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Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265 CAROLINA DE LIMA LOPES ESTUDO SOBRE A EFICÁCIA DA ELETROESTIMULAÇÃO NEUROMUSCULAR DE MÉDIA FREQÜÊNCIA NA HIPOTROFIA MUSCULAR GLÚTEA EM MULHERES JOVENS CASCAVEL 2004

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Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265

CAROLINA DE LIMA LOPES

ESTUDO SOBRE A EFICÁCIA DA

ELETROESTIMULAÇÃO NEUROMUSCULAR DE MÉDIA

FREQÜÊNCIA NA HIPOTROFIA MUSCULAR GLÚTEA EM

MULHERES JOVENS

CASCAVEL

2004

Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265

CAROLINA DE LIMA LOPES

ESTUDO SOBRE A EFICÁCIA DA

ELETROESTIMULAÇÃO NEUROMUSCULAR DE MÉDIA

FREQÜÊNCIA NA HIPOTROFIA MUSCULAR GLÚTEA EM

MULHERES JOVENS

Trabalho de conclusão do Curso de Fisioterapia do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Estadual do Oeste do Paraná- campus Cascavel. Orientadora: Juliana Cristina Frare.

CASCAVEL

2004

Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265

TERMO DE APROVAÇÃO

CAROLINA DE LIMA LOPES

ESTUDO SOBRE A EFICÁCIA DA

ELETROESTIMULAÇÃO NEUROMUSCULAR DE MÉDIA

FREQÜÊNCIA NA HIPOTROFIA MUSCULAR GLÚTEA EM

MULHERES JOVENS

Trabalho de conclusão do curso aprovado como requisito parcial para

obtenção do título de graduado em Fisioterapia, na Universidade Estadual do

Oeste do Paraná.

_________________________________

Orientador: Prof. Juliana Cristina Frare

Colegiado de Fisioterapia- Unioeste

_________________________________

Prof. Ms. Celeide Pinto Aguiar Peres

Colegiado de Fisioterapia- Unioeste

_________________________________

Prof.Graciana Lúcia Grespan

Colegiado de Fisioterapia- Unioeste

Cascavel, 11 de fevereiro de 2004

Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a algumas pessoas muito especiais em minha vida. Que na

renúncia sempre teceram gestos de ternura e amor. Que estiveram presentes em

meus pensamentos incessantemente, sempre me orientando e me ajudando a ser

uma pessoa melhor. Aos quais amo sem restrição.

A vocês meus queridos: Joelcio Lopes, Aparecida Gomes, Allan Lopes e Márcio

Puertas.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a ti SENHOR pela proteção e amor, sou grata por tua presença que

me conduz firme, não vacilante. Concedei-me a serenidade necessária para aceitar

as coisas que não posso mudar, coragem para mudar aquelas que posso e

sabedoria para distinguir uma das outras.

Aos meus pais queridos que das tuas lutas, vitórias e derrotas, tirei meu

exemplo. Das tuas lágrimas e sorriso, o meu estímulo. Do teu amor, que nada me

pede em troca, me fiz mais humana para glorificar a vida. A vocês que sabem do vai

e vem dos dias, que se doaram inteiros e renunciaram aos seus sonhos tantas

vezes, para que pudesse realizar os meus, não bastaria um muitíssimo obrigado.

Meu agradecimento sincero a professora Juliana Cristina Frare que me

mostrou com sabedoria que “ser mestre não é apenas lecionar, ensinar. Não

é apenas transmitir o conteúdo programático. Ser mestre é ser orientador e

amigo, guia e companheiro, é caminhar com o aluno passo a passo. É

transmitir a este os segredos da caminhada”.

Agradeço as queridas amigas que me auxiliaram na realização desse

projeto, cedendo um pouquinho de seu tempo, de sua dedicação e do seu

carinho.

A todos, meu muito obrigada.

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RESUMO

A estimulação elétrica neuromuscular (EENM) é um recurso freqüentemente

utilizado visando aumento da força e hipertrofia muscular. O protocolo e a

técnica de aplicação são importantes fatores para que resultados efetivos

sejam alcançados. Este estudo teve como objetivo principal verificar a

eficácia de um protocolo de EENM de média freqüência (2500Hz modulada

em 50Hz) sobre a musculatura glútea de mulheres jovens e saudáveis. O

estudo constou de 10 participantes, com média de idade de 22 anos,

divididos aleatoriamente em dois grupos: o grupo I, no qual foi aplicada a

técnica de EENM e o grupo II, utilizado como grupo controle. Foram

realizadas 20 aplicações num período de 7 semanas. Os participantes foram

avaliados na 1ª e 20ª sessão, onde foram coletados dados referentes a

hipertrofia glútea (perimetria), força muscular e porcentagem de massa

corpórea (bioimpedância). Ao final do trabalho observou-se redução da

porcentagem de gordura corporal com concomitante aumento da

porcentagem de massa magra (p < 0,05) no grupo submetido a EENM, o que

mostra como favorável a utilização da eletroestimulação para manutenção da

qualidade e ganho de massa muscular. A perimetria não apresentou

diferença significativa após o tratamento.

Palavras chave: Eletroestimulação, média freqüência, bioimpedância, perimetria, força muscular

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SUMÁRIO

RESUMO..................................................................................................................................iii LISTA DE ILUSTRAÇÕES...........................................................................................v 1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................1 2 REVISÃO DE LITERATURA..............................................................................................4 2.1 SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO...........................................................................4 2.1.1 FUNDAMENTOS GERAIS ..........................................................................................4 2.1.1.1 Estrutura do Músculo Esquético...............................................................................5 2.1.1.1.1 Fibra Muscular .........................................................................................................6 2.1.1.1.2 Miofibrilas..................................................................................................................8 2.1.1.1.2.1 FIlamentos de actina ...........................................................................................8 2.1.1.1.2.2 Filamentos de miosina .......................................................................................9 2.1.1.2 Funcionamento da estrutura esquelética ............................................................ 10 2.1.1.2.1 Unidade motora .................................................................................................... 11 2.2 CONTRAÇÀO MUSCULAR ........................................................................................ 13 2.3 TIPOS DE FIBRAS MUSCULARES............................................................................ 16 2.3.1 FIBRAS DO TIPO I..................................................................................................... 17 2.3.2 FIBRAS DO TIPO II .................................................................................................... 17 2.3.3 CARACTERISTICAS GERAIS DAS FIBRAS......................................................... 18 2.4 TIPOS DE AÇÃO MUSCULAR.................................................................................... 20 2.4.1 TRABALHO ISOMÉTRICO ....................................................................................... 20 2.4.2 TRABALHO DE FORÇA............................................................................................ 21 2.4.2.1 Formas de força ....................................................................................................... 22 2.5 REMODELAMENTO MUSCULAR.............................................................................. 24 2.5.1 FATORES NEURAIS .................................................................................................. 24 2.5.2 HIPERTROFIA MUSCULAR..................................................................................... 25 2.5.2.1 Teorias sobre o processo de hipertrofia .............................................................. 26 2.2.2.2 Pontos positivos ....................................................................................................... 28 2.5.3 HIPERPLASIA ............................................................................................................. 28 2.6 CORRENTES ELÉTRICAS .......................................................................................... 30 2.6.1 ASPECTOS FÍSICOS DAS CORRENTES ELÉTRICAS...................................... 30 2.6.2 TIPOS DE CORRENTE IDEAL ................................................................................ 30 2.6.2.1 Ativação com a eletroestimulação ........................................................................ 31 2.6.2.2 Treinamento com a eletroestimulação ................................................................ 32 2.6.3 FREQUÊNCIA DA CORRENTE ............................................................................... 33 2.6.4 AS MODULAÇÕES .................................................................................................... 34 2.6.5 FÓRMULA FUNDAMENTAL..................................................................................... 35 2.7 ELETROTERAPIA CLÍNICA......................................................................................... 36 2.7.1 PRECAUÇÕES ........................................................................................................... 37 2.7.2 CONTRA-INDICAÇÕES............................................................................................ 37 2.7.3. PARÂMETROS MANIPULÁVEIS............................................................................ 37 2.7.3.1 As formas de onda .................................................................................................. 37 2.7.3.2 Amplitude da Corrente ............................................................................................ 39 2.7.3.3 Duração do pulso..................................................................................................... 41 2.7.3.4Frequência dos pulsos.....................................................................42 2.7.3.5 Efeito Gildemeister e Inibição Wedensky.........................................44 2.7.3.6 Modo de estimulação .............................................................................................. 45

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2.7.3.6.1Controle dos ciclos ............................................................................................... 46 2.7.3.6.2 Controle das rampas............................................................................................ 47 2.7.3.7 Eletrodos e seleção dos sítios de locação ......................................................... 48 2.7.3.7.1 Tipos de eletrodos................................................................................................ 48 2.7.3.7.2 Ponto motor ........................................................................................................... 49 2.7.3.7.2.1 Estratégia para locação dos eletrodos .......................................................... 50 2.7.3.7.2.2 Preparação da pele .......................................................................................... 51 2.7.3.8 Protocolos de estimulação ..................................................................................... 52 2.7.3.9 Corrente Russa ........................................................................................................ 53 2.8 FLACIDEZ MUSCULAR................................................................................................ 56 2.9 COMPOSIÇÃO CORPORAL........................................................................................ 58 2.9.1 MÉTODO DE BIOIMPEDÂNCIA .............................................................................. 58 2.9.2 PRESSUPOSTOS E PRINCÍPIOS....................................................................60 2.9.2.1Pressupostos ............................................................................................................. 60 2.9.2.2 Princípios........................................................................................61 2.9.3 APLICAÇÃO DO MÉTODO.................................................................61 2.9.4 FONTES DE ERRO.................................................................................................... 61 2.9.5 INSTRUMENTAÇÃO ................................................................................................. 62 2.9.6 FATORES INDIVIDUAIS ........................................................................................... 62 2.9.7 HABILIDADE DO EXAMINADOR ............................................................................ 63 2.9.8 FATORES AMBIENTAIS ........................................................................................... 64 2.9.9 EQUAÇÕES DE PREDIÇÃO.................................................................................... 64 3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 66 3.1 GRUPO I.......................................................................................................................... 69 3.2 GRUPO II......................................................................................................................... 70 4 RESULTADOS .................................................................................................................. 71 5 DISCUSSÃO...................................................................................................................... 77 6 CONCLUSÃO.................................................................................................................... 84 REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 86 ANEXOS ................................................................................................................................ 92

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

TABELA 1- Resultados do grupo de acadêmicos submetidos à técnica de EENM,

mensurados através da bioimpedância, perimetria e força muscular na primeira e na vigésima sessão de tratamento ................................................................................ 72

TABELA 2- Resultados do grupo de acadêmicos, mensurados através da bioimpedância, perimetria e força muscular na primeira e na vigésima sessão de tratamento .......................................................................................................................... 73

GRÁFICO 1- RESULTADOS INDIVIDUAIS DA PERIMETRIA NA 1a e 20a TERAPIAS............................................................................................................................................. 73

GRÁFICO 2- RESULTADOS INDIVIDUAIS DA PERIMETRIA NA 1a e

20aTERAPIAS......................................................................................... ...74

GRÁFICO 3- RESULTADOS INDIVIDUAIS DA PORCENTAGEM DE GORDURA CORPORAL NA 1a e 20a TERAPIAS................................................................................ 74

GRÁFICO 4- RESULTADOS INDIVIDUAIS DA PORCENTAGEM DE GORDURA CORPORAL NA 1a e 20a TERAPIAS................................................................................ 75

GRÁFICO 5- RESULTADOS INDIVIDUAIS DA PORCENTAGEM DE MASSA

MAGRA NA 1a e 20a TERAPIAS..................................................................75

GRÁFICO 6- RESULTADOS INDIVIDUAIS DA PORCENTAGEM DE MASSA

MAGRA NA 1a e 20a TERAPIAS..................................................................76

GRÁFICO 7- MÉDIA DOS RESULTADOS DOS GRUPOS 1 E GRUPO 2

AVALIADOS NA 1 a e 20a TERAPIAS...........................................................76

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1 INTRODUÇÃO

A fisioterapia é uma ciência cujo principal objeto de estudo é o

movimento humano. Para isto, usa recursos próprios, físicos ou naturais,

objetivando promover, aperfeiçoar ou adaptar as capacidades iniciais de cada

indivíduo (OLIVEIRA, 2002).

Os programas de fortalecimento muscular são procedimentos

importantes e muito utilizados na clínica fisioterapêutica. Estes surgem da

necessidade de se restabelecer às funções normais de um músculo quando

este apresenta sua força diminuída (GUIRRO, 2002).

A estimulação elétrica para ativação do músculo esquelético é uma

técnica terapêutica que tem sido utilizada na medicina física por mais de

meio século. No início dos anos 60 o uso da estimulação elétrica direcionou-

se, principalmente, para o controle da atrofia musculoesquelética por

denervação. Foi por muito tempo utilizada como uma terapia complementar

para ajudar na reeducação de músculos (DELITTO, 2002; MACKLER, 2001).

Eletroestimulação neuromuscular (EENM) significa a aplicação de

uma corrente elétrica terapêutica sobre o tecido muscular; através do sistema

nervoso periférico íntegro induzindo a uma contração muscular

(BRASILEIRO, 2002). Visa o fortalecimento muscular (ganho de torque

isométrico), a hipertrofia e o treinamento muscular (JARUSSI, 2001;

OLIVEIRA, 2002).

Um interesse renovado nos efeitos da estimulação nervosa e,

normalmente, da musculatura inervada (EENM), gradualmente, desenvolveu-

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se com o ressurgimento da estimulação elétrica no controle da dor e com o

desenvolvimento de novos e mais sofisticados tipos de estimulador

(MACKLER, 2001; KLD, 2003).

A centelha que despertou esse grande interesse na EENM surgiu no

ano de 1977. O pesquisador russo Yakov Kots (Universidade de Montreal),

que desenvolveu a técnica da estimulação, relatou que a EENM produziria

ganhos de força muscular, incrementando aos exercícios voluntários

(DELITTO, 2002). Esses incrementos acentuados de força adquiridos pela

elicitação de contrações musculares foram 10 a 30% maiores que aqueles

conseguidos pela contração muscular voluntária máxima (MACKLER, 2001;

KLD, 2003).

No Brasil, de acordo com Ayres, a estimulação elétrica foi introduzida

por um grupo de eslovenos em 1989 (OLIVEIRA, 2002).

Particularmente nas últimas duas décadas, houve uma grande

expansão da EENM na fisioterapia, motivada basicamente por dois fatores: a

popularização dos aparelhos eletroterápicos e sua aplicação em músculos

inervados (BRASILEIRO, 2002).

A partir dos meados da década de 90 observou-se uma grande

divulgação da Corrente Russa, principalmente com finalidades estéticas para

tratamento da flacidez muscular e para se produzir uma hipertrofia muscular

(LEME, 2003; ALVES 2003; GUIRRO, 2002). A gordura localizada e a

flacidez muscular são as principais problemáticas que afligem a população

atualmente, principalmente o público feminino, o que leva ao grande aumento

na procura por tratamentos proporcionados pela fisioterapia dermato

funcional (JARUSSI, 2001).

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A EENM é um importante complemento para inúmeros programas de

tratamento utilizados pela fisioterapia. Diferentes protocolos de EENM

também podem interferir nos resultados obtidos nesse processo (NUNES,

2000).

Frente a crescente necessidade de melhora do sistema muscular bem

como do aspecto estético da região glútea e buscando a implementação de

novas técnicas terapêuticas, identificou-se à necessidade da realização

dessa pesquisa. Objetivando verificar os efeitos proporcionados pela

estimulação elétrica neuromuscular na musculatura da região glútea.

Além disso, a pesquisa visa ainda potencializar uma melhor

performance da força muscular glútea e possivelmente proporcionar a

manutenção da qualidade e quantidade do tecido muscular com a EENM de

média freqüência (SIVINI e LUCENA, 1999).

Para viabilizar esta técnica, optou-se pelo uso da eletroestimulação

através da Corrente Russa, por ser esta uma corrente de média freqüência e

que, segundo SIVINI e LUCENA (1999), causaria menor desconforto aos

voluntários submetidos ao tratamento, com uma melhor resposta muscular.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO

2.1.1 FUNDAMENTOS GERAIS SOBRE A ESTRUTURA, FUNCIONAMENTO

E METABOLISMO DA MUSCULATURA ESQUELÉTICA

Os tecidos musculares são responsáveis pelos movimentos corporais

(JUNQUEIRA E CARNEIRO, 2000).

Cerca de 40% a 50% do corpo são formados por músculos

esqueléticos (GUYTON e HALL, 2002). Tal músculo requer quase 50% do

metabolismo corporal (SALTER, 2001). Aproximadamente 75% do músculo

esquelético são representados por água e 20% por proteínas (McARDLE,

1998).

Os músculos esqueléticos (mais de 400 no corpo humano), são os

“motores vivos” que proporcionam movimento ativo para o esqueleto

articulado, assim como mantêm sua postura (SALTER, 2001).

