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1 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO Rafael Moser TRABALHO DE CONCLUSÃO DE ESTÁGIO Estudo da Qualidade de Vida no Trabalho na Empresa Comercial de Alimentos Poffo Ltda. Administração de Recursos Humanos ITAJAI (SC) 2009

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

Rafael Moser

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE ESTÁGIO

Estudo da Qualidade de Vida no Trabalho na Empresa Comercial de Alimentos Poffo Ltda.

Administração de Recursos Humanos

ITAJAI (SC)

2009

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RAFAEL MOSER

TRABALHO DE CONCLUSÃO

DE ESTÁGIO

ESTUDO DA QUALIDADE DE VIDA NO

TRABALHO NA EMPRESA COMERCIAL DE

ALIMENTOS POFFO LTDA.

Trabalho de conclusão de Estágio desenvolvido para o Estágio Supervisionado do Curso de Administração do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade do Vale do Itajaí.

ITAJAÍ – SC, 2009.

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Agradeço a Deus por estar sempre ao meu lado, me dando forças para superar os diversos obstáculos. Muito obrigado a toda minha família, especialmente meu pai, pois sem ele eu não teria como continuar os estudos, foi mais do que tudo, o meu incentivador financeiro. Aos amigos, que sempre me deram força quando pensava em desistir, pelas provas “cabulosas”, e que me alegravam fazendo festas, pra mostrarem que estariam onde e quando fosse preciso pra me fazer seguir em frente, um especial agradecimento e um enorme beijo pra Carol (que nunca se acabe). A todos os educadores que tive o enorme prazer de adquirir conhecimento e dividir histórias, profissionais e pessoais, de vocês, espero levar grande conhecimento e grande amizade. E as pessoas que fazem parte da empresa que aceitaram realizar meu estágio. Agradeço em particular, aqueles que estão ausentes, talvez distantes, ou que já partiram desse mundo, a esses meu muito obrigado, guardo vocês em minha lembrança.

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Dedico este trabalho a minha mãe, pois ela sempre dedicou sua vida a mim, não dormindo nas noites quando estava doente, sempre preocupada enquanto eu não chegava em casa, guerreira, me educando da melhor forma possível. Esse é o meu momento de retribuir tanta atenção, tanto amor, mesmo que por um gesto pequeno. E é claro também dedico este trabalho e todo esforço empreendido nessa caminhada a mim mesmo, pois sempre vejo trabalhos, livros, e tantos outros documentos, onde os autores dedicam às pessoas e sempre me perguntei: “será que eles não se valorizam?”.

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“Se, a princípio, a idéia não é absurda, então não há esperança para ela”. (Albert Einstein)

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EQUIPE TÉCNICA

a) Nome do estagiário

Rafael Moser

b) Área de estágio

Administração de Recursos Humanos

c) Supervisor de campo

Almir Martins;

d) Orientador de estágio

Profª. Msc. Cristina Pereira Vecchio Balsini

e) Responsável pelos Estágios em Administração

Profº. Eduardo Krieger da Silva.

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DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA

a) Razão social

Comercial de Alimentos Poffo Ltda.

b) Endereço

Rua Indaial, 556

São João – Itajaí/SC.

c) Setor de desenvolvimento de estágio

Operacionais

d) Duração do estágio

240 horas.

e) Nome e cargo do orientador de campo

Almir Martins – Gerente de RH

f) Carimbo e visto da empresa

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AUTORIZAÇÃO DA EMPRESA

ITAJAÍ, 16 DE NOVEMBRO DE 2009

A Empresa COMERCIAL DE ALIMENTO POFFO LTDA., pelo presente

instrumento, autoriza a Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, a publicar, em sua

biblioteca, o Trabalho de Conclusão de Estágio executado durante o Estágio

Supervisionado, pelo acadêmico RAFAEL MOSER.

__________________________________

Almir Martins

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RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo geral a análise da qualidade de vida no trabalho na percepção dos funcionários na Matriz da empresa Mini-Preço. Para alcançar tal objetivo foram definidos os seguintes objetivos específicos: compreender a visão do gerente de RH diante da QVT, identificar o perfil dos funcionários da Matriz, verificar os fatores que influenciam na QVT na visão dos funcionários da Matriz e comparar os resultados com a visão do gestor, apontar os fatores favoráveis e desfavoráveis a QVT, propor sugestões. Para o levantamento dos dados, foram aplicados questionários junto aos colaboradores da empresa, e entrevista com o gerente. Os questionários e o roteiro de entrevista foram baseados na teoria de Walton (1973). Os resultados obtidos sobre a qualidade de vida no trabalho, encontrada na empresa Mini-Preço foram considerados favoráveis, havendo alguns fatores desfavoráveis, tais como compensação justa e adequada, uso e desenvolvimento de capacidades e integração na organização. Acredita-se que por ser a primeira pesquisa sobre o tema QVT na empresa, está poderá servir de base para a aplicação em outras filiais da empresa, e os seus resultados utilizados para melhoria no ambiente e na satisfação dos funcionários, procurando desta forma, alinhar a realização pessoal com a busca de resultados organizacionais. PALAVRAS-CHAVE: Administração, Recursos Humanos e Qualidade de Vida no Trabalho.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 - Elaboração do instrumento de coleta de d ados............................... 21

Quadro 2 – Indicadores de Qualidade de vida no trab alho. ............................... 38

Quadro 3 - Categorias conceituais de qualidade de v ida no trabalho – QVT ... 40

Figura 1 - Estrutura organizacional da empresa Mini -Preço .............................. 50

Quadro 4 – Compensação Justa e adequada ............ .......................................... 52

Quadro 5 – Condições de segurança e saúde no trabal ho................................. 53

Quadro 6 – Uso e desenvolvimento de capacidades .... ...................................... 54

Quadro 7 – Oportunidade de crescimento e segurança . .................................... 55

Quadro 8 – Integração social na organização ........ ............................................. 55

Quadro 9 – Constitucionalismo ...................... ...................................................... 56

Quadro 10 – Trabalho e o espaço total de vida ...... ............................................. 56

Quadro 11 – Relevância social da vida no trabalho .. .......................................... 57

Quadro 12 – Qualidade e qualidade de vida no trabal ho.................................... 57

Gráfico 1 – Média dos fatores que influenciam na QV T...................................... 68

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Número de funcionários na Matriz ........ .............................................. 19

Tabela 2 – Perfil dos colaboradores do Mini Preço.. ........................................... 58

Tabela 3 – Compensação justa e adequada............ ............................................. 61

Tabela 4 – Condições de segurança e saúde no trabal ho.................................. 62

Tabela 5 – Uso e desenvolvimento de capacidades .... ....................................... 63

Tabela 6 – Oportunidades de crescimento e segurança .................................... 64

Tabela 7 – Integração social na organização........ ............................................... 64

Tabela 8 – Constitucionalismo...................... ........................................................ 65

Tabela 9 – Trabalho e o espaço total de vida....... ................................................ 66

Tabela 10 – Relevância social da vida no trabalho .. ........................................... 67

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 14

1.1 Problema de pesquisa / justificativa ........... ................................................ 15

1.2 Objetivos do trabalho .......................... ......................................................... 17

1.3 Aspectos metodológicos ......................... .................................................... 17

1.3.1 Caracterização do trabalho de estágio..................................................... 18

1.3.2 Contexto e participantes da pesquisa ...................................................... 19

1.3.3 Procedimentos e instrumentos de coleta de dados.................................. 20

1.3.4 Tratamento e análise de dados................................................................ 22

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................ ................................................ 24

2.1 Administração.................................. ............................................................. 24

2.1.1 Administração como ciência..................................................................... 25

2.2 Administração de recursos humanos.............. ........................................... 28

2.3 A qualidade de vida no trabalho................ .................................................. 31

2.4 Os modelos de análise de QVT ................... ................................................ 36

2.4.1 O modelo de Nadler e Lawler (1983) ....................................................... 36

2.4.2 O modelo de Westley (1979).................................................................... 37

2.4.3 O modelo de Hackman e Oldham (1975)................................................. 39

2.4.4 O modelo de Walton (1973) ..................................................................... 40

3 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA DE CAMPO ............. ............................... 48

3.1 Caracterização da organização .................. ................................................. 48

3.1.1 Histórico ................................................................................................... 48

3.1.2 Estrutura organizacional........................................................................... 49

3.1.3 Visão ........................................................................................................ 50

3.1.4 Missão...................................................................................................... 50

3.1.5 Princípios e valores .................................................................................. 51

3.2 Resultados da pesquisa de campo ................ ............................................. 52

3.2.1 Compreensão da visão do gerente de RH quanto a QVT........................ 52

3.2.2 Perfil dos colaboradores........................................................................... 58

3.2.3 Fatores que afetam a QVT na percepção dos funcionários ..................... 60

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3.2.4 Sugestões de melhorias........................................................................... 69

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................. ..................................................... 70

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................... .............................................. 72

APÊNDICES ............................................................................................................ 77

DECLARAÇÃO DE DESEMPENHO DE ESTÁGIO ................ ................................ 82

ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS........................ ............................................ 83

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1 INTRODUÇÃO

Os supermercados começaram a surgir no Brasil na década de 1950, mas foi

apenas na segunda metade da década de 1960 que o estabelecimento se tornou

importante no varejo de alimentos, sendo que a partir do início da década seguinte,

passaria a comercializar a maior parte de produtos adquiridos pela população

brasileira, principalmente alimentos (SESSO FILHO, 2003).

Desde a década de 1980, o setor acompanhou a crise da economia brasileira,

voltando a apresentar altas taxas de crescimento na segunda metade da década de

1990. Dentro desta fase de grande crescimento, os supermercados passaram a

utilizar-se de novas tecnologias, destacando-se a automação comercial,

transferência eletrônica de dados, e as ferramentas da Resposta Eficiente do

Consumidor (ECR), as quais tornaram possível a diminuição de custos e

crescimento das empresas. (CONCHA-AMIN; AGUIAR, 2006).

O padrão de crescimento do setor supermercadista brasileiro tem

acompanhado as tendências de globalização econômica. Há evidências de aumento

de concentração de mercado, logo após a implantação do Plano real, em 1994, e

maior entrada de redes supermercadistas estrangeiras. Paralelamente ao aumento

da concentração, as fusões dentro do setor aumentaram expressivamente em

meados da década de noventa, enquanto a participação de redes estrangeiras,

como a francesa Carrefour , a norte-americana Wal Mart , a portuguesa Sonae e a

holandesa Royal Ahold , entre outras, se acentuou no País (AGUIAR; SILVA, 2002

apud CONCHA-AMIN; AGUIAR, 2006).

Com um mercado cada vez mais competitivo o fator humano pode ser

considerado um diferencial decisivo para o sucesso das organizações. Sendo assim,

vivemos em um tempo que vem sendo palco de importantes estudos e pesquisas

sobre motivação humana para o trabalho, em especial sobre a qualidade de vida no

trabalho que pode ser considerada de grande valia à produtividade e à

competitividade para qualquer empresa.

As organizações devem pensar em qualidade para poder agir com qualidade,

incumbindo este papel à empresa baseada na sua condição econômica, na sua

visão de mercado e na missão; crenças e valores programar a forma eficaz,

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transparente e ética para atender seu cliente frente às suas necessidades e

preocupações transmitindo a estes clientes a segurança necessária para se prestar

ao serviço proposto.

Para Alvarez e Magalhães (2006) a qualidade de vida no trabalho deve ser

considerada como uma gestão dinâmica, pois as organizações e as pessoas mudam

constantemente. Além disso, é contingencial, porque depende da realidade de cada

empresa no contexto em que está inserida.

Analisar a qualidade de vida no trabalho surgiu da necessidade encontrada

pela empresa Comercial de Alimentos Poffo Ltda. em compreender seus

funcionários, saber a visão que eles têm do ambiente organizacional que estão

inseridos.

Através da pesquisa de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT), pretendeu-se

diagnosticar o grau de satisfação dos colaboradores no local de trabalho, nas áreas

operacionais, e verificar se o mesmo interfere na qualidade da empresa Comercial

de Alimentos Poffo Ltda.

Portanto, segue o problema de pesquisa.

1.1 Problema de pesquisa / justificativa

Como a Qualidade de Vida no Trabalho se constitui num ponto vital, não só

para realização do homem no trabalho, mas também em toda a sua existência,

Rodrigues (1994) salienta que pode a QVT constituir uma importante tecnologia para

que as pessoas enfrentem problemas que são realmente de difícil resolução durante

a busca da sua satisfação motivacional.

Sendo assim, o trabalho caracteriza-se como relevante, pois melhorando a

qualidade de vida no trabalho, conseqüentemente ocorrerão melhorias na

produtividade.

Chiavenato (2004) explica que o estudo da QVT está diretamente ligado aos

estudos relacionados à qualidade dos produtos ou serviços que a empresa oferece,

atrelando qualidade e produtividade a qualidade de vida no trabalho.

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A abordagem da qualidade de vida no trabalho caracterizou-se como

importante, pois é necessário para toda e qualquer empresa possuírem em seu

quadro funcional, profissionais motivados, que busquem constantemente o alcance

dos objetivos organizacionais. Por não haver nenhum outro trabalho na área de

recursos humanos, a pesquisa classifica-se como original e importante, pois podem

ampliar-se os horizontes da empresa e possibilitar a realização de novos estudos.

Para Silva e De Marchi (1997) as empresas ao aplicarem um programa de

QVT, podem se beneficiar com uma força de trabalho mais saudável, menor

absenteísmo/rotatividade, menor número de acidentes, menor custo de saúde

assistencial, maior produtividade, melhor imagem e um melhor ambiente de trabalho.

Para Alves-Mazzotti e Gewanddsznajder (1999, p. 149) “[...] ‘problema de

pesquisa’ é definido como uma indagação referente à relação entre duas ou mais

variáveis. [...]”

Roesch (1999, p. 90) define “[...] um problema é uma situação não resolvida,

mas também pode ser a identificação de oportunidades até então não percebidas

pela organização.”

Portanto, apresenta-se como problema de pesquisa a seguinte questão:

Qual a percepção dos funcionários quanto à qualidad e de vida no trabalho na

empresa Comercial de Alimentos Poffo Ltda.?

Roesch (2005) destaca que justificar é descrever os motivos para a existência

da pesquisa. A autora ainda comenta que na justificativa deve se argumentar as

razões pelas quais o desenvolvimento do estudo é importante, viável e oportuno.

A QVT constitui importante passo para aquelas organizações que desejarem

sucesso organizacional. Rodrigues (1994, p. 95) admite "que a QVT é um ponto

vital, não só para realização do homem no trabalho, mas também em toda a sua

existência".

