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ESTUDO DE PROJETOS DE INSTALAÇÕES PREDIAIS EM SOFTWARE BUILDING INFORMATION MODELING (BIM) Walace Alves de Freitas Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientadora: Elaine Garrido Vazquez Rio de Janeiro Setembro de 2017

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ESTUDO DE PROJETOS DE INSTALAES

PREDIAIS EM SOFTWARE BUILDING INFORMATION

MODELING (BIM)

Walace Alves de Freitas

Projeto de Graduao apresentado ao

Curso de Engenharia Civil da Escola

Politcnica, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como parte dos requisitos

necessrios obteno do ttulo de

Engenheiro.

Orientadora: Elaine Garrido Vazquez

Rio de Janeiro

Setembro de 2017

i

Estudo de projetos de instalaes prediais em software

Building Information Modeling (BIM)

Walace Alves de Freitas

PROJETO DE GRADUAO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO

RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSRIOS PARA A

OBTENO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinada por:

Profa. Elaine Garrido Vazquez, D.Sc., Orientador

Prof. Jos Lus Menegotto, D.Sc.

Prof. Assed Naked Haddad, DSc

Prof. Roberto Machado Corra, DSc

RIO DE JANEIRO, RJ BRASIL.

SETEMBRO DE 2017

ii

Freitas, Walace Alves de

Estudo de projetos de instalaes prediais em

software Building Information Modeling (BIM) / Walace

Alves de Freitas. Rio de Janeiro/ Escola Politcnica, 2017.

ix, 92 p.: 29,7 cm.

Orientadora: Elaine Garrido Vazquez

Projeto de Graduao UFRJ/ Escola Politcnica/

Curso de Engenharia Civil, 2017.

Referncia Bibliogrficas: p. 67-73

1. Introduo. 2. Sobre o BIM (Building Information

Modeling). 3. Sobre o Autodesk Revit. 4. Desenvolvimento

de modelo expositivo. 5. Consideraes finais

I. Elaine Garrido Vazquez. II. Universidade Federal do Rio

de Janeiro, Escola Politcnica, Curso de Engenharia Civil.

III. Estudo de projetos de instalaes prediais em software

Building Information Modeling (BIM).

iii

Agradecimentos

Agradeo minha me, Micheline, por todo o apoio, amor e carinho que ela me

deu durante toda a minha vida, sempre me incentivando a alcanar novos objetivos, me

levando graduao.

Agradeo aos meus avs, Dalva e Valci, por me criarem e me darem educao.

Agradeo a enorme dedicao na minha criao para me formarem um homem digno e

com respeito pelo prximo.

Agradeo minha namorada, Taissa Nunes Guerrero, pelo seu amor, por sempre

estar comigo durante todo este percurso da graduao, pelas palavras de incentivo, e

por sempre me escutar quando precisei

Agradeo a todos os meus amigos que sempre estiveram comigo e me ajudaram

a chegar mais longe.

Agradeo ao professor Roberto Machado pelo aprendizado e pela amizade ao

longo de vrias horas de iniciaes cientficas e estgios. Sua dedicao inspiradora

Agradeo ao professor Jos Lus Menegotto pelo meu primeiro contato com o

Revit e por sempre se dedicar a no deixar os alunos com dvidas.

Agradeo minha professora orientadora Elaine pelo auxlio, empenho e

pacincia ao longo de todo o desenvolvimento deste trabalho.

iv

Resumo do Projeto de Graduao apresentado Escola Politcnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessrios para a obteno do grau de Engenheiro Civil.

Estudo de projetos de instalaes prediais em software de tecnologia Building

Information Modeling (BIM)

Walace Alves de Freitas

Setembro/2017

Orientadora: Elaine Garrido Vazquez

Curso: Engenharia Civil

O Building Information Modeling uma tecnologia criada visando o desenvolvimento de

projetos de engenharia sendo amplamente utilizado em pases da Europa e nos EUA,

mas com uso discreto no Brasil, onde, normalmente, preterido em relao a tecnologia

CAD. O BIM se destaca por gerar um modelo virtual, tridimensional do empreendimento,

com todas as vistas em planta e de elevao geradas a partir deste modelo, com

alteraes feitas em uma vista refletidas em todas as outras e no prprio modelo. Com

um sistema de modelagem paramtrica, todos os elementos do projeto tm parmetros

atribudos e personalizveis para atender as necessidades do projetista.

Este trabalho tem como objetivo o estudo da aplicabilidade do BIM em projetos de

instalaes hidrossanitrias e eltricas seguindo as normas tcnicas brasileiras,

segundo o escopo do engenheiro. Para isso, foi desenvolvido um modelo expositivo

contemplando os projetos de arquitetura, gua fria, gua quente, esgoto sanitrio e

eltrica.

Palavras chave: BIM, software, Revit, modelagem, projeto

v

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Civil Engeineer.

Building installations projects study in Building Information Modeling (BIM) technology

software

Walace Alves de Freitas

September/2017

Advisor: Elaine Garrido Vazquez

Course: Civil Engineering

Building Information Modeling is a technology created for the development of

engineering projects being widely used in countries of Europe and in the US, but with

discrete use in Brazil, where it is usually deprecated in relation to CAD technology. BIM

stands out for generating a virtual, three-dimensional model of the undertaking, with all

the plant and elevation views generated from this model, with changes made in one view

reflected in all others and in the model itself. With a parametric modeling system, all

project elements have parameters assigned and customizable to meet the needs of the

designer.

This work aims to study the applicability of BIM in projects of hydrosanitary and electrical

installations following the Brazilian technical norms, according to the scope of the

engineer. For this, an exhibition model was developed contemplating the architectural,

cold water, hot water, sanitary and electrical projects.

Keywords: BIM, software, Revit, modeling, project

vi

Sumrio

1. Introduo .............................................................................................................. 1

1.1. Relevncia do Tema ..................................................................................... 1

1.2. Objetivo .......................................................................................................... 3

1.3. Abordagem e Metodologia ............................................................................ 3

1.4. Descrio dos captulos ................................................................................ 4

2. Sobre o BIM (Building Information Modeling) ..................................................... 7

2.1. Histrico .......................................................................................................... 7

2.2. Conceituao ................................................................................................. 9

2.3. Principais Softwares e Ferramentas .......................................................... 12

2.3.1. ArchiCAD .............................................................................................. 13

2.3.2. AECOsim .............................................................................................. 16

2.3.3. Revit ...................................................................................................... 17

2.3.4. Tekla Structures ................................................................................... 17

2.3.5. Vectorworks Architect .......................................................................... 19

2.4. Novas dimenses do projeto, o BIM 3D, 4D, 5D e 6D .......................... 21

2.5. Uso no Brasil ........................................................................................ 24

3. Sobre o Autodesk Revit ...................................................................................... 27

3.1. Instalaes Hidrossanitrias em Revit .................................................. 33

3.1.1. Dimensionamento ................................................................................ 36

3.2. Instalaes Eltricas em Revit ............................................................. 41

3.2.1. Dimensionamento ................................................................................ 43

3.3. Famlias e a Modelagem Paramtrica .................................................. 50

4. Desenvolvimento de Modelo Expositivo ........................................................... 55

4.1. Descrio do Empreendimento .................................................................. 55

4.2. Projeto Arquitetnico ................................................................................... 55

4.3. Projeto de Instalaes Hidrossanitrias .................................................... 59

4.4. Projeto de Instalaes Eltricas ................................................................. 65

vii

5. Consideraes Finais ......................................................................................... 68

5.1. Vantagens do Software Revit de Plataforma BIM .................................... 68

5.2. Limitaes do Software Revit de Plataforma BIM .................................... 69

5.3. Consideraes ............................................................................................. 70

6. Referncias Bibliogrficas .................................................................................. 71

7. Anexos ................................................................................................................. 78

viii

Lista de Figuras

Figura 1: Famlia BIM......................................................................................... 10

Figura 2: Modelo desenvolvido em software BIM ............................................... 11

Figura 3: Interface do ArchiCAD ........................................................................ 14

Figura 4: Vistas geradas a partir do modelo principal no ArchiCAD ................... 14

Figura 5: Interface do AECOsim ........................................................................ 17

Figura 6: Interface Tekla Structures ................................................................... 18

Figura 7: Interface do Vectorworks Architect ...................................................... 19

Figura 8: Renderizao de exteriores Vectorworks Architect ............................. 20

Figura 9: Renderizao de interiores Vectorworks Architect .............................. 21

Figura 10: Interface do Revit .............................................................................. 28

Figura 11: Notificao de parede sobreposta e rea destacada no modelo ....... 29

Figura 12: Opes de tabelas e listas da ferramenta "Schedules" ..................... 30

Figura 13: Anlise estrutural do Revit ................................................................ 31

Figura 14: Anlise de luminescncia do Revit .................................................... 32

Figura 15: Ferramentas hidrossanitrias do Revit .............................................. 34

Figura 16: Pesos relativos de aparelhos sanitrios ............................................ 38

Figura 17: Tabela de Unidades Hunter de Contribuio e dimetros mnimos ... 40

Figura 18: Tabela de dimensionamento dos ramais de ventilao ..................... 41

Figura 19: Distncias mximas de um desconector ao tubo ventilador .............. 41

Figura 20: Sees mnimas dos condutores ...................................................... 44

Figura 21: Fatores de correes aplicveis a condutores agrupados em feixe .. 45

Figura 22:Fatores de correo por temperatura ambiente ................................. 46

Figura 23: Capacidade de conduo de corrente ............................................... 47

Figura 24: Soma das potncias para circuitos 127V .......................................... 48

Figura 25: Soma das potncias para circuitos 220V .......................................... 49

Figura 26: Exemplificao de categoria, famlias, tipos e instncias .................. 52

ix

Figura 27: Hierarquizao das famlias .............................................................. 52

Figura 28: Menu com os parmetros dos tipos de famlia .................................. 54

Figura 29: Pavimento tipo .................................................................................. 56

Figura 30: Composio da parede ..................................................................... 57

Figura 31: Vista isomtrica do modelo ............................................................... 58

Figura 32: Preferncias de roteamento da tubulao ......................................... 61

Figura 33: Isomtrico das instalaes de gua fria e gua quente ..................... 62

Figura 34: Vista em elevao da sute do apartamento 01 ................................ 63

Figura 35: Isomtrico das instalaes de esgoto sanitrio ................................. 64

Figura 36: Planta baixa de instalaes eltricas ................................................ 67

1

1. Introduo

1.1. Relevncia do Tema

A tecnologia Building Information Modeling, ou simplesmente BIM tida dentro do

setor da construo civil como a evoluo natural da tecnologia CAD, assim como a

mesma substituiu o uso da prancheta. No mercado internacional alguns pases j

adotaram integralmente o uso do BIM na modelagem dos projetos como a Inglaterra

desde 2016 e outros, como os Estados Unidos, onde mais de 70% dos escritrios de

engenharia e arquitetura fazem uso do BIM, tm esta tecnologia como principal

ferramenta de modelagem de projetos (SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA E

LOGSTICA - SEIL - PARAN, 2017).

No Brasil, porm, a tecnologia BIM ainda enfrenta alguns obstculos para sua

implementao, mesmo que parcial. Alm do j estabelecido tradicionalismo do CAD,

as ferramentas e os conceitos por trs dos softwares BIM requerem preparao e estudo

para sua total compreenso, necessitando um investimento que pode no gerar um

retorno direto de curto prazo para a empresa.

Apesar de mais complexo que a tecnologia CAD, o BIM traz a grande vantagem

da modelagem paramtrica, onde no so desenhadas simples linhas que graficamente

representam uma parede ou uma tubulao, so alocados os prprios elementos

construtivos em forma de famlias onde so editadas todas suas caractersticas como

os materiais da parede, sua altura e largura, o dimetro da tubulao, sua rugosidade,

declividade e tipo de sistema (gua fria, gua quente ou sanitrio), dentre outros. Outra

importante caracterstica fica por conta de todas as vistas e desenhos serem gerados a

partir de um mesmo modelo, garantindo a consistncia dentro do projeto.

2

O BIM, graas a sua modelagem paramtrica e bancos de dados com definies

e caractersticas de seus elementos, tem uma excelente construtibilidade1 em seus

projetos. Quanto mais especificado e detalhado o elemento que est sendo inserido no

projeto, melhor este se assemelha ao que ser feito na etapa executiva, conferindo

melhor construtibilidade ao projeto. Todos os elementos, chamados de famlias, no BIM

so customizveis para atender melhor o processo construtivo.

No cenrio nacional existem muitos problemas em obras relacionados a projetos

atrasados, difusos e imprecisos, com erros em oramentos, contabilidade de materiais,

falta de compatibilizao dos setores e com situaes de execuo impossveis, que

podem passar despercebido na modelagem do projeto, devido a representao de

elementos construtivos por meio de linhas como dois tubos de 100 mm de dimetro a

10 mm de distncia, causando coliso entre os dois na etapa executiva mas com

afastamento considervel na etapa de desenvolvimento do projeto. Todos so

problemas que podem ser amenizados com o uso da tecnologia BIM, que alm de contar

planilhas de contabilidade de materiais, modelagem paramtrica e atribuies e

definies aos elementos construtivos, segundo Eastman (2014), tambm conta com o

desenvolvimento de um modelo virtual da construo a partir do desenvolvimento do

projeto em planta, alm de recursos para planejar o ciclo de vida completo do

empreendimento desenvolvido.

A tecnologia BIM apresenta uma plataforma verstil onde todas as etapas da

modelagem do projeto podem ser feitas de forma integrada, com o uso de um mesmo

modelo central, permitindo que cada equipe altere seu prprio escopo, amenizando os

problemas de compatibilizao das reas dos projetos (MULLER, 2015).

1 Construtibilidade pode ser definida como a habilidade ou facilidade em que um projeto

construdo, sendo sinnimo de facilitar a construo atravs do projeto (Oliveira apud SANCHES; SILVA, 2006)

3

Apesar de ter primeiras definies durante a dcada de 1970 e ter os primeiros

softwares lanados na dcada de 1980, a tecnologia BIM s foi ganhar fora,

principalmente na Europa, no fim da dcada de 2000. Seu desenvolvimento vem sendo

abrupto, com cada vez mais recursos e ferramentas, tendo um efeito considervel no

design, na construo, alm do gerenciamento de instalaes e planejamento de

manutenes (LORIMER, 2011).

A tecnologia BIM mostra fora em sua implementao no exterior e parece ser

apenas uma questo de tempo at atingir com fora o mercado brasileiro.

1.2. Objetivo

Este trabalho tem como objetivo abordar o conceito do uso da plataforma BIM na

modelagem de projetos, especificamente na parte de desenho de instalaes prediais,

hidrossanitrias e eltricas.

1.3. Abordagem e Metodologia

O trabalho apresentado a partir de uma reviso bibliogrfica e desenvolvimento

de um modelo exemplo abordando as reas de arquitetura e instalaes prediais, com

suas respectivas plantas baixas, isomtricas e de detalhe.

O trabalho faz uma abordagem inicial terica, falando sobre os conceitos e

ferramentas envolvidos no BIM, bem como sobre os principais softwares presentes no

mercado que fazem parte da plataforma BIM. Em seguida, escolhido um software

especfico da plataforma BIM, o Revit da Autodesk, por ser considerado o programa

mais difundido dentre os que fazem uso da tecnologia BIM, e feito uma reviso

bibliogrfica sobre o mesmo, falando de suas principais ferramentas e descrevendo

parte do processo de modelagem, focando nas instalaes prediais, onde tambm so

4

citadas formas de dimensionamento de tais projetos de acordo com as normas

brasileiras.

Para a parte seguinte, a prtica, foi desenvolvido, a partir do uso do software de

tecnologia BIM, o Revit 2018, verso estudantil da empresa Autodesk, um modelo de

um edifcio residencial de seis pavimentos, com trreo contendo garagem e o

apartamento do zelador e os outros pavimentos com seis apartamentos por pavimento,

dividindo o projeto em pranchas de arquitetura, instalaes de gua quente e gua fria,

instalaes de esgoto e instalaes eltricas.

Por fim, so feitos comentrios quanto ao modelo desenvolvido, quais os pontos

fortes observados no decorrer do desenvolvimento do projeto e quais as limitaes que

o software ainda apresenta em relao a prpria proposta de melhorar a modelagem de

projetos e quanto ao seu uso no mercado brasileiro.

1.4. Descrio dos captulos

O primeiro captulo do trabalho fala sobre a plataforma BIM de forma introdutria,

falando da relevncia do tema, objetivos, abordagem e metodologia para

desenvolvimento do trabalho, e descrio dos captulos.

No captulo dois, feito um estudo, em forma de reviso bibliogrfica, sobre o BIM

de modo geral, contemplando seu histrico desde suas primeiras definies at

surgimento dos principais conceitos e caractersticas que atualmente so padres. O

capitulo contempla tambm a caracterizao do que significa o Building Information

Modeling (BIM), e o que o torna a ferramenta um passo evolutivo em relao

modelagem de projetos de arquitetura e engenharia.

Ainda no segundo captulo, dentro da questo sobre o BIM, so apresentados os

principais softwares da plataforma e no que eles se destacam. Tambm so abordadas

5

as questes do desenvolvimento dos projetos em BIM nas dimenses 4D, 5D e 6D que

representam o estudo dos quantitativos, custos, cronogramas e o gerenciamento do

ciclo de vida do empreendimento, integrando cada vez mais as equipes das reas dentro

dos projetos e tambm a equipe executiva e ampliando o alcance do projeto a no

apenas dizer como vai ficar depois de construdo e como deve ser executado mas

tambm em como mant-lo em pleno funcionamento durante sua vida til, garantindo o

planejamento do incio ao fim do empreendimento. Por fim, no captulo, foi comentado

o uso do BIM no mercado brasileiro.

No captulo trs foi escolhido um software BIM especfico para falar sobre, o Revit

da Autodesk, por ser o mais usado no mercado. Fala-se sobre os pontos principais da

modelagem no software em questo, com foco na modelagem das instalaes

hidrossanitrias e eltricas, especificando as ferramentas para a modelagem e falando

sobre o dimensionamento das instalaes em projetos brasileiros com referncia nas

normas da ABNT.

Em seguida, tambm no captulo quatro, apresentado o modelo expositivo feito

para a parte prtica com suas caractersticas, particularidades do desenvolvimento e

recursos utilizados para a modelagem.

No quinto captulo do trabalho, so apresentadas as concluses do autor quanto

ao uso da tecnologia BIM e experincia de modelagem de um edifcio residencial

utilizando o software Revit, apontando o potencial para projetos desenvolvidos

inteiramente na plataforma, bem como algumas limitaes que ainda dificultam sua

implementao mais abrangente nos projetos no mercado nacional.

O captulo seis apresenta referncia bibliogrfica, feita de acordo com as normas

brasileiras da ABNT, de todas as citaes usadas durante o desenvolvimento do

trabalho.

6

No captulo sete so apresentados os anexos, contendo os dimensionamentos

feitos para os projetos de instalaes de gua fria, gua quente, esgoto sanitrio e

eltrica, e as plantas correspondentes ao modelo expositivo.

7

2. Sobre o BIM (Building Information Modeling)

2.1. Histrico

De acordo com Laiserin (2007), a definio documentada mais antiga da

tecnologia BIM data de 1975, feita por Charles M. Eastman, no extinto AIA jornal, no

trabalho Building Description System sendo ela:

[Projetado por] ...definir elementos de forma interativa... deriva[ndo] sees, planos isomtricos ou perspectivas de uma mesma descrio de elementos... Qualquer mudana no arranjo teria que ser feita apenas uma vez para todos os desenhos futuros. Todos os desenhos derivados da mesma disposio de elementos seriam automaticamente consistentes... qualquer tipo de anlise quantitativa poderia ser ligado diretamente descrio... estimativas de custo ou quantidades de material poderiam ser facilmente geradas... fornecendo um nico banco de dados integrado para anlises virtuais e quantitativas... verificao de cdigo de edificaes automatizado na prefeitura ou no escritrio do arquiteto. Empreiteiros de grandes projetos poderiam achar esta apresentao vantajosa para a programao e para os pedidos de materiais. (EASTMAN, 1975)

A terminologia Building Description System foi ento evoluindo, de acordo com

os avanos dos estudos sobre a tecnologia nas dcadas de 1970 e 1980, recebendo as

nomenclaturas Building Product Models nos Estados Unidos no incio de 1980 e

Product Information Models na Europa. Tendo a fuso dessas nomenclaturas no

Building Information Models, sendo esta a mais prxima da utilizada atualmente antes

de seu uso (EASTMAN et al., 2014).

O primeiro uso documentado do termo Building Modeling aconteceu em 1986,

em um artigo de Robert Aish, estabelecendo todos os parmetros hoje utilizados para

descrever a tecnologia BIM, como os componentes paramtricos, a gerao automtica

de desenhos, os bancos de dados e a descrio temporal das fases da construo.

Esses conceitos foram ilustrados a partir de um estudo de caso, utilizando o software

RUCAPS para reforma do terminal 3 do aeroporto de Heathrow, sendo um dos exemplos

aplicados pioneiros da tecnologia (EASTMAN et al., 2014).

8

Em 1992, surgiu, em um artigo de G.A. van Nederveen e F.P. Tolman, pela

primeira vez, o termo Modelling Building Information, que se tornou o Building

Information Modeling (BIM). Este artigo, por sua vez, estabeleceu novos conceitos

tecnologia BIM, abordando a ideia de que a modelagem de informaes da construo

til para fundamentar a estrutura de um modelo de construo, baseado nos diferentes

pontos de vista dos diferentes participantes do projeto (SAEPRO, 2017).

J os softwares de tecnologia BIM, por si s, implementaram vrios conceitos que

vieram a ser reutilizados em softwares atuais, sendo os pioneiros da tecnologia, de

acordo com Laiserin (2007), a verso britnica do RUCAPS para Sonata e Reflex, a

verso britnica do Oxsys para BDS e GDS (atual MicroGDS), a verso francesa, que

concluiu Cheops e Archition, o sistema belga Brics, o sistema de modelagem americana

da companhia Bausch & Lomb, entre outros. Levando aos softwares mais conhecidos

atualmente, que so, entre eles, Autodesk Revit, Bentley Building, VectorWorks, Allplan

e AchiCAD.

De acordo com a National Institute of Building Sciences (NIBIS, 2015), fundada

em 1992, o Facility Information Council (FIC) serviu para melhorar o desempenho das

instalaes em seu ciclo de vida completo, promovendo padres comuns e abertos e

um modelo de informao de ciclo de vida integrado para a arquitetura, engenharia,

construo, operaes e proprietrios (AECOO). O FIC comeou a desenvolver o

National BIM Standard (NBIMS) em 2005 para melhorar a interoperabilidade dos BIMs,

aumentando, amplamente a divulgao da tecnologia. A misso do FIC perdura sob a

governana da Aliana. O Comit de Projeto NBIMS-US continua o importante trabalho

de desenvolvimento de padres abertos e documentos de orientao para todos os

aspectos da construo de informaes modelagem.

Atualmente, a tecnologia foi melhorada, chegando a novos patamares com

planejamentos em dimenses, do 3D ao 6D, implementando os custos, atrelados a

9

cronogramas das obras e os facilities management, ou seja, a abordagem e o

gerenciamento de todo o ciclo de vida da instalao.

2.2. Conceituao

A plataforma BIM, do ingls, Building Information Modeling uma tecnologia para

auxiliar a engenharia, que desenvolve projetos com base na modelagem que integra

todas as informaes inerentes ao projeto, no mesmo lugar, a partir de conjuntos de

dados e definies para os elementos construtivos a serem utilizados.

A National BIM Standard-US (NBIMS, 2016) define a tecnologia BIM como uma

representao digital das caractersticas fsicas e funcionais de uma instalao. BIM

um recurso de conhecimento compartilhado para obter informaes sobre uma

instalao que forma uma base confivel, para decises durante seu ciclo de vida;

definido como existente desde a concepo at a demolio. Uma premissa bsica do

BIM a colaborao de diferentes partes interessadas em diferentes fases do ciclo de

vida de uma instalao para inserir, extrair, atualizar ou modificar informaes no BIM

para apoiar e refletir os papis dessa parte interessada.

Os dados e definies dos elementos construtivos da plataforma BIM so

armazenados em conjuntos definidos por estruturas de parmetros, de forma que

possvel sua personalizao para atender s necessidades do projeto e simular com

exatido os materiais, dimenses e mtodos construtivos a serem utilizados na

construo real. Existem, tambm, os catlogos virtuais de empresas fornecedoras de

seus produtos em forma de famlias para serem importadas diretamente ao software.

As estruturas de dados da plataforma BIM so recursos da modelagem

paramtrica, que teve sua concepo na dcada de 1980 e, segundo Hernandez (2006),

uma representao computacional de um objeto construdo com entidades,

geralmente, geomtricas ou no geomtricas, que tm parmetros que so fixos e

10

outros que podem ser variveis. Os parmetros fixos so denominados, por Hernandez

(2006), como restritos (constrained) e os parmetros variveis podem, segundo

Eastman et al. (2014), ser representados por parmetros e regras, de forma a permitir

que ... objetos sejam automaticamente ajustados de acordo com o controle do usurio

e a mudana de contexto. A Figura 1 apresenta um exemplo de famlia com os

parmetros de tipo de famlia, variveis, que podem ser editados para atender ao

projeto.

Figura 1: Famlia BIM

Fonte: Carmel Software (2017)

Um dos principais diferenciais entre a plataforma BIM e a tecnologia CAD a

forma simultnea na qual desenvolvido o projeto 2D em comunicao com o 3D na

plataforma BIM, possibilitando a visualizao do empreendimento, diminuindo a

incidncia de erros de compatibilizao das disciplinas do projeto. Criando, de acordo

com Eastman et al. (2014), um modelo virtual preciso de uma edificao, que

construdo de forma digital. Com o modelo gerado mantendo a geometria exata e os

dados relevantes, necessrios para dar suporte construo, fabricao e ao

11

fornecimento de insumos necessrios. Na Figura 2 possvel ver, no canto direito

superior um modelo virtual 3D gerando por um software de plataforma BIM e algumas

possveis vistas, plantas e uma tabela geradas a partir do mesmo modelo.

Figura 2: Modelo desenvolvido em software BIM

Fonte: Maritan (2013a)

De acordo com Andrade e Ruschel (2009), as principais diferenas da tecnologia

BIM para os sistemas CAD tradicionais, que so os mais utilizados na engenharia civil

no cenrio atual, so duas principais tecnologias presentes no BIM, so elas:

modelagem paramtrica e interoperabilidade. A primeira permite representar os objetos

por parmetros e regras associados sua geometria, assim como, incorporar

propriedades no geomtricas e caractersticas a esses objetos. Alm do mais, modelos

de construo baseados em objetos paramtricos possibilitam a extrao de relatrios,

checagem de inconsistncias de relaes entre objetos e incorporao de

conhecimentos de projeto, a partir dos modelos. A interoperabilidade, para Eastman et

12

al. (2014) uma condio para o desenvolvimento de uma prtica integrada. O uso de

uma prtica integrada com times de colaborao possvel com a integrao da

informao entre aplicativos computacionais, utilizados por diferentes profissionais de

projeto.

Eastman et al. (2014) diz que o BIM tambm incorpora muitas das funes

necessrias para modelar o ciclo de vida de uma edificao, proporcionando a base

para novas capacidades da construo e modificao nos papis e relacionamento da

equipe envolvida no empreendimento. Quando implementado de maneira apropriada, o

BIM facilita um processo de projeto e construo mais integrado que resulta em

construes de melhor qualidade com custo e prazo de execuo reduzidos.

2.3. Principais Softwares e Ferramentas

Com a popularizao da tecnologia BIM no cenrio da construo civil, vrias

empresas do ramo do design e construo, como a Autodesk e a Bentley Systems Inc.,

comearam a desenvolver seus prprios softwares e ferramentas, usando tal tecnologia,

cada um com suas particularidades, vantagens e desvantagens.

Cabe ressaltar que em 1994, a Autodesk, em conjunto com outras empresas,

comeou a Industry Foundation Classes (IFC) initiative, que compe estruturas de

dados de parmetros, que podem ser lidos e interpretados de forma similar por todos

os programas BIM que participam da iniciativa, abrindo caminho para o desenvolvimento

do Open Bim (OPEN BIM, 2012). Uma plataforma de cdigo aberto para

desenvolvedores e programadores criarem novas ferramentas de tecnologia BIM, a fim

de desenvolver a indstria e incentivar novas ideias. A iniciativa tambm ajudou com

um arquivo de dados de arquitetura aberta, uma linguagem comum, utilizada para a

troca entre modelos de diversos fabricantes (ROSSO, 2011). Com isso, em 2016 havia

13

mais de 200 (duzentos) softwares de plataforma BIM no mercado (COORDENAR,

2017). A seguir sero citados os principais softwares e ferramentas BIM.

2.3.1. ArchiCAD

O ArchiCAD foi desenvolvido pela empresa Graphisoft e o software BIM

desenvolvido para arquitetos mais antigo no mercado. responsvel por grandes

inovaes na rea como o BIMcloud, ferramenta de colaborao interativa em tempo

real, via armazenamento e edio do projeto em nuvem2, o EcoDesigner Star que foi

a primeira investida em design sustentvel dentro da plataforma BIM e o BIMx que

um aplicativo de smartphone que permite a visualizao de aplicativos BIM

(GRAPHISOFT, 2017).

De acordo com o Cunha apud Rosso (2011), o ArchiCAD um software intuitivo

e de fcil aprendizagem, possuindo uma extensa biblioteca disponvel e maturidade,

graas aos muitos anos de disponibilidade e desenvolvimento no mercado. Tendo,

porm, limitaes para trabalhar em projetos de larga escala e suas definies e banco

de dados serem mais simplificadas do que de outros programas da rea (ROSSO,

2011).

Um software feito por arquitetos, para arquitetos (GRAPHISOFT, 2016), o

ArchiCAD apresenta em sua interface cones semelhante aos usados em prticas

arquitetnicas, com um espao de trabalho grande e visualmente limpo. O software se

beneficia da modelagem paramtrica, padro da tecnologia BIM, para gerar,

2 De acordo com a International Business Machines (IBM, 2017), o armazenamento em

nuvem permite que os aplicativos enviem dados para uma rede de servidores conectados remotos. As aplicaes podem ento manter esses dados, editar e acess-lo de qualquer lugar. Os aplicativos acessam dados usando uma API baseada na web que funciona com aplicativos do tipo cliente.

14

simultaneamente, todas as vistas, elevaes, plantas e impresso a partir do modelo

principal, tornando a discrepncia do projeto nula (GRAPHISOFT, 2016).

A Figura 3 mostra a interface do software ArchiCAD, enquanto que a Figura 4

exemplifica a interoperabilidade em que vrias vistas so geradas a partir de um s

modelo.

Figura 3: Interface do ArchiCAD

Fonte: Graphisoft (2016)

Figura 4: Vistas geradas a partir do modelo principal no ArchiCAD

Fonte: Graphisoft (2016)

15

16

2.3.2. AECOsim

o software de tecnologia BIM da empresa especializada em programas de

design, arquitetura e engenharia, a Bentley Systems. O software foi construdo em cima

da plataforma do programa CAD, Microstation, da mesma empresa e amplamente

utilizado na engenharia.

O AECOsim faz parte de uma extensa plataforma de softwares especficos, tendo

como principal atrativo sua grande liberdade para desenvolvimento de projetos com alta

complexibilidade arquitetnica e de vrios tipos de infraestruturas, de simples casas a

extensas plantas industriais ou gigantescas estruturas offshore (BENTLEY SYSTEMS,

2017a).

O software em questo, porm, apresenta um elevado custo de compra e uma

interface menos intuitiva em relao aos competidores , como o Revit, o ArchiCAD, entre

outros (ROSSO, 2011).

A plataforma BIM da Bentley Systems no se limita apenas ao chamado BIM 3D,

estendendo suas capacidades para o BIM 4D, 5D e 6D. O software contempla anlise

energtica, custos de projeto, elaborao de oramentos aliados ao cronograma da

obra, alm de uma anlise de todo o ciclo de vida do empreendimento. Alm disso, ele

dispe de uma ferramenta, para quando necessrio fazer atualizao ou expanso do

empreendimento, de modelagem, capturando o contexto atual para a equipe de projeto

(BENTLEY SYSTEMS, 2017b). A Figura 5 mostra a interface do programa AECOsim.

17

Figura 5: Interface do AECOsim

Fonte: Bentley Systems (2017)

2.3.3. Revit

o software BIM da Autodesk, mesma desenvolvedora do AutoCAD, e o mais

difundido desta tecnologia no mercado da construo civil. Suas ferramentas permitem

que o uso do processo inteligente baseado em modelos para planejar, projetar, construir

e gerenciar edifcios e infraestruturas. O Revit oferece suporte a um processo de projeto

multidisciplinar, para trabalhos colaborativos (AUTODESK, 2017a).

Suas caractersticas e utilizao sero mais aprofundadas no captulo 3.

2.3.4. Tekla Structures

o software BIM que permite a criao e gerenciamento de modelos estruturais

3D altamente detalhados, independentemente da complexidade material ou estrutural.

Os modelos podem cobrir todo o processo de construo, desde o projeto conceitual

18

at a fabricao, montagem e gerenciamento de construo (TRIMBLE BUILDINGS,

2017).

O Tekla Structures acompanha todo o fluxo de trabalho da construo em

concreto, desde o modelo de pr-construo, passando pelo planejamento at a

concretagem final (BRASIL ENGENHARIA, 2017).

O software tem uma abordagem aberta ao BIM (Open Bim), o Tekla Structures j

vem pronto para uso, porm possvel otimiza-lo, podendo ser usado em conjunto com

uma ampla variedade de softwares e ferramentas, sendo os principais mais usados os

de clculo de estruturas e maquinrios (TEKLA, 2017).

A Figura 6 exemplifica a interface do software Tekla Structures.

Figura 6: Interface Tekla Structures

Fonte: Tekla (2017)

19

2.3.5. Vectorworks Architect

a tentativa de investimento na tecnologia em BIM da empresa Nemetschek, que

possui uma plataforma de produtos Vectorworks de tecnologia CAD. um software mais

focado no design arquitetnico e que no possui todas as ferramentas de engenharia

dos mais populares Revit e AECOsim. A Figura 7 mostra a interface do programa.

Figura 7: Interface do Vectorworks Architect

Fonte: Goldberg (2009)

O Vectorworks Architect apresenta vrias ferramentas para excelncia no design

e arquitetura, como um motor de renderizao foto-realista, com a capacidade de

animao dos projetos, e sem sair da renderizao, aplicao de texturas, de efeitos de

sombra e iluminao, produzindo belas imagens que podem ter efeito foto-realista ou

de desenhos a mo ou pintura (TECHLIMITS, 2017). Exemplos da renderizao feita

pelo software Vectorworks podem ser vistos nas Figura 8 e Figura 9.

20

Entre as ltimas inovaes do programa esto a capacidade de capturar edifcios

com a cmera e ter suas linhas reconhecidas pelo programa. E apresentao em

realidade virtual (VR3) do projeto, provendo ou tour pelo empreendimento, onde o cliente

pode, simplesmente, abrir a verso salva em nuvem do projeto, sem necessidade de

alteraes ou novos programas/aplicativos, usando um smartphone, colocar este em

um culos de realidade virtual e possvel caminhar por dentro do modelo virtual, tendo

a mesma sensao de espao de um real (HELM, 2016).

Figura 8: Renderizao de exteriores Vectorworks Architect

Fonte: Nemetschek (2017)

3 Virtual Reality, ou simplesmente VR o termo usado para descrever um ambiente

tridimensional, gerado por computador, que pode ser explorado e interagido por uma pessoa, por meio de dispositivos como culos especiais, luvas, fone de ouvido, smartphone ou um computador. Essa pessoa torna-se parte deste mundo virtual ou est imersa dentro desse ambiente e, enquanto estiver l, capaz de manipular objetos ou executar uma srie de aes (VIRTUAL REALITY SOCIETY, 2017).

21

Figura 9: Renderizao de interiores Vectorworks Architect

Fonte: Nemetschek (2017)

2.4. Novas dimenses do projeto, o BIM 3D, 4D, 5D e 6D

Um dos principais conceitos por trs do BIM, com a implementao da modelagem

com elementos construtivos definidos a partir de seus bancos de dados, o de projetar,

no apenas como o empreendimento ficar depois de construdo, mas todo o seu ciclo

de vida, incluindo as informaes para a gesto da obra, tudo de forma integrada,

visando aumentar a eficincia, a produtividade e eliminar os erros dos projetos

(MATTOS, 2014).

O BIM 3D o a forma de uso mais popular da do BIM na construo civil. Sua

premissa a de criar um modelo virtual de como ficar o empreendimento, aps

concludas as obras. O banco de dados com definies, para um mesmo elemento,

sobre suas representaes grficas, caracterizao e posicionamento espacial em

vrias vistas, permite que a modelagem de uma planta baixa gere todas as vistas,

representao 3D e renderizao realista, simultaneamente ao desenvolvimento da

planta baixa.

22

O BIM 4D adiciona a possibilidade de vincular as definies dos elementos

grficos do projeto ao cronograma da obra, impondo parmetros de durao e alocando

seu tempo de execuo no cronograma da etapa executiva e fases de implementao

(NABUCO, 2016), visando atuar como ferramenta de gesto do avano fsico da obra.

Para este acompanhamento, o BIM 4D faz uma animao em vdeo do andamento da

construo, tanto para componentes a construir quanto para a demolir. Seu principal

ponto, porm, no a animao, mas a possibilidade de criar e analisar os diversos

cenrios e seus consequentes impactos no andamento da obra, a fim de possibilitar a

implantao de medidas mitigadoras para evitar atrasos no prazo e aumentos dos

custos previstos inicialmente (MNCH, 2017). Tudo isso possvel graas a integrao

dos softwares BIM outras ferramentas de planejamento de obras, como o MSProject

e o Primavera, essa integrao feita com o uso de ferramentas dos softwares BIM,

como o Navisworks e o Synchro (NABUCO, 2016). A denominao BIM 4D vem da

adio da varivel tempo s trs dimenses da modelagem.

Para o BIM 5D, inserida a varivel custo, com todos os elementos dos projetos

vinculados aos seus respectivos custos. Os bancos de dados dos softwares BIM tm

como uma de suas informaes as variveis de preo, podendo ser definidas durante,

antes ou depois da execuo do projeto. E graas ao estilo de modelagem paramtrica,

possvel garantir a preciso dos quantitativos mesmo se feitas alteraes no decorrer

da modelagem. O clculo e desenvolvimento da planilha de custos feita, assim como

no BIM 4D, via a integrao dos softwares BIM com outros programas e ferramentas

especializados, e existe tambm a gesto integrada do BIM 3D, 4D e 5D, atravs da

anlise de diferentes projees e com a elaborao da simulao da sequncia

construtiva sendo feita atravs da ligao do planejamento e oramento ao modelo BIM

3D simultaneamente, possvel com softwares como o VICO Office, por exemplo

(MNCH, 2017). Apesar ajudar bastante no processo de oramentao, devido a

modelagem, fazendo uso de catlogos de fabricantes e do automatizado processo de

23

levantamento de quantitativos, o BIM ainda no responsvel pelo levantamento e

projeo de custos sem que haja a integrao com outras plataformas de planejamento

(NABUCO, 2016).

"A ideia vincular as informaes dos componentes que representam o escopo

do projeto s informaes de planejamento e custo. Isto confere mais preciso sobre a

quantidade de cada servio a ser executada, permite a simulao de cenrios e auxilia

na definio do planejamento", de acordo com Joyce Delatorre, coordenadora do Ncleo

BIM da Mtodo Engenharia. "Com estas informaes integradas, caso haja qualquer

alterao de projeto, possvel rastrear o impacto no prazo e no custo da obra,

auxiliando na tomada de deciso", conclui a engenheira (NAKAMURA, 2014).

O BIM 6D fica responsvel pelas facilities management, ou seja, o

gerenciamento do ciclo de vida do empreendimento. possvel, no BIM, vincular

informaes quanto a garantia dos produtos, planos de manuteno e dados de

fabricantes e fornecedores. Alm de possibilitar a modelagem para diferentes fases do

empreendimento, como nova construo, manuteno ou demolio (MATTOS, 2014).

Tudo isso aponta para uma mudana de filosofia em todo o setor da construo

civil, onde o planejamento de uma obra no se limita apenas a entregar o

empreendimento pronto, a etapa de desenvolvimento de projeto no termina quando a

modelagem finalizada e as plantas so impressas e as manutenes no so apenas

de carter corretivo. Assim como o BIM, tudo por ser feito de forma mais integrada, com

uma significativa melhoria de eficincia e produtividade. Com diversos cenrios

contemplados e planejados, os imprevistos so, quase que completamente, eliminados,

as manutenes programadas desde a etapa de projeto previnem problemas e

garantem a vida til planejada para o empreendimento e os projetos podem ser mais

precisos e concisos, sem incompatibilidades e completos, abordando todas as etapas

do empreendimento, desde a aquisio de material at o fim de seu ciclo de vida.

24

2.5. Uso no Brasil

Jnior (2009) fala sobre o processo de transio do CAD para o BIM, como sendo

um processo mais lento do que a transio da prancheta para o CAD, explicando que:

"A primeira mudana se restringiu ao meio, ou seja, tudo o que antes se fazia no papel

passou a ser feito no computador. O BIM, no entanto, vai exigir uma mudana cultural

de toda a cadeia da construo civil, inclusive dos escritrios de arquitetura" (BARONI,

2011), o BIM ainda encontra dificuldades para seu efetivo uso no Brasil quando

comparado a outros pases. No Reino Unido, por exemplo, em 2011, foi estipulado um

perodo de 5 anos para implementao total do BIM nos escritrios de arquitetura e

engenharia, exigindo BIM Nvel 2 (modelagem e interoperabilidade) at 2016. J nos

Estados Unidos, a partir de um decreto de 2006, todos os projetos de carter civil

federal, inclusive edifcios militares e, em 2012, 71% dos escritrios de engenharia e

arquitetura utilizavam a tecnologia BIM (SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA E

LOGSTICA - SEIL - PARAN, 2017).

Apesar de apresentar diversas vantagens em relao a tecnologia CAD, o

projetista, no Brasil, ainda apresenta resistncia para migrao para o BIM. Com o

AutoCAD, da Autodesk, o software de engenharia mais utilizado nos escritrios de

projeto no Brasil, com mais de trinta anos no mercado, fica difcil superar seu

tradicionalismo e abandonar completamente a plataforma. Mesmo quando adotado

pelos escritrios, os programas BIM raramente so usados de forma autnoma para o

desenvolvimento de projetos, sendo este, muitas vezes, repartido entre CAD e BIM, com

algumas disciplinas feitas em BIM, como a arquitetura, mas as outras, como as

instalaes prediais ou projetos de estruturas, feitos em CAD. Isso acaba gerando

perdas de produtividade, inconsistncias de projeto e muitos outros problemas,

tornando a adoo do BIM muito menos efetiva do que deveria e no atendendo um dos

25

principais objetivos da tecnologia que a integrao de todas as etapas de projeto,

feitas no mesmo programa.

Vrios escritrios de projetos encontram barreiras para implementao do BIM,

muitas vezes financeiras, j que alm do alto investimento inicial para adquirir os

programas BIM, tambm necessrio gerar despesas para realizar treinamentos da

equipe. Alm disso, necessria toda uma mudana na forma de projetar, uma vez que

as equipes tero que trabalhar de forma muito mais integrada e tero novas

responsabilidades (NABUCO, 2016).

So poucos os bancos de dados disponveis contendo os elementos presentes

nos catlogos das grandes fornecedoras de materiais e equipamentos no Brasil, sendo

estas, em pases com alta adeso ao BIM, as principais responsveis pela modelagem

e criao de seus itens para uso nos softwares. O que torna necessrio a modelagem,

do zero, de elementos que atendam aos requisitos do projeto, j que os softwares BIM,

em sua verso base, apresentam apenas opes bsicas destes elementos. A

modelagem de elementos, porm, pode ser uma tarefa difcil e demorada, dependendo

de sua complexidade.

Com relao a presena de BIM na formao do profissional de arquitetura e

engenharia civil, ainda limitada, estando em estgios iniciais de implementao na

grade curricular, principalmente, por meio de matrias optativas ou minicursos

oferecidos nas principais universidades. E muitas dessas matrias ou minicursos

abordam s os estgios introdutrios ou intermedirios do BIM (RUSCHEL; ANDRADE;

MORAIS, 2013). Uma pesquisa feita em 2013, por Ruschel, Andrade e Morais,

abordando as seguintes universidades: Universidade Federal de Alagoas (UFAL),

Universidade Federal de So Carlos (UFSCar), Universidade Presbiteriana Mackensie

(UPM), Centro Universitrio Baro de Mau (CBM) e Universidade Estadual de

Campinas (UNICAMP), chegou concluso de que em nenhuma universidade foi

26

encontrada abordem ao ensino para a formao do gerente em BIM, com nvel de

competncia avanado, focando a integrao entre ferramentas de gerenciamento e

ferramentas BIM, simulaes e anlise em 4D e 5D. Tambm no foram identificadas

experincias de ensino no Brasil que, alm de trabalharem com modelos integrados e

compartilhados, abordem todas as fases do ciclo de vida da edificao, projeto,

construo e operao, o BIM 6D, caracterizado como o terceiro estgio de adoo do

BIM (RUSCHEL; ANDRADE; MORAIS, 2013).

27

3. Sobre o Autodesk Revit

Como j mencionado, o software da Autodesk o mais difundido na indstria da

construo civil entre os programas da plataforma BIM. A tecnologia, entretanto, ainda

no to utilizada quanto a tecnologia CAD, sendo os programas mais usados pela

engenharia civil, o AutoCAD da Autodesk e o Microstation, da Bentley Systems. Ambas

as empresas possuem softwares bem desenvolvidos de tecnologia BIM, porm estes,

por enquanto, ainda no tm o mesmo apelo do CAD. Mas o cenrio mundial, ainda que

com certa resistncia, devido ao tradicionalismo do CAD, est tendendo, aos poucos,

ao BIM, graas ao grande avano recente da tecnologia desde 2011.

O Revit o software mais completo do mercado, contemplando todas as

dimenses da tecnologia BIM. dedicado a engenheiros e arquitetos, contemplando

todas as reas da realizao do projeto. As vantagens envolvem todo o ciclo de vida do

edifcio, desde os estudos de viabilidade at a demolio. Ao mesmo tempo em que a

simulao 3D possibilita a construo virtual do projeto com informaes mais confiveis

e consistentes, viabiliza a economia de tempo e dinheiro (BARONI, 2011).

A interface do Revit constituda pelo espao de trabalho, onde pode ser deixado

em destaque a vista do modelo que esteja sendo utilizada no momento ou visualizar

simultaneamente vrias vistas, como na Figura 10, a seguir. Alm disso, podendo ser

ocultados, ficam presentes, no canto esquerdo, podendo ser movidos livremente, a

tabela de propriedades do objeto ou vista selecionada e o banco de dados do projeto

com famlias, vistas, legendas, tabelas e papis de impresso. No canto superior ficam

os menus com as ferramentas, organizadas de acordo com a disciplina.

28

Figura 10: Interface do Revit

Fonte: Autodesk (2017b)

Similar a outros softwares BIM, o Revit gera todas suas vistas, plantas,

representao 3D e renderizao a partir de um mesmo modelo projetado, eliminando

inconsistncias de projeto. Isso acontece graas as estruturas de informaes, que a

partir de definies de elementos construtivos como paredes, portas, janelas ou

escadas, cria o objeto em questo suas informaes de medidas, design, camadas,

materiais e representao 3D.

Para impedir incompatibilidades de projeto, um problema muito comum da rea, o

Revit define que diferentes elementos construtivos no podem ocupar o mesmo lugar,

apontando erros, que so destacados e observados pelo programa em casos de

sobreposio de objetos, caso ignorado, possvel procurar por esses erros mais para

frente no projeto atravs da ferramenta de alertas, que acessvel na barra de

ferramentas manage, em inquiry, escolhendo a opo warnings, exemplificada na

Figura 11. Ou a partir do uso do software auxiliar Navisworks, tambm da Autodesk,

onde possvel carregar o modelo, exportando o mesmo de dentro do Revit a partir da

aba tools, e em external tools selecionando a opo Navisworks, onde a ferramenta

29

Clash Detection, localizada na aba de ferramentas clash detective, encontra as

incompatibilidades do projeto.

Figura 11: Notificao4 de parede sobreposta e rea destacada no modelo

Fonte: Synergis (2014)

O Revit, faz uso do BIM 4D e 5D, atravs da ferramenta Schedules, para clculo

e quantificao de material e custos. Essa ferramenta produz diferentes tipos de tabelas

e listas, entre elas: listas de pranchas emitidas, muito til para protocolos de emisso,

representao grfica de colunas, bloco de notas, lista de vistas salvas no projeto. As

opes mais interessantes, porm, ficam por conta da Schedule/Quantities, esta uma

tabela mais generalizada, que pode ser personalizada e modificada pelo projetista,

sendo possvel obter informaes referentes ao quantitativo de componentes e a

4 Traduo da notificao, na caixa de texto, em amarelo, na figura: as paredes destacadas

se sobrepem. Uma delas pode ser ignorada quando encontrar limites de sala. Use Cortar Geometria para incorporar uma parede no interior da outra.

30

Material Takeoff que quantifica os componentes separados por tipo de material, se

diferenciando da primeira em relao ao detalhamento, sendo direcionada para

quantidades de material utilizado, uma vez definidos os materiais utilizados nas famlias

dos elementos construtivos. A ferramenta Material Tafeoff vai mais profundo nas

estruturas quantificadas, na parede, por exemplo, leva em conta todas suas camadas e

seus materiais correspondentes. As tabelas geradas pelo Revit podem ser exportadas

para o programa Microsoft Excel usando a sequncia: Export > Reports > Schedule. As

opes de tabelas so demonstradas na Figura 12.

Figura 12: Opes de tabelas e listas da ferramenta "Schedules"

Fonte: Acervo pessoal

O software da Autodesk tem uma funo simplificada de anlise estrutural (Figura

13), apesar de no conter todos os recursos de programas especializados no assunto

31

como o SAP da CSI America ou o Robot da Autodesk, o Revit oferece opes de

anlises esttica e gravitacional, permitindo colocao de cargas pontuais ou

distribudas pelo projeto (FUDALA, 2016). A Autodesk permite a vinculao, atravs do

API5 aberto do Revit, de softwares de anlise estrutural de terceiros para que criem

fluxos de trabalho tanto para o, quanto do Revit. O processo depende do modelo

analtico deste, que criado automaticamente ao lado do modelo fsico (AEC

MAGAZINE, 2013).

Figura 13: Anlise estrutural do Revit

Fonte: Autodesk (2017c)

Outro tipo de anlise feita pelo Revit a anlise de luminescncia (Figura 14), o

plug-in Light Analysis Revit (LA/R) usa o servio da nuvem de renderizao Autodesk

360 para realizar anlises de iluminao diurna rpidas e fisicamente precisas, baseado

na localizao do empreendimento no mapa, em coordenadas. contribuindo para a

5 Conjunto de rotinas e padres de programao para acesso a um aplicativo

de software ou plataforma baseado na Web. A sigla API refere-se ao termo em ingls "Application Programming Interface" que significa em traduo livre "Interface de Programao de Aplicativos". Uma API criada quando uma empresa de software tem a inteno de que outros criadores de software desenvolvam produtos associados ao seu servio (CANALTECH, 2017).

32

melhoria da sustentabilidade do empreendimento, visando atender certificaes de

Green Building6 da LEED7 (MNCH, 2017).

Este plug-in fornece resultados com base na LEED IEQc8.1 2009 e na LEED v4

EQc7 opt2 para a maioria dos modelos em menos de 15 (quinze) minutos, uma vez que

a anlise iniciada (AUTODESK, 2015a).

Figura 14: Anlise de luminescncia do Revit

Fonte: Synergis (2014b)

Os resultados so apresentados no modelo do Revit usando o Analysis

Visualization Framework (AVF) para que possa ser visualizado como a luz do dia est

interagindo com o empreendimento. Um horrio de sala gerado com os resultados

necessrios para um envio LEED. Alm disso, tambm possvel incluir ou no salas

6 De acordo com Agncia de Proteo Ambiental dos Estados Unidos (U.S. EPA), Green

Building a prtica de criar estruturas e usar processos ambientalmente responsveis e eficientes em recursos (KUKREJA, 2016).

7 LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) o sistema de classificao de edifcios verdes mais utilizado no mundo. Disponvel para praticamente todos os tipos de projetos de construo, desde construo nova at instalaes interiores e operao e manuteno, o LEED fornece uma estrutura que as equipes de projeto podem aplicar para criar edifcios verdes saudveis, altamente eficientes e com economia de custos. A certificao LEED um smbolo mundialmente reconhecido de realizao de sustentabilidade (U.S. GREEN BUILDING COUNCIL, 2017).

33

como espaos regularmente ocupados, bem como para especificar tons automatizados,

sombras e outros detalhes (AUTODESK, 2015a).

3.1. Instalaes Hidrossanitrias em Revit

Para modelar as instalaes hidrossanitrias no Revit necessria a criao de

sistemas, sendo exemplos, sistemas domsticos de gua fria, de gua quente e

sanitrios. As tubulaes podem ser traadas, em projeto, antes das definies dos

sistemas, para mostrar o roteamento e as conexes entre os equipamentos e a

tubulao. (AUTODESK, 2016). Os sistemas podem ser criados de duas maneiras:

A primeira quando os acessrios so inicialmente alocados em projeto, eles

ainda no esto associados a nenhum tipo de sistema. Quando as tubulaes so

adicionadas para conectar os componentes, eles so automaticamente atribudos a um

sistema (AUTODESK, 2016).

A segunda selecionando os componentes e adicion-los manualmente ao

sistema. Depois de atribudos a um sistema, possvel usar a ferramenta Generate

Layout Workflow para definir o roteamento de canos e, automaticamente, criar a

tubulao para o sistema (AUTODESK, 2016).

Por padro, no programa base, existem trs tipos de sistemas para encanamento,

sendo eles: sistema de gua fria domstica, sistema de gua quente domstica e

sistema sanitrio. Mas possvel criar tipos de sistemas personalizados para lidar com

outros tipos de componentes e sistemas. possvel, por exemplo, criar um sistema de

ar comprimido, tambm podendo alterar os parmetros de tipos para um sistema,

incluindo substituies grficas, materiais, clculos, abreviaes e smbolos de

subindo ou descendo (AUTODESK, 2016).

34

As vistas especficas por disciplina so essenciais quando modelado um sistema

de encanamento em um projeto. Eles permitem alocar e visualizar os componentes nos

sistemas. Como os componentes so posicionados em alturas especficas nos locais do

projeto, as vistas criadas devem especificar um campo de exibio e disciplina

apropriados (AUTODESK, 2016).

O Revit prov vrios modelos (no software chamados de templates8) de

visualizao, que automaticamente especificam vrias das propriedades de vistas

necessrias para definir visualizaes especficas de uma disciplina (AUTODESK,

2016).

A Figura 15, a seguir, mostra as ferramentas para modelagem dos sistemas

hidrossanitrios no Revit, localizada no painel systems (sistemas).

Figura 15: Ferramentas hidrossanitrias do Revit

Fonte: Acervo pessoal

A primeira ferramenta, pipe, faz uma tubulao genrica no projeto ligando aos

acessrios desejados, podendo ser desenhados horizontalmente, verticalmente ou

inclinados. Tambm possvel, com esta ferramenta, definir o dimetro, a rota e a

inclinao da tubulao. A primeira vez em que so desenhadas as tubulaes no

8 Os templates so o ponto de incio de novos projetos. Ele um arquivo, j pr-

configurado, com os principais parmetros para comear um novo projeto, como por exemplo, famlias pr-carregadas, vistas e filtros. As opes e parmetros dos templates podem ser carregados mesmo em um projeto j iniciado, no se restringindo apenas a novos modelos (AUTODESK, 2015b).

35

projeto, necessrio definir as preferncias de roteamento da tubulao nas

propriedades dos tipos de famlias da mesma (AUTODESK, 2017d).

A ferramenta pipe placeholder serve para desenhar tubulaes nos estgios

iniciais do projeto, quando desejado indicar a localizao aproximada de uma

operao de canalizao ou para mostrar que os tubos em questo no foram, ainda

dimensionados. Sua representao grfica de linhas nicas sem conexes. Aps

definidas, possvel converter as tubulaes feitas com a ferramenta pipe placeholder

em tubulaes definitivas (AUTODESK, 2017d).

A ferramenta Parallel Pipes permite a criao de tubulaes paralelas s

existentes, podendo ser usada em vrias tubulaes e conexes, desde que ligadas, de

uma vez (AUTODESK, 2017e).

Pipe fitting permite alocar manualmente novas conexes s tubulaes. Cabe

salientar que, quando desenhadas usando a ferramenta pipe, as tubulaes j so

desenhadas alocando suas conexes automaticamente. De forma anloga, mas sem a

opo de alocar automaticamente durante a modelagem das tubulaes, a ferramenta

pipe accessory usada para definir manualmente os locais de acessrios de

tubulaes como redutores ou registros (AUTODESK, 2017f).

possvel desenhar tubulaes flexveis usando a ferramenta flex pipe. A

ferramenta, porm, s pode ser visualizada em vistas 3D e planas. possvel alterar a

posio dos vrtices para alterar a forma do tubo flexvel em uma vista de elevao ou

seo (AUTODESK, 2017g).

Para inserir os aparelhos e componentes hidrossanitrios, como vaso sanitrio ou

o chuveiro, usa-se a ferramenta plumbing fixture e selecionando o desejado de acordo

com as famlias e tipos de famlia. Os acessrios so, geralmente, componentes

36

hospedados9, colocados em uma face, face vertical ou plano de trabalho (AUTODESK,

2017h).

E, por fim, a ferramenta sprinklers fica responsvel pelos equipamentos de

combate a incndio em questo. Eles so, frequentemente, componentes hospedados,

colocados em uma face vertical, face ou plano de trabalho especfico. Para os sprinklers

no hospedados importante especificar a elevao de acordo com o tipo da famlia.

Os sprinklers de tipo pendente precisam ser colocados em elevaes que permitem que

as tubulaes conectem por cima dos mesmos. J a tubulao para sprinklers verticais

deve ser conectada por baixo deste. O Revit no calcula automaticamente os

parmetros para determinar tamanho e tipo dos sprinklers para os sistemas do projeto,

podendo ser escolhidos vrios tipos de sprinklers como molhados, seco, baseados em

taxas de temperatura, classe de presso e tamanho do orifcio (AUTODESK, 2017i).

3.1.1. Dimensionamento

O dimensionamento dos projetos de gua fria, no Brasil, executado com base

na norma NBR 5626/98 Instalao Predial de gua Fria, tendo como exigncias a

preservao da potabilidade da gua, a garantia do fornecimento de gua de forma

contnua, em velocidade e com presses adequadas, promover a economia de gua e

energia, uma manuteno fcil e econmica, proporcionar conforto aos usurios e evitar

nveis inadequados de rudo.

Para o clculo da estao elevatria, inicialmente aconselhvel calcular as

tubulaes de recalque e suco, sendo a primeira calculvel usando a frmula de

Forchheimer:

9 Componentes hospedados so itens que s podem ser alocados em um elemento

hospedeiro que atenda os parmetros de superfcie dos componentes em questo, os parmetros de superfcie no Revit so: face, face vertical, face horizontal e plano de trabalho.

37

= 1,3 4

Eq. 1

Onde a vazo de recalque, pode ser obtida atravs da frmula: =

, onde

CD consumo dirio e NF o nmero de horas de funcionamento da bomba no

perodo de 24 horas

E X dado por:

=

24

Eq. 2

Para a tubulao de suco, adota-se um dimetro igual ou imediatamente

superior ao da tubulao de recalque.

As tubulaes devem ser dimensionadas de forma que a velocidade de fluxo da

gua atinja um valor mximo de 3,0 m/s para qualquer trecho da tubulao.

A seguir, feito o clculo da potncia do conjunto motobomba a partir da equao:

=

75

Eq. 3

Tendo P como a potncia em CV, Q a vazo de recalque em l/s, Hman de altura

manomtrica dinmica em mca e R representando o rendimento do conjunto

motobomba, sendo adimensional.

A altura manomtrica total da frmula calculada a partir da soma da altura

manomtrica de recalque com a altura manomtrica de suco. A altura manomtrica

de recalque, por sua vez, calculada pela soma da altura vertical esttica de recalque

com a altura dinmica de recalque, resultante do comprimento real da tubulao no pior

caminho mais os comprimentos equivalentes das conexes, ambos multiplicados pela

perda de carga J, esta cuja frmula depende do material da tubulao.

38

A tubulao de suco calculada de forma anloga, com a soma da altura de

suco esttica com a dinmica de suco.

A partir da, feito o clculo do barrilete de gua fria. Aps a realizao do traado

do sistema hidrulico necessria a verificao do somatrio dos pesos relativos

(Figura 16) em cada trecho do traado, iniciando do trecho mais a jusante do barrilete

at o mais a montante.

Figura 16: Pesos relativos de aparelhos sanitrios

Fonte: Associao Brasileira de Normas Tcnicas (1998)

Com o somatrio dos pesos calculados, usa-se a seguinte frmula para calcular a

vazo de cada trecho:

= 0,3

Eq. 4

Definida a vazo, o prximo passo fica por conta de arbitrar dimetros

comerciais para a tubulao, para depois, usando os dimetros internos, calcular

39

a rea e velocidade dos trechos, sendo indicado ajustar a velocidade para algo

prximo de 1,0 m/s a fim de diminuir a perda de carga.

Definida a tubulao, devem ser feitos os ajustes necessrios no modelo.

Em seguida deve ser feita a verificao do comprimento equivalente de cada

conexo no trecho e somar o comprimento real com o equivalente. Calcular a

perda de carga unitria, para determinar a perda de carga total no trecho,

multiplicando a perda unitria pelo comprimento.

Para a ltima etapa de clculo, deve-se tomar nota do desnvel geomtrico entre

o n a montante e a jusante do trecho e da presso dinmica a montante, obtendo

atravs da frmula = + a presso dinmica a jusante.

Para o clculo da presso esttica a jusante, deve ser feita a soma da presso

esttica a montante com o desnvel. Por fim, deve ser feito o ajuste dos dimetros

de forma que nenhum trecho tenha presso dinmica menor do que 0,5 mca e

presso esttica maior do que 40 mca.

Para as instalaes de gua quente, utilizada a norma NBR 7198/93

Projeto e Execuo de Instalaes Prediais de gua Quente. O

dimensionamento feito de forma anloga ao de gua fria com a mesma

sequncia de etapas, porm as tubulaes so diferentes e, por consequncia,

tambm so seus dimetros comerciais.

Para o dimensionamento das instalaes sanitrias, faz-se uso da norma

NBR 8160/99 - Sistemas prediais de esgoto sanitrio - Projeto e execuo, e

40

feito baseado no nmero de Unidades Hunter de Contribuio10 (UHC) e nas

dimenses mnimas para atender os aparelhos sanitrios conectados. O

dimensionamento deve ser feito de forma que no pode haver diminuio do

dimetro na tubulao dos trechos de acordo com o fluxo da instalao. A Figura

17 mostra a tabela de UHC para dimensionamento da tubulao de esgoto.

Figura 17: Tabela de Unidades Hunter de Contribuio e dimetros mnimos

Fonte: Associao Brasileira de Normas Tcnicas (1999)

10 Definido pela NBR 8160 Sistemas prediais de esgoto sanitrio Projeto e execuo

como um fator numrico que representa a contribuio considerada em funo da utilizao habitual de cada tipo de aparelho sanitrio.

41

O dimensionamento da tubulao de ventilao tambm feito com base no

nmero de Unidades Hunter de Contribuio, porm, so contabilizadas as Unidades

Hunter de Contribuio referentes a tubulao de esgoto a qual o ramal de ventilao

est atendendo, a Figura 18 apresenta a tabela de dimensionamento para colunas e

barriletes. Para o traado, tambm existem limitaes quanto distncia entre a

ventilao e o fecho hdrico de acordo com o dimetro da tubulao de esgoto ventilada

(Figura 19).

Figura 18: Tabela de dimensionamento dos ramais de ventilao

Fonte: Associao Brasileira de Normas Tcnicas (1999)

Figura 19: Distncias mximas de um desconector ao tubo ventilador

Fonte: Associao Brasileira de Normas Tcnicas (1999)

3.2. Instalaes Eltricas em Revit

O Revit permite a criao de sistemas eltricos a partir da colocao de aparelhos

e equipamentos no projeto, conectando-os aos quadros de luz.

42

Para a criao de circuitos so conectados componentes eltricos similares, que

associados aos respectivos quadros de luz, o cabeamento feito de forma automtica

e pode ser ocultado ou mostrado para representao se a fiao est exposta ou

embutida nas paredes, teto ou cho. Uma vez criados, os circuitos podem ser editados

para adicionar ou remover componentes, conectar um circuito a um quadro de luz,

adicionar fiaes e propriedades dos quadros de luz. Um componente pode ser

conectado em um circuito se for compatvel com os outros componentes e existir um

conector disponvel (AUTODESK, 2017j). possvel criar circuitos para dois tipos de

sistemas:

Os sistemas de energia incluem sistemas de distribuio de luz e energia. Quando

circuitos so criados para um sistema de energia, apenas dispositivos compatveis

podem ser conectados. Todos os dispositivos em um circuito precisam especificar o

mesmo sistema de distribuio, com iguais tenses e nmero de polos. O sistema de

distribuio pode ser especificado por parmetros de tipo de famlia ou de instncias.

Quando um circuito, onde todos os dispositivos tm o sistema de distribuio

especificado por parmetros de instncias, o Revit exibe a caixa de dilogo de

informao do circuito especfico, na qual possvel definir valores para o nmero de

polos e tenso antes de criar o circuito. possvel adicionar um dispositivo a um circuito

existente quando o sistema de distribuio correspondente ao do circuito. Ao adicionar

um dispositivo com o sistema de distribuio especificado como parmetros da

instncia, o sistema de distribuio para o dispositivo assumir os valores do circuito

onde est sendo adicionado (AUTODESK, 2017j).

E os outros tipos de sistemas, que so os de dados, telefone, alarma de incndio,

comunicao, de chamada de enfermagem, de segurana e sistemas de controle.

Apesar de que ainda s possvel componentes similares em um sistema especfico,

no h outras verificaes (tenses e nmero de polos) para atestar a compatibilidade

43

entre os componentes destes sistemas. A consistncia e verificao dos dispositivos

conectados a esses sistemas fica por conta do projetista (AUTODESK, 2017j).

Para os sistemas de distribuio de luz e energia, o Revit calcula automaticamente

os tamanhos dos fios para energia e circuitos de luz, a fim de manter menos do que trs

por cento de queda de tenso. Os clculos de tamanho dos fios so baseados nas

classificaes do circuito e comprimento dos cabos (AUTODESK, 2017k).

Dois controles associados ao circuito permitem a criao de fiao permanente

para o circuito. Adicionar fiao ao projeto opcional. Os circuitos lgicos mantm a

informao associada ao sistema eltrico sem adicionar fiao permanente. Usando as

propriedades do circuito, d para definir o tipo de fio usado em um circuito (AUTODESK,

2017k).

essencial fazer um caminho preciso do circuito eltrico para a configurao do

sistema de energia. Para isso, o Revit, toda vez que o caminho do circuito editado,

automaticamente atualiza o comprimento do circuito, a fim de obter dimenses corretas

para os fios (AUTODESK, 2017l).

3.2.1. Dimensionamento

Para o dimensionamento de instalaes eltricas, faz-se uso da norma tcnica

NBR 5410/04 Instalaes eltricas de baixa tenso.

Aps a concluso do traado e diviso dos circuitos presentes no

empreendimento, atendo s exigncias da norma tcnica, devem ser realizados os

dimensionamentos da fiao e a diviso de fases.

A diviso de fases feita dividindo os circuitos de forma a obter valores de

potncia aproximadamente similares entre as fases nos quadros de luz a fim de ter uma

distribuio equivalente para todas as fases.

44

O dimensionamento da fiao feito a partir de trs mtodos diferentes

especificados em norma, que fornecero valores mnimos de sees, sendo estes

mtodos por seo mnima, por intensidade de corrente e por queda de tenso, devendo

ser escolhido o maior resultado para escolha das sees dos fios.

Para o mtodo das sees mnimas utilizada a de seo mnima dos condutores

(Figura 20) atendendo a utilizao do circuito.

Figura 20: Sees mnimas dos condutores

Fonte: Associao Brasileira de Normas Tcnicas (2004)

J no caso do mtodo das intensidades de corrente, para fazer o

dimensionamento, primeiro deve ser feito o clculo da corrente dos circuitos. Esta

corrente obtida atravs da frmula:

= Eq. 5

Sendo o fator de potncia.

45

No entanto, esta corrente sofre diversas alteraes quando dentro de um

eletroduto. Para correo destas alteraes em frmula, so adotados fatores de

correo para o agrupamento de diversos circuitos em um eletroduto e para a

temperatura ambiente. Resultando na frmula:

= =

; =

Eq. 6

Sendo o fator de correo por agrupamento, encontrado na tabela da Figura 21,

e o fator de correo por temperatura (Figura 22).

Figura 21: Fatores de correes aplicveis a condutores agrupados em feixe

Fonte: Associao Brasileira de Normas Tcnicas (2004)

46

Figura 22:Fatores de correo por temperatura ambiente

Fonte: Associao Brasileira de Normas Tcnicas (2004)

Achados os valores, faz-se o clculo da corrente corrigida, e utilizando esta

corrente, assim como o nmero de condutores carregados em cada circuito para

determinar a seo, utilizando a tabela de capacidades de conduo de corrente (Figura

23).

