estudo prospectivo da neurotoxicidade orofacial induzida...

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TATIANA SANTOS ASSUMPÇÃO IACHINSKI Estudo prospectivo da neurotoxicidade orofacial induzida pelo protocolo quimioterápico FOLFOX 4 em pacientes com câncer de cólon e retoPIRACICABA 2014

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TATIANA SANTOS ASSUMPÇÃO IACHINSKI

“Estudo prospectivo da neurotoxicidade orofacial induzida pelo

protocolo quimioterápico FOLFOX 4 em pacientes com câncer de

cólon e reto”

PIRACICABA 2014

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA

TATIANA SANTOS ASSUMPÇÃO IACHINSKI

“Estudo prospectivo da neurotoxicidade orofacial induzida pelo

protocolo quimioterápico FOLFOX 4 em pacientes com câncer de

cólon e reto”

Orientador: Prof. Dr. Alan Roger dos Santos Silva

Co-orientadora: Ana Lúcia Carrinho Ayrosa Rangel

PIRACICABA 2014

Tese de Doutorado apresentada à Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Doutora em Estomatopatologia na área de Patologia.

Este exemplar corresponde à versão final da tese

defendida pela aluna Tatiana Santos Assumpção

Iachinski e orientada pelo Prof. Dr. Alan Roger dos

Santos Silva

Assinatura

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Resumo

O tratamento do câncer pode provocar efeitos colaterais que limitam a

efetividade da terapia e ter grande impacto na qualidade de vida do paciente. A

dor orofacial em pacientes oncológicos é comum e pode estar relacionada à

quimioterapia. A neurotoxicidade periférica e a dor neuropática são complicações

de diversos agentes quimioterápicos, como a Oxaliplatina, que apresenta alta

incidência de efeitos colaterais por toxicidade aguda e crônica. O objetivo deste

estudo foi pesquisar as manifestações sensitivas e motoras orofaciais causadas

pela neurotoxicidade do esquema quimioterápico FOLFOX 4. Na avaliação clínica

prospectiva, foram avaliados 23 pacientes com câncer de cólon e reto, submetidos

ao esquema quimioterápico FOLFOX 4 - FOL: Ácido Folínico (Leucovorina), F:

Fluorouracil (5-FU), OX: Oxaliplatina. Os pacientes foram avaliados em quatro

momentos da quimioterapia: no ciclo 1, entre o ciclo 2 e 3, entre o ciclo 6 e 8 e no

último ciclo (12). Exame clínico e questionário foram aplicados para pesquisar

ocorrência e as características clínicas da neuropatia periférica, incluindo: dor

orofacial, parestesia perioral, disgeusia, disfagia, disartria, câimbra nos músculos

mastigatórios, perda de sensibilidade tátil, disestesia, e a ocorrência de odontalgia

neuropática. O acompanhamento durante os ciclos da quimioterapia buscou

avaliar fatores desencadeantes, de piora e melhora, para intervenções dirigidas à

dor. A manifestação da neurotoxicidade orofacial ocorreu no sintoma de parestesia

em lábio, língua ou perioral, em 13% dos pacientes, e disgeusia, em 57% dos

pacientes. Dor neuropática em face, boca ou dentes não foram detectadas na

pesquisa. Os sintomas foram transitórios, caracterizando uma toxicidade aguda.

Pode-se concluir que o esquema quimioterápico FOLFOX 4 está associado a

neurotoxicidades orofaciais transitórias como parestesia e disgeusia, sugerindo

neuropatia aguda. Contudo, o protocolo de tratamento em questão não

desencadeou dor orofacial.

Palavras-chave: Dor orofacial, Odontalgia, Antineoplásicos/efeitos adversos,

Nervos Periféricos/patologia

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Abstract

The treatment of cancer can produce side effects, which are dose-limiting

and provoke a great impact on patient's quality of life. Orofacial pain often affects

cancer patients, and it may be related to chemotherapy. The peripheral

neurotoxicity and the neuropathic pain are complications of chemotherapeutic

agents, such as oxaliplatin, which leads to a high incidence of acute and chronic

side effects. The aim of this study was to investigate the orofacial sensory and

motor manifestations of neurotoxicity induced by FOLFOX 4 chemotherapy in the

treatment of colon cancer. Twenty-three patients were enrolled in this clinical

prospective study, treated by FOLFOX 4 - FOL: Folic Acid (Leucovorin), F:

Fluorouracil (5-FU), OX: Oxaliplatin (Eloxatin). The assessment was conducted in

four stages of chemotherapy: cycle 1, between cycle 2 and 3, between cycle 6 and

8, and in the last cycle (12). The symptoms of the peripheral neuropathy

manifestation were investigated using a questionnaire and clinical examination, in

order to determine the occurrence and the clinical characteristics of the following

symptoms: orofacial pain, perioral paresthesia, dysgeusia, dysphagia, dysarthria,

cramps, loss of tactile sensitivity, dysesthesia, and the neuropathic dental pain.

The monitoring during cycles of chemotherapy aimed to identify trigger points,

worsening and improvement factors for interventions oriented toward the pain. The

manifestation of neurotoxicity occurred as paresthesia in lips, tongue or perioral

region, in 13% of patients, while dysgeusia affected 57% of the patients during the

treatment. In this research, neuropathic pain in the face, oral region or teeth was

not detected. The manifested symptoms were transient, remaining about three

days, suggesting an acute toxicity. This study demonstrated that FOLFOX 4 is

related to oral symptoms, such as paresthesia and dysgeusia, which decreased at

the end of treatment, charactering acute neuropathy. Conversely, this protocol did

not triggered orofacial pain.

Key words: Facial Pain, Toothache, Antineoplastic Agents /adverse effects,

Peripheral Nerves/ pathology.

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SUMÁRIO

DEDICATÓRIA xiii

AGRADECIMENTOS xv

LISTA DE ILUSTRAÇOES xix

LISTA DE TABELAS xxi

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS xxiii

1 INTRODUÇÃO 1

2 REVISÃO DA LITERATURA 3

2.1 Câncer Colorretal 3

2.2 Tratamento do Câncer Colorretal 4

2.3 Consequências da Quimioterapia FOLFOX 4 6

2.3.1 Dor Neuropática Orofacial 7

2.3.2 Neurotoxicidade da OXL 10

3 PROPOSIÇÃO 17

4 MATERIAL E MÉTODOS 18

5 RESULTADOS 23

6 DISCUSSÃO 28

7 CONCLUSÃO 35

REFERÊNCIAS 36

APENDICE I 51

APENDICE II 52

APENDICE III 53

ANEXO I 54

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xiii

DEDICATÓRIA

À Deus, pois sou muito grata pela minha vida, minha família e pelas

oportunidades que o Senhor generosamente me ofereceu. Também, por todas as

adversidades que surgiram, pois graças a elas, eu posso aprender e buscar ser

uma pessoa melhor.

Aos meus principais incentivadores: Maria de Fátima Santos

Assumpção, minha mãe, e Nivaldo Assumpção, meu pai, a quem devo tudo o que

eu sei e o que sou.

À minha irmã Cássia Santos Assumpção, pela constante generosidade,

admiração e apoio incondicional. Perto ou longe, sempre teremos uma a outra!

Ao amor da minha vida, meu marido Renato Iachinski, sempre com

amor, paciência, tolerância e compreensão alegra até os meus piores dias. Seu

apoio sempre foi fundamental e eu tenho muita sorte por ter você ao meu lado

como companheiro para a vida toda!

Ao meu filho, uma abençoada surpresa neste final de curso, que já está

me mostrando o amor mais disponível, cuidadoso, altruísta e abnegado que

existe!

Eu não teria chegado aqui sem vocês!

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AGRADECIMENTOS

À Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de

Campinas (FOP/UNICAMP), na pessoa de seu Diretor, Professor Dr. Guilherme

Elias Pessanha Henriques.

À Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), na pessoa

do Reitor Paulo Sergio Wolff, Diretor de Campus Alexandre Almeida Webber,

Diretora de Centro Joseane Rodrigues da Silva Nobre, Coordenador de Colegiado

de Odontologia Eduardo Tanaka de Castro, que em conjunto com a Universidade

Estadual de Campinas viabilizaram a execução deste programa de doutorado.

Ao Professor Doutor Ricardo Della Coletta e Professora Doutora Ana

Lucia Carrinho Ayroza Rangel, pela iniciativa e o empenho de nos proporcionar o

Doutorado Interinstitucional FOP/UNICAMP e UNIOESTE, e por terem me aceito

neste programa, que tenho muita honra de ter participado.

Ao Professor Doutor Alan Roger dos Santos Silva, como coordenador

do Programa de Pós-Graduação em Estomatopatologia da Faculdade de

Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas, e na figura de

meu orientador, pela condução competente, segura e precisa deste trabalho.

Agradeço a disponibilidade, a confiança depositada, o exemplo profissional e a

oportunidade de evoluir como docente e pesquisadora.

Aos Professores Doutores do Departamento de Diagnóstico Oral, áreas

de Patologia e Semiologia da Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Ricardo

Della Coletta, Alan Roger dos Santos Silva, Jacks Jorge Júnior, Pablo Agustin

Vargas, Márcio Ajudarte Lopes, Edgard Graner e Oslei Paes de Almeida. Obrigada

pelos ensinamentos.

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Aos pacientes e seus familiares, que dividiram parte de um momento

difícil e particular para as avaliações da pesquisa. A vocês, guerreiros, que

enfrentam a doença, todo meu respeito e agradecimento pela contribuição, e por

me ensinarem mais sobre fé e esperança.

Ao Hospital de Câncer UOPECCAN que permitiu e viabilizou a

execução dessa pesquisa.

Ao Dr. Ademar Dantas da Cunha Júnior, agradeço a confiança, por

viabilizar o acesso ao hospital e pelas preciosas trocas de informações que

elucidaram várias etapas desta pesquisa.

À equipe de odontologia do Hospital do Câncer de Cascavel-

UOPECCAN, representadas pelos cirurgiões-dentistas Luiz Fernando Zoch,

Adriane de Castro Martinez Martins e, principalmente, a Íris Sawazaki, que além

de permitirem meu acesso ao hospital, me instruíram e me deram todo o suporte

necessário para trabalhar com paciente oncológico em um ambiente hospitalar.

À Kelyn Cristina da Cruz Aires, Raquel de Oliveira Bueno da Silva, e a

todos outros funcionários não citados do Hospital UOPECCAN, pela ajuda, direta

ou indireta, a qual foi imprescindível que essa pesquisa acontecesse.