A pesquisa foi viável devido ao interesse da empresa em realizar a mesma

para obter informações de seu desempenho quanto a QVT, comprometendo-se

quanto ao fornecimento de informações, acesso a dados e aplicações de

questionários. Quanto aos custos para o desenvolvimento do trabalho, ficaram por

conta do acadêmico, sendo estes gastos mínimos.

Para o acadêmico, a pesquisa foi de grande valia, pois permitiu uma relação

entre uma parte da teoria e a prática, agregando conhecimento, contribuindo para

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um aperfeiçoamento e desenvolvimento profissional indispensável para um mercado

competitivo.

1.2 Objetivos do trabalho

Lakatos e Marconi (2000) afirmam que o objetivo geral está diretamente

ligado ao próprio significado da tese proposta pelo trabalho, de forma abrangente ao

tema.

O objetivo geral deste trabalho implica em identificar a qualidade de vida no

trabalho na percepção dos funcionários na Matriz da empresa Comercial de

Alimentos Poffo Ltda.

Roesch (1999, p. 98) aborda que “os objetivos específicos operacionalizam –

especificam o modo como se pretende atingir um objetivo geral.”

Os objetivos específicos são:

• Compreender a visão do gerente de RH diante da QVT;

• Identificar o perfil dos funcionários da Matriz;

• Verificar os fatores que influenciam na QVT na visão dos

funcionários da matriz e comparar com a visão do gestor;

• Propor sugestões.

1.3 Aspectos metodológicos

Este item refere-se à metodologia adotada para a elaboração do trabalho, o

tipo de pesquisa, a área de abrangência, a forma de coleta de dados, tratamento e

análise no desenvolvimento da pesquisa.

Richardson (1999) relata que o caminho para chegar ao objetivo fim é

chamado método, e metodologia são os procedimentos e regras utilizadas por um

determinado método.

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1.3.1 Caracterização do trabalho de estágio

A tipologia do trabalho adotada foi à pesquisa-diagnóstico, que conforme

explica Roesch (1999) consiste em explorar o ambiente possibilitando o

levantamento e definição de problema.

A pesquisa caracteriza-se de forma quantitativa, porém teve aporte

qualitativo. Qualitativa, pois buscou compreender a opinião do gerente diante da

QVT e quantitativa, pois buscou analisar a QVT dos funcionários.

Richardson (1999) explana que pesquisa qualitativa possui um caráter distinto

da pesquisa quantitativa, a pesquisa qualitativa pode ser caracterizada como a

tentativa de uma compreensão detalhada dos significados e características

situacionais apresentadas pelos entrevistados, em lugar da produção de medidas

quantitativas de características ou comportamentos. Desta forma, utilizou-se a

pesquisa qualitativa para descrever a visão do gestor do supermercado sobre a

qualidade de vida no trabalho.

Oliveira (1996), explica que a pesquisa quantitativa conforme o próprio termo

indica, significa quantificar opiniões, dados, nas formas de coleta de informações,

assim como também com o emprego de recursos e técnicas estatísticas desde as

mais simples, como percentagem, média, moda, mediana e desvio-padrão, até as

de uso mais complexo, como coeficiente de correlação.

A pesquisa quantitativa foi utilizada para responder o segundo e terceiro

objetivos específicos, identificando o perfil dos funcionários e suas percepções

diante da QVT.

A pesquisa teve como estratégia o estudo de caso, que Yin (2001) afirma ser

uma estratégia de pesquisa que busca examinar um fenômeno contemporâneo

dentro de seu contexto, que pode ser usado para caráter qualitativo e quantitativo.

Yin (2001) determina o estudo de caso como uma estratégia de pesquisa,

este pode ser empregado de modo exploratório (através de dados qualitativos),

descritivo (normalmente com evidência de dados quantitativos), e explanatório (uma

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tradução precisa dos fatos do caso; consideração de explicações alternativas destes

fatos; e conclusão baseada na explicação mais congruente dos fatos).

A pesquisa enquadra-se no nível descritivo. Para Roesch (1999), a pesquisa

descritiva possibilita ao pesquisador verificar a existência de relações entre

variáveis.

1.3.2 Contexto e participantes da pesquisa

Lakatos e Marconi (2000, p. 108) citam que “[...] o conceito de amostra é que

a mesma constitui uma porção ou parcela, convenientemente selecionada do

universo (população) [...]”.

Na etapa qualitativa inicial, foi realizada entrevista com o gerente de Recursos

Humanos, com o objetivo de compreender a visão de um dos gestores quanto a

QVT da empresa, para posteriormente ser confrontado com os resultados das

respostas dos funcionários.

Para alcançar o objetivo geral do trabalho foi necessário coletar dados

também junto aos funcionários da empresa Comercial de Alimentos Poffo Ltda.

Dessa forma, defini-se a população, sendo composta por 175 funcionários, conforme

Tabela 1.

De acordo com Barbetta (1999, p. 37), “chamamos de população a um

conjunto de elementos passíveis de serem mensurados, com respeito às variáveis

que se pretende levantar”.

Tabela 1 - Número de funcionários na Matriz Cargo Número de Funcionários

Açougueiro 14

Caixa 62

Recepcionista 4

Repositor 57

Limpeza 38

Total 175

Fonte: Dados secundários.

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Seguindo a fórmula de Barbetta (1999), pode-se tirar uma amostra de 122

funcionários na Matriz a serem questionados. Levando em consideração que a

margem de erro é de 5%.

Sendo assim, conforme Barbetta (1999), para calcular a amostra da matriz

utiliza-se a seguinte fórmula:

nº = 1 nº = 1 nº = 1 nº = 400

(E)² (0,05)² 0,0025

Após obter uma aproximação do tamanho da amostra conhecendo sua

população, procede-se ao ajuste do tamanho da amostra, através da fórmula:

n = N . nº n = 175 . 400 n = 122

N + nº 175 + 400

Onde:

nº = aproximação de tamanho da amostra

E = erro amostral tolerável

N = tamanho da população

n = tamanho da amostra

1.3.3 Procedimentos e instrumentos de coleta de dados

Para realização da pesquisa, é primordial a coleta de dados, para então,

atingir os objetivos propostos. Os dados foram de fontes primárias e coletados

através de entrevista e questionários.

Mattar (2005, p. 66) explica que “chamamos de fontes primárias ou diretas de

dados as que são portadores de dados brutos, ou seja, dados que nunca foram

coletados, tabulados e analisados”.

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Richardson (2007, p. 189) destaca que, “geralmente, os questionários

cumprem pelo menos duas funções: descrever as características e medir

determinadas variáveis de um grupo social”.

Marconi e Lakatos (2007) complementam que o questionário é um

instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas,

que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador.

Roesch (2007, p. 142) ainda cita que “o questionário é um instrumento para

coleta de dados que busca mensurar alguma coisa”, no caso deste estudo, a QVT

na percepção dos funcionários da empresa Comercial de Alimentos Poffo Ltda.

Quanto a elaboração do questionário, Malhotra (2006), afirma que

questionário é um conjunto formal de perguntas cujo objetivo é obter informações

dos entrevistados.

As afirmações do questionário foram subdivididas em duas partes. Na

primeira foram coletadas informações para traçar o perfil dos funcionários, com base

no referencial teórico de Luz (2003). Na segunda parte, os questionamentos foram

referentes à QVT, tendo como embasamento teórico Walton (1973).

Walton (1973) determina 8 fatores para avaliar a qualidade de vida no

trabalho, sendo assim, o Quadro 1 explica a elaboração do questionário.

Qualidade de vida no trabalho (WALTON, 1973)

Fatores Nº de Afirmações

1º - Compensação justa e adequada Três

2º - Condições de segurança e saúde no trabalho Seis

3º - Uso e desenvolvimento de capacidades Quatro

4º - Oportunidade de crescimento e segurança Três

5º - Integração social na organização Três

6º - Constitucionalismo Três

7º - O trabalho e o espaço social total de vida Três

8º - Relevância social da vida no trabalho Quatro

Total de Afirmações Vinte e nove

Quadro 1 - Elaboração do instrumento de coleta de d ados Fonte: Walton (1973)

Para o preenchimento do questionário, foi utilizado uma escala de

concordância de 1 (um) a 6 (seis), onde 1 (um) referia-se a grande discordância

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quanto à afirmação, e 6 (seis) grande concordância quanto ao item. Quanto à escala

Hair Jr. et al (2005) comentam que por julgamento do pesquisador, pode-se optar

por número ímpar ou par de categorias. Quanto se opta por número par, acredita-se

que não há probabilidade de porção da amostra sentir-se neutra, quanto ao item

questionado, isso é confirmado por Mattar (2005):

Escalas com número ímpar de categorias possuem um ponto neutro, enquanto as com número par não o possuem. [...] há uma tendência a muitos respondentes se posicionarem nestes pontos (ou por comodidade, ou por não desejarem se expor ou por terem dúvidas), enquanto nas escalas sem ponto neutro [...] são obrigados a tomar posições expressando certo grau de sentimento pró ou contra (MATTAR, 2005, p. 223).

Os dados foram obtidos por meio de levantamento amostral com escala de

atitudes, que Mattar (1997) sugere tratar-se de uma escala na qual os respondentes

são solicitados não só a concordarem ou discordarem das afirmações, mas também,

a informarem qual o seu grau de concordância ou de discordância.

Uma vez que a técnica para obtenção dos participantes foi à amostragem por

conveniência, onde a seleção das unidades amostrais é deixada em grande parte a

cargo do pesquisador (MALHOTRA, 2006), existia um risco de tendenciosidade ou

desvio do perfil desejado.

Seguindo a recomendação de Dumas (1994 apud GENTIL, 2008), o

questionário pré-teste serve eficientemente como mais uma fonte nas análises dos

resultados do teste, atenuando ou reforçando observações de desvios ou anomalias.

Segundo Mattar (1997, p. 234), “o pré-teste é tão importante para o

aprimoramento de um instrumento de coleta de dados que nenhuma pesquisa

deveria iniciar sem que o instrumento utilizado tivesse sido convenientemente

testado”.

1.3.4 Tratamento e análise de dados

O tratamento e análise de dados foram realizados de forma qualitativa e

quantitativa.

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Para Alves-Mazzotti e Gewanddsznajder (1999) a análise permite ao

pesquisador interpretar os resultados coletados tirando conclusões.

A análise qualitativa do entrevistado foi por meio de análise de conteúdo, que

segundo Roesch (1999, p. 169) é “o método que busca classificar palavras, frases,

ou mesmo parágrafos em categorias de conteúdo. Utiliza desde técnicas simples até

outras mais complexas, que se apóiam em métodos estatísticos [...]”. Os conteúdos

das entrevistas foram alocados dentro dos fatores de Walton (1973).

Para análise quantitativa dos questionários, os dados foram submetidos à

análise estatística descritiva (cálculo de médias e desvio-padrão), com o uso do

software Excel. Os dados foram apresentados por meio de quadros, tabelas e

gráficos, facilitando a visualização dos resultados.

Na opinião dos autores Cervo e Bervian (2005) a pesquisa descritiva observa,

registra, analisa e correlaciona os fatos sem manipulá-los, buscando conhecer as

diversas situações e relações que ocorrem na vida social, econômica, política, bem

como demais aspectos do comportamento humano, individualmente, como também

em grupos e comunidades.

“O pesquisador precisa saber exatamente o que pretende com a pesquisa, ou

seja, quem e (ou) o que deseja medir [...]” (MATTAR, 2005, p. 90). Neste sentido,

buscou descrever as características da população pesquisada, o seu perfil, tais

como faixa etária, nível educacional, renda, dentre outros.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo apresenta os pressupostos teóricos que serviram de base

para a realização do presente estudo. Foram considerados os seguintes itens:

Administração, Administração de recursos humanos, Qualidade de vida no trabalho

e os Modelos de análise de QVT.

2.1 Administração

A administração revela-se nos dias atuais como uma das áreas do

conhecimento humano mais impregnada de complexidade e de desafios. O

profissional que utiliza a administração como meio de vida, pode trabalhar nos mais

variados níveis de uma organização, assim como pode trabalhar nas diversas

especializações da administração, seja na área de RH, financeira, produção,

mercadológica ou mesmo na administração geral. Em cada nível e em cada

especialização da administração, as situações são altamente diversificadas.

Para Lacombe e Heilborn (2006, p. 8) “[...] a administração, da mesma forma

que quase todas as áreas do conhecimento humano, requer permanente

aprendizado”.

A aprendizagem é um processo contínuo e permanente para todos os que

desejam posições de alto nível, especialmente numa era de grandes mudanças

(LACOMBE; HEILBORN, 2006).

A administração para Chiavenato (1999, p. 1), “nada mais é do que a

condução das atividades de uma organização seja ela lucrativa ou não lucrativa”. A

administração trata do planejamento, da organização (estruturação), da direção e do

controle de todas as atividades diferenciadas pela divisão de trabalho que ocorrem

dentro de uma organização.

A administração é o alcance de metas organizacionais de maneira eficaz e

eficiente por meio de planejamento, organização, liderança, e controle dos recursos

organizacionais (DAFT, 2005).

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A missão da administração explica Caravantes (1998, p. 48) “é a interação da

relação de pessoas de qualquer empresa perante a um papel a ser desempenhado

por elas”.

Daft (2005, p. 7) afirma que:

A administração é tão importante porque as organizações são igualmente muito importantes. Em uma sociedade industrializada, na qual as tecnologias complexas dominam, as organizações reúnem conhecimento, pessoas e matérias-primas para realizar tarefas que um indivíduo sozinho não conseguiria.

A administração de acordo com Masiero (1996, p. 12), “é a ação de

administrar gestão de negócios públicos ou particulares, governo, regência”. É o

conjunto de princípios, normas e funções que tem por fim ordenar os fatores de

produção e controlar sua produtividade e eficiência.

Para Drucker (2001), a administração é uma ciência eminentemente

orientadora, buscando equacionar como quais coisas certas devem ser feitas, em

quais circunstâncias ou ambientes e por que. A administração é o ato de pensar e,

sobretudo, raciocinar a partir de uma bagagem de idéias que trazem ferramentas

que viabilizam a maximização dos resultados.

Masiero (1996) demonstra que a administração é a operacionalização e a

orientação para o campo de ação em que geralmente se utilizam as habilidades

práticas e concretas de como fazer e executar certas coisas de maneira correta e

eficiente. Geralmente utilizam-se habilidades conceituais de sentir, definir situações

e equacionar estratégias de ação adequadas e eficazes para aquelas situações.

