estudo indicadores infraestrutura urbana campogrande
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UM ESTUDO DOS INDICADORES DE INFRA-ESTRUTURA
URBANA DA CIDADE DE CAMPO GRANDE
Paulo Vinícius Da Silva Raimundo1 & Leonardo Francisco Figueiredo Neto2
1Aluno do Curso de Ciências Econômicas da UFMS, bolsista de Iniciação Científica CNPq – PIBIC 2Professor da UFMS, Departamento de Economia e Administração; e-mail: e-mail: [email protected]
Resumo: Objetivou-se, através desse trabalho, fazer um estudo dos indicadores de
infra-estrutura urbana da cidade de Campo Grande, para isso foi feito primeiramente um
levantamento bibliográfico sobra o que são indicadores, para nortear o trabalho. Fez-se
também um estudo sobre funções administrativas, e discorreu-se com maior prioridade
sobre indicadores de infra-estrutura urbana. Foi estimado o valor do índice de infra-
estrutura urbana para a cidade de Campo Grande com base em dados do Censo
Demográfico de 2000 realizado pelo IBGE. Concluiu-se que o valor do índice mostra
que a oferta e qualidade de serviços prestados a população no ano 2000 está abaixo do
que se espera da capital do estado de Mato Grosso do Sul, porém as políticas adotadas
pelos últimos governantes da cidade podem fazer com que esse indicador de um salto, o
que poderá ser visto após o Censo que será realizado em 2010.
Palavras-chave: Indicadores sociais, infra-estrutura urbana, oferta e qualidade de
serviços
INTRODUÇÃO
Um indicador social apesar de ser uma medida em geral quantitativa, ele pode
ser usado para um fim social, como por exemplo, os indicadores podem ser analisados
para mostrar a situação de determinado setor da economia, ou até mesmo fornecer base
para o estudo da economia de determinado lugar como um todo.
De acordo com Heringer (2002), os principais indicadores utilizados no Brasil
são para revelar a dimensão das desigualdades raciais. Parte-se do princípio de que as
desigualdades raciais, ao afetarem a capacidade de inserção dos negros na sociedade
brasileira, comprometem a construção de um país democrático e com oportunidades
iguais para todos. As desigualdades estão presentes ao longo de toda a vida do
indivíduo, e se estendem desde o acesso à educação até o acesso a infra-estrutura
urbana, o que consequentemente também influi em uma exclusão destes indivíduos no
mercado de trabalho.
O uso de indicadores tem crescido bastante no Brasil, desde 1990 quando se
desenvolveu o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), e com a criação do Índice de
Desenvolvimento Humano Municipal em 1991, a expansão da criação e utilização
desses sistemas de indicadores sintéticos se tornou evidente.
De acordo com NAHAS (2006), foram criados entre os anos de 2003 e 2004, 19
novos sistemas de indicadores sintéticos, que tem contribuído para esclarecer a
população do trabalho que vem sendo feito pelos governos em relação ao
desenvolvimento social, e também tem grande contribuição como ferramenta analítica
utilizada pelos próprios governos, como o intuito de criar políticas para elevar esses
índices. Afinal o diagnóstico social, principalmente nos municípios, é parte integrante
do planejamento público.
Através da construção dos indicadores, é possível realizar um estudo para
determinado setor ou da economia como um todo e para realizar um trabalho desta
magnitude devem ser coletados dados referentes ao aspecto da sociedade, ou setor de
determinada localidade que se deseja estudar.
A confiabilidade de um indicador é uma propriedade relacionada à qualidade do
levantamento dos dados usados no seu cômputo (JANNUZZI, 2004).
Os indicadores têm elevada importância neste trabalho, pois é um recurso
metodológico que reduz uma grande quantidade de informações em um número que é
facilmente analisado, possibilitando a interpretação de informações de um determinado
fenômeno. A partir da construção dos indicadores que é realizada metodologicamente
agrupando os dados coletados por meio de métodos e técnicas quantitativas, o estudo
dos indicadores de infra-estrutura de Campo Grande torna-se importante, pois permite
que a população, e demais agentes da economia local saibam, como os recursos estão
sendo alocados, permite também que os administradores locais tenham através dos
números, conhecimento de quais setores carecem de maiores investimentos.
