estudo mateus

22
AUTOR: O Evangelho não menciona seu autor, todavia desde os primitivos pais da Igreja, admitiu-se que seu autor foi o apóstolo Levi. Quase nada sabemos de Mateus, que também foi chamado de Levi. É mencionado nas quatro Listas dos Doze Apóstolos, Mt 10:3; Mc 3:18; Lc 6:15; At 1:13. A única informação que Mateus dá de si é a de Ter sido publicano. Os publicanos eram cobradores de impostos de Roma, e esta profissão fê-lo acostumar-se a tomar notas. Foi companheiro pessoal de Jesus por uns dois anos ou mais, no decurso de todo o seu ministério público. Presume-se que a data em que foi escrito seja 60 d.C. aproximadamente 30 (trinta) anos depois da morte de Jesus. Ele escreve a respeito de Cristo como Rei; seus leitores especiais; os judeus. PROPÓSITO: O propósito desse Evangelho é o de testificar que Jesus é o Messias da promessa do Antigo Testamento, e que a Sua missão messiânica consistia em trazer o Reino de Deus até os homens. Esses dois temas – o caráter messiânico de Jesus e a presença do Reino de Deus – estão inseparavelmente ligados, e cada qual inclui um ministério – um novo desvendamento do divino propósito remidor (Rm 16:25, 26). O ministério messiânico é que o celestial Filho do Homem deve primeiramente sofrer e morrer em cumprimento de Sua missão redentora e messiânica na qualidade de Servo Sofredor, antes de vir em poder e grande glória. O ministério do Reino está intimamente associado com o ministério messiânico. O segundo capítulo de Daniel descreve a vinda do Reino de Deus em traços vívidos, em termos de destruição de todo poder que fizer resistência a Deus e se opuser à Sua vontade. O Reino vem com poder, varrendo à sua frente todo o mal e todo império hostil, transformando a terra e inaugurando uma nova ordem universal de perfeita paz e retidão. Há um outro fato que revela o propósito deste Evangelho, a saber, a constante referência à oposição a Cristo, bem como à sua rejeição pelo povo. Este fato é salientado logo no começo, bem cedo na vida de Cristo (Mt 2:3, 7, 13). E essa hostilidade se vai acentuando cada vez mais, até que depois da revelação dela nos capítulos 11 e 12, há por causa dessa hostilidade, uma mudança definida do método de ensino de Cristo, como se vê no capítulo 13, depois do qual a oposição se torna mais profunda, mais forte e mais intensa até culminar na cruz. Essa rejeição de Cristo pelos judeus naturalmente sugere a transferência do Reino para os gentios, e embora este seja um Evangelho essencialmente judaico, contém desde o início, alusões a outras nações, o que pode ser considerado como uma preparação para a solene transferência dos privilégios do Reino para os gentios. ESBOÇO PARA ESTUDO NASCIMENTO E INFÂNCIA DO MESSIAS – 1:1 - 2:23. ( ) Genealogia – Jesus tem descendência real, é da raiz de Davi – 1:1-17. ( ) Narrativas sobre o nascimento do Rei – Sua gestação foi igual a de qualquer ser humano, aqui mostra seu lado humano – 1:18 – 2:18.

Upload: katia-elena-rosa

Post on 08-Aug-2015

46 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Estudo Mateus

AUTOR: O Evangelho não menciona seu autor, todavia desde os primitivos pais da Igreja, admitiu-se que

seu autor foi o apóstolo Levi. Quase nada sabemos de Mateus, que também foi chamado de Levi. É

mencionado nas quatro Listas dos Doze Apóstolos, Mt 10:3; Mc 3:18; Lc 6:15; At 1:13.

A única informação que Mateus dá de si é a de Ter sido publicano. Os publicanos eram cobradores de

impostos de Roma, e esta profissão fê-lo acostumar-se a tomar notas. Foi companheiro pessoal de Jesus

por uns dois anos ou mais, no decurso de todo o seu ministério público.

Presume-se que a data em que foi escrito seja 60 d.C. aproximadamente 30 (trinta) anos depois da morte

de Jesus. Ele escreve a respeito de Cristo como Rei; seus leitores especiais; os judeus.

PROPÓSITO: O propósito desse Evangelho é o de testificar que Jesus é o Messias da promessa do

Antigo Testamento, e que a Sua missão messiânica consistia em trazer o Reino de Deus até os homens.

Esses dois temas – o caráter messiânico de Jesus e a presença do Reino de Deus – estão

inseparavelmente ligados, e cada qual inclui um ministério – um novo desvendamento do divino propósito

remidor (Rm 16:25, 26).

O ministério messiânico é que o celestial Filho do Homem deve primeiramente sofrer e morrer em

cumprimento de Sua missão redentora e messiânica na qualidade de Servo Sofredor, antes de vir em

poder e grande glória. O ministério do Reino está intimamente associado com o ministério messiânico. O

segundo capítulo de Daniel descreve a vinda do Reino de Deus em traços vívidos, em termos de

destruição de todo poder que fizer resistência a Deus e se opuser à Sua vontade. O Reino vem com

poder, varrendo à sua frente todo o mal e todo império hostil, transformando a terra e inaugurando uma

nova ordem universal de perfeita paz e retidão.

Há um outro fato que revela o propósito deste Evangelho, a saber, a constante referência à oposição a

Cristo, bem como à sua rejeição pelo povo. Este fato é salientado logo no começo, bem cedo na vida de

Cristo (Mt 2:3, 7, 13). E essa hostilidade se vai acentuando cada vez mais, até que depois da revelação

dela nos capítulos 11 e 12, há por causa dessa hostilidade, uma mudança definida do método de ensino

de Cristo, como se vê no capítulo 13, depois do qual a oposição se torna mais profunda, mais forte e mais

intensa até culminar na cruz. Essa rejeição de Cristo pelos judeus naturalmente sugere a transferência do

Reino para os gentios, e embora este seja um Evangelho essencialmente judaico, contém desde o início,

alusões a outras nações, o que pode ser considerado como uma preparação para a solene transferência

dos privilégios do Reino para os gentios.

ESBOÇO PARA ESTUDO

NASCIMENTO E INFÂNCIA DO MESSIAS – 1:1 - 2:23.

(   ) Genealogia – Jesus tem descendência real, é da raiz de Davi – 1:1-17.

(   ) Narrativas sobre o nascimento do Rei – Sua gestação foi igual a de qualquer ser humano, aqui mostra

seu lado humano – 1:18 – 2:18.

(   ) A mudança para Nazaré – Sua ida para Nazaré foi para se cumprir uma profecia do Antigo

Testamento. (Is 11:1). Por isso foi chamado de Nazareno – 2:19-23.

