cárstico (SABfc) corresponde às formações Serra de Santa Helena e Lagoa do Jacaré e ao Subgrupo Paraopeba Indiviso. Distribui-se por todo o vale do rio Paranã e segue até o extremo norte do Estado. É classificado como Físsuro-Cárstico, pela presença de rochas pelíticas interdigitadas com lentes de rochas carbonáticas. Nesse caso, o volume de rochas carbonáticas é restrito e o aqüífero não apresenta feições típicas de sistemas fraturados ou de sistemas cársticos clássicos. O Subsistema Cárstico (SABc) é representado pela Formação Sete Lagoas, nas áreas com exposições contínuas de rochas carbonáticas. Localiza-se no nordeste do Estado, onde há a maior faixa de exposições de rochas carbonáticas, incluindo paisagem cárstica típica, com inúmeras cavernas, dolinas, sumidouros, surgências, drenagem superficial intermitente e vegetação caducifólia (matas secas ou matas decíduas, conforme a terminologia botânica do presente documento).

- Recursos hídricos superficiais

O compartimento representado pelo Rio Tocantins na Região Hídrica Tocantins – Araguaia é formado pela junção dos rios Maranhão e Tocantinzinho. Os cursos dos afluentes drenam preferencialmente nos sentidos NE e NW. Além desses dois cursos d’água, destacam-se, de montante para jusante: rio das Almas, dos Patos, Verde, Traíras, Preto e Paranã (Almeida et al., 2006). As nascentes têm boa densidade de drenagem. Em geral, os afluentes têm porte considerável e são desprovidos de áreas alagadiças expressivas. A região sul, onde se localizam as nascentes, é a mais desenvolvida e mais populosa, enquanto que a região norte-nordeste tem pequena densidade demográfica e baixos índices de desenvolvimento (Almeida et al., 2006).

A região de estudo abrange 2 sub-bacias: a) Alto Tocantins e rio Preto, cuja área de drenagem abrange do alto rio Tocantins à confluência do rio Preto, inclusive; e b) Tocantins entre os rios Preto e Paranã, cuja área de drenagem está compreendida entre a

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confluência do rio Preto exclusive, e a confluência do rio Paranã, inclusive, como mostrado na Figura 5 (CPRM/SIC-SGM, 2008).

- Usos e qualidade das águas

Na porção nordeste de Goiás, as águas têm diversos usos, dentre eles, consumo humano, recreativo, irrigação, aquicultura e dessedentação animal, acrescidos da geração de energia em pequenas centrais hidrelétricas (PCH). A qualidade dos recursos hídricos está diretamente relacionada ao seu uso, às condições do meio físico circundante e às atividades antrópicas na região. Esses diversos fatores acarretam impactos degradantes, principalmente nas áreas das nascentes, com a supressão de vegetação de encostas, matas ciliares, instalação de processos erosivos, lançamento de lixo urbano em locais inadequados e despejo de esgotos domésticos e efluentes industriais, sem tratamento prévio (Almeida et al., 2006). Cita-se ainda a contaminação por agroquímicos (fertilizantes, inseticidas e herbicidas) junto às grandes plantações mecanizadas de grãos. De modo geral, restam poucas áreas preservadas, com destaque para as Unidades de Conservação existentes, públicas e particulares.

2. Aspectos locais

Descrevem-se aqui os principais atributos do meio físico da Serra da Prata, situada no município de Monte Alegre de Goiás. A área foi inspecionada em sobrevoo de reconhecimento. Abrange três domínios geoambientais: a) a oeste, destacam-se terrenos escarpados correspondentes ao Granito Mocambo; b) no centro, estendem-se cristas alongadas formadas por quartzitos e rochas associadas do Grupo Araí; c) a leste, há extensos afloramentos de calcário do Grupo Bambuí, esculpidos em formas cársticas típicas. Compõem relevos residuais estabelecidos na borda do Vão do Paranã. A ocupação humana é incipiente e contrasta com o entorno, dominado por terrenos mais planos e férteis, amplamente ocupados por agropecuária. O mapa 5 ilustra a geologia, o relevo e os principais cursos d´água.

2.1. Geologia e recursos minerais

A área investigada engloba unidades constituintes da Faixa Brasília e do seu embasamento. Mostra nítida estruturação em torno de N-S. Os conjuntos de rocha são descritos a seguir, do mais velho para o mais novo.

