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1 Estudos sobre Liderança segundo o The Leadership Quarterly: Quo Vadis? Uma Análise Bibliométrica de 2008 a 2013 Autoria: Lucas Martins Turano Resumo O estudo buscou investigar os corpos teóricos dominantes nas pesquisas internacionais recentes sobre liderança. Para isso, foram analisadas as publicações dos últimos seis anos veiculadas no periódico internacional de maior fator de impacto da área temática: The Leadership Quarterly. Metodologicamente, adotou-se um estudo bibliométrico, de citações e cocitações, que encontrou, no total, 368 artigos publicados no período. Análises posteriores expuseram os trabalhos mais relevantes para a elaboração de futuros estudos, assim como ilustraram uma organização para as obras que tratam das principais correntes teóricas na área. Por fim, as limitações e implicações à administração foram discorridas.

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Estudos sobre Liderança segundo o The Leadership Quarterly: Quo Vadis? Uma Análise Bibliométrica de 2008 a 2013

Autoria: Lucas Martins Turano

Resumo

O estudo buscou investigar os corpos teóricos dominantes nas pesquisas internacionais recentes sobre liderança. Para isso, foram analisadas as publicações dos últimos seis anos veiculadas no periódico internacional de maior fator de impacto da área temática: The Leadership Quarterly. Metodologicamente, adotou-se um estudo bibliométrico, de citações e cocitações, que encontrou, no total, 368 artigos publicados no período. Análises posteriores expuseram os trabalhos mais relevantes para a elaboração de futuros estudos, assim como ilustraram uma organização para as obras que tratam das principais correntes teóricas na área. Por fim, as limitações e implicações à administração foram discorridas.

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Introdução

“Procurar sentido nas pesquisas sobre liderança pode ser uma tarefa intimidadora” (DAY; ANTONAKIS, 2012, p. 3). Inúmeros trabalhos são, constantemente, gerados, contudo não há muito espaço para reflexões sobre o tema. Nesse sentido, Delfino et al. (2010) afirmam que, atualmente, faz-se necessária maior atenção, por parte de pesquisadores, para observar como a pesquisa acadêmica sobre liderança está configurada, assim como a direção que os estudos sobre o tema têm seguido. Com base nessas ideias, surge o propósito central desse estudo, que busca investigar o que vem sendo estudado sobre liderança internacionalmente. Assim, como forma de nortear a pesquisa, algumas perguntas foram desenvolvidas. Quais são os principais autores sobre liderança nos últimos seis anos? Que países têm mais publicações na área? Quais são os trabalhos e os corpos teóricos dominantes nas pesquisas do tema nesse ínterim? Desta forma, objetiva-se analisar todas as publicações de 2008 a 2013 no periódico de mais alto fator de impacto da área, o The Leadership Quarterly. Para tanto, adotou-se um estudo bibliométrico, observando, principalmente, citações e cocitações, em um total de 368 artigos encontrados.

Este estudo busca contribuir para o avanço das pesquisas sobre o tema por intermédio do fornecimento de um diagnóstico e de um direcionamento para as principais tendências internacionais. Como 98% da construção teórica sobre liderança é suportada essencialmente por norte-americanos (HOUSE; ADITYA, 1997), faz-se necessário, para atingir o objetivo desse estudo, uma busca por, somente, publicações internacionais. Além disso, de acordo com Sant’Anna et al. (2009), norte-americanos estão muito mais envolvidos com o tema quando comparados com pesquisadores brasileiros, uma vez que eles vêm continuamente desenvolvendo diversos estudos que analisam o fenômeno por meio de múltiplas abordagens, incluindo inúmeras óticas conjuntas.

Cabe, ainda, esclarecer que estudos bibliométricos representam uma importante contribuição para a academia brasileira, uma vez que, em nosso país, a produção desse tipo de estudo ainda é bastante escassa na área de Recursos Humanos (VIEIRA; FISCHER, 2005). Por fim, como forma de organizar o presente estudo e proporcionar melhor compreensão a leitores, o artigo foi dividido em quatro seções, além da presente: (1) referencial teórico, com a conceituação do fenômeno e principais escolas de pensamento; (2) metodologia escolhida e os principais procedimentos desenvolvidos; (3) análise e interpretação de resultados; e, por último, (4) discussão dos achados, implicações teóricas, limitações e demais conclusões. Referencial Teórico

Liderança representa um dos fenômenos mais estudados dentro da área das ciências sociais atualmente (DAY; ANTONAKIS, 2012). Ela está presente em inúmeros ambientes: escolas, quartéis militares, organizações e quaisquer outros lugares onde ocorrem movimentos sociais. Por isso, esse processo se caracteriza como uma “valiosa disciplina para estudos e pesquisas científicas” (BASS, 2008, p. 25), visando, sobretudo, o aperfeiçoamento da eficácia e eficiência grupal. Nesse sentido, o fenômeno da liderança é tido como um complexo e diverso tema, o qual já acumula mais de um século de pesquisas (DAY; ANTONAKIS, 2012). Para Burns (1978), muitas informações são geradas a partir dos trabalhos, mas até o final da década de 70 nenhuma conceituação plenamente aceita sobre liderança tinha emergido. Até a época, mais de 130 diferentes definições já haviam sido apresentadas (BURNS, 1978). Contudo, cada uma explora o processo por uma ótica distinta, enfatizando uma ou outra determinada característica presente no fenômeno (HUGHES et al., 2005; YUKL, 2006).

