estudo no salmo 119

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  • 7/27/2019 Estudo No Salmo 119

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    Estudo no Salmo 119

    vv. 1 ao 8

    Introduo: Muitos leitores superficiais tm imaginado que ele toca numa corda s, e tem

    abundantes repeties. Os que estudaram este hino divino, e notaram cuidadosamente cada linha,

    ficam pasmos diante da variedade e profundidade do pensamento. Usando apenas poucaspalavras, o escritor produziu alteraes e combinaes de sentido que demonstram sua

    familiaridade santa com o tema. Ele nunca se repete, porque se o mesmo sentimento reaparece,

    est em um novo contexto, e assim exige outra variao de sentido.

    Quanto mais se estuda, mais revigorante ele se torna, e aqueles que o miram com devoo

    no s vero o brilho, como sentiro o calor da chama sagrada.

    Este salmo alfabtico. Oito versos comeam com uma letra, e depois outros oito com a

    letra seguinte, e assim o salmo todo procede com grupos de oito atravs das vinte e duas letras do

    alfabeto hebraico. O tema nico a Palavra do Senhor. O salmista aborda seu tema sob muitas

    luzes diferentes, e o trata de vrias maneiras, mas poucas vezes omite a meno da Palavra do

    Senhor em cada verso sob um ou outro dos muitos nomes pelos quais ele o conhece.

    Quem escreveu este maravilhoso salmo estava im0pregnado dos livros das Escrituras que

    possua. A maioria, diz Martin Boos, l sua Bblia como vacas no Caim denso, que esmagam sob os

    ps as flores e ervas mais finas. Se Davi no o escreveu, outro crente com exatamente a mesma

    mente de Davi deve ter vivido, e ele deve se ter dedicado com igual ardor, e ter sido um apreciador

    igualmente entusiasmado da Escritura Sagrada.

    Como so favorecidos os seres a quem o Deus Eterno j escreveu uma carta com Sua prpria

    mo e estilo! Que ardor de devoo pode produzir um triburo digno dos testemunhos divinos? Se

    algum dia tal tributo saiu da pena de um homem, este Salmo 119.

    v. 1 = Bem-aventurados = Ele est admirando as belezas da lei perfeita; e, como se nesse verso

    encontrasse a suma e resultado de todas suas emoes, ele exclama: Bem-aventurado o homem

    cuja vida a transcrio prtica da vontade de Deus.

    Nosso desejo por felicidade no maior que o de sermos perfeitamente santos. A religio

    genuna sempre prtica, pois ela no nos permite deleitar-nos numa regra perfeita sem excitar

    em ns profundo anelo de conformar a essa regra nossa conduta diria. Uma beno pertence aos

    que ouvem, lem e entendem a Palavra do Senhor; no obstante, uma beno ainda maior advm

    da real obedincia a ela e concretiza em nosso andar e conversao o que aprendemos em nosso

    exame das Escrituras.

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    bom abrir nossa boca com bnos. Quando no podemos concede-las, podemos apontar

    o caminho de sua obteno; e ainda quando nem mesmo as possuamos, pode ser proveitoso

    contempl-las, para que nossos desejos sejam excitados e nossas almas movidas a busc-las.

    Do modo como Davi comea seu salmo, os jovens deveriam comear suas vidas, os recm-

    convertidos deveriam iniciar sua profisso de f; todos os cristos deveriam comear cada dia.

    Assentem em seus coraes como primeiro postulado e slida regra da cincia prtica quesantidade sinnimo de felicidade; que nossa sabedoria consiste em primeiramente buscar o

    reino de Deus e sua justia.

    O homem comeou sendo bem-aventurado em sua inocncia; e se nossa raa cada visa a

    ser bem-aventurada outra vez, ento ela deve encontrar a bem-aventurana onde ela a perdeu no

    princpio, ou seja, conformando-se com os mandamentos do Senhor.

    Os retos em seus caminhos guardam o caminho, andando com santa prudncia e lavando seus ps

    diariamente, para que no sejam maculados pelo contato com o mundo. Bem-aventurado aquelecuja vida , no sentido evanglico, sem mcula, porque jamais lhe seria possvel alcanar esse

    ponto se infindas bnos ainda no lhe houvessem sido derramadas.

    Sem dvida, quanto mais profunda nossa santificao, mas intensa nossa bem-

    aventurana. Cristo o nosso caminho, e no s estamos vivos em Cristo como tambm devemos

    viver nele. O lamentvel que ns salpicamos sua santa vereda com nosso egosmo, nossa

    vanglria, nossa obstinao e nossa carnalidade, perdendo com isso, em grande medida, a bem-

    aventurana que se acha nele como nosso caminho. O cristo que erra continua salvo, porm deixa

    de experimentar a alegria de sua salvao, continua redimido, porm no enriquecido, muitssimodisposto, porm no muitssimo abenoado.

    Quo facilmente pode sobrevir-nos impureza, mesmo em nossas coisas santas, sim, at

    mesmo no caminho! at mesmo possvel achegarmo-nos para o culto pblico ou privativo

    maculados em nossa conscincia, quando ainda nos achamos de joelhos.

    No havia assoalho no tabernculo, mas apenas areia; da os sacerdotes, para o servio junto

    ao altar, careciam constantemente de lavar seus ps, e, pela bondosa proviso de seu Deus, o

    lavatrio lhes estava sempre disposio para que se purificassem. Quando a ns, nosso Senhor

    ainda se dispes a lavar nossos ps, para que estejamos totalmente limpos. E assim nosso texto

    preanuncia a bem-aventurana dos apstolos no cenculo, quando Jesus lhes assegura: Vs j

    estais limpos....

    Aquele que anda na lei de Deus, anda na companhia de Deus.... portanto abenoado, desfruta

    do sorriso de Deus, da fora de Deus, da intimidade com Deus, como no seria ele abenoado? Vida

    santa um andar, um progredir constante, um avanar sereno, um perseverar contnuo. Enoque

    andava com Deus. Os homens bons se tornam cada vez melhores, e por isso vo sempre em frente.

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    No se apressam e nem se perturbam, apenas se mantm no curso de seu caminho,

    caminhando firmemente rumo ao cu. No se deixam dominar por perplexidade acerca de como

    devem conduzir-se, porque possuem uma regra perfeita, a qual orienta seu ditoso caminhar. A lei

    do Senhor no lhes enfadonha, seus mandamento no lhes so penosos. No visualizam como

    uma lei impossvel teoricamente admirvel, praticamente absurda, seno que andam por meio dela

    e nela.

    No sentem saudade depois de se haverem ingressado na vereda da obedincia, nem a

    deixam ao contemplarem as dificuldades, mesmo ante as multiformes tentaes que lhes oferecem

    a chance de regressarem, seu andar contnuo na lei do Senhor seu melhor testemunho da bem-

    aventurana de tal condio de vida.

    Bem-aventurados.... spero pode ser o caminho; inflexvel a regra, severa, a disciplina

    disso temos plena conscincia. Todavia, um acmulo de milhares de bem-aventuranas ainda se

    encontra no viver pidoso, pelo qu bendizemos ao Senhor. Portanto, devemos almejar a bem-

    aventurana que posta diante de ns, mas no devemos imaginar que podemos obt-la semesforo. No se aprende num s dia o mtodo da perfeita obedincia; mister que haja preceito

    sobre preceito, norma sobre norma.

    Entretanto, nosso plano deve ser guardar a Palavra do Senhor no recndito de nossa mente.

    Unicamente pela comunho diria com Ele, mediante sua Palavra, que podemos nutrir a

    esperana de aprender seu caminho, ser purificados de toda mcula e esforar-nos por andar em

    seus estatutos.

    v. 2= Ele foi buscado entre as rvores, os montes, os planetas, as estrelas. J foi procurado em sua

    prpria imagem desfigurada, o homem. Mas essas buscas muitas vezes foram motivadas

    simplesmente por intelecto, ou foradas por conscincia, e assim resultaram em uma luz fria. A

    verdadeira busca comea no monte da caveira, ou Glgota, onde o sangue e angustia, se

    materializaram em vida.

    Ningum conduz esta busca direito sem ser estimulado ou sustentado pelo gracioso Esprito.

    Existe uma beno em guardas os testemunhos e outra em buscar o Senhor, e isto de todo ocorao. No h paz at que se encontre Deus. Onde devemos busc-Lo? Em seus testemunhos,

    estudando-os e guardando-os. No podemos guardar no corao aquilo que no abraamos

    sinceramente pelas afeies.

    A medida que uma alma avana na graa, mais divinas e espirituais so suas aspiraes: o

    andar externo no satisfaz alma agraciada, nem mesmo os testemunhos entesourados; no devido

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    tempo, ela se entrega a Deus pessoalmente, e quando, em certa medida, o encontra, ainda o

    deseja muito mais, e continua a busc-lo.

    Buscar a Deus de todo o corao, com todo o empenho. A vista falha, o mtodo cientfico

    falha, mas no o corao contrito. O corao sem nimo raramente encontra algo que valha a

    pena. O corao que demonstra desprezo em procurar no poder encontrar, at porque Deus no

    se revelar a quem o busca sem nimo. Significaria dar grande valor indiferena.

    Encontramos Deus dentro de seus mandamentos, cada um deles. Os mandamentos nos

    levam para longe do mundo e para perto de Deus. Devemos lembrar algumas condies exigidas

    daqueles que buscam o Senhor corretamente:

    1. Devemos busc-lo em Cristo o mediador (Jo 14: 6)2. Devemos busc-lo em verdade (Jr 10: 10, Jo 4: 24; Sl 7: 6)3. Devemos busc-lo em santidade ( 2 Tm 2: 19; Hb 12: 14 e Jo 1: 3)4.

    Devemos busc-lo acima de todas as coisas e por causa dEle mesmo.5. Devemos busc-lo luz de sua prpria Palavra.

    v. 3= Nenhuma iniqidade cometida quando o corao inteiramente santificado a Deus; Cristo

    habitando nele pela f lanando fora a iniqidade. Um corao ntegro se desvia do mal, porquanto

    o salmista diz: Que o buscam de todo o corao. Tambm no praticam a iniqidade. Ningum

    absolutamente destitudo de pecado, todavia certamente existem muitos que podem alegar que

    intencional, voluntaria, consciente e continuamente fogem de fazer o que perverso, mpio ou

    injusto.

    v. 4= Quem o doador da lei? Tu mesmo . No outro igual que ficar confuso, e sim o grande

    Deus. Esse Deus quem ordena... e tendo ordenado a lei moral, suplementa esta lei com um

    mandamento dizendo o modo de observ-la: RISCA.

    Deus no indiferente ao tratamento que os homens do sua lei se a observam,

    negligenciam ou a desafiam. Quando observada, Ele discrimina o esprito de sua observncia, seescrava, parcial ou diligente. H apenas um esprito de obedincia que satisfaz a exigncia. RISCA

    ou diligentemente. E isto implica em uma obedincia que cuidadosa em averiguar a lei disposta

    a cumpri-la (v. 60), sem reservas inspirado por amor. Ser que nossa obedincia chega a este

    padro? Se assim no for observado, no ser vitorioso sobre as dificuldades.