Suíte Aurumina

A Suíte Aurumina é formada por corpos graníticos intrusivos na Formação Ticunzal e deformados. O granito típico é cinza, tem granulação média a grossa, foliação proeminente e enclaves de material grafitoso. É composto por quartzo, microclínio pertítico, plagioclásio, biotita e muscovita. Forma os terrenos arrasados ao norte e oeste da Serra da Prata. Ocorrem 2 fácies: a) Sienogranito (PP2γ2au1) e b) Monzogranito (PP2γ2au2).

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A suíte hospeda mineralizações de ouro, estanho e tantalita. Em Monte Alegre de Goiás, há ocorrências de estanho e tântalo em greisens e pegmatitos, associados à fácies turmalina-muscovita granito (Botelho et al., 1999).

Mapa 5. Geologia, relevo e hidrografia

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Na região de Monte Alegre de Goiás, Alvarenga et al. (2006) cartografaram também a litofácies fengita-quartzo milonito (NP2qfm), ao longo de uma zona de cisalhamento que corta rochas da Suíte Aurumina.

Formação Ticunzal A Formação Ticunzal é formada por xistos com muscovita, sericita, clorita, grafita, tremolita e granada, bem como paragnaisses grafitosos, quartzitos e metaconglomerados. As rochas apresentam-se intensamente deformadas e metamorfizadas (Marini et al., 1978). Como dito, nos contatos com as intrusões da Suíte Aurumina, podem conter mineralizações de ouro e platinóides.

Grupo Araí

O Grupo Araí corresponde a um conjunto de rochas sedimentares e vulcânicas metamorfizadas em baixo grau. Aflora a Formação Arraias, unidade basal composta por metassedimentos psamíticos (quartzitos, metassiltitos, meta-conglomerados) e rochas efusivas, máficas e félsicas. Ocorrem as seguintes litofácies: a) Metarenito (PP4aa); b) Metaconglomerado (PP4acg); c) Quartzito Arcoseano (PP4aqa); d) Quartzito Feldspático (PP4aqf); e) Ortoquartzito (PP4aqo); f) Quartzito Seixoso (PP4aqsx); g) Metassiltito e Metarritmito (PP4as).

Suíte Pedra Branca

A Suíte Pedra Branca é representada pelo granito Mocambo, que forma a serra homônima na porção oeste da área em foco. É um corpo oval com cerca de 50km². Os contatos com o Grupo Araí são tectônicos. O maciço é dominado pela fácies Biotita Granito de granulação grossa. Na porção centro-norte ocorrem zonas greisenizadas, mineralizadas em estanho (cassiterita).

Grupo Bambuí O Grupo Bambuí compreende rochas sedimentares detríticas e carbonáticas, com ampla ocorrência na região nordeste de Goiás. A Serra da Prata apresenta 2 litofácies: a) Formação Sete Lagoas (NP2sl), constituída por metapelitos, dolomitos, siltitos e margas (NP2slm), com lentes de calcário (NP2slcc) e dolomito estromatolítico (NP2sld); b) Formação Serra de Santa Helena (NP2sh), composta por folhelhos, siltitos, arenitos, calcários cinza-escuros e ritmitos. Tem potencial econômico para rochas carbonáticas (ex. calcários para cal e corretivo agrícola) e também para rochas fosfáticas (potencialmente utilizáveis como fertilizantes).

Coberturas detrito-lateríticas ferruginosas

As coberturas detrito-lateríticas ferruginosas (N1dl) são representadas por lateritos autóctones com carapaça ferruginosa. Ocorrem a leste e a noroeste da área. Quando possuem perfis completos, suas crostas podem ultrapassar 30m de espessura. Podem formar depósitos supergênicos de manganês, fosfato e ouro, entre outros.

Depósitos aluvionares recentes

Na maior parte da área as drenagens evoluem em terrenos acidentados, sob forte controle estrutural, o que impede o desenvolvimento de aluviões. Apenas a noroeste da área, constatam-se depósitos aluvionares (Q2a), associados ao córrego Mocambo. São acumulações de sedimentos de calha e de planície de inundação, compostos por areias finas a grossas, cascalhos, lentes de material silto-argiloso e turfa. As frações mais grossas podem conter concentrações de cassiterita, ouro e outros minerais pesados.