Aos demais integrantes da pesquisa, a acadêmica Patrícia Macedo, que

com muita disposição e vontade de aprender me auxiliou na coleta de dados. Ao

Dr. Renato Iachinski, neurologista que prestou consultoria na elaboração e

execução da pesquisa. Vossa contribuição foi fundamental!

Aos membros da banca examinadora, Prof. Dr. Ricardo Della Coletta, Dra.

Andréia Aparecida Silva e Dra. Carine Ervolino de Oliveira, pela valiosa

contribuição no Exame de qualificação.

Aos meus colegas de doutorado Alexandre Almeida Webber, Eduardo

Tanaka de Castro, Helenara Salvati Bertolossi Moreira, Gustavo Kyosen

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Nakayama, Iris Sawazaki, Joseane Rodrigues da Silva Nobre, José Neto da Costa,

Juliana Cristina Frare, Satio Inagaki. Alguns verdadeiros amigos e mestres há

muitos anos, e outros novos amigos, agradeço o companheirismo e a torcida

nesta jornada!

Aos coordenadores do curso de Odontologia da UNIOESTE, Eduardo

Tanaka de Castro, e da UNIPAR, Laerte Luiz Bremm, pela compreensão e

colaboração para que eu conseguisse cumprir minhas atividades de doutoranda e

docente.

Aos meus colegas de trabalho e amigos Claudia Caroline Bósio,

Christian Giampietro Brandão, Eduardo Tanaka de Castro, José Neto da Costa,

Lucila Piasecki, Satio Inagaki, Francielle Carneiro Hirata, Mariana Benedetti

Ferreira Webber e Ediuilson Ilo Lisboa que cobriram minhas ausências nas

atividades docentes, com muita generosidade, consideração e presteza.

À família Iachinski, agradeço a compreensão, o apoio a meus desafios

e por celebrarem minhas conquistas!

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Teste de sensibilidade tátil com filamentos de

nylon

22

Figura 2 - Distribuição periférica do nervo trigêmeo, ramos

v1/v2/v3.

22

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Estadiamento clínico do câncer colorretal (estágio

anatômico)

4

Tabela 2 - Descrição do esquema quimioterápico FOLFOX 4 5

Tabela 3 -

Critério para gradação da toxicidade baseado no

Common Terminology Criteria for Adverse Events

(CTCAE)

21

Tabela 4 - Características demográficas dos sujeitos da pesquisa

(n=23)

23

Tabela 5 - Perfil odontológico dos pacientes (n = 23) 24

Tabela 6 -

Alterações sensoriais e/ou motoras orofaciais

induzidas pela quimioterapia (n = 23)

26

Tabela 7 - Alterações sensoriais distais induzidas pela

quimioterapia (n = 23)

26

Tabela 8 - Descrição dos sintomas de neurotoxicidade por

paciente

27

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

5-FU - Fluorouracil

AJCC - American Joint Committee on Cancer

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária

Ca/ Mg - Cálcio e Magnésio

CTCAE - Common Terminology Criteria for Adverse Events

DNA - Ácido Desoxirribonucleico

FLOX - Oxaliplatina, Leucovorina e Fluorouracil (bolus)

FOLFOX 4- Oxaliplatina, Leucovorina e Fluorouracil

FULV - Fluorouracil e Leucovorina (bolus adjuvantes)

INCA - Instituto Nacional de Câncer

LV - Leucovorina

MOSAIC - Multicenter International Study of Oxaliplatin/5-Fluorouracil/

Leucovorin in the Adjuvant Treatment of Colon Cancer

NCI-CTC - National Cancer Institute’s Common Toxicity Criteria

OMS - Organização Mundial da Saúde

OXL - Oxaliplatina

RNA - Ácido Ribonucleico

TNM - Sistema Tumor-Nódulo-Metástase

UOPECCAN - União Oeste Paranaense de Estudos e Combate ao Câncer

XELOX - Oxaliplatina + Capecitabina (Xeloda)

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1 INTRODUÇÃO

Diante do aumento da incidência do câncer, a doença é considerada um

problema de saúde pública mundial. O câncer colorretal está entre os tumores

malignos mais comuns nos países desenvolvidos (Stewart e Kleihues, 2003). No

Brasil, a estimativa é para que no ano de 2014 haja 15.070 casos novos de câncer

de cólon e reto em homens e 17.530 em mulheres (INCA, 2014).

O tratamento do câncer colorretal depende do estadiamento clínico do

tumor no momento do diagnóstico, e consiste na remoção cirúrgica do tumor, que

pode ou não ser associada à quimioterapia (André et al., 2004). Para pacientes

diagnosticados com câncer colorretal estadio III e IV, o protocolo quimioterápico

adjuvante indicado é o esquema FOLFOX 4, que inclui: Oxaliplatina (OXL),

Leucovorin (LV) e Fluorouracil (5-FU) (De Gramont et al., 2000; André et al., 2004;

Goldberg, 2006; Sociedade Brasileira de Cancerologia, 2011). A combinação

desses quimioterápicos tem efeitos adversos dose-limitantes, sendo os mais

importantes a mielossupressão e a neuropatia periférica sensorial (De Gramont et

al., 2000; Wilson et al., 2002; Kemeny et al. 2004; André 2004; Land 2007; Wang

2007; ANVISA, 2008; Argyriou et al., 2008; Park et al., 2012; Vatandoust et al.,

2014).

A neuropatia periférica induzida pela quimioterapia, chamada de

neurotoxicidade, é caracterizada por parestesia ou disestesia distal e perioral,

perda sensorial, disestesia laringofaríngea, fasciculações visíveis, alterações de

voz, ptose e alterações do campo visual, câimbras musculares, supressão dos

reflexos tendinosos profundos, alterações de propriocepção, ataxia e dores

neuropáticas (Wilson et al., 2002; André et al., 2004; Richardson et al., 2006;

Binder et al., 2007 Wang et al., 2007; Park et al., 2008; Windebank e Grisold,

2008; Wolf et al., 2008; Amptoulach e Tsavaris, 2011; Vantadoust et al., 2014).

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A dor neuropática é uma experiência anormal de dor após uma injúria

nervosa (Bennett, 2004). A dor orofacial em pacientes oncológicos é considerada

comum (15 a 50%), principalmente em pacientes com câncer de cabeça e

pescoço, e pode ser uma neuropatia decorrente da quimioterapia (Grond et

al.,1996; Caraceni e Portenoy,1999; Foley, 1999; Benoliel et al., 2007; Epstein et

al., 2010).

As drogas antineoplásicas neurotóxicas representam um grande problema

clínico, pois mesmo quando a neurotoxicidade periférica dos agentes

antineoplásicos não é fator limitante da dose, a sua ocorrência pode afetar

gravemente a qualidade de vida de pacientes com câncer, durante e após o

tratamento (Epstein et al., 2009; Brennan et al., 2010; Khattak, 2011; Argyriou et

al., 2012).

Relatos de dor dentária neuropática provocada pela neurotoxicidade de

quimioterápicos são citados na literatura (Peterson e Sonis, 1982; Rosenberg,

1986; Sonis et al., 1996; Antunes et al., 2004; Santos e Fernandes, 2006; Zadik et

al., 2010) e podem ser um desafio ao profissional diagnosticá-la.

A elucidação da dor neuropática orofacial induzida pela quimioterapia é

claramente requerida, ainda mais especificamente, a da dor pulpar neuropática,

cuja prevalência é indeterminada. Desta forma, pesquisas clínicas que busquem

compreender a associação da dor pulpar e o tratamento quimioterápico se fazem

indispensáveis. Assim como, traçar o perfil dos fatores e drogas que podem

desencadear a dor neuropática pulpar e estabelecer estratégias para prevenção e

controle desta condição, buscando o conforto e a qualidade de vida do paciente.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 CÂNCER COLORRETAL

O câncer é considerado um problema de saúde pública mundial. A

Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou para o ano de 2030, cerca de 21,4

milhões de novos casos de câncer no mundo, 13,2 milhões de óbitos associados à

doença e cerca de 75 milhões de pessoas vivendo com câncer (INCA, 2014).

Atualmente, o câncer é responsável por aproximadamente 20% de todas as

mortes que ocorrem em países economicamente desenvolvidos e 10% nos países

considerados de baixa renda. O crescimento na incidência de câncer se deve ao

aumento da idade populacional e à maior exposição a fatores de risco como o

tabagismo, alcoolismo, dietas nutricionalmente pobres, sedentarismo e infecções

(Petersen, 2009).

O câncer de cólon e reto é mais frequente nos países desenvolvidos

(Stewart e Kleihues, 2003). No Brasil, a estimativa das taxas brutas de incidência

de câncer de cólon e reto para o ano de 2014 seria de aproximadamente 33 mil

casos (INCA, 2014). Ao se excluir a incidência de tumores de pele, não

melanoma, o câncer de cólon e reto em homens é o segundo mais frequente na

região Sudeste (22,67/ 100 mil homens) e terceiro nas regiões Sul (20,43/ 100 mil

homens) e Centro-Oeste (12,22/ 100 mil homens) do país. Para as mulheres, é o

segundo mais frequente nas regiões Sudeste (24,56/ 100 mil mulheres) e Sul

(21,85/ 100 mil mulheres).

Dentre os principais sintomas do câncer colorretal estão: anemia,

sangramento retal, diarréia ou prisão de ventre (mudança no hábito intestinal),

perda de peso e dor abdominal (Astin et al., 2011). O diagnóstico é realizado por

meio da biopsia durante a colonoscopia e o estadiamento é realizado por meio do

exame físico, das tomografias de tórax, abdome e pelve e dosagem do antígeno

carcinoembrionário (Sociedade Brasileira de Cancerologia, 2011).

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2.2 TRATAMENTO DO CÂNCER COLORRETAL

O estágio clínico-patológico continua sendo o fator prognóstico mais

importante no câncer colorretal. O sistema tumor-nódulo-metástase (TNM) da

American Joint Committee on Cancer (2010) é o mais utilizado para definir a

extensão da doença ou estadiamento, e serve de referência para predizer a

probabilidade de sobrevivência em 5 anos (Sociedade Brasileira de Cancerologia,

2011).

O tratamento do câncer colorretal, de um modo geral, depende do

estadiamento clínico do tumor (Tabela 1) no momento do diagnóstico e consiste

no tratamento cirúrgico que pode ou não ser associado à quimioterapia (André et

al., 2004). O tratamento quimioterápico, mesmo quando instituído com intuito

paliativo, tem demonstrado um aumento na sobrevida dos pacientes e melhora da

qualidade de vida (De Gramont et al., 2000; Andre et al., 2004; Grothey et al.;

Goldberg, 2006).

