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ESTUDO DA TIPOLOGIA E DA EFICÁCIA DO LANÇAMENTO DA BOLA PELA LINHA LATERAL EM FUTEBOL Saúl António Teixeira Pessoa Porto, 2006

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ESTUDO DA TIPOLOGIA E DA EFICÁCIA DO LANÇAMENTO DA BOLA PELA LINHA LATERAL EM FUTEBOL

Saúl António Teixeira Pessoa

Porto, 2006

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ESTUDO DA TIPOLOGIA E DA EFICÁCIA DO LANÇAMENTO DA BOLA PELA

LINHA LATERAL EM FUTEBOL

Monografia realizada no âmbito da disciplina

de Seminário do 5º ano da Licenciatura em

Desporto e Educação Física, na área de

Desporto de Rendimento - Futebol, da

Faculdade de Desporto da Universidade do

Porto

Orientador: Prof. Doutor Júlio Garganta

Saúl António Teixeira Pessoa

Porto, 2006

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Ficha de Catalogação

Pessoa, S. (2006). Estudo da Tipologia e da Eficácia do lançamento da bola pela

linha lateral em Futebol: S. Pessoa. Dissertação de Licenciatura apresentada à

Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: FUTEBOL – OBSERVAÇÃO E ANÁLISE DO JOGO –

LANÇAMENTO DA BOLA PELA LINHA LATERAL.

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Índice geral

ÍNDICE GERAL Pág.

Índice de Figuras …………………………………………………………………………. I Índice de Quadros ………………………………………………………………………...

II

Resumo ……………………………………………………………………………………

IV

1 – INTRODUÇÃO ..…………………………………………………………….………..

1

2 – ENQUADRAMENTO E PERTINÊNCIA DO ESTUDO

3

3 – REVISÃO DA LITERATURA ……………………………………………….……….

7

3.1 - Observação e análise do jogo como algo imprescindível ……………….... 7 3.2 – Os lances de Bola Parada no Futebol ……………………………………… 8 3.2.1 - O Lançamento lateral …………………………………………………….… 10 3.2.2 – Enquadramento Histórico do Lançamento Lateral ……………………… 10 3.2.3 – A importância do Lançamento Lateral no jogo …………………..………. 11 3.2.4 – O Lançamento Lateral e as regras do Futebol ………………………..…. 12 3.2.5 – A execução do Lançamento Lateral ………………………………………. 13 3.2.6 – Tipos de Lançamento Lateral………………………………………………. 15 3.2.7 – O Lançamento Lateral e a Posse de bola ……………………………….. 17 4 – OBJECTIVOS …………………………………………………………………………

22

4.1 – Objectivo Geral ………………………………………………………………... 22 4.2 – Objectivos Específicos ……………………………………………………….. 22 5 – METODOLOGIA …………………………………………………………………..….

23

5.1 – Caracterização da Amostra ………………………………………………….. 23 5.2 – Observação e Registo de dados …………………………..………………… 23 5.3 – Explicitação das Variáveis em estudo ………………..…………………….. 24 5.4 – Fiabilidade da observação …………………………………………………… 26 5.5 – Procedimentos estatísticos ………………………………………….……….. 27 6 – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ……………………….

28

6.1 – A eficácia do lançamento da bola pela linha lateral……………………….. 28 6.2 – A eficácia e o alcance da bola ………………………………………………. 29 6.3 – A eficácia e os sectores do campo …………………………………………. 31 6.4 - A eficácia do lançamento associada à situação da equipa e à rapidez de execução …………………………………………………………………………………..

33

6.5 - A situação da equipa e a rapidez de execução …………………………….. 35 6.6 - Tipologia do lançamento lateral ……………………………………………… 35 6.7 - Tipologia do lançamento lateral e a eficácia ………………………………... 37 7 – CONCLUSÕES ……………………………………………………………………….

39

8- IMPLICAÇÕES PRÁTICAS PARA O ENSINO, O TREINO E A COMPETIÇÃO..

41

9 - SUGESTÕES PARA FUTURAS INVESTIGAÇÕES …………………………...…

44

10 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS …………………………………………...….

45

ANEXOS ………………………………………………………………………………..….

53

- Anexo 1 …......................................................................................................... I

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Índice de figuras

ÍNDICE DE FIGURAS

Pág.

Figura 1 – Alcance aproximado da bola num lançamento curto ………………………..........

24

Figura 2 – Alcance aproximado da bola num lançamento longo ……………………………..

25

Figura 3 – Ilustração da direcção dos lançamentos executados para a frente, para trás e

perpendicular à linha lateral ……………………………………………………………………….

25

Figura 4 – Divisão transversal do terreno de jogo em três sectores …………………………

26

Figura 5 – Fórmula de Bellack para verificação da fiabilidade ………………………………..

27

Saúl Pessoa FADE-UP

I

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Índice de quadros

ÍNDICE DE QUADROS Pág.

Quadro 1 – Jogos observados e número de lançamentos de linha lateral por jogo…………

23

Quadro 2 – Percentual de acordos encontrado para cada uma das variáveis………………

27

Quadro 3 – Frequência e percentagem de lançamentos bem sucedidos (positivos) e

falhados (negativos)………………………………………………………………………………..

28

Quadro 4 – Frequência e percentagem de lançamentos consoante o alcance da bola……

30

Quadro 5 – Percentagem de eficácia consoante o alcance da bola………………………….

30

Quadro 6 – Frequência e percentagem de lançamentos por sector………………………….

31

Quadro 7 – Percentagem de eficácia consoante o sector do campo…………………………

32

Quadro 8 – Percentagem de eficácia consoante a situação da equipa………………………

33

Quadro 9 – Percentagem de eficácia nos lançamentos consoante a rapidez de execução.

34

Quadro 10 – Percentagem de lançamentos rápidos consoante a situação da equipa……..

35

Quadro 11 – Frequência e respectiva percentagem nos diferentes tipos de lançamento….

37

Quadro 12 – Percentagem de eficácia nos diferentes tipos de lançamento…………………

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II

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Resumo

RESUMO A investigação ao nível do Futebol por vezes centra-se na quantificação e

qualificação das acções de jogo, com o intuito de se identificarem os factores de

rendimento e posteriormente modelar o treino no sentido de aumentar a eficácia e

assim melhorar a qualidade do jogo.

Quando se assiste a um jogo de Futebol por vezes não se guarda a noção do

elevado número de lançamentos da bola pela linha lateral. De facto, há mais

paragens de jogo provocadas pela saída da bola pela linha lateral durante um jogo do

que devido a qualquer outra razão.

O objectivo deste trabalho é estudar o lançamento da bola pela linha lateral no

que diz respeito às respectivas eficácia (manutenção da posse de bola) e tipologia.

A amostra integra 1074 lançamentos da bola pela linha lateral com uma média

e desvio-padrão de 53,7 ± 8,9 lances por jogo. A amplitude de variação foi de 38-71

lançamentos por jogo, retirados de vinte jogos da Superliga Portuguesa 2005/2006,

através de gravação em vídeo. Durante o visionamento dos jogos procedeu-se ao registo do resultado de

cada variável em estudo numa ficha elaborada para o efeito (Anexo 1) e

posteriormente tratou-se os dados, utilizando o programa Microsoft Excel XP.

Dos lançamentos registados, 301 não foram bem sucedidos o que representa

uma percentagem de 28%, ou seja, estes lançamentos de linha lateral não

contribuíram para a manutenção da posse de bola. Embora, a priori, pareça uma

percentagem baixa, na realidade não é, devido à especificidade do lance em causa.

Os lançamentos curtos para trás, executados rapidamente, isto é, até 8

segundos e efectuados no sector médio ou ofensivo do campo, foram os mais

eficazes. Um lançamento da bola pela linha lateral é eficaz quando há golo ou a

equipa que o executa fica de posse de bola após a execução.

As equipas, na situação de desvantagem no marcador, tiveram mais sucesso

nos lançamentos, por um lado concentram-se mais para alterarem o resultado, por

outro ficam com mais espaço se o adversário recuar no terreno de jogo para

defender. O lançamento da bola pela linha lateral mais usado foi o curto,

perpendicular à linha lateral, embora não se tivesse revelado o mais seguro em

termos da manutenção da posse de bola.

Palavras-chave: FUTEBOL, OBSERVAÇÃO E ANÁLISE DO JOGO,

LANÇAMENTO DA BOLA PELA LINHA LATERAL.

Saúl Pessoa FADE-UP

IV

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Introdução

1 - INTRODUÇÃO O Futebol é o jogo desportivo colectivo mais mediático que se conhece

actualmente, pois é sem dúvida o que mais pessoas mobiliza a nível mundial, não

só no que se refere à quantidade de espectadores assíduos mas também ao

elevado número de praticantes (Garganta, 1988; Garganta e Pinto, 1994).

O jogo de Futebol é influenciado e condicionado por factores sociais,

culturais, económicos, políticos, ideológicos, geográficos, climatéricos e morfo-

funcionais (Marques, 2000). Como se trata de um jogo desportivo com múltiplas

extensões a diferentes domínios da actividade humana, a sua melhoria tem

acompanhado a evolução da sociedade em geral. Neste âmbito, as exigências

nos estudos de Futebol tem sido cada vez maiores e mais refinadas pelo que,

apesar de ainda serem escassos, surgem como algo complexo mas apetecíveis já

que deles depende a evolução do jogo (Garganta, 2002).

Hoje em dia pode-se encontrar um número bastante elevado de estudos

científicos sobre Futebol mas pensa-se que muito está ainda por estudar já que

esta modalidade desportiva oferece um variadíssimo leque de motivos de estudo

científico.

Segundo Garganta (1997), analisar o jogo de Futebol através da

observação de comportamentos de jogadores em jogo, em situação de

competição, tem todo o interesse pois é também através destas observações que

se podem modelar os exercícios de treino e de se conseguir o desejável tranfer

para a competição.

No jogo de Futebol há objectivos comuns, mas de sinal contrário, às duas

equipas: marcar golos e evitar sofrê-los. No entanto, de acordo Reilly (1996), há

poucos golos porque as equipas recorrem cada vez mais a esquemas tácticos

defensivos optando claramente em dar prioridade à defesa em detrimento do

ataque.

Acrescenta-se ainda que a tarefa de marcar golos se torna muito difícil no

Futebol, relativamente a outros jogos desportivos colectivos, por se tratar de um

jogo disputado em espaço de grandes dimensões, com onze jogadores em cada

equipa e com a obrigatoriedade, quase exclusivamente, ter que jogar a bola com

os membros inferiores, estando estes simultaneamente implicados no equilíbrio

do corpo (Garganta e Pinto, 1994).

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Introdução

Perante este panorama da dificuldade em marcar golos, os jogos são

muitas vezes decididos por pequenos detalhes que desequilibram. Segundo

Teodorescu (1984) a solução para tais desequilíbrios pode passar pelos lances de

“bola parada” onde se estudam e treinam antecipadamente.

Os lances de “bola parada” têm sido objecto de estudo na área do Futebol.

Segundo Ensum et al. (2000) há várias publicações que se referem aos lances de

“bola parada” como um meio crucial para marcar golos. Em todas as equipas de

topo existem jogadores especialistas em lances de “bola parada” o que nos leva a

pensar que os treinadores dão, de certa forma, importância a estes lances.

Contudo, há um lance de “bola parada”, o lançamento da bola pela linha lateral, o

que mais vezes aparece durante o jogo, ao qual os autores não dão a devida

importância nos estudos. O presente estudo centra-se na análise do lançamento da bola pela linha

lateral em Futebol, de modo a destacar a importância que este tipo de ocorrência

tem para o jogo, nomeadamente para o desempenho eficaz das equipas. Apesar

de a maioria das vezes não estar directamente relacionado com a marcação de

golo, pode no entanto servir como meio para que uma equipa recupere a posse

de bola e construir um ataque planeado uma vez que se trata de um princípio

bastante evidenciado no Futebol moderno. A identificação de factores que

poderão estar na origem do sucesso ou insucesso do lançamento da bola pela

linha lateral poderá contribuir para a melhoria da qualidade do treino e

consequentemente do jogo.

