estudos do evangelho 9
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Olá, sou Leonardo Pereira e esse é mais um estudo do evangelho dentro do nosso projeto Quartas com evangelho - Grupo Espírita Lamartine Palhano Jr em Vitória do ES visite meu canal no youtube: www.youtube.com/leogelp12 e www.youtube.com/gelpalhanoTRANSCRIPT
Estudos do EvangelhoO Que Se Deve Entender Por
Pobres de Espírito
Leonardo Pereira
Capítulo 7 – Bem aventurados os
pobres de Espírito O Que Se Deve
Entender Por Pobres de Espírito
RecordaçõesNo poético e magnífico manual de vida que o
Mestre nos legou, chamado pela tradição de
“O Sermão da Montanha”, lembramos ter lido que, no elenco das bem-aventuranças,
Jesus nos ensinou:
“Bem aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus”
Acreditando estar ouvindo tal afirmação vinda de Jesus, nosso
entendimento atual fica, de imediato, confuso. Sem aceitar a
primeira impressão que ela nos dá, recorremos ao Aurélio e, no
verbete próprio, lemos a seguinte definição para a expressão “pobre
de espírito”:
Pobre de espírito. Pessoa simplória,
ingênua, parva, tola.
O que é isso?”nos perguntamos, surpresos.? É evidente,
para nós, que o Mestre dos Mestres não estaria a dizer que o Reino dos Céus pertence
aos parvos, aos tolos ou ingênuos.
Desse modo, se a informação que nos chega nos parece absurda, cabe a nós investigarmos mais aprofundando a
questão até que o sentido se faça. Façamo-lo, pois, sem mais delongas..
O que diz a Codificação?
O Capítulo VII de O Evangelho Segundo o Espiritismo leva o título que demos ao
nosso estudo, isto é, “Bem-aventurados os pobres de espírito”.
Como era de se esperar, dados a lógica impecável e o bom-senso lapidar do
Consolador, ele abre o capítulo com o tema “O que se deve entender por pobres de espírito”, iniciando seus comentários
com as seguintes sábias palavras:
“A incredulidade zombou desta máxima: Bem-aventurados os pobres
de espírito, como tem zombado de muitas outras coisas que não
compreende. Por pobres de espírito Jesus não entende os baldos de
inteligência, mas os humildes, tanto que diz ser para estes o reino dos céus
e não para os orgulhosos”.
O que é contrário a Humildade?
“O orgulho é o pai de muitos vícios. É também a negação de muitas
virtudes. Ele se encontra na base e como móvel de todas as ações
humanas.Essa é a razão porque Jesus se
empenhou tanto em combatê-lo, como principal obstáculo ao
progresso”. (ESE – cap. X – Item 10)
“Só o orgulho pode impedir que vos vejais quais
realmente sois. Mas, se vós mesmos não o vedes, outros
o vêem por vós”. (LM – cap. XXXI item IV)
Com efeito, cumpre não perder de vista que "Os homens, quando se houverem despojado do egoísmo
que os domina, viverão como irmãos, sem se fazerem mal algum,
auxiliando-se reciprocamente, impelidos pelo sentimento mútuo
da solidariedade
Então, o forte será o amparo e não o opressor do fraco e não mais serão
vistos homens a quem falte o indispensável, porque todos praticarão a lei de justiça.", assim como convém
não esquecer que "O egoísmo se enfraquecerá à proporção que a vida moral for predominando sobre a vida
material" (trechos encontráveis nas respostas dadas às questões números 916 e 917 de "O Livro dos Espíritos", a obra basilar do Espiritismo, 75ª edição, FEB, 1994,
página 420).
“Dizendo que o reino dos céus é dos simples, quis Jesus significar que a
ninguém é concedida entrada nesse reino, sem a simplicidade de coração e humildade de espírito; que o ignorante
possuidor dessas qualidades será preferido ao sábio que mais crê em si do
que em Deus. m espírito, conforme o entende o mundo, e rico em qualidades
morais.”
Em todas as circunstâncias, Jesus põe a humildade na categoria das virtudes que aproximam de Deus e o orgulho
entre os vícios que dele afastam a criatura, e isso por uma razão muito
natural: a de ser a humildade um ato de submissão a Deus, ao passo que o
orgulho é a revolta contra ele.
Mais vale, pois, que o homem, para felicidade do seu futuro, seja pobre em
espírito, conforme o entende o mundo, e rico em qualidades morais.”