2.1.1 Administração como ciência

Muitas pessoas se perguntam por que a história é importante para os

administradores. A perspectiva histórica proporciona um meio mais amplo de

pensar, de procurar modelos e determinar se eles se repetem de tempos em tempos

(DAFT, 2005).

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A administração é definida como sendo aquela que utiliza métodos da ciência

para tomar decisões e estabelecer um curso de ação. Todos os esforços são feitos

para obter informações completas, válidas e confiáveis (MASIERO, 1996).

A primeira teoria administrativa foi chamada escola da administração

científica, teoria baseada na divisão do trabalho em tarefas elementares e

praticamente indivisíveis e na especialização das pessoas na execução dessas

tarefas, visando a obter ganhos de produtividade (LACOMBE; HEILBORN, 2006).

Conforme Masiero (1996, p. 21) “a partir dessas preocupações, Frederick

Winslow Taylor, um engenheiro americano, conhecido como o ‘pai da

administração’, desenvolveu conceitos e experimentos que ganharam grande

aceitação”. Sua principal obra, Princípios de Administração Cientifica, publicada em

1911, revolucionou conceitos e métodos sobre a administração.

Para Taylor (1990), era imperativo desenvolver um método de trabalho para

todas as atividades industriais. Para desenvolvê-lo, foi necessário analisar cada

tarefa minuciosamente e buscar a melhor maneira de executá-la. O método por

excelência a ser seguido pelo trabalhador deveria conter a descrição da tarefa,

meios e prazos para execução. Caso o trabalhador produzisse mais peças que o

estabelecido, deveria receber um pagamento extra. Foram estabelecidos, dessa

forma, os incentivos monetários para motivar os trabalhadores, nascendo daí o

conceito de homem econômico.

O taylorismo caracteriza-se por uma alta desumanização do trabalho, pois

sua lógica é a do trabalho rápido, rotineiro e monótono (LACOMBE; HEILBORN,

2006).

Embora tenha sido conhecido como o “pai da administração científica”, Taylor

não estava só nessa área. Henry Gantt desenvolveu o Gráfico de Gantt – um gráfico

de barras que mede o trabalho planejado e concluído ao longo de cada estágio de

produção por tempo decorrido (DAFT, 2005).

Daft (2005) alegou que:

Dois outros importantes pioneiros nessa área foram o casal Frank B. e Lillian M. Gilbreth. Frank B. Gilbreth (1868-1924) foi pioneiro no estudo de tempos e movimentos e chegou a muitas de suas técnicas administrativas independentemente de Taylor. [...] Lillian M. Gilbreth (1878-1972) estava mais interessada no aspecto humano do trabalho. A “primeira-dama da administração” foi pioneira no campo da psicologia industrial e fez contribuições substanciais para a administração de Recursos Humanos.

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Lacombe e Heilborn (2006, p. 38) explicam que “a escola da administração

científica pressupunha que os objetivos das organizações e os funcionários

poderiam coincidir: o máximo de dinheiro para todos”. A maior motivação das

pessoas seria o ganho material.

Para Masiero (1996, p. 21), “os estudiosos da administração científica

agrupados na escola clássica, homem econômico significa que o trabalhador é

motivado única e exclusivamente por motivos econômicos”. Segundo este conceito,

o homem trabalha não porque gosta, mas por obrigação, pois necessita de dinheiro

para sobreviver.

Uma das tarefas da administração segundo Drucker (2001, p. 32), “é tornar o

trabalho produtivo e transformar o trabalhador em realizador. A empresa só possui

um recurso verdadeiro: o homem”.

Tornar o trabalho produtivo, portanto é uma função essencial, porém, ao

mesmo tempo na sociedade de hoje, essas organizações são cada vez mais os

meios pelos quais os seres humanos ganham sua sobrevivência, conseguem

acesso ao status social, à comunidade e à realização e satisfação individuais.

Transformar o trabalhador em realizador, possuindo condições dignas de trabalho

que lhe proporcione mais qualidade de vida na realização de suas atividades é,

portanto, cada vez mais importante.

As organizações, cada vez mais buscam diversos objetivos, sendo na sua

área de atuação ou até mesmo na prospecção de novos nichos de mercado e para

cada uma delas, esses objetivos são distintos, e devem ser buscadas as respostas

certas para cada tipo de ação, pois, como determina Chiavenato (2001, p. 2):

[...] não há duas organizações iguais, assim como não possui duas pessoas idênticas. Cada organização tem seus objetivos, seu ramo de atividade, seus dirigentes e seu pessoal, seus problemas internos e externos, seu mercado, sua situação financeira, sua tecnologia, seus recursos básicos, sua ideologia e política de negócio.

Em tempos mais atuais, a grande tarefa da administração é a de interpretar

os objetivos propostos pela organização e transformá-los em ação organizacional

por meio de planejamentos, organização, direção e controle de todos os esforços

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realizados na organização, com o intuito de alcançar tais objetivos da maneira mais

adequada à situação presente.

A organização segundo Chiavenato (2001, p. 25) “é um sistema de atividades

conscientes coordenadas de duas ou mais pessoas. A cooperação entre elas é

essencial para a existência da organização”.

O administrador é responsável pelo ambiente que é oferecido para que todos

trabalhem paralelamente com os objetivos organizacionais. Nesse sentido a

administração sofre transformações com o objetivo de facilitar o modo de obter

resultados por meio das pessoas (CHIAVENATO, 2001).

2.2 Administração de recursos humanos

Este trabalho abrange o tema de recursos humanos, pois seu foco principal é

voltado à qualidade de vida no trabalho, que está diretamente ligado a parte de RH.

O administrador de RH passou por uma metamorfose cultural acerca da

evolução natural dos acontecimentos envolvendo as organizações e o mercado de

trabalho, onde Marras (2000, p. 29) classifica que:

[...] acompanhando as diferentes mudanças nas titulações e no conjunto de responsabilidades inerentes a função de pessoal, o ocupante dessa posição, como era de esperar, também sofreu uma evolução natural no desenvolvimento do seu perfil personal e cultural, de forma a poder acompanhar as mudanças exigidas a cada nova fase desse importante trabalho.

O mesmo autor argumenta que foi na década de 30 que o cargo passou

realmente a exigir um ocupante típico para as funções de pessoal, sendo este

intitulado pelas regras a serem seguidas e cumpridas pela CLT, desenvolvendo

assim um profissional de advocacia para esta atividade.

Lacombe (2005, p.14) reforça: “Além de decidir a política de Recursos

Humanos a ser adotada, a empresa também deve deixar claros o posicionamento e

o tratamento dado às pessoas que nela trabalham”.

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Foi na fase tecnicista (1950 – 1965), que as mudanças para o perfil deste

profissional começou a ocorrer, as empresas focavam a importância de profissionais

com leve visão humanística como característica fundamental para exercer as

funções de GHR (Gerência de Recursos Humanos). (MARRAS, 2000).

Ainda segundo Marras (2000), na fase administrativa (1965 – 1985)

evidenciou-se concretamente a formação cultural e educacional do perfil do gestor

de RH. Era necessário ter uma visão holística com relação a outros nichos de

atuação no organograma da empresa, como marketing, finanças, economia,

produção entre outras, fixando uma exigência de profundo e atualizado

conhecimento acerca dos aspectos trabalhistas legais.

Dando continuidade a estas fases, que em 1985 emergiu-se a palavra

estratégia para este profissional, de um modo definitivo registrou-se este nos

organogramas das empresas.

Conforme Pontes (2006), para qualquer organização tornar-se moderna e

competitiva é necessária à aplicação da administração de cargos e salários, o

mundo dos negócios avança rapidamente e o funcionário torna-se uma peça de

suma importância para a produtividade da empresa.

O mesmo autor afirma que passada a fase áurea do sindicalismo e do

momento revolucionário dos trabalhadores, cristalizou-se a negociação como

instrumento valido e reconhecidamente eficaz, inclusive como matéria não mais

incluída tão somente nos conteúdos programáticos de cursos de treinamento, mas

também nos currículos escolares de graduação e pós-graduação das universidades,

nas faculdades de administração.

Aquino (1979, p. 48) conceitua que “a administração de recursos humanos

exerce fundamentalmente, um papel de coordenação entre os interesses da

empresa e os da mão-de-obra, tendo em vista seu equilíbrio”.

Essa área abrange um espaço muito importante na empresa, pois é nela que

estão as pessoas, uma organização somente tem um bom crescimento através de

uma boa qualificação pessoal, nela estão às idéias, para atingir os objetivos da

organização.

Deduz Milkovich e Boudreau (2000, p. 19), “os recursos humanos trazem o

brilho da criatividade para a empresa. As pessoas planejam e produzem os produtos

e serviços, controlam a qualidade, vendem os produtos, alocam recursos financeiros

e estabelecem as estratégias e objetivos para a organização”.

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Milkovich e Boudreau (2000) são complementados por Chiavenato (2004), no

que tange à percepção de que a pessoa é o recurso que traz vida à organização.

São as pessoas que “fazem acontecer”.

Os recursos humanos têm um valor financeiro para a empresa, muitas vezes

as decisões são tomadas depois de uma análise de custo e benefício, atingindo

também os custos com treinamento de pessoal, qualificação no trabalho, melhorias

no ambiente.

Para Milkovich e Boudreau (2000, p. 19), “a administração de RH é uma série

de decisões que formam as relações de trabalho, sua qualidade influencia

diretamente a capacidade da organização de seus empregados em atingir seus

objetivos”.

De acordo com Milkovich e Boudreau (2000, p. 30), “as várias condições

organizacionais afetam diretamente as decisões na área de RH: as estratégias, a

tecnologia, e a cultura organizacional”. Mesmo uma única empresa pode na

realidade ser formada por múltiplos ambientes organizacionais, envolvendo

ambiente interno e as diferentes condições externas entre suas diversas unidade.

Segundo Gil (2001, p. 13):

[...] a administração de RH é o ramo especializado da ciência da administração que envolve todas as ações que têm como objetivo a integração do trabalhador no contexto da organização e o aumento de sua produtividade. É, pois, a área que trata de recrutamento, seleção, treinamento, desenvolvimento, manutenção e avaliação de pessoal.

As relações humanas foram até hoje, primordialmente uma contribuição

negativa. Libertaram a administração do domínio de idéias erradas e viciosas, mas

não conseguiram substituí-las por novos conceitos (AQUINO, 1979).

Seu ponto de partida foi à psicologia do indivíduo, e não a análise do trabalho

e trabalhador. Como resultado considera irrelevante o tipo de trabalho de um

indivíduo, pois seria o relacionamento do trabalhador com seus colegas o

determinante da sua atitude, do seu comportamento e da sua eficácia (MARRAS,

2000).

Nesse sentido a administração de Recursos Humanos estabelece por meio

de seus processos políticos e estratégicos, melhorias entre o vínculo empresa e

funcionários.

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2.3 A qualidade de vida no trabalho

Este tema está sendo explanado para que se tenha um maior conhecimento

dessa área de RH, pois é com base nele que o trabalho está sendo desenvolvido.

O movimento de Qualidade de Vida no Trabalho teve sua origem em 1950 em

Londres, com a abordagem sócio-técnico estudando formas de melhorar a

organização do trabalho, com o objetivo de tornar a vida dos operários no trabalho

mais agradável e satisfatória (LIMONGI-FRANÇA, 2004).

Os trabalhos sobre QVT vinham sendo desenvolvidos até 1974, quando

ocorreu a grande crise energética e a alta inflação, principalmente nos Estados

Unidos, direcionando todos os esforços das empresas para a sua própria

sobrevivência, abandonando o interesse pelo tema (LIMONGI-FRANÇA, 2004).

Apoiado nos estudos de Vieira (1996) constata-se que apesar da origem da

QVT remota aos anos 50, somente na década de 60 tomaram impulso iniciativas de

cientistas sociais, líderes sindicais, empresários e governantes, na busca de formas

de organizar o trabalho a fim de minimizar os efeitos negativos dos empregos na

saúde e no bem-estar dos trabalhadores.

Apenas na década de 70, que o termo QVT foi publicado pelo Professor Louis

Davis (UCLA, Los Angeles), ampliando o seu trabalho sobre o projeto de

delineamento de cargos (VIEIRA, 1996).

Em 1979, o foco na QVT é dimensionado, agora agregando as técnicas de

gerenciamento dos japoneses relativo à Qualidade Total. Nesse contexto de

acirrada competição nos mercados internacionais, QVT passa a ser um conceito

geral. Tratava-se de imprimir uma nova conotação na vida organizacional onde as

necessidades dos trabalhadores passam a ser vistas como uma responsabilidade

social da empresa (VIEIRA, 1996).

No início da década de 80, pesquisadores perceberam que começou a haver

insatisfação e uma queda do compromisso por parte dos empregados com seus

trabalhos, fazendo voltar à tona a Qualidade de Vida no Trabalho especialmente nos

Estados Unidos, onde a preocupação com o aumento da competitividade a nível

mundial levou os americanos a se preocuparem com os novos estilos gerenciais

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desenvolvidos pelos japoneses, e com a relação entre programas de produtividade

centrados no empregado e os esforços de QVT (LIMONGI-FRANÇA, 2004).

Atualmente em países como Estados Unidos, Canadá, França, Suécia,

Alemanha, Itália, Dinamarca, Noruega e Holanda, os estudos sobre a QVT

encontram-se bastante desenvolvidos e encontram maior aceitação, devido a fatores

culturais. No Brasil o assunto qualidade de vida no trabalho é um tema relativamente

novo, embora algumas pesquisas estejam sendo desenvolvida, principalmente na

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Federal de Minas Gerais

e na Embrapa de Brasília, que já tem grupos de estudos sobre o tema constituídos

há vários anos (VIEIRA, 1996).

Por ser considerado um tema ainda recente no Brasil, não há uma definição

consensual na literatura sobre o significado exato de QVT, mas o ponto comum a

todos é que “a meta principal de tal abordagem volta-se para a conciliação dos

interesses dos indivíduos e das organizações, ou seja, ao mesmo tempo em que

melhora a satisfação do trabalhador, melhora a produtividade da empresa”.

(FERNANDES, 1996, p. 43).

Limongi-França (2004, p. 175), relata que:

Embora, historicamente, QVT esteja mais associada a questões de saúde e segurança no trabalho, seu conceito passa a sinalizar a emergência de habilidades, atitudes e conhecimentos em outros fatores, abrangendo agora associações como: produtividade, legitimidade, experiências, competências gerenciais e mesmo integração social.

