estudo do banco de imagens do museu paulista

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ECA Carolina dos Reis Dias | 8543226 Lais de Oliveira | 5914850 Priscila Mansoldo | 8658885 Renata Mayumi Zamami | 8543164 Departamento de Biblioteconomia e Documentação Documentação Audiovisual Profª Drª Vânia Mara Alves Lima São Paulo, Dezembro de 2014 Informação visual: Estudo do banco de imagens do Museu Paulista ECA - USP

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Page 1: Estudo do banco de imagens do Museu Paulista

ECA

Carolina dos Reis Dias | 8543226

Lais de Oliveira | 5914850

Priscila Mansoldo | 8658885

Renata Mayumi Zamami | 8543164

Departamento de Biblioteconomia e Documentação

Documentação Audiovisual

Profª Drª Vânia Mara Alves Lima

São Paulo, Dezembro de 2014

Informação visual: Estudo do banco de imagens do Museu Paulista

ECA - USP

Page 2: Estudo do banco de imagens do Museu Paulista

1. Introdução

Os documentos audiovisuais englobam diferentes suportes e tipos documentais. Dentre esses, os

documentos visuais, chamados iconográficos, apresentam grande variedade de possibilidades, como

fotografias, pinturas, gravuras, desenhos, cartões postais, caricaturas, pôsteres, entre outras.

Acervos que apresentam documentos iconográficos em sua composição costumam gerar uma série

de dúvidas e questionamentos a respeito de sua conservação, devido à fragilidade do suporte e do

tratamento, diferente daquele exigido pelos documentos textuais. Além das dificuldades de conservação,

o documento iconográfico requer um tratamento documental complexo, pois os métodos de busca e o

comportamento dos usuários são distintos daqueles que buscam um texto.

O documento iconográfico, pela própria natureza de seu código, carrega um valor testemunhal,

como colocado por Smit (2000):

"Pode-se afirmar, sintetizando, que a linguagem presente no texto, por um lado e os sons e/ou imagens, por outro, significam de formas diferentes, uma vez que a linguagem significa por convenção e os sons e/ou imagens significam por projeção" (SHATFORD, 1986, p. 511 apud SMIT, 2000, p. 72).

Essa natureza inerente do material audiovisual, em especifico a imagem, tem uma ligação direta

com o referente, muitas vezes assumindo o valor do próprio objeto dentro do imaginário humano, sendo

tratada como espelho do real (SMIT, 1987). "A imagem de uma ponte, por exemplo, representa tanto a

categoria genérica das pontes como também, e forçosamente, uma ponte em particular" (SHATFORD,

1986, p. 47 apud SMIT, 2000, p. 76). Também é preciso levar em consideração as dificuldades

relacionadas à interpretação de uma imagem.

A imagem evoca múltiplas interpretações e a leitura da imagem depende do conhecimento do

observador de reconhecer os seus signos (BARTHES, 1977). O tratamento da imagem é agravado ainda

mais pela dificuldade de transição desse signo não verbal para o verbal, ou seja, ao realizar a

transcodificação da imagem em código textual para a descrição no banco de dados, sempre haverá perda

de informação.

Portanto, o tratamento documental deve considerar uma política, por parte da instituição, que

definirá e padronizará o nível de descrição da imagem. Também deve considerar dados técnicos que

influenciam na leitura da imagem como enquadramento, posição de câmera, efeitos especiais, etc.

O grande volume de informação que a imagem contém, não precisa ser, necessariamente,

especificada em detalhes, pois o reconhecimento do conteúdo da imagem se dá muito rapidamente por

parte do usuário. Portanto, o que se busca em um banco de dados de imagens é que ele seja capaz de

agrupar os resultados para que o usuário os visualize e escolha o que deseja (SMIT, 1987).

Dentro da problemática e complexidade que envolve o material iconográfico apresentado, este

trabalho pretende analisar o banco de imagens informatizado do Museu Paulista, desenvolvido na década

de 1990 e em vigor pela instituição até os dias de hoje, observando seu desempenho com relação às

necessidades do museu nas atividades de pesquisa e curadoria.

