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IPTM IPTM IPTM IPTM IPTM Instituto de Prospecção T Instituto de Prospecção T Instituto de Prospecção T Instituto de Prospecção T Instituto de Prospecção Tecnológica e ecnológica e ecnológica e ecnológica e ecnológica e Mercadológica Mercadológica Mercadológica Mercadológica Mercadológica IPTM Rio de Janeiro 2006 Estudos sobre a Indústria Estudos sobre a Indústria Estudos sobre a Indústria Estudos sobre a Indústria Estudos sobre a Indústria Têxtil e de Confecção nas Têxtil e de Confecção nas Têxtil e de Confecção nas Têxtil e de Confecção nas Têxtil e de Confecção nas Américas: Análises de Américas: Análises de Américas: Análises de Américas: Análises de Américas: Análises de Mercado e Oportunidades Mercado e Oportunidades Mercado e Oportunidades Mercado e Oportunidades Mercado e Oportunidades de Negócios de Negócios de Negócios de Negócios de Negócios SUMÁRIO EXECUTIVO SUMÁRIO EXECUTIVO SUMÁRIO EXECUTIVO SUMÁRIO EXECUTIVO SUMÁRIO EXECUTIVO

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© 2006. SENAI/CETIQTÉ proibida a reprodução de qualquer parte desta obra sem prévia autorização do autor.

Série Desafio para a Competitividade – Cadeia Têxtil

DET – Diretoria de Educação e TecnologiaIPTM – Instituto de Prospecção Tecnológica e Mercadológica

Ficha Catalográfica

SENAI. CETIQT. IPTMEstudos sobre a indústria têxtil e de confecção nas Amé-

ricas: análises de mercado e oportunidades de negócios: sumá-rio executivo/ SENAI – Centro de Tecnologia da Indústria Quími-ca e Têxtil. Instituto de Prospecção Tecnológica e Mercadológica.– Rio de Janeiro: SENAI/CETIQT,2006.

1v. il. – (Série desafio para a competitividade: cadeia têxtil)

Inclui Bibliografia

1. Indústria Têxtil nas Americas. 2. Indústria de Confecçãonas Américas 3. Prospecção Tecnológica. 4. Exportação deTêxteis 5. Mercado Internacional de Têxteis I. Título

CDU: 677: 339.13

SENAI-CETIQT – Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil

Rua Dr. Manuel Cotrim, 195 – Riachuelo

20960-040 – Rio de Janeiro – RJ

Tel.: 55 21 2582-1000 – Ramal: 1042

www.cetiqt.senai.br

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SENAI – Centro de TSENAI – Centro de TSENAI – Centro de TSENAI – Centro de TSENAI – Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil – CETIQTecnologia da Indústria Química e Têxtil – CETIQTecnologia da Indústria Química e Têxtil – CETIQTecnologia da Indústria Química e Têxtil – CETIQTecnologia da Indústria Química e Têxtil – CETIQT

ADMINISTRAÇÃO NACIONAL DO SENAIADMINISTRAÇÃO NACIONAL DO SENAIADMINISTRAÇÃO NACIONAL DO SENAIADMINISTRAÇÃO NACIONAL DO SENAIADMINISTRAÇÃO NACIONAL DO SENAI

Armando de Queiroz Monteiro NetoPresidente do Conselho Nacional do SENAIPresidente do Conselho Nacional do SENAIPresidente do Conselho Nacional do SENAIPresidente do Conselho Nacional do SENAIPresidente do Conselho Nacional do SENAI

José Manuel de Aguiar MartinsDiretorDiretorDiretorDiretorDiretor-Geral do Departamento Nacional-Geral do Departamento Nacional-Geral do Departamento Nacional-Geral do Departamento Nacional-Geral do Departamento Nacional

CONSELHO TÉCNICOCONSELHO TÉCNICOCONSELHO TÉCNICOCONSELHO TÉCNICOCONSELHO TÉCNICO-ADMINISTRA-ADMINISTRA-ADMINISTRA-ADMINISTRA-ADMINISTRATIVO DO SENAI-CETIQTTIVO DO SENAI-CETIQTTIVO DO SENAI-CETIQTTIVO DO SENAI-CETIQTTIVO DO SENAI-CETIQT

Antonio Cesar Berenguer Bittencourt GomesPresidentePresidentePresidentePresidentePresidente

