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1 1-INTRODUÇÃO Com o uso cada vez mais freqüente da inseminação artificial e da transferência de embriões na espécie eqüina se faz necessário recorrer ao controle do ciclo estral. Assim, quando se usa sêmen refrigerado, cuja capacidade fecundante se limita a dois ou três dias, é altamente desejável que se disponha de um lote de fêmeas com estro programado e coordenado com a chegada do sêmen com o objetivo de aumentar a eficiência. Em se tratando do uso do sêmen criopreservado, o controle do estro e da ovulação é crítico, visto que a inseminação deve proceder poucas horas antes da ovulação, devido ao fato do sêmen submetido a esse processo ter uma sobrevida de 6 a 12 horas no trato reprodutivo da fêmea. Fica evidente a existência de uma grande lacuna na disponibilidade de uma terapia progestacional eficaz, mais segura e de menor custo, tornando o desenvolvimento de uma nova intervenção terapêutica na manipulação dos eventos reprodutivos da égua uma necessidade na criação de eqüinos. O propósito deste estudo foi justamente o de preencher esta lacuna, buscando oferecer aos técnicos e criadores um novo protocolo de sincronização de estros e ovulações em éguas que reúna eficiência, facilidade de execução e custo acessível. Objetivou-se, com este estudo, melhorar a eficiência reprodutiva nos programas de inseminação artificial ou por monta natural otimizando o uso de

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1-INTRODUÇÃO

Com o uso cada vez mais freqüente da inseminação artificial e da

transferência de embriões na espécie eqüina se faz necessário recorrer ao controle

do ciclo estral. Assim, quando se usa sêmen refrigerado, cuja capacidade

fecundante se limita a dois ou três dias, é altamente desejável que se disponha de

um lote de fêmeas com estro programado e coordenado com a chegada do sêmen

com o objetivo de aumentar a eficiência. Em se tratando do uso do sêmen

criopreservado, o controle do estro e da ovulação é crítico, visto que a inseminação

deve proceder poucas horas antes da ovulação, devido ao fato do sêmen submetido

a esse processo ter uma sobrevida de 6 a 12 horas no trato reprodutivo da fêmea.

Fica evidente a existência de uma grande lacuna na disponibilidade de uma

terapia progestacional eficaz, mais segura e de menor custo, tornando o

desenvolvimento de uma nova intervenção terapêutica na manipulação dos eventos

reprodutivos da égua uma necessidade na criação de eqüinos.

O propósito deste estudo foi justamente o de preencher esta lacuna,

buscando oferecer aos técnicos e criadores um novo protocolo de sincronização de

estros e ovulações em éguas que reúna eficiência, facilidade de execução e custo

acessível.

Objetivou-se, com este estudo, melhorar a eficiência reprodutiva nos

programas de inseminação artificial ou por monta natural otimizando o uso de

2

garanhões com menor número de coberturas e também reduzindo o risco de

instalação de processos infecciosos uterinos delas decorrentes.

Outro fator que serviu de grande motivação à condução deste estudo foi

justamente o fato de não haver sido encontrada na literatura consultada nenhuma

publicação científica brasileira que tenha tido como tema o uso de dispositivos

intravaginais com progesterona em éguas, somente tendo sido realizados trabalhos

com progesterona sob a forma oral e de implantes subcutâneos. Através deste

experimento procurou-se determinar como éguas de uma raça genuinamente

nacional, como a Mangalarga Marchador, iriam se comportar, sob condições

tropicais, ao uso deste dispositivo e qual o grau de eficiência que seria obtido com

um protocolo de sincronização de estros e ovulações que utilize este recurso

terapêutico.

Este estudo teve como objetivo principal testar dois protocolos de

sincronização de estros e ovulações em éguas com a utilização de um dispositivo

intravaginal de liberação controlada de progesterona (CIDR®, Pharmacia Brasil;

Pfizer) associado a outras drogas: benzoato de estradiol, prostaglandina e hCG

(gonadotrofina coriônica humana).

Este método possui várias vantagens em relação ao consagrado

universalmente altrenogest (Regumate®, Intervet, USA) utilizado com esta finalidade

em éguas. Facilidade de aplicação com economia de mão-de-obra e diminuição do

estresse dos animais, além da grande diferença que separa os custos de ambos os

produtos são algumas, entre outras vantagens, que o uso do dispositivo oferece.

Os custos das fontes de progesterona nos diferentes protocolos representam

os seguintes valores em dólares americanos (cotação em 02/2005): 1- Progesterona

repositol oleosa injetável (200mg/dia) por 10 dias: U$ 180,00 (fonte: agri-med, 2005);

2- Altrenogest (Regumate®) 8 ml/dia por 14 dias: U$ 40,00 (fonte: agri-med, 2005) e

3- CIDR® : U$ 12,00 (fonte: Pfizer, 2005) sendo que o dispositivo em bovinos pode

ser reutilizado por 2 vezes, o que diminuiria o custo para U$ 4,00. Não existem

estudos em éguas que permitam determinar a eficiência do dispositivo reutilizado

nos protocolos de sincronização, motivo pelo qual utilizamos o dispositivo uma única

vez.

O objetivo da determinação do estágio do ciclo estral (estro ou diestro) em

que os animais se encontravam no início do estudo foi o de se avaliar se haveria

3

alguma influência nos parâmetros de tempo de aparecimento de estro, tempo de

detecção de um folículo de 35mm e taxa de fertilidade nas diferentes fases do ciclo

estral.

O objetivo do acompanhamento reprodutivo por meio da ultra-sonografia foi

observar as alterações morfológicas do útero e ovários que viessem a ser

desencadeadas por influência da progesterona liberada pelo CIDR® e para realizar o

diagnóstico de gestação com o intuito de avaliar a interferência do CIDR® sobre a

fertilidade quando comparado com um grupo controle, que recebeu o dispositivo

isento de progesterona.

O propósito de se comparar o Lutalyse® (dinoprost) com o Vetecor® (hCG) foi

o de procurar diminuir custos, tornando o protocolo proposto o mais viável

economicamente, visto que o valor de uma dose de hCG pode chegar a custar de 10

a 15 vezes mais do que a de prostaglandina, dependendo do produto comercial a

ser utilizado.

O estudo das possíveis alterações nos parâmetros do hemograma: série

branca, série vermelha e plaquetas objetivou identificar a influência do CIDR® sobre

o metabolismo dos animais submetidos a esta terapia.

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2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 - Progesterona e suas funções biológicas na égua

A progesterona é o progestágeno natural de maior prevalência, sendo

secretada pelas células luteínicas do corpo lúteo, pela placenta e pelas glândulas

adrenais. A progesterona, assim como os andrógenos e os estrógenos, é

transportada na corrente circulatória por uma proteína de ligação. Sua secreção é

estimulada primariamente pelo LH (Hafez, 2004).

Os efeitos normais da progesterona são vistos apenas se o tecido-alvo tiver

sido anteriormente submetido a um período de estimulação pelo estrógeno. Esta

sensibilização pelo estrógeno leva a um efeito sinérgico. A progesterona age no

útero provocando quietude no miométrio e secreção do leite uterino pelas glândulas

endometriais. As glândulas uterinas aumentam em profundidade, mais

especificamente em ramificações e tortuosidades. A espiralização das glândulas

aumenta sua capacidade funcional, depois que o desenvolvimento do ducto reto

ocorreu sob a influência do estrógeno (Mckinnon et al.., 1997).

Doses elevadas de progesterona inibem a produção de gonadotrofinas pela

glândula hipófise. Em alguns animais em estro isto pode funcionar como regulador

do período de diestro, porque logo que o corpo lúteo pára de secretar progesterona,

5

segue-se súbita secreção de FSH, que causa desenvolvimento de folículos pró-estro

(Mckinnon et al.., 1997).

A meia-vida fisiológica da progesterona é de apenas 22 a 36 minutos na

égua. Isto significa que uma secreção constante é essencial para manter os níveis

séricos adequados. O transporte dos estrógenos, particularmente o estradiol, e

progestágenos, particularmente a progesterona, no plasma é semelhante. Ambos

são fracamente, mas completamente ligados à albumina. O excesso de

progesterona é fortemente ligado à transcortina. Quando os esteróides sexuais

atingem as células alvo são liberados das proteínas transportadoras e penetram no

interior destas, onde atuam. Quando a síntese protéica é induzida, as células alvo

funcionam. Por exemplo, uma célula glandular pode secretar; a mitose pode ser

estimulada em célula epitelial; o estro psíquico pode ser induzido se a célula alvo for

um neurônio particular; ou a hipertrofia pode ser induzida em célula do miométrio

(Mckinnon et al.., 1997).

A progesterona desempenha as seguintes funções: prepara o endométrio

para a implantação e manutenção da prenhez, aumentando a atividade secretora

das glândulas do endométrio e inibindo a motilidade do miométrio; atua

sinergisticamente com os estrógenos na indução do comportamento de estro; auxilia

no desenvolvimento do tecido secretor (alvéolos) da glândula mamária; provoca

inibição do estro e do pico pré-ovulatório do LH quando em níveis elevados,

desempenhando, portanto, papel fundamental na regulação do ciclo estral (Hafez,

2004).