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Para Bennis (1959), por exemplo, liderança está ligada ao poder formal de um agente sob seus subordinados, negligenciando, assim, o aspecto informal presente no processo. Já Fiedler (1967) associa o fenômeno a um processo mais relacionado com o de gestão ao afirmar que a liderança poderia ser entendida como a coordenação e o direcionamento dos membros de um grupo para a realização do trabalho. Além disso, até meados da década de 80, a figura do líder era o ponto nevrálgico na grande maioria das definições do termo (BRYMAN, 2004), evidenciando, dessa maneira, a pouca importância que era dada para outros elementos como: contexto, seguidores e o relacionamento entre líderes e liderados (HUGHES et al., 2005). Com base nesse entendimento, observa-se que, atualmente, uma conceituação mais consentida de liderança deve englobar determinados termos, como: (a) processo de influência (b) interação entre líderes e seguidores, (c) envolvimento em um determinado contexto e (d) busca pelo atingimento de objetivos ou metas. Seguindo essa vertente e partindo da ótica proposta por Bergamini (2009), nesse estudo, liderança será entendida como um processo social de interação entre líderes e seguidores, onde o líder busca influenciar e os seguidores buscam se engajar voluntariamente, por meio de uma associação, para buscar um determinado objetivo comum a todos, dentro de um determinado contexto. No Brasil, o interesse pelo tema tem se mostrado crescente nos últimos anos. Segundo Delfino et al. (2010), que analisaram a produção de pesquisas sobre o tema no país de 1995 a 2009, identificou-se um aumento significativo nas publicações com o passar dos anos. O estudo ainda revela que 55% dos trabalhos publicados nos anais do ENANPAD para o intervalo temporal adotado estão compreendidos entre os anos de 2006 e 2009. Por outro lado, evidenciou-se, também, que muitos dos estudos que foram apresentados em eventos não evoluíram para uma publicação em periódico (DELFINO et al., 2010). Em outro estudo bibliométrico sobre o tema no país, Santos et al. (2013) analisaram somente artigos publicados no ENANPAD de 2007 a 2012. Seus resultados mostraram a destacada presença de trabalhos utilizando uma metodologia foucaultiana, assim como uma maior busca pelo entendimento dos impactos da inteligência emocional no processo da liderança. Desde o início das pesquisas científicas sobre liderança, no século XX, o tema tem sido abordado sobre diferentes perspectivas, originando inúmeras teorias (VAN SETERS; FIELD, 1990). Na fase inicial, que se estendeu até o final da década de 40, a primeira tentativa de estudos sistemáticos sobre o fenômeno veio com a escola dos traços, também denominada “teoria do grande homem” (NORTHOUSE, 2010). De acordo com este autor, a teoria assenta em identificar os traços e as qualidades inatas que fazem com que determinadas pessoas se tornem grandes líderes. Portanto, acreditava-se que líderes já nasciam líderes (DAY; ANTONAKIS, 2012). Posteriormente, surgiram algumas críticas a teoria, afirmando que ela não considera fatores situacionais e não trata o processo de uma maneira holística, podendo, ainda, ser vista como bastante determinística (NORTHOUSE, 2010). Segundo Gardner et al. (2010), houve uma forte diminuição na proporção de artigos publicados no The Leadership Quarterly em que essa perspectiva era estudada.

Após essa fase, nos anos 50, deu-se inicio a estudos com abordagens comportamentais. Muitos pesquisadores que se desmotivaram com os resultados dos estudos que avaliavam os traços do líder começaram a se atentar para a forma com que os líderes agem no ambiente de trabalho (YUKL, 2006). Apesar de os estudos ainda terem foco na figura do líder, o comportamento grupal passou a ser analisado (BRYMAN, 2004). Nesse, sentido, foi descoberto que um líder pode ter estilos diferentes em seu relacionamento com liderados, variando em sua orientação. Primeiramente, um líder orientado para pessoas busca, fundamentalmente, criar um forte relacionamento com seus subordinados. Por outro lado, o ponto nevrálgico para um líder orientado para tarefas é a alta produtividade e o cumprimento de metas laborais (PARRY; BRYMAN, 2006).

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Nos anos seguintes, a fase que se estendeu até o final da década de 60 se caracterizou por desenvolver as teorias contingenciais. Segundo Yukl (2006), essa abordagem explora, no processo de liderança, certos aspectos situacionais que podem alterar a efetividade e a influência de líderes. Alguns desses aspectos identificados são: estrutura de tarefa, poder hierárquico do líder e relacionamento entre líderes e membros (FIEDLER, 1967). Ou seja, de acordo com essa teoria, o desempenho do líder depende muito mais do contexto do que de sua personalidade ou comportamento e, portanto, o líder, para conseguir, efetivamente, exercer influência sobre o grupo, deve adaptar seu estilo de liderança conforme as diferentes situações (BOWDITCH; BUONO, 2002).

