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Estudo sobre a produção e destino do lixo doméstico

Daniela Nunes Almeida

Maria Rosa Quintans Lopez

Resumo: O lixo urbano é um grave problema que afeta a qualidade de vida de bilhões de pessoas no mundo, desde a produção até o destino final. Um dos maiores desafios da sociedade é o de buscar soluções para essa questão. Além do significativo crescimento da geração de resíduos sólidos, principalmente nos países em desenvolvimento, observam-se, ainda, ao longo dos últimos anos, mudanças significativas em suas características. O presente artigo pretende refletir sobre os problemas ambientais em nossa sociedade, em especial, sobre o lixo, seu destino e possíveis formas de reaproveitamento. Como metodologia, tivemos oito encontros com um grupo de 20 alunos da Escola Estadual Medalha Milagrosa, que participaram efetivamente das ações contribuindo com ideias e discussões, desenvolvendo uma consciência crítica e ética frente aos problemas relacionados ao meio ambiente. Sendo assim espero como educadora, contribuir para uma sociedade ecologicamente sustentável e um planeta socialmente mais justo.

Palavra-chave: Educação Ambiental. Lixo Doméstico, Reaproveitamento, Reciclagem.

1. Introdução

Vive-se hoje num momento de consumo compulsivo, onde o descarte de

produtos muitas vezes acontece antes que percam sua vida útil. Esse descarte

prematuro e abundante de materiais, associado ao crescimento da população e à

má distribuição de renda gera uma grande quantidade de lixo.

Existe uma preocupação crescente relacionada com as consequências do

destino do lixo, levando a procura de soluções alternativas, práticas e viáveis para

amenizar o problema.

A partir de observações no dia a dia, percebe-se que a forma como a

questão do lixo tem sido encarada já se tornou um problema cultural. Algumas

atitudes como não separar seletivamente o lixo em casa, despejar resíduos em

terrenos baldios ou simplesmente, jogar um papel no chão, são costumes arraigados

no comportamento geral da população. Não basta dizer às pessoas que elas não

devem ou não podem jogar lixo na rua, é necessário mudar seus valores sobre o

que é bom ou ruim para a sua própria vida e para a vida do planeta. É cada vez mais

urgente que se desenvolvam ações a favor do meio ambiente. Uma das maneiras de

atingir o maior número de pessoas, de forma permanente, é a partir da mudança no

seu modo de pensar e agir, através de uma educação continuada.

A Educação Ambiental assume um papel relevante na mudança dessa

realidade, pois propicia ao aluno a construção de valores voltados para uma atuação

responsável no ambiente em que vive. Muitos alunos assumem com facilidade um

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discurso de conservação do meio ambiente sem que isso os leve a mudanças

comportamentais.

Para tanto, o projeto previu um conjunto de estratégias envolvendo

pesquisa e ação, com o objetivo geral de levar cada aluno a refletir e avaliar suas

atitudes frente ao desperdício e a discutir formas que diminuam a quantidade de lixo

produzida diariamente na cidade, aplicáveis na organização de seu contexto

doméstico. Além de tornar cidadãos conscientes e, consequentemente, futuros

multiplicadores em educação ambiental.

Dessa maneira, tem-se como objetivos específicos: discutir formas de

diminuir a quantidade de lixo produzida diariamente na cidade, aplicáveis à

organização da vida doméstica do aluno; informa-los sobre as consequências

decorrentes do lixo gerado nas cidades, principalmente o lixo orgânico; reconhecer

que muitas categorias de lixo podem ser reutilizadas e/ou recicladas; incentivar os

alunos a reciclarem os resíduos orgânicos produzidos na cantina da escola e em

suas próprias casas, através da compostagem; travar contato com outras realidades

sociais, evidenciando e valorizando o trabalho dos coletores de material reciclado;

contribuir para a formação de cidadãos multiplicadores na busca coletiva por

soluções mais adequadas para os problemas ambientais locais.

Fica evidente a importância de sensibilizar as pessoas para que ajam de

modo responsável e com consciência, conservando o ambiente saudável no

presente e para o futuro; para que saibam exigir e respeitar os direitos próprios e os

de toda a comunidade tanto local como internacional; e se modifiquem tanto

interiormente, quanto nas suas relações com o meio.

2. Desenvolvimento:

2.1 Fundamentação Teórica.

Chega-se aos dias de hoje com grande parte da população vivendo em

centros urbanos. A água limpa sai da torneira e a suja vai embora pelo ralo; o lixo

produzido diariamente é levado da frente das casas sem as pessoas terem a mínima

preocupação de saber qual o seu destino. Ou seja, a maioria não consegue

perceber a estreita relação com o ambiente e seu cotidiano. (Donela,1997).