ConselheirosConselheirosConselheirosConselheirosConselheirosClóvis Gonçalves de Souza JúniorFernando Sampaio Alves GuimarãesLuiz Américo MedeirosLuiz Edmundo Vargas de AguiarMaria Lúcia Alencar de RezendeOscar Augusto Rache FerreiraRegina Maria Fátima TorresRolf Dieter Bückmann

ADMINISTRAÇÃO DO SENAI-CETIQTADMINISTRAÇÃO DO SENAI-CETIQTADMINISTRAÇÃO DO SENAI-CETIQTADMINISTRAÇÃO DO SENAI-CETIQTADMINISTRAÇÃO DO SENAI-CETIQT

Alexandre Figueira RodriguesDiretor GeralDiretor GeralDiretor GeralDiretor GeralDiretor Geral

Daniel RoedelDiretor de Educação e TDiretor de Educação e TDiretor de Educação e TDiretor de Educação e TDiretor de Educação e Tecnologiaecnologiaecnologiaecnologiaecnologia

Dácio Lara de LimaDiretor de OperaçõesDiretor de OperaçõesDiretor de OperaçõesDiretor de OperaçõesDiretor de Operações

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Sumário Executivo

Quando avaliamos o papel histórico da indústria têx-til e de confecção da América Latina e do Caribe,verificamos que esses dois setores contribuíram deforma significativa para a regionalização da produ-ção, mobilidade industrial e reestruturação das eco-nomias nas Américas.

As mudanças geográficas da produção e suas con-seqüências econômicas deram-se num ambiente ca-racterizado pelo fortalecimento das políticas interna-cionais de livre comércio (criação do GATT e da OMC)e pela intensificação do processo de formação eintegração de blocos regionais (bilateralismo eplurilateralismo).

A grande concentração da manufatura de têxteis econfeccionados ocorreu na Ásia, hoje responsávelpor uma parcela de 80% do consumo industrial defibras no mundo. Os países asiáticos foram se incor-porando a este ramo de atividade econômica a par-tir da década de 50, em ondas sucessivas, tendoinício no Japão. No ocidente, esse processo de ex-pansão da produção ocorreu no leste europeu, Amé-rica e África. A enorme oferta mundial agregada àsimplicações da extinção do Acordo Multifibras, am-pliaram a competitividade internacional tornando omercado têxtil sensível e volátil.

Desde o pós-guerra o movimento de integração dosEstados vinha se configurando. A partir da décadade 80 este processo foi acelerado no sentido deampliar a economia de escala e o poder de barga-nha nas negociações internacionais, de forma a tor-nar os países mais competitivos.

A década de 80 foi marcada pela adoção dobilateralismo e plurilateralismo pelos Estados Unidos(EUA). Diversos acordos de acesso preferencial ede livre comércio foram assinados entre os EUA eos países andinos, da América Central e do Caribe,dentre os quais destacamos: Caribbean BasinEconomic Recovery Act (CIBERA), Caribbean BasinTextile Access Program (800 A ou super 807), North

America Free Trade Agreement (NAFTA), US-Caribbean Basin Trade Partnership Act (CBTPA),Andean Trade Preference Act (ATPA) e DominicanRepublic – Centro America – U.S. Free Trade Agreement(CAFTA-DR).

Esses acordos, submetidos a avaliações periódi-cas, foram sistematicamente alterados, incorporan-do novas condições, tais como: (a) extensão dosbenefícios do acesso aos têxteis e confeccionados;(b) isenção de cotas; (c) cobranças de tarifas ape-nas sobre o valor agregado; (d) isenção total detarifas; (e) redução de exigências em relação às re-gras de origem e assim por diante.

Uma das principais diferenças entre o CAFTA-DR –acordo mais recente dos EUA com os paísescaribenhos – é a reciprocidade, ou seja, as compa-nhias americanas passam a ter acesso ao mercadode todos os países membros, com isenção de im-postos para uma variedade de produtos que esta-vam sujeitos às tarifas. À semelhança dos demaisacordos, o CAFTA-DR possui “um labirinto de provi-sões técnicas”, utilizadas para determinar se o pro-duto se qualifica ou não como originário da região –requisito de tratamento preferencial. No caso espe-cífico da CPTC (do Capítulo 50 ao 63 do SistemaHarmonizado), a elegibilidade baseia-se, sobretudo,no caráter essencial do produto.

