estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

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Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Materiais da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientadores: Luiz Henrique de Almeida Leonardo Sales Araujo Raphael Lopes Leibel ESTUDO DE VIABILIDADE DA REFUSÃO A ARCO SOB VÁCUO DE TUBOS DE LIGA DE ZIRCÔNIO Rio de Janeiro FEVEREIRO de 2014

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Page 1: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

i

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia de Materiais da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte

dos requisitos necessários à obtenção do título de

Engenheiro.

Orientadores: Luiz Henrique de Almeida

Leonardo Sales Araujo

Raphael Lopes Leibel

ESTUDO DE VIABILIDADE DA REFUSÃO A ARCO SOB VÁCUO DE TUBOS DE LIGA DE ZIRCÔNIO

Rio de Janeiro

FEVEREIRO de 2014

Page 2: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

ii

Page 3: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

iii

Leibel, Raphael Lopes

Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de

liga de Zircônio/ Raphael Lopes Leibel. – Rio de Janeiro: UFRJ/

Escola Politécnica, 2014.

VII, 57, p.: i1. ; 29,7 cm.

Orientadores: Luiz Henrique de Almeida

Leonardo Sales Araujo

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de

Engenharia de Materiais, 2014.

Referências Bibliográficas: p 55-57.

1. Refusão. 2. Zircônio. 3. VAR. I. ALMEIDA, Luiz Henrique de

et al. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola

Politécnica, Curso de Engenharia de Materiais. III. Estudo de

viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga de

Zircônio

Page 4: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

iv

AGRADECIMENTOS

À PIBIC, pelo incentivo financeiro durante o período de iniciação científica.

À INB, em especial ao Antonio Melki, por ceder o material utilizado nos ensaios

que viabilizaram a realização desse trabalho.

À Finep, pelo apoio. Projeto 01050924/00 (Desenvolvimento de Ligas Especiais

– Laboratório Multiusuário de Fusão a Arco).

Ao Laboratório de Propriedades Mecânicas, especialmente aos meus colegas

Matheus, Rafaela, Monique e Sônia.

Ao meu amigo e coorientador Leonardo Sales, pela orientação, ensinamentos e

oportunidades ao longo desses anos, sem a qual este trabalho não teria sido

realizado.

Ao professor Luiz Henrique de Almeida, pelas oportunidades oferecidas e pelo

conhecimento transmitido ao longo do curso.

Page 5: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

v

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para obtenção do grau de Engenheira de Materiais.

Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga de Zircônio Raphael Lopes Leibel

Fevereiro / 2014

Orientadores: Luiz Henrique de Almeida

Leonardo Sales Araujo

Curso: Engenharia de Materiais

Tubos feitos de liga de zircônio (Zircaloy) são amplamente utilizados em usinas

nucleares, principalmente por suas propriedades de baixa absorção de nêutrons

térmicos, elevada dureza, ductilidade e resistência à corrosão. Este trabalho apresenta

um estudo sobre o processo de refusão a arco sob vácuo de tubos de ligas de

zircônio, visando à reciclagem primária desse material (sobra de cortes), que por

ventura é fabricado em tamanhos excedentes ao tamanho ideal de utilização,

resultando em grande volume de descarte. A metalurgia a arco elétrico sob vácuo

destaca-se principalmente na produção e refino de metais reativos e refratários (Zr, Ti,

U) e de ligas especiais (aços especiais e superligas) devido ao ambiente protegido e

pela intensa geração de calor, assim como pela possibilidade de obtenção de um

produto final homogêneo. Foram realizados experimentos variando parâmetros do

forno VAR (Vacuum Arc Remelting) e os lingotes foram analisados posteriormente,

permitindo compreender a influência dos parâmetros de operação do equipamento e

do tipo de manufatura do eletrodo na qualidade do processo.

Palavras-chave: refusão, vácuo, zircônio, nuclear, VAR.

Page 6: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

vi

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for degree of Engineer.

Study on feasibility of refusion by electric arc under vacuum of Zirconium alloy tubes Raphael Lopes Leibel

February / 2014

Advisors: Luiz Henrique de Almeida

Leonardo Sales Araujo

Course: Materials engineering

Tubes made of zirconium alloy (Zircaloy) are broadly used in nuclear plants

mainly due to its properties of low thermal neutrons absorption, high hardness and

corrosion resistance. This work presents a study on the process of vacuum arc

remelting of zirconium alloy tubes, targeting the possibility of primary recycling of this

material (waste from the cutting process), that is occasionally fabricated exceeding the

ideal usage length, resulting on great waste volume. The vacuum arc metallurgy stands

out principally on the production and refine of refractory and reactive metals (Zr, Ti, U)

and special alloys (special steels and superalloys) due to the protected environment

and intense heat generation, as well as the possibility of achieving a homogeneous

final product. Experiments were performed varying the VAR (Vacuum Arc Remelting)

furnace’s parameters and the ingots were analyzed after, allowing understanding the

influence of equipment operation parameters and electrode manufacturing kind in the

process’s quality.

Keywords: refusion, vacuum, zirconium, nuclear, VAR.

Page 7: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

vii

Sumário

1. Introdução .............................................................................................................................. 1

2. Revisão bibliográfica .............................................................................................................. 3

2.1. A Indústria Nuclear ........................................................................................................ 3

2.1.1. Fissão Nuclear ....................................................................................................... 4

2.1.2. Reatores Nucleares ............................................................................................... 5

2.2. O Zircônio ...................................................................................................................... 9

2.2.1. Fonte de Zircônio ................................................................................................. 11

2.2.2. Separação Zr-Hf .................................................................................................. 11

2.2.3. Processo Kroll ..................................................................................................... 12

2.2.4. Ligas de Zircônio ................................................................................................. 13

2.3. Fabricação de Tubos de Zircônio ................................................................................ 18

2.4. Reciclagem de Tubos de Zircônio ............................................................................... 21

2.5. Refusão a arco elétrico sob vácuo .............................................................................. 23

3. Procedimento experimental ................................................................................................. 27

3.1. Materiais e equipamentos utilizados ........................................................................... 27

3.2. Manufatura dos eletrodos ............................................................................................ 33

3.2.1. Laminação ........................................................................................................... 33

3.2.2. Soldagem e união ................................................................................................ 34

3.2.3. Soldagem no forno VAR ...................................................................................... 39

3.3. Ensaios de refusão ...................................................................................................... 41

3.3.1. Cálculo do curso do eletrodo ............................................................................... 42

3.3.2. Cálculo do curso pela massa .............................................................................. 44

3.4. Preparo ........................................................................................................................ 46

3.5. Operação ..................................................................................................................... 47

4. Resultados e discussão ....................................................................................................... 47

4.1. Análise das refusões ................................................................................................... 47

4.2. Análise macrográfica ................................................................................................... 51

5. Conclusões .......................................................................................................................... 54

6. Referências bibliográficas .................................................................................................... 55

Page 8: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

1

1. Introdução

A indústria nuclear está presente em 31 países, e possui grande importância na

matriz energética de países como a França, sendo o país com a maior dependência

desse tipo de fonte de energia elétrica, com 77,7% de contribuição e geração de 423

bilhões de kWh, perdendo em valores absolutos apenas para os Estados Unidos, que

gerou 790 bilhões de kWh (1).

Historicamente, em reatores comerciais, utilizavam-se as ligas Zircaloy-2,

Zircaloy-4 e Zr-1Nb em componentes para montagem de combustíveis, enquanto os

materiais Zr-2.5Nb eram utilizados em tubos pressurizados. Durante a década de 80 e

90, o aumento da corrosão observada nas usinas alemães e suíças do tipo PWR

(Pressured Water Reactor) levou à busca por materiais mais resistentes à corrosão.

Essa situação foi a força motriz para o desenvolvimento de ligas Zr-Nb e Zircaloy, com

baixo teor de Sn e resistentes à corrosão em PWR, que estão hoje disponíveis no

mercado (2).

No presente trabalho, objetiva-se estudar a viabilidade da refusão das sobras

de varetas (tubos de pequeno diâmetro e paredes finas) de Zircaloy. Esse excesso no

tamanho dos tubos ocorre, pois o tamanho produzido pelo fabricante nem sempre é

feito sob medida para determinado reator, como já ocorreu no Brasil. Vale ressaltar

que este processo vale somente para retalhes de varetas que ainda não foram

utilizadas e, portanto, não estão contaminadas com radiação.

Esse processo se enquadra no padrão de reciclagem primária, onde as sobras

de manufatura do produto compõem o material a ser reaproveitado. Uma das

definições que melhor explicitam a condição de reciclagem primária diz que, ela é a

reciclagem de materiais limpos, sem contaminação, de um único tipo, antes de sua

utilização (3). A reciclagem desse tipo de material pode ser interessante não só para a

Page 9: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

2

possível fabricação de novas varetas, sendo politicamente estratégico para a

soberania de quem a utiliza, podendo também ser bastante útil no aspecto de

armazenagem, dado que um lingote maciço poder armazenar muito mais material do

que em forma de tubos. Acima de tudo, pode ser interessante no aspecto econômico.