Esse tipo de músculo é o mais abundante do organismo humano,

sendo formado por células cilíndricas longas e multinucleadas, com

estriações transversais, possuindo contração rápida e voluntária

(JUNQUEIRA E CARNEIRO, 2000). Em conseqüência transmitem seus

movimentos aos ossos, sobre os quais se inserem, formando o sistema

passivo do aparelho locomotor (SIQUEIRA, 2003; JUNQUEIRA E CARNEIRO,

2000).

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O fortalecimento é resultado de uma série de adaptações que ocorrem

no sistema neuromuscular e energético da musculatura esquelética. É

através do tecido conjuntivo que a contração muscular é transmitida a outras

estruturas como tendões aponeuroses, ligamentos e ossos (WEINECK,

2000).

A propriedade básica do músculo esquelético é a contratibilidade do

seu sarcoplasma, a qual possibilita a um determinado músculo tanto se

encurtar, e então proporcionar o movimento (contração isotônica), quanto

resistir ao alongamento sem permitir o movimento (contração isométrica), ou

permitir alongamento enquanto mantêm a tensão (contração excêntrica)

(SALTER, 2001).

2.1.1.1 Estrutura do Músculo Esquelético

O músculo esquelético é composto por vários tipos de tecidos. Entre

eles, as fibras musculares, o tecido nervoso, o sangue e os vários tipos de

tecido conjuntivo (POWERS e HOWLEY,2000).

Essas fibras longas, finas e multinucleadas ficam paralelas umas às

outras e a força de contração é dirigida ao longo do eixo longitudinal da fibra

(McARDLE, 1998). Na maioria dos músculos, as fibras se estendem por todo

o comprimento do músculo (GUYTON e HALL, 2002).

Dentre os tecidos conjuntivos encontra-se a fáscia, que tem como

função manter os músculos individuais no lugar e separados entre si. Além da

fáscia, considera-se mais três camadas de tecido conjuntivo no músculo

esquelético: perimísio, endomísio e epimísio (POWERS e HOWLEY, 2000).

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O perimísio, circunda um feixe de até 150 fibras denominadas

fascículos; seccionando o perimísio, observam-se as fibras musculares, que

são as células musculares individuais. Circundando todo o músculo existe

uma fáscia de tecido conjuntivo fibroso conhecida como epimísio. Cada fibra

muscular é envolta e separada das fibras vizinhas por uma delicada camada

de tecido conjuntivo que recebe a denominação de endomísio (McARDLE,

1998). E finalmente seccionando o perimísio , observam-se as fibras

musculares, que são as células musculares individuais. Cada fibra muscular

também é recoberta por uma bainha de tecido conjuntivo denominada

endomísio (WILMORE e COSTILL, 2001).

2.1.1.1.1 Fibra muscular

A fibra muscular individual tem formato de um cilindro fino e alongado,

que possui o comprimento do músculo, ao qual pertence, podendo chegar a

18 centímetros de comprimento e seu diâmetro variar de 50 a 100 ìm

(micromêtros). Essas fibras musculares, uma bem próxima da outra, compõe

o músculo esquelético (WEINECK, 2000). A quantidade de fibras em

diferentes músculos varia de dez mil a mais de um milhão (WILMORE e

COSTILL, 2001).

Ao observar cuidadosamente uma fibra muscular, verifica-se que ela é

envolta por uma membrana celular verdadeira (membrana plasmática), a qual

é denominada sarcolema (POWERS e HOWLEY, 2000; WILMORE e

COSTILL, 2001).

Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265

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O sarcolema é um revestimento externo, constituído por uma fina

camada de material polissacarídeo, que contém inúmeras e finas fibrilas

colágenas (GUYTON e HALL, 2002). Em cada extremidade da fibra muscular,

essa camada superficial do sarcolema, se funde com uma fibra tendinosa e

por sua vez as fibras tendinosas juntam-se em feixes para formar os tendões

dos músculos, que a seguir se inserem nos ossos (WILMORE e COSTILL,

2001; FOX E MATHEWS, 1983).

O interior da célula muscular é formado por um protoplasma

especializado denominado sarcoplasma (sarco significa “carne”). O

sarcoplasma é a parte líquida da fibra muscular (GUYTON e HALL, 2002;

WILMORE e COSTILL, 2001). É o local da obtenção de energia anaeróbia

(glicólise), da síntese do glicogênio (glicogênio representa a forma com que a

glicose fica armazenada dentro da célula), da degradação do glicogênio e da

síntese dos ácidos graxos (WEINECK, 2000). Também contém em seu

interior além do glicogênio, proteínas, minerais e gorduras dissolvidas

(WILMORE e COSTILL, 2001).

No sarcoplasma também está presente uma extensa rede de túbulos

transversos (Túbulos T), os quais são extensões do sarcolema (WILMORE e

COSTILL, 2001; FOX e MATHEWS, 1983).

Estes túbulos por sua vez, terminam em extremidades denominadas

vesículas externas ou cisternas localizadas no retículo sarcoplasmático (FOX

e MATHEWS, 1983). São interconectados quando passam entre as

miofibrilas, permitindo que os impulsos nervosos recebidos pelo sarcolema

sejam rapidamente transmitidos as miofibrilas (WILMORE e COSTILL, 2001).

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Uma rede longitudinal de túbulos, conhecida como retículo

sarcoplasmático, também é encontrada no interior da fibra muscular

(WILMORE e COSTILL, 2001). Esse retículo serve como local de

armazenamento de cálcio, que é essencial para a contração muscular

(GUYTON e HALL, 2002; WILMORE e COSTILL, 2001).

Em estudos, determinou-se que a fração volumétrica do sistema

reticular e dos túbulos T é de aproximadamente 5% do volume total de uma

fibra muscular. Com o treinamento de exercícios constantes, esse volume

aumenta, em média, em cerca de 12% (FOX e MATHEWS, 1983).

2.1.1.1.2 Miofibrilas

Cada fibra muscular é composta de várias unidades pequenas

denominadas miofibrilas, que estão agrupadas em feixes e seguem a

extensão da fibra muscular, ocupando a maior parte do seu volume (cerca de

85%) (WEINSTEIN e BUCKWALTER, 2000; McARDLE, 1998). Cada uma

dessas miofibrilas é composta por um filamento longo e fino de sarcômeros

ligados em série. Esses filamentos consistem principalmente de duas

proteínas: actina e miosina (McARDLE, 1998; GUYTON e HALL, 2002); que

são os elementos contráteis do músculo esquelético (WILMORE e COSTILL,

2001).

2.1.1.1.2.1 Filamentos de actina

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Segundo WEINECK (2000) e FOX e MATHEWS (1983), os filamentos

de actina são formados pela proteína muscular específica actina (forma a

estrutura de suporte do filamento), pela proteína reguladora “troponina”

(composta por sub-unidades I, C, T) e pela tropomiosina.

A tropomiosina é uma proteína em formato de tubo, longa e fina que

se retorce em torno dos filamentos de actina (WILMORE e COSTILL, 2001).

As extremidades da molécula de tropomiosina ficam engatadas nas

moléculas globulares de troponina (FOX e MATHEWS, 1983).

A troponina é uma proteína mais complexa que se fixa entre os

filamentos de actina e tropomiosina (WILMORE e COSTILL, 2001). A

tropomiosina e a troponina atuam em conjunto de maneira intrincada com os

íons de cálcio para manter o relaxamento ou iniciar a ação de contração

(GUYTON e HALL, 2002).

Cada molécula de actina possui um sítio de ligação ativo, que serve

como ponto de contato para com a cabeça da miosina (McARDLE, 1998).

2.1.1.1.2.2 Filamentos de miosina

Cerca de dois terços das proteínas totais do músculo esquelético

correspondem aos filamentos espessos de miosina. Cada molécula de

miosina é composta por dois filamentos protéicos retorcidos conjuntamente:

formando a cadeia pesada e a cadeia leve (WILMORE e COSTILL, 2001).

Uma extremidade de cada filamento é envolta numa cabeça globular

(cadeia pesada) denominada cabeça da miosina. Cada filamento contém

várias dessas cabeças, as quais formam protusões no filamento de miosina

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para formar as pontes cruzadas que interagem durante a ação muscular com

sítios ativos especializados sobre os filamentos de actina (WILMORE e

COSTILL, 2001; WEINECK, 2000). Essas projeções denominadas pontes

cruzadas, são importantes no processo de contração (FOX e MATHEWS,

1983; SCOTT, STEVENS e MAcLEOD, 2001).

2.1.1.2 Funcionamento da Estrutura Esquelética

Os filamentos de actina e miosina dispõem-se ordenadamente na fibra

muscular de forma paralela em faixas claras e escuras, provocando a

aparência estriada da musculatura esquelética (WEINECK, 2000; McARDLE,

1998). Estes dois filamentos estão contidos entre um par de linhas chamadas

l inha Z (WEINECK, 2000). A estrutura delimitada por cada par da linha Z

denomina-se sarcômero, sendo esta a unidade funcional da fibra muscular

(McARDLE, 1998).

Cada miofibrila é composta por numerosos sarcômeros, unidos pela

extremidade da linha Z. Cada sarcômero inclui o que é encontrado entre cada

par de linha Z, na seguinte seqüência: (1) banda I clara (designada “faixa I”)

indica a região do sarcômero onde existem apenas filamentos de actina; (2)

banda A escura (designada “faixa A”) contém tanto filamentos espessos de

miosina, quanto filamentos finos de actina; (3) zona H, porção central da

banda A, aparecendo somente quando o sarcômero se encontra relaxado (em

repouso); (4) banda A, constituída pelos filamentos de miosina e (5) segunda

banda I (POWERS e HOWLEY, 2000).

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2.1.1.2.1 Unidade motora

A maioria, se não todos os neurônios que inervam os músculos

esqueléticos são da classificação A alfa (á) (SMITH, WEISS e LEHMKUHL,

1997).

Todas as fibras musculares inervadas por uma só fibra nervosa

motora formam a chamada “unidade motora”. Cada fibra nervosa após

penetrar no ventre muscular, normalmente ramifica-se e estimula de três a

várias centenas de fibras musculares esqueléticas, sendo que, o fator

determinante da quantidade de fibras inervadas, deve-se exclusivamente ao

tipo de músculo em questão (SMITH, WEISS e LEHMKUHL, 1997). Músculos

grandes (como o glúteo), que não precisam de controle muito exato, podem

ter unidades motoras com várias centenas de fibras musculares (GUYTON e

HALL, 2002).

Como dá a entender, a quantidade de força que pode ser gerada pelo

sistema musculoesquelético, depende da integridade dos elementos

contráteis e não-contráteis (endomísio, epimísio e perimísio) das unidades

motoras (FRONTERA, 2001). Todas as fibras musculares inervadas pelo

mesmo nervo motor se contraem e relaxam ao mesmo tempo, funcionando

como uma unidade (SMITH, WEISS e LEHMKUHL, 1997; FOX e MATHEWS,

1983).

Conclui -se assim, que o fato do músculo contrair-se ou relaxar-se

depende do somatório de muitos impulsos recebidos pela Um em um

determinado momento. A unidade motora (UM) é ativada e as suas fibras

motoras somente se contraem quando os impulsos excitatórios aferentes

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ultrapassam os impulsos inibitórios e o limiar é atingido. Se a estimulação for

inferior a esse limiar, não ocorre a ação da fibra muscular (MELLEROVICZ e

MELLER, 1979).

Em outros termos, um estímulo mínimo produz contração de cada

fibra muscular exatamente como o faria um estímulo mais forte. Esse

fenômeno é conhecido como Lei do tudo ou nada (FOX e MATHEWS, 1983).

Já que um único neurônio inerva muitas fibras musculares na formação da

unidade motora, infere-se naturalmente que a unidade motora também

funcionará de acordo com a lei do tudo ou nada (WILMORE e COSTILL,

2001). Embora essa lei da fisiologia seja verdadeira para cada fibra muscular

e unidade motora, ela não se aplica ao músculo como um todo. Portanto, é

possível que o músculo exerça forças de intensidades gradativas, indo desde

uma contração quase imperceptível até o tipo mais vigoroso de contração

(FOX e MATHEWS, 1983).

Se os estímulos são repetidos regularmente com uma freqüência

suficientemente alta, a somação das freqüências contínua até ocorrer fusão

completa de cada movimento, resultando em uma contração. Nessas

condições, diz-se que a unidade motora se encontra em tetania (contrações

sucessivas rápidas, fundem se entre si), com a tensão sendo mantida num

alto nível, enquanto os estímulos continuam até surgir à fadiga (estágio onde

a força de contração atinge um máximo, de modo que qualquer aumento

adicional da freqüência não produz qualquer aumento da força contrátil) (FOX

e MATHEWS, 1983; GUYTON E HALL, 2002).

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2.2 TRANSMISSÃO DOS IMPULSOS DOS NERVOS PARA AS

FIBRAS MUSCULARES ESQUELÉTICAS - CONTRAÇÃO

MUSCULAR

Os eventos que desencadeiam a ação de uma fibra muscular são

complexos, sendo controlados e coordenados pelo cérebro (SIQUEIRA,

2003).

Para GUYTON E HALL (2002), cada fibra nervosa em geral ramifica-

se e estimula centenas de fibras musculares esqueléticas. A terminação

nervosa forma uma junção, chamada de placa motora ou junção

neuromuscular (é nessa junção que ocorre a comunicação entre o sistema

nervoso e muscular). O potencial de ação na fibra muscular se propaga nas

duas direções, dirigindo-se para as suas extremidades (WILMORE e

COSTILL, 2001).

Na ausência de cálcio livre (caracterizado como estado de repouso), a

troponina (presente no filamento de actina) inibe a ligação entre a ponte

cruzada dos filamentos de actina com os filamentos pesados da miosina

(WEINECK,2000; FOX e MATHEWS, 1983).

O processo é propriamente iniciado por um impulso motor originário

do cérebro ou da medula. Quando um impulso nervoso gera um potencial de

ação que alcança a junção neuromuscular, vesículas de acetilcolina (Acth)

(localizadas dentro do terminal axônico) são liberadas dos terminais para o

espaço sináptico (fenda sináptica) (POWERS e HOWLEY, 2000).

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A Acth se difunde pela fenda neuromuscular, para ligar-se aos sítios

receptores da placa motora muscular, inervada pela respectiva terminação

nervosa. Este por sua vez, irá excitar a fibra muscular (POWERS e HOWLEY,

2000).

Se uma quantidade suficiente de acetilcolina ligar-se aos receptores,

será transmitida uma carga elétrica em toda a extensão da fibra muscular,

resultando na abertura dos canais iônicos de sódio na membrana muscular

permitindo que o sódio entre. Esse processo caracteriza a despolarização da

membrana muscular, que acaba resultando na geração de um potencial de

ação. Essa fase é denominada de “Fase de Excitação-Junção” (WILMORE e

COSTILL, 2001).

Além da despolarização da membrana da fibra muscular, preconiza-se

que o impulso elétrico se propague através da fibra, promovendo a

despolarização do sistema de túbulos T, desencadeando a liberação de

cálcio pelas vesículas localizadas nos sacos laterais do retículo

sarcoplasmático (McARDLE, 1998). O cálcio liberado une-se aos filamentos

de tropononia - tropomiosina nos filamentos de actina. Isso elimina a inibição

que impedia que a actina se combinasse com a miosina para a formação da

ponte cruzada e iniciasse o processo da contração muscular (GUYTON e

HALL, 2002).

Essa fase de despolarização dos filamentos é denominada de “Fase

de Excitação-Junção” da teoria dos filamentos deslizantes (FOX e

MATHEWS, 1983; WILMORE e COSTILL, 2001).

A segunda fase do processo da ação muscular (denominada “Fase de

Contração”), inicia-se com a ativação de um componente enzimático do

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filamento de miosina (o miosina ATPase); havendo a liberação da energia

(ATP) armazenada na molécula de miosina. Essa energia liberada permite a

translocação da ponte cruzada para um novo ângulo. Conseqüentemente o

músculo passa a desenvolver tensão, resultando no encurtamento do

músculo (POWERS e HOWLEY, 2000; FOX e MATHEWS, 1983).

A enzima ATPase degrada novamente a ATP ligada à ponte cruzada

da miosina para que haja o reacoplamento a outro sítio ativo da molécula de

actina. Esse ciclo de contração pode ser repetido enquanto houver cálcio

livre e disponível para se ligar a troponina, e a possível degradação da ATP

para fornecer energia. (POWERS e HOWLEY, 2000).

O sinal para o término da ação muscular é a ausência do impulso

nervoso na junção neuromuscular (FOX e MATHEWS,1983). Quando isso

ocorre, o cálcio é então bombeado de volta para o retículo sarcoplasmático,

onde é armazenado até a chegada de um novo impulso à membrana da fibra

muscular (WILMORE e COSTILL, 2001). Quando o cálcio é removido, a

troponina e a tropomiosina são desativadas, bloqueando a ligação entre as

pontes cruzadas,retornando ao seu estado original de relaxamento

(WILMORE e COSTILL, 2001, MAcARDLE, 1998).

