estudos pedolÓgicos

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL ESTUDOS PEDOLÓGICOS Prof. BUENO Iporá - GO 2012

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estudos pedológicos

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  • SERVIO PBLICO FEDERAL

    ESTUDOS PEDOLGICOS

    Prof. BUENO

    Ipor - GO 2012

  • 1

    UNIDADE III ESTUDOS PEDOLGICO

    1. Solos

    A HUMANIDADE depende do solo - e at certo ponto, bons solos dependem do homem e do uso

    que deles faz. O solo o ambiente natural em que crescem os vegetais. O homem desfruta e utiliza

    estes vegetais, quer por causa da sua beleza, quer por sua capacidade para fornecer-lhe e a seus

    animais domsticos, fibras e alimentos. Seu padro de vida muitas vezes determinado pela qualidade

    de seus solos e pelos tipos e espcies de plantas e animais que neles se desenvolvem.

    Quase sempre as grandes civilizaes dispuseram de bons solos como uma de suas principais

    fontes naturais de produo. As antigas dinastias do Nilo s existiram graas capacidade de produo

    de alimentos nos frteis solos do vale do rio Tigre e do Eufrates, na Mesopotmia, e dos rios Indo,

    Ganges, Iang-tse-Kiang e Huang Ho, na ndia e na China, foram beros de civilizaes. Submetidos a

    frequentes renovaes na sua fertilidade por inundaes naturais, esses solos asseguraram abundante

    e contnuo suprimento de alimentos.

    Destruio de solo ou explorao desordenada foram motivos de queda de algumas dessas

    civilizaes, cujos solos ajudaram a constru-Ias. O corte de madeira nas bacias desses rios favoreceu

    a eroso e a perda de solo de superfcie. Nos vales do Tigre e do Eufrates, os esmerados sistemas de

    irrigao e de drenagem foram negligenciados, o que resultou em acmulo de sais prejudiciais e os

    solos que eram produtivos, tornaram-se estreis e inteis. Desintegraram-se as orgulhosas cidades

    que ocupavam locais privilegiados nos vales e o povo emigrou para outras regies.

    A Histria fornece lies que o homem moderno nem sempre aproveita. Atualmente, h muitos

    que no do o devido apreo aos solos, em termos de explorao a longo prazo, o que , em parte,

    conseqncia da ignorncia generalizada dos problemas de solos, do que representavam para as

    geraes passadas e do que significam para as atuais e as futuras.

    1.1 Definio

    A Pedologia (do grego pedon que significa solo ou terra) considera o solo como um corpo

    natural, um produto sintetizado pela natureza e submetido a intemperismos. A Pedologia estuda os

    solos desde a sua origem, sua classificao e descrio.

    O solo pode ser definido como o conjunto de corpos naturais, desenvolvidos pela ao dos

    intemperismos sobre o material de origem, na superficie da terra e que serve como ambiente natural

    para os seres vivos terrestre.

  • 2

    1.2 Composio volumtrica dos solos minerais

    Os solos minerais consistem de quatro grandes componentes principais: substncias minerais,

    matria orgnica, gua e ar. mostrada na figura III.1 a proporo aproximada destes componentes

    num solo com condies timas para crescimento vegetal. Note-se que este solo contm metade de

    espaos slidos e metade de espaos de poros (gua e ar). Do volume total do solo, cerca de metade

    espao slido com 45% de substncia mineral e 5 % de matria orgnica. Em condio tima para

    crescimento vegetal, o espao de poros , a grosso modo, dividido ao meio, 25% do volume espao

    com gua e 25% com ar. As propores de ar e gua esto sujeitas a grandes flutuaes sob condies

    naturais, na dependncia do fator meteorolgico e de outros.

    Figura III.1 - Composio volumtrica de um solo, adequado para o crescimento vegetal.

    O ar encontrado naqueles poros do solo no ocupados pela gua. Aps a saturao do solo

    pelas guas das chuvas ou irrigao, medida que o solo seca, o ar do solo ocupa inicialmente os

    grandes poros e depois os de tamanho intermedirio. Isto explica a tendncia dos solos com elevada

    proporo de poros minsculos, onde dificilmente a gua removida, possurem aerao deficiente.