As regras de origem são fundamentadas nas mu-danças de posição das mercadorias segundo osistema harmonizado (S.H.) e levam em considera-ção os conceitos de “ f iber forward” (f ibraadiante),”yarn forward” (fio adiante) e “fabric forward”(tecido adiante). Além disso, apresentam exceçõespara produtos não-originários, tais como: regra deminimis, escasso abastecimento, acumulação am-pliada de origem, tratamento de jogos, produtosde artesanato, etc.

É importante ressaltar que o CAFTA-DR, ao estendero conceito de originário para insumos e produtos

1 Neste trabalho o termo Confecção engloba os Capítulos 61, 62 e63 do Sistema Harmonizado (S.H.)

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manufaturados nos países membros, estimula a im-plantação de indústrias têxteis na região, gerandooportunidades para investimentos externos, obede-cidas às condições do Acordo. Vale observar que ofato de a América Central fazer fronteira com o Méxi-co e este ser parceiro de livre comércio com os EUAtorna o CAFTA-DR uma extensão do NAFTA.

O fato é que a CPTC na América Latina e Caribe de-senvolveu-se neste cenário de expansão de trata-dos comerciais assinados com os EUA e inspirou-se na seguinte tese: de um lado, a competitividadeda manufatura norte-americana dependeria das eco-nomias de mão-de-obra barata que possibilitassemo intercâmbio regional do trabalho naquelas fasesdo processo industrial de nível menos sofisticado;de outro, os acordos poderiam gerar riquezas eincrementar as economias dos países mais pobres,elevando potencialmente a demanda de bens ameri-canos resultantes da tecnologia e do conhecimento.

Esta nova configuração da produção fez com que osEUA se transformassem num palco de fluxos de im-portação. O déficit da balança comercial americana detêxteis e confeccionados cresceu de dois bilhões dedólares em 1975 para 71 bilhões de dólares, em 2003.

Ao transformar-se no maior país importador do mun-do, os EUA passaram a conviver com uma contínuaqueda na produção e no emprego de sua cadeia produ-tiva têxtil. As estatísticas do American Textile ManufacturersInstitute (ATMI) mostram que o emprego da indústriatêxtil caiu de 970.000 em 1975 para 420.000 em 2002. Naindústria de confecção a queda foi ainda mais violenta,de 1.380.000 em 1975 para 515.000 em 2002.

Empregos na indústria têxtil e de confecção nos EUA

Para a América Latina e Caribe o resultado foi surpre-endente: em 1989 os países da CBI, andinos e Méxicoexportaram para os EUA 2,6 bilhões de dólares, en-quanto em 2004 o valor foi de 19,1 bilhões de dólares.Do mesmo modo que para muitos países da Ásia, ocrescimento da produção e do comércio exterior, es-pecificamente de vestuário, ampliou a importância eco-nômica da CPTC: suas exportações passaram a re-presentar a parcela mais expressiva das exportaçõestotais de diversos países da América Latina e do Caribe.

A estratégia que garantiu o resultado alcançado pelaAmérica Latina e o Caribe foi a transformação departe da indústria tradicional em indústria moderna ea implantação de Zonas de Processamento de Ex-portação (ZPEs) com fábricas montadoras de ves-tuário conhecidas como maquillas. Em 1990, asmaquillas representavam 2% da produção total. Suaexpressão econômica foi ampliada de tal sorte queem 2001 já eram responsáveis por uma parcela de45% das exportações destinadas aos EUA.

Uma análise do perfil da CPTC dos dez maiores expor-tadores da América Latina e Caribe para os EUA nospermite concluir que o Brasil é o país que apresenta omaior consumo industrial de fibras e a maior capaci-dade instalada em termos de cadeia produtiva têxtil.Além disso, possui uma indústria de confeccionadoscuja produção atende às necessidades do maior mer-cado doméstico entre os países analisados. Em se-guida, pelo grau de importância, aparecem o México,

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a Colômbia e o Peru, que possuem uma completacadeia de suprimento têxtil e de confecção. El Salvadore Guatemala, em termos de capacidade instalada econsumo industrial de fibras, sucedem os países ante-riores, em ambos os segmentos. Honduras e a Repú-

blica Dominicana apresentam como indústria básica osetor de confecções produzindo uma fração reduzidade tecidos de malha. Já a Nicarágua e a Costa Ricapossuem um parque industrial totalmente voltado paraa manufatura de confeccionados.