2.2 - Utilização terapêutica da progesterona e progestágenos na égua

Atualmente, a maior parte das terapias com progestágenos requer uma

administração diária, dificultando o seu emprego no manejo dos haras e onerando o

custo do tratamento, além de poder ocasionar efeitos nocivos devido às altas

concentrações de progesterona desnecessárias na delicada fisiologia reprodutiva

das éguas. Isto pode ocorrer, uma vez que a dose diária ultrapassa, nas primeiras

horas, os níveis terapêuticos requeridos para manter o efeito clínico desejado até a

próxima dose (Dumitriu e Dimitriu, 1994). A terapia com progesterona e progestágenos tem uma enorme

aplicabilidade no manejo reprodutivo da égua, atuando na: 1) regulação do estro em

6

éguas no período de transição estacional, isto é, éguas que se encontram no terço

final do período de anestro estacional. Esta intervenção é de extrema importância

na criação da raça PSI (puro sangue inglês), já que o início da estação de monta

oficial (dia 15 de julho) começa muito antes da estação de monta fisiológica da

espécie, impondo, portanto, a antecipação dos eventos reprodutivos destas éguas

devido à vantagem futura do nascimento antecipado de seus produtos no calendário

esportivo; 2) regulação do estro em éguas cíclicas não-lactentes visando a um

melhor manejo na cobertura, segundo a disponibilidade do garanhão, e na

sincronização de estros para programas de inseminação artificial e transferência de

embriões; 3) regulação de estro em éguas cíclicas lactentes visando à postergação

do estro do potro para favorecer a limpeza fisiológica e a involução uterina e,

conseqüentemente, aumentar a taxa de concepção da primeira ovulação pós-parto;

4) supressão do comportamento de estro por tempo prolongado em éguas

participantes de eventos hípicos; 5) na manutenção de prenhez de éguas com corpo

lúteo pouco funcional ou com luteólise prematura e 6) como coadjuvante no

tratamento de retenção de placenta e involução uterina (McKinnon,1996). Outras indicações terapêuticas da progesterona na égua incluem anestro

causado por estresse por mudanças de manejo, principalmente em éguas virgens,

lactação, etc. Convém ressaltar que, antes de se pensar em utilizar a progesterona

como terapêutica, deve-se realizar um diagnóstico diferencial com condições que

também levam à aciclia, porém sem ter como indicação a progesterona, tais como

deficiências nutricionais, doenças debilitantes, corpo lúteo persistente, entre outros

(Hafez, 2004).

A progesterona pode ser utilizada para tratamento de animais na condição

de anestro lactacional, devendo, porém, esta condição ser distinguida daquela

observada em situações onde ocorre um corpo lúteo persistente, geralmente mais

comum do que a primeira condição (Ginther,1992).

Existem várias formas de apresentação da progesterona no mercado. A

preparação progesterona Repositol age através da liberação de hormônio de uma

base de propilenoglicol na circulação sangüínea. Esta preparação deve ser utilizada

numa dose de pelo menos 1000 mg a cada 4 a 7 dias ou 2000 mg a cada 7 dias para

manter a concentração de progesterona acima de 1 ng/ml. Devido às reações

teciduais indesejáveis, esta é a via menos recomendada para uso em éguas, não

estando mais disponível no mercado (Neely, 1988).

7

Um progestágeno sintético, o Altrenogest (ReguMate®), foi desenvolvido

para controlar o estro na égua, sendo o único progestágeno ativo via oral eficaz

nesta espécie, embora tenha sido citado o uso de outros, como o acetato de

melengestrol (MGA – Ovaban®). Quando o MGA foi administrado na dieta, numa

dosagem de 10 ou 20 mg/dia por 9 a 15 dias, falhou na inibição do estro e ovulação

(Loy e Swan, 1966). O acetato de melengestrol (MGA), administrado na dose de 20

mg, foi ineficaz na prevenção do estro (Loy e Swan, 1966). Neely (1979) selecionou

quatro éguas velhas com histórico de morte embrionária e fraco tônus uterino aos 18

a 19 dias pós-cobertura. Destas, duas foram submetidas a uma dose de 0,4 mg de

MGA duas vezes ao dia, considerada eficaz na inibição do estro e ovulação em

vacas (Zimbelman e Smith, 1966), enquanto as restantes serviram de controle. O

tratamento durou quatro meses a partir da cobertura. As éguas tratadas

permaneceram prenhes enquanto uma égua controle reabsorveu o embrião e a

outra permaneceu em gestação. Neely (1988) verificou que altas doses (>100 mg)

de MGA podem ser mais eficazes em suprimir o estro.

O acetato de clormadinona (CAP), embora ainda não disponível no Brasil,

tem sido utilizado na alimentação de éguas na Europa. Infelizmente, o CAP na

ração, numa dosagem de 10 mg/dia, falhou em inibir o estro e a ovulação (Arthur e

Allen, 1972).

Um outro composto progesterônico utilizado na Europa é a proligestona

(Delvosterona), um progestágeno injetável de longa duração que não apresentou

resultados satisfatórios em estudos realizados por Neely (1979).

O acetato de medroxiprogesterona (MAP) (Depo-provera®) tem sido

sugerido como eficaz no tratamento da manutenção de prenhez. Este é,

supostamente, um progestágeno injetável de longa ação administrado a cada 8 a 14

dias numa dose de 200 a 250 mg. No entanto, não foi conduzido um estudo

controlado de avaliação da eficiência deste progestágeno na espécie eqüina. Neely

(1974) administrou 250 mg de MAP em uma égua ovariectomizada de 410 kg que,

previamente, recebeu 2 mg de cipionato de estradiol (ECP®) durante 45 dias para

mantê-la em estado de estro. Foi determinada a resposta à indução diária de estro e

as concentrações de progesterona aos 14 dias posteriores à aplicação do MAP.

Obtiveram-se amostras para biópsia endometrial antes da administração do MAP e

aos 4, 7 e 14 dias após a aplicação. Os resultados mostraram uma resposta

progesterônica no dia 4, uma regressão desta resposta no dia 7 com aparência

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hipoplásica anéstrica e uma moderada estimulação das glândulas endometriais no

dia 14, tendo a égua exibido o estro todos os dias, exceto no dia 4 após a aplicação

do MAP. A concentração de progesterona se manteve em 0,0 ng/ml. Portanto, 250

mg de MAP causou uma estimulação endometrial passageira no dia 4, seguida por

uma diminuição desta resposta. Esta estimulação endometrial não se compara em

magnitude com a densidade glandular ou duração da resposta do endométrio,

previamente verificada com a aplicação de 1000 ou 2000 mg de progesterona de

liberação lenta administrada a intervalos semanais em éguas ovariectomizadas.

Um produto similar ao MAP, caproato de hidroxiprogesterona (Hyproval),

surgiu como progestágeno de longa ação. No entanto, esta droga mostrou-se

ineficaz na prevenção da perda de gestação e na supressão da conduta sexual em

éguas (Neely, 1988).

Uma outra maneira de provir progesterona por longo período de tempo é

através de implantes (Bristol, 1981; Scheffrahn et al.,1982) ou esponjas (Palmer,

1985). Bristol (1981) verificou que um implante de 6 mg de norgestomet (Synchro-

Mate B®) foi ineficaz no controle do estro. Um outro estudo demonstrou que o

Norgestamet, numa dosagem de 3,0 mg/dia, não teve efeito na atividade folicular,

comportamento de estro ou sobre a concentração sangüínea do hormônio

luteinizante (LH) em éguas em fase transicional tardia (Wiepz et., al 1988). O

Norgestomet mostrou-se ineficaz na supressão do estro (Scheffrahn 1982). Esponjas

impregnadas com 0,5 e 1,0 g de Altrenogest (Regu-Mate®) colocadas na vagina por

sete dias resultou num alto grau de sincronização do estro e ovulação (Palmer,

1985), tendo, contudo, induzido um processo inflamatório com aderência da mucosa

vaginal. Nenhuma destas formas está disponível atualmente no comércio para

eqüinos.

2.3 - Manipulação farmacológica do ciclo estral da égua

Anestro fisiológico ou aciclia é um dos assuntos de maior interesse dos

criadores de cavalo em todas as partes do mundo. Em zonas temperadas, o

problema é sazonal, associado com a curta duração dos dias, sendo visto na maioria

das éguas no inverno e na primavera (Sharp, 1980). Sem qualquer tratamento,

quase todas as éguas reassumirão sua ciclicidade no final da primavera e

continuarão a ciclar normalmente até o outono ou inverno (Ginther, 1992).

9

A incorporação de tratamentos que sincronizem a emergência de ondas

foliculares em programas de sincronização proporciona a presença de um folículo

dominante em crescimento no momento da suspensão da administração de

progesterona ou aplicação de prostaglandina, resultando na sincronização da

ovulação e permitindo a utilização da inseminação artificial ou monta natural com

altas taxas de prenhez (Almeida et al.., 2001).

Os agentes farmacológicos que atualmente são utilizados para controlar o

ciclo estral na égua são os mesmos utilizados nos bovinos, cujos protocolos

algumas vezes são aplicados da mesma forma, sem se considerar a diferença entre

as espécies. Desde a década de 1970 se generalizou o uso de um potente agente

luteolítico, a prostaglandina (PGF2α), pela sua facilidade de aplicação (Loy et al..,

1981).

Outra forma de controlar estros é mediante a administração de agente

progestacionais (progesterona e progestágenos sintéticos), os quais são utilizados

há bastante tempo, mediante várias vias de aplicação: a oral e a intramuscular (Loy

et al.., 1981), subcutânea, bem como esponjas ou dispositivos intravaginais (Loy e

Swann, 1966; Arberter et al.., 1994). A estratégia do uso de progestágenos consiste

em prolongar artificialmente a fase lútea por um tempo superior à duração de um

corpo lúteo normal. O bloqueio do eixo hipotalâmico-hipofisário exercido pelo

progestágeno exógeno inibe a liberação do hormônio luteinizante (LH) durante o

tratamento, impedindo a manifestação do comportamento estral. Com a terminação

brusca do tratamento, produz-se um efeito similar à luteólise, ocorrendo a

manifestação do estro em torno do terceiro dia pós-tratamento. No entanto, o

tratamento com progestágenos não inibe a liberação do hormônio folículo

estimulante (FSH) a partir da adenohipófise, razão pela qual o desenvolvimento

folicular continua. (Van Nieker et. al, 1982; Squires et al.., 1979; Webel e Squires et

al.., 1982). As altas concentrações iniciais de progesterona (4-5 ng/ml) e estrógeno

(2,5-3,0 pg/ml) absorvidos através da mucosa vaginal quando se utilizam os

dispositivos impregnados com progesterona associados com aplicação parenteral

de estrógenos têm efeitos inibitórios sobre a liberação de LH e FSH,

respectivamente, cujo efeito prático é o de inibir a emergência de um folículo

dominante em uma onda folicular presente. Como a alta concentração de estradiol

de origem exógena cai rapidamente, um novo folículo dominante pode desenvolver-

10

se durante o tratamento, porém, este não chegará a ovular, pois os níveis de LH

são insuficientes devido ao bloqueio da progesterona (Wild et al.., 2002).