Percebe-se que a interação entre os homens e o seu meio ultrapassou a questão da

simples sobrevivência. A sociedade hoje é induzida ao consumo. A cada dia

novidades entram pelas nossas portas por propagandas de várias formas, muitas

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vezes invasivas, que chegam normalmente sem termos real consciência disso.

Assim, para atender as necessidades humanas, tem-se um conjunto de atitudes

desequilibradas: retirar, consumir e descartar.

Os resíduos e efeitos deste consumo, por sua vez, têm provocado grandes

impactos sobre o ambiente em escala planetária. A questão do lixo está diretamente

ligada ao modelo de desenvolvimento econômico em que vive-se atualmente e

vinculada, sobretudo, ao incentivo ao desperdício. Segundo Marcovitch (2006), “os

relatórios da Onu sobre o meio ambiente, observam que os padrões de consumo do

mundo moderno estão acima das possibilidades de reposição da biosfera terrestre”.

Durante a Rio +20, o chefe do Programa das Nações Unidas para o meio ambiente,

Achim Steiner previu que: “se os governos não reverterem o processo de

degradação atual, precisarão administrar níveis sem precedentes de danos

ambientais no futuro” (Bulcão, Veja 06/06/2012).

Então, o desafio não é só assegurar o crescimento da população e melhorar

seu padrão de vida, como também de equilibrar sua relação com o ambiente.

Para Reigota (1994), o problema ambiental não está na quantidade de

pessoas existente no planeta e que precisam de recursos para se alimentar vestir,

morar, etc, mas sim no consumo excessivo e no desperdício com artigos inúteis

praticados por pequena parcela da população mundial. Além de se garantir a

preservação de outras espécies, o que deve ser priorizado são as relações

econômicas e culturais entre homem e natureza.

Nessa mesma linha de raciocínio, Guimarães (2007) afirma que “seria uma

maneira muito simplista pensar que os problemas ambientais decorrem da

superpopulação planetária tendo como solução o controle da natalidade. A realidade

traz vários fatos a serem contextualizados, entre os quais a questão da

desigualdade de consumo como um dos grandes fatores geradores de resíduos”.

Portanto, o lixo vem se tornando em todo o mundo um problema que não

para de crescer e que, cada vez mais, tem sido tema principal de debates, pedindo a

participação de todos na sua solução.

No Brasil, a produção de lixo cresce numa velocidade acelerada. Em 2010

esta produção chegou a cerca de 195 milhões de toneladas de resíduos sólidos por

dia. Destes, 6,5 milhões de toneladas não foram coletadas e acabaram em rios,

córregos e terrenos baldios. Do total de resíduos produzidos, 22,9 milhões de

toneladas/ano foram para lixões ou aterros controlados (que não tem tratamento de

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gases e chorume). Somente 10% foram para lixões controlados e somente 2%

reciclados (Brasil News, 2011). Sabe-se que o acúmulo do lixo em locais não

apropriados gera além do agravo da poluição, outras consequências drásticas, como

alagamentos e proliferação de insetos, roedores, vetores de doenças.

A população em geral constata, através de reportagens, revistas e outros,

que existem muitos especialistas pesquisando, estudando e trabalhando para tentar

resolver o grande problema que o lixo traz para o ambiente. No entanto a solução

depende mais do comportamento e da atitude de todos do que de um grupo de

estudiosos.

As três ações para o controle do lixo defendidas pelas organizações

ambientais, a política dos 3Rs: reduzir, reutilizar, reciclar, mostram que cada pessoa

tem um papel fundamental nas questões relacionadas ao lixo.

Conforme Cinquetti (2004), “somos uma geração consumista,

desencadeando ou não o desperdício e contribuindo cada vez mais para a

degradação do ambiente”. Contudo, ainda há pouca consciência da inter-relação

existente entre todas as atividades humanas e o meio ambiente devido à

insuficiência e à inexatidão de informações (Agenda 21).

Dias (2000), acredita que Educação Ambiental seja um processo onde as

pessoas apreendem como funciona o ambiente, como dependemos dele, como o

afetamos e como promovemos a sua sustentabilidade. Para Vasconcellos (1997), a

presença, em todas as práticas educativas, da reflexão sobre as relações dos seres

entre si, do ser humano com ele mesmo e do ser humano com seus semelhantes é

condição imprescindível para que a Educação Ambiental ocorra.