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Quanto aos EUA, em termos de capacidade instala-da, as estatísticas demonstram o esvaziamento desua indústria têxtil. Em 1990, o país possuia 12.175.000fusos e 121.400 teares. Em 2004, em decorrência dasimportações oriundas, sobretudo, dos países asiáti-cos, da América Latina e do Caribe, o parque industri-al norte-americano ficou reduzido a 2.300.000 fusos e48.000 teares. Esta tendência deverá ter prossegui-mento com o novo cenário imposto pela extinção doAcordo Multifibras e pela ampliação e desdobramen-tos dos acordos regionais e bilaterais.

A fração da produção interna de tecidos planos ede malha não comercializada para o exterior é so-mada à parcela de matérias-primas importadas paraatender às necessidades internas de consumo in-dustrial nas confecções norte-americanas, respon-sáveis pela produção total de 3,4 bilhões de rou-pas, em 2003. Este valor, de modo semelhante aoque vem ocorrendo na indústria têxtil, tenderá adecrescer ano a ano.

Entre 1990 e 2003, o PIB dos EUA cresceu a umataxa média anual de 5,6%. Com uma expansãodemográfica em torno de 1,0 %,o PIB per capitapassou de 23 mil para 38 mil dólares nesse período.A elevação da renda da população americana contri-buiu para o crescente aumento do consumo de ves-tuário, têxteis e calçados, atingindo, em 2003, o valortotal de 320 bilhões de dólares.

Consumo de vestuários, têxteis e calçados nos EUA a preços correntes

Fonte: Apparel & Footwear Industry-Top Issues (2004).

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No mercado norte-americano podemos identificardiferentes elos ao longo da cadeia de suprimento,tais como: (1) confecções tradicionais; (2) contractors;(3) jobbers; (4) produtores com marca; (5) varejis-tas de diferentes naturezas e (6) varejistas secundá-rios. Em termos de comercialização, as lojasespecializadas como The Gap e as lojas de descon-tos como o Wall-Mart são as que detêm maior par-cela do mercado. Em quinta posição encontra-se avenda por catálogos.

O mercado dos EUA, pelo lado da demanda, revelacontínua expansão, mas não encontra, internamente,uma oferta compatível com as necessidades do con-sumo e, por isso, o país recorre à importação. Paraatender ao consumo, estima-se uma necessidadede transformação industrial da ordem de 10 milhõesde toneladas anuais de fibras. Os dados mostramque uma parcela superior a 60% dessa transforma-ção é realizada externamente, com a colaboraçãoefetiva da América Latina e Caribe, responsáveis poruma fatia substancial dos fornecimentos para os EUA:o México exporta oito bilhões de dólares e os paísesda América Central e Caribe, juntos, cerca de 10 bi-lhões de dólares.

Os produtores, atacadistas e varejistas norte-ameri-canos há anos vêm introduzindo inovações na ma-neira de realizar seus negócios. Aliaram know-howde gestão exemplar às tecnologias de informação ecomunicação e adotaram estratégias fundamentaispara a redução dos preços ao consumidor e para aexpansão das vendas. Entre essas estratégias des-tacamos: investimentos em pesquisa e tecnologia,fusões e aquisições, outsourcing, gestão da cadeiade suprimento, multicanais de comercialização, ges-tão de marcas, gestão do ciclo de vida dos produ-tos, lean retailing, etc.. Como resultado dessas estra-tégias, o índice de preço ao consumidor de produtosconfeccionados caiu de 134 em 1993 para 121 em2003, e a receita anual da maior rede de varejo comdescontos dos EUA – Wall-Mart – cresceu de 80 bi-lhões de dólares para 250 bilhões de dólares nomesmo período.

Nas duas últimas décadas, a CPTC da América Lati-na e Caribe vem desenvolvendo um número razoá-

vel de forças. Somadas, estas forças resultam emfatores geradores de competitividade responsáveispela melhoria do desempenho econômico da ca-deia. Podemos constatar, no entanto, que a cadeiaainda se encontra numa posição que precisa serincrementada. Devemos eliminar as fraquezas queimpactam negativamente os resultados das empre-sas, aproveitar melhor as oportunidades e evoluir nadireção dos fatores mais dinâmicos e avançados dacompetitividade.