    Condio insatisfatria para timo crescimento vegetal.

    O sistema de poros do solo o caminho pelo qual ocorrem trocas gasosas entre o ar atmosfrico

    e as camadas mais profundas do solo. A existncia de macroporos favorece muito a aerao do solo.

    As concentraes maiores de CO2 no ar do solo devem-se respirao de organismos, na qual o

    oxignio (O2) consumido e o gs carbnico (CO2) liberado. A respirao das razes das plantas

    depende, em grande parte, do oxignio do ar do solo e essencial para o fornecimento de energia a

    vrios processos metablicos, inclusive absoro de ons. Tambm os microorganismos do solo

    necessitam oxignio.

    Podem ser reconhecidos dois tipos de poros nos solos. Os macroporos, de maior dimetro,

    atravs dos quais a gua drena e o ar se move livremente, e os microporos, responsveis por reteno

    de gua por capilaridade.

    Os solos argilosos apresentam elevados potenciais de reteno de gua em partculas menores e

    nos microporos. Solos arenosos tm baixa capacidade de reteno de gua. Em muitos casos, so os

    solos de textura mdia que apresentam maiores teores de gua disponvel.

  • 3

    Apenas a textura da camada arvel no suficiente para caracterizar o suprimento de gua no

    solo. Existem alguns solos, do grande grupo dos podzlicos, que apresentam um aumento dos teores

    de argila em profundidade, o que Ihes confere, em alguns casos, uma condio muito favorvel de

    suprimento de gua s culturas.

    A gua pode movimentar-se das camadas mais profundas at a superfcie por ascenso capilar,

    mas isso varivel de solo para solo, dependendo da continuidade da rede de poros e do seu tamanho.

    A gua do solo o veculo de transferncia de nutrientes do solo para a planta, alm de ser o

    meio de transferncia de solutos nos seres vivos. Nos solos, faz-se referncia soluo do solo,

    considerando a gua e os solutos nela existentes.

    1.3 Textura do solo

    Textura termo empregado para designar a proporo relativa das fraes argila, silte ou areias

    no solo. Existem tringulos para designar diversas classes texturais (Figura III.3), que so utilizados em

    classificao de solos. De uma forma simples, uma amostra de solo arenosa se contiver mais de 85%

    de areias; argilosa, mais de 35% de argila, e barrenta ou franca, menos de 35% de argila e menos de

    85% de areias. Solos limosos so raros no Brasil. Existem termos populares para designar a textura dos

    solos. Assim, solos arenosos so considerados "leves" ou de textura "grosseira", enquanto solos

    argilosos so "pesados" ou de textura "fina". Os termos leve ou pesado decorrem da menor ou maior

    resistncia que solos oferecem penetrao dos implementos agrcolas (arados, grades, subsoladores,

    etc.).

    A granulometria dos solos estabelecida fazendo-se a separao e a determinao percentual de

    partculas de diferentes tamanhos. As partculas podem ser classificadas pelos seus dimetros, de

    acordo com a Tabela III.1, utilizada pela Sociedade Internacional de Cincia do solo. Conforme a

    dimenso, as partculas do solo so denominadas pedras, cascalho, areia grossa, areia fma, limo (ou

    silte) e argila.

    Tabela III.1. Escala internacional de classificao das fraes granulomtricas do solo.

    Para fins de anlises de laboratrio utilizada apenas a parte do solo que passa na peneira com

    abertura de malha de 2 mm, a chamada Terra Fina Seca ao Ar (TFSA), e que inclui a areia grossa, a

    areia fina, o silte e a argila. Em geral, tanto os laboratrios de fertilidade do solo como os de pedologia,

    expressam os resultados com referncia TFSA. Contudo, em estudos mais precisos para determinar o

    teor de umidade existente na TFSA (da ordem de poucas unidades percentuais), os resultados so

    expressos em termos de terra fina seca na estufa a 105C (TFSE).

    Frao Limites dos dimetros das partculas

    (mm)

    Argila < 0,002

    Silte ou limo 0,002 0,02 Areia fina 0,02 0,2

    Areia grossa 0,2 2 Cascalho 2 20 Pedras > 20

  • 4

    Figura III. 2 Termos gerais usados para descrever a textura do solo, de acordo com os nomes das classes de textura dos solos.