    Como observar risca:

    1. No parcialmente, mas completamente

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    2. No com dvidas, mas confiantemente;3. No relutantemente, mas prontamente;4. No desleixadamente, mas cuidadosamente.5. No friamente, mas sinceramente.6. No esporadicamente, mas regularmente.O salmista comeou na 3 pessoa: Bem-aventurados so os retos. Ele est agora aproximando-se do pessoal, atingindo a primeira pessoa do plural: Tu ordenaste teus mandamentos. Logo o

    ouviremos clamando pessoalmente para si mesmo: Quem dera meus caminhos fossem

    dirigidos para observar teus mandamentos. Quando o corao se avoluma em amor pela

    santidade, mais interesse pessoal temos nela.

    v. 5= Em seguida sugerida uma orao, certamente como fruto da reflexo. Antes da beno

    preciso orar. Tendo conscincia de seu fracasso, e baseado no apego amoroso ao Senhor, osalmista ora. gratificante quando desejamos e fazemos alguma coisa. Isso demonstra o corao

    de Deus na nova criatura, que clama por santidade.

    s vezes nos suspiramos pelo impossvel, mas isto pode ser alcanado pela graa divina.

    v. 6= A conscincia limpa importante. Diante do mundo que critica, mesmo diante da corte da

    conscincia. Diante do trono da graa ou at no dia do juzo. No somos sem defeito, e para nossa

    salvao que descansamos inteiramente em Cristo. esta justia que vem de Cristo que oblsamo de nossa conscincia ferida, nosso rogo poderoso na orao e nossa oferta final e triunfal

    no dia do juzo.

    v. 7 = Aprendendo a louvar: Quo maravilhosamente a lio transformada em um canto, e o

    aprendiz em um cantor. Quando eu aprender... Isto essencial ao crescimento, e algo que todos

    na verdade podem confessar. O salmista deu seu corao tarefa do aprendizado e buscou auxilio

    divino. Ele prometeu tambm que teria um corao sincero, quando aprendesse os preceitos.

    v. 8= Ento ele toma a deciso: Obedecerei... mas ora, nunca me abandones. A ligao entre as

    duas coisas importantssima. A obedincia sem orao e orao sem obedincia so igualmente

    vs. Para ir em frente preciso se valer dos dois remos. Deus no suporta pedintes preguiosos,

    que enquanto podem obter qualquer coisa s pedindo no fazem nenhum trabalho.

    Ele clama a Deus como algum tremendo beira do inferno.

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    Salmo 119

    A Santificao atravs da Palavra (9 16)

    1) Declarada de forma geral (v. 9)2) Buscada pessoalmente (vv. 10 a 12)3) Noticiada para os outros (v. 13)4) Motivo de regozijo pessoal (vv. 14 a 16)

    Embora escritos por um ancio, foram escritos visando a todos os jovens. Somente aquele que

    comea com Deus em sua juventude que ser capaz de escrever assim com base na experincia e

    na maturao da idade. Que glria estar primeiramente com Deus!

    v. 9 = Quando aplicamos a Palavra de Deus ao corao pelo Esprito Santo, h suficincia de prazer

    e incentivo para limp-lo de toda sujeira do pecado, e aps ter feito isso, certamente

    encontraremos tambm apoio suficiente para mantermo-nos limpo.

    O salmista deduziu de sua prpria experincia como um jovem poderia manter limpo seu

    corao, pois desde cedo ele buscava Deus de todo o seu corao. Sua resposta poderia ser assim

    disposta:

    1. Seja consciente do que deve fazer (v. 9)2. Guarde e se lembre do que Deus diz (v. 11) ... Guardei no corao...3. Bendiga a Deus por aquilo que Ele j deu (v. 12)... Bendito s tu, Senhor...4. Pea mais (v. 12)... Ensina-me os teus preceitos...5. Disponha-se a compartilhar os ensinos (v. 13)... Com os lbios anuncio...6. Medite frequentemente nos preceitos (v. 15)... Eu meditarei...7. Reflita profundamente a respeito deles (v. 16)... Tenho prazer... Lembre-se que o alimento

    que no digerido no vai nutrir o corpo. Assim a Palavra de Deus que no consideradacom profunda meditao e reflexo, Ela no vai nutrir nossa alma.

    No pode haver resposta quando no h pergunta. Sem perguntas e sem respostas, continua-sena ignorncia. Nem sempre a pergunta precisa ser dirigida a outra pessoa. Muitas perguntasdevem ser dirigidas a si prprio. Preocupado com a fraqueza humana, com a fora do pedado,com as paixes da mocidade e com o itinerrio moral da juventude, o salmista elabora umapergunta prtica: Como pode o jovem manter pura a sua conduta? (Sl 119: 9).

    O salmista apressa-se a responder sua prpria pergunta, embora a tenha dirigido a Deus:Vivendo de acordo com a Tua Palavra. Ele faz a pergunta e oferece a resposta. As perguntas que

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    dirigimos aos outros nos dispensam do trabalho de raciocinar. Valemo-nos do raciocnio alheio,da sabedoria alheia, da experincia alheia. Mas vale a pena nos sujeitarmos ao raciocnioprprio. A obrigao de pensar, refletir, avaliar, sempre luz da perspectiva divina, traz grandeproveito. Lgico que no poderia ser dada outra resposta, simplesmente porque no h.

    Nunca houve uma pergunta mais importante para qualquer pessoa; nunca haver um tempomais oportuno para faz-la do que no incio da vida, quando as paixes esto latentes, quandose est carente de conhecimento e experincia. responsabilidade de todos viver uma vidapura e graciosa. preciso haver empenho e superao, pois o caminho no fcil, mas a vitria ensinada. No pela sua prpria sabedoria e imaginao, mas buscando na Palavra bendita deDeus.

    Somente Aquele que venceu o mundo (Jo 16: 33), pode ajudar algum a vencer o mundo, acarne e o diabo. Pois essa trade que ofusca e destri a vida, no apenas do jovem, mas dequalquer descuidado peregrino neste mundo.

    Nosso caminho um tema que deveria ser preocupante para todos. prefervel inquirir sobreele do que especular acerca de caminhos e procedimentos misteriosos que mais fascina do queilumina a mente. Portanto, dentre todas as perguntas que um jovem faz, e so muitas, estadeveria estar em primeirssimo lugar. Apesar de ser uma pergunta sugerida pelo senso comum,no deveria ser respondida pela razo simples. Se nossa responsabilidade formular apergunta, a Deus cabe respond-la a fim de nos capacitar a torn-la concreta.

    Que a Bblia seja nosso mapa, e que ns exeramos grande vigilncia para que nosso caminhose amolde s suas diretrizes. Devemos cuidar para que nossa vida seja pautada pela Bblia, e

    para isso devemos estud-la. O caminho estreito no encontrado por acaso, assim como umapessoa descuidada jamais viver uma vida santa. Podemos pecar sem refletir, porm, obedecerao Senhor e andar retamente carece de todo nosso corao, alma e mente.

    A boa inteno no nos exime de erros. Se tomarmos uma dose de medicamentos queimaginamos ser til, ela morrer se vier a perceber que lanou mo de um frasco errado e quese serviu de um veneno mortfero; o fato de fazer isso ignorantemente no o poupar da morte.Que Deus nos abenoe para termos bem aberta diante de nossos olhos a Sua Palavra, de modoque, com Seu auxlio, alcancemos corao sbio.

    v. 10 = As grandes solicitudes do crente devem ser

    1. Seu desejo de achar a seu Senhor = Eu te busco

    2. E aquilo que ele teme perder = Os mandamentos

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    Precisamos estar atentos. A conscincia da sinceridade no garante a suficincia.

    Mesmo que estejamos buscando com a maior sinceridade, se no buscarmos a graa divina

    perderemos o rumo, pois a graa que vai nos dirigir s guas profundas da Palavra.

    O salmista no s desejava obedecer a suas leis, mas tambm comungar com sua pessoa. Essa uma busca real, justa e persistente, e pode muito bem ser continuada de todo o corao. Omodo mais seguro de purificar o caminho de nossa vida buscando a Deus como tal ediligenciando-nos em permanecer em comunho com ele.

    Um corao sincero no pode viver por muito tempo sem comunho com Deus. Ele quer tantoo Senhor que O pede para deix-lo esquecer ou distrair-se disso. Se desistirmos dos caminhosdesignados por Deus, certamente no O acharemos. Quanto mais a totalidade do coraohumano posta na santidade, mais ele teme cair em pecado.

    curioso como duas coisas podem ser parecidas e ao mesmo tempo distintas. O peregrino e oandarilho. Somos peregrinos = Sou peregrino na terra(v. 19), mas no somos andarilhos.Estamos de passagem pelo pas dos inimigos, mas sua rota segue em frente; estamos buscandonosso Senhor enquanto atravessamos essa terra estrangeira. No podemos nos distrair.

    O homem de Deus se exercita, mas no confia em si mesmo; seu corao est em seu caminharcom Deus; mas ele sabe que mesmo toda sua fora no basta para mant-lo no rumo certo, amenos que seu Rei seja seu guardador; e Aquele que fez os mandamentos o far perseveranteem obedec-los; da a orao.

    v. 11 = A melhor coisa = a Tua palavra; no melhor lugar = o corao; para o melhor dos propsitos

    = para no pecar contra ti...

    H coisas de muito valor que no podem ser deixadas em qualquer lugar. Jias, dinheiro,documentos e lembranas histricas precisam ser guardados a sete chaves. O salmista temconscincia do valor da Palavra de Deus e achou por bem guard-la no corao (v. 11).

    Desde que a lei foi dada por intermdio de Moiss, esse o mais apropriado lugar paradepositar a Palavra de Deus: Que todas estas palavras que hoje lhe ordeno estejam em seucorao (Dt 6: 6). entrada da terra de Cana, a mesma ordem foi dada outra vez: Gravemestas minhas palavras no corao e na mente (Dt 11: 18). O justo, no o mpio, aquele quetraz no corao a lei do seu Deus (Sl 37: 31).

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    Salomo, o sbio, manda guardar esse tesouro no fundo do corao(Pv 4: 21), mandaamarraros mandamentos do Senhor junto ao corao para sempre (Pv 6: 21), manda escreveralei do Senhor na tbua do corao (Pv 3: 3; 7: 3). O mesmo cuidado que se tem com a meninados olhos deve se dispensar aos ensinos l de cima (Pv 7: 2).

    Um dos ministrios do Esprito exatamente este: porei as minhas leis em seu corao e asescreverei em sua mente (Hb 10: 16). O melhor tesouro a Palavra de Deus, o melhor lugarpara guard-lo o corao, e a melhor providencia colocar o melhor tesouro no melhorlugar.

    Quando uma pessoa piedosa suplica pelo favor divino, ela deve criteriosamente usar todos osmeios para sua obteno. Aqui o salmista mostra a precauo que tomou para no cair empecado. Seu corao seria guardado pela Palavra, visto haver guardado a Palavra em seucorao.

    A Palavra no um talism. Ela est guardada em seu corao. O salmista a deposita ondehabita o amor e a vida, e ali ela encheu as recmaras com doura e luz. Devemos portantoimit-lo. Primeiro devemos refletir se o que cremos de fato a Palavra de Deus genuna; depoisentesour-la, para no pecar contra o prprio dono da Palavra.

    Como algum que oculta cuidadosamente seu dinheiro quando receia a presena de ladres,ele guarda a Palavra. Aqui o ladro seria o pecado. As pessoas s se preocupam quandoofendem seus semelhantes. No nosso caso. Nosso pecado ofensa a Deus.

    Muitos so rpido em prometer, mas o salmista nos ensina a ir um passo adiante. Ele noconfiou que no pecaria, se no guardasse a Palavra em seu corao, e assim fez. Quem assimfaz pode esperar resultados maravilhosos. Quando a vida est escondida no corao, a vidaestar resguardada do pecado.

    v. 12 = O desejo de ensino divino mostra a maneira de o homem tornar-se participante dessa bem-

    aventurana, conformando-se a seus preceitos. Quando recebemos a Palavra, o prximo passo

    orar e pedir a Deus o seu significado e ensino, pois somente assim podemos aprender o caminho dabem-aventurana.