Tabela 1. Estadiamento clínico do câncer colorretal (estágio anatômico)

Estádio T N M

0 Tis N0 M0

I T1-2 N0 M0

IIA T3 N0 M0 IIB/C T4 N0 M0

IIIA T1-2 N1 M0 IIIB T3-4 N1 M0

IIIC Qualquer T N2 M0 IV Qualquer T Qualquer N M1

Baseado na classificação proposta pela AJCC (American Joint Committee on Cancer), 2010.

Abreviaturas: Tis: carcinoma in situ T1: tumor infiltra a submucosa T2: tumor infiltra a muscular própria T3: tumor infiltra através da muscular própria aos tecidos pericolorretais T4: tumor invade outros órgãos ou estruturas e/ou perfura o peritônio visceral N0: sem metástases linfonodais N1: metástases em 1 a 3 linfonodos regionais

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N2: metástases em 4 ou mais linfonodos regionais M0: sem metástases à distância M1: metástases à distância

De acordo com os protocolos de tratamento estabelecidos pela Sociedade

Brasileira de Cancerologia (2011), em pacientes diagnosticados com câncer

colorretal estadio III e IV, continua sendo aplicado o protocolo quimioterápico

adjuvante o esquema FOLFOX 4, que inclui: Oxaliplatina (OXL), Leucovorin (LV) e

Fluorouracil (5-FU) de acordo com o descrito na Tabela 2 (De Gramont et al.,

2000; Andre et al., 2004; Goldberg, 2006).

Tabela 2. Descrição do esquema quimioterápico FOLFOX 4

Quimioterápico Concentração Via de administração Dia do ciclo

Oxaliplatina 85 mg/m2 EV* em 2h *D1

Leucovorin 200 mg/m2 EV em 2h D1 e *D2

Fluorouracil 400 mg/m2 EV bolus D1 e D2

Fluorouracil 600 mg/m2 EV em 22h D1 e D2

*EV: Via endovenosa. D1: dia 1 do ciclo. D2: dia 2 do ciclo

Intervalo de 14 dias, 12 ciclos

A OXL é um análogo da platina diaminocicloexano de terceira geração com

significante atividade no câncer colorretal, comumente utilizado em combinação

com o 5-FU e LV (De Gramont et al., 2000; André et al., 2004; Goldberg et al.,

2006; Amptoulach e Tsavaris, 2011). Seu mecanismo de ação consiste na

formação do complexo diamina-platina que reage com água e interage com o DNA

celular, resultando em ligações inter e intracadeias tendo como consequência a

desnaturação local da cadeia de DNA (Raymond et al., 1997; De Gramont et al.,

2000; André et al., 2004; Goldberg et al., 2006). Desta forma, ocorre a inibição da

síntese e posterior formação de novas moléculas nucléicas de DNA. A replicação

e posterior separação do DNA são inibidas, da mesma forma que,

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secundariamente, é inibida a síntese do RNA e das proteínas celulares (Wilson et

al., 2002; Goldberg et al., 2006; ANVISA, 2009).

2.3 CONSEQUENCIAS DA QUIMIOTERAPIA FOLFOX 4

A dose administrada de um quimioterápico deve ser ajustada de acordo

com a tolerabilidade de cada paciente. Entre as reações adversas muito comuns

da OXL (>10%) se observa: anemia, neutropenia, trombocitopenia, neuropatia

periférica, sintomas neurosensoriais agudos, como parestesia transitória,

disestesia e hipoestesia de extremidades e disgeusia (Wilson et al., 2002;

ANVISA, 2008; Argyriou et al., 2008). Tais efeitos adversos podem limitar a dose

da droga antineoplásica e comprometer a efetividade da terapia (Epstein et al .,

2009; Brennan et al., 2010; Khattak, 2011; Argyriou et al., 2012).

A neuropatia periférica induzida pela quimioterapia é caracterizada por

parestesia ou disestesia distal e perioral, perda sensorial, disestesia

laringofarÍngea, fasciculações visíveis, alterações de voz, ptose e alterações do

campo visual, câimbras musculares, supressão dos reflexos tendinosos profundos,

alterações de propriocepção, ataxia e dores neuropáticas. Essa neuropatia

periférica é considerada o principal efeito adverso dose-limitante de muitos

agentes antineoplásicos, incluindo cisplatina, oxaliplatina, carboplatina, vincristina,

taxol, suramina, talidomida ou bortezomibe (Wilson et al., 2002; André et al., 2004;

Richardson et al., 2006; Benoliel et al., 2007; Binder et al., 2007; Fisher e Epstein,

2008; Wang et al., 2007; Park et al., 2008; Windebank e Grisold, 2008; Wolf et al.,

2008; Authier et al., 2009; Epstein et al., 2009; Amptoulach e Tsavaris, 2011;

Zedan et al., 2014).

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2.3.1 DOR NEUROPÁTICA OROFACIAL

A dor manifestada no paciente oncológico pode ser atribuída ao próprio

tumor ou ao tratamento. Mecanismos nociceptivo e neuropático podem estar

associados à dor, pois a quimioterapia é uma terapia citotóxica (Epstein et al.,

2010).

A dor na região orofacial é considerada comum em pacientes oncológicos,

principalmente em pacientes com câncer em região de cabeça e pescoço, sendo

que cerca de 50% dos pacientes apresentam sintomatologia em mandíbula,

maxila, dentes e periodonto (Epstein et al., 2010). A rica inervação da região da

cabeça e pescoço, particularmente na região orofacial, torna esta área susceptível

a danos nervosos. As características clínicas da neurotoxicidade dependem do

tipo de agente envolvido e do sítio de ação – variando de neuropatias motoras,

sensoriais e motoras ou exclusivamente sensoriais, com ou sem insuficiência

autônoma (Epstein et al., 2009; Brennan et al., 2010). Mesmo quando a

neurotoxicidade dos agentes antineoplásicos não é fator limitante da dose, a sua

ocorrência pode afetar gravemente a qualidade de vida de pacientes com câncer,

durante e após o tratamento (Epstein et al., 2009; Brennan et al., 2010; Khattak,

2011; Argyriou et al., 2012).

A dor, provocada pela neurotoxicidade, geralmente está relacionada à

toxicidade aguda e se manifesta no início do tratamento (Epstein et al., 2007;

Benoliel et al., 2007). Diversos pontos da distribuição dos nervos trigeminal e

glossofaríngeo podem ser afetados, principalmente a articulação

temporomandibular, mandíbula, dentes inferiores e ouvidos (McCarthy e Skillings,

1992; Epstein et al., 2007, 2009). A neurotoxicidade crônica do agente depende da

dose total cumulativa e do tipo de droga usada (Argyriou et al., 2008; Gamelin et

al., 2002).

Relatos de dor dentária neuropática provocada pela neurotoxicidade

induzida pela terapia citotóxica são citados na literatura (Peterson e Sonis, 1982;

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Rosenberg, 1986; Sonis, Fazio e Fang, 1996; Antunes; Ribeiro e Filho, 2004;

Santos e Fernandes, 2006; Zadik et al., 2010) e podem ser um desafio ao

profissional diagnosticá-la.

A neurotoxicidade do quimioterápico pode envolver os nervos bucais e

provocar dor odontogênica, que pode ser aguda localizada ou generalizada, sem

sinais clínicos de cárie, doenças periodontais ou outras infecções bucais, sendo

descrita como semelhante à dor de uma pulpite. (Antunes; Ribeiro e Filho, 2004;

Santos e Fernandes, 2006; Zadik et al., 2010). O tratamento é sintomático e a

involução da dor se dá após a suspensão da medicação. No entanto, quando há

manutenção da persistência dos sintomas, mesmo após a suspensão da droga,

pode se observar evolução do quadro clínico em necrose pulpar, e em casos mais

graves, evolução para abscesso dento-alveolar (Sonis et al., 1996; Santos e

Fernandes, 2006). Nos casos de abscesso, a atuação rápida na remoção do foco

de infecção pelo cirurgião dentista é de fundamental importância com o fim de se

evitar uma repercussão sistêmica desta infecção local.

A neurotoxicidade representa cerca de 6% das complicações bucais dos

pacientes em tratamento quimioterápico (Antunes et al., 2004; Chaveli-López,

2014). No entanto, ainda não está bem estabelecido se o mecanismo da dor

pulpar é neuropático ou nociceptivo/inflamatório (Bennett, 2004). Até o presente

momento, na literatura científica internacional, poucas pesquisas avaliaram ou

reportaram o efeito direto da quimioterapia na polpa dentária humana (Rosenthal

et al., 1984; Zadik et al., 2010).

McCarthy e Skillings (1992a) avaliaram a dor orofacial em pacientes com

câncer de mama tratados com vincristina. A maioria dos sintomas da

neurotoxicidade orofacial ocorreu durante a primeira semana do tratamento, sendo

que neste período, 50% dos pacientes foram afetados, 22% relataram dor severa,

e 12% moderada. Os autores ainda descreveram que a dor e os sintomas

tornaram-se mais leves e pouco frequentes nas semanas subsequentes. Os

pacientes foram acompanhados até a oitava semana do tratamento.

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Ainda no mesmo ano, McCarthy e Skillings (1992b) realizaram um estudo

coorte prospectivo para investigar a ocorrência de dor orofacial em pacientes

tratados com vincristina. Dos 40 pacientes avaliados, 55% apresentaram

neurotoxicidade no sintoma de dor orofacial. O sintoma iniciava cerca de três dias

após a administração da vincristina, e tinha duração de 2 dias. A dor foi distribuída

em diversos pontos dos nervos trigêmeo e glossofaríngeo, incluindo a articulação

temporomandibular, mandíbula (sem especificação), garganta, ouvidos, dentes,

língua, pescoço, olhos, boca, lábios e até mesmo região edentula.

Poucos trabalhos reportam o efeito direto da quimioterapia na polpa

dentária humana. Rosenthal et al. (1984) avaliaram por meio de teste elétrico a

sensibilidade pulpar de pacientes com doença de Hodgkin tratados com vincristina

antes e após a quimioterapia, durante 4 meses. Os autores não encontraram

diferença significativa entre os pacientes avaliados do grupo tratado e grupo

controle, no entanto, este estudo apresenta uma limitação importante, visto que

foram realizados teste elétrico na polpa dental de apenas 2 pacientes em

tratamento com vincristina e em 1 paciente do grupo controle.