    As fraes mais finas do solo, argila e matria orgnica, so tambm conhecidas como sendo de

    natureza coloidal. Colides so substncias constitudas de partculas muito pequenas que no podem

    serem vistas a olho nu, com dimetro inferior a 0,002 mm ou 2 m. Se o solo for disperso em gua, o

    que pode ser conseguido por desagregao mecnica e adio de hidrxido de sdio, as partculas da

    frao argila permanecem em suspenso por muito tempo, sem decantar, formando suspenses

    coloidais, enquanto as partculas mais grosseiras, de silte e areia, assentam no fundo do frasco

    contendo o material.

    Diz-se que as partculas finas ou coloidais do solo tm alta atividade de superfcie, significando

    isso alta capacidade de reteno de gua e nutrientes.

    Solos excessivamente arenosos no apresentam essas propriedades com grande intensidade, o

    que acarreta alguns problemas para seu uso agrcola, decorrentes da baixa capacidade de reteno de

    ctions e de gua.

    Mtodo anlise da textura no laboratrio

    Para realizao de uma anlise de partculas por tamanho, na amostra de TFSA adicionado

    gua e hidrxido de sdio, aps agitao o material deixado em repouso para decantao das

    partculas mais grosseiras. S ento determinado o percentual de argila, silte e areia da amostra.

  • 5

    Geralmente de acordo com o teor de argila temos:

    ARGILA (%)

    TEXTURA

    60 100 Muita argilosa 35 60 Argilosa 15 35 Mdia 0 15 Arenosa

    Figura III.3 Porcentagem de areia, silte e argila nas principais classes texturais do solo. Para usar o diagrama, localise a porcentagem de areia, em primeiro lugar e projete para dentro, como mostrado pela seta. Proceda de igual modo para o percentual de silte (ou argila). O ponto em que as projees se cruzarem, identificar o nome da classe.

  • 6

    Classes texturais dos solos

    Uma vez que os solos so compostos de partculas que variam consideravelmente quanto ao

    tamanho e forma, so necessrios termos especficos que exprimam algumas idias sobre a sua

    textura e forneam certas indicaes sobre suas propriedades fsicas. Por isso, so usados nomes de

    classes texturais de solo, tais como, areia, franco-arenoso, e franco-siltoso. Estes nomes se firmaram ao

    longo de anos de estudo e classificao de solos e gradualmente se tornaram padronizados. Acham-se

    identificados trs grandes grupos fundamentais de classes texturais de solo: areias, francos e argilas.

    AREIAS O grupo areia inclui todos os solos cujas fraes granulorrttricas de areia totalizam

    pelo menos 70% e as fraes granulomtricas de argila 15% ou menos do peso total do material. As

    propriedades de tais solos so portanto caracteristicamente arenosas, em contraste com a natureza

    mais viscosa das argilas. So reconhecidas duas classes texturais especficas: areia e areia franca.

    ARGILAS Para ser designado como argila, um solo dever conter pelo menos 35 % da frao

    granulomtrica de argila e na maioria dos casos nunca menos de 40%. Em tais solos, as caractersticas

    da frao granulomtrica de argila so eminentemente dominantes e as classes designam-se como

    argila, argila arenosa e argila siltosa. Nota-se que as argilas arenosas podero conter mais areia do que

    argila. Do mesmo modo, a quantidade de silte nas argilas siltosas excede normalmente a da prpria

    frao da argila.

    FRANCOS O grupo dos francos, que contm muitas subdivises, mais difcil de explicar. Um

    franco ideal poder ser definido como uma mistura de partculas de areia, silte e argila que apresentam

    propriedades leves e pesadas em propores equilibradas. A grosso modo, uma mistura de

    caractersticas mdias, no que toca s suas propriedades.