A diferença da fêmea bovina em relação à égua é que esta última apresenta

uma fase luteal curta e geralmente com uma só onda folicular, motivo pelo qual os

programas baseados no encurtamento do ciclo estral com prostaglandinas tendem a

apresentar altos índices de fracassos. As razões principais destas falhas estão

vinculadas ao tamanho do folículo ovulatório e ao momento da aplicação da

prostaglandina (Bergfelt, 2000). Se o folículo é de tamanho pré-ovulatório, pode

sofrer atresia ou ovular sem manifestação de estro. Por outro lado, se existe um

folículo em crescimento, o estro pode ocorrer em um curto período de tempo, como

em um prazo de 3 dias. Estes fatores representam uma dispersão significativa com

o inconveniente de que a ovulação pode ocorrer imediatamente depois do

tratamento ou mesmo demorar quase duas semanas (Wild et al.., 2002).

2.4 - Dispositivos intravaginais contendo progesterona disponíveis no mercado

Não existe indicação por parte dos laboratórios fabricantes do uso de

dispositivos intravaginais na espécie eqüina, somente para as espécies bovina,

bubalina, caprina e ovina.

Os tipos de dispositivos disponíveis no mercado encontram-se na Tabela 1.

Tabela 1: Dispositivos intravaginais (DIV) disponíveis para controle reprodutivo em

bovinos, bubalinos, caprinos e ovinos.

Tipo Nome comercial

Quantidade de Progesterona

Laboratório Fabricante

DIV CIDR® 1,50 g Pfizer DIV DIB® 1,90 g Sintex S.A-Argentina DIV PRIDTM 1,55 g Sanofi-França DIV Triu-B® 1,30 g Biogenesis-Argentina DIV Cronipres® 1.00 g Biogenesis-Brasil

2.5 - Uso de dispositivos intravaginais em éguas para indução e regulação de estros

11

Newcombe e Wilson (1997) utilizaram um dispositivo intravaginal

impregnado com progesterona de liberação lenta CIDR® (Easy-Breed CIDR®:

InterAg, Hamilton, New Zeland) para indução de estro e ovulação em éguas em

anestro.

Newcombe (1998) utilizou o CIDR® em 87 éguas que haviam falhado em

produzir folículos ovulatórios na ausência de um corpo lúteo funcional (anestro

prolongado) por vários períodos até que um folículo atingisse um diâmetro mínimo

de 30 mm. Noventa e oito por cento (57/58) das éguas que apresentaram um folículo

maior ou igual a 30 mm ao final do tratamento ovularam após uma injeção de 2500

U.I de hCG (gonadotrofina coriônica humana) entre zero e seis dias após a retirada

do dispositivo; sessenta e cinco por cento das éguas (37/58) tiveram sua prenhez

confirmada aos 14-17 dias. Do total de éguas, 26 falharam em desenvolver um

folículo com diâmetro de no mínimo 30 mm mesmo com o prolongamento do

tratamento. Destas 26 éguas, 7 ovularam e 7 falharam em ovular mesmo após a

remoção do dispositivo e aplicação do hCG. As outras 12 éguas receberam um

implante de GnRH (deslorelin) por um curto intervalo de tempo: 9 ovularam, 7 foram

inseminadas e 4 (57%) tornaram-se prenhes. O autor concluiu com estes estudos

que ambos os métodos foram satisfatórios para tratar éguas em anestro persistente.

Morete et al.. (2004) utilizaram o dispositivo intravaginal Triu-B (Biogenesis,

Argentina) com objetivo de determinar os níveis de progesterona sérica (P4), o

conforto do animal e a eficácia do dispositivo em diminuir o período transicional em

éguas. O estudo foi realizado durante o período transicional inverno-primavera.

Foram utilizados 3 grupos de éguas, tendo o primeiro recebido o dispositivo

contendo zero g de P4 (placebo), o segundo 1,0 g e o terceiro 1,3 g (Triu-B®) os

quais permaneceram por um período de 10 dias. Após a retirada dos dispositivos, os

animais tiveram seus ovários monitorados por ultra-sonografia até que o folículo

dominante atingisse um diâmetro mínimo de 35 mm, momento em que era feita uma

aplicação de hCG (gonadotrofina coriônica humana) a fim de induzir a ovulação.

Embora todas as éguas se encontrassem em estro no momento da colocação do

dispositivo, oitenta e nove por cento (16/18) tiveram seu estro suprimido com os

dispositivos contendo progesterona, enquanto somente vinte por cento (1/5)

daquelas que receberam o placebo demonstraram este efeito. Uma maior

porcentagem de ovulações também foi observada no primeiro grupo em relação ao

12

placebo (78 vs 40%, p<0.11). Observou-se, também, um adiantamento na ovulação

de trinta e oito por cento nas fêmeas tratadas comparadas com aquelas que

receberam placebo.

Handler et al.. (2004) realizaram um estudo utilizando um dispositivo

intravaginal PRIDTM (Sanofi,França) em éguas a fim de estudar os efeitos deste

dispositivo nos diferentes estágios do ciclo reprodutivo e a secreção de progesterona

e LH (hormônio luteinizante) nestes animais. As éguas foram divididas em 3 grupos

de acordo com seu estado reprodutivo: estro, diestro e anestro.Todas receberam o

dispositivo e os mesmos foram mantidos por 12 dias. No momento da retirada, foi

feita uma aplicação de 250 microgramas do agente luteolítico cloprostenol

(EstrumateTM, Essex, Alemanha). Foram feitas mensurações diárias dos ovários por

ultra-sonografia e mensurações dos níveis de progesterona e LH. Como resultados

do trabalho, os autores observaram que a maior resposta de estros e ovulações

ocorreu nas éguas que se encontravam em anestro quando comparadas àquelas em

diestro e estro. Os intervalos entre a remoção do dispositivo até o estro/ovulação

variaram de 4,0/21,0+1,0 dia em anestro, 3,3+0.7/7,1+.0.9 dias em diestro e

3,6+0.3/8,8+0,9 dias em éguas em estro (p<0.05). Concentrações médias de

progestágeno depois da colocação do dispositivo variaram de 0,3+0,1 ng/ml em

éguas em anestro e estro e 7,1ng/ml em éguas no diestro (p<0,01). Concentrações

de LH e progesterona mensuradas por 4 horas um dia após a colocação do

dispositivo foram maiores nas éguas em diestro em relação àquelas em anestro e

estro. Os autores concluíram que a presença de um corpo lúteo no momento da

colocação do dispositivo tem um importante impacto na eficácia do tratamento.

Videla et al.. (2002) realizaram um estudo utilizando dispositivos

intravaginais DIB (Syntex, S.A, Argentina) contendo duas quantidades diferentes de

progestágeno; 1,38g e 1,90g. O objetivo do trabalho foi avaliar as concentrações

séricas de progestágeno dos 2 tipos de dispositivos e caracterizar a dinâmica

ovariana durante o tratamento em animais cíclicos. Foram utilizados 2 grupos de

éguas tendo cada um recebido dispositivos com concentrações diferentes de

progestágeno. Os dispositivos permaneceram por 12 dias e durante este período os

animais tiveram a atividade ovariana monitorada por ultra-sonografia e também

foram coletadas amostras de sangue para dosagens de progesterona. Ao final do

estudo os autores concluíram que, para se obter concentrações de progesterona

sérica suficiente para causar inibição do crescimento folicular e ovulação os

13

dispositivos intravaginais utilizados, devem conter, no mínimo, 1,9 gramas de

progestágeno.

Wild et al.. (2002) utilizaram o PRID® em 11 éguas durante 12 dias não

tendo sido evidenciada a manifestação de estro em nenhum dos animais durante

este período. Após a retirada do dispositivo, somente uma égua não apresentou

estro, sendo que esta tinha um histórico de 3 anos de anestro. Das 10 éguas que

exibiram estro, uma (10%) o manifestou 24 horas após a retirada, duas (20%) após

18 horas e cinco após 72 horas. As outras duas restantes apresentaram estro 5 a 6

dias após a retirada do dispositivo. O autor atribuiu esta dispersão ao fato da

progesterona, apesar de apresentar controle eficiente sobre a manifestação de

estro, não apresenta efeito inibitório sobre a secreção de FSH (hormônio folículo

estimulante), razão pela qual pode haver no momento da retirada do dispositivo um

folículo em estágio avançado de desenvolvimento a ponto de ovular, o qual pode

entrar em atresia ou ovular imediatamente após a retirada do dispositivo, sem,

contudo, haver manifestação explícita dos sinais de estro pela égua. Em outros

casos, o folículo presente ao final do tratamento pode ter um escasso

desenvolvimento, fazendo com que a manifestação do estro seja mais tardia

(Squires et al.., 1979; Webel, 1975) atendendo ao fato de que um folículo cresce de

2 a 3 mm por dia durante o estro. Isso levou os autores a considerar que o PRID®

,embora seja eficiente no bloqueio da manifestação do estro, apresenta variações

consideráveis na sincronização da ovulação. Todos os estros apresentados pelas 10

éguas tiveram manifestação normal, a exceção de uma que apresentou um estro

com 15 dias de duração. As éguas receberam uma dose de 2500 UI de hCG

(gonadotrofina coriônica humana) por via endovenosa no momento em que

apresentaram um folículo maior ou igual a 35mm. Das 11 éguas tratadas, 9

tornaram-se prenhes, 8 através da inseminação artificial com sêmen refrigerado e

uma com estro pouco pronunciado através de monta natural, todas realizadas 24

horas após a administração do hCG. A égua com estro prolongado não se tornou

prenhe. Apesar do número reduzido de animais utilizados neste experimento, os

autores consideraram que a taxa de prenhez obtida foi amplamente satisfatória e

coincide com os resultados obtidos por outros autores (Van Niekerk et al.., 1982) e

sugerem que o uso do PRID® não interfere na fertilidade das éguas.