A utilização da refusão a arco sob vácuo possibilita que o lingote resultante do

processo seja homogêneo, funda e solidifique sob atmosfera protetora, sem ocorrer

contaminação do material de interesse (4). A utilização desse processo no presente

trabalho também se deve à disponibilidade do equipamento para ensaios, nas

dependências do departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais, da

Universidade Federal do Rio de Janeiro.

O primeiro desafio aqui apresentado foi a transformação das sobras de tubos

em eletrodos consumíveis pelo forno VAR (Vacuum Arc Remelting). Os eletrodos são

de suma importância no processo, pois uma mera falha geométrica pode significar a

parada do equipamento durante o processo de refusão devido ao surgimento de arcos

elétricos formados entre a lateral do eletrodo com a lateral do cadinho de cobre

refrigerado. Durante todo o processo, o arco deve se estabelecer estável, e localizado

entre a ponta inferior do eletrodo e a base, ou fundo, do cadinho.

O segundo passo foi realizar ensaios (refusões) alterando alguns parâmetros

do equipamento como, diferença de potencial entre o eletrodo e o cadinho, corrente

elétrica, agitação magnética e velocidade de refusão. Este último parâmetro controlado

pelo equipamento, que automaticamente ajusta a corrente elétrica, com a distância

entre eletrodo-cadinho e a massa consumida do eletrodo.

Ao final são apresentados os resultados obtidos mostrando a viabilidade dessa

proposta de reciclagem, bem como algumas análises do lingote, correlacionando os

parâmetros utilizados com os problemas observados.

Page 10: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

3

2. Revisão bibliográfica

2.1. A Indústria Nuclear

Uma das maiores descobertas do século XX, as reações nucleares, liberando

energia, radiação e radioisótopos, trouxe uma gama de possibilidades e benefícios

para a humanidade, além de ser uma das mais conhecidas formas de destruição em

grande escala (5). Tais reações permitiram o advento de uma nova área industrial,

com enorme potencial, permitindo geração de eletricidade e economicamente viável.

O Brasil, além de possuir a tecnologia de enriquecimento de urânio, tem uma das

maiores reservas de urânio do mundo, que é a fonte de energia utilizada nas usinas

nucleares (6). No entanto, se faz necessário um investimento no desenvolvimento de

técnicas e materiais que permitam uma operação segura, de alto rendimento e de

modo economicamente viável. Concomitantemente, é necessário trabalhar a aceitação

pública e a minimização de impactos ambientais.

A tecnologia nuclear é a terceira fonte de energia mais utilizada mundialmente. Os

aspectos ambientais da indústria nuclear se comparam favoravelmente às alternativas

existentes para a produção de energia elétrica em grandes quantidades (7).

Atualmente, 442 usinas nucleares operam em 31 países, sendo que 17 destes

países dependem da energia nuclear para suprir, no mínimo, 25% de suas

necessidades. Vale registrar que na matriz energética da França 78% da energia é

nuclear. A Alemanha utiliza 30% e os EUA em torno de 20% (8).

No Brasil, existem duas usinas nucleares em operação: Angra I, primeira usina

nuclear brasileira e em operação desde 1985, possui capacidade instalada de 657

MW. Angra II entrou em operação em 2001 e possui capacidade de 1350 MW.

Atualmente, as usinas nucleares de Angra I e Angra II, respondem ao equivalente de

Page 11: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

4

50% do abastecimento do estado do Rio de Janeiro, proporção que aumentará com a

construção da terceira usina da Central, denominada Angra III.

2.1.1. Fissão Nuclear

É o processo onde o núcleo de um átomo com elevado número de massa, por

exemplo, do urânio-235, se divide em dois outros núcleos menores, de massas

próximas. Para que isso ocorra, é necessário bombardear o núcleo do átomo com

nêutrons.

Na fissão nuclear, além dos núcleos menores, também são produzidos dois a

três nêutrons que, por sua vez, podem atingir outros núcleos, que liberarão mais

nêutrons, resultando assim, numa reação em cadeia, como mostrado na Figura 1 (9).

Figura 1: (A) Fissão nuclear e (B) reação em cadeia, a partir dos nêutrons gerados na fissão inicial [adaptado de (9)].

Page 12: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

5

2.1.2. Reatores Nucleares

Os reatores nucleares são os equipamentos responsáveis pela conversão da

energia nuclear em energia térmica, que por sua vez é transformada em energia

elétrica. Tais reatores podem ser classificados de acordo com sua finalidade, modo de

operação ou ainda de acordo com os materiais utilizados (10):

GCR – (Gas Cooled Reactor) – Reator Refrigerado a Gás

AGR – (Advanced gas-Cooled Reactor) – Reator Avançado Refrigerado a Gás

PHWR – (Pressurized Heavy Water Reactor) – Reator Refrigerado a Água Pesada

Pressurizada, mais conhecida pela denominação CANDU (Canadian Deuterium

Uranium)

LWGR – (Light Water-Cooled Graphite-Moderated Reactor) – Reator Refrigerado a

Água e Moderado a Grafite, também conhecido pela denominação RBMK – uma sigla

em russo para Reator Refrigerado a Água Fervente e Moderado a Grafite.

LWR – (Light Water Reactor) – Reator Refrigerado ou Moderado a Água Leve. Estes

reatores se destacam por serem os mais utilizados no mundo. Compreendem dois

grupos:

1. PWR – (Pressurized Water Reactor) – Reatores a Água Pressurizada

2. BWR – (Boiling Water Reactor) – Reatores a Água Fervente

Atualmente no Brasil, existem dois reatores nucleares à água pressurizada (PWR -

Pressurized Water Reactor), Angra I e Angra II. Neles, o urânio enriquecido (com

3,2% de urânio-235) é colocado, em forma de pastilhas de 1 cm de diâmetro,

dentro de tubos de 4 m de comprimento, feitos de ligas de zircônio (11), como

mostrado na Figura 2. Estes reatores à água pressurizada são reatores que utilizam a

água leve (H2O), diferente de água pesada que é constituída de óxido de deutério (o

Page 13: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

6

deutério é um átomo similar ao de H e que contém 1 nêutron e 1 próton no núcleo,

enquanto que o H só possui 1 próton em seu núcleo) para a remoção do calor gerado

e para a desaceleração (moderação) dos nêutrons liberados no processo da fissão

nuclear. A água é desmineralizada e tratada quimicamente para torná-la um meio

refrigerante apropriado para o reator (12).

Figura 2: Tubos de liga de zircônio empregados para encamisar as pastilhas de urânio enriquecido [adaptado de (11)].

Apesar de elevada temperatura operacional (cerca de 320°C) a água se mantém

em estado líquido, devido à alta pressão do sistema (cerca de 160 atm), aproveitando

o intenso poder de refrigeração da água pressurizada. A água que é aquecida ao

passar pelo vaso de pressão é bombeada através de tubos até o gerador de calor,

onde troca calor com a água do circuito secundário, sem que haja mistura entre elas, o

que é importante sob o ponto de vista de segurança quanto ao vazamento de material

radioativo (13). Após trocar calor, a água do circuito primário retorna ao vaso de

pressão para ser aquecida novamente. O vapor é produzido no circuito secundário,

sendo utilizado para acionar a turbina geradora de eletricidade. Depois de passar pela

turbina, o vapor é condensado e a água bombeada novamente para o gerador de

vapor (12). A Figura 3 mostra um diagrama esquemático de uma central nuclear com

reator à água pressurizada (11).

Page 14: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

7

Figura 3:Diagrama esquemático de uma central nuclear com reator à água pressurizada (11)

O núcleo do reator, localizado dentro do vaso de pressão do reator, é a fonte de

calor da central nuclear. Encontram-se nele os elementos combustíveis que são

compostos por um determinado número de varetas combustíveis dispostos em forma

de reticulado quadrado que contêm o combustível nuclear. Existe um fluxo de água

refrigerante que passa de baixo para cima pelos elementos combustíveis.

O elemento combustível é o conjunto de aproximadamente 235 (como no caso de

Angra I) varetas de liga de zircônio especial (Zircaloy), 21 tubos guias, e dois bocais

(inferior e superior). A estrutura é mantida rigidamente posicionada através das grades

espaçadoras.

No Brasil, a montagem do elemento combustível é realizada na Fábrica de

Combustível Nuclear (FCN), INB em Resende, Rio de Janeiro. A montagem exige

Page 15: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

8

rigoroso controle e total confiabilidade. Cada vareta de Zircaloy possui

aproximadamente 10 milímetros de diâmetro e o comprimento varia de acordo com a

usina. Na tabela 1, informações sobre os elementos combustíveis em Angra I e Angra

II.

