estudoda posu;:ao dos pronomes obliquos atonos … · referencias bibliograficas..... 48 anexos ......

73
Erika Rosa de Lima de Barros ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS NO LIVRO MEMORIA SOBRE A CULTURA, E PRODUCTOS DA CANA DE ASSUCAR Trabalho de Conclusao de Curso apresentada ao Curso de Letras - Portuguesllngles da Faculdadc de Ciencias Humanas, Lctr-dS cArtes da Universidade Tuiuti do Parana, como requisito parcial pam a obtem;ao do grau de Licenciatura em Letras. Orientadora: Prof. a Dr.- Solangc Mendes Oliveira CURlTIBA 2010

Upload: vuongmien

Post on 11-Feb-2019

233 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

Erika Rosa de Lima de Barros

ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS NO

LIVRO MEMORIA SOBRE A CULTURA, E PRODUCTOS DA CANA

DE ASSUCAR

Trabalho de Conclusao de Curso apresentada aoCurso de Letras - Portuguesllngles da Faculdadcde Ciencias Humanas, Lctr-dS cArtes daUniversidade Tuiuti do Parana, como requisitoparcial pam a obtem;ao do grau de Licenciatura emLetras.

Orientadora: Prof.a Dr.- Solangc Mendes Oliveira

CURlTIBA

2010

Page 2: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

SUMARIO

RESUMO ..

IINTRODU<;:AO ..

2 AS ORIGENS DO PORTUGUES BRASILEIRO

2.1 A FORMAC;AO DO PORTUGUES .

.............................. 11

. 15

2.2 CARACTERisT1CAS DO PORTUGUES BRAS1LElRO 19

2.3 A COLOCAC;AO PRONOMINAL NO PORTUGUES .. . 24

3 ESTUDO DA POSI<;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS NO

LIVRO MEMORIA SOBRE A CULTURA, E PRODUCTOS DA CANA DE

ASSUCAR, PUBLICADO NO SIiCULO XVIII.... . 30

3.1 DESCRlC;AO E ANALISE DOS DADOS 31

3.1.1 OcoIT!!ncias de uso indevido de enclisc e proclise 39

3.2 LEVANTAMENTO DOS DADOS .. .. 41

3.3 ANALISE DOS RESULTADOS 44

4 CONSIDERA<;:OES FINAlS. . 46

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ................................................. 48

ANEXOS ................................................. 49

Page 3: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

RESUMO

o objetivo deste trabalho e identificar e apontar a posic;:ao dos pronomes ohJfquosatonos no livro Memoria.\· sobre a cullura, e productos da eana de Assucar, escritopor loze Caetano Gomes e puhlicado por Fr. laze Mariano Velloso, em 1799. Paraisso, foram realizadas as anaiises quantitativas e qualitativas quanta a ordem dospronomes cliticos e investigada qual era a posiyao pronominal utilizada com maiorfrequencia. 0 ievantamcnto dos dados apontou 0 dcsuso da mCsOciise, pois no livroem questao oao foi constatada nenhuma ocorrencia do pronome mesocHtico, emostrOll que a preferencia pela proclise jei aparecia timidamente oa escrita doportugues brasileiro do seculo XVIII. A pesquisa contribuiu para evidenciar que essaprcfcrencia pelo pronome proclitico no texto formal possivelmente ja figurava nalinguagem oral.

Palavras-chavc: ordcm dos pronomcs obliquos atonos; proclise; cnclise; contextossintaticos; seculo XVIII.

Page 4: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

1 INTRODU<;:AO

No inicio do seculo XVI, os portugueses fizeram os primeiros cantatas com 0

Brasil. Nesse periodo, os portugueses ja possuiam uma tecnica de comunicar;:ao com

estrangeiros, conhecida como "linh'Ua de preto"

Ja no Brasil, existe urn levantamento realizado por Serafim da Silva Neto

(1986) que revel a que aqui a "lingua geral" predominava. E somente em meados do

seculo XVIII, a popula~ao brasileira passou a utilizar a lingua PortuhllJcsa, 0 que

ocasionou uma reviravolta no enfoque linguistico enos mctodos de ensino (NARD

2007).

Segundo Mattos e Silva (2004), ha indicios, por meio do conhecimento

historico ja acumulado, de que 0 portugues brasileiro cuho 56 comc((ou a definir-se a

partir da segunda metade do seculo XVIII. 0 grande acontecimento historico ocorrido

nesse periodo decorre da politica geral e da politica lingiiistica pornbalinas, que

definem a lingua portuguesa como lingua oficial da colonia brasileira e iniciam urn

incentivo a seu en sino, que antes era realizado pelos jesuitas, atraves da catequese e da

colonizatyao, em favor da chamada lingua geral

Segundo Naro e Scherre (2004), para se descrever a rnudantya que ocorreu no

portugues brasileiro tem-se de levar em conta a exislencia da lingua geral e da lingua

de preto previas. Assim, pode-se concluir que 0 portugues modemo brasileiro e 0

resultado natural da deriva secular inercnte it lingua trazida de Portugal.

Sabe-se que 0 portugues brasileiro passou por inurn eras transformac6es

linguislicas; entre elas, temos a mudantya fla posityao dos pronomes obliquos atonos.

Page 5: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

Por isso, este trabalho de pesquisa sera realizado com a fioalidade de verificar

a ordem dos pronomes obliquos .Honos no portugues brasileiro do seculo XVIII. A

coleta de dados no livro Memoria Sobre a Cultura, e ProduclOs da Cana de Assllcar,

escrito por Joze Caetano Gomes, em 1799, e publicado pOT Fr. Joze Marianno da

Conceic;ao Velloso, ern 1800, tern como objetivo verificar qual era a posiyao utilizada

com maior frequencia nesse seculo: a pr6c1ise ou a enclise.

A questiio que nortean!. a pesquisa e: a preFerencia pela pr6c1ise ja ocorria no

seculo XVIII? Essa qucstao ate hoje irnportante na nossa construc;ao escrita sera

conhccida atraves do levantarnento dos dados com base no livro escrito em 1799, e

podera apootar se a variac;ao oa posiyao dos pronomes obliquos atonos, que atualmente

se posicionarn rnajoritariamente em pr6c1ise, ja acontecia nesse secu 10.

Identificar e aponlar a posiC;ao dos pronomes obliquos atonos, no livro em

questao, pesquisar se as mudanC;3s sintaticas ocorridas no portugues brasileiro quanto a

ordcm dos pronomes obliquos foram somenlc com rciac;ao a pr6c1ise e it enclise e se 0

uso da mes6c1ise ainda ocorria no texto produzido no seculo XVIII, alem de descrever

os ambientes sintaticos que favoreceram a ocorrencia dessas mudam;as serao os

objetivos do trabalho.

A hip6tese levantada e a de que 0 usa da pr6c1ise ocorria com menos

frequeocia na escrila do tcxto do seculo XVIII. Atuaimente, e visivcl que na escrita da

lingua portuguesa a proclise e utilizada no dia-a-dia em maior n(amero, seodo que a

cnclise c a mes6c1ise sao utilizadas e observadas em textos mais elaborados.

A pesquisa detcm-se fundamentalmente na descriC;ao e analise dos pronornes

obliquos atonos. Para isso, realiza-sc inicialrnente uma pesquisa bibliogrMica,

Page 6: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

10

fundarnentada nos livros: 0 Porfugues da GenIe, de Rodolfo I1ari e Renato Basso

(2006); Origem; do Porlugues Brasileiro, de Anthony Julius Naro e Maria Marta

Scherre (2007); Ensaios Para uma Socio-his/oria do Portugues Brasi/eiro, de Rosa

Virginia Mattos e Silva (2004) e FormG(;i1o LinguisJica do Brasil, de Paulo Bearzoti

Filho (2002); e com base nas gramaticas: Novissima Gramatica da Lingua Porluguesa,

de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

Cipro Neto e Ulisses Infante (1998); Gramatica, de Carlos Emilio FaracD e Moura

2000, que abordam a posilYao dos pronomes obliquos atonos.

Em seguida, sera realizada a pesquisa docwnental, pDf mcio do levantamento

dos pronomes obliquos atonos utilizados no livro Memoria Sobre a OJ/tura, e

Productos da Cana de Assucar, escrito no seculo xvnr. Essa fonte esta

disponibilizada no site da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, em urn acervo

digitalizado. Com base nesse documento serao realizadas as anaiiscs quantitativas e

qualitativas dos pronomes obliquos atonos utilizados nesse seculo.

A pesquisa divide-se em duas partes. No capitulo 2 serao abordadas as

origcns, a forrna~ao e caracteristicas do portugues brasileiro e a colocayao pronominal

na visao da Grarnatica Tradicional. 0 capitulo 3 trata do estudo da posiyao dos

pronomes obliquos atonos no livro Memoria sabre a cultura, e productos da cana de

assucar, publicado no sCeulo XVIII, e da descriyao e analise dos dados e resultados

levantados. Para conduir, serao apresentadas as considerayoes finais sobre a amilise da

ordem dos pronomes obliquos atonos utilizados no livro.

Page 7: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

II

AS ORIGENS DO PORTUGUES BRASILEIRO

No seculo XVI, chegou a prime ira expedicrao portuguesa ao Brasil. Os

portugucses vieram a fim de consoJidar a sua conquista do novo e desconhecido

territorio e assim dernarcar suas divisas naquele que pOlleD tempo dcpois seria

chamado de Novo Mundo (ELlA, 2003).

Ainda segundo Elia (2003), esse territorio era habitado por povos de costumes

diferenciados dos seus conquistadores, tinharn urna organizac;ao social propria, urn

lidcr e uma lingua que poderia variar de acordo com 0 grupo. Sua religiao era ba"icada

na adora.;ao dos elementos da natureza e estes cram seus deuses, rncsmo assim, fcram

considerados barbaros por seus descobridores c receberiam 0 nome de indios. Alem de

nomearem os nativos da terra, 0 novo tcrritorio dominado pclos lusitanos passaria a ser

chamado de Brasill.

Uns dos primeiros povos a fazer contato com os portuguescs foram os Tupis2,

po is estes margeavam a costa litoranea brasileira e foram os primeiros a serem

avistados. Devido a esta aproximayao, acabaram por ser catequizados pelos jesuitas e

foram urn instrurnento valioso na interiorizay8o e conquista do territ6rio brasileiro

(EllA, 2003).

Para Jlari (2006), 0 multilinguismo ja existia antes da colonizayao portuguesa,

assim, para que os portugueses pudessem impor seu dominic aos nativos e ate por uma

questao de sobrevivencia, precisaram aprender e usar as linguas indigenas. Essas

I () IlPlllC /lra,if pil'I CI(' J:l Ilw.iclr:l dc tllna :il'l ,)I~ <':ollhcL:IJaL:Olllll /)(111-",-",\1/, ~'IlI:',,, Illlllh) <.:ubi":;ld:l. 1'''1

pn"hVll tlEll;) ••uh,st:·IIl.:i;) ;)'crmdh;h.b ,Ie ;;mmk IIl1hJad", na p!'ali.:a dc tilllumri'l lELIA :.:()()~.p ~~)

: Tupi In,utl' Illlglllsllco tille nllllprccnlk nt> Bm~ll_ Jcz 1:lmrlla~ 'lIas. JI~lnbul'b.~ pm 14 ",1:1110':~'~h,mdclll-

~c 1;]1\11"';m llClI)s S.;glllll!l·~ l"lIsc~ (iui;1I1.1 Fr;]u<.:c,s:l. V,;uc71lc1a, Cllh"mbl;), I'cl1L 130!1\ 1;1, P:U-'I:,!U;11 c Arg"'lltm:l

1il:\I~1 :!OOh p')(1)

Page 8: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

12

linguas indfgenas cram utilizadas tambem para a catequiza~ao dos nativQs. tomando-se

urn objeto de estudo muito irnportanle. A partir do scculo XVI, os religiosos

interessados na catcquese adotaram a politica da lingua geral. Fala-se em linguas

gerais, no contexto da coionizacao, quando os conquistadores, ao encontrarem

inumcras linguas diferenciadas nas terras que estavam sendo conquistadas, acabavam

for~ando as popula~oes a adotarem lima (mica lingua.

Ainda segundo 0 aulor, no Brasil. apesar de uma variedade de Iinguas

indigcnas, a criacao de linguas gerais era facilitada, pois apresentavam lima

unifonnidade, pois pertenciam ern sua maio ria ao troneo-tupi. Uma delas ficou

conhecida como nheengall/

Para Naro e Scherre (2007), nesse perfodo, os portugueses jA possuiam uma

tecnica de comunica~ao com estrangeiros, conhecida como "lingua de preto". No

Brasil, existe urn levantamcnto realizado por Serafim da Silva Neto (1986) em

Introdur,:ao ao esludo da lingua porluguesa no Brasil, que revela que a "lingua geral"

predominava. Essa Imgua trata-se de urn pidgin4 simplificado de origem tupi, que

indios de varias tribos, europeus e depois os africanos sabiam e a utilizavam para se

comunicar. Sabemos tambem que os pidgins sao os primeiros passos para 0

surgimento dos crioulos.

Segundo I1ari (2006, p. 64), "a administra~ao portuguesa endossou a politica

das linguas gerais por mais de dois secuios, mas, em 1757, urn decreto do Marques de

'Nh<..'CIlg.aHl ~i;;l1I!l..::a"'>tll, '111.!..1""·· . ..:: a Jmgua g.~r;11qu..:: ~I! d\:.~CIl\"hCl1l1'l 'WIle ,h. Hr..siJ \: 'll1C all' hOll· •.•

1I1lJ.z.;I\.!a ~'1lI al,,!Uns IllUn.ciph'~ [-""I 1\:I(jZ(lda a •.•silll para c.>l:Il"ICk"::~·1 IIllW l\Jlllsi~';"i,) "::,I]ll a~ lml;lI:1s '1lh,: ailldm a aSd"::ll..::,;\rd!.A.R[ 200(). p. ,).)), I'IJglll CO:;llllll;' slIfg.Jr (I partir Jc \till c,-.ntaln •.•nlr..:: gw['ns r ••.•l'ub..::iol1:11S p.:ua Pl"J'llSllos ncm dcllllld",~ C

dehlllllauns. lais ":"1111) II""o.::IS "::"Ill<"ll":lis I>UII:lb:d!l(>s fnly:,d,)~, cm 11111..::onll'"I""'11I qllt" a" Pl'SSll(lS 1\;"1>dl"I'0\'1I\

de ,>llIr" mew \~rhat Clllllum d~ "::<ll1llllUcay:l" Normaimcille h:t."<!!;l-sc l1a IIl1gu;•• 1.) gnlJx' socI<lim..::nh:J,,,nin:lIlh.'. IU:tS. pd,) ml.'n,'s lIll lIl(cio d,) [11'>l:~S.~'>.:1~ estrll(lIlnS ..::mpn.:gadas podell' \,111<1]".I•.. t;,!alltc [1",af;.\!:lIll•.•jNARO c SCiLEHRE ::!007. P U7)

Page 9: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

13

Pombal proibiu 0 uso em contexto escolar e impos 0 portugues como lingua do ensino

na colonia". A inten~ao desse decreta nao era atingir os indigenas, mas sim os jesuitas.

Essa foi uma das medidas para arruinar 0 pader dos jesuitas no Brasil. que acabou com

a expu!sao da Companhia de Jesus, em 1760.

Somente em meados do seculo XVIII, a popuJa98o brasileira comccyou a

utilizar a lingua portuguesa como segunda lingua, 0 que ocasionou tuna reviravolta no

enfoque lingUfstico enos metodos de ensino. Mas esse processo de aprendizado nao

teve seus efeitos documentados integralmente (NARO E SCHERRE 2007, p. 28).