Para a realização deste trabalho partiu-se do pressuposto que o

lançamento da bola pela linha lateral não está a ser devidamente aproveitado e

que durante o jogo alguns indicadores tais como: Tipo de lançamento, Sector do

terreno de jogo, Rapidez de execução e Situação em que a equipa se encontra

podem influenciar a eficácia do lançamento lateral.

Apesar da escassez de literatura relativamente a estudos sobre o

lançamento da bola pela linha lateral estamos convictos que iremos contribuir

para o enriquecimento de saberes sobre esta particularidade do jogo através

desta investigação.

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Enquadramento e pertinência do estudo

2 – ENQUADRAMENTO E PERTINÊNCIA DO ESTUDO O Futebol é praticado em todas as nações sem excepção, considera-se a

modalidade desportiva mais popular a nível mundial (Reilly, 1996). Sendo um jogo

desportivo colectivo, no qual os intervenientes estão dispostos em duas equipas

rivais que lutam incessantemente pela conquista da posse da bola com o

objectivo de a introduzirem na baliza do adversário e evitar que entre na própria

baliza, as acções de jogo vão acontecendo condicionadas pelas leis do jogo

internacionalmente reconhecidas (Wade, 1978; Castelo, 1996).

Sendo assim, há um objectivo comum às duas equipas que se traduz na

obtenção de golos com vista à obtenção da vitória.

Segundo vários autores, (Bayer, 1994; Castelo, 1994, 1996; Garganta e

Pinto, 1994; Queiroz, 1986; Teodorescu, 1984), o jogo de futebol evidencia dois

processos perfeitamente distintos: o processo ofensivo e o processo defensivo,

caracterizados, respectivamente, pela posse ou não posse da bola, funcionando

como uma “oposição lógica” (Castelo, 1994, 101). Para Garganta e Pinto (1994),

podemos nomear esses dois processos como Fases, onde as equipas possuem

tarefas de sinal contrário.

De acordo com a ideia dos autores, podemos ir ao encontro de Teodorescu

(1984) , que afirma que qualquer equipa, no decorrer do jogo, se encontra ao

ataque ou à defesa. A equipa que está a defender, quando recupera a bola, passa

a atacar e, por sua vez, a equipa que estava a atacar passa a defender. Esta

lógica mantém-se ininterruptamente.

Todavia, alguns treinadores (Frade, 2004; Freitas, 2004; Guilherme

Oliveira, 2004; Mourinho, 1999; Valdano, 2001) consideram que o jogo não tem

apenas duas fases, mas apresenta quatro momentos: organização defensiva e

ofensiva e os momentos de transição.

Segundo Garganta (1997), uma equipa encontra-se em posse da bola,

sempre que um dos seus jogadores respeita pelo menos uma das seguintes

condições: (I) realiza pelo menos 3 contactos consecutivos com a bola; (II)

executa um passe positivo (que permite manter a posse de bola); (III) realiza um

remate (finalização).

Desta forma, o lapso temporal entre o momento em que um jogador

recupera a posse de bola e, por exemplo, o momento do terceiro toque não é

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Enquadramento e pertinência do estudo

considerado, sendo que, o mesmo jogador não está em “fase defensiva”, porque

tem a bola, nem em “fase ofensiva”, porque ainda não realizou o terceiro toque

(exceptuando os casos de passe e remate). Encara-se este espaço temporal

como o momento de transição defesa/ataque ou ataque/defesa.

Para se conseguir um golo ou evitar que a equipa adversária marque, será

necessário encontrar procedimentos técnicos específicos individuais e colectivos

para ambas as fases e utilizá-los de forma eficiente. Isto só se consegue com

princípios, regras, formas, bem como outros elementos, através dos quais se

assegure o êxito, tanto na defesa como no ataque (Teodorescu, 1984).

Comparando o Futebol com outros jogos desportivos colectivos verifica-se

que há dificuldade em criar oportunidades de golo e por isso o índice de

concretização é baixo (Castelo, 1992). Segundo Dufour (1993), só 10% dos

ataques terminam com um remate à baliza e só 1% origina golo. Garganta (1997)

também está de acordo com esta ideia, já que o Futebol, quando comparado com

outros jogos desportivos colectivos, apresenta uma supremacia da defesa sobre o

ataque. No Basquetebol, em média, 80% dos ataques terminam em cesto

enquanto que no Futebol apenas 1% termina em golo.

No Futebol existe uma relação menos favorável dos avançados em relação

aos defesas nos procedimentos técnicos a executar (passe, drible, progressão

etc.), onde a maioria das acções de finalização é efectuada com oposição (muitas

vezes em desvantagem numérica, sendo que a percentagem de sucesso é

diminuta (Catita, 1999).

“No jogo, defender é só meio caminho… A parte mais fácil do caminho.”

(Amieiro, 2005: 71), por isso aparecem equipas que só pensam em não perder e

defendem excessivamente não deixando jogar o adversário. Tentam proteger a

baliza em detrimento de procurarem recuperar a bola (Amieiro, 2005). Estas

equipas não estão interessadas em marcar golos, apenas estão interessadas em

não sofrer golos.

Esta circunstância permite que, não raramente no Futebol, equipas de nível

inferior consigam vitórias frente a equipas de nível superior.

Para Hughes (1990), o Futebol tem sofrido um percurso negativo e/ou

defensivo ao longo dos anos. Uma simples estatística explica este facto. Nos

sucessivos Campeonatos do Mundo desde 1954, a média de golos marcados por

jogo tem vindo a diminuir consideravelmente. Se há menos golos é porque há

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Enquadramento e pertinência do estudo

menos remates à baliza, menos cruzamentos e menos jogadas perigosas. Mas

isto também acontece porque a organização defensiva, nas equipas de topo,

sofreu evolução ao longo dos tempos devido ao aparecimento de novas ideias,

mas também de melhor qualidade de treino.

As equipas de alto nível optam, cada vez mais, por padrões defensivos que

assentam na “defesa à zona”. Esta forma de defender faz com que o campo

pareça mais pequeno aos atacantes e traz vantagens na medida em que a defesa

tira partido da regra do fora-de-jogo (Amieiro, 2005).

Segundo o mesmo autor, nas equipas de nível inferior, em Portugal,

acredita-se que existe um “padrão defensivo” que consta de uma mescla de

“marcações homem a homem” com “marcações individuais”, resultando daí um

“jogo de pares” onde as equipas procuram “encaixar” no adversário, o que

dificulta a obtenção de oportunidades de golo.

O ataque pode ser mais objectivo e concretizador, através da criação de

um maior número de situações de finalização, tornando o Futebol mais atractivo.

Para isso será necessário ter em conta o golo mas também a história deste, isto

é, o processo que lhe deu origem (Basto e Garganta, 1996).

Os Lances de “bola parada” (cantos, livres, grande penalidade e

lançamentos da bola pela linha lateral) têm sido referenciados por vários autores

como um recurso positivo para a obtenção de golo. De acordo com Teodorescu

(1984), 25% a 50% das situações de finalização têm origem em lances de “bola

parada”.

O facto de a bola estar parada e as regras do Futebol determinarem a

distância a que os defensores se devem colocar, faz com que estes não

pressionem a bola e assim os atacantes podem colocar-se em posições pré-

planeadas prontos a finalizar. É isto que torna os lances de “bola parada” de

extrema importância no Futebol (Hughes, 1994).

As equipas de topo fazem uso mais efectivo dos lances de bola parada,

isto é, criam e aproveitam de uma forma mais eficaz esse tipo de lances (Grant,

2000; Horn e Wiliams, 2002).

Em 26 jogos observados, Ensum et al. (2000) contabilizaram 779 livres, 12

pontapés de grande penalidade, 266 pontapés de canto e 868 lançamentos de

linha lateral no meio campo ofensivo. Nestes lances de “bola parada”,

aconteceram 35 golos.

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Enquadramento e pertinência do estudo

Os lances de “bola parada”, revelam-se, portanto, como uma excelente

fonte de oportunidades de golo, mas há lances de “bola parada” que são mais

valorizados para a obtenção de golo. Dos 35 golos referidos anteriormente, 15

foram marcados através de livres, 7 através de cantos, 7 através de grandes

penalidades e 6 através de lançamento da bola pela linha lateral. Um penalti ou

um livre perto da área de grande penalidade dão maior probabilidade de golo do

que um canto ou um lançamento pela linha lateral.

Posto isto, nos estudos sobre lances de “bola parada” não se dá

importância ao lance que mais vezes acontece durante o jogo que é o lançamento

da bola pela linha lateral. Este lance, na maioria das vezes, não está directamente

relacionado com a obtenção de golo, mas está relacionado com a posse de bola.

Se a posse de bola é um princípio de jogo ao qual os treinadores de topo dão

grande ênfase, justifica-se o estudo do lançamento da bola pela linha lateral no

que diz respeito à tipologia e eficácia, sendo a eficácia, neste caso, entendida não

só como a marcação de golo mas também como a manutenção da posse de bola

para a construção do processo de jogo (ataque organizado) até chegar ao golo.

“Parece mentira, mas todos necessitamos da bola para ganhar os jogos”

(Valdano, 2002). Se é importante ter a bola, então será igualmente importante ter

consciência de como recuperá-la e uma das formas pode ser através do

lançamento da bola pela linha lateral e que nem sempre é devidamente

aproveitado.

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Revisão da literatura

3 - REVISÃO DA LITERATURA 3.1 – A observação e a análise do jogo enquanto processos

estruturantes do treino e do jogo “O jogo de Futebol é observado e apreciado por milhões de pessoas em

todo o mundo. Muitas são as que se reclamam de especialistas mas em menor

número estarão as que conseguem observar e entender o jogo sem resvalarem

para a parcialidade.” (Garganta, 1999, 14).

Por ser um jogo tão apaixonante e com tantos adeptos, não surpreende

que as diferentes opiniões acerca do mesmo também proliferem. Se por exemplo

se atentar nos programas televisivos sobre Futebol pode verificar-se que a

maioria dos comentadores não são especialistas da modalidade, mas advogados,

médicos, jornalistas, políticos, dirigentes, etc. que argumentam com base em

opiniões e não em factos.

No entanto, muitos treinadores também contribuem para o comentário de

opinião e têm-no feito durante toda a história da modalidade (Hughes,1990).

O Futebol é um jogo dinâmico e multidimensional tornando-se muito

complexo para ser entendido e estudado sem sistemas de apoio à observação e

análise. Sendo assim, é importante que os treinadores observem o jogo com o

objectivo de avaliar a prestação dos seus jogadores (Silva, 1996).

A observação é algo “…fundamental, não só ao nível individual mas

principalmente a nível colectivo…” (Mourinho, 2000, cit. por Mendes, 2002, 1) e

possibilita, como refere Peres (2001), a melhoria dos aspectos técnico-tácticos da

equipa.

Pensa-se no entanto que o fundamental é saber observar, utilizando os

meios mais adequados, e analisar a informação que se retira do jogo. Segundo

Hughes e Franks (1997), estudos feitos em treinadores experientes,

demonstraram que estes apenas conseguem recolher 42% dos factores-chave

que determinam a boa performance das equipas durante um jogo.

Sendo assim, a investigação ao nível do Futebol deve centrar-se na

quantificação e qualificação das acções de jogo. Deve ser através da observação

sistemática dos comportamentos dos jogadores em jogo que identificamos as

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Revisão da literatura

tendências relevantes que, pela sua constância, possam contribuir para a

elaboração de modelos (Queiroz, 1986).

De acordo com Garganta (1999, 15) “A análise sistemática de informações

acerca do jogo (McGarry e Franks, 1996), permite configurar modelos de

actividade dos jogadores e das equipas (Godik e Popov, 1993), que possibilitam,

não só construir métodos de treino mais eficazes (Franks et al., 1983; Tagala,

1985) e estratégias de trabalho mais profícuas (Olsen, 1988), mas também

indiciar tendências evolutivas (Franks e Goodman, 1986)…”.

Para se compreender o desenvolvimento do jogo bem como a relação de

forças produzidas temos que identificar os comportamentos relacionados com a

eficiência e eficácia dos jogadores e das equipas (Garganta e Cunha e Silva,

2000).

No Futebol, invocando o princípio da especificidade, devem ser treinados

os aspectos que queremos que aconteçam no jogo, mas é da observação e

análise do jogo que organizamos o treino. Deste modo, há uma relação de

reciprocidade entre o treino e a competição (Garganta, 1999).

A observação e a análise do jogo, tanto do ponto de vista qualitativo como

quantitativo, são imprescindíveis para o entendimento e evolução do mesmo.

Ao mais alto nível é impensável que um treinador abdique da observação e

análise do jogo uma vez que será ai que reside o farol para se orientar na

implementação de um modelo de jogo, na sua equipa, mas também na recolha de

informação das equipas adversárias ficando deste modo com informação preciosa

para um trabalho do ponto de vista estratégico.

3.2 – Os Lances de “Bola Parada” no Futebol Os Lances de “Bola Parada” (LBP) também designados por Situações de

“Bola Parada” (Castelo, 1994; Garganta, 1997), Fragmentos Constantes do Jogo

(Sledziewski e Ksionda, 1983; Wrzos, 1984; Garcia 1995), Acções Estratégicas

(Garcia, 1995), Fases Estáticas (Sledziewski e Ksionda, 1983; Mombaerts, 1991)

e Partes Fixas do Jogo (Teodorescu, 1984), são situações do jogo de Futebol

onde uma das equipas irá proceder à marcação de um livre, pontapé de canto ou

lançamento da bola pela linha lateral. Em qualquer destes caso há uma

interrupção do jogo que oferece a ambas as equipas a possibilidade de se

reajustarem tacticamente para resolverem o jogo a seu favor.

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Revisão da literatura

Há uma grande vantagem para a equipa que beneficia de muitos LBP

durante um jogo. O facto de a bola estar parada (e por isso mais facilmente

jogável), os adversários estarem obrigatoriamente a uma distância mínima de

9,15 metros (diminuindo a pressão do executor) e as equipas poderem colocar

vários jogadores com determinadas características em posições de ataque

favoráveis, fazem com que os LBP tenham uma elevada importância na obtenção

de golos (Hughes, 1990; Castelo 1996).

Alguns autores, nos seus estudos, realçam os LBP como um meio para

chegar ao golo:

- Garcia (1995) ao analisar os golos do campeonato do mundo, USA ´94,

concluiu que 39% dos golos foram concretizados a partir de fragmentos

constantes de jogo;

- Comucci (1981) afirma que 50% dos golos, independentemente do nível

das equipas, são marcados directamente de LBP ou de acções que se lhes

seguem imediatamente;

- Sledziewski e Ksionda (1983) ao estudarem os golos do campeonato do

mundo de Espanha ´82, 45% dos golos foram obtidos em fases estáticas do jogo;

- Hughes (1990), numa amostra de 202 golos referenciou 92 marcados

através de LBP;

- Jinshan et al. (1993) e Garcia (1995) referem 28% de golos obtidos em

fases estáticas no campeonato do mundo do México86, 32% em Itália ´90 e 39%

no USA ´94;

- Olsen (1988) ao analisar os golos do campeonato do mundo México ´86,

concluiu que 27.5% dos golos foram marcados em fases estáticas do jogo,

- Basto e Garganta (1996), num estudo sobre o processo ofensivo em

equipas de alto nível, chegaram à conclusão que o ataque posicional é a forma

mais utilizada para a obtenção de golo logo seguida dos LBP;

- Teodorescu (1984) refere que num jogo de futebol, das situações de

finalização, 25% a 50% são situações de LBP.

Os LBP são assim considerados, uma boa oportunidade para se chegar ao

golo e não podem ser deixados ao improviso. Todos os treinadores devem

ensaiá-los nos treinos de modo a maximizar a eficiência destas soluções (Castelo,

1996; Santos, 2002).

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Revisão da literatura

A importância dos LBP aumenta à medida que os jogos se tornam mais

importantes para as equipas, ou seja, entre equipas do mesmo nível competitivo,

onde há um equilíbrio entre as duas equipas, os LBP tornam-se cruciais para

decidir o jogo. Nos torneios, à medida que se avança para a fase final, os golos

obtidos através de LBP são cada vez mais decisivos uma vez que a qualidade

das equipas aumenta e o equilíbrio de forças torna-se mais evidente (Bate, 1988;

Hughes, 1990, 1994; Miller, 1994; Garcia, 1995; Garganta, 1997).

Há unanimidade em considerar os LBP, de uma forma geral, como

acontecimentos importantes capazes de decidir um jogo. No entanto, pela

literatura consultada constatamos que nos estudos sobre LBP, dá-se mais

importância aos livres perto da área de grande penalidade, à grande penalidade e

aos pontapés de canto. Raramente se referem os lançamentos da bola pela linha

lateral uma vez que também são raros os golos obtidos através da marcação de

um lançamento da bola pela linha lateral. Surge-nos assim uma inquietação uma

vez que este lançamento, apesar de não estar relacionado directamente com o

golo, pode estar ao serviço de um ataque posicional que segundo Basto e

Garganta (1996) é a forma mais utilizada para a obtenção de golo logo seguida

dos LBP.

3.2.1 - O Lançamento da bola pela linha lateral Segundo Castelo (1996), o lançamento da bola pela linha lateral é o gesto

técnico de reposição da bola em jogo, executado com as mãos, que deriva da

saída eventual da bola pelas linhas laterais do terreno de jogo.

Para todos os efeitos, um lançamento da bola pela linha lateral é

considerado como um lance de “bola parada”, pois o jogo é interrompido quando

a bola sai pela linha lateral e, nesse tempo que precede a saída da bola, ambas

as equipas ficam com a possibilidade de organizar o jogo através do

reposicionamento de jogadores, acertar marcações etc..

2.2.2 - Enquadramento Histórico do Lançamento da bola pela linha

lateral Durante o Séc. XIX, nas “Public Schools” inglesas, o Futebol começou a

emergir como modalidade com leis próprias. Não foi fácil chegar a um acordo

acerca das normas do jogo. Nas diferentes escolas públicas inglesas jogavam-se

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Revisão da literatura

diferentes tipos de Futebol, consoante as características dos espaços disponíveis

para o efeito. Os confrontos entre as escolas conduziram à necessidade de

encontrar acordos acerca das regras do jogo o que deu origem mais tarde a dois

desportos bem definidos: o Rugby e o Futebol (Coelho e Pinheiro, 2002).

Em 1882, as Federações (Football Association) de Inglaterra, Pais de

Gales, Irlanda e Escócia unificaram as suas regras e formaram o International

Board, instituição que até hoje controla a evolução das regras do jogo a nível

internacional. Desde logo foi decidido, por este organismo, que os lançamentos

da bola pela linha lateral tinham que ser efectuados usando as mãos (Coelho e

Pinheiro, 2002). Esta possibilidade de se jogar com as mãos é fruto da cisão entre

o Rugby e o Futebol.

3.2.3 - A importância do Lançamento da bola pela linha lateral no jogo

de Futebol Há mais paragens de jogo provocadas pela saída da bola pelas linhas

laterais durante um jogo do que devido a qualquer outra razão, no entanto é um

aspecto que se esquece de trabalhar nos jogadores profissionais ou de ensinar

nos escalões mais jovens (Hughes,1994).

Ensum et al. (2000) referem que em 26 jogos observados foram

assinalados 868 lançamentos da bola pela linha lateral só no meio campo

ofensivo e seis golos aconteceram na sequência destes lançamentos.

Um bom lançamento da bola pela linha lateral corresponde a um passe

perigoso. De acordo com Castelo (1996), um passe é uma acção técnico-táctica

de relação de comunicação material estabelecida entre dois jogadores da mesma

equipa, sendo portanto, a acção de relação colectiva mais simples de observar e

executar. Segundo Hughes (1990), o lançamento da bola pela linha lateral é uma

entrega a um membro da equipa e por isso deve ter as mesmas qualidades que

um passe efectuado com o pé. A confiança de uma equipa adquire-se com

passes precisos, não existe nenhum substituto para uma boa acção técnica de

passe e não existe nenhuma estratégia que resista a passes imprecisos.

O lançamento da bola pela linha lateral é uma situação de ataque de

inestimável valor por ser uma execução muito simples (com as mãos) de

recomeçar o jogo Castelo (1996).

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Revisão da literatura

A acção dos membros superiores assume um papel de relevo no contexto

da actividade humana, quer pela extraordinária capacidade de precisão e

adaptação dos movimentos da mão, quer pela diversidade e variedade de

actividades do nosso quotidiano que envolvem a realização de acções

intencionais para alcançar e manipular objectos (Duarte, 1995).

Segundo Massada (2001), o bipedismo permanente do Homem libertou as

mãos da função locomotora, permitindo o desenvolvimento de acções

manipulativas delicadas. No entanto algumas facetas anatómicas da omoplata e

da clavícula sugerem que o ombro do Homem está funcional e biomecanicamente

mais bem adaptado para a execução dos gestos corporais em que a mão trabalha

abaixo do nível da cabeça, sendo menos poderoso quando a mesma se encontra

em posição contrária, isto é, acima do nível da cabeça.

Deste modo pensa-se que, apesar das limitações em lançar a grandes

distâncias, o lançamento lateral quando lançado a pequenas distâncias torna-se

uma boa oportunidade de manutenção da posse de bola. No entanto a maior

parte dos jogadores não estão suficientemente a par da importância da precisão

de um lançamento da bola pela linha lateral para que a equipa mantenha a posse

de bola. Quando se assiste a um jogo, ao vivo ou através da TV, por vezes não

nos apercebemos do número de lançamentos da bola pela linha lateral falhados,

muitas vezes o lançamento é executado e há automaticamente uma disputa de

bola entre dois ou mais jogadores e quando a bola é recuperada por uma das

equipas já nem pensamos quem foi que falhou o lançamento uma vez que muitos

deles não oferecem perigo imediato para a equipa que defende. Intuitivamente,

pensa-se que há uma percentagem significativa de lançamentos falhados, isto é,

a equipa que repõe a bola em jogo com o lançamento lateral entrega-a,

inadvertidamente, ao adversário. Se isto for um problema para uma equipa,

certamente que poderá ser solucionado através do treino, mas para isso

acontecer, em primeiro lugar os treinadores terão que identificar o problema e em

segundo lugar construir exercícios de treino específicos.

3.2.4 - O Lançamento da bola pela linha lateral e as regras do Futebol Segundo as regras do jogo de Futebol, no lançamento da bola pela linha

lateral, o jogador que lança tem que arremessar a bola com as duas mãos por

cima da cabeça e com os pés em contacto com o solo (Reis, 1990). Sendo assim,

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Revisão da literatura

por um lado, o lançamento da bola pela linha lateral, efectuado com as mãos,

pode trazer vantagens para o executante já que é a única ocasião em que um

jogador, à excepção do guarda-redes, pode usar as mãos durante o jogo, mas por

outro lado, as regras impõem limitações que se tornam mais evidentes quando o

lançamento é efectuado para longas distâncias.

Se as Leis do jogo de Futebol permitissem que o lançamento da bola pela

linha lateral fosse executado com os pés trazia vantagens já que permitiria uma

maior amplitude e rapidez na progressão do centro de jogo em direcção à baliza e

em certas situações de jogo, o ângulo de lançamento seria mais propício à

criação de situações de finalização (Castelo, 1996).

Segundo Reis (1990) procede-se ao lançamento da bola pela linha lateral

quando a bola ultrapassa completamente uma das linhas laterais, quer seja rente

ao solo, quer seja pelo ar. Este lançamento será executado por um jogador da

equipa adversária, incluindo o guarda-redes, à que tocou em último lugar a bola

no local onde saiu do terreno e em qualquer direcção para dentro do campo.

Depois de efectuar o lançamento, esse jogador que o executa não pode voltar a

tocar na bola antes que outro jogador lhe toque. Se o lançamento for executado

de uma forma incorrecta e mesmo assim a bola vá para um jogador adversário

colocado dentro do terreno de jogo, o jogo não pode prosseguir uma vez que não

se aplica a chamada “lei da vantagem”. Não pode ser marcado golo através de

um lançamento da bola pela linha lateral. Num lançamento da bola pela linha

lateral não há fora-de-jogo pois esta condição é uma das excepções previstas na

lei XI. Provavelmente, por esta excepção à lei XI não ser trabalhada nem

divulgada convenientemente, ou mesmo pelo desconhecimento por parte dos

treinadores de Futebol, não é muito habitual observarem-se jogos em que se use

esta possibilidade. Por vezes, no momento do lançamento lateral, aparecem os

jogadores defensores em linha com o intuito de colocar os atacantes em fora-de-

jogo e estes não avançam pensando que estão a violar a regra do fora-de-jogo.

3.2.5 - A execução do lançamento da bola pela linha lateral De acordo com Hughes (1990), existem seis aspectos importantes na

execução do lançamento da bola pela linha lateral e que nem sempre são

aproveitados: Executar rapidamente, executar para um companheiro sem

marcação, executar em direcção à baliza adversária, executar de forma a facilitar

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a recepção por parte do companheiro, criar espaço para que o lançamento seja

eficiente e entrar rapidamente no jogo quem o executou. Howe e Scovell (1988)

são da mesma opinião ao afirmarem que há princípios básicos relativos ao

lançamento da bola pela linha lateral. Em primeiro lugar deve efectuar-se

rapidamente por parte do jogador mais próximo da bola a menos que exista a

possibilidade de um lançamento longo para o interior da área que neste caso se

requer a presença do jogador da equipa que lança mais longo. A bola deve dirigir-

se a qualquer jogador que esteja desmarcado.

Os jogadores devem propiciar a oportunidade de receber a bola depois de

um movimento inteligente como por exemplo uma simulação que surpreenda o

seu marcador mais directo. A bola deve lançar-se sempre para a frente excepto

quando a alternativa de lançar para outro local seja segura. Quando uma equipa

beneficia de um lançamento da bola pela linha lateral, no seu próprio campo, o

lançador deve lançar para a outra metade do campo para afastar o perigo da sua

baliza. A bola tem que lançar-se de modo a que facilite a recepção do colega, de

preferência para os pés, mas se não for possível que seja para a cabeça ou para

o peito. O que lança deve entrar imediatamente no campo e estar pronto a

receber a bola do companheiro que fez a recepção.

Convém ter presente que um lançamento da bola pela linha lateral é um

passe e por isso deve reunir os mesmos ingredientes deste: precisão, posição

correcta e velocidade ou potência mais adequada (Howe e Scovell,1988).

É também muito importante que os membros da equipa estejam afastados,

de forma a dificultarem a marcação dos adversários e criar espaços abertos que

possam ser explorados para que a bola possa ser recebida em boas condições

após o lançamento. Para além disto, o jogador que recebe não pode estar muito

distante do jogador que executa nem muito próximo. Executar rápido é uma

vantagem, pois pode ser antes que o adversário proceda às marcações. Também

pode ser uma vantagem lançar para um jogador que consiga transportar a bola

rapidamente para o ataque. Por vezes as marcações dos adversários dificultam a

execução do lançamento em boas condições, mas uma das soluções pode passar

por devolver imediatamente a bola ao lançador que entrou rapidamente em

campo após o lançamento. Para que isto aconteça, estes dois jogadores devem

estar bem sincronizados. Se as equipas tiverem mais que um jogador capaz de

lançar longo, isso pode ser explorado no terço ofensivo, no entanto pode estar

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toda a gente à espera de um lançamento longo e ser executado um lançamento

curto para manter a posse de bola com mais segurança. Nos lançamentos perto

da baliza adversária, pode ser boa ideia concentrar jogadores na área de penalti

fazendo grandes pressões em frente à baliza do adversário. Neste caso os

defensores têm por missão marcar todos os jogadores atacantes que aí se

encontram pressionando a bola rapidamente se for recebida por um adversário.

Será por causa desta atitude defensiva que o lançador perde mais eficácia à

medida que a reposição se aproxima da baliza adversária, pois é lógico que os

defensores pressionem mais os atacantes nas imediações da baliza que

defendem. À primeira vista parece que os defensores têm sempre vantagem, no

entanto acreditamos que o treino de situações concretas poderá melhorar a

eficácia dos atacantes nestas situações.

Segundo Bangsbo e Peitersen (2000), uma boa ideia, para os atacantes, é

colocar um jogador perto do guarda-redes para lhe restringir a visão e a liberdade

de movimentos quando o lançamento for longo para o interior da área de penalti.

Um lançamento da bola pela linha lateral torna-se eficaz quando

proporciona um lance de perigo junto da baliza adversária ou permite à equipa

que o executou a manutenção da posse de bola para um ataque posterior.

3.2.6 - Tipos de Lançamento da bola pela linha lateral De acordo com Alcaraz e Torrelles (1998), para analisar os lançamentos da

bola pela linha lateral importa ter em conta a zona do terreno de jogo onde se

realiza e a forma como se executa. Podemos imaginar o campo de Futebol

dividido transversalmente em três sectores: Terço defensivo, terço médio e terço

ofensivo. Se o lançamento é executado no terço defensivo, os objectivos são

conseguir um controlo claro da bola, isto é, conseguir manter a posse de bola

nem que para isso entre também o guarda-redes para se poder iniciar de forma

rápida e eficaz o jogo ofensivo organizado. Se existir uma pressão forte da equipa

adversária e não for avante o objectivo do controlo claro da bola, o melhor será

jogar com os médios para que em poucos toques a bola seja tirada para uma

zona mais avançada do campo. Se o lançamento acontece no terço médio, por se

tratar de um lançamento que se realiza com as mãos, consideram-se dois

aspectos importantes: Tem que ser um lançamento preciso pois não se pode

lançar a grandes distâncias como com o pé. Por estas razões, a equipa

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adversária acumula jogadores na zona de lançamento reduzindo os espaços

livres necessários para controlar correctamente a bola. A equipa que lança terá

que criar espaços livres para poderem manter a posse de bola controlada. Se o

lançamento acontece no terço ofensivo, o que será mais perigoso para o

adversário é ter um especialista em lançamentos longos e lançar com

semelhanças de um pontapé de canto mas com vantagens e desvantagens

relativamente a este na medida em que se pode fazer com maior precisão por se

tratar de um lançamento com as mãos e não permitindo a antecipação do

defensor mas também com algumas desvantagens já que a bola não faz

trajectórias tensas nem se desloca tão rápido como nos cantos. Ter um jogador

que lança longo, poderá obrigar a defesa contrária a tomar posições dentro da

zona de remate o que fará com que haja espaços livres suficientes para jogar

curto e organizar o jogo através de um lançamento curto.

Também para Hughes (1994), o lançamento longo da bola pela linha lateral

precisa de uma consideração táctica especial. Muitas equipas possuem pelo

menos um jogador que é tecnicamente capaz de atirar a bola de uma posição

lateral para a área do Guarda-Redes. Os jogadores que lançam longo não podem

aproveitar o factor surpresa uma vez que toda a gente consegue ver quando é

que um lançamento longo vai ser executado. É importante que o jogador que

lança seja um defensor, pois assim ficam livres os médios e avançados para um

máximo rendimento ofensivo. O defensor que lança deve ocupar rapidamente a

sua posição defensiva.

Tal como qualquer outro lançamento, é importante aperfeiçoar a forma

como se realiza. Este aperfeiçoamento tem a ver com a potência que se imprime

à bola em termos de velocidade e distância alcançada, direcção e momento

preciso da execução, técnica de execução para não se cometer falta e a

componente táctica que tem a ver com o lançar por exemplo para a frente de um

companheiro que se desloca em corrida depois de uma simulação (Alcaraz e

Torrelles, 1998).

Em Inglaterra, Ian Hutchinson do Chelsea e Bobby Woodruff do Swindon y

Crystal Palece, foram os pioneiros da ideia de lançar longo. Já na década de

oitenta, Kenny Sansom, Gary Stevens do Everton e Graham Roberts, do Glasgow

Rangers, mais tarde do Tottenham, figuram entre os seguidores desta ideia e

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capazes de lançar até à marca de grande penalidade com um lançamento (Howe

e Scovell, 1988).

Actualmente, a nível internacional, continua a ver-se muito o lançamento

longo de bola pela linha lateral. Quando executado ao primeiro poste é sempre

complicado para os defensores. Normalmente as equipas que atacam dispõem,

na área, os seus jogadores mais altos e mais fortes a jogar de cabeça para

colocarem a bola mais perto da baliza onde poderá surgir um remate perigoso.

Apesar de no jogo FCPorto – SLBenfica, desta época, ter acontecido um

golo decisivo resultante de um lançamento longo da bola pela linha lateral, em

Portugal são poucas as equipas que optam por lançamentos longos, preferindo

lançamentos curtos e seguros de modo a ficarem de posse de bola e organizarem

o ataque posicional.

3.2.7 - O lançamento da bola pela linha lateral e os princípios de jogo:

posse e circulação de bola. Segundo Dias (2000), a equipa que possui mais tempo a posse de bola é

considerada, normalmente, a mais evoluída e mais esclarecida táctica e

tecnicamente. A posse de bola possibilita alcançar o objectivo do jogo que é o

golo. Por outro lado se a equipa adversária não possuir a posse de bola não

alcançará o golo, assim a luta pela posse de bola sempre foi e será um factor

fundamental do jogo. O princípio da posse de bola influenciou, ao longo dos

tempos, toda a evolução dos meios táctico-técnicos colectivos e individuais e

modelos de jogo bem como toda a dinâmica do próprio jogo.

Respeitar o objectivo da posse de bola é jogar em equipa, significa evitar o

risco irracional presente em alguns jogadores, através do qual se perde o esforço

colectivo de uma forma extemporânea. Se as acções individuais ou as

combinações tácticas utilizadas na construção e criação de situações de

finalização não resultam, recomenda-se que as mesmas se reiniciem não as

transformando numa lotaria (Teodorescu, 1984).

A posse da bola não é um fim em si, mas tem que ser conscientemente

considerada como o primeiro passo indispensável no processo ofensivo (Castelo,

1996). No Futebol de hoje, a maioria das equipas de topo trabalham o princípio da

posse de bola por este ser essencial para o sucesso da equipa.

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“A minha ideia táctica principal passa por termos a noção bem clara da

coisa mais importante no futebol moderno para além de marcar golos: ter a bola.”

(Mourinho, cit por Amieiro et al. 2006, 192).

Nesta linha de ideias, a equipa que pretenda praticar um Futebol positivo,

proporcionar um bom espectáculo desportivo e que acima de tudo ambicione

ganhar, terá sem dúvida que cuidar os aspectos táctico-técnicos relacionados

com a posse de bola. Este principio de jogo é um elemento importante na táctica

do jogo e é aplicado, na maior parte dos casos, com o objectivo de atrair os

adversários para uma determinada zona do campo com o fim de criar, num outro

sector, espaços para efectuar o ataque à baliza adversária. É evidente que uma

equipa em vantagem no marcador, quando consegue manter a posse de bola tem

o “jogo controlado” complicando assim a tarefa ao adversário. Sendo assim, todos

os meios, que uma equipa dispõem para ficar com a posse de bola, devem ser

trabalhados nos treinos para posteriormente não serem descurados no jogo.

Durante um jogo nem sempre se tem a bola, por isso há que fazer por

recuperá-la. Segundo Ribeiro (2003), a recuperação da posse de bola resulta das

acções táctico-técnicas defensivas, caracterizando-se pelas tentativas de retirar a

posse de bola ao adversário, o mais rapidamente possível. O mesmo autor

aponta como exemplos: o desarme e a intercepção, sendo esta última referida

por Garganta (1997) como a forma mais vantajosa na procura de eficácia

ofensiva.

Num estudo realizado por Silva (1998), são definidas dez categorias para a

recuperação da posse de bola, baseadas no protocolo apresentado por Claudino

(1993): (I) Intercepção; (II) desarme; (III) pressão defensiva; (IV) mau passe; (V)

má recepção; (VI) defesa do guarda-redes; (VII) falta; (VIII) após finalização; (IX)

após saída de bola pelas linhas laterais; e (X) após outras situações.

Uma das categorias apresentadas é “após a saída da bola pelas linhas

laterais”, já que a equipa que beneficiou de um lançamento da bola pela linha

lateral fica automaticamente na posse de bola se o respectivo lançamento for bem

sucedido. Quando assistimos a um jogo de Futebol, podemos constatar que há

lugar a vários lançamentos da bola pela linha lateral e que muitas vezes as

equipas não os aproveitam da melhor forma.

Sendo assim, quando uma equipa não se encontra em posse de bola,

realiza um conjunto de comportamentos visando a aquisição da mesma. Um

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exemplo é pressionar o adversário obrigando-o a cometer erros como por

exemplo enviar a bola para fora pelas linhas laterais.

No entanto, esses comportamentos só fazem sentido se a equipa depois

souber fazer uso dessa posse de bola.

Relativamente ao que a equipa deve fazer após conquistar a bola, Castelo

(1994) e Garganta (1997) referem que todas as acções realizadas pelos

jogadores se desenvolvem com base em cascatas de objectivos, hierarquizados

em função da finalidade do jogo: manter a posse de bola, aproximar-se da baliza

adversária, marcar golo.

São vários os autores que apontam o progredir rapidamente para a baliza

como comportamento fundamental após a recuperação da bola (Silva, 1998;

Araújo, 1998; Castelo, 1994; Claudino, 1993).

Mas segundo Garganta e Pinto (1994), o ataque pode basear-se numa

atitude objectiva, mais directa e agressiva onde o risco é maior ou por outro lado

optar por uma atitude menos agressiva onde transparece um jogo mais indirecto,

mais lento, mais calculado, onde se valoriza a posse de bola.

Surge, então, uma alternativa ao ataque imediato e desenfreado

à baliza adversária, isto é, a circulação de bola, que para Teodorescu (1984)

consiste em evitar o risco irracional pois o atacar rapidamente a baliza, muitas

vezes torna-se numa lotaria, numa aventura, uma vez que este tipo de jogo

directo se caracteriza por passes rápidos para a frente com objectivo de criar uma

oportunidade para rematar.

Quando há lugar a repor a bola em jogo pela marcação de um lançamento

da bola pela linha lateral, o que normalmente acontece é a equipa que defende

conseguir reajustar as posições defensivas dos seus jogadores e a equipa que se

encontra em posse de bola não tem outro remédio se não a opção por um ataque

posicional. Certamente que também há situações, embora em menor número,

em que a equipa que ganhou o lançamento lateral tenha conveniência em desferir

um ataque rápido, colocando a bola na frente com um lançamento longo ou um

lançamento curto para um jogador que coloque a bola na frente com um passe

longo com o pé.

No entanto pensa-se que deve haver uma utilização equilibrada entre o

jogo directo e o jogo indirecto, sem perder de vista o objectivo do jogo (marcar

golo), não devendo as equipas jogar indiscriminadamente para a baliza ou para a

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frente. Importa perceber que, em determinados momentos, pode ser importante

jogar para trás ou lateralizar, no sentido de fazer oscilar os jogadores da equipa

contrária e assim abrir espaços para jogar (Pereira, 2005).

Sendo assim, quando se ganha um lançamento lateral, as equipas devem

optar por uma das situações: manter a posse fazendo a circulação de bola ou

jogar em profundidade.

Segundo Pereira (2005), a melhor forma de ter a iniciativa de jogo é ter a

posse de bola e, se a equipa consegue manter a posse de bola, possivelmente

terá também o domínio do jogo.

“Algo que para mim também muito claro é que, para se assumir o jogo, é

necessário ter a bola. Assumir o jogo é ter a bola e usufruir dela.” (Mourinho, cit

por Amieiro et al. 2006, 192).

Depois de a equipa recuperar a bola tem que a saber tocar, tem que saber

muito bem o que fazer com ela e não deixar cair em vão o esforço de recuperá-la

(Barreto, 2003).

“A nossa equipa esteve sempre tranquila, nunca colocou as bolas

directamente nos avançados, preferindo trocá-la e procurar o melhor caminho

para a baliza” (Carvalhal, in Jornal «O Jogo», 27-08-2006);

Sobre o Ajax de Cruyff, (Valdano, 2001) diz-nos que com a bola

circulavam, com a bola descansavam e com a bola defendiam através do não

dar/ceder ao adversário.

“Equipas que clarifiquem bem o jogo e quando os caminhos para a baliza

se encontrem congestionados, passem atrás e procurem o outro lado, e em vez

de chocarem, peçam autorização para chegar até ao final, porque no futebol o

final é o golo” (Valdano, 1997, 144).

Se a equipa que ganhou o lançamento da bola pela linha lateral pretender

surpreender o adversário, com um ataque rápido antes da equipa adversária se

organizar, pode fazer um lançamento longo para os atacantes mas com todas as

condicionantes que este tipo de lançamento tem há sempre o risco de se perder a

posse de bola. Utilizando um lançamento curto para a frente ou para trás, utiliza a

solução mais prática reduzindo o risco (Robson, 1982).

O principal objectivo do jogo é o golo, por isso quando uma equipa fica na

posse da bola, um dos seus jogadores, deve realizar um passe em profundidade

se tiver a certeza que a equipa continuará com a posse de bola, isto é, se for um

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passe de risco o melhor é não o realizar, optando-se por retirar a bola da zona de

pressão enviando-a para o lado contrário (Carvalhal, 2004).

O lançamento da bola pela linha lateral é um dos vários meios de

recuperação da posse de bola. No entanto, depois de se ganhar um lançamento

há ainda que saber executá-lo da melhor forma para que a equipa possa criar

uma oportunidade de golo imediata ou então realizar a circulação de bola para um

ataque posicional.

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Objectivos

4 - OBJECTIVOS

4.1 - Objectivo Geral O presente estudo tem como objectivo estudar o lançamento da bola pela

linha lateral relacionando-o com a tipologia e a eficácia.

4.2 - Objectivos específicos Mais especificamente, pretende-se com este estudo:

- Quantificar, em termos de percentagem, a eficácia do lançamento da bola pela

linha lateral;

- Verificar se existem diferenças na eficácia do lançamento da bola pela linha

lateral, de acordo com os seguintes indicadores:

• Alcance da bola (longo ou curto);

• Sentido do lançamento (para frente ou para trás);

• Sector do campo (defensivo, intermédio ou ofensivo);

• Situação da equipa (vantagem, empate ou desvantagem);

• Rapidez na execução.

- Identificar o tipo de lançamento mais frequentemente usado pelas equipas da

Superliga Portuguesa.

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Metodologia

5 - METODOLOGIA 5.1 - Caracterização da amostra A amostra integra 1074 lançamentos da bola pela linha lateral, observados

e registados a partir de vinte jogos da Superliga 2005/2006 (Quadro 1), incluindo

os tempos de desconto atribuídos pelo árbitro. A recolha dos dados foi efectuada

entre 6 de Janeiro e 18 de Fevereiro de 2006.

Quadro 1 – Jogos observados e número de lançamentos de linha lateral por jogo.

Número de Lançamentos de linha lateral por jogo

Nacional - V. Setúbal 45 Benfica - Sporting 61

Belenenses - G. Vicente 51 V. Setúbal - Académica 57

Benfica - P. Ferreira 43 Boavista - Naval 67

Braga - Sporting 49 Sporting - Nacional 65

FC Porto - Boavista 39 U. Leiria - Benfica 49

Benfica - Académica 38 Guimarães - Belenenses 55

E Amadora – F.C. Porto 50 Benfica - Penafiel 56

Belenenses - Sporting 49 Belenenses – F. C. Porto 56

V. Setúbal - Boavista 61 Académica - Boavista 53

Penafiel - Braga 59 Sporting – P. Ferreira 71

5.2 - Observação e registo de dados Recorreu-se ao videogravador, conscientes das vantagens e desvantagens

que este material oferece. Por um lado pode visualizar-se o lançamento as vezes

desejadas reduzindo ao mínimo os erros de observação; por outro lado, não

garantiu, em pleno, a informação desejada em relação à totalidade dos

lançamentos. Por vezes o realizador aproveitou a ocasião em que a bola saiu pela

linha lateral para transmitir imagens do público, do banco dos suplentes, dos

treinadores ou para repetir jogadas anteriores, sendo que alguma informação que

interessava, acerca do lançamento, se perdeu.

O estudo foi baseado na observação das ocorrências relativas a vinte jogos

de Futebol da Superliga Portuguesa, previamente gravadas através dos canais de

televisão TVI, SIC e SPORT TV.

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Metodologia

Durante o visionamento dos jogos procedeu-se ao registo do resultado de

cada variável, em estudo, numa ficha elaborada para o efeito (Anexo 1).

Para processar os dados foram ainda utilizados os seguintes meios:

Computador e Programa Microsoft Excel XP.

5.3 - Explicitação das variáveis em estudo Eficácia no lançamento da bola pela linha lateral – Considera-se um

lançamento da bola pela linha lateral eficaz quando a equipa que o executa

marcar golo ou garantir posse de bola após o lançamento;

Posse de bola – Para determinarmos se há ou não posse de bola, baseámo-nos

na referência de Garganta (1997): Uma equipa encontra-se em posse de bola

quando qualquer um dos seus jogadores respeita, pelo menos, uma das

seguintes situações:

- Realiza três ou mais contactos consecutivos com a bola;

- Executa um passe positivo (permite manter a posse de bola);

- Realiza um remate (finalização).

Lançamento curto da bola pela linha lateral – Tendo em conta duas linhas

imaginárias traçadas longitudinalmente paralelas às laterais e cinco linhas

imaginárias transversais, paralelas às linhas de fundo, obtém-se em cada

corredor seis sectores. O lançamento curto é aquele em que a bola não

ultrapassa a distância igual ao comprimento ou largura de um desses sectores

(Figura 1).

Figura 1 – Alcance aproximado da bola num lançamento curto da bola pela linha lateral.

Legenda: - Jogador que executa o lançamento da bola pela linha lateral; - Distância máxima atingida pela bola num lançamento.

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Metodologia

Lançamento longo da bola pela linha lateral - É o lançamento em que a bola

ultrapassa a distância igual ao comprimento ou largura de um dos sectores

imaginários (Figura 2).

Legenda: - Jogador que executa o lançamento da bola pela linha lateral; - Distância atingida pela bola nos lançamentos considerados longos.

Figura 2 – Alcance aproximado da bola num lançamento longo da bola pela linha lateral.

Sentido do lançamento da bola pela linha lateral – Um lançamento lateral pode

ser executado para a frente, para trás ou numa trajectória perpendicular à linha

lateral (Figura 3).

Sentido do ataque

Lançamento para a frente

Lançamento para trás

Lançamento perpendicular à linha lateral

Legenda: - Jogador que executa o lançamento da bola pela linha lateral; - Direcção da bola nos lançamentos.

Figura 3 – Ilustração de lançamentos executados para a frente, para trás e perpendicular

à linha lateral.

Sector do campo – Segundo Garganta e Pinto (1998), para além das marcações

regulamentares, assinaladas no terreno de jogo, existem outras, não assinaladas

fisicamente, que delimitam áreas ou zonas que se constituem como referências

importantes não só para os jogadores mas também para os treinadores e

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Metodologia

investigadores que pretendem observar e analisar o jogo. Sendo assim podemos

imaginar o campo de futebol dividido transversalmente em três sectores (Figura

4).

Sector ofensivo Sector defensivo Sector intermédio

Adaptado de Garganta e Pinto (1998)

Sentido do ataque

Figura 4 – Divisão transversal do terreno de jogo em três sectores

Situação da equipa que executa o lançamento da bola pela linha lateral –

Durante um jogo de Futebol, a equipa encontra-se numa das seguintes situações:

Vantagem no marcador se estiver a vencer, desvantagem no marcador se estiver

a perder ou empate se tiver o mesmo numero de golos que a equipa adversária.

Rapidez na execução de um lançamento da bola pela linha lateral – Considera-

se um lançamento rápido quando executado até oito segundos. O início da

contagem processa-se logo após a bola ter saído do campo pela linha lateral.

5.4 – Fiabilidade da observação Finalizada a definição das variáveis em estudo foi assegura a fiabilidade

dos resultados obtidos através da determinação da fiabilidade intra-observador,

em diferentes momentos. É por meio desta que se verifica se o mesmo

observador, em diferentes momentos, interpreta e regista de modo idêntico a

mesma situação. Passados quinze dias, desde a primeira observação e registo,

procedeu-se a nova observação dos mesmos lançamentos de bola pela linha

lateral de dez jogos e compararam-se os resultados, em termos de acordos e

desacordos, recorrendo à fórmula de Bellack (1996, cit. por Garganta, 1997), para

se obter o respectivo índice de fiabilidade.

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Metodologia

100ºº

º% ×+

=DesacordosnAcordosn

AcordosnAcordos

Figura 5 – Fórmula de Bellack (cit. por Garganta, 1997) para verificação da fiabilidade.

Como refere Bellack (1996, cit. por Garganta, 1997), as observações

podem ser consideradas fiáveis se o percentual de acordos não for inferior a 85%.

No quadro seguinte podemos verificar as percentagens de acordo das variáveis

observadas e concluir que existe fiabilidade na observação.

Quadro 2 – Percentual de acordos encontrado para cada uma das variáveis

Variáveis % de Acordos

Tipo de Lançamento 90%

Local do Campo 95%

Eficácia do lançamento 100%

Rapidez na execução 91% .

5.5 - Procedimentos estatísticos Para analisar os dados recolhidos, utilizamos os procedimentos da

estatística descritiva: frequência de ocorrência e respectiva percentagem, média,

desvio-padrão e amplitude de variação.

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Apresentação e discussão dos resultados

6 - APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Dos vinte jogos observados, registaram-se 1074 lançamentos da bola pela

linha lateral com uma média e desvio padrão de 53,7 ± 8,9 lances de linha lateral

por jogo. A amplitude de variação foi de 38-71 lançamentos por jogo.

Tal como se previa, há um elevado número de lançamentos da bola pela

linha lateral por jogo. Quando se pensa na configuração do terreno de jogo

constata-se que as linhas laterais estão mais expostas à “corrente do jogo” de

ambas as equipas. Sendo o Futebol um jogo desportivo colectivo, onde há duas

equipas com as mesmas tarefas mas de sinal contrário, pode-se compreender o

elevado número de lances de bola pela linha lateral na medida em que a equipa

que possui a bola, tenta fazer o “campo grande”, em contra partida a equipa que

defende tenta fazer o “campo pequeno” fechando os espaços de penetração

pelas zonas do campo, que teoricamente são mais perigosas, como por exemplo

o corredor central. À equipa que possui a bola, muitas vezes só lhe resta

lateralizar o jogo o que vai proporcionar passes longos com saídas de bola pela

linha lateral e muitas disputas de bola junto às linhas laterais. Se a equipa que

defende sentir grandes dificuldades defensivas, não vai conseguir sair com a bola

controlada e prefere tirá-la da zona de pressão, muitas vezes com o envio da bola

directamente para fora pela linha lateral.

6.1 – A eficácia do lançamento da bola pela linha lateral

Dos 1074 lançamentos efectuados, 301 não foram bem sucedidos, ou seja,

a equipa que efectuou o lançamento perdeu a posse de bola imediatamente a

seguir ao lançamento da bola pela linha lateral. Sendo assim, nos vinte jogos

observados, 28% dos lançamentos de linha lateral não contribuíram para a

manutenção da posse de bola (Quadro 3). Quadro 3 – Frequência e percentagem de lançamentos bem sucedidos (positivos) e falhados

(negativos).

Resultado Frequência %

Lançamentos Positivos 773 72%

Lançamentos Negativos 301 28%

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Apresentação e discussão dos resultados

Deste modo pode-se confirmar que ganhar um lançamento da bola pela

linha lateral não significa ganhar a posse de bola, pois há grandes probabilidades

de se perder essa posse na sequência do lançamento. No entanto continuamos a

verificar situações em que os jogadores deixam sair a bola de propósito pois

optam pelo lançamento em vez de ficarem com a bola. Hoje em dia, a maioria das

equipas de topo, trabalham o princípio da posse de bola por este ser essencial

para o sucesso da equipa. No entanto ainda há muito trabalho por fazer em

algumas equipas no que diz respeito ao aproveitamento do lançamento da bola

pela linha lateral como meio para adquirirem a posse de bola. O lançamento da

bola pela linha lateral é considerado um lance de “bola parada” e por isso muito

importante para ser deixado ao improviso. Se os treinadores os ensaiarem

durante os treinos com certeza que vão contribuir para a diminuição desta

percentagem de lançamentos falhados. A percentagem de 28% parece pouco

significativa, no entanto trata-se de um passe efectuado com as mãos onde à

partida, o Homem possui uma extraordinária capacidade de precisão. Quando há

um lançamento da bola pela linha lateral, os jogadores da equipa que lança

devem ter uma atitude dinâmica de simulações sucessivas, mudanças de

direcção, procura de espaços vazios etc. para que as linhas de passe possam

surgir com maior segurança. O que normalmente acontece é o jogador que se

prepara para lançar ter poucos colegas em condições de receber a bola por falta

de linhas de passe. Um outro aspecto importante, para explicar as muitas falhas

nos lançamentos da bola pela linha lateral, é o facto de se demorar demasiado

tempo a repor a bola dando oportunidade à equipa adversária para se organizar

nas marcações.

6.2 - Eficácia do lançamento da bola pela linha lateral e respectivo alcance Tendo em conta o alcance da bola, contabilizam-se no presente estudo

uma percentagem superior de lançamentos curtos relativamente aos lançamentos

longos (Quadro 4).

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Apresentação e discussão dos resultados

Quadro 4 – Frequência e percentagem de lançamentos consoante o alcance da bola.

Alcance da bola Frequência %

Lançamentos Curtos 798 74%

Lançamentos Longos 276 26%

Total 1074 100%

Esta discrepância bastante acentuada confirma que os lançamentos curtos

da bola pela linha lateral são mais utilizados do que os lançamentos longos.

Segundo Teodorescu (1984), num lançamento de linha lateral há uma interrupção

do jogo, o que oferece à equipa que defende a possibilidade de se reajustar

tacticamente fechando os espaços. É claro que quando não há espaços, os

lances longos são mais arriscados e por isso menos utilizados.

Há um princípio de jogo, posse de bola, ao qual muitos treinadores dão

grande primazia. As equipas que o adoptam como fundamental para o seu

sucesso têm que utilizar todos os meios disponíveis para recuperarem e terem a

bola. Um desses meios pode ser o lançamento da bola pela linha lateral.

Para verificar a eficácia do lançamento da bola pela linha lateral

relativamente ao alcance da mesma, foi contabilizado o número de lançamentos

positivos para cada tipo de lançamento. Pode-se verificar (Quadro 5) que os

lançamentos curtos da bola pela linha lateral apresentam uma maior eficácia em

relação aos lançamentos longos. Assim compreendemos a preferência dos

lançamentos curtos em detrimento dos longos.

Quadro 5 – Percentagem de eficácia consoante o alcance da bola.

Alcance da bola Eficácia

Lançamentos Curtos 77%

Lançamentos Longos 57%

Os lançamentos curtos parecem mais seguros, a trajectória da bola é mais

curta e a velocidade da mesma aumenta o que torna a intercepção mais difícil. No

entanto convém não esquecer que a relação segurança e risco varia em função

do terreno de jogo. Será mais arriscado optar por um lançamento curto no sector

defensivo se a equipa adversária estiver com o “bloco alto” pois pode recuperar a

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Apresentação e discussão dos resultados

bola junto à baliza do adversário, embora esta forma de jogar não seja muito

usada na Superliga Portuguesa. Neste caso a opção por um lançamento longo

para a frente poderá ser a melhor opção para a equipa que tem a bola, uma vez

que a afasta da sua baliza. No entanto, segundo Massada (2001), o Homem está

mais bem adaptado a trabalhar com as mãos abaixo da cabeça e por isso no

lançamento da bola pela linha lateral, o risco de se falhar aumenta à medida que

a distância do lançamento aumenta. Não se consegue lançar a bola a longas

distâncias de forma a que esta siga numa trajectória tensa e a uma velocidade

considerável para que não seja interceptada por um jogador adversário. Os

lançamentos curtos são mais seguros para que uma equipa possa manter a

posse de bola, sendo que no Futebol moderno, para além de marcar golos, a

coisa mais importante é ter a bola. Uma das categorias para recuperar a bola

referida por Silva (1998) foi o lançamento lateral, pelo que não é conveniente

desperdiçar a oportunidade de ficar com a bola, o que leva as equipas o optarem

predominantemente pelo lançamento curto sendo este o mais eficaz.

6.3 - Eficácia do lançamento da bola pela linha lateral e sectores do terreno de jogo

Tendo em conta o sector do terreno de jogo, podemos verificar que foi no

sector médio onde se realizaram mais lançamentos seguindo-se o ofensivo e

defensivo por ordem decrescente (Quadro 6).

Quadro 6 – Frequência e percentagem de lançamentos por sector.

Sector do campo Frequência %

Defensivo 193 18%

Médio 552 51%

Ofensivo 329 31%

Total 1074 100%

A explicação para estes resultados reside no facto de algumas das equipas

observadas, efectuarem grande pressão na bola no sector médio, pois é neste

sector que acontecem mais disputas de bola dando origem a mais saídas pela

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Apresentação e discussão dos resultados

linha lateral. Para acontecer um lançamento da bola pela linha lateral no sector

ofensivo terá que ser a equipa que defende a enviar a bola pela linha lateral, isto

poderá explicar o facto de aparecerem mais lançamentos no sector ofensivo em

detrimento do sector defensivo já que a equipa que defende poderá estar sob

pressão restando-lhe a alternativa mais segura de efectuar um corte para fora. A

equipa que está com a bola no sector ofensivo vira as suas atenções para a

marcação de golo pelo que as perdas de bola pelas linhas laterais tornam-se

menos frequentes já que, habitualmente, a equipa que ataca ganha canto, marca

golo ou perde a bola pela linha de fundo.

Para se verificar a eficácia dos lançamentos da bola pela linha lateral

contabilizou-se a frequência de lançamentos positivos em cada sector do terreno

de jogo. Como se pode verificar, no sector defensivo foi onde os lançamentos

foram menos eficazes. Os sectores médio e ofensivo, apresentaram a mesma

percentagem de eficácia (Quadro 7).

Quadro 7 – Percentagem de eficácia consoante o sector do campo.

Sector do campo Eficácia

Defensivo 66%

Médio 73%

Ofensivo 73%

Partiu-se do pressuposto que a eficácia seria menor à medida que as

equipas se aproximavam da baliza adversária, o que não veio a acontecer. Há

equipas que aproveitam para pressionar na zona onde a bola se encontra o mais

longe possível da sua baliza, subindo como bloco. Deste modo, o jogador que

efectua o lançamento no sector defensivo fica com menos opções seguras, como

por exemplo poder lançar para trás. Segundo Alcaraz e Torrelles (1998), quando

o lançamento é efectuado no terço defensivo, os jogadores devem controlar a

bola nem que para isso entre também o Guarda-Redes, mas se houver pressão

forte do adversário, o jogador que lança no sector defensivo já tem que optar por

lançar para os médios, o que também vai aumentar mais o risco de falhar uma

vez que lança a maior distância e para uma zona do terreno de jogo onde há

normalmente grandes disputas de bolas. No sector médio e no sector ofensivo,

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Apresentação e discussão dos resultados

aparece uma maior eficácia e a explicação para este facto é baseada nas opções,

da maioria das equipa portuguesas, que é lançar curto e seguro para ficarem com

a posse de bola em vez de lançarem longo e correrem o risco de a perderem, pois

também, a maioria das equipas, não possuem jogadores especialistas em

lançamentos longos. No presente estudo considera-se um lançamento eficaz

quando a equipa que o executa marcar golo ou ficar com a posse de bola. Pensa-

se que quando o lançamento se realiza nos sectores médio e ofensivo, a equipa

fica com mais espaço disponível para lançar para trás onde os jogadores não

estão tão pressionados e assim optarem por um ataque indirecto.

6.4 - Eficácia do lançamento da bola pela linha lateral, resultado momentâneo do jogo e rapidez de execução. Para se verificar a eficácia do lançamento da bola pela linha lateral em

relação à situação do marcador da equipa, contabilizam-se os lançamentos

positivos nas três situações possíveis. Pode-se verificar que em situação de

desvantagem no marcador as equipas são mais eficazes seguindo-se a situação

de empate e finalmente a situação de vantagem (Quadro 8).

Quadro 8 – Percentagem de eficácia consoante a situação da equipa.

Situação da equipa Eficácia

Desvantagem 76%

Empate 71%

Vantagem 67%

Pensa-se que quando as equipas estão em desvantagem no marcador se

sentem mais pressionadas para alterarem o resultado, o que leva, provavelmente,

a uma maior concentração e empenho na execução dos lançamentos.

Parece haver uma contradição no aproveitamento dos lançamentos quando

a equipa está em vantagem no marcador. Na literatura consultada, constatou-se

que uma equipa para assumir o jogo e para o ganhar deve ter a bola, deve saber

o que fazer com ela, pois com a bola descansa-se, circula-se, domina-se e ganha-

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Apresentação e discussão dos resultados

se o jogo (Valdano, 2002; Mourinho, cit por Amieiro et al. 2006; Pereira, 2005).

Quando uma equipa está em vantagem deve aproveitar mais as situações em que

pode ficar com a posse de bola, mas no Futebol português, a maioria das equipas

quando estão em vantagem entregam a iniciativa ao adversário e passam para as

tarefas mais fáceis do jogo que são as defensivas, a maioria das vezes atrás da

linha da bola o que proporciona ao adversário espaço para jogar para trás nos

lançamentos da bola pela linha lateral. Também não podemos esquecer que uma

equipa, quando está em desvantagem, pressiona mais o adversário nos

lançamentos, obrigando-o a cometer erros. Os jogadores também se concentram

mais nas suas tarefas para contrariarem o resultado quando estão em

desvantagem no marcador, diminuindo assim as falhas.

Relativamente à eficácia do lançamento da bola pela linha lateral associada

à rapidez em executar um lançamento da bola pela linha lateral, podemos verificar

que os lançamentos rápidos revelaram-se mais eficazes (Quadro 9).

Quadro 9 – Percentagem de eficácia nos lançamentos consoante a rapidez de execução.

Rapidez em executar um lançamento Eficácia

Rápido (até 8 segundos) 81%

Lento (superior a 8 segundos) 55%

A explicação para estes resultados reside no facto de a equipa que executa

o lançamento da bola pela linha lateral, ao fazê-lo rapidamente, evita que a

equipa adversária se organize defensivamente apanhando-a assim desprevenida.

Executar rápido tem vantagens pois o lançamento da bola pela linha lateral é uma

fase de transição em que a equipa que defendia passa a atacante e vice-versa.

Segundo Robson (1982), a equipa que ganha o lançamento lateral deve

surpreender o adversário com um ataque rápido antes da equipa adversária se

organizar. Basta que as linhas defensivas estejam muito afastadas, uma vez que

a equipa que estava a atacar passou a defender, para que os espaços aumentem

podendo os jogadores que atacam tirarem mais proveito do lançamento da bola

pela linha lateral. A maior parte das vezes não é possível lançar rapidamente, pois

o tempo que vai desde que a bola sai até que o jogador que lança se coloca em

posição é o tempo suficiente para que os defensores se organizem.

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Apresentação e discussão dos resultados

6.5 - Situação no marcador e rapidez de execução do lançamento da bola pela linha lateral Ao cruzar os dados da situação em que a equipa se encontra no marcador

com a respectiva demora em executar o lançamento da bola pela linha lateral,

verifica-se que as equipas quando estão em desvantagem tendem a repor a bola

mais rapidamente em jogo pela linha lateral, ao contrário de quando estão em

vantagem que demoram mais.

Quadro 10 – Percentagem de lançamentos rápidos consoante a situação da equipa.

Situação do marcador da equipa Percentagem de

lançamentos rápidos

Desvantagem 74%

Empate 52%

Vantagem 30%

É uma característica facilmente observável. A maioria das equipas da

Superliga Portuguesa, quando se encontram em vantagem, aproveita os

lançamentos da bola pela linha lateral para “queimar tempo” de jogo. Não é bonito

de se ver mas é de facto uma realidade. Por vezes um jogador pega na bola,

simula um lançamento e depois aparece um companheiro de equipa e esse é que

efectua o lançamento. Como há muitos lançamentos durante o jogo, vão-se

somando segundos após segundos e o jogo por vezes fica com quebras de ritmo

não muito abonatórias para o espectáculo. No entanto, pensamos que o Futebol

evoluiu alguma coisa neste aspecto uma vez que as bolas que saem do campo

são repostas no local da saída com rapidez mas ainda há algo a fazer como por

exemplo o aparecimento da regra que obrigue o jogador que pegar em primeiro

lugar na bola a executar o lançamento ou então diminuir a limitação de tempo

para lançar como em outras modalidades.

6.6 - Tipologia do lançamento da bola pela linha lateral

No presente estudo são identificados seis tipos de lançamento da bola pela

linha lateral: Lançamento curto para trás, Lançamento curto perpendicular à linha

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Apresentação e discussão dos resultados

lateral, Lançamento curto para a frente, Lançamento longo para trás, Lançamento

longo perpendicular à linha lateral e lançamento longo para a frente.

Já no quadro 4, anteriormente apresentado, pôde-se verificar que de uma

forma geral, as equipas da Superliga Portuguesa optam mais pelo lançamento

curto. No entanto, mais especificamente, pode-se verificar no quadro 11 que o

lançamento da bola pela linha lateral mais efectuado foi o lançamento curto

perpendicular à linha lateral, seguindo-se por ordem decrescente o lançamento

curto para a frente, lançamento longo para a frente e o lançamento curto para

trás. É de referir que o lançamento longo para trás bem como o lançamento longo

perpendicular à linha lateral apresentam uma percentagem insignificante,

provavelmente, porque não oferecem tanta segurança na manutenção da posse

de bola já que nestes lançamentos a bola percorre trajectórias longas sendo que

a intercepção por parte do adversário pode acontecer com maior facilidade. A

maioria das equipas portuguesas não possui especialistas em lances longos. Este

tipo de lance exige características físicas e técnicas que a maioria dos jogadores

não possui e por isso não os efectuam com tanta segurança. Segundo Hughes

(1994), os jogadores que lançam longo não podem aproveitar o factor surpresa

uma vez que toda a gente consegue ver quando é que o lançamento vai ser

executado. O lançamento longo para trás não tem muita lógica de existir, por uma

lado é muito arriscado, pois os adversários podiam aproveitar um contra-ataque,

por outro lado, a equipa que coloca um lance longo para trás, mesmo que fique de

posse de bola, está a afastar a bola da baliza adversária, aproximando-a da sua o

que se torna um contra-senso para os princípios de jogo.

O lançamento curto perpendicular à linha lateral foi o mais utilizado,

provavelmente por haver mais espaço longe da linha lateral e com

movimentações de jogadores criando linhas de passe, tornam-se muito eficazes.

Os lançamentos curtos e longos para a frente foram os segundos mais

utilizados. Este resultado vai de encontro ao que se encontrou na literatura

consultada sendo que o lançamento da bola pela linha lateral deve ser lançado

sempre para a frente a não ser que devido à pressão e falta de espaços seja mais

seguro lançar para trás (Howe e Scovell, 1988).

O lançamento curto para trás também foi bastante utilizado, justifica-se

pela segurança que esse tipo de lance dá às equipas que pretendam jogar em

posse de bola com ataques indirectos.

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Apresentação e discussão dos resultados

Quadro 11 – Frequência e respectiva percentagem nos diferentes tipos de lançamento.

Tipo de lançamento Frequência %

Lançamento curto para trás 186 17%

Lançamento curto perpendicular à linha lateral 351 33%

Lançamento curto para a frente 261 24%

Lançamento longo para trás 7 1%

Lançamento longo perpendicular à linha lateral 28 3%

Lançamento longo para a frente 241 22%

Total 1074 100%

6.7 - Tipologia do lançamento da bola pela linha lateral e respectiva eficácia No que concerne à eficácia, tendo em conta o tipo de lançamento, pode-se

verificar que o lançamento curto para trás foi o mais eficaz ao contrário do

lançamento longo para a frente que foi o menos eficaz. Lançar curto para trás é

mais seguro do que lançar curto perpendicular à linha lateral ou curto para a

frente se quisermos manter a posse de bola. (Quadro 12). Quadro 12 – Percentagem de eficácia nos diferentes tipos de lançamento.

Tipo de lançamento Eficácia

Lançamento curto para trás 93%

Lançamento curto perpendicular à linha lateral 78%

Lançamento curto para a frente 64%

Lançamento longo para trás -

Lançamento longo perpendicular à linha lateral -

Lançamento longo para a frente 54%

A maioria das vezes defende-se com os jogadores atrás da linha da bola,

isso proporciona grandes espaços nos jogadores atacantes mais recuados sendo

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Apresentação e discussão dos resultados

o lançamento curto para trás o mais eficaz nesta perspectiva. O lançamento longo

para trás e longo perpendicular à linha lateral apresentam uma frequência muito

baixa em relação à amostra deste estudo pelo que não foram considerados no

cálculo da eficácia pois não nos parecem estatisticamente significativos.

O lançamento longo para a frente não foi tão eficaz como o lançamento

curto. Todos os defensores sabem quando um jogador vai lançar longo e assim

podem organizar-se defensivamente para interceptar a bola.

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Conclusões

7. CONCLUSÕES De acordo com os resultados obtidos e tendo em conta os objectivos do

presente estudo, parece possível retirar as seguintes conclusões:

- Dos vinte jogos observados, registaram-se 1074 lançamentos da bola

pela linha lateral com uma média e desvio padrão de 53,7 ± 8,9 lances de linha

lateral por jogo. A amplitude de variação foi de 38-71 lançamentos por jogo.

- Há mais paragens de jogo provocadas pela saída da bola pelas linhas

laterais durante um jogo do que devido a qualquer outra razão. O elevado número

de lançamentos por jogo é devido à geometria do terreno de jogo, com as linhas

laterais dispostas longitudinalmente onde, junto das mesmas, acontecem muitas

disputas de bolas.

- Dos 1074 lançamentos da bola pelas linhas laterais efectuados, 301

foram negativos representando uma percentagem de 28% o que parece bastante

elevada. As regras do jogo permitem efectuar o lançamento da bola pela linha

lateral com a mão, ao que à partida, se as equipas estiverem preparadas, podem

melhorar fazendo diminuir a percentagem de lançamentos negativos. O

lançamento da bola pela linha lateral é um meio para se conseguir a posse de

bola que actualmente é considerada, pelas equipas de topo, como um princípio

fundamental para o sucesso.

- Foi no sector médio que se realizaram mais lançamentos devido ao

elevado número de disputas de bolas, que acontecem nesse sector do campo, o

que proporciona um elevado número de saídas da bola pela linha lateral. Seguiu-

se o sector ofensivo e defensivo, por ordem decrescente.

- Os lançamentos curtos apresentam maior eficácia em relação aos

lançamentos longos. Os curtos proporcionam maior segurança para a

manutenção da posse de bola uma vez que lançados em curtas distâncias pode-

se lançar a bola com mais velocidade e trajectória tensa para dificultar a

intercepção por parte do adversário.