14

2.6 - Contra-indicações do uso da progesterona e progestágenos em éguas

Não se deve administrar nenhum tipo de progestágeno em éguas com

história de infecção uterina. Washburn et al.. (1982) observaram que éguas

ovariectomizadas tratadas com progesterona apresentavam resposta fagocítica

diminuída. Colbern et al.. (1987) demonstraram que éguas ovariectomizadas ou

intactas expostas à contaminação bacteriana mantiveram a infecção uterina pelo

período de tratamento com progesterona. Alexander et al.. (1991) determinaram o

efeito do tratamento com progesterona na suscetibilidade de infecção uterina. Eles

selecionaram 32 éguas na fase transicional, coletaram swabs uterinos de todas as

éguas antes de as dividirem em 2 grupos; 16 controles e 16 submetidas à terapia

com progesterona (150 mg /dia por 12 dias). Quando as éguas exibiram estro foi

coletado um segundo swab. Na coleta inicial, nenhuma égua apresentou o

crescimento bacteriano. No entanto, cinqüenta e seis por cento das éguas tratadas

com progesterona apresentaram swab com contaminação bacteriana versus vinte e

cinco por cento das éguas controle. A partir desse experimento, os autores

concluíram que a progesterona pode ser nociva à saúde do útero, particularmente

em éguas velhas. No entanto, em ambos os estudos (Webel, 1975; Allen et al..,

1980; Squires et al.., 1979 e 1983), baseados em achados clínicos, não foi

observado que o tratamento progesterônico por 12 a 15 dias tenha alterado a

fertilidade reprodutiva em éguas ginecologicamente sadias.

Segundo os fabricantes (Pfizer; Pharmacia), o uso do CIDR® é contra-

indicado em fêmeas impúberes, debilitadas ou portadoras de patologias genéticas

ou adquiridas do sistema genital, como processos infecciosos e/ ou inflamatórios,

visto que o mesmo tende a induzir um processo infeccioso benigno na mucosa

vaginal pela ação mecânica que exerce sobre as paredes deste órgão, bem como é

um fator de consenso entre vários autores que o aparelho genital, quando sob efeito

progesterônico, é mais susceptível à invasão de microorganismos. Cabe ressaltar

que estas contra-indicações são recomendadas para as espécies para as quais o

CIDR® é indicado (bovinos, bubalinos,ovinos e caprinos).

15

3 - MATERIAL E MÉTODOS

3.1 - Ensaio Experimental 1

Na primeira fase do experimento realizado nas instalações de Universidade

Estadual Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), localizada no município de

Campos dos Goitacazes – RJ, foram pesquisados os efeitos do CIDR® sobre a

integridade endometrial em éguas. O CIDR® (Pharmacia, Brasil) é um dispositivo de

material plástico em forma de Y impregnado com 1,5 g de progesterona em veículo

de liberação controlada. Para tanto, foram utilizadas cinco éguas mestiças com

média de idade de 5,5 + 1,8 anos (S=0,8 ano), variando de 6 a 10 anos de idade

(média de 7,8 anos) com baixo escore corporal. Estes animais eram mantidos em

pastejo de capim colonião sem suplementação.

A integridade endometrial foi avaliada através de exames de citologia e

biópsia realizados no Laboratório de Anatomia Patológica da UENF. Antes da coleta

das amostras foram realizadas a assepsia das regiões vulvar e perineal, seguida da

imobilização da cauda utilizando-se uma bandagem de gaze. Os animais foram

contidos em um tronco apropriado para a realização dos procedimentos. O exame

citológico foi feito por meio da análise de esfregaços de amostras endometriais

fixadas com propanol 95% coletadas com swab inseridos no interior da cavidade

16

uterina fixados com uma sonda apropriada. A coloração do esfregaço fixado foi

feita, primariamente com solução de May-Grunwald (Merck 1412) durante 45

segundos e depois, com solução de Giemsa (Merck 9204) durante 15 segundos. As

lâminas foram examinadas em microscópico óptico comum. As amostras para

exames de biópsia foram obtidas por meio do uso de uma pinça de YOMAN de 50

cm de comprimento com a embocadura de, aproximadamente, 0,5 X 2,0 cm que,

após prévia flambagem, foi introduzida na cavidade uterina para se obter uma

amostra. As amostras retiradas foram imediatamente colocadas em solução

fixadora de Bouin por 24 horas, tendo sido transferidas, após este período, para

uma solução de formol a 10%. O tecido fixado foi incluído em parafina e corado pela

hematoxilina-eosina.

Todas as coletas de materiais para exame, assim como o acompanhamento

por ultra-sonografia utilizando-se um equipamento Nokia modelo 500 com

transdutor transretal de 5 Mhz, foram realizados em dois momentos: antes da

colocação do CIDR® e no dia da sua retirada, que foi feita 12 dias após o início do

estudo. Após a retirada dos dispositivos, as éguas foram submetidas a uma

inspeção diária com o intuito de verificar o tempo necessário para a completa

resolução clínica do processo de vaginite. Os animais foram considerados

totalmente recuperados no momento em que não foi observada a presença de

qualquer tipo de secreção com aspecto, cor ou odor considerados anormais.

3.2 - Ensaio Experimental 2

A segunda fase do experimento foi realizada no mês de novembro de 2004

no Haras São Joaquim, localizado no município de Cachoeiro de Itapemirim, sul do

estado do Espírito Santo. Foram utilizadas 66 éguas entre 2,5 anos e 10 anos de

idade (média de 6,5 anos), sadias, não-gestantes, não-lactantes da raça

Mangalarga Marchador, mantidas a campo em pastagem de capim-colonião sem

suplementação alimentar, tendo à disposição mistura mineral e água de boa

qualidade. Todos os animais receberam regularmente as vacinas e os vermífugos

preconizados no programa sanitário adotado no haras. As éguas foram submetidas

a um exame de admissão, que incluiu anamnese, exame clínico geral, ginecológico

manual (retal e vaginal) e ultra-sonográfico dos ovários e do útero. Foi utilizado um

17

tronco de contenção coberto apropriado para a realização de todos os

procedimentos constantes no estudo.

Nesta fase do estudo, as 66 éguas foram divididas em 3 grupos: 22 destas

foram submetidas ao protocolo 1 (grupo 1) com a manutenção do dispositivo por 8

dias, 22 éguas foram submetidas ao protocolo 2 (grupo 2) com a manutenção do

dispositivo por 10 dias e o grupo controle composto pelos 22 animais restantes que

receberam o dispositivo isento de progesterona (obtidos após a manutenção dos

mesmos por 7 dias em solução de éter sulfúrico a 5%) e o mantiveram por 10 dias

na cavidade vaginal. Esta divisão dos animais dentro dos respectivos grupos foi

feita de forma totalmente aleatória quanto ao fator indivíduo e fase do ciclo estral.

Todos os animais foram submetidos, além da inserção dos dispositivos na cavidade

vaginal, à aplicação de outras drogas constantes nos protocolos: prostaglandina

(Lutalyse®), benzoato de estradiol (Estrogin®) e hCG (Vetecor®), O estudo foi conduzido durante todo o mês de novembro de 2004.

3.2.1 - Procedimentos que antecederam a instalação dos protocolos

Visando a minimizar fatores que pudessem influenciar os resultados obtidos

nos protocolos utilizados, antes da instalação dos mesmos, foi estabelecida uma

seqüência de procedimentos descritos a seguir:

• Cadastramento dos animais: foi feita uma ficha individual de todas as

éguas na qual constavam informações referentes aos respectivos históricos e

achados no exame clínico geral e reprodutivo.

• Exame da cavidade vaginal: foi feita uma avaliação visual da cavidade

vaginal através do uso de um espéculo vaginal de Polansky, esterilizado por

flambagem e lubrificado com gel estéril à base de água, objetivando observar a

existência de áreas com quaisquer sinais de processos inflamatórios, infecciosos

e/ou neoplásicos, visto que, uma vez apresentando quaisquer destas

anormalidades, o animal era descartado do estudo.

• Avaliação do trato reprodutivo por ultra-sonografia: foram feitas

avaliações por ultra-sonografia do trato reprodutivo de todas as éguas utilizando-se

um equipamento Nokia modelo 500 com transdutor transretal de 5 Mhz, sendo a

18

primeira avaliação no dia da colocação do dispositivo intravaginal e a última no dia

da retirada do mesmo. As imagens obtidas através destes exames foram impressas

(impressora SONY, UP 890-MD) para que fosse feita uma avaliação mais precisa da

dinâmica útero-ovárica no decorrer do experimento.

Por meio destas avaliações as éguas foram agrupadas em dois grupos

distintos: a) éguas em estro: com presença de folículos maiores de 20 mm em um ou

ambos os ovários e início de edematização do endométrio uterino, traduzido pela

presença de dobras do mesmo, tônus uterino aumentado e abertura cervical; b)

éguas em diestro: ausência de folículos maiores de 20 mm, presença de corpo lúteo,

ausência de edematização, traduzida por aparência homogênea do endométrio

uterino, diminuição do tônus uterino e cérvix fechada. Éguas em anestro (sem

presença de folículos maiores de 10 mm e corpo lúteo) e éguas que apresentassem

alguma patologia uterina (endometrites, cistos, tumores) não foram utilizadas no

estudo.

As características da cavidade vaginal e da cérvix ao exame utilizando-se o

espéculo também foram avaliadas e levadas em consideração em conjunto com os

outros parâmetros para a determinação do estágio do ciclo estral em que o animal

se encontrava. Esta avaliação vaginal com espéculo e o exame por ultra-sonografia

não foram realizados com freqüência diária em função dos riscos de contaminação

que exame especular proporciona e as reações de tenesmo vaginal desencadeadas

pelo exame por ultra-sonografia.

• Coleta de amostras de sangue para realização de hemograma: foram

feitas coletas de duas amostras de sangue da veia jugular de todas as éguas

utilizando-se frascos vaccutainer de 10 ml com heparina sódica para realização de

hemograma completo. A primeira coleta foi realizada no dia da colocação do CIDR®

e a segunda no dia da retirada do mesmo.