Tabela 1 - Comparação dos elementos combustíveis de Angra I e Angra II (7)

Elemento combustível Angra I Angra II

Quantidade 121 193

Varetas 28.435 45.548

Pastilhas 10,5 milhões 17,5 milhões

Comprimento 4,00 m 5,00 m

Peso - Urânio 411 Kg 543 Kg

Peso total 600 Kg 840 Kg

Os tubos guias são usados para controlar a reação de fissão em cadeia. Dentro

deles são inseridas as barras de controle, feitas de materiais absorvedores de

nêutrons, tipicamente o Cádmio (14). Na Figura 4, alguns componentes e o elemento

combustível

(a) (b)

Figura 4: (a)Grades espaçadoras e tubos guias e (b) Elemento Combustível (7)

Page 16: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

9

Os elementos combustíveis são colocados dentro de um vaso de pressão de aço,

com paredes de espessura entre 20 e 35 cm. O vaso de pressão do reator e o gerador

de vapor são, por sua vez, instalados dentro de uma contenção de aço, protegida por

um envoltório de concreto (14).

2.2. O Zircônio

O zircônio pertence ao grupo IVA da tabela periódica, sendo seu peso atômico

91,22 u.m.a. (unidades de massa atômica) e seu número atômico 40. Seu símbolo

químico é Zr e seus estados de oxidação mais comuns são +2,+3 e +4. Apresenta

densidade de 6,51 g/cm3 e temperatura de fusão de 1852°C (15). Em temperatura

ambiente apresenta estrutura cristalina hexagonal compacta (Zr-α), mas sofre uma

transformação alotrópica para estrutura cúbica de corpo centrado (Zr-β) a 870º C. É

classificado como um metal reativo (que facilmente combina com o oxigênio em

elevadas temperaturas formando uma camada de óxido muito estável).

Um dos óxidos existentes é o ZrO2, conhecido como zircônia. A zircônia possui alto

ponto de fusão (2973 K), baixa condutividade térmica e uma alta resistência à

corrosão, sendo usada em refratários, pigmentos, dispositivos piezoelétricos,

redutores cerâmicos, sensores de oxigênio, material estrutural refratário em aplicações

nucleares, entre outras aplicações (16). Além disso, a zircônia combinada com outros

óxidos tem sido muito usada no ramo joalheiro em substituição ao diamante (17).

Cerca de 90% do consumo de zircônio metálico está relacionado à sua aplicação

na indústria nuclear. Devido à combinação de boas propriedades mecânicas, alta

resistência à corrosão em alta temperatura e, principalmente, pela elevada

transparência aos nêutrons, as ligas de Zircônio são usadas como varetas de

revestimento (“cladding”) das pastilhas de dióxido de urânio, as quais são os

combustíveis nas usinas nucleares.

Page 17: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

10

Antigas referências descreviam o zircônio e outros elementos do mesmo subgrupo

como metais duros e frágeis. No entanto, estudos mostraram que o zircônio, se

suficientemente puro, é macio e dúctil. Sua elevada resistência à corrosão e baixa

capacidade de absorção de nêutron somente acontece quando este metal encontra-se

isento de háfnio (18).

Em 1789, Kaproth (18) descobriu a presença de um novo óxido metálico no

mineral zircão. Este composto recebeu o nome de zirconita. Entretanto, foi Berzelius

(18) que recebeu o crédito pela primeira produção de zircônio metálico, em 1824,

através da redução de K2ZrF6 com o metal potássio. O produto resultante se

apresentava impuro, na forma de um pó preto que não pôde ser comprimido ou polido

como um metal (18). Nos anos seguintes, inúmeras pesquisas utilizaram vários

métodos para a produção de zircônio, e todos obtiveram um material frágil devido à

contaminação, geralmente, pelo oxigênio, carbono, nitrogênio, ou hidrogênio.

Lely e Hamburger (18) em 1914 foram os primeiros a produzir um metal

suficientemente puro que apresentasse boa ductilidade. Eles reduziram o cloreto de

zircônio resublimado com sódio de alta pureza em um vaso de pressão. O mesmo

método foi utilizado mais tarde, em 1923, nos Estados Unidos, por Cooper, Hunter e

Jones (18).

Em 1925, van Arkel e de Boer e, em 1926, de Boer e Fast (18) publicaram o primeiro

de uma série de artigos, descrevendo a decomposição térmica de haletos metálicos

como um meio de produzir um metal puro. A investigação, sob a direção de W.J. Kroll

(18), desenvolveu rapidamente um método de sucesso baseado na redução do

tetracloreto de zircônio (ZrCl4) com o magnésio.

Page 18: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

11

2.2.1. Fonte de Zircônio

Na natureza, o zircônio não é encontrado na forma metálica. O mineral de

maior importância comercial é a zirconita (ortossilicato de zircônio – ZrSiO4). O zircônio

geralmente está associado ao háfnio, sendo encontrados na zirconita, na proporção de

50 para 1. Sua separação é difícil e onerosa, mas imprescindível para aplicação

nuclear, já que o Zr tem baixa capacidade de absorver nêutrons, enquanto o háfnio é

forte absorvedor dessa radiação. Os depósitos de zircônio de maior destaque

encontram-se na Austrália e África do Sul, seguidos dos Estados Unidos, Ucrânia,

Índia, Brasil e China (17).

2.2.2. Separação Zr-Hf

Separar o háfnio do zircônio é uma tarefa difícil, dado que o háfnio apresenta

propriedades químicas similares as do zircônio. O mineral zircão possui de 0,5 a 2,0%

de óxido de háfnio e o zircônio para uso em reatores nucleares é limitado a um

máximo de 0,01% de Hf, já que o háfnio apresenta alta capacidade de absorção de

nêutrons.

Dada essa propriedade, o háfnio (separado do zircônio) também é empregado

em reatores nucleares (19), porém assume função de controle, interrompendo o

processo de reação em cadeia. O zircônio apresenta uma absorção em seção

transversal de 0,18 barns (1barn = 10-24 cm2/núcleos), enquanto a do háfnio absorve

115 barns, aproximadamente 640 vezes maior que o zircônio (18).

Os métodos utilizados para a separação do zircônio e do háfnio são destilação

fracionada ou separação líquido-líquido. Porém, o mais utilizado é o procedimento de

separação líquido-líquido (18).

Page 19: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

12

Nesse processo, o cloreto de zircônio é colocado em contato com um vapor,

em contracorrente, de tiocianato rico em metil-isobutil-cetona. O solvente extrai o

háfnio, e o cloreto de zircônio é misturado com o ácido sulfúrico e hidróxido de amônia.

O sulfato de zircônio é precipitado e depois, agitado com o hidróxido de amônia para a

produção de hidróxido de zircônio, o qual é, subsequentemente, aquecido para a

produção de óxido de zircônio puro. Outros solventes e procedimentos de precipitação

são utilizados. Há um aumento de interesse no processo em que o tetracloreto de

zircônio é seletivamente reduzido para tricloreto; o tetracloreto de háfnio é depois

sublimado e a separação é alcançada (18).

2.2.3. Processo Kroll

O processo mais utilizado para a produção do zircônio metálico de alta pureza

foi descoberto em 1947 por Kroll e seus colaboradores no U.S. Bureau of mines. Ele

consiste na redução do tetracloreto de zircônio obtido pela cloração do minério por

magnésio. Essa reação de redução do zircônio é mostrada a seguir:

ZrCl4 (g) + 2 Mg (l) → Zr (s) + 2 MgCl2 (l)

Em seguida, o metal produzido é refinado através de uma destilação a vácuo,

eliminando os gases absorvidos durante o processo de obtenção (18). O processo é

esquematizado na Figura 5, a seguir.

Page 20: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

13

Figura 5: Diagrama típico das operações para o Processo de Kroll (18).

2.2.4. Ligas de Zircônio

A maioria das ligas de zircônio apresenta forte anisotropia já que em temperatura

ambiente apresentam estrutura cristalina hexagonal compacta (hc) e em

aproximadamente 870°C sofrem transformação alotrópica para uma estrutura cúbica

de corpo centrado (ccc) (15).

Page 21: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

14

O zircônio pode-se apresentar em duas estruturas cristalográficas, fase α ou fase

β. A fase α do zircônio, corresponde a uma estrutura hexagonal compacta (hc) e a

fase β corresponde a uma estrutura cúbica de corpo centrada. Essa transformação

alotrópica, de fase α para a fase β, se dá em 863 ± 5°C (15).