- No sector defensivo os lançamentos da bola pela linha lateral foram

menos eficazes (66%). Nos sectores médio e ofensivo a eficácia dos lançamentos

foi a mesma, (73%). Quando se efectua um lançamento no sector defensivo,

muitas vezes, se houver pressão do adversário, a melhor opção é lançar longo

para a frente, pois deve-se afastar a bola da nossa baliza, no entanto o risco de

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Conclusões

se perder a posse de bola também aumenta já que os lançamentos longos da

bola pela linha lateral são mais fáceis de interceptar.

- Os lançamentos da bola pela linha lateral, efectuados em menos de oito

segundos revelaram-se mais eficazes. Executar um lançamento sem perdas de

tempo tem toda a vantagem para se aproveitar a desorganização defensiva do

adversário que se encontra na fase de transição ataque-defesa.

- As equipas quando estão em desvantagem tendem a repor a bola mais

rapidamente em jogo pela linha lateral, ao contrário de quando estão em

vantagem.

- O lançamento mais frequente foi o lançamento curto perpendicular à linha

lateral.

- O lançamento curto para trás foi o mais eficaz, ao contrário do

lançamento longo para a frente que foi o menos eficaz. Quando as equipas

defendem com a maioria dos jogadores atrás da linha da bola, os atacantes

dispõem de muito espaço livre para jogarem a bola com segurança para trás,

partindo depois para um ataque organizado.

- As equipas são mais eficazes no lançamento da bola pela linha lateral

quando estão em desvantagem no marcador. No campeonato da Superliga

Portuguesa, a maioria das equipas, quando estão em vantagem no marcador,

defendem mais no sector defensivo, junto a sua baliza, deixando o adversário

com mais espaços fora desse sector, o que proporciona maior eficácia nos

lançamentos da bola pela linha lateral efectuados pela equipa em desvantagem

no marcador.

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Implicações práticas para o ensino, o treino e a competição

8 – IMPLICAÇÕES PRÁTICAS PARA O ENSINO, O TREINO E A COMPETIÇÃO

No Futebol moderno, mesmo os treinadores mais experientes não

conseguem recolher do jogo todos os factores-chave que determinam a boa

performance das equipas. Só com uma recolha e análise sistemática de

informações acerca do jogo, recorrendo às novas tecnologias, se consegue um

compromisso importante entre o treino e a competição, resultando daí a

construção de métodos de treino mais eficazes e, consequentemente, a evolução

do jogo.

Num jogo de Futebol há mais paragens provocadas pela saída da bola pela

linha lateral do que devido a qualquer outra razão. Sendo o lançamento da bola

pela linha lateral considerado um lance de “bola parada” (LBP) e vários estudos

referirem que os LBP são acontecimentos importantes capazes de decidirem um

jogo, é importante para os treinadores, de todos os escalões, trabalharem o

lançamento da bola pela linha lateral. Este acontecimento do jogo, embora não

esteja, a maioria das vezes, relacionado directamente com o golo, está

referenciado como um meio para adquirir a posse de bola partindo depois para

um ataque indirecto.

Faz todo o sentido a preocupação com o lançamento da bola pela linha

lateral no treino uma vez que ao assistirmos a um jogo de Futebol nota-se um

elevado número de lançamentos negativos, isto é, a equipa que o executa perde

a posse de bola por intercepção da mesma por parte do adversário. Este aspecto

será ainda mais notório nos escalões de formação. Provavelmente tal acontece

devido à pouca atenção que se lhe dedica nos treinos.

O lançamento da bola pela linha lateral é a única ocasião do jogo (com

excepção do Guarda-Redes) em que se pode executar um passe com as mãos e

por isso, principalmente nos lançamentos curtos, não pode haver falhas. É

verdade que o jogo de Futebol apresenta duas equipas com os mesmos

objectivos mas de sinal contrário, o que implica que quando uma equipa está a

atacar a outra está a defender, mas no lançamento da bola pela linha lateral, a

equipa que vai lançar pode fintar o adversário com desmarcações, simulações,

afastando linhas etc. No momento do lançamento é importante que os membros

da equipa estejam afastados, de forma a dificultarem a marcação, e adoptarem

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Implicações práticas para o ensino, o treino e a competição

uma atitude dinâmica de trocas de posição sem desfazer a estrutura táctica

adoptada. Se a comunicação entre o jogador que lança e o jogador que recebe for

solicitada no treino, também aparecerá com naturalidade no jogo.

A bola deve lançar-se sempre para a frente no entanto a alternativa de

lançar para outro local pode ser mais segura em termos de posse de bola. Se a

equipa que defende colocar os jogadores atrás da linha da bola, não há razão

para lançar para a frente, é preferível alguns jogadores recuarem e receberem em

boas condições para se organizar um ataque indirecto. A bola tem que ser

lançada de modo a que facilite a recepção do colega, de preferência para os pés,

o que nem sempre acontece.

Há vários tipos de lançamentos da bola pela linha lateral, todos eles

importantes e aconselháveis tendo em conta a situação do “aqui e agora” do jogo.

No terço defensivo e médio, os lançamentos devem proporcionar um controlo da

bola à equipa que o executa, no entanto se existir uma pressão forte do

adversário e não for avante o objectivo do controlo claro da bola, o melhor será

lançar longo para os médios. O lançamento tem que ser preciso e os jogadores

que se preparam para receber a bola devem ter uma atitude forte na troca de

posições para criarem linhas de passe. Se o lançamento acontecer no terço

ofensivo, junto à área adversário é aconselhável encontrar um especialista em

lançamentos longos ao primeiro poste onde se colocam os jogadores altos e com

facilidade em jogar com a cabeça. No entanto, este tipo de lançamento é

previsível e, a equipa que defende pode também colocar os jogadores nessa zona

da área podendo, o jogador que lança, responder com um lançamento curto

organizando um ataque mais indirecto.

Ter a bola é ter o domínio do jogo, sendo que uma equipa em vantagem no

marcador, em vez de entregar a bola ao adversário, e deixá-lo jogar em dois

terços do campo, deve procurar manter a posse de bola longe da sua baliza. O

lançamento da bola pela linha lateral oferece uma oportunidade de se ficar com a

bola. Faz todo o sentido ensinar os mais jovens a lidar com a posse de bola,

treinando a melhor opção para o lançamento da bola pela linha lateral. Os

lançamentos longos não oferecem tanta segurança como os curtos para manter a

posse de bola, no entanto em determinados momentos do jogo ou zona do

terreno podem revelar-se mais apropriados pelo que o treino deve contemplar os

dois.

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Implicações práticas para o ensino, o treino e a competição

Diminuir a percentagem de lançamentos negativos por jogo, permitindo

aprendizagens nesse sentido no treino, torna-se importante para uma equipa ter

sucesso.

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Referências bibliográficas

9 - SUGESTÕES PARA FUTURAS INVESTIGAÇÕES Por ser um tema pouco tratado ao nível da literatura, pensa-se que será

importante:

- Produzir estudos sobre esta temática que incluam na amostra equipas de

outros países;

- Realizar outro estudo com gravações em vídeo ao vivo de modo a ter-se

o controlo de todas as movimentações dos jogadores durante o lançamento

lateral para se poderem analisar outras variáveis tais como o não existir fora-de-

jogo e as movimentações dos jogadores que estiveram na origem da perda da

posse da bola ou da sua recuperação.

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10 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Anexos

ANEXOS

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Seminário – Futebol – 5º Ano

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I

FICHA DE OBSEVAÇÃO DE JOGO O LANÇAMENTO LATERAL

ORIGEM DO

LANÇ.

TIPO LANÇ.

LOCAL DO CAMPO SITUAÇÃO DA EQUIPA

EFICÁCIA PARA POSSE DE BOLA O PROVEITO QUE SE TIROU DO LANÇAMENTO

1 Corte Ressalto

Longo Curto Frente Atrás

Terço defensivo Terço médio Terço ofensivo Perto da área

Desvantagem Empate Vantagem

Sim Não

Aproveitou o jogador adiantado por não haver fora jogo Aproveitou a superioridade numérica e repôs rápido Esperou que outro viesse repor

2 Corte Ressalto

Longo Curto Frente Atrás

Terço defensivo Terço médio Terço ofensivo Perto da área

Desvantagem Empate Vantagem

Sim Não

Aproveitou o jogador adiantado por não haver fora jogo Aproveitou a superioridade numérica e repôs rápido Esperou que outro viesse repor

3 Corte Ressalto

Longo Curto Frente Atrás

Terço defensivo Terço médio Terço ofensivo Perto da área

Desvantagem Empate Vantagem

Sim Não

Aproveitou o jogador adiantado por não haver fora jogo Aproveitou a superioridade numérica e repôs rápido Esperou que outro viesse repor

4 Corte Ressalto

Longo Curto Frente Atrás

Terço defensivo Terço médio Terço ofensivo Perto da área

Desvantagem Empate Vantagem

Sim Não

Aproveitou o jogador adiantado por não haver fora jogo Aproveitou a superioridade numérica e repôs rápido Esperou que outro viesse repor

5 Corte Ressalto

Longo Curto Frente Atrás

Terço defensivo Terço médio Terço ofensivo Perto da área

Desvantagem Empate Vantagem

Sim Não

Aproveitou o jogador adiantado por não haver fora jogo Aproveitou a superioridade numérica e repôs rápido Esperou que outro viesse repor

6 Corte Ressalto

Longo Curto Frente Atrás

Terço defensivo Terço médio Terço ofensivo Perto da área

Desvantagem Empate Vantagem

Sim Não

Aproveitou o jogador adiantado por não haver fora jogo Aproveitou a superioridade numérica e repôs rápido Esperou que outro viesse repor

7 Corte Ressalto

Longo Curto Frente Atrás

Terço defensivo Terço médio Terço ofensivo Perto da área

Desvantagem Empate Vantagem

Sim Não

Aproveitou o jogador adiantado por não haver fora jogo Aproveitou a superioridade numérica e repôs rápido Esperou que outro viesse repor

8 Corte Ressalto

Longo Curto Frente Atrás

Terço defensivo Terço médio Terço ofensivo Perto da área

Desvantagem Empate Vantagem

Sim Não

Aproveitou o jogador adiantado por não haver fora jogo Aproveitou a superioridade numérica e repôs rápido Esperou que outro viesse repor

9 Corte Ressalto

Longo Curto Frente Atrás

Terço defensivo Terço médio Terço ofensivo Perto da área

Desvantagem Empate Vantagem

Sim Não

Aproveitou o jogador adiantado por não haver fora jogo Aproveitou a superioridade numérica e repôs rápido Esperou que outro viesse repor

10 Corte Ressalto

Longo Curto Frente Atrás

Terço defensivo Terço médio Terço ofensivo Perto da área

Desvantagem Empate Vantagem

Sim Não

Aproveitou o jogador adiantado por não haver fora jogo Aproveitou a superioridade numérica e repôs rápido Esperou que outro viesse repor

11 Corte Ressalto

Longo Curto Frente Atrás

Terço defensivo Terço médio Terço ofensivo Perto da área

Desvantagem Empate Vantagem

Sim Não

Aproveitou o jogador adiantado por não haver fora jogo Aproveitou a superioridade numérica e repôs rápido Esperou que outro viesse repor

12 Corte Ressalto

Longo Curto Frente Atrás

Terço defensivo Terço médio Terço ofensivo Perto da área

Desvantagem Empate Vantagem

Sim Não

Aproveitou o jogador adiantado por não haver fora jogo Aproveitou a superioridade numérica e repôs rápido Esperou que outro viesse repor

13 Corte Ressalto

Longo Curto Frente Atrás

Terço defensivo Terço médio Terço ofensivo Perto da área

Desvantagem Empate Vantagem

Sim Não

Aproveitou o jogador adiantado por não haver fora jogo Aproveitou a superioridade numérica e repôs rápido Esperou que outro viesse repor

14 Corte Ressalto

Longo Curto Frente Atrás

Terço defensivo Terço médio Terço ofensivo Perto da área

Desvantagem Empate Vantagem

Sim Não

Aproveitou o jogador adiantado por não haver fora jogo Aproveitou a superioridade numérica e repôs rápido Esperou que outro viesse repor

JOGO: ______________/_____________ DATA: ______/_______/ 2006