Oliveira (2002, p. 24) afirma que as organizações pouco se importam com o

estado emocional do ser humano, muito menos com o que eles deixarão de fazer ou

terão que fazer para atingir as metas absurdas estipuladas. Ainda em conformidade

com o consultor citado, essa tensão organizacional tem causado doenças que vêm

atingindo milhares de trabalhadores, independentes da sua posição na organização.

É possível desenvolver programas de qualidade total como um modelo que

transforme as organizações em agentes de responsabilidades sociais, com

expectativas éticas e apoio organizacional aos seus funcionários (FERNANDES,

1996).

Não há programas de qualidade que tenham uma repercussão efetiva sem

que adicione programas de qualidade humana.

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Isso equivale dizer que promovam uma melhor comunicação e um senso

corporativo maior. É uma estratégia que as organizações podem utilizar com vistas a

renovar os procedimentos de organização no trabalho, conjugando satisfação do

empregado à produtividade das empresas. Assim, a tecnologia da QVT está

direcionada para as reformulações a nível do trabalho, objetivando maior eficácia e

produtividade ao mesmo tempo em que atende às necessidades básicas dos

trabalhadores (FERNANDES, 1996).

Para Hanashiro, Teixeira e Zaccarelli (2007), QVT é o conjunto de ações

empresariais que visa o implante de melhorias quer seja de inovações gerenciais,

tecnológicas e/ou estruturais no ambiente de trabalho, preocupando-se com a saúde

e o bem-estar dos empregados.

“A Qualidade de Vida no Trabalho é afetada por questões comportamentais

que dizem respeito às necessidades humanas e aos tipos de comportamentos

individuais no ambiente de trabalho, como: variedade, identidade de tarefas e

retroinformação” (LIMONGI-FRANÇA, 2004, p. 34).

Para Monaco e Guimarães (2000) os conceitos de qualidade estudados,

constatam que este é um modelo de racionalização que visa em primeiro lugar, à

máxima produtividade e a redução de custos, tentando, de todas as formas, voltar a

empresa ao atendimento das reais necessidades dos seus clientes; entretanto a

preocupação das empresas em relação ao seu micro e macro ambiente, onde o

processo de melhoria contínua faz com que as pessoas deixem de ser meros

empregados para assumirem um papel de colaboradores, demonstra que é

necessário o envolvimento das pessoas para se alcançarem as metas do programa;

contudo observa-se nos discursos funcionalistas e gerenciais que a preocupação

das empresas com a introdução de novas técnicas de gestão e desenvolvimento

constante do pessoal, tem por objetivo maior alcançar ganhos de produtividade, e

somente em última instância melhorar o bem-estar e as condições de trabalho das

pessoas.

Portanto entende-se que a qualidade de vida deve ser uma preocupação

compreendida e incorporada ao discurso daqueles que buscam a qualidade total.

Neste momento, cabe registrar que a conceituação de qualidade de vida no trabalho

é bastante ampla e proporciona várias interpretações (MONACO; GUIMARÃES,

2000).

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Qualidade de vida no trabalho como instrumental gerencial vai muito além da

obtenção de um bom salário. Outras considerações devem ser feitas a sua correta e

adequada implementação (VASCONCELOS, 2001).

Vasconcelos (2001) relata que, se passamos a maior parte de nossas vidas

nas organizações, nada mais natural que transformar o lugar de trabalho em um

ambiente mais saudável para a execução das tarefas. Locais onde se podem passar

algumas horas criando e realizando o trabalho com qualidade de vida, satisfação e

alegria.

Para Alvarez e Magalhães (2006) a qualidade de vida no trabalho deve ser

considerada como uma gestão dinâmica porque as organizações e as pessoas

mudam constantemente e é contingencial, porque depende da realidade de cada

empresa no contexto em que está inserida. Além disso, pouco resolve atentar-se

apenas para fatores físicos, pois aspectos sociológicos e psicológicos interferem

igualmente na satisfação dos indivíduos em situação de trabalho, sem deixar de

considerar os aspectos tecnológicos da organização do próprio trabalho, que, em

conjunto, afetam a cultura e interferem no clima organizacional com reflexos na

produtividade e na satisfação dos empregados.

Para Hackman e Suttle (1977 apud QUIRINO; XAVIER, 1987, p. 72), a

qualidade de vida refere-se à satisfação das necessidades da pessoa. Ela afeta

atitudes pessoais e comportamentos, tais como criatividade, vontade de inovar,

aceitar as mudanças mais facilmente, adaptar-se a mudanças quanto o ambiente de

trabalho, são fatores importantes para a produtividade do indivíduo. Entretanto,

afirma que a qualidade de vida no trabalho, não é o único determinante da

produtividade.

Hackman e Suttle (1977 apud QUIRINO; XAVIER, 1987, p. 73), relataram

que a qualidade de vida miserável e provavelmente em deterioração nas

organizações de trabalho americanas modernas é a maior causa da

improdutividade, da alienação do trabalhador quanto a suas tarefas, da insatisfação

do emprego, declínio de trabalhadores e de indústrias, intensificação no uso de

drogas e álcool, e aumento de sabotagens, roubos etc.

Para Morin (2001) existem três estados psicológicos que teriam um impacto

na satisfação e motivação de uma pessoa em seu trabalho: o sentido da função

exercida, o sentimento de responsabilidade nos resultados obtidos e o

conhecimento do seu desempenho.

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Além desses aspectos intrínsecos ao trabalho, existem aspectos extrínsecos

que podem afetar o comprometimento no trabalho, como salário, condições físicas e

materiais e as regras organizacionais. Embora existam diferenças individuais que

podem comprometer o desempenho no trabalho, esses fatores contribuem

consideravelmente para a melhoria da qualidade de vida no trabalho (MORIN,

2001).

Oliveira e Limongi-França (2005) relatam a melhoria das condições de vida

e da saúde tem sido um tema de crescente importância, já que impacta indireta ou

diretamente a produtividade das pessoas, e os resultados obtidos pelas

organizações.

Para Oliveira e Limongi-França (2005) todas as ações que a empresa e os

empregados desenvolvem na busca da integração biopsicossocial e do controle dos

fatores de riscos ocupacionais estão ligadas à gestão da qualidade de vida no

trabalho. O foco de análise são as ações de qualidade de vida no trabalho

desenvolvidas no escopo de Gestão de Pessoas, tais como: atividades associativas

e esportivas; eventos de turismo e cultura; atendimento à família; processos de

seleção e avaliação de desempenho, carreira, remuneração e programas

participativos, que exercem sem dúvida influência sobre a qualidade de vida dos

funcionários; medidas ergonômicas e de cuidados com a alimentação

Morin (2001) analisou que a organização do trabalho deve oferecer aos

trabalhadores a possibilidade de realizar algo que tenha sentido, de praticar e

desenvolver suas competências, de exercer seus julgamentos e seu livre arbítrio, de

conhecer a evolução de seu desempenho e de se ajustar.

Quirino e Xavier (1987) relatam a importância da confiança e respeito

mútuos entre administradores e empregados, num clima de confiança, o trabalhador

pode aumentar suas oportunidades de êxito psicológico e a administração pode

sentir menos necessidades de implantar sistemas de controle rígidos. Mas se o

clima de confiança é baixo, os empregados podem procurar infringir varias regras

administrativas e levar adiante a transgressão. Descrevendo o ambiente pode-se

então afirmar que a cultura pode influenciar as ações organizacionais em termos de

valores inculcados na classe administrativa que influenciam o comportamento da

organização.

É conveniência política, estratégia administrativa e posicionamento

humanístico que uma empresa cuide de melhorar a qualidade de vida no trabalho de

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seus colaboradores, e por sua vez, é desejável que as áreas organizacionais

encarregadas em administrar salários indiretos sejam mais eficientes em divulgá-los

e mostrar sua importância como complementação dos salários diretos, fazendo

assim a qualidade de vida no trabalho subir (QUIRINO; XAVIER, 1987).

Para Morin (2001) não se deve cometer negligência ao colocar em prática

condições de trabalho que proporcionem aos trabalhadores os sentimentos de

segurança e de autonomia necessários para seu desenvolvimento. Os salários e

condições de trabalho devem ser discutidos e estudados seriamente. É Importante

que a carga horária se adequada, pois não existe algo mais absurdo que ser pago

para não fazer nada. Esta última exigência nos leva de volta ao ponto de partida,

indicando a preocupação com relação à utilidade e eficácia que apresentam os

indivíduos com quem nos encontramos.

2.4 Os modelos de análise de QVT

Nas décadas passadas muitas foram as abordagens sobre QVT por

diversos autores. Neste item serão apresentadas algumas destas, enfatizando que o

modelo utilizado para este estudo é o de Walton (1973).

2.4.1 O modelo de Nadler e Lawler (1983)

Búrigo (1997) alega que o modelo de Nadler e Lawler (1983) pode ser

definido através de atividades que podem compreender como representativas de

esforços empreendidos para alcançá-las.

Para os autores a QVT consiste na busca de maximizar a produtividade,

porém sem desconsiderar os aspectos da motivação e da satisfação do indivíduo

(SOUZA et al, 2005).

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Nadler e Lawler (1983 apud VIEIRA, 1996) citam como indicadores que

compõem a qualidade de vida no trabalho:

• Participação nas decisões;

• Reestruturação do trabalho através de enriquecimento de tarefas e

grupos de trabalho autônomo;

• Inovação no sistema de recompensas com remunerações financeiras e

não-financeiras;

• Melhoria do ambiente de trabalho no que se refere as horas de trabalho,

condições, regras e meio ambiente físico entre outros.

Dourado e Carvalho (2005) confirmam que o modelo de Nadler e Lawler

(1983), propõe um sistema de recompensas que visa relacionar os resultados

obtidos pelos indivíduos e a compensação extra, ou seja, a associação entre

desempenho e recompensas tem por objetivo motivar o trabalhador, acarretando

assim, uma busca por maiores salários através de maiores resultados.

Conforme Souza et al (2005, p. 5), “esses indicadores interferem no clima

organizacional e podem ser direcionados à obtenção de um ambiente de trabalho

favorável”. O autor complementa que para o sucesso dos projetos de QVT, há mais

seis fatores determinantes: a percepção da necessidade; o foco do problema

destacado na organização; a estrutura para identificação e solução do problema;

teoria/modelo de projeto de treinamento e participantes; as compensações

projetadas para os processos assim como para os resultados; os sistemas múltiplos

afetados e o amplo envolvimento da organização.

2.4.2 O modelo de Westley (1979)

Para Fernandes (1996), outro modelo para analisar a QVT é o referenciado

na literatura de Westley (1979), segundo o qual a avaliação da qualidade de vida é

baseada em quatro indicadores: econômico, político, psicológico e sociológico, que

afetam ou se tornam obstáculos à QVT.

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Ruschel (1993) aborda o modelo de Westley (1979), relacionando a

organização do trabalho com a qualidade de vida, apresentando uma avaliação mais

critica das relações de produção originadas do modelo capitalista.

Limongi-França e Arellano (2002) afirmam que a participação de

funcionários, associações de classe, sindicatos e partidos políticos é fundamental

para a manutenção do bem-estar intra-organizacional.

Fernandes (1996) ressalta que os problemas econômicos trariam a injustiça;

o político, a insegurança; o psicológico, a alienação; e o sociológico, a anomia.

INDICADORES DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

ECONÔMICO POLÍTICO PSICOLÓGICO SOCIOLÓGICO

Equidade Salarial Segurança Emprego Realização Potencial Participação nas

Decisões

Remuneração

Adequada Atuação Sindical Nível de Desafio Autonomia

Benefícios Retroinformação Desenvolvimento

Pessoal

Relacionamento

Interpessoal

Local de Trabalho Liberdade de

Expressão

Desenvolvimento

Profissional

Grau de

Responsabilidade

Carga horária Valorização do Cargo Criatividade

Auto-Avaliação

Variedade Tarefa Ambiente externo Relacionamento com a

Chefia Indent. c/ Tarefa

Valor Pessoal

Quadro 2 – Indicadores de Qualidade de vida no trab alho. Fonte: Westley (1979 apud FERNANDES, 1996).

El-Aouar e Souza (2003) concluem que as quatro dimensões no modelo de

Westley (1979), estão relacionadas ao trabalho e suas manifestações, tanto

individual como social, são consideradas segundo indicadores que podem ser causa

de injustiça e insegurança, de alienação e de ausência de leis e regulamentos.

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2.4.3 O modelo de Hackman e Oldham (1975)

Fernandes (1996) afirma que o modelo de Hackman e Oldham se apóia em

características objetivas do trabalho.

Este é um dos modelos mais conhecidos e utilizados por pesquisadores,

analisa a qualidade de vida apoiando-se em pontos objetivos das tarefas executadas

não ambiente organizacional (PAIVA et al., 2002).

Segundo os autores, este modelo demonstra que os "resultados pessoais e

de trabalho", são obtidos através da presença de "estados psicológicos críticos", os

quais seriam capazes de determinar a motivação e a satisfação do indivíduo em

relação ao seu trabalho (VIEIRA, 1996).

“A QVT é entendida pelos autores como a combinação das dimensões da

tarefa que produzem motivação e satisfação em diferentes graus, com a capacidade

de gerar atitudes e condutas distintas nas pessoas em ambiente organizacional”

(SAMPAIO, 2004, p. 63).

De acordo com Rodrigues (1994), o modelo de Hackman e Oldham é

considerado muito importante para analisar a QVT. Conforme tais autores, a

qualidade de vida no trabalho pode ser avaliada em termos de:

• Dimensões das tarefas: destacando seis aspectos importantes para a

satisfação do trabalhador: variedade de habilidades, identidade das tarefas,

significação das tarefas, inter-relacionamentos, autonomia e feedback;

• Estados psicológicos críticos: envolvendo significância percebida do

trabalho, responsabilidade percebida pelos resultados do trabalho e

conhecimento real dos resultados do trabalho;

• Resultados pessoais e do trabalho: inclui a satisfação geral e a

motivação para o trabalho de alta qualidade, bem como o absenteísmo e a

baixa rotatividade

Oliveira (1999, p. 3) conclui que o “modelo de Hackman e Oldham faz uma

relação direta entre a satisfação e a natureza da tarefa”.

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40

2.4.4 O modelo de Walton (1973)

Por meio de pesquisas Walton buscou identificar os fatores e dimensões

que afetam de maneira mais significativa o trabalhador, sendo este o modelo

referencial para elaboração dos instrumentos de pesquisa do presente estudo.

Walton (1973 apud VIEIRA, 1996) propõe oito "categorias conceituais" com

o objetivo de fornecer uma estrutura para analisar as características notáveis da

Qualidade de Vida no Trabalho, como apontadas no Quadro 3.