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2.2. Relevo

A área representa uma extensão do Complexo Montanhoso Veadeiros – Araí. Compreende elevações remanescentes na borda do Vão do Paranã. As heterogeneidades do substrato se traduzem em relevo variado, que compõe paisagens com notável beleza cênica e propicia suporte para habitats variados. Quartzitos e granitos são rochas resistentes à erosão e resultam em elevações marcantes no espaço investigado. Os primeiros formam cristas aguçadas, com escarpas nítidas, estruturadas em torno de N-S. As cotas na Serra do Cubículo ultrapassam 1.050m, com sopés a cerca de 500m. O Granito Mocambo forma elevação côncava, ornada por penhascos. O topo atinge 900m. Os calcários e pelitos a leste também formam elevações expressivas, da ordem de 1.000m na Serra da Prata. Os calcários estão expostos em extensos afloramentos escarpados, com feições de dissolução. Formam paisagens cársticas típicas, ornadas por matas secas (ou matas decíduas, conforme a terminologia botânica do presente documento): fendas, furnas, sumidouros e cavernas (como as grutas São Domingos I e II, por exemplo). O Vão do Paranã estende-se a leste, em cotas entre 500 e 400m.

2.3. Clima

Como visto na abordagem regional, prevalece nessa área o clima tropical de savana, com duas estações bem definidas quanto ao regime pluviométrico. As maiores elevações influenciam as condições climáticas locais, porém aqui não são suficientes para amenizar as temperaturas elevadas do Vão do Paranã.

2.4. Solos

A erosão é o processo dominante na esculturação da paisagem. As rochas quartzosas da porção central da área formam solos rasos e pobres, com muitos afloramentos. Predominam cambissolos e neossolos litólicos pouco férteis. Sobre o granito, ocorrem latossolos e cambissolos entremeados com extensos penhascos. Os calcários estão expostos em grandes afloramentos cársticos, junto a cambissolos pouco desenvolvidos. As porções mais acidentadas permanecem sem uso. A leste da área ocorrem terras com relevo mais suave, ocupadas por pecuária e cultivos de grãos.

2.5. Águas

A área é drenada por cabeceiras do rio Atalaia, que corre inicialmente para norte e descreve um grande arco para oeste, até desaguar no rio Paranã. São pequenas drenagens, com leitos acidentados sob forte controle estrutural. Nesse contexto, assinalam-se também os córregos Mocambo, Santa Rita e Gameleira (mapa 6). A área é limitada ao sul pelo rio Paranã, que bordeja a Serra da Prata em estreito cânion, com cotas em torno de 370m. Na porção leste, dominada por extensos afloramentos calcários, ocorrem aquíferos cársticos dotados de sumidouros e ressurgências.

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2.6. Qualidade ambiental

A área representa uma extensão do Complexo Montanhoso Veadeiros – Araí. O substrato heterogêneo condiciona relevo acidentado, na forma de elevações remanescentes na borda do Vão do Paranã. Compõe paisagens com notável beleza cênica e proporciona suporte para habitats variados. As elevações compreendem penhascos sobre granitos, cristas aguçadas sobre quartzitos e extensos afloramentos cársticos sobre calcários. As encostas e drenagens são ornadas por matas e deságuam no rio Paranã, que entalha um cânion no limite sul da área. A cobertura vegetal permanece relativamente íntegra, com exceção de pequenos trechos ocupados por agropecuária a leste, norte e oeste da área. A porção leste da área oferece condições favoráveis para futuras pesquisas científicas, relativas ao desenvolvimento do sistema cárstico: geomorfologia, espeleologia e arqueologia.

Foto 1. Extensos afloramentos de calcários Bambuí, dominantes na porção leste da área potencial Serra da Prata. Escarpas com feições cársticas e matas secas preservadas. Ocupação agropecuária ao fundo. Coordenadas UTM 300.670E e 8.513.059N. Foto: Tadeu Veiga

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Foto 2. Cristas esculpidas em quartzitos e rochas associadas do Grupo Araí, no extremo NW da área. Relevo acidentado (Serra do Cubículo), com solos litólicos, drenagens encaixadas e cerrados preservados. Coordenadas UTM 284.409E e 8.519.709N Foto: Tadeu Veiga

Foto 3. Elevações com penhascos característicos do Granito Mocambo, na porção oeste da área. Erosão ativa, cobertura florestal preservada. Coordenadas UTM 280.319E e 8.514.851N. Foto: Tadeu Veiga

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Foto 4. Rio Paranã, a sudeste da área potencial. Leito encaixado com afloramentos, acima do cânion denominado Funil do Paranã. Coordenadas UTM 277.035E e 8.805.181N. Foto: Tadeu Veiga

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