19

4 - PROTOCOLOS DE SINCRONIZAÇÃO DE ESTRO E OVULAÇÃO

Os procedimentos realizados na instalação dos protocolos seguiram a

mesma seqüência, somente diferindo quanto ao tempo de permanência do

dispositivo e/ou ao tipo de droga utilizada nos diferentes protocolos conforme

descrito a seguir:

• Introdução do dispositivo intravaginal com progesterona (CIDR®): as

éguas foram higienizadas na sua região ano-genital com água e sabão, desinfetadas

com solução contendo 1% dicloroisocianurato de sódio anidro (Agrisept®, Schering

Plought) e secas com papel toalha. Logo após foi feita a introdução do CIDR ®,

previamente lubrificado com solução antibiótica à base de Gentamicina (Gentrin®,

Laboratório Ouro Fino, Brasil). Com o auxílio de um aplicador específico, também

submetido ao tratamento com a mesma solução antibiótica, os dispositivos foram

introduzidos no interior da cavidade vaginal das 66 éguas participantes do estudo

onde os mesmos permaneceram por 8 dias nos animais do grupo 1 e por 10 dias

nos animais do grupo 2 e do grupo controle. Este dispositivo possui em sua

extremidade posterior um cordel que permanecia suspenso sobre a vulva, e que foi

utilizado para a retirada do mesmo nos dias previstos do dois protocolos.

20

• Aplicação do benzoato de estradiol (Estrogin®) e prostaglandina (Lutalyse®): foi feita uma dose de 10 mg de benzoato de estradiol (Estrogin®,

Farmavet, Brasil) via I.M. logo após a colocação do CIDR®. Simultaneamente foi

aplicado 1 ml de Lutalyse® via I.M. (Laboratório Pharmacia, Brasil), equivalente a

5mg de Dinoprost. Este protocolo foi iniciado nos grupos tratados

independentemente do estágio do ciclo estral em que os animais se encontrassem,

estro ou diestro.

• Retirada do CIDR® e aplicação de prostaglandina (Lutalyse®): decorridos

8 dias do início do protocolo nos animais do grupo 1 e 10 dias nos animais do grupo

2 e do grupo controle foram retirados os dispositivos e imediatamente foi aplicado

uma dose de 1 ml de Lutalyse®, via I.M. em todos os animais .

• Exame da cavidade vaginal: após a retirada do CIDR® foi feito um exame

da cavidade vaginal nos animais utilizando-se o mesmo equipamento e os mesmos

procedimentos utilizados no exame que antecedeu àcolocação do dispositivo.

Naqueles animais que apresentaram indícios de processo inflamatório,

traduzidos por presença de secreção mucopurulenta com cor, aspecto e odor

anormais, foi feito um novo exame a cada 24 horas com o intuito de observar o

período de cura clínica espontânea, tal com foi feito na primeira fase do experimento.

• Monitoramento diário por ultra-sonografia para acompanhamento do desenvolvimento folicular e aplicação de indutor de ovulação: foi feito um

acompanhamento diário por ultra-sonografia a partir da retirada do CIDR® em todas

as éguas até que fosse diagnosticada a presença de um folículo com um diâmetro

mínimo de 35 mm, considerado neste estágio como folículo pré-ovulatório. No

momento em que esta condição foi observada, foi feita a indução da ovulação

através da aplicação de uma dose única de 2.500 U.I de hCG (Vetecor®), por via I.V

na metade dos 30 animais que apresentaram esta condição e na outra metade foi

aplicado 1 ml de Dinoprost (Lutalyse®), por via I.M Esta divisão dos animais que

receberam as drogas foi totalmente aleatória, sendo a mesma utilizada também no

grupo controle.

21

• Realização da cópula: as cópulas foram efetuadas 24 horas após ter sido

diagnosticado o folículo pré-ovulatório de 35 mm em um dos ovários e ter sido feita a

aplicação do indutor de ovulação. Foi feito um monitoramento diário ultra-sonográfico

para que se verificasse a ocorrência da ovulação. Nas éguas nas quais não se

observou a ocorrência da ovulação 48 horas após esta cobertura, uma outra foi

efetuada a cada 48 horas até que a ovulação tivesse se processado.

Estas cópulas foram efetuadas por três garanhões da raça Mangalarga

Marchador com idades de cinco, sete e 13 anos, com fertilidade comprovada através

de exames andrológicos e históricos de coberturas anteriores com índices de

prenhez entre 70 e 80% durante a última estação de monta na qual eles foram

utilizados.

Os exames andrológicos foram realizados 30 dias antes do início da estação

de monta. Os garanhões foram coletados com o auxílio de uma vagina artificial

modelo Hannover. Todos apresentaram boa libido quando em contato com a égua

manequim tendo efetuado a monta num tempo máximo de 5 minutos. As amostras

de sêmen coletadas foram examinadas com o auxílio de um microscópio óptico

comum no aumento de 100 vezes para verificação da motilidade. Os resultados

demonstraram que as três amostras apresentaram motilidade progressiva entre 70 e

80%. A concentração espermática foi avaliada utilizando-se para esse propósito uma

câmara hematimétrica (Newbawer) e os resultados mostraram taxas de

concentração variando entre 120 a 140 milhões de células espermáticas por mililitro.

• Diagnóstico de gestação por ultra-sonografia

Foi realizado o exame por meio da ultra-sonografia nas éguas 15 dias após a

última cobertura para se verificar o índice de prenhez. Outras avaliações ultra-

sonográficas adicionais foram realizadas aos 30 e 45 e 60 dias a fim de se observar

a ocorrência de perdas embrionárias precoces.

Um resumo dos procedimentos realizados nos protocolos utilizados pode ser

observado na figura 1 e na figura 2.

22

Colocação do CIDR Retirada do CIDR® e Ind. ovulaçâo

Aplicação de Estrogin® e Aplicação de fol.≥35mm) ⇓

Lutalyse® (Dia 0) ↓ Lutalyse® (Dia 8) (?)

↓ ⇓ ⇓ ⇓ ⏐ | ⏐ | ⏐ | ⏐ | ⏐ | ⏐ | ⏐ | ⏐ | ⏐ | ⏐ | ⏐ | ⏐ | ⏐ | ⏐ | ⏐___⏐

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Início do protocolo DIAS

Figura 1: Organização esquemática dos procedimentos realizados no estudo: manipulação farmacológica do ciclo reprodutivo da égua através da utilização de um dispositivo impregnado com progesterona de liberação controlada (CIDR ®) por 8 dias.

Colocação do CIDR Retirada do CIDR® e Ind. ovulaçâo *

Aplicação de Estrogin® e Aplicação de fol.≥35mm) ⇓

Lutalyse® (Dia 0) ↓ Lutalyse® (Dia 10) (?)

↓ ⇓ ⇓ ⇓ ⏐ | ⏐ | ⏐ | ⏐ | ⏐ | ⏐ | ⏐ | ⏐ | ⏐ | ⏐ | ⏐ | ⏐ | ⏐ | ⏐ | ⏐___⏐

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Início do protocolo DIAS

Figura 2: Organização esquemática dos procedimentos realizados no estudo: manipulação farmacológica do ciclo reprodutivo da égua através da utilização de um dispositivo impregnado com progesterona de liberação controlada (CIDR ®) por 10 dias.

23

5 - ANÁLISE ESTATÍSTICA

Foram realizadas análises descritivas dos dados obtidos para as diversas

características avaliadas sendo que, para supressão do estro, reação ao CIDR®,

tempo decorrido entre a retirada do CIDR® até a manifestação do estro, tempo de

surgimento de um folículo ≥ 35 mm, freqüência das éguas ovuladas com Lutalyse® e

Vetecor® e éguas prenhas com Lutalyse e Vetecor – foi utilizada a estatística do Qui-

quadrado (2 א), considerando-se um nível de 5% de probabilidade (p<0,05), no

intuito de verificar a independência entre os dados observados e os diversos

tratamentos aos quais as éguas foram submetidas (Gomes,1998).

24

6 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1 - Ensaio experimental 1

A única alteração que pôde ser atribuída ao dispositivo foi a instalação de

um quadro de vaginite com secreção mucopurulenta em 3 dos 5 animais tratados

(60%), mas que apresentou cura espontânea em todos os animais 72 horas após a

sua retirada, não tendo sido necessária a utilização de nenhuma terapia, tal como

relatada por Wild et al.. (2002) e Morete et al.. (2004).

Para a interpretação dos resultados obtidos a partir do exame de citologia

vaginal, foi levado em conta, para se fazer um diagnóstico dos resultados

quantitativos de neutrófilos de um swab, a relação da presença de outras células

(células do epitélio endometrial) dentro de uma contagem total de duzentas células.

O critério utilizado para se considerar um resultado positivo foi aquele proposto por

Ball et al. (1988) que preconiza que a presença de mais de 2% de

polimorfonucleares seja o valor a partir do qual possa se considerar a égua como

portadora de um processo inflamatório.

O resultado dos exames de biópsia endometrial foi baseado na

diferenciação da infiltração celular que ocorre normalmente nas diferentes fases do

ciclo estral em comparação àquela observada nos processos patológicos e o grau

de fibrose das glândulas uterinas (Rickets, 1978).

25

Em todos os exames realizados 72 horas após a retirada dos dispositivos

(ultra-sonografia, citologia e biópsia uterinas), não foi constatada nenhuma alteração

em relação aos resultados obtidos nestes mesmos exames realizados antes da

colocação dos mesmos.

6.2 - Ensaio experimental 2

Os resultados dos valores do teste qui-quadrado ( Pא 2) dos parâmetros

pesquisados nos protocolos de sincronização de estros e ovulação utilizando-se o

CIDR® encontram-se descritos na tabela 2, tabela 3, tabela 4, tabela 5 e tabela 6

(CV=14,5%). Tabela 2: Resultados percentuais dos parâmetros pesquisados em função dos

diferentes protocolos de sincronização de estros e ovulação utilizando-se o CIDR®.

Grupos Parâmetros

1 (CIDR® por 8

dias)

2 (CIDR® por 10

dias)

Controle (CIDR® por 10 dias sem P4)

Valores de 2χ

Estágio do ciclo estral no início do experimento

Estro:100 % Diestro: 0 %

Estro: 72,73 % Diestro: 27,27%

Estro: 81,82 % Diestro: 18,18 %

-

Perdas do CIDR® 9,09% 9,09% 0% -

Supressão do estro

100 % 100 % 11,11 % 47,29*

Reação ao CIDR® (vaginite)

27,38 %

9,09 % 27,38 % 2,90ns

Recuperação da vaginite até 48 hs

100 % 100 % 100 % -

*Teste Qui-quadrado entre vários parâmetros pesquisados, significativo (*) (GL=2,P < 0,05) e não-significativo (ns).

