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ESTUDO DO CARCINOMA FOLICULAR DA TIREÓIDE: ANÁLISE COMPARATIVA COM CARCINOMA PAPILÍFERO Heloisa Marques Moreira Nobrega Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Medicina (Endocrinologia), Faculdade de Medicina, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Medicina (Endocrinologia). Orientador: Prof. Dr. Alexandru Buescu Rio de Janeiro Fevereiro/2008

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ESTUDO DO CARCINOMA FOLICULAR DA TIREÓIDE: ANÁLISE COMPARATIVA

COM CARCINOMA PAPILÍFERO

Heloisa Marques Moreira Nobrega

Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Medicina (Endocrinologia), Faculdade de Medicina, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Medicina (Endocrinologia).

Orientador: Prof. Dr. Alexandru Buescu

Rio de Janeiro

Fevereiro/2008

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ii

ESTUDO DO CARCINOMA FOLICULAR DA TIREÓIDE: ANÁLISE COMPARATIVA

COM CARCINOMA PAPILÍFERO

Heloisa Marques Moreira Nobrega

Orientador: Prof. Dr. Alexandru Buescu

Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Medicina

(Endocrinologia), Faculdade de Medicina, da Universidade Federal do Rio de Janeiro –

UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de mestre em

Medicina (Endocrinologia).

Aprovada por:

______________________________________________________

______________________________________________________

_______________________________________________________

Rio de Janeiro

Fevereiro/ 2008

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FICHA CATALOGRÁFICA

Nobrega, Heloisa Marques Moreira

Estudo do carcinoma folicular da tireóide: análise comparativa com carcinoma papilífero / Heloisa Marques Moreira Nóbrega. – Rio de Janeiro: UFRJ / Faculdade de Medicina, 2008.

xiii, 56 f. : il. ; 31 cm. Orientador: Alexandru Buescu

Dissertação (mestrado) – UFRJ/Faculdade de Medicina, Programa de Pós-Graduação em Medicina, Endocrinologia, 2008.

Referências bibliográficas: f. 48-53 1. Neoplasias da glândula tireóide. 2. Prognóstico. 3. Recidiva.

4. Carcinoma. 5. Metástase neoplásica. 6. Distribuição por idade e sexo. 7. Estadiamento de neoplasias. 8. Humano. 9. Endocrinologia – Tese. I. Buescu, Alexandru. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Medicina, Programa de Pós-Graduação em Medicina, Endocrinologia. III. Título.

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DEDICATÓRIA

Para meu filho Felipe,

que mesmo sem entender participou de tudo.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu amado marido Eduardo, que faz dos meus, os nossos sonhos e que

com carinho e paciência realizou o trabalho estatístico deste estudo.

Aos meus pais, Terezinha e Márcio, alicerce de meus valores, sempre

disponíveis e presentes de forma incondicional em todos os meus projetos.

As minhas queridas irmãs, Letícia e Marilia, pelo eterno incentivo e carinho.

Em especial a minha querida amiga Sabrina Mendes Coelho, presença

fundamental em todas as etapas de minha tese com quem sempre pude contar em

todos os momentos.

Ao Prof. Dr Mário Vaisman por seu estímulo e objetividade.

Ao meu querido orientador Prof. Dr Alexandru Buescu que com tranqüilidade me

orientou na elaboração de minha tese.

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RESUMO

Dentre os carcinomas bem diferenciados da tireóide o carcinoma folicular é tido como

mais agressivo que o papilífero. Questiona-se, entretanto se a maior morbi-mortalidade

do carcinoma folicular está relacionada diretamente ao estadiamento inicial mais

avançado ou a sua própria história natural. Este estudo tem por objetivos: 1- Avaliar o

carcinoma folicular quanto a seu estadiamento inicial e sua evolução ao longo do

tempo comparando com carcinoma papilífero de mesmo estadiamento inicial e 2-

Analisar risco de persistência e recorrência da doença em carcinoma folicular através

dos seguintes fatores prognósticos: sexo, idade, subtipo histológico, tamanho do tumor,

tipo de tratamento inicial, estadiamento inicial, invasividade, presença de metástases

para linfonodos e metástases à distância ao diagnóstico. Foram estudados

retrospectivamente 42 pacientes com carcinoma folicular e 68 com carcinoma

papilífero. Os seguintes fatores foram relacionados à maior risco de persistência e/ou

recorrência em carcinoma folicular: idade maior que 45 anos (p: 0,040), tumores

amplamente invasivos (p: <0,001), tumor maior que 4 cm (p: 0,011), estadiamentos

iniciais III e IV (p: 0,011). Neste estudo, carcinoma folicular e papilífero apresentaram

taxa de remissão de 71 e 63%, respectivamente. Quando comparados a partir do

mesmo estadiamento inicial, a evolução foi semelhante entre os 2 tipos histológicos.

Palavras-chave: Câncer de tireóide, prognóstico.

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vii

ABSTRACT

Among the well-differentiated thyroid carcinomas, the follicular carcinoma is considered

more aggressive than the papillary. However, the question is if the higher morbimortality

of follicular carcinoma is directly associated with its more advanced initial staging or its

own natural history. The objectives of this study are: 1- Evaluate the follicular carcinoma

regarding its initial staging and its prognosis over time compared with the papillary

carcinoma presenting with the same initial staging and 2- Analyze the risks of persistent

and recurrent disease in follicular carcinoma considering the following prognostic

factors: sex, age, histologic subtype, tumor size, type of treatment, initial staging,

pattern of invasion, presence of lymph node metastases and distant metastases at

diagnosis. Forty-two patients with follicular carcinoma and 68 patients with papillary

carcinoma were studied retrospectively. The following factors were associated with high

risk for persistent and/or recurrent disease in follicular carcinoma: patients with more

than 45 years old (p: 0,040), widely invasive tumors (p<0,001), tumors larger than 4 cm

(p: 0,011) and initial stages III and IV (p: 0,011). In this study, follicular and papillary

carcinoma presented disease-free rates of 71 and 63%, respectively. Both histologic

types presented similar prognosis considering the same initial staging.

Keywords: Thyroid cancer, prognosis.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

Ac anti -Tg Anticorpo anti-tireoglobulina

AGES Age, Grade, Extrathyroid Extension and Size

AJCC American Joint Committee on Cancer

AMES Age, Metastases, Extrathyroid extension and Size

CCH Carcinoma de células de Hürthe

EORTC European Organization for Research and Treatment of Cancer

MACIS Metastases, Age, Completeness of resection, Invasion, Size

PAAF Punção aspirativa por agulha fina

PCI Pesquisa de corpo inteiro

rhTSH TSH recombinante humano

T3 livre Triiodotironina livre

T4 livre Tiroxina livre

Tg Tireoglobulina

TSH Hormônio estimulador da tireóide

UICC International Union Against Cancer

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ix

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Pág.

Tabela 1: Sobrevida de pacientes com carcinoma papilífero da tireóide

(Adaptado de Lang e cols, 2007 C) 16

Tabela 2 Classificação quanto ao tamanho tumoral segundo

a UICC 23

Tabela 3 Classificação quanto ao estadiamento inicial segundo a UICC 23

Tabela 4 Características iniciais dos pacientes com carcinoma folicular e

papilífero 29

Figura 1 Carcinoma folicular. Fator prognóstico: sexo 30

Figura 2 Carcinoma folicular. Fator prognóstico: Idade 31

Figura 3 Carcinoma folicular. Fator prognóstico: Tipo de tratamento 32

Figura 4 Comparação entre estadiamento inicial e tipo de tratamento

em carcinoma folicular 33

Figura 5 Carcinoma folicular: Fator prognóstico: Estágio inicial 34

Figura 6 Carcinoma folicular. Fator prognóstico: Grau de invasão 35

Figura 7 Carcinoma folicular. Fator prognóstico: Diâmetro tumoral 36

Figura 8 Carcinoma folicular. Fator prognóstico: Tipo histológico 37

Figura 9 Carcinoma folicular. Fator prognóstico: Metástases para linfonodos 38

Figura 10 Carcinoma folicular. Fator prognóstico: Metástases à distância 39

Figura 11 Comparação da evolução entre carcinomas folicular e papilífero 40

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Figura 12 Comparação da evolução entre carcinomas folicular e papilífero

a partir de seu estadiamento inicial 41

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xi

LISTA DE ANEXOS

Pág.

Anexo 1 Classificação do carcinoma da tireóide pela 6ª edição da UICC 55

Anexo 2 Base de dados dos pacientes com carcinoma papilífero e folicular 56

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xii

SUMÁRIO

Pág.

