estudo do terceiro setor com base em uma...

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ESTUDO DO TERCEIRO SETOR COM BASE EM UMA INSTITUIÇÃO DO NOROESTE FLUMINENSE Ir Monica Inocencio Oliveira (UFF ) [email protected] CRISTIANO SOUZA MARINS (UFF/UFRJ ) [email protected] Renata Faria dos Santos (UFRJ ) [email protected] Daniela de Oliveira Souza (FacRedentor ) [email protected] Rodrigo Resende Ramos (UFF ) [email protected] O presente trabalho tem como objetivo analisar o perfil de gestão de uma instituição filantrópica que presta serviços de atendimento a crianças e jovens com necessidades especiais na Região Noroeste Fluminense. A pesquisa foi desenvolvida ppor meio uma pesquisa exploratória para o desenvolvimento do referencial teórico e um estudo de caso com a aplicação de um questionário na instituição. Como resultado foi evidenciado, entre outras, a neutralidade dos funcionários na avaliação devido principalmente ao estilo de liderança do gestor. Palavras-chaves: Terceiro Setor, liderança, gestão XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.

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ESTUDO DO TERCEIRO SETOR COM

BASE EM UMA INSTITUIÇÃO DO

NOROESTE FLUMINENSE

Ir Monica Inocencio Oliveira (UFF )

[email protected]

CRISTIANO SOUZA MARINS (UFF/UFRJ )

[email protected]

Renata Faria dos Santos (UFRJ )

[email protected]

Daniela de Oliveira Souza (FacRedentor )

[email protected]

Rodrigo Resende Ramos (UFF )

[email protected]

O presente trabalho tem como objetivo analisar o perfil de gestão de

uma instituição filantrópica que presta serviços de atendimento a

crianças e jovens com necessidades especiais na Região Noroeste

Fluminense. A pesquisa foi desenvolvida ppor meio uma pesquisa

exploratória para o desenvolvimento do referencial teórico e um estudo

de caso com a aplicação de um questionário na instituição. Como

resultado foi evidenciado, entre outras, a neutralidade dos

funcionários na avaliação devido principalmente ao estilo de liderança

do gestor.

Palavras-chaves: Terceiro Setor, liderança, gestão

XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos

Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.

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1. Introdução

O termo terceiro setor começou a ser utilizado no final da década de 80 e início de 90, para

designar um conjunto de entidades da sociedade civil, sem fins lucrativos. Apesar de coexistir

com o primeiro setor, que é o Estado, e com o segundo setor que é o mercado, são totalmente

diferentes. Difere do primeiro porque não visa ao lucro, nem ao proveito pessoal de seus

atores, mas se dedica à consecução de fins públicos, e do segundo porque suas entidades são

de natureza privada (LEITE, 2003).

Para Costa (2010) foi a partir do final da década de 80 e início da década de 90, que o termo

tornou-se comum no Brasil, especialmente entre os teóricos da Reforma do Estado. E com

isso faz-se necessário explanar como tem sido o desenvolvimento do Terceiro Setor no Brasil

que, segundo dados do IBGE e o IPEA, divulgados em 2010, possui aproximadamente 290

mil fundações e associações, onde trabalham mais de 1,5 milhões de pessoas, que recebem em

salários e remunerações no valor de 17,5 bilhões, com média salarial varia entre 2,9 e 4,5

salários. Em 1995 eram 180 mil, havendo um crescimento de 161%.

No entanto, é visível o crescimento e a importância das organizações do Terceiro Setor no

Brasil, que não sendo novas em sua atuação, tem sido vistas de um jeito novo, por toda a

sociedade.

Conti (2010; 166) argumenta sobre a forma como se desenvolveu a Gestão Social no Brasil,

fazendo uma explanação da atuação do governo, no período do Regime Militar, que

processava as demandas da população arbitrariamente, criando as políticas de gestão social e

executava-as, defendendo os latifundiários e coibindo as reformas que deveriam acontecer.

Com o passar dos anos, esse fato, principalmente na queda do Regime, se tornou cada vez

mais insustentável à gestão do governo, o que instigou a sociedade civil a se organizar, para

defender os direitos da população que sofria sem a defesa e a promoção de seus direitos por

parte do governo.

Diante das novas perspectivas sociais e do novo quadro organizacional, surge a questão de

como levar adiante o terceiro setor, já que o primeiro responsável pela prestação de serviços

sociais, se encontra falido. Questiona-se também como permitir o desenvolvimento desse

setor, já que na maioria das vezes aqueles que atuam diretamente nele, contam apenas com

suas boas vontades, um tempo corrido e a escassez de recursos.

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O presente trabalho tem como objetivo geral analisar alguns aspectos do modelo de gestão de

uma instituição do terceiro setor, buscando avaliar o perfil de liderança e comportamental.

Para tanto será realizado um estudo de caso em uma instituição da região Noroeste

Fluminense.

Além da presente seção, esse trabalho está organizado da seguinte forma: na seção 2 será

apresentada uma breve revisão bibliográfica sobre o terceiro setor, na seção 3 será

apresentada a metodologia e os procedimentos de elaboração deste trabalho, na seção 4 será

apresentado o estudo de caso em uma organização da Região Noroeste Fluminense e, por fim,

no capítulo 5, as considerações finais.

2. Revisão Bibliográfica

2.1 As Organizações do Terceiro Setor

O terceiro Setor é a parcela das organizações que possuem fins lucrativos, que dentro da

sociedade, embora tenham caráter privado, exercem funções públicas, produzindo bens e

serviços, tais como: abrigos, albergues, creches e hospitais. E abrange igrejas, associações,

fundações, cooperativas etc.

Segundo pesquisas realizadas por competentes órgãos como a Fundação Getúlio Vargas em

São Paulo, e o próprio IBGE, percebe-se que esse setor tem tido um acelerado crescimento,

contribuindo assim, para o crescimento econômico do país.

Como já citado acima, de acordo com dados do IBGE (2008), o Brasil possui 276 mil

fundações e associações, que geram cerca de 1,5 milhões empregos.

Conforme Mañas e Medeiros (2012) o crescimento do terceiro setor deve-se, principalmente,

ao aumento populacional nas camadas mais carentes e a desigualdade social presente nos

países pobre e em desenvolvimento.

Em Itaperuna, cidade localizada na região Noroeste Fluminense, são 247 as organizações que

compõem o Terceiro setor, na classificação de Fundações Privadas e Associações sem Fins

Lucrativos (IBGE, 2008).

Com base nestes dados, percebe-se o quanto esse setor tem influenciado a economia nacional.

E questiona-se como se mantêm, e como pode influenciar a economia, se não tem como

objetivo a obtenção de lucros, embora captem recursos financeiros.

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Para Oliveira (2005) o terceiro setor gera bens e serviços, e fazem isso por meio de projetos

que captam recursos financeiros para essas organizações. Esses projetos, em áreas de

educação, assistência social, saúde, recreação e cultura, permitem que investidores, como

organizações privadas e até mesmo o governo, possam agregar valores e associar suas marcas

e nomes de forma visível a campanhas e projetos que junto à população podem levar

indiretamente, a uma lucratividade e retorno financeiro para os mesmos.

Ante esses esclarecimentos, pode-se traçar uma interdependência do Estado com essas

organizações e vice-versa, já que os serviços ou bens que estas organizações oferecem, são na

maioria, para não dizer na totalidade das vezes, serviços e bens que deveriam ser oferecidos

pelo Estado, que não consegue oferecê-los, e nem ao menos mantê-los.

Algumas isenções fiscais são dadas por parte do Estado, para as organizações que possuam os

títulos de filantropia, como forma de reconhecer a necessidade destas organizações. Segundo

Oliveira (2005) há alguns aspectos necessários para que uma organização seja intitulada como

filantrópica e de utilidade pública, sendo necessário preencher alguns requisitos, conforme

demonstrado abaixo: ser constituída no país; ter adquirido personalidade jurídica; estar em

efetivo funcionamento em respeito a seus estatutos, nos últimos 3 (três) anos; não remunerar

os cargos de diretoria, de conselhos fiscais, deliberativos e consultivos, nem distribuir lucros

ou vantagens a dirigentes, mantenedores e associados; apresentar a folha corrida e

moralidade comprovada pelos seus direitos; comprovar, mediante relatórios circunstanciados,

a promoção da educação ou atividades de pesquisas cientificas, culturais, artísticas ou

filantrópicas e aceitar o compromisso de publicar periodicamente a demonstração de receitas

e despesas.

As entidades declaradas de utilidade pública estarão obrigadas a: escrever o nome e as

características em livro especial; apresentar anualmente um relatório circunstanciado com os

serviços prestados à coletividade e publicar anualmente a demonstração de receitas e despesas

realizadas nos período anterior.

Dentro destas perspectivas chega-se ao conceito de gestão social, enquanto se tenta perceber o

limiar que rege a relação Estado-Terceiro Setor, com base na definição de cidadania

deliberativa e na compreensão de quatro pares de palavras-categoria invertidas: sociedade-

estado e trabalho-capital, gestão social e gestão estratégica.

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Tenório (2008; p. 40) define ainda a gestão social como: o processo gerencial dialógico em

que a autoridade decisória é compartilhada entre os participantes da ação (ação que pode

ocorrer em qualquer tipo de sistema social-público, privado ou de organizações não

governamentais).

E esses conceitos estão com consonância com a afirmação de Rothgiesser (2004) de que o

terceiro setor é formado, de forma voluntária e espontânea, de cidadãos preocupados com os

problemas sociais. E isso ocorre de forma colaborativa com o estado.

3. Metodologia

Este trabalho caracteriza-se como pesquisa qualitativa por fazer uso de pesquisa exploratória

para a elaboração do referencial bibliográfico. E quantitativo por fazer uso de questionário de

coleta e tratamento dos dados por meio de ferramentas estatísticas.

Como instrumento de coleta de dados, foi utilizado questionário, que segundo Alyrio (2009)

tem as seguintes vantagens: economia, uniformidade, anonimato, facilidade de exame,

filtragem das perguntas e respostas mais complexas. Na elaboração de um questionário,

deseja-se exprimir os objetivos adequados e específicos da investigação em itens bem escritos

e possíveis de serem operacionalizados, como nos diz Gil (Alyrio, 2009, p.207). No

questionário foram utilizados os seguintes critérios para avaliar de forma quantitativa os graus

de concordância, satisfação e importância, dentro da Instituição.

Tabela 1 – Critérios de avaliação da concordância, satisfação e importância

Fonte: Elaborado pelos autores

O procedimento de execução da pesquisa consistiu em três etapas:

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1. Planejamento: nesta etapa foram definidos os elementos e os procedimentos que deverão

compor o modelo de avaliação da satisfação dos funcionários da instituição avaliada, a

definição do método de coletada e análise dos dados, o que caracteriza esta etapa como

uma das mais importantes.

2. Execução: nesta etapa os procedimentos definidos na etapa anterior deverão ser

realizados conforme os objetivos pré-estabelecidos, tais como: coleta de dados junto aos

funcionários, por meio do uso do instrumento de pesquisa elaborado; implementação de

um procedimento de agregação e tabulação dos dados, permitindo a análise dos

resultados obtidos.

3. Análise dos dados: esta etapa consiste na análise dos dados coletados e dos resultados

dos procedimentos de agregação e de classificação. Técnicas estatísticas devem ser

utilizadas para estudar o comportamento da distribuição dos dados por meio do cálculo

das medidas de tendência central e das medidas de dispersão. A análise e interpretação

dos resultados poderão fornecer informações importantes para melhoria das políticas de

gestão de pessoas. E dentre os objetos almejados encontram-se: identificar os critérios e

itens considerados mais/menos importantes no ponto de vista dos funcionários; identificar

os critérios nos quais os gestores da instituição apresentam desempenho

insatisfatório/satisfatório e as causas mais prováveis para estes resultados; identificar o

perfil de gestão estabelecido na instituição.

4. Estudo de Caso

4.1 A Instituição Pesquisada

A instituição pesquisada foi fundada em 10 de agosto de 1971, e desde a sua criação oferece

atendimentos clínicos/educacionais as pessoas com necessidades especiais do município de

Itaperuna e região Noroeste Fluminense.

É uma Instituição educacional baseada no direito de livre associação e iniciativa, destinada a

atender de forma sistemática e contínua a grupos de crianças, adolescentes e adultos que

apresentam deficiência mental associada ou não a outras deficiências.

Em sua trajetória ao longo destes anos de trabalho terapêutico/educacional, tem recebido um

aumento significativo de clientes, contando na medida do possível, com o apoio da

comunidade Itaperunense, do Poder Público e de algumas parcerias.

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Os serviços prestados as Pessoas com Necessidades Especiais vem sendo aumentados,

passando por reformulações, numa proposta diferenciada visando uma melhor qualidade de

vida, o exercício de cidadania e a inclusão destas pessoas no seio da sociedade.

A instituição conta com um Núcleo Educacional Integrado Pré Profissionalizante – NEIPP

para atendimento aos alunos maiores de 15 anos, por meio de oficinas de preparação para o

trabalho.

Em 2001, a instituição passou por reformulações para atender a nova Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional, nos Referenciais Curriculares de Educação Infantil, nos

Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental, Proposta Curricular de Educação

de Jovens e Adultos, Parâmetros Curriculares Nacionais.

Foram realizadas adaptações curriculares: estratégias para a educação de alunos com

necessidades educacionais especiais, quando a Educação Especial passou a ser parte

integrante do quadro de Educação Básica do País, permeando todos os níveis e modalidades

de ensino, com direitos como toda Escola da Nação.

A instituição ao longo de sua trajetória de 40 anos de serviços prestados a Itaperuna e Região

tem recebido grande apoio de toda a sociedade Itaperunense, bem como de todos os Órgãos

Governamentais, etc.

Atualmente, a Instituição atende gratuitamente a 334 usuários e suas famílias, por meio de

sua diretoria e de uma equipes técnica multiprofissional/interdisciplinar especializada

composta pelas seguintes áreas: Psicologia, Fonoaudiologia, Serviço Social, Fisioterapia,

Educação Física, Pediatria, Neurologia, Neuropediatra, Nutrição, Odontologia, Terapia

Ocupacional, Psicopedagogia e Pedagogia, além de professores especializados.

A instituição está dividida em seis núcleos:

1. Estimulação Precoce - 0 a 4 anos: Destinada a crianças com problemas evolutivos

decorrentes de fatores genéticos, orgânicos (pré-natais e pós-natais) e/ou ambientais. Esta

clientela recebe intervenção clínica de prevenção e/ ou reabilitação.

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2. Setor Educacional:

Educação Pré-escolar - 4 a 6 anos: Destinada a proporcionar condições adequadas e

favoráveis ao desenvolvimento físico, emocional, cognitiva e social. Os usuários - alunos

recebem atendimentos terapêutico-educacionais e participam de atividades escolares

diárias, hoje funcionando com quatro classes:

Ensino Fundamental – 7 a 14 anos: Tem como finalidade desenvolver ações educativas

que enfatizam as capacidades cognitivas, físicas, afetivas, interpessoais, éticas e estéticas

do educando, bem como habilidades de inserção social, por meio do Ciclo de

Escolarização Inicial. As dez classes deste setor recebem ainda atendimento terapêutico-

educacionais e participam de atividades escolares diárias,

Integração – 4 a 14 anos: Visa atender a todos os alunos que se enquadrem nas

características dos portadores de condutas típicas, de síndromes e quadros neurológicos,

psicológicos ou psiquiátricos (TID) que provoquem atrasos no desenvolvimento e

prejuízos no relacionamento social, desenvolvem um trabalho psicopedagógico

individualizado e/ ou com pequenos grupos, voltado para as áreas de Socialização,

Linguagem, Cuidados Próprios, Cognição e Motora, com 40 usuários - alunos em

atendimento.

3. AMBULATÓRIO: Atendimentos terapêuticos a usuários com graves comprometimentos,

com diferentes idades, de forma individualizada.

4. NEIPP - Núcleo Educacional Integrado Pré-Profissionalizante – a partir de 15 anos:

Propõe a continuidade da escolarização do educando no Ensino Fundamental por meio da

Educação de Jovens e Adultos. Ao mesmo tempo oferece em programa de iniciação,

preparação e colocação no mercado de trabalho por meio de oficinas pré profissionalizantes

diversificadas e/ou programas pedagógicos específicos conforme orientação e

acompanhamento da equipe.

A Escola Especial Recriar realiza os seus atendimentos pedagógicos e clínicos de forma

individual e em grupo. As atividades extra- curriculares são desenvolvidas em oficinas e aulas

especializadas como, educação psicomotora, informática, artes, música, dança, costura,

artesanato e culinária.

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5. O “Projeto Desate Este Nó” visa atender de 20 a 30 crianças e/ou adolescentes, ou mais,

conforme a demanda em casos especiais, matriculados na Rede Pública Municipal e/ou

Estadual de Ensino de Itaperuna, que apresentem distúrbios e/ou dificuldades na

aprendizagem com o trabalho de equipe multidisciplinar especializado da Instituição

oferecendo contrapartidas que viabilizarão a execução do projeto numa parceria com

CMDCA (Conselho Municipal da Criança e do Adolescente).

6. Núcleo de Pais – Visa acolher, orientar, dar acompanhamento e proporcionar atividades

psicossociais, ocupacionais e/ou pré profissionalizantes aos pais e/ou responsáveis pela

clientela atendida na Instituição. A instituição tem uma diretoria que é toda composta por

voluntários e um presidente que é eleito a cada 4 anos.

4.2 Etapas do Procedimento Proposto

Etapa 1: Planejamento

Durante o processo de planejamento foi construído um questionário como segue na tabela 02.

Foi escolhida uma instituição bem conceituada na cidade de Itaperuna com 40 anos no

atendimento a pessoas (crianças e familiares) com necessidade especiais.

Etapa 2: Execução

A execução do procedimento proposto, para a avaliação desta Instituição, seguindo o que foi

dito acima, foi realizada durante dois meses, onde todos os 73 funcionários receberam o

questionário impresso, mediante uma explicação da pesquisa que estava sendo feita, e foi

disponibilizada uma caixa lacrada para que fosse depositados ao final de 20 dias, o

questionário respondido.

Dos 73 funcionários, que a Instituição possui, 63% colaboraram, entregando os questionários,

o que totalizou 46 questionários entregues. Todos os questionários eram anônimos, porém foi

pedido que se identificasse: sexo, escolaridade e tempo de serviço. Dos 46 questionários

entregues apenas 3, ou seja, 0.065% preencheram esse campo.

Após essa etapa do processo de execução, se deu andamento a análise dos dados, obtidos na

devolução dos questionários.

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Tabela 2 – Critérios avaliados segundo o grau de concordância

Fonte: Elaborado pelos autores

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Etapa 3: Análise

A análise dos dados obtidos obteve os seguintes resultados na tabulação, como segue na

tabela abaixo:

Tabela 3 – Resultado das análises

Fonte: Elaborado pelos autores

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Analisando a tabela 1 e verifica-se no critério 1 (Ambiente de Trabalho) que o maior grau

de discordância (32%) é com relação à infraestrutura e o maior índice de concordância (81%)

foi com relação à comemoração de eventos especiais.

No critério 2 (Liderança) o maior grau de discordância (15%) foi com relação à forma do

líder tratar de forma igual aos seus subordinados e o maior (83%) foi referente à forma como

as pessoas são tratadas independentemente de sua cor ou raça pelo líder. Nesse aspecto há um

incoerência, pois ambos subcritérios são antagônicos e divergentes.

No critério 3 (Comunicação) houve um grau de discordância maior (11%) para o item “A

liderança está interessada nas sugestões e idéias das pessoas” e cabe ressaltar que o maior

grau de concordância (80%) é com relação à forma como a liderança evidencia as

expectativas quanto aos seus colaboradores.

No critério 4 (Capacitação e Qualificação) 9% das pessoas discordaram e 67% concordaram

com a afirmação “Quando as pessoas mudam de função ou de área, fazem com que se `sintam

em casa´ ”.

No critério 5 (Desempenho profissional), 32% dos entrevistados discordaram da afirmação

“Eu acredito que os critérios de distribuição salarial são justos” e 76% concordaram com a

afirmação “A liderança demonstra reconhecimento/agradecimento pelo bom trabalho e pelo

esforço extra”.

No critério 6 (Trabalho em equipe) houve 13% de discordância com a afirmação “As pessoas

evitam fazer ‘ politicagem’ como forma de obter resultados” e concordância com a afirmação

“Aqui as pessoas se importam umas com as outras pessoas e existe sentimento de ‘família’ ou

de ‘ equipe’ por aqui”.

No critério 7 (Motivação), 11% discordaram das afirmações “As pessoas são encorajadas a

equilibrar a vida profissional e pessoal” e “Sinto que sou valorizado aqui e que posso fazer a

diferença”. E 89% concordaram com a afirmação “Quando veja o que fazemos por aqui, sinto

orgulho”.

No critério 8 (Visão de Negócio) não houve discordância e 61% dos entrevistados

concordaram com a única afirmação: “A liderança tem uma visão clara para onde estamos

indo e como fazer para chegar”.

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No critério 9 (Segurança) 13% discordaram e 59% concordaram com a afirmação “O

ambiente de trabalho é seguro” e 13% discordaram da afirmação “A instituição tem uma

política de prevenção de acidentes”.

No critério 10 (Tomada de decisão) 18% discordaram e 59% concordaram com a afirmação

“O ambiente de trabalho é seguro”.

No critério 11 (Utilização de recursos) 23% discordaram e 37% concordaram com a

afirmação “Tenho todos os recursos necessários à disposição para realizar o meu trabalho”.

E no critério 12 (Plano de carreira) 26% discordaram com o item “Todos tem oportunidades

iguais” e 74% das pessoas concordaram com a afirmação “Quando se entra na instituição,

fazem você se sentir bem-vindo”.

Seguindo a avaliação, segue abaixo a tabela percentual do grau de satisfação:

Tabela 4 – Resultado das análises de dados segundo o grau de satisfação

Fonte: Elaborado pelos autores

Conforme a tabela verifica-se que o critério “Plano de carreira” apresenta o menor grau de

insatisfação com 15% ( insatisfeito e muito insatisfeito) e os critérios “Desempenho

profissional” e “Trabalho em equipe” tiveram o maior percentual de satisfação com 78%

(muito satisfeito e satisfeito)

Nesta tabela, sobre o grau de importância, têm-se o acréscimo do Critério Clima

Organizacional, no item 13.

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Tabela 5 – Resultados das análises de dados, segundo o grau de importância

Fonte: Elaborado pelos autores

Como pode ser constatado na tabela 5 os entrevistados consideraram todos os critérios como

importantes, contudo algumas ressalvas podem ser evidenciadas nas análises.

Conforme pode ser visto nas tabelas, os maiores percentuais são em concordância a tudo o

que foi questionado, o que revela que a centralidade da liderança, influenciou as respostas e

tendenciou o questionário.

Em relação ao grau de satisfação, a imparcialidade ou a satisfação com todas as questões, é

também indicador que o clima organizacional é um clima tenso.

Em relação à importância, tornou-se nítido que todos os critérios são de importância para

aqueles que responderam ao questionário.

5. Considerações Finais

Ante todo o trabalho apresentado, foi possível observar o ambiente em que está sendo

desenvolvidas as organizações do Terceiro Setor. Em nossa sociedade, as ONGs estão

precisando passar por um processo de abertura aos conceitos básicos da Administração, para

que haja na sua atuação dentro do “mercado”, na sua prestação de serviço, uma atividade

ordenada, com menor perda possível em nível administrativo, tático e operacional.

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Conforme o presente trabalho foi sendo desenvolvido, pode se observar que também dentro

das organizações do Terceiro Setor, é necessário hoje, a conscientização de conceitos básicos

administrativos, de forma a gerar nestas mesmas organizações, uma realidade e uma visão

sistêmica de uma organização e não apenas de uma ‘empresa’ que ajuda a sociedade naquilo

que lhe é mais pesado.

Nesta perspectiva, torna-se necessário que os administradores também passem por uma

formação em filantropia, para que estejam aptos a colaborarem com essa parcela do mercado,

que como foi apresentado no corpo deste trabalho, está em crescimento contínuo, e está

gerando um crescimento econômico ao país.

Perpassando por toda a história da Administração, por todas as teorias administrativas e por

todos os ambientes, dos setores que atuam no mercado, faz-se necessário observar que a

administração no Terceiro Setor, é uma nova maneira de essa ciência, oferecer em toda a sua

riqueza, os benefícios sociais que o ‘mercado’ lhe pede.

Dentro do presente trabalho, não foi possível fazer uma comparação entre as instituições do

Terceiro Setor do Noroeste Fluminense, de forma a poder traçar um mapa da forma como elas

são administradas, deixando uma oportunidade para estudos futuros.

REFERÊNCIAS:

ALYRIO, Rovigati Danilo. Métodos e técnicas de pesquisa em administração. Rio de

Janeiro: Fundação CECIERJ, 2009.

CONTI, Diego de Melo, Uma abordagem do tema: Gestão Social. In: Revista Iluminart do

IFSP, v. 1, n. 4. Sertãozinho. 2010, p.162-163. ISSN: 1984 – 8625

COSTA, Selma Frossard. O Serviço Social e o Terceiro Setor, 2010. Disponível em:

<http://www.uel.br/revistas/ssrevista/c_v7n2_selma.htm >, Acesso em: 13 abr. 2012.

IBGE. Estudo identifica 338 mil Fundações Privadas e Associações. Disponível em:

<http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1205&i

d_pagina=1 >. Acesso em: 07 ago. 2008.

LEITE, Marco Antônio Santos. O terceiro setor e as organizações da sociedade civil de

interesse público – OSCIPs, 2003. Disponível em:

<http://www.almg.gov.br/bancoconhecimento/tecnico/TerSet.pdf>. Acesso em: 13 ago. 2011

MAÑAS, Antonio Vico; Medeiros, Epitácio Ezequiel de. Terceiro setor: um estudo sobre a

sua importância no processo de desenvolvimento sócio-econômico. In: Perspectivas em

Gestão & Conhecimento, João Pessoa, v. 2, n. 2, p. 15-29, jul./dez. 2012

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OLIVEIRA, Sidney Benedito de. Ação Social e Terceiro Setor no Brasil. 2005. Dissertação

(Mestrado em Economia Política) – Pontifica Universidade Católica de São Paulo - São

Paulo-SP, 2005. Disponível em: <

http://www.institutofonte.org.br/sites/default/files/Oliveira%20SB_Acao%20Social%20e%20

Terceiro%20Setor%20no%20Brasil.pdf >. Acesso em: 13 abr. 2012

ROTHGIESSER, D. de O. Sociedade civil: a sociedade civil brasileira e o terceiro setor.

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TENÓRIO, F. G. (Re)Visitando o conceito de gestão social. In: Silva J. et al. (Orgs.). Gestão

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