    J que precisamos ser discpulos ou aprendizes, que honra ter Deus pessoalmente comoprofessor! Foi Deus mesmo que colocou nele esse desejo quando lhe deu a Palavra. Quem nodeseja fazer essa orao? Pedir que o dono da Palavra lhe ensine? Somente o Rei que ordenoutais estatutos sabe perfeitamente seu significado.

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    A resposta a essa orao est nos versos 98 a 100: Teus mandamentos me fazem mais sbioque meus inimigos; porque, aqueles, eu os tenho sempre comigo. Compreendo mais que todos

    meus mestres, porque medito em teus testemunhos. Sou mais prudente que os idosos, porque

    guardo teus preceitos.

    Mesmo fazendo aqui essa petio, ele repete nos versos 33 e 66. Mas ele no descanso depoisda declarao dos versos 98 a 100, pois ele repete a petio no verso 124.

    v. 13 = O que aprendemos em secreto devemos proclamar dos telhados. O salmista havia feito

    isso. medida que conhecia, ele falava. Devemos anunciar a Palavra. A Bblia nos chama de

    atalaias, embaixadores, servos, etc. nosso dever anunciar.

    O que o Senhor ocultou-nos ser presunoso tentar descobrir, mas, em contrapartida, o que oSenhor revelou nos ser vergonhoso manter velado. Ao cristo um grande conforto voltar osolhos ao passado, e poder exclamar haver cumprido seu dever luz da Palavra de Deus. umprivilgio sermos como No, que chamado pregador da justia, num mundo totalmentempio. privilgio desfrutarmos de grande alegria quando vierem os dilvios e o mundo mpioestiver sendo destrudo.

    Os lbios que tiverem sido usados na proclamao dos estatutos de Deus esto certos de seraceitos quando implorarem que Deus cumpra suas promessas. Se tivermos tal respeito poraquilo que procede da boca de Deus, podemos descansar plenamente certos de que Deustambm respeitar as oraes que forem pronunciadas por nossa boca.

    Ao ensinarmos, aprendemos; ao treinarmos a lngua para a santa proclamao, dominamostodo o corpo; ao nos familiarizarmos com o divino procedimento, nos deleitamos na justia; eassim, de uma trplice forma, nosso caminho purificado enquanto proclamamos o caminho doSenhor.

    Quando chegar o dia de nossa partida, que imensa consolao poder dizer: Guardei a f.

    v. 14 = A religio prtica, fonte de um consolo maior do que riquezas, d ao homem paz de

    esprito, independente da riqueza considerada. Os testemunhos internos, os efeitos dentro do

    corao, produzem efeitos fora dele, quanto ao esforo e busca.

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    Riquezas so desejveis como meio de se conseguir prazer pessoal, mas os testemunhos de

    Deus produzem a alegria mais perfeita e completa. Sem dvida que riquezas so desejveis como

    meio de fazer o bem, mas os testemunhos de Deus operam o bem maior, pois levam o outros

    tambm ao cu.

    Deleitar-se na Palavra de Deus uma prova infalvel de que ela de fato tomou posse do corao,e assim est purificando a vida. O salmista est comparando seu intenso prazer na vontade deDeus com grandes e variadas situaes que uma pessoa possui, e seu corao se regozija nessascoisas. Davi tinha experincia com as riquezas.

    Certamente ele se alegrava com todas as sortes de riquezas consagradas e destinadas aos maisnobres usos; e todavia o caminho da Palavra de Deus lhe injetara muito mais prazer do que

    mesmo tais riquezas. Sua alegria era pessoal. No causa admirao que no verso anterior tenha ele se gloriado em haver falado muito

    daquilo em que tanto se regozijava: uma pessoa pode falar com boca cheia daquilo em que sedeleita.

    v. 15 = H pessoas que no lem a Bblia e h pessoas que a lem mal. No h muita diferena

    entre um grupo e outro. O alvo a ser perseguido at ser alcanado aprender a ler a Bblia com

    proveito. E o real proveito no costuma vir apenas com a mera leitura. Junto com a leitura ou logo

    aps a leitura tem de haver espao para a meditao. Enquanto a leitura significa tomar

    conhecimento do texto escrito, a meditao significa examinar, refletir, ficar por dentro (e no na

    superfcie) do texto lido.

    Novamente o salmista assume o compromisso: Meditarei..... O que acontece quandomeditamos na Palavra de Deus? Acontece o mesmo que acontecia com o salmista: Meucorao ardia-me no peito e, enquanto eu meditava, o fogo aumentava(Sl 39: 3).

    Parece que a arte de meditar fazia parte da cultura dos heris bblicos. Isaque fazia (Gn 24: 63);e tambm Maria, depois que ouviu o relato dos pastores de Belm... (Lc 2: 19). Aquele que se deleita interiormente em algo no afasta do mesmo sua mente. Normalmente os

    avarentos falam de suas posses; os orgulhos de seus feitos... Assim o crente devoto, por meiode freqente meditao, fala naturalmente de suas freqentes meditaes que descobriu nolivro do Senhor.

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    Para algumas pessoas meditao uma tarefa; para aqueles que tm seus caminhospurificados, uma alegria. Aquele que tem meditado, voltar a meditar. Nenhum exerccioespiritual mais gratificante alma do que o da meditao. Qual a razo de muitos de ns nosermos afeitos a meditao?

    Como resultado da meditao, reverncia. O respeito o resultado de meditarmos numa lei tomaravilhosa. Sermos servos de um Deus to amvel a prova de servido esperada. As graasmais ricas so aquelas que habitam no recndito mais profundo da alma.

    v. 16 = Nenhum deleite nosso em algo que esteja abaixo de Deus se destina a ser a satisfao

    eterna da alma. O livro de estatutos se destina a ser a alegria de toda pessoa leal. Quem tem

    verdadeiro deleite no ir se esquecer de algo to maravilhoso.

    Ningum esquece facilmente aquilo que entesoura (v. 14), aquilo em que muito pensam (v. 15),e naquilo de que muito falam com freqncia (v. 13). Uma ao repetida torna-se hbito. Equando os hbitos so bem formados, podemos sem alarde conserv-los bem, e aindaimplant-los em outros exerccios mais importantes.

  • 7/27/2019 Estudo No Salmo 119

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    Salmo 119

    A Orao de um aflito (17 - 24)

    As provaes do caminho parecem ter-se manifestado mente do salmista, e ele ora,

    portanto, pelo socorro que atenda sua causa. Como nos ltimos versos ele orou como jovem

    recentemente ingressado no mundo, aqui ele suplica como servo e peregrino que vai descobrindoser um estranho num pais inimigo. Ele fala com o Senhor como uma pessoa fala com seu amigo.

    v. 17 = Aqui vemos um servo necessitado clamando pelo prpria vida, e somos ensinados que

    devemos nossas vidas misericrdia de Deus, e que devemos ento gastar nossas vidas em servio

    a Deus. H maravilhas ocultas do evangelho, assim como h na natureza. Entretanto, as coisas da

    Bblia so ocultas por causa da cegueira humana.

    Aquele cego tinha conscincia de sua cegueira e clama. H maravilhas para serem vistas:

    a) Do pecadob) Do infernoc) De Jesus, que est pronto a salvard) Do perdo perfeitoe) Do amor de Deusf) Da graa suficiente e maravilhosa, eg) Do cu.

    O cego sabia que o problema estava em si. Somos cegados pelo pecado e muitas vezes no

    nos apercebemos. preciso orar, pois ele mesmo no pode abri-los, seus amigos mais ntimos no

    podem faze-lo, somente o Senhor capaz de assim proceder.

    O salmista est consciente de que a alegria de seu corao se deve ao fato de estar ele a

    servio de seu Deus. Nessa condio ele faz uma splica, pois um servo desfruta de alguma

    influencia da parte de seu senhor. Restitui-me segundo a grandeza de tua liberalidade, e no

    segundo a deficincia de meu servio.

    Se o Senhor simplesmente nos tratar como trata o menor de seus servos, temos motivo para

    contentamento; pois todos seus verdadeiros servos so filhos, prncipes de sangue, herdeiros da

    vida eterna. Davi sabia que suas grandes necessidades requeriam abundante proviso, e que seu

    nfimo mrito jamais desejaria tal suprimento. Ele suplica pela liberdade da graa.

  • 7/27/2019 Estudo No Salmo 119

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    Para que eu viva = Ele no poderia viver a no ser com profuso de misericrdia. Requer-se

    uma graa muito rica para que um santo se mantenho vivo. Somente o Senhor pode guardar-nos

    com vida; e sua poderosa graa que nos preserva a vida a cujo direito perdemos em decorrncia

    de nosso pecado. natural querer viver; um direito orar pela vida; mas justo atribuir a

    longevidade ao favor de Deus. Os servos do Senhor no podem servi-lo movidos por sua prpria

    fora, pois nem mesmo podem viver se sua graa no encher ricamente a vida deles.

    E observe tua Palavra = Esta deve ser a norma, o objetivo e a alegria de nossa vida. preciso

    que oremos por uma vida que tenha a Palavra de Deus em ntima considerao. A existncia algo

    pobre se no desfrutar o bem-estar. A vida s digna quando observamos a Palavra de Deus; alis,

    no h vida nenhuma, seno aquela que se associa santidade.

    Est claro que se prestamos algum servio a Deus, isso se deve ao fato de Ele nos conceder

    sua graa. Trabalhamos para Ele porque Ele trabalha em ns. Quanto mais uma pessoa preza a

    santidade, e quanto mais solicitamente se esfora em busc-la, mais vai a Deus com o fim de obt-

    la.

    Pode parecer atrevimento do salmista, mas no . Ele est fazendo uso do direito de splica

    (Mt 7: 7), do direito de se aproximar do trono da graa com toda a confiana (Hb 4: 16). Ele est

    fazendo a orao que todo mundo faz ou devia fazer: Tem misericrdia de mim. Se Deus no fizer

    uso de sua misericrdia, todos ns seramos consumidos (Lm 3: 22).

    Sem a bondade de Deus, o que seria de Aro depois do bezerro de ouro (Ex 32: 1 4)? O que

    seria de Davi depois do adultrio e do assassinato de Urias? O que seria de Pedro depois da trplice

    negao? O que seria de ns depois de qualquer ato de rebeldia, depois de qualquer atitude deincredulidade, depois de qualquer sentimento de ingratido, depois de qualquer escndalo.

    Tanto faz orar como o salmistaTrata com bondade o teu servo ou como o filho prdigo

    Pai, no sou mais digno de ser chamado teu filho; trata-se como um dos teus empregados (Lc

    15; 19). No fundo, a orao a mesma. Ambas confessam a absoluta falta de mritos pessoais para

    negociar o perdo de Deus. Ambas expressam a absoluta dependncia da graa, do favor, do amor,

    da bondade de Deus, sem os quais o perdo impossvel.

    v. 18 = muitssimo prefervel ter os olhos abertos do que ver-se no seio dos mais nobres

    prospectos e contudo permanecer cego para as belezas que nos cercam. Certas pessoas no

    conseguem perceber nenhuma maravilha no evangelho. O salmista, porm, estava convencido de

    que havia coisas gloriosas na lei ele no possua sequer a metade da Bblia, mas a valorizava mais

    que muitas pessoas que possuem toda ela. Necessitamos no tanto que Deus nos conceda mais

    benefcios, e, sim, que nos d capacidade de ver o que ele j nos deu.