Do ponto de vista de infra-estrutura e dos serviços urbanos, é necessária a
avaliação além dos aspectos referentes ao saneamento básico (água, esgoto, lixo e
drenagem), mas também à rede de infra-estrutura básica de energia elétrica .
A medida que a população de uma determinada região cresce, o acesso a infra-
estrutura urbana aumenta, portanto a questão da oferta e da qualidade dos serviços se
torna um tema de investigação contínua. Tendo tamanha importância este cálculo dos
indicadores, para o esclarecimento de informações pertinentes a infra-estrutura urbana
de Campo Grande, é necessário que a metodologia aplicada para construção dos
indicadores seja a mais correta possível, para que não ocorram erros que venham a
interferir de maneira negativa na utilização dos mesmos para gerar melhorias no setor
de infra-urbana, ou até mesmo para não prestar esclarecimentos equivocados para a
população e autoridades envolvidas.
Superar as carências em abastecimento de água, esgotamento sanitário, manejo
de resíduos sólidos e de águas pluviais é um requisito fundamental pra a saúde e a
qualidade de vida das pessoas (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2004a).
A elaboração de um modelo que agrupa os serviços de infra-estrutura urbana, e
que ao mesmo tempo seja de fácil aplicação se comparado aos modelos existentes do
tipo: IQVU, IEX, IDESE; e que apresente de forma clara e simples, as deficiências e
eficiências de um bairro, cidade ou região; se justifica pelo fato de que será uma
importante ferramenta que os governantes poderão utilizar nas tomadas de decisões
(CLEZAR JUNIOR, 2006).
OBJETIVOS
A presente pesquisa visa analisar um conjunto de serviços de infra-estrutura
urbana básica que está diretamente vinculada à adequação domiciliar, como o
saneamento básico, energia elétrica, e domicílios com pavimento e calçamento no
entorno existente na cidade de Campo Grande através de alguns indicadores, elaborados
a partir de um conjunto de variáveis que possibilitam verificar as condições de acesso da
população a alguns serviços essenciais de infra-estrutura urbana, além de avaliar a
qualidade dos serviços urbanos disponíveis.
INDICADORES SOCIAIS: O QUE SÃO?
Um indicador social nada mais é que, uma ferramenta quantitativa de caráter
social, onde o seu uso tem por finalidade: substituir, quantificar ou operacionalizar um
conceito social. Os indicadores podem ser utilizados em pesquisas acadêmicas, onde o
indicador social é o elo entre os modelos explicativos da Teoria Social e a realidade
observada através dos fenômenos sociais; também podem ser usados para formulação e
reformulação de políticas públicas, pois um indicador social é um instrumento
operacional de monitoramento da realidade vivida pela sociedade.
Os indicadores são portanto um recurso metodológico, que é formado por
evidências empíricas, e informa algo sobre determinado aspecto da sociedade ou sobre
mudanças que estão se processando na mesma. Um indicador é um recurso que reduz
uma grande quantidade de informações em um número que é facilmente analisado,
possibilitando a interpretação de informações de um determinado fenômeno.
De acordo com Caldas e Kayano (2002):
“(...) Adotando-se técnicas para ponderação dos valores, pode-se criar
índices que sintetizem um conjunto de aspectos da realidade e representem
conceitos mais abstratos e complexos, tais como, qualidade de vida, grau de
desenvolvimento humano de uma comunidade ou ainda, nível de desempenho de
uma gestão.” (Caldas e Kayano, 2002, p.2)
Subsidiando as atividades de planejamento público e formulação de políticas
sociais em diferentes setores da administração pública, os indicadores permitem o
monitoramento das condições de vida e bem-estar da população. A construção de um
indicador também permite um aperfeiçoamento da investigação acadêmica sobre as
mudanças que ocorrem na sociedade e sobre os determinantes que possivelmente
influenciaram na ocorrência de determinado evento.
Pode-se considerar que à utilização dos indicadores podem servir para os mais
diversos objetivos e finalidades de sua formulação e construção. Sendo importante ter
clareza da função e da utilidade, sob o risco de se produzir informações inadequadas
sobre a realidade na qual se pretende intervir (JANUZZI, 2004).