Mattos c Silva (2004) defende que ha indicios de que 0 portugues brasileiro

cuHo s6 comcyou a definir-se a partir da segunda metade do seculo XVIII, uma vez

que a variante culta tcria necessariamente passado por questoes relativas it.

escolarizacyao, ao uso escrito e sua nonnativiza9ao. 0 grande aconlecimento hist6rico

ocorrido nesse periodo decorre. como vimos. da politica geral e da politica linguistica

pombalinas, que definem a lingua portuguesa como lingua oticial da colonia brasileira

e iniciam urn incentivo ao seu ensino, que antes era realizado pelos jesuitas, atraves da

c3tequese e da coloniza98.0, ern favor da chamada lingua gera!.

Ainda segundo Mattos e Silva, os jesuitas tinhanl como principio catequizar

utjlizando e dominando a lingua falada da terra a que chegavam. Desde 0 seculo XVI,

quando os jesuitas chegaram ao Brasil acompanhando 0 primeiro govemador-geral,

Tome de Souza, em 1549, ja era vista urna sernelhant;a cultural e Iinguistica ao 10ngo

do litoral. Em alguns pontos havia 0 predorninio dos povos indigenas do tronco tupi e

em varios outros pontos, encontravarn-se os tupinarnbas e os tupiniquins. Com isso,

tomou-se possivel a gramaticiza9ao da Lingua mais fa/ada no cosio do Brasil, titulo

Page 10: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

14

adotado para a gramatica do Pc. Jose de Anchieta (1595), que roi utilizada como base

para iniciar a catcquese e, possivelmcnte, para a aprendizagem da lingua pelos

primeiros colonizadores letrados. Somente no seculo XVIII, essa lingua mais usada na

costa do Brasil foi nomeada lingua geral. Na verdade, "0 que recobre 0 significante

lingua geml, oa documentayao do passado colonial brasileiro, ainda precisa de

minuciosa e precisa investiga,lio" (MATTOS E SILVA 2004, p. 93).

Para Houaiss (1992, p 40-41; 75-), e crivel que a lingua geral lenha ocorrido

em mais de urn ponto do territ6rio brasileiro. pais estava documentada oa gramatica

escrita por Jose de Anchieta. Existem ainda em varios pontos do pais referencias a

linguas gerais de base africana e presume-se que essas Iinguas cram as dos quilombos.

Mas nao se pode assegurar que eram as linguas mais faladas pelos negres, devido a

entrada de outras Iinguas que se multiplicaram com a con stante imigra~ao de negres

africanos para 0 Brasil. objetos do trMico que se estendeu do seculo XVI a meados do

seculo XIX.

Mattos e Silva (2004) defende que existe no portugues popular brasileiro uma

prepaga~ao das linguas african as. E que cada quilombo nao teria apenas uma lingua

africana, mas sim uma configura9ao linguistica diferente, pois nas condi~oes sociais

em que se encontravam, jei que abrigavam os fugitivos, havia inurn eras falas correntes:

africanas, indigenas, portugues africanizado e ate mesmo 0 portugues europeu,

sendo que, os afTicanos escravizados que chegaram ao Brasil tiveram de aprender uma

outra lingua, ou seja, a lingua da coioniza9ao. Alem disso, os escravos eram

misturados em diferentes etnias africanas, 0 que impedia a concentra9ao de negres da

Page 11: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

15

mesma origem nurna s6 capitania. Portanto, pode-se afirmar que seria impossivel ter-

se praticado somente urna lingua african a no Brasil.

Segundo Naro e Scherrc:

Sc cxistiu urna verdadcira lingua crioula. caractcrizada como sendo "lexicaportugues e gramatica africana'" cia cedo se evaporou scm dcixar raslros nadocumcnta9uo. Sua possivel inllllcncia no desenvolvimento do portugues doBrasil seria indistinguivcl da de Qutros evcntuais pidgins au crioulos de basen~o europeia. (NARO E SCHERRE 2007. p. 47).

Para dcscrever a mudan~a que ocorreu no portugues brasileiro, Naro e Scherre

(2004) Icvarn em conta a exish!ncia da lingua geTal e da lingua de preto previas e

concluem que 0 pOftugues brasileiro modemo e 0 resultado natural da deriva secular

inerente a lingua trazida de Portugal.

No ponto de vista de Lucchesi (2004), a visao da lingOistica voltada para a

hist6ria pode-nos conduzir a uma compreensao melhor da situac;ao linguistica

contemponmea.

2.1 FORMACAo DO PORTUGUES

No que se refere it hist6ria intema do portugues, sabemos que se trata de uma

lingua neolatina, ou seja, derivada do latim. Uma das principais mudanc;;as linguisticas

que 0 portugues sofreu, na passagem do latim para 0 portugues, foram as aiterac;;oes na

forma sonora e escrita das palavras, como, por exemplo: opu/um, hoje falamos povo;

alienul1I se diz alheio; pauper, pobre; semper, sempre; e as alterac;;oes gramaticais, que

transformaram a morfologia e a sintaxe do idioma. Entre essas transformac;Oes, temos

o quase dcsaparecimento das declinac;;oes, um dos principais trayos gramaticais do

Page 12: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

16

latim, que expressam a funy80 sintalica no enunciado, como no exemplo abaixo,

retirado de Bearzoti (2002, p.16):

(1) A men ina ama 0 marinheiro

SujeilO

(2) 0 marinheiro ama a menina

Objelo direlo

A palavra menina e urn substantivo que pode exercer a fun~ilo sintatica de

sujeito, no enunciado (I), ou de objclo direto, no enunciado (2). Na fonna latina, 0

substantivo men ina e puella, que e apropriada para as fUl1yoes de sujeito, como mostra

o enunciado (3). Se a palavra exercer a fUny30 de objcto direlo, sua forma sera

declinada parapuellam, como exposto no enunciado (4) (BEARZOTI2002, p.16):

(3) Puella nautam amat.

Sujeito

(4) Nautapue/lam amat.

ObjelO direlO

Nesse sistema, uma conseqUencia importanle e que a ordem das palavras no

enunciado tern uma liberdade maior que em um sistema como 0 do portugues. No

cnunciado (3), por exemplo, poderiamos rcdigi-Io em ate seis ordens distintas sem

alterar 0 seu significado (BEARZOTI 2002, p.16):

(31) Puella nautam amat

(32) Nautam amatpuella

(Y) Nautam amat pue/la etc.

Page 13: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

17

Ainda no ponto de vista de BearLOti:

cssa libcrdade nao significa que a ordem semprc variasse. Em muitos casos,como 0 que analisamos, a aitcra9ao de ordcm afeta apenas a expressividadedo enunciado, nao 0 seu significado basico, como no portugues(BEARZOTI 2002, P 17).

Sendo assim, a fun~ao sintatica do objeto dircto poderia seT apresentada em

latim apenas peln dec1ina'Y3o do nome. No cntanto, no portugues, e necessario 0

emprego da preposi9ao a, de ou para.

No que se refere ao lexico do porrugues brasileiro, Bcarzoti (2002, p. 27)

define que 0 lexico "c urn termo empregado na lingUistica para designar 0 vocabulario,

o conjunto de vocabulos e expressoes de urn idioma. Por sua origem, e natural que

lenha urn conjunto de palavras basicas, de usc comum proveniente do lalim".

Para I1ari (2006), 0 lexico do portugues brasileiro faz uso de cerca de sessenta

mil palavras, mas cada falante domina passivamente apenas uma parte desse

vocabuh'irio. Se verificarmos a hist6ria do lexico do portugues brasileiro, encontramos

urn longo processo. no qual inumeras palavras arcaicas se perderam ou sobrevivem

com novas funcyoes e valores, ao mesmo tempo em que novas palavras vao sendo

criadas.

Ainda segundo Ilari:

Para enlender melhor esse processo, podemos dislinguir no lexico doportuguCs do Brasil qualro grandes conjuntos de palavras e expressOes: asque remontam ao latim vulgar, como rcsultado de seu desenvolvimentofOnelico; os empreslimos reccbidos das Iinguas com que 0 portugues levecontato; palavras cruditas, tirada••diretamente do latim e do grego classicos;as cria90CSverrulculas, isto e, palavras criadas no interior da propria linguacom base em palavrns preexistcnles ( ILARl 2006, p.134).

Page 14: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

18

Assim, 0 enriquecimento do lexico atraves dos empn!stimos acontcce desde

cpocas anti gas. Essas palavras chegaram ao Brasil atraves do portugues europeu, pois

durante 0 pcriodo colonial os contatos do Brasil passavam por Portugal. Com isso, os

portugueses tambem enriqueceram 0 seu vocabuhirio. principa1mente. dcvido it

convivencia com as linguas indigcnas e africanas.

o portugW!S brasileiro conviveu com as linguas indigenas por muitos seculos,

por isso 0 enriquecimento do lexico e visivel, sobretudo no que diz respeito,

principal mente, il grande quantidade de palavras derivadas da cultura material (jaea,

fapera, tocaia), alimenta~ao (abacaxi, caju, caja), flora (capim, slIcupira, taioba),

fauna (capivara, jaguar, piranha) e topografia (capiio, taquaral). Existe uma

estimativa de que 41 % dos nomes nao cientificos de peixes e urn ten;o dos nomes nao

cientificos dos passaros, no portugues brasileiro, sao de origem tupi. 1a a convivencia

com as palavras de origem africana costuma ser associada a uma das principais

hip6teses lan~adas, a de que 0 portugues brasileiro seria uma lingua crioula. Essa ideia

esteve em baixa no final dos anos 50, quando fil610gos como Serafim da Silva Neto,

eel so Cunha, Antenor Nascentes e Silvio Elia defenderam que a lingua portuguesa e

uma so. Entretanto, 0 que e perceptivel no portugues brasileiro e a assimiJayao de

palavras utilizadas nas linguas africanas: do quimbundos temos: bengala, cachimbo,

cacimba, cQ(;u/a, cafime, camundongo, canga, dengue, dengo, jilba, maxixe,

minhoca, mocambo, quitanda, tatu; do iorubaP, provem vatapa, acaraje, agogo,

• (}ulluhundo IlIlgWI all ican:! pClknccnk:! !:I111iha h:lIlIo. t:l!ada em ntJ:!lIlllaS r~'J:!I\\e" tin RepuhhUI Dellll'Cl':ltlC;t

.I,) Con;:" de AIlJ:!lll:l c (I,) Clln;:n ((tAR!. 2006 [1751[urui>;i hngll;l :llhcall.:l. 1'lIllb":m cOllheci.b CUll\<) 11:1;:\) I'erlelleellte a ra!lU[IOI hanto. l;I!:lda em a!g:lIll1nS Il'gll,e~

de To),!o. Iknlll c Ni;:cna I ILA1{1. 2f)06 p.7" I

Page 15: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

19

Alua, fulo. Essas palavras foram incorporadas ao portugues brasileiro por meio dos

cscravos africanos, mas sao na origem, palavras arabes (ILARI, 2006 p.68-74).

Segundo Bearzoti (2002, p. 30), "0 lexica da Ifngua portuguesa enriqueceu-se

com 0 advento de tennos oriundos das regioes a que chegou 0 processo de expansao

maritima portugucsa".

2.2 CARACTERiSTICAS DO PORTUGUES DO BRASIL

Segundo Naro e Scherre (2007. p.ll), os fenomenos centrais variaveis

identificados na descriyao do portugues brasilciro sao os fenomenos morfofonol6gicos

e sintiaticos, tais como:

(I) Fen6menos morfofonol6gicos:

a) simpiific3yao do padrao sihibico, com a perda do -5 e alternancia de [I] e

[rl (slil/uo / slir/uo);

b) nasaia9ao (ingreja) e desnalayao (eles amo, eles come);

c) assimila~ao de Idl em I-nd/, fbi em I-mb/;

d) queda de consoante (fasidade), insen;oes vocalicas (meli, colort);

e) queda vocalica (mare/o).

(II) Fenomenos sintaticos:

a) uso do ele acusativo (vi ele);

b) uso de mim, na fun~ao de sujeito, no lugar de eu (para mim levar);

Page 16: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

20

c) uso de se como reflexivo universal (ell se alembro);

d) uso de ler existencial (tern uma pessoa hijora).

e) ampiiayao das perifrascs verhais, como vou/alar em lugar de /alarei;

f) supressao de preposi(f5es, como ele gosta da mala virge;

g) falta de concordancia de nurnero entre constituintes do sintagma nominal e

entre verbo eo sujeito: as casa velha; nos vai;

h) falta de concordancia de genero, como melt sobrinha, cabelo grossa;

i) falta de concordancia de pessoa gramatical entre 0 verbo e sujeito (eu joi,

ell apanholl 2 qui!o.\);

j) falta de concordancia de numcro entre 0 verbo e 0 sujeito, como em lava

lei as empregadas.

Vcrificando ainda os fenomenos sintaticos do portugues brasileiro presentes

no seculo XIX, lIari (2006, p. 84-86) defende que essas mudanyas fazem referencias

ao fato de que algumas constrw;:oes sobrep5em outras constru~oes rivais, como ultima

ctapa de urn processo iniciado varios seculos antes. As mudanyas apontadas pelo autor

sao;

k) prevalece 0 usc do sujeito pronominal: eu jiz (em vez de simplesmente

jiz);

I) prevalece a construyao das orayoes relativas cortadoras ou copiadoras Oll

classicas: a colega que eu sai on/em (cortadora); ou a co/ega que eu sai on/em com

ela (copiadora), em vez de a co/ega com quem sai on/em (classica ou completa);

Page 17: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

21

m) prevalece 0 uso da ordem sujeito-verbo (e nao verbo-sujcito): ele era

adepto da homeapalia, em vez de era ele adepJo da homeopalia;

n) prevalcce 0 uso do "objeto nulo", isto e, a omissao do objeto direto quando

esle consistiria num pro nome atono. Por exemplo: Comprei urn livro e Ii (em vez de

Comprei urn livro e li-o).

Existe urna tendencia nas variedades culta e nao-culm do portugues brasileiro

de evitar 0 uso dos pronomcs obliquos atonos, principaimente os pronomes atonos

em posiltao de objeto, pOT exemplo: Compre; 0 sanduic:he e comi ali mesmo c/ou

Comprei 0 sandlliche e com; ele ali mesmo, em vez de Comprei 0 sanduiche e com;-o

ali mesmo (ILARI, 2006).

Mattos e Silva (2004), de maneira sintetica c sem pretens3cs te6ricas, tambem

trar;:a urn perfil descritivo de algumas das diferenc;as sintaticas entre 0 portugucs

brasileiro e 0 portugues europeu. No sell ponto de vista, 0 funeionamento do sistema

pronominal do portugues brasileiro distancia-se daquele do porlugues europeu e cria

problemas de complexo de inseguranc;a lingUistica nos alunos que sao "corrigidos"

pelo padrao da gramatica normativo-prescritiva de tradic;ao lusitanizante.

Assim como apontado por Naro e Scherre (2007), os pronomcs complementos

cliticos de lerceira pessoa - 0, a, os, as - estao sendo eliminados no portugues

brasileiro, preferindo-se 0 sintagma nominal pleno ou, embora cstigmatizado pelos

escolarizados, 0 pronome sujeito correspondcnte, 0 cham ado ele acusativo, ou, ainda,

o apagamcnto do pronome complcmento (objeto nulo), estrategia de esquiva muito

freqtiente (Seujilho estava no shopping. Eu vi seufilho Ici ou... ell vi ele IciOIL. ell vi

Page 18: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

22

hi). A exclusao do objeto direto pronominal clitico Deorre no portugues brasileiro

como movimento inverso ao preenchimento do sujeito.

Ainda referindo-se aos pronomes complcmentos ciiticos, 0 lhe, urn dativo que

corresponde ao objeto indireto, e usado como acusativo ou objcto direto, relacionando-

se ao pronome sujeito voce (Voce gosta muifo de cinema. Eu [he vejo sempre no

Multiplex) ou 0 the acusativo variando com Ie (Voce gasta de cinema. Eu Ie vejo

sempre no Multiplex).

Quanta it posi~ao dos pronomes, hci uma preferencia pela pr6clise quando nos

brasileiros usames os c1iticos. Atualmente, a enclisc e mal aprendida na escoia, prova

disso sao os texlos de estudantes, jomalisticos, entre outros, nos quais a enclise

aparece em posiyoes em que se usa a pr6c1ise, como, por exemplo, 0 ves/ido que dei-

lhe de presente jicou born; Eu nfio disse-lhe que viesse!