Para Yukl (2006), uma forte crítica às pesquisas acerca dessa perspectiva é o fato delas não utilizarem robustos métodos de coleta e análise de dados, uma vez que apresentam parâmetros que não foram adequadamente testados. Ademais, o autor ainda aponta que pesquisadores devem analisar o tema de uma forma mais holística, evitando uma investigação separada por meio dos tipos de comportamentos (YUKL, 2006). Com base em seus achados, Gardner et al. (2010) afirmam que essa perspectiva tem sido pouco estudada, contemplando apenas 1% dos trabalhos publicados, na primeira década do século XXI, no The Leadership Quarterly.

Um período após o movimento das teorias contingenciais surge a escola relacional da liderança, que foi se desenvolvendo até elaborar a teoria do Leader-Member Exchange (LMX) (DAY; ANTONAKIS, 2012). A maioria das teorias desenvolvidas até então haviam estudado o fenômeno sobre a perspectiva do líder e do contexto. Contudo, com a teoria LMX, a abordagem dada as pesquisas se alterou e o foco passou a ser a interação entre líderes e seguidores (NORTHOUSE, 2010). De acordo com Graen e Uhl-bien (1995), essa abordagem sugere que as interações de líderes com seguidores devem ser vistas como uma série de relacionamentos diádicos verticais. Dessa forma, observou, ainda, que seguidores poderiam possuir dois diferentes tipos de relacionamento com o líder: um baseado, somente, no contrato formal de trabalho, onde o indivíduo possui os papéis plenamente definidos e outro pautado na confiança, no respeito e no alto envolvimento, onde o indivíduo detém papéis expandidos. Estes dois tipos de relacionamentos foram denominados out-group e in-group, respectivamente (GRAEN; UHL-BIEN, 1995).

A teoria LMX age tanto descrevendo a liderança como prescrevendo esse processo. No concernente a descrição, a abordagem demonstra que dentro de quaisquer grupos ou organizações, o reconhecimento dos out-groups e dos in-groups são de suma importância (NORTHOUSE, 2010). Prescritivamente, a LMX expõe que relacionamentos de alta qualidade geram melhores resultados do que aqueles em que o relacionamento entre líderes e seguidores não são pautados pelo respeito mutuo e pela confiança, achados esses que foram suportados em pesquisas empíricas (GERSTNER; DAY, 1997). Uma das maiores críticas a essa teoria é que ela poderia provocar injustiça no ambiente de trabalho, uma vez que líderes, na maioria dos casos, não possuem um tratamento igualitário para com todos os seus subordinados. Ademais, há, também, uma crítica referente ao fato de que algumas ideias básicas da teoria não foram totalmente desenvolvidas, como, por exemplo, a explicação de como se constrói uma interação de alta qualidade (NORTHOUSE, 2010).

Após a escola relacional, surgiu a teoria da liderança carismática, causando um novo grande impacto no campo científico. Essa teoria já é considerada um dos componentes presentes na “nova liderança” (DAY; ANTONAKIS, 2012). Sua literatura é baseada, primeiramente, no estudo de House (1977) e, posteriormente, nos trabalhos de Conger e Kanungo (1987) e Shamir et al. (1993). De acordo com estes autores, carisma é um elemento capaz de ser atribuído. Além disso, as habilidades carismáticas do seguidor e do líder são conjuntamente determinadas pela variação dos comportamentos do líder, experiências passadas e elementos situacionais (YUKL, 2006). Líderes carismáticos possuem, geralmente,

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um vínculo emocional único com seus seguidores, baseado, essencialmente, em valores. Dessa forma, seus impactos oriundos de suas habilidades carismáticas auxiliam no engajamento dos seguidores (HOUSE, 1977; SHAMIR et al, 1993). Além disso, a grande maioria deles possui uma forte autoconfiança e convicção em seus próprios ideais e crenças, assim como uma alta necessidade de poder (YUKL, 2006).

Por sua vez, as teorias da liderança transformacional e transacional, também presentes na “nova liderança”, são baseadas, primordialmente, no trabalho de Burns (1978). De acordo com este autor, a liderança transformadora tem um efeito maior nos seguidores e nas massas, sendo baseada no transcender e no cumprimento de grandes metas e ideais. Já a liderança transacional tem um escopo mais limitado, sendo focada na promoção de interesses individuais. Ou seja, enquanto esta última é pautada em transações e na troca de elementos valiosos entre as partes, a primeira busca a motivação, moralidade e ética, tanto de seguidores quanto dos líderes, por meio da sobreposição dos interesses individuais aos coletivos (BURNS, 1978).

A liderança transformacional possui cinco componentes básicos: (1) carisma, (2) influência idealizada, (3) motivação inspiracional, (4) estimulação intelectual e (5) consideração individualizada (BASS, 1998). Contudo, a dimensão do carisma, baseada, fundamentalmente, na própria liderança carismática, não é considerada como um comportamento do líder transformacional por um grande número de autores (YUKL, 2006; WALUMBWA et al, 2008). De acordo com Gardner et al. (2010), os estudos sobre liderança carismática, transacional e transformacional representaram, na década de 90, as abordagens dominantes dos trabalhos publicados no The Leadership Quarterly.