Em temperatura ambiente, o zircônio puro (hc) apresenta os seguintes parâmetros

de rede cristalina: a = b = 3,23(2) Å e c = 5,14(8) Å, resultando em uma razão de c/a =

1,593 (19; 20). Com o aumento da temperatura e/ou a presença de elementos de

ligas, a razão de c/a pode aumentar. O zircônio β (ccc), apresenta o parâmetro

cristalográfico a = 3,56(8) Å (19).

Elementos estabilizadores de fase α ou β, além de formação de compostos

intermetálicos de baixa solubilidade, são responsáveis por influenciar a fase estável do

zircônio. A temperatura de transformação alotrópica da fase α para a fase β é

aumentada na presença de elementos α-estabilizadores, tais como: Al, Sb, Sn, Be, Pb,

Hf, N, O e Cd. Como mostrado no diagrama de fase Zr-Sn na Figura 6 (20), existe uma

reação peritética na parte rica em zircônio. Isso ocorre para muitos sistemas de liga

binária formados por um desses elementos e o zircônio (15).

Figura 6: Diagrama de Fase Zr-Sn (20).

Page 22: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

15

A temperatura de transformação alotrópica da fase α para a fase β pode ser

abaixada quando incluindo elementos β-estabilizadores, tais como: H, Fe, Cr, Ni, Mo,

Cu, Nb, Ta, V, Th, U, W, Mn, Co e Ag. Para o sistema de liga binária entre o zircônio e

esses elementos existe, muitas vezes, uma reação eutetóide e usualmente, uma

reação eutética também, na parte rica em zircônio (15). A Figura 7 mostra, como

exemplo, o diagrama de fases do Zr-Fe (20).

Figura 7: Diagrama de Fase Zr-Fe (20).

Para aplicação nuclear, ligas de zircônio possuem elementos em solução sólida e

impurezas bem controladas. A inclusão de elementos de ligas como, por exemplo: Cr,

Fe, Ni, Nb, Sn, até um máximo de 1% atômico, podem ocasionar a precipitação de

intermetálicos e alterar as características de cinética de corrosão sob condições de

água pressurizada (21). Devido à constante necessidade de melhoria das ligas com

relação às severas condições de temperatura e pressão, o aprimoramento e

desenvolvimento destas são realizados até os dias de hoje (20). A Figura 8 mostra o

diagrama Zr-Nb (23).

Page 23: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

16

Figura 8: Diagrama de Fase Zr-Fe (23).

A busca por melhorias das propriedades mecânicas das ligas de zircônio deu-se

inicialmente com o advento do Zircaloy-1 (Zr-Sn), onde o estanho cumpria o dever de

neutralizar o efeito negativo do nitrogênio na corrosão. Logo, o Zircaloy-1 foi

substituído pelo Zircaloy-2 (Zr-Sn-O-Fe-Cr-Ni) que apresentava melhores propriedades

de resistência à corrosão. Contudo, no Zircaloy-2, descobriu-se que o níquel era

responsável por uma substancial absorção de hidrogênio, cujo fenômeno é indesejável

em reatores do tipo PWR (água pressurizada). Em seguida, o Zircaloy-2 foi substituído

pelo Zircaloy-4 (Zr-Sn-O-Fe-Cr), sendo utilizado na maioria dos reatores PWR,

inclusive no Brasil, porém o Zircaloy-2 ainda é utilizado em reatores BWR (água

fervente) (22).

O Zircaloy-2 e o Zircaloy-4 possuem uma matriz α-Zr com estrutura hexagonal

compacta, contendo estanho em solução sólida substitucional e oxigênio em solução

sólida intersticial. Elementos de liga como Fe, Cr e Ni formam precipitados

intermetálicos do tipo Zr(Fe,Cr)2 e Zr2(Fe,Ni) para o Zircaloy-2 e Zr(Fe,Cr)2 para o

Page 24: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

17

Zircaloy-4, por serem praticamente insolúveis na matriz. Tais precipitados podem ser

encontrados nos contornos e no interior de grãos e, dependendo do tratamento

térmico e do processo de fabricação ao qual a liga é submetida, os grãos podem sofrer

variação de tamanho e de distribuição (22).

Não obstante, as ligas binárias Zr-1Nb também são constituídas de uma matriz Zr-

α, que contém em média 0,5% de Nb em solução sólida e precipitados Zr-β (contendo

85% de Nb) cujo diâmetro é de, aproximadamente, 50 nm. As ligas Zr-2,5Nb

amplamente utilizadas em reatores CANDU possuem uma matriz Zr-α com uma fase

Zr-β cúbica de corpo centrado (contendo 20% de Nb) nos contornos de grãos. De

acordo com os tratamentos térmicos subsequentes, podem também conter

precipitados Nb-β (22).

A tabela 2, a seguir, mostra as principais ligas de Zircaloy utilizadas em reatores

nucleares e suas composições (22).

Tabela 2 - Principais ligas de zircônio e suas composições (22).

Elemento

(% em massa) Zircaloy-2 Zircaloy-4 Zr-1Nb Zr-2,5Nb

Estanho 1,2-1,7 1,2-1,7 - -

Ferro 0,07-0,20 0,18-0,24 - -

Cromo 0,05-0,15 0,07-0,13 - -

Níquel 0,03-0,08 0,007 máx. - -

Nióbio - - 1±0,15 2,4-2,8

Oxigênio 0,08-0,15 0,08-0,15 - 0,09-0,13

Nitrogênio 0,008 máx. 0,008 máx. - 0,008 máx.

As ligas Zircaloy apresentadas anteriormente representam a geração passada.

Desde 2002, uma nova geração de Zircaloy está entrando em uso nos reatores do

mundo inteiro, após um período superior de cinco anos entre desenvolvimento e teste.

Este desenvolvimento se deve à necessidade de melhorias nas propriedades

Page 25: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

18

mecânicas e resistência à corrosão dos tubos de Zircaloy (13; 23). A tabela 3 mostra

as principais ligas da nova geração de Zircaloy e suas composições.

Tabela 3 - Composição em peso de ligas da nova geração de Zircaloy (26; 27).

Elemento

(% em massa) M5 Zirlo E635 E110

Nb 1 1,02-1,04 0,95-1,05 0,95-1,05

Sn - 0,96-0,98 1,20-1,30 -

Fe 300 ppm 0,094-0,105 0,34-0,40 0,006-0,012

Cr - 79-83 ppm - -

O, ppm 1100 900-1200 500-700 500-700

C, ppm - 60-80 50-100 50-100

Si, ppm - < 40 50-100 50-100

Ni, ppm - 22-30 30-60 30-60

S, ppm ≤ 10 - - -

2.3. Fabricação de Tubos de Zircônio

O material inicial do processo de produção de tubos de zircônio para aplicação

nuclear é chamado de “tube hollow”, o qual é um tarugo cilíndrico perfurado em seu

interior, com formato de tubo de parede espessa. O processo de fabricação

compreende de três a quatro passos de redução geométrica em um trem de laminação

Pilger (conjuntos de laminadores que, atuando em série, obtêm progressivas reduções

de espessura) ou HPTR (high-precision tube roller) (24). A Figura 9 ilustra os

laminadores Pilger e HPTR.

Page 26: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

19

Figura 9: À esquerda o laminador Pilger e à direita o laminador HPTR.

Os tubos de zircônio são fabricados de acordo com a Figura 10. Nela, podemos

observar o fluxograma do processo de fabricação. Após a redução final, os tubos são

limpos, decapados no interior, recozidos a vácuo para cumprir os requisitos de

propriedade mecânica exigidos, decapados ou lixados no exterior e jateados com areia

por dentro antes de serem testados e passar pelo controle de qualidade (24). Os

pontos críticos do processo são: a redução dos tubos, a decapagem interna, o

recozimento a vácuo e o endireitamento.

No processo de redução geométrica, os parâmetros mais importantes são o fator Q

e a configuração geométrica da ferramenta. O tipo dos rolos/matriz e dos mandris

influencia nas propriedades superficiais e nas tolerâncias dimensionais. O fator Q, i.e.

a razão entre a redução da espessura da parede e a redução do diâmetro externo

(último passo de redução), determina a textura do produto final. Valores comuns de Q

variam de 1,5 a 3,5 resultando, respectivamente, em uma textura de 60° e 20° a 30°

(24).

Page 27: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

20

Figura 10: Fluxograma do processo de fabricação de tubos de zircônio (adaptado de (28)).

O ponto crítico no processo de decapagem se encontra na transferência do banho

de decapagem para o banho de enxague. Caso o tempo de transferência, i.e. o tempo

que a superfície decapada fica exposta ao ar, exceda alguns segundos, pode resultar

em formação de fluoretos de zircônio e perda drástica das propriedades de corrosão.

O parâmetro crítico no processo de recozimento é o vácuo, o qual deve ser maior

que 1,33x10-4 milibar. Caso o vácuo seja inferior a esse valor, a absorção de oxigênio

e nitrogênio durante o processo pode ocorrer levando o produto a perder propriedades

mecânicas e de resistência à corrosão.

Page 28: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

21

As variáveis mais importantes no procedimento de endireitamento são a deflexão e

compressão. Encruamento local, deslocamento na orientação dos hidretos e perda

ductilidade podem ocorrer se a deflexão e compressão excederem os valores

determinados (24).

2.4. Reciclagem de Tubos de Zircônio

Dada a dificuldade no processamento e a restrição à obtenção das ligas de Zr e

seu elevado valor intrínseco, sua reciclagem é um importante aspecto a se considerar.

As sucatas de zircônio compreendem cerca de 30% a 35% de matéria prima para a

produção de lingotes. São utilizadas principalmente as sucatas primárias, provenientes

dos processos de usinagem, corte e de conformação. Sucatas secundárias também

são utilizadas, entretanto sua quantidade é de difícil avaliação, pois suas fontes,

desmontes de equipamentos, não são constantes.

Como a fusão de sucatas exige uma preparação cuidadosa do material, cada

companhia tem processos próprios, como por exemplo, Wah Chang (atualmente

subsidiária da Allegheny Technologies Inc.), e a Western Zirconium (subsidiária da

Westinghouse Eletric Company) (25).

O futuro da reciclagem foi tema de um dos trabalhos de Tilton (26). Nesse

trabalho o autor discute a evolução dos conceitos de escassez de matérias primas

para a produção na indústria metalúrgica e a importância da reciclagem, tanto de

sucatas primárias como de sucatas secundárias. Nele, o autor cita o fato das sucatas

primárias serem de fácil seleção nas fontes de produção em contraste com as sucatas

secundárias, que geralmente estão misturadas a outros materiais.

As preocupações ambientais são consideradas, pois as indústrias metalúrgicas

ainda causam poluição, apesar do desenvolvimento de processos menos poluidores,

para a obtenção de metais a partir dos minérios. Nesse aspecto, como a reciclagem

Page 29: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

22

não causa problemas ambientais tão importantes, o desenvolvimento de novas

tecnologias nesse âmbito é enaltecido.

Numa economia de escala, a reciclagem de metais pode ter impacto importante

no produto interno bruto de um país, evitando a importação de matérias primas e, mais

ainda, o desenvolvimento de novos processos de reciclagem retém os gastos

realizados com a manufatura.

No interesse de viabilizar uma tecnologia de fusão de cavacos de Zircaloy,

Mucsi et al. (27) publicaram os progressos na consolidação de cavacos de Zircaloy. O

trabalho teve dois focos principais: o primeiro foi a consolidação dos cavacos de

Zircaloy oriundos da usinagem em torno da matéria prima prensados, para a

confecção dos elementos combustíveis para os reatores nucleares de Angra dos Reis,

e os estudos preliminares sobre o arco elétrico para o aprimoramento de um sistema

de controle automatizado para o processo.

Sobras de tubos também podem sofrer processo semelhante, sendo

necessário tritura-las para possibilitar posterior compactação, formando briquetes que

são então soldados entre si e após soldados no Stub (peça fixadora do forno VAR)

constituindo um eletrodo. O esquema abaixo ilustra a rota já viabilizada, utilizada pela

INB (informação obtida por comunicação interna) para a reciclagem de sobras de

tubos obtidos após processo de corte.

• Sobra de tubo de Zircaloy • Trituração das sobras de tubo • Compactação em briquetes • Soldagem dos briquetes e Stub para compor um eletrodo • Processo de refusão (VAR) • Obtenção do lingote

Page 30: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

23

2.5. Refusão a arco elétrico sob vácuo

Os processos de metalurgia a arco elétrico sob vácuo destacam-se para a

produção e refino de metais como Zr, Ti, U (por serem reativos e refratários) e de ligas

especiais (aços especiais e superligas). Isso se deve à proteção e refino

proporcionados pelo ambiente de vácuo e pela intensa geração de calor do arco

elétrico, assim como pela possibilidade de obtenção de um produto final homogêneo e

controle das condições de fusão e solidificação (4). Dentre estes, os processos VAR

("Vacuum Arc Remelting") e VADER ("Vacuum Arc Double Electrode Remelting"),

pelas suas características oferecem alta eficiência energética, além da relativa

simplicidade das fontes de corrente necessárias à manutenção do arco elétrico, como

dos sistemas de vácuo e de controle (28).

A Figura 11 apresenta esquematicamente um forno VAR. Nesta, podemos

observar a simetria radial e a montagem vertical do equipamento. Na etapa inicial do

processo, um arco elétrico é estabelecido entre a extremidade inferior do eletrodo e o

fundo do cadinho, fundindo então o eletrodo devido à alta concentração de calor num

pequeno volume. Ao fundir-se, o metal líquido oriundo do eletrodo cai transitando

através do arco elétrico e deposita-se no fundo do cadinho, intensamente refrigerada

por um fluxo d'água na sua superfície externa, onde se resfria e solidifica. Com a

continuidade da fusão o novo material fundido deposita-se sobre o material do fundo.

Devido à diferença entre diâmetros do eletrodo e do cadinho, o eletrodo é

continuamente abaixado para que seja introduzido no cadinho, de forma a compensar

o seu consumo e manter a distância constante entre o eletrodo e a superfície superior

da poça líquida. A rápida solidificação do metal que entra em contato com a parede do

cadinho forma uma casca ("skull") a qual envolve e protege o metal líquido, não

permitindo a difusão ou reação entre estes (28).

Page 31: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

24

Figura 11: Esquematização de um forno VAR típico (adaptado de (29))

A ação do arco elétrico no topo do lingote e a intensa refrigeração do cadinho

causam ao metal líquido um elevado gradiente térmico. Concomitantemente com a

velocidade de deslocamento da interface sólido-líquido, tal configuração é responsável

por um crescimento do tipo dendrítico colunar no lingote, causando então uma

significante anisotropia nas suas propriedades mecânicas. Além da anisotropia, a

solidificação contínua desfavorece a precipitação, comum nos processos de

lingotamento convencional, produzindo então um lingote com maior homogeneidade

na distribuição dos componentes da liga. O alto gradiente térmico é interessante

quando o crescimento direcional é desejado, tal qual na produção de pás de reatores

Page 32: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

25

de turbinas. Porém, a necessidade de obtenção de lingotes com grãos pequenos e

sem orientação preferencial foi o que motivou o desenvolvimento do processo VADER

(Vacuum Arc Double Electrode Remelting) (29).

As características operacionais do forno VAR asseguram qualidades ímpares aos

seus produtos finais. Porém essa qualidade só é atingida se a preparação do material

para fusão for realizada adequadamente. Esta preparação consiste na confecção de

eletrodos longos (com a razão entre o comprimento e o diâmetro maior que a prevista

para o lingote), contendo distribuição homogênea da composição e os mesmos devem

ser retilíneos ao longo de seu comprimento.

A homogeneidade da composição se faz necessária, pois como mencionado

anteriormente, o processo de formação do lingote ocorre de forma contínua, ou seja,

variações de composição ao longo do eletrodo afetam a homogeneidade do lingote.

Esta característica é crítica na elaboração de ligas, porém não tão importante nas

fusões com vistas à extração de impurezas do material do eletrodo. O termo refusão

("remelting") é devido ao fato de parte das vezes, o eletrodo é proveniente de uma

fusão anterior. Essa fusão pode ser por outro processo como o VIM (Vacuum Induction

Melting), VAR ou mesmo pelo processo VADER, quando vários lingotes são soldados

para formar um eletrodo e então refundidos, pelo método VAR ou VADER (28).

As refusões sucessivas melhoram a homogeneidade do produto, porém no caso

de metais reativos (como o zircônio e o titânio), devem ser realizadas sob vácuo, com

cuidado para evitar a contaminação por gases. Em contrapartida deve-se manter uma

pressão tal que permita a estabilidade do arco elétrico. No caso de ligas, as pressões

no interior do forno devem ser escolhidas a fim de evitar a evaporação dos

componentes com maior pressão de vapor.

Uma abordagem qualitativa e quantitativa sobre refino químico é apresentada por

Dembowski (30). Seu trabalho apresenta o plasma como uma ferramenta para vários

Page 33: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

26

processos metalúrgicos. Realiza também um tratamento termodinâmico dos vários

fenômenos físicos e químicos de interesse envolvidos em cada processo, fenômenos

esses, análogos aos que ocorrem na fusão pelo método VAR: destilação; dissociação

e fenômenos complexos para a eliminação de óxidos, sulfetos, nitretos, etc.

Alterações nas características originais do material do eletrodo ocorrem devido aos

fenômenos físicos e químicos decorrentes da exposição do metal líquido às baixas

pressões internas do forno e a alta temperatura do arco elétrico. Neste aspecto duas

situações se apresentam: A primeira é a extração, por destilação, de impurezas que

não interessam ao produto final, como no caso do refino do titânio (31) e do zircônio

(32). Em ambos a retirada de impurezas é tão grande que apenas pequena parte da

concentração inicial fica retida. A segunda situação apresenta a necessidade de

utilização de pressões mais altas na fusão de ligas nas quais as pressões de vapor de

seus componentes é mais alta. A determinação da pressão de operação e da

velocidade de bombeamento do forno VAR é feita de maneira direta e relativamente

simples para alguns casos (33).

Os materiais utilizados em equipamentos e dispositivos para reatores nucleares,

devido à alta responsabilidade destes, devem ter necessariamente uma qualidade

específica para o seu uso. Por isso, as ligas de zircônio, largamente utilizadas na

construção dos tubos do elemento combustível para reatores do tipo PWR

(Pressurized Water Reactor) usam a tecnologia de fusão a arco de eletrodos

consumíveis sob vácuo (34).

Page 34: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

27

3. Procedimento experimental

No presente trabalho foram realizadas três etapas fundamentais: planejamento

e montagem dos eletrodos, ensaios de refusão e avaliação dos lingotes produzidos. A

seguir, serão apresentados todos os procedimentos realizados a fim de compreender

melhor os fenômenos que ocorrem e a origem dos problemas.

O processo de usinagem é especialmente delicado para ligas reativas, como é o

caso das ligas de zircônio. As ligas de zircônio são conhecidas por serem altamente

pirofóricas e por tanto, a etapa de trituração dos tubos é crítica. No presente trabalho,

o estudo da viabilidade de um processo de refusão inovador, excluindo a etapa de

trituração é apresentado. O esquema abaixo ilustra a rota estudada.

3.1. Materiais e equipamentos utilizados

Os tubos utilizados nos ensaios eram de Zircaloy-4 e Zirlo. Ambos foram utilizados

sem distinção já que o objetivo deste trabalho visa a viabilidade do processo, sem

entrar no âmbito de análises de composição química, microestrutural e de

solidificação. Vale ressaltar que do ponto de vista do processo, assumiu-se que as

diferenças de composição entre as ligas Zircaloy-4 e Zirlo não são significantes o

suficiente a ponto de inviabilizar os processos estudados. Os tubos foram fornecidos

• Sobra de tubo de Zircaloy

• Densificação por deformação plástica

• União dos tubos deformados (solda, abraçadeiras ou camisa)

• Soldagem no Stub (peça para fixação no forno VAR)

• Processo de refusão (VAR)

• Obtenção do lingote

Page 35: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

28

pela INB (Indústrias Nucleares do Brasil) com duas geometrias distintas, como mostra

a tabela 4.

Tabela 4 - Dimensões dos tubos utilizados nos ensaios

Diâmetro externo [mm] Espessura de parede [mm] Diâmetro interno [mm]

Tipo 1 9,50 0,75 8,00

Tipo 2 15,60 0,80 14,00

Para o primeiro eletrodo foram utilizados tubos do tipo 1 (laminados) dentro de um

tubo de Inconel 617 com 6,00 cm de diâmetro interno, que os envolvia e os fixavam.

Durante o ensaio houve contaminação pelo Inconel 617 e uma nova configuração foi

testada no segundo eletrodo. O segundo eletrodo era composto apenas de tubos do

tipo 1 (laminados), fixados por abraçadeiras de aço inoxidável que auxiliaram a

soldagem TIG do conjunto de varetas. A soldagem foi realizada utilizando o próprio

tubo de zircônio como metal de adição. Para superar o rápido consumo ocorrido

durante o ensaio do segundo eletrodo, uma nova configuração com maior densidade

específica foi testada no terceiro eletrodo. O terceiro eletrodo era formado por um

conjunto de tubos do tipo 2 e, dentro de cada um, havia dois tubos laminados do tipo

1, como apresentado no capítulo 3.2.2. O conjunto foi amarrando com arame de aço

recozido que foi retirado após a soldagem do Stub.

Figura 12: À esquerda o tubo de Inconel 617 e à direita abraçadeira de inox (35)

_10cm_ _1cm_

Page 36: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

29

O forno utilizado para as refusões era do tipo VAR (Vacuum Arc Remelting),

modelo L200 da ALD Vacuum Technologies. Os cadinhos utilizados eram de cobre e

possuíam as seguintes características apresentadas na tabela 5:

Tabela 5: Dimensões dos cadinhos de cobre utilizados

Diâmetro interno [mm] Comprimento interno [mm] Volume interno [cm³]

Cadinho 1 88 350 213

Cadinho 2 120 400 452

Antes de cada fusão, os cadinhos eram limpos com escova de aço, retirando as

camadas de metais e óxidos do processo anterior. Os anéis de vedação eram de

borracha e também eram limpos para retirar as sujeiras do processo anterior. Os anéis

de vedação além da limpeza recebiam também a lubrificação com graxa específica

para a aplicação. As Figuras 13 e 14 mostram os cadinhos utilizados.

A base do cadinho é removível para extração dos lingotes resultantes da refusão e

também facilita a limpeza e manutenção do mesmo. A Figura 15 mostra um exemplo

dessa base.

Figura 13: Cadinho de 88mm de diâmetro interno

_10cm_ _10cm_

Page 37: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

30

Figura 14: Cadinho de 120mm de diâmetro interno

Figura 15: Base do cadinho utilizado

O cadinho é posicionado dentro da base do forno (que possui liberdade de ser

rebaixada e translada pra fora do forno) com a ajuda de um pórtico de carga, que

sustenta o cadinho através de uma cinta que é fixada no cadinho por olhais, como

mostra a Figura 16.

_10cm_ _10cm_

_10cm_

Page 38: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

31

Figura 16: Posicionamento do cadinho no forno

Após o alojamento, a base do forno é translada para a sua posição de fechamento,

porém ainda na posição abaixada (Figura 17) para que a fixação do eletrodo seja feita.

A fixação do eletrodo é feita através de uma peça de cobre, aqui chamada de “Clamp”

(Figura 18.b). Essa peça é responsável por unir mecanicamente o braço

movimentador (lança) e o Stub. Após o aperto dos parafusos do Clamp (conjunto de 6

parafusos e 6 porcas) uma camisa (Figura 18.a) é colocada sobre o “Clamp”, para

evitar a formação arcos entre o Clamp e o cadinho. Cavacos de zircônio (facilitadores

do início do processo) são jogados no fundo do cadinho e a base do forno é elevada

para o fechamento do mesmo.

_10cm_

Page 39: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

32

Figura 17: Base do forno abaixada

(a) (b)

Figura 18: (a) Clamp e (b) camisa do Clamp

_10cm_

_1cm_ _1cm_

Page 40: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

33

3.2. Manufatura dos eletrodos

3.2.1. Laminação

Os eletrodos utilizados nos ensaios eram constituídos de varetas de

zircônio e, por possuírem geometria que não favorecia a densidade do mesmo,

os tubos foram laminados a fim de se aumentar a densidade relativa. A

laminação foi realizada no Laboratório de Processamento Termomecânico do

Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da COPPE/UFRJ.

Uma primeira vareta foi utilizada como sacrifício, sendo laminada em

passos de deformação (achatamento) pequenos, com redução de espessura

de 1mm, até que a fratura ocorresse nas laterais, sinalizando assim a máxima

deformação tolerada pelos tubos.

Figura 19: Laminador utilizado no achatamento dos tubos de zircônio

Page 41: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

34

Em seguida, foram selecionadas as sobras que possuíam comprimento

semelhante para serem laminadas até o máximo possível determinado pela

vareta de sacrifício, sem que ocorresse fratura, de modo que todas ficaram

achatadas sem fraturar lateralmente.

Para facilitar o processo de laminação, todas as varetas utilizadas foram

achatadas na ponta, utilizando uma morsa de bancada. Também é valido

ressaltar que foram utilizadas guias para assegurar a direcionalidade correta de

laminação.

3.2.2. Soldagem e união

A união do eletrodo ao Stub deve ser realizada por meio de soldagem, a

qual deve garantir uma união estável entre eletrodo e a lança do forno e

contato elétrico para permitir a corrente de fusão.

Na primeira manufatura, as varetas foram inseridas em um tubo de

Inconel 617 com maior diâmetro e de menor comprimento, ficando unidas pelo

atrito de contato entre as paredes das varetas entre si e entre as paredes das

varetas mais externas com a parede do tubo que as revestia.

O primeiro eletrodo possuía peso estimado de 3kg, com comprimento total

de 950mm e comprimento útil (comprimento efetivamente utilizado na refusão)

de 500mm. A Figura 20 representa esquematicamente a configuração do

primeiro eletrodo.

Page 42: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

35

Figura 20: representação esquemática do primeiro eletrodo.

O Stub (peça fixadora que faz parte da junção mecânica eletrodo-lança)

foi soldado ao conjunto das varetas através de soldagem TIG. Vale ressaltar

que o conjunto foi caldeado sem metal de adição e que nenhuma usinagem foi

realizada na região da solda a fim de facilitar a união.

O segundo eletrodo foi unido através de seis braçadeiras que concebiam

firmeza e estabilidade geométrica para a realização de uma soldagem TIG nas

varetas mais externas. A soldagem foi realizada com metal de adição, cujo era

constituído de tiras de zircônio, provenientes de uma laminação severa das

varetas que as fraturava em duas partes. Após a soldagem as abraçadeiras

foram retiradas, pois o eletrodo já possuía a firmeza necessária e durante o

processo de fusão as abraçadeiras constituídas de aço inoxidável poderiam

contaminar o lingote e favorecer arcos laterais.

500mm

3 Kg

Stub

Tubo de IN617

Varetas de Zircaloy

Page 43: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

36

Figura 21: Soldagem do segundo eletrodo

Figura 22: Soldagem TIG autógena do segundo eletrodo

Figura 23: Soldagem TIG com metal de adição. Segundo eletrodo.

_10cm_

Page 44: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

37

Figura 24: Processo de soldagem TIG do segundo eletrodo

Após a soldagem de união das varetas mais externas, uma das

extremidades (a que estava nivelada) foi caldeada com as tiras de zircônio e o

Stub foi inserido. Nesse eletrodo, a soldagem do Stub foi realizada por TIG.

Durante a fusão do segundo eletrodo houve interrupção do processo

devido a quebra na solda da região de interface Stub-varetas. Uma análise de

falha mostrou que a ruptura deveu-se à tricas na soldagem Após o

recondicionamento do eletrodo e stub, foi feita uma tentativa de soldagem

utilizando o próprio forno VAR.

Um terceiro eletrodo foi elaborado com uma configuração geométrica um

pouco diferenciada. Foram utilizadas algumas varetas com maior diâmetro,

capazes de alojar dentro delas duas varetas laminadas, com diâmetro menor,

como aquelas utilizadas nos eletrodos anteriores. A Figura 25 exemplifica essa

configuração.

Page 45: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

38

Figura 25: Configuração de um dos tubos constituintes do terceiro eletrodo

O terceiro eletrodo teve seu Stub soldado pelo próprio forno VAR com o

intuito de evitar oxidação e, por consequência fragilização da solda. Evita-se a

oxidação com um ambiente de alto vácuo.

Este pesava 3,2Kg com comprimento total de 850mm e comprimento útil

de 730mm. Por segurança o comprimento máximo a percorrer foi definido

como 450mm. Os tubos foram amarrados lateralmente com arames de aço

recozido, com a função de apenas fixar até a soldagem do Stub. Após a

soldagem os mesmos foram removidos para não contaminar o lingote.

Page 46: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

39

3.2.3. Soldagem no forno VAR

A etapa de soldagem no forno VAR surgiu da possibilidade de se realizar a

união Stub-varetas no próprio forno e também pela falha que ocorreu durante a fusão

do segundo eletrodo, já que a soldagem TIG era realizada por uma empresa externa

ao laboratório e que acarretava em uma demora significativa entre as tentativas e

custo.

A configuração de montagem para soldagem consiste em posicionar o corpo do

eletrodo em contato com o fundo do cadinho, e centralizá-lo alinhando-o com o Stub,

que fica fixado no braço movimentador (lança). O arco elétrico é aberto entre o corpo

do eletrodo, no caso, conjunto de varetas e o Stub, promovendo fusão localizada

nessa região. A Figura 26 mostra esquematicamente essa região.

Figura 26: Ilustração esquemática da soldagem do Stub realizada no forno VAR.

A primeira tentativa de soldagem foi feita utilizando parâmetros experimentais,

os mesmos utilizados em eletrodos de zircônio constituídos de briquetes. Durante a

tentativa de soldagem, houve uma falha de equipamento, interrompendo o processo. A

Figura 27 mostra a tela do computador de comando reportando os erros do processo.

Região onde o

arco elétrico se

estabelece

Page 47: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

40

Figura 27: Imagem da tela do computador de comando mostrando as falhas do equipamento que causaram interrupção do processo.

A segunda tentativa de soldagem foi realizada já com o terceiro eletrodo. Como

observado na primeira tentativa de soldagem, o arco elétrico estabelecido entre o Stub

e as varetas deveria ficar mais concentrado na região de contato do Stub, já que na

última tentativa o Stub não sofreu nenhuma fusão e as varetas foram rapidamente

consumidas, o que faz sentido sabendo-se que o Stub possui uma área de contato

muito maior que a área das varetas (eletrodo). Logo, a densidade de corrente no

eletrodo é muito maior que no Stub, gerando a fusão preferencial do eletrodo e não do

Stub.

Como solução, uma alteração foi feita na base do Stub para permitir maior

concentração de energia térmica e fusão localizada no Stub para permitir união com o

eletrodo de tubos. Um chanfro de aproximadamente 45o foi feito no Stub, juntamente

Page 48: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

41

com um abaulamento interno, resultando em uma configuração pontiaguda que é

esquematicamente ilustrada na Figura 27.

Figura 28: Ilustração do Stub usinado utilizado no terceiro eletrodo

A soldagem utilizando o Stub com chanfro foi bem sucedida e o eletrodo

prosseguiu para o processo de refusão, após ter o equipamento recondicionado para

tal procedimento.

3.3. Ensaios de refusão

A tabela 6 fornece as informações dos ensaios de refusão realizados.

Tabela 6 – Informações dos ensaios

1º Eletrodo 2º Eletrodo 3º Eletrodo

Varetas utilizadas Ø 9,50mm Ø 9,50mm Ø 9,50mm e 15,60mm

Diâmetro aproximado 60mm 50mm 50mm

Comprimento útil 500mm 770mm 730mm

Comprimento total 950mm 875mm 850mm

Peso do Stub 2,0kg 0,4kg 1,5kg

Peso do conjunto de tubos 3,0kg 3,2kg 1,7kg

Diâmetro do cadinho 120mm 88mm 88mm

Comprimento do cadinho 400mm 350mm 350mm

Nº de tentativas de fusão 1 2 2

Tipo de solda Stub-Tubos TIG TIG/VAR VAR

Fixação dos tubos Tubo de Inconel 617 Abraçadeiras/ TIG Arame de aço recozido

45o

Page 49: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

42

(1)

3.3.1. Cálculo do curso do eletrodo

Para calcular o curso do eletrodo, isto é, calcular quanto a lança pode descer

sem que haja transbordo no cadinho, é necessário utilizar a seguinte fórmula:

Onde:

Essa fórmula faz a equivalência de alturas utilizando o princípio de que o

volume se mantém constante, ou seja, o volume inicial (volume do eletrodo) é igual ao

volume do tarugo (volume do cadinho preenchido até a altura desejada). Também

considera que as densidades do eletrodo e do lingote são iguais, o que não é verdade

para este caso. Vale citar que tanto o eletrodo quanto o cadinho foram considerados

perfeitamente cilíndricos, e que são tomadas três medidas de diâmetro ao longo do

eletrodo já que há pequenas variações entre os valores obtidos na base e os obtidos

no topo.

Page 50: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

43

Para calcular o curso do eletrodo, devemos determinar qual vai ser a altura do

tarugo. Feito isso, podemos então calcular qual seria a altura equivalente para o

eletrodo com uma área transversal menor que a do cadinho. Ajustes podem ser feitos,

assim eletrodos curtos podem ser utilizados determinando uma altura de tarugo

menor.

Figura 29: Ilustração do curso do eletrodo

Existe um detalhe importante na hora de definir o curso, e ele provém do fato

de que a ponta do eletrodo já fica quase em contato com o fundo do cadinho.

Descontamos então, a altura do cadinho da altura do eletrodo encontrado na fórmula.

A Figura 29 ilustra esquematicamente o que seria essa configuração inicial e o

caminho que o braço irá percorrer até o final do ensaio.

Curso do eletrodo

Altura do eletrodo para

fusão

Altura do tarugo/cadinho

Volume a ser

preenchido

durante o ensaio

Page 51: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

44

Após obter o curso possível, deve-se verificar se o Stub estará a uma distância

segura ao final do processo, i.e. fora da região de fusão do cadinho, dirimindo a

possibilidade de arcos laterais nessa região, que podem vir a danificar o equipamento

(principalmente os componentes de fixação do eletrodo). A Figura 30 mostra um

exemplo de uma fusão do Clamp.

Figura 30: Exemplo de fusão do Clamp e Stub. Problema que pode ocorrer caso haja aproximação dessa região com o cadinho durante o processo de refusão.