    Mtodo de anlise da textura em condies de campo

    O mtodo comum no terreno, para determinar a classe de um solo, pela sensibilidade atravs do

    tato. Pode-se provavelmente chegar a concluses sobre a textura e, portanto, sobre a classificao do

    solo, tanto pela simples frico do mesmo, entre o polegar e os outros dedos, como por quaisquer

    outros meios superficiais. til molhar a amostra para fazer com maior preciso a estimativa da sua

    plasticidade. O modo por que um solo molhado "escorrega" - isto , apresenta uma cinta contnua

    quando pressionado entre o polegar e os dedos, d idia da quantidade de argila existente. Quanto

    mais pegajoso estiver o solo molhado, maior o montante de argila. As partculas de areia so

    granulosas, o silte quando seco assemelha-se no tato farinha de trigo ou ao talco, e moderadamente

    plstico quando molhado. A persistncia de torres , em geral, ocasionada por silte e argila.

    O mtodo do tato usado em pesquisa de solo e classificao de terras, em condies de campo.

    Exatido nessas operaes depende principalmente de experincia da pessoa.

  • 7

    1.4 Densidade real do solo (Dr)

    Poder-se- expressar o peso do solo em termos de densidade das partculas que o compem.

    geralmente definido como a massa (ou peso) de uma unidade de volume dos slidos do solo e

    denominado densidade de partcula (dp) ou densidade real (dr) . Assim, se 1 cm3 de slidos do solo

    pesa 2,6 g, a densidade real 2,6 g/cm3. A densidade real dos solos em mdia igual 2,65g/cm3.

    1.5 Densidade aparente do solo (Da)

    Um segundo mtodo importante na medio de peso dum solo a densidade aparente ou

    densidade de volume (Dv). definida como a massa (peso) de uma unidade de volume do solo seco

    (amostra indeformada). Este volume incluir tanto os slidos como os poros. Os clculos comparativos

    de densidade aparente ou de volume com densidade de partcula so mostrados na figura III.4. Uma

    cuidadosa anlise desta figura evidenciar a diferena entre estes dois mtodos de exprimir o peso do

    solo.

  • 8

    Estrutura - o arranjamento das partculas do solo em agregados, ou seja, a forma como o solo se

    organiza, influenciando decisivamente na permeabilidade e na resistncia a eroso do solo. Os

    principais tipos de estruturas so: cbica, colunar, laminar e granular.

    Porosidade do solo (P)

    Outro parmetro importante do solo a porosidade (P), definida como a razo entre o volume de

    poros, que na realidade corresponde ao volume de gua mais o volume de ar, e o volume do solo.

    2. gua no solo Duas conceituaes principais referentes gua do solo acentuam a importncia deste

    componente do solo em relao ao crescimento vegetal:

    1 A gua retida nos poros do solo em graus variveis de persistncia, dependendo da quantidade

    existente desse lquido e do tamanho dos poros.

    2 Juntamente com os sais em soluo, a gua do solo forma a soluo do solo, que sobremodo

    importante como veculo para fornecer nutrientes aos vegetais em crescimento.

    A persistncia com que a gua retida pelos slidos do solo determina, em grau marcante, a sua

    movimentao no solo e sua utilizao pelos vegetais. Por exemplo, quando o teor de umidade dum

    solo timo para o crescimento vegetal (fig. III.1) as plantas podem assimilar prontamente a gua do

    solo porque grande quantidade dela encontra-se nos poros de tamanho intermedirio. medida que

    parcela dessa umidade removida pelas plantas em crescimento, a remanescente encontrada

    apenas nos poros minsculos e como pelcula delgada fortemente retida ao redor das partculas do

    solo. Por conseguinte, nem todo o montante de gua retido pelo solo utilizvel pelas plantas. Grande

    parte permanece no solo, aps as plantas terem murchado ou morrido, por insuficincia de gua.

    2.1 Determinao da umidade do solo (Up ou Uv)

    A umidade do solo definida como a razo entre a massa de gua e a massa de solo seco,

    denominada umidade em peso (Up), ou como a razo entre o volume de gua e o volume de solo,

    denominada umidade em volume (Uv).

    A vantagem de se trabalhar com a umidade em volume que o valor obtido corresponde lmina

  • 9

    de gua retida por camada de solo. Por exemplo, se a umidade do solo em volume de 0,20, ou 20%,

    significa que a cada cm de solo existe 0,2 L de gua, ou seja, existem 2,0 mm de gua.