Page 3: Estudo do banco de imagens do Museu Paulista

2. Banco de dados iconográficos do Museu Paulista 2.1. Apresentação

O Sistema Documental do Museu Paulista – composto pelos módulos Iconografia, Objetos e

Textual - nasceu de um trabalho de revisão do tratamento documental dos acervos do museu, como parte

do projeto de reorganização física e documental dos acervos, no início da década de 1990. O projeto

respondia à necessidade de adequar o museu a sua nova realidade, após uma reestruturação que o definiu

como Museu de História especializado no campo da História e da Cultura Material, definindo-se suas três

linhas de pesquisa: Cotidiano e Sociedade, História do Imaginário e Universo do Trabalho. Todas as

atividades que envolvem o tratamento do acervo, os projetos acadêmicos e as difusões cultural e

educacional passaram a atuar de acordo com essas linhas de pesquisa (MAKINO et al., 2003).

A constituição do sistema informatizado de catalogação dos acervos levou em consideração

metodologias de catalogação que permitissem trabalhar o acervo dentro das linhas de pesquisa. Isso

significou "a aplicação de novas formas de organização e descrição necessariamente associadas a projetos

de infraestrutura e tecnologia, especialmente na área de informática" (MAKINO et al., 2003, p. 263).

Esse projeto contou com apoio sucessivo da FAPESP, CNPq e da própria Universidade de São Paulo.

O banco de dados informatizado que foi elaborado serve a dois departamentos do museu: Serviço

de Documentação Textual e Iconográfico (SVDHICO) e Serviço de Objetos (SVOBJ). O módulo

Iconografia do sistema é a parte referente a todo o material iconográfico e será o estudo de caso abordado

nesse trabalho. Ele atende a um total de quase cinqüenta mil itens, entre fotografias, desenhos, aquarelas,

pinturas, gravuras, impressos e documentação textual.

O objetivo idealizado para o módulo Iconografia era que ele fosse capaz de permitir o diálogo entre

texto e imagem, reunindo as fichas catalográficas e as imagens digitalizadas das obras, trazendo a imagem,

a cor e a textura. Uma experiência muito mais rica ao pesquisador do que as reduções descritivas

genéricas.

A reorganização do acervo em um banco informatizado conferiu uma nova percepção em termos

quantitativos e qualitativos, aumentando potencialmente as pesquisas. Trouxe benefícios gerais, incluindo

a própria atividade curatorial, capacitando muitos trabalhos e produtos realizados pelo Museu como a

exposição São Paulo nas lentes de Militão, inaugurada em 1997, e o módulo-exposição Olho Cíclico-

Animatoscópio (2004).

O banco foi elaborado inicialmente em Dbase e posteriormente na linguagem FoxPro. É um banco

de acesso somente local, porém possui um "espelhamento" na internet que permite a visualização online

de alguns campos do catálogo do acervo.

Page 4: Estudo do banco de imagens do Museu Paulista

2.2. Descrição do Banco Iconográfico Informatizado

O Banco Iconográfico Informatizado apresenta uma interface de comunicação com o usuário

dividida em oito partes. A primeira apresenta um resumo geral das informações catalográficas básica da

obra como, titulo, autoria, origem data, etc., e apresenta uma imagem geral da obra. Em seguida, possui

quatro outras partes que apresentam em detalhes informações catalográficas. A primeira parte apresenta a

descrição do documento iconográfico com os seguintes campos (vide figura 1 no anexo):

• Número de IC: é o número de controle da unidade de acervo. A notação é composta pela sigla IC

sucedida por um número de 16 dígitos.

• Denominação: campo que indica o aspecto mais geral da técnica de confecção do documento;

em alguns casos é acrescida a tipologia documental.

• Título/Legenda: é a identificação da imagem, atribuída pelo autor ou editor e encontra-se,

geralmente, no próprio documento. Em caso de ausência dessa informação, ele deve ser atribuído

pelo documentalista que preencher a ficha.

• Autoria 1: campo destinado ao autor do documento.

• Autoria 2: campo destinado ao autor secundário do documento.

• Nome artístico: campo destinado à variação do nome do autor, como o nome no qual o artista era

mais conhecido, apelidos, pseudônimos.

• Assinatura: destina-se a indicar o modo pelo qual o autor assina sua obra. Utilizado somente

para obras de arte.

• Local da assinatura: serve para indicar em qual localidade do documento está presente a

assinatura. É preenchido por meio de siglas que correspondem às localidades canto superior ou

inferior, direito ou esquerdo.

• Origem: indica a origem geográfica de produção da imagem.

• Período: contextualiza documento segundo períodos históricos brasileiros. Por exemplo, Colônia,

Império e República.