Considerando toda essa importância da temática ambiental e a visão

integrada do mundo, no tempo e no espaço, sobressaem-se as escolas, como

espaços privilegiados na implementação de atividades que propiciem essa reflexão,

pois isso necessita de atividades em sala de aula e atividades de campo, com ações

orientadas em projetos e em processos de participação que levem à autoconfiança,

a atitudes positivas e ao comprometimento pessoal com a proteção ambiental

implementados de modo interdisciplinar (DIAS, 1992). Ressaltado que as gerações

assim formadas, crescerão dentro de um novo modelo de educação, com nova visão

do que é o planeta Terra.

A postura ambiental, portanto, torna-se relevante para a sociedade,

considerando que o futuro da humanidade depende de sua interação com o meio. E,

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devido a gravidade da situação, faz-se necessária a implantação da educação

ambiental para as gerações em idade de formação de valores e atitudes, como

também para a população em geral. Isso não significa que a escola deva ser a única

responsável por trabalhar a educação ambiental, mas sim todos os setores da

sociedade, já que todos são responsáveis pelo impacto da ação humana no

ambiente (Guimarães, 2007).

Para tanto, o papel dos educadores é desenvolver o conhecimento e a

capacidade de julgamento consciente dos indivíduos que partilham a mesma

realidade (Segura, 2001). Segundo Tristão (2001), cabe aos professores, como

mediadores, reelaborar, ressignificar e repassar as informações, de modo que o

aluno as receba e incorpore o seu significado em sua prática cotidiana. Assim, a

perspectiva da educação ambiental não se restringe ao acúmulo de informações,

mas à busca de condições, por meio do acesso a diferentes visões de mundo, para

que os alunos tenham formação que os capacite a uma escolha consciente

(Manzochi, 1995).

Em suma, é imprescindível um trabalho persistente e continuado quando se

trata de educação ambiental; o que envolve mudanças de valores e postura,

começando pelo desenvolvimento de hábitos simples, tais como, jogar o lixo no

cesto e não nos rios, evitar desperdício de merenda, utilizar materiais de forma

racional, entre outros.

2.2 Metodologia.

O Projeto de Intervenção Pedagógica foi aplicado no primeiro semestre de

2013, com um grupo de 20 alunos do 6° e 7º anos do ensino fundamental da Escola

Estadual Medalha Milagrosa. Todo o trabalho transcorreu de acordo com uma

sequência, constando de oito encontros de quatro horas no contra turno,

previamente organizados e totalizando trinta e duas horas de projeto.

Inicialmente a proposta foi apresentada à equipe pedagógica e à direção da

escola; posteriormente, durante a semana pedagógica, aos professores e

funcionários. Aos alunos, a divulgação ocorreu nas salas de aula, relatando os

objetivos e atividades a serem desenvolvidas. A aceitação foi grande, por parte de

todos, por se tratar de um assunto atual e de relevância.

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Assim, as atividades iniciaram, no primeiro encontro com um jogo de

perguntas e respostas, de maneira informal, sobre o que os alunos entendiam por

lixo e se todo material que jogamos fora realmente é dispensável.

As respostas foram exploradas de forma que puderam construir um conceito

próprio e formal sobre o lixo, uma definição a partir das ideias compartilhadas,

proporcionando uma evolução conceitual sobre o tema. Após, cada aluno escreveu

uma lista de coisas que considerava como lixo e em grupos, analisaram-nas,

destacando as semelhanças. Dessa maneira, perceberam que havia um conjunto de

itens que todos identificaram como “lixo” (papel de bala, casca de ovos, jornal velho,

lata ou garrafa de refrigerante, entre outros). Discutiu-se então as implicações

ambientais desses materiais, tais como: o que podemos reaproveitar, transformar,

reciclar, perceberam que adquirimos muitas coisas devido ao consumismo e

debateu-se também meios de contribuir e cuidar do ambiente. Todas as conclusões

foram anotadas em forma de produção textual. Ao final, foi proposta uma atividade

de pesquisa sobre como era o lixo há 50 anos atrás para ser discutida no encontro

seguinte.

Durante o segundo encontro, analisou-se os dados pesquisados sobre a

composição e o destino do lixo há 50 anos, onde constataram a diferença quali e

quantitativa do material produzido no passado, comparando com os dados atuais.