    Vrios so os mtodos de determinao de umidade no solo, que diferem apenas forma de

    medio, local de medio, instalao, preo, tempo de resposta e operacionalidade no campo.

    Mtodo-padro de estufa

    um mtodo direto, bastante preciso, que consiste em retirar amostras do solo, na rea e na

    profundidade em que se deseja saber a umidade, coloc-Ias em um recipiente de peso conhecido

    (Peso do recipiente), fechado, geralmente de alumnio, e traz-Ias para o laboratrio. Pesa-se o

    recipiente com amostra de solo mido (Peso mido) e coloca-se o recipiente, aberto, em uma estufa a

    105-110 oC. Aps 24 horas, no mnimo, retira-se o recipiente com o solo seco da estufa, pesando-o

    novamente (Peso seco). A percentagem de umidade em peso (%Up) ser dada pela seguinte equao:

    Para determinao direta de umidade em volume (%Uv), necessrio saber qual o volume da

    amostra (amostra indeformada) que foi retirada do solo, ou pode-se determin-Ia indiretamente,

    conhecendo a densidade aparente do solo (Da), pela equao abaixo:

    Para converter umidade em peso (%Up) em umidade em volume (%Uv) multiplica-se o seu valor

    pela densidade aparente do solo (Da) como segue:

    %Uv = %Up x Da

    Mtodo das pesagens

    Este mtodo como o anterior tambm no d a porcentagem de umidade em volume diretamente,

    mas a resposta mais rpida, logo aps a retirada da amostra. um mtodo direto e preciso, que

    consiste nos seguintes passos:

    a) Colocar 100 g de terra seca a 105-110 oC, proveniente da gleba onde se deseja irrigar, em um

    balo de 500 ml.

    b) Completar o volume com gua e pesar, para obter o peso-padro M.

    c) Anotar o valor do peso-padro M, que ser determinado somente uma vez, para aquela gleba.

    d) Em qualquer poca que se deseja saber o teor de umidade daquela gleba, retirar amostra do

    solo, colocar 100 g desta no referido balo, completar o volume com gua e pesar, obtendo-se o

    peso m.

  • 10

    A percentagem de umidade do solo em base mida (%Ubu) (em peso) calculada pela equao

    a seguir:

    Pela equao anterior, verifica-se que a umidade do solo nada mais do que a diferena entre a

    pesagem-padro (M) (determinada uma s vez com cada tipo de solo) e pesagem atual (m)

    (determinada na poca em que se desejar saber a umidade do solo), (M m), multiplicada pelo fator

    (Dr / Dr 1), em que Dr densidade real do solo, podendo ser a densidade real mdia generalizada

    para todos os solos (Dr = 2,65 g / cm3)

    Para expressar o resultado em percentagem de umidade em base seca (%Up) (em peso), basta

    usar a seguinte equao:

    Para calcular a percentagem de umidade em volume (%Uv), basta multiplicar-la pela densidade

    aparente do solo (Da, em g / cm3).

    A densidade aparente um valor que no se altera em um curto espao de tempo, sendo, assim,

    uma determinao, num momento especfico do cultivo, poder ser utilizada durante um longo perodo.

    2.2 Capacidade do solo de reter gua para as plantas

    A gua retida no solo para as plantas aquela armazenada entre a capacidade de campo (Cc) e

    o ponto de murchamento (Pm). Em termos de potencial matricial, se encontra entre 0,1 - 0,3 atm (Cc) e

    15 atm (Pm). Para a maioria das plantas, muito antes do solo atingir o Pm, a gua j deixa de ser

    disponvel, ou seja, a planta j no consegue absorver a quantidade de gua necessria para o seu

    metabolismo e sua transpirao. Porm, o conceito clssico de gua disponvel nos fornece um critrio

    para caracterizar o solo quanto sua capacidade de armazenamento. De modo geral, um solo raso

    e/ou de textura grossa, apresenta uma menor capacidade de reteno e, conseqentemente, exige

    irrigaes mais freqentes.