  • 7/27/2019 Estudo No Salmo 119

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    A orao mostra tambm que o escritor sabia da existncia de vastos tesouros na Palavra

    que ele possua, os quais no eram plenamente vistos: de maravilhas que no havia ainda

    contemplado, de mistrios nos quais escassamente cria. As Escrituras so ricas em maravilhas,

    contudo, de que vale tudo isso se nossos olhos esto fechados? Sem dvida que as Escrituras

    precisam ser aberta, mas o vu no est no livro, mas em nosso corao. So grande os privilgios

    negligenciados por ns.

    No verso 10 o salmista ora e pede a Deus que no o deixe vaguear, e quem mais apto a

    vaguear seno um cego?

    Orao inteligente aquela que desce fundo, que enxuga as verdadeiras riquezas, que lida

    com coisas srias, que despreza as aquilo que no presta, que no se deixa envenenar pelas

    tentaes da mdia. Orao inteligente a orao do salmista: Abra os meus olhos....

    Ele no se satisfaz s com a leitura da lei de Deus. Ele tem o hbito de meditar na Palavra de

    Deus. Para meditar com proveito, precisa enxergar o que est alm da mera letra, a fim dedescobrir as maravilhas nela contidas. Temos um estranha e teimosa dificuldade de enxergar as

    coisas bvias, mais ao alcance da f do que do raciocnio. Naturalmente a queda tem muito a ver

    com essa dificuldade. Se no fosse a incredulidade arraigada no corao, os dois discpulos de

    Emas teriam reconhecido que aquele estranho que andava com eles era Jesus.

    Teria sido suficiente crer nas vrias declaraes de Jesus de que ressuscitaria ao terceiro dia,

    crer no testemunho das mulheres que encontraram o tmulo vazio na madrugada daquele

    domingo e levar em considerao o depoimento de Pedro e Joo. Os discpulos gastaram muito

    tempo para reconhecer o Senhor e para acreditar em sua ressurreio. Isso s aconteceu quandoos olhos deles foram abertos (Lc 24: 31).

    v. 19 = O salmista era um estrangeiro por amor a Deus. Portanto suplica: no escondas de mim

    teus mandamentos. Se estes mandamentos me forem suprimidos, o que ser de mim? J que nada

    do que me cerca meu, o que ser de mim se perder tua Palavra? O que ser de mim se no puder

    ver os seus mandamentos? Somente eles que guiam os meus passos em direo terra onde

    Deus est.

    Os mandamentos traziam-lhe a lembrana o lar e lhe indicavam o longo caminho, e

    portanto, suplica que nunca fossem escondidos dele. Se a luz espiritual for subtrada, o

    mandamento se oculta, e isso um corao agraciado condena profundamente.

    Enquanto peregrinamos aqui, podemos suportar com pacincia todos os males provindos

    desta terra estranha, se a Palavra de Deus for aplicada a nossos coraes pelo Esprito de Seus;

    mas, se as coisas celestiais que produzem nossa paz forem ocultas de nossos olhos, ficaremos em

  • 7/27/2019 Estudo No Salmo 119

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    maus lenis alis, nos veremos em alto mar, sem bssola; ou num deserto, sem guia; como que

    num pas inimigo, sem amigo.

    v. 20 = A genuna piedade est em grande medida nos desejos. Um elevado valor dado aos

    mandamento do Senhor conduz a um forte desejo de conhec-los e cumpri-los, e isso tanto pesana alma que ela se dispe a despedaar-se sob o peso de seus prprios anseios.

    Cada preceito um juzo pronunciado do mais elevado tribunal sobre uma questo de ao,

    uma infalvel e imutvel deciso sobre uma questo moral ou espiritual. A Palavra de Deus um

    cdigo de justia luz do qual no h apelao.

    Diligencia a alma da orao, e quando a alma geme at quebrantar-se, no desiste at que

    a bno lhe seja concedida. Deus revela sua vontade, e nosso corao suspira por ver-se

    conformado a ela. Deus julga, e nosso corao se alegra com o veredicto. Esta a mais real e

    completa comunho do corao.

    Nosso desejo segundo a mente de Deus deve ser constante, em todo o tempo. Desejos

    que podem ser despidos e vestidos como fazemos com nossas roupas, no passam de emoes

    temporrias oriundas de excitamentos e se destinam a morrer quando o corao que os gerou se

    desanima.

    Quanto mais intensamente procurarmos a Palavra, mais encontrada. Todos os que j

    tiveram suas vendas tiradas, vm as maravilhas do Senhor e se alegram. Um dos maiores testes de

    carter e profecias do que um homem ser so os seus anseios. Ele reverencia a Palavra e a anseia.Ele queria conhecer para obedece-la.

    v. 21 = Aqui vemos o carter dos orgulhos, a maneira de Deus tratar com Eles e nossa prpria

    relao com eles.

    Indubitavelmente, aqui se destaca uma terrvel poro de homens de aparncia altiva. Deus

    puniu Fara com terrveis pragas. Na pessoa dos arrogantes egpcios, ele instrua a todos os

    soberbos de que certamente os humilharia. A soberba por si s uma praga e um tormento. Ainda

    que nenhuma maldio proviesse da lei de Deus, a prpria lei da natureza ensina que os soberbos

    so pessoas infelizes.

    Que se desviam de teus mandamentos = Somente os coraes humildes so obedientes,

    pois somente eles se deixaro administrar e governar. A soberba a raiz de todo pecado; se os

    homens no fossem arrogantes, no seriam desobedientes.

  • 7/27/2019 Estudo No Salmo 119

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    Deus repreende a soberba mesmo quando as multides lhe prestem homenagens, pois v

    como franca rebelio contra Sua prpria majestade. A soberba a essncia do pecado (Is 1: 13...).

    Bem poucos soberbos conhecem sua prpria e verdadeira condio sob a maldio divina, que se

    erguem para censurar os santos e expressar desdm por eles, como veremos no prximo verso.

    H distino entre homem e mulher, entre rico e pobre, entre branco e negro, etc. Porm, a

    mais real e mais trgica de todas a distino entre benditos e malditos. No se trata de umaclassificao rotulada pelo sociedade. Nem sempre fcil descobrir quem feliz e quem infeliz,

    quem bendito e quem maldito. s vezes, a prpria pessoa no sabe se identificar como um ou

    outro.

    Segundo o salmista, felizes so os que obedecem aos estatutos de Deus e malditos so os

    que se desviam dos mandamentos do Senhor (Sl 119: 2 e 21). Pode-se ridicularizar e se opor a essa

    distino temporal e intemporal, mas no h como neg-la ou dela escapar (Lc 16...).

    Ao usar uma palavra to simptica para os que obedecem lei (felizes) e outra to rude paraos que desobedecem lei (malditos), certamente o salmista estava se lembrando dos discursos

    finais de Moiss. Os benditos eram benditos e os malditos eram malditos no por imposio, mas

    por sua conduta frente lei do Senhor, que havia sido dada ali no deserto, durante o xodo, pouco

    tempo antes. Essa distino era to solene que seis das doze tribos abenoariam o povo do alto do

    monte Gerizim e as outras seis o amaldioariam do alto do monte Ebal. As bnos seriam para os

    que obedecessem lei do Senhor e s maldioes seriam para os que lhe desobedecessem (Dt 27 e

    28).

    Nossa melhor ocupao enquanto outros caluniam a meditao. Tambm consolo diantede suas mentiras, ajuda-nos a preservar diante de um esprito de vingana, e tambm nossa melhor

    forma de mostrar nossa superioridade diante dos ataques deles.

    v. 22 = O salmista, provavelmente Davi, suportou o oprbrio e o desprezo, por amor justia, mas

    foram-lhe um pesado jugo e levou muito tempo para livrar-se delas. Ser caluniado e em seguida ser

    desprezado em conseqncia das vis acusaes uma aflio muitssimo dolorosa. Ningum gosta

    de ser difamado, muito menos desprezado.No conceito de Salomo, um bom nome melhor que o ungento precioso. A melhor

    forma de tratar a calnia orar a respeito: Deus ou a remover ou remover o espinho dela.

    Geralmente fracassam nossas tentativas pessoais de nos justificarmos. Somos como o garoto que

    queria remover a mancha de seu copo, que, com seu grande empenho, acabou fazendo dez vezes

    pior.

  • 7/27/2019 Estudo No Salmo 119

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    Ao sofrermos uma difamao, melhor orarmos sobre o problema do que recorrermos lei

    para resolv-lo, ou mesmo exigir desculpas por parte do inventor. Quando for acusado, leve seu

    problema perante o supremo tribunal e deixe-o aos ps do Juiz de toda a terra. Deus repreender

    seu soberbo acusador; fique tranqilo e deixe seu Advogado defender sua causa.

    Nossa segurana est em manter-nos sombra da verdade e da justia. Deus guardar os

    que guardam seus testemunhos. Uma s conscincia a melhor segurana para o bom nome; ooprbrio no habitar com aqueles que habitam com Cristo, nem o desprezo permanecer sobre

    aqueles que permanecem fiis nos caminhos do Senhor.

    v. 23 = Os grandes da terra eram adversrios do salmista. Os prncipes viam nele uma grandeza de

    causar inveja, e por isso abusavam dele. Ser difamado por um grande homem motivo de grande

    desnimo; o salmista, porm, suportou sua provao com santa tranqilidade. Muitos daqueles

    que exerciam senhoria eram seus inimigos e seu hobby era falar mal dele.

    Mas o salmista era servo de Deus, e por isso atentava para os negcios de seu Senhor; era

    servo de Deus, e por isso estava certo de que o Senhor o defenderia. Ele no deu ateno a seus

    caluniadores; nem ainda permitiu que seus pensamentos fossem perturbados com a informao

    que recebia das tramas que teciam em suas reunies.

    em extremo glorioso ver os dois tronos: os prncipes assentados para lanar oprbrio

    contra o salmista, e este assentado com seu Deus e sua Bblia, como resposta aos caluniadores, no

    respondendo-lhes absolutamente nada. Os que se nutrem da Palavra crescem fortes e so pela

    graa de Deus defendidos da difamao das lnguas perversas.

    v. 24 = Os mandamentos no constituam simplesmente temas para meditao, mas tambm

    fontes de deleite e meios de orientao. Enquanto seus inimigos tomavam conselho entre si, o

    santo homem tomava conselho com os testemunhos de Deus. O deleite deles era caluniar; o

    deleite do salmista era meditar. As Palavras do Senhor nos servem para muitos propsitos: em

    nossas tristezas, elas so nosso deleite; em nossas dificuldades, so nosso guia.

    Se desejarmos encontrar conforto nas Escrituras, que ento nos submetamos a seu

    conselho; e quando seguirmos seu conselho, no faamos isso com relutncia, mas com deleite. A

    melhor resposta `a acusao de prncipes a Palavra do Rei que justifica.

  • 7/27/2019 Estudo No Salmo 119

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    Salmo 119

    Do p aos testemunhos de Deus (25 - 32)

    Nestes versculos veremos a influencia da Palavra divina num corao que lamenta suas

    decadentes tendncias e se v saturado de pranto em decorrncia de suas trevosas circunstancias.

    A Palavra do Senhor evidentemente desperta o corao (vv. 25 a 29), confirma a opo ( v. 30) e

    inspira a resoluo renovada (v. 32); ela em toda tribulao, quer do corpo quer da mente, a mais

    infalvel fonte de socorro.

    v. 25 =O salmista estava dominada pela tristeza. Ao que parece, havia uma tendncia em sua alma

    para o apego a este mundo, pela qual chorava grandemente. O mal no era superficial, mas uma

    luta de esprito mais secreta; sua alma apegava-se ao p; e no era uma questo de cair casual e

    acidentalmente no p, mas uma tendncia contnua e poderosa, ou um forte apego s coisasterrenas.