Os homens cultos e inteligentes, segundo o mundo, fazem geralmente tão elevada opinião de si mesmos e de sua própria
superioridade, que consideram as coisas divinas como indignas de sua atenção.
Preocupados somente com eles mesmos, não podem elevar o pensamento a Deus. Essa
tendência a se acreditarem superiores a tudo leva-os muito frequentemente a negar o que, sendo-lhes superior, pudesse rebaixá-los, e a
negar até mesmo a Divindade.
E, se concordam em admiti-la, contestam-lhe um dos seus mais belos atributos: a ação providencial sobre as coisas deste
mundo, convencidos de que são suficientes para bem governá-lo. Tomando sua
inteligência como medida da inteligência universal, e julgando-se aptos a tudo
compreender, não podem admitir como possível aquilo que não compreendem.
Quando se pronunciam sobre alguma coisa, seu julgamento é para eles inapelável.
A explicação de Kardec é clara e faz total sentido, dando às palavras de Jesus o caráter que se pode esperar delas. Fica, no entanto, a
dúvida. Se Jesus quis se referir aos humildes de espírito e aos simples de coração, por que ele usou a expressão “pobres de espírito” e não
outra mais adequada?
Mas ... será que Jesus usou mesmo a expressão “pobres de espírito”?
Para conferir se a expressão usada pelo Mestre foi mesmo “pobres de espírito”, consultamos três edições da Bíblia em Português e uma na
sua versão em Francês. Vejamos o resultado de nossa consulta:
Recorremos, primeiramente, uma edição feita pela Enciclopédia Barsa de uma das
Bíblias católicas mais utilizadas no Brasil, isto é, a tradução feita pelo padre Antônio
Pereira de Figueiredo no século XVIII, com base na Vulgata Latina, tradução feita por
Jerônimo no Século V. A outra tradução mais usada no Brasil é aquela feita pelo Padre
Matos Soares, em 1930, igualmente a partir da Vulgata latina.
Como veremos, fala de Jesus aparece transcrita nas traduções da Vulgata de forma idêntica a como aparece em O
Evangelho Segundo o Espiritismo.
Essa constatação confirma o que era de se esperar, isto é, que a Bíblia em francês
utilizada por Kardec era, também ela, uma tradução da Vulgata. Dizemos isso porque
a comunidade católica,
durante séculos, desde o Concílio de Trento, em 1546, até algum tempo após 1943, ano em que o Papa Pio XII liberou oficialmente que novas traduções fossem feitas a partir dos originais, só tinha à sua
disposição para consulta e estudo a Vulgata ou traduções da Vulgata para suas
línguas nativas. E o que será que diz a Vulgata?
“Bem aventurados os pobres de espírito: porque deles é o reino dos
céus”Jesus (Mt: 5.3)
Vejamos, finalmente, o que nos ensina o Professor Pastorino em A Sabedoria do Evangelho:
“Uma variedade imensa de traduções tem sido dada às palavras de Mateus ptôchoi tôi pnéumati. Vamos analisá-las. O primeiro elemento, ptóchos, significa, exatamente, ”aquele que caminha humilde a mendigar". Sua construção normal com acusativo de relação poderia significar o que costumam dar as traduções correntes: "mendigos (pobres, humildes) no (quanto ao) espírito".
Acontece, porém, que aí aparece construído com dativo. à semelhança de tapeinoús tôi pnéumati (Salmo 34: 18), "submissos ao Espírito"; ou zéôn tôi pnéumati (At. 18:25), "fervorosos para com Espírito"; ou hagía kai tôi sôrnati kaì tôi pnéumati (1 Cor. 7:34), "santos tanto para o corpo, como para com o espírito".
Após havermos considerando numerosas traduções, aceitamos a que propôs José de Oiticica, MENDIGOS DE ESPIRITO, por ser mais conforme ao original grego, e por ser
a mais lógica e racional: pois realmente são felizes aqueles que mendigam o
Espírito; aqueles que, algemados ainda no cárcere da carne, buscam espiritualizar-se por todos os meios ao seu alcance, pedem,
imploram, mendigam esse Espírito que neles reside, mas que tão oculto se acha.”
Mais vale, pois, que o homem, para felicidade do seu futuro, seja pobre em
espírito, conforme o entende o mundo, e rico em qualidades morais.”
Uma linda noite e uma Feliz Semana!