Nos últimos anos, emergiu uma nova teoria, baseada na filosofia e na psicologia positiva, que vêm sendo estudada por diversos pesquisadores: a liderança autêntica (YUKL, 2006). Essa nova teoria, que ainda está em fase de desenvolvimento (NORTHOUSE, 2010) surgiu como resposta a diversos acontecimentos, como os ataques de 11 de setembro, a corrupção nas corporações e os problemas econômicos e sociais. Portanto, ela, essencialmente, busca atender a demandas por uma liderança mais ética e mais efetiva (LUTHANS; AVOLIO, 2003).

De acordo com a literatura, os quatro principais comportamentos de líderes autênticos são: (1) processamento balanceado de informações, (2) perspectiva moral internalizada, (3) transparência relacional e (4) autoconhecimento (GARDNER et al, 2005). Uma crítica a essa abordagem é o fato de ela não ser considerada totalmente nova, uma vez que, para alguns autores, as suas construções conceituais se confundem com as do construto da liderança transformacional, mesmo que parcialmente (WALUMBWA et al. 2008). Portanto, apesar de possuir um grande número de trabalhos no The Leadership Quarterly nesta primeira década do século XXI (GARDNER et al., 2010), ela ainda carece de um desenvolvimento mais substancial, até mesmo para uma futura aplicação prática nas organizações (NORTHOUSE, 2010). A partir do entendimento destas escolas, depreende-se, que as pesquisas sobre liderança buscam, essencialmente, não só compreender a natureza do fenômeno, mas, também, identificar os determinantes de sua efetividade. Dessa forma, as investigações se coadunam na busca pelo descobrimento de quais traços, comportamentos, habilidades, fontes de poder e aspectos situacionais que são mais importantes para explicar a efetividade de um líder no processo de influenciar seguidores a realizar atividades e perseguir objetivos. Com essa compreensão, líderes poderão ser entendidos e até mesmo desenvolvidos (YUKL, 2012). Desta forma, observa-se, finalmente, que a visualização e reflexão desses estudos assume um caráter nevrálgico no desenvolvimento da área temática e, portanto, na visualização deste processo inerente à vida em sociedade.

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Método do Estudo

O presente trabalho, exploratório e de natureza quantitativa, busca fazer uma revisão da literatura sobre o tema liderança. Com esse objetivo, adotou-se o método bibliométrico, analisando, principalmente, citações e cocitações. Foram investigados todos os artigos publicados no periódico internacional The Leadership Quarterly no intervalo que compreende janeiro de 2008 até dezembro de 2013. O periódico analisado foi escolhido intencionalmente, visto que representa uma referência mundial sobre o tema e, ademais, apresenta o maior fator de impacto da área. Quanto ao intervalo temporal do estudo, buscou-se coletar os artigos dos últimos seis anos, uma vez que podem ser classificados como recentes e, por isso, representam as últimas tendências sobre o tema. Este método científico de análise de dados possui o intuito de encontrar padrões e tendências por intermédio do tratamento de citações e cocitações (WHITE e GRIFFITH, 1981; WHITE e MCCAIN, 1998). Esse método pode ter como objeto central uma ampla gama de trabalhos, como teses e dissertações, autores, livros, notícias, entre outros (SERRA et al., 2012). Essencialmente, a análise de citações procura identificar quais estudos cada trabalho citou. Quando um autor busca uma referência e realiza uma citação, parte-se do princípio de que os trabalhos citados são afins e, na maior parte dos casos, são extremamente relevantes para se tecer os argumentos e o encadeamento teórico da pesquisa (SERRA et al., 2012). Portanto, depreende-se que, essencialmente, os trabalhos que recebem mais citações apresentam uma maior influência no desenvolvimento de uma teoria, fenômeno ou da temática em geral. Por sua vez, a etapa subsequente, da análise de cocitações, assenta em identificar possíveis pares ou grupos de trabalhos que são citados simultaneamente em outro. Esse tipo de análise busca, portanto, mapear trabalhos com conteúdos comuns e teorias semelhantes de estudo. Com uma construção conjunta de uma teoria por meio de pares ou grupos de trabalhos, o conhecimento proposto revela sua forte relevância (SERRA et al., 2012). White e McCain (1990) afirmam, ainda, que, a partir disso, é possível identificar, enfim,de que forma os trabalhos estão correlacionados. Procedimentos e Amostra

No que concerne aos procedimentos da pesquisa, realizou-se, primeiramente, uma busca na base de dados do ISI Web of Knowledge. Essa ferramenta foi escolhida já que ela realiza a indexação, em sua base, de todos os artigos publicados no periódico objeto do estudo. O próximo passo foi a utilização do software bibexcel, que organizou os dados para a construção das tabelas descritivasde análise. As referências foram normalizadas manualmente, visando que os nomes de autores, assim como os volumes e páginas publicadas não apresentassem quaisquer inconsistências. Quando livros iguais, porém de edições diferentes, foram citados, eles eram agrupados de acordo com a edição que havia recebido mais citações. Na última etapa, a matriz de cocitações gerada no bibexcel foi inserida no Statistics Packet for Social Science (SPSS) para uma análise multivariada que culminou na construção de um mapa de cocitações com seus clusters identificados. A figura 1, abaixo, ilustra e resume o método utilizado, demonstrando cada uma das etapas utilizadas ao longo do processo de pesquisa.