FATORES DIMENSÕES

1-Compensação Justa e Adequada

Renda adequada ao trabalho Equidade interna e externa Justiça na compensação Partilha dos ganhos de produtividade

2-Condições de Trabalho Jornada de trabalho razoável Ambiente físico seguro e saudável

3-Uso e desenvolvimento de capacidades

Autonomia Significado da tarefa Identidade da tarefa Feedback

4-Oportunidade de crescimento e segurança

Possibilidade de carreira Crescimento pessoal Perspectiva de avanço salarial Segurança de emprego

5-Integração social na Organização Ausência de preconceitos Igualdade de tratamento Senso comunitário (cooperação)

6-Constitucionalismo

Direito de proteção do trabalhador Privacidade pessoal Liberdade de expressão Tratamento imparcial Direitos trabalhistas

7-O trabalho e o espaço total de vida

Papel balanceado no trabalho Estabilidade de horários Poucas mudanças geográficas Tempo para lazer da família

8-Relevância social do trabalho na vida

Imagem da empresa Responsabilidade social da empresa Responsabilidade pelos produtos Responsabilidade para com os funcionários

Quadro 3 - Categorias conceituais de qualidade de v ida no trabalho – QVT Fonte: Walton (1973 apud VIEIRA, 1996).

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A expressão Qualidade de Vida tem sido usada com crescente freqüência para descrever certos valores ambientais e humanos negligenciados pelas sociedades industriais em favor do avanço tecnológico, da produtividade e do crescimento econômico (WALTON, 1973 apud RODRIGUES, 1994, p. 81).

Pelo fato do modelo de Walton ser amplo, abordando questões

elementares da situação do trabalho incluindo fatores higiênicos, condições físicas,

aspectos relacionados à segurança e remuneração, sem descuidar dos demais

fatores, foi escolhido como referencial teórico para a elaboração desta pesquisa.

Cunha et al (2008) finalizam afirmando que esta abordagem se

fundamentou em um enfoque sócio-técnico, interagindo dois grupos: indivíduo e

organização.

Segue explicação dos fatores do modelo de Walton (1973) segundo a

concepção de autores pesquisados.

2.4.4.1 Compensação adequada e justa

Fernandes (1996) evidencia que a compensação adequada e justa, refere-

se ao salário justo ou a adequação entre o trabalho e o pagamento em seus

diversos níveis relacionados entre si. Acrescenta Vasconcelos (2001), que a

compensação adequada e justa da remuneração ao trabalhador é aquela que

respeita a equidade interna e a equidade externa.

Este fator divide-se em três dimensões:

a) Remuneração adequada: remuneração que supra as necessidades do

indivíduo, para que possa viver dignamente dentro de seu contexto social;

b) Equidade interna: destaca o equilíbrio nas remunerações dos

colaboradores no ambiente interno, ou seja, dentro da organização;

c) Equidade externa: destaca o equilíbrio da remuneração em relação a

outros profissionais no mercado de trabalho externo a organização.

Para Walton (1973), o trabalho primeiramente é um meio de o indivíduo

ganhar a vida. A honestidade da compensação pode ser focalizada de várias

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maneiras, como por exemplo, pelas relações entre salário e talentos, demanda de

mão-de-obra ou média de compensação da comunidade em questão (RODRIGUES,

1994).

2.4.4.2 Condições de segurança e saúde no trabalho

Este item analisa as condições do ambiente de trabalho oferecidas aos

empregados para a execução de suas atividades. Envolvendo a jornada e carga de

trabalho, materiais e equipamentos disponibilizados para a execução das tarefas e

ambiente saudável (VIEIRA, 1996).

Horário razoáveis reforçados por um período normal de trabalho padronizado; condições físicas de trabalho que reduzem ao mínimo o risco de doenças e danos; limite de idade imposto quando o trabalho é potencialmente destrutivo para o bem-estar das pessoas abaixo ou acima de uma certa idade (WALTON, 1973 apud RODRIGUES, 1994).

Fernandes (1996) acrescenta mencionando que o trabalhador não deve ser

exposto a condições físicas e psicológicas prejudiciais a sua saúde, sendo que este

fator somente poderá ser avaliado se verificado as seguintes dimensões:

a) Jornada de trabalho: refere-se ao número de horas trabalhadas, estando

ou não de acordo com a legislação trabalhista, assim como sua relação com as

tarefas a serem realizadas.

b) Carga de trabalho: envolve à quantidade de tarefas exigidas para um

turno de trabalho.

c) Ambiente físico e saudável: refere-se ao local e condições de trabalho,

sendo que proporcione a redução dos riscos de danos físicos e doenças, condições

de segurança, bem estar (conforto), além do fator organização.

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43

2.4.4.3 Uso e desenvolvimento de capacidades

Neste fator Walton afirma que as organizações devem proporcionar a seus

colaboradores oportunidades destes satisfazerem as necessidades de utilização de

suas habilidades e conhecimentos, desenvolver sua autonomia, autocontrole e obter

informações sobre o processo total do trabalho, bem como retro informação quanto

a seu desempenho, conforme explica Amorim (2007).

Walton estabelece cinco requisitos básicos para que os colaboradores

possam usar e desenvolver suas habilidades (FERNANDES, 1996):

a) Autonomia: refere-se a liberdade que o trabalhador possui para

programar e executar seu trabalho;

b) Significado da tarefa: refere-se a importância do trabalho realizado na

vida, assim como no trabalho de outras pessoas, internas ou externas a

organização;

c) Identidade da tarefa: refere-se a amplitude da tarefa na sua integridade e

na avaliação do resultado;

d) Variedade da habilidade: é a possibilidade do trabalhador estar sendo

informado acerca de seu desempenho em relação ao seu trabalho como um todo;

e) Retroinformação: avalia se o colaborador está sendo informado sobre

seu desempenho em relação ao trabalho realizado.

Vieira (1996, p. 45) comenta que o uso e desenvolvimento de capacidades

"refere-se às possibilidades do trabalhador satisfazer suas necessidades de

utilização da habilidade e de conhecimento [...].

2.4.4.4 Oportunidade de crescimento contínuo e segurança

Neste item é comentado a oportunidade de crescimento, promoção, auto-

desenvolvimento dos funcionários na organização, incluindo expectativas para

trabalhos futuros (RODRIGUES, 1994).

Conforme cita Fernandes (1996), as dimensões desse fator são:

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a) Possibilidade de carreira: refere-se a oportunidades de avanço na

carreira e que esses sejam reconhecidos pela organização;

b) Crescimento pessoal: refere-se a oportunidades de aperfeiçoamento

como educação continuada das potencialidades do indivíduo e sua aplicação.

c) Segurança de emprego: grau de segurança dos colaboradores em

relação a sua permanência no emprego.

Vieira (1996, p. 45) menciona que oportunidade de crescimento e

segurança "está relacionada às possibilidades que o trabalho oferece em termos de

carreira na empresa, de crescimento e desenvolvimento pessoal e de segurança no

emprego de forma mais duradoura", sendo assim este fator é positivo para a

qualidade de vida no trabalho do setor.

Vasconcelos (2001) acrescenta que neste fator pode-se observar, através

das ações e políticas da empresa, o quanto suas práticas empresariais estão de fato

relacionadas com o respeito e a valorização do empregado.

2.4.4.5 Integração social na organização

Comenta Amorim (2007), que no fator integração social na organização

incluem-se as práticas de convívio ao bom relacionamento, através da eliminação de

barreiras hierárquicas marcantes, apoio mútuo, franqueza interpessoal e ausência

de preconceitos.

Vieira (1996) destaca que este item inclui as práticas de cultivo ao bom

relacionamento nas organizações: eliminação de barreiras hierárquicas marcantes,

apoio mútuo, franqueza interpessoal e ausência de preconceitos. Sendo definidas

por Fernandes (1996) as seguintes dimensões para este fator:

a) Igualdade de oportunidades: refere-se a oportunidades de todos os

colaboradores crescerem dentro da organização.

b) Relacionamento: refere-se ao grau de relacionamento interpessoal,

marcado por auxílio recíproco, apoio sócio-emocional e respeito as individualidades.

c) Senso comunitário: nível de senso de comunidade existente na

organização.

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2.4.4.6 Constitucionalismo

O fator constitucionalismo comentam Cunha et al (2008), mede o grau em

que as leis e os direitos trabalhistas estão sendo cumpridos pela organização.

Para Fernandes (1996) o constitucionalismo são os direitos e deveres dos

empregados. Implica respeito às leis trabalhistas, a privacidade pessoal e a

liberdade de expressão. Sendo estabelecidas as seguintes dimensões:

a) Direitos trabalhistas: refere-se ao cumprimento dos direitos dos

trabalhadores;

b) Privacidade pessoal: grau de privacidade que o funcionário possui dentro

da organização;

c) Liberdade de expressão: refere-se a possibilidade de o funcionário

expressar seus pontos de vista a seus superiores.

d) Normas e rotinas: refere-se ao grau de influência das normas e da rotina

na execução de suas tarefas.

Na concepção de Walton (1973 apud RODRIGUES, 1994, p. 84) "as

normas que estabelecem os direitos e deveres dos trabalhadores são elementos

chaves para fornecedor uma elevada QVT".

2.4.4.7 O trabalho e o espaço total de vida

Walton (1973) enfatiza que o fator, o trabalho e o espaço total de vida

podem ser mais bem representados com a idéia de equilíbrio.

Valle e Vieira (2004, p. 70) ainda complementam "que o trabalho, muitas

vezes, pode ter efeitos positivos ou negativos sobre outras esferas da vida do

trabalhador, assim como a relação com sua família".

Na visão de Chiavenato (1999, p. 393) "o trabalho não deve absorver todo o

tempo e energia do trabalhador em detrimento de sua vida familiar e particular, de

seu lazer e atividades comunitárias". Este fator menciona a importância de haver um

equilíbrio entre a vida pessoal e no trabalho.

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Fernandes (1996) evidencia as seguintes dimensões do trabalho e o espaço

total de vida:

a) Papel balanceado no trabalho: refere-se a possibilidades de equilíbrio

entre a jornada de trabalho, suas exigências e o tempo disponibilizado para viagens,

família, enfim tudo o que abrange a esfera pessoal do trabalhador.

b) Horário de entrada e saída: refere-se ao equilíbrio entre os horários de

entrada e saída do trabalhador na organização e como esse interfere na via pessoal.

2.4.4.8 Relevância social da vida no trabalho

Valle e Vieira (2004) comentam que este fator refere-se à forma como o

colaborador percebe a imagem da organização, sua visão da empresa onde

trabalha, assim como a visão da organização a ele enquanto trabalhador, como

valoriza ou desvaloriza o trabalho por ele realizado.

Imagem da empresa, perante a sociedade, como é vista em relação à

responsabilidade social na comunidade, à qualidade dos produtos, práticas de

empregos e serviços (VASCONCELOS, 2001).

Fernandes (1996) utilizando o comentário de Walton (1973) ressalta que

algumas organizações agem de forma a depreciar seus serviços/produtos, podendo

assim afetar a auto-estima de seus empregados. E se o funcionário não perceber a

importância do trabalho, poderá não ver expectativas de reconhecimento pelo

mesmo. Esse fator contempla as seguintes dimensões:

a) Imagem da empresa: visão dos colaboradores em relação à organização;

b) Responsabilidade social da organização: percepção dos colaboradores

quanto a responsabilidade social da organização perante a comunidade;

c) Responsabilidade social pelos produtos/serviços: percepção dos

colaboradores quanto a responsabilidade da organização com a qualidade;

d) Responsabilidade social pelos funcionários: percepção dos

colaboradores no que refere-se a sua valorização e participação na organização;

Na visão de Souza et al (2005) as oito dimensões apresentadas por Walton

é uma proposta ampla, que ultrapassa o limite do trabalho alcançando o espaço total

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de vida do indivíduo . Considera que a QVT também pode ser expressada por

caracterizar determinados valores ambientais e humanos que foram negligenciados

em favor do avanço da tecnologia, da produtividade industrial e do crescimento

econômico.

Donaire, Zacharias e Pinto (2005) afirmam que as oito dimensões inter-

relacionadas formam um conjunto que permite diagnosticar os pontos percebidos

pelos trabalhadores como positivos ou negativos na sua situação de trabalho,

possibilitando a organização verificar em quais pontos de qualidade de vida no

trabalho devem melhorar para aumentar a satisfação de seus colaboradores.

O modelo de Walton é caracterizado, pela integração entre as características

individuais e organizacionais, abrangendo a integração da vida pessoal e familiar do

trabalhador e o ambiente organizacional.

O modelo acima exposto serve de base para nortear uma pesquisa, pela

larga abrangência dos seus critérios, podendo ainda ser enriquecido com outros

critérios, levando-se em consideração peculiaridades da empresa ou do ramo de

atividade, bem como o contexto sócio-econômico no qual está inserida.

São vários os estudos sobre QVT, onde cada autor aborda o assunto sob

seu ponto de vista, porém sempre com o mesmo objetivo: a preocupação em facilitar

ou trazer satisfação e bem-estar ao trabalhador na execução de sua tarefa.

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3 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA DE CAMPO

Este capítulo apresenta o resultado da pesquisa enfatizando a

caracterização da empresa e os demais objetivos propostos no trabalho.

3.1 Caracterização da organização

Esta etapa tem como objetivo apresentar informações referentes à empresa

Comercial de Alimentos Poffo Ltda., com destaque ao histórico, ramo de atividade,

produtos, visão, missão, valores, filosofia e mercados, dentre outros aspectos

pertinentes da empresa.

3.1.1 Histórico

A Comercial de Alimentos Poffo LTDA foi criada no dia 19 de maio de 2001.

Com nome fantasia representado por “Mini Preço”, atua no setor supermercadista na

região de Santa Catarina. Sob o comando da senhora Honorata Poffo, iniciou suas

atividades com 23 filiais e 1 Central de Distribuição localizada em Itajaí. Neste ano

havia 1507 funcionários permanentes no quadro da empresa.

As filiais estavam presentes nas seguintes cidades: 1 em Timbó, 2 em Indaial,

5 em Blumenau, 3 em Balneário Camboriú, 2 em Brusque, 3 em Camboriú e 7 em

Itajaí.

Como a empresa nasceu devido a uma cisão entre os Supermercados Vitória

– que era comandada pelo senhor Cidio Sandri - ela começou herdando metade das

filiais dos Supermercados Vitória e metade de suas frotas, etc. inclusive, com

metade de suas dívidas, que eram R$ 7.000.000,00 na época.