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2.3 TIPOS DE FIBRA MUSCULAR

O músculo esquelético humano é composto por uma coleção

heterogênea de fibras musculares, que variam estrutural, histoquímica e

metabolicamente (FRONTERA, 2001). Nem todas as unidades motoras

contêm fibras musculares com as mesmas capacidades metabólicas e

funcionais. Algumas fibras são melhor equipadas para trabalharem

anaerobicamente, enquanto outras aerobicamente (FOX e MATHEWS, 1983).

A maioria dos músculos esquelético contêm uma mistura de todos os

tipos de fibras, mas sempre havendo o predomínio, de um tipo de fibra

muscular. A existência dessa variabilidade entre as fibras, ajuda a explicar de

que modo as estruturas e a funções musculares se adaptam ao treinamento

(FRONTERA, 2001; FOX e MATHEWS, 1983; SCOTT, STEVENS e

MAcLEOD; 2001).

Os tipos de fibras musculares podem ser classificados através de

suas características histológicas, contráteis e metabólicas, em duas

categorias principais: fibras do tipo I (denominadas fibras de contração lenta)

e fibras do tipo II (denominadas fibras de contração rápida) (SCOTT,

STEVENS e MAcLEOD 2001; MAcARDLE, 1998).

As características de contração lenta e contração rápida das fibras

musculares parecem ser determinadas precocemente na vida, talvez nos

primeiros anos de vida. Após o estabelecimento da inervação, nossas fibras

musculares diferenciam-se (tornam-se especializadas) de acordo com o tipo

de neurônio que as estimulam (WILMORE e COSTILL, 2001).

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2.3.1 FIBRAS DO TIPO I

As denominadas fibras do tipo I (fibras de contração lenta ou fibras

tônicas) são mais adequadas para contrações sustentadas o u repetitivas, que

requerem tensão relativamente baixa (WEINECK, 2000: JUNQUEIRA e

CARNEIRO, 2000). Tais funções são bem sustentadas por um rico aporte

sangüíneo e por uma grande quantidade de mitocôndrias combinada com

altos níveis de mioglobina. Conferindo à fibra uma pigmentação vermelha

característica (FRONTERA, 2001; BIENFAIT 1995).

Essas fibras caracterizam-se por serem resistentes à fadiga e bem

apropriadas para o exercício aeróbico prolongado ou de resistência

(WILMORE e COSTILL, 2001; MAcARDLE, 1998).

2.3.2 FIBRAS DO TIPO II

As fibras tipo II, são também denominadas de fibras de contração

rápida ou fibras fásicas; podem ainda ser classificadas em vários subtipos

(IIa- contração rápida resistente a fadiga e IIb - contração rápida e pouco

resistente a fadiga) (WILMORE E COSTILL, 2001; JUNQUEIRA e

CARNEIRO, 2000). Estas fibras são recrutadas em atividades que requerem

desenvolvimento de ações rápidas e de altas tensões; atividades essas que

podem vir a promover a hipertrofia muscular (WEINECK, 2000).

Exibem um número reduzido de mitocôndrias, uma capacidade

limitada de metabolismo aeróbio e pouca densidade de capilares (coloração

branca). Todos estes fatores, contribuem para que essas fibras sejam

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portadoras de uma baixa resistência à fadiga, quando comparadas com as

fibras do tipo I. No entanto essas fibras são ricas em enzimas glicolíticas, as

quais lhe provêm uma grande capacidade anaeróbia, requerida em atividades

que necessitam de uma fonte de energia rápida (WILMORE E COSTILL,

2001).

Essas fibras ainda possuem: (1) uma alta capacidade para a

transmissão eletroquímica dos potenciais de ação, (2) um alto nível de

atividade de miosina ATPase, (3) um nível rápido de liberação e captação do

cálcio por um retículo sarcoplasmático altamente desenvolvido e (4) um alto

nível de renovação ( turnover) das pontes cruzadas, características essas que

se relacionam com sua capacidade de gerar energia rapidamente para

produzir contrações rápidas e vigorosas (MAcARDLE, 1998).

Logo, com o retículo sarcoplasmático mais desenvolvido, as fibras tipo

II apresentam uma maior velocidade de ação, em torno de 5 a 6 vezes mais

rápida quando comparada com as fibras do tipo I (BIENFAIT, 1993).

2.3.3 CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS FIBRAS

As relações precedentes indicam que a s fibras contração rápida (CR)

- tipo II são capazes de produzir maior tensão muscular máxima e um ritmo

mais rápido de desenvolvimento de tensão que as fibras contração lenta (CL)

- tipo I (SMITH, WEISS e LEHMKUHL, 1997).

As propriedades bioquímicas e fisiológicas relacionadas com essa

dinâmica contrátil, estão diretamente interligadas com as atividades da

miosina ATPase, sua velocidade de liberação e captação do cálcio a partir do

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retículo sarcoplasmático. Lembrando que a miosina ATPase é a enzima que

degrada o ATP produzindo ADP (adenosina difosfato), fosfato inorgânico e

energia para a contração (WILMORE e COSTILL, 2001). Essas propriedades

são mais nítidas, dentro das fibras CR que nas fibras CL (FOX e MATHEWS,

1983).

A maioria dos músculos são compostos por aproximadamente 50% de

fibras tipo I, 25% de fibras de tipo IIa e os 25% restantes são representados

por fibras de IIb, sendo que, as fibras IIc representam apenas 1% a 3% dos

músculos (WILMORE e COSTILL, 2001; WATKINS, 2001). Como foi

mencionado anteriormente, as porcentagens de fibras CL e CR não são

iguais em todos os músculos do corpo (WILMORE E COSTILL, 2001;

JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2000).

Essa porcentagem de tipos de fibras lentas e rápidas contidas no

músculo esquelético pode ser influenciada pela genética, pelos níveis

hormonais no sangue e pelos hábitos de atividade física que o indivíduo

apresenta (POWERS e HOWLEY, 2000).

As unidades motoras podem também influenciar se a fibra será tipo I

ou tipo II. Conseqüentemente, quando mais fibras musculares o

motoneurônio estimular, maior a tensão de força gerada (WILMORE e

COSTILL, 2001).

Pode-se concluir a partir do exposto, que todas as fibras de uma

unidade motora, quando estimuladas atuam ao mesmo tempo e que

diferentes tipos de fibras são recrutadas em diferentes estágios, dependendo

da força exigida para a realização de uma atividade (WILMORE E COSTILL,

2001).

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2.4 TIPOS DE AÇÃO MUSCULAR

O trabalho muscular normalmente acompanha-se de um aumento da

tensão intra muscular (GARDINER, 1995). Quando o aumento é

acompanhado de uma mudança no comprimento do músculo, diz-se que a

contração é isotônica. Já no momento em que a tensão muscular é

aumentada, sem que haja alteração no comprimento do músculo (a força de

contração é exatamente igual e oposta às forças contrárias a ela), denomina-

se contração isométrica. Segundo CANAVAN (2001), neste tipo de contração,

não há alteração no comprimento de um músculo, o músculo gera força, que

trabalha para estabilizar uma articulação.

2.4.1 TRABALHO ISOMÉTRICO

O trabalho estático (isométrico) é mais econômico do que qualquer

outro tipo de contração isotônica (concêntrica e excêntrica), mas é fatigante

quando mantida por períodos longos. Este tipo de contração quando

realizada contra resistência máxima fornece o método mais rápido para se

obter a hipertrofia muscular dos músculos, em um determinado ponto de

amplitude (BIENFAIT 1993).

A velocidade de encurtamento presente em uma contração isométrica

é zero. Nessa ação, as pontes cruzadas de miosina são formadas e

recicladas, produzindo força, mas a força externa é muito grande para que os

filamentos de miosina possam ser movidos. Eles permanecem em posição

Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265

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normal e, por essa razão, o encurtamento não pode ocorrer (WILMORE E

COSTILL, 2001).

Segundo TRIBASTONE (2001), um músculo que trabalhe

habitualmente em contração isométrica ou estática, com movimentos lentos e

de pouca amplitude, com o tempo aumenta o volume do seu sarcoplasma.

Isso ocorre devido à necessidade do músculo, em solicitar glicogênio e

oxigênio diretamente do seu sarcoplasma. Resultando em um aumento

bastante significativo da potência muscular.

2.4.2 TRABALHO DE FORÇA (POTÊNCIA)

O treinamento de força tem um impacto positivo, não só no músculo

esquelético, mas também na excitação neuromotora, na integridade, na

viabilidade do tecido conjuntivo e inclusive na sensação de bem-estar

individual (FRONTERA, DAWSON e SLOVIK, 2001).

Para propósitos conceituais, defini -se força, como "a habilidade do

músculo esquelético em desenvolver potência, com o objetivo de fornecer

estabilidade e mobilidade dentro do sistema musculoesquelético”

(FRONTERA, DAWSON e SLOVIK, 2001). Para WILMORE e COSTILL

(2001), força é definida como a capacidade máxima que um músculo ou

grupo muscular pode gerar.

Nas atividades musculares funcionais, vários músculos

anatomicamente diferentes colaboram. As partes do grupo muscular que

agem em sinergismo podem mudar com a posição do membro.

Conseqüentemente é muito difícil predizer, de considerações teóricas, a

Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265

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posição de trabalho mais eficiente que irá produzir a maior força. Esta função

depende do número de unidades motoras ativadas e de suas freqüências de

contração (LUCENA, 1999).

2.4.2.1 Formas de Força

A força, nas suas formas de manifestação, pode ser dividida em

diferentes tipos, de acordo com a forma de observação: (1) sob o aspecto da

parcela de musculatura envolvida, diferencia-se força geral de local

(músculos isolados, ou grupos musculares); (2) sob o aspecto de

especificidade da modalidade esportiva, força geral e especial; (3) sob

aspecto do tipo de trabalho do músculo, força dinâmica e estática (WEINECK,

2000).

A força máxima estática que um músculo é capaz de desenvolver está

diretamente relacionada à área de secção transversa do músculo, que é

composta sumariamente das secções transversais das diversas UM

(WEINECK, 2000). O diâmetro da fibra muscular de uma mulher equivale, em

média, a cerca de 75% do valor do homem. Como conseqüência do aumento

da secção transversa (em função da hipertrofia das fibras) a força total do

músculo aumenta (MELLEROVICZ e MELLER, 1979).

As vantagens em se realizar uma atividade estática (como a obtida

com a EENM) consiste em proporcionar ao paciente a fácil execução da

atividade proposta, com uma alta efetividade e possibilidade em se

especificar de forma objetiva o grupo muscular escolhido para o trabalho. No

entanto, este tipo de treinamento possui diversas desvantagens como: (1)

Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265

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influência negativa sobre a elasticidade muscular; (2) capacidade de

extensão como conseqüência da tensão muscular máxima; (3) provoca um

rápido aumento da secção transversa, mas não uma capilarização do

músculo (WEINECK, 2000).

Os fatores mecânicos do tipo de contração muscular, do comprimento

muscular e da velocidade de contração afetam a habilidade do músculo para

gerar força. Há um comprimento favorável e uma velocidade favorável no

qual o maior número de pontes cruzadas entre as moléculas podem ser

formados (FRONTERA, DAWSON e SLOVIK, 2001).

A força também surge da interação entre o sistema

musculoesquelético e o sistema que fornece o suporte neurológico,

metabólico e hormonal. Os efeitos da idade, o desuso, a imobilização e o

trauma musculoesquelético exigem consideração especial, por causa de seu

impacto imediato e direto na função muscular (CANAVAN, 2001).

A força máxima é alcançada entre as idades de vinte e trinta anos. Na

mulher adulta, a força de qualquer grupo muscular é menor do que no homem

da mesma idade. Em média a força muscular da mulher é cerca de dois

terços a do homem e reduz-se com a idade (LUCENA, 1999; POWERS e

HOWLEY, 2000).

O resultado mais óbvio do treinamento de força é um aumento na

capacidade funcional do músculo em gerar força. Essas alterações são

provocadas por uma variedade de efeitos fisiológicos, desencadeados na

musculatura esquelética (CARVALHO, SHIMANO e VOLPON, 2002).

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2.5 REMODELAMENTO MUSCULAR

Todos os músculos do corpo estão sob remodelamento contínuo para

que melhor possam atender o que lhes é exigido. Seus diâmetros são

modificados, seus comprimentos são alterados, suas forças são variadas,

suas vascularizações são modificadas e, até mesmo, os tipos de suas fibras

são mudados, pelo menos em pequeno grau (GUYTON e HALL, 2002).

A maior parte da evidência sugere que a única maneira de transformar

efetivamente uma fibra CR numa fibra CL, ou vice-versa, reside em produzir

uma inervação cruzada entre as duas fibras. Isto significa que o nervo que

inerva originalmente uma fibra é transplantado para inervar à outra. Essa

teoria ainda requer mais estudos em humanos para sua comprovação (FOX e

MATHEWS, 1983).

O que sabe é que o treinamento induz a um aumento no tamanho e

nas capacidades funcionais dos respectivos tipos de fibras, sem

aparentemente transformar um tipo em outro (FOX e MATHEWS, 1983).

Os efeitos fisiológicos desencadeados na musculatura esquelética,

durante períodos de treinamento de fortalecimento, incluem (1) fatores

neurais, (2) aumento muscular (hipertrofia) e (3) hiperplasia.

2.5.1 FATORES NEURAIS

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25

Tornou-se claro, que parte do ganho de força que ocorre,

especialmente no início de um programa de treinamento, deve-se às

adaptações neurais, e não à hipertrofia (POWERS e HOWLEY, 2000).

A tese de que fatores centrais são de significância decisiva para o

desenvolvimento da força também está baseada na observação de que a

força pode aumentar sem uma hipertrofia proporcional do músculo. A

explicação destes resultados pode ser que um ganho de força após um

programa de treinamento é devido não somente a mudanças no tecido

muscular mas também a uma modificação no tráfego de impulsos que

alcançam os motoneurônios (LUCENA, 1999).

As adaptações neurais relacionadas ao treinamento de força incluem,

um recrutamento aumentado das UM e sincronização da descarga destas

(POWERS e HOWLEY, 2000).

2.5.2 HIPERTROFIA MUSCULAR

À medida que a eficácia dos elementos neurais melhoram, ocorre a

hipertrofia do músculo esquelético. Uma maior tensão do músculo geralmente

é considerada como estímulo para a hipertrofia (WEINECK, 2000).

Embora o mecanismo exato da hipertrofia muscular ainda não esteja

definitivamente esclarecido, é provável que cada estímulo externo extensivo

acima do limiar desencadeie uma reação no músculo. Essa reação consiste

num aumento da posição afetada pelo estímulo, e com isto, uma nova carga

futura pode ser melhor enfrentada (WEINECK, 2000).

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Observa-se o aumento do músculo (hipertrofia) devido principalmente

a um aumento na área transversal de cada fibra muscular. Ocorre o

engrossamento de cada fibra, com o aumento das miofibrilas. No músculo

não treinado as fibras variam consideravelmente de diâmetro (FOX e

MATHEWS, 1983; WEINECK, 2000).

As mudanças que resultam no aumento do tamanho da fibra muscular,

podendo ser superior a 100% (aumento do diâmetro), incluem: (1)

remodelação das proteínas musculares (actina e miosina), (2) aumento no

tamanho e no número de miofibrilas por fibra muscular, (3) aumento da

densidade capilar, (4) aumento quantitativo de substâncias (há um aumento

na quantidade de glicogênio, mioglobina em músculos treinados), (5)

aumento no número de sarcômeros, e (6) aumento na quantidade e força dos

tecidos conjuntivos, tendinosos e ligamentares (MELLEROVICZ e MELLER,

1979; FOX e MATHEWS, 1983).

Embora a hipertrofia, seja verdadeira tanto para o homem, quanto

para mulher, o fenômeno é muito menos pronunciado na mulher. Isso porque

a hipertrofia muscular é regulada principalmente pelo hormônio testosterona,

cujos níveis são cerca de 10 vezes mais altos no sangue de homens normais

do que no de mulheres normais. Como outros fatores a serem considerados

temos: (1) a menor quantidade de massa muscular nas mulheres e (2)

maiores reservas de gordura subcutânea (FOX e MATHEWS, 1983;

POLLOCK e WILMORE, 1993).

2.5.2.1 Teorias sobre o Processo de Hipertrofia Muscular

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Observações de biópsias musculares confirmaram o argumento de

que uma fibra de contração rápida antes do treinamento continuará sendo

uma fibra de contração rápida após o treinamento, com a mesma afirmação

sendo verdadeira para as fibras de contração lenta. Entretanto, estudos

adicionais sugerem, mudanças nas propriedades bioquímicas e fisiológicas

das fibras musculares, com uma transformação progressiva do tipo de fibra

durante o treinamento (MAcARDLE, 1998).

Achados sugerem que o treinamento específico (e talvez a

inatividade) podem induzir uma transformação verdadeira das fibras tipo I

para tipo II (ou vice-versa). É necessária mais pesquisa antes de poder emitir

opiniões definitivas acerca da natureza permanente da composição de um

músculo em termos de fibras (MAcARDLE, 1998).

POLLOCK E WILMORE (1993), concluíram que a hipertrofia é

resultante tanto de um aumento da síntese protéica, quanto de uma redução

no catabolismo de proteínas.

O que ocorre efetivamente é o aumento da área de secção transversa

(principal fator para o aumento do músculo) das fibras do tipo I e do tipo II.