Figura 1 – Diagrama de Tratamento dos Dados

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Fonte: Elaborado pelos Autores

A pesquisa descrita acima encontrou, no total, 368 artigos, que foram localizados com base nos critérios estabelecidos. Essa amostra foi, então, mais profundamente analisada e seus resultados são discorridos na seção seguinte.

Análise dos Resultados

Primeiramente, buscou-se verificar quais autores mais publicaram nesse ínterim (tabela 1). A ordem de autoria no artigo não foi considerada, sendo contabilizados todos os trabalhos em que os autores haviam contribuído. Os dez autores que mais publicaram no The Leadership Quarterly tiveram, no mínimo, seis trabalhos aceitos, sendo que o primeiro lugar obteve um número surpreendente de 14 publicações, que dá uma média maior do que dois artigos por ano.

Tabela 1 – Autores que mais publicaram no The Leadership Quarterly no período

Rank Autores Publ % Rank Autores Publ. % 1º Mumford, Michael D. 14 3,8 6º Hunter, Samuel T. 8 2,2 2º Yammarino, Francis J. 13 3,5 7º Johnson, Stefanie K. 7 1,9 3º Avolio, Bruce J. 12 3,3 8º Walumbwa, Fred O. 7 1,9 4º Van Knippenberg, Dann 9 2,4 9º Hannah, Sean T. 6 1,6 5º Schriesheim, Chester A. 9 2,4 10º Lord, Robert G. 6 1,6

Fonte: Elaborado pelo autor

Cabe abordar, também, que, atualmente, nove desses dez autores que mais publicaram no período são membros do corpo editorial do periódico, onde apenas Johnson, S. K. não faz parte deste grupo (ELSEVIER, 2013). No referente à contagem de autores, observou-se que as 368 publicações do período tiveram 749 autores diferentes, sendo, no total, 1074, o que dá uma média geral de cerca de três autores por artigo (= 2,92). Além disso, dentre os 749 diferentes, 593 publicaram somente um artigo no período (79,2%).

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A segunda fase da análise buscou captar a nacionalidade do autor principal de todos os 368 trabalhos pesquisados (tabela 2). Evidenciou-se que, em mais da metade dos trabalhos (213 = 57,9%), o autor principal era americano. Esse fato reforça a ideia de uma carência por acadêmicos de outras nacionalidades no estudo do tema, até mesmo para, usualmente, validar teorias, que foram criadas e baseadas no contexto americano, em outros cenários. Por outro lado, demonstra que, atualmente, o polo principal de pesquisa sobre liderança é essencialmente suportado pelos Estados Unidos.

Tabela 2 – Países dos Autores Principais

Rank País do Autor Principal Qtd. % Rank País do Autor Principal Qtd. %

1º Estados Unidos 213 57,9 14º Coréia do Sul 3 0,8 2º Holanda 27 7,3 15º Taiwan 3 0,8 3º Inglaterra 21 5,7 16º Dinamarca 2 0,5 4º Austrália 15 4,1 17º Grécia 2 0,5 5º Canada 14 3,8 18º Itália 2 0,5 6º China 14 3,8 19º Malásia 2 0,5 7º Alemanha 12 3,3 20º Suécia 2 0,5 8º Israel 10 2,7 21º Suíça 2 0,5 9º Nova Zelândia 5 1,4 22º Brasil 1 0,3 10º Noruega 5 1,4 23º Espanha 1 0,3 11º Singapura 4 1,1 24º Finlândia 1 0,3 12º Bélgica 3 0,8 25º País de Gales 1 0,3 13º Portugal 3 0,8 - Total 368 100

Fonte: Elaborado pelo autor

De acordo com a investigação realizada, somente um trabalho do período analisado teve, como autor principal, um brasileiro. Nesse sentido, é corroborado o exposto por Delfino et al (2010), que esclarecem que autores brasileiros possuem poucas publicações e visibilidade, sobre esse assunto, em periódicos internacionais. Também são reforçadas as ideias de House e Aditya (1997), que afirmam que a grande maioria das construções teóricas sobre o tema da liderança provém dos Estados Unidos. Por outro lado, essa participação norte-americana diminuiu de 98% em 1997 para 57,9%, conforme analisado nesta fase.

Na terceira etapa da análise, observaram-se os trabalhos mais citados pelos 368 artigos publicados no The Leadership Quarterly no período (tabela 3). Optou-se, intencionalmente, por tabelar somente aqueles que foram citados 25 vezes ou mais. Seguindo essas restrições, chegou-se ao número de 54 trabalhos, que foram distribuídos na tabela por ordem decrescente de frequência de citação. O livro de Yukl (2006) – Leadership in Organizations - foi o que obteve o maior número de citações (109). Ou seja, 31,1% dos artigos citaram essa referência em seus estudos.