PRELÚDIO DO MINISTÉRIO DO MESSIAS – 3:1-4:25

(   ) O ministério preparatório de João Batista – João veio como um abridor de portas. Na verdade sua

pregação apontava para o Messias – 3:1-12.

(   ) O batismo de Jesus – Com esta atitude Ele nos deu o exemplo de humildade e obediência – 3:13-17.

(   ) A tentação de Jesus – Não é Dele a iniciativa de ir para o deserto, mas uma direção do Pai – 4:1-11

Page 2: Estudo Mateus

(   ) Sumário do ministério na Galiléia – Aqui ele traz o cumprimento de profecias do Antigo Testamento;

além de escolher alguns apóstolos e de realizar curas e dar início à pregação do Evangelho do Reino –

4:12-25

DISCURSO I – JUSTIÇA E FUNDAMENTOS DO REINO – 5:1-7:29

(   ) As bem-aventuranças e o caráter do filho do Reino – 5:1-16.

(   ) A justiça exigida aos filhos do Reino – 5:17-48 (vers. chave 5:20).

(   ) A prática da justiça (atitudes corretas) – 6:1-18 (vers. chave 6:1).

(   ) Posicionamento do filho do Reino quanto às questões da vida: riquezas, doenças e sustento – 6:19-

34.

(   ) Relacionamento do filho do Reino com outras pessoas – 7:1-12 (vers. chave 7:12)

(   ) A escolha do reino – A indecisão deve chegar ao fim; é hora da tomada de posição, a escolha é única

e individual – 7:13-27.

(   ) O modo do ensino de Jesus – O ensino do Reino é com autoridade, não se compara ao ensino

humano – 7:28,29.

NARRATIVA I – FEITOS PODEROSOS DO REINO – 8:1-9:38

(   ) Uma série de curas, milagres e libertações – 8:1-9:8 (vers. chave 9:6-8)

(  ) O reino e a ordem antiga – Jesus veio trazendo uma palavra prática, desfazendo conceitos e tradições

humanas que não eram suficientes para conduzir o homem até Deus – 9:9-17.

(   ) Mais curas e milagres – 9:18-35 – Resume o ministério do Rei Jesus até o momento – (vers. chave

dessa seção 9:35).

DISCURSO II – PROCLAMAÇÃO DO REINO – 9:36-10:42

(   ) Os discípulos do Reino e sua missão – 9:36-10:15 – Nos capítulos anteriores Jesus estabeleceu as

bases do Reino. Agora, como Pastor, reparte Sua autoridade com os discípulos para que dêem

continuidade à proclamação do Reino. Os discípulos estão na “escola de profetas”, e agora irão para sua

primeira experiência prática como filhos do Reino. A pregação teve início na cidade dos discípulos –

(11:1).

(   ) A resposta a ser esperada – 10:16-42 – A convocação feita por Jesus não traz apenas dificuldades e

problemas, mas traz também estímulos e recompensas.

NARRATIVA II – A PRESENÇA DO REINO – 11:1-12:50

(   ) O Reino e João Batista – 11:1-15 – A mensagem do Reino era destinada a mostrar fatos, tais como

curas, milagres e libertações; esta era a diferença da mensagem pregada por João Batista.

(   ) O desafio à presente geração – 11:16-30 – A sabedoria humana impede a revelação da mensagem

do Reino, no entanto, é assimilada pelos humildes.

(   )A oposição ao Reino 12:1-45 – A rejeição não era apenas à pessoa de Jesus, mas à mensagem

revolucionária que Ele trazia, que rompia com a religião tradicional e hipócrita da é poca.

Page 3: Estudo Mateus

(   ) A comunhão no Reino – 12:46-50 – A verdadeira família de Jesus são os que obedecem ao Pai.

DISCURSO III – MINISTÉRIO DO REINO – 13:1-58

(   ) A parábola do semeador – 13:1-9 – Jesus apanha fatos do quotidiano para mostrar Seus ensinos.

(   ) Explicação do método das parábolas – 13:10-23 – Observe como o coração das pessoas reage à

pregação do Reino.

(   ) Outras parábolas – 13:24-52 – Trigo e joio: mostra a estratégia de Satanás para impedir o

crescimento do Reino.

Grão de mostarda e fermento: como o Reino se expande.

A rede: fala-nos sobre quais devem ser nossos valores.

(   ) Reação aos ensinamentos de Jesus – 13 53-58 – a oposição de Seus “conterrâneos” chegou até

mesmo a dificultar a operação de milagres.

NARRATIVA III – CRISE DO REINO – 14:1-17:27 – A rejeição a Jesus e a Seu reino aumentam.

(   ) Crise da oposição – 14:115:20 – Os milagres e as curas aumentam ainda mais a oposição contra Ele,

que continua denunciando a religião inoperante que Seus opositores insistiam em praticar.

(   ) Retirada para a morte – 15:21-39 – Sua ida para outras regiões Lhe permitem operar milagres em

favor dos necessitados que reconheciam Sua autoridade e poder.

(   ) Mais um conflito – 16:1-12 – Seus opositores O testam com questões inoportunas, mas Ele não

responde, deixando-os ainda mais irados.

(   ) A rejeição e informações erradas sobre a pessoa de Jesus gera uma crise de fé –  16:13-20.

(   ) Jesus prepara Seus discípulos para Sua própria morte – 16:21-17:27 – Jesus mostra para Seus

discípulos que passar pela morte é parte integrante de Sua missão terrena.

DISCURSO IV – PADRÃO DE RELACIONAMENTO DO REINO – 18:1-35 – As dificuldades enfrentadas

por Jesus e Seus discípulos levam o Mestre a trazer estes ensinamentos que nos mostra como um filo

deve proceder em relação às disputas, tropeços e resgastes dos que se afastam.

(   ) Humildade – 18:1-14 – Quem deseja ser grande no Reino tem de se tornar simples como as crianças

(vers. chave 18:14).

(   )Perdão – 18:15-35 – Atitude correta diante de problemas de relacionamento. Não há limite para o

perdão, este é um ensino básico do Reino.

NARRATIVA IV – CONFLITO CAUSADOPELO REINO – 19:1-23:39

(   ) Ensinos deixados no caminho de Jerusalém – 19:1-20:28 – A intervenção das leis terrenas entraram

em ação quando o homem rejeita a direção de Deus. O homem que faz das riquezas sua segurança terá

seu acesso ao Reino prejudicado (vers. chave 19:29,30).

(   ) Cura em Jericó – 20:29-34 – O zelo pela casa de Deus O faz expulsar os vendilhões dali, se

levantando mais uma vez contra a religião formal e vazia.

Page 4: Estudo Mateus

(   ) Controvérsias com os judeus – 21:23-2246 – Através de parábolas Jesus mostra aos Seus ouvintes

qual a sua missão, quem Ele era e o tratamento que Ele estava recebendo deles.

(   ) Denúncias contra os escribas e fariseus – 23:1-39 – Através de crítica Jesus condenava a

religiosidade dos fariseus de forma contundente, ao mesmo tempo que lamentava o futuro desolador que

aguardava a Cidade Santa (Jerusalém), por rejeitar o Seu ensino.

DISCURSO V – FUTURO DO REINO – 24:1-25:26

(   ) Profecia do Reino vindouro – 24:1-36 – Acontecimentos catastróficos abalarão a estrutura mundial,

mas em meio a esse caos surgirá o Rei para implantar definitivamente Seu Reino. Tudo já está predito

pelas Escrituras.

(   ) Advertências sobre vigilância – 24:37-25:30 – Os fatos marcantes da época de Noé servem de alerta

ao mundo de hoje. O importante é estar atento a tudo que acontece, pois a vigilância é a chave para essa

hora (vers. chave 25:13).

(   ) Julgamento das nações – 25:31-46 – O grande Juiz entra em ação. Ele comandará o julgamento. Aos

que praticam a iniquidade Ele os expulsará da Sua presença; aos justos porém, Ele dará a posse do Seu

Reino Eterno.

PAIXÃO DO REI – 26:1-27:66 – A oposição à Jesus se torna extrema. A única forma de detê-lo é

eliminando-O. Seus opositores buscam entre seus amigos um traidor. Por outro lado Jesus recebe um

gesto de profundo amor de alguém que O amava profundamente (vers. chave 26:13).

(   ) A última ceia – 26:17-30 – No último momento de comunhão é firmado um novo pacto, uma nova

aliança, com a promessa de revivê-la no futuro quando do estabelecimento definitivo do Reino (vers. chve

26:28).

(   ) Acontecimentos no Getsêmani – 26:31-56 – A pressão espiritual leva o Mestre a intensificar Sua

intercessão, e esta pressão se torna visível quando aparece o traidor liderando o grupo que viera para

prendê-Lo. Tudo isso porém, faz parte dos propósitos divinos (vers. chave 26:56).

(   ) os julgamentos – 26:57-27:26 – Toda cúpula religiosa e política se une para eliminar a Jesus. Neste

instante até mesmo os seus discípulos O abandonam.

(   ) Crucificação e Sepultamento – 27:27-56 – Encerrada a fase de julgamento vem a execução da

sentença de morte a qual fora Ële condenado.

(   ) Sepultamento – 27:57-66 – Seus amigos se incumbem de sepultá-Lo, porém Seus inimigos mantêm a

guarda do Seu sepulcro, pois a promessa de Sua ressureição os assustava e apavorava.

A RESSURREIÇÃO – 28:1-20

(   ) As mulheres e o anjo – 28:1-10 – A promessa da ressurreição se cumpre de forma literal e é

testificada pelos amigos. A vitória da vida sobre a morte é real e verdadeira (vers. chaves 28:28:6,7).

(   ) O falso testemunho dos guardas – 28:11-15 – Na última tentativa de negar Sua ressurreição os

guardas tentam diminuir o impacto de Sua vitória sobre a morte.

(   ) O comissionamento dos discípulos e a ascenção – 28:16-20 – A autoridade de Jesus é impartida aos

discípulos. O objetivo agora é perpetuar Sua missão sobre a Terra (vers. chave 28:19,20).

Mateus: Evangelho de Jesus, o Rei dos Judeus

Page 5: Estudo Mateus

O primeiro livro do Novo Testamento é um dos quatro registros da vida de Jesus conhecidos como os evangelhos. Mateus escreveu principalmente para mostrar aos judeus que Jesus é o Messias das profecias do Antigo Testamento, mas o livro é valioso para todos – judeus e outros – para conhecer o Filho de Deus e seu trabalho importante aqui na terra.

Mateus, conhecido também como Levi, foi um dos apóstolos de Jesus. Ele acompanhou o Senhor durante seu ministério e, depois, escreveu sobre a vida e o ensinamento do seu Mestre. Mateus, como Lucas, traça a história desde o nascimento de Jesus, mas dedica quase todo o livro à vida adulta, especificamente ao período do ministério do Senhor nos últimos três anos da sua vida.

O livro de Mateus cita dezenas de profecias do Antigo Testamento, frequentemente ligando estas profecias aos atos e às palavras de Jesus. Mais de 12 vezes, o livro fala especificamente sobre os acontecimentos como cumprimento de profecias do Velho Testamento. Estas citações são argumentos importantes para defender a posição de Jesus como o Messias, o Ungido prometido ao longo dos séculos anteriores.

Observemos o conteúdo de Mateus:

Capítulos 1 e 2 falam do nascimento e infância de Jesus, começando com a genealogia a partir de Abraão, o pai da nação.

Capítulo 3 descreve o trabalho preparatório de João Batista e o batismo de Jesus no rio Jordão.

Capítulo 4 relata as tentações que Jesus enfrentou no deserto e o início do seu trabalho de pregar o evangelho do reino de Deus.

Capítulos 5 a 7 apresentam o Sermão do Monte, uma mensagem que pode ser vista como a constituição do reino do Senhor. Esta pregação é de suma importância no ensinamento de Jesus.

Capítulos 8 a 18 continuam o foco no trabalho de Jesus na Galileia. Nestes capítulos, encontramos diversos milagres que Jesus realizou para defender suas afirmações. Neste período, ele escolheu 12 homens como apóstolos para levar a mensagem aos outros, começando com os próprios judeus. Ele usou, também, muitas parábolas para ensinar verdades espirituais por meio de comparações com coisas do dia a dia. Um dos eventos mais importantes desta parte do livro é a transfiguração, um acontecimento impressionante que

Page 6: Estudo Mateus

provou para os apóstolos presentes a posição de Jesus como o Filho de Deus (Mateus 17:1-8).

Capítulos 19 e 20 falam do período do ensinamento de Jesus na Pereia, região do lado oriental do rio Jordão.

Capítulos 21 a 28 focalizam uma semana na vida de Jesus, seus últimos dias na Judeia e sua morte, sepultamento e ressurreição. O livro termina com as orientações que ele deu aos apóstolos, os homens enviados ao mundo com esta mensagem salvadora de Jesus Cristo.

No estudo de Mateus, temos o privilégio de examinar a vida da pessoa mais importante de toda a história. Depois de séculos de profecias nas Escrituras judaicas, a esperança dos servos de Senhor foi realizada na vinda ao mundo de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Ele apresentou desafios críticos para seus ouvintes e, por meio deste registro escrito, para todos nós. Jesus nos chama para uma transformação de caráter para nos tornarmos cidadãos do reino de Deus!

–por Dennis Allan

MATEUS, EVANGELHO DA PALAVRAesperança a esperança:  

  No ano litúrgico em que escutamos cada domingo o Evangelho de Mateus, será bom estudar o que significa para nós hoje este Evangelho. Os leitores têm aqui algumas pistas que, a título de estudo, podem ajudar a compreender Mateus. Apresentamo-lo na perspectiva da palavra de Deus.

1. UM EVANGELHO JUDAICOCrê-se que o Evangelho de Mateus foi pregado na cidade de Antioquia, na Síria, onde havia uma grande comunidade judaica. Este Evangelho foi, portanto, pregado a judeus conhecedores e cumpridores da Lei. Por isso, utiliza vocabulário e temas judaicos e faz referências permanentes à Bíblia do Antigo Testamento. É sobretudo na citação permanente de profecias que Mateus nos aparece como um Evangelho escrito para judeus, repetindo frases como esta: Tudo isto aconteceu para se cumprir o que diz o profeta.... De facto, cada evangelista inculturou, isto é, adaptou a mensagem original de Jesus aos seus ouvintes e leitores, como o faz qualquer catequista. Ora, Mateus foi o grande catequista dos judeus a quem dirigiu o seu Evangelho, por volta dos anos 80. Os seguintes traços deste Evangelho manifestam que foi dirigido a judeus:

Características judaicas do Evangelho de Mateus- Uso do vocabulário semita: Reino dos céus, em lugar de Deus, que não podia ser pronunciado, por respeito; cidade santa, em vez de

Page 7: Estudo Mateus

Jerusalém…- Menção de usos e costumes judaicos: oferta ao altar; abluções…- Sentido semita dos números: o número sete ou o seu múltiplo 14. Assim, 14 é o número davídico: Da-v-(i)-d: D (= 4) + V (= 6) + D (= 4) = 14; na sua genealogia, Mateus apresenta 3 séries de gerações, cada uma delas com 14, para dizer que Cristo é superior a David (Mt 1,17).- Uso contínuo do Antigo Testamento: 21 profecias e 70 citações implícitas.- Recursos estilísticos de carácter semita: inclusão, repetições de fórmulas, que faz parte da mnemotécnica semita; gosto pelo paralelismo antitético e pela antítese: Foi dito aos antigos… Eu, porém, digo-vos…

2. OPTAR POR CRISTO, MAS SER FIEL A MOISÉSO problema que se colocava, de modo mais ou menos agudo, era o seguinte: Em que proporção teriam os cristãos de seguir a Cristo e deixar de lado Moisés, ou seja, a Lei antiga? Este foi certamente o problema mais grave que os primeiros cristãos tiveram que resolver e para o qual encontraram diferentes soluções. A principal solução foi esta: o Antigo Testamento deveria ser lido e vivido à luz do Evangelho, à luz da mensagem e da pessoa de Jesus. Este foi um princípio fundamental de interpretação do Antigo Testamento. Muitas das suas prescrições perdiam, então, o seu valor normativo, continuando apenas com um valor pedagógico. Paulo deu a sua solução ao problema precisamente pela via da pedagogia divina presente no Antigo Testamento: A Lei foi o nosso pedagogo, para nos conduzir a Cristo (Gl 3,24).

3. O EVANGELHO DA LEIEste Evangelho foi escrito para falar de Jesus, o Messias, prometido pelos profetas. Mas como falava para judeus, Mateus apresenta Jesus como aquele que veio de Deus para renovar e aperfeiçoar a Lei de Moisés. Para o Judaísmo, a Lei era o maior dom que Deus ofereceu ao seu povo, e é a prática da mesma que prepara a vinda do Reino de Deus. Com a interpretação que lhe dá Jesus, para o Cristianismo desaparece esta união entre o Reino e a Lei, porque Jesus veio “cumpri-la”, isto é, aperfeiçoá-la, ultrapassando a que tinha sido dada a Moisés no Monte Sinai. Mateus apresenta Jesus como o grande Mestre da nova Lei. Ele é apresentado a ensinar, numa relação íntima com a Lei de Moisés, mas superando-a e renovando-a e até anulando alguns dos seus preceitos. É neste enquadramento que temos de ler Mateus. Pode dizer-se que, em Mateus, a nova Lei é sinónimo de Evangelho. Sendo uma espécie de comentário à Lei de Moisés, o Evangelho de Mateus tem nos seus discursos ou catequeses a sua parte mais importante. Assim, Mateus divide o seu Evangelho em cinco grandes discursos, onde apresenta a doutrina ou nova Lei de Jesus:* cap. 5-7 – Sermão da montanha* cap. 10 – Instrução para a missão* cap. 13 – Ensino em parábolas* cap. 18 – Conselhos para a comunidade* cap. 23-25 – Discurso de adeus ou de despedida de Jesus.Alguém interpretou estes cinco discursos como uma espécie de Pentateuco da nova Lei; isto é, assim como Moisés deixou a Lei de Deus em cinco livros, assim Mateus teria apresentado a interpretação da Lei por Jesus em cinco discursos. Mas é sobretudo no primeiro discurso (cap. 5-7) que Jesus apresenta a nova Lei, que

Page 8: Estudo Mateus

distingue profundamente o Antigo do Novo Testamento. Uma síntese deste capítulo pode ver-se no seguinte esquema, com uma estrutura concêntrica: 5,1-2: situação e personagens5,3-16: as Bem-aventuranças e os discípulos5,17-20: cumprir a Lei e os profetas5,21-48: as 5 antíteses6,1-18: as três obras da justiça6,19-7,11: 5 preceitos7,12: a lei do amor (Lei e Profetas)7,13-27: 4 apelos ilustrados com imagens7,28-29: Situação: reacção dos ouvintes.

4. O PROGRAMA DE JESUS E O PROGRAMA DE MOISÉSQuando lemos o Evangelho de Mateus, podemos perguntar-nos: Qual é a relação entre a Lei de Jesus e a Lei de Moisés? Ou, por outras palavras: O Antigo Testamento continua a ser obrigatório? De que modo? Para responder à questão crucial deste Evangelho, teremos que examinar o texto de Mt 5,17-20: 17“Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas. Não vim revogá-los, mas levá-los à perfeição. 18Porque em verdade vos digo: Até que passem o céu e a terra, não passará um só jota ou um só ápice da Lei, sem que tudo se cumpra. 19Portanto, se alguém violar um destes preceitos mais pequenos, e ensinar assim aos homens, será o menor no Reino do Céu. Mas aquele que os praticar e ensinar, esse será grande no Reino do Céu. 20Porque Eu vos digo: Se a vossa justiça não superar a dos doutores da Lei e dos fariseus, não entrareis no Reino do Céu”.

Em primeiro lugar, Jesus afirma que não veio revogar o Antigo Testamento, isto é, a Lei de Moisés. Portanto, este continua plenamente em vigor. Mateus insiste neste aspecto, certamente porque os judeus convertidos a Cristo, no seu entusiasmo de neo-convertidos, não fariam muito caso da Lei de Moisés, que tinham praticado desde sempre. Esta afirmação responde também a questões como esta: “Se vivemos segundo a Lei, desde Moisés até agora, para que serve e que futuro tem a Lei de Moisés perante a Nova Lei de Jesus? Qual é a mais importante, a de Moisés ou a de Jesus?A relação entre o Antigo e o Novo Testamento foi certamente a questão mais difícil de resolver nos primeiros tempos do Cristianismo, questão que continua ainda de pé, embora não com tanto dramatismo. Nesta resposta de Jesus, podemos detectar vários modos de responder a este problema:a) O Antigo Testamento continua a pertencer à Bíblia e é completado pelo Novo (v.17).b) O Antigo Testamento é ainda imperfeito, sendo aperfeiçoado pelo Novo (v.17).c) Todas as partes do Antigo Testamento (livros, capítulos e versículos) se cumprem em Cristo (v.18).d) Portanto, o Antigo Testamento anunciava Cristo, tinha um valor profético e messiânico (v.17).e) Havia pregadores que ensinavam o contrário, pelo que são reprovados; mas são elogiados os que praticam e ensinam o Antigo Testamento (v.19).f) Os fariseus, interpretando literalmente o Antigo Testamento e rejeitando a nova Lei de Cristo, não são considerados justos por

Page 9: Estudo Mateus

Jesus, ao contrário dos Seus discípulos (v.20).

5. QUAL É, PARA NÓS, O VALOR DO ANTIGO TESTAMENTO?Depois do que foi dito, podemos sempre perguntar-nos: “Que valor tem hoje o Antigo Testamento? Seremos obrigados a cumpri-lo?”. Em termos muito simples, poderíamos dizer o seguinte:a) As grandes ideias teológicas do Antigo Testamento foram aperfeiçoadas no Novo, pelo que, se não conhecermos o essencial do Antigo Testamento, também não podemos conhecer o Novo.b) As leis chamadas rituais perderam o seu valor normativo, obrigatório, mas conservam o seu valor pedagógico; isto é, todas essas leis e a longa história do povo de Israel ensinam-nos como Deus conduziu, com o maior carinho, esse povo até Cristo: A Lei tornou-se o nosso pedagogo até Cristo (Gl 3,24). Este é o grande valor do Antigo Testamento: uma preparação do Evangelho, como diziam os Padres da Igreja, uma caminhada para Cristo, para o Novo Testamento.c) Portanto, o Antigo e o Novo Testamento são uma única Bíblia – como se de um só livro se tratasse – sendo o Antigo a primeira parte e o Novo, a segunda.d) No interior dessas leis do Antigo Testamento, Jesus introduziu um coração novo, uma vida nova: a Lei do amor ao próximo, mesmo ao inimigo. Todas essas leis do Antigo Testamento adquirem, assim, novo sentido, são iluminadas pela lei suprema do amor a Deus e ao próximo. O amor torna-se, assim, o grande princípio da interpretação da Lei do Antigo Testamento (12,7; Os 6,6).e) A lei do amor é o motor da interpretação que Jesus faz da Lei de Moisés. Ele veio “cumprir” a lei de Moisés, não no sentido de a praticar, como se fosse servo da mesma, mas como autêntico Senhor da Lei. É neste sentido que Ele sobe ao monte das Bem-aventuranças, para proclamar, com autoridade, a nova Lei, tal como Moisés subiu ao monte Sinai, mas para a receber de Deus.f) A interpretação da Lei feita por Jesus é apresentada por S. Paulo como sendo a Lei da Graça, dom gratuito de Deus, em oposição à Lei do Antigo Testamento, que era vista como uma série de mandamentos.

6. AS CONTROVÉRSIAS E AS CINCO ANTÍTESES (Mt 5,21-48)Para ressaltar a novidade da nova Lei em relação com a Lei de Moisés, Jesus utiliza uma linguagem própria do povo semita e, portanto, dos judeus: a antítese: Ouvistes que foi dito aos antigos [isto é, no Antigo Testamento]; Eu, porém, digo-vos… Trata-se de uma fórmula já utilizada pelos rabinos para apresentarem uma opinião pessoal. Mas é sobretudo no conteúdo que as palavras de Jesus são diferentes. Nestas antíteses ou oposições, Jesus anuncia a lei do amor ao inimigo; condena os maus pensamentos e o divórcio… Assim, ao falar deste modo, Mateus quer dizer-nos o seguinte:a) Pretende fazer uma oposição entre o Antigo Testamento, vivido à maneira farisaica, e a novidade da interpretação trazida por Jesus. b) Faz uma interpretação radical da Lei, para manifestar a vontade nova, definitiva e absoluta de Deus para a humanidade. c) Este radicalismo tem por base o amor, ou seja, a total disponibilidade de cada cristão para Deus e para o próximo. d) Mateus realça a absoluta autoridade de Jesus, o seu poder soberano, em relação com a Lei do Antigo Testamento. Ele fala com autoridade divina, não apenas para aperfeiçoar a Lei antiga, mas também para eliminar certos preceitos da mesma (sobretudo o

Page 10: Estudo Mateus

divórcio: 5,31-32; 19,3-6).

7. A PALAVRA DE JESUS É O FUNDAMENTO DA IGREJAO povo do Antigo Testamento era o povo da palavra de Deus, por excelência. Esta Palavra era vista como uma palavra geradora do povo, da comunidade de Israel, que se sentia convocada pela Palavra. O Evangelho de Mateus apresenta-nos esta relação umbilical com o povo da palavra de Deus do Antigo Testamento. Ora, a nova Lei é agora proclamada por Jesus à comunidade de discípulos. Jesus tem consciência de convocar, reunir discípulos, com a sua Palavra, que é para nós a palavra viva de Deus. Nesse caso, a Igreja deveria ser, essencialmente, a comunidade dos discípulos que escutam, compreendem, rezam e vivem a Palavra. Deste modo, fazer da Igreja, em primeiro lugar, uma comunidade de culto, sem que a palavra de Deus seja primeiramente proclamada, é um erro grosseiro, em termos cristãos.Nesta Igreja, comunidade de discípulos, são, pois, muito importantes os verbos da Palavra: escutar, compreender, viver, anunciar a Palavra. Mas a Igreja não guarda ciosamente o tesouro da Palavra, pois tem como missão primária e fundamental ser enviada, em cada um dos seus membros, a anunciar a Palavra do ressuscitado: Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos (…), ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E sabei que Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos (Mt 28,19-20). Este testamento ou manifesto de Jesus, estabelece uma relação clara entre a missão de Jesus e a da sua Igreja: a palavra de Deus era o centro do Antigo Testamento, foi o centro da missão de Jesus e será sempre a primordial missão da Igreja. Esta, ao proclamar a palavra de Jesus a todos os povos, tem aqui o fundamento da sua missão universal.

ESTUDOS EM MATEUS

Autor - Mateus o Publicano (9:9), Apóstolo e Testemunha Ocular da vida de Cristo.

Data - 40 - 55 d. C. O primeiro Evangelho para ser escrito, poucos anos depois da crucificação do Senhor Jesus Cristo.

Esboço do Livro de Mateus.

I. Introdução - Nascimento e Infância de Cristo. Capítulos 1-2.

II. Ministério de Cristo na Galiléia. Capítulos 3-18.

III. Ministério de Cristo no Caminho (Judéia) para Jerusalém. Capítulos 19-20.

IV. Ministério Final de Cristo em Jerusalém. Capítilos 21-25.

V. A Crucificação e A Ressurreição de Cristo. Capítulos 26-28.

Outro Esboço.

Mateus diz em 4:12 que "Jesus voltou para Galiléia", e em 19:1 diz que "saiu da Galiléia". Com estes dois versículos podemos marcar o começo e o fim do seu ministério da Galiléia. A maior parte do livro de Mateus fala sobre o Ministério da Galiléia de Cristo. Antes do versículo 4:12 e depois do versículo 19:1 Jesus está na Judéia, sem contar a sua infância em Nazaré da Galiléia. Então, é que Jesus Cristo deixou a sua terra de Nazaré da Galiléia para ser batizado, começar seu ministério público, ser tentado por Satanás; e logo depois voltou para Galiléia e ficou até 19:1 quando saiu para Jerusalém e a morte. Então, este esboço é assim.

Page 11: Estudo Mateus

I. A Vinda do Messias até a Preparação do Ministério Público. Capítulos 1:1 - 4:11.

II. O Ministério do Messias da Galiléia. Capítulos 4:12 - 18:35.

III. O Ministério do Messias de Jerusalém. Capítulos 19:1 - 28:20.

O Propósito ou Tema do Livro.

Revelar Jesus Cristo como o Messias dos Judeus e o Rei de Israel. Mostrar que Jesus Cristo é o Messias prometido que cumpriu as profecias do Velho Testamento: e que um dia estabelecerá seu reino e reinará sobre o trono de Davi como o Rei dos reis. Este livro faz conexão com o Velho Testamento para revelar ao Judeu que Jesus Cristo é o Messias-Rei profetizado do Velho Testamento.

 

Jesusno Evangelho de Mateus

Mateus 17:1-8

 

 

Abrindo o Novo Testamento, encontramos o preciosíssimo Evangelho de Mateus, embora na ordem cronológica não tenha sido o primeiro a ser escrito.É um valioso livro de ensinos sobre a vidade Jesus, o rei e Senhor, que veio implantar o reino de Deus entre os homens. Vale a pena conhecer mais detalhadamente este extraordinário livro.

 

Dirigido-se aos judeus, Mateus apresenta informações e ensinos por meio de

tópicos, que se organizam em cinco seções, cada uma encerrando-se por uma

afirmação sumária, como se pode ver em 7: 28; 11: 1; 13: 53; 19: 1 e 26: 1.

Page 12: Estudo Mateus

I - UM EVANGELHO ESCRITO PARA OS JUDEUS

O Evangelho de Mateus parece ter sido preparado particularmente para os judeus

cristãos que viviam na Palestina ou proximidades. Os membros da Igreja Primitiva

na maioria eram judeus. Havia, portanto, necessidade de tratar de questões e

assuntos que resolvessem suas dúvidas, tais como se Jesus era verdadeiramente

descendente de Davi, qual foi sua atitude para com a Lei, se Jesus era de fato o

Messias, por que o Reino não havia chegado, etc.

a) Características - Por causa desse objetivo, Mateus é diferente de Lucas, por

exemplo, que escreveu para evangelizar os gregos e pessoas dessa cultura. Tal

preocupação já pode ser vista na apresentação de sua origem: Lucas traça a

genealogia de Jesus até Adão, enquanto Mateus traça até Davi e até  Abraão, 1: 1.

Mateus inicia seu Evangelho pela genealogia de Jesus, filho de Davi, filho de

Abraão, passando pelos personagens mais proeminentes no judaísmo, entre eles

Davi, o mais importante rei de Israel.

b) Dificuldades - Não era fácil ser cristão nos primeiros tempos. Os novos

convertidos precisavam saber:

por que Cristo fora rejeitado por Israel e como enfrentar a perseguição

que eles estavam sofrendo por parte de seus próprios patrícios; 

o que Cristo tinha realizado e por que o Reino não tinha sido

estabelecido ainda.

como pensar e viver nesse período de espera. Eles precisavam ter

segurança concernente ao futuro e ao retorno de Cristo. Jesus tinha

dado todas as informações aos seus apóstolos e um deles necessitava

colocar isto no papel. Mateus foi guiado pelo Espírito de Deus para fazer

isto.

c) Ênfase ao cumprimento das profecias - Mateus revela  grande interesse em

relacionar Jesus com as profecias do Antigo Testamento. Existem 129 referências

ao AT. Essa ênfase indica que Ele estava escrevendo a leitores para os quais o

cumprimento de profecias era importante e significativo. Queria mostrar que Jesus

é o Messias e nele se cumpriram as profecias do AT.

II - A CRISE DA CRUZ

a) Nem tudo na vida e ministério de Jesus foi fácil. Os capítulos 13 a 19 falam

sobre a rejeição pelos seus concidadãos, 13: 54-58, a ameaça de Herodes através

Page 13: Estudo Mateus

da morte de João Batista, 14: 1-12, e até sobre a dificuldade que os discípulos

estavam tendo para aceitar os ensinos de Jesus,  15: 12 e 16: 5-9. Esses fatos

indicam tensões que levaram  Jesus a declarar a iminência da cruz, e a revelar-se

a si  próprio, na transfiguração, 17: 1-13. A cruz aparece crescentemente diante de

Jesus e torna-se o objetivo imediato de sua carreira terrena, 17: 22, 23.

b) A revelação do Messias gera conflitos  - Quando ocorre a declaração do

propósito messiânico, os conflitos aumentam, surgindo frequentes debates com os

fariseus, 19: 3-12, com os herodianos e saduceus, 22:15-33. Por outro lado, Jesus

passou a fazer duras denúncias contra os religiosos da época, cap. 23, bem como

a anunciar a destruição do templo e a desolação de Jerusalém, presentes no

sermão profético, no cap. 24.

c) Mateus acentua o caráter messiânico da morte de Jesus. Jesus cita o Antigo

Testamento por quatro vezes, aplicando a si as profecias sobre a paixão, 26: 31,

54, 56 e  27:9. Há um destaque à relação entre o que os profetas disseram e o

calvário, 27: 35. Ao responder à  pergunta de Caifás, aplicou a si mesmo o título de

Filho do Homem, 26: 64, que em Daniel era aplicado a um ser celestial, conforme

Dn. 7: 13, 14.

III - OS APELOS DE JESUS

O cap. 28 é um sumário de todo o Evangelho. Mateus firma seu ensino pela

ilustração das atitudes para com Jesus: rejeição e incredulidade dos fariseus ou

adoração e aceitação pelos discípulos.

Encerrando cada secção deste Evangelho, há um apelo ou convite de Jesus aos

discípulos e o autor destina este convite também a cada um de nós: 

No fim da seção didática, Jesus convidou os seus discípulos a darem o primeiro

passo no caminho que conduz à vida, 7: 13-14;

Após provar-lhes o seu poder, comissionou-os e convidou-os a tomar a sua cruz e

segui-lo, 10: 34-41.

Na seção em que explica seu programa, faz um duplo apelo: (a) convite ao

descanso, dirigido à multidão, 11: 28; (b) convite à compreensão das suas

palavras, 13: 51;

Após anunciar sua morte iminente, no grande momento decisivo de sua vida, ecoou uma chamada, para uma entrega confiante: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me”, 16: 24.

Page 14: Estudo Mateus

A Pregação do Evangelho de Mateus

de Dennis Downing

 Existem diversos e bons motivos para se resolver estudar qualquer um dos quatro evangelhos. Cada um tem suas próprias qualidades e características salientes. Porém, há alguns motivos que especialmente recomendam o evangelho de Mateus. Estes são bem resumidos pelo professor e escritor evangélico R.V.G. Tasker na introdução do seu comentário sobre o evangelho de Mateus: 

"Seria razoável supor que o 'primeiro' evangelho não tivesse recebido o primeiro lugar no Novo Testamento somente porque se considerou que ele incorporasse parte do mais antigo material evangélico a ser escrito. Ele era também o evangelho favorito dos escritores cristãos do século II, a julgar pela freqüência com que era citado pelos mesmos. De fato, como observou Wikenhausen, 'no tempo de Irineu a Igreja e a literatura cristãs foram influenciadas mais pelo Evangelho de Mateus do que por qualquer outro livro do Novo Testamento'. - (Tasker, R.V.G., Evangelho Segundo Mateus, Introdução e Comentário, São Paulo, Editora Mundo Cristão, 1988, p.13.)

 Existem várias razões práticas pelas quais este evangelho era tão estimado pelos cristãos da igreja primitiva. Como qualquer igreja de hoje, eles precisavam de instrução sólida e básica e Mateus é rico neste sentido. Tasker cita algumas razoes fundamentais sobre a importância de Mateus na vida dos primeiros cristãos. Ele nota que o evangelho de Mateus: 

"...proveu a Igreja de um instrumento indispensável em sua tríplice tarefa de defender suas crenças contra os ataques dos oponentes judeus, instruir os convertidos do paganismo nas implicações éticas da sua nova religião e ajudar seus próprios membros a viver uma vida comunitária disciplinada, baseada nos atos e palavras do Senhor e Mestre, instrumento este cuja leitura era ouvida semanalmente na forma ordenada e sistemática provida por este evangelista." (Tasker, p.13-14).

Page 15: Estudo Mateus

 Como acabamos de ver, o evangelho de Mateus é uma obra dinâmica em sua habilidade de tratar várias necessidades imediatas e atuais da nossa própria época. Ele faz isso tanto em termos do cristão como indivíduo como em termos da comunidade maior da igreja. Uma das características salientes deste evangelho é justamente a última mencionada por Tasker, a de ser uma obra escrita numa maneira "ordenada e sistemática". Mesmo fazendo uma leitura superficial deste evangelho, é bem óbvio o quanto esta obra é proveitosa para uso em ensinamento público. O tão conhecido "sermão do monte" (Mat. 5:1-7:29) oferece vários ensinamentos concretos sobre os benefícios e também as obrigações dos que querem fazer parte do Reino de Deus. A maneira dinâmica e ao mesmo tempo sistemática em que este ensinamento é realizado - deixa poucas dúvidas de que era originalmente destinado a ser transmitido aos próprios membros da igreja de uma maneira que aproveita estas características do evangelho. Quando juntamos estas observações com o fato de que, segundo a história, este evangelho era aparentemente ensinado justamente deste modo, temos uma forte motivação para aproveitar a utilidade deste evangelho para a igreja de hoje. Contudo não queremos deixar a impressão de que o evangelho de Mateus é mais importante do que qualquer outro evangelho ou carta ou livro das Sagradas Escrituras. Como o apóstolo Paulo disse, "Toda escritura é inspirada por Deus..." e também útil para os membros e a igreja toda. Porém, queremos começar aproveitando um aspecto da Palavra do Senhor que ás vezes é ignorada, o qual é utilizá-la e entenda-la da maneira em que foi originalmente escrita e assim transmitida. Em tudo isso convidamos a todos os irmãos a aproveitarem os beneficias de um estudo sistemático de um dos evangelhos. Todos vão poder estudar o mesmo material e todos vão saber, de modo geral, qual vai ser a passagem e o assunto da próxima pregação. Este tipo de estudo também vai levar todos os que vão pregar a se disciplinar no seu próprio estudo, para que no máximo deixemos a Escritura Inspirada resolver qual vai ser o

Page 16: Estudo Mateus

assunto e a conclusão da lição dada à igreja, e assim esperamos evitar enfatizar ou de menos ou demais qualquer uma das várias necessidades espirituais da igreja. Seqüência de Perícopes no Evangelho de Mateus 1-7 

perícope: [Do gr. pericopé, 'ação de cortar em volta', 'sessão'.] ..."trecho da Bíblia escolhido para leitura durante o culto, ou como tema de sermão." (Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, 2a edição, 1986)