Assim, percebeu-se que o consumismo é o maior fator responsável pelo

aumento da produção de lixo no planeta. Nesta sequência, com uma apresentação

no power point, mostrou-se aos alunos para onde o lixo é levado: aterros

controlados, aterros sanitários, lixões, incineradores. Desta forma, conheceram qual

o destino dado aos resíduos sólidos descartados todos os dias nas cidades do

mundo inteiro, inclusive na nossa cidade.

Ao término desse encontro, foi proposta uma nova atividade: a coleta

seletiva do lixo de suas casas no período de 48 horas, separando-os em categorias

(vidro, papel, metal, plástico, orgânico e outros)

No terceiro encontro, os alunos foram organizados em grupos e analisaram

os resultados que obtiveram durante a coleta seletiva feita em casa. Cada grupo

anotou os dados de seus integrantes numa tabela, onde descobriu-se qual a

quantidade de lixo produzida em cada casa e a categoria predominante. Através de

cálculos matemáticos, obtiveram o valor estimado de lixo produzido por cada aluno

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e, posteriormente com o número de habitantes da cidade, a quantidade total de lixo

produzido diariamente. Com os resultados obtidos, foram construídos cartazes

afixados em vários locais da escola: no pátio coberto, na sala de refeição e nos

corredores. As informações contidas nesses cartazes mostravam as consequências

da produção de, tempo de decomposição de resíduos, atitudes para diminuir a

produção de lixo e evitar o desperdício, além de dados sobre a produção diária de

resíduos na cidade e no mundo.

Para o quarto encontro estava prevista uma visita a ONG de catadores de

material reciclável. Mas, devido à falta de transporte para o dia agendado da visita,

não foi realizada. Como alternativa, os alunos assistiram ao excelente documentário

“Lixo extraordinário”, que aborda o importante trabalho dos catadores de lixo,

representantes de um segmento marginalizado da população, sobrevivendo da

venda desse material rejeitado pela sociedade. Catar o lixo, além de ser uma

alternativa de renda, também é uma prestação de serviço em benefício ao meio

ambiente.

Através da reciclagem é possível o reprocessamento de materiais

permitindo novamente sua utilização: “... reciclar é ‘ressuscitar’ materiais, permitir

que outra vez sejam reaproveitáveis” (Calderini, 2003).

Após, realizou-se um debate com os alunos, manifestando suas impressões

sobre o filme: a importância do trabalho dos catadores, como responsáveis por

praticamente todo material reciclado nas indústrias brasileiras. Mesmo com todas as

dificuldades desse trabalho, sem apoio do poder público e com o preconceito da

sociedade, esses trabalhadores informais, conseguem sobreviver e ao mesmo

tempo cuidar do ambiente, ou seja, da nossa "casa" comum: a Terra. Comentou-se

também sobre a maneira como o lixo chega até o aterro e o trabalho árduo que os

catadores tem para separar todo o material. Ao cidadão comum, o problema do lixo

só aparece quando há interrupção na coleta e os lixeiros deixam de passar na sua

porta. Percebeu-se que, mesmo quando o lixo é recolhido pelos lixeiros, ele não

desaparece, apenas é transferido de lugar. E é preciso muito cuidado para que ele

não cause os problemas que estava provocando na porta de sua casa em outro

lugar, logo, as mudanças de atitudes são cada vez mais necessárias.

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No quinto encontro, os alunos tiveram contato com a técnica de

compostagem. A apresentação foi em Power Point, onde trabalhou-se com dados

como: a quantidade de lixo orgânico produzido no Brasil diariamente, o que significa

compostagem, que resíduos podemos usar, as etapas e vantagens do processo.

Após essa apresentação, descemos até a horta da escola para reconhecer o espaço

que seria usado para a compostagem e esclareceu-se dúvidas quanto ao uso dessa

técnica, nas casas dos alunos.

Durante o sexto encontro, preparou-se a horta suspensa e a composteira de

recipiente, cada aluno recebeu uma mini apostila explicativa sobre todo o

procedimento. A horta suspensa foi levada para casa e, posteriormente, trouxeram

fotos para mostrar o desenvolvimento das plantas cultivadas. Na composteira,

usamos a matéria orgânica produzida na cantina da escola durante o dia. Os alunos

discutiram sobre os benefícios dessa técnica e perceberam a quantidade de lixo

orgânico gerado na cozinha da escola. Deram sugestões às merendeiras de como

separar adequadamente o lixo e quais materiais vão para a compostagem (comida

cozida e temperada, deve estar separada de cascas de vegetais e frutas).