26

Tabela 3: Tempo decorrido e percentual de éguas que manifestaram estro e

presença de folículo ≥ 35 mm em função dos diferentes protocolos de sincronização de estro e ovulação utilizando-se o CIDR®

Grupos Parâmetros

1 (CIDR® por 8 dias)

2 (CIDR® por 10 dias)

Controle (CIDR® por 10 dias

sem P4)

Valores de 2χ

Horas entre a retirada do CIDR®

até a manifestação do estro (hs)

18,20 % -24 81,80 % -48

9,09 % -24 63,64 % -48 27,27 % -72

59,09% - 48 27,27% - 72 13,64% - 96

7,17*

Horas entre a retirada do CIDR® e o surgimento de um folículo ≥ 35 mm (hs)

72,73 % -48 18,18 % -72 9,09 % -regressão folicular

45,45 % -48 18,18 % -72 18,18 % -96 9,10 % -120 9,10 % -regressão folicular

50% - 96 40,90% - 120 9,10% - 144

7,38ns

*Teste Qui-quadrado entre vários parâmetros pesquisados, significativo (*) (GL=2,P < 0,05) e não- significativo (ns)

Tabela 4: Percentuais de resposta a drogas indutoras de ovulação de acordo com o

tempo decorrido Grupos Parâmetros

1 (CIDR® por 8

dias)

2 (CIDR® por 10

dias)

Controle (CIDR® por 10 dias

sem P4)

Valores de 2χ

Tempo decorrido entre a aplicação de Lutalyse® e a ovulação (hs)

80% -48 20% -NO

20% -24 20% -48 20% -72 40% -NO

60%-NO 40% regressão folicular)

-

Tempo decorrido entre a aplicação de Vetecor® e a ovulação (hs)

20% -24 60% -48 20% -NO

60% -48 20% -72 20% -NO

60% -48 40% -NO

-

*Teste Qui-quadrado entre vários parâmetros pesquisados, significativo (*) (1/GL=2, 2/GL=3, P < 0,05) não-significativo (ns)

27

Tabela 5: Freqüências percentuais de éguas ovuladas e prenhes de acordo com a droga e o tempo de duração do protocolo

Grupos Parâmetros

1 (CIDR® por 8

dias)

2 (CIDR® por 10

dias)

Controle (CIDR® por 10 dias

sem P4)

Valores de 2χ

Éguas ovuladas com Lutalyse®

80% 60% 0 % 1-13,93* 2- 0,95 ns

Èguas ovuladas com Vetecor®

80%

80% 60% 1,36ns

Èguas prenhas com Lutalyse®

75% 66,66 %

0% 1 e 2- 0,12ns

Éguas prenhas com Vetecor®

50%

75% 66,66% 1,11ns

*Teste Qui-quadrado entre vários parâmetros pesquisados, significativo (*) (GL=2, P < 0,05) não-significativo- (ns)

Tabela 6: Percentuais de distúrbios de gestação e sistêmicos observados nos

diferentes grupos tratados com CIDR®

Grupos Parâmetros

1 (CIDR® por 8

dias)

2 (CIDR® por 10

dias)

Controle (CIDR® por 10 dias

sem P4)

Valores de 2χ

Perdas embrionárias

0% 9,90% 0%

Leucocitose 100% 100% 100% - *Teste Qui-quadrado entre vários parâmetros pesquisados, significativo (*) (GL=1,P < 0,05) não-significativo (ns) 6.2.1 - Estágio do ciclo estral no início do experimento

Após o exame reprodutivo admissional, constatou-se que 100% (22/22),

72,73% (16/22) e 81,82% (18/22) dos animais do grupo 1, grupo 2 e do grupo

controle, correspondente a 84,84% (56/66) do total de animais respectivamente

encontravam-se em estro no início do trabalho.

Neste estudo, mesmo com o número reduzido de animais que se encontrava

no diestro (animais em anestro não foram utilizados), foi possível observar que

embora a resposta ao tratamento em forma de estro e de ovulação (grupos 1 e 2)

tenha se mantido na média dos animais em estro, nenhum destes animais levou a

28

gestação a termo, ou seja, dos 10 animais em que se iniciou o protocolo que se

encontravam em diestro, apenas 2 tornaram-se gestantes, sendo que ambos,

sofreram processo de reabsorção embrionária detectada por ultra-sonografia aos 30

dias pós-cobertura.

Handler et al. (2004) utilizaram um dispositivo intravaginal PRIDTM (Sanofi,

França) em éguas, objetivando estudar os efeitos deste nos diferentes estágios do

ciclo reprodutivo e a secreção de progesterona e LH (hormônio luteinizante),

concluíram que a presença de um corpo lúteo no momento da colocação do

dispositivo tem um importante impacto na eficácia do tratamento. No presente

estudo provavelmente pode-se ter evitado esta interferência com a incorporação da

aplicação da prostaglandina no início dos protocolos testados.

Os melhores resultados obtidos nos animais em estro talvez tenha sido

devido à aplicação do benzoato de estradiol e da prostaglandina no início do

protocolo, levando à inibição hipotalâmica e a destruição do tecido luteal levando à

uma redução dos níveis sanguíneos do FSH e da progesterona, respectivamente, tal

como afirmaram Squires et al. (1979) e (Webel, 1975).

6.2.2 - Perdas do dispositivo

O percentual de perdas dos dispositivos foi de 9,09% (2/22) nos grupos 1,

9,09% (2/22) no grupo 2 e 0% no grupo controle, importando num total de perdas de

6,06% (04/66). Em razão das perdas, torna-se necessário que novos estudos sejam

realizados visando elaborar um dispositivo mais adaptado à anatomia da égua

desde que, mantenha a sua eficiência em permanecer no local adequado durante o

tempo do protocolo, tal como o observado neste estudo.

Não se dispõem de dados na literatura que estabeleçam valores médios de

perdas de dispositivos intravaginais em éguas, talvez pelo pequeno número de

estudos desenvolvidos com estes dispositivos nesta espécie.

Cabe salientar, entretanto, que o período máximo no qual os animais

permaneceram sem o dispositivo foi de 12 horas, uma vez que, no momento em que

era feita uma das duas inspeções diárias e era constatada a perda do dispositivo,

outro era imediatamente reposto.

29

Acredita-se que estas perdas não tenham causado interferência nos

resultados obtidos, pois os 4 animais que perderam os dispositivos encontravam-se

em estro no início do experimento, tendo interrompido sua manifestação 24 horas

após a sua colocação, só tendo retornado a essa condição após a retirada do

dispositivo. Isto demonstra que o tempo em que o animal ficou sem a influência

hormonal não foi suficiente para causar o desbloqueio hipotalâmico-hipofisário a

ponto de levar o animal a manifestar sinais de estro.

6.2.3 - Supressão do estro

No presente estudo não foi observada manifestação de estro em nenhum

dos animais do grupo 1 (22/22) e do grupo 2 (16/16), conforme demonstrado na

figura 3, o que demonstra que a progesterona contida no dispositivo foi liberada em

quantidades suficientes para promover a inibição dos sinais do estro.

A aplicação do Lutalyse® no primeiro dia do protocolo foi realizada com o

propósito de eliminar qualquer fragmento de tecido luteal que porventura existisse

nos ovários. Com este procedimento, nos certificamos de que não haveria secreção

de progesterona pelo tecido ovariano.

A supressão do estro em 100% dos grupos tratados com o CIDR® com

progesterona coincide com o valor obtido por Wild et al. (2002) utilizando o PRID®

em 11 éguas durante 12 dias não tendo sido evidenciada a manifestação de estro

em nenhum dos animais durante este período.

30

% de Supressão do Estro

100,0 100,0

11,1

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

120,0

1 2 3

Grupo

Freq

uenc

ias

(%)

Figura 3: Porcentagem de supressão do estro observada em três diferentes grupos

de tratamentos. grupo 1 = 8 dias com CIDR®; grupo 2 = 10 dias com CIDR® e grupo 3 = 10 dias com CIDR® sem progesterona (controle). (GL= 2,P < 0,05)

As taxas de supressão do estro obtida neste trabalho superaram aquelas

obtidas por Morete et al., (2004), que utilizando o dispositivo intravaginal Triu-B

®onde todas as éguas encontravam-se em estro no início do experimento,

observaram uma taxa de 89% (16/18) de supressão no grupo tratado e de 20% (1/5)

no grupo controle utilizando placebo. No presente estudo, o grupo controle,

apresentou uma taxa de supressão do estro de 11,11% (2/18), inferior aos valores

observados por Morete et al., (2004), oque nos sugere que a progesterona seja

liberada pelo CIDR ®em quantidades suficientes para causar a supressão do estro.

Assim como nos trabalhos realizados por Newcomb (1998) e Wilde et al.

(2002) onde foram testados dispositivos intravaginais com progesterona para

sincronização de estros em éguas sem que se fosse feito monitoramento dos níveis

séricos deste hormônio, também não foram realizados estes testes no presente

estudo. A eficiência destes dispositivos foi avaliada por diversos parâmetros, tais

como: a supressão do estro confirmada através da observação do comportamento

sexual, o bloqueio do desenvolvimento folicular com inibição da ovulação pelo

bloqueio do LH e posteriormente a sincronização do estro e ovulação, sendo

determinados através de monitoramento ultra-sonográfico das dinâmicas uterina e

31

ovariana. O efeito sobre a mucosa vaginal por meio do acompanhamento de

visualização direta da cavidade vaginal foi feito através do uso de espéculo; a

reação inflamatória por meio de exames hematológicos e o efeito sobre as taxas de

fertilidade por meio do acompanhamento ultra-sonográfico para diagnóstico e

manutenção da gestação. Mottershead (2004) afirma ser impossível se obter uma

acurada mensuração do status dos níveis de progesterona séricos em éguas, uma

vez que ocorrem oscilações diárias e dentro de um mesmo dia. O mesmo autor

recomenda que, caso se queira ter uma idéia aproximada sobre os níveis de

progesterona em uma égua deve-se efetuar de 3 a 4 coletas diárias, por no mínimo

4 dias seguidos.