    A semente da serpente pode encontrar seu alimento no p, mas a semente da mulher

    jamais suportaria ser assim degradada. Muitos so os amantes deste mundo, e nunca lamentam

    por isso; somente o esprito nascido do alto, e que paira nas alturas, que reluta para que sua

    mente no se apegue a este mundo e no se deixe enganar por suas tristezas ou por seus prazeres.

    A soluo para isso o clamor pela vida abundante, que a cura para todas as nossas

    doenas. Somente o Senhor pode conced-la. bom saber pelo que orar o salmista busca

    vivificao ele poderia ter orado por conforto ou ascenso. Ele, porm, sabia que essas coisas

    viriam da vida enriquecida, e por isso buscou aquela bno que a raiz do descanso.

    Quando uma pessoa se v com esprito oprimido, fraca e arrojada ao cho, a principal coisa

    a fazer aumentar sua energia e imbuir-se de mais vida, ento seu esprito revive e seu corpo se

    pe ereto.

    A frase segundo tua Palavra, significa segundo teu mtodo revelado de vivificar teus

    santos. A Palavra de Deus nos mostra que aquele que primeiro nos criou tambm nos guardar

    vivos; e nos informa que o Esprito de Deus, atravs de suas ordenanas, derrama nova vida emnossas almas.

    Com certeza o homem de Deus no contava com tantas e ricas promessas sobre as quais

    descansar como hoje temos, mas uma nica palavra lhe era suficiente, e ele solicitamente opta por

    clamar segundo tua Palavra. algo comprovado ver um crente no p e, contudo, reiv indicar a

    promessa, pessoa essa eu clama j na entrada da sepultura

  • 7/27/2019 Estudo No Salmo 119

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    Para que eu viva (v. 17), e aqui vivifica-me. Enquanto se v numa situao ditosa, ele ora

    para ser tratado com liberalidade; e quando se v numa condio de desamparo, ele ora por

    vivificao. A vida, em ambos os casos, o objeto de busca. Nutrir ansiedade por riquezas, e

    negligenciar a alma, o pecado corriqueiro dos incrdulos; e buscar as verdadeiras riquezas

    visando ao aumento de vida a prudente trajetria dos cristos verdadeiros.

    v. 26 = A confisso pblica algo muito saudvel para a alma. Nada traz mais tranquilidade e mais

    vida a uma pessoa do que o reconhecimento franco do mal que causou tristeza e letargia. Tal

    declarao prova que o homem conheceu sua prpria condio, e no mais cego pela soberba.

    Nossas confisses no pretendem fazer Deus conhecer nossos pecados, mas fazer-nos conhec-los.

    E tu me ouviste = Sua confisso fora aceita. prprio de Deus perdoar nosso caminho pecaminoso

    quando sinceramente confessamos o erro.

    Uma vez sentindo profundamente seu erro, e uma vez havendo obtido o pleno perdo, osalmista se empenha a evitar cometer nova ofensa, e por isso ele roga que a obedincia lhe seja

    ensinada. Ele se fatigava em busca da santidade. As pessoas justificadas esto sempre ansiosas por

    mais santificao. Quando Deus perdoa nossos pecados, todos nos sentimos temerosos de peca

    novamente.

    Podemos ousadamente pedir mais, pois Aquele que j lavou a mancha de outrora no

    recusar aquilo que nos preservar da contaminao presente e futura. Esse clamor por instruo

    freqente no Salmo; no verso 12, ele procedeu de uma viso de Deus; aqui ele procedeu de uma

    viso de si mesmo. Cada experincia deve levar-nos a pleitear assim junto a Deus.

    v. 27 = A obedincia cega tem uma beleza muito pequena; Deus quer que o sigamos com nossos

    olhos abertos. Se desejamos guardar os preceitos em seu esprito, devemos chegar-nos para

    compreend-los, e isso no se recebe em parte alguma seno das mos do Senhor; Aquele que fez

    nosso entendimento tambm tem de fazer-nos entender.

    preciso notar que o salmista no est ansioso para entender as profecias, e, sim os

    preceitos, e no est preocupado com as sutilezas da lei, mas com as normas comuns e diriasdela, as quais so descritas como o caminho de teus preceitos.

    Temos de ser instrudos por Deus at que entendamos, e ento podemos esperar comunicar

    nosso conhecimento a outros com a esperana de favorec-los. Quando nosso corao aberto ao

    entendimento, nossos lbios devem abrir-se para compartilhar conhecimento; e ns mesmos

    podemos esperar ser instrudos quando sentirmos em nosso corao a disposio para ensinar o

    caminho do Senhor queles entre os quais moramos.

  • 7/27/2019 Estudo No Salmo 119

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    O fato que, quanto mais conhecemos os feitos de Deus, mais os admiramos e mais prontos

    estamos a falar deles. Quando uma pessoa entende o caminho dos preceitos divinos, jamais fala de

    suas prprias obras.

    Geralmente assim; o displicente no cuida de conhecer o cerne das Escrituras, enquanto

    que os que as conhecem mais detidamente so as pessoas que se esforam em familiarizar-se mais

    profundamente com elas, e portanto se dedicam a refletir sobre elas.

    v. 28 = As lgrimas so o destilar do corao; quando uma pessoa chora, ela definha sua alma.

    Alguns de ns sabemos o que significa uma opresso intensa, pois somos cada vez mais agarrados

    por seu poder, e amide nos sentimos derramados como gua e merc de ser como gua

    entornada no cho, sem jamais poder ser ajuntada de novo. melhor derreter-se de tristeza do

    que ser endurecido pela impenitncia.

    O salmista reivindica a promessa da Palavra, e nada mais solicita seno que seja tratadosegundo a merc do Senhor como se acha registrada. Foi Ana quem cantou: Ele d fora a seu rei,

    e exalta o poder de seu ungido (1 Sm 2: 10). Deus nos fortalece ao infundir graa atravs de sua

    Palavra: a Palavra que cria certamente pode nos sustentar.

    A graa pode conceder ao cristo as vestes do louvor para o esprito oprimido. Recorramos

    sempre orao em nossos momentos de desapontamento. Nessa orao, por nada mais

    roguemos alm da Palavra de Deus; pois no h nenhum pleito que se assemelhe a uma promessa

    divina.

    Vale observar como o salmista registra a intimidade de sua alma: No verso 20, ele diz:

    Consumida est minha alma; no verso 25 : Minha alma est apegada ao p; e aqui: Minha

    alma se derrete; Alm do mais, no versculo 81, ele clama: Desfalece-me a alma; Tem pessoas

    que nem mesmo sabem que tm uma alma, e aqui o salmista todo alma. Que tremenda diferena

    h entre espiritualmente vivo e espiritualmente morto!

    v. 29 = Este o caminho do pecado, do erro, da autojustia, da hipocrisia. O salmista no s seriaguardado desse caminho, mas tambm se manteria longe dele; ele no podia tolerar que tal

    caminho estivesse a seu alcance, e tudo faria para bani-lo de sua vida. Ele deseja ser justo e uma

    coluna bem estabelecida; mas temia que uma medida de falsidade lhe grudasse. A menos que o

    Senhor a afastasse, e por isso clamava ansiosamente por sua remoo.

    Os falsos motivos podem s vezes apossar-se de ns, e possvel que venhamos a cair em

    noes equivocadas de nossa prpria condio espiritual diante de Deus. Nenhum corao veraz

  • 7/27/2019 Estudo No Salmo 119

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    pode descansar num falso conceito de si mesmo. O filho legtimo do cu contempla e clama contra

    uma falsidade. O filho legitimo deseja estar longe da falsidade, assim como algum que deseja ver-

    se distante de uma serpente venenosa ou de um leo que ruge.

    O salmista deseja ter a lei acessvel a seu entendimento, esculpida em seu corao e

    concretizada em sua vida, pois ele busca o Senhor e luta por ela como uma graciosa concesso. No

    h dvida de que ele via isso como o nico modo de livrar-se do poder da falsidade; se a lei noestiver em nossos coraes, a mentira tomar posse dele.

    Os homens santos no podem rever seus pecados sem lgrimas, nem prante-los sem

    implorar que sejam salvos de futuras ofensas. H uma evidente oposio entre a falsidade e o

    gracioso poder da lei de Deus. A nica maneira de expulsar a mentira aceitando a verdade (Jo 8:

    32).

    No verso 21 o salmista fala contra a soberba; e aqui ele clama contra a mentira ambas

    equivalem a mesma coisa.

    v. 30 = J que ele abominava o caminho da falsidade, ento escolheu o caminho da verdade. Os

    homens no surgem no caminho certo por acaso; eles tm que escolh-lo e continuar a escolhe-lo,

    ou logo se afastaro dele. Aqueles a quem Deus elegeu, no devido tempo escolhem seu caminho.

    H um caminho doutrinal da verdade que devemos escolher, rejeitando todo e qualquer dogma de

    inveno humana; H um caminho prtico da verdade, o caminho da santidade, ao qual devemos

    aderir, seja qual for nossa tentao de abandon-lo. Que nossa escolha seja feita, e feita

    irrevogavelmente.

    Ele tambm colocou os juzo de Deus diante dele. Ele escolheu e tambm guardou na mente,

    pondo-o diante dos olhos de sua mente. Os homens no se tornam santos atravs de um desejo

    displicente; tem de haver esforo, considerao, seno se perder o caminho da verdade. Se

    pusermos os juzos divinos como um cenrio diante de ns, logo nos veremos caminhando em sua

    direo.

    v. 31 = Ainda que estivesse grudado ao p da tristeza e da morte, contudo guardava firmemente a

    Palavra divina. Sua escolha fora to sincera e deliberadamente consistente,m que se lhe apegara

    para a vida.

    Em nossos dias pode soar estranho falar de aderir aos testemunhos de Deus, mas, seja ou

    no estranho, imitemos o homem de Deus. Perseverar na verdade quando ela se acha deformada

    um bom teste para o crente. A f dos eleitos de Deus usa a Constancia como sua coroa. Outros

  • 7/27/2019 Estudo No Salmo 119

    23/132

    podem vaguear ao lu em busca das novidades da opinio humana; mas o filho legtimo de Deus se

    gloria em confessar a seu Pai celestial.

    No permitas, Senhor, seja eu envergonhado: Isso ocorreria, se as promessas de Deus

    no se cumprissem, e se o corao do servo de Deus desfalecesse. Se no formos verdadeiros em

    nossa vida crist, corremos o risco de ser desamparados, cujo amargo nome vergonha.

    O cristo nunca deve deixar-se envergonhar, mas, sim, deve agir como um bravo homem

    que no tem de que envergonhar-se, seno crer em seu Deus, e que de forma alguma carece

    assumir um maneirismo covarde na presena dos inimigos do Senhor.

    Um corao valente se sente mais ferido pela vergonha do que por qualquer espada que

    porventura a mo de um soldado venha a usar.

    V. 32 = Primeiro Deus tem que operar em ns, e ento o querer e o fazer estaro em ns, segundoo beneplcito divino. Temos que transformar o corao, unificar o corao, encorajar o corao,

    fortalecer o corao e alargar o corao, e ento o curso da vida ser gracioso, sincero feliz e

    solcito; de modo que, desde nosso mais humilde at o mais elevado estado de graa, atribuiremos

    tudo ao gracioso favor de nosso Deus.

    Que mudana extraordinria do verso 25 para este. Do apego ao p para a marcha no

    caminho! a excelncia de uma santa tristeza que opera em ns aquela vivificao que tanto

    buscamos e ento exibimos a sinceridade de nossa tristeza e a realidade de nossa renovao,

    demonstrando zelo no caminho do Senhor.

    Voltemos a observar como o corao tem sido expresso at aqui: todo o corao (v.2);

    retido do corao(v, 7); escondi em meu corao (v. 11); quando alargares o meu corao.

    H muitas outras aluses e todas visam a mostrar o que a religio do salmista fazia no corao.

    Uma das grandes carncias de nossa poca que a cabea levada mais em conta do que o

    corao, e que os homens se dispem muito mais a prender do que a amar, ainda que de forma

    alguma revelem perseverana em ambas as direes.

  • 7/27/2019 Estudo No Salmo 119

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    Salmo 119

    Diga-me como oras e ti direi quem s (33 - 40)

    Toda a seo uma orao. Pronunciemos peties semelhantes enquanto estudamos,

    assegurando-nos de que as oraes assim ministradas anos pelo Senhor sero igualmente

    respondidas por Ele.

    v. 33 = Palavras benditas, pronunciadas pelos lbios de um ancio, crente experiente, sendo ele um

    rei e um inspirado homem de Deus. Ai daqueles que nunca se deixam instruir! O salmista deseja ter

    o Senhor como seu professor; pois sente que seu corao no aprenderia se no tivesse um

    instrutor eficiente.

    A pessoa santa no aprende s os estatutos, mas tambm o caminho para eles, o uso dirio

    deles, seu teor, esprito, diretriz, hbito, tendncia. Ela sabe que a vereda da santidade cercada

    pela lei divina, junto qual os mandamentos do Senhor se posicionam como placas de sinalizao,

    indicaes de quilometragem, orientando e demarcando nosso avano.

    O prprio desejo de conhecer essa vereda por si s a certeza de que a aprenderemos; pois

    Aquele que nos predisps a aprender certamente tambm satisfar tal desejo. Deus quem

    executa em ns o querer e o realizar (Fp 2: 13).

    Os que so instrudos por Deus jamais esquecem suas lies. A mera tendncia e vontade

    humanas no possuem uma influencia to duradoura; existe um fim para toda perfeio carnal,

    mas a graa celestial nunca finda, mas avana para alcanar seu prprio objetivo que o

    aperfeioamento da santidade no temor do Senhor.

    Mas os que comeam sem a instruo do Senhor logo esquecem o que aprenderam e

    comeam a afastar-se do caminho que antes confessavam estar trilhando. Se confiarmos em nossa

    prpria firmeza, cairemos como sucedeu a Pedro e um grande conforto saber que o propsito

    de Deus guardar os ps de seus santos! No obstante, nosso dever vigiar como se nossaconservao no caminho dependesse totalmente de ns mesmos;

    Ningum pode instruir a quem rejeita a instruo. Se recebermos a semente viva e

    incorruptvel da Palavra de Deus, vivamos por ela; parte dela no temos vida eterna, mas apenas

    o mero nome de que vivemos.

    O fim de que fala o salmista o trmino da vida terrena ou a plenitude da obedincia. Ele

    confiava na graa que o fazia fiel ao mximo, sem nunca fugir uma vrgula ou dizer obedincia. O

  • 7/27/2019 Estudo No Salmo 119

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    fim de nossa observncia da lei s terminar quando o flego cessar. Ningum pensar em marcar

    uma data e dizer: Basta, agora vamos relaxar minha vigilncia e viver segundo os costumes dos

    homens.

    O ensino que ele implora no especulativo, e sim, prtico, aprender a andar no caminho de

    Deus. O pecado tem uma grande capacidade de cegar: D-me entendimento. Seja qual for a

    quantidade original de luz que veio de comerem da rvore do conhecimento do bem e do mal,aquela luz h tempo tem sido insuficiente.

    Os homens precisam de luz para discernir o bem e do mal. Sem a luz de Deus no

    entenderemos as belezas do caminho certo. Belezas margeiam o caminho da verdade de cada lado,

    mas s a mente ensinada por Deus as aprecia.

    v. 34 = H aqui um suplemento petio anterior, que se intensifica. A quanta misria o pecado

    nos arrastou; pois ainda nos falta a faculdade para a compreenso das coisas espirituais, e seremos

    completamente incapazes de conhec-las at que sejamos dotados de discernimento espiritual!

    Esse um milagre da graa! Entretanto, jamais ser operado em ns at que tenhamos conscincia

    de nossa necessidade; e nem mesmo descobriremos que somos carentes, at que Deus nos d uma

    medida de compreenso para perceb-lo.

    Vivemos num estado de complicada runa, da qual nada, seno a multiforme graa, pode

    livrar-nos. Aqueles que sentem sua estultcia so, mediante o exemplo do salmista, encorajados a

    orar por entendimento; que cada um, pois, pela f clame: D-me entendimento.

    No devemos buscar esta bno simplesmente para nos tornarmos famosos em sabedoria,

    mas para que sejamos abundantes em amor pela lei de Deus. Aquele que tiver entendimento

    aprender, recordar, entesourar e obedecer lei do Senhor. O Evangelho nos d a graa para

    guardarmos alei; o dom gratuito ao servio santo; porm jamais guardaremos a lei a fim de obter a

    graa.

    O resultado seguro da regenerao, ou a obteno do entendimento, uma firme

    reverncia pela lei e uma firme resoluo de guard-la no corao. O Esprito de Deus nos faz

    conhecer o Senhor e entender o mximo de seu amor, sabedoria, santidade e majestade; e oresultado que passamos a honrar a lei e a entregar nosso corao obedincia da f.

    Quando o homem v ele ama; e quando amam, ele v.

    De todo o corao a observarei... O entendimento opera sobre as emoes; ele convence o

    corao da beleza da lei, de modo que a alma a ame com suas faculdades; e ento ele revela a

    majestade do Legislador, e toda a natureza se curva diante de sua suprema vontade.

  • 7/27/2019 Estudo No Salmo 119

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    Observar a lei de Deus de todo o corao, em todo tempo, uma grande graa, e poucos h

    que a encontram; contudo ela s poder ser possuda se consentirmos em ser instrudos pelo

    Senhor.

    A freqente repetio da frase todo corao mostra a importncia do amor no dividido; o

    corao nunca integro ou santo enquanto no for integro e totalmente unido no temor do

    Senhor. O corao nunca um s para com Deus enquanto no for uno em si mesmo; e nunca uno em si mesmo enquanto no for um todo para com Deus.

    O pecado a causa da cegueira do homem. Quanto mais longe um homem anda pelo

    caminho do pecado, menos ele consegue enxergar as belezas da santidade. Precisamos seguir os

    caminhos do Senhor de todo o corao e no por constrangimento.

    v. 35 = Pois o querer o bem est em mim; no, porm, o efetu-lo (Rm 7: 18). Esse o clamor

    de uma criana que deseja caminhar, mas que ainda frgil. Amar e ter gozo na santidade algo

    em extremo bendito. Aqui est nossa nica esperana; pois no transitaremos pela vereda estreita

    enquanto no vivermos assim pelo poder de nosso prprio Criador. Deus nos faz conhecer e agora

    nos far prosseguir. Certamente nenhum de ns seremos felizes at que consigamos nos alegrar

    nesse caminho. Andar na presena de Deus deve ser nosso nico prazer.

    importante observarmos que o salmista no pede para ser levado enquanto permanece

    passivo, mas pede com que Deus faa com que ele v. A graa no nos trata como toras de madeira

    ou pedras, que so arrastadas, mas trata-nos como criaturas dotadas de vida, razo, vontade e

    foras ativas. Deus opera em ns, mas para que possamos querer e agir de acordo com seu

    beneplcito.

    A santidade que buscamos no um consentimento forado por mandamento, mas a

    liberdade de uma sincera emoo que impulsiona para a bondade, de modo que vai conformando

    nossa vida com a vontade do Senhor. Quem se deleita na lei no deve duvidar de que ser capaz de

    percorrer seus caminhos; pois onde o corao j encontrou sua alegria, os ps so firmados para

    avanar.

    No verso 27 o pedido do salmista foi faz-me atinar = entender... e aqui temos faz-meprosseguir(v. 35). Observe a ordem: primeiro, entendimento; e ento, prosseguimento. Um

    entendimento esclarecido uma grande ajuda para a ao prtica.

    v. 36 = possvel que o salmista sentisse sua alma pendendo para os lucros materiais. A nica

    forma de curar uma inclinao errnea manter a alma voltada para a direo oposta. A santidade

  • 7/27/2019 Estudo No Salmo 119

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    do corao a cura para a cobia. Que bno podermos pedir ao Senhor at mesmo uma

    inclinao!

    Nosso querer livre; todavia, mesmo sem violar sua liberdade, a graa pode inclinar-nos na

    direo certa. Isso pode ser feito atravs da iluminao do entendimento quanto excelncia da

    obedincia, atravs do fortalecimento dos hbitos de nossa virtude, pela experincia da doura da

    piedade e por muitos outros meios.

    preciso que amemos todos os testemunhos do Senhor; e se falharmos em algum deles,

    ento que prestemos-lhe duplicada ateno. A tendncia do corao o caminho para o qual a

    vida se inclina; Felizes seremos quando nos sentirmos habitualmente inclinados a tudo quanto

    bom!

    A inclinao da cobia a inclinao da natureza, e a graa tem de pr um basta nela.

    idolatria, e portanto destrona Deus; egosmo. Na verdade uma srdida ganncia e venderia o

    prprio Senhor por dinheiro. um pecado degradante, obstinado, mortal, que destri tudo o que orodeia, tudo o que amvel e cristo. O cobioso pertence confraria de Judas, que com toda

    probabilidade se tornar pessoalmente o filho da perdio.

    Nosso corao provavelmente tenha algum objeto de desejo, e a nica maneira de isent-lo

    do lucro profano pondo em seu lugar os testemunhos do Senhor. Se nos sentirmos inclinados a

    tomar uma vereda, seremos atrados para outra.

    Aquele que disse: Sem mim nada podeis fazer, necessrio para vermos o caminho,

    entendermos o caminho, andarmos no caminho, e amarmos o caminho.

    A cura para a cobia vem com a santidade.

    v. 37 = Se os olhos no vem, talvez o corao no deseje. De qualquer forma, fecha-se uma porta

    para a tentao quando deixamos de olhar para alguma coisa bem adornada. O pecado

    inicialmente penetra a mente humana atravs dos olhos, e estes continuam ainda sendo a porta

    favorita para as inconvenientes sedues de Satans; da a necessidade de uma dupla vigilncia.

    A orao no visa tanto que os olhos sejam fechados, mas que sejam desviados; pois nos

    indispensvel que eles estejam abertos, porm direcionados para os objetos certos. Aqui est um

    prova do sentido de fraqueza sentido pelo salmista, bem como de sua inteira dependncia de Deus,

    por isso ele mesmo pede que seus olhos fossem voltados para Deus.

    Se formos protegidos da ateno dada vaidade, seremos tambm preservados de amar a

    iniqidade. Por isso precisamos pedir pela vivificao. Precisamos pedir: Capacita-me a transitar

    to rapidamente na estrada para o cu, que no tenha como deter-me demoradamente vista da

  • 7/27/2019 Estudo No Salmo 119

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    vaidade que ali fascina. A orao indica nossa extrema necessidade, e tambm nos diz onde essa

    vida mais rica deve ser encontrada, a saber, somente no Senhor.

    Quando corao transborda de graa, os olhos so purificados da impureza. Se nos

    enchermos de vida no tocante s coisas de Deus, teremos como proteger-nos do pecado; do

    contrrio, nossos olhos prontamente cativaro a mente e, como Sanso, que pde matar seus

    milhares, no venceremos a luxria que entra pelos umbrais dos olhos.

    J se disse que possvel conhecer uma pessoa por meio da sua lixeira, daquilo que ele joga

    fora. tambm possvel conhecer o nvel de religiosidade de uma pessoa por meio de suas oraes.

    Se ela s pede e nunca agradece, nunca adora, nunca confessa pecado, isso muito preocupante.

    Se ela agradece, adora e confessa, e nada pede, isso tambm preocupante.

    Se ela exige, essa pessoa est agredindo a santidade e a soberania de Deus, pois, at mesmo

    Jesus na orao do Getsmani, exclamou: Pai,no seja feito a minha vontade... (Mt 26: 39). Se

    ela s pede cura fsica, sucesso profissional, bens materiais, e nunca suplica por seu crescimentoespiritual, por sua santidade pessoal, por suas carncia morais, muito fcil avaliar o contedo

    cristo dessa pessoa.

    As oraes do Salmo 119 mostram quem o salmista. Elas so preciosas e humildes: Faze-

    me discernir o propsito dos teus preceitos (v. 27); Desvia-me dos caminhos enganosos (v. 29);

    Dirige-me pelo caminho dos teus mandamentos (v. 35); Inclina o meu corao para os teus

    estatutos (v. 36); Desvia os meus olhos das coisas inteis (v. 37); Livra-me da afronta que me

    apavora (v. 39); Que o teu amor alcance-me (v. 41); Ajuda-me, pois sou perseguido (v. 86); Olha

    para o meu sofrimento (v. 153).

    As oraes do salmista levam em conta a glria de Deus e no a glria prpria.

    O salmista diz: Por graa que o impea de querer aquilo que o atrapalharia no caminho de

    seu dever. Depois por graa constrangedora para fazer o que deve ser feito.

    v. 38 = Faz-me seguro de tua Palavra infalvel. Tempos viro quando toda doutrina e promessa

    parecero estar abaladas e nossa mente sem qualquer repouso. nesse momento que precisamosclamar a Deus para que estabelea a f. No entanto, precisamos ter bem fixo em nossa mente que

    somos servos do Senhor, do contrrio no teremos longa e saudvel permanncia em sua verdade.

    A santidade prtica um grande auxlio para a convico doutrinal, se somos servos de

    Deus, confirmaremos sua Palavra em nossa experincia. O atesmo no corao uma praga terrvel

    para algum temente a Deus. A vaidade ou falsidade m para os olhos, mas ainda pior quando

    macula o entendimento e lana dvida sobre a Palavra do Deus vivo.

  • 7/27/2019 Estudo No Salmo 119

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    No podemos buscar o cumprimento das promessas em nossa experincia, a menos que

    vivamos sob a influncia do temor do Senhor. Jamais seremos radicados e solidificados em nossa

    convico, a menos que diariamente pratiquemos o que professamos crer. Resposta orao so

    dadas queles cujo corao corresponde ao mandamento do Senhor.

    O cepticismo ao mesmo tempo pai e filho da impiedade; mas a f forte ao mesmo tempo

    produz piedade e dela gerada. A qualquer cristo piedoso cuja tendncia pende para ocepticismo, recomendamos esse versculo; ele uma admirvel orao para ser usada em ocasies

    de dvidas inusitadamente fortes.

    O temor a Deus se evidencia por:

    - Um receio de seu desprazer

    - Desejo de seu favor

    - Respeito por suas excelncias

    - Submisso sua vontade

    - Gratido por seus benefcios.

    v. 39 = Ele temia justamente a vergonha, temendo que fosse a causa de o inimigo blasfemar por

    alguma inconsistncia de sua parte. Devemos temer isso e vigiar para que o evitemos. Se Deus

    desvia nossos olhos da falsidade, podemos tambm esperar que Ele desvie a falsidade para que amesma no prejudique nosso bom nome. Seremos protegidos da mentira, se tambm nos

    guardarmos dela.

    Quando somos caluniados pessoalmente, podemos suportar. Mas quando lanam dvidas

    sobre nossa religio, o vexame grande, porquanto lanam dvidas sobre a Palavra e o carter de

    Deus (Rm 2: 24), cuja bondade impossvel de qualquer comparao.

    Quando os homens se irritam com o governo que Deus exerce no mundo, nosso dever e

    privilgio defend-lo e publicamente declarar: Teus juzos so bons. Devemos fazer o mesmo

    quando colocam em dvida a Palavra de Deus, o Evangelho, a Lei ou o nome de Nosso Senhor Jesus

    Cristo.

    v. 40 = Onde nossos desejos esto, ali estamos ns diante dos olhos de Deus. Se ainda no

    atingimos a perfeio, no devemos desistir de suspirar por ela. Os preceitos so penosos para os

    mpios, e portanto, quando nossa transformao corresponde a nossa aspirao por eles, temos

  • 7/27/2019 Estudo No Salmo 119

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    clara evidencia de converso, e podemos com segurana concluir que aquele que comeou a boa

    obra tambm a completar (Fp 1: 6). Qualquer pessoa pode ansiar pelas promessas; porm ansiar

    pelos preceitos a marca registrada de um corao renovado.

    Quo constantemente o salmista pedia por vivificao! Todos carecemos de vivificao a

    cada instante do dia, pois somos dolorosamente dispostos a agir com lentido nos caminhos de

    Deus. o Esprito Santo que pode derramar nova vida em nosso corao; no cessemos de clamar aEle.

    A criao da vida uma obra divina; da mesma forma o aumento dela. No nos

    esqueamos jamais de orar por vivificao em cada e em todas as atividades. Os preceitos podem

    parecer uma letra morta, at que sintamos vida em nossa obedincia a eles. Nada pior na religio

    do que a morte espiritual. O Deus vivo s pode ser servido atravs de um culto vivo.

    Progresso na vida espiritual o clamor neste versculo. Que a graa nos faa prosseguir e

    diariamente marchar rumo ao cu.

  • 7/27/2019 Estudo No Salmo 119

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    Salmo 119

    xxxxxxxxx (41 a 48)

    O salmista treme para que, de maneira alguma ou em grau algum, o Senhor remova dele seu

    favor. Sua splica contnua pela permanncia da graa em sua alma, e apoiada por argumentos

    to santos, que desvendam um esprito ardente de amor por Deus.

    v. 41 = Ele era carente de muita misericrdia e de variada misericrdia, da o pedido estar no

    plural. Era carente das misericrdias divinas mais do que das humanas, e por isso suplica por tuas

    misericrdias. O caminho da graa parecia estar bloqueado, e por isso ele implora que as

    misericrdias desentulhassem e iluminasse seu caminho para Deus. possvel que, sob o senso de

    indignidade, o escritor temesse que as misericrdias fossem dadas a outros, e no a ele, por issoclama.

    Quando teus inimigos vierem, quando vierem as provaes e tribulaes, quando chegarem

    os muitos trabalhos e sofrimentos que me cercam, Senhor, que tuas misericrdias, em grande

    medida, entrem pelo porto da graa; pois tu s o Deus de minhas misericrdias!

    E tua salvao, segundo tua Palavra: Esta a suma e coroa de todas as misericrdias o

    livramento de todo o mal, tanto agora como no porvir. Que infinita massa de misericrdia

    acumulada na nica salvao provinda de nosso Senhor Jesus! Inclui a misericrdia que nos poupaat sermos convertidos, e ela mesma nos conduz converso.

    Temos a misericrdia que nos chama, a que nos regenera, a que nos converte, a que nos

    justifica, a que nos perdoa, e que conduzem o cristo em segurana glria. A salvao um

    conjunto de misericrdias, incalculveis em nmero, cujo valor sem preo, cuja aplicao

    incessante, cuja durao eterna.

    O caminho da salvao descrito na Palavra; a prpria salvao prometida na Palavra; e

    sua manifestao interior operada pela Palavra; de modo que, em todos os aspectos, a salvaoque est em Cristo Jesus est em harmonia com a Palavra de Deus. Davi amava as Escrituras, ele

    no se contentava em ler a Palavra; ele desejava experimentar seu sentido interior. No verso 33 o

    salmista orou para que pudesse guardar a Palavra de Deus, pois desejava aproximar-se de Deus;

    aqui ele quer que as misericrdias do Senhor estejam perto dele.

    As misericrdias de Deus nos

  • 7/27/2019 Estudo No Salmo 119

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    v. 42 = Quando Deus, ao conceder-nos a salvao, responde nossas oraes com paz, nos sentimos

    imediatamente preparados para dar resposta s objees dos infiis, aos sofismas dos cpticos e s

    zombarias dos escarnecedores. Ele pede que a espada seja posta em sua mo com a qual disperse

    seus inimigos.

    A f nosso argumento quando buscamos as misericrdias e a salvao. Pois confio em tua

    Palavra... (Hb 11: 1). O Senhor escolheu a f para ser a mo aberta a receber suas misericrdias esua salvao. Se algum nos reprova por confiarmos em Deus, repliquemos-lhe com argumentos

    conclusivos, mostrando que Deus cumpriu suas promessas, ouviu nossas oraes e supriu nossas

    necessidades. Ainda o mais cptico se v forado a curvar-se diante da lgica dos fatos.

    v. 43 = A palavra da verdade no pode ser alegria em nossa boca, a menos que tenhamos

    experincia dela em nossa vida, e manter silencio no pode ser demonstrao de sabedoria se no

    podemos apoiar nosso testemunho no veredicto de nossa conscincia. Esta orao pode tambmindicar outros modos pelos quais podemos ser impedidos de falar em nome do Senhor, como por

    exemplo, por cairmos em pecado pblico; por nosso aspecto deprimido revelar frustrao; ou no

    encontrarmos nenhum auditrio disposto. Aquele que outrora pregou o evangelho com

    entusiasmo fica cheio de horror ante a idia de ser despojado de seu ministrio.

    Deus o Autor de nossas esperanas, e podemos mais oportunamente rogar-lhe que as

    concretize, o que ele diz nas Escrituras realmente pe em obra em seu governo providente; Os

    ministros de Deus so s vezes silenciados diante dos pecados de seu povo, e isso os leva a rogar

    contra tal juzo; seria muitssimo prefervel que sofressem enfermidade ou pobreza do que serapagada a chama do evangelho entre eles.

    SEM ESPERANA impossvel viver. Todavia, certo que a esperana mais requisitada em

    tempo de dor. Fala-se de esperana mais em J o livro do sofrimento do que em Provrbios o

    livro da sabedoria. O grande problema da esperana em que ou em quem coloc-la. No se pode

    investir esperana em qualquer coisa, em qualquer palavra, em qualquer pessoa.

    A esperana no vem de clculos bem elaborados baseados na histria, na filosofia, na

    matemtica, na estatstica, na tecnologia, na informtica. A esperana nunca visvel: Esperanaque se v no esperana (Rm 8: 24). Embora concreta, a esperana que no decepciona

    captada pela f e no pelos olhos nem pelo raciocnio.

    Neste mesmo Salmo no verso 114 o salmista declara: Na tua Palavra coloquei minha

    esperana. Por que os cristos tm a maior de todas as esperanas, a esperana de novos cus e

    nova terra? Porque ela est baseada na promessa de Deus (2 Pe 3: 13).

  • 7/27/2019 Estudo No Salmo 119

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    Davi em certa poca de sua vida se viu em grande servido por haver seguido uma poltica

    tortuosa. Ele enganou Aquis to persistentemente que foi levado a atos de ferocidade a fim de

    ocultar a fraude, o que o teria feito sentir-se infeliz em sua inusitada posio como aliado dos

    filisteus e capito da guarda de seu rei. Ele teria temido que, atravs de seu fracasso nas tortuosas

    veredas da falsidade, a verdade no mais estivesse em sua lngua, e portanto orou para que Deus,

    de alguma forma, operasse seu livramento e o libertasse de tal escravido.

    O seu desejo era andar em liberdade, como algum fora da priso, desimpedido dos

    adversrios, desvencilhado dos fardos, desalgemado, com uma ampla viso e pairando sem medo.

    Quando a nica coisa que se busca a vontade de Deus, no pode haver necessidade de

    constranger a quem busca. esse o caminho para a mais elevada forma de liberdade estar

    sempre labutando por conhecer a mente de Deus e conformar-se a ela? Aqueles que guardam a lei

    esto certos de busc-la, e esfora-se em guard-la mais e mais.

    NINGUM PODE falar em liberdade se primeiro no for libertado. Enquanto no somos

    libertados, continuamos escravos do pecado. Mas o homem tem uma dificuldade tremenda paraentender e aceitar a presente escravido ao pecado. Todos se consideram livres e no escravos (Jo

    8: 33).

    O salmista se aproxima muito de Jesus. Ambos falam em verdadeira liberdade. O salmista

    aqui no verso 45 e Jesus em Jo 8: 31 e 32. Tanto o salmista como Jesus querem dizer que o

    compromisso de levar a srio da lei de Deus produz libertao do pecado. Presos a essa lei,

    tornamo-nos livres da outra lei. como Paulo esclarece: Vocs foram libertados do pecado e

    tornaram-se escravos da justia (Rm 6: 18). No h meio termo. No conseguimos ficar entre

    uma e outra, porque a ditadura do pecado implacvel. A submisso a Deus a nica forma de

    obtermos a libertao da chamada lei do pecado (Rm 7: 23 e 25) e a garantia de no mais

    voltarmos condio anterior.

    v. 46 = Ele est livre do medo dos homens mais eminentes, mais soberbos, mais tiranos. Davi foi

    chamado a por-se diante dos reis quando era um exilado; e depois, quando ele mesmo veio a ser

    um monarca, j conhecia a tendncia dos homens de sacrificar sua religio pompa e poltica;

    mas tomara a resoluo de no fazer nada disso.

    Como rei, ele falaria aos reis acerca do Rei dos reis. Diz ele: Falarei: a prudncia poderia

    sugerir-lhe que sua vida e conduta seriam suficientes, e que seria aconselhvel no tocar em

    questes de religio na presena de personagens da realeza que cultuavam outros deuses e

    reivindicavam o direito de assim fazer. O salmista j tinha decidido andar nos caminhos do Senhor,

    mas ele sabe que isso no seria suficiente. Ele agora afirma: Falarei.

  • 7/27/2019 Estudo No Salmo 119

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    Nossa grande dificuldade em falar sobre tpicos de nossa religio em todas as companhias

    a vergonha, porm o salmista afirma: No terei vergonha. No h nada de que envergonhar-se, e

    no h justificativa para envergonhar-se, e no obstante muitos ficam mudos como cadveres de

    medo que alguma criatura como ns se sinta ofendida. Quando Deus concede graa, a cobardia

    logo de desvanece. Aquele que fala como arauto de Deus, no poder de Deus, no se envergonha

    quando comea a falar, nem enquanto est falando, nem depois de falar, pois seu tema prprio

    para reis, indispensvel para reis e benfico para reis.

    JESUS EXPLICOU aos doze apstolos: Por minha causa vocs sero levados presena de

    governadores e reis como testemunhas a eles e aos gentios (Mt 10: 18). Aqui est um ministrio

    difcil, mas muito comum. incrvel o nmero de pessoas que Deus envia presena de reis.

    Jos foi enviado ao rei do Egito; Moiss e Aro, a outro rei do Egito; Nat, ao rei

    Davi; Elias, ao rei Acabe; Isaas, ao rei Ezequias; Neemias, ao rei Artaxerxes; Ester, ao

    rei Xerxes; Jonas, ao rei da Assria; Daniel, aos reis da Babilnia (Nabucodonosor e

    Belsazar) e ao rei da Prsia (Dario, o medo); Joo Batista, ao rei Herodes; e Paulo ao

    rei Agripa, aos governadores Flix e Festo, ao principal da ilha de Malta (Pblio) e

    ao procnsul da ilha de Chipre (Srgio Paulo).

    Quase todos tiveram de dar recados pesados, como voc adulterou, voc vai morrer e

    seu imprio vai desmoronar. Alguns tiveram de enfrentar seus prprios reis. Outros, os reis de

    outras naes. A misso era sempre difcil, mas eles as cumpriram.

    v. 47 = Em companhia da liberdade e da coragem vem o deleite. Quando tivermos cumprido nosso

    dever, acharemos uma grande recompensa nele. Se o salmista no houvera falado por seu Senhor

    diante dos reis, teria tido medo de meditar na lei que negligenciara; mas depois de falar por seu

    Senhor ele sentia a suave serenidade de corao, quando pondera sobre a Palavra. Obedea ao

    mandamento, e ento voc o amar; depois de falar da lei, o salmista retirou-se para meditar nela.

    Depois de discursar, ele se deleitava; depois de pregar, ele recorria a seu estudo para renovar sua

    fora. Onde nossa amor est, a est o nosso deleite.

    Seu corao estava to fixo no amor para com a vontade de Deus, que tinha certeza de que agraa sempre o sustentaria sob sua deleitosa influncia. Todo o Salmo uma constante expresso

    de amor pela Palavra; aqui, porm, pela primeira vez, ele verbalmente expresso, associado ao

    deleite. Todos os versos em que o amor se expressa em tantas palavras so dignos de nota: 47, 97,

    113, 119, 127, 140, 159, 163 e 167.

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    v. 48 = Uma vez mais ele declara seu amor, pois um corao sincero ama para expressar-se.

    Quando um objeto to amvel, como a santidade, posto diante de ns, somos impulsionados em

    direo a ele empenhando toda nossa natureza, e enquanto no for plenamente concretizado, no

    mnimo estenderemos nossas mos em orao para receb-lo. Aonde mos santas e coraes

    santos vo, o homem todo, um dia, tambm ir.

    possvel que nunca tenha meditao bastante. Os sditos zelosos desejam familiarizar-secom os estatutos de seus soberanos para no ofende-los em decorrncia da ignorncia. Orao

    com mos erguidas, e meditao com olhos direcionados para o alto, numa ditosa unio,

    produziro os melhores resultados interiores.

    A totalidade deste versculo est no tempo futuro, e pode ser vista no s como uma

    determinao da mente de Davi, mas como um resultado que ele sabia se seguiria, depois de o

    Senhor enviar-lhe suas misericrdias e sua salvao. Quando a misericrdia desce at ns, nossas

    mos se erguem; quando desfrutamos a conscincia de que Deus pensa em ns com um amor

    especial, nos asseguramos de pensar tambm nEle.

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    Salmo 119

    Conforto que vem da Palavra (49 a 56)

    O salmista comea buscando a principal consolao, ou seja, o cumprimento da promessa do

    Senhor, e ento mostra como a Palavra nos sustenta na aflio e nos faz to inacessveis ao

    ridculo. Aqui vemos como a Escritura apresenta cnticos para os peregrinos e memrias para os

    vigias noturnos; e a poro termina com a afirmao geral de que toda sua felicidade e conforto

    so oriundos de guardarem eles os estatutos do Senhor.

    v. 49 = Ele indaga no de uma nova promessa, mas da antiga palavra cumprida. Ele est agradecido

    por haver recebido to boa palavra, a qual abraa com todo o corao, e agora suplica ao Senhor

    que o trate de acordo com ela. Ele no diz: Lembra-te de meu servio a ti prestado, mas de tuaPalavra (o promessa) que proferiste a mim. Se a Palavra de Deus dirigida a ns como seus servos

    to preciosa, que diremos de sua palavra dirigida a ns como seus filhos?

    Essa orao to pessoal como a do ladro da cruz, pois sua essncia est nas palavras de

    intimidade, de mimou como aqui no salmo: de teu servo. O Senhor nunca esqueceu sequer

    uma promessa, feita a algum crente nele.

    Na qual me tens feito esperar. O argumento consiste em que Deus, havendo nos dado a

    graa para esperarmos, jamais nos desapontar nessa espera. Se esperamos em sua Palavra, temosa base infalvel sobre a qual edificar. Jamais Deus nos incentivar a falsas esperanas. Uma

    esperana indeferida faz um corao enfermar.

    Jamais Nosso grande Senhor esquecer seus prprios servos, nem frustrar a expectativa

    que Ele mesmo encoraja, porque dEle somos filhos, e nos esforaremos por lembrar de sua Palavra

    para obedec-la; e assim, estejamos certos que Ele se lembrar de seus prprios servos, e se

    lembrar de Sua prpria promessa, fazendo com que se cumpra.

    Este versculo a orao1. De amor de algum que teme ser esquecido ...2. De humildade de algum que consciente de sua insignificncia e que teme ser ignorado...3. De arrependimento de algum que treme, esperando que o mal de seu pecado no cancele

    a promessa...

    4. De ardente desejo de algum que anseia pela bno...

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    5. Mas tambm que confiana de algum que sente que tudo o que se deseja estcompreendido na Palavra do Senhor.

    v. 50 = A aflio do salmista era vencida pelo conforto que ele encontrava na Palavra do Senhor.

    Ele sabia de onde vinha esse consolo e declara isto.

    Para alguns o conforto vem:

    1. Das riquezas ...2. Na vaidade da idade ...3. Nas bebidas4. Em sua prpria inteligncia ...

    Entretanto, a pessoa cuja esperana vem de Deus sente a vida gerada pelo poder da

    Palavra do Senhor e testifica Eis meu conforto. Paulo disse: Eu sei em quem tenho crido....

    O conforto desejvel em todo tempo; mas o conforto na aflio como uma lmpada

    num lugar escuro. Muitos so incapazes de achar conforto na tribulao; mas esse no o caso

    com os cristos, pois seu Salvador lhes disse: No vos deixarei rfos.

    Alguns tm conforto porm no aflio; outros tm aflio, porm no conforto; mas os

    santos tm conforto em sua aflio. Se no podemos afastar o nevoeiro, podemos subir a um

    ponto mais alto e ficar acima dele. As provaes que nos fazem vergar enquanto nos sentimos

    meio mortos se tornam mera irriso quando nos achamos no vigor da vida. E assim s vezes nosso

    esprito soerguido pela graa que vivifica;

    Ao voltarmos nosso olhos para nossa vida pregressa, nos deparamos com motivos de

    conforto no que tange a nosso estado A Palavra de Deus nos vivificou e nos conservou assim.

    v. 51 = Os soberbos nunca amam as pessoas agraciadas. Quando eles queriam divertir-se,

    divertiam-se s custas do salmista, visto que ele era servo de Deus. Pecadores conceituados

    conseguem divertir-se de pessoas piedosas. Conseguem provocar brincadeira quando caricaturamum membro fiel das fileiras santas de Deus: Se a pessoa zelosa, chamam-na de o metodista, se

    escrpulo de: o puritano.

    Existem ainda muitas pessoas soberbas, e se encontra