Nas palavras de Caldas e Kayano (2002):
“(...) pode-se comparar os indicadores a fotografias de determinadas
realidades sociais. Os indicadores aplicados a determinados espaços territoriais
(aplicados a uma localidade) podem ser comparados ao longo do tempo
permitindo um acompanhamento das alterações de uma mesma realidade, do
mesmo modo que as fotografias de uma mesma pessoa podem ser comparadas ao
longo do tempo. Por outro lado, pode-se também comparar localidades diferentes
e estabelecer comparações entre elas, do mesmo modo que se podem comparar
fotos de pessoas diferentes para observar suas semelhanças e diferenças.” (Caldas e Kayano, 2002, p. 2)
Dessa forma, fica claro que a construção de um indicador deve ser feita
criteriosamente, pois são uma forma de mensuração, ou seja, um indicador sintetiza
através de métodos quantitativos, um conjunto de informações em um número que
permite analisar o comportamento da sociedade em determinados aspectos, e poder
solucionar problemas que eventualmente venham ocorrendo (JANUZZI, 2004).
A clareza de se construir um indicador de qualidade, remete a uma
esquematização de como fazê-lo. Primeiramente a qualidade de um indicador depende
das propriedades dos componentes utilizados em sua construção como: freqüência dos
eventos, tamanho da população, taxa de natalidade, renda per capita, entre outros; e um
segundo ponto a ser colocado é relacionado à precisão dos sistemas de informação
empregados para coleta de dados, que vão dar origem aos indicadores.
Estatísticas públicas como dados censitários, estimativas amostrais e registros
administrativos, são informações brutas, ou seja, são dados que não fornecem uma
informação de forma efetiva, afinal seu esclarecimento a luz da realidade vivida pela
sociedade deixa a desejar. Porém essas estimativas públicas são as matérias-primas para
a construção de indicadores sociais, que por sua vez possui um teor muito mais elevado
de entendimento, facilitando as análises de determinados aspectos de uma sociedade.
Eles são expressos como taxas, proporções, médias, índices, distribuição por
classes e também por cifras absolutas.
SISTEMA DE INDICADORES SOCIAIS
O Sistema de Indicadores Sociais pode ser determinado, como um conjunto de
indicadores sociais referidos a um determinado aspecto da realidade social ou área de
intervenção programática. A construção de um sistema de indicadores envolve uma
série de decisões metodológicas, que estão dotadas de grande importância na montagem
do sistema, e estão agrupadas em quatro etapas, a primeira corresponde à definição
operacional do conceito abstrato ou temática a que refere o sistema em questão, a partir
dessa noção preliminar passa-se à especificação das suas dimensões tornando-o, de fato,
um objeto específico, claro e passível de ser “indicado” de forma quantitativa, a etapa
seguinte consiste na obtenção das estatísticas públicas pertinentes, por fim, através da
combinação orientada das estatísticas disponíveis computam-se os indicadores,
compondo um Sistema de Indicadores Sociais, que traduz em termos mais tangíveis o
conceito abstrato inicialmente idealizado (JANUZZI, 2004).
CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO DOS INDICADORES
De acordo com Jannuzzi (2004), existem várias formas de se classificar os
indicadores sociais, porém a forma mais comum de se classificar os indicadores é a
divisão segundo a área temática da realidade social a que se referem. Há, assim, os
indicadores de saúde, os indicadores educacionais, os indicadores de mercado de
trabalho, os indicadores demográficos, os indicadores de renda e desigualdade entre
outros. Há classificações temáticas mais agregadas, usadas na denominação dos
Sistemas de Indicadores Sociais, como os indicadores socioeconômicos, de condições
de vida, de qualidade de vida, desenvolvimento humano ou indicadores ambientais.
Uma outra classificação básica e usual corresponde à divisão dos indicadores
entre objetivos e subjetivos, ou também denominados por outros estudiosos como
quantitativos e qualitativos respectivamente. Os indicadores objetivos se referem à
ocorrências concretas ou entes empíricos da sociedade, construídos a partir das
estatísticas públicas disponíveis, são exemplos de indicadores objetivos o percentual de
domicílios com acesso à rede de água e esgoto. Os indicadores subjetivos ou
qualitativos correspondem a medidas construídas a partir da avaliação de indivíduos ou
especialistas com relação a diferentes aspectos da realidade, levantadas em pesquisas de
opinião pública ou grupos de discussão, até por isso alguns pesquisadores o denominam
como subjetivos. O Índice de confiança nas instituições é um dos indicadores subjetivos
produzidos periodicamente.