Em resumo, as vantagens da América Latina eCaribe são baseadas, predominantemente, em trêsforças: o acesso ao mercado norte-americano livrede tarifas, o custo de trabalho e a proximidade ge-ográfica em relação ao grande cliente do norte. Estaúltima força gera uma oportunidade importante quepode ser traduzida da seguinte forma: os custosde produção, transporte e de políticas públicaseram, até pouco tempo, os únicos consideradospelos grandes clientes em suas decisões desourcing até que os grandes varejistas decidiramnão mais manter armazéns ou depósitos repletosde produtos, aguardando a distribuição para ospostos de venda. Ao invés disto, tornaram-se leanretailers, responsabilizando-se apenas pelos pro-dutos em suas lojas. Deslocaram para os fornece-dores o ônus dos depósitos e centros de distribui-ção. Os fornecedores passaram assim a serresponsáveis pelo custo do capital empregado naformação e manutenção de estoques e pelo custodo risco de mantê-los.

Com relação às decisões de sourcing, observa-seque os produtos que têm um ciclo de vida mais lon-go - como os vestidos e os terninhos femininos -que seguem o calendário tradicional da moda e cujataxa de reposição nas lojas é baixa, demandam de-cisões apoiadas mais intensamente nos CUSTOSDOS FATORES. Por outro lado, para os produtosde vida mais curta – do tipo FAST FASHION, comocalças jeans – que estão sujeitos à mudança no meiode estação e que demandam reposições mais fre-qüentes, devem ser considerados o CUSTO DOSFATORES e a proximidade do mercado a fim de re-duzir os CUSTOS DE ESTOQUES e o RISCO DEMANTER OS MESMOS.

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Neste aspecto, deve-se ressaltar a situação vantajo-sa da América Latina, sobretudo dos países maispróximos dos Estados Unidos, que são contempla-dos com a alternativa de se transformarem em for-necedores na cadeia de lean retailers e fast fashion.Na realidade, esta oportunidade já vem sendo apro-veitada e pode ser comprovada, bastando para issoobservar as exportações do México e dos países daAmérica Central e Caribe. Constatamos que:

1. Os grandes exportadores de “calças jeans” locali-zam-se na América Central e Caribe. Do total expor-tado pelos dez primeiros exportadores, 92% origi-na-se dos países situados nesta região geográfica.

2. Os grandes exportadores de “roupas de baixo”também se encontram na América Central eCaribe: 74% do total das exportações têm suaorigem nesta região geográfica.

3. Analisando os produtos de baixo nível de reposi-ção - como é o caso dos vestidos de algodão –observamos que a totalidade das exportaçõestem sua origem nos distantes países da Ásia.

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No conjunto, a América Latina é responsável por umaparcela de 25 % das importações de têxteis e con-feccionados realizadas pelos EUA.

O mapa conceitual abaixo ilustra o fraco desempe-nho do Brasil nas exportações para os EUA tanto emtermos de presença no mercado quanto em termosde valor agregado.

Mapa conceitual das exportações totais para os EUA

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A análise das exportações dos países da AméricaLatina e Caribe para os EUA nos diferentes estágiosdo ATV mostra que: (1) as categorias de produtostêxteis e confeccionados cujas quotas foramsuspensas apenas no estágio final afetaram de for-ma significativa as exportações do México e dosdemais países; (2) as categorias cujas quotas forameliminadas no 2º estágio (após 1995) afetaram ape-nas de 1,0 a 7,4% as exportações e (3) as categoriascujas quotas foram eliminadas no último estágio(2005) afetaram a quase totalidade das exportações.

Pode-se compreender, portanto, a difícil situação daCadeia Produtiva da América Latina e Caribe diantedo poder de penetração dos países asiáticos nomercado norte-americano, intensificado a partir de2005. Liderados pela China, os países asiáticos con-centram as manufaturas têxteis de e confeccionadose são responsáveis, hoje, pela maior parcela de con-sumo industrial de fibras no mundo.

Um número razoável de estudos sobre o término doAcordo Multifibras em relação ao mercado dos EUAindica que o atual domínio chinês naquele mercado

deverá crescer até 2010, passando de 11% para 18%no caso dos têxteis e de 16% para 50% em relaçãoaos produtos confeccionados.