Por outro lado, a maior parte dos trabalhos mais referenciados são artigos de periódicos, sobretudo, os do próprio periódico analisado, que contribui com 14 dos 54 trabalhos mais citados. Além disso, a título de esclarecimento, nos 368 trabalhos foram contadas, no total, 31915 referências, o que dá uma média de quase 87 citações por artigo ( = 86,73). Essa informação demonstra o alto grau de aprofundamento e embasamento teórico necessário, por parte dos autores, para se lograr uma publicação nesse periódico. Cabe observar, ainda, que entre os trabalhos mais citados, a nona posição é ocupada pelo livro de Aiken e West (1991) – Multiple regression: testing and interpreting interactions. Como essa publicação é tida como um guia metodológico para, meramente, pesquisas quantitativas, é possível inferir que houve uma forte predominância no número de trabalhos empíricos publicados utilizando esse tipo de abordagem. Infere-se, portanto, que há uma preferência, por parte dos editores do The Leadership Quarterly, pela seleção de pesquisas com essa natureza.

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Tabela 3 – Os 54 trabalhos mais citados de janeiro de 2008 a dezembro de 2013 no The Leadership Quarterly

Rank Trabalhos Qtd % Rank Trabalhos Qtd % 1º Yulk G.(2006) – Leadership in Organizations 111 30,2 28º House R. J. et al. (2004) - Culture, Leadership, and Organ. 33 9,0 2º Bass B. M. (1990)-Bass & Stogdill’s handbook leadership 104 28,3 29º Lord R. G.et al. (1984) Organ. Behavior& Human Perf. 33 9,0 3º Bass B. M (1985) – Leadership & Perform. Beyond Expect. 102 27,7 30º Dansereau, F. et al. (1984) – Theory Testing in Org. Behav. 32 8,7 4º Graen, G.B.; Uhl-Bien, M. (1995) Leadership Quarterly 82 22,3 31º Bass, B. M.; Steidlmeier, P. (1999) Leadership Quarterly 31 8,4 5º Podsakoff P. M. et al. (2003) Journal of Applied Psy. 81 22,0 32º Yukl, G. (1999) Leadership Quarterly 31 8,4 6º Shamir B. et al. (1993) Organization Science 76 20,7 33º Gardner W. L. et al. (2005) Leadership Quarterly 30 8,2 7º Conger J.A.; Kanungo R.N (1998) – Charismatic Leadership 62 16,8 34º Blau P. M. (1964) - Exchange and Power in Social Life 30 8,2 8º Judge T. A.; Piccolo, R.F. (2004) Journal of Applied Psy. 61 16,6 35º Day D. V. (2000) Leadership Quarterly 29 7,9 9º Aiken, L. S.; West, S. G. (1991) –Multiple Regression 61 16,6 36º Meindl J. R. et al.(1985)Administrative Science Quarterly 29 7,9

10º Bass B. M. (1998) – Transformational Leadership: Industry 60 16,3 37º House R. J. (1977) –1976 Theory Charismatic Leadership 28 7,6 11º Burns J. M. (1978) –Leadership 54 14,7 38º Awamleh R.; Gardner, W. L. (1999) Leadership Quarterly 28 7,6 12º Lowe K. B. et al. (1996) Leadership Quarterly 54 14,7 39º Brown M. E. et al. (2005) Org. Behavior Human Decision 28 7,6 13º Bliese P. D. (2000) – Within-Group Agreement 49 13,3 40º Liden R. C.; Maslyn J. M. (1998) Journal of Management 28 7,6 14º Bass B. M.; Avolio B. J. (2004) - Multifactor Leadership 49 13,3 41º Gardner W. L.; Avolio B. J. (1998) Acad. of Manag. Rev. 28 7,6 15º Gerstner C. R.; Day, D.V. (1997) Journal of Applied Psy. 49 13,3 42º Dansereau F. et al.(1975) Organ. Behavior& Human Perf. 27 7,3 16º Judge T. A. et al. (2002) Journal of Applied Psy. 46 12,5 43º Sy T. et al. (2005) Journal of Applied Psy. 27 7,3 17º Yammarino F. J. et al. (2005) Leadership Quarterly 46 12,5 44º Hunt J. G. et al. (1999) Leadership Quarterly 26 7,1 18º Baron R. M. Kenny D. A. (1986)J. Pers. & Social Psychol. 44 12,0 45º Howell J. M.; Shamir B. (2005) Acad. of Manag. Rev. 26 7,1 19º Lord R. G.; Maher, K. J. (1991) - Leadership & Information 41 11,1 46º Liden R. C. et al. (1997) Research in personnel & Human 26 7,1 20º Conger J. A.; Kanungo R. N. (1987) Acad. of Manag. Rev. 39 10,6 47º Klein K. J. et al. (1994) Acad. of Manag. Rev. 26 7,1 21º Podsakoff P. M. et al. (1990) Leadership Quarterly 39 10,6 48º Kozlowski S. W. J.; Klein, K. J. (2000) - Multilevel Appro. 25 6,8 22º Mumford M. D. (2006) - Pathways Outstanding Leadership 37 10,1 49º Kirkpatrick S.A; Locke, E.A. (1996) Journal Applied Psy. 25 6,8 23º James L. R. et al. (1984) Journal of Applied Psy. 37 10,1 50º Hogg M. A. (2001) Personality & Social Psychology Rev. 25 6,8 24º Bono, J.E.; Llies, R. (2006) Leadership Quarterly 34 9,2 51º George J. M. (2000) Human Relations 25 6,8 25º House R. J.; Aditya, R.N. (1997) Journal of Management 34 9,2 52º Avolio B. J. et al.(2004) Leadership Quarterly 25 6,8 26º Avolio B.J. Gardner, W. L. (2005) Leadership Quarterly 33 9,0 53º Meindl J. R. (1995) Leadership Quarterly 25 6,8 27º Bono J. E.; Judge, T. A. (2004) Journal of Applied Psy. 33 9,0 54º Walumbwa F. O. et al. (2008) Journal of Management 25 6,8