Zadik et al. (2010) relataram o caso de um paciente em tratamento para

linfoma não-Hodgkin, o qual apresentou odontalgia induzida pela neurotoxicidade

do tratamento quimioterápico. De acordo com os autores, o paciente apresentou 2

episódios de dor pulpar intensa em dentes hígidos. No primeiro episódio, o

paciente relatou dor intensa (9/10) no primeiro molar inferior direito, 3 dias após a

infusão de ciclofosfamida, e o segundo episódio de dor intensa (10/10) no

segundo molar inferior esquerdo, no primeiro dia de infusão do segundo ciclo de

ciclofosfamida. Ao exame clínico e radiográfico, o paciente não apresentou

alterações dignas de nota, no entanto, a dor não era controlada mesmo após o

uso de analgésicos opiódes (oxicodona 30mg/4h). A resolução da odontalgia se

deu somente após realização da pulpectomia, proporcionando alívio imediato ao

paciente. Ao exame histopatológico, não foram detectadas células tumorais do

linfoma ou células inflamatórias nas polpas extirpadas.

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2.3.2 NEUROTOXICIDADE DA OXL

A neuropatia periférica é considerada o principal efeito adverso dose-

limitante de muitos agentes antineoplásicos (McCarty e Skillings, 1992a; Wilson et

al., 2002; André et al., 2004; Wang et al., 2007; Windebank e Grisold, 2008;

Amptoulach e Tsavaris, 2011; Zedan et al., 2013). A associação do uso da OXL e

a neuropatia periférica distal de pacientes oncológicos está bem estabelecida na

literatura (Gamelin et al., 2002; Wilson et al., 2002; Land et al., 2007; Wang et al.,

2007; Amptoulach e Tsavaris, 2011; Park et al., 2012; Vatandoust et al., 2014).

A neuropatia induzida pela OXL pode se manifestar por meio de uma

síndrome aguda, transitória, durante ou imediatamente após a primeira infusão; e

por meio de uma síndrome crônica, cumulativa, que se desenvolve gradualmente,

e pode ser dose-limitante, sendo predominantemente uma disfunção sensorial

com parestesias distais (Gamelin et al., 2002; Zedan et al, 2014).

Tem se observado altas incidências de neuropatia periférica aguda

relacionada ao tratamento oncológico por meio de OXL, com taxas variando de

40% a 98% (Becouarn et al., 1998; De Gramont et al., 2000; Gamelin et al., 2002;

Kemeny et al. 2004; Andre 2004; Land 2007; Wang 2007; Park et al., 2012;

Vatandoust et al., 2014). Esta neurotoxicidade aguda se manifesta principalmente

por meio de sintomas sensoriais, como disgeusia, parestesia, disestesia e

hipoestesia em extremidades e região orofacial (Wilson et al., 2002; Marshall et

al., 2004; Argyriou et al., 2008). Adicionalmente, outros sintomas são

ocasionalmente observados, e podem se manifestar de forma associada ou

isolada, como a disfunção de nervos cranianos, incluindo: ptose, diplopia;

afonia/disfonia/rouquidão, algumas vezes descrito como paralisia nas cordas

vocais, sensação anormal na língua ou disartria, alguma vezes descrito como

afasia; dor ocular, facial ou neuralgia do trigêmeo; diminuição da acuidade visual e

distúrbios no campo visual. Complementarmente, foram observados os seguintes

sintomas: dormência ou queimação na mandíbula, contrações musculares

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involuntárias, contração espasmódica muscular, mioclonos, coordenação motora

anormal, modo de andar anormal, ataxia, distúrbios de equilíbrio, rigidez no tórax

ou garganta, e dor (Gamelin et al., 2002; Passeto et al., 2006; ANVISA, 2008;

Argyriou et al., 2008; Zedan et al., 2014). A disestesia faringolaríngea pode

ocorrer entre 1 a 2% dos pacientes (Gamelin et al., 2002; Kumiali et al., 2010). É

um sintoma preocupante, sendo esta caracterizada por sensações subjetivas de

disfagia ou dispneia (sensação de asfixia), sem qualquer evidência de insuficiência

respiratória (sem cianose ou hipóxia) ou de laringoespasmo ou broncoespasmo

(sem estridor ou sibilos) (ANVISA, 2008).

Um fator desencadeante para a neurotoxicidade aguda, em pacientes

tratados com OXL, é a alteração de temperatura de alimentos, bebidas e objetos

frios e até mesmo diminuição da temperatura climática (Gamelin et al., 2002;

Wilson et al., 2002; Argyriou et al. 2008).

Na manifestação crônica da síndrome, o sintoma mais comum é a

parestesia distal não associada a variações de temperatura, que persiste entre os

ciclos do tratamento quimioterápico, podendo aumentar com o acúmulo das doses

no organismo. A sua progressão pode gerar ataxia sensorial e comprometimento

funcional pelo déficit de coordenação sensório-motora fina (Gamelin et al., 2002).

Uma predisposição geral para o desenvolvimento da neurotoxicidade foi

observada em feixes nervosos previamente danificados pelo diabetes mellitus,

consumo de álcool (Vantadoust et al., 2014) ou em pacientes que apresentavam

neuropatia prévia ao tratamento oncológico (Authier et al., 2009). Adicionalmente,

foi descrita em pacientes com que apresentaram mucosite quimio-induzida

(Coderre et al., 1993).

Diante da necessidade de padronizar a graduação dos eventos adversos

em oncologia, Grupos em Oncologia da América do Norte e o Canadá - National

Cancer Institute (NCI) estabeleceram um conjunto de definições para a

classificação de toxicidades, em 1983, chamado "National Cancer Institute’s

Common Toxicity Criteria - NCI-CTC (Critérios comuns de toxicidade)" (National

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Cancer Institute, 2010). O guia foi sendo reformulado, e passou a ser usado

mundialmente como padrão no relato de eventos adversos em oncologia clínica e

em estudos clínicos. Finalmente, em 2003, os CTCs foram revisados e ampliados,

e foram publicados pelo NCI como Common Terminology Criteria for Adverse

Events (CTCAE). Essa classificação já se encontra na versão 4.3, publicada em

2010 (National Cancer Institute, 2010; Simão et al., 2012).

Gamelin et al., em 2002, encontraram neurotoxicidade grau 3 (NCI-CTC),

em 18% dos pacientes, e grau 2 em 29% dos pacientes, em um estudo

randomizado. Este estudo revelou que, no início do tratamento, a incidência e

graduação foram menores, e nos ciclos finais, os sintomas foram mais comuns

(25% após 12 ciclos, 50% após 14 ciclos), indicando a manifestação da síndrome

crônica.

No estudo clínico MOSAIC (Multicenter International Study of Oxaliplatin/5-

Fluorouracil/Leucovorin in the Adjuvant Treatment of Colon Cancer), a incidência

de neuropatia periférica foi encontrada em 92,1% dos pacientes acompanhados,

sendo de grau 2 ou 3, durante o tratamento, em 40% dos pacientes avaliados

(André et al., 2004).

Tournigand et al. (2006) avaliaram uma nova estratégia de tratamento, com

o emprego intermitente de OXL, com esquema FOLFOX 7, baseado em um

simplificado esquema de LV + 5-FU com OXL em alta dose. Seiscentos e vinte

pacientes, sem tratamento prévio, foram aleatoriamente divididos em dois grupos.

Para o grupo controle, FOLFOX 4 foi administrado a cada 2 semanas, e o grupo

teste foi tratado com FOLFOX 7, administrado por seis ciclos, seguido de

manutenção de 5-FU + LV sem OXL por 12 ciclos, e reintrodução da OXL por mais

seis ciclos. Toxicidade grau 3 ou 4 (NCI-CTC) foi observada em 54,4 % dos

pacientes no grupo controle versus 48,7 % dos pacientes no grupo teste. A partir

do ciclo 7, poucos pacientes experimentaram grau 3 ou 4 de toxicidade com o

regime FOLFOX7. Neuropatia sensorial grau 3 foi observada em 17,9% dos

pacientes no grupo FOLFOX 4 versus 13,3 % dos pacientes no grupo FOLFOX 7.

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Binder et al. (2007) pesquisaram as características somatossensoriais e

tipos de dor em pacientes com neuropatia aguda induzida pela OXL. Para isso,

avaliaram 16 pacientes tratados com FOLFOLX 4, com o câncer gastrointestinal.

Do total, 9 pacientes apresentaram sintomas dolorosos, todos provocados pelo

frio, ou hiperalgesia mecânica, em membros e região orofacial. Dois deles,

adicionalmente, relataram dor espontânea nas mãos. Outros 7 pacientes não

tiveram nenhuma experiência dolorosa. A hiperalgesia térmica indica a

sensibilização do sistema nervoso periférico, enquanto que a hiperalgesia

mecânica é associada a sinais de sensibilização no sistema central. Isso reforça a

justificativa para o tratamento com anticonvulsivantes e antidepressivos, e

promove pesquisas sobre canal iônico e mecanismos receptores relacionados.

Land et al. (2007), em um estudo randomizado e multicêntrico, compararam

a eficácia de bolus adjuvantes fluorouracil e leucovorina (FULV) versus FULV com

oxaliplatina (FLOX) em pacientes estágio II ou III de câncer de cólon, e também

compararam a neurotoxicidade entre os tratamentos. Na avaliação da

neurotoxicidade foram incluídos 400 pacientes. Durante o tratamento, os pacientes

que receberam a OXL relataram significativamente mais toxicidade em mão e pé

(dor induzida pelo frio - 26% FLOX x 2,6% FULV) e fraqueza geral (fraqueza

moderada em 27,4% FLOX x 16,2% FULV). Os autores concluíram que a OXL

provoca uma neurotoxicidade significativa, sentida principalmente nas mãos e nos

pés. Contudo, na minoria dos pacientes a neurotoxicidade foi de longa duração.

Ta et al. (2009) instituíram modelos em camundongos para avaliar a

neuropatia induzida por OXL e cisplatina, usando doses semelhantes à aquelas

utilizadas em pacientes. Os camundongos foram tratados com injeção

intraperitoneal diária, durante 5 dias, seguido por 5 dias de repouso, durante dois

ciclos . A dose cumulativa total foi de 23 mg/kg de cisplatina e 30 mg/kg de OXL.