Para o sétimo encontro, assistiu-se ao vídeo curto, claro e objetivo,

chamado “Lixo: moradores de um bairro no Japão são exemplos de como cuidar

bem dos resíduos”. Até este momento, os alunos já haviam tido contato com muitos

assuntos relacionados ao meio ambiente e perceberam o quão importante é cada

um fazer a sua parte, segundo Marcos Reigota (1994) “é o agir localmente pensando

globalmente”. Durante a discussão do documentário os alunos expuseram o que

mais lhes chamou atenção como: cenas e situações. Identificaram atitudes que

contribuem para a melhoria da qualidade de vida, refletiram sobre como a educação

é relevante em todo o processo trabalhado até o momento. Posteriormente às

discussões, os alunos construíram um painel com materiais encontrados no

almoxarifado da escola, e que não eram mais utilizados, aproveitando a noção de

reutilização. Neste painel expusemos as atividades realizadas, dados coletados,

textos com as conclusões das discussões, resenha do vídeo assistido, de modo a

divulgá-los para toda a comunidade escolar. O painel permaneceu no pátio coberto

da escola.

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O oitavo e último encontro constou de uma exposição dos materiais

produzidos durante o desenvolvimento do projeto, os alunos envolvidos se tornaram

multiplicadores do conhecimento que adquiriram, repassando todas as informações

conhecidas para o restante da escola. Formaram grupos, responsáveis por

apresentar resumidamente o que foi desenvolvido nos encontros anteriores;

organizaram os painéis, composteiras, materiais reutilizáveis, hortas suspensas,

fotos e convidaram toda a comunidade escolar para a visitação.

3. Considerações Finais.

Com a realização das atividades propostas no projeto, os alunos da Escola

Estadual Medalha Milagrosa, obtiveram melhor entendimento de conceitos

relacionados ao consumo consciente, à geração de resíduos, o correto descarte

desse material, o desenvolvimento sustentável e os principais fatores responsáveis

pela crise socioambiental, tão enfatizada na atualidade.

Frequentemente em nossas vidas nos deparamos com situações

assustadoras relacionadas a questões ambientais, o lixo seria uma delas. Há

tempos vimos discutindo e promovendo entre os alunos e sociedade ações para

conscientização quanto ao destino e separação do lixo. Nesta sentido, o projeto

proporcionou aos participantes, maior envolvimento, ampliando seu

conhecimento, destacando novas formas de agir para aprimorar ações a fim de

mobilizar a sociedade e conquistar novos colaboradores.

A Educação Ambiental é importante em diferentes segmentos da sociedade

pois, quanto maior o número de pessoas envolvidas mais se intensificam as atitudes

contrárias a degradação e extinção da vida no planeta. Com este propósito, as

atividades desenvolvidas com os alunos, trouxeram melhorias para toda a

comunidade escolar, principalmente no correto acondicionamento dos resíduos,

buscando-se a redução dos mesmos. Durante todo o processo de implementação

do projeto na escola, discutimos bastante sobre a Educação Ambiental, sua

importância na escola e o papel do professor e dos alunos nesse contexto. Citamos

várias vezes que precisamos de uma mudança de comportamento e creio que essa

mudança acontece a partir do "exemplo". Muitas vezes trabalhamos a noção de

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meio ambiente e de lixo, mostrando principalmente o que está errado, o que não

deixa de ser importante. Porém, mostrar o lado positivo, com exemplos a serem

seguidos, a importância da educação colaborando na resolução desse problema,

talvez seja um caminho mais eficaz. Esse momento foi idealizado com om auxílio de

vídeos demonstrando o papel da civilidade como meio transformador.

A questão do consumismo também foi abordada, através de pesquisas de

dados, vídeos e discussões, com muitas contribuições valiosas. Vivemos em uma

sociedade consumista que exibe muitas vezes um comportamento compulsivo,

irresponsável e irracional. Infelizmente, o consumismo move o mundo, em tempos

de globalização política e econômica, tudo é reduzido a produto: animal, vegetal,

intelectual, industrial.

A importância da política dos 3 “Res” foi enfatizada, justificando-se que além

da reciclagem, o mais importante é reduzirmos a quantidade de lixo, reutilizarmos e

finalmente separarmos o lixo em casa destinando-o à reciclagem. A escola é de

longe, o lugar mais adequado para a inserção das práticas educacionais inerentes à

conservação do ambiente, porque possui uma grande força de influência e

transformação de conceitos e valores da comunidade em que está inserida, mas não

é o único. Os alunos perceberam que precisam continuar a praticar os conceitos

assimilados durante o projeto, em suas casas. O trabalho permitiu reflexões sobre o

papel dos alunos, como cidadãos em relação ao meio, desencadeando posturas e

atuações mediante as dificuldades socioambientais. Criamos na escola um grupo de

multiplicadores na busca coletiva por soluções mais adequadas para os problemas

ambientais locais.