6.2.4 - Reação ao dispositivo e tempo de recuperação da vaginite

Com relação à reação ao dispositivo, análise estatística mostrou não ter

havido significância (p>0,05) entre os grupos tratados e o grupo controle (figura 4) o

que demonstra que a reação inflamatória desencadeada deveu-se à presença

mecânica do dispositivo (trauma físico) e não ao hormônio (progesterona) nele

contido.

32

Reação ao CIDR

0

5

10

15

20

25

30O

corr

ênci

a de

Vag

inite

(%)

Figura 4: P

gc

Dife

apresentara

no presente

torno de 21

7). Esta dife

solução an

dispositivos

éguas.

A n

se, certame

presença d

bovinos. A

consumo, e

agradaria v

entretanto,

embriões o

sentimentos

de produçã

27,38

1 2

Tratamento

9

orcentagem da ocorrênrupos de tratamentos. gom CIDR®; e grupo 3 = 1

rente do observado por

m uma reação inflamató

estudo, observamos u

,22% (14/66) com 100%

rença pode ser explicad

tibiótica a base de gent

antes dos mesmos ter

ão indicação deste dispo

nte, ao fato do mesmo

e secreção mucopurul

diferença reside no fa

nquanto que os eqüinos,

er o animal manifesta

não seria o bastante, v

u simplesmente como m

tão conservadores nos

o ou mesmo instrumento

27,38

Seqüência1

9,0

3

cia de vaginite observadas em três diferentes rupo 1 = 8 dias com CIDR®; grupo 2 = 10 dias 0 dias com CIDR ® sem progesterona (controle.)

Morete et al., (2004), onde 74% dos animais

ria e obtiveram cura espontânea em 72 horas,

ma incidência deste processo inflamatório em

dos animais recuperados em 48 horas (Figura

a pelo fato de ter sido feita uma aspersão com

amicina (Gentrin®, Laboratório Ouro Fino) nos

em sido introduzidos na cavidade vaginal das

sitivo intravaginal para a espécie eqüina deve-

desencadear uma reação inflamatória local com

enta pouco abundante tal como ocorre nos

to de bovinos serem vistos como animais de

na sua maioria, não o são e ao proprietário não

ndo sinais de desconforto. Este argumento,

isto que animais utilizados como receptoras de

atrizes na maioria das vezes, não despertam

seus proprietários, sendo vistos como animais

s para uma atividade profissional ou esportiva.

33

Outro fator relevante reside no fato de que a reação inflamatória

desencadeada foi localizada e restrita à área ocupada pelo dispositivo tendo cura

espontânea dois a três dias após a sua retirada sem comprometimento de outras

partes do aparelho genital, além de não haver comprometimento da fertilidade

conforme verificou Newcombe, (1998). Estes efeitos restritos à cavidade vaginal

foram comprovados na primeira fase do estudo realizado com 05 éguas onde foram

feitas avaliações por meio de ultra-sonografia, exames de citologia e biópsia

uterinas, não tendo sido observada nenhuma alteração na integridade endometrial

que pudesse ser atribuída ao dispositivo.

Em 100% dos animais participantes do estudo, observou-se uma completa

recuperação em 72 horas sem que houvesse necessidade de qualquer tipo de

tratamento. Isso indica que esta vaginite não se constituiu, neste estudo, em um

empecilho ao uso do dispositivo em protocolos de sincronização na espécie eqüina

ao contrário do que muitos alegam, inclusive até os próprios fabricantes do

dispositivo, utilizado no experimento, e de seus similares.

6.2.5-Tempo decorrido entre a retirada do dispositivo até a manifestação do estro

Observou-se uma diferença estatística significativa (p<0,05) entre os grupos

1 e 2 em relação ao tempo decorrido entre a retirada do dispositivo e a manifestação

do estro. Conforme pode ser observado na figura 5, as éguas do grupo 1

apresentaram a maior concentração de estro nas primeiras 48 horas com 81,8%

(18/22), enquanto que as éguas do grupo 2 apresentaram 63,64% (14/22) dos

animais com manifestações de estro até 48 e o restante até 72 horas, ou seja,

27,27% (6/22). Esta diferença pode ser explicada pelo menor tempo de exposição à

progesterona dos animais do grupo 1 que possa ter levado à uma menor

sensibilização do eixo hipotalâmico-hipofisário e que estes animais tenham tido um

menor período refratário à resposta ocasionada no momento da supressão do

fornecimento da progesterona com a retirada do dispositivo ou que a retirada da

fonte de progesterona após um período mais curto tenha ocorrido num momento

mais favorável da onda folicular.

34

Tempo de Ocorrência do Estro

18,2

81,8

0,0

63.6

27.3

9.1

0.010.020.030.040.050.060.070.080.090.0

24 48 72

Tempo (h)

Freq

uênc

ia (%

)

Grupo 1Grupo 2

Figura 5: Porcentagem da ocorrência do estro observadas em três diferentes grupos

de tratamentos. grupo 1 = 8 dias com CIDR®; grupo 2 = 10 dias com CIDR®; e grupo 3 =10 dias com CIDR® sem progesterona (controle) (GL=2,P < 0,05)

Os resultados obtidos no presente estudo diferem daqueles obtidos por Wild

et al. (2002) que, utilizando o PRID ® em 11 éguas durante 12 dias, observaram que

das 10 éguas que exibiram estro uma (10%) o manifestou 24 horas após a retirada,

duas (20%) após 18 horas e cinco (50%) após 72 horas. As outras duas restantes

apresentaram estro 5 a 6 dias após a retirada do dispositivo.

No presente estudo a aplicação de prostaglandina no momento da retirada

da fonte de progesterona artificial (CIDR®) contribuiu para que não existisse tecido

luteal no ovário visto que caso isso viesse a acontecer poderia bloquear a liberação

de hormônios hipotalâmicos e hipofisários, impedindo, desta forma, o início de uma

nova onda folicular.

35

6.2.6-Tempo decorrido entre a retirada do CIDR® até a detecção de um folículo

≥ 35mm

Não foi constatada diferença estatística significativa (p>0,05) entre os

grupos, sendo que a maioria dos animais no grupo 1 (72,73% ; 8/11), e 45,45%

(5/11) do grupo 2 apresentou o folículo ≥ 35 mm até 48 horas após a retirada do

CIDR®, enquanto que o grupo controle apresentou esta condição em até 96 horas

(11/22).

Pode-se concluir a partir destes dados, que o tempo de permanência do

dispositivo não interferiu na taxa de crescimento folicular. Isto, na verdade, já era

esperado uma vez que segundo Wild et al. (2002) a progesterona tem efeito

inibitório sobre a ação do hormônio responsável pela ovulação (LH), mas não

interfere na ação do hormônio responsável pelo crescimento folicular (FSH).

Morete et al. (2004) observou que a média de tempo decorrida entre a

retirada dos dispositivos e a aplicação de hCG foi de 64 + 12 hr (p<0,68) e a

ovulação foi 110 + 14 h para todos os grupos (p<0,82). Apesar de no momento da

retirada do dispositivo 74% das éguas apresentassem vaginite purulenta, este

quadro desapareceu espontaneamente em 72 horas. Os autores concluíram que o

uso dos dispositivos diminuiu a o período de transição e induziu a ovulação em 38%

das éguas tratadas.

A aplicação de uma segunda dose de prostaglandina no momento da

retirada do CIDR® deveu-se ao fato de existir a possibilidade de, no momento da

aplicação da primeira dose de prostaglandina o corpo lúteo presente não

apresentasse maturidade para ser susceptível à ação da prostaglandina, o que só

ocorre naquelas estruturas formadas após 6 dias da ovulação conforme descrito por

Loy et al. (1981).. Outra possibilidade é a de ocorrer ovulação de um folículo mesmo

durante o tratamento, onde se pressupõem ter ocorrido o bloqueio da secreção de

LH através da progesterona, com a formação de um corpo lúteo o que iria interferir

no surgimento de uma nova onda folicular ao final do tratamento caso a

prostaglandina não fosse aplicada.

36

6.2.7-Tempo decorrido entre a aplicação do indutor de ovulação até a ovulação

Com relação ao tempo decorrido entre a aplicação do indutor de ovulação e

a ovulação e considerando somente os animais que responderam à terapia

ovulatória (4 animais do grupo 1; 6 do grupo 2 e 10 do grupo controle não ovularam,

sofrendo luteinização prematura ou apresentaram regressão folicular) todos os 3

grupos apresentaram uma maior concentração de ovulações 48 horas após a

aplicação dos indutores de ovulação com 100% (8/8) para Lutalyse® e 100% (8/8)

para Vetecor® no grupo 1; 66,66% (4/6) para Lutalyse®, 75% (6/8) para Vetecor® no

grupo 2 e 0 % (0/10) para Lutalyse® e 100% (6/6) para Vetecor® no grupo controle.

Estes resultados diferem daqueles obtidos por Newcombe (1997), onde 98% (57/58)

das éguas apresentaram ovulações entre os dias zero e 6 pós-tratamento após a

aplicação de 2.500 U.I de hCG.

O fato de nenhuma das éguas do grupo 3 (controle) ter ovulado após a

aplicação do Lutalyse® pode ser explicado pelo fato de que nenhuma delas

apresentava um folículo com diâmetro mínimo de 40 mm no momento da aplicação

do medicamento. Autores como Mckinnon (1997) e Hafez (2004) descreveram que

somente folículos com diâmetro igual ou superior à 40 mm são responsivos à ação

ovulatória das prostaglandinas. Isto ocorreu devido ao fato de que, quando o

monitoramento foi iniciado todas apresentavam folículos menores que 40 mm (a

aplicação do Lutalyse® era realizada no momento em que o folículo atingia o

diâmetro de 35 mm) enquanto que algumas éguas dos grupos 1 e 2 apresentaram

folículos com diâmetro igual ou superior à 40mm no momento da retirada do CIDR®,

o que poderia explicar a resposta favorável dos animais destes grupos.