47

Figura 23: Capacidade de conduo de corrente

Fonte: Associao Brasileira de Normas Tcnicas (2004)

Por fim, o mtodo das quedas de tenso aborda o dimensionamento da seo

com base nos valores de queda de tenso, obtidos a partir da multiplicao das

distncias entre o quadro de distribuio e os pontos de utilizao pelas potncias

respectivas aos mesmos.

48

As sees so tiradas das tabelas das Figura 24 e Figura 25, considerando que

para circuitos terminais (do quadro ao ponto de utilizao) o limite de queda de tenso

de at 2%. J do quadro geral de distribuio at outro quadro qualquer de luz, assim

como da distribuio da rede pblica para o quadro geral de distribuio o limite de

queda de tenso de at 1%.

Figura 24: Soma das potncias para circuitos 127V

Fonte: Associao Brasileira de Normas Tcnicas (2004)

49

Figura 25: Soma das potncias para circuitos 220V

Fonte: Associao Brasileira de Normas Tcnicas (2004)

Para o dimensionamento dos eletrodutos do projeto, utiliza-se a frmula:

= 4

Eq. 7

Sendo: o dimetro interno do eletroduto, e a rea do conduto.

O valor de varia de acordo com o nmero de condutores, sendo 0,53 no caso

de apenas um condutor, 0,31 no caso de dois condutores e 0,40 para trs ou mais

condutores.

Para o clculo dos disjuntores, feita a multiplicao da corrente do circuito por

um fator arbitrado pelo engenheiro entre 1,3 e 1,7, e adotado o disjuntor comercial

imediatamente acima do resultado obtido.

50

3.3. Famlias e a Modelagem Paramtrica

Softwares que empregam o conceito de modelos paramtricos permitem ao

projetista a possibilidade de explorar diferentes alternativas de solues de projeto de

forma rpida e segura, uma vez que mesmo com os objetos j alocados em projeto,

mudanas em suas definies ou parmetros, modificar imediatamente o elemento em

projeto de acordo com suas novas especificaes. Novos objetos podem ser criados e

reconstitudos sem a necessidade de apagar ou criar outro objeto. E objetos com formas

geomtricas complexas, que outrora eram de difcil manipulao, so possveis de

serem transformados em modelos paramtricos (ANDRADE; RUSCHEL, 2009).

A modelagem paramtrica feita no Revit ocorre por meio do uso de famlias, sendo

estas, componentes utilizados para a construo de todo o modelo, sendo definidas

como um grupo de elementos com um conjunto comum de propriedades, chamado

parmetros e uma representao grfica relacionada (AUTODESK, 2017m), por

exemplo: paredes, tetos, lajes, assim como elementos anotativos como cotas ou tags

(etiquetas).

No Revit todos os elementos so famlias ou fazem parte de uma famlia.

possvel utilizar famlias no Revit oriundas de trs categorias: as famlias de sistema que

j constam no software base e que so instaladas junto ao Revit, as famlias

carregveis, estas, em geral, obtidas externamente Autodesk, podendo ser

compradas ou fornecidas gratuitamente, so utilizadas a fim de atender as

necessidades de especificaes de elementos utilizados no mercado, comum

empresas fabricantes de materiais disponibilizarem seus produtos em catlogo

modelados em forma de famlias, no Brasil, a Amanco, a Phillips e a Tigre so exemplos

e, por fim, as famlias modeladas no local (Model in Place), na qual os elementos so

modelados pelo projetista especificamente para o projeto, normalmente, por apresentar

51

caractersticas e complexidades nicas, no encontrados nos outros elementos das

famlias disponveis (MARITAN, 2013b).

Diversos elementos pertencentes a uma famlia podem ter valores diferentes para

alguns ou todos os seus parmetros, porm o conjunto de parmetros (seus nomes e

significados) o mesmo. Essas variaes dentro da famlia so chamadas de tipos ou

tipos de famlia, do ingls Family types e Types. Como, por exemplo, a categoria

Sprinklers inclui famlias e tipos de famlia que podem ser utilizadas para criar

diferentes sistemas de sprinklers, secos e midos (AUTODESK, 2017m).

Apesar dessas famlias atenderem a diferentes fins e serem compostas por

diferentes parmetros, elas tm um uso relacionado. Cada tipo na famlia tem uma

representao grfica relacionada e um conjunto de parmetros idnticos, chamados

de parmetros do tipo de famlia, do ingls Family type parameters (AUTODESK,

2017m).

Quando, em um projeto, criado um elemento que tenha uma famlia especfica

e tipo de famlia, possvel criar uma instncia do elemento. Cada instncia de elemento

tem um conjunto de propriedades, na qual possvel alterar alguns parmetros do

elemento independente dos parmetros do tipo de famlia pertencente. Tais alteraes

so feitas apenas na instncia deste nico elemento no projeto. Caso as alteraes

sejam feitas nos parmetros do tipo de famlia, elas so aplicadas a todas as instncias

de elementos criados a partir desse tipo de famlia (AUTODESK, 2017m). A Figura 26

exemplifica a os conjuntos de categorias, famlias, tipos e instncias.

52

Figura 26: Exemplificao de categoria, famlias, tipos e instncias

Fonte: BIMGINEERING (2011)

Baseado nisso, possvel determinar uma hierarquizao dentro das famlias

(Figura 27) em termos do impacto das alteraes, uma alterao em uma instncia de

famlia, mudar apenas os parmetros relativos a esta nica instncia, enquanto que

uma alterao no tipo mudar os parmetros relativos aos elementos das instncias e

deste tipo de famlia, por fim, alteraes feitas direto nas famlias mudar todos os

elementos das instncias e dos tipos da respectiva famlia.

Figura 27: Hierarquizao das famlias

Fonte: Muller (2015)

53

A definio de objetos paramtricos tambm confere diretrizes adicionais para

uma posterior cotagem no projeto. Caso um elemento, como uma janela, por exemplo,

seja posicionado em uma parede, tomando como referncias para distncia o centro da

janela e a extremidade da parede onde ela foi alocada, a cota padro ser feita usando

as mesmas referncias em desenhos posteriores. A linha de controle da parede e as

intersees das extremidades definem as referncias das cotas da parede (EASTMAN

et al., 2014).

A variedade de regras que podem ser colocadas em um grafo paramtrico

determina a generalidade do sistema. Famlias de elementos so definidas a partir de

parmetros que envolvem distncias, ngulos e regras para localizao como, por

exemplo: ligado a, paralelo e distncia de. Vrias famlias permite o uso das

condies if-then, sua definio, no entanto, uma tarefa complexa, embutindo regras

sobre como os parmetros devem se comportar de acordo com a situao. Condies

if-then permitem verificar as condies necessrias para determinadas situaes no

projeto. Nesses resultados so atestados se as condies foram atendidas, se no

foram, ou quantas foram atendidas simultaneamente. Como exemplo, tem-se o uso de

tais condies na modelagem de projetos hidrulicos, a fim de selecionar a tubulao

adequada, dependendo do nmero de unidades Hunter de contribuio e dos elementos

conectados. Essas regras so necessrias, tambm para definir efetivamente caminhos

de dutos e tubulaes, inserindo automaticamente conexes corretamente

especificadas (EASTMAN et al., 2014).

Quando comparado com o AutoCAD, uma possvel analogia seria a de que as

famlias so como conjuntos de blocos dinmicos com um maior grau de sofisticao,

porque, alm de possurem definies paramtricas e propriedades, contam tambm

com definies de vnculos que os relacionam aos outros elementos do modelo, os

chamados elementos hospedeiros (MENEGOTTO, 2013).

54

As propriedades das famlias no Revit incluem as especificaes necessrias para

a fabricao dos materiais, como resistncia do ao, especificaes de parafusos e

soldas ou fluxo trmico, propriedades para montagens, como sistemas de parede e piso

a teto e propriedades de espaos como ocupao. Essas propriedades porm, no so

sempre disponibilizadas pelas empresas fornecedoras dos materiais, ou o produto base

presente nas famlias que vm no Revit dista muito das especificaes desejadas pelo

projetista, sendo muitas vezes necessrio que sejam feitas alteraes ou aproximaes

destes produtos alterando suas propriedades (EASTMAN et al., 2014).

A plataforma BIM oferece a capacidade de aumentar as propriedades existentes

nos objetos, existindo pelo menos trs caminhos para o gerenciamento das

propriedades para um conjunto de aplicaes, sendo eles: pelas predefinies das

propriedades em bibliotecas de objetos de forma, por alteraes manuais feitas pelo

usurio e pelas propriedades automaticamente atribudas quando exportadas para

aplicaes de anlise ou simulao (EASTMAN et al., 2014). A Figura 28 mostra a

interface das propriedades dos tipos de famlia.

Figura 28: Menu com os parmetros dos tipos de famlia

Fonte: KOCH (2014)

55

4. Desenvolvimento de Modelo Expositivo

4.1. Descrio do Empreendimento

Levando em considerao o objetivo de simular a confeco de um projeto usando

a tecnologia BIM, desenvolvido no software Revit 2018 da empresa Autodesk, para

discusso dos resultados na concluso, foi projetado um edifcio de carter residencial

multifamiliar locado na cidade do Rio de Janeiro, no bairro Recreio dos Bandeirantes.

O edifcio conta com trreo com um apartamento para o zelador com dois quartos,

sala cozinha, rea de servio e banheiro, tambm no trreo, fica o pavimento de uso

comum, onde so previstos academia, piscina e duas reas de lazer prximas s

piscinas e garagem dividida em quinze vagas cobertas e dez vagas descobertas, os

outros andares contam com cinco pavimentos tipos, contendo seis apartamentos por

pavimento com um banheiro, sala, cozinha, rea de servio, dois quartos e varanda para

os apartamentos de fundo e para os apartamentos laterais e frontais h tambm uma

sute e cobertura com reservatrios e casa de mquinas.

A rea total do terreno de dois mil, cento e trs metros quadrados (49,10 x 43,25

m) com o edifcio de medidas 20,50 x 28,50 m, ocupando uma rea de quinhentos e

oitenta e quatro metros quadrados.

4.2. Projeto Arquitetnico

O projeto arquitetnico foi concebido com o objetivo de ter boa eficincia

energtica, fazendo uso de amplos painis envidraados nos acessos s varandas a

fim de captar a luz solar