Outra questiio, que marca fortemente 0 perfil sintatico do portugues e que nao

tern a ver com 0 sistema pronominal, e a varia((ao da concordancia de numero no

interior do sintagma nominal (SN), como apontado por Naco e Scherre (2007). A

flexao redundante que exige a marca((ao de plural em todos os elementos do SN (os

nossos eSludanles) tern, cornumente, apenas 0 primeiro elemento da senten'Ya como 0

preferencial para a marca~iio do plural (MATTOS E SILVA 2004).

lIari (2006) conclui que essas mudanyas sintaticas sao caracteristicas do

portugues brasileiro e nilo aconteceram com 0 portugues europeu, ou seja, os objetos

pronominais, omissao do sujeito pronominal, construyao das orayoes relativas em

forma padiao, uso do sujeito posposto liberado, continuaram no portugues europeu,

cnquanto que na arquitetura sintatica do portugues brasiieiro, 0 sujeito permanece na

Page 19: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

23

sua posic;:ao pre-verbal, pois e essa posiy3.o que 0 identifica como sujeito. Assim, a

pOSiC;:80 pas-verbal e marcada pelo objcto direto e 0 identifica nao s6 quando esle

complemento e urn sintagma nominal completo, mas tambem quando e urn pronome

"do caso reto". Vejamos 0 exemplo citado pelo auter (lLARl2006, p.86):

(4) Encofllrei lima colega no shopping (a posic;ao indica que lima colega e

objcto dircto);

(5) Enconfrei eta no shopping (a posiyao indique que elo e objeto dircto);

VOli moslrar para voce a co/ega que encontrei eta no shopping (a posic;:ao

indica que ela e objeto do verbo enconlrei (eta tern por antecedente a co/ega); a

paJavra que funciona como urn conectivo entre orac;:oes, nao tern antecedente e por isso

nac e verdadeiramentc urn pronome relativo).

Para Bear.wti (2002, p. 17), percebe-se que no portugues moderno falado

no Brasil, a tendencia e simplificar 0 sistema pronominal. A grarnatica nonnativa

recomenda 0 uso das formas pronominais 0, a, os, as como objetos diretos de 311

pessoa, mas na lingua falada, a preferencia e pelas fonnas ele, ela, eles, elas, ou scja,

as mesmas utilizadas para 0 sujeito. Por exemplo: Alcina as enconlrou na beira do rio

representa a forma de cscrita e fala formais. Alcino enconlrou eles na beira do rio

representa 0 uso coloquial. fazendo 0 pronomc comportar-se como qua1quer

substantivo do portugues.

Na proxima sec;ao, verernos a colocac;ao pronominal no portugues brasileiro.

Page 20: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

24

2.3 A COLOCA<;:AO PRONOMINAL NO PORTUGUES BRASILEIRO

A coloca~ao dos pronomes obliquos atonos e urn aspecto da gramiltica

relacionado it adequa~ao dos enunciados ao padrao formal e tradicional da lingua. Sao

subdivididos conforrne exposto no quadro abaixo:

Pronome sujeitos (caso Pronomes ObliquosPessoa

reto) (obliquos alOnos)

1" sing. ell me

2" sing. tu te

3:1 sing. ele, ela 0, a, se, the

l'plur. n6s nos

2" pIUT. v6s vos

311. pluTo eies, e1as as, as, se, lhes

Quadro I: Paradigma pronominal (cf. Cegalla 2008, apud Oliveira, 2010 p.26);

pronominais atuam como complementos verbais e podem assumir tres posi<;oes em

De acordo com a organiza<;ao sintatica dos enunciados, essas formas

rela~ao ao verbo. Essas coloca<;oes sao: proclise, mes6c1ise e enclise.

1. Pr6c1isc ~ 0 pronome surge antes do verbo, de acordo com a defini~ao e exemplos

de Faraco e Moura (2000). Geralmente oeorre:

a) em ora~5es que contenham uma palavra ou expressao de valor negative (noo,

nunca, ningw!m, nada, nem, etc.). Exemplos:

Page 21: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

25

(6) Nan nos iludamos, 0 jogo esill feito. (FARACO E MOURA, 2000)

(7) Nilo me deu a nolicia. (BECHARA, 2001)

(8) Ninguem se apaixona de propOsito. (FARACO E MOURA, 2000)

(9) Nilo me lalaram nada a respeito disso. (PASQUALE E ULISSES, 1998)

b) nas ora~5esem que haja adverbios e pronomcs indefinidos, sem que ex:ista pausa.

Exemplos:

(10) Todosse calaram imediatamente. (FARACO E MOURA, 2000)

(II) Tudo se passou no mcio de urn grande silencio. (FARACO E MOURA,

2000)

(12) Varios me contaram a mesma hist6ria (FARAeO E MOURA. 2000)

(13) 0 homem trabalha, produz e assim se desliga do TeinD animal. (FARACO

E MOURA, 2000)

(14) Agora lhe darei a resposta. (MAlA, 2005)

(15) Enfun Ie abra~o. (FARACO E MOURA, 2000)

(16) Hoje me arrependo de tudo. (MAlA, 2005)

Se hOllver virgula depois do advcrbio, usa-se a enclise. Se 0 verbo estiver no

futuro, usa-se a mes6c1ise, como exposto no exemplo abaixo:

(17) Enfim, abrarO-le (enclise) (FARACO E MOURA, 2000)

(18) Amanhi!, abroqor-Ie-ei (mesaclise) (FARACO EMOURA, 2000)

Page 22: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

26

c) nas ora~6es iniciadas por pronomes, adverbios interrogativos e palavras

exclamativas:

(19) Estes siloas rapazes que se candidataram. (MAlA, 2005)

(20) Quem me resolve isso? (FARACO E MOURA, 2000)

(21) Quem the disse tal absurda? (MAlA, 2005)

(22) Como se scntem felizcs pnr esse encantro! (FARACO E MOURA, 2000)

(23) Deus /e ajude! (FARACO E MOURA, 2000)

(24) Quanta mentira se contou hi! (MAlA, 2005)

d) nas ora~oes subordinadas:

(25) Quando me comunico com crian~a. e [<leiI porque sou muilo maternal.

(FARACO EMOURA, 2000)

(26) A sociedade em que vivcdio nossos filhos tcni muito a ver com a

educa~aa que thes dermas haje. (FARACO E MOURA, 2000)

(27) Sabe·se apenas que se comunicaram rapidarncnte. (MAlA, 2005)

(28) Todos sabem que /lOS amama& (MAlA, 2005)

e) com gcrundio preccdido da prcposic;ao em:

(29) Em .'Ie tratando de final1<;as, dirija·se aD tesoureiro. (FARACO E

MOURA, 2000)

(30) Em se tr.tanda de relogias, prefira as sui~as. (MAlA, 2005)

f) nas orac;oes coordenadas sindeticas alternativas:

Page 23: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

27

(31) Ou se cal.;a luva e naD se poe 0 anel,

Ou se poe 0 anel e nao se cal~a a luva! (FARACO E MOURA, 2000).

2. Mesoclisc - 0 pronome e intercalado ao verba, que deve estar no futuro do presente

au no futuro do preterito do indicative, dcsde que nao haja palavra que exija a pr6c1ise.

Segundo Pasquale e Ulisses (1998), "a mes6c1ise e uma fanna desusada na lingua

coloquiaJ do Brasil". Exemplos:

(32 ) Mostrar-lhe-ei meus escritos. (PASQU ALE E ULfSSES,1998)

(33) Falar-vos-iam a verdade? (PASQUALE E ULfSSES,1998)

(34) Lembrar-me-ei de voce. (MAlA, 2005)

(35) Dar-me-as a nolicia. (BECHARA, 2001)

(36) As gerac;:oes futuras perguntar-se-iio como rai passive! perdurar urn

govemo de generais durante 21 anos. (FARACO E MOURA, 2000).

(37) Rcpetir-se-ci. assim, 0 que neste ana ja aconteceu com tantos OUtros

feriados. (FARACO E MOURA, 2000).

3. Enclise - pade ser a coloca'rao basica do pronome, pais obedece a sequencia verbo-

complemento. Na lingua culta. deve ser observada no inicio das [rases e nao ocorre

com as rafmas dos futuros do indicativo e do participio (PASQUALE E ULISSES

J 998, p. 558). Vejamos os exemplos citados pelos autores:

a) nos perfodos iniciados pelo verbo (que nao seja futuro), pois na lingua culta, nao se

inicia frase com pronome obliquo:

Page 24: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

28

(38) Apresentaram-se varios projetos durante a sessao. (PASQUALE E

ULISSES,1998)

(39) Contaram-me casos estranhissimos. (PASQUALE E ULISSES, 1998)

(40) Levante-se dai, senhor Belchior. (FARACO E MOURA, 2000).

(41) Diga, diga-Ihe a verdade. (FARACO E MOURA, 2000).

(42) Companheiro, escutai-me. (MAlA, 2005)

(43) Ja que insistes, entrego-Ie as chaves. (MAlA, 2005).

(44) Deu-me a noticia. (BECHARA, 2001)

b) nas orac;:ocs reduzidas de gerimdio, quando nelas nao hOllver palavras

atrativas:

(45) 0 anao chegara-se a Inocenci~ tomando-lhe uma das maDS. (CEGALLA,

1997)

c) junto a infinitivo nao-flexionado, precedido da preposi.;:ao a, em se tratando

dos pronorncs 0, a, os, as:

(46) Todos corriam a ouvi-Io. (CEGALLA, 1997)

(47) Se soubesse, nao continuaria a le-Io. (CUNHA E CINTRA, 2001)

Segundo FaracD e Moura (2000, p. 562 ), na gramatica do portugues europeu,

a colocac;:ao adequada do pronome obliquo .ilono e a enclise. No entanto, no portugues

hrasileiro escrito e falado hoje, perccbe-se uma preferencia marcante pcla pr6c1ise. No

ponto de vista do autor:

Page 25: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

29

a coloca(tao pronominal nao e uma questao sint:ilica, lrata*sc de urnproblema de cufonia'. Assim., se houver duvida quanta a posi(j:iio dopronome, a melhor regras e cscolher a forma que soar melhor e estar atentoao nivel de linguagcm que sc qucr (FARACO E MOURA 2000. p. 562 ).

Entao, qual seria a forma correta: Joana me fa/au au Joana fa/au-me?

Segundo 0 autor, pode-se dizer que (Joana me fa/ou) e a forma mais coioquial,

adequada para lcxtos informais. 0 segundo cnunciado (Joana faloll-me) e utilizado em

situayoes que exigcm uma forrnalidade maior.

Ccgalla (1997, p. 475) deiende que "a maneira de colocar as pronomes atonos,

no falar brasileiro, nem scmprc coincide com ados portugucscs, devido it. entonayao

diferente e ao ritmo peculiar de nossa fa1a". E ainda complementa que no Brasil a

pronuncia das fonnas nominais ohliquas nao sao totalmente atonas, mas sim

semitonicas. Por isso se explica 0 predominio da tendencia para a proclise. Por

exemplo: Ele tera de se explicar, Me empresle 0 Iivro, sao ora<roes utilizadas na raJa

corrente. Agora, colocar 0 pronome atono no inicio da ora<rao como no exemplo citado

pelo autor, Me ponho a correr na praia, Me larga!, Eu quero ir embora,

"e admissivel em uma conversa9ao familiar, ou na lingua escrita, quando se deseja

reproduzir a fala dos personagens" (CEGALLA 1997, p. 471- 475).

Para Pasquale e Ulisses (1998), "por muito tempo, perseguiram-se regras para

orientar a coioca<rao desses pronomes, nonnalmente criadas a partir de modelos da fala

lusitana". Atualmente. essa discussao sobrc as regras da coioca9ao pronominal roi

substituida por outros proeedimentos. Ainda evidencia 0 autor, que essas regras sao

poueo relevantes para 0 uso eficiente da lingua, e nao se deve perder tempo com isso.

Page 26: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

30

ESTUDO DA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS NO LlVRO

MEMORIA SOBRE A CULTURA, E PRODUCTOS DA CANA DE ASSUCAR,

PUBLlCADO NO SECULO XVIII

Neste capitulo, sera investigada a ordem dos pronomes obliquos atonos no

portugues do seculo XVIII. Para isso, fcram coletados os dados no livro Memoria

sohre a cul/ura, e produclos da eana de Assucar, escrito e aprcsentado por Joze

Caetano Gomes, em 1799 e publicado por Fr. Jaze Mariano VeJloso, em Lisboa, no

ano de 1800. Sobre 0 autor, nao localizamos nenhuma informa~ao ou biografia. 13 de

Frci Jose Marianna da Concei~ao Velloso, temos urna biografia escrita, em 1869, por

Jose de Saldanha da Gama.

Frei Jose Mariano da Conceiy3o Velloso naseeu e [oi batizado oa Freguezia de

Sancto Antonio8 - Villa S. Jose, cornarca do Rio das Martes, em 1742, com 0 nome de

Jose Velloso Xavier. Seguiu os caminhos religiosos 30 mesmo tempo em que se

dedicava principalmente aos estudos das plantas, pesquisando seus nomes, suas

diferen~as e devido a essa dedica~ao, descreveu quatrocentas novas especies de plantas

da flora brasileira

Segundo Fernando 1. Luna' (2009):

K Freguezia de Sanelo Antonio: Fundada em 1702, foi uma dus cidadcs que mais teve ouro de superfieie noBrasil, e gmo;:a.sa esta abundiincia, desenvo[veu-sc, scndo clevada em 1718 a eategoria de Vila de Sao Jose DelRei. A partir de 6 de dczembro de 1938, a cidade Teeebe 0 atual nome de Tiradentes, para homenagear seu filhoiluslrc, Joaquim Jose da Silva Xavier. (FERRAZ, 2009)9 Fernando Jose Luna de Oliveira - Doutor em quimiea, pesquisador e professor do Curso de P6s-Graduao;:ao emCicncias Nalurrus I Universidade Estadual do Norte Flumincnse. (Revisla Historia, Cicncias e Saude _Manguinhosjan.lmar.2009).

Page 27: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

31

o objetivo explicilO do Crode era educar as colonos para que aumentassem aprodutividade de suas atividades econ6rnicas, 0 que somcntc seria rcalizadosc os livros nao 56 chegassem ao Brasil mas tambem fossem lidos e, dessaIcitura, resultassc a mclhoria da prod~ao local. Uma das cvidcncias citadascncontra-se nos agradccimentos devolados ao rei pelo proprio Vcloso, emtrad~ao de uma obm sobre a cana-d(>~ucar. (LUNA 2009, p. 151)

A proxima se~ao apresenla 0 levantarnento dos dados pesquisados nas 101

paginas do livro citado acima.

3.1 DESCRl<;:AO DOS DADOS

A seleyao e a analise das ocorrcncias com pronomes procliticos, encliticos e

mesocHticos fundamentam-se nas regras de Coloc3<;ao pronominal apresentadas por

Faraco e Moura (2000), Pasquale c Ulisses (1998), Cegalla (1997) e Cunha e Cintra

(2001), que abordam a sintaxe de coloc3yao pronominal sob 0 ponto de vista da

Gramatica Tradicional.

Os exemplos apresentados a seguir retrntam algumas ocorrencias de coloca~ao

pronominal no livre em questao. Os ambientes sintaticos que favoreceram as

ocorrcncias dos pronomes obliquos atonos em proclisc ou em enclise silo os seguintes:

a) Verbos em posi~ao inicial - a coloca~ao pronominal e exclusivamente em enclise,

con forme os exemplos abaixo:

(1) Aplire-sa 0 producto destas duas especies de planta~ao, deduziio-se-llJe as

respeclivas despezas. (proemio)

(2) Oppoem-se-Ihe outro, que deve haver de sobrecellentc. (p.29)

(3) Abre-se a janella. lira-se para a casa de encaixe, soca-se, etc. (p. 62)

Page 28: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

32

(4) Tira-se 0 torno, e deixa-se colTer 0 liquor n'hum pequeno copo para 0

provar. (p. 68)

(5) Tira-se 0 fogo ao alambique, e descarrega-se das suas fezes pelo tubo de

descarga; muda-se a biea do refrigerantc. (p. 79)

(6) Tira-se-lhe 0 capello, para se fazer esle beneficio mais individualmentc.