Naquela época, a concorrência era menor, tendo apenas como principal

concorrente dentro do estado os Supermercados Angeloni, o mercado também não

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era tão exigente como hoje, e devido a mudanças com o passar dos anos, tendo em

conta ainda parte da dívida, foi muito difícil manter a empresa com capital de giro e

capital para investimentos.

No começo a empresa teve muita dificuldade para continuar com credibilidade

junto aos seus fornecedores, pois no momento da cisão, havia contas a serem

pagas, e os Supermercados Vitória não quitaram sua parte, assim, por ser uma

empresa familiar, os fornecedores achavam-se no direito de cobrá-las do Mini Preço.

Hoje todas as dívidas foram quitadas, e seus problemas com fornecedores já não

existem mais. Existe uma boa relação e parcerias em sua grande maioria.

Devido a alguns problemas internos, e decisão dos diretores, ao longo dos

anos, a organização foi encerrando as atividades em algumas de suas filiais, tais

como a de Timbó, 1 Indaial, 2 em Blumenau, 1 em Balneário Camboriú, 1 em

Brusque, 2 em Camboriú e 2 em Itajaí. Hoje permanece com 13 filiais, sua Central

de Distribuição, e com 1005 funcionários. Com 8 anos no mercado, e com

experiência adquirida ao passar dos anos, os diretores administram a empresa com

o seu “know-how”. Por ser uma empresa familiar, o Mini Preço vem seguindo para

sua terceira geração, com atualmente 5 netos da senhora Honorata Poffo

trabalhando para o crescimento da organização.

3.1.2 Estrutura organizacional

A estrutura utilizada na empresa em questão classifica-se como linear “aquela

em que os chefes e subordinados estão ligados na hierarquia por linhas claras de

subordinação, sem deixar dúvidas quanto a quem tem poder decisório, quem deve

acatar decisões, com predominância da unidade de comando” (LERNER, 1991, p.

17).

Na Figura 1, a estrutura organizacional da empresa Comercial de Alimentos

Poffo Ltda. em Itajaí – SC.

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Figura 1 - Estrutura organizacional da empresa Mini -Preço Fonte: Dados secundários (fornecidos pela empresa)

3.1.3 Visão

Afirma Oliveira (2006, p. 283) “a visão da empresa é a identificação dos

limites que os principais executivos da empresa conseguem enxergar dentro de um

período de tempo mais longo e uma abordagem mais ampla”. Pode ser definida,

como aonde a empresa quer chegar mediante a execução de sua missão.

A Comercial de Alimentos Poffo Ltda. tem como visão “Ser líder regional

como a melhor empresa do ramo supermercadista.”

O principal objetivo da Comercial de Alimentos Poffo LTDA é a qualidade do

serviço prestado ao cliente e produtos de qualidade com preços justos.

3.1.4 Missão

Para Oliveira (2006, p. 278) “a missão é a razão de ser da empresa.

Identifica a quem e como a empresa atende as necessidades e expectativas de

mercado”. É o propósito de uma organização, sendo declarações curtas, claras e

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fáceis de entender, fornecendo uma importante orientação para os gerentes e

colaboradores.

A missão da Comercial de Alimentos Poffo LTDA é “Comercializar produtos

e serviços no ramo supermercadista, gerando empregos, arrecadações, lucros e

desenvolvimento pessoal”.

3.1.5 Princípios e valores

A Comercial de Alimentos Poffo Ltda., ao longo dos anos, desenvolveu

valores que regem as relações entre seus funcionários e clientes. Os valores

básicos que orientarão as decisões e atitudes baseiam-se na dignidade, liberdade,

integridade, lealdade e justiça.

1. Confiabilidade: Nós somos confiáveis, éticos e transparentes. Cumprimos o

que prometemos e assim construímos relações de respeito mútuo com

nossos clientes, fornecedores, colegas de trabalho e acionistas.

2. Qualidade: Nós temos obsessão pela qualidade e segurança alimentar.

Perseguimos a inovação para estar na vanguarda e contribuir para o bem

estar de nossos consumidores em todas as partes do mundo.

3. Participação: Nós trabalhamos com paixão para sermos uma das melhores

prestadoras de serviços do ramo. Somos comprometidos com o que fazemos

e fazemos com garra, força e determinação.

4. Simplicidade: Nós acreditamos na simplicidade operacional e a praticamos

como estilo de trabalho. Resolvemos problemas de forma rápida e prática.

5. Pessoas: Nós somos comprometidos, desenvolvemos e valorizamos o

espírito de equipe e assim construímos o futuro de nossa equipe.

6. Eficiência: Nós praticamos uma gestão que valoriza a eficiência e a

lucratividade, evita o desperdício e assim respeita nossos acionistas.

7. Responsabilidade Sócio-Ambiental: Nós temos e teremos, cada vez mais, um

papel importante como agente de desenvolvimento social nas localidades que

atuamos.

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3.2 Resultados da pesquisa de campo

Esta seção relata os resultados da pesquisa realizada na Comercial de

Alimentos Poffo Ltda.

A pesquisa foi composta por um questionário contendo 06 questões sobre o

perfil dos colaboradores e 29 questões baseadas nas oito categorias conceituais de

qualidade de vida no trabalho de Walton (1973).

3.2.1 Compreensão da visão do gerente de RH quanto a QVT

Para identificar a visão do gerente de RH da empresa Mini-Preço quanto a

QVT, foi utilizado o método de entrevista, tendo os fatores do Walton (1973) como

base, para nortear a entrevista.

Hair Jr. et al (2005, p. 163) afirmam que nesta abordagem, o “pesquisador

fica livre para exercitar sua iniciativa no acompanhamento da resposta a uma

pergunta. O entrevistador pode requerer fazer perguntas relacionadas que não

foram previamente imaginadas”, resultando no surgimento de informações mais

esclarecedoras sobre o tema pesquisado.

Segue o roteiro da pesquisa juntamente com a resposta do gestor:

Compensação Justa e Adequada

Você considera que os colaboradores do Mini-Preço recebem um salário justo de acordo com as responsabilidades que desempenham?

Sim, de acordo com seu currículo e cargo. Comparando com outros supermercados, você considera o salário adequado?

No Mini-Preço é maior ou menor o salário? O salário está dentro do praticado no mercado, mas em alguns casos, ele é um

pouco superior. Quadro 4 – Compensação Justa e adequada Fonte: Pesquisa campo

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Conforme mostra o Quadro 4, referente ao fator compensação justa e

adequada, o gestor afirma que os salários dos funcionários está de acordo com sua

atividade e que se comparado a outras empresas do setor, o Mini-Preço exerce a

prática de salário superior.

Condições de Segurança e Saúde no Trabalho

Você considera a jornada de trabalho dos funcionários cansativa/desgastante? Por quê?

Não, pois a carga de trabalho está dentro da jornada estipulada, ou seja, 240 horas mensais.

Você considera o trabalho dos profissionais prejudiciais à saúde? E monótono?

Não, o trabalho em supermercados é muito tranqüilo, e não é nada monótono, por encontrar várias surpresas no dia-a-dia, como ruptura de mercadorias, e atendimento ao cliente, que é uma surpresa a cada cliente atendido, por não

sabermos o que deseja.

O supermercado Mini-Preço disponibiliza todos os instrumentos/equipamentos para o desenvolvimento das atividades? Estes equipamentos são atuais? E

suficientes?

Acredito que em sua maioria a empresa disponibiliza os equipamentos necessários, mas em algumas áreas, eles não são estão atuais, apesar de

ainda estarem em bom estado para o trabalho.

Há condições de repouso durante o turno de trabalho? E a alimentação é satisfatória?

Todas as filiais tem cozinha, para que seus colaboradores possam fazer uso dos seus 15 minutos de intervalo, e a empresa não fornece nenhum tipo de

alimentação. Quadro 5 – Condições de segurança e saúde no trabal ho Fonte: Pesquisa campo

Quando questionado sobre condições de segurança e saúde no trabalho,

Quadro 5, o gestor afirmou que não considera o trabalho desgastante, e que o

mesmo segue a jornada estipulada pelo sindicato, e o trabalho não é monótono, pois

se trata de atendimento pessoal, e isso sempre gera uma nova surpresa. A empresa

disponibiliza apenas os 15 minutos para a refeição e não fornecem alimentação, os

funcionários que levam seus próprios almoços.

Os equipamentos, na visão do gestor, são disponibilizados em sua maioria,

porém em algumas áreas não atuais, mas estão em bom estado de uso (Quadro 5).

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Uso e Desenvolvimento de Capacidades

Os funcionários do supermercado possuem liberdade e independência para realizar suas atividades? Conseguem programar seu trabalho? Precisam se

reportar a algum superior?

Os funcionários têm liberdade para realizar seu trabalho, mas como toda empresa, eles tem regras que devem ser respeitadas, além de ter que

respeitar a hierarquia da empresa. Necessitam reportar a algum superior quando tem dúvidas, ou algum problema a ser resolvido.

Eles recebem feedback sobre o seu trabalho? Quem dá este retorno? O feedback é dado por seu encarregado, ou gerente, mas sempre por meio de

elogios ou cobranças, não existe indicadores, por exemplo, para medir o desempenho do seu trabalho.

Eles possuem informação sobre todo o processo de trabalho realizado no supermercado?

Eles recebem informações sobre o setor em que trabalham, e na medida em que conhecem a empresa, descobrem como funcionam os outros setores.

Quais são os benefícios oferecidos pelo Mini-preço aos seus colaboradores? Vale funcionário, Destaque funcionário mensal.

Você considera que os funcionários estão satisfeitos com o seu salário? E com os benefícios?

Em sua maior parte não, pois a grande maioria das pessoas sempre preferem ganhar mais, independentemente do que exercem e de quanto estão sendo

produtivas. Quadro 6 – Uso e desenvolvimento de capacidades Fonte: Pesquisa campo

No Quadro 6, uso e desenvolvimento de capacidades, o gestor alega que os

funcionários tem liberdade para exercer suas funções, entretanto, precisam reportar

a algum superior, respeitando a hierarquia da empresa. Os funcionários recebem o

feedback através de seu superior direto, porém não há indicadores para que o

colaborador possa medir seu desempenho.

Acerca da informação de processos de trabalho feito pela empresa (Quadro

6), foi afirmado que os colaboradores recebem informações referentes ao seu setor,

e só depois de algum tempo que estão integrados na empresa, começam então a

compreender os processos de outros setores.

Vale funcionário – é um empréstimo feito pela organização apenas para

compras de alimento, onde o funcionário pode parcelar o valor a ser pago, sem a

cobrança de juros.

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A empresa fornece benefícios (Quadro 6), mas na visão do gestor, os

funcionários não estão satisfeitos, pois como a grande maioria das pessoas, eles

almejam ganhar mais, independente de sua produtividade.

Oportunidade de Crescimento e Segurança

O supermercado oferece oportunidades para crescimento e desenvolvimento pessoal? Como? Treinamentos? Cursos?

Sim, não há nenhum tipo de plano de cargos e salários, nem treinamentos semestrais ou mensais, mas muitos colaboradores cresceram dentro da

empresa, alguns deles começaram como repositor de mercadorias, e hoje, são gerentes, outros começaram fatiando queijo e presunto no setor de ilha

salgada, e atuam na gerencia de loja hoje.

Os funcionários do Mini-Preço se sentem seguros no emprego quanto a sua estabilidade?

Sim, desde que trabalhem dentro das normas e não façam nada que lhes dêem justa causa.

Quadro 7 – Oportunidade de crescimento e segurança Fonte: Pesquisa campo

No fator oportunidade de crescimento e segurança, Quadro 7, o gestor

respondeu que existe sim oportunidade de crescimento na empresa, embora não

haja nenhum plano de cargos e salários e treinamentos, o crescimento se dá através

de tempo empresarial e capacidade do funcionário.

Referente à segurança empregatícia (Quadro 7), o gestor informou que os

funcionários podem sentir-se seguros, desde que não venham a cometer nenhuma

infração ética dentro da empresa, o que daria aos funcionários, uma demissão por

justa causa.

Integração Social na Organização

Eles têm excelente relacionamento com a equipe de trabalho? E com a chefia?

Sim, em todos os lugares encontramos problemas de relacionamentos entre colegas de trabalho, mas fora esses pequenos desencontros, em sua grande

maioria, diria até mesmo mais de 95% dos colaboradores tem um bom relacionamento com seus colegas de trabalho, encarregados, gerentes, e

outras partes mais fortes da empresa.

Existe cooperação/apoio entre os funcionários? Sim, caso precise de ajuda no seu setor, eles cooperam entre si, desde que a

gerência libere tal trabalho. Quadro 8 – Integração social na organização Fonte: Pesquisa campo

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No Quadro 8, integração social na organização, quando questionado sobre o

relacionamento entre equipes e chefia, o gestor afirmou que mais de 95% dos

funcionário mantém um bom relacionamento entre as equipes e chefias, no entanto,

há sempre um problema ou outro quanto ao relacionamento entre funcionários, mas

em pouca escala. O gestor também respondeu que existe sim cooperação entre os

funcionários, mas que só pode ser remanejado de setor caso a gerencia ache

necessário.

Constitucionalismo

Os trabalhadores do Mini-Preço conhecem seus direitos e deveres? Como é apresentado?

Sim, sempre quando a empresa contrata um novo funcionário, o mesmo recebe em documento de contrato, as normas a serem cumpridos, seus

direitos e deveres como trabalhador. Quadro 9 – Constitucionalismo Fonte: Pesquisa campo

O gestor relata no fator constitucionalismo, os colaboradores têm

conhecimento de seus direitos e deveres com relação à empresa, assim que são

contratados (Quadro 9).

Trabalho e o Espaço Total de Vida

A carga horária é intensa, deixando os funcionários distantes da família? Quando solicitado alguma folga, a empresa é disponibiliza?

Não, a carga horária é a determinada pelo sindicato. É claro que não disponibilizamos toda vez que solicitado folga, mas desde que solicitada com

antecedência, e/ou que não haja acúmulo de trabalho, não há problemas. Quadro 10 – Trabalho e o espaço total de vida Fonte: Pesquisa campo

Na percepção do gestor, Quadro 10, que se refere ao fator trabalho e o

espaço total de vida, a carga horária não é intensa, visto que é determinada pelo

sindicato, a ponto de afastar os colaboradores do circulo familiar.

E quando solicitado folga (Quadro 10), a empresa coopera atendendo ao

pedido, desde que não haja trabalho acumulado, e solicitado com antecedência.

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Relevância Social da Vida no Trabalho

Na sua percepção, os colaboradores se sentem realizados pessoalmente e profissionalmente trabalhando neste supermercado?

Muitos colaboradores tem mais de 7 anos, 10 anos de “casa” e se sentem realizados profissionalmente, mas sabemos que hoje o turnover é muito alto, já que os supermercados necessitam do trabalho aos sábados e domingos, o que

dificulta achar pessoas que se agradem com isso.

A imagem do supermercado perante a sociedade é boa? E entre os colaboradores, como eles consideram a imagem do Mini-Preço?

Sim, a marca Mini Preço é muito forte em nossa região. O Mini-Preço faz algum tipo de trabalho social para a comunidade? E para os

funcionários?

A empresa ajuda alguns funcionários, mas isso fica restrito a diretora de RH, como a parte do trabalho social, fica restrita ao diretor comercial, então, não é

muito divulgado sobre o que fazem. Quadro 11 – Relevância social da vida no trabalho Fonte: Pesquisa campo

No Quadro 11, relevância social da vida no trabalho, o gestor respondeu que

a rotatividade é grande no setor supermercadista, por ter que trabalhar sábados e

domingos, e assim achar pessoas que se agradem desse quadro é difícil, no

entanto, há colaboradores com mais de 10 anos de empresa que se sentem

realizados profissionalmente. E referente à imagem da empresa perante a

sociedade, o gestor alega ser muito forte na região (Quadro 11).

Quanto ao trabalho social realizado pela empresa, esses assuntos ficam

restritos aos diretores, e não são divulgados, mas a empresa ajuda alguns

funcionários (Quadro 11).

Qualidade e Qualidade de Vida no Trabalho

Você considera os serviços do supermercado de qualidade? Excelente?

A empresa tem muito a crescer, logicamente que tem qualidades, mas internamente a empresa precisa melhorar.

O que você percebe que o supermercado pode fazer para melhorar a qualidade de vida dos colaboradores?

Treinamentos e palestras, principalmente na segunda parte, pois é sempre diferente e de uma forma gostosa de aprender, além de motivá-los, fazendo com que eles possam repassar este aprendizado e felicidade a sua família e

comunidade onde reside.

Quadro 12 – Qualidade e qualidade de vida no trabal ho Fonte: Pesquisa campo

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No Quadro 12, qualidade e qualidade de vida no trabalho, embora não faça

parte dos fatores de Walton, fez-se necessário os questionamentos referentes a

esses itens para saber a posição do gestor quanto a QVT e qualidade nos serviços e

produtos prestados pelo Mini-Preço.

Quando questionado sobre a qualidade dos serviços, o gestor informou que

a empresa tem qualidades, embora precise melhorar internamente em alguns

aspectos, podendo ter um crescimento maior (Quadro 12).

Sobre a QVT, o que poderia ser feito para melhorar, o gestor sugeriu que

houvesse mais treinamentos e palestras, pois é sempre bom aprender algo novo,

possibilitando um nível de motivação maior, e unindo a empresa a comunidade, pois

com o novo conhecimento adquirido, os funcionários podem espalhar seus

conhecimentos para familiares e comunidade (Quadro 12).

3.2.2 Perfil dos colaboradores

Com o objetivo de identificar o perfil dos colaboradores do Mini-Preço, foi

aplicado um questionário aos mesmos e os dados coletados utilizados para a

análise do perfil.

Na Tabela 2 podem ser visualizados os dados pessoais dos participantes da

pesquisa.

Tabela 2 – Perfil dos colaboradores do Mini Preço

SEXO FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Feminino 84 69%

Masculino 38 31%

IDADE FREQUÊNCIA PERCENTUAL

até 21 anos 18 15%

de 22 a 30 anos 42 35%

de 31 a 39 anos 25 20%

acima de 40 anos 37 30%

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ESTADO CIVIL FREQUÊNCIA PERCENTUAL

Solteiro 35 29%

Casado 47 39%

Divorciado 10 8%

Viúvo 0 0%

Outros 30 24%

RENDA FAMILIAR FREQUÊNCIA PERCENTUAL

até R$599,99 10 8%

de R$600,00 a R$999,99 49 40%

de R$1000,00 a R$1499,99 34 28%

de R$1500,00 a R$2000,00 21 17%

acima de R$2000,00 8 7%

ESCOLARIDADE FREQUÊNCIA PERCENTUAL

1º grau incompleto 18 15%

1º grau completo 14 11%

2º grau incompleto 20 16%

2º grau completo 58 48%

3º grau incompleto 4 3%

3º grau completo 8 7%

TEMPO NA INSTITUIÇÃO FREQUÊNCIA PERCENTUAL

até 5 anos 48 39%

de 6 a 10 anos 63 52%

de 11 a 15 anos 6 4%

de 16 a 20 anos 1 1%

de 21 a 25 anos 2 2%

mais de 25 anos 2 2%

Fonte: Pesquisa campo

Para levantamento do perfil dos funcionários utilizou-se um questionário,

tendo como base o referencial teórico do autor Luz (2003), sendo este adaptado

pelo acadêmico para reduzir seu tamanho, a fim de não comprometer o resultado

por ter um questionário extenso, e ter como objetivo, verificar se algum fator

relacionado aos aspectos mencionados poderia estar interferindo na qualidade de

vida no trabalho

Com base na Tabela 2, verifica-se que no Mini-Preço, há predominância de

colaboradores do sexo feminino (69%). Convém destacar o estudo realizado por

Medeiros (1997 apud Leite, 2007), que afirma que o comprometimento com a

organização é mais elevado entre as mulheres.

No que se refere à faixa etária do setor pesquisado, há concentração na

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idade de 22 a 30 anos (35%), e significativo número de profissionais com idade

acima de 40 anos (30%). Verifica-se, que a empresa tem preferência em contratar

profissionais mais experientes, pois 50% dos respondentes possuem mais de 31

anos, e os colaboradores com faixa etária até 21 anos apresentam apenas 15% da

população. Um fato considerado favorável, no que se refere a faixa etária dos

colaboradores, é que conforme pesquisas realizada por Medeiros (1997 apud

LEITE, 2007), o comprometimento do profissional para com a empresa cresce à

medida que aumenta a idade.

Com relação ao estado civil, a maioria respondeu ser casado (39%), com

expressivo número de solteiros e outros, correspondendo a 29% e 24% dos

respondentes, respectivamente. Segundo pesquisas do autor Medeiros (1997 apud

LEITE, 2007) o comprometimento do profissional com a organização tende a ser

maior entre as pessoas casadas.

A maioria dos funcionários (40%) tem renda total familiar, entre R$600,00 e

R$999,99. Apenas 7% dos respondentes, recebem acima de R$2000,00.

Percebe-se na Tabela 2, que a grande parte dos colaboradores do Mini-

Preço possui ensino médio completo (48%), e com 3º grau completo apenas 7%, e

quando confrontado os resultados, percebe-se que é a quantidade dos que recebem

acima de R$2000,00 é a mesma dos que possuem grau superior.

Outro aspecto importante, que vem a colaborar com a análise apresentada,

refere-se ao tempo de serviço na organização. Quando questionados sobre há

quanto tempo estavam trabalhando na Empresa Comercial de Alimentos Poffo Ltda.,

a maioria respondeu que trabalha na empresa entre 6 e 10 anos (52%), e

significativo número de colaboradores que trabalham até 5 anos (48%) no Mini-

Preço.

3.2.3 Fatores que afetam a QVT na percepção dos funcionários

Para verificar os fatores que influenciam a qualidade de vida no trabalho, foi

realizada uma pesquisa por meio de questionários, onde foram abordados os

seguintes aspectos de acordo com o modelo de Walton: compensação justa e

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adequada, condições de trabalho, uso e desenvolvimento de capacidades,

oportunidade de crescimento e segurança, integração social na organização,

constitucionalismo, o trabalho e o espaço total de vida e relevância social da vida no

trabalho.

Na percepção do gestor os fatores considerados favoráveis são aqueles que

apresentam médias acima de 4, e abaixo disso, pode ser considerado baixo, ou

seja, desfavorável a qualidade de vida no trabalho.

Nas tabelas 3 a 10 estão apresentados os fatores da qualidade de vida no

trabalho que foram analisados, segundo a percepção dos funcionários da Matriz na

empresa Mini-Preço.

Na Tabela 3, constam os resultados referentes ao fator compensação justa

e adequada, que teve por objetivo analisar a satisfação dos funcionários em relação

à eqüidade interna e externa e justiça na compensação.

Tabela 3 – Compensação justa e adequada

Fonte: Pesquisa campo

Percebe-se na Tabela 3, que o fator compensação justa e adequada foi

relativamente negativo, demonstrando uma média abaixo da expectativa do gestor,

portanto, este fator foi considerado desfavorável a qualidade de vida no trabalho.

Comparando os resultados da entrevista com o gestor e os resultados da

pesquisa com os funcionários, percebe-se que houve discordância quanto ao salário

ser maior no Mini-Preço que em outros supermercados, assim como a compensação

não está de acordo com o currículo do funcionário.

Cabe destacar o item meu salário está acima dos pagos por outros

supermercados, pois foi o mais negativo, onde 90 dos 122 questionados afirmaram

ser a real situação. Ainda neste item o desvio-padrão foi de 1,61, sendo considerado

alto, demonstrando falta de consenso entre os respondentes.

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Outro item que ficou abaixo da média (3,58) refere-se à remuneração: meu

salário está de acordo com o meu currículo que tenho e cargo que exerço, há

também grande falta de consenso na afirmação. Segundo Sampaio (2004) a

remuneração por determinado trabalho, pode ser observada em função das relações

entre trabalho e responsabilidade exigida.

Na afirmativa 3, o resultado foi tabulado de forma invertida, quanto maior o

nível de discordância melhor o resultado, esta afirmação teve uma média de 4,58, a

melhor média desse fator, porém o desvio-padrão de 1,77, mostra falta de acordo

entre os colaboradores.

As afirmações apresentadas na Tabela 4 referem-se ao fator condições de

segurança e saúde no trabalho, que tiveram por objetivo analisar a percepção dos

funcionários quanto à jornada de trabalho e ambiente físico, seguro e saudável.

Tabela 4 – Condições de segurança e saúde no trabal ho

Fonte: Pesquisa campo

Observa-se na Tabela 4, que o fator condições de segurança e saúde no

trabalho foi considerado favorável a qualidade de vida no trabalho, ficando com

média de 4,37.

A visão do gestor para esta afirmação condiz com o que os funcionários

avaliaram, tanto na área de saúde, onde ambas as analises mostram ser positivas,

quanto nas condições de trabalho que embora tenham equipamentos para

realizarem os trabalhos, os mesmos nem sempre são atuais.

A afirmativa 5, sobre os equipamentos serem atuais teve a menor média

desse fator (3,60), embora não seja baixa.

Já as afirmativas 7, 8 e 9, tiveram seu resultados também tabulados de

maneira invertida, obtendo assim as maiores médias desse fator.

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Todas as afirmativas tiveram uma margem alta em seu desvio padrão.

Na Tabela 5, segue os resultados coletados referente ao fator uso e

desenvolvimento de capacidades, que abrangeu a autonomia, retroinformação e

informações sobre o processo total.

Tabela 5 – Uso e desenvolvimento de capacidades

Fonte: Pesquisa campo

A média do fator da Tabela 5 foi relativamente baixa, não contribuindo para

a qualidade de vida no trabalho. Foram consideradas abaixo da média as

afirmações 11, 12 e 13, que trata de reconhecimento e benefícios.

Para este fator, o gestor afirmou que os funcionários têm oportunidade de

mostrar suas capacidades, coincidindo com o resultado da analise feita com os

colaboradores. E sobre os benefícios o gestor respondeu que os funcionários não

estavam satisfeitos, pois sempre almejam mais, essa questão foi também igual a

informação dos funcionários, que não estão se agradando dos benefícios.

O componente 10, tenho oportunidade de demonstrar minhas capacidades

ou minhas habilidades, teve uma média alta (4,48), que conforme comenta. Morin

(2001), o interesse pelo trabalho se origina das possibilidades que o mesmo oferece

provando seus valores pessoais e satisfazendo suas ambições, também resulta das

probabilidades de desenvolver sua autonomia e bom senso de responsabilidades.

Os índices de desvio padrão foram altos em todas as afirmativas,

especialmente quanto ao vale funcionário (2,01).

Na Tabela 6, podem ser observados os resultados do fator oportunidade de

crescimento e segurança, no que se refere à possibilidade de carreira, segurança no

emprego e crescimento pessoal.

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Tabela 6 – Oportunidades de crescimento e segurança

Fonte: Pesquisa campo

Como mostra a Tabela 6, referente ao item 15, tenho estabilidade em meu

emprego, a média foi considerada favorável. Acerca do assunto, Gil (2001, p. 45)

relata que “certa garantia de estabilidade no emprego deve ser encarada pela

empresa como fator importante para garantir a produtividade e a qualidade do

trabalho de seus empregados”.

Quanto à questão 14, tenho oportunidade de crescimento profissional nesta

empresa, 74 colaboradores concordaram com a afirmação. O Mini-Preço realiza

recrutamento interno, visando aos seus funcionários fazer carreira dentro da

organização, sendo uma forma de elevar a motivação. Entretanto, todas as

afirmações tiveram um desvio padrão elevadas.

O fator oportunidades de crescimento e segurança mostra-se favorável a

QVT, atingindo uma média de 4,33.

A visão do gestor a este fator combina com o apresentado pelos

funcionários, que se sentem seguros quanto ao vinculo empregatício, e tendo

oportunidades para crescer na empresa.

Na Tabela 7, foi abordado o fator integração social na organização,

abrangendo relacionamento entre colegas, igualdade e ausência de preconceito.

Tabela 7 – Integração social na organização

Fonte: Pesquisa campo

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Quando questionado sobre o relacionamento entre equipes e chefia, o

gestor afirmou que mais de 95% dos funcionário mantém um bom relacionamento

entre as equipes e chefias, no entanto, a média desse fator na visão dos

funcionários foi divergente, mostrando que há alguma situação que os mesmos não

estão se agradando.

O fator Integração social na organização foi considerado próximo ao ponto

satisfatório, demonstrando que o ambiente de trabalho é agradável para o convívio

entre colegas. Porém, destaca-se nesse fator o item nesta empresa, todos os

colaboradores são tratados igualmente que ficou com a média mais baixa das três

afirmações, o que é considerado desfavorável, pois é provável que exista favoritismo

para alguns funcionários em relação aos chefes. Cabe ainda destacar que apesar

desse item possuir uma média baixa, não afeta o respeito entre colegas, o qual foi

afirmado pela maioria como excelente.