Fonte: Elaborado pelo autor

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Na última fase da análise, foi construído um mapa de cocitações para os 30 trabalhos mais citados, segundo a análise anteriormente realizada (Figura 2). O valor encontrado para o nível normalizado de stress do modelo foi considerado adequado (0,968). A partir disso, foram identificados quatro principais clusters (agrupamentos de cocitações), que são referentes aos seguintes tópicos: Compilações Teóricas de Liderança (cluster 1), Teoria do LMX (cluster 2), Teoria Transformacional e Transacional (cluster 3) e Teoria Carismática (cluster 4).

Primeiramente, o cluster 1 apresenta grandes obras que se caracterizam como pilares fundamentais para a elaboração de quaisquer estudos sobre liderança. Os livros de Yukl (2006), Bass (1985), Bass (1990) e Burns (1978) englobam diversas abordagens sobre o tema, assim como questões atemporais, onde muitas delas são discutidas até os dias atuais. Dessa forma, explica-se também o porquê do maior número de citações, nos trabalhos publicados, estarem relacionadas a esse agrupamento. Por sua vez, o cluster 2 compreende estudos que abordam a teoria do LMX. Nesse sentido, os trabalhos de Graen e Uhl-Bien (1995) e Gerstner e Day (1997) representaram, de fato, as principais peças para a construção desse corpo teórico, valendo assim, uma apresentação mais detalhada. Em primeiro lugar, algumas contribuições de Graen e Uhl-Bien (1995) são: a identificação de estágios de desenvolvimento do LMX, a elaboração de um modelo mais prático para a teoria e, também, o direcionamento para futuros estudos que utilizem essa abordagem. Por sua vez, o trabalho de Gerstner e Day (1997) faz uma meta-análise dos trabalhos que seguem as idéias preconizadas pela teoria LMX, concluindo que, realmente, os relacionamentos com o in-group, sugeridos como de mais alta qualidade e aproximação entre líder e liderados, geram resultados melhores às organizações. O terceiro cluster, que obteve o maior número de trabalhos entre os mais citados, engloba pesquisas que exploram a teoria transformacional e transacional da liderança. O trabalho seminal de Podsakoff et al. (1990) buscou examinar o impacto dos comportamentos de um líder transformacional nos comportamentos de cidadania organizacional. Por outro lado, Bass (1999) estuda a moralidade do líder transformacional, afirmando que não há espaço para líderes antiéticos nos pressupostos desta teoria. Nos demais estudos, Lowe et al (1996), Judge e Piccolo (2004) e Bono e Judge (2004) realizam trabalhos utilizando o método de meta-análise. Nestas três investigações, tanto a teoria transformacional quanto a transacional da liderança foram analisadas.

Por último, o cluster 4 promove a Teoria Carismática. Dois trabalhos seminais dessa abordagem que merecem maior apreciação foram os desenvolvidos por Conger e Kanungo (1987) e Shamir et al. (1993). O primeiro propõe um modelo que relaciona o contexto organizacional com a liderança carismática. Por sua vez, o estudo de Shamir et al. (1993) explora como se dá o processo em que os comportamentos de líderes carismáticos causam efeitos transformadores nos seguidores, propondo assim um modelo teórico.

Cabe destacar, ainda, a visualização de um estudo seminal sobre a teoria da liderança autêntica no mapa de cocitações. O trabalho de Avolio e Gardner (2005) fornece desde uma discussão sobre fundações conceituais de autenticidade e líderes autênticos, passando pela descrição dos componentes e dimensões da teoria, até atingir a análise do cenário de desenvolvimento teórico dessa perspectiva. Apesar disso, nota-se a baixa presença de estudos com essa abordagem, entre os maios citados, o que é provavelmente explicado pelo desenvolvimento recente de seus conceitos básicos. A teoria da liderança autêntica começou a ser explorada a partir do século XXI, então, o espaço temporal suficiente para o alcance de um grande número de citações não ocorreu. Além disso, sua maior proximidade, no mapa, com os trabalhos da teoria do LMX remontam uma maior aproximação de suas construções teóricas.

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Fonte: Elaborado pelo autor

Figuura 2 – Mapa de

1

3

Cocitações

1

2

 