Para tentar remediar o prejuízo causado à economiatêxtil e de confecção local e dos países parceiros,tanto os EUA quanto a União Européia vêm realizandoo monitoramento dos resultados da eliminação dasquotas, desde 2005. Avaliando as mudanças na ca-deia mundial de suprimento, quem ganha e quem per-de, e os resultados da abertura do mercado e da cres-cente concorrência internacional sobre o nível e aredistribuição do emprego, os Estados Unidos, em 23de maio de 2005, decidiram utilizar medidas de salva-guardas e impor novas restrições quantitativas contraa China. Inicialmente sobre três categorias: blusas ecamisas de malha de algodão (categoria 338/339),calças, bermudas e shorts de algodão (categoria 347/348) e roupas de baixo de algodão e fibras químicas(categoria 352/652). Em 27 de maio de 2005, novasrestrições quantitativas foram impostas, em mais qua-tro categorias, como se pode ver na tabela a seguir.

Os limites de importação previstos na salvaguardaaté dezembro de 2005 são rigorosos tendo em vistao exagerado crescimento das mesmas no primeiro

2 301 – fio de algodão; 340/640 – camisas masculinas de tecidoplano; 638/639 – camisas e blusas de fibras químicas.; 647/648– calças de fibras químicas

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quadrimestre, que variaram de 278 a 1.500% em rela-ção ao mesmo período de 2004. O último acordoentre EUA e China prevê salvaguarda para 34 produ-tos até 2008, com base em um crescimento anual, emrelação ao ano anterior: não superior a 10-15%, em2006; 12,5-16%, em 2007; e 15-17%, em 2008.

A concentração de sourcing realizado pelos grandescompradores norte-americanos, a partir do últimoestágio do ATV, passou a ameaçar os países exporta-dores da América Latina e do Caribe, situação que foirelativamente atenuada quando os EUAimplementaram medidas de salvaguarda contra aChina. Assim mesmo, nos primeiros nove meses de2005, as exportações da China e da Índia, em volume(SME) e valor (US$), cresceram, respectivamente:23,9% e 27,7% e 16,9% e 14,4% para os têxteis e de111,1% e 82,4% e 27,2% e 32,5% para o vestuário.

Enquanto isso, diversos países da América Latina edo Caribe, sobretudo no mercado de vestuário, tive-ram suas exportações reduzidas, como podemosverificar na tabela seguinte.

O texto nos sugere os seguintes pontos que poderi-am contribuir para a melhoria do desempenho daCPTC brasileira:

(1) Estabilidade político-econômica – é a condiçãosine qua non de um bom clima de negócios, in-dispensável para o crescimento dos investimen-tos produtivos.

(2) Melhoria da infraestrutura – os problemas deinfraestrutura devem receber uma atenção espe-cial considerando-se indispensáveis os investimen-tos em rodovias, ferrovias, portos, telecomunica-ções, geração de energia elétrica e melhoria dosprocedimentos e das práticas alfandegárias.

(3) Acordos comerciais – apesar da redução de tari-fas ser uma das diretrizes da OMC, a extinção doregime de cotas reduziu o interesse dos paísesque abrigam os grandes clientes internacionais deatuarem nesse sentido. Como as tarifas de impor-tação representam um razoável custo, cresce aimportância dos acordos bilaterais e multiregionaisde acesso preferencial e de livre comércio paraque seja possível transformar competitividade emresultado de exportação.

(4) Políticas públicas – para os países como o Brasilque pretendem expandir suas exportações, as po-líticas públicas que beneficiam o setor produtivocomo a queda dos juros e a ampliação dos laçosentre o país e os grandes mercados compradorescomo os dos EUA e da União Européia são críticas.

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(5) Alianças estratégicas – que permitam as fusões,aquisições e investimentos 100% nacionais empaíses da América Central, Andinos, Caribe eMéxico com o objetivo de atingir o mercadodos EUA.