A distinção entre indicadores descritivos e indicadores normativos é outra
maneira de classificar os indicadores sociais. Os descritivos apenas “descrevem”
características e aspectos da realidade empírica, ou seja seu valor apenas é utilizado
como um meio de analisar o que está ocorrendo na realidade. Os indicadores
normativos, ao contrário, refletem explicitamente juízos de valor ou critérios normativos
com respeito à dimensão social estudada.
Os indicadores podem ser diferenciados em dois conjuntos: simples ou
compostos. Os indicadores simples são construídos a partir de uma estatística social
específica, referida a uma dimensão social eleita. Já os indicadores compostos, também
chamados de sintéticos, são construídos mediante a aglutinação de dois ou mais
indicadores simples, referidos a uma mesma ou diferentes dimensões da realidade social
(JANUZZI, 2004).
Uma classificação bastante relevante para a análise e formulação de políticas
sociais é a diferenciação dos indicadores sociais quanto à natureza do ente indicado, se
recurso (indicador-insumo), ser realidade empírica (indicador-produto) ou processo
(indicador-processo). Os indicadores-insumo (input indicators) correspondem às
medidas associadas à disponibilidade de recursos humanos, financeiros ou
equipamentos alocados para um processo ou programa que afeta uma das dimensões da
realidade social. Os indicadores-produto (outcome ou output indicators) são aqueles
mais propriamente vinculados às dimensões empíricas da realidade social, referidos às
variáveis resultantes de processos sociais complexos. Os indicadores-processo ou fluxo
(throughput indicators) são os indicadores intermediários, que traduzem em medidas
quantitativas o esforço operacional de alocação de recursos para obtenção de melhorias
efetivas de bem-estar (JANUZZI, 2004).
POLÍTICAS PÚBLICAS
As Políticas públicas se situam em torno do foco no papel do Estado enquanto
produtor de políticas públicas. Mead (1995) a define como um campo dentro do estudo
da política que analisa o governo à luz de grandes questões públicas. Política seria uma
teia de decisões que alocam valor; uma ação composta de várias decisões inter-
relacionadas que buscam alocar valor, ou seja, buscam realizar determinado objetivo
através de uma ação específica. Política seria um termo usado para se referir a um
processo de tomada de decisões, e também à ação resultante desse processo. Embora o
termo política seja utilizado com diversos significados, aqui ele se refere a esse processo
de tomada de decisões.
Já políticas públicas, segundo Dye (1984), seria a explicação das causas e
conseqüências da ação do governo, mas não no sentido proposto pelos cientistas
políticos que concentram seus estudos nas instituições e nas estruturas de governo, e
sim a preocupação com o que o governo faz. Então, a análise de política (pública),
passa a ser o exame das causas e conseqüências da ação governamental.
conscientemente desenvolvida para a continuidade das atividades da empresa e seu
“focus” principal é a consideração objetiva do futuro.
Assim, uma análise a cerca de políticas públicas deve se preocupar tanto com a
fase de planejamento de uma política pública (formulação, implementação e avaliação),
como da fase de definição da política.
Políticas públicas têm por objetivo explicar a forma como se dá o processo
decisório quanto à adoção de uma política pública específica, ou seja, o porquê da
escolha de uma política em detrimento de outra, e como se dá essa escolha. Na visão de
Souza (2003), “a política pública envolve processos subseqüentes após sua decisão e
proposição, ou seja, implica também implementação, execução e avaliação”.
Nesse sentido o presente trabalho tem por objetivo entender e calcular o Índice
de Infra-estrutura Urbana (INFRA) para o município de Campo Grande, e verificar que
fatores compõem esse sistema de indicador, e classificar o município de acordo com seu
índice e analisar a relação entre a formulação de indicadores sociais sintéticos e a
formulação de políticas públicas.
