estudo e caracterização de regulador de tensão para iluminação · alteração dos balastros...
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Estudo e Caracterização de Regulador de Tensão
para Iluminação
Diogo André Vieira da Silva Miranda
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia Electrotécnica e de Computadores
Orientador: Prof. Doutor Duarte de Mesquita e Sousa
Júri
Presidente: Prof. Doutora Maria Eduarda de Sampaio Pinto de Almeida Pedro
Orientador: Prof. Doutor Duarte de Mesquita e Sousa
Vogal: Prof. Doutor João Augusto Santos Joaquim
Novembro 2014
i
Agradecimentos
Todo o tipo de investigação, em especial no caso de Dissertações como esta, é um processo
solitário mas que não seria possível sem o contributo e apoio de várias pessoas, às quais eu gostaria
de agradecer.
Agradeço aos meus pais por todo o apoio, força e amor que me deram ao longo da vida, em
especial ao longo desta tese.
Agradeço ao Professor Doutor Duarte Mesquita pelas valiosas contribuições para a
Dissertação.
Ao Fábio Silva, André Miranda e Pedro Ramalhosa agradeço a informação prestada sobre o
equipamento alvo de estudo na Dissertação.
Por último agradeço o apoio e motivação dos meus amigos que me acompanharam ao longo
deste trabalho, em especial, à Beatriz Ferreira, ao Diogo Carranço e ao Filipe Ferreira.
iii
Resumo
Nesta Dissertação, intitulada, ―Estudo e Caracterização de Regulador de Tensão para
Iluminação‖, realiza-se um estudo sobre o funcionamento de um Otimizador Energético e Regulador
de Tensão que alimenta diferentes tipos de equipamentos de iluminação. Os equipamentos de
iluminação utilizados são lâmpadas fluorescentes, lâmpadas de vapor de mercúrio, lâmpadas de
iodetos metálicos e lâmpadas de vapor de sódio. O estudo é efectuado considerando que todas as
lâmpadas possuem balastro electromagnético.
O objectivo principal deste estudo é estabelecer um modelo e simulá-lo de forma a
caracterizar todas as grandezas eléctricas quer no regulador quer nos equipamentos de iluminação.
Com base nestas informações pode-se inferir o valor de poupança energética associada à utilização
deste regulador para diferentes equipamentos de iluminação. Com auxílio do programa de simulação
referido é também possível investigar novas valências que podem potenciar o regulador.
Conclui-se com esta Dissertação que é possível reduzir os custos de iluminação
significativamente sem efectuar alterações dispendiosas aos equipamentos de iluminação, tais como
alteração dos balastros electromagnéticos por balastro electrónicos, bem como é possível
desenvolver outras melhorias neste tipo de reguladores, em investigações futuras.
Palavras-chave: Regulador de Tensão, Lâmpadas de Descarga, Balastro Electromagnético,
Simulação, Eficiência Energética.
iv
Abstract
In this Dissertation, entitled, ―Study and Characterization of Voltage Regulator for Illumination‖,
a study was carried out on the operation of one Energy Optimizer and Voltage Regulator that feeds
different types of illumination equipment. The illumination equipment studied were fluorescent lamps,
mercury vapour lamps, metal-halide lamps and sodium vapour lamps. This study is only done for
lamps with conventional ballast.
The main purpose of this study is to establish a simulation model and implement it in
simulation in order to characterize all electrical quantities, either in the regulator or in the lightning
equipment. Based on the information provided by the simulation we can infer the value of the energy
savings associated with this regulator for different lighting equipment. With the aid of the simulation
program is also possible to investigate new services for potentiate the voltage regulator.
With this Dissertation, we can conclude that is possible to reduce the lighting costs
significantly without making expensive changes in the lighting equipment, such as change the
conventional ballasts for electronic ballasts. It is also possible to do further research to discover new
improvements for the regulator.
Keywords: Voltage Regulator, Discharge Lamps, Electromagnetic Ballast, Simulation, Energy
Efficiency
v
Abreviaturas
EDP
CA
CC
S1-S5
FAQ
PF
T
P
Q
S
f
X
THD
PIB
GDP
USD
LED
Energias de Portugal
Corrente Alternada
Corrente Contínua
Interruptores de comutação de nível
Questões Frequentes (Frequently Asked Questions)
Factor de potência (Power Factor)
Temperatura
Potência Activa
Potência Reactiva
Potência Complexa
Frequência da rede eléctrica
Reactância
Distorção Harmónica Total (Total Distortion Harmonic)
Produto Interno Bruto
Produto Interno Bruto (Gross Domestic Product)
Dólares Americanos (United States Dollars)
Díodo emissor de luz (Light Emitting Diode)
vi
Símbolos
UN
VOUT
VIN
a1-a8
Te
Pin
Pelastic
Pcond
Prad
q
k
RL
VL/vL
iL
RB
LB
vele
T0
Ta
A,B,C,D
VN1-N5
Vef
Vef 1ªH
Ief
Ief 1ªH
vB
IIN
IPRI
ISEC
t
Imax%,3ªH
Tensão Nominal
Tensão de Saída
Tensão de Entrada
Constantes ajustáveis do modelo da lâmpada
Temperatura do electrão
Potência eléctrica de entrada na lâmpada
Potência associada às perdas de colisão elástica na lâmpada
Potência associada às perdas de condução térmica na lâmpada
Potência associada às perdas de radiação na lâmpada
Carga do electrão
Constante de Boltzmann
Resistência interna da lâmpada
Queda de tensão na lâmpada
Corrente na lâmpada
Resistência do balastro
Indutância do balastro
Queda de tensão no eléctrodo da lâmpada
Temperatura do tubo da lâmpada
Temperatura ambiente
Parâmetros da equação da queda de tensão no eléctrodo da lâmpada
Tensão de saída do regulador no nível de regulação designado
Desfasamento entre a tensão e corrente
Valor eficaz da tensão
Valor eficaz da primeira harmónica de tensão
Valor eficaz da corrente
Valor eficaz da primeira harmónica de corrente
Desfasagem entre a primeira harmónica de tensão e de corrente
Queda de tensão no balastro
Corrente de entrada
Corrente no primário do regulador
Corrente no secundário do regulador
Tonelada
Valor máximo da 3ª harmónica de corrente em percentagem da fundamental
vii
Índice
Agradecimentos .........................................................................................................................................i
Abstract.................................................................................................................................................... iv
Abreviaturas .............................................................................................................................................v
Símbolos .................................................................................................................................................. vi
Índice de Figuras ..................................................................................................................................... ix
Índice de Tabelas .................................................................................................................................... xi
1. Introdução ............................................................................................................................................ 1
1.1. Objectivos ..................................................................................................................................... 4
1.2. Estrutura da Dissertação .............................................................................................................. 5
2. Estado da Arte ..................................................................................................................................... 7
2.1. Reguladores de tensão ................................................................................................................ 7
2.1.1. Reguladores Electromecânicos ............................................................................................. 7
2.2.2. Reguladores Electrónicos ..................................................................................................... 9
2.2.3. Reguladores de Transformador de Ferro ressonante ......................................................... 11
2.2. Reguladores de Fluxo Luminoso ................................................................................................ 12
3. Descrição de Equipamentos ............................................................................................................. 15
3.1. Otimizador Energético e Regulador de Tensão ......................................................................... 15
3.2. Equipamentos de Iluminação ..................................................................................................... 17
3.2.1. Lâmpadas Fluorescentes .................................................................................................... 19
3.2.2. Lâmpada de Vapor de Mercúrio .......................................................................................... 21
3.2.3. Lâmpada de Iodetos Metálicos ........................................................................................... 24
3.2.4. Lâmpada de Vapor de Sódio ............................................................................................... 24
4. Implementação dos Modelos ............................................................................................................ 27
4.1. Regulador de Tensão ................................................................................................................. 27
4.2. Lâmpadas ................................................................................................................................... 31
4.2.1. Lâmpada Fluorescente ........................................................................................................ 31
4.2.2. Lâmpada de Vapor Mercúrio ............................................................................................... 33
4.2.3. Lâmpada de Iodetos Metálicos ........................................................................................... 34
4.2.4. Lâmpada de Vapor de Sódio ............................................................................................... 35
4.3. Manual de Simulação ................................................................................................................. 36
4.3. Análise dos Resultados de Simulação ....................................................................................... 36
4.4. Estudo de Caso .......................................................................................................................... 40
5. Propostas para melhoria da Eficiência Energética e Qualidade de Energia .................................... 43
5.1. Factor de Potência ..................................................................................................................... 43
5.2. Autotransformador ...................................................................................................................... 44
5.3. Distorção Harmónica .................................................................................................................. 47
6. Conclusão .......................................................................................................................................... 49
viii
7.Bibliografia .......................................................................................................................................... 51
ix
Índice de Figuras
Fig. 1 – Relação entre o PIB (GDP) de um país e o consumo para os países da União Europeia
(2009) [1] ................................................................................................................................................. 1 Fig. 2 – Quantidade de iluminação produzida por diferentes tipos lâmpadas ........................................ 3 Fig. 3 - Esquema de um Regulador Electromecânico [11] ...................................................................... 7 Fig. 4 - Conexão Buck ............................................................................................................................. 8 Fig. 5 - Conexão Boost ............................................................................................................................ 8 Fig. 6 - Modelo exemplificativo do regulador de indução magnética [12] ............................................... 9 Fig. 7 - Esquema estabilizador electrónico [11] .................................................................................... 10 Fig. 8 - Esquema exemplificativo de Conversor CA-CC-CA [13] .......................................................... 10 Fig. 9 - Gráfico Eficiência vs. Carga de um Transformador de Ferro Ressonante [15] ........................ 11 Fig. 10 – Variação de parâmetros eléctricos: Potência (verde), Corrente (amarelo) e Fluxo Luminoso
(vermelho) com a tensão para as lâmpadas de iodetos metálicos [18] ................................................ 13 Fig. 11 - Variação de parâmetros eléctricos: Potência (verde), Corrente (amarelo) e Fluxo Luminoso
(vermelho) com a tensão para as lâmpadas de vapor de mercúrio [18] ............................................... 13 Fig. 12 - Variação de parâmetros eléctricos: Potência (verde), Corrente (amarelo) e Fluxo Luminoso
(vermelho) com a tensão para as lâmpadas de sódio de baixa pressão [18] ....................................... 13 Fig. 13 - Variação de parâmetros eléctricos: Potência (verde), Corrente (amarelo) e Fluxo Luminoso
(vermelho) com a tensão para as lâmpadas fluorescentes [18] ........................................................... 13 Fig. 14 - Exemplo de aplicação de um sensor de movimento [19] ....................................................... 14 Fig. 15– Esquema do regulador ............................................................................................................ 16 Fig. 16 – Esquema simplificado de simulação ...................................................................................... 18 Fig. 17 – Fluxograma do processo de computação da solução............................................................ 20 Fig. 18 – Queda de tensão no eléctrodo para uma frequência de operação de 50Hz ......................... 23 Fig. 19 – Modelo de Simulação para lâmpada genérica ....................................................................... 27 Fig. 20 – Desfasagem entre a tensão e a corrente ............................................................................... 29 Fig. 21 – Corrente pedida à rede .......................................................................................................... 31 Fig. 22 – Co-seno do ângulo de desfasagem ....................................................................................... 31 Fig. 23 – Potência Complexa pedida à rede ......................................................................................... 31 Fig. 24 – Potência Activa pedida à rede ................................................................................................ 31 Fig. 25 – Tensão na lâmpada fluorescente [26] .................................................................................... 32 Fig. 26 – Tensão na lâmpada fluorescente (simulador) ........................................................................ 32 Fig. 27 – Corrente na lâmpada fluorescente [26] .................................................................................. 32 Fig. 28 – Corrente na lâmpada fluorescente (simulador) ...................................................................... 32 Fig. 29 – Tensão na lâmpada de mercúrio [28]..................................................................................... 33 Fig. 30 – Tensão na lâmpada de mercúrio (simulador) ........................................................................ 33 Fig. 31 – Corrente na lâmpada de mercúrio [28]................................................................................... 33 Fig. 32 – Corrente na lâmpada de mercúrio (simulador) ...................................................................... 33 Fig. 33 – Tensão na lâmpada de iodetos metálicos [28] ....................................................................... 34 Fig. 34 – Tensão na lâmpada de iodetos metálicos (simulador)........................................................... 34 Fig. 35 – Corrente na lâmpada de iodetos metálicos [28] ..................................................................... 34 Fig. 36 – Corrente na lâmpada de iodetos metálicos (simulador)......................................................... 34 Fig. 37 – Tensão na lâmpada de vapor de sódio (simulador) ............................................................... 35 Fig. 38 – Corrente na lâmpada de vapor de sódio (simulador) ............................................................. 35 Fig. 39 – Tensão e Corrente na lâmpada de vapor de sódio [32] ......................................................... 35 Fig. 40 – Representação do sentido das correntes e tensões convencionadas ................................... 37 Fig. 41 – Evolução dos valores da potência activa, potência complexa e temperatura com a alteração
do nível de regulação ............................................................................................................................ 37 Fig. 42 – Evolução dos valores do factor de potência e cos(ɸ) com a alteração do nível de regulação
............................................................................................................................................................... 38
x
Fig. 43 – Evolução dos valores da corrente total, no primário e no secundário com a alteração do nível
de regulação .......................................................................................................................................... 38 Fig. 44 – Evolução dos valores da tensão de saída e na lâmpada com a alteração do nível de
regulação ............................................................................................................................................... 39 Fig. 45 – Evolução dos valores da corrente no primário e da temperatura na lâmpada com a alteração
do nível de regulação ............................................................................................................................ 39 Fig. 46 – Evolução dos valores da distorção harmónica da corrente à entrada e saída do regulador
com a alteração do nível de regulação ................................................................................................. 40 Fig. 47 – Variação da Tensão Eléctrica ao longo de um dia [36] ......................................................... 45 Fig. 48 – Regulador com autotransformador......................................................................................... 45 Fig. 49 – Tensão na saída do regulador com alimentação de 207 V ................................................... 46 Fig. 50 – Tensão na saída do regulador com alimentação de 253 V ................................................... 46 Fig. 51 – Tensão eficaz na saída do regulador com alimentação de 207 V ......................................... 46 Fig. 52 – Tensão eficaz na saída do regulador com alimentação de 253 V ......................................... 46 Fig. 53 – Fluxo luminoso ao longo do tempo numa lâmpada fluorescente [24] .................................... 49 Fig. 54 – Fluxo luminoso ao longo do tempo numa lâmpada de alta pressão de sódio e numa lâmpada
de iodetos metálicos [24] ....................................................................................................................... 49
xi
Índice de Tabelas
Tabela 1 - Valores de iluminância de referência [16] ............................................................................ 12 Tabela 2 - Valores de iluminância recomendados pela Norma DIN 5035 [17] ..................................... 12 Tabela 3 – Tensão de saída para cada nível de regulação segundo Documentação Técnica [24] ..... 17 Tabela 4 – Parâmetros ajustáveis para lâmpada fluorescente T8 de 36W .......................................... 21 Tabela 5 – Parâmetros para a equação da queda de tensão do eléctrodo da lâmpada, f=50Hz ........ 22 Tabela 6 – Parâmetros ajustáveis para lâmpada de mercúrio de 50W ................................................ 23 Tabela 7 – Parâmetros ajustáveis para lâmpada de iodetos metálicos de 35W .................................. 24 Tabela 8 – Parâmetros ajustáveis para lâmpada de vapor de sódio de 70W ...................................... 25 Tabela 9 – Tabela comparativa dos valores de tensão na saída do regulador Teóricos vs. Simulados
............................................................................................................................................................... 28 Tabela 10 – Tabela comparativa da diferença de tensão entre níveis de regulação ........................... 28 Tabela 11 – Comparação dos valores do factor de potência e cos ɸ para 2 lâmpadas T8 de 36W .... 30 Tabela 12 – Dados Simulados e Experimentais para 2 lâmpadas T8 de 36W ..................................... 30 Tabela 13 – Descodificação dos nomes dos ficheiros de simulação .................................................... 36 Tabela 14 – Dados para instalação real e resultados de simulação para 208 lâmpadas fluorescentes
T8 de 36W ............................................................................................................................................. 40 Tabela 15 – Resultados simulados com e sem condensador............................................................... 44 Tabela 16 – Limite da injecção de harmónicas na rede, adaptada da norma IEC 61000-3-2 [39]....... 47 Tabela 17 – Valores simulados das harmónicas de corrente ............................................................... 48 Tabela 18 – Análise económica e ambiental de uma instalação com Wattguard [40] ......................... 49
1
1. Introdução
A energia eléctrica faz parte de quase todas as actividades desenvolvidas pelo Homem, em
casa, no trabalho, em actividades de lazer e muitas outras se podem referir.
O consumo de energia está directamente relacionado com o PIB por capita, ou seja, com a
riqueza do país [1]. O PIB de um país apresenta-se como um indicador, para primeira aproximação,
do bem-estar da sociedade [2].
Fig. 1 – Relação entre o PIB (GDP) de um país e o consumo para os países da União Europeia (2009) [1]
Denota-se assim que a energia eléctrica é absolutamente fundamental para uma sociedade
cada vez mais evoluída.
Acontece que as fontes tradicionais de produção de energia eléctrica são escassas,
nomeadamente os combustíveis fósseis como o petróleo, gás e carvão. Visto os combustíveis fósseis
não estarem uniformemente disponíveis por todo o planeta Terra, são alvo de disputas entre as várias
nações.
Por parte da sociedade em geral aumentaram também preocupações de ordem ambiental,
como a redução das emissões de dióxido de carbono para a atmosfera.
Surge assim a necessidade do Homem procurar novas formas e fontes de energia.
Se por um lado se opta pela procura de fontes alternativas de energias, comummente
designadas Energias Renováveis, como por exemplo Eólica e Solar, por outro lado existem outras
energias alternativas em que é discutível o seu estatuto de Energia Renovável, como a Hídrica e a
Nuclear. Considerar a Energia Hídrica como uma energia renovável não é consensual uma vez que
para a geração da mesma é alterado o ecossistema da área onde o empreendimento é construído
bem como o habitat natural da fauna do curso de água correspondente [3]. A Energia Nuclear devido
a criação de produtos de reacção radioactivos de difícil tratamento e de depender, na realidade, de
um combustível, o urânio enriquecido, não é considerada uma energia renovável.
2
Outra forma de maximizar a energia disponível à sociedade, é através da redução do
consumo dos equipamentos existentes, designando-se essa linha de acção como medidas de
eficiência energética.
Segunda a EDP Distribuição [4], ―a eficiência energética passa pela utilização de energia da
forma mais racional (económica) possível, sem prejuízo do nível de conforto ou da qualidade de vida.
Trata-se de evitar o desperdício de energia e pode ser alcançada, nomeadamente, através da
alteração de alguns comportamentos e da utilização de equipamentos que consumam menos
energia. Os principais benefícios da eficiência energética são a poupança na fatura de energia e a
melhoria do meio ambiente.‖
As medidas de eficiência energética existem nas mais diversas áreas, a título de exemplo
referem-se algumas:
Construção/Remodelação: escolha de materiais e isolamentos adequados de forma a
minimizar energia necessária para aquecimento/arrefecimento dos edifícios.
Aquecimento de Águas Sanitárias: Alteração do sistema existente para um mais
eficiente, incluindo-se painéis solares de aquecimento de água ou caldeiras de
biomassa.
Modificações nos sistemas de iluminação: instalação de lâmpadas mais eficientes ou
utilização de sistemas de gestão de iluminação.
Este estudo foca-se numa medida de melhoria de eficiência energética relacionada com a
iluminação.
Estima-se que cerca de 19% [5] da energia gasta no mundo tenha como fim a iluminação,
sendo essa percentagem ainda maior em edifícios destinados à indústria e serviços. Existem
actualmente diversas soluções para reduzir esse consumo sem perda de conforto por parte dos
utilizadores desses espaços e com uma redução efectiva da factura energética para os
consumidores.
Uma das formas mais conhecida é a substituição das lâmpadas incandescentes (com uma
classe de eficiência inferior a C) [6] por lâmpadas mais eficientes. Na europa foi proibida a venda
deste tipo de lâmpadas incandescentes desde 2012.
Na indústria e no comércio, como os custos de iluminação são bastante elevados iniciou-se a
substituição das lâmpadas incandescentes muito antes de 2012 por lâmpadas mais eficientes.
Antes de mais é importante definir eficiência de uma lâmpada. A eficiência de cada lâmpada é
definida pela relação Lúmen por Watt, ou seja, a quantidade de luz emitida pela lâmpada por cada
unidade de energia gasta. Apresenta-se de seguida um gráfico com essa informação para diferentes
lâmpadas [7].
3
Fig. 2 – Quantidade de iluminação produzida por diferentes tipos lâmpadas
As lâmpadas LED continuam com custos muito superiores a outras tecnologias já existentes
[8]. As lâmpadas que apresentam uma maior eficiência energética, excluindo as LED, são as
lâmpadas fluorescentes, as lâmpadas de vapor de sódio e as lâmpadas de iodetos metálicos, três dos
quatro tipos que podem ser objecto de poupanças energéticas com o regulador em estudo. O tipo de
lâmpada que falta são as lâmpadas de vapor de mercúrio, que têm uma eficiência mais baixa que as
restantes.
Estes quatro tipos de lâmpadas necessitam de um arrancador e de um balastro para acender
a lâmpada e mantê-la em funcionamento. A maioria das lâmpadas utiliza um balastro
electromagnético. Existe também um outro tipo de balastro, relativamente recente, que é o balastro
electrónico. De seguida apresenta-se vantagens e desvantagens dos balastros electromagnéticos e
electrónicos [9].
Balastro:
Electromagnético:
o Vantagens:
- Baixo custo;
- Longo tempo de vida (>30 anos a 105 °C);
- Robusto;
- Suporta condições climatéricas extremas como alta humidade, grandes
variações de temperatura e de iluminação;
- Amigo do Ambiente (bobinas magnéticas são recicláveis)
- Custos de manutenção baixos.
o Desvantagens:
- Não reguláveis (no passado);
- Não há lugar a poupanças energéticas (no passado);
- Cintilação luminosa (Flickering).
4
Electrónicos:
o Vantagens:
- Reguláveis;
- Poupanças energéticas;
- Lâmpadas não produzem cintilação luminosa.
o Desvantagens:
- Custo relativamente elevado;
- Tempo de vida pequeno (normalmente entre 1 a 5 anos);
- Pouca resiliência a condições climatéricas extremas;
- Construído com materiais tóxicos ou não biodegradáveis não recicláveis;
- Custos de manutenção e reparação elevados.
Considerando que este estudo [9] já tem alguns anos, alguns dos problemas apontados para
os balastros, quer electrónicos quer electromagnéticos, têm vindo a ser melhorados. Mas existe uma
questão, que não foi referida, e que continua a condicionar a migração para os balastros electrónicos:
o facto de se pretender alterar os balastros electromagnéticos por electrónicos tem custos que, para
grandes estabelecimentos de comércio e indústria, serão proibitivos, uma vez que obriga à
substituição do balastro e remoção do arrancador de todas as lâmpadas, em muitos casos implicando
também a substituição da luminária.
Surge assim a necessidade de equacionar uma terceira via. Esta passa por reduzir o
consumo energético sem necessitar de alterações de grande monta nas instalações existentes. Na
sequência desta linha de raciocínio, pretende este estudo incidir sobre um sistema de gestão de
iluminação, em particular, sobre um otimizador energético e regulador de tensão para iluminação.
Com vista a simplificar a referência ao otimizador energético e regulador de tensão ao longo desta
dissertação o mesmo será referido apenas por regulador de tensão ou pela sua designação
comercial, Wattguard.
1.1. Objectivos
Como principais objectivos do presente estudo podem ser identificados os seguintes pontos:
Estudo de reguladores de tensão existentes no mercado e do seu modo de
funcionamento.
Estudo e caracterização do regulador de tensão Wattguard.
Compilação de modelos eléctricos dinâmicos de lâmpadas.
Aferição da poupança energética associada a este regulador.
Criação de um simulador do regulador.
Avaliação de aspectos a melhorar no regulador.
5
1.2. Estrutura da Dissertação
Para além do capítulo inicial onde se introduz o tema em estudo, se refere os objectivos
pretendidos com a tese e a estrutura da mesma, existem mais cinco capítulos e anexos.
No Capítulo 2, intitulado Estado da Arte, efectua-se o estudo dos equipamentos de gestão de
tensão existentes no mercado bem como é explicado o seu funcionamento. Este estudo dos
equipamentos já existentes no mercado serve para enquadrar no mercado o regulador Wattguard e
ser um ponto de partida para melhorias a considerar para o mesmo. São igualmente apresentados
conceitos sobre iluminação bem como a variação dos parâmetros eléctricos relativamente a
diferentes lâmpadas. Estes conceitos são importantes para se entender que lâmpadas são mais ou
menos sensíveis à alteração da sua alimentação e a perda de fluxo luminoso que daí advêm para
cada tipo de lâmpada.
Em Descrição de Equipamentos, Capítulo 3, é explicado o modo de operação do regulador
Wattguard bem como o modelo adoptado para simulação. São também apresentados modelos de
simulação de diversos equipamentos de iluminação. Estes modelos são essenciais para a obtenção
de curvas e resultados de forma a caracterizar o funcionamento do regulador na alimentação de
diferentes tipos de lâmpadas.
No Capítulo 4, Implementação dos Modelos, comprova-se a correspondência dos modelos
com os resultados experimentais, de forma a verificar o correcto funcionamento dos modelos e
permitir a obtenção de outros dados não documentados. Explica em detalhe as simulações criadas, a
forma de usar os programas de simulação bem como são analisados os resultados das simulações
realizadas.
No Capítulo 5, Propostas de melhoria da Eficiência Energética e Qualidade de Energia, são
apresentadas algumas soluções para melhorar o Regulador e introduzir novas valências ao mesmo.
No Capítulo 6, Conclusão, resume-se e confirma-se a temática analisada através da
avaliação do regulador comercial em estudo.
Finalmente nos Anexos são incluídas as Fichas de Resultados com a evolução temporal das
grandezas eléctricas simuladas e valores caracterizadores do funcionamento do regulador com os
diferentes equipamentos de iluminação utilizados. São também apresentados os esquemas de
simulação utilizados.
7
2. Estado da Arte
A tensão eficaz para alimentar os equipamentos eléctricos deve estar compreendida entre
+10% e -15% da tensão normalizada [10] (Un), i.e. 230V Fase-Neutro. Quando a tensão de
alimentação aumenta, o consumo do equipamento eléctrico também aumenta. Este aumento é
prejudicial para o equipamento uma vez que diminui a longevidade do mesmo, bem como aumenta os
custos energéticos de funcionamento. Com a diminuição da tensão os equipamentos não funcionarão
para as condições nominais para que foram projectados. Por exemplo no caso dos equipamentos de
iluminação estes irão emitir menor fluxo luminoso.
Para certas aplicações a redução do nível de tensão pode ser interessante, como mais à
frente será referido. Sendo assim, torna-se importante a regulação do nível de tensão para um valor
estabilizado.
2.1. Reguladores de tensão
Existem variadas formas para regular a tensão eléctrica. Os reguladores de tensão mais
usuais dividem-se em três tipos:
Electromecânicos
Electrónicos
Transformador de Ferro Ressonante
2.1.1. Reguladores Electromecânicos
Os Reguladores Electromecânicos podem ser constituídos por um transformador com núcleo
ferro magnético, um auto transformador (Variac), um servomotor e um sistema de controlo.
Fig. 3 - Esquema de um Regulador Electromecânico [11]
O transformador principal, transformador do tipo Redutor-Elevador (Buck-Boost), com auxílio
do auto transformador, reduz ou aumenta a tensão de saída do regulador (Vout).
8
O nome Redutor-Elevador do transformador deve-se ao seu modo de funcionamento. Se a
tensão de saída for inferior ao desejado soma-se uma tensão no secundário do transformador de
forma a subi-la, no que se designa por conexão Elevador. Se, pelo contrário a tensão estiver mais
elevada do que o pretendido é preciso induzir uma tensão contrária no secundário para reduzir a
tensão de saída, o que corresponde à conexão Redutor.
De seguida apresentam-se exemplos dessa actuação.
Fig. 4 - Conexão Buck
Fig. 5 - Conexão Boost
O sistema de controlo é responsável por verificar se a tensão de saída está de acordo com o
pretendido e actuar sobre o servomotor que por sua vez altera a relação de transformação no auto
transformador.
Este tipo de regulador tem uma boa resposta a grandes correntes de curto-circuito embora
seja lenta. A demora na resposta do regulador é derivada da inércia mecânica do grupo servomotor
auto transformador, que pode ser prejudicial em algumas aplicações.
É de frisar que este tipo de regulador é usado tradicionalmente para a média tensão.
Outro tipo de Regulador Electromecânico é o regulador de indução magnética [12].
É construído como uma máquina rotativa. No estator teremos o enrolamento primário do
transformador e no rotor o enrolamento do secundário. O rotor é accionado pelo servomotor como no
regulador anterior.
9
Na figura seguinte apresenta-se o modelo do regulador.
Fig. 6 - Modelo exemplificativo do regulador de indução magnética [12]
O sistema de controlo actua no servomotor de forma a aumentar ou diminuir a ligação
magnética entre o circuito primário e secundário, aumentando ou diminuindo assim a tensão na saída
do regulador.
A maior desvantagem dos reguladores electromecânicos é a manutenção necessária para os
componentes mecânicos.
2.2.2. Reguladores Electrónicos
Os reguladores Electrónicos são utilizados há muitos anos nos computadores e outros
equipamentos de baixa potência, porque representam uma solução económica.
Com o desenvolvimento dos semicondutores a utilização deste tipo de reguladores para
potências mais elevados começou a tornar-se viável.
A vantagem principal deste tipo de estabilizadores é a velocidade de actuação no ajuste do
nível de tensão, uma vez que é apenas necessário actuar sobre os sinais de comandos dos
interruptores.
Quanto mais elevada a precisão que se pretende no ajuste, mais semicondutores são
necessários. O aumento de semicondutores utilizados encarece significativamente o regulador
aumentando igualmente a sua complexidade. Deste modo é conveniente procurar um compromisso
entre os níveis de regulação que se pretendem e o custo.
10
Abaixo apresenta-se o esquema de um estabilizador electrónico [11] (Tap Changing).
Fig. 7 - Esquema estabilizador electrónico [11]
Este regulador utiliza também um transformador Redutor-Elevador. Na realidade este
regulador apresenta um funcionamento idêntico ao primeiro Regulador Electromecânico referido. A
única diferença é a substituição do auto transformador por um transformador onde no secundário
existem semicondutores ligados.
Além da rapidez de actuação deste regulador existem outras vantagens, nomeadamente a
redução significativa da manutenção, visto não existirem partes móveis, bem como a redução
substancial do ruído comparativamente aos reguladores electromecânicos.
Existe outro tipo de Regulador Electrónico que utiliza um sistema rectificador e um sistema
ondulador.
Este sistema (Double Conversion), utiliza um rectificador para transformar as tensões e
correntes de alternadas em tensão e corrente contínua e após essa conversão o ondulador recria um
sistema trifásico alternado.
Fig. 8 - Esquema exemplificativo de Conversor CA-CC-CA [13]
11
O regulador de tensão em questão necessita de um número fixo de semicondutores, seis
para a rectificação e doze para o ondulador. A solução anterior necessitava de um número de
semicondutores proporcional ao número de níveis de tensão de saída pretendidos.
A desvantagem deste regulador é a complexidade do circuito de disparo dos semicondutores.
Os reguladores electrónicos apresentam efectivamente boas eficiências, superiores a 95%
[14], e um bom isolamento da rede, especialmente no sistema Double Conversion.
2.2.3. Reguladores de Transformador de Ferro ressonante
Estes reguladores [15] são constituídos por um transformador com características especiais.
O objectivo é operar na região de fluxo saturado para que uma variação grande da tensão na entrada
do circuito não altere a tensão de saída.
Possuem diversas funções, tais como serem supressores de picos de tensão, protecção
contra curto-circuitos e criarem um isolamento entre a rede eléctrica e a carga.
É de notar que a tensão de saída destes reguladores não tem uma forma sinusoidal, em
especial quando a carga é não linear.
O Transformador de Ferro Ressonante diminui drasticamente a sua eficiência quando não
opera à carga nominal. A situação é verificada pela figura seguinte.
Fig. 9 - Gráfico Eficiência vs. Carga de um Transformador de Ferro Ressonante [15]
Quando existem correntes de arranque elevadas na carga, a tensão pode colapsar. Para
evitar este problema o transformador tem de ser operado a condições abaixo do nominal reduzindo
assim a eficiência do regulador.
Este regulador é assim recomendado para aplicações em que as cargas não tenham
correntes de arranque elevadas nem necessitem de uma forma de onda sinusoidal.
12
2.2. Reguladores de Fluxo Luminoso
Os reguladores de tensão podem ser utilizados como reguladores de fluxo luminoso. Com a
diminuição da tensão de alimentação dos equipamentos de iluminação é possível reduzir o fluxo
luminoso. A redução da tensão leva à potência absorvida pelo equipamento de iluminação também
diminua resultando em poupanças energéticas.
É necessário ter em conta que um nível mínimo de iluminância é imprescindível para garantir
a segurança específica de determinado local.
Apresenta-se abaixo tabelas com valores de referência de iluminância e valores de
iluminância recomendados.
Situação Iluminância (lux)
Verão ao meio-dia, sob um céu limpo 100 000
Iluminação Pública 5 - 30
Lua cheia, numa noite clara 0,25
Tabela 1 - Valores de iluminância de referência [16]
Nível Iluminância (Lux) Actividade
Descrição Exemplos
1 15
2
3
30
60
Orientação, só estadias
Temporárias Corredores
4
5
120
250
Tarefas visuais ligeiras
com contrastes elevados
Trabalhos em armazéns, estaleiros,
minas
Salas de espera, trabalhos de pintura e
polimento
6
7
500
750
Tarefas visuais normais
com detalhes médios
Trabalhos em escritórios,
processamento de dados, leitura
Tingimento de couro, rebarbagem de
vidro
8
9
1000
1500
Tarefas visuais exigentes
com pequenos detalhes
Desenho técnico, comparação de cores
Montagem de pequenos elementos em
electrónica
10
11
2000
3000
Tarefas visuais muito
exigentes com detalhes
muito pequenos
Montagem de documentos
miniaturizados, trabalhos de relojoaria,
gravação
Montagem fina, com tolerâncias muito
apertadas
12 ≥5000 Casos Especiais Salas de operações
Tabela 2 - Valores de iluminância recomendados pela Norma DIN 5035 [17]
13
A redução de tensão num equipamento de iluminação não afecta da mesma forma todos os
tipos de iluminação. Existem equipamentos mais sensíveis que outros, por exemplo as lâmpadas de
sódio de baixa pressão são mais sensíveis a uma redução de potência que as lâmpadas
fluorescentes.
Nos gráficos abaixo ilustram-se as variações nos parâmetros eléctricos para lâmpadas de
iodetos metálicos, lâmpadas de vapor de mercúrio, lâmpadas de vapor de sódio de baixa pressão e
lâmpadas fluorescentes.
Fig. 10 – Variação de parâmetros eléctricos: Potência
(verde), Corrente (amarelo) e Fluxo Luminoso (vermelho) com a tensão para as lâmpadas de iodetos
metálicos [18]
Fig. 11 - Variação de parâmetros eléctricos: Potência
(verde), Corrente (amarelo) e Fluxo Luminoso (vermelho) com a tensão para as lâmpadas de vapor de
mercúrio [18]
Fig. 12 - Variação de parâmetros eléctricos: Potência
(verde), Corrente (amarelo) e Fluxo Luminoso (vermelho) com a tensão para as lâmpadas de sódio
de baixa pressão [18]
Fig. 13 - Variação de parâmetros eléctricos: Potência
(verde), Corrente (amarelo) e Fluxo Luminoso (vermelho) com a tensão para as lâmpadas
fluorescentes [18]
Verifica-se por exemplo que nas lâmpadas de vapor de sódio de baixa pressão é possível
reduzir significativamente a tensão sem uma redução significativa do fluxo luminoso, tal já não
acontece com as restantes lâmpadas supra mencionadas.
Para aumentar a poupança associada a estes reguladores é possível incluir outro tipo de
equipamento, tais como células fotoeléctricas e sensores de movimento.
14
Em zonas onde exista iluminação solar pode-se fazer uso desse facto e utilizar células
fotoeléctricas para que, à medida que a iluminação natural for diminuindo esta seja compensada com
iluminação artificial. Esta aplicação tem especial interesse em iluminação pública onde a regulação
horária se mostra muitas vezes desajustada. Para garantir a segurança nas vias públicas tende-se a
ligar a iluminação mais cedo do que realmente é necessário.
Os sensores de movimento são já utilizados em locais de estadias temporárias onde na
ausência de movimento a iluminação é desligada por completo. O desligar da iluminação pode não
ser recomendado em certas situações e locais, nomeadamente tendo em atenção razões de
segurança.
Fig. 14 - Exemplo de aplicação de um sensor de movimento [19]
Outro factor importante, para além da segurança dos espaços e das poupanças energéticas,
é o conforto visual das pessoas que usufruem dos espaços. A iluminação dos espaços não deve ser
inferior em 10% ao recomendado. A percepção de luz do olho humano não varia linearmente [20]. Só
variações superiores a 10% é que são detectadas pelas pessoas.
15
3. Descrição de Equipamentos
Uma das formas de analisar o Regulador de Tensão Comercial Wattguard é através de um
modelo de simulação. Este simulador é essencial para entender o funcionamento do regulador bem
como ser base de partida para outros estudos. Estudos esses que podem potenciar e optimizar o
funcionamento do regulador, permitindo maiores poupanças energéticas, bem como encontrar novas
funcionalidades para este. Alguns exemplos são apresentados no Capítulo 5.
Para efectuar o estudo do funcionamento do regulador de tensão Wattguard é necessário
modelar o próprio regulador e os diferentes equipamentos de iluminação. Cada equipamento de
iluminação é constituído pela lâmpada e por um sistema auxiliar, comummente designado por
balastro. Cada tipo de lâmpada tem uma construção diferente, por isso as equações baseadas nos
fenómenos físicos que ocorrem no seu interior têm de ser ajustadas caso a caso.
3.1. Otimizador Energético e Regulador de Tensão
O regulador Wattguard possui duas componentes que permitem aumentar a sua eficiência
energética. A primeira prende-se com o aumento do valor de iluminação produzido sem aumento da
potência consumida pela lâmpada. O princípio básico de uma lâmpada de descarga é o seguinte: ―os
electrões emitidos a partir dos cátodos e indo em direcção ao ânodo, colidem com átomos do gás, e
como resultado, geram fotões. Quando estes passam a barreira de revestimento de pó de fósforo
existente na lâmpada irá fornecer luz na faixa visível. Quanto maior a quantidade de fotões, maior o
número de lúmens e melhor o nível de iluminação. O objectivo é gerar o maior número de fotões
possível.‖ [21]
Tradicionalmente, para aumentar o número de fotões emitidos é necessário aumentar o
número de electrões. O aumento de electrões está por sua vez relacionado com o aumento de
corrente eléctrica, uma vez que a corrente é por definição o fluxo de cargas eléctricas [22].
O Wattguard consegue alterar o paradigma permitindo emitir os electrões, com maior rapidez
e facilidade, a partir dos eléctrodos das lâmpadas, aumentado assim a velocidade dos electrões
dentro dos tubos [21], ou seja, reduz a energia de saída de electrões aumentando o número de fotões
com a mesma energia consumida. Esta alteração na forma de emissão dos electrões faz com que
estes causem menos danos aos eléctrodos das lâmpadas de forma que o tempo de vida das
lâmpadas aumenta significativamente [21]. Esta alteração nos eléctrodos demora algum tempo a
ocorrer após a instalação do Wattguard, cerca de 50 a 500 horas dependendo da idade das
lâmpadas, e reverte no instante que o sistema é desligado.
Esta questão não é tomada em conta na simulação uma vez que não se extraí da simulação
resultados de iluminação produzida pelas lâmpadas.
16
A outra forma de poupança energética, e essa sim vai ser simulada, é através da redução da
tensão e da corrente nos equipamentos de iluminação. O procedimento de redução é da potência
fornecida pelo Wattguard é próximo do modo de funcionamento do primeiro regulador
electromecânico apresentado no Capítulo Estado de Arte.
O Regulador de Tensão Comercial é um equipamento trifásico disponível, actualmente, com
as seguintes potências 22,5kW / 30,0 kW /45 kW constituído por três transformadores metálicos de
7,5kW /10 kW / 15 kW, respectivamente [23]. Não se efectua para potências inferiores devido a
questões de custos vs. poupança. Contudo, na simulação será tratado através do seu equivalente
monofásico. Na realidade cada conjunto de lâmpadas é ligado a um dos transformadores existentes
no regulador operando em regime monofásico.
Por outro lado o modelo apenas considera a ligação de poucas lâmpadas (entre uma a quatro
lâmpadas) em cada simulação. Uma vez que se pretende estudar a forma como o regulador actua
sobre cada lâmpada é desnecessário aumentar a complexidade da simulação. Para estimar as
poupanças energéticas de uma determinada instalação será então necessário considerar um número
elevado de lâmpadas.
O regulador Wattguard, de uma forma simplificada, é constituído por um transformador
Elevador-Redutor e um conjunto de interruptores, responsáveis por efectuar a escolha do nível de
tensão à saída do regulador.
A imagem abaixo reflecte o esquema do regulador.
Rede AC
S5S4S3S2S1
Lâmpada+
Balastro
Bypass
Fig. 15– Esquema do regulador
Os interruptores têm um funcionamento mutuamente exclusivo, que se traduz em apenas um
deles se encontrar no estado fechado, estando obrigatoriamente os restantes interruptores no estado
aberto. O interruptor de desvio (Bypass), como o nome indica, quando activado retira de
funcionamento. O circuito do regulador efectuando a ligação directa da rede aos equipamentos de
iluminação. A activação de cada um dos restantes interruptores activa o nível de tensão
correspondente (SN activa o nível N).
17
Seguidamente apresentam-se os valores de referência da tensão de saída para cada nível de
regulação e para diferentes níveis de tensão de entrada.
Tensão de Entrada (V) Nível
220,0 225,0 230,0 235,0
5 195,3 204,1 204,1 208,6
4 190,7 199,3 199,3 203,7
3 186,1 190,3 194,5 198,8
2 181,5 185,6 189,8 193,9
1 176,9 180,9 185,0 189,0
Tabela 3 – Tensão de saída para cada nível de regulação segundo Documentação Técnica [24]
Denota-se que os valores de tensão de saída para o 4º e 5º nível de regulação são iguais
para as tensões de entrada de 225 V e 230 V. Assume-se que tal é um erro, sendo os valores
incorrectos referentes a 225 V, pois para as diferentes tensões de entrada a diferença entre as
tensões de saída do 3º e 4º nível são sempre inferiores a 5V excepto no caso dos 225V.
A redução de tensão no equipamento de iluminação é acompanhada com uma diminuição na
corrente reduzindo assim a potência consumida.
Para o dimensionamento do transformador a usar na simulação, assumiu-se que:
O nível de tensão da rede é igual a 230V;
A tensão nominal no primário do transformador é igual à diferença da tensão da rede e da
tensão de saída no nível 5 de regulação;
A tensão nominal no secundário:
o No enrolamento do interruptor S5 é igual ao nível de tensão da rede;
o No enrolamento ligado ao interruptor S4, a tensão de referência é tal que quando o nível
4 se encontra activo a queda de tensão no primário é igual à diferença entre a tensão da
rede e a tensão no nível 4 definido na Tabela 3;
o A linha de raciocínio referida na alínea anterior é idêntica para os restantes níveis.
3.2. Equipamentos de Iluminação
Há apenas lugar a poupanças energéticas quando o equipamento Wattguard é aplicado em
instalações com lâmpadas com balastro electromagnético [23]. Nos balastros electrónicos a aplicação
do Wattguard não aporta qualquer impacto negativo, apenas não implica poupanças. Deste modo,
não se realizaram estudos para lâmpadas com este tipo de balastros.
18
Este trabalho restringiu-se assim ao estudo das seguintes lâmpadas com balastro
electromagnético:
Fluorescentes;
Vapor de Mercúrio;
Iodetos Metálicos;
Vapor de Sódio.
A partir deste ponto considera-se que as lâmpadas referidas são sempre com balastro
electromagnético, salvo indicação contrária.
Cada tipo de lâmpada requer um modelo adequado, considerando-se que cada uma
apresenta funcionamento diferente, como já referido. Face ao funcionamento diferenciado as
poupanças de cada tipo de lâmpadas têm valores distintos, como por exemplo em [23] indica que nas
lâmpadas fluorescentes a poupança pode ascender a 45% e para as restantes lâmpadas analisadas
a poupança é da ordem de 25% a 30%.
Na simulação dos equipamentos de iluminação foi necessário modelar as lâmpadas e
naturalmente criar um modelo para os balastros das mesmas. Em todos os modelos utilizados, o
balastro é modelado como uma bobine em série com uma resistência.
O esquema de simulação é apresentado na Fig. 16.
AC Wattguard
Lâmp
ada
LB RB
Balastro
Fig. 16 – Esquema simplificado de simulação
O valor da bobine e da resistência do Balastro variam consoante o modelo/lâmpada utilizado.
É necessário ter em conta que os modelos utilizados têm simultaneamente de ser capazes de
simular a resposta dinâmica das lâmpadas, não só para a tensão nominal bem como para tensões
mais reduzidas, visto ser desta forma que o Wattguard reduz o consumo das mesmas.
19
3.2.1. Lâmpadas Fluorescentes
Face à complexidade dos fenómenos físicos que ocorrem nas lâmpadas fluorescentes,
algumas das interacções dos electrões não são completamente explicadas por modelos teóricos,
nomeadamente os fenómenos associados aos eléctrodos e ao brilho negativo das lâmpadas [25].
Assim optou-se, nesta dissertação, pela utilização de um modelo semi-empírico, menos complexo e
de mais fácil aplicação, comparativamente a modelos estritamente teóricos.
Este modelo [26] é baseado no seguinte pressuposto: após ser alimentada a lâmpada
estabelece-se no gás no seu interior, uma coluna de descarga positiva uniforme com secção
transversal circular. Verifica-se [27] que na coluna de descarga positiva as perdas de colisão elástica
e de radiação UV totalizam 93% das perdas totais de energia. Sendo assim o cálculo da temperatura
dos electrões na lâmpada pode ser feito através da diferença entre a energia total fornecida menos as
referidas perdas, à parte de uma constante, como apresentado na equação (1).
( ) (1)
Onde: Te representa a temperatura dos electrões; a1 a a8 são constantes do modelo; Pin a
potência eléctrica de entrada da lâmpada; Pelastic a potência associada às perdas de colisão elástica
na lâmpada; Prad a potência associada às perdas de radiação na lâmpada.
Como explicado detalhadamente no artigo [28] as perdas de radiação total podem ser
calculadas através de uma equação que relaciona estas perdas com a temperatura dos electrões,
conforme definido na equação (2).
(
) (2)
Sendo: q a carga do electrão; k a constante de Boltzmann.
As perdas de colisão elástica são proporcionais à energia do electrão, equação (3).
( ) (3)
Onde: T0 é a temperatura do tubo da lâmpada.
A condutividade eléctrica de descarga é proporcional à taxa de ionização por electrão por
átomo. Em lâmpadas fluorescentes o processo de ionização é denominado por ―ionização em duas
fases‖ [29], [30]. A expressão do processo de ionização possui uma parte algébrica e outra
exponencial [30]. Com base nesta expressão é possível calcular a resistência interna da lâmpada
através da equação (4).
⁄ (
) (4)
20
Sendo: RL a resistência interna da lâmpada.
O valor da corrente na lâmpada é obtido através da resolução da equação de circuito (5).
( ) ( ) (5)
Onde: vout é a tensão de saída do regulador; LB a reactância do balastro; iL a corrente na
lâmpada; RB a resistência do balastro; vele é a queda de tensão no eléctrodo da lâmpada.
Como a temperatura ambiente do meio influencia a temperatura da lâmpada foi obtida
experimentalmente a equação (6).
(6)
Sendo: Ta a temperatura ambiente.
Com base nas equações anteriores é possível calcular, a cada instante, a tensão, a corrente
e a temperatura da lâmpada.
Apresenta-se seguidamente o fluxograma do processo de computação da solução1.
Obter a1, … , a8
Te=a1∫Pin-Pelastic-Prad dt
RL=f(T)
Equações do circuito
ILamp , VLamp
Pin=RLILamp2
Pcon=f(T) Prad=f(T)
Fig. 17 – Fluxograma do processo de computação da solução
A resistência do circuito é constituída pela resistência do balastro, interna da lâmpada e do
fio. A resistência do fio é considerada desprezável nas simulações efectuadas, considera-se que os
fios ligados às lâmpadas são de tal forma pequenos que a sua resistência não é significativa
comparativamente à resistência interna da lâmpada mais balastro.
O valor da queda de tensão no eléctrodo da lâmpada não influencia significativamente a
queda total da tensão na lâmpada admitindo-se constante e igual a 10V.
Assume-se igualmente que a temperatura do gás é de 350K.
1 Adaptado do artigo [28]
21
Os parâmetros ajustáveis do modelo [26] variam consoante a lâmpada, quer potência quer
tipo. Para uma lâmpada fluorescente T8 de 36W os parâmetros a considerar são os seguintes2:
T8 36W
a1 40225,4 K/W
a2 119381,6 W
a3 4,669 V-1
a4 0,062 W/K
a5 6529,46 Ω
a6 0,264 V-1
a7 1,232
a8 0,683 K/W
LB 1,269 H
RB 50 Ω
Ta 297 K
Tabela 4 – Parâmetros ajustáveis para lâmpada fluorescente T8 de 36W
Estes parâmetros podem ser obtidos para outras lâmpadas fluorescentes através de
algoritmos genéticos explicados no artigo que suporta este modelo [26]. Para o estudo que se
pretende efectuar não foi necessário obter parâmetros adicionais, não se aprofundando assim o
assunto. Informação adicional pode ser obtida em [31].
É também de frisar que o erro associado à utilização deste modelo para tensões iguais ou
superiores a 185 V (tensão mínima do regulador, nível de regulação 1) é sempre inferior a 10%, para
a tensão e para a corrente [26].
3.2.2. Lâmpada de Vapor de Mercúrio
O modelo da lâmpada de mercúrio [28] é próximo do modelo das lâmpadas fluorescentes. As
diferenças restringem-se à alteração da equação que define a tensão total da lâmpada e à introdução
de um modelo mais exacto para a tensão no eléctrodo da lâmpada. Ao contrário do que acontecia na
lâmpada fluorescente, na lâmpada de mercúrio a evolução da queda de tensão no eléctrodo é
conhecida em mais pormenor.
A equação da tensão total da lâmpada fica igual a:
( ) ( ) (7)
2 Mantiveram-se as mesmas casas decimais que constam no artigo consultado.
22
A única diferença é a remoção da constante a7 que existia no modelo anterior bem como a
não utilização da equação que relaciona a temperatura do tubo com a temperatura ambiente.
Considera-se a temperatura da lâmpada constante e igual a 1000 K.
Utilizou-se um valor constante para a queda de tensão do eléctrodo da lâmpada fluorescente.
No entanto, essa aproximação não é correcta para outros tipos de lâmpadas como as lâmpadas de
mercúrio e iodetos metálicos.
Considerar-se o valor da queda de tensão no eléctrodo da lâmpada constante, não se tem em
conta o efeito de histerese da característica V-I da lâmpada. Embora não se estude esse caso, é
importante referir que esta situação é particularmente importante para a análise de frequências
elevadas. Resultados experimentais [28] têm mostrado que a queda de tensão no eléctrodo tem uma
forte dependência com o tempo. Como um modelo numérico dinâmico não se encontra disponível, é
utilizado um modelo semi-empírico. A equação que define a queda de tensão no eléctrodo, em cada
meio ciclo da corrente é a seguinte:
( )
( ) (8)
Sendo: A,B,C e D parâmetros da equação da queda de tensão do eléctrodo da lâmpada; t é o
instante de tempo.
Os parâmetros da equação que definem a queda de tensão no eléctrodo podem ser
calculados para todas as frequências que a lâmpada opere através do seguinte conjunto de
equações:
(9)
(10)
(11)
(12)
Onde: f é a frequência da rede em Hertz.
Como o estudo que se pretende é apenas para a frequência da rede Europeia (f=50Hz) os
valores a considerar [28] são os seguintes:
Parâmetros
A 70 V
B 1500 s-1
C 6
D 1000 V/s
Tabela 5 – Parâmetros para a equação da queda de tensão do eléctrodo da lâmpada, f=50Hz
23
A queda de tensão no eléctrodo terá a seguinte forma [28]:
Fig. 18 – Queda de tensão no eléctrodo para uma frequência de operação de 50Hz
É necessário também ter em consideração que embora o modelo seja semelhante com o
aplicado às lâmpadas fluorescentes, os parâmetros [28] serão naturalmente diferentes3.
Mercúrio 50 W
a1 1994,62 K/W
a2 8490,1979 W
a3 1,910398 V-1
a4 0,001333 W/K
a5 739,9454 Ω
a6 3,343375 V-1
LB 4 0,70 H
RB 5 17,80 Ω
T0 1000 K
Tabela 6 – Parâmetros ajustáveis para lâmpada de mercúrio de 50W
De forma idêntica ao explicado no modelo da lâmpada fluorescente os parâmetros ajustáveis
do modelo podem ser obtidos através de algoritmos genéticos.
Não existe informação relativamente ao erro deste modelo específico. Este modelo é idêntico
ao da lâmpada fluorescente, desconsiderado o efeito da temperatura ambiente para a temperatura do
tubo da lâmpada. Desta forma considera-se que o erro é igual ao desse modelo (lâmpada
fluorescente desprezando a temperatura ambiente) e que é sempre inferior a 10%, quer para a
tensão quer para a corrente, para tensões de alimentação iguais ou superiores a 185 V (tensão
mínima do regulador, nível de regulação 1) [26].
3 Mantiveram-se as mesmas casas decimais referidas no artigo.
4 Valor não referido no artigo, valor utilizado estimado de forma a adequar-se aos resultados do artigo
5 idem
24
3.2.3. Lâmpada de Iodetos Metálicos
O modelo da lâmpada de iodetos metálicos é idêntico ao modelo da lâmpada de mercúrio.
Relembram-se de seguida as equações que definem o modelo.
( ) (1)
(
) (2)
( ) (3)
⁄ (
) (4)
( ) ( ) (7)
( )
( ) (8)
Os parâmetros para este modelo [28] são6:
Iodetos Metálicos 35 W
a1 34827,66 K/W
a2 12804,93 W
a3 1,6148 V-1
a4 0,001 W/K
a5 33,34 Ω
a6 4,099 V-1
LB 1,199 H
RB 19,74 Ω
T0 1000 K
Tabela 7 – Parâmetros ajustáveis para lâmpada de iodetos metálicos de 35W
Da mesma forma que para as lâmpadas de mercúrio considera-se que o erro associado à
utilização deste modelo para tensões iguais ou superiores a 185 V (tensão mínima do regulador, nível
de regulação 1) é sempre inferior a 10%, quer para a tensão e para a corrente [26].
3.2.4. Lâmpada de Vapor de Sódio
O modelo das lâmpadas de vapor de sódio [32] é idêntico aos anteriores uma vez que as
lâmpadas de vapor de sódio, de mercúrio e iodetos metálicos são equipamentos de iluminação do
mesmo tipo, de descarga de alta intensidade.
6 Mantiveram-se as mesmas casas decimais referidas no artigo.
25
Os parâmetros para este modelo [32] são7:
Vapor de Sódio 70W
a1 6813,896 K/W
a2 6846,868 W
a3 0,71865 V-1
a4 0,32029 W/K
a5 1,23069 Ω
a6 2,03358 V-1
LB 8 0,49 H
RB 9 14,70 Ω
T0 1000 K
Tabela 8 – Parâmetros ajustáveis para lâmpada de vapor de sódio de 70W
Da mesma forma que para as lâmpadas de mercúrio e de iodetos de metálicos considera-se
que o erro associado à utilização deste modelo para tensões iguais ou superiores a 185 V (tensão
mínima do regulador, nível de regulação 1) é sempre inferior a 10%, quer para a tensão e para a
corrente [26].
7 Mantiveram-se as mesmas casas decimais referidas no artigo.
8 Valor não referido no artigo, valor utilizado estimado de forma a adequar-se aos resultados do mesmo.
9 idem
27
4. Implementação dos Modelos
Após a definição de todos os modelos analisados é necessário naturalmente, proceder à
implementação dos mesmos.
Apresenta-se de seguida o modelo de blocos para a simulação de uma lâmpada genérica.
Fig. 19 – Modelo de Simulação para lâmpada genérica
No subcapítulo Manual de Utilização será explicado os modelos apropriados a utilizar para
cada simulação.
Após a simulação ser efectuada um conjunto de variáveis é enviada para a Área de Trabalho
(Workspace) do Matlab, para posterior tratamento por uma função que organiza os resultados da
simulação.
Para cada um dos elementos será realizada uma comparação com os resultados dos artigos
e fontes consultados de forma a comprovar a correcta implementação dos modelos utilizados.
4.1. Regulador de Tensão
O bloco do Regulador de Tensão é denominado por Wattguard. Este bloco é bastante simples
é a aplicação directa da Fig. 15. Consoante o nível de regulação pretendido a Função Wattguard
Function determina os interruptores que têm de ser ligados e desligados. Este bloco envia também
para a Área de Trabalho informação relativa à corrente que flui através do secundário do
transformador.
28
Explicado que está o bloco do regulador é então necessário comprovar o correcto
funcionamento do modelo. Tal é feito através da verificação dos valores de tensão nos diferentes
níveis de regulação. Este primeiro estudo foi efectuado com o regulador em vazio. Abaixo indicam-se
os dados presentes na Documentação Técnica (Teóricos) e os resultados da simulação.
Valores Teóricos [24] (V) Valores Simulados (V)
Tensão de Entrada Nível
220,0 225,0 230,0 235,0 220,0 225,0 230,0 235,0
5 195,3 204,1 204,1 208,6 195,2 199,7 204,1 208,6
4 190,7 199,3 199,3 203,7 190,7 195,0 199,3 203,7
3 186,1 190,3 194,5 198,8 186,1 190,3 194,5 198,8
2 181,5 185,6 189,8 193,9 181,6 185,7 189,9 194,0
1 176,9 180,9 185,0 189,0 177,0 181,0 185,1 189,1
Tabela 9 – Tabela comparativa dos valores de tensão na saída do regulador Teóricos vs. Simulados
Retomando a questão referida no capítulo anterior, Definição de Modelos, da tensão para o
nível 4 e 5 para a tensão de entrada de 225 V que deveria ter valores diferentes que para 230V.
Compare-se de seguida a diferença de tensão entre os níveis de regulação consecutivos.
Valores Teóricos (V) Valores Simulados (V)
Tensão de Entrada Nível
220,0 225,0 230,0 235,0 220,0 225,0 230,0 235,0
VN5-VN4 4,6 4,8 4,8 4,9 4,5 4,7 4,8 4,9
VN4-VN3 4,6 9 4,8 4,9 4,6 4,7 4,8 4,9
VN3-VN2 4,6 4,7 4,7 4,9 4,5 4,6 4,6 4,8
VN2-VN1 4,6 4,7 4,8 4,9 4,6 4,7 4,8 4,9
Tabela 10 – Tabela comparativa da diferença de tensão entre níveis de regulação
Verifica-se que se subtrair a tensão do nível 4 à tensão do nível 3, para uma tensão de
entrada de 225V, esse valor é incongruente com as subtracções entre os restantes níveis,
evidenciando um problema no valor de tensão no nível 4. Os valores de tensão nos níveis 4 e 5 para
225V nos resultados teóricos deveriam ser mais baixos como acontece nos resultados simulados.
Conclui-se assim que os resultados teóricos para 225V se encontram incorrectos para o nível de
regulação 4 e 5.
Embora existam diferenças entre os valores da Documentação Técnica e os valores
simulados, estas são de muito pequena ordem, nunca superiores 0,05%.
Esta comparação não prova o correcto funcionamento do regulador mas apenas que os
valores de tensão na saída são adequados. Para comprovar a fiabilidade do modelo da simulação do
regulador é necessário efectuar a comparação com dados experimentais.
29
Antes de mais é necessário considerar as diferenças entre os conceitos de factor de potência
e de cos ɸ. A definição de factor de potência é a relação entre a potência activa e aparente de uma
carga [33]. O cos ɸ é relacionado exclusivamente com a desfasagem entre a tensão e a corrente da
1ª harmónica, enquanto que o factor de potência tem também em conta as restantes harmónicas da
tensão e da corrente. Apresenta-se de seguida os cálculos das duas medidas de forma a esclarecer a
questão:
(13)
(14)
(15)
Sendo: P a potência activa; Vef 1ªH o valor eficaz da 1ª harmónica de tensão; Ief 1ªH o valor
eficaz da 1ª harmónica de corrente; é a desfasagem entre a tensão e a corrente; S a potência
aparente; Vef o valor eficaz da tensão; Ief o valor eficaz da corrente; PF o factor de forma.
Se apenas existisse a componente fundamental, ou seja, na ausência de harmónicas para
além da fundamental, o valor eficaz da tensão e corrente da 1ª harmónica seria igual ao valor eficaz
total da tensão e da corrente, respectivamente.
Para fazer estes cálculos foi desenhado o bloco de simulação Power Factor 50Hz. Para além
de obter um inúmero conjunto de dados é responsável pelo cálculo da potência activa, potência
complexa, desfasamento entre a tensão e a corrente e factor de potência. No início da simulação
desconhece-se o desfasamento entre a tensão e a corrente sendo necessário obter essa informação.
O tempo entre a tensão se anular e a corrente se anular é o desfasamento entre a tensão e a
corrente. Como se apresenta na figura seguinte.
Fig. 20 – Desfasagem entre a tensão e a corrente
Δ𝑡
30
Os restantes cálculos necessários são efectuados de acordo com as equações (13), (14) e
(15).
As restantes grandezas, relativamente à entrada do regulador, enviadas para o Área de
Trabalho pela função Power Factor 50Hz são: distorção harmónica da tensão, distorção harmónica da
corrente, valor eficaz da tensão, valor eficaz da 1ª harmónica da tensão e valor eficaz da corrente.
Neste momento não se comprovou ainda que os modelos das lâmpadas se encontram
correctamente replicados na simulação. Tomou-se como referência o modelo da lâmpada
fluorescente.
Os resultados apresentados de seguida são referentes a duas lâmpadas fluorescentes do tipo
T8 de 36W.
Embora o factor de potência tenha um valor diferente do cos ɸ, estes valores são
semelhantes, tal como se pode verificar na tabela seguinte.
Nível PF cos ɸ Diferença (%)
Bypass 0,60 0,61 -2,8
3 0,68 0,69 -1,5
2 0,69 0,70 -2,0
Tabela 11 – Comparação dos valores do factor de potência e cos ɸ para 2 lâmpadas T8 de 36W
Verifica-se que a diferença não é significativa, de qualquer forma o valor correcto a considerar
é o factor de potência.
Dados Simulados Dados Experimentais [34]
Nível Vef (V) Ief (A) S (Va) P (W) cos ɸ Vef (V) Ief (A) S (Va) P (W) cos ɸ
Bypass 230,0 0,86 197,81 117,89 0,61 230 0,78 180 89 0,50
3 194,4 0,54 125,07 85,27 0,69 193 0,52 101 59 0,59
2 189,7 0,51 116,87 80,51 0,70 186 0,48 90 55 0,61
Tabela 12 – Dados Simulados e Experimentais para 2 lâmpadas T8 de 36W
A discrepância dos valores simulados e experimentais era expectável uma vez que a lâmpada
e balastro que serviram de base à obtenção dos parâmetros para simulação não são os mesmos que
foram utilizados nos ensaios experimentais. Na realidade nenhuma lâmpada é igual a outra, os
processos de fabrico têm sempre erros associados, bem como diferentes fabricantes produzem
lâmpadas com características ligeiramente diferentes. A estas questões há a acrescentar o facto de
que embora o modelo seja adequado, não deixa de ser uma aproximação e de ter sempre um erro
associado.
31
Sendo assim, não se torna interessante comparar valores absolutos mas a tendência dos
dados com a alteração do nível de regulação utilizado, como se apresenta de seguida.
Fig. 21 – Corrente pedida à rede
Fig. 22 – Co-seno do ângulo de desfasagem (quadrados dados experimentais [34]; losangos dados simulados)
Fig. 23 – Potência Complexa pedida à rede
Fig. 24 – Potência Activa pedida à rede (quadrados dados experimentais [34]; losangos dados simulados)
Comparando os dados experimentais e simulados verifica-se que o andamento dos mesmos
é idêntico, comprovando assim que a simulação é uma boa aproximação à realidade.
4.2. Lâmpadas
4.2.1. Lâmpada Fluorescente
O modelo da lâmpada fluorescente contém a informação das constantes que são utilizadas
pelas equações (1) a (6) bem como do balastro.
No bloco de simulação FL Model encontram-se as funções que implementam essas mesmas
equações. È necessário realçar três aspectos deste bloco:
O primeiro prende-se com a definição da função que implementa a equação no
eléctrodo. Consoante a corrente tem sentido positivo, negativo ou é nula coloca a
tensão do eléctrodo em +10V, -10V e 0, respectivamente.
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
Bypass 3 2
Co
rre
nte
(A
)
Nível de Regulação
0,5
0,6
0,7
0,8
Bypass 3 2
Co
s (ɸ
)
Nível de Regulação
90
110
130
150
170
190
Bypass 3 2Po
tên
cia
Co
mp
lexa
(V
A)
Nível de Regulação
50
70
90
110
Bypass 3 2
Po
tên
cia
(W)
Nível de Regulação
32
A queda de tensão do equipamento de iluminação é dada pela soma da queda de
tensão na lâmpada com a queda de tensão no eléctrodo.
Por último, a temperatura na lâmpada vai variar ao longo do tempo com o aumento e
diminuição da corrente ao longo do tempo, considerando-se a temperatura inicial
igual à temperatura ambiente. Daí advém a necessidade de resolver a equação
número (1) da seguinte forma:
∫ ( ) (16)
Apresentam-se seguidamente as imagens obtidas no artigo que define o modelo da lâmpada
fluorescente [26] e os resultados obtidos em simulação.
Fig. 25 – Tensão na lâmpada fluorescente [26]
Fig. 26 – Tensão na lâmpada fluorescente (simulador)
Fig. 27 – Corrente na lâmpada fluorescente [26]
Fig. 28 – Corrente na lâmpada fluorescente (simulador)
As simulações foram efectuadas para uma tensão de alimentação de 220V, a mesma tensão
que foi utilizada no artigo [26]. Verifica-se que o simulador reproduz fielmente o modelo presente no
artigo. Comprovando assim não só a correcta simulação da lâmpada fluorescente bem como do
regulador.
33
4.2.2. Lâmpada de Vapor Mercúrio
A simulação da lâmpada de vapor mercúrio é semelhante à da lâmpada fluorescente só
alterando dois aspectos. Um deles é o facto de não existir correcção da temperatura do tubo da
lâmpada com a temperatura ambiente. O outro aspecto prende-se com a queda de tensão no
eléctrodo. Ao contrário do modelo da lâmpada fluorescente, onde se considera o valor, em módulo,
constante, neste terá uma evolução dada pela equação (8). Esta equação é definida para cada ciclo
da corrente. Foi por esse motivo necessário adicionar um bloco que reinicia um temporizador em
cada ciclo de corrente. A questão de se utilizar um bloco Transport Delay, tem a ver com limitações
do Simulink que não admite que exista realimentação da informação, pois a corrente encontra-se
directamente relacionada com o valor da tensão do equipamento de iluminação. Este atraso temporal
é de 1x10-5
segundos de forma a não influenciar os resultados da simulação.
De seguida apresenta-se as imagens obtidas no artigo que define o modelo da lâmpada de
mercúrio [28] e os resultados obtidos em simulação.
Fig. 29 – Tensão na lâmpada de mercúrio [28]
Fig. 30 – Tensão na lâmpada de mercúrio (simulador)
Fig. 31 – Corrente na lâmpada de mercúrio [28]
Fig. 32 – Corrente na lâmpada de mercúrio (simulador)
Verifica-se que a simulação reproduz os resultados do artigo em questão.
34
4.2.3. Lâmpada de Iodetos Metálicos
O modelo da lâmpada de iodetos metálico é igual ao da lâmpada de vapor de mercúrio,
alterando apenas os valores dos parâmetros.
Abaixo apresentam-se as imagens obtidas no artigo que define o modelo da lâmpada de
iodetos metálicos [28] e os resultados obtidos em simulação.
Fig. 33 – Tensão na lâmpada de iodetos metálicos [28]
Fig. 34 – Tensão na lâmpada de iodetos metálicos (simulador)
Fig. 35 – Corrente na lâmpada de iodetos metálicos [28]
Fig. 36 – Corrente na lâmpada de iodetos metálicos (simulador)
Verifica-se que a simulação reproduz os resultados do artigo [28].
35
4.2.4. Lâmpada de Vapor de Sódio
O modelo da lâmpada de vapor de sódio é idêntico aos anteriores, apenas alterando os
parâmetros a utilizar.
Abaixo apresentam-se as imagens obtidas no artigo que define o modelo da lâmpada de
vapor de sódio [32] e os resultados obtidos em simulação.
Fig. 37 – Tensão na lâmpada de vapor de sódio
(simulador)
Fig. 38 – Corrente na lâmpada de vapor de sódio (simulador)
Fig. 39 – Tensão e Corrente na lâmpada de vapor de sódio [32]
Mais uma vez se comprova a fiabilidade da simulação comparando com os resultados
teóricos [32].
36
4.3. Manual de Simulação
Antes de se utilizar as simulações é necessário executar, em Matlab, o ficheiro init.m que
limpa a Área de Trabalho bem como a Janelas de Comandos (Command Window). Após efectuadas
as simulações e obtidos os resultados é aconselhado utilizar o ficheiro finish.m.
Cada tipo de lâmpada tem um ficheiro dedicado bem como algumas situações especiais que
serão apresentadas mais à frente nesta dissertação. De seguida apresenta-se uma tabela que serve
de guia na escolha da simulação a realizar, consoante a situação pretendida.
Nome da simulação Descrição
WG1FL Regulador a alimentar uma lâmpada fluorescente
WG1ML Regulador a alimentar uma lâmpada de mercúrio
WG1MHL Regulador a alimentar uma lâmpada de iodetos metálicos
WG1HPSL Regulador a alimentar uma lâmpada de alta pressão de sódio
WG1each Regulador a alimentar quatro lâmpadas, uma de cada tipo de lâmpada
modelada
WG1each_with_cond Regulador com condensador na entrada a alimentar quatro lâmpadas, uma
de cada tipo de lâmpada modelada
WG1FL_variac Regulador com autotransformador no secundário a alimentar uma lâmpada
fluorescente
Tabela 13 – Descodificação dos nomes dos ficheiros de simulação
Devido ao facto dos blocos que efectuam os cálculos que têm de ser inicializados e para
fornecer valores fidedignos as simulações têm de ter um tempo de simulação no mínimo de 0,08
segundos.
Para a selecção do nível de regulação pretendido deve-se abrir o ficheiro de simulação
desejado e alterar o valor do bloco Nível para o pretendido. O valor 0 representa o modo de operação
Bypass e de 1 a 5 o nível de regulação 1 a 5, respectivamente. Caso seja escolhido um valor
diferente destes o regulador desliga todos os interruptores não alimentado os equipamentos de
iluminação.
Para consulta dos gráficos resultantes da simulação devem ser usados os blocos disponíveis
para o efeito (scopes). Para obter os resultados numéricos da simulação deve ser executado o
ficheiro values.m que retorna os valores das grandezas apresentadas nos anexos A a D.
4.3. Análise dos Resultados de Simulação
Nos Anexos A a D apresentam-se as fichas com informação detalhada dos resultados
relativamente a cada tipo de lâmpada e nível de regulação.
37
As evoluções temporais das grandezas eléctricas avaliadas nas diferentes lâmpadas são
equivalentes, situação prevista, uma vez que os modelos utilizados são idênticos. Apenas as
lâmpadas fluorescentes têm uma pequena alteração no modelo, situação já referida no Capítulo 3.
É importante identificar o sentido convencionado das grandezas calculadas. Essa definição é
apresentada na Fig. 40.
Rede AC S5S4S3S2S1
Bypass
VIN
ISEC
IPRI
IIN
Balastro
VOUT
VB
VL
Fig. 40 – Representação do sentido das correntes e tensões convencionadas
Constata-se, nos anexos referidos, que em todos os casos, e como esperado, que a
aplicação de um nível de regulação mais baixo produz uma diminuição não só da tensão de saída
mas também da potência pedida à rede e da temperatura da lâmpada. Como exemplo apresenta-se
gráficos para o caso da lâmpada fluorescente.
Fig. 41 – Evolução dos valores da potência activa, potência aparente e temperatura com a alteração do nível de regulação
Denota-se que a potência complexa tem uma maior variação do nível de regulação 5 para o
nível de Bypass que a potência activa. Esta situação deve-se à correcção de factor de potência que o
regulador realiza.
200
300
400
500
600
700
800
900
40
50
60
70
80
90
100
110
N1 N2 N3 N4 N5 Bypass
T (
k)
P(W
)
S(V
a)
Potência Activa
Potência Aparente
Temperatura
38
Fig. 42 – Evolução dos valores do factor de potência e cos(ɸ) com a alteração do nível de regulação
Constata-se deste modo que, com a utilização do regulador o factor de potência melhora
significativamente. Este resultado não é efectivamente o ideal, na verdade o valor deveria ser próximo
do unitário. Existir um factor de potência que seja menor que a unidade representa um aumento da
factura energética, uma vez que é necessário efectuar o pagamento da energia reactiva associada.
Por outro lado a questão pode ser corrigida com recurso a equipamentos auxiliares. Normalmente,
nas instalações industriais, para se efectuar esta correcção recorre-se à instalação de baterias de
condensadores. Esta situação será abordada com mais detalhe no capítulo seguinte.
O facto da corrente pedida à rede possuir um valor eficaz ligeiramente inferior à soma das
correntes eficazes no equipamento de iluminação e no secundário do regulador, deve-se à
concepção e construção do regulador. O secundário é responsável por reduzir a tensão à saída do
regulador, considerando que absorve parte da energia que deveria ser entregue ao equipamento de
iluminação numa situação sem regulação (Bypass). Essa energia é então injectada na entrada do
regulador sendo solicitada menos corrente à rede.
Fig. 43 – Evolução dos valores da corrente total, no primário e no secundário com a alteração do nível de regulação
0,55
0,6
0,65
0,7
0,75
N1 N2 N3 N4 N5 Bypass
Factor de Potência Rede
cos(ɸ) Rede
0,02
0,022
0,024
0,026
0,028
0,03
0,032
0,034
0,25
0,27
0,29
0,31
0,33
0,35
0,37
0,39
0,41
0,43
0,45
N1 N2 N3 N4 N5 Bypass
Co
rre
nte
no
Se
cu
nd
ári
o (
A)
Co
ren
te T
ota
l e
no
Pri
má
rio
(A
)
Corrente Total
Corrente no Primário
Corrente no Secundário
39
Com a diminuição da tensão aplicada ao equipamento de iluminação ter-se-á um pequeno
aumento da tensão da lâmpada. É preciso ter em conta que embora essa situação ocorra em cada
instante a soma da queda de tensão no balastro com a queda de tensão na lâmpada é igual à tensão
de saída do regulador.
(14)
Onde: VB é a queda de tensão no balastro; VL é a queda de tensão na lâmpada.
Fig. 44 – Evolução dos valores da tensão de saída e na lâmpada com a alteração do nível de regulação
A temperatura da lâmpada diminui mesmo com o aumento da tensão, o que se deve ao facto
de a temperatura da lâmpada se encontrar relacionado com a corrente na lâmpada e não com a
tensão.
Fig. 45 – Evolução dos valores da corrente no primário e da temperatura na lâmpada com a alteração do nível de regulação
As harmónicas de tensão injectadas na rede são de tal forma pequenas que não são motivo
de preocupação. Em nenhuma das lâmpadas nunca passa os 0,03% de distorção harmónica total,
valores em conformidade com a legislação em vigor, como será revisitado no capítulo seguinte.
108
110
112
114
116
118
120
122
180
185
190
195
200
205
210
215
220
225
230
N1 N2 N3 N4 N5 BypassT
en
sã
o n
a L
âm
pa
da
(V
)
Te
ns
ão
de
Sá
ida
(V
)
Tensão de Saída
Tensão na Lâmpada
500
550
600
650
700
750
800
850
900
0,25
0,27
0,29
0,31
0,33
0,35
0,37
0,39
0,41
0,43
0,45
N1 N2 N3 N4 N5 Bypass
Te
mp
era
tura
(K
)
Co
rre
nte
no
Pri
má
rio
(A
)
Corrente no Primário
Temperatura
40
As harmónicas de corrente são mais altas que as de tensão.
Fig. 46 – Evolução dos valores da distorção harmónica da corrente à entrada e saída do regulador com a alteração do nível de regulação
Comparativamente à situação de Bypass existe um valor mais elevado de harmónicas com a
utilização do regulador, em especial nos níveis mais baixos de regulação. O regulador consegue
absorver parte dessas harmónicas, embora não todas. As harmónicas de corrente embora elevadas
também não são preocupantes. Este assunto será também revisitado no capítulo seguinte.
4.4. Estudo de Caso
Após as análises dos dados anteriores efectuou-se um estudo de caso numa instalação de
208 lâmpadas fluorescentes T8 de 36W cada. É de recordar que o regulador tem uma instalação
trifásica, estando as 208 lâmpadas divididas pelas 3 fases (embora não se garanta que estejam
divididas igualmente pelas 3 fases). Apresentam-se de seguida alguns dados dos referidos ensaios.
Instalação Real Simulação
Nível Vef
(V)
Ief
(A)
S
(kVa)
P
(kW) FP
Vef
(V)
Ief
(A)
S
(kVa)
P
(kW) FP
Bypass 235,8 122,91 28,98 10,21 0,71 235,8 93,35 22,01 11,73 0,53
2 193,2 82,45 15,96 6,46 0,87 178,5 51,50 10,03 7,60 0,75
Tabela 14 – Dados para instalação real e resultados de simulação para 208 lâmpadas fluorescentes T8 de 36W
O valor da tensão e do factor de potência apresentados na tabela representam o valor médio
das 3 fases enquanto a corrente, a potência complexa e activa são a soma das grandezas das 3
fases.
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
N1 N2 N3 N4 N5 Bypass
THD
(%
)
THD Corrente Entrada
THD Corrente Saída
41
Tanto nos resultados reais como na simulação verifica-se uma redução substancial do
consumo e melhoria do factor de potência comutando do nível de Bypass para o nível 2. O ensaio foi
efectuado 30 minutos em cada um dos níveis. Os desvios detectados nos ensaios anteriores
continuam a ser responsáveis pelos desvios nos valores apresentados em conjunto com outros novos
factores, como a queda de tensão ao longo da instalação alimentado as diferentes lâmpadas a
tensões ligeiramente diferentes.
A poupança em termos de energia activa é 3,75kWh, para um período de 30 minutos,
comparativamente à não utilização do equipamento. Considerando o preço por kWh de 0,1029 euros,
tendo em conta dados da EUROSTAT para indústrias de média dimensão. e um período de operação
de 40 horas semanais, obtêm-se uma redução mensal nos custos de iluminação de cerca de 136€. É
preciso ter em conta que neste estudo não se encontrava ligada toda a alimentação servida pelo
equipamento, ou seja existem bastante mais lâmpadas que as 208 lâmpadas, bem como não é tido
em conta as poupanças associadas à energia reactiva e à redução da manutenção necessária.
43
5. Propostas para melhoria da Eficiência Energética e Qualidade de
Energia
Foram identificados no Capítulo 4, algumas situações passíveis de melhorar no regulador,
nomeadamente:
Factor de Potência.
Distorção Harmónica da corrente relativamente elevada.
Além desta questão constata-se a viabilidade de adicionar outras funcionalidades ao
equipamento. Como exemplo, refere-se a introdução de um autotransformador para estabilização da
tensão da rede.
Apresentamos seguidamente algumas propostas para melhorar o regulador de tensão.
5.1. Factor de Potência
A questão do Factor de Potência é delicada uma vez que implica um custo relativo à energia
reactiva fornecida pela rede. Caso essa energia seja fornecida pelo próprio local de consumo, esse
custo pode ser reduzido ou até eliminado.
A solução clássica para este problema passa pela instalação de uma bateria de
condensadores à entrada do local de consumo para gerar a energia reactiva necessária. Neste caso
instala-se um condensador na entrada de tensão do regulador para evitar que o sistema de
iluminação (regulador mais equipamento de iluminação) tenha um factor de potência baixo.
O condensador necessita ser dimensionado de acordo com a carga existente. A análise é
realizada para uma instalação dotada de 4 equipamentos de iluminação, cada tipo de lâmpada
simulada. Primeiramente, é necessário conhecer o valor da potência reactiva absorvida pelo sistema
bem como a tensão de alimentação que se considera igual a 230V, de forma a calcular a reactância
necessária do condensador. O valor da potência reactiva é igual a 322,00 Var. Apresentam-se
seguidamente os cálculos:
(17)
(18)
Na realidade, não existe um condensador puro, existe sempre uma resistência do material,
embora seja pequena. Na simulação assumiu-se uma resistência de 1Ω.
44
Indicam-se seguidamente os resultados do sistema sem correcção do factor de potência e
com condensador.
Nível N1 N1 C/ Cond.
Corrente no Secundário (A) 0,40 0,40
Corrente Total (A) 1,79 0,94
Corrente na Lâmpada (A) 2,14 2,14
Tensão de Saída (V) 184,29 184,29
Factor de Potência Rede 0,60 0,95
cos(ɸ) Rede 0,61 0,99
P (W) 246,14 205,31
Q (Var) 322,00 35,82
S (Va) 409,13 215,12
THD Corrente Entrada (%) 8,68 16,85
THD Corrente Saída (%) 8,96 8,96
THD Tensão Entrada (%) 0,01 0,02
THD Tensão Saída (%) 0,13 0,13
Tabela 15 – Resultados simulados com e sem condensador
Verifica-se que, com a instalação do condensador ainda existe algum consumo de energia
reactiva com origem na rede eléctrica, mas é apenas um consumo residual. Aumentado o valor da
capacidade do condensador essa necessidade pode ser suprimida. Confirma-se igualmente que a
corrente pedida à rede diminui, reduzindo-se os esforços térmicos a que os cabos de alimentação
estão sujeitos. Por outro lado a distorção harmónica da corrente aumenta significativamente.
O maior inconveniente desta solução prende-se com a necessidade do dimensionamento
adequado do condensador. Um subdimensionamento conduz a um factor de potência baixo e um
sobredimensionamento a uma injecção de potência reactiva na rede que também tem custos
associados.
5.2. Autotransformador
A forma como o regulador diminui o consumo dos equipamentos de iluminação verifica-se
através da redução simultânea da tensão e corrente fornecida ao mesmo.
Nas simulações realizadas anteriormente considerou-se a tensão de alimentação, tensão da
rede, como uma sinusóide perfeita dotada de valor eficaz igual a 230 V (Tensão Fase-Neutro). Esta
situação não se verifica na realidade. Deixando de parte a questão da existência de harmónicas na
tensão da rede, ou seja, que a forma de onda da tensão não é uma sinusóide perfeita, a análise recai
sobre a variação do valor eficaz da tensão.
45
Segundo a Norma NP EN 50 160 ―a variação da tensão permitida, em condições normais de
exploração, não considerando as situações subsequentes a defeitos e interrupções de alimentação, é
de +/- 10%, que corresponde a 207 V e 253 V, em 95% do período de uma semana.‖ [35] Com o
aumento do nível de tensão da rede a poupança do equipamento pode ser anulada, com uma maior
tensão de entrada a tensão de saída será também mais elevada. Por outro lado com a redução da
tensão da rede a tensão de saída do regulador pode-se reduzir de tal forma que o equipamento de
iluminação não tenha condições para continuar a funcionar. De seguida apresenta-se um exemplo da
variação da tensão eléctrica ao longo do dia.
Fig. 47 – Variação da Tensão Eléctrica ao longo de um dia [36]
Actualmente o regulador possui uma função que previne o equipamento de iluminação de se
desligar caso a tensão de alimentação seja muito baixa. Essa acção é efectuada através da
comutação do interruptor de selecção de nível de regulação para Bypass, sendo que esta solução
não é a ideal.
A solução com autotransformador passa por remover do secundário os interruptores de
selecção de nível e substituir por um autotransformador, como apresentado na figura seguinte.
Rede AC
Lâmpada+
Balastro
Bypass
Fig. 48 – Regulador com autotransformador
46
Seguidamente apresentam-se dois exemplos de utilização do regulador com
autotransformador, um com redução do nível de tensão da rede (207V) e outro com aumento (253V).
Fig. 49 – Tensão na saída do regulador com alimentação de 207 V
Fig. 50 – Tensão na saída do regulador com alimentação de 253 V
Fig. 51 – Tensão eficaz na saída do regulador com alimentação de 207 V
Fig. 52 – Tensão eficaz na saída do regulador com alimentação de 253 V
As duas simulações foram conduzidas com o nível de regulação parametrizado no nível 1 e
com uma lâmpada fluorescente. O defeito, subida ou descida da tensão, ocorre no instante 0,04 s.
Verifica-se que o autotransformador actua rapidamente corrigindo o valor de tensão à saída
do regulador. O tempo de estabilização da tensão é inferior a 2 períodos da rede.
Na realidade pode demorar um pouco mais, pois é necessário ter em conta as constantes
mecânicas do autotransformador, desprezadas nesta análise. Outra situação desprezada é a tensão
de saída não ter o valor pretendido, dependendo naturalmente da diferença de tensão entre cada
tomada do autotransformador.
Este sistema implica custos acrescidos face à introdução do autotransformador e do circuito
de comando do mesmo, mas por outro lado permite a utilização de um transformador Elevador-
-Redutor de construção mais fácil, uma vez que prescinde das diversas tomadas no secundário do
transformador.
Esta solução permite igualmente a criação de mais níveis de regulação adequados à situação
pretendida, além dos originais cinco níveis predefinidos. Permite também compensar a pequena
diminuição do fluxo luminoso emitido pela lâmpada e que ocorre ao longo da vida útil dos
equipamentos de iluminação.
47
5.3. Distorção Harmónica
O problema da Distorção Harmónica acaba muitas vezes por não se verificar pois embora
existam harmónicas na tensão e, neste caso em especial, na corrente, não deixam de satisfazer os
regulamentos em vigor. Por vezes o restante equipamento existente no local de consumo absorve
parte destas harmónicas. Alguns estudos prevêem até a redução quase total das harmónicas devido
à existência de outros equipamentos, é o caso dos computadores que produzem uma terceira
harmónica quase em oposição de fase da gerada pelas lâmpadas fluorescentes [37].
Caso as harmónicas sejam muito elevadas o comercializador da rede de distribuição irá
obrigar à instalação de equipamento apropriado, nomeadamente filtros, com o intuito de evitar a
emissão de harmónicas para a rede.
Segundo a norma NP EN 50 160, ―a THD da tensão de alimentação (incluindo os harmónicos
até à ordem 40) não deve ultrapassar 8%‖ [38]. Sendo que os valores de THD obtidos em simulação
não ultrapassam os 0,03% e consideram não apenas as harmónicas até à ordem 40, como na norma
é definido, mas sim todas as harmónicas não existe incumprimento da mesma.
O mesmo não acontece com a THD da corrente. Os valores do THD da corrente são mais
elevados. Para definição dos limites das harmónicas de corrente a ser injectadas na rede deve ser
seguida a norma IEC 61000-3-2. De seguida apresenta-se a tabela com os limites referidos
Harmónicas
(n)
Limite
(% da Fundamental)
2 2
3 30xPF
5 10
7 7
9 5
11 3
13 3
15≤n≤39 3
Tabela 16 – Limite da injecção de harmónicas na rede, adaptada da norma IEC 61000-3-2 [39]
Esta norma só se aplica para uma corrente inferior a 16A por fase, o que é perfeitamente
adequado para o caso em estudo. Para correntes entre 16A e 74A teriam de se usar os valores de
referência da norma IEC 61000-3-12.
O estudo é efectuado utilizando a mesma instalação de 4 equipamentos de iluminação para o
nível 1 de regulação com o condensador, situação que apresentava um THD de corrente mais
elevado. Recorde-se que o factor de potência para este caso era de 0,95 sendo o limite para a
terceira harmónica igual a:
(19)
48
Apresentam-se de seguida os resultados para as harmónicas nessa situação.
Harmónicas
(n)
Corrente
(% da Fundamental)
2 0,12
3 16,01
5 4,82
7 1,81
9 0,71
11 0,25
13 0,14
15 0,11
Tabela 17 – Valores simulados das harmónicas de corrente
Para as harmónicas superiores à 15ª não são apresentados resultados porque são inferiores
aos valores desta.
Verifica-se desta forma que o equipamento cumpre as normas, no que diz respeito aos limites
de injecção de corrente na rede eléctrica.
Caso as harmónicas de corrente fossem preocupantes, dependendo da potência total da
instalação e da capacidade do barramento da subestação onde se liga a instalação de absorver as
mesmas, poderia ser necessário a instalação de filtros adequados.
Atendendo ao aumento dos padrões de qualidade de energia, pode no entanto vir a não
cumprir esses padrões futuros, sendo por isso um assunto interessante a avaliar em estudo posterior.
49
6. Conclusão
A realização do presente trabalho possibilitou analisar detalhadamente o regulador de tensão
Wattguard bem como identificar a importância da existência de reguladores como este.
Os reguladores permitem uma redução efectiva dos custos nomeadamente através da
diminuição do consumo dos equipamentos de iluminação, como verificado no Capítulo 5, assim como
pelo aumento do tempo de vida das lâmpadas. Os gráficos abaixo [24] reflectem o tempo de vida das
lâmpadas fluorescentes, de alta pressão de sódio e de iodetos metálicos com e sem a utilização do
regulador estudado.
Fig. 53 – Fluxo luminoso ao longo do tempo numa
lâmpada fluorescente [24]
Fig. 54 – Fluxo luminoso ao longo do tempo numa
lâmpada de alta pressão de sódio e numa lâmpada de iodetos metálicos [24]
Verifica-se um aumento muito significativo do tempo de vida dos equipamentos de
iluminação. Não só pela redução da potência entregue mas também pela alteração na emissão dos
electrões a partir dos eléctrodos, como descrito no Capítulo 3.
Para além do aumento do tempo de tempo de vida, que diminui a manutenção necessária, os
custos de energia descem substancialmente, como se verifica no exemplo seguinte de uma
instalação real onde foi instalado o regulador.
Payback (anos) 1,52
Investimento (€) 13 050
Economia Anual Média (€) 10 252
Economia Total 10 anos (€) 102 518
Redução Anual (kWh) 70 264
Redução Anual de CO2 (t) 38
Tabela 18 – Análise económica e ambiental de uma instalação com Wattguard [40]
Verifica-se também uma redução significativa da pegada ecológica da instalação pela
diminuição das emissões de carbono associadas à energia poupada.
50
Compreender o funcionamento do regulador foi vital para potenciar todas as funcionalidades
do equipamento bem como introduzir novas valências, nomeadamente as referidas no Capítulo 6.
O presente estudo e o simulador concebido em resultado do mesmo, demonstram uma boa
correspondência com a realidade, conforme constado no Capítulo 4. Entendendo-se assim, ser este
estudo importante para trabalhos futuros com vista a melhorar o regulador.
É absolutamente fundamental o desenvolvimento de equipamentos como este, inseridos
numa vertente de incremento da eficiência energética, no sentido de utilizar racionalmente a energia
eléctrica, e por conseguinte, os recursos naturais.
51
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[40] "Relatório Final," Fabriwatt, Lda, FW-RF05/2013, 2013.
Estudo e Caracterização de Regulador de Tensão
para Iluminação
Diogo André Vieira da Silva Miranda
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia Electrotécnica e de Computadores
Anexos
Orientador: Prof. Doutor Duarte de Mesquita e Sousa
Júri
Presidente: Prof. Doutora Maria Eduarda de Sampaio Pinto de Almeida Pedro
Orientador: Prof. Doutor Duarte de Mesquita e Sousa
Vogal: Prof. Doutor João Augusto Santos Joaquim
Novembro 2014
ii
Anexo A – Lâmpada Fluorescente
Gráfico das imagens das grandezas eléctricas simuladas no regulador e no equipamento de
iluminação.
Fig. 55 – Corrente no primário do regulador no nível 1
Fig. 56 – Corrente no secundário do regulador no nível 1
Fig. 57 – Corrente fornecida pela rede no nível 1
Fig. 58 – Tensão na saída do regulador no nível 1
Fig. 59 – Tensão aplicada na lâmpada no nível 1
Fig. 60 – Temperatura no interior da lâmpada no nível 1
iii
De seguida apresentam-se diversos valores que caracterizam o funcionamento do regulador
com uma lâmpada fluorescente de 36W de potência.
Nível N1 N2 N3 N4 N5 Bypass
Corrente no Secundário (A)
0,023 0,025 0,028 0,031 0,032 0
Corrente na Lâmpada (A)
0,265 0,280 0,300 0,319 0,338 0,429
Corrente Pedida à Rede
(A) 0,262 0,275 0,288 0,303 0,319 0,429
Tensão na Lâmpada (V)
121,77 119,64 117,81 116,16 114,68 108,70
Tensão de Saída (V)
184,98 189,77 194,46 199,25 204,05 230,00
Factor de Potência Rede
0,74 0,72 0,70 0,69 0,67 0,60
cos(ɸ) Rede 0,75 0,73 0,71 0,69 0,68 0,60
P (W) 44,62 45,57 46,59 47,79 49,09 58,80
S (VA) 60,31 63,24 66,32 69,69 73,33 98,66
THD Corrente Entrada (%)
12,84 12,46 12,06 11,63 11,2 8,87
THD Corrente Saída (%)
16,29 14,85 13,69 12,71 11,87 8,87
THD Tensão Entrada (%)
0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01
THD Tensão Saída (%)
0,03 0,02 0 0 0 0,01
Temperatura (K)
662,72 688,77 712,3 734,43 755,09 852,52
Tabela 19 – Valores caracterizantes do funcionamento do regulador com uma fluorescente
iv
Anexo B – Lâmpada de Vapor de Mercúrio
Gráfico das imagens das grandezas eléctricas simuladas no regulador e no equipamento de
iluminação.
Fig. 61 – Corrente no primário do regulador no nível 1
Fig. 62 – Corrente no secundário do regulador no nível 1
Fig. 63 – Corrente fornecida pela rede no nível 1
Fig. 64 – Tensão na saída do regulador no nível 1
Fig. 65 – Tensão aplicada na lâmpada no nível 1
Fig. 66 – Temperatura no interior da lâmpada no nível 1
v
De seguida apresentam-se diversos valores que caracterizam o funcionamento do regulador
com uma lâmpada de mercúrio de 50W de potência.
Nível N1 N2 N3 N4 N5 Bypass
Corrente no Secundário (A)
0,093 0,094 0,092 0,088 0,081 0
Corrente na Lâmpada (A)
0,633 0,659 0,684 0,709 0,734 0,867
Corrente Pedida à Rede
(A) 0,566 0,590 0,614 0,641 0,671 0,867
Tensão na Lâmpada (V)
89,89 89,78 89,67 89,56 89,47 89,01
Tensão de Saída (V)
184,84 189,65 194,35 199,16 203,98 230,00
Factor de Potência Rede
0,59 0,57 0,56 0,55 0,54 0,48
cos(ɸ) Rede 0,59 0,58 0,57 0,55 0,54 0,48
P (W) 76,61 77,83 79,23 80,85 82,66 96,16
S (VA) 130,28 135,59 141,24 147,50 154,24 199,41
THD Corrente Entrada (%)
6,46 6,4 6,33 6,23 6,13 5,44
THD Corrente Saída (%)
7,14 6,91 6,69 6,49 6,29 5,44
THD Tensão Entrada (%)
0,01 0 0,02 0,01 0,01 0,01
THD Tensão Saída (%)
0,03 0,02 0 0 0 0,01
Temperatura (K)
4139,92 4170,7 4199,77 4228,07 4258,05 4396,85
Tabela 20 – Valores caracterizantes do funcionamento do regulador com uma lâmpada de mercúrio
vi
Anexo C – Lâmpada de Iodetos Metálicos
Gráfico das imagens das grandezas eléctricas simuladas no regulador e no equipamento de
iluminação.
Fig. 67 – Corrente no primário do regulador no nível 1
Fig. 68 – Corrente no secundário do regulador no nível 1
Fig. 69 – Corrente fornecida pela rede no nível 1
Fig. 70 – Tensão na saída do regulador no nível 1
Fig. 71 – Tensão aplicada na lâmpada no nível 1
Fig. 72 – Temperatura no interior da lâmpada no nível 1
vii
De seguida apresentam-se diversos valores que caracterizam o funcionamento do regulador
com uma lâmpada de iodetos metálicos de 35W de potência.
Nível N1 N2 N3 N4 N5 Bypass
Corrente no Secundário (A)
0,0344 0,039 0,041 0,042 0,042 0
Corrente na Lâmpada (A)
0,371 0,387 0,403 0,419 0,435 0,517
Corrente Pedida à Rede
(A) 0,352 0,363 0,375 0,388 0,404 0,517
Tensão na Lâmpada (V)
90,56 89,89 89,28 88,70 88,16 85,67
Tensão de Saída (V)
184,93 189,73 194,43 199,23 204,03 230,00
Factor de Potência Rede
0,58 0,56 0,54 0,52 0,51 0,44
cos(ɸ) Rede 0,58 0,56 0,55 0,53 0,51 0,44
P (W) 46,94 46,71 46,66 46,72 47,08 52,19
S (VA) 81 83,42 86,16 89,33 92,89 118,81
THD Corrente Entrada (%)
7,6 7,55 7,47 7,35 7,21 6,23
THD Corrente Saída (%)
8,96 8,55 8,18 7,85 7,54 6,23
THD Tensão Entrada (%)
0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02
THD Tensão Saída (%)
0,02 0,02 0 0 0 0,01
Temperatura (K)
2934,67 2952,55 2968,28 2984,39 2999,38 3072,33
Tabela 21 – Valores caracterizantes do funcionamento do regulador com uma lâmpada de iodetos metálicos
viii
Anexo D – Lâmpada de Vapor de Sódio
Gráfico das imagens das grandezas eléctricas simuladas no regulador e no equipamento de
iluminação.
Fig. 73 – Corrente no primário do regulador no nível 1
Fig. 74 – Corrente no secundário do regulador no nível 1
Fig. 75 – Corrente fornecida pela rede no nível 1
Fig. 76 – Tensão na saída do regulador no nível 1
Fig. 77 – Tensão aplicada na lâmpada no nível 1
Fig. 78 – Temperatura no interior da lâmpada no nível 1
ix
De seguida apresentam-se diversos valores que caracterizam o funcionamento do regulador
com uma lâmpada de alta pressão de sódio de 70W de potência.
Nível N1 N2 N3 N4 N5 Bypass
Corrente no Secundário (A)
0,150 0,146 0,140 0,131 0,119 0
Corrente na Lâmpada (A)
0,888 0,928 0,965 1,003 1,041 1,240
Corrente Pedida à Rede
(A) 0,774 0,813 0,853 0,897 0,943 1,240
Tensão na Lâmpada (V)
94,48 93,94 93,41 92,87 92,34 89,62
Tensão de Saída (V)
184,75 189,56 194,28 199,10 203,93 230,00
Factor de Potência Rede
0,61 0,60 0,59 0,57 0,56 0,50
cos(ɸ) Rede 0,62 0,61 0,59 0,58 0,56 0,50
P (W) 109,44 112,17 114,99 118,08 121,26 141,27
S (VA) 177,97 186,87 196,16 206,24 216,92 285,15
THD Corrente Entrada (%)
8,69 8,54 8,37 8,19 8 6,92
THD Corrente Saída (%)
9,35 9,02 8,72 8,42 8,15 6,92
THD Tensão Entrada (%)
0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01
THD Tensão Saída (%)
0,05 0,04 0 0 0 0,01
Temperatura (K)
1185,49 1191,35 1196,81 1202,42 1207,66 1233,83
Tabela 22 – Valores caracterizantes do funcionamento do regulador com uma lâmpada de alta pressão de sódio