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Conclusão

O artigo procurou analisar as recentes pesquisas sobre liderança que foram publicadas no periódico temático sobre liderança de maior fator de impacto: The Leadership Quarterly. Visando a esse fim, uma pesquisa bibliométrica, de citações e cocitações, foi conduzida, avaliando todos os artigos publicados de 2008 a 2013. No total, 368 artigos foram encontrados. Um dos objetivos basilares do estudo era, conforme a necessidade exposta por Delfino et al. (2010), observar a forma com que as principais pesquisas científicas sobre liderança estão configuradas atualmente. Nesse sentido, os resultados representam um bom diagnóstico das últimas tendências no tema e, com base nesses achados, pesquisadores terão uma orientação e um alicerce a mais na elaboração de futuros estudos. Inicialmente, foi observado que, entre os dez autores que mais publicaram no LQ nesse período, nove fazem parte do corpo editorial da revista. Tendo isso em vista, cabe considerar, primeiramente, que só se chega ao cargo de editor do LQ após fazer contribuições substantivas à área. Contudo, se por um lado essa senioridade pode, de fato, facilitar, pelo conhecimento acumulado sobre o tema e a qualidade da produção científica desses autores-editores, uma colocação de artigos na revista (assumindo uma blind review), por outro pode criar uma certa endogeneidade, uma vez que é natural que os conteúdos priorizados pelo corpo editorial estejam alinhados com suas próprias visões sobre o tema. A partir disso, uma sugestão seria a limitação do número de artigos publicados por esses autores, enquanto membros editoriais. Por outro lado, em 368 artigos foram encontrados 726 autores diferentes, o que corrobora com uma ideia da consideração de uma ampla gama de pesquisadores por parte da revista. Outro achado foi referente à nacionalidade dos autores que publicaram nesse ínterim, que demonstrou que ainda há um viés norte americano na produção científica sobre o assunto. Quase 60% dos trabalhos possuem como primeiro autor, acadêmicos americanos, o que talvez seja um fato de atenção no que diz respeito à diversidade de visão de autores e de possíveis fontes amostrais nas pesquisas presentes em um periódico internacional. Outros pontos importantes evidenciados são concernentes a determinadas escolhas feitas pelo periódico. Conforme já anteriormente apontado por Day e Antonakis (2012), foi encontrada uma predominância de trabalhos publicados que, metodologicamente, se utilizam de uma abordagem quantitativa. Esse achado teve como base não só o grande número de citações encontradas ao livro de Aiken e West (1991) no período, mas também ao fato de não haver nenhum trabalho que se utilize de métodos qualitativos dentre os mais citados. Seguindo esta ordem de ideias, observou-se, ainda, o alto nível de embasamento teórico necessário para obter um estudo aceito no LQ, consequência essa visualizada pelo grande número de citações presentes em cada trabalho publicado. Além disso, constatou-se, também, uma preferência, nos últimos anos, por estudos que utilizam teorias da nova liderança, corroborando assim com o que expõe Gardner et al (2010) a respeito dos poucos estudos encontrados atualmente no LQ em que são usadas teorias mais clássicas. Por outro lado, os estudos tentaram englobar, muitas vezes, óticas diversas de forma concomitante. Esses achados demonstram, portanto, uma possível tendência futura para pesquisas sobre liderança no que diz respeito às abordagens, metodológicas e teóricas, mais utilizadas internacionalmente. Com base nos resultados, compreende-se que o presente artigo contribui para se organizar os estudos, possibilitando, dessa forma, uma visualização mais objetiva de trabalhos marcantes para determinadas correntes teóricas e apontar determinadas preferências para outras pesquisas. Acrescenta, ainda, no entendimento relativo a estudos bibliométricos no Brasil, que têm mostrado uma produção bastante tímida nos últimos anos (VIEIRA; FISCHER, 2005). Além disso, evidencia-se que grande parte destes resultados se alinham ao

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proposto pelos trabalhos de Gardner et al. (2010) e Antonakis et al. (2014), tanto no concernente a indicação de obras mais significativas quanto na indicação de tendências teórico-conceituais internacionais. Nesse sentido, depreende-se que a contribuição reside na orientação e demonstração do estado-da-arte sobre estudos internacionais de liderança a leitores brasileiros, buscando, dessa forma, não só engajar acadêmicos brasileiros a realização de novas pesquisas, como diminuir a grande lacuna ainda existente em comparação a pesquisadores norte americanos no tema (SANT’ANNA et al. 2009). Vale ressaltar, por outro lado, que este estudo apresenta algumas limitações, que devem ser notadas. Em primeiro lugar, é possível que a amostra coletada, referente somente aos últimos seis anos, não apresente as mesmas tendências quando comparadas a espaços temporais maiores, o que limitaria os resultados do estudo. Por outro lado, a decisão por conduzir a pesquisa com apenas esses seis anos foi uma tentativa de visualizar somente os trabalhos mais recentes, e também mais relevantes como determinantes para futuras pesquisas. Além disso, nota-se também uma limitação relativa ao periódico analisado, uma vez que, internacionalmente, não existe apenas esta revista objeto do estudo. Portanto, os resultados encontrados podem variar conforme revista sobre liderança que for adotada na pesquisa. Para esse estudo, optou-se por usar o periódico internacional de maior fator de impacto da área, por representar a maior influência para um desenvolvimento das teorias e um entendimento mais holístico do fenômeno. De acordo com essas ideias, em futuros estudos da área sugere-se a ampliação do espaço temporal em uma nova pesquisa bibliométrica, de forma a ampliar o escopo. Nesse sentido, caberia, ainda, analisar não somente outros periódicos da área, como também utilizar o método para observar determinadas teorias específicas de liderança e até mesmo autores relativos à temática. Por fim, recomenda-se a realização de estudos multidisciplinares, como forma de buscar uma ampliação da visão sobre esse fenômeno altamente complexo e igualmente pesquisado. Referências Bibliográficas

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