Foram realizadas avaliações comportamentais incluído placa fria, von Frey, calor

radiante, imersão da cauda, força de preensão e comportamento exploratório, no

início da pesquisa, e em intervalos semanais durante 8 semanas. Após dois ciclos

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de tratamento, os ratos dos grupos de tratamento demonstraram alodínia

mecânica significativa, em relação ao grupo controle. Além disso, o grupo da

cisplatina apresentou hiperalgesia térmica nas patas traseiras e na cauda, e o

grupo da OXL desenvolveu hiperalgesia ao frio, significativo, nas patas traseiras.

Argyriou et al., em 2012, realizaram uma pesquisa prospectiva da incidência

e do padrão de neuropatia periférica induzida por OXL. Cento e cinquenta

pacientes tratados com FOLFOX 4 ou XELOX (OXL+ capecitabina - Xeloda) foram

acompanhados durante a quimioterapia. Os pacientes tratados com FOLFOX 4 ou

XELOX manifestaram taxas de incidência e gravidade semelhantes da neuropatia

periférica aguda induzida pela OXL. No entanto, no grupo FOLFOX 4 foi associado

o aumento da incidência da neurotoxicidade crônica, com uma dose cumulativa

muito semelhante da OXL em ambos os grupos. Dos 77 pacientes desse grupo,

84,4% reportaram algum sintoma de neurotoxidade aguda, e 83,1% sintomatologia

da toxidade cumulativa.

Em 2014, Vatandoust et al. realizaram um estudo retrospectivo para avaliar

a frequência da persistência da neuropatia periférica em membros superiores e

inferiores, em pacientes que receberam a OXL no tratamento de câncer colorretal.

Foram selecionados pacientes que receberam a primeira dose da quimioterapia

pelo menos 20 meses antes. A gradação dos sintomas foi baseada nos critérios

do “Common Terminology Criteria for Adverse Events” (CTCAE) (versão 4.03)

para neuropatia sensorial. Vinte e sete pacientes responderam o questionário.

Vinte e três casos (85,2%) receberam a combinação de 5-FU + OXL, e 4 casos

(14,8%), a combinação de capecitabina + OXL. Vinte e cinco pacientes (93%)

apresentaram sintomas de neuropatia periférica em algum momento do

tratamento. No momento do preenchimento do questionário, 17 pacientes ainda

eram sintomáticos, sendo 12 pacientes com sintomatologia grau 2 ou 3. Os

participantes que receberam mais de 900 mg/m2 de OXL tiveram um risco

significativamente maior de neuropatia persistente grau 2 ou 3. Houve uma

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tendência de aumento do risco de neuropatia persistente de qualquer grau entre

os participantes com histórico de uso regular de álcool.

Até o presente momento, não se tem conhecimento na literatura científica

internacional de nenhuma droga que tenha se mostrado eficaz na prevenção ou

tratamento da neuropatia periférica induzida pelo tratamento quimioterápico

(Authier et al., 2009; Gutiérrez et al., 2010; Argyriou et al., 2012; Kono et al., 2011;

Grothey et al., 2011; Loprinzi et al., 2014). No entanto, os neuroprotetores são

possibilidades terapêuticas para a neurotoxidade, com o intuito de amenizar os

sintomas. Diversos agentes foram testados como neuroprotetores da neuropatia

induzida pela OXL, tais como: vitamina B1, vitamina B12, vitamina C, vitamina E,

vitamina B6, e vitamina B9, além de acetyl-L-carnitina, glutamina (Wang et al.,

2007; Strasser et al., 2008), ácido alfa-lipóico, amifostina (Penz et al., 2001),

pregabalina, carbamazepina e gabapentina (Lersch et al., 2002), glutationa

(Cascinu et al., 2002), xaliprodeno (Gibson et al., 2006) e infusão de

Cálcio/Magnésio (Ca/Mg) (Wolf et al., 2008; Paice, 2009; Gutiérrez et al., 2010,

Pachman et al., 2011; Weickhardt, Wells e Messersmith, 2011).

A administração intravenosa de gluconato de cálcio e sulfato de magnésio,

antes e após a infusão de OXL, é uma abordagem farmacológica, ainda

controversa (Argyriou et al., 2012; Gamelin et al., 2004; Gamelin et al., 2008).

Acredita-se que a infusão de Ca/Mg seria benéfica, devido ao fato que o oxalato

metabolizado por este fármaco cursar com a quelação do cálcio e magnésio, que

são elementos importantes na função dos canais iônicos das membranas

nervosas. O cálcio extracelular aumentado poderia se ligar ao canal de sódio e

fechá-lo, diminuindo a hiperexcitabilidade neuronal (Gamelin et al., 2004; Gamelin

et al., 2008; Knijn et al., 2011). No entanto, estudos recentes não encontraram

diferenças entre os grupos teste e controle, portanto, não sustentando o benefício

de tal medida (Kono et al., 2011; Grothey et al., 2011; Argyriou et al., 2012;

Loprinzi et al., 2014).

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A disgeusia ou alteração do paladar é uma queixa comum entre os

pacientes com câncer, submetidos à quimioterapia. Conforme relatado na

literatura, alguns fármacos quimioterapêuticos, incluindo a cisplatina e os

derivados da platina, doxorubicina, 5-FU, docetaxel, paclitaxel (Ackerman e

Kasbekar,1997, Imai et al., 2013) e FOLFOX 6 (Ishikawa et al., 2013) podem

induzir a disgeusia

Ishikawa et al., em 2013, avaliaram 356 pacientes em quimioterapia

ambulatorial. Desses pacientes, 156 (43,8%) apresentaram disgeusia. A incidência

de disgeusia foi maior nos pacientes que receberam FOLFOX 6 (OXL+ 5-FU+ LV),

o docetaxel, paclitaxel, o docetaxel + ciclofosfamida ou epirrubicina +

ciclofosfamida do que nos que receberam outros regimes. A qualidade da

disgeusia foi difícil de definir, no entanto as mudanças nas sensações gustativas

eram sutis para o gosto salgado e umami. Concluem que esta alteração pode

reduzir significativamente a qualidade de vida dos pacientes submetidos à

quimioterapia para o câncer.

Embora a disgeusia seja um efeito adverso comum em pacientes de

quimioterapia, esta alteração não tem sido avaliada utilizando métodos objetivos.

Em 2013, Imai et al. empregaram tiras gustativas impregnadas de sal para avaliar

objetivamente a disgeusia em 38 pacientes em quimioterapia e grupo controle. A

disgeusia ocorreu em 38,8 % (14 /38) dos pacientes, e foi mais prevalente em

pacientes tratados com 5 - FU ou os seus análogos orais (48,1%, 13/27), seguido

pela terapia derivada da platina (4/16, 25%) e pela terapia baseada em taxanos

(2/5, 40%).

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3 PROPOSIÇÃO

Este estudo propôs avaliar a existência da associação entre o uso do

protocolo quimioterápico FOLFOX 4 e manifestações de neuropatias orofaciais

sensoriais localizadas em dentes, periodonto, língua, mucosa e semimucosa dos

lábios, mucosa bucal, músculos e pele da face.

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4 MATERIAL E MÉTODOS

O presente estudo foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da Faculdade de Odontologia de Piracicaba – UNICAMP

(FOP/UNICAMP), sob o protocolo 139/2012 (Anexo 1).

Para realização deste estudo, foram selecionados 48 pacientes

diagnosticados com adenocarcinoma de cólon (submetidos ou não a tratamento

cirúrgico prévio) tratados no Hospital do Câncer de Cascavel/UOPECCAN (União

Oeste Paranaense de Estudos e Combate ao Câncer) por meio do esquema

quimioterápico FOLFOX 4, no período de novembro de 2012 a abril de 2014. Para

serem incluídos no estudo, os pacientes nunca apresentaram neuropatias

previamente ao início do tratamento quimioterápico, tais como: polineuropatia

diabética, neuralgia do trigêmeo.

Foram excluídos do estudo os pacientes que apresentaram dor referida de

tumor intracraniano, dor orofacial nociceptiva, ou ainda pacientes que não

concluíram os 12 ciclos, por alteração de protocolo do tratamento ou que

evoluíram a óbito.

A dose de OXL foi reduzida em 25% pela equipe médica responsável, ou os

ciclos espaçados para 21 dias, quando os pacientes apresentaram neutropenia ou

trombocitopenia severas, diarreia constante, parestesias persistentes entre os

ciclos do tratamento quimioterápico e que interferiam em suas atividades diárias.

Juntamente com o protocolo quimioterápico FOLFOX 4, prescrevia-se Gluconato

de Cálcio, Sulfato de Magnésio, Dexametasona e Ondansetrona.

As informações clínicas, demográficas (gênero, idade), histórico da doença

e do tratamento (história médica, diagnóstico do câncer, estadio do tumor, cirurgia

prévia, neuropatia periférica prévia, medicação sistêmica, medicação tópica) foram

coletadas nos prontuários do pacientes.

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Foram avaliadas as possíveis alterações sensoriais em dentes, periodonto,

língua, mucosa e semimucosa dos lábios, mucosa bucal, músculos e pele da face

decorrentes do tratamento com FOLFOX 4. Primeiramente, foi realizada a

anamnese (Apêndice I) e confirmadas as informações coletadas no prontuário dos

pacientes. Em seguida, os pacientes foram avaliados clinicamente por um

cirurgião-dentista para realização dos exames extra-oral e intra-oral, com o intuito

de verificar alterações dentais, periodontais e presença de infecções

odontogênicas.

Na sequência, os pacientes foram submetidos à aplicação de um

questionário e avaliação física (Apêndice II), para a pesquisa de alterações

sensoriais, sendo esta etapa executada nas quatro avaliações da pesquisa (A1,

A2, A3 e A4). Os critérios avaliados incluíram presença ou ausência de dor,

parestesia ou disestesia distal e orofacial, disgeusia, disestesia laringofaríngea,

disartria, disfagia, câimbra muscular e perda de sensibilidade tátil facial.

Os pacientes que relataram odontalgia prévia foram excluídos do estudo

pois não foram condicionados previamente. Na ocorrência da odontalgia no

decorrer do tratamento, o paciente era submetido a exame clínico e radiográfico

(Apêndice III) para estabelecer etiologia e diagnóstico da dor pulpar no

determinado elemento dental ou região álgica.

Primeira Avaliação (A1): foi realizada no dia programado para iniciar a

quimioterapia (ciclo 1) antes da infusão da droga.

Segunda Avaliação (A2): foi realizada no segundo ou terceiro ciclo o

tratamento quimioterápico, em média 14 a 28 dias após o primeiro ciclo.

Terceira Avaliação (A3): foi realizada aproximadamente 3 meses após o

início do tratamento quimioterápico (ciclo 6 a 8).