• Data: é subdivida em cinco campos: século, fase, década e data (indicando dia, mês e ano) e

datas-limite (ano de início e ano final).

• Referência/Agente: este campo destina-se à inserção de referências bibliográficas ou para a

indicação de estúdios fotográficos, quando se trata de material fotográfico.

• Série: indica se a imagem pertence a um conjunto maior de imagens.

• Número de série: é a indicação alfanumérica do documento caso ele pertença a uma série.

• Tiragem: utilizado para indicar o número da imagem em um conjunto de tiragem, como em

gravuras.

• Escala: utilizado para plantas ou mapas para indicar a escala em que o documento foi

confeccionado.

Page 5: Estudo do banco de imagens do Museu Paulista

Na segunda aba há campos para a descrição física do material e dados de localização (vide figura 2

no anexo):

• Fundo/Coleção: indica se a unidade documental pertence a um conjunto documental maior.

Possui subdivisões em Grupo, Subgrupo e Série.

• Localização: É um código alfanumérico que indica o local onde está acondicionado o documento.

• Negativo: indica o número do negativo de segunda geração capaz de reproduzir a peça original

da coleção.

• Cor: campo que descreve a cor do documento, indicando colorido ou preto e branco.

• Original/Reprodução: indica se o documento é uma cópia ou peça original.

• Técnica: indica o aspecto especifico do material e da técnica de produção do documento

iconográfico.

• Dimensões: utilizando a unidade centímetro, este campo é subdivido em seis partes que

designam altura com moldura, altura sem moldura, largura com moldura, largura sem moldura,

diâmetro com moldura, diâmetro sem moldura.

• Anexo: indica se há um segundo suporte no qual o documento esteja anexado.

• Inscrições: indica se há marcas manuscritas no documento, que não seja pertinente aos outros

campos indicados.

A terceira aba destina-se a dados patrimoniais, administrativos e ao estado de conservação (vide

figura 3 no anexo):

• Estado de conservação: indica as condições físicas do documento com relação ao seu estado de

conservação de forma resumida. Os relatórios detalhados, referente ao estado de conservação,

possíveis intervenções e reparos, não são registradas nesse banco.

• Histórico: indica a trajetória do documento antes da sua chegada ao museu. O histórico tratado

nesse campo só desrespeito ao documento, não ao conteúdo e nem ao autor do documento.

• Registro patrimonial: é subdividido em quatro campos que indicam os números patrimoniais da

peça:

1. Número MP: indica o número de patrimônio do Museu Paulista, utilizado para todos os

bens do museu.

2. Número USP: indica o número de patrimônio da reitoria da Universidade de São Paulo.

3. Número anterior: indica o número de tombo do antigo registro do Serviço de

Documentação Textual e Iconográfico do Museu Paulista.

4. Número de processo: indica o número de processo de incorporação de bens culturais, após

a aquisição do Museu para ser reconhecido como bem cultural da Universidade de São Paulo.

• Acesso: indica o status da imagem para consulta pelo usuário.

• Tipo de aquisição: indica o modo de integração do documento pelo museu.

Page 6: Estudo do banco de imagens do Museu Paulista

• Fonte: indica quem doou ou vendeu o documento

• Termo de aquisição: indica o tipo de documento pelo qual o acervo deu entrada na Instituição.

• Coletor: indica quem foi responsável pelo processo e aquisição.

• Data de aquisição: indica a data em que o documento foi adquirido.

• Valor da aquisição: em caso de compra, indica o valor pago pela obra.

• Moeda: indica em moeda (nacional) foi feita a aquisição

• Avaliação em dólar: indica o valor comercial do documento, em dólar.

• Data: indica a data de avaliação do documento.

• Avaliador: indica o nome de quem avaliou o documento.

Na quarta aba estão dados históricos do documento referente a sua vida após a inserção no acervo

do museu. Os campos presente nessa aba são (vide Figura 4 em anexo):

• Circulação: indica os meios em que o documento foi citado textualmente, ou reproduzido,

utilizado em eventos, catálogos, exposições, etc.

• Bibliografia: indica a bibliografia utilizada nas informações que se encontram na ficha.

• Referência no acervo: é um campo que permite fazer referência ao documento iconográfico com

outros documentos do acervo, tanto iconográficos como do acervo de objetos.