Através deste trabalho, pode-se concluir que, as estratégias usadas,

levaram os alunos as refletir sobre suas atitudes, criando um ambiente de debate e

discussão sobre os problemas que acontecem na escola, nas suas casas e

consequentemente na cidade. É direito de todo cidadão ter um ambiente sadio, e um

dever de todos conservá-lo. Isso mostra que ainda temos um grande trabalho pela

frente, pois a Educação Ambiental só é eficaz quando os alunos se tornam capazes

de empregar os conhecimentos adquiridos dentro da sala de aula para resolver

questões que surgirão no seu dia-a-dia.

O ser humano é aquilo que ele vivencia. Os frutos que tivemos foram e são

colhidos dentro e fora da escola, com as ações dos alunos. Não ações induzidas,

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que surgiram de valores adquiridos com este trabalho. Esse foi o nosso maior

resultado.

4. Referências

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meio ambiente e desenvolvimento. Brasília: Subsecretaria de Edições Técnicas.

2003. 3.ed.

CINQUETTI, Heloísa Sisla. “Lixo, resíduos sólidos e reciclagem: uma análise

comparativa de recursos didáticos”. Educar, Curitiba, n. 23, 2004. p. 307-333.

DIAS, G. F. Educação e Gestão Ambiental. São Paulo: Gaia, 2006.

DONELLA, M. Conceitos para se fazer Educação Ambiental - Secretaria do

Meio Ambiente, 1997.

FELIX, Rozeli Aparecida Zanon. “Coleta seletiva em ambiente

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v. 18 jan. - jun. 2007, p. 56-71.

FRITJOF Capra, Michael K. Stone e Zenóbia Barlow, Alfabetização

ecológica: a educação das crianças para um mundo sustentável - São Paulo:

Cultrix, 2006.

GUIMARÃES, Mauro. A dimensão ambiental na educação. Campinas, SP;

Papirus, 1995, - (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico) 8 ed.,

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JARDIM, N. S.; WELLS, C. (Org.). Lixo Municipal: Manual de

Gerenciamento integrado. São Paulo: IPT: CEMPRE, 1995. (p.23)

MARCOVITCH, Jacques. Para mudar o futuro: mudanças climáticas,

políticas públicas e estratégias empresariais – São Paulo, Editora da

Universidade de São Paulo: Editora saraiva 2006.

REIGOTA, Marcos – O que é Educação Ambiental. São Paulo: Brasiliense,

1994.

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TRISTÃO, Martha. As dimensões e os desafios da Educação Ambiental na

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BULCÃO, Luís. Relatório da ONU afirma que o mundo segue um "caminho

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<http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/o-mundo-segue-por-caminho-insustentavel

aponta-relatorio-do-pnuma >. Acesso em: 10 jun. 2012.

5. Anexos:

Tabela 1: Pesquisa de dados sobre a quantidade de lixo coletada nas casas dos alunos.

Aluno Plástico Metal Vidro Papel Orgânico Outros TOTAL

Casa 1

Casa 2

Casa 3

Casa 4

Casa 5

Média

Fonte: Daniela 2013

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Tabela 2: Quantidade de lixo produzida por pessoa, por dia.

Quantidade de lixo diária (g)

Número de moradores da casa

Quantidade de lixo por pessoa (g)

Casa 1

Casa 2

Casa 3

Casa 4

Casa 5

Fonte: Daniela 2013

Figura 1 - 1º Encontro: Discussões sobre o conceito “Lixo”.

Fonte: Daniela 2013

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Figura 2 – 3º Encontro: Análise dos dados e produção textual.

Fonte: Daniela, 2013

Figura 3 – 4º Encontro: Apresentação do documentário “Lixo Extraordinário”.

Fonte: Daniela 2013

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Figura 4 – 6º Encontro: Confecção da Horta Suspensa e da Composteira de recipiente.

Fonte: Daniela 2013

Figura 5 – 8º Encontro: Exposição de Materiais

Fonte: Daniela 2013

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Figura 6 – 8º Encontro: Exposição de Materiais

Fonte: Daniela, 2013

Figura 7 – 8º Encontro: Exposição de Materiais

Fonte: Daniela, 2013

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