(p.79)

(7) Modera-se 0 fogo, e entretem-se somentc 0 que he preciso. (p. 79)

(8) Balancea-o para a esquerda, forcejando sabre 0 raspador. (p. 86)

(9) Lembrei-me logo da obscrvayao de Franklin. (p. 90)

b) Verbos precedidos por negayao - a coiocayao pronominal e majoritariamente em

pr6c1ise. como ilustmdo abaixo:

(10) Sende a Provincia do Brasil considerada como melhor Colonia do mundo,

mio se sentindo em toda ella nenhum dos flagellos da natureza. (Proemio)

(11) Ainda que estes orgaos fie niio perceblio a simples vista. p. 7

(12) Porem a perda que nc70 se repara mais, he a das chuvas. (p. 9)

(13) E apertilo entre duus taboas a chapa da impressao, ainda nao forao

tomeados, nem 0 precisiio. (p. 34)

(14) Mella 0 Assucar nellas; a estufa salta aos olhos, porem ningllem a poz

ainda em pnitica. (p. 46)

(15) Se he corrornpido, se nlio se reno va, os animaes, e os vegctaes padecern.

(p.89)

(16) Niio deve pretender-fie mais, que dois cortes. (p. 14)

Page 29: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

33

(17) 0 que niio p6de Jazer-se em menos de seis minutes. (p. 35)

c) Verbos preccdidos de adverbios c pronomes indefinidos - a coJoca~ao pronominal e

exclusivamente em pr6c1ise quando nao Deorrer pausa, ou seja, virgula, apos essas

palavras; caso contrario Qcorre a enclise:

(18) Ainda que se conhe.;a, que estas ress6cas rendem progressivamentc

ametade, as u!timas em respeito as antecedentes, lados as aproveitiio quante podcm.

(p.3)

(19) Alguns lavradores, rarissimos, se lem servido do arado para fazeT os

regos, e de algum estrume nas terraja can~adas. (p. 3)

(20) E como quero por neste circulo naventa e scis dentes, jii se ve que

pertencem doze a cada oitavo. (p.26)

(21) As moendas, de que ocIlla/mente fie lisa na Capitania do Rio de Janeiro.

(p.30)

(22) Todo 0 seu trabalho he feito scm principios; sc alguns se gabiio de fazer

muita aguardcntc. (p. 64)

(23) Para dar sahida ciagua, que continuadamente deve correr sobre a ponta do

cone; e tambcm dci passagem ao tubo, por onde se carrega de vinho a caldeira do

alambique. (p. 75)

(24) Todos os animaes de scrvi~o no Brasil comem no pasto; ainda se

livessem pastos abundantes.(p. 80)

(25) QuIros lhe Jazem buracos, distantes pOT hurna bitola de dois paimos.

(p.83)

Page 30: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

34

(26) He quasi gerdl a falta de lenha nos cngenhos dos suburbios do Rio de

Janeiro; alguns j6 a compri1o, e outros nao tardarao a fazello. (p. 84)

d) Verbos precedidos de pronomes demonstrativos - hit uma preferencia pcJa pr6clise.

(27) Porem isla deve considerar·se nullo. (p. 35)

(28) Para esla se augmenlar, he preciso levantar 0 liquido. (p. 49)

(29) Este ar, alimentando 0 fogo, 0Jaz subir tarnbem em columna ao centro do

fundo da primeira tacha. (p. 55)

(30) Este fermento, a natureza 0 dci na espurna, e costra, que se forma sabre

hum primeiro liquido. (p. 66)

(31) E ainda que eu nao passa conceber 0 porque iSlo seJaz. (p. 90)

e) Verbos no infinitivo nao flexionado, precedidos da preposi~ao a - tratando-se dos

pronomes 0, a, os, as, a posi~aopronominal e exclusivamente em enclise.

(32) E 0 mesmo digo sobre a distancia dellas; pois elles chegao a afastal/as

humas das outras. (p. 12)

(33) He quasi geral a [aha de lenha nos engenhos dos suburbios do Rio de

Janeiro; alguns ja a comprao, e outros n50 tardarao a fazel/D. (p. 84)

f) Verhos precedidos das preposic;oes essenciais de, para, por, com ou ate - a

colocac;ao pronominal e varia vel, com prefen!ncia pela pr6clise.

(34) Que tern a propriedade de disso/ver-se n'agua. (p.6)

Page 31: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

3S

(35) A forma de se mu/tiplicar, he ianyar fla terra pcquenas estacas tiradas da

parte superior da Canna. (p. 2)

(36) Ellas tern vasos absorventes para recebercm 0 alimento, e vasos

exha1anles para se alliviarem do superfluo. (p. 7)

(37) E bern pOlleos, que tern merecimento, me faz dizer 0 que sei a estc

respeito, por me pareeer que sera de alguma inutilidadc. (p.26)

(38) Com huroa raspa se tira desta wnna 0 Assucar cmbranquecido. (p. 62)

(39) He para razcr conheccr a facilidade de se nelilralizar em todas as partes.

(p.82)

(40) Ate se ene/,er, e sahir 0 Assucar para as lormas. (p. 60)

g) Orayoes subordinadas introduzidas por pronomes relativos ou conjun90es

subordinativas - a coloca~ao pronominal varia, mas existc a prcferencia pela pr6c1isc:

(41) E de nenhuma serte com este gosmo, que incorporando-se com 0

Assucar,o faz trigueiro. (p. 44)

(42) 0 obreiro, que govcma esta caldeira, ainda que 0 descachassalla nao

dure meia h~ra. (p. 45)

(43) Recomendou a Jose Caetano Gomes, que lhe apresentasse as reflexoes,

que os seus vastos conhecimentos Ihe tivessem subministrados, sobre a factura do

Assucar nos Engenhos do Rio de Janeiro. (apresenla~ao)

Page 32: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

36

(44) E luminosas reflexoes, com que a enriquece. c seu Author he digno das

Soberanas vistas de V .A.R.(introdu~ao)

(45) De sorte que a Canna de cada quadrado tenha intervallo bastante. que a

livre de plantas, que the roubem luz (p. IS)

(46) Quando se aproximar ao fundo 0 gusmo, a que se chama cachassa.

(p.57)

(47) A fomalha que se propoem desenhada na Estampa VII. (p. 72)

(48) Talvez parecera ista paradoxa a quem nao tern idea do como se queima

em Portugal 0 lijolo. (p. 85)

(49) E com tadas as qualidade, que 'he adquirem valor e exporta~ao. (p. 88)

h) Ora~5es coordenadas introduzidas par conjunt;5es coordcnativas - a Coioc39ao

pronominal distribui-se igualmente entre pr6cJise e enclise:

(50) Ou moe-se na safra subsequente. (p. 3)

(51) J>lantarem-se, ou semearem-se aquellas. (p. 9)

(52) 0 Escravo da parte opposta deve dobralla, e appresentalla a moenda peJa

sua curvatura. (p. 34)

(53) Deixa-se assentar. e fira-se a agua superabundante. (p. 56)

(54) E da-se tempo a que as pirites, e areas como mais pesadas. (p. 56)

(55) Ora esse efeito consegue-se melhor com 0 pequeno. (p. 76)

(56) A ahundancia do humus nos terrenos cubertos de mala virgem, quando

este mato sc derruba, e se poem a terra em cultura. (p. 8)

Page 33: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

37

(57) 0 calor, que aqui recebe, faz evaporar a agua da sua extincyao, e a reduz

a cal viva, au virgcm. (p.53)

(58) Chega a dez gnlos do mesmo themlOmetro, ella se estabelece, e se

Gugmenla carla vez mais ate aos trinta e cinco. (p. 66)

(59) Ainda que 0 vinha oeste ponto se considere claro, e se tire por hurna

tomeira. (p. 78)

(60) Macquer chegou a fazer vinho de verjus, que he hurna llva, que nunea

arnadurece, e se servem della em Franya para tempero aeido, assim como nos nos

servimos do lirnao. (p. 88)

i) Ora<;oes reduzidas de gcrundio - neste caso, a posiyao pronominal tambem

exclusivamente em enclisc.

(61) Este humus, convertendo-se nas partes solidas das plantas. (p. 8)

(62) Esta decoada, combinando-se com 0 oleo, faz hum sabao. (p. 41)

(63) Este fogo demasiado decompocm 0 Assucar, trans/ormando-o em mel.

(p.45)

(64) E deixando-o cahir em columna.(p. 58)

(65) Suspendi a minha cren~a, parecendo-me impossivel. (p. 90)

j) Orat;Oes com locu~ao verbal

Page 34: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

38

I) Quando 0 verbo principal estiver no infinitivo ou gcrundio, a posiyao pronominal e

prefercncialmente em cnclise ao verbo principal:

(66) Devem cultivar-se aquellas de que se pretcndc utilidade. (p. 8)

(67) Deve-se dividir 0 terreno destinado para a Canna em tres partes. (p. 11)

(68) Que hiio de reslringir-se ao numero de oito s6mentc. (p. 22)

(69) Deprime-se facilmente; 0 muito uso padeni gastalio, e sera preciso

[omeallo. (p. 34)

(70) A sua fragilidade devia fazel/as desprezar. (p. 46)

(71) Podem /azer-se distilar mui commodamente desta sorte. (p. 71)

(72) Podendo-se fazer delles, 0 que se quizer a qualqucr hora. (p. 80)

(73) Querendo-se fazer qualquer cerca, mandfio-se fazer os buracos na terra

alinhados. (p. 83)

2) Quando a locuy3.o verbal vier precedida de palavra negativa, e entre elas nfio bouver

pausa, a posiyfio pronominal e exclusivamente em pr6c1ise.

(74) Nao se poderia comprehender, 0 nao ter cbegado cste bello paiz ao maior

grao de prosperidade possivel. (Proemio)

(75) Huma, e outra se deixa ficar por nao se poder moer. para Canna velha.

(p.3)

(76) N{io se poderem dar as propon;oes que se precisao. (p. 24)

(77) Huma roda com este difunetro n{io fie p6de fazer sem oito aspas. (p.26)

Page 35: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

39

(78) Que a luz toque nos cachos, nlio se pode aperfeh;oar 0 seu suceo. (p. 88)

3.1.1 - Ocorrencias de uso indevido de enclisc e pr6c1ise

Dc acordo com as rcgras cstabelecidas pela gramatica tradicional foram

constatadas algumas ocorTt!ncias de uso indevido de enclise e pr6clise. como mostram

as exemplos abaixo:

Usa indevido da enclise:

(79) As luzes da Europa cuha chegao en. Hia fracas, que niio podem aelaror-

nos; (proemio)

(80) 0 que niio p6de Jazer-se em menos de seis minutos. (p. 5)

(81) N{jo deve pretender-se mais, que dais cortes. (p. 14)

(82) Porcm islo deve considerar-se nullo. (p. 35)

(83) Porem ista s6 pride jazer-se, quando a plantayao he ao mesmo tempo, que

a colbeita. (p. 2)

(84) Que s6 deve abrir-se, quando se servir com lenha (p. 54)

(85) E de nenhuma sorte com estc gosmo, que incorporando-se com 0

Assucar,o raz trigueiro. (p. 44)

Page 36: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

40

Os pronomcs encliticos esUja considerados como indevidos. porque segundo

as Tegras estabelecidas pela Grarnatica Tradicional, verbos precedidos de negac;ao,

como nos excmplos (79), (80) e (81); verbos precedidos de pronomes demonstrativos

(82); verbos precedidos de advcrbios (83) e (84); ora~5es subordinadas introduzidas

por conjuncroes subordinativas au pronomes relativos (85); nestes cases, deve-se

utilizar a pr6c1isc.

Usa indevido da pr6clise:

(86) Cuberta de huma casca poueo dura, lenhosa, que se deixa penetrar pela

unha, destin ada a se extrahir della hum sal essencial. (p. 1)

(87) Nao se reunindo estas circumstancias, as frulos se delerioriio

propon;ao. (p. 4)

(88) 0 fogo como calor, e como lul., faz subir os fluidos nas plantas desde a

raiz; a frescura da naite os Jaz descer. (p. 7)

(89) No Brasil onde os mesmos instrumentos poueo uso podem ter, he de

hurna grande vantagem 0 adoplarmos a enxada Luqueza. (p. 13)

(90) 0 seu feitor os deve por cnfilcirados olhando para Oeste. (p. 14)

(91) Segundo a sua grandeza se lia de corlar em hurna, duas, e ta1vez tn!s

partes. (p. 17)

(92) Pelo methode usado se moem seis feixes. (p. 36)

Page 37: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

41

(93) Do tanque de preparar 0 barros, se lira em hurna vasilha, a especie de

lodo. (p. 43)

(94) Que incorporando-sc com 0 Assucar, 0Jaz Irigueiro. (p. 44)

Os exemplos expostos acima sao considerados uso indevido do pronome

proclitico, pois nao aprescntam nenhuma palavra considcrada atrativa, con forme visto

anleriormente.

Observemos a seguir 0 levantamento de dados.

3.2 LEVANTAMENTO DOS DADOS

Atraves do levantamento de dados, fcram constatadas 790 ocorrencias de

pronomes obliquos atonos, seodo 514 pronomes procliticos, 277 pronomes enclilicos e

nenhuma ocorrencia do pro nome mesoclitico, como exposto na tabela, abaixo:

PRONOMES CLlTICOS

Posi~ao Nlimcro de ocorrencias %

Pr6c1ise 514 65,2

Enclise 274 34,8

Mes6c1isc ° 0,0

TOTAL 788 100,0

Tabda I. lotal de lI:1dos dlslnbuldos conformc a POSH;;aodos chtlcos.

Na tabeia 2, a scguir, pode ser observada a distribui'tao dos pronomes obllquos

atonos nas ora'toes nos diferentes contexlos sintaticos que favoreceram a ocorrencia

dcsses pronomes:

Page 38: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

42

Ordcm dos CliticosContextos sintaticos Pr6c1ise Enclise Total

ADl.rr % ADl.rr %

Verbos em posic;ao inicial 0 0,0 1151115 100,0 115

Verbos preccdidos de 39/44 88,6 5/44 11,4 44nega~ao

Vcrbos precedidos deadverbios e pronomes 53/55 96,4 2/55 3,6 55indefinidos

Verbos precedidos de16/18 88,9 2/18 11,1 18

pronomcs demonstralivQs

Verbos no infinitivo naoncxionado precedidos da 0 0,0 2/2 100,0 2preposi~ao a

Verbos prccedidos daspreposiyocs essenciais, 58/59 98,3 1/59 1,7 59de, para, por, com 011 ale.

TOTAL 1661293 56,7 1271293 43,3 293

Tahcll 2: Pooi~tlopronominul confonnc 0 vcrbo em posi~ao inieinl c as categorias gramnticais que 0 prcccdem.

A distribuiyao dos pronomes obJiquos atonos nas ora<;5es suhordinadas

introduzidas por pronomes relativos ou conjunyoes subordinativas esm apresentada na

tabela 3:

Ordcm dos Cliticos

Contcxtos sintaticos Pr6clise Enclisc Total

ADl.rr % Aol.rr %Ora(,:5cs subordinadasinlroduzidas por pronomes

289/298 97,0 9/298 3,0 298rc1ativos ou conjum;oessubordinativas

TOTAL 2891298 97,0 9/298 3,0 298

Tabcb J: l'osi~iIo sillt:itica dos pronoUlt;:s ob1iqllOsrnooos InS or~s subordill<uJas.