Morin (2001) relata que no ambiente de trabalho encontramos colegas com

quem os contatos podem ser francos, honestos, com que se pode ter o prazer de

trabalhar até em projetos difíceis; porém o oposto também pode ser verdadeiro,

afetando assim o clima organizacional.

Na Tabela 8, constitucionalismo foi abordado itens que se referem a direitos

trabalhistas, liberdade de expressão e tratamento imparcial.

Tabela 8 – Constitucionalismo

Fonte: Pesquisa campo

No fator constitucionalismo, a média foi considerada positiva (4,29),

conforme expectativa do gestor, e com 4,76 de média da afirmativa 20, sobre o

conhecimento dos colaboradores de seus direitos e deveres dentro da empresa.

Salienta Sampaio (2004, p. 70) que "alguns aspectos do constitucionalismo

são elementos-chave para prover uma alta QVT como a privacidade, liberdade de

expressão, tratamento equânime e estabelecimento de direitos trabalhistas". No

geral, estes fatores-chave são favoráveis a uma alta qualidade de vida no trabalho.

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Na questão 21, os colaboradores que afirmam expressar suas opiniões

quando sentem necessidade totalizam um número de 74 pessoas, atingindo uma

média de 4,11.

No item 22, pode-se dizer que o resultado raspou na média, tendo esta

como 3,99, e um desvio padrão de 1,45.

O gestor relatou no fator constitucionalismo, que os colaboradores têm

conhecimento de seus direitos e deveres com relação à empresa, mostrando assim

uma relação com os índices apresentados pelos funcionários.

Na Tabela 9, podem-se verificar os resultados referentes ao fator o trabalho

e o espaço total de vida, que abrangeu papel balanceado do trabalho, estabilidade

de horários e tempo para lazer e família.

Tabela 9 – Trabalho e o espaço total de vida

Fonte: Pesquisa campo

Na percepção do gestor a carga horária não é intensa, demonstrando

conexão com as respostas dos colaboradores, e quanto às solicitações de folgas

também não houve contradição, afirmando assim que esse fator é favorável a QVT.

O fator, o trabalho e o espaço total de vida, tendem a ser favoráveis à

qualidade de vida no trabalho, pois se verifica que há um equilíbrio entre a jornada

de trabalho e a vida pessoal. Neste contexto, 85 questionados responderam que,

trabalhando no Mini-Preço, conseguem manter um horário para lazer, assim como

também no item 24, a empresa se preocupa em manter a jornada de trabalho

equilibrada, onde 97 concordaram com a afirmação. Sendo assim, o trabalho não

afeta o convívio familiar para a maioria dos questionados, o que é considerado um

ponto bastante favorável para o bom desenvolvimento da qualidade de vida no

trabalho.

Neste contexto Sampaio (2004) afirma que o equilíbrio entre o trabalho e o

espaço total de vida tem origem nos esquemas de trabalho, progressos e

promoções, expectativa de carreira, estabilidade de horário, poucas mudanças

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geográficas, tempo para lazer e para a família, confirmando que as afirmações

analisadas contribuem para uma boa qualidade de vida no trabalho.

Na Tabela 10, mostra os resultados do fator relevância social da vida no

trabalho, no que se refere às praticas de emprego, responsabilidade social e

imagem da empresa.

Tabela 10 – Relevância social da vida no trabalho

Fonte: Pesquisa campo

O fator relevância social da vida no trabalho, foi considerado positivo, tendo

a melhor média entre os fatores, demonstrando que a percepção dos funcionários

do setor em relação à imagem da empresa é favorável.

Pode-se observar que as respostas fornecidas pelo gestor e funcionários

têm grande paridade, podendo afirmar que este item também é favorável a QVT,

pois o gestor afirmou haver grande número de funcionários que sentem-se

orgulhosos em fazer parte da empresa, bem como a imagem que a empresa tem

perante a sociedade é forte.

No item 26, quando questionados sobre o sentimento de trabalhar na

empresa Mini-Preço, houve grande concordância entre os funcionários, que gerou

uma média de 5,43, a melhor média de todas as questões formuladas nessa

pesquisa, apresentando o menor desvio do questionário (0,94), demonstrando

grande concordância entre os colaboradores.

Conforme Daft (2005) a ética diz respeito aos valores e princípios morais de

uma organização, guiando sua conduta, entre o que é certo ou errado na tomada de

decisões. Envolve os valores internos que são uma parte da cultura corporativa e

modela as ações relativas à responsabilidade social, que corresponde ao ambiente

externo.

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Quanto ao quarto item do fator, que também foi de grande concordância,

onde 103 respondentes afirmaram que a imagem que os clientes tem da empresa é

a mesma que os colaboradores possuem perante a sociedade.

Sampaio (2004, p. 70) acrescenta que este fator refere-se à forma de como

o funcionário "percebe a imagem da organização da qual faz parte, assim como a

visão da organização com relação a ele enquanto trabalhador, como ela valoriza ou

desvaloriza o trabalho por ele desenvolvido".

No Gráfico 1, estão representados às médias referentes aos fatores de

qualidade de vida no trabalho, resultantes do questionário aplicado na matriz do

supermercado Mini-Preço, segundo o modelo de Walton (1973):

Gráfico 1 – Média dos fatores que influenciam na QV T Fonte: Pesquisa campo

Percebe-se no Gráfico 1, que em geral a maioria dos fatores relacionados

no questionário foram considerados favoráveis pela população pesquisada. Este

resultado favorável vem a coincidir com o atual crescimento e destaque da empresa

em nossa região. O fator que sobressaiu foi relevância social da vida no trabalho

(4,97), que foi considerado o mais positivo pelos respondentes, seguido do fator o

trabalho e o espaço social total de vida, que também obteve uma média favorável

(4,57). O fator compensação justa e adequada foi mencionado pelos respondentes,

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como o menos favorável (3,68), outros dois fatores foram listados com médias

abaixo da expectativa do gestor, integração social na organização (3,71) e uso e

desenvolvimento de capacidades (3,73).

3.2.4 Sugestões de melhorias

Este capítulo objetiva, diante das análises e da fundamentação

desenvolvida referente ao tema do trabalho, apresentar sugestões de melhoria para

a empresa.

Com base nos conhecimentos adquiridos pelo estagiário acerca do tema e

nos resultados da pesquisa realizada, podem ser sugeridas as seguintes sugestões

para a organização em estudo:

Compensação justa e adequada

• Utilizar como critério de promoção, a ferramenta da avaliação de

desempenho. A empresa pode utilizar-se do método das escalas gráficas, ou seja,

determinar um padrão de desempenho, mensurando fatores como quantidade e

qualidade do trabalho, conhecimento, cooperação, assiduidade e iniciativa, dentre

outros.

• Averiguar quais benefícios seria mais favorável aos colaboradores,

pois, a maioria dos questionados respondeu que não estão satisfeitos com o vale

funcionário.

Uso e desenvolvimento de capacidades

• Promover por parte dos coordenadores/gestores a prática do feedback,

proporcionando assim um retorno aos funcionários diante do trabalho realizado.

Através da prática do feedback, o funcionário tem conhecimento dos pontos a

melhorar, assim como do seu desenvolvimento.

Integração social na organização

• Realizar uma análise de clima organizacional, para encontrar o foco da

discordância entre os funcionários, assim como, incentivar os

coordenadores/gerentes de manifestarem suas aprovações a todos, e não direcionar

elogios apenas a alguns.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho procurou identificar os fatores que influenciam na

qualidade de vida no trabalho. Para o alcance deste objetivo, buscou-se referencial

teórico embasando as proposições da pesquisa, utilizando-se do autor Walton

(1973), porque facilitou através do seu modelo o levantamento de dados e

conseqüentemente ajudando para que os objetivos fossem alcançados.

A metodologia utilizada para o desenvolvimento deste trabalho contribuiu

positivamente, para o alcance dos objetivos propostos. Através de uma abordagem

quantitativa, na qual para a coleta de dados utilizou-se um questionário, sendo

assim possível atingir o objetivo esperado.

Podendo a partir dos dados levantados e analisados, concluir que os

funcionários, de um âmbito geral, estão satisfeitos com a qualidade de vida no

trabalho oferecida pela empresa, respondendo assim o problema da pesquisa que

era identificar o resultado da QVT na empresa Mini-Preço. Os fatores que puderam

ser considerados positivos para a qualidade de vida no trabalho foram: relevância

social da vida no trabalho, o trabalho e o espaço total de vida, condições de

segurança e saúde no trabalho, oportunidade de crescimento e segurança e

constitucionalismo.

Porém também houveram fatores considerados negativos sendo estes: uso

e desenvolvimento de capacidades, integração social na organização e

compensação justa e adequada.

Comparando os resultados da percepção dos funcionários com a visão do

gestor conclui-se que é de conhecimento de todos os inseridos na organização que

há falhas em alguns pontos, podendo melhorar e se aperfeiçoar com o tempo,

porém os resultados apresentados sugerem que a empresa Mini-Preço é favorável a

Qualidade de Vida no Trabalho, atendendo melhor assim seus clientes internos,

motivando-os, e desenvolvendo uma relação forte entre os envolvidos.

O presente trabalho foi desenvolvido de forma a estar mais próximo da

realidade da empresa, porém cabe destacar que por ter sido aplicado em apenas

uma loja de supermercados Mini-Preço, os dados representam apenas uma

pequena amostra da relação da qualidade de vida no trabalho existente na empresa

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Comercial de Alimentos Poffo Ltda., não sendo possível generalizar os dados para

toda a rede.

Por fim, cabe salientar que esta pesquisa fomenta a abertura para o

desenvolvimento de outros estudos, sendo totalmente viável a continuidade e o

aprofundamento de algumas questões e teorias nele apresentadas, como a

realização de uma pesquisa qualitativa com os mesmos objetivos deste estudo, e de

abordar a empresa em sua totalidade.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A – ROTEIRO DA ENTREVISTA APLICADA COM O

GERENTE PARA VERIFICAR A PERCEPÇÃO EM RELAÇÃO À

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO.

Esta entrevista tem por objetivo diagnosticar a Qualidade de Vida no Trabalho no Setor Supermercadista do Mini-Preço. 1. Você considera que os colaboradores do Mini-Preço recebem um salário justo de acordo com as responsabilidades que desempenham? 2. Comparando com outros supermercados, você considera o salário adequado? No Mini-Preço é maior ou menor o salário? 3. Quais são os benefícios oferecidos pelo Mini-preço aos seus colaboradores? 4. Você considera que os funcionários estão satisfeitos com o seu salário? E com os benefícios? 5. Você considera a jornada de trabalho dos funcionários cansativa/desgastante? Por quê? 6. Você considera o trabalho dos profissionais prejudiciais à saúde? E monótono? 7. A carga horária é intensa, deixando os funcionários distantes da família? Quando solicitado alguma folga, a empresa é disponibiliza? 8. O supermercado Mini-Preço disponibiliza todos os instrumentos/equipamentos para o desenvolvimento das atividades? Estes equipamentos são atuais? E suficientes? 9. Os funcionários do supermercado possuem liberdade e independência para realizar suas atividades? Conseguem programar seu trabalho? Precisam se reportar a algum superior? 10. Eles recebem feedback sobre o seu trabalho? Quem dá este retorno? 11. Eles possuem informação sobre todo o processo de trabalho realizado no supermercado? 12. O supermercado oferece oportunidades para crescimento e desenvolvimento pessoal? Como? Treinamentos? Cursos? 13. Os funcionários do Mini-Preço se sentem seguros no emprego quanto a sua estabilidade? 14. Na sua percepção, os colaboradores se sentem realizados pessoalmente e profissionalmente trabalhando neste supermercado?

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15. Eles têm excelente relacionamento com a equipe de trabalho? E com a chefia? 16. Existe cooperação/apoio entre os funcionários? 17. Há condições de repouso durante o turno de trabalho? E a alimentação é satisfatória? 18. A imagem do supermercado perante a sociedade é boa? E entre os colaboradores, como eles consideram a imagem do Mini-Preço? 19. Você considera os serviços do supermercado de qualidade? Excelente? 20. O Mini-Preço faz algum tipo de trabalho social para a comunidade? E para os funcionários? 21. O que você percebe que o supermercado pode fazer para melhorar a qualidade de vida dos colaboradores? 22. Os trabalhadores do Mini-Preço conhecem seus direitos e deveres? Como é apresentado?

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APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS COLABORADORE S PARA IDENTIFICAÇÃO DO PERFIL 1 – Sexo: ( ) feminino ( ) masculino 2 – Idade: ( ) até 21 anos ( ) de 22 a 30 anos ( ) de 31 a 39 anos ( ) acima de 40 anos 3 – Estado Civil: ( ) Solteiro ( ) Casado ( ) Divorciado ( ) Viúvo ( ) Outros 4 – Qual a renda familiar total: ( ) até R$ 599,99 ( ) de R$ 600,00 a R$ 999,99 ( ) de R$ 1000,00 a R$ 1499,99 ( ) de R$ 1500,00 a R$ 2000,00 ( ) Acima de 2000,00 5 – Qual seu grau de instrução: ( ) 1º grau incompleto ( ) 1º grau completo ( ) 2º grau incompleto ( ) 2º grau completo ( ) 3º grau incompleto ( ) 3º grau completo 6 - Qual seu tempo na Instituição: ( ) até 5 anos ( ) de 6 a 10 anos ( ) de 11 a 15 anos ( ) de 16 a 20 anos ( ) de 21 a 25 anos ( ) mais de 25 anos

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APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO APLICADO PARA TABULAR O

GRAU DE CONHECIMENTO SOBRE QVT NO SUPERMERCADO

MINI-PREÇO NA VISÃO DOS COLABORADORES

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DECLARAÇÃO DE DESEMPENHO DE ESTÁGIO

A organização cedente de estágio Comercial de Alimentos Poffo Ltda.

declara, para os devidos fins, que o estagiário Rafael Moser, aluno do Curso de

Administração do Centro de Ciências Sociais Aplicadas – CECIESA/Gestão da

Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, cumpriu a carga horária de estágio

prevista para o período, seguiu o cronograma de trabalho estipulado no Projeto de

Estágio e respeitou nossas normas internas.

Itajaí, 16 de novembro de 2009

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Almir Martins

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ASSINATURA DOS RESPONSÁVEIS

Rafael Moser

Estagiário

Almir Martins

Supervisor de campo

Prof. MSc. Cristina Pereira Vecchio Balsini

Orientadora de estágio

Prof. MSc. Eduardo Krieger da Silva

Responsável pelos Estágios em Administração