PRINCIPAIS INDICADORES USADOS NO BRASIL
De acordo com Heringer (2002), os principais indicadores utilizados no Brasil
são para revelar a dimensão das desigualdades raciais. Parte-se do princípio de que as
desigualdades raciais, ao afetarem a capacidade de inserção dos negros na sociedade
brasileira, comprometem a construção de um país democrático e com oportunidades
iguais para todos. As desigualdades estão presentes ao longo de toda a vida do
indivíduo, e se estendem desde o acesso à educação até o acesso a infra-estrutura
urbana, o que consequentemente também influi em uma exclusão destes indivíduos no
mercado de trabalho.
Partindo do princípio de que o Brasil é um país onde as desigualdades já foram e
ainda são motivos de grande discussão, torna-se evidente que os indicadores que são
utilizados com maior ênfase são aqueles que estão relacionados à temática de exclusão
social. Sendo assim torna-se fácil a visualização dos principais indicadores utilizados no
Brasil que são: indicadores de saúde, educacionais, de mercado de trabalho, de
segurança pública e justiça, de renda e desigualdade e de infra-estrutura urbana.
De acordo com NAHAS (2006), foram criados entre os anos de 2003 e 2004, 19
novos sistemas de indicadores sintéticos, que tem contribuído para esclarecer a
população do trabalho que vem sendo feito pelos governos em relação ao
desenvolvimento social, e também tem grande contribuição como ferramenta analítica
utilizada pelos próprios governos, como o intuito de criar políticas para elevar esses
índices. Afinal o diagnóstico social, principalmente nos municípios, é parte integrante
do planejamento público.
O uso de indicadores tem crescido bastante no Brasil, desde 1990 quando se
desenvolveu o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), e com a criação do Índice de
Desenvolvimento Humano Municipal em 1991, a expansão da criação e utilização
desses sistemas de indicadores sintéticos se tornou evidente.
CAMPO GRANDE: INFORMAÇÔES GERAIS
A área da unidade territorial da cidade de Campo Grande é de 8.096 km2.
De acordo com o censo realizado no ano 2000 pelo IBGE, o número que
corresponde a população no quesito de pessoas residentes na cidade é de 663.621
habitantes. O número de domicílios particulares permanentes em 2000 era de 185.559
habitantes e o número de famílias residentes em domicílios particulares foi de 199.605
famílias, dado fornecido também pelo censo realizado no ano de 2000.
No Brasil há um histórico de planejamento urbano inconsistente, e em Campo
Grande é possível notar que o crescimento urbano se deu de forma irregular, com a
presença de bairros com enorme afastamento das regiões centrais, com dificuldade de
acesso a diversos serviços e dificuldade de deslocamento da população para o trabalho,
entre outras atividades.
INDICADORES DE INFRA-ESTRUTURA URBANA
Superar as carências em abastecimento de água, esgotamento sanitário, manejo
de resíduos sólidos e de águas pluviais é um requisito fundamental pra a saúde e a
qualidade de vida das pessoas (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2004a).
Do ponto de vista de infra-estrutura e dos serviços urbanos, é necessária a
avaliação além dos aspectos referentes ao saneamento básico (água, esgoto, lixo e
drenagem), mas também à rede de infra-estrutura básica de energia elétrica e transporte
urbano.
À medida que uma determinada localidade cresce a população com acesso aos
serviços de infra-estrutura urbana cresce também, portanto a oferta e a qualidade dos
serviços que são disponibilizados às pessoas, devem ser fiscalizadas continuamente. A
freqüência de coleta de lixo, regularidade no abastecimento e qualidade de água
utilizada e extensão da malha viária urbana pavimentada são variáveis que já demandam
produção regular de indicadores.
Para o cálculo dos indicadores relevando a oferta e a qualidade dos serviços de
infra-estrutura urbana, é importante utilizar a proporção de domicílios adequados, e a
taxa de cobertura dos serviços urbanos.