1 INTRODUÇÃO 01

2 REVISÃO DA LITERATURA 04

I. Tratamento do carcinoma diferenciado da tireóide 04

Ia. Cirurgia 04

Ib. Radioiodoterapia 07

Ic. Terapia supressora de TSH 08

II. Acompanhamento 08

IIa. Seguimento após tratamento inicial 08

IIb. Seguimento de pacientes com doença recorrente ou

metastática 13

III. Fatores prognósticos 14

3 OBJETIVOS 20

4 PACIENTES E MÉTODOS 21

I.Características do estudo 21

II. Seleção de pacientes 21

III. Coleta de sangue e testes hormonais 25

IIII. Exames de imagem 26

V. Ética em pesquisa 26

VI. Análise estatística 26

5 RESULTADOS 28

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I. Características iniciais dos pacientes 28

II. Análise dos fatores prognósticos em carcinoma folicular 30

III. Análise comparativa da evolução entre carcinoma folicular e

papilífero 39

6 DISCUSSÃO 42

7 CONCLUSÕES 48

8 REFERÊNCIAS 49

9 LISTA DE ANEXOS 55

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INTRODUÇÃO

Nódulos tireoidianos são comuns, com prevalência de cerca de 20-50% em

estudos ultrassonográficos. O câncer de tireóide, entretanto, corresponde a 1% das

neoplasias malignas diagnosticadas e está presente em aproximadamente 5% destes

nódulos. Desta forma, apesar do carcinoma de tireóide representar a neoplasia

endócrina mais comum é considerado um câncer raro (Golbert e cols, 2005; Pacini e

cols, 2006). No Brasil ocorrem aproximadamente 66 novos casos por ano para cada

100.000 habitantes (Golbert e cols, 2005).

Nas últimas décadas observou-se aumento da incidência de carcinomas de

tireóide, o que pode, em parte, ser relacionado ao aperfeiçoamento das técnicas

diagnósticas citológicas e de imagem. Com a introdução da PAAF (punção aspirativa

por agulha fina) na avaliação dos nódulos da tireóide a indicação de tireoidectomia

diminuiu em 25%, aumentando de 15 para 30% a presença de câncer de tireóide em

pacientes submetidos tireoidectomia. Sua apresentação clinica, entretanto, tem mudado

de casos avançados requerendo tratamento agressivo para tumores pequenos

detectados incidentalmente em ultra-sonografias. O tratamento e acompanhamento

também melhoraram, o que somado com o diagnóstico precoce, favorece a diminuição

da mortalidade (Golbert e cols, 2005; Pacini e cols, 2006; Gharib e cols, 1993). No

Brasil ocorreu ao longo dos últimos 20 anos uma queda da mortalidade por carcinoma

da tireóide em ambos os sexos (Coeli e cols, 2005).

Os carcinomas papilífero e folicular são os mais comuns correspondendo a

94% dos carcinomas de tireóide. São denominados diferenciados por manterem

semelhança estrutural e funcional com o tecido tireoidiano normal, tendo sua origem

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nas células foliculares da tireóide. Dentre os carcinomas diferenciados, o papilífero é o

mais comum representando 80% dos casos diagnosticados (Golbert e cols,2005).

O carcinoma folicular geralmente acomete indivíduos com idade mais

avançada quando comparado ao carcinoma papilífero, com idade média ao diagnóstico

de 50 anos, cerca de 10 anos a mais do que no carcinoma papilífero clássico

(Schlumberger e cols, 2002). Apresenta, além disso, estágio mais avançado em relação

ao carcinoma papilífero no momento do diagnóstico (Mazzaferi e Kloos, 2001). Sua

disseminação ocorre por via hematogênica diferente do papilífero que ocorre por via

linfática (Schlumberger, 1998).

Os carcinomas diferenciados estão entre as neoplasias malignas com maior

índice de cura (Schlumberger, 1998). Em 10 anos a taxa de sobrevida para os

carcinomas papilífero e folicular é de 93% e 85%, respectivamente (Mazzaferi e Kloss,

2001).

Apesar de excelente prognóstico, os pacientes com carcinoma diferenciado

devem ter acompanhamento no longo prazo pois pode ocorrer recorrência local ou

metástases à distância após vários anos do diagnóstico (Utiger, 1997). Segundo estudo

feito por Mazzaferi e Kloos (2001), a taxa de recorrência (local e à distância) para

carcinomas diferenciados em 40 anos foi de 35%. Destes, dois terços ocorreram antes

do final da primeira década de acompanhamento. Estes índices são maiores em

pacientes com menos de 20 anos e com mais de 60 anos. Recorrência local foi o

evento mais comum, sendo responsável por 68% dos casos.

Assim, o conhecimento dos fatores prognósticos relacionados ao carcinoma

diferenciado da tireóide é de suma importância para determinar o risco de recorrência e

melhorar a abordagem terapêutica (Golbert e cols, 2005).

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Os carcinomas diferenciados da tireóide são, em geral, estudados em conjunto

devido a sua grande semelhança evolutiva. Alguns estudos entretanto, como o de Lang

e colaboradores (2007 A), demonstram que seria mais apropriado utilizar sistemas de

estadiamento distintos para carcinoma papilífero e folicular pois estes carcinomas

apresentam diferentes fatores prognósticos independentes. Além disso, na prática

clínica há uma tendência de ser indicado tratamento mais agressivo para o carcinoma

folicular, apesar dos protocolos de acompanhamento não fazerem tal distinção.

Os indicadores prognósticos mais associados ao risco de recorrência e morte

incluem a idade do paciente, o subtipo histológico e a extensão do tumor ao diagnóstico

(Golbert e cols, 2005).

Como citado, pacientes com carcinoma folicular são mais velhos e apresentam

estágio mais avançado no momento do diagnóstico. Questiona-se, entretanto se a

maior morbi-mortalidade do carcinoma folicular está relacionada diretamente ao

estadiamento inicial mais avançado ou a sua própria história natural.

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4

REVISÃO DA LITERATURA

Apesar do carcinoma diferenciado da tireóide ser considerado uma neoplasia

maligna de bom prognóstico, alguns pacientes apresentam alto risco de recorrência

tumoral, ou mesmo de morte, e o prognóstico é afetado por fatores relacionados ao

paciente, ao tratamento e à própria doença.

I.TRATAMENTO DO CARCINOMA DIFERENCIADO DA TIREÓIDE

O tratamento do carcinoma diferenciado da tireóide baseia-se na cirurgia

(tireoidectomia total ou quase total), ablação do remanescente tireoidiano com radioiodo

e supressão do TSH com uso de doses suprafisiológicas de levotiroxina.

Ia. CIRURGIA:

Ainda hoje existem controvérsias sobre a cirurgia mais adequada para o

carcinoma diferenciado da tireóide, entretanto, a tireoidectomia total ou quase total é o

procedimento de escolha pela maioria dos médicos para este tipo de câncer.

Os argumentos contra a tireoidectomia total baseiam-se no risco de

complicações cirúrgicas como lesão do nervo laríngeo recorrente e hipoparatireoidismo

(Schlumberger, 1998). Entretanto, tais complicações ocorrem em 4,3% dos casos nas

mãos de cirurgiões experientes (Mazzaferri e Kloos, 2001).

Argumentos a favor da tireoidectomia total incluem: baixo índice de

recorrência, aumento da eficácia do radioiodo para ablação dos restos tireoidianos

(Schlumberger, 1998) e maior facilidade no acompanhamento do paciente com

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aumento da acurácia da tireoglobulina (tg) sérica e pesquisa de corpo inteiro (PCI)

(Maia e cols, 2007).

Hay e colaboradores (1998) em estudo com pacientes com carcinoma

papilífero de baixo risco mostrou índice de recorrência local e metástases para

linfonodo de 14 e 19%, respectivamente em pacientes submetidos à lobectomia. Neste

mesmo estudo foram encontrados índices significantemente menores de recorrência

local e metástases para linfonodo (2 e 6%, respectivamente) em pacientes submetidos

à tireoidectomia total. Tais autores concluem que a tireoidectomia total é o

procedimento de escolha para pacientes com carcinoma papilífero da tireóide incluindo

aqueles classificados como de baixo risco. Pacientes submetidos à lobectomia com

diagnóstico pós-operatório de carcinoma diferenciado da tireóide devem ser submetidos

a complementação da tireoidectomia em um segundo tempo cirúrgico (Cooper e cols,

2006). Segundo Scheumann e colaboradores (1996) o segundo tempo cirúrgico deveria

ser realizado até 6 meses após a cirurgia inicial pois esta conduta diminuiria o risco de

progressão tumoral.

O Consenso Europeu para acompanhamento de pacientes com carcinoma

diferenciado da tireóide (Pacini e cols, 2006) orienta que pacientes com carcinoma

menor do que 1 cm, unifocal sem evidência de acometimento de linfonodos ou

metástases à distância podem ser submetidos à uma cirurgia mais conservadora. Já as

diretrizes para acompanhamento de pacientes com nódulos da tireóide e câncer

diferenciado da tireóide da Sociedade Americana de Tireóide (Cooper e cols, 2006)

orientam que apenas carcinomas papilíferos com as características acima devam ser

submetidos à tireoidectomia parcial. O Consenso Brasileiro para nódulos da tireóide e

carcinoma diferenciado da tireóide (Maia e cols, 2007) indica tireoidectomia total para

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todos os pacientes com carcinoma folicular ou papilífero. Os argumentos para tal

indicação baseiam-se em que apesar do excelente prognóstico (mortalidade em torno

de 1%) o microcarcinoma papilífero tem possibilidade de metástases à distância em

torno de 2,5% dos casos e de recorrência linfonodal em torno de 5% deles. Além disso,

não há nenhum fator clínico, cirúrgico, anátomo-patológico, laboratorial ou molecular

capaz de predizer com segurança até o momento o comportamento do tumor. A

tireoidectomia total também elimina a necessidade de reoperação em caso de histologia

agressiva ou comprometimento de linfonodos e possibilita um seguimento seguro do

paciente através de dosagem da tg.