Não deve ser deixado de levar em conta que, não só o diâmetro folicular no

momento da aplicação do Lutalyse® é importante para explicar a diferença

observada entre a resposta ao tratamento entre os grupos tratados e o grupo

controle mas também o fato dos grupos responsivos terem sido previamente

sensibilizados por meio do uso da progesterona contida no CIDR®.

Hafez, (2004) relatou a propriedade das prostaglandinas em induzir a

ovulação em folículos com diâmetro igual ou maior de 40 mm. Com o objetivo de

verificar a eficiência desta droga com este intuito, a mesma foi empregada em

metade dos animais que foram utilizados no experimento, sendo que a outra metade

recebeu o hCG, droga universalmente consagrada como sendo aquela que

37

apresenta os melhores resultados quando o objetivo é o de induzir a ovulação em

éguas.

Este procedimento foi adotado visto que o aumento dos índices de fertilidade

proporcionados pela utilização do hCG já foi confirmado por trabalhos científicos de

vários autores como MacDonald (1983) e Palmer (1985) e a não utilização destas no

grupo controle poderia nos levar a conclusões distorcidas.

Diferença significativa quanto ao número de éguas ovuladas com Lutalyse®,

foi observada pelo teste do (p<0,05) quando comparados os três grupos

experimentais. Para validar o motivo de tal diferença, se devido ao tempo de

presença do dispositivo na cavidade vaginal, ou a presença do hormônio, aplicou-se

o referido teste somente nos grupos 1 e 2, o qual demonstrou resultado não-

significativo ( =0,95

2χ ns). Dessa forma, fica evidenciado que a diferença identificada

se deve a presença do hormônio e não ao tempo de exposição do mesmo.

Assim, com relação à percentagem de éguas ovuladas com Lutalyse®, observou-se uma diferença estatística significativa (p<0,05) entre os grupos tratados

e o controle o que poderia reforçar a nossa recomendação de se utilizar o protocolo

do grupo 1 pelas vantagens já descritas. (figura 9)

Com relação à percentagem de éguas ovuladas com Lutalyse®, observou-se

uma diferença estatística significativa (p<0,05) entre os grupos tratados o que

poderia reforçar a nossa recomendação de se utilizar o protocolo do grupo 1 pelas

vantagens já descritas e pelo mesmo ter apresentado uma maior taxa de ovulação

quando comparado aos outros dois grupos (figura 6).

38

Ovulação com Lutalyse

80.060.0

0.00.0

50.0

100.0

1 2 3

Grupo

Ovu

laçã

o (%

)

Figura 6: Porcentagem da ocorrência de ovulação com Lutalyse® observadas em

três diferentes grupos de tratamentos. grupo 1 = 8 dias CIDR®; grupo 2 = 10 dias com CIDR®; e grupo 3 = 10 dias com CIDR® sem progesterona (controle). (GL=2,P < 0,05)

Não foram encontrados na literatura trabalhos com dispositivos intravaginais

em éguas que relatassem o uso da prostaglandina com o intuito de promover a

ovulação. Em relação à percentagem de éguas ovuladas com Vetecor® não foram

observadas diferenças estatísticas significativas (p<0,05) entre os grupos tratados e

o grupo controle (80% (8/10) do grupo 1, 80% (8/10) do grupo 2 e 60% (6/10) do

grupo controle), como pode ser observado na figura 7 Isto nos sugere que o

dispositivo utilizado não interferiu na eficiência da droga utilizada na indução da

ovulação. Os resultados foram semelhantes àqueles obtidos por Newcomb (1998)

onde 98% das éguas tratadas com hCG ovularam.

39

Ovulação com Veronal

80.0 80.060.0

0.020.040.060.080.0

100.0

1 2 3

Grupo

Ovu

laçã

o (%

)

Ovulação com Vetecor®

Figura 7: Porcentagem da ocorrência de ovulação com Vetecor® observada em três diferentes grupos de tratamentos. grupo 1 = 8 dias com CIDR®; grupo 2 = 10 dias com CIDR®; e grupo 3 = 10 dias com CIDR® sem progesterona (controle). (GL=1,P < 0,05)

Pode-se concluir através dos resultados obtidos que, uma vez não havendo

diferença na resposta ao tratamento nos diferentes protocolos, deve ser

recomendada a adoção do protocolo utilizado no grupo 1.

6.2.8 - Percentagem de éguas prenhes

Com relação à percentagem de éguas tratadas com Lutalyse®, foram

observadas diferenças estatísticas significativas (p<0,05) entre os três grupos

testados. Quando comparados apenas os grupos 1 e 2, essas diferenças não

ocorreram, o que possibilita afirmar que as diferenças encontradas são devido a

utilização ou não do Lutalyse®. Observaram-se 75% de prenhez para o grupo 1

(6/8), 66,66% (4/6) para o grupo 2 e 0% para o grupo controle. Isso demonstra que a

pré-sensibilização com a progesterona contida no CIDR® teve influência direta na

eficiência da prostaglandina em induzir a ovulação com conseqüente reflexo nos

índices de prenhez obtidos com esta droga (figura.8).

40

Taxa de Prenhêz com Lutalyse

75,066,7

0102030405060708090

1 2

Grupo

Freq

uênc

ia (%

)

Figura 8 Porcentagem de prenhez com Lutalyse® observadas em dois diferentes grupos de tratamentos. Grupo 1 = 8 dias com CIDR®; Grupo 2 = 10 dias com CIDR® (GL=1, P < 0,05)

Não foi observada diferença estatística significativa (p>0,05) entre os grupos

tratados com Vetecor®, sendo 50% para o grupo 1 (04/08), 75% (6/8) para o grupo 2

e 66,66% (04/06) para os tratados com Vetecor® (Figura 9); não havendo

interferência nas taxas de prenhez nem pelo uso do dispositivo, nem tampouco pelo

uso do hCG como droga indutora de ovulação .

41

Taxa de Prenhêz com Veronal

50

75

66.7

0

10

20

30

40

50

60

70

80

1 2 3

Grupo

Freq

uênc

ia (%

)

Taxa de prenhez com Vetecor®

Figura 9: Porcentagem de prenhez com Vetecor® observadas em três diferentes grupos de tratamentos. grupo 1 = 8 dias com CIDR®; grupo 2 = 10 dias com CIDR®; e grupo 3 = 10 dias com CIDR® sem progesterona (controle.)

Newcombe, (1998) utilizando o CIDR® obteve uma taxa de prenhez de 65%

(37/58), cabendo salientar que neste experimento o autor trabalhou durante vários

ciclos estrais enquanto que o presente trabalho restringiu-se apenas a um ciclo.

6.2.9 - Hemograma

Por se tratar de um corpo estranho que permaneceria de 8 a 10 dias na

cavidade vaginal das éguas tratadas, o CIDR® tenderia a desencadear uma reação

inflamatória, assim como descrito por Wild et al.. (2002).

Não foram observadas alterações nos valores da série vermelha e na contagem total

de plaquetas.

Foi observada uma diminuição da concentração sanguínea do número total

de leucócitos circulantes (leucopenia) no exame realizado após a retirada do

dispositivo em relação aos valores observados no primeiro exame, antes da

42

colocação dos dispositivos intravaginais em 100% dos animais de ambos os grupos

que utilizaram o CIDR® com progesterona (grupo 1 e grupo 2) e do grupo que

utilizou o CIDR® sem progesterona (grupo controle).

Isso demonstra que o processo inflamatório foi desencadeado pelo trauma

mecânico proporcionado pela presença do dispositivo e não pela ação da

progesterona, ao contrário observado por Palmer (1985) que atribuiu à presença do

Altrenogest (Regu-Mate®) impregnado em esponjas colocadas na cavidade vaginal

como agente causal da inflamação e aderência observadas na mucosa vaginal.

A leucopenia desencadeada pelo uso do CIDR® e a observação da cura de

processos inflamatórios endometriais através do uso deste em alguns animais no

decorrer do experimento, apesar das contra-indicações, sugere que a migração

leucocitária ocorra para todo o aparelho reprodutivo e não somente para a cavidade

vaginal.

Não foram encontrados na literatura trabalhos com dispositivos intravaginais

em éguas que tenham investigado a relação do seu uso com possíveis alterações

hematológicas.

6.2.10 - Perdas embrionárias

Foi registrada uma percentagem de 9,9% de perdas embrionárias no grupo 2

(2/22), não tendo sido observada nenhuma perda nos grupos 1 e controle.

Este baixo índice nos leva a concluir não ter havido influência do CIDR® na

fertilidade dos animais tratados.

Não foram encontrados na literatura trabalhos com dispositivos intravaginais

em éguas que relatassem o percentual de perdas embrionárias ocorrido após o uso

destes.

43

7-CONCLUSÕES

O CIDR® mostrou-se eficiente para a sincronização de estros e ovulações,

sendo sugerido a utilização do protocolo de 8 dias pela redução de custos que este

proporciona

O uso do CIDR® não comprometeu os índices de fertilidade, tendo os mesmos

se mantido dentro da média esperada para a espécie eqüina em um ciclo estral.

O uso da prostaglandina mostrou-se eficiente para a indução da ovulação em

previamente tratadas com o CIDR®, constituindo-se na droga de escolha para este

propósito uma vez que o seu preço é expressivamente inferior ao hCG, e pelo fato

adicional de não sensibilizar o organismo animal a produzir anticorpos.

O único efeito sistêmico causado pelo uso do CIDR® foi uma leucocitose, que,

no entanto, não comprometeu o estado de saúde geral dos animais

O tratamento prévio do CIDR® com solução antibiótica a base de gentamicina

parece ter contribuído para a redução da resposta inflamatória, devendo, pois, ser

adotado como rotina.

Esta alta taxa de sincronização observada nos mostra que o CIDR® pode

constituir-se numa ferramenta reprodutiva extremamente útil nos protocolos de

sincronização tanto para a inseminação de matrizes como para éguas receptoras de

44

embriões, reduzindo substancialmente o número destas em um programa de

transferência de embriões.

45

8-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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