(6) Crescimento na cadeia de valor – nossas expor-tações de vestuário para os EUA no valor de 46milhões de “metros quadrados equivalentes” re-presentam 10% das exportações totais paraaquele país. A nível mundial as exportações bra-sileiras de vestuário, em dólares, equivalem a16% do total exportado pela CPTC, enquanto quena China e na Índia equivalem respectivamente a65% e 54%. A cadeia têxtil brasileira tem hoje gran-des possibilidades, exatamente por dispor de re-cursos, de matérias-primas, e indústrias moder-nas e bem montadas capazes de entregarprodutos com custo e qualidade compatíveis.Os recentes programas, ainda que em fase mui-to inicial, como a da ABDI (Agência Brasileira deDesenvolvimento Industrial) para a confecçãonacional, mostram que essa idéia já está che-gando ao entendimento governamental. As infor-mações contidas no livro, principalmente na qua-lificação da importância dos acordos bilaterais eplurilaterais, mostram o caminho para os investi-mentos em confecção, no sentido de aumentaras possibilidades brasileiras de fornecer full

package, o que é seguramente uma oportunida-de importante para a indústria como um todo.

(7) Contratos de investimento – uma das vantagensdas Zonas de Processamento de Exportação,além dos subsídios e condições de infraestrutura,são as “regras do jogo” para um período deduração normalmente de quinze anos como for-ma de atrair investimentos estrangeiros diretos.Como as ZPEs, sob a ótica da OMC, violam osprincípios e as regras do multilateralismo, os “con-tratos de investimentos” surgem como uma al-ternativa na medida em que estabelecem entre ogoverno e os investidores um conjunto de re-gras para um período de dez a quinze anos. Nocaso do México, América Central, Caribe e paí-ses andinos estes contratos são garantidos nosacordos comerciais de livre comércio assinadospelos respectivos países e os EUA.

(8) Comportamento corporativo ético – como umadas características da neo-industrialização, ocomportamento corporativo ético pode tornar-se um fator positivo de diferenciação para osmercados do hemisfério norte, onde os padrõesecológicos, do trabalho e de segurança dos con-sumidores são observados com cuidado. Gran-des varejistas e criadores de marca já anuncia-ram a intenção de reduzir o número de paísesfornecedores em função deste critério. The Gap,que realiza o sourcing em 50 países, selecionaseus fornecedores com base nas melhorias de-monstradas nas práticas relativas aos padrõescitados anteriormente.

(9) Identidade e diferenciação cultural – ênfase nosaspectos endógenos da cultura e diversidadecultural do Brasil, que agregam valor aos produ-tos exportados e criam barreiras qualitativas àpenetração de produtos estrangeiros.

(10) Gestão do conhecimento, da logística e dos su-primentos – desenvolvimento de know how ba-seado em atividades de pesquisa aplicada emgestão de negócios apoiada por recursos detecnologia da informação.

(11) Integração comunicativa – difusão e emprego detecnologias que propiciem a integração entreusuários, sistemas de produção e negócios.Concentração na aplicação de tecnologias decomunicação e informação.

(12)Capacidade de inovação fundamentada em basecientífica e tecnológica – competências dos sis-temas de ensino e pesquisa nas áreas de merca-do, insumo, produto, processo, gestão emarketing; financiamento da capacitação de re-cursos humanos e de pesquisa aplicada; produ-ção científica na área têxtil; proteção à proprieda-de intelectual e incremento das atividades depatenteamento como forma de estimular as ino-vações de alto valor agregado.

Estudos sobre a Indústria Têxtil e de Confecção nas Américas

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SENAI/CETIQTSENAI/CETIQTSENAI/CETIQTSENAI/CETIQTSENAI/CETIQTDET – Diretoria de Educação e TDET – Diretoria de Educação e TDET – Diretoria de Educação e TDET – Diretoria de Educação e TDET – Diretoria de Educação e TecnologiaecnologiaecnologiaecnologiaecnologiaIPTM – Instituto de Prospecção TIPTM – Instituto de Prospecção TIPTM – Instituto de Prospecção TIPTM – Instituto de Prospecção TIPTM – Instituto de Prospecção Tecnológica e Mercadológicaecnológica e Mercadológicaecnológica e Mercadológicaecnológica e Mercadológicaecnológica e Mercadológica

CoordenadorCoordenadorCoordenadorCoordenadorCoordenadorFlavio da Silveira Bruno

Orientação e organizaçãoOrientação e organizaçãoOrientação e organizaçãoOrientação e organizaçãoOrientação e organizaçãoLúcio Geraldo Taboada Tenan

Equipe TécnicaEquipe TécnicaEquipe TécnicaEquipe TécnicaEquipe TécnicaAna Tereza FilipeckiJosé Maria Simas

Normalização bibliográficaNormalização bibliográficaNormalização bibliográficaNormalização bibliográficaNormalização bibliográficaCarla Noronha