Além disso, observa-se uma resposta metabólica dos dois tipos de fibra, com

uma conversão das fibras do tipo IIb para fibras do tipo IIa, indicando um

aumento na capacidade oxidativa, após o treinamento de força (GUYTON E

HALL, 2002).

A hipertrofia da fibra muscular é maior nos métodos de treinamento de

força, onde a decomposição de ATP é mais intensivamente exigida, como no

caso, por exemplo, da eletroestimulação. Com o treinamento de força pela

eletroestimulação neuromuscular (EENM), ocorre não apenas uma hipertrofia

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das fibras musculares, mas também um aumento do sarcoplasma e da quota

absoluta de tecido conjuntivo (WEINECK, 2000).

2.5.2.2 Pontos Positivos do Processo de Hipertrofia

A hipertrofia muscular pode ajudar a melhorar o desempenho físico,

adquirir novas habilidades ou compensar uma enfermidade ou lesão de

outras partes do corpo (POLLOCK E WILMORE, 1993).

O treinamento em pacientes saudáveis provoca mudanças de força,

durante as primeiras 6 a 12 semanas de um programa de treinamento através

do recrutamento de unidades motoras adicionais e do aprendizado motor.

Nas semanas seguintes, o incremento da força muscular é resultado da

hipertrofia muscular (CANAVAN, 2001).

No que refere-se a duração do estímulo (contração), preconiza-se

que, a duração da contração deve ser no mínimo 30% da duração máxima

possível da contração (resistência estática). Porém, o tempo de contração

depende da força aplicada e da condição de treinamento do músculo

(MELLEROVICZ e MELLER, 1979). Para o treinamento com força máxima, a

duração da contração deve ser de 5 a 25 segundos. Para WEINECK (2000), o

tempo de tensão ótimo está em cerca de 6 a 8 segundos. Já a intensidade

do estímulo deve atingir cerca de 50 a 70% da força máxima.

2.5.3 HIPERPLASIA

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Evidencia-se também, que o exercício pode induzir a hiperplasia, que

é um aumento no número de fibras musculares (POLLOCK E WILMORE,

1993). O mecanismo para a hiperplasia, pode ser resultado de uma ruptura

da fibra muscular, ou talvez ativação das células satélites (células envolvidas

na regeneração do músculo esquelético). Esta por sua vez, pode ser causada

por exercício de resistência forte, e uso excessivo, ou pelo alongamento

prolongado induzido pelo uso de peso. Porém, ainda há necessidade de mais

estudos referentes a esse tema em humanos (WILMORE e COSTILL, 2001).

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30

2.6 CORRENTES ELÉTRICAS

2.6.1 ASPECTOS FÍSICOS DAS CORRENTES ELÉTRICAS

A corrente elétrica significa o fluxo de elétrons através de um material

condutor. A intensidade é a quantidade de elétrons que passa por uma

secção transversa do condutor, em determinado intervalo de tempo. Para que

ocorra a movimentação de elétrons, é necessário que exista uma diferença

de potencial entre as extremidades do circuito. A resistência é oferecida ao

deslocamento dos elétrons (AMATUZZI e GREVE, 1999).

2.6.2 TIPOS DE CORRENTE IDEAL

Já se sabe há mais de 200 anos (SALGADO, 1999), que é possível

excitar um músculo passando uma corrente elétrica através dele ou de seu

nervo periférico. A esta criação de potenciais de ação em células

estimuláveis com impulsos elétricos (ativação artificial) chamamos de

eletroestimulação (SALGADO, 1999). A EENM (eletroestimulação

neuromuscular) consiste na redução do potencial de repouso da membrana

até o seu limiar com uma corrente elétrica aplicada superficialmente na pele.

A corrente ideal é aquela que permite reduzir a diferença potencial e

desencadear um potencial de ação da maneira mais confortável possível para

o indivíduo, em outras palavras, os parâmetros devem ser os mínimos

(intensidade, energia e duração) (MAcKLER e ROBINSON, 2001).

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2.6.2.1 A Ativação com a Eletroestimulação

Dependendo da corrente que passa, produz-se um tipo de

despolarização da fibra muscular e nervosa. Se a corrente que passa através

da membrana nervosa é pequena, a mudança no potencial transmembrana

rapidamente retornará ao potencial de repouso. Por outro lado, se a corrente

aplicada for suficientemente grande, um potencial de ação será produzido e

se propagará ao longo da membrana, promovendo a contração muscular

(SALGADO, 1999; KITCHEN e BAZIN, 1998).

A contração muscular induzida por ativação elétrica dá-se de modo

diferente daquele que ocorre durante a contração voluntária. A principal

diferença é no recrutamento das UM; durante a EENM, as fibras do tipo II

(rápidas e calibrosas) são as primeiras a serem recrutadas. Esse tipo de

ativação acontece porque o estímulo elétrico é aplicado externamente à

terminação nervosa e as células “grandes” (com resistência axonal baixa) são

mais excitáveis (SALGADO, 1999; KITCHEN e BAZIN, 1998). Além disso, as

unidades motoras de condução rápida, necessitam de menores intensidades

de estimulação, o que pode explicar a capacidade da EENM produzir

fortalecimento muscular com níveis menores que aqueles requeridos durante

a contração voluntária (SALGADO, 1999).

Fibras musculares de contração rápida (tipo II) são recrutadas para

acrescentar força muscular e rapidez ao movimento, estas respondem melhor

a freqüências na faixa de 50-150 Hertz. As fibras do tipo I (contração lenta)

são as primeiras a se tornarem ativas; têm uma freqüência tetânica de 20-30

Hertz (LOW e REED, 2001). As fibras do tipo I ocupam de 25 a 30% do total

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de tempo de estimulação, enquanto que a s fibras do tipo II são recrutadas em

cerca de 5% do tempo (GUIRRO, 2002).

Durante o exercício voluntário, a força de uma contração é aumentada

de duas maneiras: aumentando-se o número de unidades motoras ativadas

(recrutamento) e aumentando-se a freqüência de disparo das unidades

motoras ativas (somação temporal). Os programas de estimulação elétrica

empregam a mesma abordagem geral, embora não tenham habilidade de

ajustar a ordem de recrutamento entre os tipos de unidades (GUIRRO, 2002).

Quando um músculo é ativado, para que a maioria das fibras

musculares seja recrutada, altas forças são geradas. Apesar do início rápido

da fadiga, esse padrão de contração muscular está associado com mudanças

nos músculos que levam a aumentos na força muscular (MAcKLER e

ROBINSON, 2001).

Segundo ENOKA (1988) quanto maior o axônio, menor a ativação

necessária para produzir força. Essas unidades motoras maiores estão

localizadas na superfície do músculo, facilitando a sua contração. SALGADO

(1999) provou através dos seus experimentos, que a EENM não ativa

diretamente o músculo, mas sim, as ramificações das terminações nervosas

dentro do músculo, isto é, há excitação dos nervos periféricos.

2.6.2.2 O Treinamento com Eletroestimulação

Um ponto que distingue a contração voluntária da induzida por

estimulação elétrica, é que nesta observa-se uma ativação sincrônica das

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unidades motoras, ou seja, todas as unidades são recrutadas ao mesmo

tempo (MAcKLER e ROBINSON, 2001).

Para que haja o recrutamento seletivo das fibras musculares e se

produza uma força máxima, faz-se necessário a aplicação de baixas

freqüências de estimulação. Pois à medida que a freqüência aumenta, há um

aumento na deterioração da resposta muscular (SALGADO, 1999).

2.6.3 FREQÜÊNCIA DA CORRENTE

A freqüência de um trem de estímulo é definida como o número de

ciclos por segundo, expressada em hertz (Hz) ou pulsos por segundo (pps)

(KITCHEN e BAZIN, 1998; GUIRRO, 2002).

As correntes alternadas de média freqüência, as quais variam de

1.000 a 4.000 Hz, podem promover a contração muscular quando moduladas

em baixa freqüência. A freqüência máxima de despolarização depende do

período refratário absoluto, sendo que a sua duração depende da velocidade

de condução da fibra nervosa (GUIRRO, 2002).

A freqüência de 2.500 Hz, além de contemplar a velocidade de

condução nervosa, visa minimizar a irritação cutânea, tornando o estímulo

mais agradável (GUIRRO, 2002).

Como o mecanismo contrátil não apresenta período refratário,

consegue-se com o aumento da freqüência atingir um instante em que cada

nova contração ocorre antes do término da precedente. Isso decorre do fato

de existirem íons cálcio em quantidades suficientes no sarcoplasma, até

mesmo no intervalo entre os potenciais de ação para manter o estado de

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tetânia, sem permitir o relaxamento entre os potenciais de ação. Assim, a

segunda contração é somada a anterior, de forma que a força da contração

aumenta progressivamente com o aumento da freqüência de estimulação até

atingir um limite máximo próximo à freqüência de 50Hz (GUIRRO, 2002).

2.6.4 AS MODULAÇÕES

Modulação é qualquer alteração que se faça na corrente original. Nas

estimulações excitomotoras, a modulação em amplitude é comumente

associada com a modulação em trens de pulso, caracterizada pela repetição

seqüenciada de uma série de pulsos. A variação na amplitude do pulso

possibilita uma contração muscular mais “fisiológica”, uma vez que o número

de unidades motoras recrutadas é proporcional ao incremento na amplitude

da corrente. Já os trens de pulso, além de promover ciclos de contração-

relaxamento, que minimizam o aparecimento de fadiga muscular, possibilitam

uma contração mais agradável quando associados à modulação em

amplitude (GUIRRO, 2002; KLD, 2003).

Nestas configurações, a fibra se despolariza na freqüência de

modulação (interrupção), conservando sua sensibilidade à estimulação

elétrica. As melhores características para essa interrupção são as exibidas

pela “Corrente Russa”, pois há uma interrupção durante a qual a corrente é

nula. Além disso, a p rópria forma do pulso quadrado é mais adequada, pois é

composta pela contribuição de todas as harmônicas da freqüência base. Isto

tende a excitar tecidos com janelas freqüências diferentes, resultando no

recrutamento de mais células. Finalmente, a interrupção da média freqüência

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em diversas freqüências baixas, permite o trabalho das diferentes fibras

musculares, de acordo com as velocidades ótimas de despolarização de cada

tipo de neurônio motor (KLD, 2003).

2.6.5 FÓRMULA FUNDAMENTAL (WEISS)

Lapicque definiu os dois parâmetros fundamentais da excitabilidade: a

reobase e a cronaxia (SALGADO, 1999).

Lapicque definiu a reobase como sendo a intensidade de corrente

mínima necessária para estimular um nervo por tempo indeterminado; e

cronaxia de um nervo como a duração mínima do impulso necessária para

obter uma estimulação com um nível de intensidade de duas vezes a reobase

(SALGADO, 1999).

Quanto à forma da onda, quando essa atinge a reobase, o potencial

de ação está desencadeado. Logo, para que esse potencial seja mantido de

uma maneira confortável para o paciente, é preciso fixar estes parâmetros

(SALGADO, 1999).

Quanto a duração de pulso esta deve ser igual à cronaxia do nervo

que queremos excitar (SALGADO, 1999).

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2.7 ELETROTERAPIA CLÍNICA

Segundo SALGADO (1999), as correntes de média freqüência, entre

as quais a corrente russa, possuem algumas características:

− Sem efeito polar (Despolarizadas)

− Cada eletrodo produz os mesmos processos eletrolíticos

− Ausência de propriedades Galvânicas

− Não produzem hiperemia

− Variação da permeabilidade da membrana lipoprotéica

− Não apresentam riscos dos efeitos eletrolíticos (cauterização)

− Adequadas para tratamentos das camadas mais profundas dos

tecidos

− O paciente tolera altas intensidades de corrente

− Todos os estímulos de baixa ou média freqüência geram

despolarização das fibras nervosas.

Se o músculo está inervado, HAYES (2002) afirma que a EENM pode

ser usada para:

− Fortalecer o músculo saudável, melhorando o recrutamento das

unidades motoras

− Facilitar a melhora da função motora (i.e., reeducação)

− Melhorar a resistência por meio da melhora da capacidade

aeróbica do músculo

− Promover circulação periférica pela facilitação do retorno venoso

por meio do “efeito bomba” promovido pela contração muscular.

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2.7.1 PRECAUÇÕES PARA UTILIZAÇÃO DA EENM

− Evitar tratar sobre a pele anestésica

− Evitar feridas abertas na área de tratamento

− Evitar áreas de extremo edema

− Evitar a EENM em áreas de tecido adiposo excessivo

− Não colocar eletrodos sobre os músculos da laringe, faringe, perto

do seio carotídeo (HAYES, 2002; MAcKLER e ROBINSON, 2001).

2.7.2 CONTRA-INDICAÇÕES PARA UTILIZAÇÃO DA EENM

− Sobre áreas torácicas

− Em regiões do nervo frênico

− Em pacientes hipertensos

− Em áreas de distúrbio vascular

− Neoplasias

− Primeiro trimestre de gravidez

− Pacientes muito desorientados mentalmente (HAYES, 2002;

MAcKLER e ROBINSON, 2001).

2.7.3 PARÂMETROS MANIPULÁVEIS CLINICAMENTE NA EENM

2.7.3.1 As Formas de Onda

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As correntes usadas na eletroterapia clínica contemporânea podem

ser divididas em três tipos: contínuas, alternadas e pulsadas (BRASILEIRO,

2002; GUIRRO, 2002). A corrente pulsada é amplamente utilizada na EENM,

sendo definida como um fluxo unidirecional ou bidirecional de partículas

carregadas que periodicamente são interrompidas, por um período de tempo

finito (BRASILEIRO, 2002).

A corrente alternada pode se apresentar na forma apolar

(despolarizada) caracterizando-se por inverter a sua direção em intervalos

regulares de tempo (GUIRRO, 2002). A corrente alternada é freqüentemente

fornecida sob altas freqüências, o que diminui a impedância da pele e assim

faz chegar mais corrente aos nervos motores (KITCHEN e BAZIN, 1998). Por

causa desta rápida oscilação da corrente alternada, tão logo o nervo é

repolarizado e estimulado novamente, produz-se uma corrente que vai

somando maximamente à contração muscular (PRENTICE, 2002).

A corrente pulsada é caracterizada por uma unidade elementar: o

pulso elétrico. Um único pulso é definido como um evento elétrico isolado,

separado por um tempo finito do próximo evento. Cada pulso dura apenas

uns poucos ms, seguidos então por um intervalo interpulso. Os pulsos

elétricos podem exibir formas diferentes; no caso da corrente russa sua forma

é quadrada (BRASILEIRO, 2002).

Outra classificação para os tipos de corrente é a diferenciação em:

monofásica ou bifásica. As bifásicas (Corrente Russa) são caracterizadas

quando duas fases opostas estão contidas em um único pulso. Formas de

onda bifásica simétrica permitem que ambos os eletrodos sejam ativos

durante os respectivos ciclos alternados. Este efeito pode ser particularmente

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usado quando grupos musculares grandes, como o glúteo máximo, tem que

ser estimulados (LEME,2003).

A sugestão pelo pulso bifásico é em função da menor irritação na pele

decorrente dos efeitos iônicos, e do desconforto da eletroestimulação

(BRASILEIRO, 2002; GUIRRO, 2002). Os pulsos bifásicos atendem às

exigências do sistema nervoso, ou seja, uma taxa rápida de mudança e uma

alta freqüência de pulsos dentro de cada burst (trens de pulso), o que reduz o

risco de acomodação dos axônios e não produz efeitos polares (CURRIER,

1983).

Usando a forma de onda mais confortável para um paciente

individualmente, pode-se aumentar a intensidade da contração produzida

(BRASILEIRO, 2002). Uma forma de onda com uma corrente de pico alta

permite uma estimulação mais profunda, aumentando potencialmente o

número de unidades motoras ativadas (CURRIER, 1983).

Além disso, os pulsos bifásicos podem ser simétricos ou assimétricos.

Pulsos simétricos com um intervalo interfase parecem ter preferência clinica

em relação aos pulsos assimétricos, particularmente se o alvo for à excitação

de fibras motoras (BRASILEIRO, 2002; MAcKLER e ROBINSON, 2001).

2.7.3.2 Amplitude da Corrente

Nos regimes de treinamento existe uma relação direta entre a

intensidade da contração produzida eletricamente e o aumento da força

muscular. Os sujeitos têm de estar capacitados para suportar contrações

produzidas eletricamente em altas intensidades. Quanto maior a intensidade

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tolerada, maior será o número de unidades motoras recrutadas (situadas

mais profundamente) e maior a profundidade de ativação, a partir dos

eletrodos de superfície. Normalmente variam de 100 a 200 miliampér

(BRASILEIRO, 2002; PRENTICE, 2002).

Vários autores hipotetizaram que os indivíduos com maior eficácia de

contração podem ter padrões de ramificação das fibras motoras relativamente

mais superficiais (BRASILEIRO, 2002).

Além disto, com o decorrer do treinamento, a tolerância do indivíduo

aumenta, logo, não podemos fixar um valor para a intensidade (SALGADO,

1999).

A intensidade da corrente deve ser constantemente elevada tanto

intra quanto inter-sessões. Esta necessidade é justificada pela acomodação

ao estímulo elétrico (GUIRRO, 2002; MAcKLER e ROBINSON, 2001). À

medida que a amplitude é aumentada, tanto as fibras grossas mais distantes

do eletrodo como os pequenos axônios próximos ao eletrodo são excitáveis

(KW, 199_).

Para conseguir hipertrofia muscular, que é o propósito usual, são

aplicadas correntes de alta intensidade que produzem contrações musculares

máximas toleráveis, em séries de poucos segundos, separadas por períodos

de repouso um pouco mais longos (LOW e REED, 2001; HAYES, 2002).

O aumento na amplitude promove nos tecidos neuromusculares a

estimulação das fibras nervosas de diâmetro progressivamente menor e o

recrutamento de unidades motoras a grandes profundidades em relação à

superfície da pele. Promovendo assim uma mudança na performance

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muscular, aumentando a produção de força e a percepção sensorial ao

estímulo (CURRIER, 1983).

Um fator importante a se considerar reside no fato que a excitação

sensitiva sempre precede a motora independente da forma de onda utilizada

e do local em que se executa a estimulação elétrica (GUIRRO, 2002). A

estimulação elétrica normalmente provocará respostas sensitivas antes das

respostas motoras (BRASILEIRO, 2002). GUIRRO (2002), concluem que os

nervos motores necessitam de uma maior intensidade de estimulação para

que ocorra a sua despolarização, quando comparados aos sensitivos. Se a

amplitude ou duração do estímulo for suficientemente aumentada, respostas

motoras serão produzidas e sobrepostas à estimulação sensitiva

(BRASILEIRO, 2002; MAcKLER e ROBINSON, 2001).

2.7.3.3 Duração do Pulso

A duração do pulso, equivale ao tempo decorrido entre o início e o

término de todas as fases de um único pulso; erroneamente classificada

como “largura de pulso” (BRASILEIRO, 2002; KITCHEN e BAZIN, 1998).

Um pulso excessivamente longo torna-se desconfortável, por outro

lado, pulsos muito curtos são ineficazes para desencadear o processo de

contração (BRASILEIRO, 2002; CURRIER, 1983). A duração do pulso deve

ser relativamente curta, pois as fibras-alvo são axônios motores que possuem

o mais baixo limiar de ativação (da classe de maior tamanho, A-Alfa)

(CURRIER, 1983).

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A amplitude dos pulsos necessária para iniciar um potencial de ação é

maior quando os pulsos são de pequena duração. O uso de pulso de longa

duração pode minimizar a amplitude necessária e a transferência total de

cargas, o que diminui o risco de lesão tecidual (GUIRRO, 2002).

A combinação adequada entre a amplitude do estimulo e a duração do

pulso determina quais fibras nervosas serão ativadas pela estimulação

elétrica. As fibras motoras grossas, ou motoneurônios alfa, são os mais

facilmente excitáveis pela estimulação elétrica.

2.7.3.4 Freqüência dos Pulsos

Normalmente são produzidos pulsos muito curtos com intervalo entre

eles relativamente longos. Tal construção leva a total independência entre a

freqüência e a duração de pulso, ao menos sob uma perspectiva fisiológica

(BRASILEIRO, 2002).

Uma duração de pulso aumentada estimula as fibras nervosas de

diâmetro progressivamente menor e aumenta a magnitude das reações dos

tecidos. Aumentando assim a produção de força e a percepção sensorial ao

estímulo (CURRIER, 1983).

Diversos estudos já avaliaram as respostas neuromusculares diante

de diferentes freqüências de estimulação. Estas freqüências, em contrações

voluntárias máximas contÍnuas, estão em torno de 30 a 70 Hertz (na EENM

entre 50 e 100 Hertz). Promovendo uma mudança progressiva da resposta

muscular (de contrações isoladas até a tetania completa) (CURRIER, 1983).

Os pesquisadores concordam que o aumento na freqüência de estimulação

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além da freqüência tetânica, não altera a força do músculo, pois a máxima

tensão já havia sido encontrada (BRASILEIRO, 2002).

Dependendo das fibras constituintes do músculo estimulado, esta

regularidade da contração estimulada ocorre entre 20 e 35 pulsos por

segundo (Hertz). Quando a freqüência de estimulação é aumentada acima

de 35Hz uma pequena força adicional é obtida na contração muscular, mas a

ação regular existente não é alterada (LEME, 2003). Uma freqüência de 50

pulsos por segundo (pps) fornece tanta produção de tensão quanto

freqüências mais altas (HAYES, 2002).

Quando um estímulo de um pulso por segundo é dado, uma contração

espasmódica passageira do músculo é definida. Quando a freqüência do

estímulo é aumentada, a contração espasmódica isolada torna-se menos

pronunciada e a tensão muscular aumenta. Quando a freqüência é

aumentada ainda mais, a contração espasmódica isolada fica completamente

perdida e uma contração muscular regular aparece (LEME, 2003).

O uso de freqüências de estimulação de 2.200 e 2.500 Hz pode ser

atribuído aos trabalhos de KOTS (1977) (conhecidas como “Corrente Russa”).

Estas correntes são administradas sob formas de envelopes a 50 Hz, o que

minimizaria o desconforto sensorial da pele, e permitiria assim, uma

estimulação motora de maior intensidade, resultando em maior força de

contração (BRASILEIRO, 2002; LEME, 2003).

Uma das suas vantagens está relacionada à resistência (impedância)

que o corpo oferece à condução da corrente elétrica. A impedância do corpo

é capacitiva e, em sistemas capacitivos quanto maior a freqüência menor

será a resistência presente. Outro fator importante é que, devido a menor

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resistência oferecida pelo corpo humano à passagem da corrente à

estimulação a nível muscular será bem mais profunda (LEME, 2003).

As correntes de média freqüência reduzem a resistência para o seu

fluxo, fazendo, novamente, este tipo de forma de onda bastante confortável,

podendo tolerar intensidades mais altas (PRENTICE, 2002).

2.7.3.5 Efeito Gildemeister e Inibição Wedensky

A estimulação de um músculo ou fibras neuromusculares com

freqüências maiores que a sua velocidade de despolarização e repolarização

máxima, faz com que essas fibras se despolarizem na sua freqüência própria,

tornando a despolarização assíncrona, ou seja, a cada pulso de corrente não

corresponde uma despolarização da fibra. A despolarização da fibra nervosa

segundo esse princípio de somação é chamado de Efeito Gildemeister (KLD,

2003).

Ao se estimular continuamente uma fibra nervosa com corrente de

média freqüência, pode ocorrer despolarização desta fibra inclusive no

período refratário relativo. Além disso, a fibra pode ter dificuldade em

continuar a se despolarizar, promovendo a fadiga da placa motora. Esse

fenômeno é devido a duas causas: (1) se durante a estimulação, alguns

pulsos coincidem com o período refratário, causando maior dificuldade na

repolarização, (2) o retorno ao potencial de repouso da membrana torna-se

cada vez mais demorado, terminando por não mais se estabelecer, enquanto

durar a estimulação. Este bloqueio é conhecido como Inibição Wedensky. A

fadiga da placa motora terminal aumenta com o aumento da freqüência da

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estimulação elétrica e não consegue mais converter os impulsos elétricos em

despolarizações da membrana da fibra muscular oposta (KLD, 2003).

2.7.3.6 Modo de Estimulação

O modo de estimulação proporcionado pela corrente de média

freqüência utilizado no estudo foi o modo “sincronizado”, que permite que a

corrente passe por todos os canais ao mesmo tempo estimulando agonistas e

antagonistas (LEME, 2003).

A base teórica para seu uso é que a estimulação elétrica máxima

pode fazer com que quase todas as unidades motoras em um músculo se

contraiam de forma sincronizada: algo que não pode ser conseguido na

contração voluntária, segundo se alega. Isso permitiria a ocorrência de

contrações musculares mais fortes com a estimulação elétrica e portanto

maior hipertrofia muscular (LOW e REED, 2001).

O ganho de força, independente do posicionamento, pode dever-se ao

fato da estimulação elé trica promover uma despolarização sincrônica, a qual

leva a um recrutamento máximo e simultâneo das unidades motoras

(GUIRRO, 2002).

A EENM é mais desgastante e fatigante que o exercício voluntário

normal. Isto é resultante da excitação sincrônica da unidade motora quando a

estimulação elétrica é usada, enquanto a atividade fisiológica normal ocorre

assincronicamente (LEME, 2003).

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2.7.3.6.1 Os controles dos Ciclos “on” / “off” (taxa de repetição de trens de

pulso)

Nos programas de EENM, os controles “on” time / “off” time” são

essenciais, já que a contração estimulada contínua do músculo esquelético

leva a uma fadiga muscular muito rápida, o que implica numa queda da força

gerada (BRASILEIRO, 2002). A estimulação intermitente é necessária nos

casos de estimulação neuromuscular em que há necessidade de ajustes

entre o período de contração e de repouso (GUIRRO, 2002).

O Ciclo “on” permite a eleição do tempo de passagem dos trens de

pulso, ou seja, o tempo para manter a contração. Este tempo é variável de

acordo com o que se deseja e com o estado do músculo (LEME, 2003).

O Ciclo “off” indica o tempo de repouso entre uma contração e outra.

Também é variável de acordo com o estado muscular (LEME, 2003).

Nas primeiras sessões de um programa de estimulação elétrica

neuromuscular, um período relativamente longo de repouso (T “on” / T “off”

1:5 até 1:3) deve ser usado para a capacidade do músculo de continuar a

responder. Com o passar das sessões, o tempo de repouso deve ser

reduzido progressivamente (1:2 até 1:1), e o tempo de estimulação deve ser

aumentado (LEME, 2003); GUIRRO, 2002).

Quando o músculo estiver treinado, o tempo “off” pode ser reduzido

progressivamente, assim como o tempo “on” aumentado em grande

proporção, relativamente ao ciclo de estimulação. O limite entre os valores

desses parâmetros ainda não está muito bem estabelecido (LEME, 2003).

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Intervalos entre as contrações são necessários para permitir o

reabastecimento energético do músculo e evitar a produção de ácido lático;

se isso não for respeitado, as contrações não poderão ser mantidas em altas

intensidades (BRASILEIRO, 2002; KITCHEN e BAZIN, 1998).

2.7.3.6.2 Os controles da rampa (“subida / “descida”)

Com o controle da rampa, a carga do pulso pode aumentar

gradativamente dentro de um determinado período de tempo, normalmente

variando de 1 a 5 segundos, permitindo então um aumento progressivo da

contração muscular. Há também uma rampa de descida, resultando em uma

diminuição gradual da carga até o fim do tempo de contração (BRASILEIRO,

2002).

Os controles da rampa indicam o tempo de subida e descida do

estímulo, respectivamente, ou seja, se a contração vai ser lenta até chegar

ao seu limite máximo ou rápida e, da mesma forma, se o relaxamento vai

acontecer lentamente ou não. Esta variação também dependerá do tipo de

contração que se deseja estimular (LEME, 2003).

A subida lenta permite que a amplitude do estímulo seja aumentada

gradualmente, com as fibras sendo recrutadas proporcionalmente (GUIRRO,

2002).

As modulações de rampa no início e no fim do período de estimulação

oferecem uma forma mais confortável de contração (recrutamento gradual de

unidades motoras) em uma variedade de aplicações (BRASILEIRO, 2002).

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2.7.3.7 Eletrodos e Seleção dos Sítios de Locação

2.7.3.7.1 Tipos de eletrodos

Eletrodos são como pequenos microfones que são usados para ouvir

os músculos (SALGADO, 1999). Os eletrodos têm como função básica

transmitir a corrente, que está sendo gerada no equipamento ao paciente

(GUIRRO, 2002).

Este eletrodo deve ser proporcional ao músculo que se quer estimular.

Em relação ao tamanho, pode-se dizer que eletrodos com pequenas áreas de

detecção permitem maior aproximação e portanto maior seletividade. Para

músculos maiores e mais largos, são necessários eletrodos maiores e mais

separados um do outro (SALGADO, 1999).

A área dos eletrodos necessária para a estimulação depende em

parte da área de tecido excitáveis a ser estimulada. Na utilização da EENM

sobre músculos como quadríceps/glúteo grandes eletrodos de estimulação

são utilizados (BRASILEIRO, 2002; MAcKLER E ROBINSON, 2001). Os

eletrodos grandes promovem uma maior resposta motora com menor

estímulo doloroso (GUIRRO, 2002).

Nas aplicações de EENM, os eletrodos são fixados sobre a pele, os

chamados eletrodos de superfície (BRASILEIRO, 2002). No caso dos

eletrodos de borracha um agente de acoplamento, como um gel eletricamente

condutivo, torna-se necessário para fornecer um caminho de menor

resistência à passagem da corrente elétrica (BRASILEIRO, 2002).

Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265

49

Os eletrodos de borracha produziram maior torque absoluto,

apresentando maior corrente e menor impedância, quando comparados aos

eletrodos de metal (BRASILEIRO, 2002). GUIRRO (2002), analisaram três

tipos de eletrodos (metálico, auto-adesivos, silicone-carbono), utilizando-se

parâmetros da corrente idênticos para todos. Concluiu que os eletrodos de

borracha-carbono produziram maior torque muscular com uma menor

resistência.

BRASILEIRO (2002), constatou que é essencial uma pressão firme e

uniforme sobre os eletrodos, para que possa haver uma condutibilidade

também uniforme entre eletrodo e a pele. A intensidade da estimulação, o

tamanho dos eletrodos, bem como sua adequada fixação, são condições

essenciais para a obtenção de uma contração muscular induzida.

2.7.3.7.2 Escolha do ponto de estimulação - o ponto motor

Os eletrodos devem ser colocados nos pontos motores pois é o ponto

onde a impedância é menor, isto é, onde a resistência à passagem da

corrente é menor (SALGADO, 1999; LOW e REED,2001).

O ponto motor é o local onde o nervo penetra no epimísio e ramifica-

se dentro do tecido conjuntivo, onde cada fibra nervosa pode inervar uma

única fibra muscular ou até mais de 150 fibras musculares. No local da

inervação o nervo perde sua bainha de mielina e forma uma dilatação que se

insere numa depressão da fibra muscular: é o ponto motor (KW, 199_;

HAYES, 2002).

Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265

50

Freqüentemente localizada na junção do terço proximal com os dois

terços distais do ventre do músculo, está é a posição onde é possível

influenciar o maior número de fibras nervosas motoras (KITCHEN e BAZIN,

1998).

O local do ponto motor é sempre menos sensível, logo, a estimulação

através deles são melhores que em outras áreas por possibilitar o

recrutamento de um maior número de fibras musculares (KW, 199_;

KITCHEN e BAZIN, 1998).

Assim o limiar motor apresenta-se diminuído nesse ponto e, como

conseqüência, a intensidade da corrente necessária para a contração

muscular vai ser menor, ao passo que o limiar sensitivo encontra-se elevado,

fazendo o paciente ter uma percepção diminuída ao estímulo (GUIRRO,

2002).

Além disto são nestes pontos onde a estimulação é mais confortável,

e capacitamos o indivíduo para suportar maiores intensidades de corrente

(SALGADO, 1999; MAcKLER E ROBINSON, 2001).

O conforto durante a estimulação elétrica é fator fundamental para o

seu sucesso podendo até limitar sua aplicação (GUIRRO, 2002).

2.7.3.7.2.1 Estratégias para locação dos eletrodos

Segundo SALGADO (1999) é importante considerar alguns pontos:

− Selecionar a proximidade apropriada do local proposto para o

grupo muscular em questão, mantendo o mínimo de tecido entre o

eletrodo e as fibras musculares

Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265

51

− Selecionar a posição apropriada dos eletrodos em relação à fibra

muscular. Quando possível, os eletrodos devem ser colocados

paralelamente às fibras para maximizar a sensibilidade e a

seletividade

− Evitar as regiões de terminação motora. Se isso ocorrer, as

amplitudes observadas serão tipicamente menores

− Minimizar as interferências de músculos adjacentes através da

seleção correta do tamanho dos eletrodos e distância entre os

mesmos.

2.7.3.7.2.2 Preparação da pele

Este procedimento preliminar é efetuado para que sejam removidos

debris cutâneos (inclusive as células epiteliais mortas), excesso de

oleosidade, suor / sujidades, poeira e pêlos existentes em sua superfície.

Para que seja facilitado um bom contato entre o eletrodo e a pele, o que

reduzirá a resistência elétrica ao nível da interface (KITCHEN e BAZIN, 1998;

SALGADO, 1999; HAYES, 2002).

É importante manter a impedância da pele a mais baixa e balanceada

possível. Para preparar a pele usa-se um papel toalha embebido em álcool

que deve ser friccionado contra a pele em um único sentido e direção para

evitar o acúmulo de energia estática. (SALGADO, 1999). A região a ser

tratada, deve ser posicionada de modo confortável e apropriado, de modo

que o paciente fique relaxado e sejam evitados movimentos desnecessários

(LOW e REED, 2001; HAYES, 2002). Para obter um melhor fortalecimento

Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265

52

com a EENM, coloque o músculo na extensão de repouso ou em uma

amplitude levemente alongada (HAYES, 2002).

2.7.3.8 Protocolos de Estimulação

O objetivo das aplicações de EENM quando se procura o

fortalecimento muscular é atingir o máximo tolerável de contrações. A

amplitude de estimulação deve ser aumentada gradualmente até que o limiar

motor seja alcançado e excedido; alguns dias de adaptação podem ser

necessários (BRASILEIRO, 2002).

Em um esforço por melhorar o torque muscular, alguns pesquisadores

têm escolhido intensidades de estimulação elétrica pela sensação individual

do paciente. Outros têm pré-selecionado as intensidades de estimulação que

produzem níveis específicos de torque numa proporção entre 60% e 87% da

contração isométrica voluntária máxima (GUIRRO, 2002).

Nos experimentos de GUIRRO (2002), foram observadas alterações

sempre crescentes da intensidade intra ou interestimulações. O protocolo

utilizado consistia em sempre iniciarem a sessão seguinte numa intensidade

igual ou superior à anterior, respeitando-se a sensação voluntária. Este

procedimento permitiu que a contração muscular fosse mantida dentro de um

padrão de uniformidade durante todo o período de estimulação, sempre no

seu nível máximo.

O tempo de estimulação varia de acordo com o tipo de treinamento de

força, sendo o tempo de repouso dependendo desse tipo de treinamento

(SALGADO, 1999; HAYES, 2002). Ganhos de força do recrutamento da

Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265

53

unidade motora provavelmente chegam ao ponto máximo em

aproximadamente 20 a 25 sessões (HAYES, 2002).

O grande aumento de força propiciado pela EENM pode estar

relacionado com o número de contrações isométricas realizadas na

intensidade máxima suportada pelo paciente (GUIRRO, 2002).

Não existe um protocolo definitivo que inclua todas as variações

possíveis em um programa de fortalecimento muscular. O treinamento irá

variar muito em função dos objetivos do programa, bem como das respostas

do paciente frente a EENM (LEME, 2003).

Freqüentemente, afirma-se ser difícil avaliar a eficácia relativa dos

vários protocolos que têm sido utilizados, porque não são fornecidos detalhes

suficientes acerca dos parâmetros que foram utilizados (KITCHEN e BAZIN,

1998). Alguns estudos demonstraram diferenças marcantes nas respostas à

estimulação elétrica em indivíduos diferentes mas há ainda muita incerteza,

principalmente devido à variedade de técnicas e diferentes protocolos

adotados nos diferentes estudos (KLD, 2003).

2.7.3.9 Corrente Russa

A corrente russa consiste em uma corrente de média freqüência

homogeneamente alternada de 2.500 Hz, quadrática, com formas de ondas

senoidais, aplicada como uma série de disparos separados (LOW e

REED,2001; PRENTICE, 2002).

KOTS (1977) descreveu a Corrente Russa como uma corrente

sinusoidal alternada (bifásica) de 2.500 Hz com uma freqüência de estímulo

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de 50 Hz e com um tempo de cada envelope de 10 ms (milisegundos) e

intervalo entre eles de 10 ms (LEME, 2003).

Essa corrente visa promover uma contração muscular e é utilizada

clinicamente para produzir fortalecimento e hipertrofia muscular (GUIRRO,

2002).

Na década de 1970, foram publicadas alegações de que a corrente

interrompida de média freqüência (2.500 Hz) poderia ser usada para gerar

maior força muscular do que uma contração muscular voluntária máxima

(LOW e REED, 2001).

Esta freqüência produz contração muscular tetanizante e, quando

relacionada com intensidades suficientes de estimulação elétrica (33% da

contração voluntária máxima - CVM), aumenta o torque produzido no músculo

sadio (GUIRRO, 2002; GOWLD, 1993).

Embora seja uma corrente de média freqüência, os nervos são

estimulados, pois ela é interrompida para produzir uma estimulação de baixa

freqüência de 50 Hz. Devido aos pulsos curtos (de fase de 0,2 ms), ela passa

com razoável facilidade através da pele e é efetiva na estimulação de nervos

motores (LOW e REED, 2001).

Ocorrem assim 50 períodos de 20 ms de duração que consistem em

um disparo de 10 ms e um intervalo de 10 ms. Cada disparo de 10 ms contém

25 ciclos de corrente alternada, ou, seja, 50 fases de 0,2 ms de duração

(LOW e REED,2001).

O pulso pode ser variado de 50 a 250 µs (microsegundos); a duração

da fase será metade da duração de pulso ou 25 a 125 µs. Como a freqüência

do pulso aumenta, sua duração diminui (PRENTICE, 2002; HAYES, 2002).

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55

Tem-se mostrado portanto mais efetiva na ativação do nervo motor,

necessitando de uma energia de ativação moderada (GUIRRO, 2002).

As correntes de média freqüência penetram na pele com uma mínima

resistência de 125 ohms por 127 cm² de eletrodo de superfície. Reduzindo-se

a resistência da pele, é necessário menor intensidade de descarga. Possuem

menor efeito no complexo neuromuscular superficial e produzem uma menor

despolarização dos receptores cutâneos (GOWLD, 1993; LEME, 2003).

Em função da natureza das correntes de média freqüência, a fibras

nervosas aferentes cutâneas não se despolarizam prontamente. Entretanto, o

paciente pode ser capaz de tolerar maiores níveis de corrente, produzindo

60% da contração muscular máxima em certos casos (GOWLD, 1993).

As características do músculo esquelético não são imutáveis. Em

respostas às mudanças no uso dos músculos, suas características

estruturais, bioquímicas e fisiológicas adaptam-se para satisfazer mais

apropriadamente as demandas impostas (MAcKLER E ROBINSON, 2001).

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56

2.8 FLACIDEZ MUSCULAR

O termo flacidez refere-se à qualidade ou estado de flácido, ou seja:

mole, frouxo, lânguido. Pode-se classificar a flacidez estética não como uma

patologia distinta, mas sim como uma “seqüela” de vários episódios ocorridos

como: inatividade física, emagrecimento demasiado entre outros (GUIRRO,

2002). Os músculos ficam flácidos principalmente por causa da falta de

exercícios físicos. A não contração freqüente do músculo faz com que suas

fibras fiquem elásticas, provocando a flacidez da região. A musculatura perde

a tonicidade e sem contornos definidos as fibras musculares ficam atrofiadas

e flácidas (GUIRRO, 2002).

A própria parte hormonal feminina faz com que as mulheres acumulem

mais gordura no corpo. Por razão da variação hormonal, há uma diminuição

do colágeno e da elastina, fibras que dão sustentação à pele. Além de uma

diminuição nos líquidos da pele (ROCHA, 2004).

Além da vida sedentária ou dos distúrbios na pele, há ainda um outro

fator que determina a existência ou não de flacidez no corpo: a predisposição

genética. Devido a uma maior propensão genética, alguns indivíduos têm a

estrutura da pele alterada, com diminuição ou alteração das fibras de

colágeno e elastina (SEIXAS, 2004).

O estiramento excessivo da pele, que acontece principalmente na

gravidez, e após dietas rápidas são outros fatores que podem determinar um

corpo flácido. Engordar e emagrecer constantemente, o chamado "efeito

sanfona", acaba levando ao estiramento da pele e músculos e,

conseqüentemente, à flacidez. Por fim, o envelhecimento também prejud ica a

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tonicidade dos músculos. Com o passar dos anos, além da alteração nas

fibras de colágeno da pele, há redução da massa muscular em todo o corpo

(SEIXAS,2004).

A flacidez propriamente dita é provocada pela perda de elementos do

tecido conjuntivo como fibroplastos, elastina e colágeno. Esta perda faz com

que a rede de elementos se torne menos densa, tirando a firmeza entre as

células. O problema da flacidez muscular e dos tecidos gera pontos anti -

simétricos. Os tecidos se afrouxam, caem e sofrem um enve lhecimento

precoce. Além das causas anteriores, nádegas e mamas ainda sofrem o

efeito da gravidade; isto é, maior volume, maior peso, maior flacidez

(MARQUES, 2004).

Essa flacidez muscular reflete-se diretamente nos tecidos adjacentes,

provocando a perda da “intimidade” entre os tecidos, diferindo dos aspectos

citados acima, isto é, da textura do tecido conjuntivo. Estes aspectos facilitam

intensamente o acúmulo de gorduras em áreas flácidas (MARQUES, 2004).

A pele é um material biológico de comportamento viscoelástico (com

capacidade de deformar-se frente a uma pressão exercida contra o tecido)

(GUIRRO, 2002). Existe uma relação entre a resistência interna do material

em relação a carga e seu próprio alongamento. Existem 2 fases: a fase

elástica, ou seja, a tensão e diretamente proporcional a habilidade do tecido

de resistir a carga. Nesta fase, se a carga for retirada, o tecido retorna

imediatamente a dimensão anterior. Porém se o limite elástico for

ultrapassado (fase de flutuação) não haverá o retorno as características

originais do tecido. A fase plástica caracteriza -se pela deformação

permanente (GUIRRO, 2002).

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58

2.9 COMPOSIÇÃO CORPORAL

A composição corporal refere-se a quantidades relativas de diferentes

compostos corporais (água, proteínas, minerais e gordura). Entretanto, a

maioria das técnicas de avaliação da composição corporal simplesmente

propiciam uma estimativa da massa magra e da massa gorda (HEYWARD E

STOLARCZYK , 2000).

2.9.1 MÉTODO DE BIOIMPEDÂNCIA BIOELÉTRICA CORPORAL

É um método rápido (cuja técnica se baseia no trabalho de HOFFER e

cols, 1969), não invasivo para avaliar a composição corporal em situações

clínicas e de campo. O método baseia-se na leitura da resistência e da

reatância elétricas obtidas através da passagem de corrente e létrica de baixa

intensidade (HEYWARD E STOLARCZYK , 2000).

Em substratos homogêneos, a aplicação de uma corrente elétrica gera

uma força de oposição à passagem do fluxo, denominada resistência

biológica (R), inversamente proporcional à condutividade ou condutância do

meio. Se no substrato existirem estruturas com comportamento funcional de

condensadores ou capacitores, haverá uma fonte de oposição, denominada

reatância (RICIERI, 2003).

A água corporal total é calculada e o seu valor pode ser utilizado para

estimar a gordura corporal (GUIRRO, 2002).

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59

O fundamento biofísico da bioimpedância é a aplicação de uma

corrente elétrica alternada, de baixa amplitude e alta freqüência, em um

substrato orgânico (RICIERI, 2003).

Embora seja um teste rápido, seguro e não-invasivo de estimação da

composição corporal, sua precisão pode ser questionada (HEYWARD E

STOLARCZYK , 2000).

Com esse método, uma corrente elétrica de baixo nível é passada

através do corpo e a impedância (Z), ou oposição ao fluxo da corrente, é

medida. A água corporal total do indivíduo (ACT) pode ser estimada pela

medida de impedância, porque os eletrólitos na água corporal são excelentes

condutores de corrente elétrica. Quando o volume de ACT é grande, a

corrente flui mais facilmente através do corpo com menor resistência (R). A

resistência ao fluxo da corrente será maior em indivíduos com grande

quantidade de gordura corporal, dado que o tecido adiposo é mal condutor de

corrente elétrica pela sua relativa baixa quantidade de água (HEYWARD E

STOLARCZYK , 2000).

Os tecidos biológicos agem como condutores ou isolantes (dielétricos)

e o fluxo de corrente através do corpo seguirá o caminho de menor

resistência. Dado que a gordura é anidra e má condutora de corrente elétrica,

a impedância corporal tota l, medida a uma freqüência constante, reflete

primariamente os volumes dos compartimentos de água e músculos que

compreendem a massa livre de gordura e o volume de água extracelular

(GUIRRO, 2002; RICIERI, 2003).

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60

Para resultados fidedignos, as mensurações devem ser efetuadas de

forma padronizada, controlando-se variáveis como a temperatura ambiente e

o nível de hidratação (GUIRRO, 2002).

2.9.2 PRESSUPOSTOS E PRINCÍPIOS DO MÉTODO DE BIOIMPEDÂNCIA

O volume da massa livre de gordura (MLG) ou da água corporal total

(ACT) é indiretamente estimado por meio de medidas de impedância

bioelétrica. Portanto, são feitos certos pressupostos básicos sobre o formato

geométrico do corpo e a relação da impedância com o comprimento e o

volume do condutor (HEYWARD E STOLARCZYK,2000).

2.9.2.1 Pressupostos

Devido aos segmentos corporais não serem uniformes no

comprimento ou na área de secção transversal, a resistência ao fluxo de

corrente através desses segmentos corporais será diferenciada. As

mudanças no estado eletrolítico corporal irão afetar dramaticamente as

medidas através da bioimpedância (HEYWARD, E STOLARCZYK, 2000).

A resistividade específica (p) não é constante e tem se mostrado

variável entre segmentos corporais por causa de diferenças em composições

teciduais, níveis de hidratação e concentração eletrolítica (HEYWARD, E

STOLARCZYK, 2000).

HEYWARD E STOLARCZYK (2000) afirma que a resistividade

especifica do tronco é duas a três vezes maior do que a das extremidades.

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61

2.9.2.2 Princípios

Tecidos biológicos agem como condutores ou isolantes e o fluxo de

corrente através do corpo seguirá o caminho de menor resistência.

A impedância corporal total, medida a uma freqüência constante de

50KHZ (kilohertz), reflete primariamente os volumes dos compartimentos de

água e músculos que compreendem a MLG e o volume de água extracelular

(HEYWARD, E STOLARCZYK, 2000).

2.9.3 APLICAÇÃO DO MÉTODO DE BIOIMPEDÂNCIA BIOELÉTRICA

CORPORAL

A pele deve ser limpa previamente com álcool. O método tetrapolar

usa quatro eletrodos aplicados à mão, ao pulso, ao pé e ao tornozelo

(HEYWARD E STOLARCZYK , 2000). Estes devem ser posicionados do lado

direito do corpo, com o paciente em decúbito dorsal sobre uma superfície não

condutora de corrente elétrica (GUIRRO, 2002).

Uma corrente de excitação (500µA a 800µA) a 50 KHZ é aplicada aos

eletrodos-fonte (distais) na mão e no pé, e a queda de voltagem, devido à

impedância, é detectada pelo eletrodo-sensor (proximal) no pulso e no

tornozelo (HEYWARD E STOLARCZYK , 2000).

2.9.4 FONTES DE ERRO DE MEDIDA

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62

A validade e precisão do método de BIA são afetadas por

instrumentação, fatores do sujeito, habilidade do avaliador, fatores

ambientais e equação de predição usada para estimar a MLG. O erro teórico

é estimado em aproximadamente 1.8 kilos. Então parte do erro total de

predição, associado ao método de bioimpedância e às equações (20% a

50%), pode ser atribuída ao erro no método de referência (HEYWARD E

STOLARCZYK , 2000).

2.9.5 INSTRUMENTAÇÃO

Apesar de haver um número de analisadores de bioimpedância de

freqüência fixa, dois analisadores de impedância comumente usados são o

sistema RJL e Valhalla Scientific (San Diego, CA).

O analisador RJL libera uma corrente alternada de 800µA a uma

freqüência fixa de 50 Khz. É importante descobrir do fabricante quais

equações estão em seu analisador, para saber quais equações foram usadas

nos cálculos de MLG e gordura corporal.

A instrumentação é uma fonte de erro substancial e uma limitação do

método de BIA. Para controlar este erro o mesmo instrumento deve ser usado

ao monitorar mudanças na composição corporal. O analisador de BIA deve

ser calibrado antes de medir a composição corporal (HEYWARD E

STOLARCZYK , 2000).

2.9.6 FATORES INDIVIDUAIS

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63

A principal fonte de erro do método de bioimpedância é a variabilidade

intraindividual na resistência total do corpo, devido a fatores que alteram o

estado de hidratação do cliente. Entre 3,1 e 3,9% da variação na resistência

podem ser atribuídos às flutuações do dia-a-dia na água corporal.

Fatores como alimentação, bebidas, desidratação e exercícios alteram

o estado de hidratação do individuo, portanto afetam a resistência total do

corpo e a estimativa da MLG. Medir a resistência de duas a quatro horas

após uma refeição diminui resistência (R) em torno de 13 a 17 ohm e pode

superestimar a MLG de um indivíduo em quase 1,5 Kg. A resistência aumenta

significantemente (10 ohm) e permanece elevada de 4 a 90 minutos após a

ingestão de um litro de água. Já a desidratação aumenta a resistência (40

ohm), resultando em uma subestimativa de 5Kg na MLG.

Apesar de o ciclo menstrual alterar a água intracelular, ACT, a taxa de

água extracelular versus intracelular e o peso corporal, há apenas pequenas

mudanças nas medidas de bioimpedância. Entretanto, o peso corporal médio

das mulheres analisadas foi estável (menor que 2 Kg) durante o ciclo

menstrual.

Até que haja mais dados conclusivos a respeito desse assunto,

recomendamos realizar medidas de bioimpedância em um momento do ciclo

menstrual em que a cliente perceba que não está com o peso

significantemente alterado. Essa prática deve minimizar o erro e levar a uma

estimativa mais precisa da MLG (HEYWARD E STOLARCZYK , 2000).

2.9.7 HABILIDADE DO EXAMINADOR

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64

A habilidade do avaliador não é uma grande fonte de erro de medida.

Não há virtualmente nenhuma diferença nas medidas de resistência obtidas

por diferentes avaliadores, desde que procedimentos padronizados para a

colocação dos eletrodos e posicionamento do cliente sejam seguidos

rigorosamente. O eletrodo sensor proximal, em particular, deve estar

corretamente posicionado no punho e no tornozelo. Um deslocamento de 1

cm dos eletrodos sensores pode resultar em 2% de erro em R.

O avaliador de BIA deve estar certo de que o cliente está deitado em

decúbito dorsal com os braços e as pernas confortavelmente separados, em

torno de 45o de ângulo um em relação ao outro (HEYWARD E STOLARCZYK ,

2000).

2.9.8 FATORES AMBIENTAIS

Medidas de bioimpedância devem ser feitas com o cliente deitado em

decúbito dorsal sobre uma superfície isolante (p.ex., colchonete de ginástica

ou esteira) em uma sala com temperatura ambiente normal (22o C).

Temperaturas frias do ambiente (14o C) causam uma queda na temperatura

da pele (24o C comparado com 33o C sob condições normais), resultando em

um aumento significante da R total do corpo (+35W na média) e diminuição

na MLG estimada (2,2 kg) (HEYWARD E STOLARCZYK , 2000).

2.9.9 EQUAÇÕES DE PREDIÇÃO DE BIOIMPEDÂNCIA BIOELÉTRICA

CORPORAL

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Equações de predição de bioimpedância devem ser selecionadas

baseadas em idade, sexo, etnia, nível de atividade física e nível de gordura

corporal do cliente. O uso de equações inapropriadas pode levar a erros

sistemáticos de predição na estimativa da MLG. Essa é a maior fonte

potencial de erro para esse método (HEYWARD E STOLARCZYK , 2000).

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3 METODOLOGIA

Participaram do estudo 10 acadêmicos da Universidade Estadual do

Oeste do Paraná, do sexo feminino, na faixa etária entre 19 e 25 anos, os

quais foram divididos aleatoriamente em dois grupos de 5 participantes cada,

escolhidos através de um sorteio. O grupo submetido a EENM foi composto

de 4 pessoas (com média de idade de 22,5 anos), visto a desistência de um

dos participantes. O grupo controle foi formado por 5 pessoas (com média de

idade de 22 anos).

O grupo muscular escolhido para este estudo foi o glúteo máximo, que

mesmo em pessoas jovens, pode apresentar algum grau de flacidez

muscular.

Os critérios de exclusão do estudo presente foram: história de

obesidade passada ou recente; gestantes; atletas ou praticantes de atividade

física regular; negras ou orientais.

Os critérios de inclusão do presente estudo foram:mulheres brancas;

sedentárias; saudáveis sem história de patologias pregressas; com o índice

de massa corpórea dentro dos padrões considerados normais, de acordo com

os índices estabelecidos pela organização mundial da saúde; não receber

quaisquer outros tipos de intervenções físicas, durante o tempo de

participação na presente pesquisa.

No dia da avaliação os participantes foram submetidos a avaliação

fisioterapêutica, de acordo com protocolo previamente desenvolvido, visando

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67

excluir contra-indicações à participação no programa e verificar as condições

fisiológicas em que se encontrava o paciente (ANEXO 1).

Em seguida, foram submetidos à análise das variáveis de interesse,

que incluíram: avaliação da força muscular do glúteo máximo; realização da

mensuração da região através da perimetria e avaliação pela bioimpedância

da porcentagem de massa de gordura e da porcentagem de massa magra.

O protocolo de EENM foi aplicado três vezes por semana, durante 7

semanas, perfazendo um total de 20 sessões, com duração de 30 minutos

para cada terapia.

A mensuração com o objetivo de verificar a medida da circunferência

do músculo glúteo máximo, foi realizada utilizando-se uma fita métrica com

capa plástica de material flexível, com precisão de 1 milímetro, com 7

milímetros de largura. A mensuração obedeceu aos critérios da

Anthropometric Standardization Reference Manual, sendo realizada da

seguinte forma: medida num plano horizontal, ao nível da maior

circunferência ao redor das nádegas (aproximadamente a 16 cm abaixo ponto

umbilical em direção ao púbis), com o paciente em posição ortostática

neutra. O avaliador posicionou-se ao lado do avaliado. As medidas de

circunferência refletem tanto o componente gordura, quanto massa livre de

gordura da composição corporal.

A mensuração com o objetivo de verificar a força muscular de glúteo

máximo, foi realizada baseando-se nos testes de força muscular

estabelecidos por KENDALL (1995). A mensuração foi realizada da seguinte

forma: com o paciente em decúbito ventral com joelho fletido 90o ou mais.

Prova: paciente realizou a extensão de quadril com o joelho fletido, com o

Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265

68

grau de força variando entre 0 (nenhum sinal de contração muscular ou força

muscular) a 5 (com contração visível e força presentes).

Para se verificar as porcentagens de massa magra e gorda, foi

realizada a avaliação da composição corporal através da Bioimpedância.

Sendo a mesma realizada com o aparelho portátil (Quantum II, RJL Systems

Bioelectrical Body Compostion Analyzer) com intensidade de corrente de 500

a 800 microampéres e freqüência de 50 KHZ (freqüência elétrica crítica dos

tecidos biológicos), o qual quantifica a resistência à corrente. Há baixas

freqüências (1 KHZ), a corrente passa apenas através dos fluidos

extracelulares; a freqüências mais altas (500 KHZ a 800 KHZ), ela penetra

nas membranas celulares e passa através do fluído intracelular, assim como

no fluído extracelular.

A partir da resistência, reatância, sexo, idade, peso e altura, o novo

programa VCORP em ambiente Windows 95, efetua os cálculos e gera o

laudo completo.

O teste foi realizado da seguinte forma: quatro eletrodos foram

aplicados à mão, ao pulso, ao pé e ao tornozelo direitos, com o paciente em

decúbito dorsal sobre uma superfície não condutora de corrente elétrica.

Na preparação do examinado, este foi orientado a: ingerir pelo menos

2 litros de água; não ter realizado nenhuma atividade física (8 horas antes);

não ter ingerido bebidas alcoólicas e café (12 horas antes); ter evitado o uso

de diuréticos e não ter realizado movimentos durante o teste.

Análise visual da região realizada com auxílio de máquina fotográfica

da marca Sony, DSC- P9 Cyber Shot.

Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265

69

O protocolo da EENM foi aplicado durante 7 semanas, equivalendo a

20 sessões de tratamento. Neste período os indivíduos foram instruídos a

não realizar nenhum tipo de atividade física, dieta alimentar, assim como

qualquer outro tipo de intervenção fisioterapêutica, que poderia interferir nos

resultados finais do estudo.

Os participantes foram submetidos a uma avaliação inicial e

reavaliados após as 20 terapias.

3.1 GRUPO I - SUBMETIDO À TÉCNICA DA ELETROESTIMULAÇÃO

Realizada limpeza prévia da região com álcool e algodão para fixação

dos eletrodos.

O paciente foi posicionado em decúbito ventral com os membros

inferiores estendidos, sendo que dois pares de eletrodos de borracha foram

posicionados em cada grupo muscular com um total de 4 saídas,

respectivamente sobre os pontos motores da musculatura. A certeza da

localização do ponto motor se dá quando o paciente referir menor

sensibilidade e de visualizar a melhor contração. Estes eletrodos foram

adaptados ao glúteo do paciente por meio de gel e fixados por fitas

autocolantes. Foi solicitado que o paciente permanecesse em repouso

durante a passagem da corrente. A aplicação da corrente foi realizada em

ambos os glúteos simultaneamente.

A eletroestimulação do glúteo, foi realizado com o aparelho Kinesis

Corrente Russa fabricado pela KW indústria nacional de tecnologia eletrônica

LTDA, 200_, com 8 canais independente, apresentando uma forma de pulso

Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265

70

Bifásico senoidal com freqüência de 2500Hz com modulação de freqüência

de pulso de 50Hz, despolarizada simétrica. Com isso obtemos trens de pulso

(burst) com duração de 10 milisegundos e intervalos de também 10

milisegundos.

Os parâmetros de tempo de estimulação foram: tempo de subida e

tempo de descida do trem de pulso de 6,5 segundos. Tempo de permanência

da corrente: 9 segundos da 1a a 7a sessões, 15 segundos da 8a a 14a

sessões e 27 segundos da 15a a 20a sessões. Tempo de repouso: 27

segundos da 1a a 7 a sessões, 15 segundos da 8 a a 14a sessões e 9 segundos

da 15a a 20a sessões. Sendo que o tempo de 27 segundos foi o máximo

permitido pelo aparelho . A intensidade foi regulada de acordo com a

sensibilidade do paciente; perfazendo um total de 30 minutos de terapia.

3.2 GRUPO II - CONTROLE

Este grupo foi composto por cinco indivíduos. Os indivíduos

apresentavam características semelhantes ao outro grupo, porém, não foi

realizada nenhuma terapêutica visando a hipertrofia da musculatura glútea,

apenas a avaliação na primeira e vigésima terapia.

Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265

71

4 RESULTADOS

Os resultados do Grupo 1 foram baseados na análise descritiva, a

qual mostrou que na avaliação inicial, a variável perimetria apresentou uma

média de 90,50 centímetros (desvio padrão de 2,38). Após a vigésima

aplicação houve uma alteração na média passando para 92,75 centímetros

(desvio padrão de 3,20).

Com relação à porcentagem de gordura corporal, inicialmente esta

apresentou uma média de 22,00% (desvio padrão de 1,41) e ao final

apresentou uma média de 19,50% (desvio padrão de 1,29).

Finalmente com relação à porcentagem de massa magra, esta

apresentou inicialmente uma média de 78,00% (desvio padrão de 1,41) e

finalizou com uma média de 80,50% (com desvio padrão de 1,29).

Pela segunda análise estatística realizada, utilizando-se o teste “t” de

Student com significância (p menor que 0,05); observou-se o seguinte

resultado para perimetria: p= 0,30. Evidenciando que não houve alteração

com relação à medida da perimetria antes e após as sessões de tratamento.

Com relação a porcentagem de gordura corporal e porcentagem de

massa magra, o teste “t” resultou em uma variância de p= 0,04 para ambas.

Evidenciando que houve uma redução da porcentagem de gordura corporal e

concomitantemente um aumento da porcentagem de massa magra dos

indivíduos submetidos à técnica de EENM (Tabela 1).

Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265

72

Tabela 1 – Resultados do grupo de acadêmicos submetidos à técnica de EENM, mensurados através da bioimpedância, perimetria e força muscular na primeira e na vigésima sessão de tratamento. Clínica de Fisioterapia da UNIOESTE-PR, 2003

Peso (Kg) Perimetria (cm) Força (graus) Bioimpedância Participantes Idade % gordura

Corporal % massa

magra Inicial Final Inicial Final Inicial final Inicial Final Inicial Final

Paciente 1 24 55.4 56.5 92 95 4 5 23 21 77 79 Paciente 2 21 53.4 53.8 92 94 4 4 22 19 78 81 Paciente 3 24 48.7 48.7 87 88 4 5 20 18 80 82 Paciente 4 21 56.2 56.6 91 94 4 5 23 20 77 80

VALORES DE REFERÊNCIA (% gordura e % massa magra)

20% a 26% 74% a 80% Fonte: Fichas dos participantes do Projeto de Pesquisa “Estudo sobre a eficácia da EENM de média f reqüência na hipotrof ia muscular g lútea e m mulheres jovens” .

Os resultados do Grupo 2 foram baseados na análise descritiva, a

qual mostrou que na avaliação inicial, a variável perimetria apresentou uma

média de 91,80 centímetros (desvio padrão de 2,59). Após as sete semanas

de estudo houve uma alteração nas médias para 92,20 centímetros (desvio

padrão de 2,28).

Com relação à porcentagem de gordura corporal, inicialmente esta

apresentou uma média de 21,40 % (desvio padrão de 1.52) e ao final

apresentou uma média de 22,40 % (desvio padrão de 1,95).

Finalmente com relação à porcentagem de massa magra, esta

apresentou inicialmente uma média de 79,80% (desvio padrão de 1,30) e

finalizou com uma média de 78,60% (com desvio padrão de 0,89).

Pela segunda análise estatística realizada, utilizando-se o teste “t” de

Student com significância (p menor que 0,05); observou-se o seguinte

resultado para perimetria: p= 0,80. Evidenciando que não houve alteração

com relação à medida da perimetria no grupo controle.

Com relação à porcentagem de gordura corporal e porcentagem de

massa magra, o teste “t” resultou em uma variância de p= 0,39 e p=0,12,

Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265

73

respectivamente. Evidenciando que não houve uma redução da porcentagem

de gordura corporal e nenhum aumento da porcentagem de massa magra

dos indivíduos do grupo controle (Tabela 2).

Tabela 2 – Resultados do grupo de acadêmicos, mensurados através da bioimpedância, perimetria e força muscular na primeira e na vigésima sessão de tratamento. Clínica de Fisioterapia da UNIOESTE-PR, 2003

Peso (Kg) Perimetria (cm) Força (graus) Bioimpedância Participantes Idade % gordura

Corporal % massa

magra Inicial Final Inicial Final Inicial final Inicial Final Inicial Final

Controle 1 23 52.5 53.2 89 90 4 4 21 23 81 79 Controle 2 22 55.0 56.6 96 96 4 4 20 21 81 80 Controle 3 25 56.0 56.4 92 92 4 4 23 23 80 78 Controle 4 21 50.2 52.5 91 92 4 4 23 25 79 78 Controle 5 19 55.1 55.1 91 91 4 5 20 20 78 78

VALORES DE REFERÊNCIA (% gordura e % massa magra)

20% a 26% 74% a 80% Fonte: Fichas dos part ic ipantes do Projeto de Pesquisa “Estudo sobre a eficácia da EENM de média f reqüência na h ipotrof ia muscular g lútea em mulheres jovens” .

O gráfico 1 ilustra os resultados individuais referentes ao parâmetro

perimetria, obtidos após as vinte sessões de tratamento, utilizando a técnica

da eletroestimulação.

Grupo 1 - Resultados individuais da perimetria na 1a e 20a terapias

82

84

86

88

90

92

94

96

1 2 3 4

número de pessoas

ce

ntí

me

tro

s

perimetria antes

perimetria depois

Gráfico 1 – Resul tado em centímetros da var iação referente a per imetr ia ut i l izando a técnica de eletroest imulação, na pr imeira e v igésima sessão de tratamento. Clínica de Fisioterapia da UNIOESTE-PR, 2003.

Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265

74

O gráfico 2 ilustra os resultados individuais referentes ao parâmetro

perimetria do grupo controle, obtidos após as sete semanas de estudo.

Grupo 2 - Resultados individuais da perimetria na 1a e 2a terapias

84

86

88

90

92

94

96

98

1 2 3 4 5

número de pessoas

ce

ntí

me

tro

s

perimetria antes

perimetria depois

Gráfico 2 – Resul tado em centímetros da var iação referente a per imetr ia no grupo contro le , na pr imei ra e v igés ima sessão de tratamento. Clínica de Fisioterapia da UNIOESTE-PR, 2003.

O gráfico 3 ilustra os resultados individuais referentes ao parâmetro

porcentagem de gordura corporal, obtidos após as vinte sessões de

tratamento, utilizando a técnica da eletroestimulação.

Grupo 1 - Resultados individuais da % de gordura corporal na 1a e 2a terapias

0

5

10

15

20

25

1 2 3 4

número de pessoas

po

rce

nta

ge

m

% gord.antes

% gord. dep.

Gráfico 3 – Resul tado em porcentagem referente a var iação da gordura corporal com a uti l ização da eletroestimulação, na primeira e vigésima sessão de tratamento. Clínica de Fisioterapia da UNIOESTE-PR, 2003.

Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265

75

O gráfico 4 ilustra os resultados individuais referentes ao parâmetro

porcentagem de gordura corporal obtidos do grupo controle, após as sete

semanas de estudo.

Grupo 2 - Resultados individuais da % de gordura corporal na 1a e 2a terapias

0

5

10

15

20

25

30

1 2 3 4 5

número de pessoas

po

rce

nta

ge

m

% gord.antes

% gord. dep.

Gráfico 4 – Resul tado em porcentagem da var iação referente a gordura corpora l observados no grupo contro le , na pr imei ra e v igés ima sessão de tratamento. Clínica de Fisioterapia da UNIOESTE-PR, 2003.

O gráfico 5 ilustra os resultados individuais referentes ao parâmetro

porcentagem de massa magra, obtidos após as vinte sessões de tratamento,

utilizando a técnica da eletroestimulação.

Grupo 2 - Resultados individuais da % de massa na 1a e 2a terapias

74757677787980818283

1 2 3 4

número de pessoas

po

rce

nta

ge

m

% mass. antes

% mass. depois

Gráfico 5 – Resultado em porcentagem referente à variação de massa magra, com a ut i l ização da e let roest imulação, na pr imei ra e v igés ima sessão de tratamento. Clínica de Fisioterapia da UNIOESTE-PR, 2003.

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76

O gráfico 6 ilustra os resultados individuais referentes ao parâmetro

porcentagem de massa magra obtidos do grupo controle, após as sete

semanas de estudo.

Grupo 2 - Resultados individuais da % de massa magra na 1a e 2a terapias

76

77

78

79

80

81

82

1 2 3 4 5

número de pessoas

po

rce

nta

ge

m

% mass. antes

% mass. depois

Gráfico 6 – Resultado em porcentagem da variação referente a massa magra observados no grupo controle, na pr imeira e vigésima sessão de tratamento. Clínica de Fisioterapia da UNIOESTE-PR, 2003.

O gráfico 7 ilustra as médias finais (referentes a perimetria,

porcentagem de gordura corporal e porcentagem de massa magra) do grupo

submetido a EENM e do grupo controle, obtidos após as vinte sessões de

tratamento.

Média dos resultados do Grupo 1 e Grupo 2, avaliados na 1a e 20a terapias

0

20

40

60

80

100

EENM Controle

Técnica utilizada e Controle

valo

res

ger

ais

perimetria antes

perimetria depois

% gordura antes

% gordura depois

% mass. antes

% mass. Depois

Gráfico 7 – Média obtida após a aplicação da EENM, e do grupo controle após a v igésima sessão de t ratamento. Cl ín ica de Fis ioterapia da UNIOESTE-PR, 2003.

Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265

77

5 DISCUSSÃO

O grupo controle, no qual cinco pessoas foram mensuradas na

primeira e na vigésima sessão, não apresentou aumento significativo com

relação ao item perimetria, podendo ser verificada através da análise das

médias (Tabela 2). Os indivíduos denominados controle 2, 3 e 5, não

obtiveram nenhuma alteração nas suas mensurações ao término das 7

semanas de terapia.

Com relação ao item força, não houve diferença significativa desta

variável após as 7 semanas de análise. De acordo com o observado na

Tabela 2, somente o indivíduo controle 5 obteve uma melhora na força (de 4

graus para 5 graus). Como esse foi um dado de avaliação um tanto quanto

subjetivo, não foi realizado sua análise estatística.

Pela análise realizada com a Bioimpedância, a maioria dos indivíduos

do grupo controle tiveram um aumento na porcentagem de gordura corporal

(exceção aos controles 3 e 5, que mantiveram o índice). Já para o índice de

massa corporal, a maioria teve uma diminuição nessa porcentagem; apenas o

controle 5 manteve-se com os mesmos resultados antes e após o período de

estudo (Tabela 2).

Pode se observar nos resultados dos participantes submetidos à

técnica de eletroestimulação (Tabela 1), um aumento nos valores referentes a

perimetria (os indivíduos denominados paciente 1 e paciente 4, foram os que

obtiveram o máximo de variação - cerca de 3 centímetros). Porém, esses

dados não foram significativos estatisticamente (p ›0,05).

Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265

78

Para o item força, a maioria dos indivíduos obteve um aumento de 1

grau (exceção feita ao paciente 2 que manteve o seu índice após a aplicação

do protocolo com a EENM). Assim como no grupo controle, esse dado não foi

analisado estatisticamente (Tabela 1).

O exame de Bioimpedância realizado com os indivíduos do Grupo 1,

mostrou uma alteração nos índices de gordura corporal e de massa magra.

Pela Tabela 1 pode-se verificar uma diminuição na porcentagem de tecido

adiposo em todos os pacientes. Com um máximo de perda (cerca de 3%) nos

pacientes denominados 1 e 4. Relacionado a porcentagem de massa

corporal, todos os indivíduos do Grupo 1 obtiveram um aumento na

quantidade de massa magra; alcançando um máximo de 3% nos pacientes

enumerado 2 e 4. (Tabela 1). Sendo assim, esses resultados foram

estatisticamente consideráveis (p‹ 0,05).

A média inicial do grupo controle (Gráfico 3), foi de 91,80 centímetros,

21,40% e 79,80%, com relação a perimetria, porcentagem de gordura

corporal e porcentagem de massa magra. Após as 20 sessões de tratamento

observou-se uma alteração nos parâmetros para: 92,20 centímetros, 22,40%

e 78,60%. Com aumento da média final da gordura corporal e diminuição da

média de massa magra.

Com relação ao grupo submetido à técnica da EENM (Gráfico 3), as

médias foram de: 90, 5 centímetros, 22% e 78%, com relação a perimetria,

porcentagem de gordura corporal e porcentagem de massa magra,

respectivamente. Após as 20 sessões de tratamento observou-se uma

alteração nos parâmetros para: 92,75 centímetros, 19,50% e 80, 50%,

respectivamente. Com a diminuição da média final da gordura corporal e

Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265

79

aumento da média de massa magra, conclui -se que ocorreu um ganho de

massa muscular da região glútea e aumento da força muscular, com a

aplicação da técnica da eletroestimulação neuromuscular.

Infere-se portanto, que a EENM apresentou resultados positivos para

os participantes avaliados, principalmente no que diz respeito aos valores da

Bioimpedância.

Para homens e mulheres em idade universitária as mudanças na

composição após um programa de treinamento de força consistirão de (1)

pouca ou nenhuma modificação no peso corporal total, (2) reduções

significativas na gordura corporal relativa e absoluta, e (3) aumento

significativo no peso corporal magro (presumivelmente massa muscular).

Embora isso seja verdadeiro tanto para o homem quanto para a mulher, o

fenômeno é muito menos pronunciado na mulher. Além disso, o maior

aumento no volume muscular exibido pelas mulheres foi bem menor. Isso

resulta que esses pequenos aumentos no diâmetro certamente não resultará

em massa muscular excessiva nem produzirá um efeito masculinizante (FOX

e MATHEWS, 1983).

A análise dos dados da perimetria permitiram observar que, a

despeito da diversidade do aspecto físico dos voluntários envolvidos na

pesquisa, não houve alteração estatística significativa nas medidas, tanto

para o grupo submetido a EENM quanto para o controle.

Os resultados encontrados não confirmam os relatos de que as

correntes de média freqüência resultam em um maior êxito na hipertrofia

muscular, uma vez que não observamos aumento significativo na perimetria

entre os grupos estimulados (OLIVEIRA, 2002).

Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265

80

SIVINI e LUCENA (1999), em estudo envolvendo quatro grupos

(controle, estimulação elétrica, exercícios voluntários e exercícios associados

a eletroestimulação), identificaram a ocorrência de maior ganho de perimetria

no grupo submetido à eletroestimulação associada aos exercícios.

Os resultados encontrados por WARD e SHKURATOVA (2002),

mostraram ganhos de força maiores (45% de força) no grupo que sofreu a

excitação da EENM. Estes ganhos de força foram acompanhados por um

aumento na circunferência do membro (3%), porém, não muito signi ficativos.

Quanto ao acompanhamento dos resultados obtidos com a

Bioimpedância, levou-nos à conclusão que houve uma diminuição do

percentual de gordura e um aumento do percentual de massa magra

significativa, no grupo submetido a EENM.

Algumas pesquisas científicas foram realizadas sobre o efeito de

correntes elétricas nos músculos. Concentrando-se em dois aspectos:

aumento de força muscular e endurance do músculo; sendo desta forma uma

conseqüência para perder tecido adiposo (EVANGELISTA, 2003).

O grupo que recebeu a estimulação elétrica obteve uma diminuição

significativa da quantidade de tecido adiposo (JARUSSI, 2001). Tanto a

eletroestimulação quanto o tratamento convencional (atividades físicas

somente) promoveram melhora significativa da performance (redução do

índice) e na redução do nível de gordura dos indivíduos avaliados neste

experimento (VILLAR, 1997).

Além disto, a avaliação subjetiva demonstrou um aumento significativo

do parâmetro de força muscular (Teste de Kendall) no grupo

eletroestimulado. Segundo MAcKLER E ROBINSON (2001) a média de ganho

Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265

81

de força devido a EENM aparenta ser em torno de 20% em aproximadamente

um mês. HOOGLAND (1988) atribui uma ativação de cerca de 30% a 40% a

mais das unidades motoras com a corrente elétrica de média freqüência.

NUNES e DAVINI (2000), demonstraram que a EENM isolada é mais

efetiva no fortalecimento muscular que o exercício isométrico voluntário.

LUCENA (1999), comparou a efetividade de 2 protocolos de fortalecimento

muscular. Após o término da experiência, seus resultados mostraram que

indivíduos submetidos ao protocolo de EENM apresentaram percentuais mais

altos, com relação à força muscular, do que os indivíduos do grupo de

exercícios.

Porém, ALON (1994), observou um maior aumento na força no grupo

que associou a EENM com exercícios voluntários.

STEFANOSKA e VODOVNIK (1985), observaram que ambos os

grupos submetidos a EENM, porém com parâmetros diferentes (onda

sinusoidal alternada e onda retangular monofásica), obtiveram aumento da

força muscular maiores quando comparados ao controle. KOTS (1977),

relataram um aumento da força com a corrente russa em indivíduos adultos

saudáveis; porém, esse aumento foi de 30% a 40% maiores em atletas.

A porcentagem de aumento de força nos parece dependente do sexo

das voluntárias e do protocolo de EENM empregado (NUNES e DAVINI,

2000). Já foi citado na literatura que grupos femininos submetidos a regimes

de treinamento com a EENM apresentaram maior alteração proporcional da

força que os grupos masculinos. Este fato poderia ser explicado pelos níveis

baixos de força inicial das mulheres, já que, como regra geral, um músculo

Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265

82

não-treinado pode ganhar mais força que um músculo pré-treinado (VILLAR,

1997).

O presente trabalho contraria os resultados apresentados por SOO

(1988), que não relata observar aumento da força muscular em quadríceps

femoral de indivíduos do sexo feminino.

Os resultados obtidos não confirmaram as conclusões de NORONHA

et al (1997), que relataram não haver aumento de força muscular, através da

estimulação elétrica neuromuscular em indivíduos sadios.

As pesquisas que envolvem o uso da eletroestimulação funcional na

produção de força e hipertrofia muscular são bastante controversas. Além

dos diferentes procedimentos metodológicos, os parâmetros manipuláveis

clinicamente nos aparelhos geradores de corrente elétrica não obedecem a

um padrão uniforme. O resultado disso é a enorme divergência nas

conclusões enunciadas a partir desses experimentos (VILLAR, 1997).

O protocolo e a técnica de aplicação da eletroestimulação utilizados em

um experimento são fatores de extrema importância para a efetividade dos

resultados da EENM. Isto explica o grande número de pesquisas realizadas

com o objetivo de determinar o protocolo de estimulação mais adequado para

proporcionar um aumento na atividade contrátil do músculo, ou um padrão

específico de eletroestimulação capaz de produzir hipertrofia muscular

(NORONHA, 1997).

Quanto ao número de sessões, alguns investigadores observaram

ganho significativo em 10 sessões. Outros, encontraram aumentos

significativos entre 12 e 25 sessões (LUCENA, 1999). Considerando a

freqüência, para a mulher comum em idade universitária podem-se conseguir

Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265

83

alterações fisiológicas significativas graças a programas de treinamento

realizados apenas 2 ou 3 vezes por semana (FOX e MATHEWS, 1983).

Enfim, o estudo identificou resultados favoráveis que justificam a

utilização da EENM em fisioterapia dermato-funcional. Porém os resultados

do tratamento nestes voluntários não podem ser cons iderados como

absolutos. Eles podem ajudar a divulgar experiências clínicas entre

fisioterapeutas que atuam utilizando técnica de eletroestimulação. Podem

gerar hipóteses para serem investigadas em pesquisas futuras, fornecer

material para o ensino da profissão, e auxiliar a formular parâmetros e guias

de práticas clínicas (EVANGELISTA, 2003).

Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265

84

6 CONCLUSÃO

A Eletroetimulação Neuromuscular (EENM) constitui hoje em um

importante recurso terapêutico. Entretanto, para tirar o máximo proveito na

utilização destes equipamentos, o fisioterapeuta deverá ter conhecimentos

dos parâmetros físicos da corrente elétrica que serão manipulados, já que as

respostas fisiológicas observadas nos pacientes dependerão destes

conhecimentos.

Os procedimentos e técnicas de pesquisa, assim como a utilização

dos seus instrumentos, devem ser padronizados e seguidos criteriosamente,

para que as informações possam ser consideradas com maior fidedignidade.

O objetivo do presente estudo foi comparar o efeito que a EENM

propicia a nível muscular com o grupo controle. Considerando-se os

resultados obtidos, pode-se dizer que o protocolo de eletroestimulação foi

eficaz no incremento da força muscular. Ainda propiciou incremento

percentual de massa magra e redução percentual da massa adiposa (ambos

mensurados através da bioimpedância), em indivíduos do sexo feminino,

sadios, não-treinados.

Sendo portanto a corrente de média freqüência uma técnica eficaz

visando esse propósito. Fato este que foi considerado muito importante, pois

foi capaz de evidenciar rápida melhora do aspecto estético e funcional da

musculatura glútea, pois houve também aparente melhora do tônus e trofismo

na região estimulada.

Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265

85

Em contrapartida, os resultados referentes a hipertrofia muscular,

mensurados através da perimetria, não se mostraram significativos do ponto

de vista estatístico.

Portanto, pelo exposto, concluiu-se que a EENM pode ser utilizada

efetivamente em músculos sadios, desde que se respeite as características

fisiológicas de cada músculo (direção e inervação das fibras musculares;

fadiga muscular).

Acredita -se assim com esses resultados, poder estar contribuindo com

a divulgação do uso da eletroestimulação na prática clínica, e assim,

aprimorar a nossa intervenção junto aos pacientes: nosso objetivo maior.

Enfim, mais estudos científicos se fazem necessários com uma maior

amostra para melhor avaliar o efeito da EENM no músculo esquelético sadio.

Monografias do Curso de Fisioterapia – Unioeste n. 01-2004 ISSN 1678-8265

86

REFERÊNCIAS

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ANEXO 1

Ficha de avaliação do Projeto de Pesquisa: “Estudo sobre a eficácia da eletroestimulação de média freqüência na hipotrofia muscular glútea em mulheres jovens”. Identificação: nome, data de nascimento, cor, endereço, telefone Início do tratamento v Anamnese

Antecedente patológico Dieta Atividade de vida diária Medicamentos e período de uso Tratamentos estéticos anteriores v Exame físico

Massa corpórea (peso) Massa corpórea média Altura v Palpação (aspecto da pele, edemas, fibroses, nódulos)

v Perimetria: Início/ Término da 20a terapia

v Teste de força (Kendall): Início/ Término da 20a terapia

v Bioimpedância: Inicío/ Término da 20a terapia

v Análise visual por meio de fotografia: Início/ Término da 20a terapia

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ANEXO 2 Paciente 1

A N T E S tratamento D E P O I S tratamento

Fonte: do autor Fonte: do autor

A N T E S tratamento D E P O I S tratamento

Fonte: do autor Fonte: do autor

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94

ANEXO 3 Paciente 2

A N T E S Tratamento D E P O I S tratamento

Fonte: do autor Fonte: do autor

A N T E S Tratamento D E P O I S tratamento

Fonte: do autor Fonte: do autor

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ANEXO 4 Paciente 3

A N T E S controle D E P O I S controle

Fonte: do autor Fonte: do autor

A N T E S controle D E P O I S controle

Fonte: do autor Fonte: do autor

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96

ANEXO 5 Paciente 4

A N T E S controle D E P O I S controle

Fonte: do autor Fonte: do autor

A N T E S controle D E P O I S controle

Fonte: do aut or Fonte: do autor

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ANEXO 6 Controle 1

A N T E S controle D E P O I S controle

Fonte: do autor Fonte: do autor

A N T E S controle D E P O I S controle

Fonte: do autor Fonte: do autor

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98

ANEXO 7 Controle 2

A N T E S controle D E P O I S controle

Fonte: do autor Fonte: do autor

A N T E S controle D E P O I S controle

Fonte: do autor Fonte: do autor

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99

ANEXO 8 Controle 3

A N T E S controle D E P O I S controle

Fonte: do autor Fonte: do autor

A N T E S controle D E P O I S controle

Fonte: do autor Fonte: do autor

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100

ANEXO 9 Controle 4

A N T E S controle D E P O I S controle

Fonte: do autor Fonte: do autor

A N T E S controle D E P O I S controle

Fonte: do autor Fonte: do autor

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101

ANEXO 10 Controle 5

A N T E S controle D E P O I S controle

Fonte: do autor Fonte: do autor

A N T E S controle D E P O I S controle

Fonte: do autor Fonte: do autor

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102

ANEXO 11

Posicionamento dos eletrodos

Fonte do autor

Posicionamento dos eletrodos

Fonte do autor

Aparelho util izado na eletroestimulação

Fontedoautor

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ANEXO 12

Posicionamento dos eletrodos para

realização do teste de Bioimpedância

Fonte: www.comcorp.com.br

Aparelho para análise da Bioimpedância

Fonte: www.comcorp.com.br

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