Page 39: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

43

A tabela 4, exposta a seguir, apresenta a posic;ao sintalica dos pronomes

obliquos atonos nas ora<;oes coordenadas introduzidas por conjum;oes coordenativas:

Ordem dos CliticosContcxtos sinu\licos Pr6c1ise Enclise Total

Apl.ff % Apl.ff %Orac;oes coordenadasintroduzidas por conjunyOes 34n4 45,9 40n4 54,1 74coordenativas

TOTAL 34n4 45,9 40n4 54,1 74

Tabcla 4: P{)si~l1osint:i!icados prooomcs ohliquos alonos nas om~i)es coordenadas

A tabela 5 apresenta a distribuic;ao dos pronomes obliquos atonos nas orac;oes

rcduzidas de gcrundio e nas orat;5es com 10CU980 verbal:

Contcxtos sintalicos

Ordem dos Cliticos

EnclisePr6clisc Total

Aol.ff Aol.ff% %Ora~es reduzidas degcnindio 0,0 34/34 100,0 34

97,1 35

Ora~Be:s locw;aoverbal corn 0 verbaprincipal no infinitivo ougcrundio

1135 2,9 34/35

13Oraf.Y5es com locu"iioverbal preccdida depalavra negativa

9113 411369,2 30,8

TOTAL 10/82 12,2 72/82 87,8 82

Tabcla 5: Posi~o pronominal nas ora~Ocs redllLidas e nas or.l~UcScom loeu~a.o verbal

Na tabela 7. a scguir, podem ser observadas as ocorrencias do uso indevido na

posi~ao dos prooomes obliquos atonos, de acordo com a gramatica tradicional:

Page 40: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

44

Ocorrcncias de uso Ordem dos CHlicos

indevido de enclise e Pr6clisc Enclise Total

pr6c1ise Apl.rr I % Apl.rr I %

TOTAL 23ns8 I 2,9 IOns8 I 1,3 788

Tlbtla 7: Ocorrencias do \ISO indevido na posit;30 lias pronomes obliquos 1I101lO5.

3.3 ANALISE DOS RESULTADOS

A analise dos resultados expostos nn tabela I, quanta a posi~ao dos pronornes

obliquos atonas, mostra urna preferencia pelos pronomes procliticos, registrados em

514 ocorrencias, isto e, em 65,2% do total dos casos analisados. Quanta it enclise,

OCOITcram 274 casas ou em 34,8% do total. Ja quanta 0 pronome mesocHtico, nao foi

registrada nenhuma ocorrencia. Segundo os dados levantados, este resultado mostra

que a pr6clise ja era utilizada em maior numcro no portugues do Brasil no seculo

XVIII.

A ocorrencia do pronome proclftico esta condicionada aos seguintes ambientcs

sintaticos: a) nos verbos precedidos por nega~ao em 88,6% dos 44 casos registrados;

b) nos verbos prccedidos de adverbios e pronomcs indelinidos em 96,4% dos casos; c)

nos verbos precedidos por pronomes demonstrativos em 88,9% dos 18 casos; d)

vcrbos precedidos das preposi~6es essenciais de, para, por, com ou are em 98,3 dos 59

casos; e) nas ora~6es subordinadas introduzidos por pronomes relativos e conjun9i>es

subordinativas em 97% dos 289 casos registrados; f) nas ora~oes com conjuntroes

coordcnativas em 45,9% dos casas; g) nas ora~ocs com locu~ao verbal precedida de

palavra negativa em 69,2% dos 13 casos. Considerando 0 usa indevido do pronome

proclitico, temos 2,9% dos casas registrados.

Page 41: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

45

A posi'Yao do pronome enclitico esta condicionada aos seguintes contextos: a)

nos verbos em posi'tao inicial em 100% dos casas registrados; b) nos verbos

prccedidos por nega~ao em 11,4% dos 44 casas registrados; c) nos verbos precedidos

de adverhios em 3,6% dos casas; d) nos verbos precedidos por pronomes

demonstrativos em 11,1 % dos casas; c) verbos no infinitivo nilo flexion ado precedidos

da preposi~es a em 100% dos casas; f) verbos prccedidos das preposi'toes essenciais

de, para, por, com au ate em 1,7% dos 59 casos; g) nas ora~oes suhordinadas

introduzidos por pronomes relativos e conjun'Yoes subordinativas em 3% dos 298 casos

registrados; h) nas orac;oes coordenadas introduzidas por conjunc;oes coordenativas em

54, I% dos 74 casos; i) nas ora~oes rcduzidas de gerimdio em 100%; j) nas ora~oes

com locu~ao verbal em 79,2% dos 48 casos; Considerando 0 uso indevido do

pronome cnciitico, tcmos 1,3% dos casos registrados.

Page 42: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

46

CONSIDERA<;:OES FINAlS

o levantamento dos dados e a analise da pOSi<;80 dos pronomes obliquos

c'!.tonos revelaram que 0 pronome proclitico roi utilizado em maior nu.mcro, nas 101

paginas do livre Memoria sobre a cultura e produclos da eana de Assllcar, escrito no

seculo XVIII. Como ohservamos, do total de 788 ocorrencias, em 514, iSle e, em

65,2% dos casas, os pronomes obliquos atonos antecederam 0 verbo, enquanto que a

enclise ocorreu em 274 casos au em 34,8% das ocorrencias. Alem dissa, 0

levantamento dos dades mostrou 0 desuso da mesociise, pois naD roi registrada

ocorrencia alguma de pronome obliquo atono nessa posi((ao sintatica.

Desde a sua impianta<;3.o, 0 portugues do Brasil sofieu varias mudan<;as. Por

isso, 0 objetivo deste trabalho foi identificar e apentar a posi((ao dos pronomes

oblfquos atonos, pesquisar os dados quantitativa e qualitativamente, alem de descrever

os ambientes sintilticos que favoreceram as ocorrencias desscs pronomes no seculo

XVIII.

Os resultados desla pesquisa descartaram a hip6tese levantada de que 0 usa da

pr6cJisc ocorria com menos frequencia na escrita do texto do seculo XVIII. Esses

resultados mostraram que a preferencia pela pr6clise era generaiizada oa escrita do

seculo XVIII e, possivelmente ja flgurava oa linguagem oral, e ainda, apontam

ocorrencias quanta ao uso indevido da coloC393.0 pronominal, sendo que a enclise

apresenta 1,3% dos casos, contra 2,9% dos casas em pr6clise.

Realizar esta pesquisa contribuiu para evidenciar que a preferencia pelo

pTonome proelitico ja se peTecbia no texlO eseTito formal. Is10 sugere que 0 pronome

Page 43: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

47

proclitico ja era utilizado preferencialmente na linguagem oral e come98va a apontar

timidamente na escrita do portugues brasileiro. Os dados que compravam essa

conclusao sao os quase 3% de casos de uso indevido do pronome proclitico.

Page 44: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

48

BLBLIOGRAFIA

BARZOTI FILHO. Paulo. Formaqiio linguislica do Brasil. Curitiba: Nova Didatica,2002.CEGALLA, Domingos Paschoal. Novissima gramalica da lingua portuguesa. SaoPaulo: Editora Nacional, 1997.CIPRO NETO, Pasquale; ULISSES, Infante. Gramatica da lingua portuguesa. SaoPaulo: Scipione, 1998.CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Novissima gramatica do portuguescontemporiineo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.ELlA, Silvio. Fundamentos hist6rico - lingijisticos do portugues do BrasiL Rio deJaneiro: Lucema, 2003.FARACO, Carlos Emilio; MOURA. Gramtitica. Sao Paulo: Atica, 2000.ILARI, Rodolfo; BASSO, Renate. 0 portugues da genIe: a lingua que falamos, alingua que aprendemos. Sao Paulo: Contexto, 2007.LUCCHESI, Dante. Sistema, mudam;a e linguagem. Sao Paulo: Parabola editorial,2004.LUNA, Fernando J. Frei Jose J\/O";{(I/() du ('()lIcei~·a() lTelos() e a dil"lflgmJ/{} de

leellico.\" illdllsfriais I/O Hrasil colollial: discussao de alguns conceitos das cienciasquilllicas Historia, Ciencias, Sallde ~ rvtanguinhos, Rio de Janeiro vol. 16, n.l, jan.-mar. 1009MATTOS E SILVA, Rosa Virginia. Ensaios para uma socio-historia do portuguesbrasileiro. Sao Paulo: Parabola Editorial, 2004.NARO, Anthony Julius; SCHERRE, Maria Marta Pereira. Origens do porluguesbrasileiro. Sao Paulo: Parabola Editorial, 2007.OLIVEIRA, Solange Mendes. A ordem dos C/ilicos no portugues brasileiro do seculoXIX. Eletras, vol 20, n.20, jul.201 O.

Page 45: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

49

ANEXOS

PROCLISE

1 Recomendou a Jose Caetano Gomes, que fhe apreselllasse as reflex.nes ( .. ).

2 Que os sellS vastos conhecimentos fhe livessem subministrados, sabre a factura doAssucar nos Engenhos do Rio de Janeiro ( ... ).

3 4 Lenda perante ella a presente Memoria, que, sendo dirigida a V.A.R., se dignollardenar-me, que houvesse de a Jazer imprilllir, em beneficio de sellS fieis vasallos dosvastos dominios, naquelle Continente.

5 E lurninosas reOexoes, com qlle a enriquece (. ..)

6 E que seu Author he digno das Soberanas vistas de Y.A.R., a cujos pes se prosla.(2)

7 Sendo a Provincia do Brasil considerada como melhor ColOnia do mundo, nao sesentindo em tada ella nenhum dos flagellos da natureza. (. ..)

8 Nao se poderia comprehender, 0 nao tcr chegado este bello paiz ao maior grao deprosperi dade passivel.

9 Se se llfio sOl/hesse, que as causas moraes, podem tanto. (2)

J 0 As couzas mais triviaes, de que podiamos ter abundancia, nfio se sahem trabalhar.

11 Sem mais talentos que, os que the sugere a sua ferocidade;

12 Que desta sorte haja 0 atrazamento, que se \Ie na cultura, e producto da Cana deAssucar.

13 Conheyo alguns Senhores de engenho, que se distinguem pel a sua instrucyao.

14 Respeito a que se propoem. faz huma grande differenya.

15 Quem esta costumado a plantar Cana na distancia de hum a dois palmos, e que .'Ieassim se do hem.

16 Niio pertendo que se adopte 0 novo methodo.

17 Sem que cada hum se conwnf"G por si mesmo da sua efficacia.

18 Segundo 0 methodo que se propoem.

19 Segundo 0 methodo que se pralica.

20 - 21 E a resu1ta que se achar he 0 que se dew seguir.

22 He 0 que me parece melhor.

Page 46: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

50

23 E fazer tude 0 que a experiencia the l11os(rar mais uti!.

24 Cercada de pequenas raizes, on de ha hum botao, au olho, destinado a ser cana, sese deposita na terra. p. 1

2S A qlle se chama gomos. p. I

26 Que se deixa penetrar pela unha. p.

27 Destinada a se ex/rallir della hUIll sal essencial. p. I

28 Que se chama Assucar. p. I

29 0 rendimento he menor em propon;ao que delle se ajasfilo. p.2

30 A forma de se l11u!tip/icar, he lanc;;ar na terra pequenas estacas tiradas da partesuperior da Canna. p. 2

31 Como se cullil'G actualmente a Canna de Assucar. p. 2

32 Onde quer Fazer aquilla a qlle se chama partido. p. 2

33 Ese slippocm a terra muito boa, chegao a dais palrnos. p.

34 Ese cabrem com a mesma terra. p. 3

35 Que se tiroll da cova. p. J

36 Hum quando se moe para aproveitar as olhos da Canna. p. 3

37 Que SI! lem pel a melhor plantavao. p. 3

38 A qual seJaz entao as estacas tiradas de toda a Canna. p. 3

39 40 Que se nao 11I0eo,com 0 fim mesmo de se plantar neste tempo. p. 3

41 42 I-Iuma, e outra se deixa ficar por nao se poder moer, para Canna velha.p. 3

43 Da cana que se corloll, colhe-se a sacca no an no seguinte p. 3

44 Ainda que se cOllhe~a,que estas ress6cas redem progressivamente ametade. p. 3

45 Todos as aproveifao quanto podem. p. 3

46 Alguns lavradores, rarissimos, se tem servido do arado para fazer os regos, e dealgum estrume nas terra ja can vadas. p. 3

47 Assim como as muito estercadas, ou estrum ad as, fazem a Canna, a que se chamataioba, quero dizer, muito aquosa ( ... )p. 3

48 Tambem as covas, ou regos, em que se pkmla. p. 4

Page 47: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

51

49 Duas, ou tres pollegadas nao bastao para a ,\'lIs1er. p. 4

50 Nov se reunindo estas circumstancias. p. 4

51 Os frutos se deterioriio it propon;:ao. p. 4

52 53 Porque as arvores, que as cobrem, Illes roubiio a luz. p. 4

54 Com que nas Col6nias estrangeiras sefaz esta cultura. p. 5

S5 A que se lem elevado, e de que somas privados. p. 5

56 Consistiao em lavrar a terra com diversos instrumentospara a prJr bern move!. p. 5

57 Os estercos, e estrumes de que se serviiio. p. 5

S8 Alem dos estrumes de que se !ierl'ic;o as Antigos. p. 5

59 Eo dos rebanhos nas terras que se propiJem cultivas. p. 5

60 Que se (em inventado a estc fim. p. 6

61 E em parte diarnetralmente oppostos ao tim que se busca. p. 6

62 Que se tran.'iji)rtno em seiba, que e 0 sangue da planla. p. 6

63 Que tern a faculdade de se reproduzir peJa semente. p. 7

64 Elias tern vasos absorventes para receberem 0 alimento, e vasos exhalantes parase alliviarem do superfluo. p. 7

65 Ainda que estes argao se uoo percebiio it simples vista. p.

66 A frescura da noite o.\laz descer. p. 7

67 As partes que os meteoros atmosphcncos fhe commlilliciio. p. 7

68 E 0 receptaculo oude se cOl1lbilliio todas as et1lana~5es da natureza. p.

69 Ou alicerce para esta se descnvolver. p. 7

70 E a fertilidade que se Ihe slIppoem. p. 7

71 Que se wio estendendo a propor~iio que a pianta cresce. p. 8

72 Quando este mato se derrllbo. p. ~

73 E .'Ie poem a terra em cultura. p. 8

74 Ese IIson delles com born successo. p. 8

Page 48: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

52

7S E por consequencia fica ainda mais empobrecido 0 mesmo terreno, que com estemethodo se qller ellriquecer. p. 8

76 Devem cultivar-se aquellas de que se pre/elide utilidade. p.

77 Quando eslas se co/herem. p. 8

78 De qlle se per/elide redito. p. 9

79 Se estas eminencias se c0I1.\"erVOocoroadas de matta. p. 9

80. Porque entaD 56 grandes aTVores lITes COllI/em. p.9

81 Que as descoroiio de mattos. p. 9

82 Porem a perda qlle niio se repara mais, he a das chuvas. p. 9

83 E conhecer qual he 0 tempo proprio para se lanr;ar na terra. p. 10

84 Como se deve cultivar a Calla de Assucar. p. 10

85 Qlle e deixoll para ve\ha. p. 10

86 Parasefi'lZcr huma plantavao perfeira. p. 10

87 he qlle se lircio as estacas para fazer a plantayao p. 10

88 Esta Canna plantada n'hum terreno tao poueo proprio para se Ihe exlrahir aAssucar. p. II

89 Donde !iederruboll matte virgem. p. II

90 Se liver doze bracas de frente. p. II

91 Para seJazerem estas covas. p. II

92 Comparadas estas covas com as que seJazem actual mente. p. 12

93 E na realidade 0 lllio stio. p. 12

94 Que se deiflio lias covas. p. 12

95 Ese devem conservar. p. 12

96 Porque como ladroes Ihe roubiio a substancia. p. 12

97 Hit certo que com a enxada, que se lisa no Brasil. p. 12

98 Que he talvez a primeira que se jUllenlou. p. 12

99 Noo se usa de arado. p. 12

Page 49: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

53

100 No Brasil on de as mesmos instrumentos pouee uso podem ter, he de huma grandevantagem 0 adoptarmos a enxada Luqueza. p. 13

101 Para com huma cavilha seJazer firme 0 cabo. p. 13

102 Sem que 0 antebrar;o se desnuda do corpo. p. 13

]03 Para se lirar esta terra. p. 13

104 0 seu feitor os deve por enfileirados olhando para Oeste. p. 14

105 Porque se lrabalha para 0 lado direito. p 14

106. 0 segundo que se chama saca. p. 14

107 Que dahi a mais de hum anna se [he pode confiar. p. 15

108 109 De sorte que a Canna de cada quadrado tenha intervallo bastante, que a livrede plantas, qlle fhe roubem luz p. IS

I 10 Com tanto que se bllsqllc sempre 0 dar a Canna. p. IS

111 Por con sequencia 0 fim do lavrador deve ser quanta lhe for passive!, fazer todo 0Canaveal em aceiro.

112 Quando se conduz a Canna a fabrica. p. 16

113 Hit facilidadepara se vel'em as Cannas de todos os pequenos partidos_ p 16

114 115 Para se cor/arem os filhos que broHio, que como ladroes the roubiio asubstancia. p. 16

116 Estit apto para receber a influencia, (. ..) que Ihe commullica a atmosphera. p. 16

117 Que Ihes sao tao precisos para a depuraCao do seu succo.

118 Segundo a sua grandeza se ha de cor/ar em huma, duas, e talvez tres partes. p. 17

119 Para se appresellIar a moenda. p. 17

120 Cujo feixes sao amarrados com os olhos das Cannas que se cortariio. p. 17

121 Quando se appresenliio it moenda. p. 17

122 Que se e.VJremem com a Canna. p. 17

123 De que se h6 de fazer Assucar. p. 17

124 E servico que se pel'de. p. 17

125 Eo mesmo para se meier na moenda. p. 17

Page 50: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

54

126 Onde 0 trabalhador pode regular 0 pegar em seis, au oito (. ..), para asappresclllar. p. 17

127 Deve haver cuidado de Illio se corIaI' mais Canna. p. 17

128 Segundo 0 destin~. que se Illes dd, de picadeiro. p. 18

129 Para selazer huma casa de sessenta palmos livres. p. 19

130 Hi occasioes, em que quasi se he suffocado pela fumaya. p. 19

131 E sempre he precisa a candeapara se verem objectos. p. 19

132 Que se jtzeriio n'hum engenho, para evitar estes accidentes. p. 19

133 Eo mesmo engenho as abalia por incommodos. p. 19

134 He conduzido por huma calha ao parol, a que Sf! "hamlio de caJda frio. p. 19

135 E per con sequencia 0 nlio se poder meer Canna. p. 19

136 E naD tern os commodos, que Sf! desviiio buscar. p. 19

137 Parece que he tudo, quanta se pode desejar. p. 20

138 0 engenho, que se propoem para modello. p. 20

139 Na moenda do meio tern hurna roda ( ... ), a que se chama bolandeira. p. 20

140 Jei Sf! ve que, tendo 0 rodete a terca parte da bolandeira. p 21

141 E pode levar isto ao ponto, que Ihe parecer. p. 22

142 Se em 1ugar do rodete pela tercra parte, 0flzer peia quarta. p. 22

[43 Ese /u1 de fl10er com quatro, pode fazello com duas, e mesmo huma. p. 22

144 Sejizer 0 rodctc por ametade, augmenta 0 movimcnto. p. 22

145 Que se propuem; porem a proporcao da terca parte. p. 22

146 147 E que tanto menos se l11oera, quan/o se ajaslarem delle para mais. p. 23

148 Segundo 0 madello qlle se propoem. p. 23

149 Que possa dar-se-1he toda a forCa que se precisa. p. 23

150 Como acima se diz. p. 23

151 Ou no mesmo rodizio, faz conseguir a que Sf! qller sem custo. p.24

152 E doze 1ibras de peso no principal cubo, nos qlle se ellcherGo. p. 24

Page 51: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

55

153 Fica a maquina vagarosa, e sem 0 efeito que se lIlier. p.24

154 155 Niio se poderem dar as propor~oes que se predsiio. p. 24

I S6 0 madella, que se propoem, para moerem bestas. p.2S

157 E irregularidade destc agente no Brasil, 0Jaz inutil. p.26

158 Aos quaes corn mais propriedade se podem chamar curiosos. p.26

159 J 60 Me fi'z dizer 0 que sci a este respeito, por me parecer que sent de algumainutilidadc. p.26

16 J Sabe-se qlle a dew armar de aite curvas. p.26

162 Huma rada com este difunetro niio se p6de fazer sem cito aspas. p.26

163 Jei se lie que pertencern doze a cada oitavo. p.26

164 Que seJizessem para os dentes, fiquem perpendiculares. p.27

165 QuatTo destas aspas 0 sltslem. p.27

166 Para a rada naD ficar com 0 que se chama peito. p.27

167 E com tada a certeza as assenlo nos pontos de dois dentes, p,28

168 0 qlle me da a distancia de dente a denle. p.28

169 Para que a distancia dos quatorze se redllza a quinze. p.28

170 Segundo 0 destino da mitquina, qlle se qller fazer~ pode 0 rodele ser pequeno. p.28

171 Como se ita de gastar pelo movimento. p.29

172 Como se moe Canna actualmente. p.30

173 As moendas, de que actualmente se lisa na Capilania do Rio de Janeiro. p.30

174 Qualquer que seja a potencia que os jor.r"omover. p.30

175 Depois de espremidos na primeira, os appre.'iellla da mesma sorle it sCf,rlmda. p. 3 I

176 Para se e.\premerem seis feixes de Canna. p. 31

1770 que faz precisar duas horas e meiapara se moer hum carro de Canna. p. 31

178 179 E para islo se c()lI.\·egllir, He preciso que os feixes se apresentem it moendaem [inha horisontal. p. 32

180 Glide as cos/lima ter para amparar. p. 32

Page 52: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

56

181 A que se chama baga~o. p. 32

182 A fa:! abrir ern pequenas raxas. p. 32

183 E serve de fennento para Fazer desmerecer 0 sumo que se e.VJreme. p. 32

184 0 sumo se in/roduz por baxo das chapas. p. 32

185 E preciso que 0 Escravo 0 empllrre. p. 33

186 Faz tanta resistencia, que se sao de meios aguilhoes. p. 33

187 Succede aluirem para os lados, e se sao inteiro, quebrarem. p. 33

188 Que se respira it roda da filbrica. p. 33

189Que actualmente se USDa. p. 34

190 Ainda nao foraa tomeados, nem 0precisiio. p. 34

191 192 Assirn COIIIOse pralica nas Antilhas, despesa que seJaz por huma vez. p. 35

193 Pon!m, em quanta se nao pOem em pratica. p. 3S

[94 Comparavao da rnoagem actual com a qlle se prop6em. p. 35

195 Reduzida a pequenas partes, lite oJ/ereee. p. 35

196 Pelo methodo usado se moem seis feixes. p. 36

[97 Para se Ihe apreitar ° sumo. p. 36

198 Quando acabou de passar a Canna, e 0 Escravo da parte opposta a dobra ao meio.

[99 Apto para se jazer em feixes. p. 36

200 E os animaes se estraglio. 0 dia He para trabalhar. p. 37

201 Esta ordem da natureza. que se Illia illilerte impunemente. p. 37

202 Tudo como acima se diz. p. 37

203 Porque enHio todas as vezes que se enche 0 cocho, devem ser lavadas.

204 A casa de caldeiras, onde sefahrica 0 Assucar. p. 38

205 Mais baxa que a do engenho, e contem 0 que .<;esegue. p. 38

206 fonnas para lanc;ar a calda, de que se jaz 0 Assucar bmto. p. 38

207 Hi!. alguns engenhos, queja as lew de cobre. p. 38

Page 53: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

208 E com elle Sf! lira 0 Iiquido da caldeira para 0 parol de cal do quente. p. 38

209 A que se chama Cochinha. p. 39

210 Da maior a menor, que se distillgllem com os nomes. p. 39

211 Que se dislillglle com 0 nome da bacia. p. 39

212 Que se Jaz com a cinza de toda a lenha. p. 40

213 Que se lem reconhecido ser rica em alcali. p. 40

214 N'hum recipiente. donde se lira para 0 uso. p. 40

215 216 No qual se deita muita agua, que com hum rodo se Jaz dissolver. p. 40

217 Que se lallrya em cima das f6nnas de Assucar bruto. p. 40

218 A que se tapa 0 buraco que tem no rundo. p. 40

219 Como se trahalha na fabrica do Assucar. p. 40

220 0 que actual mente se nfio Jaz em menos de quatro a seis horas.

221 E hum escravo, que a serve com lenha. p. 40

222 A que se chama cachassa. p. 40

223 Esta opera~ao, a que se chama descachassar a caldeira. p. 41

224Jlllerpoladamellte se Ihe lall<,.·aab'Ua, e decoada. p. 41

225 Que he tirada a proponyao, que se ajul1la. p. 41

226 Dilatando 0 Iiquido, 0Jaz sublevar acima das bordas da caldeira. p. 41

227 Lanc;ada em cima, instantoneamenle 0 Jaz ahaler, e reduz a mais de hum palmoabaixo das bordas della.

228 0 signal, para se cOllhecer se 0 liquor desta caldeira tern 0 cosimento preciso.pAI

229 Quando sejulga limpo 0 liquido da caldeira, passa ao parol de caldo quente. p. 41

230 E daqui com a repartideira vai para as fOnnas, que estiio no que se chama feodal.

231 Nao se enchem de huma vez, he repartida a calda por todas. p. 42

232 233 E como a quantidade, que se apurou, nao chegapara as endler. p.42

234 He 0 qlle se chama Assucar bruto. p. 42

235 Oude sefirmiio as rannas, para serem barreadas p. 43

Page 54: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

58

236 237 Eo cOllduz a hum tanque, donde se lira para 0 uso. p. 43

238 Se lira em hum a vasilha, a especie de lodo. p. 43

239 Ese 101/(;a em cima das fOrmas: este lodo p. 43

240 Com estes tres barros, se suppiJem ficar a fOrma. p. 43

241 Estas tres especies de Assucar, se destiguem com as nomes de fino. p. 43

242 Depois que 0 Assucar.w slJppoem purgado. p. 43

243 Para que 0 calor do Sol/he Jaqa evaporar a hurnidade, e desseque. p. 44

244 Oude se deifa em caixas, que podem conter de quarenta a cincoenta arrobas. p. 44

245 Por 1100 se saber moer Canna, gasta muito tempo 0 parol a eneher-se. p. 44

246 Que 0 sumo da Canna, liquido moi composta, se deixa em repollSO, fermenta.p. 44

247 As partes impuras, a que se chama cachassa, nao dura 0 tempo que he preciso.p.44

248 249 A decoada, que se the /an~"G,tern a propriedade de se combinar com as partesoleosas, p. 44

250 Que incorporando-se com 0 Assucar, 0 Jaz trigueiro. p. 44

251 E mais se Jaliga ainda. p. 45

252 Que nelles se deposita, chega a esfriar. p. 45

253 He proporcionado ao pouco, qlle se tmha/ba. p. 45

254 Porem os obreiros, qlle asJazem, gente material. p. 45

255 Que pela fomalha direta, se allgmcllla muito. p. 45

256 J-Iuma boca mui pequena, que nclles se p6z. p. 45

257 258 A decoada, e forma de aJazer, nao pOde ser mais defeituosa, as hervas acres,s6 servern de a ling;r, p. 46

259260 E a cor, que the coml1l1miciio, se illcorpora com 0 Assucar. p. 46

261 Sao precisos dois, e tres dias para seJazer. p. 46

262 Depois de secco, se tim de cima da fOrma. p. 46

263 Alem de ser preciso ter sentineia, ainda que quem 0 vigia, seja hum Argos. p. 46

264 Nao impede, que sefl/rle muita parte. p. 46

Page 55: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

59

265 100050 comem. p. 46

266 Porem lIillgllem a p{}z ainda em pratica. p. 46

267268 as hervas acres, 56 servem de a tingir Vejo qlle se Jaz hum encostramento naparede, que he preciso facao para 0 arrallcor. p. 46

269 Esta especie de Assucar, encostrado, a que se chama rapadura. p. 47

270 Que bern acondicionada, se aproveilaria em aguardente. p. 47

271 Quando de hum todo, ou composta, se quer ex/rahir huma parte, he precisoconhecer esta parte. p. 47

272 E saber a fonna deos separar. p.47

273 Ou reculas (que fazem 0 qlle se chama cachassa) 0 oleo. p. 47

274 Nao se sabe de outro mcio mais, que os alcalis. p. 48

275 E fazer com e\les hum saba~, que se mastra na forma de espuma. p. 48

276 Em que fica, segundo a f6nna de a/azer que logo direi. p. 48

277 Por ser preciso ter, ollde se empregue, para deteriorar 0 Assucar. p. 48

278 Toda a mais lenha, qlle se lanr.:ana fornalha. p. 48

279 Para esta se augmel1lar, he preciso levantar 0 liquido. p. 49

280 Que produziria vinte, se chega a ferm en tar, pode dar s6mente quinze. p. 49

281 E esse menDs que se fizer, ha de ser de rna qualidade. p. 49

282 Porem este meio 56 a natureza 0 p6de dar. p. 49

283 Hum calor ao liquido, que quasi 0Jac;a ferver. p. 49

284 A rasao purque se diz, ser bom trabalhar em quente. p. 49

285 He 0 liquido quasi fervendo, que a impede. p. 49

286 287 E quanta mais tempo assim se COI/serva, tanto mais se deteriora. p. 49

288 Que recebe da calha 0 sumo da Canna, eo deposita no fun do do parol. p. 50

289 Deve ter tambem humajanella alta com dobradas partas, para se abrirem. p. 52

290 Sabre pantaletes, seJazem tres taboleiros. p. 52

291 292 He a espiga, qlle se introdflz no taboao, o"de se firma 0 cabo porque puxa 0

obreiro. p. 52

Page 56: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

60

293 0 calor, que aqui recebe, faz evaporar a agua da sua extincvao, e a redllz a calviva, ou virgem. p.53

294 Depois de se demorar hum quarto de hora. p. 53

295 Ese ciJa para Dutra caldeira. p. 53

296 Que 56 deve abrir-se, quando se servir com lenha. p. 54

297 Se descreve hurna linha de quinze gnios, ate dez palmos do interior della. p. 54

298 E dahi se descreve Dutra linha de trinta e cinco gnios. p. 54

299 Para se ver facilmente todo 0 seu interior, e proporr;.6es. p. 55

300 Alimentando 0 fogo, 0 Jaz subir tambern em columna ao centro do fundo daprimeira tacha. p. 55

301 Com oito palmos de comprido, cuja ponta se Jaz chegar ate ao resalta. p. 56

302 Estc paa se pllxa com hum gancho de ferro. p. 56

303 304 A propon;:ao, que 0 fogo a devora; e assim se continlla. p. 56

305 Com que se lui de clarificar 0 Assucar. p. 56

306 De que ha abundancia (. ..), com 0 cuidado de 0 depurar da area. p. 56

307 E areas como rnais pesadas, se precipitem ao fundo. p. 56

308 E deste barro assim purificado, he que seJorma 0 lodo. p. 56

309 Isto he trabalho, que se Jaz por hurna vez. p. 57

310 Que 0 conduz ao fun do do parol. p. 57

311 Cujo fogo se ell1relem gradualmente. p. 57

312 0 qual se conserva, em quanta as parois contiverem liquido. p. 57

313 Par hurna calha, que .'ie ajllsta ao seu fundo. p. 57

314 Onde esta 0 tuba de descarga; e antes do tome se tirar poem-se hum coador sobrea calha. p. 57

315 316 Quando se aproximar ao fund a 0 gusmo, a que se chama cachassa. p. 57

317318 Cuja agua se mis/ura com 0 gusmo, eo ajllda a correr par huma calha. p. 57

319 E assim continua a trabalho, nGO se despejando nunca hum. p. 57

320 E par elle he que se la1l(;a a decoada. p. 58

Page 57: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

61

321 Qlle se separa, assim que aparcce. p. 58

322 Quando se nilo vern mais espumas escuras. p. 58

323 Que por huma calha (} cOl1duz it primeira. p. 58

324 Para 0 cOl1cenJrar, deve seT levantado no balde muitas vezes. p. 58

325 E ella.'ic estel/de em fios por todo 0 apartamento dos dedas. p. 59

326 Quando se formiio estes fi os. p. 59

327 A qllal se engrossa cada vcz mais. p. 59

328 A espatula, de que se lisa, para 0 remexer nas fOrmas conicas. p. 60

329 Que se 'he ajuntem Qutros. p. 60

330 Ate se eue/ler. e sahir 0 Assucar para as ffirmas. p. 60

331 332 Eo leva a hum a pipa, que () guarda. p. 61

333 Com hum a raspa se lir desta fOrma 0 Assucar embranquecido. p. 62

334 E quando vai ficando trigueiro, sabre este mais escuro se lam;a novo lodo. p. 62

335 Porque entaD o/ara trigueiro. p. 62

336 Como se trabalha na fabrica da aguardente. p. 63

337 Que esta fermentac;ao ojaz vinhoso. p. 63

338 Que Ihe liriio a maior communicac;ao que 0 ar. p. 63

339 Assim que a fermentac;ao se eSlabelece. p. 63

340 Qlle se c1e!>prel1c1e, e roge do mesmo liquido em fermentac;ao. p. 63

34\ E que a costra .fiedesJaz. p. 63

342 Que huma luz se nao apague no vao. p. 63

343 Para se seguir 0 mesmo elTeilo. p. 64

344 Se slIccede algumas vezes estar a !:,ruarapa em ponto. p. 64

345 Na linha horizontal do mesmo, se vem duas pollegadas. p. 94

346 Glide se pralica huma espiral. p. 64

347 Se alguns se gabiio de fazer muita aguardente. p. 64

Page 58: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

62

348 He que pela ferrnentavao se pode mudar em vinho. p. 65

349 De qlle se lira 0 espirito ardente. p. 65

350 De SOrle que se chega a tcr a consistencia de mel. p. 6S

351 Pel a ferrnentacao se/clz vinhoso. p. 65

352 Se 1100se aproveila no alambique. p. 65

353 Se se deixa continuar a fermentacao. p. 65

354 Ollde sefaz a femlcntavao. p. 66

355 356 Ella se eslabelece, e se QlIgmellla cada vez mais ate aos trinta e cinco. p. 66

357 Niio a soffre ao mesmo tempo em tada a sua massa. p. 66

358 359 A natureza () dil na espuma, e costra, que se forma sabre hum primeiroliquido. p. 66

360 Que mesmo se pOde desseccar para 0 uso. p. 66

361 Deve 0 Mestre Aguardenteiro impedir, quando fhe/or passive!. p. 66

362 363 Que se desprellde do liquido, se "ao dis.~·ipem partes espirituosas p. 66

364 Onde ella seJaz. p. 66

365 Depois de se ter enfraquecido graduahnente. p. 68

366 E seguro para se lira,. 0 vinho da doma. p. 68

367 Que a fermentayao se estabelece. p. 68

368 E deixa-se correr 0 liquor n'hum pequeno copo para 0provor. p. 68

369 Assim, qlle se percebe hurna diminuiyao. p. 68

370 E daqui se {Jade inferir. p. 69

371 0 qllQnl0 se perde. p. 69

372 Niio Ihe deixa conhecer esta perda. p. 69

373 Porqlle fhe lllio he sensivel a simples vista. p. 69

374 Para the callir no corpo. p. 69

375 Considera-se, quante espirito se dis.\-iparia. p. 69

376 E com hum a bomba tirar a 3.f,ruaque se precisasse. p. 70

Page 59: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

63

377 378 Onde em menos de vinte palmos se aella a quantidade que se queI'. p. 70

379 Quando a despesa que corn clJe sefizesse. p. 70

380 0 que SI! mi dizer sabre 0 grao de calor para a distili~ao. p. 70

381 Qlle 5e qllerem fazer evaporar. p. 70

382 Se se expoem a aC~'iio do fogo. p. 70

383384 E a evapora~ao se/aniSe se querem dis/ilar substancias mui cornpostas.p. 70

385 Sabre a qual se assenla 0 mcsmo alarnbique. p. 70

386 Como na destilacao que se/az no alarnbique. p. 70

387 Ese cOlldellsiio na sua parte superior. p. 70

388 0 que se passa na destilacao em gera!. p. 71

389 Se/azem especificamentc mais ligeiras. p. 71

390 Ese dissipariiio debaxo desta forma, p. 71

391 aude se cOlldelJsiio, e tomaD a forma de liquores. p. 71

392 Com a destilacao sejaz semprc em vasos fechados. p. 71

393 Que se {emll/lio nesta opera~ao. p. 71

394 395 Que se separa da outra substancia mais fixa, se separa com lentura. p. 71

396 Por esta razao, quando se quer dis1i{ar. p. 71

397 Que a substancia volatil soffra s6 0 gnio de calor necessario para a separar. p. 71

398 Que se querem decompor pela distila~ao. p. 71

399 Que se dew somente applicar 0 grilO de calor necessario. p. 71

400 Que se devem destilar. p. 72

40 I Que se auia na fomalha do alambique p. 72

402 Se afastasse da trilha dos mais p. 72

403 A fomalha que se propoem desenhada na Estampa VLI. p. 72

404 Para se lIer a constru~ao por dentro. p. 72

405 0 fogo se ellfre/em, e modera da mesma sorte. p. 72

Page 60: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

64

406 Em que se lellha tanto trabalhado. p. 73

407 Prova que ainda noD se aeholl. p. 73

408 E nao a achar, e hum rUstico. au outro de intelligencia mui limitada. p. 73

409 E que so sa res/abe/ecia, quando aiaCany3Va hurna certa quentura. p. 73

410 Se ellcaminhassem ao canal praticado oa circunferencia do mesmo cappelo. p. 73

411 Daqlli se cOlic/ilia, que as refrigerantes erao inuteis. p. 73

412 Que a condensac;ao seJazia oa serpentina. p. 73

413 Porem he gerai em lodos, 0Jazercm hum pescoc;o a caldeira. p. 74

414 0 que lIIe prm'Cl. p. 74

415 Niio se aproveila tanto. p. 74

416 Para que 0 vapor!ie cl1.fie par este pescoc;o. p. 74

417 Oude seJaz a evaporacao. p. 74

418 Nao the da hurna faeil correntesa. p. 74

419 Quante vapor 5ubir, lall/o se aproveitarc't. p. 75

420 A caldeira do alambique, que se propiJem. p. 75

421 Pelo qllal se illrodllz na caldeira 0 vinho para distilar. p. 75

422 Que se ha de introduzir na caldeira. p. 75

423 Dnde se condensa 0 vapor. p. 75

424 Qlle 0 conclllz ao bico. p. 75

425 Por ollde se carrega de vinho a caldeira do alambique. p. 75

426 Eu nao posso comprehender as rasces que se dao. p. 76

427 Que a condensal;ao, do vapor sefGz no capello. p. 76

428 E com 3 3b'Uardente se engole hum veneno. p. 77

429 E pouco a pOll co a des/ruG. p. 77

430 Se Ihe/or mais comodo. p. 77

431 Que Ihe faz olhar com despreso. p. 77

Page 61: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

65

432 Porqlle me lembro das pessoas, que lidao neslas fflbricas. p. 77

433 Que se mis/lira bern com todo 0 liquido. p. 78

434 435 Ainda que 0 vinho neste ponto se cOl1sidere claro, e se lire par hUinalomeira, p. 78

436.fa se ve, que esta doma deve estar n'huma altura tal. p. 78

437 Que 0 lallf;a no alambique pelo tuba da sua carga. p. 78

438 Que se deve por 0 coador. p. 78

439 Com a fermenta~a:o se fez com pauca communicayao com 0 ar. p. 78

440 441 Que se SO/toll, e fugio do rnosto, se cOllverva na mesma doma. p. 78

442 Que 0 impirar, nao, porque clle em si seja veneno. p. 78

443 E inelastica, 0 aJoga. p. 79

444 Para sahir a neuma, que se de.\preza. p. 79

445 0 que se chama agua fraca. p. 79

446 Para se/azer estc beneficia mais individualrnente. p. 79

447 A forma de a escolher. p. 79

448 0 que fhe moslra a bondade. p. 79

449 Aillda se livessem pastos abundantes. p. 80

450 0 Sol a des.w}cca. p. 80

451 452 Que fhejaz comer, 0 que fhe he nocivo. p. 80

453 Podendo-se fazer delles, 0 que se quizer a qualquer hora. p. 80

454 Nuo se demorar mais de dez dias em cada hurna. p. 81

455 E que 0 gada se demorasse em cada huma so quatro, OU cindo dias. ainda seriamelhor. p. 81

456 He notave! 0 servivo, que se perde em cercas. p. 82

457 Que se ellcolllra, 0 mesmo as varas, amarradas a cipo. p. 82

458 He para fazer conhecer a facilidade de se lIelllralizar em todas as partes. p. 82

459 E arbustos, de que se posslio fazer cercas vivas. p. 82

Page 62: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

66

460 461 Nas quaes se prenderd algum peso, para as/aze,. dobrar brandamente. p. 82

462 E fazem a vista, qlle se mo.\·tra na Figura II. p. 82

463 E em poucos tempos se vera 0 efTeito.

464 465 Onde as cercas vivas se faroo impraticaveis; para se Jazerem as cercasmortas com aceio. p. 83

466 Qual/do sefizer alguma derrubada. p. 83

467 Quando as trabalhadores se reeo/hem do scrvic;o. p. 83

468 Outros !he/azem buracos, distantes por hum a bitola de dais palm os. p. 83

469 Algunsja a compriio, Coutros nfio tardurflo a fazcllo. p. S4

470 E em poucos annos se Jazem grandes arvores, p. 84

471 Mesmo no que se slIppiJem peior. p. 84

472 Ondesedevem plantar. p. 84

473 Sempre as lenhas se del'em plantar. p. 8S

474 Gude se precisCl hum fogo activo. p. 85

475 Como Sf! lisa commummentc. p. 8S

476 Talvez parecenl iSlO paradoxo a quem nao tern idea do como se qlleima emPortugal 0 tijolo. p. 85

477 Glide se emprega s6mente tojo. p. 8S

478 Ainda nao lembrou a ninguem_ na Capitania do Rio de Janeiro, 0 fazer lisa dacarreta. p. 8S

479 AJem de se elllerrarem tanto, e facilitarem 0 virar de hum para outro lado. p 85

480 Par haver maior quantidade de madeiras que the sirl'ao. p. 85

481 E mesmo se piJde fazer scm elle. p. 85

482 Hao de ser perpenciculares ao cuba, 0 qlle the cOllserva tada a fortaleza. p. 86

483 A enxada, de qlle se lisa, nao da bastante expedi~ao. p. 86

484 E Assim continua, sem nunca 0 tevanfar. p. 86

485 Para arrancar pequenas raizes. se ha precisao de 0 fazer, tern rnais propriedadehum ensinho. p. 86

Page 63: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

67

486 Que a [UZ toque nos cachos, lIao sepode apcrfeiyoar 0 seu suceo. p. 88

487 Nem alcanyar docura, ( ... ) com a qual se "lio pode fazer vinho generoso.p. 88

488 E com tadas as qualidade, que fhe adqllirem valor e exporta93o. p. 88

489 Assim como se diz nos principios para fazeT arguardentc. p. 88

490 491 Macqucr chegou a fazer vinho de verjus, que he hum a uva, que nuncaamadurece, e se servem della em Fran((a para tempero acido, assim como lias flOSservimos do limao. p. 88

492 Depositou nesta terra hum a semente de buxo, e a regalia. p. 89

493 E de noite, corrompe-se, se a [uz 0 nGOpurifica. p. 89

494 E sem darem 0 producto. que se devia esperar. p. 89

495 Se he cOlTompido, se lIao se renova, os animaes, e os vegetaes padeccm. p 89

496 .lit se disse em a nota antecedente. p. 89

497 He a que fazer ser 0 ar, que se respira no campo. p. 89

498 499 No campo ha toda a facilidadepara se/azer esta troca, que tanto se difficullanas Cidades. p. 90

500 Nao sendo misturado com sufficiente quantidade de ar pum, mata os animaes,qlle 0 iJ1!Jpiriio. p. 90

50 I 502 Ou qualquer liquido, que 1I0S seja visivel; porem elle se cOllhece s6 peloseITeitos. p.90

503 Lancando-Ihe dentro milhares de toneis de agua, afaz sossohrar. p. 90

504 E ainda que eu nao possa conccber 0 porque islo se Jaz. p. 90

505 Contra 0 maior mar encapelado, 0 reduzira a onda simples. p. 91

5060 ponto indicado por M. Gentil, be para seJazer 0 vinho da uva. p. 91

507 E productos da Canna de Assucar, para se fazer aguardente. p. 91

508 0 que se pretende he aguardente. p. 91

509 Mostra a f6nna de moer Canna, pelo methode que se propoem. p. 93

510 Mostra a bangue de tres tachas, com as paredes dos lados abatidas, para se ver 0

interior. p. 93

511 Cavando com a enxada, como se pratica em Franca. p. 93

Page 64: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

68

512 Gnde Sf! I'em os sinaes dos fuzelos, que sustem as duas cordas que prendem 0

balde. p. 93

513 Faz vcr como seJazem cercas vivas. p. 94

514 He hum quarto ci rcu 10,para dar a conhecer, 0 que sao graos de elevac;:ao. p. 94

ENCLISE

1 A mesa da lnspecc;:ao do Rio de Janeiro, desejando cOIl/ormar-se com as ardentesdesejos (. ..)

2 Se dignou ordenar-me. que houvesse de a fazer imprimir, em beneficia de seus fieisvasallos dos vastos dominios, naquelle Continente.

3 As luzes da Europa culta chegao ca tao fracas, que naD podem aclarar-lIos;

.J Julgando-()s indignos da sua applicac;:ao;

5 Plante-se hum quadrado de doze brac;:as.

6 Plallfe-se outro quadrado igual.

7 Faqo-se assento da despeza de burna.

8 Apllre-se 0 producto destas duas especies de plantac;:ao.

9 IlIfrodllz;"do-se na terra, fazem coli os. p. 1

10 Porem iSIO s6 p6de jazer-se, quando a plantacao he ao mesmo tempo, que acolheita. p. 2

11 Faz-se esla plantayao em dois tempos. p. 3

12 Planta-se. p. 3

13 Ou moe-se na safra subsequente. p. 3

14 Colhe-se a sacca no anne seguinte. p. 3

15 Nao he possivel que possa prosperar plal1lando-se tao junta. p. 4

16 Plallltmdo-se sem alinhamento. p. 4

17 Fazelldo-se a plantacao em hum. p. 4

18 Mandaplanlalla em menos distancia. p. 5

19 Dar-Ihe descanco. p. 5

Page 65: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

20 COllserval/a limpa scm nutrir planta alguma. p. 5

21 Ha de parecer paradoxo 0 dizer-se.

22 Que tern a propriedade de dissolver-se II 'ogua.

23 E deixar-se penetrar das raizes. p. 8

24 Este humus, cOl1vertel1do-se nas partes solidas das plantas. p. 8

25 Descobrindo-a de todas as plantas. p. 8

26 Lavrando-a muitas vezes. p. 8

27 Devem cllltivar-se aquellas de que se pretende utilidade. p.

28 29 Plal1larem-se ou semearem-se aquellas. p. 9

30 7i-ahalhal1do-se continuada, e altemativamente desta sorte. p. 9

31 Podem evilar-se todos os estrumes. p. 9

32 De ter a superficie da terra ate onde podem extender-se as suas raizes. p. 9

33 Usa-se cortar da Canna. p. \0

34 Devem desprezar-se as Canna vel has. p. 10

35 Devem plal1tar-se os olhos. p. 10

36 Deve-se dividir 0 terreno destinado para a Canna em tres partes. p. 11

37 Subdividir-se em pequenos quadrados de doze braQas cada hum. p. 11

38 Veja-se a estampa I. p.11

39 Cullivc1o-se estes pequenos quadrados. p. II

40 Poft!m podem occupar-se em mandioca. p. I I

41 Pois elles cjegao a a/asIaI/o.\" humas das oulras. p. 12

42 E a dar-fhe dezoito pollegadas de comprido. p. 12

43 Veja-se a estampa [1. p. 13

44 Oeve chegar-se 0 calcanhar do pc esquerdo ao do direito. p 13

4S wlallda ..os andar a direita para ficarem virados para 0 Norte. p. 14

46 Mmlda-Ihe passar 0 pc direito a perfilar com 0 esquerdo. p. 14

69

Page 66: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

70

47 Devendo huscar-se de qualquer sorte 0 alinhamento perfeito das covas de Norte aSuI. p. 14

48 Devern lallf./ar-se nell as duas estacas de Canna. p. 14

49 Cobrem-se estas estacas com duas pollegadas de terra. p. 14

50 Enchem-se as covas com 0 resta da terra. p. 14

5 I 52 Limpiio-.\'e as Cannas de todas as hervas que podem rouhar-Ihe a substancia.p.) 4

53 Esta plantac;ao deveJazer-se de Janeiro ate Marva. p. 14

54 Nao devepretellder-se mais, que dais cortes. p. 14

55 Deve occupar-se 0 terreno em que estcve a Canna. p. 15

S6 De Janeiro a Marco do segundo anno, cullil'a-se a segunda divisao. p. IS

57 A quarta planta~aofaz-se nos segundos quadrados da pnmeira. p. IS

58 Esta fanna de plantac;ao pode mriar-se a infinito. p. 15

59 Que 0 Sol pode communicar-Ihe. p. 16

60 Al1tecipa-se;o gosto, e a vista he que decidem a colheita. p. 16

61 E he par conseqilencia hum erra, a aproveiJal/a ate as folhas. p. 17

62 Deve sim cortar-se bern rente a terra sem ferir as raizes. p. 17

63 Porem 0 palmo junto as folhas, deve-se desprezar. p. 17

64 Usa-se, quando se corta. p. 17

65 Que a que pode moer-se em vinte e quatro horas. p. 17

66 Perigoso 0 /eval/mj acima do edificio. p. 19

670 que fon;ap6l/a junto a terra. p. 19

68 Multipliea-se servit;.o, par ser preciso usar de potes. p. 19

69 Menendo Canna como deve meller-se. p. 22

70 Que hao de restringir-se aa numero de oito s6mente. p. 22

71 Ese ha de moer com quatro, pode/azel/o com duas, e mesmo huma. p. 22

72 Veja-se a eSlampa Ill. p. 22

73 Porem havendo quem possa/azel/as. p. 23

Page 67: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

71

74 POl/do-se em pratica 0 madelia. p.26

75 Sabe-se que a deva annar de oita curvas. p.26

76 Suspenrli a minha crenr;,a,paredel1do-me impassive!. p. 90

77 E as outras qualro prendem-llo. p.2?

78 Lemhral1do-me semprc de nao fazer os pontos para os dentes em menos de novepollegadas. p.27

79 Que he erre fazel/os mais pr6ximos. p.2?

80 F:nco/)rem-l1o com mysterio ate os seus aprendizes. p.2S

81 Lcmhrei-me logo da observayao de Franklin. p. 90

82 Porem ohserl'Ctlldo-se as regras dadas. p.29

83 He filciljazel/os de qualquer sorte. p.29

84 Efaligao-se menos. p.29

85 86 Que devia empregar-se a puxar,perde-se em levantar 0 eixo. p.30

87 E pode meller-se Canna, que na~deve chegar aos dentes. p. 32

88 Curl'Dlldo-se hum poueo, chega as maos a moenda. p. 32

89 Onde pode inlrodllzir-se alguma por~o do sumo de Canna. p. 32

90 E depois de tomeado 0 madeiro, repregallas em outro lugar. p. 33

91 Para poder e~7}remer-se. e ainda nesta quarta passagem sahe humido. p. 33

92 93 0 Escravo da parte opposta deve dobralla, c appreselllalla it moenda pela suacurvatura. p. 34

9495 Ou oito destas Cannas, dohra-as.e appresellla-<ls a moenda ( ... ). p. 34

969798 Deprime-se facilmente~ 0 muito usc podera gaslal/o, e sera preciso tomeal/o.

99 Oeve degradar-se a chapea~ao, por ser desnecessaria, e nociva. p. 35

100 E, appresenlando-se em linha recta. p. 3S

101 0 que nao pode!azer-se em menos de seis minutos. p. 35

102 Porem isto deve cOJ1siderar-se nullo. p. 35

103 Pelo methode proposto, appresenlando-se a Canna a l110enda (.. ). p.35

Page 68: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

72

104 Moem-se pelo methodo proposto trinta e dais. p. 36

105 Pelo methodo proposto, appresentando-se a Canna it moenda em linha obliqua,quando rccebe 0 aperto. p. 36

106 Trabalhal1do-se desta sorte. p. 37

107 Adoptando-se esta fenna de moer. p. 37

108 Prillcipia-se das quatro horas da manha ate ao meio dia. p. 37

109 Veja-se a Estampa IV. p. 37

110 Vao depositar-se ao seu receptacula na casa da aguardente. p. 39

III Fillrcmdo-se por entre as hervas acres, e a cinza. p. 40

112 Lan(:c;o-Ihe mais, au menos rominhois della. p. 41

113 Esta decoada, combinando-se com 0 oleo, faz hum sabao. p. 41

114 Ellche-se a primeira tacha, chamada de feccber. p. 42

115 Ellche-se de feecher, e assim progressivamente. p. 42

116 E virallo com inclinac;ao sabre hum a parede alta. p. 42

117 Complellio-se com 0 segundo, e lereeiro eosimenlo. p. 42

liS J"ira-se a rolha, que lapa 0 buraco do fundo. p. 42

I 19111lrodllzilldo-se por entre 0 Assuear, precipita 0 mel. p. 43

120 121 Tira-se de fOrma,lanr;a-se segundo, e ainda terceiro. p. 43

122 Por nao se saber moer Canna, gasta muito tempo 0 parol a encher-se. p. 44

123 Que il1cOlporalldo-se com 0 Assuear, 0 faz trigueiro. p. 44

124 Ainda que 0 descachassalla nao dure meia hora. p. 45

125 Quando, julgando-a limpa. p. 45

126 Descohrem-Ihe mais 0 fundo, menos a de cozer. p. 45

127 Este fogo demasiado decompoem 0 Assuear, trallformal1do-o em mel. p. 45

128 129 E faz precisar 0 rachar-se lenha ou servir-se s6 de lenha. p. 45

130 A sua fragilidadc deviaJazella.'i desprezar. p. 46

13 I 0 baler a ea1da, le,'alllaJ1do~ da taeha na batedeira. p. 46

Page 69: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

73

132 Deve-se buscar na fabrica do Assucar. p. 47

133 Para deteriorar 0 Assucar, e commullicar-lhe hum g05tO lexivial. p. 48

134 He preciso levan tar 0 liquido, e deixallo cahir em columna. p. 49

135 136 Trahalha-se bern, e apura-se 0 mais passivel. p. 49

137 Chegando a mao do obreiro.facilila-Ihe 0 levantar a valvula. p. 51

138 Porque as de madeira commul1iciio-lhe cor. p. 52

139 Pelleira-se meio alqueire de cal. p. 53

140 Deita-se em huma forma. p. 53

141 /:.'/e\lQ-se a hum fomo de telha. p. 53

142 Deita-se esta cal virgem n'huma caldeira. p. 53

143 Tira-se esla agua com hum rominhol. p. 53

144 1'omlio-se duas partes de cinza. p. S3

145 Edei/a-se tambem n'huma caldeira. p. 53

146 147 148 Mexe-se bern com hum a espatula, deixa-se assentar, lira-se esta aguaimpregnada do sal da cinza. p. 53

149 E coa-se para a mesma caldeira. p. 53

ISO Faz-j-e fogo a esta agua. p. 53

151 Faz-se de vez em quando a prova. p. 53

152 /Jeilalldo-Ihe hum ova fresco em cima. p. 53

153 Em poucos mezes, commullica-Ihe novas saes. p. 53

J 54 Que 56 deve ahrir-se, quando se servir com Ienha. p. 54

155 Modera-.~·e, segundo a precisao. p. 55

156 Tapalldo-se mais, ou menos. p. 55

157 He lallfa-Ihe dentro hum pao. p. 56

J 58 Deve, usar-se de barro branco. p. 56

J S9 Piza-se, que fique em po. p. S6

160 J 61 /Jeila-se este po n 'hum GOcha cheio de agua, agita-se com hum rodo. p. S6

Page 70: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

74

162 E do-se tempo a que as pi rites, e areas como mais pesadas. p. 56

163 Tiro-se com urn rominhol para 0 tanque de preparar 0 lodo. p. 56

164 165 COl/tilluo-se 0 mesmo servic;o, toma-sf.! a passar a agua impregnada do barro.

166 167 Deira-se assentar, e lira-se a agua superabundante. p. 56

168 Deve-sf.! tiraT, e lan~ar Dutra. p. 56

169 Que 0 barre pode communicar-Ihe. p. S6

170 AcceJlde-se logo fogo na sua fomalha. p. 57

171 Traw-::iC este segundo da mesma sorle que 0 primeiro. p. 57

172 PiJem-se hum coador sabre a calha. p. 57

173 174 /Jeila-se entaD agua neste parol, e lava-se. cuja agua se mistura com 0

gusmo. p. 57

175 Lallfo-se fogo na fomalha. p. 58

176 Porern esta fervura deve-.\-e entrcter. p. S8

177 IlIlrodllz-se na caldeira hum dos dais grandes funis. p. 58

178 .Julga-se limpa a caldeira. p. 58

179 E deixando-o cahir em columna. p. 58

180 E deixallo cahir em columna. p. 58

181 Distinglle-se a ponto da calda de Assucar em lres estados. p. 59

182 COllhece-se a ponto fraco. p. 59

183 184 185 PUXQlldo-as a si, e impulsando-{) para a outra cabe9a; ellcostalldo-o nopuxar. p. 60

186 Niio pode eJlcher-se com a primeiro cosimento. p. 60

187 Que pennila 0 meler-Ihe 0 dedo. p. 60

188 Uaspa-se a superficie desta fOnna. p. 61

189 1:;lIche-se do lodo branco. p. 61

190 Tim-se, para diluido tamar a servir. p. 62

191 192 Ra.~pa-se outra vez, e forno-sa a lan9ar mais lodo. p. 62

Page 71: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

75

193 0 poder-se entrar dentro. p. 62

194 195 196 Abre-se ajanella, lira-se para a casa de encaixe, :soca-se. etc. p. 62

197 Porem abre-se de vez em quando. p. 63

J 98 E segllem-se as mesmos effeitos. p. 64

199 200 Accefercio-se, au relardiio-se, segundo 0 maior. p. 65

201 Sirvo-se de pipas. p. 66

202 E esle sentido na~ pode clIgal/ar-se entre 0 sabor vinhoso. p. 67

203 E que signa/a 0 momento fatal. p. 68

204 Fara-se a doma no meio da altura. p. 68

205 E tapa-se com hum pequeno tomo. p. 68

206 207 Tira-se 0 torno, e deixa-se correr 0 liquor n'hum pequeno copo ( ..). p. 68

208 Nao diffenr para 0 Qutro dia 0 aproveilallo. p. 68

209 210 211 No tempo que gasta a desfazer-se. mislllrar-se com 0 vinho, di.'isipar-seo gas. p. 69

212 Tem -se evaporado muito 0 espirito. p. 69

213 Olha-se com tanta indifferen'Ya para 0 objecto. p. 69

214 Suppolldo-a fria, ou menos lepida. p. 69

215 COl1sidera-se. quanta espirito se dissiparia. p. 69

216 Procunirao separar-se dos segundos. p. 70

217 Que 0 que pOde cOJJ1JJ1ul1icar-lhehum vase com agua fervendo. p. 70

218 PodemJazer-se distilar mui commodamente desta s~Tte. p. 71

219 Reduzem-se em vapores. p. 71

220 P6de-se dizer, que esta lentura, occasion ada peo defeito do fIr. p. 71

221 Pode-se estabelecer. como regras geraes. p. 71

222 Eguiando-se por ella. p. 72

223 Commullica-se ao cinzeiro. p. 72

224 E contil1lwr-se ainda hoje este trabalho. p. 73

Page 72: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

76

225 Porem lembra-me. p. 73

226 227 228 Ou oulro de intellingcncia mui limitada, vela, Tem-se usado derefrigerante. e v;o-se. p.73

229 E cOl1densando-lhe repentinamente peJa frieza. p. 73

230 Ejazel1do-a cilindrica. p. 74

231 232 COlldensQudo-se, pOde el1camillhar-se a serpentina. p. 74

233 No case de ser preciso tirer/la. p. 76

234 Vc::ia-se a Estampa VD. p. 76

235 Ora esse efeito cOllseglle-se melhor com 0 pequeno. p. 76

236 Deila-se neste mosto bastante fczes de hurna fennentav80 antecedente. p 78

237 Tapa-se a doma, deixando aberto 0 pequeno furo da tampa. p. 78

238 239 Prova-se 0 liquor, e COl1tillua-se a prova. p. 78

240 Qlleimiio-se. e communidio ao espirite. p. 78

241 242 Mudera-s 0 fogo. e ellirelem-se somentc 0 que he preciso. p_79

243 244245 Tira-se 0 fogo ao alambique, edescarrega-se das suas fczes pelo tubo dedescarga; muda-se a biea do refrigerante. p. 79

246 He agitalla n'hum pequeno capo. p. 79

247 Que pode ser-the util. p. 80

248 Podcndo-sc fazer delles, 0 que se quizer a qualquer hora. p. 80

249 E a fomeJaz-lhe devorar a que encontrao. p. 81

250 Plalllar-se nelles Canna. p. 81

251 PkmlelJ1-se as estaeas alinhadas na distancia de dez palmos. p. 82

252 Corlem-se os pimpolhos. p. 82

253 254 255 I;az-se hurna ferida na casca das duas bratas, ellxerlao-se. cJazem-sefirmes com hum pequeno espeque. p. 82

256 Mergulhoo-se os galhos na terra. p. 82

257 Torar-se os paos de madeira finne. p. 83

Page 73: ESTUDODA POSU;:AO DOS PRONOMES OBLiQuOS ATONOS … · REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..... 48 ANEXOS ... de Domingos Paschoal Cegalla (1997); Gramatiea da Lingua Portuguesa, de Pasquale

77

258 259 Qllerelldo-se fazer qualquer cerca, mandoo-se fazer os buracos na terraalinhados. p. 83

260 Ficao 56 dais escravos elldireilondo-os, e jirmondo-os fla terra. p. 83

261 Alguns ja a comprao, e outros nao tardadio a Jazello. p. 84

262 Semeando-se as pinhoes de vez. p. 84

263 Pode decolar-se pelo pe. p. 84

264 FazeJldo-<ls de hum palmo de comprido. p. 85

265Deve-se adoplar hum raspador, cujo ferro tcnha seis pollcgadas de alto. p. 86

266 Balollcea-o para a esquerda. forcejando sabre 0 raspador.

267 Que cUe passa seT; e governar-se a fennenta~ao. p. 88

268 E de naite, corrompe-se, se a luz 0 naD purifica. p. 89

269 Mata as animaes, que 0 inspiriio, afollgando-se, assim como faz a agua. p. 90

270 [.aural/do-fhe dentro milhares de toneis de agua. p. 90

271 DeduzOo-se-fhe as respectivas despezas,

272 Que possadar-se-Ihe toda a ror~a que se precisa. p. 23

273 Oppoelll-se-fhe outro, que deve haver de sobrecellente. p.29

274 Tim-se-fhe 0 capello, para se fazer este beneficio mais individualmente. (p. 79)