PROPORÇÃO DE DOMICÍLIOS ADEQUADOS
A adequação domiciliar depende de vários atributos objetivos e apreciações
subjetivas dos moradores. Entre os atributos objetivos existem os que fazem referência
aos aspectos físicos dos domicílios e seu entorno, como os materiais que compõem as
paredes, os pisos e telhados, a disponibilidade de conexão à rede elétrica, a forma como
é fornecida a água, a existência de esgotamento instalado e guias de sarjetas. Devido à
escassa disponibilidade de avaliações subjetivas, os indicadores de adequação acabam
sendo construídos com base em informações objetivas levantadas, geralmente em
censos e pesquisas amostrais.
A construção destes indicadores, apesar de ter um conjunto de aspectos menor a
se considerar, envolve um número de cruzamentos e decisões normativas consideráveis.
Estes indicadores tomam a forma de escalas nominais, do tipo domicílio precário,
satisfatório e mais que satisfatório; a partir destes se torna possível avaliar o nível de
adequação domiciliar, através da proporção de domicílios adequados. Utilizando essas
cifras para estimar o déficit habitacional, torna-se mais fácil orientar a formulação de
programas de construção de moradias populares.
Para comparações inter-regionais no Brasil, podem ser empregados ainda
indicadores de adequação domiciliar mais específicos como a densidade de moradores
por cômodo, proporção de domicílios em favelas, barracos ou moradias construídas com
material aproveitado, ou ainda a proporção de famílias residentes em moradias ou
terreno invadidos.
Alguns critérios normativos para adequação domiciliar (JANNUZZI, 2004):
-Tipo e durabilidade do material empregado nas paredes, piso e telhado;
-Acesso à infra-estrutura urbana (saneamento básico, luz);
-Tipo de instalação sanitária e uso privativo/ coletivo da mesma;
-Característica do entorno (sarjetas, calçadas, asfalto);
-Proximidade a serviços, comércio e transporte;
-Separação funcional das atividades cotidianas (para preparação de alimentos,
higiene pessoal, repouso e interação social);
-Quantidade de cômodos e quartos de dormir;
-Apreciação subjetiva dos moradores sobre condições habitacionais, vizinhança,
bairro, etc.;
-Valor do aluguel vis-a-vis à renda familiar.
TAXA DE COBERTURA DE SERVIÇOS URBANOS
A adequação domiciliar na zona urbana depende basicamente de fatores como,
acesso a rede de infra-estrutura básica de energia elétrica, abastecimento de água
tratada, saneamento e coleta de lixo. Conforme Jannuzzi (2004), à cobertura dos
serviços de infra-estrutura urbana auxiliaram muito na redução das taxas de mortalidade
infantil. O autor citado expõe o seguinte:
“[...] adequação domiciliar na zona urbana depende, entre outros fatores,
do acesso à rede de serviços de infra-estrutura básica de luz elétrica,
abastecimento de água tratada, saneamento e coleta de lixo. Historicamente, os
grandes os grandes progressos contra a mortalidade infantil no Terceiro Mundo,
decorrente de doenças infecto-parasitárias, se devem à ampliação da cobertura
destes serviços. Daí a relevância dos mesmos como indicadores sociais para
políticas de desenvolvimento urbano.”
Taxas de cobertura podem ser calculadas de duas maneiras: como proporção de
domicílios com acesso aos serviços a partir de dados censitários ou amostrais, também
podem ser calculadas por meio da razão entre os dados administrativos das prefeituras e
empresas concessionárias de serviços pelo valor total de domicílios estimados.
De acordo com Jannuzzi (2004), essas medidas podem apresentar diferenças,
que tem elevada significância em alguns casos. O autor citado coloca que:
“As duas medidas costumam apresentar diferenças, em alguns casos
bastante significativas, devido a uma série de fatores (falta de correspondência
entre domicílios e economias/ligações residenciais, contabilização ou não de
domicílios de uso ocasional ou fechados, extensão da área geográfica coberta,
existência de ligações clandestinas etc.).”
È importante listar os principais serviços de infra-estrutura urbana para tornar
clara a forma utilizada para calcular os indicadores, como:
- Acesso à rede de água tratada;
- Nível de consumo de água;
- Qualidade da água encanada;
- Disponibilidade de esgotamento sanitário;
- Disponibilidade de serviços de coleta de lixo;
- Freqüência de coleta de lixo;
- Acesso à rede de energia elétrica;
- Domicílios com iluminação pública, calçamento e pavimento no entorno.