Quarta Avaliação (A4): foi realizada concomitantemente ao último ciclo de

quimioterapia (ciclo 12), aproximadamente 6 meses após o início do tratamento

quimioterápico (ciclo 1).

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Os algoritmos utilizados para graduar os sintomas neuropáticos foram

baseados no CTCAE – versão 4.3, para neuropatia sensorial e parestesia (Tabela

3).

Para a realização do teste, o sintoma de parestesia foi definido como

sensação anormal espontânea vivenciada na ausência de estimulação específica

(no caso de dormência ou formigamento) e disestesia foi classificada como

sensações anormais, desagradáveis ou dolorosas, espontâneas ou após um

estímulo não doloroso (no caso, choque ao frio) (Campbell e DeJong, 2005).

Um teste sensorial foi realizado para avaliação de perda de sensibilidade

tátil na face. Para percepção de tato leve, foi utilizado o pincel do martelo de Buck,

com multifilamentos de nylon, passando nos lados direito e esquerdo da face, na

região dos dermátomos V1/V2/V3 do nervo trigêmeo, com estímulo não

suficientemente pesado para produzir pressão nos tecidos subcutâneos.

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Tabela 3. Critério para gradação da toxicidade baseado no Common Terminology

Criteria for Adverse Events (CTCAE) (v4.3)

Sintoma Grau

1 2 3 4

Parestesia Sintomas leves

Sintomas moderados; limitação das atividades da vida diária

Sintomas graves; limitação do autocuidado

-

Definição: A desordem caracterizada por distúrbios funcionais de neurônios sensoriais, resultando em sensações cutâneas anormais de formigamento, dormência, pressão, frio e calor que são experimentadas na ausência de um estímulo.

Disestesia

Alteração sensorial leve

Alteração sensorial moderada; limitando as atividades da vida diária

Alteração sensorial grave; limitando o autocuidado

-

Definição: Um distúrbio caracterizado pela distorção da percepção sensorial, resultando em uma sensação desagradável ou dolorosa, sendo espontânea ou provocada por estímulo normalmente não doloroso.

Disgeusia

Alteração do paladar, mas nenhuma mudança na dieta

Alteração do paladar, com mudança na dieta; sabor nocivo ou desagradável; perda de sabor

- -

Definição: Um distúrbio caracterizado por uma experiência sensorial anormal com o sabor dos alimentos, que pode estar relacionada com um decréscimo no sentido do olfato.

Disartria

Fala arrastada ligeiramente

Insuficiência moderada da articulação ou fala arrastada

Grave comprometimento da articulação ou fala arrastada

-

Definição: Um distúrbio caracterizado pela fala lenta e arrastada, resultante de uma incapacidade de coordenar os músculos usados na fala.

Disfagia

Sintomático, capaz de comer dieta regular

Sintomático e alteração ao comer/engolir

Alteração severa ao comer/ engolir; alimentação por sonda ou indicação de hospitalização

Risco de morte; intervenção urgente

Definição: Um distúrbio caracterizado pela dificuldade de deglutição.

Disestesia laringofaríngea

Sintomas leves; nenhuma ansiedade

Sintomas moderados; ansiedade leve, mas sem dispnéia; curto período de observação, indicação de ansiolítico; limitação das atividades diárias

Sintomas graves; dispnéia e dificuldade de deglutição; limitação do autocuidado

Risco de morte

Definição: Distúrbio caracterizado por uma sensação desconfortável persistente na área da laringofaringe

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Figura 1. Teste de sensibilidade tátil com filamentos de nylon

Figura 2. Distribuição periférica do nervo trigêmeo, ramos v1/v2/v3.

Por se tratar de um estudo descritivo, os resultados foram expressos em números

absolutos e em porcentagem.

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5 RESULTADOS

Do total de 48 pacientes selecionados, 25 pacientes foram excluídos do

estudo. Os motivos da exclusão foram: óbito (5 pacientes), por apresentarem dor

por mecanismo nociceptivo/inflamatório (2 pacientes), por não completarem os 12

ciclos propostos para a avaliação por mudança de protocolo quimioterápico (11

pacientes) ou por interrupção do tratamento para procedimento cirúrgico (7

pacientes).

A média de idade da população estudada foi de 57 anos, variando entre 39

a 70 anos de idade. Foram avaliados 10 (43%) pacientes do gênero masculino e

13 do gênero feminino (57%). As características clínicas dos 23 pacientes

inseridos na amostra estão descritas na Tabela 4.

Tabela 4. Características demográficas dos sujeitos da pesquisa (n = 23)

Variável Categoria Frequência (%)

Gênero

Masculino 10 (43%)

Feminino 13 (57%)

Estadiamento do tumor

I 0

II 0

III 15 (65%)

IV 8 (35%)

Cirurgia prévia

Sim 15 (65%)

Não 8 (35%)

Tratamento quimioterápico prévio

Sim 3 (13%)

Não 20 (87%)

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O perfil odontológico dos pacientes avaliados no momento A1 está

representado na Tabela 5. Dos 23 pacientes avaliados, a higiene oral foi

considerada ruim em 10 pacientes (43%). O critério utilizado foi a presença de

placa visível nos dentes presentes ou resíduos alimentares em rebordo ou

próteses. Dos 8 pacientes desdentados superior e inferior, 7 utilizavam prótese

total (PT) superior e inferior, e apenas 1 somente a PT superior. Um paciente

portador de PT superior e inferior teve o uso descontinuado, pois as próteses

estavam desadaptadas, favorecendo o aparecimento de mucosite oral. Além deste

paciente, 2 dos 4 pacientes portadores de PT superior e Prótese parcial removível

(PPR) inferior estavam com as próteses mal adaptadas. Quinze pacientes eram

dentados parcial ou total. Destes, 6 pacientes (40%) apresentaram cálculo

supragengival e 6 pacientes (40%) tinham restauração insatisfatória ou cárie.

Tabela 5. Perfil odontológico dos pacientes (n = 23)

Condição Bucal Pacientes n (%)

Desdentados total superior e inferior

Portadores de PT superior e inferior

Portadores de PT superior somente

8 (34,78%)

7 (30,43%)

1 (4,34%)

Desdentados total superior e parcial inferior

Portadores de PT superior

Portadores de PPR inferior

4 (17,39%)

4 (17,39%)

1 (4,34%)

Desdentados parcial superior e inferior

Portadores de PPR superior e inferior

6 (26,10%)

1 (4,34%)

Dentição completa 5 (21,73%)

PT = Prótese Total; PPR = Prótese Parcial Removível

A mucosite oral foi registrada quando presente no momento da avaliação.

No total, 9 pacientes apresentaram o sintoma ao longo das avaliações, sendo 3

pacientes na A2, 4 pacientes na A3, 1 paciente na A4, e 1 paciente na A3 e A4.

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As alterações sensoriais decorrentes do tratamento quimioterápico com

FOLFOX 4 na Tabela 6 e 7. Na Tabela 8 está a relação dos sintomas por

pacientes. A disgeusia foi a alteração sensitiva de maior incidência, sendo que 6

(26%) pacientes relataram alteração do paladar após segunda avaliação (entre 14

e 28 dias após o inicio do tratamento), 13 pacientes (57%) 3 meses após o início

do tratamento quimioterápico e 4 (17%) na última avaliação (6 meses após o inicio

o tratamento). Em uma análise subjetiva das limitações do paladar enfrentadas

durante o tratamento, entre os 13 pacientes que relataram a disgeusia, 9 (70%)

pacientes não souberam identificar quais sabores estiveram alterados durante a

alimentação, no entanto, 4 (30%) relataram não sentir o sabor salgado dos

alimentos. A média de duração da disgeusia foi de 3 dias, sendo o tempo máximo

de duração relatado 7 dias.

Quatro pacientes (18%) descreveram alterações de sensibilidade na região

orofacial. Em três pacientes (13%) a manifestação foi parestesia em mento, lábios

e ápice lingual, com média de duração de 2 a 3 dias após a infusão do

quimioterápico. Esses sintomas foram reportados na segunda avaliação (A2). Um

destes pacientes (4,3%) retornou com o sintoma de parestesia no ápice lingual na

última avaliação (A4). A disestesia orofacial foi relatada por apenas 1 paciente

(4,3%), na última avaliação (A4), reportando choque em lábios ao consumo de

alimentos frios.

Do total da amostra avaliada, nenhum paciente apresentou dor orofacial,

dor pulpar de origem neuropática, perda total da sensibilidade tátil do nervo

trigêmeo, disestesia lanríngofaríngea, disartria, câimbra muscular (músculos

mastigatórios) ou disfagia durante as quatro avaliações realizadas.

Na segunda avaliação realizada, 2 (9%) pacientes relataram parestesia em

mãos e pés, que durou dias, e na terceira avaliação, 8 pacientes (35%) relataram

o sintoma. Na última avaliação (A4), 10 pacientes (44%) reportaram parestesia

distal, sendo que dentre estes pacientes, em 70% (7) o sintoma permanecia entre

os ciclos. Disestesia em mãos e pés também foi relatada pelos pacientes, 4 (17%)

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manifestaram esta alteração na segunda avaliação e 6 pacientes (24%) na terceira

avaliação (A3).