    A capacidade de campo (Cc) representa a quantidade de gua retida pelo solo em condies de

    campo contra a fora da gravidade. O ponto de murchamento (Pm) representa o teor de umidade de

    equilbrio, entre a fora de coeso, exercida pelas partculas do solo sobre a pelcula de gua

    aderente s mesmas e a fora de suco exercida pelas razes das plantas. Em um solo no qual o Pm

    tenha sido atingido, ainda contm certa percentagem de umidade, a qual, entretanto, no pode ser

    utilizada pelas plantas, por estar fortemente retida pelo mesmo.

  • 11

    Clculo da gua Disponvel

    A gua disponvel de um solo pode ser facilmente calculada, desde que se conheam os teores

    de umidade correspondentes Cc e ao Pm, as propriedades fsicas do solo e a profundidade do solo

    que sero consideradas. Em irrigao, essa profundidade considerada nada mais do que a

    profundidade efetiva do sistema radicular da cultura (Z) figura III.4.

    Disponibilidade Total de gua do Solo (DTA)

    Em irrigao, a disponibilidade total de gua do solo uma caracterstica do solo, que

    corresponde gua nele armazenada no intervalo entre as umidades correspondentes capacidade de

    campo e ao ponto de murchamento. Pode ser expressa em altura de lmina de gua, por profundidade

    do solo, geralmente de mm de gua por cm de solo, ou em volume de gua por unidade de rea de

    solo, ou seja:

    Em que: DTA = disponibilidade total de gua, em mm/cm de solo;

    Cc = capacidade de campo, % em peso;

    Pm = ponto de murchamento, % em peso; e

    Da = densidade do solo, g/ cm3

    Disponibilidade Real de gua do Solo(DRA)

    A disponibilidade real de gua no solo definida como a frao da disponibilidade total de gua

    no solo que a cultura poder utilizar sem afetar significativamente a sua produtividade, podendo ser

    expressa por:

    DRA= DTA f

    em que: DRA = disponibilidade real de gua no solo, em mm/cm solo; e f = fator de disponibilidade de gua no solo, sempre menor que 1, adimensional.

    O fator de disponibilidade (f) varia entre 0,2 e 0,8. Os valores menores so usados em culturas mais

    sensveis ao dficit de gua no solo, e os maiores, nas culturas mais resistentes. De modo geral, podem-se dividir

    as culturas irrigadas em trs grandes grupos (Tabela III.2).

    Tabela III.2 - Fator de disponibilidade de gua no solo (f).

    Grupo de culturas Valores de f

    Olerculas 0,2 a 0,6 - (0,4)

    Perenes e forrageiras 0,3 a 0,7 - (0,5)

    Culturas anuais e algodo 0,4 a 0,8 - (0,6)

    Dentro de cada grupo, o valor de f a ser usado depender da maior ou menor sensibilidade da

    cultura ao dficit de gua no solo e da demanda evapotranspiromtrica da regio. Em uma mesma

  • 12

    cultura, quanto maior for a demanda evapotranspiromtrica da regio, menor dever ser o valor de f.

    Capacidade Total de gua no Solo (CTA)

    Tanto a quantidade de gua de chuva como a de irrigao s devem ser consideradas disponveis

    para a cultura no perfil do solo que esteja ocupado pelo seu sistema radicular. Por isso, a capacidade

    total de gua do solo somente deve ser calculada at a profundidade do solo correspondente

    profundidade efetiva do sistema radicular da cultura a ser irrigada, ou seja:

    CTA= DTA . Z.

    em que: CT A = capacidade total de gua do solo em mm; e Z = profundidade efetiva do sistema radicular, em cm. A profundidade efetiva do sistema radicular (Z) deve ser tal que, pelo menos, 80% do sistema

    radicular da cultura esteja nela contido. Ela depende da cultura e da profundidade do solo na rea.

    Capacidade Real de gua do Solo (CRA)

    Em irrigao, nunca se deve permitir que o teor de umidade do solo atinja o ponto de

    murchamento, isto , deve-se somente usar, entre duas irrigaes sucessivas, uma frao da

    capacidade total de gua do solo, ou seja:

    CRA = CTA f

    em que CRA = capacidade real da gua do solo, em mm.