• Observações: campo destinado à inserção de informações adicionais, que não foram previstas

em outros campos.

• Compilação: campo que indica quem preencheu a ficha catalográfica. É subdividida em dois

campos:

1. Compilador/Data: identifica o profissional que preencheu a ficha e quando foi preenchida.

2. Supervisor/Data: indica quem foi o supervisor da atividade e a data.

Depois, existem as abas para os descritores, que se destinam a inserir termos para a descrição do

conteúdo das imagens. Por fim, uma aba chamada de Galeria para a visualização de mais imagens sobre o

documento, como detalhes, fotos do verso, etc.

O Serviço de Documentação Textual e Iconográfico conta com um manual desenvolvido pelo

próprio departamento para auxiliar no preenchimento da ficha catalográfica. O manual fornece

explicações sobre os campos a serem preenchidos e regras sobre como preenchê-los, porém, pode-se

observar que suas regras não estão baseadas em nenhum código de catalogação. O manual garante uma

padronização interna, mas torna os preenchimentos dos campos muito particulares, podendo vir a

prejudicar o museu dentro de um universo mais informatizado, de compartilhamento online.

Page 7: Estudo do banco de imagens do Museu Paulista

2.3. Problemas identificados

O Banco Iconográfico Informatizado (BICI) possui problemas de várias ordens que puderam ser

observados. O primeiro problema foi sobre a existência de campos de informação que não condizem com

o documento a ser registrado. Quando se inicia um novo registro, o banco de dados não diferencia o tipo

de documento a ser catalogado, ou seja, ele não irá separar os campos pertinentes ao tipo de documento

ao qual se destinará o registro. Ele apresenta a ficha catalográfica de modo fixo. Sua organização por abas

somente categoriza os dados de acordo com a semelhança da natureza da informação.

Mesmo se tratando de um banco de imagens, as diferentes técnicas e materiais acabam exigindo a

apresentação de campos específicos. No caso do BICI, essa distinção não existe, então muitos campos

ficam sem serem preenchidos, deixando a ficha muito extensa e com aparência de inacabada.

Quanto aos campos de dados, o BICI possui dois tipos de campos: o que permite texto livre, às

vezes somente limitado por números de caracteres, e o campo controlado, em que aparece uma lista de

opções possíveis. Dentro dessas opções, ainda há os campos recuperáveis, que podem ser utilizados no

sistema de busca, e os campos que não são recuperáveis.

Para os campos recuperáveis, a estrutura de recuperação é por identificação de caracteres, ou seja,

só se recuperam as informações que estão no banco se forem idênticas ao termo buscado. Isso deixa em

alerta todos os campos livres, pois uma vez digitados errados, não serão recuperados na hora da busca.

Nesse contexto, a atenção aos campos livres é ainda maior, uma vez que o museu não utiliza

controle de terminologias, como tesauros, para o preenchimento desses campos. O único campo que conta

com uma lista rudimentar de termos controlados é o de Descritores, mas mesmo assim somente quando

se tratam de fotografias.

Nenhum campo do BICI pode ser duplicado, ou seja, não há a opção de acrescentar um campo de

uma mesma informação. Isso é extremamente prejudicial no caso das autorias. O BICI só permite a

inserção de dois autores; se uma obra possuir mais, a informação sobre o terceiro autor será perdida, ou

terá que ser colocada em Observações. Isso também se repete para o Nome artístico, onde só pode ser

inserido um único nome, não há a possibilidade de inserir outras variações do nome, pseudônimos, etc.

O banco possui a capacidade de relacionar imagens digitalizadas ao registro catalográfico,

permitindo a inserção de mais de uma imagem se necessário. Porém, o campo para a Assinatura não

possui entrada para imagem digital, nem pode ser relacionado com arquivo de imagem. Não se pode ver a

assinatura do autor; o que se pode visualizar é somente a transcrição da assinatura, dentro da caixa de

texto livre. Uma informação que acaba se tornando irrelevante, uma vez que para autenticação das obras é

imprescindível a análise da assinatura do autor.

No campo para referência bibliográfica, o banco possui uma inconsistência: ele possui dois campos

diferentes que têm a mesma finalidade. Ambos os campos Referência/Agente e Bibliografia servem para a

indicação das referências utilizadas para o preenchimento do registro, sendo que o campo

Page 8: Estudo do banco de imagens do Museu Paulista

Referência/Agente pode, de modo improvisado na fotografia, ser usado para indicar o estúdio fotográfico

como autor do documento.