Ao contrário do carcinoma papilífero que pode apresentar metástases para

linfonodos em 50 a 80 % dos casos (Mazzaferi e Kloos, 2001), 10% dos casos de

carcinoma folicular têm acometimento de linfonodos ao diagnóstico (Thyroid carcinoma

task force, 2001). Os linfonodos mais frequentemente acometidos são os do

compartimento central e lateral. Na presença de suspeita clínica ou ultrassonográfica do

acometimento destes linfonodos estes devem ser explorados durante a cirurgia (Maia e

cols, 2007).

O carcinoma papilífero da tireóide tem como outro ponto de diferença em

relação ao carcinoma folicular o fato de ser multifocal e bilateral em 18 a 87% dos

casos dependendo do estudo (Shattuck e cols, 2005). Nestes casos deve-se submeter

o paciente à tireoidectomia total mesmo em casos de microcarcinoma, pois a chance de

recorrência no lobo contralateral é de 20% ou mais (Schlumberger e cols, 2004 A).

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7

Ib. RADIOIODOTERAPIA

Segundo o Consenso Europeu (Pacini e cols, 2006), o iodo 131 deve ser

administrado após a cirurgia para ablação dos restos tireoidianos. Seus objetivos são:

• Eliminar focos microscópicos da doença, diminuindo índices de recorrência

e mortalidade;

• Melhorar o acompanhamento dos pacientes com detecção precoce de

recorrência através de dosagens de tg e PCI com 131I;

• Detectar a presença de metástases anteriormente não diagnosticadas

através da PCI feita após a dose ablativa.

Segundo revisão feita por Haugen em 2004 pacientes de alto risco para

doença recorrente (estágios III e IV – UICC) o emprego do radioiodo melhora o

prognóstico.

Já pacientes de muito baixo risco, aqueles com tumores solitários, menores do

que 1.5 cm, sem invasão extratireoidiana ou comprometimento de linfonodos não

beneficiam-se de radioiodoterapia.

Controvérsias permanecem no tratamento de pacientes de baixo risco

(estágios I e II) já que tal revisão demonstrou serem insuficientes os dados indicando

diminuição de recorrência e mortalidade neste grupo. Estes dados são coincidentes

com as recomendações do Consenso Brasileiro (Maia e cols, 2007) e da Sociedade

Americana de Tireóide (Cooper e cols, 2006).

A importância prognóstica do microcarcinoma (tumores menores que 1 cm)

papilífero multifocal ainda é questionada. Desta forma a necessidade de ablação com

radioiodo ainda é controversa. Com isso alguns centros nunca fazem uso do 131I nestes

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casos, outros o fazem rotineiramente e outros nos casos em que há grande número de

focos de neoplasia (Schlumberger e cols, 2004 A).

Ic. TERAPIA SUPRESSORA DE TSH

O uso de levotiroxina no tratamento do carcinoma diferenciado da tireóide tem

por objetivo corrigir o hipotireoidismo que se impõe após a cirurgia e suprimir o TSH já

que o crescimento das células tumorais da tireóide é TSH dependente (Pacini e cols,

2006).

Segundo Mazzaferi e Kloos (2001) os índices de recorrência local e à

distância reduzem significantemente com o uso de doses suprafisiológicas de

levotiroxina.

A recomendação da Sociedade Americana de Tireóide (Cooper e cols, 2006) é

manter, inicialmente, o TSH menor do que 0,1mU/L em pacientes de alto risco e no

limite inferior da normalidade (0,1 e 0,5mU/L) em pacientes de baixo risco, já que não

existe benefício em manter o TSH em níveis menores no último grupo.

II. ACOMPANHAMENTO

II.a Seguimento após tratamento inicial

O seguimento de pacientes com carcinoma diferenciado da tireóide deve ser

individualizado de acordo com o risco de recorrência da doença.

Nos últimos anos vem aumentando o número de pacientes com carcinoma

diferenciado da tireóide que são classificados como de baixo risco após tratamento

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inicial. Segundo a Sociedade Americana de Tireóide (Cooper e cols, 2006), este grupo

engloba pacientes que tenham sido submetidos à cirurgia e ablação de remanescentes

tireoidianos com radioiodo e que apresentem as seguintes características:

• ressecção tumoral completa;

• ausência de metástases local ou à distância;

• tumor localmente não agressivo;

• tumor sem histologia agressiva ou invasão vascular;

• ausência de captação fora do leito tireoidiano na PCI com radioiodo feita

após a ablação dos restos tireoidianos.

Desta forma, por conta do aumento desta população com doença menos

agressiva têm sido sugeridas formas diferenciadas de acompanhamento para este

grupo de pacientes (Schlumberger e cols, 2004 B).

Schlumberger e colaboradores (2004 B) propõem que tais pacientes sejam

acompanhados com dosagem de tg, TSH, T3 livre e T4 livre em uso de levotiroxina

associado à ultra-sonografia cervical no terceiro mês de seguimento. Neste momento

são classificados como sem evidência de doença pacientes com ressecção tumoral

completa, PCI após dose sem captação anormal fora do leito tireoidiano, níveis

indetectáveis de tg e ultra-sonografia cervical normal. Este subgrupo engloba 80% dos

pacientes com carcinoma diferenciado da tireóide e recomenda-se dosagem de tg após

suspensão da levotiroxina ou uso de rhTSH associado a ultra-sonografia cervical entre

6 a 12 meses após tratamento inicial.

Anticorpos anti-tireoglobulina (ac anti-tg) também devem sempre fazer parte

da rotina laboratorial no seguimento do carcinoma diferenciado da tireóide. Isto porque

os mesmos são detectáveis inicialmente em 15 a 25% dos pacientes com carcinoma

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10

diferenciado da tireóide (Schlumberger e cols, 2004 A). Sua presença pode mascarar a

dosagem da tg sérica dependendo do método utilizado (Schlumberger e Baudin, 1998;

Mariotti e cols, 1995). Na ausência de doença os ac anti-tg desaparecem

aproximadamente em média em 2 anos. Caso haja persistência dos anticorpos doença

persistente ou recorrente deve ser investigada (Schlumberger e cols, 2004 A).

A importância da dosagem da tg em hipotireoidismo ou após administração de

rhTSH baseia-se no fato de que pacientes com níveis indetectáveis de tg (menor do

que 1 ng/dl) em uso de levotiroxina podem ter doença residual (Mazzaferi e cols 2003).

Vários estudos evidenciaram que a utilização de rhTSH em pacientes considerados

inicialmente livres de doença (com tg indetectável durante terapia supressora de TSH) é

capaz de detectar metástases em aproximadamente 20% dos casos (Mazzaferi e cols,

2003).

Caso ao final da avaliação não se evidencie persistência tumoral pode-se

diminuir a dose de levotiroxina com o intuito de manter o TSH dentro dos níveis normais

(o que diminui a possibilidade de efeitos colaterais, particularmente perda óssea e

eventos cardiovasculares) e acompanhar o paciente anualmente com tg em supressão

e ultra-sonografia cervical. Neste grupo a PCI não traz nenhuma informação adicional

(Schlumberger e cols, 2004 A).

Nova avaliação com tg estimulada pode ser realizada após 3 a 5 anos desta

primeira dosagem. Estudos ainda são necessários para mostrar os verdadeiros

benefícios desta conduta (Schlumberger e cols, 2004 A).

Pacientes submetidos à tireoidectomia parcial devem ter tg sérica menor que

10 ng/ml e estável em vigência de tratamento supressor com levotiroxina. Em tais

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11

pacientes este nível de tg sugere ausência de doença persistente ou recorrente

(Thyroid carcinoma task force, 2001).

A associação de tg sérica após estímulo com TSH e ultra-sonografia cervical

tem sensibilidade diagnóstica de 96,2% e valor preditivo negativo de 99,5% (Golbert e

cols, 2005).

Pacientes de baixo risco com tg estimulada (TSH entre 25-30 µU/ml, pela

retirada da levotiroxina ou uso do rhTSH) menor do que 2 ng/dl, com ultra-sonografia

negativa têm chance de recidiva a longo prazo muito baixa (<0,5%)( Schlumberger e

cols, 2004 A).

Esta forma de acompanhamento segundo Pacini e colaboradores (2003) é

muito superior no diagnóstico de doença recorrente quando comparado ao uso de PCI

com radioiodo.

Pacientes com tg maior do que 2 ng/dl, em hipotireoidismo ou com uso do

rhTSH, necessitam de investigação adicional. O ponto de corte de 2 ng/dl foi baseado

em estudos que mostraram a presença de metástases em 90% destes pacientes.

(Mazzaferi e cols, 2003)

A presença de tg maior do que 2 ng/dl não necessariamente significa

presença de doença. Durante alguns meses após o tratamento inicial com radioiodo, a

tg pode estar sendo produzida por células que irão desaparecer ou por focos

neoplásicos que irão progredir. Recomenda-se, portanto, conduta expectante se níveis

inferiores a 10ng/dl em hipotireoidismo ou 5 ng/dl após rhTSH (Maia e cols, 2007).

Desta forma, o aumento da tg em dosagens posteriores tem valor preditivo positivo

muito maior do que uma medida única (Schlumberger e cols, 2004 B).

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12

O manejo subsequente deste paciente vai depender da curva de tg

encontrada, do resultado da ultra-sonografia cervical e outros exames que tenham sido

realizados. Caso o paciente tenha tg detectável, porém menor do que o ponto de corte

do método pode-se fazer nova dosagem sem supressão um ano após ou mais,

dependendo do nível encontrado e do contexto clínico. Se houver diminuição da tg o

paciente poderá ser seguido da mesma forma que aquele que não apresentou

nenhuma evidência de doença na primeira avaliação. Entretanto, se houver aumento da

tg ou seu valor não diminuir, doença persistente ou recorrente deve ser investigada e o

paciente submetido à terapia com radioiodo e/ou cirurgica de acordo com o resultado

dos exames (Schlumberger e cols, 2004 B).

A utilização de novos ensaios da tg chamados de supersensíveis pode

fornecer as mesmas informações do que a tg estimulada, o que facilitará o

acompanhamento do pacientes com carcinoma bem diferenciado da tireóide (Maia e

cols, 2007).

Caso a PCI realizada após a dose terapêutica seja negativa deve-se partir

para novas modalidades diagnósticas como: tomografia computadorizada do pescoço e

pulmão, cintilografia óssea, tomografia com emissões de positrons (PET)

(Schlumberger e cols, 2004 B).

O manejo inicial aos 3 meses de seguimento de pacientes considerados de

alto risco deve ser feito da mesma forma que nos pacientes de baixo risco (Pacini e

cols, 2006).

Aos 6-12 meses de seguimento, entretanto, segundo o Consenso Europeu

(Pacini e cols, 2006), alguns autores recomendam que além da ultra-sonografia cervical

e tg estimulada seja feita PCI com radioiodo. Casos em que a PCI pós dose ablativa foi

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13

pouco informativa devido à alta captação no leito tireoidiano ou caso tenha ocorrido

captação suspeita este exame também deve ser repetido neste momento. Pacientes de

baixo risco com ac anti-tg positiva também devem ser submetidos a PCI neste

momento (Maia e cols, 2007).

Lesões suspeitas à ultra-sonografia menores que 5 mm devem ser

acompanhadas através da repetição do exame alguns meses após. Já lesões maiores

que 5 mm devem ser submetidas à PAAF.

Nestes pacientes de alto risco é recomendado manter o TSH suprimido por

pelo menos 3 a 5 anos.

Apesar dos pacientes classificados como de alto risco no início do

acompanhamento necessitarem de acompanhamento diferenciado, o risco de

recorrência é baixo quando não há evidência de doença nesta etapa do

acompanhamento. Desta forma eles podem ser reclassificados como de baixo risco.

Neste grupo também é questionável a importância da repetição da tg

estimulada com 3 a 5 anos de seguimento.

Todos os pacientes devem ter acompanhamento por toda a vida. Este deve

ser feito com dosagem de TSH e tg em uso de levotiroxina e ultra-sonografia cervical

anualmente (Pacini e cols, 2006).

II.b Seguimento de pacientes com doença recorrente ou metastática

Recorrência local ocorre em 5 a 20% dos pacientes com carcinoma

diferenciado. Já metástases à distância ocorrem em 10 a 15% dos pacientes

(Schlumberger, 1998).

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14

Após tratamento específico remissão pode ser conseguida em 2/3 dos

pacientes com recorrência local e em 1/3 daqueles com metástases á distância (Pacini

e cols, 2006).

Pacientes com recorrência local devem ser tratados cirurgicamente seguido de

dose terapêutica com 131I (Pacini e cols, 2006; Cooper e cols, 2006).

No caso de metástases pulmonares há indicação de tratamento com radioiodo

em intervalos periódicos que podem variar de 4 meses à 1 ano. PCI deve ser feita 2 a 5

dias após a radioiodoterapia que junto com dosagens periódicas de tg irão sinalizar

para possível remissão ou persistência da doença. Não há limite para dose cumulativa

nestes pacientes, entretanto a maioria deles entra em remissão com 600 mCi ou menos

(Pacini e cols, 2006; Cooper e cols, 2006).

Metástases ósseas devem ser tratadas cirurgicamente sempre que possível

em associação com radioiodo. A radioterapia externa pode ser considerada como

tratamento curativo ou paliativo (Pacini e cols, 2006; Cooper e cols, 2006), sendo

particularmente útil para controle de dor.

Metástases cerebrais são raras, ocorrem mais comumente em pacientes mais

velhos, com doença avançada ao diagnóstico e têm prognóstico reservado.

Nestes casos o tratamento é cirúrgico sempre que possível seguido de radioterapia

externa. Caso o tumor seja capaz de concentrar radioiodo este pode ser usado como

opção terapêutica (Cooper e cols, 2006).

III. Fatores Prognósticos:

Os fatores prognósticos de pacientes com carcinoma diferenciado da tireóide

podem ser analisados em 3 tempos distintos. No primeiro momento, fatores como a

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15

idade do paciente, tamanho do tumor e a presença ou não de metástases locais ou à

distância são usados pelos sistemas de estadiamento com objetivo principal de auxiliar

na decisão terapêutica. O segundo é aquele em que além dos fatores anteriores, é

considerado o tipo de tratamento oferecido ao paciente. Já o terceiro tempo compreende

o momento da reavaliação realizada 6 a 12 meses após o tratamento inicial, no qual

alguns autores propõem inclusive reclassificar o risco de recorrência da doença.

Em 2005 Chung-Yau Lo e colaboradores estudaram o papel dos sistemas de

estadiamento e da histologia em predizer a sobrevida em carcinomas foliculares da

tireóide com 156 pacientes. Neste estudo o sistema do UICC que usa como fatores

prognósticos o tamanho do tumor, idade do paciente, presença ou não de invasão

extra-tireoidiana, acometimento de linfonodos e metástases à distância demostrou ser

o de maior acurácia. Os pacientes foram acompanhados por um tempo médio de 14

anos e foi usada a 5ª edição do UICC. Pacientes classificados como estágio I, II, III, IV

apresentaram sobrevida de aproximadamente 100, 90, 85 e 40% respectivamente.

Brian Hung-Hin Lang e colaboradores (2007 B) estudaram 171 pacientes com

carcinoma folicular e após aplicação da 6ª edição do TNM encontraram sobrevida em 5

anos para os estágios I, II, III e a combinação dos estágios IV de respectivamente 100,

100, 79,4 e 47,1%.

Em 2007 Lang e colaboradores (C) estudaram diferentes tipos de sistemas de

estadiamento com 589 pacientes com carcinoma papilífero da tireóide. Entre os três

melhores sistemas em predizer a sobrevida de tais pacientes incluiu-se a 6ª edição do

TNM. Os resultados referentes à tal sistema de estadiamento encontram -se na tabela

1.

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16

Tabela 1: Sobrevida de pacientes com carcinoma papilífero da tireóide

Estágio Nº pacientes Sobrevida 5 anos Sobrevida 10 anos Sobrevida 15 anos

I 364 100% 100% 100%

II 81 94,8% 94,8% 94,8%

III 35 90,1% 83,6% 83,6%

IVA 97 85,7% 67,8% 44,6%

IVB 4 66,7% 66,7% 66,7%

IVC 8 54,7% 18,2% 18,2% Adaptado de Lang e cols, 2007 C

Apesar de não fazer parte dos critérios do sistema do UICC o subtipo

histológico do carcinoma diferenciado da tireóide é de grande importância na avaliação

prognóstica inicial.

Histologicamente o carcinoma papilífero é caracterizado por um centro

fibrovascular, revestido por uma única camada de células epiteliais e formação de

papilas que geralmente são mescladas com folículos neoplásicos com os aspectos

nucleares citados acima (Schlumberger e cols, 2002).

O carcinoma papilífero pode ser classificado em subtipos de acordo com

variações histológicas: carcinoma papilífero clássico (mais comum deles, encontrado

em 70% dos pacientes), variante folicular, variante esclerosante difusa, variante de

células altas e variante de células colunares, tendo os últimos dois subtipos

comportamento mais agressivo com pior prognóstico (Neto, 2003).

Já o carcinoma folicular é caracterizado por diferenciação folicular, entretanto

sem as alterações características do carcinoma papilífero. É um tumor encapsulado e o

que o distingue do adenoma folicular é a invasão da cápsula tumoral e/ou vascular

(Schlumberger, 1998).

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17

Existem dois principais subtipos do carcinoma folicular de acordo com o tipo de

invasão: minimamente invasivo e amplamente invasivo.

Pacientes com carcinoma folicular e tumores mais agressivos chamados de

largamente invasivos têm pior prognóstico. D'avanzo e colaboradores (2004)

propuseram que carcinomas foliculares da tireóide fossem classificados não só como

minimamente ou largamente invasivos, mas também como moderadamente invasivos

devido à diferenças prognósticas. Desta forma aqueles classificados como

minimamente invasivos seriam os com invasão capsular apenas. Aqueles que

apresentassem angioinvasão, tendo ou não invasão capsular, seriam classificados

como moderadamente invasivos. Já a presença de invasão além da cápsula ou de

tecidos vizinhos à tireóide faria o tumor ser classificado como largamente invasivo.

Neste estudo a sobrevida dos pacientes com tumores classificados como minimamente,

moderadamente e largamente invasivos foi de 98, 80 e 38% respectivamente.

Pode ocorrer, embora mais raramente, pouca ou nenhuma diferenciação das

células foliculares e esta variação é classificada como carcinoma pouco diferenciado ou

insular (Schlumberger e cols, 2002).

Quando mais de 75% das células de um carcinoma folicular exibirem

características das células de Hürthle o tumor é classificado como carcinoma de células

de Hürthle (CCH) (Schlumberger e cols, 2002).

O carcinoma insular e o CCH são variações do carcinoma folicular da tireóide.

Ambos são mais agressivos. O carcinoma insular apresenta alto índice de recidiva

(41% a 83%) que ocorre, em geral, nos primeiros 3 anos do pós-operatório. A taxa de

mortalidade também é alta: entre 10 e 44% nos 5 primeiros anos da doença (Pereira e

cols, 2000). Estudo feito por Kushchayeva e colaboradores (2004) encontrou taxa de

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sobrevida livre de doença em pacientes com carcinoma de células de Hurthle em 5 e 10

anos de respectivamente 60 e 40,5%

Alguns autores propõem que o CCH seja uma entidade distinta do carcinoma

folicular com diferente prognóstico. Esta proposta é baseada no fato de que

diferentemente do carcinoma folicular o CCH ocorre mais comumente em áreas ricas

em iodo e após exposição a pequenas doses terapêuticas de radiação. Além disso, em

pacientes com CCH não é tão incomum o acometimento de linfonodos como em

carcinoma folicular (D'avanzo e cols, 2004).

Foi descrita ainda uma variante de células claras do carcinoma folicular

(Schlumberger e cols, 2002).

Ao contrário dos carcinomas foliculares, 70% dos casos de carcinoma

papilífero apresentam metástases para linfonodo no momento do diagnóstico.

Leboulleux e cols (2005) estudaram o impacto na sobrevida de pacientes com

carcinoma papilífero de metástases para linfonodos e extensão tumoral extra-

tireoidiana. Foi observado 22% de risco de doença persistente e 8% de risco de doença

recorrente em pacientes com metástases para linfonodo ao diagnóstico. Extensão

extra-tireoidiana mínima foi associada à presença de metástases para linfonodo e não

pareceu ser fator prognóstico independente de doença persistente ou recorrente.

Como citado anteriormente, os carcinomas diferenciados da tireóide devem

ser tratados com tireoidectomia total seguido de radioiodoterapia e uso de doses

suprafisiológicas de levotiroxina pois tal conduta diminui a possibilidade de doença

recorrente e morte.

Estudo feito por Mazzaferi e Kloos (2001) com 1501 pacientes com carcinoma

diferenciado da tireóide mostrou que pacientes tratados com tireoidectomia total ou

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tireoidectomia quase total associada à ablação com 131I e levotiroxina tiveram menores

índices de recorrência local e à distância do que outras combinações de modalidade

terapêutica, à saber: tireoidectomia total associada ao uso de levotiroxina;

tireoidectomia subtotal associada à levotiroxina; tireoidectomia subtotal associada à

ablação com 131I e uso de levotiroxina (p<0,0001).

Após 6-12 meses do tratamento inicial, a definição de baixo risco para

recorrência e morte após tratamento cirúrgico adequado e radioiodoterapia quando

estiver indicada não deverá mais basear-se no estadiamento inicial por ocasião do

diagnóstico. Neste momento são considerados pacientes de baixo risco aqueles sem

evidência de doença (Schlumberger e cols, 2004 A). Nestes pacientes a chance de

recorrência passa a ser menor do que 0,5% (Schlumberger e cols 2004 B).

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20

OBJETIVOS

● Objetivo primário: Estudar retrospectivamente pacientes com carcinoma

folicular da tireóide quanto a seu estadiamento inicial e comparar sua

evolução ao longo do tempo com pacientes com carcinoma papilífero de

mesmo estadiamento inicial.

● Objetivo secundário: Avaliar dentre os fatores prognósticos (sexo, idade,

tipo de tratamento, estadiamento inicial, grau de invasividade do tumor,

tamanho do nódulo ao diagnóstico, acometimento de linfonodos ao

diagnóstico, metástases à distância ao diagnóstico e subtipo histológico)

quais estão relacionados com maior risco de persistência ou recidiva em

pacientes com carcinoma folicular.

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PACIENTES E MÉTODOS

I. Características do estudo

Foi realizado um estudo longitudinal tipo coorte, com dados retrospectivos,

avaliando a evolução clínica dos pacientes portadores de carcinoma folicular e

papilífero da tireóide. O estudo consiste na comparação da evolução entre carcinoma

folicular e papilífero de mesmo estadiamento inicial e na avaliação dos fatores

prognósticos relacionados a maior risco de recorrência e/ou persistência da doença em

carcinoma folicular.

II. Seleção de pacientes

Foi realizado levantamento dos prontuários dos pacientes com carcinoma

folicular ou papilífero da tireóide acompanhados no ambulatório de câncer da tireóide

do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF). Por tratar-se de carcinoma

bem diferenciado menos freqüente, foi feita também busca ativa dos pacientes com

carcinoma folicular registrados no Serviço de Patologia do HUCFF no período de 1997

a 2007. Desta forma foram analisados inicialmente 132 pacientes, 77 deles com

carcinoma papilífero e 55 com carcinoma folicular.

Critérios de inclusão de pacientes:

• Pacientes de todas as idades;

• De ambos os sexos;

• Portadores de carcinoma diferenciado de tireóide;

• Diagnóstico e início do tratamento há pelo menos 2 anos.

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Critérios de exclusão de pacientes:

• Pacientes acompanhados por menos de 2 anos;

• Pacientes que não puderam ser classificados quanto à seu estadiamento

inicial (TNM) por tratar-se do critério prognóstico principal analisado no estudo.

Após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, prosseguiram no estudo

110 pacientes, 42 com carcinoma folicular e 68 com carcinoma papilífero. Todos foram

analisados em relação aos seguintes fatores prognósticos: sexo, idade, tamanho

tumoral, presença de mestástases para linfonodo ou à distância ao diagnóstico, tipo

histológico, grau de invasividade, tipo de tratamento, estadiamento segundo a 6ª edição

do UICC.

• Sexo: Feminino ou masculino.

• Idade: Abaixo de 45 anos ou 45 anos ou mais. Os pacientes foram

divididos desta forma, pois 45 anos é o ponto de corte utilizado pela 6ª edição

do UICC para estadiamento dos pacientes.

• Tipo histológico: Os pacientes foram classificados de acordo com os

subtipos histológicos encontrados, sendo eles papilífero clássico e variante

folicular nos pacientes com carcinoma papilífero e folicular clássico, insular e

células de Hürthle nos pacientes com carcinoma folicular.

• Tamanho do tumor: Os pacientes foram classificados em T1, T2, T3, T4a e

T4b segundo os critérios da 6ª edição do UICC (tabela 2). Para estudo do

tamanho do tumor como fator prognóstico, os pacientes foram incluídos em

dois grupos: aqueles com T1 e T2 foram analisados em conjunto e comparados

com T3 e T4.

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Tabela 2: Classificação quanto ao tamanho tumoral segundo a UICC.

T1 ≤ 2 cm, restrito à tireóide.

T2 > 2 e ≤ 4 cm, restrito à tireóide.

T3 > 4 cm restrito à tireóide ou mínima extensão extra-tireoideana.

T4 T4a: tumor com extensão além da cápsula, invasão de tecido mole subcutâneo, laringe, traquéia, esôfago ou nervo laringeo recorrente.

T4b: tumor invadindo fáscia pré-vertebral, vasos mediastínicos ou artéria carótida.

• Estadiamento: Para comparação quanto à evolução entre os carcinomas

papilífero e folicular, os pacientes foram classificados em estágio I, II, III ou IV,

baseado na 6ª edição do UICC (tabela 3). Entretanto, para a avaliação do

estadiamento como fator prognóstico, os pacientes foram divididos em dois

grupos: baixo risco que envolve os estágios I e II, e alto risco que envolve os

estágios III e IV (soma dos pacientes nos estágios IVa, IVb, e IVc).

Tabela 3: Classificação quanto ao estadiamento inicial segundo a UICC.

Estágio I TxNxM0 < 45 anos; T1N0M0 ≥ 45 anos

Estágio II TxNxM1 < 45 anos; T2N0M0 ≥ 45 anos

Estágio III T3N0M0 ≥ 45 anos; T1-3N1aM0 ≥ 45 anos

IVA: T1-3N1bM0 ≥ 45 anos; T4aN0-1 M0 ≥ 45 anos IVB: T4bNxM0 ≥ 45 anos Estágio IV IVC: TxNxM1 ≥ 45 anos

• Invasividade: Os carcinomas foliculares foram divididos em minimamente

invasivos ou amplamente invasivos de acordo com seu laudo histopatológico.

Já os carcinomas papilíferos foram classificados como invasivos caso

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houvesse invasão de cápsula, vascular ou de tecidos adjacentes e não

invasivos caso não houvesse nenhuma invasividade.

• Tipo de tratamento: Os pacientes foram divididos em 2 grupos, aqueles

submetidos a tratamento completo e os que foram submetidos a tratamento

incompleto no início do acompanhamento.

Foi considerado tratamento completo sempre que houve ablação actínica com

menos de um ano de pós-operatório independente do tipo de cirurgia.

Pacientes com microcarcinoma submetidos à tireoidectomia subtotal foram

considerados como sendo submetidos à tratamento completo.

Não foi avaliada a sobrevida neste estudo, pois apenas um paciente evolui

para óbito. Desta forma, foram avaliados apenas os pacientes vivos em

acompanhamento e que foram classificados quanto à situação atual em doença ativa

ou remissão.

Foram considerados em remissão: 1) os pacientes submetidos à tratamento

completo com PCI diagnóstica realizada 6 a 12 meses após a dose terapêutica negativa

e tg estimulada menor que 2 ng/ml e 2) aqueles submetidos à tratamento incompleto

com nível de tg em supressão estável e menor que 10 ng/ml, sem evidência de doença

à ultra-sonografia tireoidiana.

Foi considerada doença em atividade pacientes submetidos à tratamento

completo com PCI positiva e/ou tg estimulada maior que 2 ng/ml ou tg em supressão

maior que 1 ng/dl. Já nos pacientes submetidos à tratamento incompleto, foi

considerada doença em atividade aqueles com tg em supressão maior que 10 ng/dl, tg

ascendente ou evidência de tumor à ultra-sonografia cervical.

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25

A presença de ac anti-tg persistentemente elevado por pelo menos 2 anos

também foi critério usado para classificar os pacientes como em atividade de doença

caso tenham sido submetidos a tireoidectomia total.

Com base nestes dados os pacientes classificados em atividade foram

subdivididos em:

• doença local (leito tireoidiano, metástases ganglionares ou partes moles);

• metástase à distância;

• PCI diagnóstica negativa com tg alta e ultra-sonografia negativa;

• ac anti-tg elevado: casos em que PCI foi negativo, tg estimulada <2 ng/dl e

ac anti-tg persistentemente alta indicando possível presença de doença.

III. Coleta de sangue e testes hormonais

A dosagem sérica da tg foi realizada por ensaio imunométrico, de

quimioluminescência (IMMULITE®), com sensibilidade analítica de 0,2 ng/ml, funcional

de 0,9 ng/ml, variação entre os ensaios de até 8,8% e intraensaio inferior a 6% para

valores superiores a 2 ng/ml. O TSH foi dosado por ensaio imunométrico, de

quimioluminescência, (IMMULITE Third Generation) com valor de referência de 0,4 a

4,0 mUI/L, sensibilidade de 0,004 mUI/L, variação entre os ensaios 5,6%. O Ac anti-tg

foi pesquisado em todas as amostras coletadas para dosagem de tg, pelo método

imunométrico, de quimioluminescência, com sensibilidade analítica de 10 IU/ml,

variação entre os ensaios de até 9,1% e intraensaio de 3,9%, valor de referência para

adultos de não detectável a 40 IU/ml.

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IV. Exames de Imagem

• Ultra-sonografia

• PCI

A PCI diagnóstica no HUCFF é realizada administrando-se de 5mCi de 131I via

oral e a captação de iodo é avaliada 72h após. Na PCI pós-dose, a captação do iodo é

vista 7 a 10 dias após a administração da dose terapêutica.

V. Ética em pesquisa

Este trabalho faz parte de uma linha de pesquisa em câncer de tireóide,

desenvolvida no Serviço de Endocrinologia do HUCFF, já aprovada pelo Comitê de

Ética deste hospital (protocolo de pesquisa: 178/06 –CEP).

Os dados coletados dos prontuários foram utilizados exclusivamente para

realização deste extenso levantamento e serão mantidos em sigilo.

Os riscos foram próprios ao tratamento e aos métodos diagnósticos realizados

durante o acompanhamento dos pacientes com carcinoma diferenciado da tireóide e,

portanto, não foram solicitados exames adicionais.

Todos os dados referentes aos pacientes foram pesquisados em seus

prontuários de forma retrospectiva.

VI. Análise estatística

O teste qui-quadrado foi utilizado para verificar dentre os fatores prognósticos

estudados aqueles que poderiam ser associados ao pior prognóstico do câncer folicular.

Através do mesmo teste, foi feita a comparação da evolução entre os carcinomas

folicular e papilífero. Utilizou-se a correção de Yates para as amostras com números de

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observações entre 20 e 40 ou amostras com freqüências esperadas menores do que 5.

Utilizou-se o teste exato de Fisher para amostras com números de observações

menores do que 20.

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28

RESULTADOS

I.Características iniciais dos pacientes:

Foram avaliados 42 pacientes com carcinoma folicular da tireóide, 39 do sexo

feminino e 3 do sexo masculino com idade ao diagnóstico maior do que 45 anos em

metade deles. De acordo com a histopatologia 28 foram classificados como folicular

clássico, 9 como carcinoma de células de Hürthle e 4 como insular. De acordo com o

grau de invasão 21 deles eram minimamente invasivos e 12 amplamente invasivos. Em

relação ao tamanho tumoral foram classificados em T1, T2, T3, T4a e T4b

respectivamente 3, 17, 12, 3 e 1 paciente. Dois pacientes tinham metástase para

linfonodo ao diagnóstico enquanto 4 tinham metástase à distância. Com relação ao

estadiamento inicial foram classificados em estágios I, II, III e IV respectivamente 18,

10, 10 e 4 pacientes.

Dos 68 pacientes com carcinoma papilífero 55 eram mulheres e 13 homens,

25 com idade maior que 45 anos e 43 com idade menor que 45 anos. Foram

classificados em carcinoma papilífero clássico e papilífero variante folicular

respectivamente 59 e 9 pacientes. Foram classificados como carcinoma invasivo em 32

pacientes e não invasivos em 28 deles. Em relação ao tamanho tumoral 19, 20, 7 e 13

pacientes enquadraram-se nos estágios I, II, III e IV respectivamente. Vinte e cinco

possuíam metástases para linfonodo e 6 metástases à distância ao diagnóstico. Com

relação ao estadiamento inicial foram classificados em estágio I, II, III e IV

respectivamente 44, 7, 8 e 9 pacientes (Tabela 4).

O tempo médio de acompanhamento dos pacientes com carcinoma folicular

foi de 8 anos com desvio padrão de 6 anos (mínimo de 2 e máximo de 26 anos). O

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29

tempo de médio de acompanhamento dos pacientes com carcinoma papilífero foi de 7

anos com desvio padrão de 4 anos (mínimo de 2 e máximo de 24 anos).

Todos usavam hormônio tireoidiano (levotiroxina) em doses supressivas.

Tabela 4: Características iniciais dos pacientes com carcinoma folicular e

papilífero.

FOLICULAR PAPILÍFERO SEXO Masculino 3 (7%) 13 (19%) Feminino 39 (93%) 55 (81%) IDADE ≥45 21 (50%) 25 (37%) <45 21 (50%) 43 (63%) TRATAMENTO Completo 17 (40%) 52 (76%) Incompleto 25 (60%) 16 (24%) ESTÁGIO INICIAL I 18 (43%) 44 (65%) II 10 (24%) 7 (10%) III 10 (24%) 8 (12%) IV 4 (9%) 9 (13%) INVASÃO Sim 12 (36%) 32 (47%) Não 21 (64%) 28 (53%) TAMANHO DO NÓDULO T1 3 (8%) 19 (32%) T2 17 (47,5%) 20 (34%) T3 12 (33,5%) 7 (12%) T4 4 (11%) 13 (22%) METÁSTASE A DISTÂNCIA Sim 4 (9,5%) 6 (9%) Não 38 (90,5%) 62 (91%) METÁSTASE PARA LINFONODOS Sim 2 (5%) 25 (38%) Não 38 (95%) 41 (62%) TIPO HISTOLÓGICO Folicular Clássico 28 (67%) Células de Hürthle 9 (21%) Insular 5 (12%) Papilífero Clássico 59 (87%) Papilífero Variante Folicular 9 (13%)

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30

II. Análise dos fatores prognósticos em carcinoma folicular

Com relação à análise dos fatores prognósticos: sexo, idade, tratamento

completo, estadiamento inicial, tumor histologicamente invasivo, tamanho do nódulo ao

diagnóstico, acometimento de linfonodos ao diagnóstico, metástases à distância ao

diagnóstico e tipo subtipo histológico, associados a maior risco de persistência ou

recorrência da doença em carcinoma folicular foram encontrados os seguintes

resultados:

1) Sexo: Dos 42 pacientes analisados 39 eram mulheres e 3 homens.

Encontram-se atualmente em remissão todos os homens e 27 mulheres.

Nossos resultados mostraram que a incidência de atividade e remissão

independe do sexo (p: 0,636) (Figura 1).

Figura 1: Carcinoma Folicular. Fator Prognóstico: Sexo

100%

90%

0%

10%

0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%

Atividade

Remissão

Masculino

Feminino

p: 0,636

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31

2) Idade: Dos 12 pacientes em atividade de doença, 9 (75%) tinham mais que

45 anos e 3 (25%) menos que 45 anos. Dentre os 30 pacientes considerados

em remissão, 12 (40%) e 18 (60%) tinham mais e menos que 45 anos,

respectivamente. Este achado foi estatisticamente significativo, mostrando que

idade maior que 45 anos é fator de mau prognóstico (p: 0,040) (Figura 2).

Figura 2: Carcinoma Folicular. Fator Prognóstico: Idade

25%

60%

75%

40%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%

Atividade

Remissão

>45 anos

<45 anos

p: 0,040

3) Abordagem terapêutica: Do total de pacientes em atividade de doença, 10

(83%) foram submetidos à tratamento completo e 2 (17%) à tratamento

incompleto. Dos pacientes em remissão, 23 (77%) foram submetidos à

tratamento incompleto e 7 (23%) à tratamento completo (Figura 3). O maior

percentual de pacientes submetidos a tratamento completo naqueles

considerados em atividade de doença e de maneira oposta, a maior presença

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32

de pacientes submetidos à tratamento incompleto naqueles que encontram-se

em remissão foi estatisticamente significativo (p: 0,001).

Figura 3: Carcinoma Folicular. Fator Prognóstico: Tipo de Tratamento

17%

77%

83%

23%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Atividade

Remissão

Tratamento Completo

Tratamento Incompleto

p: 0,001

Entretanto, ao analisar os pacientes de acordo com seu estadiamento inicial e

tipo de tratamento recebido, foi estatisticamente significativo (p: 0,026) que

pacientes com estadiamento inicial I e II foram submetidos mais à tratamento

incompleto do que aqueles com estadiamento III e IV (Figura 4).

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33

Figura 4: Comparação entre estadiamento inicial e tipo de tratamento em carcinoma folicular

20%

53%

80%

47%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Incompleto

Completo

I e II

III e IV

p: 0,026

4) Estadiamento inicial: Dos pacientes em atividade de doença, 4 (33%) foram

classificados como estágio I ou II e 8 (67%) como estágio III ou IV. Daqueles

em remissão, 24 (80%) e 6 (20%) foram classificados como estágio I ou II e III

ou IV, respectivamente (Figura 5). O percentual de atividade de doença foi

estatisticamente maior nos pacientes dos estágios III e IV (p: 0,011), mostrando

que pacientes em estágios I ou II têm maior tendência à remissão da doença

ao longo do tempo.

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34

Figura 5: Carcinoma Folicular. Fator Prognóstico: Estágio Inicial

33%

80%

67%

20%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Atividade

Remissão

III e IV

I e II

p: 0,011

5) Invasividade tumoral: Dos pacientes com carcinoma minimamente invasivo 1

(9%) encontrava-se em atividade e 20 (91%) em remissão. Dos 12 com

carcinoma amplamente invasivo, 10 (91%) encontravam-se em atividade e 2

(9%) em remissão (Figura 6). Esta diferença foi estatisticamente significativa (p:

<0,001), mostrando que carcinomas amplamente invasivos têm pior

prognóstico.

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35

Figura 6: Carcinoma Folicular. Fator Prognóstico: Grau de Invasão

9%

91%

91%

9%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Atividade

Remissão

Amplamente

Minimamente

p: <0,001

6) Diâmetro tumoral: Em relação ao tamanho do nódulo dos pacientes em

atividade, 2 (20%) foram classificados em T1 e T2 e 8 (80%) em T3 e T4.

Naqueles em remissão, 18 (69%) em T1 e T2 e 8 (31%) em T3 e T4 (Figura 7).

Esta diferença foi estatisticamente significativa (p: 0,011), mostrando que

pacientes com nódulos de tamanho classificado comoT3 e T4 pelo UICC têm

pior prognóstico.

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36

Figura 7: Carcinoma Folicular. Fator Prognóstico: Diâmetro tumoral

20%

69%

80%

31%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Atividade

Remissão

T3 e T4

T1 e T2

p: 0,011

7) Tipo histológico: Dentre os pacientes em atividade de doença, foram

classificados respectivamente como células de Hürthle, folicular clássico e

insular: 2, 7 e 3. Já os em remissão foram classificados respectivamente

seguindo a mesma ordem acima: 7, 21 e 2 pacientes (Figura 8). Não houve

diferença significativa entre atividade e remissão em relação aos tipos

histológicos estudados (p: 0,717).

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37

Figura 8: Carcinoma Folicular. Fator Prognóstico: Tipo Histológico

17%

23%

58%

70%

25%

7%

0% 20% 40% 60% 80%

Atividade

Remissão

Insular

Folicular Clássico

Células de Hürthle

p: 0,717

8) Metástases para linfonodos: Dos 40 pacientes em que foi possível estudar a

presença de linfonodos acometidos ao diagnóstico, apenas 2 apresentaram

metástases e ambos encontram-se em atividade de doença (Figura 9).

Entretanto, ao comparar o percentual de pacientes com ou sem metástases

para linfonodos dentre os pacientes com ou sem atividade de doença, observa-

se que o acometimento de linfonodos ao diagnóstico não parece estar

associado a um pior prognóstico (p: 0,123).

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38

Figura 9: Carcinoma Folicular. Fator Prognóstico: Metástases para Linfonodos

82%

100%

18%

0%

0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%

Atividade

Remissão

SIM

NÃO

p: 0,123

9) Metástases à distância: Dos 42 pacientes, 4 apresentavam metástase à

distância no momento do diagnóstico. Destes 4 pacientes, 3 encontram-se em

atividade de doença e 1 em remissão (Figura 10). Esta diferença não teve

significado estatístico (p: 0,114).

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39

Figura 10: Carcinoma Folicular. Fator Prognóstico: Metástases à Distância

75%

97%

25%

3%

0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%

Atividade

Remissão

SIM

NÃO

p: 0,114

III. Análise comparativa da evolução entre carcinoma folicular e

papilífero.

A análise da evolução dos 42 pacientes com carcinoma folicular e dos 68

pacientes com carcinoma papilífero não demonstrou diferença estatisticamente

significativa quanto ao prognóstico entre os subtipos histológicos (p: 0,377) (Figura 11).

Dos 42 com carcinoma folicular e dos 68 com carcinoma papilífero 12 (28%) e 25

(36.76%) encontram-se em atividade respectivamente. Dos 12 pacientes com carcinoma

folicular em atividade, 8 apresentam metástase à distância, 6 doença local e 2

apresentam PCI negativo com tg sérica alta (quatro pacientes apresentam

simultaneamente metástases à distância e doença local). Dentre os 25 pacientes com

carcinoma papilífero que encontram-se em atividade, 9,14,1 e 2 assim foram

classificados por: metástase à distância, recidiva local, tg alta com PCI negativo e ac

anti-tg alta respectivamente (um paciente apresenta simultaneamente metástase à

distância e doença local).

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40

Figura 11: Comparação da Evolução entre os Carcinomas Folicular e Papilífero

71%

63%

29%

37%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%

Folicular

Papilífero

Atividade

Remissão

p: 0,377

Dezoito pacientes com carcinoma folicular e 44 com papilífero foram

classificados em estágio I. O percentual de remissão neste estágio foi de 94 e 70%

respectivamente. Não foi observada diferença estatística entre os subtipos histológicos

(p: 0,086) quanto à evolução do câncer (Figura 12).

Foram classificados em estágio II 10 pacientes com carcinoma folicular e 8

com papilífero. O percentual de remissão foi de 70 e 57%, respectivamente, não

havendo diferença estatística (p: 0,644) entre os 2 grupos (Figura 12).

Em estágio III enquadraram-se 10 pacientes com carcinoma folicular e 8 com

papilífero. Não foi observada diferença estatística (p: 0,644) quanto à taxa de remissão

entre carcinoma papilífero (50%) e folicular (60%) (Figura 12).

Os estágios IVA e IVc foram agrupados juntos devido ao pequeno número de

pacientes em cada subgrupo (não houve nenhum paciente em estágio IVb). Desta

forma 4 pacientes com carcinoma folicular e 9 com papilífero enquadraram-se neste

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41

grupo. A minoria encontra-se em remissão (0 e 44,4% respectivamente), e também não

foi encontrada diferença significativa (p: 0,228) entre os subtipos histológicos (Figura

12).

Figura 12: Comparação da evolução entre os Carcinomas Folicular e Papilífero a partir

de seu estadiamento inicial.

I) p: 0,086 ; II) p:0,644 ; III) p: 0,644 ; IV) p:0,228

Carcinoma Folicular

0%

60%

70%

94%

100%

40%

30%

6%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

IV

III

II

I

Remissão

Atividade

Carcinoma Papilífero

44%

50%

57%

70%

56%

50%

43%

30%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

IV

III

II

I

Remissão

Atividade

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42

DISCUSSÃO

O carcinoma diferenciado da tireóide é um tumor maligno, que geralmente

apresenta baixa agressividade, permitindo longa sobrevida. O tratamento clássico

apresenta comprovada eficácia e engloba a cirurgia, iodo radioativo e a terapia

supressora de TSH. Entretanto, alguns pacientes apresentam risco elevado de recidiva

ou mesmo de morte, de forma que o estudo dos fatores prognóstico é de fundamental

importância para seleção dos pacientes em que a abordagem terapêutica agressiva e o

acompanhamento mais rigoroso são necessários.

No presente trabalho diversos fatores de risco para recidiva foram estudados.

Foi observado que a evolução da doença foi independente do sexo. Este dado está de

acordo com Brennan e colaboradores (1991) que estudaram apenas carcinomas

foliculares da tireóide e com Carmen e colaboradores (2006) que avaliaram carcinomas

diferenciados em geral. Loh e colaboradores (1997), entretanto encontraram em seu

estudo com carcinomas diferenciados da tireóide menos chance de recorrência em

mulheres. Ainda hoje existem divergências se o sexo feminino representa ou não fator

de melhor prognóstico nos carcinomas diferenciados da tireóide. Ao analisar as sete

classificações existentes de estadiamento inicial para carcinomas bem diferenciados da

tireóide: EORTC, UICC/AJCC, AGES, AMES, MACIS, Clinical Class, OHIO, o sexo

feminino entra como fator de melhor prognóstico em apenas dois deles: EORTC e

AMES (apud Golbert e cols, 2005).

Idade maior que 45 anos foi fator relacionado à pior prognóstico neste estudo

(figura 2). Este achado é concordante com Brennan e colaboradores (1991) que

encontraram pior prognóstico em pacientes com idade maior que 50 anos e Besic e

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43

colaboradores (1999). Além disso, idade é fator determinante usado para classificação

do estadiamento dos tumores na 6ª edição do UICC, em que pacientes menores que 45

anos são classificados apenas em estágios I e II (sem e com metástases à distância

respectivamente).

Estudo conduzido por Mazzaferi e Kloos (2001) demonstrou menor índice de

recorrência local e à distância quando pacientes com carcinoma bem diferenciado

foram tratados com tireoidectomia total, radioiodoterapia e doses supressoras de

levotiroxina. Neste estudo esta conduta foi classificada como tratamento completo. De

forma estatisticamente significativa (p: 0,001), os pacientes submetidos à tratamento

completo encontram-se mais em atividade de doença do que aqueles submetidos à

tratamento incompleto. Analisando os pacientes de acordo com seu estadiamento inicial

e tipo de tratamento recebido foi estatisticamente significativo (p: 0,026) que pacientes

com estadiamento inicial I e II foram submetidos mais à tratamento incompleto do que

aqueles com estadiamento III e IV (Figura 4). Desta forma foi criado um viés já que

foram submetidos à tratamento completo mais pacientes com doença agressiva e que,

consequentemente, tinham maior probabilidade de na atualidade encontrarem-se em

atividade de doença do que aqueles com carcinoma menos agressivo que apesar de

terem sido submetidos à tratamento incompleto encontram-se em remissão de doença.

Desta forma não podemos associar tratamento completo à pior prognóstico.

Os pacientes em estágios I e II tiveram melhor prognóstico que aqueles em

estágios III e IV com significado estatístico. Estes achados estão de acordo com o

Consenso Brasileiro para nódulos e carcinoma diferenciado da tireóide ( Maia e cols,

2007) que classifica pacientes em estágios I e II como de baixo risco para recorrência e

pacientes em estágios III e IV como alto risco para recorrência.

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44

Segundo a literatura (Brennan e cols ,1991; Besic e cols 1999; Chow e cols,

2002) pacientes com carcinoma folicular amplamente invasivo têm pior prognóstico.

Este dado é coincidente com os desta análise. A presença de carcinoma folicular

amplamente invasivo foi o fator avaliado com maior peso estatístico em predizer pior

prognóstico neste estudo (p<0,001).

Para avaliação do tamanho do nódulo, os pacientes foram alocados em dois

grupos: T1 - T2 e T3 - T4, pois não foi possível esta análise em 6 deles o que diminuiu

o número de pacientes avaliados em cada grupo. Em nosso estudo tamanho inicial do

nódulo maior que 4 cm foi fator de pior prognóstico com significado estatístico (p:

0,011). De acordo com a literatura nódulos maiores que 2 cm têm pior prognóstico

(Machens e cols, 2005 ; Maia e cols, 2007).

Em relação à histologia, a literatura mostra que carcinoma insular e carcinoma

de células de Hürthle determinam pior prognóstico (Pereira e cols, 2000; Kushchayeva

e cols, 2004). Não foi possível neste estudo determinar correlação entre tipo histológico

e prognóstico devido provavelmente ao baixo número de pacientes nos diferentes

subtipos.

A presença de metástases para linfonodo ao diagnóstico é fator de risco para

recorrência e persistência da doença (Maia e cols, 2007; Cooper e cols, 2006). Ainda

há controvérsias entretanto quanto à diminuição da sobrevida (Leboulleux e cols, 2005).

Neste grupo apenas 2 pacientes tinham linfonodos acometidos no momento do

diagnóstico. Os dois estão atualmente em atividade de doença. Talvez o fato de

acometimento de linfonodos em carcinoma folicular ser raro associado ao tamanho de

nossa amostra não possibilitou correlacionarmos metástases para linfonodo à pior

prognóstico de forma estatisticamente significativa.

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45

É unânime na literatura correlacionar a presença de metástases à distância ao

diagnóstico à maior chance de recorrência e/ou persistência da doença e diminuição da

sobrevida. Dos 42 pacientes com carcinoma folicular, 4 tinham metástases ao

diagnóstico. Dos quatro, três encontram-se em atividade de doença. Destes 3, 2

apresentam não só metástases à distância como recidiva local da doença. O paciente

que atualmente encontra-se em remissão e apresentava metástase à distância tinha

menos de 45 anos ao diagnóstico, ou seja, foi classificado em estágio II de acordo com

a UICC pertencendo desta forma ao grupo de baixo risco. Não foi possível

correlacionar, entretanto neste estudo a presença de metástases ao diagnóstico à pior

prognóstico de forma estatisticamente significativa, provavelmente devido ao pequeno

número de pacientes com metástase à distância nesta amostra.

Classicamente, o carcinoma folicular da tireóide tem sido amplamente

associado à maior mortalidade que o carcinoma papilífero nas revisões de literatura.

Em 10 anos sua taxa de sobrevida é de 85 % enquanto que em carcinoma papilífero a

sobrevida é de 92%. Apresentam, além disso, estágio mais avançado em relação ao

carcinoma papilífero no momento do diagnóstico (Mazzaferi e Kloos, 2001).

Um dos objetivos deste estudo foi comparar a evolução do carcinoma folicular

com a do papilífero. afim de saber se quando pareados a partir de igual estadiamento

inicial possuem evolução semelhante. Entretanto, a análise dos 68 pacientes com

carcinoma papilífero e dos 42 com carcinoma folicular não demonstrou diferença

estatisticamente significativa em relação à evolução, ou seja, o prognóstico deste grupo

de pacientes com carcinoma folicular foi semelhante ao papilífero.

Besic e colaboradores (1999) ao estudarem pacientes com carcinoma folicular

encontraram sobrevida em 10 anos de 60%, o que representa uma maior taxa de

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46

mortalidade em relação ao restante da literatura: sobrevida em 10 anos de acordo com

Simpson e colaboradores (1987), Shaha e colaboradoes (1995) e Brennan e

colaboradores (1991) respectivamente de 73, 80 e 88% (apud Besic e cols,1999). Em

seu estudo, Besic e colaboradoress (1999) associam como um dos fatores de pior

prognóstico em seus pacientes a extensa invasão vascular encontrada em 58% deles,

diferente do estudo de Brennan e colaboradores (1991) que encontrou extensa invasão

vascular em apenas 14% dos casos. No estudo de Lo (2005) e no de Lang (2007 B) 46

% e 55% dos pacientes foram classificados como minimamente invasivos

respectivamente.

Nesta análise, 63% dos pacientes foram classificados como minimamente

invasivos. Desta forma, o achado de prognóstico semelhante entre os pacientes com

carcinoma papilífero e folicular, pode, pelo menos em parte, estar relacionada a menor

proporção de casos extensamente invasivos desta amostra de carcinomas foliculares,

quando comparada ao restante da literatura. Além disso, o grau de invasão tumoral foi

o fator com maior peso estatístico em predizer risco de persistência ou recorrência de

doença.

O grau de invasão tumoral dos pacientes com carcinoma papilífero também

poderia ter contribuído para um prognóstico semelhante entre carcinoma folicular e

papilífero caso houvesse neste grupo mais pacientes com carcinoma papilífero invasivo

do que mostra a literatura. É importante destacar que a invasividade tumoral também foi

fator de pior prognóstico em carcinoma papilífero nesta análise (p: 0,003). Entretanto

como no grupo de pacientes com carcinoma papilífero considerados como invasivos

foram alocados pacientes com invasão de cápsula, angioinvasão e de tecidos

adjacentes, a comparação com a literatura tornou-se difícil não podendo-se inferir desta

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47

forma maior presença ou não de pacientes com carcinoma papilífero invasivo neste

grupo.

A análise da evolução dos dois tipos de câncer a partir de mesmo

estadiamento inicial mostrou prognóstico semelhante para ambos em todos os

estadiamentos. Segundo Golbert e colaboradores (2005) pacientes com carcinoma

papilífero e folicular quando emparelhados por idade e estágio tumoral apresentam o

mesmo prognóstico. Em 1984 Donohue e colaboradores estudando 44 pacientes com

carcinoma folicular e 44 com carcinoma papilífero encontraram prognóstico semelhante

quando emparelhados por idade e sexo.

A literatura sugere, desta forma, que quando comparados a partir de dados

iniciais semelhantes carcinoma folicular e papilífero apresentam evolução análoga o

que está de acordo com nossos achados.

Foram fatores limitantes neste estudo: 1) o tamanho da amostra, o que

provavelmente impossibilitou a correlação entre a presença de metástase à distância e

para linfonodo à pior prognóstico e 2) o tempo de acompanhamento dos pacientes.

Neste estudo o tempo mínimo de acompanhamento foi de 2 anos e o ideal seria de pelo

menos 10 anos, já que pacientes com carcinoma diferenciado devem ter

acompanhamento a longo prazo pois pode ocorrer recorrência local ou metástase à

distância vários anos após o diagnóstico.

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48

CONCLUSÕES

1) Os fatores relacionados à pior prognóstico em carcinoma folicular foram: idade

maior que 45 anos, tamanho T3 e T4 (segundo 6ª edição do UICC), carcinoma

amplamente invasivo e estágios III e IV (segundo a 6ª edição do UICC).

2) Neste grupo de pacientes, carcinoma folicular e papilífero apresentaram

evolução semelhante independente do estadiamento inicial, o que pode, em

parte, ser explicado pelo maior percentual de pacientes com carcinoma folicular

minimamente invasivo neste grupo.

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