3.3.2. Cálculo do curso pela massa

Lembrando que o cálculo do curso a ser percorrido pelo braço do eletrodo

(lança) é válido apenas para densidades de eletrodo e lingotes aproximadamente

iguais, utilizamos a massa do eletrodo de tubos para encontrarmos a altura

equivalente do lingote.

Sabendo-se o valor da densidade das ligas de zircônio pode ser aproximada

pela densidade do zircônio, 6,5g/cm3 (36), podemos calcular qual seria a altura do

tarugo sabendo a massa de eletrodo disponível para fusão.

Stub

Clamp

_2cm_

Page 52: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

45

(2)

(3)

(4)

(4)

Onde:

Deve-se descontar o valor de L do comprimento do eletrodo, e este valor será o

curso do braço que segura o eletrodo (lança).

Como exemplo, o cálculo de um dos eletrodos foi o seguinte:

Utilizando o cadinho com 88mm de diâmetro, obtemos a área transversal do

mesmo, lembrando que ele possui geometria cilíndrica.

A massa do eletrodo obtido foi de 3,25Kg. Podemos então calcular a altura do

tarugo resultante da fusão desse eletrodo:

Page 53: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

46

O eletrodo possuía comprimento de 65,0cm. Descontando o valor de 8,2cm,

obtemos um percurso de 56,8cm. Esse é a distância que o braço que fixa o eletrodo

(lança) percorrerá gradativamente desde o início da fusão até o término da mesma.

3.4. Preparo

Primeiramente foram realizadas as medidas do eletrodo (diâmetro ao longo do

eletrodo, comprimento) e pesagem (peso total e peso do Stub). Após essa etapa o

eletrodo foi soldado, por TIG ou por forno VAR, mantendo sua geometria. O cadinho

selecionado foi limpo e suas vedações limpas e engraxadas.

Para preparar o forno para os ensaios foi necessário verificar o aperto das

travas do fundo do cadinho, cujo é removido para extração do tarugo ao final de todos

os processos. Após verificar o cadinho, o mesmo foi posicionado na base do forno e

então cavacos de zircônio (provenientes da usinagem de outros eletrodos) foram

inseridos dentro dele. Os cavacos são inicializadores de fusão, facilitando a abertura

do arco elétrico.

O eletrodo é fixado à lança através do Clamp e o forno é então fechado. O sistema

de vácuo é ligado através do computador de controle. O sistema de arrefecimento

também já pode ser ligado e testado. Quando o a pressão interna atinge um valor

próximo de 10-4 mbar, faz-se um teste de vedação e caso esteja tudo certo, o processo

de refusão já pode ser iniciado. Todo o controle é feito em uma sala separada do

forno, através do computador e painéis de comando.

Page 54: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

47

3.5. Operação

Para dar início a operação, todos os passos de preparação devem ser realizados e

checados. Através do painel de comando, a chave do retificador é ligada. Todos os

parâmetros do processo, tanto de entrada quanto de leitura, são informados no

computador de controle. O operador do forno escolhe os valores de corrente,

voltagem, velocidade da lança, taxa de fusão, taxa de gotejamento, corrente da bobina

e deslocamento da lança. Esse controle pode ser feito pré-programado ou de maneira

manual. Muitas vezes é necessário intervir manualmente na pré-programação devido a

algum problema operacional. O sistema é interrompido automaticamente caso haja

alguma falha do equipamento e, obviamente, pode-se interromper o processo

manualmente em caso de emergência.

4. Resultados e discussão

4.1. Análise das refusões

O primeiro eletrodo foi fundido sem grandes problemas operacionais, como

mostrado na Figura 31. Os picos na curva de tensão ocorreram devido ao aumento

da distância entre a ponta do eletrodo e o fundo do cadinho. A agitação magnética

foi utilizada nessa fusão em modo de corrente contínua, que promove agitação em

um sentido único. Os efeitos observados foram:

1. Confinamento do arco elétrico na região da ponta do eletrodo

2. Presença de coroa (rebarba no topo) acentuada no lingote

3. Presença de poucos arcos laterais

Page 55: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

48

Figura 31: Registro da refusão do primeiro eletrodo.

A primeira tentativa de fusão do segundo eletrodo apresentou alguns arcos

laterais (Figura 32), o que pode ser observado nos vales da curva de tensão. A

agitação magnética foi utilizada no modo de corrente alternada por um curto período e

desligada devido à aparição de arcos laterais. O processo foi interrompido devido a um

problema no equipamento.

Figura 32: Registro da primeira tentativa de refusão do segundo eletrodo.

Page 56: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

49

A segunda tentativa de fusão do segundo eletrodo (Figura 33) foi bastante

problemática. Arcos laterais ocorreram diversas vezes. Apesar dos arcos laterais, o

eletrodo foi fundido até o curso calculado.

Figura 33: Registro da segunda tentativa de refusão do segundo eletrodo.

A primeira tentativa da fusão do terceiro eletrodo (Figura 34) ocorreu com a

presença de alguns arcos laterais. O problema mais grave ocorreu aos 03:30 min de

processo, onde houve rompimento na região do Stub.

Figura 34: Registro da primeira tentativa de refusão do terceiro eletrodo.

Page 57: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

50

Antes da segunda tentativa de fusão do terceiro eletrodo, uma nova soldagem

no forno foi realizada, porém o Stub foi usinado para deixa-lo com menor área de

contato com os tubos, favorecendo a fusão localizada no Stub, o que não havia

acontecido na primeira soldagem. O processo, como mostrado na Figura 35, estava

prosseguindo sem problemas até o momento em que o forno desarmou

automaticamente (região onde corrente e tensão zeram). O problema sinalizado pelo

sistema como “Rack Fault” ocorreu devido à perda de pressão no sistema pneumático

do suporte da base do forno. O sistema foi pressurizado e após 04:23 min o processo

foi retomado, ocorrendo duas aproximações do eletrodo com o fundo do cadinho

(tensão zerada) pois estava sendo operado manualmente.

Figura 35: Registro da segunda tentativa de refusão do terceiro eletrodo. O gráfico foi cortado na região onde o equipamento desativou.

Pode-se observar que o processo foi bastante linear nessa primeira parte da

Figura 35, antes da interrupção automática na segunda tentativa de fusão do terceiro

eletrodo.

Page 58: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

51

4.2. Análise macrográfica

As Figuras 36 e 37 mostram um defeito no segundo eletrodo (após a primeira

tentativa e soldagem no forno) devido a uma fusão ocasionada por arco lateral. Pode-

se observar que a ponta do eletrodo foi fundida em uma região preferencial.

Figura 36: Defeitos no segundo eletrodo

A Figura 38 mostra a região do Stub onde houve ruptura do eletrodo. A região

já havia sido identificada com uma trinca transversal.

_10cm_

Page 59: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

52

Figura 37: Vista do eletrodo com defeito por outro ângulo

Figura 38: Região da ruptura do eletrodo

_10cm_

_1cm_

Page 60: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

53

A Figura 39 mostra o lingote resultante da primeira fusão. Ele apresentou

falhas no fundo, como todos os outros.

Figura 39: Lingote resultante da primeira fusão

A Figura 40 mostra à esquerda o lingote resultante da segunda tentativa de

fusão do terceiro eletrodo, onde houve interrupção do processo e à direita o lingote da

primeira fusão do segundo eletrodo. Pode-se observar uma falha na região central do

lingote, com probabilidade de ter sido ocasionada pela interrupção.

Figura 40: À esquerda a seção meridiana do lingote do terceiro eletrodo. À direita a seção meridiana do lingote do segundo eletrodo. Pode-se observar vazios no lingote do terceiro eletrodo.

_2cm_

Page 61: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

54

5. Conclusões

Baseado nos testes realizados pode-se verificar a viabilidade da nova rota de

fusão direta das varetas de zircônio, sem as etapas de trituração (perigosa devido ao

caráter pirofórico do zircônio), e consequentemente sem as etapas de compactação

em briquetes e soldagem dos mesmos para formação do eletrodo.

Um aspecto importante é a necessidade de se aumentar a densidade relativa do

eletrodo, dado que a diferença das “densidades aparentes” entre eletrodo e lingote

gera lingotes pequenos e com defeitos de fusão.

A união entre o conjunto de varetas e Stub é um ponto crítico no processo, dada a

possibilidade de formação de defeitos na solda, fragilizando a união e a diferença na

área de contato do Stub e conjunto de varetas leva a grandes variações na densidade

de corrente e fusão localizada em apenas uma das partes.

A escolha do cadinho correto em função do diâmetro do eletrodo é importante,

evitando a formação de arcos laterais, gerando perda de controle do processo e

defeitos de fusão no lingote.

A utilização da corrente de bobina em modo contínuo promove a fusão com mais

estabilidade que o modo alternado ou sem corrente. Contudo, deve-se considerar a

formação de coroa acentuada no lingote.

Page 62: Estudo de viabilidade da refusão a arco sob vácuo de tubos de liga

55

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