    CRA = DTA . Z . f

    CRA = ( Cc Pm ) . Da . Z . f 10

    Irrigao Real Necessria (lRN)

    A IRN a quantidade real de gua necessria aplicao por irrigao. Pela definio de IRN,

    preciso considerar dois casos distintos:

    a) Com irrigao total

    Quando toda gua necessria cultura for suprida pela irrigao, a IRN dever ser igual ou menor

    do que a capacidade real de gua do solo:

    IRN CRA, em mm ou (m3/ha).

    Utilizando as equaes abaixo, obtm-se:

    b) Com irrigao suplementar

    Quando uma parte da gua necessria cultura for suprida pela irrigao e a outra parte pela

    precipitao efetiva (Pe), a IRN ser dada por:

    IRN < CRA - Pe, em mm (ou m3/ha).

    Logo:

  • 13

    Irrigao Total Necessria (lTN)

    A irrigao total necessria a quantidade total de gua que se necessita aplicar por irrigao, ou

    seja:

    em que: ITN = quantidade total de irrigao necessria, em mm ou m3/ha; e

    Ea = eficincia de aplicao da irrigao, em decimal.

    Tabela III.3 Eficincia de aplicao mdia dos sistemas de irrigao Sstemas de irrigao Eficincia de aplicao mdia (%Ea)

    Irrigao localizada 90 a 95

    Piv central 85 a 95

    Asperso convencional 80 a 90

    Irrigao por sulcos 50 a 70

    Os valores da tabela III.3 podem ser alterados, dependendo das condies climticas (vento), do

    solo, da operao e manuteno do sistema.

    Tabela III.4 Profundidade efetiva (Z) do sistema radicular de algumas culturas

  • 14

    Exemplos:

    a) Calcular a disponibilidade de gua para a seguinte condio:

    - irrigao total

    - solo

    Cc = 32% (% em peso) Pm = 18% (% em peso)

    da = 1,2 g / cm3

    - cultura: milho

    Z= 50 cm

    f= 0,5

    DTA = 1,68 mm/cm de solo ou 16,8 m3/ha / cm de solo

    CTA = 1,68 x 50 = 84 mm ou 840 m3/ha

  • 15

    CRA = 84 x 0,5 = 42 mm ou 420 m3/ha

    IRN 42 mm ou 420 m3/ha

    Assim, a lmina de irrigao a ser aplicada por vez dever ser igual ou menor do que 42 mm.

    Se o projeto de irrigao tiver uma eficincia de aplicao igual a 60%:

    ITN 70 mm ou 700 m3/ha

    b) Calcular a disponibilidade de gua para as condies anteriores, mas assumindo uma precipitao

    efetiva, no perodo considerado, de 14 mm.

    Neste caso:

    IRN 542 - 14

    IRN 28 mm ou 280 m3/ha.

    Se o projeto de irrigao tiver uma eficincia de aplicao igual a 70%:

    ITN 40 mm ou 400 m3/ha

    A "disponibilidade total de gua" geralmente aumenta medida que a textura do solo vai diminuindo.

    Na Tabela III.5 tm-se algumas caractersticas do solo em funo de sua textura. Ressalta-se que

    alguns solos de textura fina bem estruturados comportam-se como solos de textura mdia ou grossa.

    Tabela III.5 Velocidade de infiltrao bsica (Vib), Densidade (Da), Capacidade de campo (Cc) e Ponto de murchamento (Pm) para diferentes texturas do solo.

    3. Determinao da poca de irrigao

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    Existem vrios mtodos para se determinar a poca de irrigao, sendo que o mtodo escolhido

    ser o Mtodo do turno de rega (TR) . Este mtodo um dos mais usados, porque permite a

    distribuio de gua entre vrias parcelas com o mesmo sistema de irrigao. o mtodo

    tambm usado para calcular os projetos de irrigao no que diz respeito ao dimensionamento

    da vazo, das tubulaes e das motobombas, em virtude do perodo de maior demanda.