 Para facilitar a pregação do evangelho de Mateus oferecemos como sugestão a seguinte seqüência de perícopes. Estes trechos da Bíblia foram escolhidos visando ensinamentos, acontecimentos, ou pensamentos que refletem uma clara integridade em si, ou seja, partes do evangelho que podem ser estudadas independentemente do resto da passagem em que se acham. É claro que cada passagem da Bíblia precisa ser estudada e apresentada dentro do seu próprio contexto. Porém, para fazer isto é necessário definir a passagem dentro do próprio contexto, esclarecendo seu inicio, fim e conteúdo.  A seguinte seqüência segue de modo geral a maioria das traduções e comentários do evangelho de Mateus. Se for pregada uma passagem por domingo, em um ano a igreja terá seguida a introdução do Evangelho de Mateus e todo o Sermão do Monte. Há ainda uma outra forma de pregar o Evangelho de Mateus no documento Mateus_1_ano.pdf encontrada na página de Mensagens do

CAP 1 - ESTUDOS EM MATEUS

OS QUATRO EVANGELHOS DO NOVO TESTAMENTO

SÃO QUATRO EVANGELHOS DO NOVO TESTAMENTO: MATEUS, MARCOS, LUCAS E JOÃO.

1. Porque são quatro Evangelhos e não somente um? Todos quatro são sobre a mesma pessoa (Jesus Cristo), então porque são quatro?

Esta pessoa (Jesus Cristo) tem importância suprema e só um Evangelho não dá para contar a Sua excelência, grandeza e magnificência. Também mostra a inspiração divina da Palavra de Deus porque tudo combina e concorda. Outros homens (descrentes e crentes, judeus e gentios) escreveram sobre a vida de Cristo, mas Deus somente inspirou divinamente estes quatro para relatar a vida de Cristo (Lucas 1:1-4). Estes quatro livros são cem por cento verdade e de confiança, o único relato da vida dEle que é, porque são inspirados pelo Espírito Santo (II Pedro 1:20-21). Os quatro Evangelhos tem diferenças, semelhanças e informação adicional e suplementar; mas, todos estão contando a mesma história da mesma pessoa (Jesus Cristo). Cada um fala de Cristo segundo ao seu próprio tema. Assim temos um retrato mais completo do nosso Salvador maravilhoso.

Page 17: Estudo Mateus

2. Os Temas e As Datas dos Evangelhos.

Mateus. 40-55 d. C. O Messias como o Rei de Israel (autoridade). 1:1. 16:16-19. 28:18-20.

Marcos. 57-63 d. C. Cristo como o Servo de Deus. 10:45.

Lucas. 63 d. C. Cristo como o Filho do Homem. A frase chave; "Filho do Homem." 19:10.

João. 90 d. C. Cristo como Deus e o Filho de Deus. 1:1-4. 20:31.

3. A Ordem dos Evangelhos. É só por acaso que foram escritos nesta ordem certa e fixa de Mateus, Marcos, Lucas e João? A ordem escrita dos Evangelhos é divina e tem propósito e desenho divinos.

Mateus faz conexão com o Velho Testamento (as Escrituras Hebraicas). Mateus revela o Messias-Rei prometido do Velho Testamento aos Judeus. O Novo Testamento é o cumprimento do Velho - nota logo no começo do Novo Testamento que diz (Mateus 1:22). O primeiro livro do Novo Testamento manifesta o Messias-Rei prometido do Velho Testamento. É por isso Deus diz em Mateus: "Este é o meu amado Filho em quem me comprazo: escutai-o" (17:5).

Marcos representa o Messias como o Servo Fiel e Obediente de Deus. Marcos é um Judeu-Gentio (João Marcos) que faz conexão com o judeu e o gentio.

Lucas diz que o Messias é o Filho do Homem. Lucas era um médico e um gentio.

João declara que o Messias é o Filho de Deus eterno.

Dá para ver que a verdade falada nos quatro Evangelhos é progressiva, metódica e ordenada. Pode ser outra ordem dos Evangelhos do Novo Testamento? Não, somente esta dá.

4. Os Evangelhos Sinópticos e João.

Mateus, Marcos e Lucas são chamados os Evangelhos Sinópticos porque falam mais ou menos os mesmos acontecimentos da vida de Cristo.

João foi escrito alguns anos depois dos outros e relata matéria que os outros não relatam. Observa as seguintes coisas:

Os Evangelhos Sinópticos - O Evangelho de João

Os Fatos Públicos da Vida de Cristo - Os Fatos Íntimos da Vida de Cristo

Os Aspectos Humanos da Vida de Cristo - Os Aspectos Divinos da Vida de Cristo

Os Discursos Públicos da Vida de Cristo - Os Discursos Particulares da Vida de Cristo

O Ministério Galileu de Cristo - O Ministério Judeu de Cristo

5. Outra Diferença que combina com o tema de cada um dos Evangelhos; as Genealogias.

Mateus - O Evangelho do Messias-Rei de Israel começa com Abraão e faz conexão com Davi o rei e termina com José. Esta genealogia é através de José. Mostra que Jesus é o Messias prometido dos Judeus que assentará-se no trono de Davi como o Rei dos reis da terra no fim.

Marcos - Não tem genealogia porque não é necessário dar os antepassados de um servo, mas só de um rei.

Page 18: Estudo Mateus

Lucas - Esta genealogia é através de Maria. Começa com o sogro de José (e passa logo para a genealogia de Maria), e termina com Adão, porque Ele é representado em Lucas como o Filho do Homem.

João começa logo dizendo que Jesus Cristo é Deus (Jeová), o Filho Eterno de Deus conforme ao seu tema.

6. Os Começos e Os Fins dos Evangelhos.

Mateus - O Evangelho do Messias-Rei começa dizendo que Ele é o Messias prometido a Abraão que assentará-se no trono de Davi: e termina com a Sua ressurreição, a prova certa e absoluta de tudo isto.

Marcos - O Evangelho do Servo Fiel e Obediente de Deus começa contar logo a história do serviço da vida do Servo fiel, obediente e divino: e termina com este Servo exaltado no céu.

Lucas - O Evangelho do Filho do Homem começa contando a história do homem perfeito chamado Jesus: e termina com este Homem subindo para Deus nos céus.

João - O Evangelho do Filho de Deus começa com o fato que Ele é Deus: e termina com a promessa da Sua vinda gloriosa e poderosa.