METODOLOGIA
Esta pesquisa utilizou o método correspondente ao de uma pesquisa
bibliográfica descritiva, onde foi feito primeiramente um levantamento bibliográfico,
portanto de materiais como livros, artigos e dissertações, entre outros, com a finalidade
de usá-los como fonte de informações.
Num segundo momento tornou-se necessária uma coleta de dados, que
propiciaram a construção dos indicadores, que posteriormente serviram para analisar
como a sociedade campograndense se encontra em termos de infra-estrutura urbana.
A construção e análise dos indicadores terão por base dados do censo
demográfico do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (censo
demográfico e Pesquisa Nacional por Amostra de domicílios – PNAD) realizado no ano
2000.
A construção do indicador é feita com referência a adequação domiciliar que
Jannuzzi (2004) expõe o seguinte: a adequação domiciliar na zona urbana depende
basicamente de fatores como, acesso a rede de infra-estrutura básica de energia elétrica,
abastecimento de água tratada, saneamento e coleta de lixo, e para tornar o indicador
mais interessante também foi incluída a variável que demonstra o número de Domicílios
com iluminação pública, calçamento e pavimento no entorno.
A metodologia utilizada para calcular o índice de infra-estrutura urbana neste
estudo é proposta pelo autor do trabalho, e trata-se de uma adaptação da metodologia
elaborada por Clezar Júnior (2006) aliada a uma forma simples de cálculo de índices
proposta por Jannuzzi (2004).
O cálculo do índice de Infra- estrutura Urbana básico ao qual chamaremos de
INFRA é feito de maneira simples, e primeiramente são definidas as variáveis que serão
utilizadas para calcular o índice, as quais são apresentadas à seguir:
X1 = razão do número de domicílios ligados a rede geral de esgotos pelo total de
domicílios particulares permanentes;
X2 = razão do número de domicílios atendidos com o serviço de coleta de lixo
pelo total de domicílios particulares permanentes;
X3 = razão do número de domicílios atendidos pelo serviço de energia elétrica
pelo total de domicílios particulares permanentes;
X4 = razão do número de domicílios atendidos por abastecimento de água pelo
total de domicílios particulares permanentes;
X5 = razão do número de domicílios com iluminação pública, calçamento e
pavimento no entorno pelo total de domicílios particulares permanentes.
Dessa forma obtêm-se o valor de cada variável que podem assumir valores de 0
a 1 que então são multiplicados por seus pesos apresentados no quadro 1, que foram
distribuídos de acordo com a importância de cada variável.
Como segundo passo, atribuímos peso as variáveis de acordo com a importância
de cada uma em caráter social, de acordo com as maiores necessidades da população.
Portanto as variáveis que representam a porcentagem de domicílios atendidos por
abastecimento de água e serviço de energia elétrica tem uma importância maior que as
demais variáveis portanto recebem um peso maior.
A variável associada a porcentagem de domicílios atendidos com o
serviço de esgotamento sanitário tem uma maior significância, por ter um apelo
sanitário forte, está intimamente ligada a saúde da população, por tanto a essa variável é
atribuído um valor superior as variáveis que correspondem a porcentagem de domicílios
com iluminação pública, calçamento e pavimento no entorno, e porcentagem de
domicílios atendidos com o serviço de coleta de lixo. Portanto fica estabelecido os
pesos das variáveis como é apresentado no quadro 1:
Quadro 1: Variáveis e seus respectivos pesos para estimar o indicador.
Variáveis Peso das Variáveis
X1 0,15
X2 0,20
X3 0,25
X4 0,25
X5 0,15
Portanto a fórmula geral para o cálculo do índice é apresentada da seguinte
maneira na equação 1:
INFRAy = 0,15 X1 + 0,20 X2 + 0,25 X3 + 0,25 X4 + 0,15 X5
y = corresponde ao ano para o qual o índice está sendo calculado.
Os valores podem variar de 0 a 1, sendo que quanto mais próximo de 1 for o
valor obtido pelo cálculo do índice, melhores são as condições de infra-estrutura urbana
da cidade de Campo Grande.