    TR = CRA / ETpc

    TR = Turno de rega

    CRA = Capacidade real de gua do solo

    ETpc = Evapotranspirao potencial da cultura ( mxima do periodo de cultivo)

    4. Infiltrao da gua no solo

    A infiltrao o processo de passagem da gua atravs da superfcie do solo, e a lmina de gua infiltrada por

    intervalo de tempo denominada Velocidade de infiltrao (Vi), a qual depende da textura, da estrutura e da

    umidade atual do solo. O seu valor decrescente com o tempo de umedecimento, ou seja, com o decorrer de

    uma chuva ou de uma irrigao, a velocidade de infiltrao decresce, a partir de um valor inicial, at se tornar

    constante, quando passar a ser denominada Velocidade de infiltrao bsica (Vib). A Vi e a Vib apresentam

    maiores valores em solos arenosos e menores em solos argilosos.

    Para selecionar um aspersor, necessrio que a intensidade de aplicao de gua do

    mesmo seja menor que a Velocidade de infiltrao bsica do solo. Assim, garante-se que no

    haver escoamento superficial, nem empoamento da gua aplicada via irrigao, uma vez

    que toda a gua aplicada infiltrar no solo.

    Existem vrios mtodos para se determinar a Vib de um solo, sendo que o mtodo

    escolhido dever ser condizente com o mtodo de irrigao que ser utilizado na rea. No

    caso da irrigao por asperso, em que a infiltrao da gua no solo: praticamente, s ocorre

    no sentido vertical, o mtodo do "Infiltrmetro de anel" um dos mais utilizados para se

    determinar a infiltrao da gua no solo.

    Mtodo do infiltrmetro de anel: nesse mtodo, utiliza-se um equipamento denominado

    infiltrmetro de anel, o qual constitudo por dois anis de chapas de ao, com 30 cm de

    altura, sendo um com dimetro de 25 cm e o outro com 50 em (Figura III. 5). Para a penetrao

    dos anis no solo, as suas bordas devero ser finas e possurem corte em formato de biseI.

    Depois de instalar o infiltrmetro de anel, deve-se seguir os procedimentos, apresentados

    a seguir, para determinar a taxa de infiltrao bsica:

    10 passo: Coloca-se, ao mesmo tempo, gua no interior dos dois anis. A altura ou a

    lmina de gua formada, bem como a hora de incio do teste, dever ser anotado;

    20 passo: Feito isso, utiliza-se uma rgua graduada para medir o abaixamento da lmina

    de gua (infiltrao) dentro do anel interno. Para isso, deve-se medir as distncias entre a

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    borda superior do anel e a superfcie da gua no seu interior. Vale lembrar que, no incio do

    processo, a infiltrao ser maior, a qual vai diminuindo com o passar do tempo e, por isso, o

    intervalo de tempo adotado entre as primeiras leituras dever ser menor. Os valores das

    leituras, devero ser anotados em uma tabela.

    30 passo: Aps cada leitura, deve-se repor dentro do anel a lmina de gua infiltrada, ou

    seja, deve-se colocar gua at a lmina de gua ficar 5 cm abaixo da borda do anel.

    40 passo: Os passos 2 e 3 devero ser repetidos at que os valores da infiltrao se

    tornem praticamente constantes.

    Figura III.5 Infiltrmetro de anel

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    Figura III. 6 Infiltrao na vertical do anel interno

    Exemplo:

    Determinao da velocidade de infiltrao bsica ( Vib ) solo de textura arenosa:

    Vi = I / T ( mm / min.) . 60min = (mm /h)

    Vib = 10 / 15 = 2mm / 3min . 60min = 40mm / h.

    Tempo acumulado

    (min.)

    T

    (min)

    Infiltrao acumulada

    (mm)

    I

    (mm)

    Velocidade de infiltrao (Vi)

    (mm / h)

    0,0 - - - -

    1,0 1 20,0 20 1200

    5,0 4 33,0 13 195

    10,0 5 44,0 11 132

    15,0 5 53,0 9 108

    20,0 5 71,0 18 216

    25,0 5 85,0 14 168

    35,0 10 101,0 16 96

    45,0 10 116,0 15 90

    55,0 10 129,0 13 78

    70,0 15 139,0 10 40

    85,0 15 149,0 10 40

    100,0 15 159,0 10 40