O campo designado para o estado de conservação da obra é um campo em texto livre que tem a

finalidade de uma breve descrição do estado físico da obra. Atualmente, relatórios mais detalhados sobre

o estado de conservação e possíveis intervenções e restauros não são registrados nesse banco. Essas

informações ficam sob a responsabilidade do Laboratório de Conservação e Restauro e são registradas em

fichas à parte. Entende-se que o duplo esforço em preencher uma ficha de conservação e depois ter que

passar informações manualmente para outro banco é prejudicial ao desempenho da equipe de catalogação,

já que exige mais tempo e dedicação à pesquisa em outro banco.

Outro problema do BICI é que ele não tem a capacidade de preencher campos automaticamente,

mesmo campos técnicos como Compilação e Supervisão. Esses campos são preenchidos manualmente, o

que não é uma forma segura, uma vez que o banco deve garantir o controle sobre indicações de quem foi

o responsável pela catalogação de uma obra, bem como garantir o histórico dos registros e de suas

modificações.

Quando o usuário vai ao museu para fazer uma pesquisa local, o banco permite que ele acesse com

um status de visualizador, permitindo somente olhar o banco, mas não fazer nenhuma alteração. Porém,

há campos que são de uso restrito dos funcionários do Serviço de Documentação, como no caso do campo

dos valores das obras. Esse campo, por questões de segurança, não deveria ficar visível aos usuários, mas

o BICI não possui nenhuma estrutura em seu programa que permitir a ocultação de campos selecionados.

Na hora de realizar pesquisas, o BICI é muito limitado na sua forma de busca. Como mencionado,

ele somente faz o reconhecimento por caracteres e permite a busca apenas pelos campos autor, título, data

e número de IC. Mesmo assim, a busca só pode ser realizada de forma individual, ou seja, não permite a

busca combinada entre esses campos. O banco também não reconhece os operadores booleanos.

O BICI também possui um problema ergonômico: ao acessar o banco, abaixo da ficha catalográfica,

há os ícones de função. À esquerda estão os ícones para selecionar o próximo resultado e o anterior e à

direita estão os ícones Novo Registro, Editar, Gravar, Apagar, Localizar, Filtrar , Imprimir e Sair. Um

dos primeiros inconvenientes do BICI é que ele não salva automaticamente um registro novo. O

catalogador tem que clicar em Gravar após preencher cada registro novo. Se ele clicar em Sair sem salvar,

o banco é fechado e o registro não é salvo.

Outro problema relacionado é que o botão para apagar está entre os botões Gravar e Localizar. Se

o catalogador clicar acidentalmente em Apagar, na intenção de clicar em Gravar, o registro será apagado

sem possibilidade de desfazer essa ação. Se, ao tentar realizar uma busca clicando em Localizar, o

catalogador clicar em Apagar, o registro que estiver aparecendo na tela será apagado, também sem

recuperação. Em depoimentos, alguns funcionários apontam essa proximidade dos botões como a

principal causadora de acidentes no banco de dados.

Page 9: Estudo do banco de imagens do Museu Paulista

3. Propostas de melhorias

A partir da análise dos problemas mencionados e descritos, foram feitas algumas propostas de

mudanças e melhorias, tanto para o sistema do banco de imagens do Museu Paulista, quanto para os

procedimentos que hoje são o padrão seguido pelos funcionários e pesquisadores do Sistema de

Documentação.

Sabe-se que todo tipo de alteração demanda planejamento, avaliação da viabilidade e treinamento

para os novos procedimentos, e que isso implica em custos. Pelos problemas serem majoritariamente

relacionados à própria usabilidade do sistema do banco de imagens, existe também a limitação do

software, que pode não permitir grandes alterações em sua aparência (pensando na atual localização dos

botões de comando) ou em sua forma de operar (no caso da impossibilidade de uso da busca booleana).

Tendo essas condições em vista, seguem as alterações propostas para resolver ou minimizar cada

um dos problemas. Primeiramente serão apresentadas as propostas para o sistema, relativamente mais

simples, e em seguida as sugestões de alterações procedimentais.

3.1. Campos de informação condicionados aos tipos de documentos

Para que a apresentação dos resultados de uma busca seja a mais objetiva possível, sem deixar de

expor campos relevantes, o ideal é que houvesse condicionais na programação do sistema, de modo que,

na inserção de um novo registro, possa ser selecionado o tipo de documento a ser descrito e com base

nisso sejam relacionados para preenchimento os respectivos campos específicos. Para o caso de campos

não preenchidos, esses não deveriam ser mostrados como vazios nos resultados da busca, mas sim

omitidos.

3.2. Flexibilização na criação de campos de informação

Assim como as regras do formato MARC permitem que haja repetição de alguns campos, o sistema

do banco de imagens também deveria permitir essa flexibilização na descrição dos documentos. Como

mencionado, isso é muito relevante especialmente para os campos de autor e de nome artístico, que nem

sempre se restringem a um único nome.

3.3. Permissão de inserção de imagens digitais no campo Assinatura

Como já existe o precedente de serem carregadas imagens da obra no registro, o sistema permite

trabalhar com arquivos não-textuais. Portanto, não há de ser complexa a alteração que inclui um campo

para anexar imagens da assinatura do(s) autor(es). Esse é um campo de extrema valia para esse banco de

dados, já que só é possível o reconhecimento de uma obra a partir da assinatura do autor.

Page 10: Estudo do banco de imagens do Museu Paulista

3.4. Preenchimento automático de registros de alteração

A situação problemática nesse caso é que quando alguém realiza alterações nos registros, não há

qualquer tipo de indicação de quem fez ou de quando foram feitas essas alterações. Especialmente para

situações de descrições alteradas equivocadamente, esse é um recurso de que os funcionários do Museu

sentem bastante falta. Bastaria que, para cada cadastro (login), houvesse um campo de preenchimento

automático para indicar a data e a autoria do novo registro ou da alteração.

3.5. Restrição de acesso a campos de informação selecionados

Alguns campos de descrição são efetivamente apenas relevantes para os funcionários do Serviço de

Documentação e deveriam ser acessíveis somente para essas pessoas. Os campos todos poderiam ter a

opção de serem mostrados ou ocultados dependendo do usuário que está realizando a busca.

3.6. Implantação de busca combinada e filtros de pesquisa

Em se tratando de um banco de imagens tão variado como o do Museu, a busca combinada e os

filtros de pesquisa são recursos essenciais para se garantir uma recuperação adequada ao usuário. Essa já

seria uma mudança na própria construção do sistema, possivelmente um tanto quanto mais complexa do

que as já propostas. De toda forma, a busca booleana é um recurso bastante conhecido e difundido, não

sendo, portanto, aceitável que um sistema atual não a utilize.

3.7. Opção de salvamento automático

Uma solução bastante simples é orientar o sistema a realizar salvamentos automáticos, ainda que

temporários, em intervalos de tempo determinados. Dessa forma, numa situação de queda de energia, por

exemplo, as informações não seriam imediatamente perdidas. Outro recurso básico seria um aviso em

pop-up de que o registro não foi salvo, caso o programa seja fechado acidentalmente. Dessa maneira, o

usuário pode optar por salvar as alterações realizadas ou manter o registro original.

3.8. Reestruturação do layout do banco de imagens

Para solucionar um dos problemas mais graves de usabilidade do sistema, uma reformulação geral

do layout do programa se faz necessária. O botão para apagar um registro deveria estar isolado e bem

sinalizado, para só ser clicado intencionalmente e não acidentalmente. Também, assim como no caso da

opção de perguntar para salvar, é essencial um aviso de confirmação quando se clica em Apagar, para

evitar perdas desnecessárias.

3.9. Desenvolvimento de vocabulários controlados

Atualmente, o Museu Paulista conta apenas com uma lista simples de termos controlados para

descritores de fotografias. Não se trata de um vocabulário controlado bem estruturado. Para os outros

Page 11: Estudo do banco de imagens do Museu Paulista

tipos de documento, nem essa ferramenta "precária" está à disposição. Dessa maneira, um trabalho em

conjunto para desenvolvimento de vocabulários controlados e/ou tesauros específicos para cada área

temática ou tipo de documento é algo imprescindível, não só pensando na padronização dos registros, mas

principalmente na facilitação da recuperação dos documentos numa busca, que é o objetivo principal de

um banco de dados.

3.10. Unificação das informações sobre o estado de conservação da obra

Já existe um campo de texto livre para designar o estado de conservação das obras. A proposta aqui

é a de passar a incumbência do preenchimento desse campo para os funcionários do Laboratório de

Conservação e Restauro, para que esses possam relatar diretamente no sistema detalhes sobre o estado de

conservação e possíveis intervenções e restauros nas obras, ao invés de preencherem fichas à parte. Esse

procedimento otimizará o trabalho de ambas as equipes.

Observa-se que algumas das sugestões para melhoria são bastante pontuais, necessitando-se

somente que o software permita essas alterações e que haja um profissional da área capacitado para

executá-las, ou que sejam instituídas novas normas procedimentais aos funcionários. Porém, há outras

que demandam muito mais tempo, pesquisa, esforços e recursos, como a definição de terminologias

padronizadas, vocabulários controlados e/ou tesauros, que não são instrumentos simples de serem

construídos.

Page 12: Estudo do banco de imagens do Museu Paulista

4. Considerações Finais Devido às novas formas de produção de conhecimento, expandiu-se a necessidade de organizar,

indexar e consultar imagens digitais na última década. Porém, como foi apresentado, entre a imagem e a

língua verifica-se uma diferença crucial: o número de elementos disponíveis para os atos lingüísticos é

finito. "Tanto o artista como o escritor precisam de um vocabulário antes de se arriscarem a copiar a

realidade" (Besançon, A., 1997).

Para representar o mundo é preciso um repertório de esquemas que elaborem e interpretem a

realidade, os quais organizam a experiência perceptiva, criando um esquema que a reformule.

Na literatura específica dos estudos sobre a imagem existem várias pesquisas sobre a taxonomia da

imagem, as quais indicam o campo de uma polirepresentação de diversas formas de linguagem como um

novo paradigma a ser estudado. Ao invés de um embate entre a palavra ou a imagem, a busca da imagem

com palavras. No entanto, essa conjunção aglutinadora sempre esteve presente entre nós, porém restrita e

limitada às especificidades literárias da linguagem.

Numa era de busca de novas formas de produção de conhecimento, é preciso avaliar e disponibilizar

de maneira mais abrangente o enorme potencial informacional disponível nos bancos de imagem em geral.

Eles armazenam um acervo fundamental da produção cultural e científica da sociedade contemporânea.

Sabe-se que cada local deve considerar seu público e seus objetivos. Por exemplo, no sistema

informatizado de catalogação do Museu Paulista foram criadas novas formas de organização e de

descrição associadas a projetos de infraestrutura e tecnologia. Esse tipo de percepção tem como

conseqüência o êxito de suas pesquisas.

Variações de acordo com o contexto em que se inserem são necessárias, desde que seja mantida a

grande finalidade de indexação de imagens: facilitar o acesso não a um maior número de imagens, mas às

imagens que melhor atendam às necessidades do usuário.

Page 13: Estudo do banco de imagens do Museu Paulista

5. Referências Barthes, R. Image-text-music. Fontana, 1977. BESANÇON, Alain. A imagem proibida. Uma história intelectual da iconoclastia. Rio de Janeiro: Bertrand, 1997. MAKINO, Miyoko; SILVA, Shirley Ribeiro da; LIMA, Solange Ferraz de; CARVALHO, Vânia Carneiro de. O Serviço de documentação textual e iconografia do Museu Paulista. An. mus. paul. [online]. 2003, vol.10-11, n.1, pp. 259-304. ISSN 0101-4714. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-47142003000100014&script=sci_arttext. Acesso em: 01 dez 2014. SMIT, Johanna et alli. Análise documentária: a análise da síntese. Brasília: IBICT, 1987. SMIT, J.W. Documentação audiovisual. In: BELLOTTO, H.L.; LIMAS, Y.D.; SMIT, J.W. (coord) Organização de arquivos. São Paulo, ECA/USP, 2000, p.67-80.

Page 14: Estudo do banco de imagens do Museu Paulista

6. Anexo: imagens do banco de dados iconográficos do Museu Paulista

Figura 1 - Visualização da interface da aba 1 do Banco Iconográfico Informatizado do Museu Paulista

Figura 2 - Visualização da interface da aba 2 do Banco Iconográfico Informatizado do Museu Paulista

Page 15: Estudo do banco de imagens do Museu Paulista

Figura 3 - Visualização da interface da aba 3 do Banco Iconográfico Informatizado do Museu Paulista

Figura 4 - Visualização da interface da aba 4 do Banco Iconográfico Informatizado do Museu Paulista