Assim como na classificação do IDH, o valor do índice de Infra-estrutura
Urbana calculado para Campo Grande será classificado como: baixo desenvolvimento
(INFRA inferior a 0,5); médio desenvolvimento (INFRA entre 0,5 e 0,8) e alto
desenvolvimento (INFRA acima de 0,8).
Com os objetivos e problemas já pré-definidos, a utilização desse método
possibilitou a construção de indicadores de infra-estrutura urbana para a cidade de
Campo Grande, o que poderá solucionar vários problemas que afligem a população
local por parte dos gestores que poderão intervir com melhorias para a sociedade, e que
também pode possibilitar o surgimento de novos trabalhos no campo acadêmico a
respeito de indicadores de infra-estrutura.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Utilizando a metodologia descrita anteriormente foi possível estimar o Índice de
Infra-estrutura Urbana da cidade de Campo Grande.
Quadro 2: Valores percentuais calculados para as variáveis do modelo.
Variáveis X1 X2 X3 X4 X5
Valor (%) 19,41 97,12 99,69 87,70 57,69
Analisando separadamente as variáveis que compõe o índice, podemos notar que
apenas em relação ao serviço de esgotamento sanitário na cidade de Campo Grande até
o ano 2000, a porcentagem de domicílios ligados a rede geral de esgotos é muito baixa,
estando em apenas 19,41%. A variável que corresponde a percentagem de domicílios
com iluminação pública, calçamento e pavimento no entorno é de 57,69% o que
também não é um número satisfatório para a cidade de Campo Grande.
A porcentagem de domicílios atendidos com abastecimento de água é de 87,7%
o que aparenta ser um valor bastante elevado, porém por ser um serviço essencial para a
vida da população, o ideal seria que esse número estivesse o mais próximo de 100%.
O valor percentual de domicílios atendidos com o serviço de coleta de lixo é
bastante alto, e impressiona, pois são 97,12 % do total de domicílios particulares
permanentes que tem seu lixo coletado e com uma freqüência de 3 vezes por semana.
Outro número bastante expressivo é a porcentagem de domicílios particulares
permanentes atendidos pelo serviço de energia elétrica que é de 99,69% o que
demonstra que em termos de infra-estrutura urbana básica, a cidade de Campo Grande
tem seus pontos fortes.
Com os valores das variáveis já apresentados no quadro 2, é possível dar
seguimento ao cálculo do índice, substituindo o valor de cada variável em números
decimais na equação 1 e calculando. Portanto temos a equação 2:
INFRA2000= 0,15*0,1941 + 0,20*0,9712 + 0,25*0,9969 + 0,25*0,8770 + 0,15*0,5769
INFRA2000= 0,7784
Quadro 3: Perfil da Infra-estrutura Urbana de Campo Grande
O valor do índice de infra-estrutura urbana básica da cidade de Campo Grande
calculado com base nos dados do Censo realizado no ano 2000 pelo IBGE é de 0,7784,
portanto pode-se dizer que o a situação dos serviços de infra-estrutura urbana no ano
referido era regular, pois como foi dito anteriormente, quanto mais próximo de 1 for o
valor melhores são as condições dos serviços prestados pela administração pública a
população.De acordo com a classificação que foi ponderada na metodologia a cidade de
Campo Grande no ano de 2000 tinha um médio desenvolvimento em termos de infra-
estrutura urbana já que o valor do índice calculado figura entre 0,5 e 0,8.
CONCLUSÃO
Campo Grande por ser uma cidade em pleno desenvolvimento tem recebido um
tratamento em relação a infra-estrutura urbana por parte de seus administradores que é
bastante adequado pois várias obras e melhorias foram feitas do ano 2000 até os dias de
hoje, e provavelmente um novo cálculo de índice com os dados do censo que será
realizado em 2010, poderá ser notada uma melhora em relação a esses serviços. Os
resultados da pesquisa foram satisfatórios e espera-se que os administradores da cidade
possam melhorar os setores de serviços de infra-estrutura urbana que não apresentaram
bom desempenho e que novos trabalhos sejam realizados após esse para que sempre
haja um parâmetro para que se possa avaliar e discutir como as pessoas estão sendo
assistidas pelos serviços essenciais de infra-estrutura urbana em Campo Grande.
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IBGE- Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística