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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE AGRONOMIA
HENRICSON NASCIMENTO CUSTÓDIO
ESTUDO DO PROCESSO DE EXTRAÇÃO DAS FRAÇÕES
VOLÁTIL E FIXA DE OLEORRESINA DE CÚRCUMA
(Curcuma longa L.)
Goiânia
2014
HENRICSON NASCIMENTO CUSTÓDIO
ESTUDO DO PROCESSO DE EXTRAÇÃO DAS FRAÇÕES
VOLÁTIL E FIXA DE OLEORRESINA DE CÚRCUMA
(Curcuma longa L.)
Dissertação à Coordenação do Programa de Pós-
graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos
da Escola de Agronomia da Universidade Federal
de Goiás, como exigência para obtenção do título
de Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos.
Orientador: Prof. Dr. Ângelo Luiz Fazani
Cavallieri
Co-orientadores: Profª Drª Maria Ássima Bittar
Gonçalves e
Prof. Dr. Celso José de Moura
Goiânia
2014
1
Termo de Ciência e de Autorização para Disponibilizar as Teses e
Dissertações Eletrônicas (TEDE) na Biblioteca Digital da UFG
Na qualidade de titular dos direitos de autor, autorizo a Universidade Federal
de Goiás–UFG a disponibilizar gratuitamente através da Biblioteca Digital de Teses e
Dissertações – BDTD/UFG, sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a
Lei nº 9610/98, o documento conforme permissões assinaladas abaixo, para fins de
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brasileira, a partir desta data.
1. Identificação do material bibliográfico: [X] Dissertação [ ] Tese
2. Identificação da Tese ou Dissertação
Autora: Henricson Nascimento Custódio
CPF: 017.269.661-51 E-mail: [email protected]
Seu e-mail pode ser disponibilizado na página? [X]Sim [ ] Não
Vínculo Empregatício do autor: Aluno Bolsista (2012-2014)
Agência de fomento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior Sigla: CAPES
País: Brasil UF: GO CNPJ: 00889834/0001-08
Título: ESTUDO DO PROCESSO DE EXTRAÇÃO DAS FRAÇÓES VOLÁTIL E FIXA DE
OLEORRESINA DE CÚRCUMA (Curcuma longa L.)
Palavras-chave: cúrcuma; óleo essencial; curcumina; hidrodestilação; etanol
Título em outra língua: EXTRACTION PROCESS STUDY OF VOLATILE AND FIXED FRACTIONS OF
TURMERIC OLEORESIN (Curcuma longa L.)
Palavras-chave em outra língua: turmeric; essencial oil; curcumin; hydrodistillation; ethanol
Área de concentração: Ciência e Tecnologia de Alimentos
Data defesa: 07/08/2014
Programa de Pós-Graduação: Ciência e Tecnologia de Alimentos / Universidade Federal de
Goiás/ Nível Mestrado (PPGCTA/UFG)
Orientador(a): Ângelo Luiz Fazani Cavalliere
E-mail: Â[email protected]
Co-orientador(a): Maria Ássima Bittar
E-mail: [email protected]
Co-orientador(a): Celso José de Moura
E-mail: [email protected]
2
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________________________________________ Data: ____ / ____ / _____
Assinatura do(a) autor(a)
1 Em caso de restrição, esta poderá ser mantida por até um ano a partir da data de defesa. A extensão deste
prazo suscita justificativa junto à coordenação do curso. Todo resumo e metadados ficarão sempre
disponibilizados.
3
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE
ALIMENTOS
HENRICSON NASCIMENTO CUSTÓDIO
ESTUDO DO PROCESSO DE EXTRAÇÃO DAS FRAÇÕES VOLÁTIL E FIXA DE
OLEORRESINA DE CÚRCUMA (Curcuma longa L.)
Dissertação DEFENDIDA e APROVADA em 07 de agosto de 2014, pela banca
Examinadora constituída pelos
membros:
_________________________________________________
Profª Dr. Armando García Rodríguez
Membro IQ-UFG
_________________________________________________
Profº Dra. Sandra Regina Longhin
Menbro MAF/PUC-GO
_________________________________________________
Profª Drª Maria Ássima Bittar Gonçalves
Co-orientadora EA/UFG
________________________________________________
Profº Dr. Ângelo Luiz Fazani Cavallieri
Orientador EA/UFG
4
À toda a minha família de sangue: pai, mãe, vovós, irmãos, primos e à toda a minha família
de afinidades: amigos, primos, colegas e companheiros de trabalho que em conjunto
contribuíram para o meu desenvolvimento até esta etapa
Dedico!
AGRADECIMENTOS
Ao professor Ângelo Cavalliere por ter escolhido me orientar, por ter acreditado no meu
crescimento, pelo incentivo e apoio nas aulas de estágio docência, pela presença e opinião
assertiva e também pela ausência, monitorada, por permitir trilhar o meu próprio caminho.
À professora Àssima Bittar, exemplo de humildade e carinho, por ter me auxiliado, por ter
efetivado parcerias para execução de análises essenciais ao meu trabalho, pelo apoio e
amparo.
Ao professor Celso de Moura pelo exemplo de pessoa descomplicada, sempre pronto a
resolver problemas de forma rápida, pelo empréstimo e doação de reagentes e vidrarias,
sobretudo pelo apoio e amizade.
A todo o pessoal do Laboratório de produtos naturais (LPPN) especialmente ao professor
José Realino pelo “adoção” e auxílio imediato. Ao mestrando Stone pelo super apoio,
auxílio desprendido e tempestivo, por ser uma pessoa tão positiva, ao incentivo “vai dar
certo” o que sempre acontecia. E todo o pessoal do laboratório pela companhia e
sugestões: Prof. Edemilson, Vanessa, Euliara, Rúbia, Eliane (lembrei!), Jânio, Joelma e
todos que, por ventura, eu esteja esquecendo o nome, mas que com carinho lembro da
feição.
Ao meu “amor” Taís Capra (e família) pelo apoio psicológico e intelectual, pelo abrigo,
pelo incentivo à superação, por todos os momentos difíceis juntos, por todos os momentos
maravilhosos juntos, enfim todo o carinho, e por ter escolhido ser meu “amor”.
A toda minha turma de mestrado, em especial Mirtza e Izabel pela amizade, pelo cuidado e
o sincero aconselhamento. Fernanda, Deivis, Drauton, Joema, Naiana, Tatiana, Ana P.
Stort, Ana P. Siqueira, Divino Júnior, Pryscilla, Márcio, Mariana pelo aprendizado, troca
de experiências, pelos exemplos didáticos, pela união em momentos difíceis e superação
das adversidades.
Às futuras engenheiras de alimentos e amigas Joyce e Sarah pelo apoio na árdua tarefa das
medições de cinética, pela divertida convivência e pelo “ouvido amigo”.
A minha família: mamãe Valéria, papai Dalício, vovós Maria josé, Maria Nazareth e
Geralda, irmãos Felipe e Rodolfo, primos Josy, Luis, Beto e madrinha Vera pelo apoio e
incentivo e pela compreensão da ausência necessária para o meu crescimento.
Ao meu primo/irmão/amigo Fernando por sempre ter me incentivado a evoluir e, no tempo
certo, ter me liberado dos compromissos de lazer (rsrs). Ao meu amigo, contemporâneo de
mestrado, Régis Puppim, pela companhia, apoio, casa, pelo carinho e atenção.
A minha amiga Ellen pela amizade sincera, pela leitura do texto, apoio, abrigo e incentivo.
A minha psicológa e amiga Marialice pelo apoio e facilitação de “destravamentos” e
incentivo do meu crescimento pessoal.
“ Sê breve em teus raciocínios, que a ninguém agrada ser longo. ”
“ A verdade alivia mais do que magoa. E estará sempre acima de qualquer
falsidade como o óleo sobre a água. ”
(Miguel de Cervantes)
ESTUDO DO PROCESSO DE EXTRAÇÃO DAS FRAÇÓES VOLÁTIL E
FIXA DE OLEORRESINA DE CÚRCUMA (Curcuma longa L.)
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi obter, separadamente, as frações volátil e fixa da oleorresina
de cúrcuma, além da caracterização da matéria prima cúrcuma cultivada no município de
Mara Rosa (centro-oeste do Brasil) quanto aos teores de óleo essencial e curcumina. Para o
estudo da fração volátil (óleo essencial) utilizou-se o processo de hidrodestilação em
aparelho de Clevenger. O parâmetro utilizado no processo foi a concentração de cúrcuma
triturada em solução aquosa em 5, 10, 20 e 25% durante 8 h de processamento. Avaliou-se
o teor de óleo essencial obtido no processo, e os tipos de compostos presentes no óleo em
cada tratamento por Cromatografia Gasosa de massas (CG-EM). Para o estudo da fração
fixa foi realizado o processo de percolação em etanol, utilizando-se o planejamento fatorial
22 para os seguintes parâmetros: concentração de etanol em 70, 81 e 91% e volume de
etanol em 100, 120 e 160 mL para avaliar o efeito no teor de curcumina, cor e atividade
antioxidante. A cúrcuma cultivada na cidade de Mara Rosa apresentou um teor de 1,17%
de óleo essencial e 6,8% de curcumina. Os tratamentos utilizados no processo de
hidrodestilação não apresentaram diferença significativa para o teor de óleo essencial
obtido, entretanto para o tratamento com a maior concentração de cúrcuma em solução
(25%) foi verificado maior variedade de compostos no óleo essencial. Na análise de
superfície de resposta para o processo de percolação em etanol não foi possível ajustar um
modelo matemático que descrevesse o comportamento do teor de curcumina e nem mesmo
da atividade antioxidante, mas foi possível obter modelos matemáticos que descrevessem o
comportamento dos parâmetros de cor com porcentagem de variação explicada de 99 %.
Palavras-chave: cúrcuma, óleo essencial, curcumina, hidrodestilação, etanol.
EXTRACTION PROCESS STUDY OF VOLATILE AND FIXED
FRACTIONS OF TURMERIC OLEORESIN (Curcuma longa L.)
ABSTRACT
The aim of this study was to obtain, separately, the volatile and fixed fractions of turmeric
oleoresin, and characterizing the raw turmeric cultivated in the municipality of Mara Rosa
(Brazil’s midwest) for the levels of essential oil and curcumin. For the study of the volatile
fraction (essential oil) was used the process of hydrodistillation in a Clevenger apparatus.
The process parameter used was triturated turmeric concentration in aqueous solution at 5,
10, 20 and 25% for time 8 hours. Evaluated the content of essential oil obtained in the
process, and the types of compounds present in the oil in each treatment by gas
chromatography mass (GC-MS). To study the fixed fraction was performed in ethanol
percolation process, using a 22 factorial design with the following parameters:
concentration of ethanol at 70, 81 and 92% and volume of ethanol in the amounts of 100,
120 and 160 ml, to evaluate the effect on the content of curcumin, color values and
antioxidant activity. Turmeric harvested in the municipality of Mara Rosa showed a
content of 1.17% essential oil and 6.8% curcumin. The treatments used in the
hydrodistillation process showed no significant difference to the content of essential oil
obtained, however for the treatment with the highest concentration of turmeric solution
(25%) was verified wider range of compounds in the essential oil. In analyzing the
response surface for the percolation process in ethanol was not possible to fit a
mathematical model to describe the behavior of the content of curcumin and even
antioxidant activity, but it was possible to obtain mathematical models that describe the
behavior of the color parameters with percentage of explained variance of 99.00%.
Key-words: turmeric, essencial oil, curcumin, hydrodistillation, ethanol.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 1
2 REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................... 3
2.1 CÚRCUMA – PLANTA E ASPECTOS DE CULTIVO ...................................... 3
2.2 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA CÚRCUMA ...................................................... 3
2.2.1 Oleorresina - Fração Volátil ............................................................................... 5
2.2.2 Oleorresina - Fração Fixa ................................................................................... 6
2.3 EXTRAÇÃO POR SOLVENTE ........................................................................... 8
2.3.1 Hidrodestilação – extração do óleo essencial .................................................... 8
2.3.2 Extração da curcumina ....................................................................................... 11
2.3.3 Atividade Antioxidante ....................................................................................... 11
2.4 CARACTERIZAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DOS COMPOSTOS ................... 13
3 OBJETIVO GERAL ........................................................................................... 14
3.5 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................ 14
4 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 15
4.6 MATERIAL .......................................................................................................... 15
4.7 MÉTODOS ............................................................................................................ 15
4.7.1 Preparação da matéria-prima ............................................................................ 17
4.7.2 Processo de hidrodestilação ................................................................................ 17
4.7.3 Preparação das soluções alcoólicas .................................................................... 18
4.7.4 Processo de Percolação em etanol ...................................................................... 19
4.8 ANÁLISES DE CÚRCUMA IN NATURA E CÚRCUMA DESODORIZADA .. 19
4.8.1 Teor de umidade .................................................................................................. 19
4.8.2 Teor de cinzas ...................................................................................................... 20
4.8.3 Teor de proteínas ................................................................................................. 20
4.8.4 Teor de lipídeos .................................................................................................... 20
4.8.5 Teor de carboidratos ........................................................................................... 20
4.8.6 Quantificação de pigmentos por espectrofotometria ....................................... 20
4.8.7 Caracterização do óleo essencial por Cromatografia Gasosa ......................... 21
1
4.8.8 Determinação de Cor .......................................................................................... 21
4.8.9 Atividade antioxidante ........................................................................................ 22
4.9 ANÁLISE ESTATÍSTICA.................................................................................... 22
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 23
5.1 CARACTERIZAÇÃO DA MATÉRIA-PRIMA................................................... 23
5.2 PROCESSO DE HIDRODESTILAÇÃO .............................................................. 25
5.2.1 Caracterização do óleo essencial de cúrcuma ................................................... 28
5.3 PROCESSO DE PERCOLAÇÃO EM ETANOL ................................................. 30
5.3.1 Determinação do teor de curcumina ................................................................. 30
5.3.2 Determinação de cor ........................................................................................... 32
5.3.2.1 Parâmetro de Luminosidade .................................................................................. 32
5.3.2.2 Coordenada de cromaticiadade a * ........................................................................ 34
5.3.2.3 Coordenada de Cromaticidade b* ......................................................................... 36
5.3.2.4 Coordenada de intensidade Croma C* .................................................................. 39
5.3.3 Atividade Antioxidante ....................................................................................... 41
CONCLUSÃO .................................................................................................................... 43
REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 44
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Divisão da oleorresina de cúrcuma em fração volátil e fixa. ................................ 5
Figura 2. Estrutura de compostos identificados no óleo essencial de cúrcuma.................... 6
Figura 3. Estrutura química dos pigmentos curcuminóides. ................................................ 7
Figura 4. Esquema do Aparelho de Clevenger usado para a hidrodestilação. ..................... 9
Figura 5. Reação entre DPPH e o antioxidante BHT. ........................................................ 12
Figura 6. Fluxograma de processo para obtenção das frações volátil e fração fixa da
oleorresina de cúrcuma. ....................................................................................................... 16
Figura 7. Comportamento do processo de hidrodestilação da cúrcuma para obtenção do
óleo essencial em diferentes concentrações de cúrcuma. .................................................... 26
Figura 8. Massa de óleo essencial obtido nos tratamentos de hidrodestilação. .................. 27
Figura 9. Superfície de resposta para Luminosidade L*. ................................................... 34
Figura 10. Superfície de resposta para coordenada de Cromaticidade a* .......................... 36
Figura 11. Superfície de resposta para a coordenada de Cromaticidade b*. ...................... 38
Figura 12. Superfície de resposta para a coordenada de Cromaticidade b*. ...................... 40
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Composição centesimal do rizoma de cúrcuma seco .......................................... 4
Tabela 2. Parâmetros usados para o processo de hidrodestilação. ..................................... 17
Tabela 3. Planejamento fatorial 22 para extração de curcumina. ........................................ 19
Tabela 4. Composição centesimal, óleo essencial e pigmentos da cúrcuma. ..................... 23
Tabela 5. Características da coloração da cúrcuma in natura e desodorizada ................... 24
Tabela 6. Teor de óleo essencial de cúrcuma obtido dos diferentes tratamentos. .............. 28
Tabela 7. Compostos voláteis encontrados no óleo essencial de cúrcuma. ........................ 29
Tabela 8. Teor de curcumina obtido no planejamento fatorial. .......................................... 31
Tabela 9. Análise de variância do efeito da concentração etanol e volume de etanol no teor
de curcumina........................................................................................................................ 31
Tabela 10. Luminosidade obtida no planejamento fatorial. ............................................... 32
Tabela 11. Análise de variância do efeito da concentração etanol e volume de etanol na
luminosidade L*. ................................................................................................................. 33
Tabela 12. Cromaticidade a* obtida no planejamento fatorial. .......................................... 35
Tabela 13. Análise de variância do efeito da concentração etanol e volume de etanol para o
cromaticidade a*. ................................................................................................................. 35
Tabela 14. Cromaticidade b* obtida no planejamento fatorial. .......................................... 37
Tabela 15. Análise de variância do efeito da concentração de etanol e volume de etanol
para o cromaticidade b* ....................................................................................................... 38
Tabela 16. Valores de Croma C* obtidos no planejamento fatorial. .................................. 39
Tabela 17. Análise de variância do efeito da concentração etanol e volume de etanol para o
coordenada Croma C*. ........................................................................................................ 40
Tabela 18. Valores de atividade antioxidante obtidos no planejamento fatorial. ............... 41
Tabela 19. Análise de variância do efeito da concentração etanol e volume de etanol para a
atividade antioxidante (AA). ............................................................................................... 42
1 INTRODUÇÃO
A cúrcuma é um rizoma ou raiz de origem indiana muito utilizada na culinária
por fornecer cor amarela e sabor característico aos alimentos. Também é conhecida como
açafrão, açafrão da terra ou gengibre dourado, pertence à família Zingiberaceae e seu nome
científico é Curcuma longa L. (PEREIRA; STRINGHETA, 1998; SILVA, et al. 2005).
A cúrcuma é composta, em maior proporção, por amido, e em menor
proporção por proteína, lipídeos e fibra, além da oleorresina. A oleorresina da cúrcuma faz
parte do conteúdo lipídico, é um produto oleoso viscoso no qual estão contidos os
compostos mais importantes. Ela pode ser dividida em duas frações: uma chamada de
fração fixa que apresenta os compostos curcuminóides responsáveis pela cor, e outra é a
fração volátil constituída principalmente por sesquiterpenos, responsáveis pelo aroma
(MARTINS & RUSIG, 1992, MESA et al., 2000).
A principal substância presente na fração fixa é a curcumina, que juntamente
com a desmetoxicurcumina e a bisdesmetoxicurcumina formam um conjunto denominado
curcuminóides. O interesse pela curcumina tem aumentado significativamente nos últimos
anos, principalmente pelo fato de ser um corante amarelo natural, com potencial
substituição do corante artificial tartrazina. Além da capacidade de colorir, a curcumina por
ser um composto fenólico, apresenta ainda característica antioxidante, auxiliando na
diminuição dos sintomas de inflamação, da aterosclerose, e do câncer (BRAGA, et al.,
2003; JAYAPRAKASHA; JAGANMOHAN RAO; SAKARIAH, 2005).
A fração volátil da oleorresina de cúrcuma é conhecida também como óleo
essencial. Neste óleo essencial estão presentes muitos compostos, porém os que estão em
maior concentração pertencem à classe de sesquiterpenos, como turmerona, ar-turmerona,
α e β zingibereno. Este conjunto de compostos são responsáveis pelo aroma picante e sabor
amargo da cúrcuma, a sua retirada da oleorresina pode favorecer a aplicação de um corante
versátil para diversos tipos alimentícios (SAIR; PARK; KLEE, 1968; SILVA et al., 2005).
Como a oleorresina é um material lipídico a sua extração do rizoma de
cúrcuma é, normalmente, feita utilizando-se solventes orgânicos apolares tais como hexano
e éter de petróleo. No entanto, o uso destes solventes não é indicado para fins alimentícios,
porque deixam resíduos e podem provocar alterações nos alimentos. A Federação
Internacional do Movimento Orgânico (IFOAM) especifica que apenas etanol, água, óleos
comestíveis ou dióxido de carbono são permitidos como solventes, devido ao fato de não
2
provocarem modificações nos alimentos (STANKOVIC, 2004; ZHAN et al., 2011).
Por ser bastante volátil o óleo essencial da cúrcuma pode ser facilmente
separado com o uso do arraste de vapor de água, tanto é que a hidrodestilação é um método
tradicional na remoção de óleos essenciais de várias fontes vegetais. A hidrodestilação
apresenta ainda a vantagem de envolver apenas a água, cujo teor restante pode ser
removido com um processo de secagem.
Os curcuminóides, pertencentes à fração fixa da oleorresina de cúrcuma, são
pouco voláteis à temperatura de ebulição da água, além de serem pouco solúveis em água,
entretanto solúveis em etanol. e não é solúvel em água, no entanto, é solúvel em etanol. O
uso do etanol para a separação dessa fração apresenta a vantagem de ter boa solubilidade,
de ter seu uso permitido em alimentos, de não gerar resíduos, além ainda de poder ser
facilmente recuperado para posterior reutilização no processo (PÉRET-ALMEIDA et al.,
2005).
A separação das duas frações da oleorresina permite a obtenção de um produto
corante com características funcionais de ampla utilização na indústria de alimentos. A
oleorresina desodorizada de cúrcuma pode ser aplicada não só em produtos como mostarda
ou picles, nos quais normalmente o sabor/aroma picante é desejado, mas também em
produtos doces ou com sabor suave que tiverem necessidade apenas da coloração amarela
(SILVA et al., 2005).
O desenvolvimento de uma tecnologia capaz de reduzir o aroma pungente da
oleorresina de cúrcuma a um custo competitivo constitui um fator fundamental para a
ampliação do seu uso. O objetivo deste projeto é contribuir com a tecnologia de obtenção
do extrato fixo da oleorresina ou oleorresina desodorizada que contenha grande
concentração de curcumina, através da extração sólido-líquido com uso sequencial dos
solventes água e etanol.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 CÚRCUMA – PLANTA E ASPECTOS DE CULTIVO
A Cúrcuma (Curcuma longa L.), mais conhecida como açafrão-da-terra,
pertence à família Zingiberaceae junto com os outros membros notáveis como gengibre e
cardamomo. Ela pertence ao gênero Curcuma que consiste em centenas de espécies de
plantas que possuem rizomas ou raízes subterrâneas como hastes (JAYAPRAKASHA;
JAGANMOHAN RAO; SAKARIAH, 2005).
A planta é originária do sul da Índia e muito cultivada na China, Kuwait, Índia,
Indonésia e Sri Lanka. Sua raiz ou rizoma é grossa e redonda com terminações laterais.
Apresenta vantagem de não exigir tratos culturais especiais, desenvolvendo-se bem em
diversas condições tropicais, em altitudes variadas e temperaturas de 20 °C a 30 °C. Seu
ciclo vegetativo varia de sete a nove meses e sua propagação se dá pela divisão das raízes.
A planta pode atingir até 1 m de altura e a colheita é feita quando as folhas tornam-se
amarelas. Os rizomas são retirados da terra, lavados e secos para serem processados
(GOVINDARAJAN, 1980).
No Brasil, a cúrcuma é mais cultivada em Goiás, Mato Grosso e São Paulo. No
estado de Goiás o principal município produtor é Mara Rosa, que possui uma
produtividade anual de 15 mil toneladas e é responsável por 95 % da produção nacional.
No ano de 2011 o município chegou a vender 30 toneladas de cúrcuma em pó para a Índia,
esta facilidade de exportação se dá pelo fato de a produção no Brasil ocorrer em um
período de entressafra na Índia, o que melhora também o preço negociado. As
oportunidades de mercado estão em desenvolver um produto de maior valor agregado,
como a curcumina, a oleorresina e o amido da cúrcuma (COLHEITA DO AÇAFRÃO,
2008; COOPERAÇAFRÃO, 2012).
2.2 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA CÚRCUMA
De um modo geral, na composição centesimal da cúrcuma (Tabela 1) o amido
é o componente presente em maior proporção (25 a 50 %), seguido de proteína (4 a 10 %),
fibras e cinzas (2 a 7 %). O conteúdo desses componentes varia em função da cultivar,
4
local de plantio, práticas agrícolas, uso de fertilizantes e maturidade dos rizomas. Os
vegetais tem como reserva energética o amido, sendo este consumido na atividade
metabólica durante a maturação, portanto, o teor de amido possivelmente se relaciona ao
grau de maturação. (BRAGA et al., 2003; LEONEL; CEREDA, 2002).
A composição centesimal analisada por alguns pesquisadores pode ser vista na
tabela 1. A "fração não analisada" na Tabela 1 contém produtos de degradação do amido
formados durante o processo de secagem, tais como oligossacarídeos que não foram
analisados.
Tabela 1. Composição centesimal do rizoma de cúrcuma seco
Base úmida (%) Cúrcuma seca*
(MG)
Cúrcuma seca*
(SP)
Cúrcuma in
natura**
Cinzas 8,5 5,9 6,4
Fibras 3 1,6 5,5
Lipídeos 5,1 3,4 7,2
Amido 19 34 35,3
Proteína 10,7 12,2 11,6
Açúcar Redutor 7 3,2 1,2
Umidade 8 9,3 74,7
Oleorresina (óleo volátil) 7,3 7,3 3,1
Oleorresina (fração fixa) 1,4 1,4 4,4
Não analisado 30 15 69,6
Fonte: *BRAGA et al., 2003; *CECÍLIO FILHO 2000. MG – cúrcuma cultivada no estado de Minas Gerais;
SP – cúrcuma cultivada no estado de São Paulo.
Em base úmida, Leonel e Cereda (2002), obtiveram a seguinte composição
centesimal, em base úmida, dos rizomas de C. Longa: umidade 81,23 % ± 0,47, amido 8,83
% ± 0,27, açúcares solúveis totais 2,02 ± 0,02, fibras 1,78 % ± 0,08, proteínas 2,02 % ±
0,04, cinzas 2,01 % ± 0,03, lipídeos 0,91 % ± 0,02, o pH 6,54 ± 0,04 e a acidez titulável
10,95 ± 0,17.
A partir da raiz seca e moída se extrai o pó, conhecido simplesmente por
açafrão, que é muito utilizado na culinária como condimento ou corante de cor amarela. A
partir da cúrcuma em pó pode-se obter a oleorresina através da extração com solventes,
com rendimento de 3 a 6 % (BRAGA et al., 2003).
A oleorresina é um produto altamente viscoso, de cor marrom alaranjada.
Entretanto, quando diluído a níveis de uso, obtém-se cor amarela brilhante. Apresenta
5
aroma característico da cúrcuma in natura, pungente e de sabor amargo. A função
predominante é colorir. É largamente utilizada em picles, maionese, mostarda,
revestimento de filé de peixe congelado, produtos cárneos, massas alimentícias, sucos,
gelatinas, queijos e manteiga (MARTINS; RUSIG, 1992).
Duas frações principais compõem a oleorresina de cúrcuma (Figura 1), uma é a
fração fixa que contém os pigmentos responsáveis pela cor amarela (curcuminóides, teor
de 30 a 55 %) e outra é a fração volátil composta pelo óleo essencial (sesquiterpenos, teor
de 15 e 25 %), o restante é material graxo e/ou resinoso (PEREIRA; STRINGHETA,
1998).
Figura 1. Divisão da oleorresina de cúrcuma em fração volátil e fixa.
2.2.1 Oleorresina - Fração Volátil
Na fração volátil do extrato de cúrcuma está presente o óleo essencial que é
formado por um conjunto de compostos responsáveis pelo aroma. O aroma da cúrcuma é
devido a cetonas sesquiterpênicas formadas por aproximadamente 59 % de ar-turmerona,
dehidroturmerona e turmerona (SINGH et al., 2010).
Vários estudos sobre o óleo de açafrão têm gerado dados variados de
composição (JAYAPRAKASHA; JAGANMOHAN RAO; SAKARIAH, 2005). Isso
ocorre porque os rizomas analisados são plantados em locais vários, podendo sofrer
alterações por diferença na composição dos solos, do clima, se alteram também por causa
da sazonalidade e das diferentes técnicas utilizadas para identificação dessas substâncias.
Mas em geral tem-se encontrado os compostos ar-turmerone, curlone, a-turmerone, b-
turmerone e ebisacumol. Outros incluem sesquiterpenos zingibereno, curcumenone,
curcumenol, procurcumenol, dehidrocurdione e germacrone-13-al (Figura 2) (HE et al.,
Oleorresina de
Cúrcuma
Fração Volátil
(Sesquiterpenos -
Aroma)
Fração Fixa
(Curcuminóides – Cor)
6
1998).
Figura 2. Estrutura de compostos identificados no óleo essencial de cúrcuma.
2.2.2 Oleorresina - Fração Fixa
Na fração fixa o principal componente é a curcumina e seus dois derivados
curcuminóides: desmetoxicurcumina e bisdesmetoxicurcumina (CHASSAGNEZ et al.,
1997). A concentração desses compostos da fração fixa se divide na seguinte forma:
curcumina 94 %, desmetoxicurcumina 6 % e bisdesmetoxicurcumina 0,3 % (BRAGA et
al., 2003).
A curcumina (diferuloilmetano) é o principal componente fenólico do açafrão
ou cúrcuma. É constituída por duas moléculas de ácido ferúlico ligadas através de uma
ponte de metileno formando um β-dicetona. A curcumina, 1,7-bis- (hidroxi-3-metoxifenil)-
1,6-heptadieno-3,5-diona, possui dois grupos metoxila (OCH3), a desmetoxicurcumina
apenas um, e a bisdesmetoxicurcumina nenhum (Figura 3) (PARAMASIVAM; POI;
BANERJEE et al., 2009; PEREIRA; STRINGHETA, 1998).
7
Figura 3. Estrutura química dos pigmentos curcuminóides.
A curcumina, desmetoxicurcumina e bisdesmetoxicurcumina apresentam
absorções máximas no espectro do ultra violeta, nos comprimentos de onda de 429, 424 e
419 nm e apresentam ponto de fusão de 184, 173 e 224 °C. Os pigmentos curcuminóides
apresentam fluorescência amarela sob luz ultravioleta. O espectro de fluorescência
apresenta excitação a 434 nm e emissão a 520 nm (PÉRET-ALMEIDA et al., 2005;
SOUZA; GLÓRIA, 1998).
Um grande número de estudos evidenciou que a curcumina apresenta
propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias, anticancerígenas e nefroprotetoras
(GONZÁLEZ-CASTEJÓN; RODRIGUEZ-CASADO, 2011; JAYAPRAKASHA;
JAGANMOHAN RAO; SAKARIAH, 2006; RUBY, 1995). A curcumina também tem sido
relatada por apresentar efeito sinérgico aos medicamentos no combate à artrite reumatóide,
além de apresentar efeito hepatoprotetor (BANJI, 2011; YUE, CHAN; HON, 2010).
8
2.3 EXTRAÇÃO POR SOLVENTE
A extração é uma operação unitária que tem por objetivo a separação de
determinadas substâncias a partir de diversas matrizes, sólidas ou líquidas, através de
processos químicos, físicos ou mecânicos. A extração sólido-líquido envolve a remoção de
um componente desejado (o soluto) de um alimento usando-se um líquido (solvente) que é
capaz de dissolver o soluto. Isso compreende a mistura do alimento com o solvente, tanto
em um único estágio quanto em múltiplos estágios, por um tempo predeterminado, para
então, separar o solvente. Durante o período de extração ocorre a transferência de massa
dos solutos do alimento para o solvente, que ocorre em três etapas: 1- o soluto dissolve-se
no solvente; 2- a solução penetra através da partícula do alimento para sua superfície e 3- a
solução torna-se dispersa no volume total do solvente (FELLOWS, 2006; PEREIRA;
STRINGHETA, 1998).
Durante a extração, o tempo de contato deve, portanto, ser suficiente para que o
solvente dissolva quantidade suficiente de soluto e para que as mudanças na composição
alcancem o equilíbrio. O tempo requerido depende da solubilidade de um dado soluto no
solvente selecionado, além dos seguintes fatores: temperatura de extração (maior a
temperatura maior é a extração), no entanto, essa temperatura normalmente é limitada
devido aos custos elevados e resistência térmica do soluto; área superficial dos sólidos
expostos ao solvente, quanto menor for o tamanho da partícula, maior será superfície de
contato o que por sua vez melhora a extração; a viscosidade do solvente deve ser
suficientemente baixa para facilitar o solvente penetrar nas partículas sólidas; taxa de fluxo
do solvente, maior o seu valor menor é a camada limite de soluto concentrado na superfície
das partículas o que aumenta a extração (FELLOWS, 2006).
Ao comparar tecnologias de extração, devem ser levadas em consideração as
propriedades funcionais e a qualidade dos extratos obtidos. A eficiência da extração,
facilidade e economia na recuperação do solvente, de modo a deixar níveis residuais
mínimos no produto final, também são levadas em conta (STANKOVIC, 2004).
2.3.1 Hidrodestilação – extração do óleo essencial
A hidrodestilação ou arraste de vapor é um processo de separação que consiste
na evaporação da água juntamente com um material volátil, que em seguida são
condensados e recuperados, permitindo posterior separação. No caso de existirem óleos
9
voláteis no produto a ser hidrodestilado, ao final do processo, o óleo poderá ser separado
da fração aquosa.
De maneira geral o processo ocorre da seguinte forma: o vegetal é triturado,
adiciona-se água e esta mistura é submetida ao aquecimento. Com o aumento da
temperatura os óleos voláteis e a água passam para o estado gasoso. Esses gases, por sua
vez, circulando por uma tubulação refrigerada voltam ao estado líquido e são coletados em
um recipiente. Como os óleos não são solúveis em água a separação é facilitada. Com o
uso de uma torneira ou bico dosador, retira-se a água por gotejamento e em seguida o óleo.
Para garantir que o óleo obtido esteja isento de água, é bastante usual a passagem desse
óleo por pérolas de sulfato de sódio anidro.
O aparelho de destilação convencional é o Aparelho de Clevenger usado para a
extração de óleos essenciais consiste em um extrator com aquecedor, condensador e
determinador de óleo (Figura 4). O processo de extração percorre as etapas de transferência
de massa: sólido-líquido, líquido-gasoso, gasoso-líquido e líquido-líquido (CLEVENGER,
1928).
Figura 4. Esquema do Aparelho de Clevenger usado para a hidrodestilação.
O material vegetal triturado é colocado junto com a água, com o tempo alguns
compostos provenientes do vegetal se solubilizam na água, é a primeira etapa de
transferência de massa sólido-líquido (BRASIL, 2010).
Em seguida, o material vegetal e a água são aquecidos dentro do extrator até o
ponto de ebulição, então, os constituintes voláteis gradualmente evaporam junto com o
Condensador
Determinador
de óleo
Balão extrator
10
vapor de água durante o período de aquecimento, este é o segundo processo no qual os
constituintes voláteis do vegetal são transferidos da fase líquida para a fase gasosa.
Logo em sequência, o vapor de água contendo os compostos voláteis pode
voltar ao estado líquido no condensador, este é o terceiro passo da transferência de massa,
no qual os compostos voláteis são transferidos do estado gasoso para o estado líquido
(CLEVENGER, 1928).
Se o conteúdo dos constituintes voláteis da fonte vegetal for suficientemente
elevado, a concentração do óleo essencial no condensado será maior que o seu coeficiente
de solubilidade na água, então o óleo essencial poderá ser transferido da fase aquosa para a
fase oleosa, essa última etapa é chamada de processo de transferência de massa líquido-
líquido (BRASIL, 2010).
Na verdade, se a concentração de óleo essencial no condensado for menor que
seu coeficiente de solubilidade na água, o óleo essencial presente na fase aquosa terá
dificuldade de ser transferido para a fase oleosa, em outras palavras o óleo ficará
solubilizado na água. A chave para uma extração eficiente do óleo essencial é aumentar a
sua concentração na fase gasosa o máximo possível. Porque quando esse óleo for
condensado na fase líquida, sua concentração será maior do que a sua solubilidade na água,
facilitando a separação das fases e o aumento do rendimento do óleo essencial, já que a
perda de óleo por solubilização na água será reduzida.
Esse aumento da concentração de óleo na fase gasosa pode ser feito com o
aumento na proporção do soluto em relação ao solvente (utilizar mais soluto – vegetal - e
menos solvente - água), no entanto, esse aumento na proporção do soluto em relação ao
solvente deve ser modificado a um mínimo sem que a quantidade do solvente não seja tão
baixa a ponto de provocar a queima do vegetal dentro do extrator.
A água no determinador de óleo irá fluir de volta ao frasco para suplementar o
consumo de água no processo de evaporação. O líquido dentro do extrator será
continuamente evaporado e condensado durante o processo de hidrodestilação.
A quantidade de óleo essencial extraído de fontes vegetais depende também do
tempo de aquecimento, quanto maior for o tempo maior será a quantidade de óleo obtido.
Na prática o tempo de aquecimento é limitado pela consumo de energia, normalmente 5 a
6 h são suficientes para extrair completamente os óleos essenciais de fontes vegetais.
11
2.3.2 Extração da curcumina
Braga et al. (2003) avaliaram o rendimento, composição e atividade
antioxidante dos extratos de cúrcuma (C. longa L.) utilizando as técnicas: extração por
hidrodestilação (HD), extração com solvente a baixa pressão (LPSE), extração por Soxhlet,
e extração supercrítica com dióxido de carbono (SFE) e co-solventes. Os resultados
obtidos mostraram que o maior rendimento (27 %, em peso) foi obtido na extração por
Soxhlet usando etanol; o mais baixo rendimento pelo método HD (2,1 %). A quantidade
máxima de curcuminóides (8,43 %) foi obtida utilizando extração Soxhlet (etanol / álcool
isopropílico). Para extração supercrítica, o melhor co-solvente foi uma mistura de etanol e
álcool isopropílico. Entretanto, para o óleo essencial o método Soxhlet extraiu uma menor
quantidade de compostos, comparado com o método SFE. Outro resultado interessante foi
que o extrato obtido pelo método Soxhlet e por solvente a baixa pressão exibiram as
maiores atividades antioxidantes.
Outros autores apontam que os métodos de extração mais simples feitos a
pressão atmosférica ou a baixa pressão como, por exemplo, extração por percolação com
etanol ou álcool isopropílicos são mais eficientes para obtenção de um maior rendimento
de curcuminóides, esses solventes apresentam a vantagem de não serem tóxico e terem boa
solubilidade aos curcuminóides e ainda baixo custo se comparados com a SFE. A extração
utilizando apenas água ou somente dióxido de carbono supercrítico não é eficiente porque
a curcumina apresenta pouca solubilidade a esses compostos. Entretanto para obtenção dos
sesquiterpenos do óleo essencial da cúrcuma a técnica SFE tem sido mais eficiente
(CHANG et al., 2006; JAYAPRAKASHA; JAGANMOHAN RAO; SAKARIAH, 2006;
PÉRET-ALMEIDA et al., 2005).
2.3.3 Atividade Antioxidante
Antioxidante pode ser definido como qualquer substância que, presente em
baixa concentração, atrasa ou inibe a oxidação de um substrato. A ação do antioxidante é
evitar que uma reação de oxidação aconteça, a maioria das substâncias que apresentam
essa propriedade são denominadas antioxidantes primários, pois agem doando um átomo
de hidrogênio para a substância oxidante, convertendo-a em um produto estável.
Existem também os antioxidantes secundários, que podem agir de várias
formas, sem diretamente converter os oxidantes em produtos estáveis, mas desativando pró
12
oxidantes como oxigênio reativo, sequestrando outras substâncias pró-oxidantes, como
metais, e repondo hidrogênio dos antioxidantes primários.
Um grupo bastante comum de antioxidantes presentes em fontes vegetais são
os compostos fenólicos. Os fenólicos são conhecidos como metabólicos secundários por
não exercerem função direta no desenvolvimento do vegetal, mas exercerem funções de
proteção contra herbívoros e microrganismos, proteção contra a radiação ultravioleta, além
de atrativos na polinização ou dispersão de frutos (HAMMERSCHMIDT; PRATT, 1987).
No açafrão está presente o composto fenólico e antioxidante curcumina,
derivado de um fenólico mais simples ácido ferúlico. A curcumina apresenta um radical
hidroxila que pode disponibilizar hidrogênio reduzindo a ação de oxidantes.
Estudos tem revelado que o consumo de alimentos com antioxidantes reduz os
sintomas de doenças crônico/degenerativas. Esse fator tem conduzido ao aumento no
número de métodos para determinação da capacidade antioxidante dos alimentos. Um dos
métodos mais utilizados é do sequestro do radical livre DPPH (2,2-difenil-1-picril-
hidrazina) (SANCHEZ-MORENO, 2002).
O método baseia-se na medição da capacidade do antioxidante em sequestrar o
radical livre DPPH. Uma solução alcoólica de DPPH puro é preparada e colocada em
contato com uma solução do extrato vegetal contendo o antioxidante, quando há a ação do
antioxidante a solução muda de lilás para amarelo, pois o radical DPPH- adquire uma
molécula de hidrogênio reduzindo para a forma 2,2-difenilpicril-hidrazina (DPPH-H) um
composto de cor amarelada. A figura mostra a reação do DPPH com o antioxidante
fenólico artificial BHT (butil hidroxianisol).
Figura 5. Reação entre DPPH e o antioxidante BHT. Fonte: Oliveira et al. (2009).
13
O monitoramento da reação é feito através da leitura decrescente da
absorbância no aparelho espectrofotômetro, selecionando o comprimento de onda para 515
nm. Uma maneira bastante comum de expressar a atividade antioxidante pelo método
DPPH é por meio do EC50 que nada mais é do que a concentração mínima necessária para
o antioxidante reduzir em 50 % o radical DPPH inicial da reação.
2.4 CARACTERIZAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DOS COMPOSTOS
O método mais utilizado na quantificação dos pigmentos da cúrcuma
(curcuminóides expressos em curcumina) é o espectrofotométrico com a leitura em 425nm.
Para se quantificar os pigmentos presentes na cúrcuma isoladamente, pode-se utilizar a
cromatografia em coluna, cromatografia em camada delgada (TLC - Thin Layer
Cromatography), no entanto, a quantificação, neste caso, é muito demorada, pois é
acompanhada da raspagem da mancha, redissolução, centrifugação ou filtração e medida
da absorbância a 425 nm (PEREIRA; STRINGHETA, 1998).
Um método mais rápido para separação e identificação dos pigmentos da
cúrcuma é a cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE ou HPLC - High Pressure
Liquid Cromatography), na qual, a medida da área da curva (picos) de cada substância
comparada com um padrão puro identifica e quantifica cada componente. Muitos autores
tem demonstrado que a técnica de HPLC sozinha não é tão eficiente, pois os picos
apresentam baixa resolução já que os curcuminóides possuem faixa de ondas muito
próximas. Desse modo, tem surgido várias técnicas combinadas como cromatografia
líquida de alta eficiência com diodo UV e espectrofotometria de massa (HPLC-UV-ES),
eletroforese com determinação amperimétrica e detecção fluorimétrica com ultravioleta
(FL e UV) (JAYAPRAKASHA; JAGANMOHAN RAO; SAKARIAH, 2006).
A determinação quantitativa do óleo essencial é feita por destilação pelo
método Clevenger (AOAC, 1984). A identificação dos componentes é feita por
cromatografia gasosa e o resultado é expresso em mL/100 g de amostra seca.
3 OBJETIVO GERAL
Obter, separadamente, o extrato volátil (óleo essencial) e o extrato fixo de
oleorresina de cúrcuma com maior teor de pigmentos curcuminóides, por meio da extração
sólido-líquido com uso sequencial dos solventes água e etanol.
3.5 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Caracterizar a matéria-prima cúrcuma quanto:
o À composição centesimal;
o Ao teor de óleo essencial e
o Ao teor de curcumina;
Avaliar no processo de Hidrodestilação em aparelho de Clevenger:
o Teor de óleo essencial obtido com a variação da concentração de soluto e
solvente;
o Cinética de extração de óleo essencial;
Avaliar no processo de Percolação em etanol:
o Teor de curcumina obtido com a variação da concentração de solvente e
volume de solvente através de delineamento fatorial;
o Coloração e
o Atividade antioxidante do extrato obtido.
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.6 MATERIAL
Os ingredientes e reagentes utilizados nesse estudo para a extração dos
compostos foram: rizomas de cúrcuma, gentilmente cedidos pela Cooperativa de Açafrão
do Município de Mara Rosa (Cooperaçafrao), padrão de curcumina 70 % (Sigma-
Aldrich®, Saint Louis, USA) e etanol 96 % (Vetec®, Rio de Janeiro, Brasil) foram
adquiridos com auxílio de bolsa a pesquisa.
4.7 MÉTODOS
Todos os experimentos foram realizados nos laboratórios da Universidade
Federal de Goiás. A preparação da matéria-prima (cúrcuma) juntamente com as diluições
dos solventes foram realizadas nos Laboratórios do Departamento de Tecnologia de
Alimentos da Escola de Agronomia. As análises de identificação dos compostos voláteis
forma realizadas no Laboratório de Pesquisa de produtos naturais da Faculdade de
Farmácia (LPPN). O processamento da cúrcuma foi feito conforme o fluxograma descrito
a seguir (Figura 6):
Figura 6. Fluxograma de processo para obtenção das frações volátil e fração fixa da
oleorresina de cúrcuma.
Higienização e trituração
Cúrcuma Triturada
Hidrodestilação
(Clevenger)
Cúrcuma
Cúrcuma desodorizada
Percolação Condições de processo:
- Concentração de Etanol
- Volume de Etanol
Cúrcuma Integral seca Cúrcuma Desodorizada seca
Caracterização:
-Composição centesimal;
-Teor de curcumina
-Teor de óleo essencial
Secagem (60 °C)
-Cinética do processo
-Teor de óleo essencial
-Composição óleo
essencial
Extrato de
curcuminóides
integral
Extrato de
curcuminóides
desodorizado
Bagaço
desodorizado
Bagaço integral
Óleo essencial
Caracterização do
óleo essencial
Secagem (60 °C)
Percolação
17
4.7.1 Preparação da matéria-prima
A higienização da cúrcuma foi realizada através de lavagem manual com água
corrente seguida de sanitização com imersão em água clorada (100 mg/L) por 10 min e
enxágue com água destilada. A trituração foi feita em um processador (Skymsen, PAIE-S-
N, cidade, país) para obtenção de uma matéria-prima com aproximadamente 6 mm de
espessura. A cúrcuma triturada seguiu para o processo de hidrodestilação.
4.7.2 Processo de hidrodestilação
Um aparelho de Clevenger foi utilizado para o processo de hidrodestilação. As
amostras foram inseridas em balão de vidro com capacidade de 3 L que foi acoplado à
vidraria do aparelho e submetido ao aquecimento até a ebulição (± 100 °C) em manta
aquecedora (Quimis, Q321A). Foram realizados 4 (quatro) tratamentos de destilação com
diferentes concentrações de cúrcuma (5, 10, 20 e 25 %). A quantidade de água destilada
utilizada em todos tratamentos foi fixada em 1,5 L, conforme Tabela 2.
Tabela 2. Parâmetros usados para o processo de hidrodestilação.
Tratamentos Massa cúrcuma (g) Massa água (g) Concentração de
cúrcuma (%)
OE5 75 1500 5
OE10 150 1500 10
OE20 300 1500 20
OE25 375 1500 25
A quantidade de óleo essencial obtido foi verificada realizando-se leituras no
condensador com intervalo de 10 min durante todo o processo de hidrodestilação para
construção da curva de cinética. Silva et al. avaliaram a extração de óleo essencial em 4 e
6h. Nesse estudo optou-se por prolongar o tempo do processo até 8 h para avaliar a cinética
de extração do óleo essencial da cúrcuma. Foi avaliado também o teor total de óleo
essencial obtido no fim do processo.
As amostras de óleo essencial obtidas de cada tratamento foram filtradas com
pérolas de sulfato de sódio anidro, para remoção da água residual, acondicionadas em
frascos com proteção à luz e armazenadas sob refrigeração (8 °C). A composição das
amostras foi avaliada em cromatógrafo gasoso para verificação de terpenos.
18
Um método não-linear de regressão de mínimos quadrados foi utilizado para
ajustar os dados da quantidade de óleo obtido em função do tempo de extração (Eq. 2)
M = Mss – C exp (- k. t) (EQUAÇÃO 1)
Os símbolos da equação têm o seguinte significado: M é a propriedade a ser
medida, no caso, a massa de óleo essencial, Mss é a massa de óleo essencial no estado de
equilíbrio quando o processo se torna constante, C é um valor constante, k é a taxa de
processo e t é o tempo de processo (CAVALLIERE; CUNHA, 2008).
O material sólido retido no balão, cúrcuma desodorizada (CD) ainda úmida, foi
submetido ao processo de secagem em estufa com circulação forçada de ar a 60 ± 5 °C por
24 h até a obtenção de um produto com aproximadamente 10 % de umidade. O produto
seco obtido foi triturado em liquidificador doméstico (Wallita, RI2008) para reduzir o
tamanho das partículas e possibilitar a obtenção de um pó com espessura de 32 mesh,
selecionada utilizando peneiras (Abrosinox, série Tyler) acopladas ao agitador mecânico
(Produtest, 3540).
4.7.3 Preparação das soluções alcoólicas
As soluções alcoólicas (70, 81,4 e 92,8 %) foram preparadas a partir de
diluições do etanol comercial (96 %) em água destilada para soluções de etanol menos
concentradas. O cálculo foi feito a partir da fórmula de diluição de soluções
C.V = C’. V’ (EQUAÇÃO 2)
Em que: C é a concentração inicial do álcool; V é o volume a ser utilizado desse mesmo
álcool; C’ é a concentração do álcool a ser obtido e V’ é o volume do álcool a ser obtido.
Por exemplo, para a preparação de 1000 mL de álcool 92 % a partir de um álcool
concentrado 96 %:
C.V = C’.V’
96.V = 92. 1000
V = 958,33 mL,
1000 - 958,33 = 41,25 mL de água destilada
19
Isto significa que para preparar 1000 mL de uma solução alcoólica a 92 %,
deve-se utilizar 958,33 mL de solução alcoólica 96 % e completar o restante do volume de
1000 ml, acrescentando 41,25 ml de água destilada.
4.7.4 Processo de Percolação em etanol
A partir do pó de cúrcuma seco, obtido do processo de hidrodestilação, foi
realizado o processo de extração dos pigmentos curcuminóides. Foram utilizados funis de
percolação de vidro com capacidade máxima de 2 L. Utilizou-se 20g de cúrcuma
desodorizada em pó e solvente etanol em diferentes concentrações, a mistura permaneceu
em repouso ou maceração por 24h, então foi feito o escoamento para a separação dos
sólidos e do extrato. A adição do solvente etanol em diferentes concentrações foi feita de
acordo com o planejamento fatorial (Tabela 3).
Tabela 3. Planejamento fatorial 22 para extração de curcumina.
Variáveis independentes Níveis
* –1 0 +1
Concentração de Etanol (%) 70 81 92
Volume de etanol (mL) 100 120 160
* codificação para planejamento fatorial.
O planejamento fatorial foi do tipo 22 com 4 pontos lineares, 3 repetições no
ponto central totalizando 7 experimentos (RODRIGUES; IEMMA, 2005). As variáveis
independentes foram a concentração de etanol e volume de etanol, as variáveis
dependentes ou respostas foram o teor de curcumina, cor e atividade antioxidante.
4.8 ANÁLISES DE CÚRCUMA IN NATURA E CÚRCUMA DESODORIZADA
4.8.1 Teor de umidade
As análises de umidade para a cúrcuma in natura e para a cúrcuma
desodorizada foram feitas em estufa a 105 °C até peso constante, conforme o método
recomendado pela AOAC (2006).
20
4.8.2 Teor de cinzas
Foi utilizado o método gravimétrico, determinando-se a perda do material,
submetido a aquecimento em 550º C em mufla, até massa constante (AOAC, 2006).
4.8.3 Teor de proteínas
A quantificação da proteína foi feita pela determinação do conteúdo de
nitrogênio presente na amostra pelo método Kjeldhal usando o fator de 6,38, conforme o
método AOAC (2006).
4.8.4 Teor de lipídeos
A quantificação de lipídeos foi feita utilizando a técnica de Bligh-Dyer (1959)
que se fundamenta no emprego de mistura de clorofórmio-metanol-água em extração a
frio. O uso dessa mistura de solventes de diferentes polaridades possibilita a quantificação
de muitos tipos de lipídeos.
4.8.5 Teor de carboidratos
Foi determinado por diferença: soma dos teores de umidade, cinzas, proteína e
lipídeos, desse total foi feita a subtração do valor 100 (cem), obtendo-se então o teor de
carboidratos.
4.8.6 Quantificação de pigmentos por espectrofotometria
A quantidade de pigmentos na amostra foi determinada por leitura em
espectrofotômetro. Para tornar possível a leitura no aparelho foi necessário a diluição da
amostra. Uma alíquota 100 µL do extrato obtido foi diluído em 50 mL de etanol 92 % para
possibilitar a leitura em espectrofotômetro (Hitachi, 3000, UV-visible) com absorvância
em 425 nm.
Foi feita uma curva de calibração com diluições de amostra de curcumina pura
70% (Sigma-Aldrich®, Saint Louis, USA) para possibilitar a comparação e determinar o
teor de curcumina do extrato. A diluição teve o seguinte procedimento: para preparação da
solução mais concentrada pesou-se 0,010 g de curcumina pura e fez-se a diluição em 100
mL de etanol (96 %) obtendo uma solução de 100 mg/L, alíquotas 1, 2, 3, 4, 5 e 6 mL
foram diluídas em um balão de 100 mL completado o volume com etanol, para a obtenção
21
de soluções na concentração de 1, 2, 3, 4, 5 e 6 mg/L respectivamente (BRAGA et al.,
2003).
4.8.7 Caracterização do óleo essencial por Cromatografia Gasosa
A análise do óleo essencial foi feita no aparelho Cromatógrafo Gasoso
acoplado ao espectrofotômetro de massas (Shimadzu, QP5050A). Foram utilizadas as
seguintes condições: coluna capilar de sílica (Shimadzu, CBP-5) de 0,25 µm de espessura,
composta de 5 % de fenilmetil-polisiloxane conectado a um detector quádruplo operando
em 70 eV com taxa de varredura na razão massa/carga entre 40-400 m/z e uma
amostragem a 1 varredura/s. O gás de arraste foi o hélio (1 mL/s), a temperatura do injetor
foi de 220 °C e do detector, 240 °C. O volume de injeção de amostra foi de 0,2 µL (diluído
em 20 % diclorometano) com a rampa de aquecimento de 60 °C para 246 °C, na taxa de
aumento de 3 °C/min, e depois 10 °C/min até atingir 270 °C, mantendo esse temperatura
por 5 min.
Os compostos foram identificados individualmente pela comparação do índice
de retenção de cada composto com o obtido da injeção concomitante dos alcanos da série
C8-C32 (VAN DEN DOL; KRATZ, 1963) como também a comparação com os espectros
de massa da literatura (ADAMS, 2001).
4.8.8 Determinação de Cor
A coloração das amostras de cúrcuma seca, cúrcuma desodorizada e dos
extratos foi medida em espectrofotômetro de bancada (HunterLab, ColorQuest II, Virginia,
EUA), fornecido com software Universal v 3.6 (Hunter Lab, EUA). O equipamento foi
calibrado com padrões preto, branco e cinza. Todas amostras foram analisadas em
triplicata.
Os parâmetros analisados foram Luminosidade L * (100 para branco e 0 para
preto), cromaticidade a* (vermelho para valores positivos e verde para valores negativos) e
cromaticidade b* (amarelo para valores positivos e azul para valores negativos). Foi
analisado também o índice de saturação ou intensidade Croma [C* = ((a*)2 + (b*
2))
1/2], que
é uma combinação dos parâmetros a* e b*, normalmente, fornece uma melhor indicação da
coloração (WADHWANI; MCMAHON, 2012; GONNET, 1998).
22
4.8.9 Atividade antioxidante
Foi determinada pelo método de sequestro do radical DPPH. Foi preparada
uma solução de DPPH 60 µM, para cada reação uma alíquota de 3,9 mL dessa solução foi
misturada a 0,1 mL das soluções de cada extrato etanólico. Acompanhou-se o decréscimo
da absorbância em um espectrofotômetro (Hitachi, model 3000, UV-visible) a 515 nm.
Também foram feitas diluições da solução de DPPH para a construção de uma curva
padrão, o que possibilitou o cálculo do EC50 que representa a quantidade de amostra
necessária para reduzir a atividade oxidante em 50%. (SANCHEZ-MORENO, 1994).
4.9 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os dados foram avaliados estatisticamente pela análise de variância (ANOVA).
Para verificação de diferença entre as amostras foi utilizado o teste de Tukey ao nível de 95
% de significância. Para a análise fatorial utilizou-se o software Statistica 7.0, e a
verificação dos efeitos de parâmetros foi feita ao nível de 95 % de confiança (P < 0,05).
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 CARACTERIZAÇÃO DA MATÉRIA-PRIMA
A composição centesimal da cúrcuma in natura (CN) e da cúrcuma
desodorizada (CD) esta demonstrada na Tabela 4.
Foi identificada diferença estatística entre as amostras para todos os compostos
(P < 0,05). A cúrcuma in natura apresentou menor teor de umidade e maiores teores de
cinzas, lipídeos, proteínas, carboidratos e curcumina, se comparada à cúrcuma
desodorizada.
Tabela 4. Composição centesimal, óleo essencial e pigmentos da cúrcuma.
Cúrcuma in natura
(CN)
(%)
Cúrcuma Desodorizado
(CD)
(%)
Umidade 7,27 b ± 0,01 8,73
a ± 0,03
Cinzas 3,04 a ± 0,37 1,43
b ± 0,10
Lipídeos 3,11 a ± 0,60 1,21
b ± 0,05
Proteína 14,53 a ± 0,69 5,80
b ± 0,39
Carboidratos* 6,64 a 4,23
b
Óleo essencial** 1,17 ± 0,14 ---
Pigmentos Curcuminóides** 6,80 a ± 0,03 6,41
b ± 0,05
* Carboidratos avaliado por diferença ** óleo essencial e pigmentos curcuminóides foram extraídos até
exaustão. Letras diferentes na mesma linha indicam diferença estatística (P < 0,05).
O maior teor de umidade encontrado na amostra CD (P < 0,05) está
relacionado com o processo de desodorização ao qual ela foi submetida. Neste processo foi
necessário a adição de água, justificando o maior teor de umidade desta amostra.
O fato da cúrcuma desodorizada (CD) ter apresentando menor teor de lipídeos
(P < 0,05), também é em virtude do processo de desodorização pelo arraste de vapor. O
processo extraiu óleo essencial que é contabilizado na análise de lipídios, a retirada do óleo
essencial reduziu o teor total de lipídeos.
24
O processo de hidrodestilação em aquecimento prolongado provocou a redução
do teor de proteínas e carboidratos (P < 0,05). Foi notado escurecimento da amostra CD
após desodorização. Este escurecimento esta, provavelmente, relacionado com reação de
Maillard. Neste tipo de reação carboidratos redutores reagem com grupos aminoácidos de
proteínas, formando novos compostos, entre eles a melanoidina, principal composto
responsável pelo escurecimento do produto. As proteínas e os carboidratos, portanto são
consumidos dando lugar a formação de outros compostos com estrutura diferente e estes
novos compostos podem não ser identificados nestas análises (BEMILLER, HUBER,
2010).
A mudança de cor da matéria prima foi verificada antes e após o processo de
desodorização (Tabela 5). A curcumina desodorizada apresentou uma diminuição (P <
0,05) no parâmetro luminosidade (L*) indicando um produto mais escuro. Para os
parâmetros de cor a* e b* também ocorreu diminuição do valor, sendo que para o
parâmetro a* a cúrcuma desodorizada afastou-se do tom de vermelho aproximando-se do
centro para o verde, e no parâmetro b* houve uma pequena redução do tom de amarelo.
Tabela 5. Características da coloração da cúrcuma in natura e desodorizada
Cor Cúrcuma in natura
(CN)
Cúrcuma desodorizada
(CD)
L* 46,33 ± 0,45a 40,52 ± 0,16
b
a* 16,01 ± 0,43
a 9,45
± 0,10
b
b* 25,72 ± 0,44
a 23,71 ± 0,19
b
L* luminosidade (0) escuro (100) claro; Cromaticidade a* (-a) verde e (+a) vermelha; Cromaticidade b* (-b)
azul e (+b) amarela
Para a quantificação do teor de curcumina expresso em curcuminóides (Tabela
2) nas amostras de cúrcuma in natura e cúrcuma desodorizada, foi realizado um processo
de extração em percolador utilizando etanol 92 % na proporção de cúrcuma/etanol em 1:10
(p:v). A extração foi feita até a exaustão verificada com a leitura da curcumina em
espectrofotômetro, o que totalizou 12 lavagens.
Na avaliação do teor de curcuminóides também foi verificada diferença entre
as amostras e uma redução do teor para a cúrcuma desodorizada (P < 0,05). Apesar da
curcumina não ser volatilizada na temperatura utilizada no processo (o ponto médio de
25
ebulição dos curcuminóides é de 192 °C) uma pequena quantidade desse pigmento pode se
solubilizar no óleo essencial e ser arrastado no processo de hidrodestilação.
O material desodorizado utilizado para a determinação do teor de curcumina
ainda foi submetido aos processos de secagem e moagem e estas operações podem também
ter contribuído para uma perda de curcumina.
Péret-Almeida et al. (2008) efetuaram a extração de óleo essencial de cúrcuma
no aparelho de Clevenger pelo período de 6 h usando a proporção açafrão/água de 1:8,33
(p:v) e verificaram o arraste de 0,002 g de curcumina para o óleo essencial.
Mesmo ocorrendo essa redução, os teores de curcumina tanto para a cúrcuma
in natura (6,80 %) quanto para a cúrcuma desodorizada (6,40 %), foram superiores aos
teores encontrados por Braga et al. (2003). Esses pesquisadores avaliaram rizomas de
cúrcuma cultivadas no estado de Minas Gerais e São Paulo e para ambos os tipos
verificaram um teor de 1,4 %, utilizando técnicas como extração com dióxido de carbono
supercrítico e extração por Soxhlet. Já Wakte et al. (2011) utilizando extração por Soxhlet
com cúrcuma e acetona na proporção de 1:8,33 (p:v) no tempo de 8 h, obtiveram um teor
pouco maior de curcumina (2,1 %).
O fator que tem gerado diferenças entre os teores de curcumina encontrados
por vários autores não parece estar relacionado às técnicas utilizadas para extração. O
quesito mais relevante parece ser certificar que não há pigmento residual. Muitos estudos
não priorizam a extração total, e isso pode induzir ao erro de interpretação em relação ao
teor total de curcumina do produto. Os maiores teores de curcumina relatados na literatura
foram em espécies de cúrcuma cultivadas na Índia, cultivar Allepey com 7 % de curcumina
(PEREIRA; STRINGHETA, 1998).
5.2 PROCESSO DE HIDRODESTILAÇÃO
A partir dos dados obtidos experimentalmente e dos dados preditos pela
equação de regressão não-linear por meio do método dos mínimos quadrados foram
elaboradas as curvas demonstradas na Figura 7.
26
Figura 7. Comportamento do processo de hidrodestilação da cúrcuma em diferentes
concentrações para obtenção do óleo essencial.
OE5 – óleo essencial obtido a partir de solução aquosa contendo 5% de cúrcuma; OE10 - óleo essencial a
partir de uma solução com 10% de cúrcuma; OE20 – óleo essencial a partir de uma solução com 20% de
cúrcuma e OE25 – óleo essencial a partir de uma solução com 25% de cúrcuma. Os dados foram preditos pelas Equações 3, 4, 5 e 6:
OE5 [M = 0,93 – 0,98 exp (-0,65t)]; R2 = 0,9909 (EQUAÇÃO 3)
OE10 [M = 1,98 – 2,24 exp (-0,59t)]; R2 = 0,9971 (EQUAÇÃO 4)
OE20 [M = 2,97 – 3,35 exp (-0,55t)]; R2 = 0,9941 (EQUAÇÃO 5)
OE25 [M = 3,84 – 4,11 exp (-0,56t)]; R2 = 0,9847 (EQUAÇÃO 6)
Os quatro tratamentos apresentaram comportamento semelhante. Independente
da concentração de cúrcuma utilizada, a quantidade de óleo extraído aumentou durante o
processo de extração até atingir um valor constante (equilíbrio). Para os tratamentos OE5,
OE10 e OE20 o equilíbrio de extração foi alcançado após aproximadamente 4 h de
processo. Entretanto, para o tratamento OE25 o tempo necessário para alcançar o equilíbrio
foi de aproximadamente 5 h. Neste último tratamento foi utilizada a maior quantidade de
soluto (cúrcuma triturada) em relação ao solvente (água) (375 g/1500 g). Esta quantidade
de água utilizada não foi suficiente para solubilizar o soluto durante o processo, sendo
necessária a interrupção em 6 h para evitar a queima do produto.
A quantidade de óleo extraído em cada processo pode ser melhor visualizada
na Figura 8. É possível verificar que há uma tendência de aumento na quantidade de óleo
27
essencial extraído conforme o aumento da quantidade de matéria-prima utilizada, o que era
esperado.
Figura 8. Massa de óleo essencial obtido nos tratamentos de hidrodestilação.
OE5 – óleo essencial obtido a partir de solução aquosa contendo 5% de cúrcuma; OE10 - óleo essencial a
partir de uma solução com 10% de cúrcuma; OE20 – óleo essencial a partir de uma solução com 20% de
cúrcuma e OE25 – óleo essencial a partir de uma solução com 25% de cúrcuma.
*Letras diferentes indicam diferença significativa (P < 0,05) entre os tratamentos.
O tratamento OE5 teve menor quantidade de massa de óleo essencial extraída
em relação aos tratamentos OE20 e OE25 (P < 0,05). O tratamento OE10 teve menor
quantidade de massa de óleo essencial extraída em relação ao tratamento OE25 (P < 0,05).
O tratamento OE20 teve maior quantidade de massa de óleo essencial extraída em relação
ao tratamento OE5 (P < 0,05). O tratamento OE25 teve maior quantidade de massa de óleo
essencial extraída em relação aos tratamentos OE10 e OE5 (P < 0,05). Com esses
resultados é possível constatar que ocorreu diferença (P < 0,05) somente quando a
diferença de concentração de cúrcuma entre as amostras foi maior que 15 %.
Entretanto quando se verifica o teor de óleo extraído (quociente entre a
quantidade de óleo obtido pela quantidade de matéria-prima utilizada) não houve diferença
entre as amostras (P > 0.05), dados representados na Tabela 6.
Singh et al. (2010) utilizando a hidrodestilação no aparelho de Clevenger por 5
h obtiveram valores próximos de óleo essencial, um rendimento de 1,4 % para a cúrcuma
28
in natura e 2,9 % para a cúrcuma desidratada.
Tabela 6. Teor de óleo essencial de cúrcuma obtido dos diferentes tratamentos.
Tratamentos Teor de óleo (%)
OE5 1,20 ± 0,07 a
OE10 1,50 ± 0,30
a
OE20 1,00 ± 0,10 a
OE25 1,00 ± 0,01 a
Letras diferentes indicam diferença significativa (P < 0,05) entre os tratamentos
OE5 – óleo essencial obtido a partir de solução aquosa contendo 5% de cúrcuma; OE10 - óleo essencial a
partir de uma solução com 10% de cúrcuma; OE20 – óleo essencial a partir de uma solução com 20% de
cúrcuma e OE25 – óleo essencial a partir de uma solução com 25% de cúrcuma.
A alteração das concentrações nas amostras foi realizada com intuito de
verificar se diferentes concentrações influenciariam no rendimento da extração do óleo
essencial. Esperava-se que o aumento na quantidade de soluto favorecesse a transferência
de massa na fase gás-líquido, o que por sua vez influenciaria positivamente no teor de óleo
extraído. No entanto, esse comportamento não ocorreu. Desse modo, qualquer
concentração pode ser usada na extração de óleo essencial de cúrcuma com a obtenção do
mesmo rendimento, mas se objetivo for a obtenção de maior quantidade de óleos, maiores
concentrações são mais indicadas.
5.2.1 Caracterização do óleo essencial de cúrcuma
A caracterização dos compostos presentes no óleo essencial de cúrcuma para
os diferentes tipos de tratamento foi realizada por Cromatografia gasosa (Tabela 7). Foi
possível identificar aproximadamente 18 compostos presentes nos óleos essenciais
extraídos em cada processo. É importante notar que em alguns tratamentos havia a
presença de um determinado composto, porém em outros tratamentos esse mesmo
composto não foi identificado (WILLIAN, CAMPBELL, JASKOLKA et al., 2013).
Foi o caso do composto 1-epi-cubenol encontrado apenas no tratamento OE25.
A alta concentração de soluto pode estar relacionada com este fenômeno. A transferência
de massa na fase gás-líquido é a etapa mais importante para a extração de óleos essenciais,
principalmente daqueles com alto índice de solubilidade em água. Nesta etapa ocorre a
separação dos vapores de água e de óleo. Se a quantidade de óleo nesta fase for alta,
formar-se-ão muitas gotículas, facilitando a aproximação e coalescência entre as moléculas
29
no aglomerado de óleo essencial. Pela alta concentração de óleo dificilmente acontecerá de
gotículas pequenas ficarem dispersas na fase aquosa e não serem identificadas, portanto,
todos compostos presentes no óleo serão qualificados.
Muitos óleos essenciais extraídos de fontes vegetais podem apresentar certa
solubilidade em água, tanto que vários extratos são popularmente conhecidos como “águas
de cheiro”. Zhang et al. (2011) baseados no mesmo princípio de favorecer a transferência
de massa na fase gás-líquido, efetuaram uma retificação no aparelho de Clevenger e
conseguiram um aumento de 10 % no teor de óleo essencial oriundo de ervas medicinais
chinesas consideradas solúveis em água, além de conseguirem isolar alguns compostos que
não eram encontrados na hidrodestilação convencional.
Tabela 7. Compostos voláteis encontrados no óleo essencial de cúrcuma.
Conteúdo relativo (%)
Número Composto OE5 OE10 OE20 OE25
1 α-pinene[M]
- 0,09 1,11 2,01
2 1,8-cineole[M]
1,26 1,96 2,58 1,79
3 (E)-cariofileno[S]
0,29 - 0,70 0,12
4 Ar-curcumene[S]
0,69 0,68 0,25 0,76
5 α-zingiberene[S]
- 1,68 2,73 2,35
6 β-bisabolene[S]
- 0,44 - 0,40
7 β-sesquifelandrene[S]
1,98 2,22 1,87 2,60
8 Ar-turmerol[S]
2,19 1,34 1,56 0,98
9 Ar-turmerol isômero[S]
1,25 1,04 2,04 1,01
10 Dihidro-ar-turmerone[S]
0,99 - 0,57 1,23
11 1-epi-cubenol[S]
- - - 1,12
12 Ar-turmerone[S]
19,30 18,48 12,50 26,25
13 Ar-turmerone isômero[S]
- - 0,70 0,19
14 (Z)-γ-atlantone[S]
46,71 38,81 40,85 33,34
15 (E)-γ-atlantone[S]
10,70 18.15 18,91 18,74
16 6R,7R-bisabolene[S]
1,87 1,90 0,53 0,38
17 (Z)-α-atlantone[S]
0,59 0,48 0,58 0,31
18 (E)-α-atlantone[S]
0,77 0,77 0,83 0,57
Não identificados
11,42 30,10 11,69 5,85
[M] – monoterpenos e [S] – sesquiterpenos.
OE5 – óleo essencial obtido a partir de solução aquosa contendo 5% de cúrcuma; OE10 - óleo essencial a
partir de uma solução com 10% de cúrcuma; OE20 – óleo essencial a partir de uma solução com 20% de
cúrcuma e OE25 – óleo essencial a partir de uma solução com 25% de cúrcuma.
30
Entre os compostos identificados nos óleos de cúrcuma dois (α-pinene e 1,8-
cineole) são monoterpenos, enquanto todo o restante pertence à classe dos sesquiterpenos.
Ambos os grupos são classificados como metabólitos secundários porque não participam
diretamente do desenvolvimento do vegetal, entretanto, exercem papel importante na
defesa da planta contra insetos, proteção solar e sinalizadores para polinização
(TAVARES; FREITAS et al, 2013).
Os monoterpenos são formados por carbono, hidrogênio e oxigênio e possuem
uma fórmula fundamental C10H16. Eles são derivados do isopreno, sendo formados por
duas unidades desse composto, podendo apresentar uma estrutura cíclica ou ramificada. Os
monoterpenos encontram-se em muitas plantas e são os principais constituintes da resina
vegetal. Os sesquiterpenos, por sua vez, são constituídos por 3 unidades de isopreno, por
isso sua fórmula fundamental é C15H24. Estas substâncias são encontradas em muitos
vegetais exercendo a função de atração a polinizadores ou também proteção contra insetos
(KOO; GANG, 2012).
Os compostos majoritários encontrados no óleo de cúrcuma, que juntos
corresponderam a 71 % do total, foram os sesquiterpenos (Z)-γ-atlantone, turmerone e (E)-
γ-atlantone com os teores médios de 39,93 %; 19,13 % e 16,12 % respectivamente.
Resultados semelhantes foram encontrados por Braga et al. (2003) 44 % de (Z)-γ-
atlantone; 18 % de turmerone e 18,3 % de (E)-γ-atlantone, utilizando também a extração
por hidrodestilação de rizomas de cúrcuma da mesma espécie cultivados no Brasil. Já
Singh et al. (2010) semelhantemente a Hiserodt (1996) utilizando a mesma técnica de
extração e, no entanto, rizomas cultivados na Índia verificaram que os principais
constituintes do óleo essencial foram ar-turmerone 24,4 %, α-turmerone 20,5 % e β-
turmerone 11,1 %. Estas diferenças possivelmente foram ocasionadas pelas condições de
plantio como clima e solo.
5.3 PROCESSO DE PERCOLAÇÃO EM ETANOL
5.3.1 Determinação do teor de curcumina
Para o delineamento fatorial a variável dependente ou resposta teor de
curcumina, obtida a partir da variação dos parâmetros concentração de etanol e volume de
etanol no processo de percolação, está representado na Tabela 8.
31
Tabela 8. Teor de curcumina obtido no planejamento fatorial.
Ensaio Concentração
Etanol (%) *
Volume
Etanol
(mL) *
Concentração
Etanol (%) **
Volume
Etanol
(mL) **
Teor
curcumina
(%)
1 -1 -1 70% 100 1,24
2 +1 -1 92% 100 1,34
3 -1 +1 70% 160 1,33
4 +1 +1 92% 160 1,43
5 0 0 81% 120 1,59
6 0 0 81% 120 1,60
7 0 0 81% 120 1,83
*valores codificados para o planejamento **valores originais
Os teores de curcumina obtidos permaneceram na faixa de 1,24 e 1,83%. Em
um processo de extração utilizando solventes é esperado que tanto o aumento da
concentração do solvente quanto o aumento do seu volume exerçam uma melhora na
quantidade de soluto extraído. Desse modo o ensaio 4 (+1; +1) que possui os valores
máximos para os parâmetros testados, deveria ter obtido o maior teor de curcumina, porém
o ensaio 7, do ponto central (0; 0), foi quem obteve o maior teor.
A partir destes resultados foram determinados os efeitos das variáveis
independentes e de sua interação sobre o teor de curcumina extraído (Tabela 9).
Tabela 9. Análise de variância do efeito da concentração etanol e volume de etanol no teor
de curcumina
Parâmetros Soma dos
quadrados GL
Quadrado
médio Fcalc P
Concentração Etanol (%) 0,010000 1 0,010000 0,54250 0,538079
Volume Etanol (ml) 0,008100 1 0,008100 0,43942 0,575579
Efeito sinérgico 0,000000 1 0,000000 0,00000 1,000000
Erro 0,196233 1 0,196233 10,64557 0,082481
Total 0,036867 2 0,018433
P < 0,05 regressão significativa; F calculado < F tabelado (F Tabelado 3; 7; 0,05 = 4,35).
32
É possível notar que nenhum dos parâmetros analisados, concentração de
etanol, volume de etanol, e o efeito sinérgico (combinação dos dois), apresentou
probabilidade inferior a 0,05. Isto significa que os parâmetros avaliados dentro dos limites
estabelecidos não se ajustam ao modelo matemático proposto (P > 0,05), ou que não existe
ajuste matemático capaz de descrever o comportamento de extração de curcumina dentro
dos limites estabelecidos.
5.3.2 Determinação de cor
5.3.2.1 Parâmetro de Luminosidade
Foram avaliados os parâmetros L*, a*, b* e também o derivado Croma. Os
valores obtidos para os parâmetros de Luminosidade L estão representados na Tabela 10.
Tabela 10. Luminosidade obtida no planejamento fatorial.
Ensaio Concentração
Etanol (%) **
Volume Etanol
(mL) **
Concentração
Etanol (%) ***
Volume
Etanol
(mL) ***
Luminosidade
L*
1 -1 -1 70% 100 25.72
2 +1 -1 92% 100 23,64
3 -1 +1 70% 160 20,22
4 +1 +1 92% 160 19,84
5 0 0 81% 120 14,80
6 0 0 81% 120 14,50
7 0 0 81% 120 13,01
** valores codificados para o planejamento *** valores originais
A luminosidade é uma relação entre a luz refletida e a luz absorvida, os valores
de luminosidade para os extratos variaram na faixa de 13,01 e 25,72.
O comportamento esperado com relação à luminosidade era que os ensaios
com maior volume de solvente (3 e 4) apresentassem maior valor de luminosidade, devido
ao efeito de diluição. Entretanto os ensaios 1 e 2, com menor volume de solvente, foram os
que apresentaram maior valor de luminosidade 25,72 e 23,64 respectivamente.
33
Isto pode estar relacionado com a quantidade de curcumina extraída nos
ensaios. Se for feita uma correlação ente a luminosidade e teor de curcumina extraído,
verifica-se que existe uma relação de proporcionalidade inversa. A curcumina por ser um
composto corante tem tendência a diminuir a luz refletida, reduzindo os valores da
luminosidade medida.
A partir destes resultados foram determinados os efeitos das variáveis
independentes e de sua interação sobre o parâmetro de luminosidade (Tabela 11).
Tabela 11. Análise de variância do efeito da concentração etanol e volume de etanol na
luminosidade L*.
Parâmetros Soma dos
quadrados GL
Quadrado
médio Fcalc P*
Concentração Etanol (L) 1,5129 1 1,5129 1,6462 0,328076
Concentração Etanol (Q) 116,7257 1 116,7257 127,0092 0,007782
Volume Etanol (L) 21,6225 1 21,6225 23,5274 0,039972
Efeito sinérgico 0,7225 1 0,7225 0,7862 0,468809
Erro 1,8381 2 0,9190
Total 142,4217 6
P < 0,05 regressão significativa; L é referente ao termo linear; Q é referente ao termo quadrático.
F calculado > F tabelado (F Tabelado 3; 7; 0,05 = 4,35).
Nota-se que apenas os parâmetros concentração de etanol, quadrático, e
volume de etanol apresentaram valor de probabilidade P < 0,05. Permitindo o ajuste ao
modelo matemático para essas duas variáveis.
O modelo obtido foi Z = 14,10 + 8,25. XE2 - 2,33.YV e R
2 = 0,9870, onde Z são
os valores de resposta para a luminosidade L*, XE é a concentração de etanol (%) e YV é o
volume de etanol (mL). Os valores para o modelo foram obtidos da tabela de regressão. A
superfície de resposta obtida pelo modelo está apresentada na Figura 9.
34
24
22
20
18
16
14
12
Figura 9. Superfície de resposta para Luminosidade L*.
É possível notar que no ponto central (valor codificado como 0 e 0
correspondentes a 81% de etanol e 120 ml de volume de etanol) ocorre uma diminuição
dos valores de Luminosidade. Esse fato está relacionado inversamente ao volume de etanol
utilizado, entretanto apresenta uma maior relação de forma diretamente proporcional
(função quadrática) à concentração de etanol.
5.3.2.2 Coordenada de cromaticiadade a *
Os dados obtidos para o parâmetro cromaticidade a* estão representados na
Tabela.12.
35
Tabela 12. Cromaticidade a* obtida no planejamento fatorial.
Ensaio Concentração
Etanol (%) **
Volume Etanol
(mL) **
Concentração
Etanol (%) ***
Volume
Etanol
(mL) ***
Cromaticidade
a*
1 -1 -1 70% 100 1,46
2 +1 -1 92% 100 1,85
3 -1 +1 70% 160 1,99
4 +1 +1 92% 160 5,39
5 0 0 81% 120 3,97
6 0 0 81% 120 4,35
7 0 0 81% 120 4,49
** valores codificados para o planejamento *** valores originais
A cromaticidade a* varia de verde (valores negativos) a vermelho (valores
positivos). Para todos os ensaios os valores de cromaticidade a* foram superiores a zero, e
compreendidos entre 1,26 e 4,46, indicando leve coloração vermelha, o que era esperado.
A partir destes resultados foram determinados os efeitos das variáveis
independentes e de sua interação sobre o parâmetro de Cromaticidade a* (Tabela 13).
Tabela 13. Análise de variância do efeito da concentração etanol e volume de etanol para o
cromaticidade a*.
Parâmetros Soma dos
quadrados GL
Quadrado
médio F P
Concentração Etanol (L) 3,59102 1 3,591025 49,59979 0,019571
Concentração Etanol (Q) 4,37487 1 4,374868 60,42635 0,016149
Volume Etanol (L) 4,14122 1 4,141225 57,19924 0,017037
Efeito sinérgico 2,26502 1 2,265025 31,28488 0,030509
Erro 0,14480 2 0,072400
Total 14,51694 6
P < 0,05 regressão significativa; L é referente ao termo linear; Q é referente ao termo quadrático.
F calculado > F tabelado (F Tabelado 3; 7; 0,05 = 4,35).
Verificou-se que todos as variáveis independentes e até mesmo o efeito
sinergético, apresentaram diferença significativa (P < 0,05). O que permitiu o ajuste dos
36
dados ao modelo proposto: Z = 4,27 + 0,95.XE - 1,60.XE2 + 1,02.YV + 0,75.XE.YV, e
R2 = 0,9900, onde Z são os valores de resposta para Cromaticidade a*, XE é a concentração
de etanol (%), YV é o volume de etanol (mL) e XE.YV é o efeito sinérgico ou combinado
entre os parâmetros anteriores. Os valores para o modelo foram obtidos da tabela de
regressão. A superfície de resposta obtida pelo modelo está apresentada na Figura 10.
5
4
3
2
Figura 10. Superfície de resposta para coordenada de Cromaticidade a*
É possível notar que o aumento da concentração de etanol (valor codificado +1
correspondente a 92% etanol) e o aumento do volume de etanol (valor codificado +1
correspondente a 160 mL) exercem uma influência positiva na coordenada de
Cromaticidade a*, aumentando a tendência para a coloração vermelha.
5.3.2.3 Coordenada de Cromaticidade b*
Os dados obtidos para o parâmetro de Cromaticidade b* estão representados na
Tabela 14.
37
Tabela 14. Cromaticidade b* obtida no planejamento fatorial.
Ensaio Concentração
Etanol (%) **
Volume Etanol
(mL) **
Concentração
Etanol (%) ***
Volume
Etanol
(mL) ***
Cromaticidade
b*
1 -1 -1 70% 100 0,40
2 +1 -1 92% 100 -3,61
3 -1 +1 70% 160 -5,21
4 +1 +1 92% 160 -6,58
5 0 0 81% 120 -10,91
6 0 0 81% 120 -11,94
7 0 0 81% 120 -13,98
** valores codificados para o planejamento *** valores originais
A cromaticidade b* varia de azul (valores negativos) a amarelo (valores
positivos). Para o ensaio 1 o valor obtido foi positivo, indicando coloração amarela.
Enquanto que para o restante dos ensaios (2, 3, 4, 5, 6 e 7) os valores de cromaticidade b*
foram negativos, compreendidos entre -13,98 e -3,61, indicando coloração azul. Esse
comportamento era esperado porque extratos de pigmentos curcuminóides em
concentração elevada tem tendência a apresentar coloração mais escura e pouco amarela.
Quando se faz a diluição apropriada do extrato é possível obter a coloração amarela
desejada. O ensaio 1 foi o que apresentou menor teor de pigmentos curcuminóides isso
explica o fato de ser o único ensaio a apresentar tendência a para o amarelo.
A partir destes resultados foram determinados os efeitos das variáveis
independentes e de sua interação sobre o parâmetro de Cromaticidade b* (Tabela 15).
Nota-se que apenas a variável concentração de etanol quadrática apresentou diferença
significativa (P < 0,05), permitindo o ajuste dos dados ao modelo quadrático para apenas
uma variável.
O modelo obtido foi o seguinte: Z = 12,28 + 10,33.XE2 – 3,95YV e R
2 =
0,9572, onde Z são os valores de resposta para a Cromaticidade b*, XE é a concentração de
etanol (%) e YV é o volume de etanol (mL). Os valores para o modelo foram obtidos da
tabela de regressão.
38
Tabela 15. Análise de variância do efeito da concentração de etanol e volume de etanol
para o cromaticidade b*
Parâmetros Soma dos
quadrados GL
Quadrado
médio Fcalc P
Concentração Etanol (L) 0,8464 1 0,8464 0,34671 0,615626
Concentração Etanol (Q) 182,9886 1 182,9886 74,95743 0,013080
Volume Etanol (L) 62,4100 1 62,4100 25,56495 0,036961
Efeito sinérgico 5,2441 1 5,2441 2,14814 0,280378
Erro 4,8825 2 2,4412
Total 256,3715 6
P < 0,05 regressão significativa; L é referente ao termo linear; Q é referente ao termo quadrático.
F calculado > F tabelado (F Tabelado 3; 7; 0,05 = 4,35).
A superfície de resposta obtida do modelo está apresentada na Figura 11.
2
-2
-6
-10
-14
Figura 11. Superfície de resposta para a coordenada de Cromaticidade b*.
39
É possível notar que no ponto central (valor codificado como 0 e 0
correspondentes a 81% de etanol e 120 ml de volume de etanol) ocorre uma diminuição
dos valores de Cromaticidade b*, indicando uma tendência para a coloração azul.
5.3.2.4 Coordenada de intensidade Croma C*
Os dados obtidos para o parâmetro Croma C* estão representados na
Tabela.16.
Tabela 16. Valores de Croma C* obtidos no planejamento fatorial.
Ensaio Concentração
Etanol (%) **
Volume Etanol
(mL) **
Concentração
Etanol (%) ***
Volume
Etanol
(mL) ***
Cromaticidade
C*
1 -1 -1 70% 100 1,55
2 +1 -1 92% 100 4,01
3 -1 +1 70% 160 5,57
4 +1 +1 92% 160 8,51
5 0 0 81% 120 11,61
6 0 0 81% 120 12,70
7 0 0 81% 120 14,68
A coordenada Croma C* é um parâmetro de cor que relaciona os valores de
cromaticidade a* e b*. Croma C* admite somente valores positivos, entretanto, valores
altos indicam uma cor mais intensa, concentrada ou altamente cromática, enquanto que
valores baixos indicam cor fraca, acinzentada ou diluída. Para todos os ensaios o valor de
Croma C* foi relativamente baixo compreendendo a faixa de 1,55 a 14,68.
A partir destes resultados foram determinados os efeitos das variáveis
independentes e de sua interação sobre o parâmetro de Croma C* (Tabela 17).
Nota-se que apenas a variável concentração de etanol, quadrática, apresentou
diferença significativa (P < 0,05), permitindo o ajuste dos dados ao modelo quadrático para
apenas uma variável.
O modelo obtido foi o seguinte: Z = 12,99 - 8,09.XE 2 e R
2 = 0,9659, onde Z
são os valores de resposta para de intensidade Croma C*, XE é a concentração de etanol
(%). Os valores para o modelo foram obtidos da tabela de regressão.
40
Tabela 17. Análise de variância do efeito da concentração etanol e volume de etanol para
coordenada Croma C*.
Parâmetros Soma dos
quadrados GL
Quadrado
médio Fcal P*
Concentração Etanol (L) 7,2900 1 7,2900 3,00962 0,224908
Concentração Etanol (Q) 112,1043 1 112,1043 46,28138 0,020931
Volume Etanol (L) 18,1476 1 18,1476 7,49209 0,111575
Efeito sinérgico 0,0576 1 0,0576 0,02378 0,891602
Erro 4,8445 2 2,4222
Total 142,4440 6
P < 0,05 regressão significativa; L é referente ao termo linear; Q é referente ao termo quadrático.
F calculado > F tabelado (F Tabelado 3; 7; 0,05 = 4,35).
A superfície de resposta obtida do modelo está apresentada na Figura 12.
12
10
8
6
Figura 12. Superfície de resposta para a coordenada de intensidade Croma C*.
41
Pelo gráfico de superfície é possível perceber que a concentração de etanol
exerce influência na coordenada de intensidade Croma C*. Quando os valores da
concentração de etanol aproximam-se do ponto central (valor codificado como 0
correspondentes a 81% de etanol) os valores de Croma C* tendem a aumentar, indicando
que esses extratos possuem cores mais intensas ou vívidas.
5.3.3 Atividade Antioxidante
Os valores obtidos para a atividade antioxidante (AA) pelo método de DPPH,
convertido em EC50 estão representados na Tabela 18.
Tabela 18. Valores de Atividade Antioxidante obtidos no planejamento fatorial.
Ensaio Concentração
Etanol (%) **
Volume Etanol
(mL) **
Concentração
Etanol (%) ***
Volume
Etanol
(mL) ***
AA EC50
(µg/L)
1 -1 -1 70% 100 2,43
2 +1 -1 92% 100 2,43
3 -1 +1 70% 160 2,43
4 +1 +1 92% 160 2,43
5 0 0 81% 120 2,29
6 0 0 81% 120 2,28
7 0 0 81% 120 1,98
** valores codificados para o planejamento *** valores originais
O EC50 é quantidade de amostra necessária para reduzir em 50% a atividade do
oxidante DPPH, quanto menor o seu valor, maior é a capacidade antioxidante da amostra.
Para os ensaios de 1 a 4 o valor de EC50 foi igual a 2,43 µg/L, já para os ensaios restantes,
5, 6 e 7, o valor obtido foi menor, indicando uma melhor capacidade antioxidante destes
últimos. Provavelmente isto está relacionado ao teor de curcumina dos extratos. Os ensaios
5, 6, 7 apresentaram um teor maior de curcumina (Tabela 8), portanto exigem um menor
valor de EC50. Já os ensaios de 1 a 4 que possuem um menor teor de curcumina, com pouca
variação entre eles, apresentaram um valor igual de EC50.
42
A partir destes resultados foram avaliados os efeitos das variáveis
independentes e de sua interação sobre a atividade antioxidante (Tabela 19).
Tabela 19. Análise de variância do efeito da concentração etanol e volume de etanol para a
atividade antioxidante (AA) convertido em EC50.
Parâmetros Soma dos
quadrados GL
Quadrado
médio Fcal
AA EC50
(µg/L)
Concentração Etanol (L) 0,000000 1 0,000000 0,000000 1,000000
Concentração Etanol (Q) 0,104305 1 0,104305 3,361056 0,208205
Volume Etanol (L) 0,000000 1 0,000000 0,000000 1,000000
Efeito sinérgico 0,000000 1 0,000000 0,000000 1,000000
Erro 0,062067 2 0,031033
Total 0,166371 6
P < 0,05 regressão significativa; L é referente ao termo linear; Q é referente ao termo quadrático.
F calculado < F tabelado 3; 7; 0,05 = 4,35
Nota-se que nenhuma das variáveis concentração de etanol e volume de etanol,
nos termos linear ou quadrático apresentaram diferença significativa (P > 0,05),
impossibilitando o ajuste dos dados a um modelo matemático.
CONCLUSÃO
Os rizomas de cúrcuma cultivados na cidade de Mara Rosa apresentaram um
teor de 6,8 % de pigmentos curcuminóides, superior aos teores encontrados em cúrcumas
cultivadas em outros estados do Brasil.
A variação das proporções de soluto e solvente no processo de hidrodestilação
não alterou significativamente o teor de óleo essencial de cúrcuma extraído. O teor médio
de óleo essencial quantificado foi de 1,17%, inferior aos encontrados em rizomas
cultivadas no país.
Esta mesma variação da proporção de soluto e solvente foi capaz de modificar
a vazão mássica na fase gás-líquido do processo de hidrodestilação, influenciando na
solubilização dos compostos o que por sua vez interferiu na composição dos óleos
essenciais obtidos. No tratamento com maior proporção soluto/solvente (25%) foi
identificado maior variedade de compostos, sendo o substância 1-epi-cubenol identificada
apenas nesse tratamento.
As variações de concentração de solvente e volume de solvente no processo de
percolação influenciou o teor de curcumina, sendo o ponto central do planejamento
correspondente a concentração de 81 % de etanol e o volume de 120 mL o ensaio mais
eficiente (teor médio de 1,67% de curcumina).
No ponto central também ocorreu a melhor atividade antioxidante valor médio
de EC50 de 2,18. Esses parâmetros também exerceram influência na cor do extrato obtido,
foi possível o ajuste dos dados de cromaticiticidade a* para modelos de superfície de
resposta com porcentagem de variação explicada (R2) de 99,00 %.
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