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Universidade de São Paulo Escola Politécnica Departamento de Engenharia Mecânica Daniel Felício de Medeiros Estudo Experimental de Atenuadores de VIV São Paulo 2006 A-PDF MERGER DEMO

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Universidade de São Paulo

Escola Politécnica

Departamento de Engenharia Mecânica

Daniel Felício de Medeiros

Estudo Experimental de Atenuadores de VIV

São Paulo

2006

A-PDF MERGER DEMO

Daniel Felício de Medeiros

Estudo Experimental de Atenuadores de VIV

Relatório final do trabalho de formatura apresentado ao departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de São Paulo.

Área de concentração: Engenharia Mecânica; Dinâmica de Fluidos; Vibrações Induzidas por Vórtices. Orientador: Prof. Dr. Júlio R. Meneghini

São Paulo

2006

FICHA CATALOGRÁFICA

Medeiros, Daniel Felício de

Estudo experimental da atenuação do fenômeno de VIV / D.F. de Medeiros. -- São Paulo, 2006.

p. 91

Trabalho de Formatura - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia Mecânica.

1.Vibrações induzidas por vórtices 2.Dinâmica dos fluidos

3.Mancais I.Universidade de São Paulo. Escola Politécnica. Departamento de Engenharia Mecânica II.t.

AGRADECIMENTOS

Inicialmente agradeço a Petrobrás pelo apoio dado ao desenvolvimento deste projeto.

Neste sentido a empresa contribuiu não somente com a motivação necessária, mas também

com o patrocínio técnico e financeiro utilizado no desenvolvimento do projeto. Por ser um

trabalho que faz parte de um projeto maior desenvolvido para a Petrobrás convém ressaltar

que todas as informações presentes neste trabalho são de propriedade dos autores e da

Petrobrás, ficando a publicação a cargo dos mesmos.

Gostaria de agradecer também aos alunos Ivan Korkischo e Rafael Giória que

contribuíram efetivamente na realização deste trabalho e estiveram presentes em todas as

etapas do desenvolvimento do presente estudo. Ao professor André Fujarra e ao aluno

Guilherme Franzini um agradecimento pela contribuição no desenvolvimento da base elástica

com mancais a ar.

Ao orientador Prof. Dr. Julio R. Meneghini meu especial agradecimento não somente

pelo auxilio prestado durante a preparação do presente estudo, mas durante os últimos 2,5

anos na qual desenvolvi meu projeto de iniciação cientifica. Com certeza a experiência

acadêmica adquirida neste período foi e será de grande importância para o crescimento

pessoal e profissional e será carregada para toda a vida.

Por fim agradecimento aos pais, familiares e amigos que sempre me apoiaram durante

todo o período acadêmico e são aqueles que realmente dão sentido a vida.

1. RESUMO

A análise de vida útil de “risers” depende fortemente do fenômeno de Vibrações

Induzidas por Vórtices (VIV). Para o critério de projeto que impõe uma vida útil superior a

200 anos, o fenômeno de VIV deve ser evitado, o que implica na adoção de sistemas de

supressão ou ao menos atenuação de VIV.

Algumas soluções atualmente aplicadas para minimizar essas VIV são extremamente

onerosas, chegando à cifra de 4 milhões de dólares por riser instalado e podendo alcançar 80

milhões de dólares por sistema de produção! Assim, analisar a natureza dos fenômenos,

estudar sua influência sobre conjuntos de estruturas e propor novas soluções viáveis que

reduzam os efeitos danosos e aumente a durabilidade dos dutos são fundamentais.

O presente estudo buscará avaliar experimentalmente um dos métodos de atenuação

do fenômeno de VIV mais utilizados e que apresenta interesse pratico de aplicação pela

Petrobras: os “strakes”. A síntese do projeto é a obtenção dos parâmetros ótimos de strakes e

uma melhor compreensão do fenômeno a qual proporcionará as condições para o

desenvolvimento de novos mecanismos de atenuação de VIV.

Neste projeto pretende-se investigar o fenômeno segundo duas abordagens distintas

mas complementares: obtenção da curva de resposta A/D x Vr, para cilindros com strakes

montados em base elástica e obtenção dos campos de vorticidade utilizando sistema PIV.

Os ensaios mostraram que todos os modelos com strake ensaiados apresentaram

redução da amplitude de oscilação. O caso que apresentou a menor resposta foi aquele com

passo p=10D e h=0.2D. O strake com pequena altura (h=0.1D), apresentou uma amplitude de

oscilação da ordem de 50% da amplitude do cilindro liso, muito superior a amplitude de

oscilação do strake com altura maior (h=0.2D) que foi de aproximadamente 10% da

amplitude do cilindro liso. Conclui-se a principio que o parâmetro de maior relevância no

projeto dos strakes é a altura do strake e não o passo.

1

ÍNDICE

2. Introdução...........................................................................................................................4 3. Escoamento ao Redor de Cilindros Oscilando ...................................................................7

3.1. Introdução...................................................................................................................7 3.2. Base Elástica...............................................................................................................7 3.3. Parâmetros do Problema.............................................................................................8 3.4. Modos de Formação de Vórtices ..............................................................................10 3.5. Amplitude Máxima...................................................................................................11

4. Atenuadores de VIV .........................................................................................................14 4.1. Introdução.................................................................................................................14 4.2. Desenvolvimento ......................................................................................................16

4.2.1. Protusões na superfície ...........................................................................................16 4.2.2. Mecanismos de Promoção de turbulência na Camada Limite................................16 4.2.3. “Strakes”.................................................................................................................20

4.3. Conclusões.....................................................................................................................32 5. Desenvolvimento da Base Elástica...................................................................................35

5.1. Objetivos do Projeto .................................................................................................35 5.2. Estudo da solução adotada........................................................................................36 5.3. Projeto da Base Elástica ...........................................................................................38

5.3.1. Mancais Aerostáticos..............................................................................................38 5.3.2.Engaste ....................................................................................................................42 5.3.3.Base Fixadora ..........................................................................................................44 5.3.4.Molas .......................................................................................................................46 5.3.5.Projeto Final ............................................................................................................46

6. Base Elástica com Lâminas Fletoras ................................................................................48 7. Ensaios: Cilindro Liso e Cilindro com Strake ..................................................................53

7.1. Ensaios com Base Elástica Fletora ...........................................................................53 7.2. Ensaios com Base Elástica com Mancais a Ar .........................................................65

8. Medições do Campo de Vorticidade Utilizando Sistema PIV .........................................80 8.1. Cilindro liso oscilando..............................................................................................80 8.2. Cilindro com strakes oscilando ................................................................................82

9. Referencias Bibliográficas................................................................................................91

2

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 2-1 - Foto do transporte de uma “spar” no Golfo do México. Reproduzido de Brankovic [9].....6Figura 3-1 - Amplitude de resposta A*max = Amax/D, versus a velocidade reduzida U*, mostrando os ramos de excitação. Reproduzida de Khalak e Williamson [2]..............................................................10Figura 3-2 – Resposta de amplitude máxima em função da velocidade reduzida, com destaque para os modos de formação de vórtices para cada faixa de velocidade. Reproduzida de Govardhan e Williansom [6] .......................................................................................................................................11Figura 3-3 - Coletânia de resultados de amplitude máxima de oscilação para um cilindro montado em base elástica. Reproduzida de Khalak e Williamson [2] ........................................................................12Figura 4-1. Mecanismos de atenuação de VIV baseados em protusões de superfície: (a) mecanismos omnidirecionais, (b) mecanismos unidirecionais, reproduzida de Meneghini [8]. ................................15Figura 4-2. Mecanismos de atenuação de VIV que utilizam invólucros metálicos, reproduzidas de Meneghini [8].........................................................................................................................................16Figura 4-3. Mecanismos de atenuação de VIV que utilizam estabilizadores da região da esteira próxima ao cilindro, reproduzida de Meneghini [8]...............................................................................16Figura 4-4. Efeito do coeficiente de arrasto de um fio soldado à superfície do cilindro (reproduzido de Fage & Warsap apud. Meneghini [8])....................................................................................................19Figura 4-5 Efeito do coeficiente de arrasto de um fio soldado à superfície do cilindro (reproduzido de James & Truong (1981) apud Meneghini [8])........................................................................................20Figura 4-6. Efeito da altura dos “strakes” na oscilação devido a vórtices em um cilindro bidimensional (reproduzido de Scruton and Walshe, apud Meneghini [8]). .................................................................23Figura 4-7. Parâmetro de Massa-amortecimento, m* , versus máxima amplitude de Khalak & Williamson [2]. ......................................................................................................................................24Figura 4-8. Variação da amplitude versus velocidade reduzida para o quarto cilindro em uma linha de quatro (reproduzido de Vickery & Watkins (1964) apud Meneghini [8]...............................................26Figura 4-9. Invólucro Perfurado (reproduzido de Price (1956) apud Meneghini [8])............................28Figura 4-10. Mecanismos de atenuação ensaiados por Wong e Kokkalis (1982) apud Meneghini [8])29Figura 4-11. Amplitude máxima de oscilação (pico a pico) de cilindros com diversos mecanismos de atenuação de VIV instalados (reproduzida de Wong e Kokkalis (1982) apud Meneghini [8]). ............30Figura 4-12. Amplitude de oscilação versus Velocidade Reduzida para um parâmetro de amortecimento estrutural igual a 1.8 (reproduzida de Wong e Kokkalis (1982) apud Meneghini [8]). 30Figura 4-13. Coeficientes de arrasto versus o número de Reynolds para cilindros com vários mecanismos de atenuação (reproduzida de Wong e Kokkalis (1982) apud Meneghini [8])..................32Figura 5-1 – Vista lateral do modelo de base elástica unidimensional que será construído no NDF, similar ao modelo existente no Imperial College e no Cornell University. Reproduzido de Khalak e Williansom [2] .......................................................................................................................................36Figura 5-2 – Base elástica unidimensional similar, em funcionamento no Imperial College. ...............37Figura 5-3 - Modelo de mancal aerostático que será utilizado no projeto da base elástica. Reproduzido de Brankovic [9].....................................................................................................................................38Figura 5-4 - Desenho em CAD da bucha do mancal projetada..............................................................41Figura 5-5 - Desenho em CAD do mancal projetado (corpo + bucha). .................................................42Figura 5-6 - Desenho em CAD do engaste.............................................................................................43Figura 5-7 - Desenho em CAD do engaste com as guias cilíndricas. ....................................................44Figura 5-8 - Desenho em CAD da base fixadora. ..................................................................................45Figura 5-9 – Desenho em CAD do projeto final da base elástica com as partes agrupadas, exceto as molas. .....................................................................................................................................................47Figura 5-10. Fotos da base elástica com mancais a ar sendo instalada no canal de águas circulante do NDF. (ainda sem guias, engaste e molas). .............................................................................................47Figura 6-1: Base fletora com um par de lâminas na posição deslocada. Reproduzido de Ássi [10]. .....49Figura 6-2: Modelo de cilindro e base fletora montados na seção de testes dos canais. Reproduzido de Ássi [10]. ................................................................................................................................................49Figura 6-3: Exemplo de uma curva de calibração para base fletora. Reproduzido de Ássi [10]. ..........50

3

Figura 6-4: Carregamento combinado de momento e compressão em uma lâmina. Reproduzido de Ássi [10]. ................................................................................................................................................51Figura 6-5: Base fletora tripla para cilindro isolado. Reproduzido de Ássi [10]....................................52Figura 6-6: (esquerda) Detalhe da base elástica tripla em uma posição levemente flexionada e (direita) detalhe da célula de carga e seus elementos estruturais. Reproduzido de Ássi [10]. ............................52Figura 7-1. Curva de resposta, cilindro liso hw 52cm, m

*1.277 . ......................................................54

Figura 7-2. Coeficiente de arrasto cilindro liso mantido fixo e ensaiado com hw 52cm. .................55Figura 7-3. Ensaio de decaimento, cilindro com strakes, passo p=5D e altura h= 0.1D........................56Figura 7-4. Curva de resposta, cilindro com strake, passo p=5D e altura h= 0.1D................................56Figura 7-5. Ensaio de decaimento, cilindro com strake, passo p=5D e altura h= 0.2D. ........................57Figura 7-6. Curva de resposta, cilindro com strake, passo p=5D e altura h= 0.2D................................57Figura 7-7. Ensaio de decaimento, cilindro com strakes, passo p=10D e altura h= 0.1D......................58Figura 7-8. Curva de resposta, cilindro com strake, passo p=10D e altura h= 0.1D..............................59Figura 7-9. Ensaio de decaimento, cilindro com strake, passo p=10D e altura h= 0.2D. ......................60Figura 7-10. Curva de resposta, cilindro com strake, passo p=10D e altura h= 0.2D............................60Figura 7-11. Ensaio de decaimento, cilindro com strake, passo p=15D e altura h= 0.1D. ....................61Figura 7-12. Curva de resposta, cilindro com strake, passo p=15D e altura h= 0.1D............................61Figura 7-13. Ensaio de decaimento, cilindro com strake, passo p=15D e altura h= 0.2D. ....................62Figura 7-14. Curva de resposta, cilindro com strake, passo p=15D e altura h= 0.2D............................63Figura 7-15. Comparações das curvas de resposta: cilindros liso e com strakes. ..................................64Figura 7-16. Comparações do coeficiente de arrasto, cilindros lisos e com strake, mantidos fixos. .....64Figura 7-17. Curva de resposta, cilindro liso *69 , 2.055wh cm m ......................................................66

Figura 7-18. Ensaio de decaimento, cilindro com strakes, passo p=5D e altura h= 0.1D......................68Figura 7-19. Curva de resposta, cilindro com strake, passo p=5D e altura h= 0.1D..............................68Figura 7-20. Ensaio de decaimento, cilindro com strake, passo p=5D e altura h= 0.2D. ......................69Figura 7-21. Curva de resposta, cilindro com strake, passo p=5D e altura h= 0.2D..............................69Figura 7-22. Ensaio de decaimento, cilindro com strakes, passo p=10D e altura h= 0.1D....................70Figura 7-23. Curva de resposta, cilindro com strake, passo p=10D e altura h= 0.1D............................71Figura 7-24. Ensaio de decaimento, cilindro com strake, passo p=10D e altura h= 0.2D. ....................72Figura 7-25. Curva de resposta, cilindro com strake, passo p=10D e altura h= 0.2D............................72Figura 7-26. Ensaio de decaimento, cilindro com strake, passo p=15D e altura h= 0.1D. ....................73Figura 7-27. Curva de resposta, cilindro com strake, passo p=15D e altura h= 0.1D............................73Figura 7-28. Ensaio de decaimento, cilindro com strake, passo p=15D e altura h= 0.2D. ....................74Figura 7-29. Curva de resposta, cilindro com strake, passo p=15D e altura h= 0.2D............................75Figura 7-30. Ensaio de decaimento, cilindro com strake, passo infinito e altura h= 0.1D.....................76Figura 7-31. Curva de resposta, cilindro com strake, passo infinito e altura h= 0.1D. ..........................76Figura 7-32. Ensaio de decaimento, cilindro com strake, passo infinito e altura h= 0.2D.....................77Figura 7-33. Curva de resposta, cilindro com strake, passo infinito e altura h= 0.2D. ..........................78Figura 7-34. Síntese dos ensaios realizados ...........................................................................................79Figura 8-1: Dinâmica da esteira. Cilindro isolado oscilando . U*=4,4. Reproduzida de Assi [10] .......81Figura 8-2- Da esquerda para direita, de cima para baixo respectivamente ângulo 0º, 30º, 60º e 90º. ..83Figura 8-3- Posição relativa no ciclo de oscilação das imagens obtidas com o sistema PIV.................83Figura 8-4- Campo de vorticidade, passo p = 5D e altura h = 0.1D. Da esquerda para direita, de cima para baixo respectivamente ângulo (a) 0º, (b) 30º, (c) 60º e (d) 90º. .....................................................85Figura 8-5 - Campo de vorticidade, passo p = 5D e altura h = 0.2D. Da esquerda para direita, de cima para baixo respectivamente ângulo (a) 0º, (b) 30º, (c) 60º e (d) 90º. .....................................................86Figura 8-6 - Campo de vorticidade, passo p =10D e altura h = 0.1D. Da esquerda para direita, de cima para baixo respectivamente ângulo (a) 0º, (b) 30º, (c) 60º e (d) 90º. .....................................................87Figura 8-7- Campo de vorticidade, passo p = 10D e altura h = 0.2D. Da esquerda para direita, de cima para baixo respectivamente ângulo (a) 0º, (b) 30º, (c) 60º e (d) 90º. .....................................................88Figura 8-8- Campo de vorticidade, passo p = 15D e altura h = 0.1D. Da esquerda para direita, de cima para baixo respectivamente ângulo (a) 0º, (b) 30º, (c) 60º e (d) 90º. .....................................................89Figura 8-9- Campo de vorticidade, passo p = 15D e altura h = 0.2D. Da esquerda para direita, de cima para baixo respectivamente ângulo (a) 0º, (b) 30º, (c) 60º e (d) 90º. ................................................90

4

2. INTRODUÇÃO

Estruturas não afiladas submetidas a um escoamento são caracterizadas por grandes

regiões de instabilidade e de separação da camada limite, proporcionando a formação de

vórtices. Um cilindro circular é o exemplo clássico do que conveciona-se chamar “corpo

rombudo”, neste tipo de estrutura, ocorre formação de vórtices para valores de Reynolds

próximos a 50.

A formação de vórtices pode modificar sensivelmente a dinâmica da estrutura,

provocando flutuações no campo de pressões e conseqüentemente alterações nas forças de

sustentação e arrasto. Se o cilindro estiver livre para oscilar esta flutuação gera o fenômeno

conhecido como Vibrações Induzidas por Vórtices (VIV).

Vibrações Induzidas por Vórtices em estruturas apresentam interesses práticos para

vários campos da engenharia. Esse fenômeno está relacionado com vibrações em trocadores

de calor tubulares, dinâmica de “risers” que conduzem petróleo do fundo do mar para as

plataformas, além de ser de vital importância para o desenvolvimento de estruturas ligadas à

Engenharia Civil, como pontes e chaminés, e de veículos marítimos e terrestres.

Estes são apenas alguns exemplos dos muitos problemas relacionados com vibrações

induzidas por vórtices. A importância prática do fenômeno de VIV tem impulsionado um

grande número de estudos fundamentais a respeito, tanto no Brasil como no exterior.

As considerações do presente estudo serão especificamente relacionadas a problemas

da indústria offshore, isso porque a Petrobrás apresenta interesse prático no desenvolvimento

deste trabalho e nos resultados a serem obtidos. A característica fundamental dos problemas

envolvendo VIV na indústria offshore é que as estruturas envolvidas possuem densidade

semelhantes a densidade do fluido além de baixo amortecimento estrutural.

Estruturas como os “risers” submetidas a VIV podem apresentar estresse dinâmico e

oscilações de grande amplitude, isso porque um corpo submetido a VIV está sujeito a um

5

efeito não linear, chamado “lock-in” no qual a oscilação da estrutura e a formação de vórtices

possuem a mesma freqüência. Existe uma faixa de velocidades na qual a geração de vórtices

se sincroniza com a oscilação do corpo, aumentando a amplitude de oscilação.

Nessas condições, pode haver uma redução substancial da vida útil de um “riser”

devido a fadiga, além do perigo de impacto entre “risers” adjacentes. A conseqüência de uma

falha decorrente de um dos problemas citados pode envolver desde a diminuição da produção

de óleo até mesmo o ocasionamento de um gravíssimo desastre ecológico, com perdas de

bilhões de dólares e reparos irreversíveis ao meio ambiente.

Desta forma, a análise de vida útil de “risers” depende fortemente do fenômeno de

Vibrações Induzida por Vórtices (VIV). Os valores calculados de vida-útil, associados aos

movimentos de primeira e segunda ordens e ao fenômeno de VIV, devem ser devidamente

ponderados com as probabilidades de ocorrência associadas às duas direções.

Para o critério de projeto que impõe uma vida útil superior a 200 anos, o fenômeno de

VIV deve ser evitado. Isto implica na adoção de sistemas de supressão ou ao menos atenuação

de VIV.

No final da década de 80 e início da década de 90, uma série de trabalhos em

estabilidade hidrodinâmica mostrou que é impossível suprimir totalmente o desprendimento

de vórtices no escoamento ao redor de corpos rombudos acima de um valor do número de

Reynolds próximo a 80.

No entanto uma série de mecanismos de atenuação do fenômeno de VIV foi

desenvolvida com sucesso nos últimos anos e sua atuação tem se mostrado bastante eficaz.

Estes mecanismos em geral envolvem a alteração geométrica do corpo, introduzindo uma

tridimensionalidade no escoamento.

Além dos problemas citados anteriormente envolvendo VIV, sabe-se que algumas

soluções atualmente aplicadas podem chegar à cifra de 4 milhões de dólares por riser

6

instalado, podendo alcançar 80 milhões de dólares por sistema de produção, portanto a

otimização desses sistemas de atenuação pode significar redução significativa nos custos.

Um exemplo da aplicação de atenuadores de VIV pode ser observado na Figura 2-1,

que mostra o transporte de uma “spar” no Golfo do México.

Figura 2-1 - Foto do transporte de uma “spar” no Golfo do México. Reproduzido de Brankovic [9]

O objetivo deste estudo é, essencialmente, responder à questão de eficiência do strake

e compreender os mecanismos hidrodinâmicos responsáveis pela atenuação de VIV causada

por esse tipo de supressor.

No presente estudo, procurou-se identificar experimentalmente a adequação de strakes

como aparato atenuador de VIV, determinar as amplitudes das oscilações e verificar a

existência e fenômenos de sincronismo entre as excitações do meio fluido e as oscilações da

estrutura. A síntese do projeto é a obtenção dos parâmetros ótimos de strakes e uma melhor

compreensão do fenômeno a qual proporcionará as condições para o desenvolvimento de

novos mecanismos de atenuação de VIV.

7

3. ESCOAMENTO AO REDOR DE CILINDROS OSCILANDO

3.1. Introdução

Um corpo oscilando em meio fluido pode alterar significativamente os mecanismo de

geração e desprendimento de vórtices. Neste tópico será apresentada uma introdução teórica

sobre o fenômeno, bem como alguns estudos preliminares de outros pesquisadores.

Existem duas maneiras típicas de se tratar o problema de escoamentos ao redor de

cilindros oscilando. A primeira é através do uso de oscilações forçadas, ou seja, as oscilações,

neste caso, são manipuladas pelo pesquisador. A segunda é deixar o cilindro livre para oscilar

através de um aparato experimental conhecido como base elástica. É nesta segunda maneira

que o presente estudo irá se concentrar.

3.2. Base Elástica

O caso relativo à vibração de um cilindro montado em base elástica decorrente

exclusivamente da força do fluído incidente é um dos mais básicos e reveladores casos

relacionados ao assunto de vibrações induzidas por vórtice. O interesse prático na obtenção

destas amplitudes está ligado ao fato deste parâmetro estar diretamente relacionado à

estimativa da vida útil de elementos cilíndricos sujeitos a VIV.

Com este tipo de aparato, oscilações ocorrem somente para faixas de velocidade

reduzida nas quais a energia transferida do fluido para o corpo é positiva e a freqüência de

desprendimento de vórtices está próxima da freqüência natural do sistema ou de um dos seus

múltiplos ou submúltiplos.

A vantagem de simular o escoamento ao redor de um cilindro montado em base

elástica reside no fato de que neste caso medimos diretamente as amplitudes de oscilação.

Neste aspecto, experimentos em base elástica são mais realistas do que aqueles nos quais as

oscilações são impostas.

8

Na maioria dos ensaios, o único grau de liberdade para oscilação é o transversal. Isto

ocorre devido ao fato da amplitude de oscilação do arrasto ser muito pequena comparando-se

com a amplitude de oscilação da sustentação, ou seja, embora as oscilações na direção da

corrente existam, elas sempre são inferiores àquelas no plano transversal.

3.3. Parâmetros do Problema

Antes de analisarmos questões referentes a cilindro oscilando em base elástica é

necessário definir alguns parâmetros que serão utilizados para a abordagem do problema. O

desenvolvimento será realizado baseado no raciocínio aplicado por Khalak e Williansom [2] e

Meneghini [1]. Neste tópico serão apenas apresentadas as definições dos parâmetros

adimensionais utilizados e a equação de regimento do problema.

A equação básica do problema é aquela de um oscilador:

.. .

tm y c y ky F ( 1 )

onde: m=massa estrutural c=amortecimento estrutural k=constante da mola f=força na direção transversal em relação a corrente (sustentação)

Para o caso de oscilações no sentido da corrente, a força transversal é substituída pela

força de arrasto.

Parâmetro de massa:

É dado pela razão entre a massa estrutural e a massa de fluido deslocada.

*2

4

d

m mm

m D L ( 2 )

onde: m=massa estrutural md=massa deslocada D=diâmetro do cilindro L=comprimento do cilindro

=massa específica do fluido

9

Parâmetro de amortecimento:

É dado pela razão entre os amortecimentos estrutural e do fluido.

2 ( ) 2 ( )a

a a

c c

k m m k m C md

( 3 )

onde: c=amortecimento estrutural k=constante da mola m=massa estrutural ma=massa adicional Ca= coeficiente potencial de massa adicional md=massa deslocada

Período e Freqüência de Oscilação

A freqüência adimensional é dada pela razão entre a freqüência do oscilador e a

freqüência natural do sistema

*

a

osca

n

ff

f ( 4 )

A freqüência natural do sistema e o período são dados por:

1 2 2 2a

a a

n

n n

a a

Tf k k

m m m C md

( 5 )

onde: k=constante da mola m=massa estrutural ma=massa adicional Ca= coeficiente potencial de massa adicional md=massa deslocada

Velocidade Reduzida:

É dada pela razão velocidade do fluido por velocidade de oscilação do cilindro.

r

n

UV

f D ( 6 )

onde: U=velocidade do fluido fn=freqüência natural do sistema D=diâmetro do cilindro

10

Amplitude Adimensional

É dado pela relação entre a amplitude de oscilação e o diâmetro do cilindro

* AA

D ( 7 )

onde: A=amplitude de oscilação do cilindro D=diâmetro do cilindro

Todos os parâmetros apresentados estão definidos para o caso onde o fluido é água.

No entanto muitas vezes é interessante determinar tais parâmetros em ar, neste caso devemos

admitir que a massa adicional é praticamente nula.

3.4. Modos de Formação de Vórtices

O interesse prático na obtenção das curvas de resposta está intimamente ligado aos

modos de formação de vórtices. Durante os experimentos de Khalak e Williamson [2] com

baixos valores de massa e amortecimento eles encontraram 4 ramos de amplitude máxima em

função da velocidade reduzida e classificaram-nos como sendo o ramo da excitação inicial

(“initial excitation branch”), ramo superior (“upper branch”), ramo inferior (“lower branch”)

e ramo de desincronização (“desynchronization branch”).

Figura 3-1 - Amplitude de resposta A*max = Amax/D, versus a velocidade reduzida U*, mostrando os

ramos de excitação. Reproduzida de Khalak e Williamson [2].

11

Khalak e Williamson [4] mostraram ainda, analisando resultados experimentais, que

existem dois valores possíveis de amplitudes máximas, cada um deles associados a um ramo

da curva amplitude versus velocidade reduzida. Eles mostraram que existe histerese associada

com a alternância da resposta entre estes dois ramos. É interessante notar que a amplitude do

ramo inferior é aproximadamente 0,6D, a qual é muito similar ao valor máximo obtido

numericamente por Saltara e apresentados em Meneghini [1].

Os modos de geração e desprendimento de vórtices são diferentes nos dois ramos.

Seguindo a nomenclatura de Williamson e Roshko [5], eles relacionaram o modo 2P ao ramo

inferior e o modo 2S ao ramo superior. No modo 2S, dois vórtices com circulações opostas

são gerados a cada ciclo de oscilação e no modo 2P dois pares de vórtices são formados em

cada ciclo.

Figura 3-2 – Resposta de amplitude máxima em função da velocidade reduzida, com destaque para os

modos de formação de vórtices para cada faixa de velocidade. Reproduzida de Govardhan e Williansom

[6]

3.5. Amplitude Máxima

A questão que ainda intriga muitos pesquisadores, diz respeito à máxima amplitude de

oscilação. A análise da Figura 3-3 mostra claramente que mesmo os resultados experimentais

com Reynolds elevado indicam uma dispersão muito grande para o valor de Amax/D na faixa

12

de 0,8 < A* < 1,5. O mais intrigante ocorre quando estes resultados experimentais são

comparados com resultados de simulações numéricas: diversas pesquisas utilizando CFD

minimizam o valor da amplitude máxima consideravelmente. Esta evidência, aliada ao fato da

maioria das simulações terem sido realizadas com valores baixos de Reynolds (Re < 1000),

nos leva a concluir que existe uma dependência do valor de amplitude máxima de oscilação

com o valor de Re. Esta dependência ocorre mesmo na faixa na qual o número de Strouhal é

constante, i.e. 180 ~ 200 < Re < 5 × 105.

Figura 3-3 - Coletânia de resultados de amplitude máxima de oscilação para um cilindro montado em

base elástica. Reproduzida de Khalak e Williamson [2]

Na Figura 3-3, reproduzida de Khalak e Williamson [2], estão compilados resultados

experimentais e numéricos obtidos em laboratórios diversos e utilizando diferentes métodos

13

numéricos. Em todos os casos, o fluido era água e o coeficiente m* < 0,2. Analisando os

resultados lá apresentados, podemos verificar que para cilindros rígidos montados em base

elástica e com número de Reynolds no intervalo 2,5 × 103 < Re < 105, a amplitude máxima

está compreendida entre 0,54 < Amax/D < 1,13.

O intuito do atual projeto é verificar os valores de amplitude máxima obtidas para o

aparato desenvolvido e fornecer parâmetros para que outros pesquisadores possam continuar a

investigação a respeito do assunto. No entanto para efeito de desenvolvimento do projeto e

estimativa de valores a serem obtidos, será utilizada a aproximação de amplitude máxima

obtida por Khalak e Williansom [2], cujo desenvolvimento resulta na fórmula:

2** *max 3 *

1

4 ( * )y

a

C sen UA f

m C f ( 8 )

onde: A*max: amplitude máxima adimensional

Cy: coeficiente de força transversal (sustentação) m*: massa adimensional Ca: coeficiente potencial de massa adicional

: amortecimento adimensional f*: freqüência adimensional U*: velocidade reduzida

14

4. ATENUADORES DE VIV

4.1. Introdução

A classificação geral de atenuadores de VIV pode ser feita segundo dois critérios

diversos. No primeiro deles a classificação é realizada de acordo com o mecanismo

fenomenológico envolvido na atenuação da formação e emissão de vórtices. Nesta forma de

classificação as três categorias principais são:

1- Protusões de superfície: são mecanismos que afetam a posição do ponto de

separação e como as camadas cisalhantes separam da parede do cilindro. Neste grupo

podemos incluir os “strakes”, dispositivos amplamente utilizados em estruturas cilíndricas

sujeitas a vento e em tecnologia marítima. Atenuadores desta classe são apresentados na

Figura 4-1 A, reproduzida de Meneghini [8].

Esta categoria de classificação pode ser ainda subdividida em duas outras categorias:

a- Atenuadores omnidirecionais: estes não são afetados pela direção da corrente

de fluido. Exemplos deste tipo de atenuador pode ser encontrados na Figura 4-1 A.

b- Atenuadores unidirecionais: estes são efetivos apenas para uma única direção

da corrente de fluido e exemplos são apresentados na Figura 4-1 B.

2- Invólucros metálicos: são mecanismos que afetam a forma como o fluido é

levado da região recirculante posterior à separação para a região de formação dos vórtices.

Neste grupo estão os invólucros perfurados, tela metálica, barras axiais e fendas axiais.

Atenuadores desta classe são apresentados na Figura 4-2, reproduzida de Meneghini [8].

3- Estabilizadores da região próxima da esteira: mecanismos que interferem

com a forma de interação entre as duas camadas cisalhantes de fluido na região de formação

dos vórtices na esteira. Neste grupo podemos incluir placas divisórias (“splitter plates”),

placas com formato de dente-de-serra, palhetas e placas guias, orifícios de descarga na base

15

do cilindro (“base-bleed”), fendas ao longo do cilindro. Atenuadores nesta classe são

apresentados na Figura 4-3, Meneghini [8].

Na próxima seção deste relatório, intitulada Desenvolvimento, é feita uma análise

crítica de cada uma das classes de atenuadores omnidirecionais de VIV de forma a fornecer

subsídios para a escolha e especificação de um destes para o SCR. A análise é feita

concentrando-se nos dispositivos desta classe apenas e não nos unidirecionais. Isto é devido

às óbvias limitações práticas encontradas em tecnologia marítima, i.e. correntes com sentidos

omnidirecionais. A necessidade de se efetuarem experimentos em modelo reduzido também é

discutida.

Figura 4-1. Mecanismos de atenuação de VIV baseados em protusões de superfície: (a) mecanismos omnidirecionais,

(b) mecanismos unidirecionais, reproduzida de Meneghini [8].

16

Figura 4-2. Mecanismos de atenuação de VIV que utilizam invólucros metálicos, reproduzidas de Meneghini

[8].

Figura 4-3. Mecanismos de atenuação de VIV que utilizam estabilizadores da região da esteira próxima ao cilindro,

reproduzida de Meneghini [8].

4.2. Desenvolvimento

4.2.1. Protusões na superfície

Protusões na superfície representam a classe de mecanismos que interferem com o

fenômeno de desprendimento de vórtices mais utilizados na prática. Os dispositivos de

promoção de turbulência, “strakes”, fios soldados segundo a forma de uma hélice e variações

de “strakes” estão nesta classe. Logicamente, alguns destes mecanismos, e.g. dispositivos de

promoção de turbulência, não atenuam VIV de maneira direta, mas sim causam uma

diminuição do coeficiente estático de arrasto.

4.2.2. Mecanismos de Promoção de turbulência na Camada Limite

Uma forma de se diminuir o coeficiente de arrasto ao redor de um cilindro consiste em

fazer com que a separação do escoamento se dê com uma camada limite turbulenta. O efeito

17

de uma separação com camada limite turbulenta no coeficiente de arrasto, é conhecido desde

o início do século. O fenômeno da “crise do arrasto”, i.e. uma queda brusca deste coeficiente

à medida que o escoamento ultrapassa um valor de Reynolds crítico, pode ser antecipado com

a presença de certos mecanismos.

A diminuição do arrasto está diretamente relacionada à intensificação da transferência

de quantidade de movimento quando as camadas cisalhantes são turbulentas antes mesmo da

separação. A camada limite turbulenta, devido à esta intensificação, é capaz de resistir

melhor ao gradiente de pressão adverso, o qual tende a retardar o fluido próximo à parede e

causar a separação. Sendo capaz de resistir melhor a este gradiente, a separação ocorre em um

ponto mais a jusante, fazendo com que a região posterior à separação seja menor. O arrasto

elevado em um corpo rombudo deve-se fundamentalmente à parcela devido à pressão. Esta,

por sua vez, é estabelecida devido à separação e formação dos vórtices na esteira. Diminuindo

a região sujeita a esta baixa pressão faz com que o arrasto seja minimizado. Foi Prandtl (1914)

o primeiro a propor a colocação de um fio na superfície do corpo de forma a forçar o

aparecimento de turbulência na camada limite mesmo para número de Reynolds abaixo do

valor crítico.

Exemplos da utilização de mecanismos baseados nesse fenômeno, podem ser

encontrados no estudo pioneiro realizado por Fage & Warsap (1929). Neste estudo, foi

analisado o efeito no arrasto de um fio com diâmetro d soldado na superfície do cilindro, na

posição a 65 do ponto de estagnação frontal. Na Figura 4-4 é apresentado o valor do

coeficiente de arrasto para diferentes valores de d/ , em função do número de Reynolds (Re),

com Re = UD/ (U é velocidade ao longe, D o diâmetro do cilindro e a viscosidade

cinemática) e com indicando a espessura estimada da camada limite. Analisando esta figura

verifica-se que a queda no arrasto é tanto maior quanto maior a relação d/ . Mesmo com fios

com diâmetro da ordem de 3% do valor do diâmetro do cilindro a diminuição do arrasto é

18

significativa. Fage & Warsap também analisaram o efeito de se colocar o fio mais próximo

do ponto de estagnação frontal. Quando isto é feito, a diminuição do arrasto tende a não se

tornar tão elevada; para fios colocados a um ângulo de 25 não foi observado nenhum efeito.

Resultados mais recentes obtidos por James & Truong (1972) corroboraram os resultados de

Fage & Warsap, i.e. o valor ótimo para diminuição do arrasto é para um angulo de 65º. Na

Figura 4-5 são apresentados os resultados por eles obtidos com d/ = 1. No entanto, é

interessante notar que o arrasto para valores abaixo do Re crítico foram maiores com o fio

instalado do que o caso do cilindro sem o mesmo. James & Truong obtiveram um valor de

pico a pico para o coeficiente de sustentação ao redor de 1·0 quando o fio está localizado no

angulo ótimo, valor este muito próximo àquele obtido para o cilindro sem o fio. Esta

observação é importante quando se deseja analisar o efeito da colocação de um fio na

superfície do cilindro para atenuação de VIV.

Para os casos de interesse da Petrobrás, a colocação deste tipo de mecanismo somente

seria interessante se o mesmo atenuasse VIV e não apenas o coeficiente de arrasto. Este

último efeito, logicamente, é importante no que se refere ao carregamento estático do “riser”.

O efeito em VIV da colocação de fios na parede do cilindro pode ser encontrada no trabalho

de Price (1956). O experimentos foram realizados em água com Re = 4·23 x 104. Ele obteve

amplitudes de pico a pico máximas de oscilação da ordem de 2·5D, com um cilindro montado

elasticamente com uma mola com coeficiente k baixo, sendo fixado um fio de 0·023D na

superfície em posições variando de 0o até 60o. O resultado de amplitude obtido é da mesma

ordem do valor obtido em experimentos com o cilindro sem qualquer fio o que leva a concluir

que o efeito do mesmo em VIV é desprezível. Price também testou o caso de um cilindro com

três fios presos na superfície seguindo uma forma helicoidal com passo 20D. Houve uma

diminuição da amplitude máxima para um valor de 1·5D. O autor deste relatório desconhece

outros estudo que tenham realizados experimentos para outros valores de passo. Na seção

19

final deste relatório é sugerido à Petrobrás a realização de ensaios visando investigar se

poderiam ser alcançados valores menores da amplitude quando o passo fosse variado.

Figura 4-4. Efeito do coeficiente de arrasto de um fio soldado à superfície do cilindro (reproduzido de Fage & Warsap

apud. Meneghini [8]).

20

Figura 4-5 Efeito do coeficiente de arrasto de um fio soldado à superfície do cilindro (reproduzido de James &

Truong (1981) apud Meneghini [8]).

4.2.3. “Strakes”

O princípio de operação dos strakes baseia-se no fato que na presença destes a

correlação das forças fluidodinâmicas ao longo da envergadura do cilindro é quebrada. A

tridimensionalidade introduzida no escoamento interfere com a periodicidade da formação e

desprendimento dos vórtices na esteira fazendo com que a intensidade destes seja menor

quando comparada àquela de vórtices predominantemente bidimensionais.

21

Uma das primeiras referências de estudo sobre o efeito da utilização de “strakes” é o

trabalho de Scruton and Walshe (1957). Neste estudo são apresentados resultados para atenuar

oscilações excitadas pelo vento em estruturas cilíndricas. Foram ensaiados “strakes” com

seção retangular com cantos vivos, fixados ao redor do cilindro na forma de três hélices

distintas, i.e em uma dada seção transversal do corpo eles estão eqüipaçados de 120o. O passo

das hélices eram de 15D. Scruton & Wash observaram que mesmo um “strake” com uma

altura da sua seção transversal da ordem de 3% do diâmetro do cilindro fazia com que

houvesse uma substância diminuição da amplitude devido a VIV. Este resultado pode ser

visto na Figura 4-6, na qual são apresentados os valores do parâmetro de massa-

amortecimento em função da velocidade reduzida (Vr), com

2

2

D

M s (9)

na qual M é a massa do corpo por unidade de comprimento, s o decremento

logarítmico de amortecimento do sistema oscilante no ar, é massa específica do fluido e D

o diâmetro do cilindro; e com Vr definida com sendo

ND

VV c

r (10)

com Vc sendo a velocidade do escoamento, e N a freqüência de oscilação.

Aumentando o valor da altura do “strake”, partindo de um valor de h = 0.03D, a

oscilação devido ao desprendimento de vórtices era reduzida substancialmente. Para um valor

de h = 0.118D, bastava apenas um amortecimento estrutural muito pequeno para a oscilação

ser praticamente suprimida. É interessante notar que para valores de h > 0.059D, a velocidade

reduzida na qual a oscilação máxima era atingida estava deslocada na direção de valores

maiores, comparando-se com o resultado do cilindro sem “strakes”. Este trabalho mostra

claramente que se a atenuação da oscilação devido a VIV for o único efeito a ser atenuado,

valores suficientes de altura da seção transversal do “strake” são da ordem de 10% do valor

22

do diâmetro do cilindro. No entanto, como será visto a seguir, isto fatalmente acarreta uma

elevação considerável do coeficiente de arrasto, o que, inclusive, pode tornar a solução

inviável.

Em um trabalho posterior também realizado no National Physics Laboratory (Reino

Unido), Woodgate and Maybrey (1959) foi feito um estudo do passo ideal para as hélices da

configuração de três “strakes”. O valor ótimo que estes pesquisadores chegaram foi ao valor

de 5D. No que se refere à altura do “strake”, os valores ótimos encontravam-se na faixa de

0.09D < h < 0.12D, similar aqueles de Scruton and Walshe (1957). É interessante notar que a

utilização de “strakes” apenas no 1/3 superior da estrutura cilíndrica mostrou-se suficiente

para prevenir a instabilidade do modo fundamental. Neste aspecto, Zdravkovitz afirma que o

principio geral é utilizar os “strakes” nas regiões de anti-nós.

Como foi anteriormente citado, o aspecto negativo na utilização de “strakes” reside no

fato destes provocam um aumento substancial do coeficiente de arrasto (Cd). Cowdrey &

Lawes (1959) ensaiaram cilindros com “strakes” com alturas de 0.06D e 0.12D obtiveram

valores de Cd iguais a 1.35 e 1.45, sendo este último para o caso da maior altura. O mais

importante resultado por eles observado é que estes valores do arrasto permaneceram

constantes numa faixa de Re no regime subcrítico (Re = 1 x 105) até um valor pós-crítico (Re

= 4 x 106). Comparando-se estes valores com o valor encontrado para o caso do cilindro liso,

no qual Cd = 0.5 no regime crítico, pode-se ter uma idéia do aumento substancial do arrasto

devido a presença do “strake”.

23

Figura 4-6. Efeito da altura dos “strakes” na oscilação devido a vórtices em um cilindro bidimensional

(reproduzido de Scruton and Walshe, apud Meneghini [8]).

Um questão interessante que surge da análise dos resultados aqui apresentados, i.e.

cilindros imersos em uma corrente de ar, refere-se à eficiência dos “strakes” quando utilizados

em água. No caso de um cilindro liso montado em uma base elástica imerso em uma corrente

de água, a principal diferença comparando-se com o caso do cilindro em ar, reside no fato que

o parâmetro de massa deste último ser pelo menos uma ordem de grandeza maior do que em

ar. O parâmetro de massa é aqui definido como sendo

d

sistema

m

mm* (11)

com sendo a massa do corpo (sistema oscilante) e a massa deslocada de

fluido. Cilindro em água apresenta um valor de m

sistemam dm

* da ordem da unidade enquanto que para

ar m* é da ordem de 103. Cilindros oscilando em ar, alcançam valores máximos de amplitudes

de oscilação por volta de 0.5 enquanto que cilindros em água alcançam valores próximos à

24

unidade. O produto do parâmetro de massa com o parâmetro de amortecimento, definido

através da expressão

sistema

sistema

crítico

sistema

km2 (12)

com sistema sendo o amortecimento do sistema, e k a rigidez do sistema elástico. O

coeficiente combinado massa-amortecimento é o que, na realidade, define as amplitudes que

serão alcançadas quando o cilindro oscila. Quanto menor este parâmetro maiores serão as

amplitudes. A relação entre eles pode ser observada na Figura 4-7, reproduzida de Khalak &

Williamson.

Figura 4-7. Parâmetro de Massa-amortecimento, m* , versus máxima amplitude de Khalak & Williamson [2].

Outra diferença observada quando resultados obtidos para cilindros oscilando imersos

em uma corrente de água são comparados aqueles obtidos em uma corrente de ar, reside no

25

valor da freqüência da oscilação. Conforme pode ser visto em Bearman (1984), a relação

entre No/nv, com No sendo a freqüência de natural de oscilação sem amortecimento, e nv a

freqüência de oscilação, é dada por

*

1cos

41

2

02

0

my

D

DN

UCl

n

N

v

(13)

na qual Cl é a amplitude do coeficiente de força transversal à corrente, U a velocidade

de escoamento, y a amplitude da oscilação do cilindro, e o ângulo de fase entre a força

transversal e o deslocamento nessa direção. Esta expressão indica que quando o cilindro está

oscilando no ar, m* é da ordem de 103 o que faz com que a freqüência de oscilação seja

próxima da freqüência natural. No entanto, quando estamos em água, como m* é da ordem da

unidade, podemos ter uma freqüência de oscilação consideravelmente diferente da freqüência

natural. Com estas duas diferenças em mente, a pergunta que surge é: dados experimentais

relacionados ao uso de “strakes” em ar podem ser diretamente aplicados no caso de “strakes”

em água?

Os resultados de Vickery & Watkins (1964) indicam que a resposta é afirmativa. Estes

pesquisadores realizaram testes em água e verificaram que o uso de “strakes” são tão efetivos

em atenuar oscilações de cilindros imersos em uma corrente de água como em uma de ar.

Estes pesquisadores também realizaram ensaios para verificar a influência de “strakes”

quando temos um agrupamento de cilindros. Na figura Figura 4-8 são apresentados os

resultados da amplitude versus velocidade reduzida para o quarto cilindro em uma linha de

quatro. Os valores de um cilindro isolado são apresentados para comparação. Na análise dos

resultados desta figura torna-se claro que existe uma certa perda da eficiência dos “strakes”

quando temos um agrupamento de cilindros. Para velocidade reduzida 10, os “strakes” são

praticamente ineficazes no que concerne a atenuação da amplitude de oscilação. Mesmo

variando o passo da hélice e aumentando a altura Vickery & Watkins não alcançaram sucesso

26

na supressão da oscilação. Esta questão, inclusive, será discutida nas conclusões deste

relatório e sugestões para futuros estudos a serem realizados.

Figura 4-8. Variação da amplitude versus velocidade reduzida para o quarto cilindro em uma linha de quatro

(reproduzido de Vickery & Watkins (1964) apud Meneghini [8].

4.2.4. Invólucros perfurados e fendas axiais

4.2.4.1. Invólucros perfurados

Invólucros perfurados foram propostos por Price (1956). Este pesquisador propôs este

dispositivo conforme pode ser visto na Figura 4-2, após extensivas pesquisas com

mecanismos baseados em fios fixos enrolados no cilindro e aletas. Estes mecanismos foram

testados no regime subcrítico e apresentaram resultados relativos a atenuação de VIV somente

de efeito limitado. Price, após obter estes resultados, passou a testar dispositivos constituídos

por estrutura externa ao cilindro, chegando então à forma que obteve melhores resultados: a

utilização de um invólucro perfurado conforme apresentado na Figura 4-2. Analisando

visualizações do escoamento com cilindros com estes mecanismos atenuadores de VIV, Price

27

sugeriu que o invólucro quebraria o escoamento em um elevado número de pequenos vórtices,

com o resultado de minimizar a assimetria periódica do escoamento ao redor do cilindro. Nas

visualizações, podia-se observar que ao longo da passagem entre o invólucro e o cilindro,

ocorria uma mistura forçada e o crescimento dos vórtices na esteira seria restringido. Na

região da base do cilindro escoamentos inversos e descarga de fluido ocorreriam.

Washe e Wooton (1970) estabeleceram as configurações ótimas. Eles obtiveram estes

valores com sendo perfurações quadradas, com uma abertura de 0.12D e a porosidade (relação

entre área de todos os furos dividida pela área total do invólucro). Na Figura 4-9 são

apresentados os resultados obtidos por Price (1956). O invólucro mostrou ser um mecanismos

eficiente para todos os valores de rigidez da mola do sistema no qual o cilindro estava

montado. Nesta curva pode-se verificar que a fronteira obtida com a amplitudes de oscilação

com o cilindro liso sofre um decréscimo considerável para todos os valores de rigidez. Este

efeito é ainda mais evidente quando k > 400, resultado em que há uma supressão total da

oscilação do cilindro com o invólucro perfurado, havendo ainda uma oscilação considerável

no caso do cilindro liso. Na faixa de 20 < k < 200 o efeito da utilização deste mecanismo

atenuador de VIV não é tão vigoroso.

28

Figura 4-9. Invólucro Perfurado (reproduzido de Price (1956) apud Meneghini [8]).

4.2.4.2. Fendas axiais

Um sistema de atenuação de VIV constituído por fendas axiais ao longo do cilindro foi

proposto por Wong (1979). O princípio de funcionamento deste dispositivo é baseado em uma

premissa de que ocorre uma troca de energia, na acepção de que fluido da região frontal com

elevada energia é conduzido para as regiões laterais e para a região posterior do cilindro de

forma a se contrapor a formação dos vórtices. Como no caso de um invólucro perfurado, o

dispositivo que utiliza fendas também envolve uma série de mecanismos físicos que alteram a

formação dos vórtices da esteira. No caso de escoamento unidirecional, a eficiência deste

mecanismo pode ser ainda maximizada permitindo aberturas ainda maiores na região próxima

à estagnação frontal e posterior, permitindo assim que uma quantidade considerável de fluido

alcance a região de formação da esteira.

Wong e Kokkalis (1982) fizeram uma série de ensaios com o intuito de comparar

diretamente a eficiência de “strakes”, invólucros perfurados e fendas axiais (veja Figura

29

4-10). O modelo de “strakes” era constituído por uma configuração tripla com uma passo

igual a 5D, uma altura do strake igual a 0.1D e um largura 0.04D. No caso do invólucro

perfurado, a porosidade era de 36%, o número de furos de seção quadrada ao longo da

circunferência era de 32 e a folga entre o invólucro e a parede do cilindro era de 0.12D. O

modelo com fendas axiais apresentava um número destas igual a 28 ao longo da

circunferência da seção transversal do cilindro, uma porosidade aproximada de 40% e uma

folga entra a superfície aletas e a parede externa do cilindro igual a 0.143D.

Figura 4-10. Mecanismos de atenuação ensaiados por Wong e Kokkalis (1982) apud Meneghini [8]).

30

Figura 4-11. Amplitude máxima de oscilação (pico a pico) de cilindros com diversos mecanismos de

atenuação de VIV instalados (reproduzida de Wong e Kokkalis (1982) apud Meneghini [8]).

Figura 4-12. Amplitude de oscilação versus Velocidade Reduzida para um parâmetro de amortecimento

estrutural igual a 1.8 (reproduzida de Wong e Kokkalis (1982) apud Meneghini [8]).

Inicialmente, Wong e Kokkalis (1982) obtiveram os valores de massa e de decremento

logarítmico sob várias condições de amortecimento para se poder estimar o coeficiente de

31

amortecimento estrutural dos modelos (equação 1 deste relatório). Os resultados de máximas

amplitudes (pico a pico) foram plotados versus o coeficiente de amortecimento e são

mostrados na Figura 4-11. Os resultados para um cilindro liso foram apresentados de forma a

que pudéssemos compará-los com os casos nos quais os atenuadores estavam presentes.

Analisando a figura é possível constatar que os casos com as fendas axiais, indicados por

“slats” no gráfico, foram os que apresentaram uma maior atenuação. Quando o parâmetro de

amortecimento era maior do que 3.0, todos os três casos de mecanismos atenuadores de VIV

mostram ser eficientes em suprimir as oscilações. Para valores do parâmetro de

amortecimento menor do que 3.0, o cilindro com “strakes” e o cilindro com as fendas axiais

mostraram ser equivalentes. Tomando toda a faixa de amortecimento as fendas axiais

apresentam a melhor eficiência.

Na Figura 4-12 são apresentados os resultados gerais obtidos por Wong e Kokkalis

(1982). Nesta figura a amplitude máxima em função da velocidade reduzida pode ser vista

para um coeficiente de amortecimento igual a 1.8. Como aquilo que foi mostrado na figura

anterior, o cilindro com fendas axiais e com uma abertura próxima ao ponto de estagnação

frontal e posterior foi o que apresentou as maiores atenuações de oscilação. Para este valor do

coeficiente de amortecimento, a amplitude máxima de oscilação para o caso de um invólucro

perfurado é aproximadamente duas vezes maior do que aquele com as fendas axiais. Este

último mecanismo mostrou-se o mais eficiente dos três.

Analisando a Figura 4-12, verifica-se que a amplitude máxima de oscilação medida é

da mesma ordem tanto para o caso dos “strakes” como para o caso do cilindro com fendas

axiais. No entanto, no cilindro com “strakes”, para 7 < Vr < 7.6, o pico de oscilação persistiu

sem qualquer tendência de declínio. Isto acaba implicando em uma maior possibilidade de

ocorrência de VIV para elevadas amplitudes de oscilação.

32

Na Figura 4-13 são apresentados os valores de coeficientes de arrasto para os três

casos. Como já foi discutido nas seções anteriores, para o caso do cilindro com “strakes” o

arrasto foi o mais elevado. Dos modelos testados por Wong e Kokkalis (1982) aquela com um

invólucro perfurado foi o que apresentou o menor valor deste coeficiente.

Figura 4-13. Coeficientes de arrasto versus o número de Reynolds para cilindros com vários mecanismos de

atenuação (reproduzida de Wong e Kokkalis (1982) apud Meneghini [8]).

4.3. Conclusões

Nesta seção são apresentadas as conclusões do estudo para especificação dos sistemas

atenuadores de emissão de vórtices em SCRs. Neste estudo foram apresentados, de maneira

crítica, os mecanismos de atenuação passíveis de serem utilizados em tecnologia marítima e,

especificamente, no SCR. A análise concentrou-se, fundamentalmente, nos mecanismos

denominados de “strakes”, naqueles que utilizam um invólucro perfurado, e naqueles que são

constituídos por fendas axiais. Mecanismos de atenuação que operam apenas quando temos

um sentido particular de corrente, i.e. mecanismos unidirecionais, não foram analisados. Com

o que foi exposto nas seções anteriores, é possível sintetizar as seguintes conclusões:

33

No aspecto hidrodinâmico os atenuadores de fendas axiais são aquelas que apresentam

o melhor desempenho para uma ampla faixa de velocidade reduzida e valores de coeficiente

de amortecimento (veja resultados de Wong e Kokkalis (1982)). Além de apresentarem a

melhor relação de atenuação das amplitudes de oscilação transversal, o valor do coeficiente de

arrasto é para uma ampla faixa do número de Reynolds equivalente ao valor crítico de um

cilindro liso. No entanto, este atenuador de VIV é aquele de maior custo, o que apresenta a

maior dificuldade de montagem e aquele que apresenta a maior suscetibilidade a incrustações,

as quais comprometeriam sua eficiência. Estas últimas limitações somente poderiam ser

ultrapassadas fazendo-se um estudo experimental detalhado ou através de análise de dados

experimentais de um protótipo instrumentado e instalado em condições ambientais similares

daquelas da operação normal.

Atenuadores baseados em invólucros perfurados não apresentam a mesma eficiência

hidrodinâmica encontrada nos de fendas axiais analisados no parágrafo anterior. Além disso,

estes atenuadores apresentam as mesmas limitações daqueles, i.e. custo elevado e

possibilidade de ocorrência de incrustações.

Devido ao baixo custo e facilidade de fabricação, os “strakes” são os mecanismos de

atenuação de VIV que apresentam a melhor relação custo/benefício. Apesar da eficiência

destes não ser tão elevada quanto àquela encontrada nos atenuadores de fendas axiais, o baixo

custo para fabricação compensaria este fator. O principal inconveniente destes mecanismos

reside no fato de haver um aumento substancial do coeficiente de arrasto. Mesmo para valores

de Reynolds crítico e pós-crítico, o arrasto permanece por volta de 1.3 a 1.4. O

dimensionamento estático do SCR deve, por esta razão, levar em conta este valor para Cd.

Restam três aspectos para o pré-dimensionamento dos “strakes” que, provavelmente,

necessitariam de um estudo experimental detalhado complementar. O primeiro deles está

relacionado ao comprimento do SCR no qual seria instalado o elemento atenuador. O segundo

34

aspecto diz respeito à possibilidade de a inclusão do “strake” no sistema, causar a excitação

de algum outro modo de oscilação. Isto deve-se ao fato do “strake” introduzir um

comprimento de onda fixo no problema devido ao passo da hélice. Finalmente, outro aspecto

não abordado na literatura diz respeito ao efeito dos “strakes” quando temos um agrupamento

de “risers”. Todos estes três tópicos necessitariam de um estudo experimental complementar

que pudesse dar subsídios para o dimensionamento detalhado dos elementos atenuadores.

35

5. DESENVOLVIMENTO DA BASE ELÁSTICA

5.1. Objetivos do Projeto

O objetivo fundamental do presente estudo é desenvolver um aparato experimental

para o estudo de forças e respostas associadas com vibrações induzidas por vórtices em

cilindros rígidos com baixos coeficientes adimensionais de massa (m*) e amortecimento ( ).

Os critérios definidos por Khalak e Williansom [2] para o desenvolvimento de uma

base elástica satisfatória são:

Extrema linearidade do sistema;

Baixo parâmetro de massa (m*);

Baixo parâmetro de amortecimento (

Medição instantânea e direta de posição;

Controle das condições de contorno.

A estratégia de projeto será traçada a partir da otimização desses critérios,

considerando-se ainda os parâmetros físicos do canal e parâmetros dos ensaios experimentais.

Abaixo estão listadas algumas atitudes que foram tomadas durante a concepção do

projeto, que serão detalhadas quando da definição do projeto da solução final:

Para a linearidade do sistema serão utilizados eixos e cilindros rígidos para evitar

flexões, proveniente da excitação do fluido.

A obtenção de baixo parâmetro de massa (m*) será realizada empregando-se materiais

de baixa densidade e volume, para reduzir o peso da estrutura. Por exemplo, utilizar eixos

vazados de pequena espessura.

O baixo amortecimento será obtido utilizando-se mancais aerostáticos diminuído o

atrito entre os mancais e eixos. Molas com constantes mais elevadas também podem ser

utilizadas para a redução do parâmetro de amortecimento (

36

O sistema de medição será projetado para não haver contato, evitando aumento da

massa estrutural.

5.2. Estudo da solução adotada

Neste capitulo será detalhada a solução desenvolvida pela doutoranda Masã Brankovic

(2004) [9] no Imperial College, para a realização de seus ensaios experimentais a cerca da

atenuação do fenômeno de VIV em cilindros com baixo amortecimento e massa.

A Figura 5.1 mostra a vista lateral da base elástica unidimensional. A base consiste em

um engaste que suporta o cilindro verticalmente em meio ao fluido. Duas molas foram

utilizadas de modo que a freqüência de oscilação do sistema massa-mola seja próxima a

freqüência de liberação de vórtices do sistema imerso. Neste caso o cilindro está livre para

oscilar no sentido transversal do canal, ou seja, perpendicularmente ao sentido do escoamento.

Figura 5-1 – Vista lateral do modelo de base elástica unidimensional que será construído no NDF, similar

ao modelo existente no Imperial College e no Cornell University. Reproduzido de Khalak e Williansom [2]

O engaste possui ainda dois eixos que são acoplados a quatro mancais aerostáticos que

fornecem baixo amortecimento estrutural. Dessa forma, é formado um filme de ar por onde o

eixo desliza sem contato direto com os mancais. Este arranjo fornece um parâmetro de

37

amortecimento adimensional, isto é amortecimento no ar dividido pelo amortecimento crítico,

da ordem de .

O engaste é formado por dois retângulos de alumínio em cada lado, onde são fixados

os dois eixos dos mancais e o cilindro de teste, o que fornece um sistema rígido de pouco

peso.

A massa baixa é obtida construindo-se um cilindro selado em alumínio escovado, em

todas as junções, foi usado vedador para impedir que a água adentre o interior do cilindro. O

cilindro estende-se até o piso do tanque com um espaço de menos de 5mm entre a

extremidade inferior do cilindro e o assoalho. Além disso, um peso no fundo do cilindro

impede qualquer inclinação mensurável do cilindro.

A massa adimensionalizada é mantida na faixa entre 2,6 e 1,4. Conseqüentemente o

parâmetro massa-amortecimento total é m* =0,0084.

As duas molas possuem, cada uma delas, uma extremidade fixa em uma pequena placa

de alumínio retangular que por sua vez é fixa em um par de mancais e a outra extremidade

fixa no engaste. Cada mola possui um comprimento de 100 mm e rigidez média de 12,5 N/m.

A figura 7.2 mostra o aparato em funcionamento no Imperial College.

Figura 5-2 – Base elástica unidimensional similar a proposta, em funcionamento no Imperial College.

38

5.3. Projeto da Base Elástica

O projeto da base elástica foi realizado a partir de duas frentes de estudo distintas. A

primeira delas foi considerando o estudo bibliográfico e as estimativas e parâmetros

apresentados anteriormente. A segunda delas foi através das informações fornecidas pelo

orientador e pelo aluno de mestrado Gustavo Ássi a respeito do aparato desenvolvido no

Imperial College pela doutoranda croata Masã Brankovic [9], durante visita de ambos a tal

instituto. Dessa forma, foi possível o desenvolvimento de um aparato otimizado e adequado as

condições físicas do canal e de acordo com as necessidades do grupo de pesquisa do NDF.

O detalhamento do projeto de construção de cada parte da base elástica, bem como o

processo de seleção de matérias a serem utilizados será apresentado a partir de agora.

5.3.1. Mancais Aerostáticos

O mancal aerostático projetado apresenta, em sua constituição, duas partes

fundamentais e que posteriormente soldadas constituem o mancal propriamente dito. Estas

partes, denominadas bucha e corpo, serão detalhadas separadamente a fim de facilitar a

compreensão e a visualização do aparato.

Figura 5-3 - Modelo de mancal aerostático que será utilizado no projeto da base elástica. Reproduzido de

Brankovic [9]

39

No entanto antes da apresentação do projeto dos mancais será feita uma síntese do

material bibliográfico estudado pelo aluno no período, a respeito do tema relativo ao

funcionamento e dimensionamento de mancais aerostáticos.

5.3.1.1. Revisão Bibliográfica

Em um mancal aerostático o ar proveniente de um sistema pneumático passa através

de um restritor de orifício acompanhado por uma determinada queda de pressão e então flui

axialmente em direção à atmosfera através do fino filme de ar existente entre o eixo e o

mancal, causando assim uma segunda queda de pressão.

Se o eixo sofrer um deslocamento para baixo no sentido de diminuir a espessura do

filme na parte de baixo do mancal, a resistência desse filme na parte de baixo do mancal

aumentaria. Com isso a pressão em baixo do mancal se tornaria maior do que me cima e uma

força restauradora iria ser exercida sobre o eixo.

Todo o desenvolvimento do estudo de mancais aerostáticos está baseado na análise da

distribuição de pressão dentro do mancal. No entanto, geralmente, determinar a distribuição

de pressão dentro do filme é uma tarefa não muito trivial, principalmente, devido à

complexidade geométrica do mancal. Portanto são necessárias uma serie de simplificações

para a obtenção da distribuição de pressão em um mancal.

No entanto, o dimensionamento de mancais aerostáticos é facilitado, pois este é

habitualmente realizado através da utilização de ábacos. Para isso são necessários alguns

parâmetros de entrada a partir dos quais conseguimos obter os adimensionais relativos à

rigidez, carga e vazão dos mancais.

Coeficiente de Restrição

2

3

6

1s

s

n a R T

p C 2 (14)

40

onde: : viscosidade do gás n: numero total de orifícios de admissão a: raio do orifício R: constante universal dos gases T: temperatura Ps: pressão da fonte C: espessura do filme : razão entre a área do orifício e a área anular em torno do orifício

5.3.1.2.Bucha

A bucha é a parte do mancal que transmite o ar comprimido da fonte de alimentação

para os eixos, ou seja, é a parte que fica efetivamente em “contato” com os eixos. Esta bucha

nada mais é do que um tubo cilíndrico com um rebaixo central no qual existem vários furos de

diâmetro reduzido por onde o ar deve sair para os eixos e conseqüentemente para a atmosfera.

O projeto da bucha do mancal constitui-se basicamente no dimensionamento do

diâmetro interno do tubo e do numero e diâmetro dos furos de admissão. O dimensionamento

da bucha foi feito através da consulta as tabelas apresentadas anteriormente e o resultado

posteriormente comparado ao obtido no desenvolvimento feito no Imperial College.

Desta forma o valor do diâmetro interno da bucha obtido foi de 28,5 mm. O numero de

furos de admissão foi de 36 furos de 0,05 mm cada, dispostos em fileiras de três e separados

igualmente em planos de 30º de diferença.

Para a escolha do material a ser utilizado para a fabricação da bucha foram

considerados os seguintes aspectos: Como a bucha necessita ser usinada com precisão,

principalmente considerando-se a quantidade e o diâmetro reduzido dos furos, o material

selecionado deve ser de fácil usinagem. Além disso, como os mancais ficarão em contato com

a umidade do canal é necessário que este não oxide com o tempo. Outro fato relevante é que a

bucha deve ser soldada ao corpo do mancal, sendo assim é necessária a escolha de um

material que seja soldável.

Portanto, o material escolhido para a fabricação da bucha foi o latão.

O esquema da bucha projetada é apresentado abaixo:

41

Figura 5-4 - Desenho em CAD da bucha do mancal projetada.

5.3.1.3.Corpo

O corpo é a parte externa do mancal e suas funções são: permitir a entrada do ar

comprido proveniente da fonte de alimentação e transmiti-lo a bucha e conseqüentemente ao

eixo; fixar o conjunto no plano de atuação do mancal; manter a vedação do mancal,

garantindo que o ar proveniente da fonte de alimentação saia somente pelos furos de

admissão. O corpo do mancal nada mais é do que um bloco metálico com um furo central no

plano de atuação e um furo de admissão de ar.

O projeto do corpo do mancal constitui-se basicamente no dimensionamento dos

diâmetros do furo central e do furo de admissão que possibilitaram a escolha das demais

dimensões do corpo do mancal.

O furo central foi determinado como sendo a diferença entre o diâmetro da bucha e o

espaço requerido para o ar atingir toda a superfície da mesma, desta forma o diâmetro

escolhido foi de 35mm. Já o furo de admissão foi dimensionado através da escolha da

mangueira de ar escolhida, no caso 19 mm (3/4”). Dessa forma as dimensões do bloco foram:

35 x 50 x 45 mm.

42

Analogamente ao projeto da bucha o material selecionado foi o latão seguindo os

mesmos critérios de seleção já citados anteriormente.

O esquema do corpo do mancal já com a bucha soldada é apresentado abaixo:

Figura 5-5 - Desenho em CAD do mancal projetado (corpo + bucha).

5.3.2.Engaste

Analogamente ao projeto do mancal, o engaste será dividido em duas sub-partes,

sendo elas o engaste propriamente dito e as guias cilíndricas, e o detalhamento do projeto de

tais partes será apresentado abaixo:

5.3.2.1.Engaste

O engaste é a parte onde serão fixados o cilindro de testes e eventualmente a célula de

carga e/ou um sistema bidimensional com laminas fletoras. As funções do engaste são:

permitir a fixação de cilindros de diversos diâmetros, fixar as molas, possibilitar a utilização

de uma célula de carga e/ou um sistema bidimensional com laminas fletoras, acoplar-se

perfeitamente às guias cilíndricas.

43

Como não existem restrições físicas significantes para o projeto do engaste, as

dimensões utilizadas foram semelhantes às utilizadas no Imperial College. No caso, 150 x 80

x 10mm.

A placa, nas áreas de contato com as guias cilíndricas, foi usinada com o diâmetro das

guias, de tal forma que ambas as partes pudessem ser encaixadas perfeitamente, garantindo a

linearidade do sistema. A fixação do cilindro de testes foi feita através da utilização de dois

parafusos perpendiculares ao cilindro, fixos ao engaste em sua lateral.

Foram feitos alguns furos para redução de peso e que posteriormente poderiam ser

utilizados para a fixação da célula de carga e/ou do sistema bidimensional.

O material utilizado na confecção do engaste deveria apresentar as seguintes

características: baixa densidade e alta rigidez. Dessa forma optou-se pelo acrílico.

O esquema do engaste é representado a seguir:

Figura 5-6 - Desenho em CAD do engaste.

5.3.2.2.Guias Cilíndricas

As funções das guias cilíndricas são: fixar o engaste ao sistema móvel e movimentar-

se por entre os mancais.

44

O projeto das guias cilíndricas consiste basicamente no dimensionamento do diâmetro

externo e no comprimento dos cilindros.

Para o dimensionamento do diâmetro externo foi considerada a espessura do filme de

ar formado entre os eixos e a bucha do mancal, mais uma vez seguindo o estudo a respeito de

mancais aerostáticos obteve-se que os cilindros deveriam possuir o diâmetro de 28,3 mm,

conseqüentemente a espessura do filme de ar é de 0,2 mm. Já o comprimento foi determinado

de acordo com a largura do canal e a estimativa da amplitude máxima de oscilação obtida,

desta forma, o comprimento dos cilindros é de 600 mm.

Para a escolha do material a ser utilizado nas guias cilíndricas foram seguidos os

seguintes critérios: baixa densidade, alta rigidez e baixa rugosidade superficial. Desta forma o

material que melhor se adequou às características desejadas foi o acrílico.

O esquema final do engaste juntamente com as guias cilíndricas é representado abaixo:

Figura 5-7 - Desenho em CAD do engaste com as guias cilíndricas.

5.3.3.Base Fixadora

A base fixadora é a parte responsável pela fixação do sistema no canal de águas

circulantes, além disso, a base deve permitir a colocação de um cilindro fixo para ensaios de

45

tandem e possibilitar o alinhamento do sistema com o plano horizontal. Portanto a base nada

mais é do que uma placa metálica com um furo central por onde o cilindro pode oscilar

livremente.

O projeto da base fixadora consiste basicamente nas dimensões da placa e do furo

central. Tal dimensionamento foi realizado levando-se em consideração as dimensões do

canal e as estimativas de amplitude máxima.

Dessa forma, as dimensões da placa escolhidas foram: 600 x 350 x 6mm e o furo

central 400 x 250 mm. Além disso, em cada um dos quatro cantos foram colocados

niveladores para que seja possível regular o alinhamento com o plano horizontal e foram

distribuídos alguns furos para permitir a fixação de um outro cilindro para ensaios em tandem.

Para a escolha do material a ser utilizado na placa fixadora foram seguidos os

seguintes critérios: alta rigidez. Desta forma o material escolhido foi o alumínio.

O esquema da placa fixadora é representado abaixo:

Figura 5-8 - Desenho em CAD da base fixadora.

46

5.3.4.Molas

As molas são as responsáveis pela oscilação propriamente dita do sistema. No total

serão duas molas fixadas perpendicularmente ao sentido de escoamento do fluido. As molas

terão uma de suas extremidades fixas ao engaste e a outra num suporte a ser instalado entre

cada par de mancais e seu comprimento será de 120 mm cada.

O dimensionamento das molas será feito analogamente ao calculo realizado na

estimativa:

2 nf (15)

22 ( est ak m )m (16)

No entanto sabemos que o valor da constante das molas depende da massa do sistema.

Além disso, o diâmetro e o material deverão seguir a relação:

4

38

Gdk

D N (17)

Dadas essas incógnitas o projeto da mola será realizado depois que a construção da

base estiver terminada.

5.3.5.Projeto Final

Desta forma obtemos o esquema do projeto final da base elástica com todos elementos

agrupados:

47

Figura 5-9 – Desenho em CAD do projeto final da base elástica com as partes agrupadas, exceto as molas.

Cuidado especial foi tomado na usinagem do aparato, uma vez que as reduzidas folgas

entre eixos e mancais requeriam um elevado índice de alinhamento e acabamento. Dessa

forma, toda a usinagem foi realizada com grande precisão, os eixos foram retificados e as

tolerâncias foram reduzidas.

Algumas fotos da base elástica com mancais a ar durante a instalação da mesma no

canal de águas circulantes do NDF podem ser vistas na Figura 5.10 abaixo:

Figura 5-10. Fotos da base elástica com mancais a ar sendo instalada no canal de águas circulante do

NDF. (ainda sem guias, engaste e molas).

Os desenhos de fabricação da base elástica podem ser encontrados no anexo 1.

48

6. BASE ELÁSTICA COM LÂMINAS FLETORAS

Esta seção descreve o aparato experimental empregado no estudo. Uma descrição

completa dos critérios utilizados para o projeto das bases elásticas empregadas neste estudo

pode ser encontrada em Ássi [10]. Todos os cilindros livres para oscilar, com e sem strakes,

possuem apenas o grau de liberdade transversal.

A primeira base construída, chamada de Base Fletora, foi baseada no modelo simples

de uma plataforma sustentada por um conjunto de lâminas esbeltas livres para fletir em uma

direção. Fujarra [11], em seus experimentos de VIV com um cilindro rígido, empregou com

sucesso uma base elástica similar com dois graus de liberdade. A Figura 6-1 ilustra o

funcionamento da base fletora, construída com um par de lâminas, oscilando na direção

transversal. A base é composta por duas plataformas usinadas em alumínio. A plataforma

superior é engastada na estrutura do canal, enquanto a plataforma inferior está livre para

oscilar na direção de menor rigidez das lâminas. As duas plataformas são ligadas apenas pelo

conjunto de lâminas, de modo que não há escorregamento ou rotação entre quaisquer

componentes, apenas flexão das lâminas de aço-mola. Esta característica confere à base

fletora um baixo parâmetro de amortecimento, já que um único conjunto de lâminas é

responsável pelo suporte do modelo e força de restauração elástica do oscilador. Nesta base

não há mancais de escorregamento nem molas extras para ajustar o coeficiente de restauração

elástica. Conseqüentemente, esta base fletora também apresenta uma reduzida massa, visto

que os elementos que oscilam com o cilindro são apenas as leves lâminas de aço e a

plataforma oscilante inferior.

49

Figura 6-1: Base fletora com um par de lâminas na posição deslocada. Reproduzido de Ássi [10].

Figura 6-2: Modelo de cilindro e base fletora montados na seção de testes dos canais. Reproduzido de Ássi

[10].

A Figura 6-1 apresenta a base fletora com um par de lâminas de aço-mola em uma

posição deslocada de do seu centro. É possível verificar que as lâminas de aço fletidas

apresentam dupla curvatura, mantendo sempre a plataforma oscilante inferior paralela à

plataforma engastada. A Figura 6-2 ilustra a montagem do modelo cilíndrico e a base fletora

na seção de testes dos canais. Em ambas as figuras, o nível da água é representado por WL ,

mostrando que praticamente todo o comprimento do cilindro está submerso ( ).WL WL

A medição do deslocamento transversal do cilindro foi obtida de maneira indireta pela

flexão das lâminas. Nas faces internas do par de lâminas foram instalados quatro

50

extensômetros nos pontos de máxima tensão. Assim, observando-se a face interna da lâmina à

esquerda na Figura 6-1, é possível perceber que enquanto a metade superior sofre compressão,

a metade inferior está tracionada para a dada posição deslocada no exemplo. Os quatro

extensômetros foram conectados formando uma ponte de Wheatstone completa, de modo que

o sinal de saída da ponte tem relação linear com o sinal de entrada proporcional à deflexão das

lâminas. Resumindo, a base elástica não é apenas o sistema oscilador, mas o próprio

transdutor do sinal de deslocamento.

Curva de Calibração: Base fletora A_03

-2,5

-2

-1,5

-1

-0,5

0

0,5

1

1,5

2

2,5

-128 -96 -64 -32 0 32 64 96 128

Deslocamento transversal [mm]

Sin

al d

a B

ase

[V

]

Figura 6-3: Exemplo de uma curva de calibração para base fletora. Reproduzido de Ássi [10].

As bases fletoras foram calibradas em função do deslocamento transversal dos

modelos, de modo que uma série de deslocamentos impostos conhecidos foi relacionada ao

sinal de saída para cada configuração de massa. Os valores de deslocamento variaram até

para cada direção, sabendo-se que os deslocamentos típicos de VIV raramente ultrapassam

. Desta forma, obteve-se uma curva de calibração para cada configuração de base fletora.

Todas apresentaram comportamento linear bem definido e incerteza na medição da ordem de

. Um exemplo de curva de calibração é apresentado na Figura 6-3.

4D

2D

0,1mm

51

O projeto das bases fletoras objetiva um sistema com rigidez estrutural na direção

longitudinal, freqüência natural de oscilação bem determinada na direção transversal e a

menor massa estrutural possível. Fujarra [11] descreve em detalhes o dimensionamento de

bases deste tipo, explicitando os esforços e solicitações envolvidas.

Primeiramente, foram construídas duas bases fletoras com um par de lâminas, às quais

chamamos de base fletora dupla. Contudo, durante os primeiros ensaios, verificou-se que as

lâminas sofriam um forte efeito de flambagem devido ao momento causado pela força de

arrasto do cilindro nas velocidades mais altas.

Figura 6-4: Carregamento combinado de momento e compressão em uma lâmina. Reproduzido de Ássi

[10].

O momento causado pela força de arrasto combinado com a compressão da força de

empuxo do cilindro favorece a flambagem, impondo um carregamento ilustrado na Figura

6-4. O problema da flambagem poderia ser resolvido ajustando-se as dimensões das lâminas,

mas a nova freqüência natural não seria compatível com a faixa de velocidades dos canais.

Assim, uma terceira lâmina idêntica foi instalada enrijecendo o sistema na direção

longitudinal e evitando a flambagem do conjunto, mantendo a freqüência natural na mesma

ordem de grandeza da anterior. Esta base, chamada de base fletora tripla, foi empregada em

todos os ensaios descritos neste relatório e é ilustrada na Figura 6-5.

52

Figura 6-5: Base fletora tripla para cilindro isolado. Reproduzido de Ássi [10].

Figura 6-6: (esquerda) Detalhe da base elástica tripla em uma posição levemente flexionada e (direita)

detalhe da célula de carga e seus elementos estruturais. Reproduzido de Ássi [10].

53

7. ENSAIOS: CILINDRO LISO E CILINDRO COM STRAKE

7.1. Ensaios com Base Elástica Fletora

Nesta seção são apresentados os resultados dos ensaios de cilindros com strakes,

juntamente com resultados complementares de cilindros lisos. Os casos com strakes ensaiados

são aqueles descritos na Tabela 1. A espessura dos strakes para todos os casos é de 0.06D.

Ensaios de decaimento para levantamento dos parâmetros de cada ensaio (freqüência,

amortecimento e m*) foram realizados. Com a montagem do strakes no cilindro, o valor de

m* teve uma pequena variação quando comparado com o valor deste parâmetro para o

cilindro liso. No entanto, a diferença observada foi sempre inferior a 15%.

A mesma técnica de extensometria empregada para os casos descritos na seção

anterior, foi utilizada para determinação das curvas de amplitude A/D versus velocidade

reduzida. A base utilizada foi aquela com três lâminas fletoras e com parâmetro de massa

. Foram também realizados ensaios com cilindros liso imersos em uma lâmina de água

e nas mesmas condições de ensaio dos cilindros com strake h .

m*

1

hw 52cm w 69cm

Tabela 1. Descrição dos casos ensaios de cilindros com strakes.

Descrição Passo do

Strake

Altura do

Strake

Massa (g) M*

5D01D 5D 0.1D318,8 0,993 0,1173

5D02D 5D 0.2D352,5 1,054 0,1098

10D01D 10D 0.1D344,8 1,040 0,1605

10D02D 10D 0.2D375,4 1,096 0,1520

15D01D 15D 0.1D372 1,091 0,1866

15D02D 15D 0.2D353,6 1,056 0,1737

Liso - -318,8 1,277 0,0344

54

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

0 2 4 6 8 10

U*

12

Figura 7-1. Curva de resposta, cilindro liso .hw 52cm, m*

1.277

Figura 7-1 apresenta a resposta dinâmica de um cilindro isolado com . Para

velocidade reduzida não foram verificadas oscilações. O cilindro inicia as oscilações

logo após U e desenvolve rapidamente o ramo inicial até a amplitude máxima. Daí

perdura no ramo superior com pico de até próximo de U . Inicia uma descida

suave sem evidências claras de um ramo inferior. As oscilações perduram com amplitude

até U . Este ensaio foi limitado pelas condições da base elástica que não

suportaria a elevada força de arrasto acima desta velocidade. O final desta faixa não foi

observado até o final destes ensaios. O coeficiente de arrasto deste modelo foi também

medido para compararmos com aqueles obtidos para os cilindros com strakes. Os valores de

Cd no intervalo de Reynolds ensaiado é apresentada na Figura 7-2.

m*

1.277

U * 2

* 2

A* 1.0 * 6

A* 0,8 * 12

55

Liso

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

1.4

1.6

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000

Reynolds

Figura 7-2. Coeficiente de arrasto cilindro liso mantido fixo e ensaiado com hw 52cm.

O primeiro cilindro com strakes ensaiado foi aquele com passo p = 5D e altura h =

0.1D. O ensaio de decaimento em água é apresentado na Figura 7-3. Pode-se verificar que o

valor em água da freqüência natural do sistema é fN 0.8789Hz e o coeficiente de

amortecimento estrutural 0.1173 . A resposta deste cilindro e a comparação com o

cilindro liso são mostradas na Figura 7-4. A amplitude máxima observada para o cilindro liso

é e para o cilindro com strake . A redução na amplitude

máxima é de aproximadamente 50%. O ramo inicial do cilindro com strakes se desenvolve

rapidamente de maneira similar ao caso do cilindro liso. No entanto, para o caso com strakes

esse ramo ocorre com uma velocidade reduzida ligeiramente superior, entre . A

seguir, é observado um ramo para o caso com strakes com amplitude constante aproximada

que se estende entre . O ramo superior verificado no caso do

cilindro liso não está presente para o cilindro com strakes. Aumentando-se a velocidade

reduzida, a oscilação decai atingindo valores para V .

Amax

/ D ; 0.96 Amax

/ D ; 0.45

4 Vr

5

Amax

/ D ; 0.45 5 Vr

7

A / D ; 0.15 r10

56

Figura 7-3. Ensaio de decaimento, cilindro com strakes, passo p=5D e altura h= 0.1D.

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

0 2 4 6 8 10 12 14

U*

Liso

Strake

Figura 7-4. Curva de resposta, cilindro com strake, passo p=5D e altura h= 0.1D.

O ensaio de decaimento do caso do cilindro com strakes com passo p = 5D e altura h =

0.2D é apresentado na Figura 7-5. A freqüência natural nesse caso é . A resposta

deste cilindro, por sua vez, é mostrada na Figura 7-6. É evidente, analisando esta figura, que a

vibração induzida por vórtices foi fortemente atenuada, praticamente não ocorrendo para a

faixa de velocidade reduzida ensaiada. Em relação ao caso anterior, a única diferença diz

Hzfn 7813.0

57

respeito à altura dos strakes. É interessante notar que a amplitude máxima de oscilação do

cilindro com strakes não ocorre para o valor de velocidade reduzida na qual ocorreu a

amplitude máxima para o caso do cilindro liso. Um pequena oscilação é observada apenas

para . A amplitude cresce suavemente atingindo valores máximos próximos a Vr 5

A / D ; 0.1 . A velocidade reduzida máxima ensaiada foi Vr 11 . Acima desse valor, ocorre

flambagem das lâminas fletoras devido ao elevado valor da força de arrasto.

Figura 7-5. Ensaio de decaimento, cilindro com strake, passo p=5D e altura h= 0.2D.

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

0 2 4 6 8 10 12

U*

Liso

Strake

Figura 7-6. Curva de resposta, cilindro com strake, passo p=5D e altura h= 0.2D.

58

O ensaio de decaimento do caso do cilindro com strakes com passo p = 10D e altura h

= 0.1D é apresentado na Figura 7-7. A freqüência natural nesse caso é . A

resposta deste cilindro, por sua vez, é mostrada na Figura 7-8. É evidente que a vibração

induzida por vórtices foi reduzida, mas não foi suprimida. Em relação ao caso anterior, a

única diferença diz respeito à altura dos strakes. É interessante notar que o ramo no qual a

amplitude de oscilação permaneceu aproximadamente constante passou a se estender por uma

faixa mais longa de velocidade reduzida quando comparado com o caso do cilindro liso e com

o caso do cilindro com strakes com passo p=5D e mesma altura. A redução de amplitude

máxima observada foi de aproximadamente 50%. Ocorre oscilação somente a partir de

, e essa oscilação cresce até

Hzfn 9766.0

Vr ; 5 A / D 0.5D para Vr 5 . A partir dessa velocidade

reduzida, a amplitude fica constante até V , a partir da qual a amplitude inicia uma decida

aproximadamente linear até . O valor máximo de velocidade reduzida ensaiado foi

.

r ; 8

Vr ; 12

Vr 13

Figura 7-7. Ensaio de decaimento, cilindro com strakes, passo p=10D e altura h= 0.1D.

59

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

0 2 4 6 8 10 12 14

U*

Liso

Strake

Figura 7-8. Curva de resposta, cilindro com strake, passo p=10D e altura h= 0.1D.

O ensaio de decaimento do caso do cilindro com strakes com passo p = 10D e altura h

= 0.2D é apresentado na Figura 7-9. A freqüência natural nesse caso é . A resposta

deste cilindro, por sua vez, é mostrada na Figura 7-10. É evidente, analisando esta figura, que a

vibração induzida por vórtices foi fortemente atenuada, praticamente não ocorrendo para a

faixa de velocidade reduzida ensaiada. Aqui, mais uma vez, a única diferença diz respeito à

altura dos strakes em relação ao caso anterior. É interessante também notar que a amplitude

máxima do cilindro com strakes não ocorre para o valor de velocidade reduzida na qual

ocorreu a amplitude máxima para o caso do cilindro liso. As oscilações começam a ocorrer

somente para valores de velocidade reduzida V . A partir desse valor, a amplitude cresce

continuamente até atingir um valor máximo aproximado

Hzfn 7813.0

r 5

A / D ; 0.1 para uma velocidade

reduzida . Para este caso, o valor máximo de velocidade reduzida atingida no ensaio

foi V .

Vr ; 12

r 14

60

Figura 7-9. Ensaio de decaimento, cilindro com strake, passo p=10D e altura h= 0.2D.

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

0 2 4 6 8 10 12 14 16

U*

Liso

Strake

Figura 7-10. Curva de resposta, cilindro com strake, passo p=10D e altura h= 0.2D.

O ensaio de decaimento do caso do cilindro com strakes com passo p = 15D e altura h

= 0.1D é apresentado na Figura 7-11. A freqüência natural nesse caso é . A

resposta deste cilindro, por sua vez, é mostrada na Figura 7-12. Aqui, mais uma vez, é evidente

analisando esta figura que a vibração induzida por vórtices foi reduzida, mas não suprimida.

A redução foi de aproximadamente 50% e ocorreu oscilação para uma ampla faixa de

velocidade reduzida. O mesmo comportamento observado nos casos anteriores com valores

inferiores de passo e com a mesma altura (h=0.1D) é aqui constado. Existe um ramo inicial

Hzfn 7813.0

61

que ocorre no intervalo de velocidade reduzida 5.5 Vr 8 , no qual a amplitude de oscilação

cresce linearmente até atingir um patamar com amplitude A / D ; 0.45 . Essa amplitude de

oscilação perdura no intervalo 8 Vr 14 . Para valores superiores de velocidade reduzida, a

amplitude de oscilação observada foi de aproximadamente A / D ; 0.3 . Foi possível ensaiar

até um valor de velocidade reduzida Vr 18 . Nota-se que amplitudes elevadas de oscilação

ocorrem para valores elevados de velocidade reduzida, essas amplitudes não decaem no

intervalo ensaiado.

Figura 7-11. Ensaio de decaimento, cilindro com strake, passo p=15D e altura h= 0.1D.

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

U*

Liso

Strake

Figura 7-12. Curva de resposta, cilindro com strake, passo p=15D e altura h= 0.1D.

62

Finalmente, o ensaio de decaimento do caso do cilindro com strakes com passo p =

15D e altura h = 0.2D é apresentado na Figura 7-13. A freqüência natural nesse caso é

. A resposta deste cilindro, por sua vez, é mostrada na Figura 7-14. É mais uma

vez evidente, analisando esta figura, que a vibração induzida por vórtices foi fortemente

atenuada, praticamente não ocorrendo para a faixa de velocidade reduzida ensaiada. Também

podemos notar que a amplitude máxima do cilindro com strakes não ocorre para o valor de

velocidade reduzida na qual ocorreu a amplitude máxima para o caso do cilindro liso. As

oscilações começam a ocorrer para valores de velocidade reduzida V . A partir desse

valor, a amplitude cresce continuamente até atingir um valor máximo aproximado

Hzfn 8789.0

r 5

A / D ; 0.2

para uma velocidade reduzida . Para este caso, o valor máximo de velocidade reduzida

atingida no ensaio foi V .

Vr ; 10

r 13

Figura 7-13. Ensaio de decaimento, cilindro com strake, passo p=15D e altura h= 0.2D.

63

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

0 2 4 6 8 10 12 14

U*

Liso

Strake

Figura 7-14. Curva de resposta, cilindro com strake, passo p=15D e altura h= 0.2D.

Todos os resultados dos ensaios de cilindros montados em base elástica descritos neste

relatório estão sintetizados na Figura 7-15. Analisando esta figura, fica evidente a importância

da altura dos strakes no processo de supressão. A amplitude de oscilação é baixa para todos os

cilindros com strakes com altura h=0.2D (indicados pelas linhas azuis nessa figura). Os

cilindros com strakes com altura h=0.1D (linhas vermelhas), por sua vez, apresentaram

oscilação elevada, porém abaixo da amplitude do caso do cilindro liso (linhas pretas na Figura

7-15. Dos cilindros ensaiados, aquele que apresentou a menor amplitude de oscilação foi

aquele com h=0.2D e passo p=10D. É também possível observar que o passo aparentemente

afeta a extensão do intervalo de velocidade reduzida na qual se observa o ramo inferior da

resposta. Quanto maior o passo, maior esse intervalo.

Foram medidos os valores do coeficiente de arrasto, com os cilindros fixos, no

intervalo de Reynolds dos ensaios. O arrasto foi medido utilizando uma célula de carga e foi

considerada a área submersa do cilindro. Esses resultados são apresentados na Figura 7-16. Os

cilindros com maior altura de strakes apresentaram os maiores coeficientes de arrasto, como

era de se esperar. Para o cálculo do coeficiente de arrasto utilizou-se o mesmo valor da área

de referencia para todos os cilindros (S = DL, D é o diâmetro e L o comprimento submerso do

64

cilindro). Para valores de Reynolds , o cilindro liso apresenta o menor coeficiente

de arrasto (

Re 3000

Cd ; 1.05 ). O cilindro que apresentou o maior coeficiente em todo o intervalo de

Reynolds ensaiado foi o cilindro com p=10D e h=0.2D. Para esse caso, Cd ; 1.6 para Re >

3000.

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

0 2 4 6 8 10 12 14

Velocidade reduzida

Liso - m*=1,277 05D01D 05D02D 10D01D 10D02D 15D01D 15D02D Liso - m*=0,958

Figura 7-15. Comparações das curvas de resposta: cilindros liso e com strakes.

Coeficientes de arrasto

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

1.4

1.6

1.8

2

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000

Reynolds

Liso 05D01D 05D02D 10D01D 10D02D 15D01D 15D02D

Figura 7-16. Comparações do coeficiente de arrasto, cilindros lisos e com strake, mantidos fixos.

65

7.2. Ensaios com Base Elástica com Mancais a Ar

Analogamente a seção anterior é apresentada os resultados dos ensaios de cilindros

com strakes e do cilindro liso, desta vez utilizando-se a base elástica com mancais a ar

desenvolvida no capitulo 4 deste trabalho. Os casos com strakes ensaiados são os mesmos

descritos na etapa anterior. No entanto com os resultados preliminares obtidos verificou-se

que o fator de maior relevância na atenuação de VIV é a altura do strake, portanto nesta etapa

foram construídos mais 2 modelos com passo infinito ou seja neste caso os strakes ficam

paralelos a direção do comprimento do cilindro.

Na Tabela 2 estão apresentados os parâmetros dos ensaios obtidos após os ensaios de

decaimento realizados com a base elástica de mancais a ar. O parâmetro de massa para a nova

base elástica foi de para todos os casos ensaiados, embora este valor seja bem maior

do que o valor obtido com a base elástica fletora, em contrapartida nota-se, através da

visualização dos parâmetros de ensaio (Tabela 2) que os valores de amortecimento foram bem

menores do que os obtidos na etapa anterior. Mais uma vez ressalta-se que a diferença entre

os valores de m* obtidos foram sempre inferiores a 15%.

* 2m

Para determinação das curvas de amplitude A/D versus velocidade reduzida na base

elástica com mancais a ar utilizou-se um sensor óptico. O funcionamento deste sensor está

baseado na emissão de luz de led fixo a base e que pode ser captada por dois sensores

resistivos fixos em cada uma das 2 extremidades do aparato. A quantidade de luz captada por

cada um desses sensores é relacionada com uma tensão de saída que posteriormente pode ser

calibrada linearmente com o deslocamento do led. O desenvolvimento completo e detalhes do

funcionamento deste sensor pode ser obtido em Assi[10].

A lamina de lâmina de água na qual os cilindros estavam imersos foi de hw 69cm

para todos os cilindros ensaiados: lisos ou com strakes.

66

Tabela 2. Descrição dos casos ensaios de cilindros com strakes.

Descrição Passo do

Strake

Altura do

Strake

Massa (g) M*

05D01D5D 0.1D

318,8 2,005773 0,0533

10D01D10D 0.1D

352,5 2,066945 0,0589

15D01D15D 0.1D

344,8 2,052968 0,0634

inf01Dinfinito 0.1D

345,6 2,05442 0,0736

05D02D5D 0.2D

375,4 2,108513 0,0702

10D02D10D 0.2D

372 2,102341 0,0883

15D02D15D 0.2D

353,6 2,068942 0,0890

inf02Dinfinito 0.2D

369,3 2,09744 0,0741

liso- -

318,8 2,005773 0,0344

A/D x Vr

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Vr

Série1

Figura 7-17. Curva de resposta, cilindro liso .*69 , 2.055wh cm m

Figura 7-17 apresenta a resposta dinâmica de um cilindro isolado com .

Para velocidade reduzida não foram verificadas oscilações. O cilindro inicia as

oscilações logo após e desenvolve rapidamente o ramo inicial até a amplitude

* 2.055m

* 3U

* 3U

67

máxima. Daí perdura no ramo superior com pico de até próximo de . Inicia

uma descida suave sem evidências claras de um ramo inferior. As oscilações vão decrescendo

até antigir o valor de para

* 0.8A U * 6

* 0.1A * 14U . Nota-se que o problema existente no caso da

utilização de uma base elástica fletora relacionado a flambagem não ocorre para a base

elástica com mancais a ar e o experimento pode ser tranquilamente conduzido para valores de

sem grandes influencias da força de arrasto. * 10U

O primeiro cilindro com strakes ensaiado foi aquele com passo p = 5D e altura h =

0.1D. O ensaio de decaimento em água é apresentado na Figura 7-3. Pode-se verificar que o

valor em água da freqüência natural do sistema é 0.7813Nf Hz e o coeficiente de

amortecimento estrutural 0.0533 . A resposta deste cilindro e a comparação com o

cilindro liso são mostradas na Figura 7-4. A amplitude máxima observada para o cilindro liso

é e para o cilindro com strake . A redução na amplitude

máxima é de aproximadamente 35%. O ramo inicial do cilindro com strakes se desenvolve

rapidamente de maneira similar ao caso do cilindro liso. No entanto, para o caso com strakes

esse ramo ocorre com uma velocidade reduzida ligeiramente superior, entre . A

seguir, é observado um ramo para o caso com strakes com amplitude constante aproximada

que se estende entre . O ramo superior verificado no caso do

cilindro liso não está presente para o cilindro com strakes. Aumentando-se a velocidade

reduzida, a oscilação decai atingindo valores para .

max / 0.7A D 6

0

Amax

/ D ; 0.45

4 Vr

5

Amax

/ D ; 0.45 5 Vr

7

/ 0.1A D 11rV

68

Figura 7-18. Ensaio de decaimento, cilindro com strakes, passo p=5D e altura h= 0.1D.

A/D x Vr

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

Vr

05D01D liso

Figura 7-19. Curva de resposta, cilindro com strake, passo p=5D e altura h= 0.1D.

O ensaio de decaimento do caso do cilindro com strakes com passo p = 5D e altura h =

0.2D é apresentado na Figura 7-5. A freqüência natural nesse caso é . A resposta

deste cilindro, por sua vez, é mostrada na Figura 7-6. É evidente, analisando esta figura, que a

vibração induzida por vórtices foi fortemente atenuada, praticamente não ocorrendo para a

Hzfn 7813.0

69

faixa de velocidade reduzida ensaiada. Em relação ao caso anterior, a única diferença diz

respeito à altura dos strakes. É interessante notar que a amplitude máxima de oscilação do

cilindro com strakes não ocorre para o valor de velocidade reduzida na qual ocorreu a

amplitude máxima para o caso do cilindro liso. Uma pequena oscilação é observada apenas

para . A amplitude cresce suavemente atingindo seu valor máximo próximo de 9rV

A / D ; 0.15 para .13rV

Figura 7-20. Ensaio de decaimento, cilindro com strake, passo p=5D e altura h= 0.2D.

A/D x Vr

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

Vr

05D02D liso

Figura 7-21. Curva de resposta, cilindro com strake, passo p=5D e altura h= 0.2D.

70

O ensaio de decaimento do caso do cilindro com strakes com passo p = 10D e altura h

= 0.1D é apresentado na Figura 7-7. A freqüência natural, assim como nos demais casos, é

0.7813nf Hz . A resposta deste cilindro, por sua vez, é mostrada na Figura 7-8. É evidente

que a vibração induzida por vórtices foi reduzida, mas não foi suprimida. Em relação ao caso

anterior, a única diferença diz respeito à altura dos strakes. É interessante notar que o ramo no

qual a amplitude de oscilação permaneceu aproximadamente constante passou a se estender

por uma faixa mais longa de velocidade reduzida quando comparado com o caso do cilindro

liso e com o caso do cilindro com strakes com passo p=5D e mesma altura. A redução de

amplitude máxima observada foi de aproximadamente 40%. Ocorre oscilação somente a partir

de , e essa oscilação cresce até Vr ; 5 A / D 0.5D para 7rV . A partir dessa velocidade

reduzida, a amplitude fica constante até 10rV , a partir da qual a amplitude inicia uma

decida aproximadamente linear até V . O valor máximo de velocidade reduzida ensaiado

foi .

r ; 12

16rV

Figura 7-22. Ensaio de decaimento, cilindro com strakes, passo p=10D e altura h= 0.1D.

71

A/D x Vr

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

Vr

10D01D liso

Figura 7-23. Curva de resposta, cilindro com strake, passo p=10D e altura h= 0.1D.

O ensaio de decaimento do caso do cilindro com strakes com passo p = 10D e altura h

= 0.2D é apresentado na Figura 7-9. A freqüência natural nesse caso também é .

A resposta deste cilindro, por sua vez, é mostrada na Figura 7-10. É evidente, analisando esta

figura, que a vibração induzida por vórtices foi fortemente atenuada, praticamente não

ocorrendo para a faixa de velocidade reduzida ensaiada. Aqui, mais uma vez, a única

diferença diz respeito à altura dos strakes em relação ao caso anterior. É interessante também

notar que a amplitude máxima do cilindro com strakes não ocorre para o valor de velocidade

reduzida na qual ocorreu a amplitude máxima para o caso do cilindro liso. As oscilações

começam a ocorrer somente para valores de velocidade reduzida . A partir desse valor,

a amplitude cresce continuamente até atingir um valor máximo aproximado para

uma velocidade reduzida . Para este caso, o valor máximo de velocidade reduzida

atingida no ensaio foi .

Hzfn 7813.0

9rV

/ 0.0A D 5

13rV

16rV

72

Figura 7-24. Ensaio de decaimento, cilindro com strake, passo p=10D e altura h= 0.2D.

A/D x Vr

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

Vr

10D02D liso

Figura 7-25. Curva de resposta, cilindro com strake, passo p=10D e altura h= 0.2D.

O ensaio de decaimento do caso do cilindro com strakes com passo p = 15D e altura h

= 0.1D é apresentado na Figura 7-11. A freqüência natural nesse caso é a mesma dos casos

anteriores . A resposta deste cilindro, por sua vez, é mostrada na Figura 7-12.

Aqui, mais uma vez, é evidente analisando esta figura que a vibração induzida por vórtices foi

reduzida, mas não suprimida exatamante como observado nos casos anteriores com a mesma

Hzfn 7813.0

73

altura (h=0.1D). Existe um ramo inicial que ocorre no intervalo de velocidade reduzida

, no qual a amplitude de oscilação cresce até atingir um patamar com amplitude

. Essa amplitude de oscilação perdura no intervalo 8

5.5 Vr 8

/ 0A D .4 11rV , quando começa um

comportamento de decrescimento praticamente linear. Para valores superiores de velocidade

reduzida, a amplitude de oscilação cai até aproximadamente para ./ 0A D .1 16rV

Figura 7-26. Ensaio de decaimento, cilindro com strake, passo p=15D e altura h= 0.1D.

A/D x Vr

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Vr

18

15D01D liso

Figura 7-27. Curva de resposta, cilindro com strake, passo p=15D e altura h= 0.1D.

74

O ensaio de decaimento do caso do cilindro com strakes com passo p = 15D e altura h

= 0.2D é apresentado na Figura 7-13. A freqüência natural nesse caso é . A

resposta deste cilindro, por sua vez, é mostrada na Figura 7-14. É mais uma vez evidente,

analisando esta figura, que a vibração induzida por vórtices foi fortemente atenuada,

praticamente não ocorrendo para a faixa de velocidade reduzida ensaiada. Também podemos

notar que a amplitude máxima do cilindro com strakes não ocorre para o valor de velocidade

reduzida na qual ocorreu a amplitude máxima para o caso do cilindro liso. As oscilações

começam a ocorrer para valores de velocidade reduzida . A partir desse valor, a

amplitude cresce continuamente até atingir um valor máximo aproximado para

uma velocidade reduzida . Para este caso, o valor máximo de velocidade reduzida

atingida no ensaio foi .

Hzfn 7813.0

7rV

/ 0.1A D 5

11rV

16rV

Figura 7-28. Ensaio de decaimento, cilindro com strake, passo p=15D e altura h= 0.2D.

75

A/D x Vr

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

Vr

15D02D liso

Figura 7-29. Curva de resposta, cilindro com strake, passo p=15D e altura h= 0.2D.

Como citado anteriormente as conclusões obtidas na primeira etapa do trabalho

utilizando-se a base elástica fletora sugeriu que o parâmetro de maior relevância na atenuação

de VIV em strakes é a altura do strake, o que acabou sendo confirmado nos ensaios com a

base elástica de mancais a ar. Desta forma pensou-se em construir modelos com passo infinito

para validar o fato de o passo ser irrelevante na concepção dos strakes.

O ensaio de decaimento do caso do cilindro com strakes com passo infinito e altura h

= 0.1D é apresentado na Figura 7-13. A freqüência natural nesse caso também foi de

. A resposta deste cilindro, por sua vez, é mostrada na Figura 7-14. Percebe-se

neste caso que assim como os demais casos com altura h = 0.1D a oscilação foi atenuada, mas

não suprimida. No entanto verificou-se que a amplitude máxima do cilindro com strakes desta

vez bem próxima ao ponto de máxima amplitude do cilindro liso

Hzfn 7813.0

5rV . A amplitude máxima

atingida foi de . A partir desse valor, a amplitude cai para um valor máximo

aproximado para uma velocidade reduzida

/ 0.4A D 5

5/ 0.3A D 7rV e permanece praticamente

constante neste valor até o final do ensaio 16rV .

76

Figura 7-30. Ensaio de decaimento, cilindro com strake, passo infinito e altura h= 0.1D.

A/D x Vr

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

Vr

inf 01D liso

Figura 7-31. Curva de resposta, cilindro com strake, passo infinito e altura h= 0.1D.

Para o ensaio do cilindro com strakes com passo infinito e altura h = 0.2D de

decaimento do caso é apresentado na Figura 7-132. A freqüência natural nesse caso também

foi de . A resposta deste cilindro, por sua vez, é mostrada na Figura 7-14. Ao

contrario das expectativas não houve atenuação de VIV para esse caso, pelo contrario, o

Hzfn 7813.0

77

cilindro aumentou a amplitude máxima de oscilação. Verificou-se que a amplitude máxima do

cilindro com strakes foi de e aconteceu para / 1.0A D 0 10rV . A partir deste ponto

decresceu linearmente para amplitude para uma velocidade reduzida / 0.0A D 5 13rV e daí

em diante não houve mais oscilação até o final do ensaio 16rV . Acredita-se que o motivo

deste resultado seja o fato que os strakes estavam posicionados aleatoriamento no cilindro em

relação ao sentido do escoamento, percebeu-se durante o ensaio que a oscilação do cilindro

era desordenada realizando dois picos para um dos lados e apenas um para o outro em cada

ciclo. Isso aliado ao fato de a curva ser obtida pela média dos 10% maiores picos resultou

neste resultado aparentemente incoerente.

Figura 7-32. Ensaio de decaimento, cilindro com strake, passo infinito e altura h= 0.2D.

78

A/D x Vr

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

Vr

inf 02D liso

Figura 7-33. Curva de resposta, cilindro com strake, passo infinito e altura h= 0.2D.

Todos os resultados dos ensaios de cilindros montados em base elástica descritos neste

relatório estão sintetizados na Figura 7-15. Analisando esta figura, fica evidente a importância

da altura dos strakes no processo de supressão. A amplitude de oscilação é baixa para todos os

cilindros com strakes com altura h=0.2D (indicados pelas linhas azuis nessa figura). Os

cilindros com strakes com altura h=0.1D (linhas vermelhas), por sua vez, apresentaram

oscilação elevada, porém abaixo da amplitude do caso do cilindro liso (linhas pretas na Figura

7-15. Dos cilindros ensaiados, aquele que apresentou a menor amplitude de oscilação foi

aquele com h=0.2D e passo p=10D. É também possível observar que o passo aparentemente

afeta a extensão do intervalo de velocidade reduzida na qual se observa o ramo inferior da

resposta. Quanto maior o passo, maior esse intervalo.

79

A/D x Vr

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

Vr

05D01D 10D01D 15D01D 05D02D 10D02D 15D02D inf 01D inf 02D liso

Figura 7-34. Síntese dos ensaios realizados

Como já vimos o arrasto é um fator importante no estudo de atenuadores de VIV, na

primeira etapa do projeto com a realização dos experimentos montados em uma base elástica

fletora não foi possível analisarmos o efeito do arrasto para o cilindro oscilando, pois o aparato

não permitia tal analise. Desta forma foram apresentados somente os valores de arrasto para o

cilindro fixo.

Na base elástica com mancais a ar esperava obter o arrasto para um cilindro oscilando,

mas novamente não foi possível obtermos esses dados. Para obter o arrasto foram instalados 4

extensômetros no inserto que conecta o modelo ao engaste da base elástica na direção

perpendicular ao fluido, formando uma ponte de Wheastone.

No entanto durante a montagem dos extensômetros houve algum problema e a

sensibilidade não ficou adequada não sendo possível obter-se uma relação coerente da força de

arrasto.

80

8. MEDIÇÕES DO CAMPO DE VORTICIDADE UTILIZANDO SISTEMA PIV

A técnica experimental de PIV (Velocimetria por Imagens de Partículas) de alta

densidade de partículas foi empregada para obtenção do campo de velocidades na esteira. O

plano transversal ao cilindro onde as imagens foram capturas está localizado na metade do

comprimento do cilindro submerso, isto é, sua distância do fundo da seção de testes é Lw

2 .

8.1. Cilindro liso oscilando

A esteira de vórtices emitida de um cilindro oscilando apresenta características

diferentes da de um cilindro isolado fixo. A Figura 8-1 apresenta imagens de PIV coletadas

durante as oscilações livres de um cilindro isolado. No topo de cada uma delas mostra-se a

série temporal do deslocamento do cilindro ao longo da tomada das imagens. Os pontos

numerados de 1 a 20 mostram em que momento das oscilações a imagem foi capturada. Deste

modo é possível identificar a exata posição e direção do movimento do cilindro em cada

captura. A figura também informa o valor de Reynolds, a velocidade e a amplitude reduzidas

e o intervalo entre as capturas de PIV, identificado por D .t

A Figura 8-1 apresenta a dinâmica da esteira para uma velocidade reduzida ,

imediatamente antes do início da transição dos modos de emissão. Nesta região o padrão da

esteira é claramente identificado por 2S. Nas capturas 4, 5, 12 e 16, por exemplo, é possível

identificar apenas um vórtice sendo desprendido para cada lado.

U* = 4,4

As imagens apresentadas nestas figuras serão utilizadas como referência para a

comparação com os casos de oscilações em cilindros com strakes, apresentados na seqüência.

81

102 104 106 108 110 112 114 116

-0.5

-0.4

-0.3

-0.2

-0.1

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

A*

t*

1 2 3 4

5 6 7 8

9 10 11 12

13 14 15 16

17 18 19 20

Re = 5280 U* = 4,4 D t = 0,5sA* = 0,73

Figura 8-1: Dinâmica da esteira. Cilindro isolado oscilando . U*=4,4. Reproduzida de Assi [10]

82

As técnicas experimentais e a metodologia de tratamento de sinais foram validadas por

estes experimentos iniciais, de modo que podemos aplicá-las para os próximos ensaios de

cilindros com strakes. A técnica de PIV mostrou-se uma poderosa ferramenta para

mapeamento da esteira. Os padrões de emissão encontrados estão de acordo com os dados

consagrados na literatura, de modo que este método também será utilizado para mapeamento

do campo de velocidades nos casos de interferência. Outra importante conclusão,

principalmente para os próximos ensaios de interferência, foi a observação do encurtamento

do comprimento de formação à medida que Reynolds aumenta.

Em suma, estes ensaios preliminares com um cilindro oscilando isoladamente

serviram para obtenção dos dados de referência para as próximas comparações. Além disso,

serviram para a validação dos procedimentos empregados daqui em diante. Por exemplo:

verificamos que a base elástica tripla resistiu melhor à flambagem; que o sinal de

deslocamento pode ser medido tanto diretamente (com o sensor óptico de posição) quanto

indiretamente (pela flexão das lâminas) com a mesma precisão.

8.2. Cilindro com strakes oscilando

Para as visualizações do escoamento ao redor do cilindro com strakes foram feitos

quatro mapeamentos para cada um dos casos ensaiados. O cilindro foi girado de um angulo de

30º a partir da posição com uma das lâminas do strake no ponto de estagnação frontal (Figura

8-2). Procurou-se obter cada uma das visualizações quando o cilindro encontrava-se na

posição de máximo ao longo do ciclo (Figura 8-3). As visualizações foram feitas para uma

velocidade reduzida U *6 , o que corresponde a um número de Reynolds .Re 4200

83

Figura 8-2- Da esquerda para direita, de cima para baixo respectivamente ângulo 0º, 30º, 60º e 90º.

Figura 8-3- Posição relativa no ciclo de oscilação das imagens obtidas com o sistema PIV.

Na Figura 8-4 são apresentadas as visualizações do campo de vorticidade no escoamento

ao redor do riser com strakes de passo p=5D e altura h=0.1D. Procurou-se obter os detalhes

da esteira na região próxima à parede do cilindro. Os dados foram tomados quando o cilindro

estava na posição de deslocamento máximo, a Figura 8-4(a) na posição ao longo da

envergadura correspondente a um dos strakes localizado no ponto de estagnação frontal, a

figura (b) com o mesmo strake localizado a 30º para a direita, a figura (c) a 60º e a figura (d) a

90º (veja esquema explicativo da Figura 8-2). A análise destas figuras mostra claramente a

formação de um vórtice com rotação horária (cor azulada) e outro com rotação anti-horária

(cor avermelhada) na região muito próxima da parede do cilindro.

Ao longo da envergadura, a formação desses vórtices não ocorre em fase: nas posições

apresentadas nas figuras (a) e (b) o vórtice com rotação horária está próximo da parede,

84

enquanto que a camada cisalhante com fluido com rotação anti-horária está começando a se

enrolar para formar um vórtice. Nas figuras (c) e (d) por sua vez, um vórtice com rotação anti-

horária está praticamente formado e numa posição muito próxima da parede. Aparentemente,

o strake com pequena altura (h=0.1D) deste caso, não impediu a formação de vórtices em

uma região muito próxima da parede do corpo. Apesar da hélice do strake ter causado um

desprendimento não correlacionado ao longo da envergadura do corpo, esta falta de

correlação não foi suficiente para diminuir substancialmente a resposta de amplitude de

oscilação.

Na Figura 8-5 são apresentadas as visualizações do campo de vorticidade no escoamento

ao redor do riser com strakes de passo p=5D e altura h=0.2D. Também procurou-se obter os

detalhes da esteira na região próxima à parede do cilindro. Da mesma maneira que o caso

anterior, os dados foram tomados quando o cilindro estava na posição de deslocamento

máximo, a Figura 8-4(a) na posição ao longo da envergadura correspondente a um dos strakes

localizado no ponto de estagnação frontal, a figura (b) com o mesmo strake localizado a 30º

para a direita, a figura (c) a 60º e a figura (d) a 90º. Em relação ao caso com altura de strake

menor, a diferença é pronunciada. A análise das figuras mostra claramente que a camada

cisalhante não se enrola próxima do corpo. Isto faz com que a formação de vórtices não

ocorra próxima do cilindro. A inexistência de uma região de baixa pressão próxima a parede

do cilindro é claramente notada nas figuras. Esse fato aliado a não observação de correlação

ao longo da envergadura do corpo faz com que a resposta seja de baixa amplitude.

85

(a) (b)

(c) (d)

Figura 8-4- Campo de vorticidade, passo p = 5D e altura h = 0.1D. Da esquerda para direita, de cima para

baixo respectivamente ângulo (a) 0º, (b) 30º, (c) 60º e (d) 90º.

86

Figura 8-5 - Campo de vorticidade, passo p = 5D e altura h = 0.2D. Da esquerda para direita, de cima para

baixo respectivamente ângulo (a) 0º, (b) 30º, (c) 60º e (d) 90º.

Na Figura 8-6, por sua vez, são apresentadas as visualizações do campo de vorticidade

no escoamento ao redor do riser com strakes de passo p=10D e altura h=0.1D. Os dados

também foram tomados quando o cilindro estava na posição de deslocamento máximo. Na

Figura 8-6(a), um dos strakes está na posição ao longo da envergadura correspondente ao ponto

de estagnação frontal, a figura (b) com o mesmo strake localizado a 30º para a direita, a figura

(c) a 60º e a figura (d) a 90º. O que é observado neste caso é muito similar ao caso com passo

p=5D e mesma altura (h=0.1D). A análise das figuras mostra claramente a formação de um

vórtice com rotação horária (cor azulada) e outro com rotação anti-horária (cor avermelhada)

na região muito próxima da parede do cilindro. Neste caso também a formação desses vórtices

87

não ocorre em fase ao longo da envergadura. O strake com pequena altura (h=0.1D) deste

caso, não impediu a formação de vórtices em uma região muito próxima da parede do corpo.

Apesar da hélice do strake ter causado um desprendimento não correlacionado ao longo da

envergadura do corpo, esta falta de correlação não foi suficiente para diminuir

substancialmente a resposta de amplitude de oscilação. O comportamento é totalmente

análogo ao caso com passo menor, mas com a mesma altura de strakes.

Figura 8-6 - Campo de vorticidade, passo p =10D e altura h = 0.1D. Da esquerda para direita, de cima

para baixo respectivamente ângulo (a) 0º, (b) 30º, (c) 60º e (d) 90º.

88

Na Figura 8-7 é apresentado o caso com passo p=10D e h=0.2D. Esse foi aquele que

apresentou a menor resposta de amplitude de oscilação. A análise das figuras mostra

claramente que a camada cisalhante não se enrola próxima do corpo. Aqui, mais uma vez, a

formação de vórtices não ocorre nas vizinhanças da parede do cilindro. A inexistência de uma

região de baixa pressão próxima a parede é claramente notada nas figuras. Esse fato, aliado a

não observação de correlação ao longo da envergadura do corpo, faz com que a resposta seja

de baixa amplitude. Comparando-se com o caso p=5D e h=0.2D, as camadas cisalhantes estão

ainda mais afastadas uma da outra, dificultando o processo de formação de vórtices.

Figura 8-7- Campo de vorticidade, passo p = 10D e altura h = 0.2D. Da esquerda para direita, de cima

para baixo respectivamente ângulo (a) 0º, (b) 30º, (c) 60º e (d) 90º.

89

Na Figura 8-8 são apresentados os resultados para p=15D e h=0.1D. O que ocorre é

similar aos outros dois casos com a mesma altura de strakes. Vórtices com intensidade

elevada se formam na região próxima do cilindro. Apesar dos strakes o cilindro apresenta uma

reposta de oscilação elevada (A*=0.5D).

Figura 8-8- Campo de vorticidade, passo p = 15D e altura h = 0.1D. Da esquerda para direita, de cima

para baixo respectivamente ângulo (a) 0º, (b) 30º, (c) 60º e (d) 90º.

Na Figura 8-9 são apresentados os resultados para p=15D e h=0.2D. A altura elevada do

strake impede, mais uma vez, uma comunicação entre as duas camadas cisalhantes. Vórtices

não se formam devido ao fato das camadas cisalhantes não se enrolarem. Não havendo

formação alternada de vórtices próximos ao cilindro a resposta do corpo é de baixa amplitude.

90

Figura 8-9- Campo de vorticidade, passo p = 15D e altura h = 0.2D. Da esquerda para direita, de cima

para baixo respectivamente ângulo (a) 0º, (b) 30º, (c) 60º e (d) 90º.

Os resultados das visualizações indicam claramente qual é o principal efeito do

strakes: este mecanismo de atenuação de VIV altera a maneira como ocorre a geração e

desprendimento de vórtices na região próxima à parede. Não se forma uma esteira

convencional de von Kármán. Aparentemente, para os cilindros com strakes com altura

h=0.2D, as camadas cisalhantes se formam e interagem a uma distância muito superior àquela

que ocorre para o caso do cilindro liso e para os casos com strakes de altura h=0.1D. Para

esses últimos, a altura da protuberância não foi suficiente para alterar a dinâmica de formação

de vórtices a ponto de impedir que eles se formem próximos ao cilindro.

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9. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] MENEGHINI, J.R.; Projetos de pesquisa no tópico geração e desprendimento de vórtices no escoamento ao redor de cilindros.; Livre Docência; Escola Politécnica da Universidade de São Paulo; São Paulo; 2002.

[2] KHALAK, A., WILLIANSOM, C.H.K.; Dynamics Of A Hydroelastic Cylinder With Low Mass And Damping ; Journal of Fluids and Structures 10 (1996): 455-472.

[3] KHALAK, A., WILLIANSOM, C.H.K.; Fluid Forces and Dynamics Of A Hydroelastic Structure With Very Low Mass And Damping ; Journal of Fluids and Structures 11 (1997): 973-982.

[4] KHALAK, A., WILLIANSOM, C.H.K.; Motions, Forces And Mode Transitions In Vortex-Induced Vibrations At Low Mass-Damping ; Journal of Fluids and Structures 13 (1999): 813-851.

[5] GOVARDHAN , R., WILLIANSOM, C.H.K.; Modes of vortex formation and frequency response of a freely vibrating cylinder; Journal of Fluids Mechanicals 420 (2000): 85-130.

[6] GOVARDHAN , R., WILLIANSOM, C.H.K.; Vortex-Induced Vibration; Annuary Review of Fluids Mechanicals 36 (2004): 413-455.

[7] DOWNES , K., ROCKWELL, D.; Oscillations of a vertical elastically mounted cylinder in a wave: imaging of vortex patterns; Journal of Fluids and Structures 17 (2003): 1017-10331.

[8] MENEGHINI, J.R.; Revisão Bibliográfica: Atenuadores de Vibração Induzida por Vórtices.; Programa de Simulação do Escoamento ao Redor de Risers: Flomar3d – Fase 2(VIV); Escola Politécnica da Universidade de São Paulo; São Paulo; 2005.

[9] BRANKOVIC, M.; Vortex-induced vibration attenuation of circular cylinders with low mass and damping; PhD Thesis Imperial College; (2004); 68-91

[10] ÁSSI, G.R.S.; Estudo Experimental do Efeito de Interferência no Escoamento ao Redor de Cilindros Alinhados; Dissertação de Mestrado, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (2005).

[11] FUJARRA, A.L.C.; Estudos experimentais e analíticos das vibrações induzidas pela emissão de vórtices em cilindros flexíveis e rígidos; Tese de doutorado apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (2002).