Tabela 6. Alterações sensoriais orofaciais induzidas pela quimioterapia (n = 23)

Sintomas de Neurotoxicidade A1 A2 A3 A4

Parestesia orofacial 0 (0%) 3 (13%) 0 (0%) 1 (4,3%)

Disestesia orofacial 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 1 (4,3%)

Disgeusia 0 (0%) 6 (26%) 13 (57%) 4 (17%)

Dor orofacial 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Dor pulpar neuropática 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Perda total da sensibilidade (tátil) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Disestesia lanríngofaríngea 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Disartria 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Câimbra muscular (músculos

mastigatórios) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Disfagia 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Tabela 7. Alterações sensoriais distais induzidas pela quimioterapia (n = 23)

Outros sintomas de Neurotoxicidade A1 A2 A3 A4

Parestesia (mãos e pés) 0 (0%) 2 (9%) 8 (35%) 10 (44%)

Disestesia (mãos e pés) 0 (0%) 4 (16%) 6 (24%) 0 (0%)

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Tabela 8. Descrição dos sintomas de neurotoxicidade por paciente

Paciente Gênero Idade

Sintomas de neurotoxicidade apresentados na avaliação

A1 A2 A3 A4

1 M 63 DG g2 DG g2 DG g2

2 M 75

3 F 45 PD; DG g1 PD

4 M 64 PD

5 F 61 PD PD; DG g1 PD

6 F 52

7 M 64 PD;PO (mento);

DG g2 DG g2 DG g1

8 M 63

9 F 68 DG g2 DG g2

10 F 69 DD DD; DG g1 PD

11 M 39

12 F 59 DG g2

13 F 58

DD;PD; DG g2

14 F 57 PO (língua); DG

g2 PD; DG g2

15 F 39

16 M 75 DG g2 PD

17 M 40

DD DD; PD PD; DG g1

18 F 51 DG g2 DG g2

19 M 54

DD; PD; DG g2

PD

20 F 67

21 F 58 DD DD; PD PD

22 F 42

DD; PO (lábios); DG g1

PD; DG g2 PD; PO (língua); DG g2

23 M 59

DD PD; DO (lábios)

Abreviações: M= masculino; F= feminino; DD = Disestesia Distal; DO = Disestesia Orofacial; PD = Parestesia Distal; PO= Parestesia Orofacial; DG = Disgeusia g1: grau 1, g2: grau 2

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6 DISCUSSÃO

A OXL é considerada atualmente o principal agente quimioterápico

utilizado tanto para adjuvância quanto para o tratamento do câncer colorretal

metastático, sendo a sua taxa de resposta em torno de 53%. Além da

mielossupressão causada pela OXL, a maior causa de atraso no tratamento,

redução da dose e interrupção do uso é a neurotoxicidade associada ao

quimioterápico (de Gramont et al., 2000; André et al., 2004; Kiernan, 2007;

Khattak, 2011).

A incidência da neuropatia aguda secundária a OXL varia de 40% a

98% (de Gramont et al., 2000; Wilson et al., 2002; André et al., 2004; Grothey e

Goldberg, 2004; Passeto et al., 2006; Land et al., 2007; Argyriou et al., 2012;

Vatandoust et al., 2014). Neste estudo, dos 23 pacientes avaliados, cerca de 74%

apresentaram algum sintoma de neurotoxidade ao protocolo quimioterápico

FOLFOX 4.

A disgeusia e a parestesia foram os principais sintomas orofaciais relatados

pelos pacientes no presente estudo. A disgeusia manifestou-se principalmente na

metade do tratamento, persistindo em média de 2 a 3 dias em após a infusão do

FOLFOX 4. Entre a avaliação A2 e a A3 (metade do tratamento), mais que dobrou

o número de pacientes com disgeusia, enquanto que no final do tratamento, na

A4, o número de pacientes acometidos pelo sintoma foi menor que na A2. Este

fato indica a associação desse sintoma com a síndrome aguda da toxicidade, pois

é transitória, não persistindo entre ciclos, e não apresenta relação com o acúmulo

de dose.

Como este sintoma é bem prevalente em pacientes tratados com 5-FU

(Ackerman e Kasbekar,1997; Imai et al., 2013), não podemos afirmar se é uma

alteração da OXL ou do 5-FU, ou ainda, de ambos, pois não se encontram na

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literatura pesquisas que avaliam a disgeusia com OXL sem associação com 5-FU,

ou mesmo trabalhos exclusivos com FOLFOX.

Este trabalho é pioneiro em avaliar a disgeusia exclusivamente em

pacientes submetidos à FOLFOX 4, porém as pesquisas do assunto não divergem

muito ao presente estudo. Ishikawa et al. (2013) encontraram a disgeusia em

43,8% dos pacientes avaliados, porém avaliaram diversos quimioterápicos,

estando o regime FOLFOX 6 entre as maiores incidências. No estudo de Imai et

al. (2013), 38.8% dos pacientes avaliados desenvolveram a disgeusia, e os

pacientes acima de 70 anos foram mais susceptíveis à alteração. Em pacientes

submetidos a 5-FU a disgeusia foi relatada em 48% dos pacientes, e dos

submetidos à derivados da platina, a incidência da disgeusia foi de 25%, mas os

autores não especificaram qual o quimioterápico estudado. A literatura não

apresenta trabalhos específicos para determinado quimioterápico ou protocolo de

uso, o que dificulta o confronto dos resultados.

Nenhum trabalho também correlacionou essa alteração com a condição

bucal do paciente. No presente estudo, dos 11 pacientes dentados superior, 9

pacientes apresentaram disgeusia, enquanto que, dos 12 pacientes portadores de

prótese total superior, apenas 4 pacientes reportaram o sintoma, sendo que, um

desses pacientes não fazia uso contínuo das próteses. Os botões gustativos ou

corpúsculos gustativos estão dispostos aleatoriamente pelo dorso da língua e pelo

palato, em menor número na epligote, na faringe e na laringe (Pellegrini et al.,

2005). Diante disso, podemos presumir que o paciente portador de prótese total

superior já possui uma sensação gustativa menor, podendo então, ter uma menor

percepção da alteração. Em relação à higiene bucal, 46% (6 pacientes) dos

pacientes com disgeusia a realizavam insatisfatoriamente, enquanto que 54% (7

pacientes) apresentavam boas condições de higiene bucal, no entanto, nenhum

paciente apresentava doença periodontal severa.

No presente estudo, a avaliação da disgeusia foi subjetiva, baseada no

CTCAE- versão 4.3 - por meio do relato do paciente, sendo observada uma maior

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incidência de disgeusia grau 2. Em geral, a perda gustativa é mais acentuada no

paladar para os sabores salgado e amargo (Winkler et al., 1999). Os pacientes

avaliados, no geral, não distinguiram a alteração do sabor, mas 4 pacientes

relataram não sentir o salgado, dando preferências para alimentos doces.

Contudo, tal sintoma deve ser rotineiramente avaliado, com métodos objetivos,

para intervenções necessárias, pois as alterações de paladar podem comprometer

a nutrição do paciente e prejudicar sua qualidade de vida (Imai et al., 2013).

As alterações do paladar e do olfato são geralmente transitórias após a

quimioterapia (Fischer e Epstein, 2008). A principal causa da disgeusia em

pacientes com câncer é a ação do agente quimioterápico ou do tratamento

radioterápico sobre a renovação das células do epitélio bucal e os efeitos desses

tratamentos sobre as ramificações dos nervos bucais, as papilas gustativas e

receptores olfativos (Epstein et al., 2002; Just et al., 2005; Chaveli-López, 2014).

Outros mecanismos também podem estar relacionados, com modificações nas

concentrações de sódio, potássio e cálcio nos receptores das células das papilas

gustativas (Cowart, 2011). A alteração do paladar pode prejudicar a qualidade de

vida dos pacientes (Bernhardson et al., 2007), diminuir o apetite e ingestão

nutricional (Brisbois et al., 2006), o que leva à perda de peso involuntária e

finalmente, a desnutrição (Hutton et al., 2007).

Poucos estudos reportam a manifestação orofacial da neurotoxicidade

separadamente. A manifestação da parestesia na região orofacial foi reportada em

3 pacientes por Wilson et al., em 2002. Em 13 pacientes avaliados, 1 apresentou

parestesia perioral, 1 em garganta e 1 na boca. No presente estudo, a parestesia

envolvendo lábios, mento e língua, foram descritas em 3 pacientes, também se

apresentaram na forma aguda da síndrome, transitória, se manifestando na

segunda avaliação realizada, o que reforça a falta de relação com a dose

cumulativa do medicamento. Porém, na A4, um destes pacientes reportou a

parestesia sem remissão, no ápice da língua e membros. A persistência do

sintoma caracteriza a forma crônica da neurotoxidade, e para a ocorrência foi

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prescrito gabapentina. Ainda na A4, apenas 1 paciente relatou disestesia em

lábios, ao consumir alimentos frios e gelados. O mesmo paciente apresentava no

momento da avaliação parestesia distal persistente em mãos, e também estava

medicado com o anticonvulsivante.

A síndrome crônica da neurotoxidade induzida pela OXL é mais

incapacitante. Neuropatias periféricas severas se manifestam em cerca de 10% a

20% dos pacientes após uma dose cumulativa de OXL entre 510 a 765 mg/m2,

podendo ocorrer em cerca de 50% dos pacientes em tratamento com doses

superiores a 1000 mg/m2 (Gamelin et al., 2002; André et al., 2004; Passeto et al.,

2006; Park et al., 2009; Vatandoust et al., 2014). Os pacientes do estudo foram

tratados com dose moderada de OXL, 85 mg/m2 por ciclo, enquanto que 130

mg/m2 é considerada uma dose alta. A dose de OXL por ciclo e a duração do

tratamento influenciam na ocorrência e intensidade dos sintomas e características

da neurotoxicidade (Gamelin et al., 2004; Passeto et al, 2006; Land et al., 2007;

Argyriou et al., 2012; Vatandoust et al., 2014).

Parestesia e disestesia em mãos em pés foram classificados como “outros

sintomas”, pois o foco do trabalho era avaliar manifestações orofaciais, e por isso,

a intensidade desses sintomas não foi graduada. Alguns trabalhos (André et al.,

2004; Kemeny et al., 2004; Gutiérrez et al., 2010; Argyriou et al., 2012) não

classificam separadamente os sintomas de disestesia e parestesia, ou determinam

o seu local. Com terminologias diferentes, os resultados podem divergir e causar

confusão em relação à frequência de sintomas (Paice, 2009).

Os mecanismos para a neurotoxicidade seletiva dos compostos de platina e

sensibilidade reversível ao frio ainda não são totalmente compreendidos (Ta et al.,

2009). Está estabelecido que o frio induz a sensação de desconforto em

extremidades durante o tratamento, principalmente até alguns dias após a infusão.

A disestesia, quando relatada nessa pesquisa, era provocada pelo frio, quando o

paciente pegava alimentos na geladeira, ao lavar as mãos ou pisar descalço em

pisos frios. No início do tratamento, os pacientes foram orientados da

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manifestação do sintoma ao frio, e como evitavam tais situações, inclusive a de

levar alimentos gelados à boca, a disestesia não foi reportada com tanta

frequência. Por esta razão, não foi pesquisada alteração de sensibilidade pulpar,

pois a aplicação de gás refrigerante nos dentes poderia apresentar uma resposta

exacerbada, mesmo sem alterações pulpares.

A parestesia distal é bastante comum no tratamento com a OXL. Quando o

sintoma é avaliado separadamente, diferentes incidências são reportadas. De

Gramont et al., em 2000, encontraram 65,1% dos pacientes com o sintoma,

enquanto Wilson et al., em 2002, reportaram a ocorrência em 77% da amostra. A

parestesia distal teve ocorrência crescente ao longo das avaliações, chegando a

43% dos pacientes na última avaliação. Alguns pacientes relataram a duração de

dois a três dias após a infusão, e outros, o sintoma não ter remissão entre ciclos.

Esta última, por ser uma manifestação crônica, é natural que com o acúmulo das

doses esse sintoma esteja mais presente. Desses pacientes, antes de apresentar

parestesia distal, 6 pacientes reportaram disestesia ao pisar no chão descalço ou

ao lavar as mãos em avaliação anterior(es), porém nem todos que reportaram a

disestesia apresentaram parestesia. Um curso clínico comum é o início afetar

apenas os dedos dos pés e mão, com parestesias (formigamento) e disestesia

(Wolf et al., 2008). Após os 12 ciclos de avaliação, 7 pacientes apresentaram

permanência da parestesia distal. A dificuldade de ter uma amostra padronizada

em número de pacientes, quantidade de ciclos avaliados, fatores externos (como

clima frio), conduta diante do sintoma, pode produzir discrepância nos resultados

de parestesia entre diferentes pesquisas.

A OXL demonstra neurotoxicidade intermediária, atribuída às ações de

formas específicas de canais de sódio, aumentando, assim, a excitabilidade

nervosa (Gamelin et al., 2002). A recuperação de neuropatias nestes pacientes

pode ser lenta (Forman et al., 2004), devido à concentração residual de platina

nos nervos periféricos e gânglios da raiz dorsal (Gregg et al., 1992). A

citotoxicidade do agente depende da dose total cumulativa e do tipo de droga

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usada. No presente estudo, dos 10 pacientes que reportaram parestesia distal ou

orofacial, em 70% (7 pacientes), o sintoma foi persistente mesmo após o término

da quimioterapia. O tempo de duração do sintoma não foi avaliado. Diversos

estudos (Gamelin et al., 2002; Andre et al., 2004; Land et al., 2007; Park et al.,

2012; Vatandoust et al., 2014) relataram parestesia durante o tratamento dos

pacientes, e a persistência do sintoma no fim do tratamento. A reversibilidade da

neuropatia pode ocorrer entre 6 meses (Land et al., 2007) até dois anos ou mais

(Park et al., 2012).

Até agora, nenhuma droga eficaz está disponível para prevenir ou tratar

a neuropatia induzida pela quimioterapia (Stillman e Cata, 2006; Authier et al.,

2009). O tratamento destas neuropatias dolorosas é baseado no uso de

antidepressivos tricíclicos e antiepilépticos, mas, apesar de relatos de casos

positivos (van Deventer e Bernard,1999), estes nem sempre demonstram

resultados satisfatórios e uniformes (Wilson et al., 2002). Neuroprotetores são

possibilidades terapêuticas para evitar ou amenizar a neuropatia induzida pela

OXL. A administração intravenosa de gluconato de cálcio e sulfato de magnésio,

antes e após a infusão de OXL é controversa (Gamelin et al., 2004; Gamelin et al.,

2008; Kono et al., 2011; Grothey et al., 2011; Argyriou et al., 2012; Loprinzi et al.,

2014). No protocolo da quimioterapia do estudo, todos os pacientes avaliados

receberam infusão de Ca/Mg durante a infusão dos quimioterápicos. Devido à

divergência da literatura não se pode afirmar que esta medida tenha diminuído a

incidência da neurotoxidade periférica.

O estudo da dor orofacial e de cabeça e pescoço em oncologia é

complicado pela etiologia multifatorial da dor durante o tratamento, que pode

incluir dor devido ao tumor, dor devido à toxicidade relacionada com o tratamento,

e as causas secundárias, como infecção (Epstein et al., 2010). Neste estudo, 25

pacientes foram excluídos por apresentarem dor por mecanismo

nociceptivo/inflamatório, ou por não completarem os 12 ciclos propostos para a

avaliação, por motivo de óbito ou mudança de tratamento, sendo difícil obter uma

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amostra grande e controlada. É importante ressaltar que as complicações bucais,

muitas vezes aparecem simultaneamente. Por exemplo, um paciente pode

experimentar a dor de um tumor oral, mucosite, xerostomia, disgeusia, e uma

infecção por fungos, ao mesmo tempo. A exclusão desses sintomas cria desafios

na análise devido à sobreposição da dor durante e após o tratamento, o que pode

ser devido a múltiplas causas (Epstein et al., 2010), e limita muito o número de

pacientes a serem incluídos em uma pesquisa. Uma compreensão mais clara da

relação temporal, causal e do impacto de um conjunto de complicações orais

precisa ser mais explorada (Brennan et al., 2010).

Diante da incidência do câncer nos dias atuais e da diversidade de opções

terapêuticas, uma compreensão mais clara das neuropatias orofaciais e de outras

complicações bucais decorrentes do tratamento do câncer precisa ser explorada

em todos pacientes oncológicos, e não somente em pacientes com câncer de

cabeça e pescoço. Apesar de não ter sido verificada a dor neuropática orofacial ou

pulpar em pacientes com carcinoma de cólon e reto tratados com o quimioterápico

FOLFOX 4, é necessário a realização de estudos complementares com um grupo

maior de pacientes para comprovação dos achado aqui descritos, a fim de

aprimorar o entendimento do mecanismo da dor orofacial neste contexto,

norteando o tratamento e melhorando a qualidade de vida dos pacientes

oncológicos.

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7 CONCLUSÃO

A dor neuropática orofacial ou pulpar não foi detectada em nenhum

paciente avaliado. Os efeitos adversos mais relatados na região orofacial de

pacientes realizando tratamento de câncer de colón por meio do protocolo

quimioterápico FOLFOX 4 foram a disgeusia (57%) e a parestesia em língua,

lábios ou mento (13%).

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APENDICE I

Anamnese

Paciente:______________________________________________________________

Registro Hospitalar:_______________________________________________________

Data de Nascimento:________________ Idade:____________________

Gênero: ( ) masculino ( ) feminino

Raça:____________________ Estado civil:__________________________

Ocupação:________________ Escolaridade:_________________________

Telefone para contato:__________________________________________________

Diagnóstico do Câncer:_________________________________________

Estadiamento:________________________________________________

Cirurgia para remoção do tumor:_________________________________

Agentes quimioterápicos/dose/via/tempo de infusão/ previsão do esquema

quimioterápico:___________________________________________________________________

________________________________________________________________________________

Medicação sistêmica associada? Se sim, qual?________________________________

História Médica

Apresenta outra doença além do câncer?______________________________

Síndromes demenciais (como doença de Alzheimer) ou senilidade_________________

Diabetes? (tipo I ou II e tempo de descoberta) _________________________________

Toma/passa algum medicamento?(medicação sistêmica ou tópica)

______________________________________________________________________

Já realizou algum tratamento de câncer anteriormente? Se sim, qual?_____________

É fumante? Se sim, há quanto tempo?________________________________________

Faz uso de álcool? Com que frequência?______________________________________

Critérios de Exclusão

Você já apresentou/apresenta alguma doença que acometa os nervos?(dor neuropática prévia

como polineuropatia diabética, neuralgia trigeminal)

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APENDICE II

Questionário de avaliação das alterações orofaciais induzidas pela quimioterapia

Paciente / Registro Hospitalar:___________________________________________

A1( ) A2( ) A3( ) A4( )

SINTOMA Presença

Se o sintoma estiver manifestado...

Localização Duração Intensidade

(Score)

1. Dor* – tipo:

- queimação /ardência

- pontada/ferroada/ facada/alfinetada

- pressão/aperto

- choque elétrico

- púlsatil/latejante

- intermitente

- contínua

- espontânea

- provocada/induzida por:

(frio, calor, mastigação, fala, escovação dos dentes)

Sim Não

2. Parestesia** Sim Não 1 2 3

3. Disgeusia** Sim Não 1 2

4. Disestesia laringofaríngea** Sim Não 1 2 3 4 5

5. Disestesia oral** Sim Não 1 2 3

6. Disartria** Sim Não 1 2 3

7. Disfagia** Sim Não 1 2 3

8. Cãimbra muscular (músculos mastigatórios)

Sim Não

9. Perda da sensibilidade tátil Sim Não V1 V2 V3

* Intensidade da dor mensurada pela Escala Visual Analógica

** Intensidade dos sintomas mensuradas pela Escala do National Cancer Institute Common Terminology Criteria for Adverse Events v4.0

Presença de mucosite? __________________________________________________

A dor interfere em alguma atividade diária? ____________________________________

( ) sono ( ) humor ( ) apetite

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APENDICE III

Critérios de exclusão do paciente para a dor dentária:

Diagnóstico diferencial para alterações odontogênicas: ( ) lesão endo-pério ( ) pulpites por cárie, restaurações profundas e/ou recentes, traumatismo ( ) periodontite apical aguda de origem microbiana, traumática ou química ( ) fratura radicular ( ) impacção alimentar ( ) doença periodontal – abscesso periodontal ( ) dor por infiltração tumoral ( ) Reabsorção dentária inflamatória

Exame físico auxiliar para diagnóstico – aplicado para o dente álgico

1. DOR: Presente : Dente(s) _____________ Características: avaliadas no questionário

2. EXAME RADIOGRÁFICO: Presença de: ( )cárie ( ) restauração profunda/ há quanto tempo fez a restauração?______ - Periápice: ( ) espessamento do ligamento ( ) rarefação óssea ____________ - Reabsorção: ( ) interna ( ) externa: ________________________________ - Tratamento endodôntico ( ) satisfatório ( ) insatisfatório

3. INSPEÇÃO:

( ) dente hígido ( ) restauração íntegra ( ) restauração infiltrada ( ) cárie

( ) exposição pulpar ( ) coroa protética ( ) presença de bolsa periodontal

4. SENSIBILIDADE TÉRMICA: (aplicado somente em suspeita de necrose pulpar)

FRIO: ( ) demorada ( ) imediata fugaz ( ) imediata prolongada ( ) ausente

CALOR: ( ) demorada ( ) imediata fugaz ( ) imediata prolongada ( ) ausente

5. PERCUSSÃO:

Vertical: ( ) Não ( ) Sim

Horizontal: ( ) Não ( ) Sim

6. MOBILIDADE DENTAL: ( ) Ausente ( ) Presente: ___________________ 7. PALPAÇÃO: ( ) Sensibilidade região apical Edema: ( ) Intra-oral ( ) Extraoral

( ) Fístula _______________ ( ) Consistente ( ) c/Flutuação

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ANEXO 1