estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

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UESC Universidade Estadual de Santa Cruz Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente ESTUDO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DO RIO CACHOEIRA –REGIÃO SUL DA BAHIA ACÁCIA GOMES PINHO ILHÉUS – BAHIA 2001

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Page 1: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

UESC

Universidade Estadual de Santa Cruz

Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente

Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente

ESTUDO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DO RIO CACHOEIRA –REGIÃO SUL DA BAHIA

ACÁCIA GOMES PINHO

ILHÉUS – BAHIA 2001

Page 2: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

ACÁCIA GOMES PINHO

ESTUDO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DO RIO CACHOEIRA-REGIÃO SUL DA BAHIA

Dissertação apresentada ao Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Sub-programa Universidade Estadual de Santa Cruz, comoparte dos requisitos para a obtenção do título de Mestreem Desenvolvimento Regional e meio Ambiente, Sub-área de concentração : Planejamento e Gestão Ambientalno Trópico Úmido

Professor Dr. Neylor Calazans Rêgo Orientador

ILHÉUS – BAHIA 2001

Page 3: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

À Maria Luzia de Melo Torres,simbolizando todos os promotores desoluções harmônicas homem-ambientena Bacia do Rio Cachoeira.

Page 4: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

AGRADECIMENTOS

Ao término do Curso de Mestrado, foram muitas as pessoas que contribuíram para esse fim. A todos que colaboraram de forma decisiva para a realização de trabalho, instituições, professores, amigos, colegas, alunos e familiares, externo meus agradecimentos, e em especial: À Universidade Estadual de Santa Cruz pela oportunidade oferecida e apoio durante todo o programa de pós-graduação, nas pessoas da Reitora Professora Renée Albagli Nogueira, dos seus professores e funcionários; Ao coordenador do curso professor Dr. Max de Menezes, em função da extrema dedicação;

Aos professores e colegas de curso que contribuíram para a formação de novos conhecimentos;

Ao professor Dr. Neylor Calazans Rêgo, pela gentileza em aceitar ser orientador e pela forma educada e competente como a conduziu;

Aos professores Dr. Arno Heren de Oliveira e Ms. Irene Maurício Carzorla cujas contribuições tornaram este trabalho muito melhor;

Aos professores Dr. Hélio Barroco e Jorge Octávio Alves Moreno pela revisão e auxílio no emprego correto das normas técnicas de redação científica. Aos estagiários Giovani Batista de Souza e Jorsanete Passos Cardoso pela colaboração responsável nas coletas e boa parceria construída; À EMASA, nas pessoas do Engo. Cláudio Fontes por disponibilizar seus conhecimentos e dados fundamentais, a Cláudia Maria de Almeida Souza e João Baptista dos Santos Bittencourt pela preparação das coletas biológicas; À EMBASA, pelas análises laboratoriais;

À Maria Conceição Oliveira pela semente plantada;

Ao Carlos Fernando da Costa Mattedi, pelo companheirismo, incentivo e pouca cobrança pelas horas ausentes do convívio familiar.

O reconhecimento sincero da autora.

Page 5: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

i

RESUMO

ESTUDO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DO RIO CACHOEIRA -REGIÃO SUL DA BAHIA

Este trabalho avalia a qualidade das águas do Rio Cachoeira Sul da Bahia e suas variações

temporal e espacial, no período de Janeiro-99 a Dezembro-99, usando variáveis fisico-

químicas e biológicas tais como: potencial hidrogeniônico, temperatura, condutividade

elétrica, oxigênio dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio, fósforo total, resíduo total,

coliformes fecal e total. Fez-se também o estudo de autodepuração utilizando-se o modelo

matemático de Streeter & Phelps. Foram escolhidos 8 pontos de coleta, efetuado os

estudos de autodepuração em quatro trechos. Os valores de pH variam de neutro a

levemente básica, mantendo-se numa temperatura média de 26,4oC, seguindo a

classificação da resolução CONAMA n°. 20, o rio é classe 2 em 50% do seu percurso,

passando a classes 3, quando da recepção dos esgotos do Matadouro municipal de Itabuna,

da cidade de Itabuna e de Indústrias, trechos P4-P5 e P5-P6. A análise da autodepuração

indica tratamento secundário para os efluentes destes trechos, o que permitirá também

reduzir a quantidade de coliformes total e fecal já que a situação atual é classe 4, para este

critério. A concentração de fósforo é no mínimo o dobro do estabelecido pelo resolução

CONAMA n°. 20. Verificou-se que as ações antrópicas estão degradando as águas do Rio

Cachoeira, não há preservação qualitativa das suas águas e vê-se como fundamental o

investimento no tratamento das águas residuárias. No capítulo 3 é mostrado os estudos já

realizados concernentes a qualidade da água em corpos d´água. O capítulo 4 é dedicado

descrição da área de estudo e modelos matemáticos empregados e finalmente o capítulo 5

apresenta os resultados e discussões.

Page 6: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

ii

ABSTRACT

A WATER QUALITY STUDY

OF THE RIO CACHOEIRA - SOUTH REGION OF BAHIA

This work evaluates the water quality of the Cachoeira’s river located on the south of

Bahia and its variations in time and space during the period of January through December-

99, using physical-chemistries variables such as pH, temperature, electric conductivity,

dissolved oxygen, biochemistry oxygen demand, total phosphorus, total residue, fecal and

total coliform. It was also developed the self-purification study using the mathematical

model of Streeter & Phelps. It was chosen 8 collection points, making the self-purification

studies in four segments. The pH values varies between neutral the slightly basic, a mean

temperature of 26,4C, following the CONAMA’s resolution number 20, the river is class 2

in 50% of its course, passing to class 3, when it receives the sewers of the municipal

slaughter-house of Itabuna, of the Itabuna’s city and of industries, segments P4-P5 and P5-

P6. The self-purification analysis indicates secondary treatment for the residual water of

these places, what will also allow for the reduction of the total and fecal coliform since the

current situation is class 4 for this criterion. The phosphorus concentration is at least the

double of the established by the CONAMA’s resolution number 20. It was verified that the

anthropic actions are degrading the Cachoeira’s river, there is not qualitative preservation

of its water and it is considered to be fundamental the investment in the treatment of the

residual waters. In chapter 3 it is shown the studies already accomplished concerning the

water quality of rivers. Chapter 4 is dedicated to the description of the study area and

mathematical models, and finally chapter 5 presents the results and conclusions.

Page 7: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

iii

SUMÁRIO Página Lista de Figuras.......................................................................................................... ivLista de Quadros........................................................................................................ viiLista de Quadros..........................................................................................................

viii

1. INTRODUÇÃO....................................................................................................... 1

2. OBJETIVOS............................................................................................................ 3 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................ 43.1. Qualidade de Água............................................................................................... 43.2.. Parâmetros de Qualidade..................................................................................... 73.3. Impacto de Cargas Biodegradáveis...................................................................... 16 4. MATERIAL E MÉTODOS..................................................................................... 314.1. Área de Estudo..................................................................................................... 314.2. Amostragem......................................................................................................... 354.3. Estratégia de Análise dos Dados.......................................................................... 374.4. Modelo de Autodepuração OD-DBO................................................................... 38 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................ 505.1. Análise da qualidade da água............................................................................... 505.2. Análise da Autodepuração.................................................................................... 74 6. CONCLUSÕES....................................................................................................... 85 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................... 87 8.ANEXO 01............................................................................................................... 91 9.ANEXO 02............................................................................................................... 102

Page 8: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

iv

LISTA DE FIGURAS PáginaFigura 1 - Tendência no consumo global de água, 1900-2000. ......................................

6

Figura 2 - Variação da condutividade de solução de NaCl com a concentração...............

8

Figura 3 - Classificação das diferentes formas de fosfato presentes.................................

13

Figura 4 - Determinação dos sólidos da amostra..............................................................

15

Figura 5 - Representação esquemática dos efeitos de efluente orgânico sobre um rio..... 16 Figura 6 - Ciclo do carbono, nitrogênio e enxofre na decomposição aeróbica ...............

18

Figura 7 - Fatores que afetam a interação OD-DBO ......................................................

20

Figura 8 - Progressão do consumo de oxigênio para um mesmo valor de Lo e diferentes

valores de K1....................................................................................................22

Figura 9 - Variação da DBO em 9, 20 e 300C ...................................................................

23

Figura 10 - Decomposição Bentônica no Rio Cachoeira...................................................

27

Figura 11 – Localização da área de estudo......................................................................... 31

Figura 12 – Unidade Hidrográfica do Rio Cachoeira......................................................... 32

Figura 13 - Localização dos pontos de coleta e Fontes de Poluição................................ 36

Figura 14 - Altura de coleta das amostras.......................................................................... 37

Figura 15 - Pontos característicos da curva de depleção de OD........................................ 41

Figura 16 - Variação sazonal do potencial hidrogeniônico (pH)...................................... 50

Figura 17 - Variação do Potencial Hidrogeniônico (pH) médio....................................... 51

Figura 18 - Variação sazonal da condutividade nos oito pontos de coleta........................ 52

Figura 19 - Variação sazonal da condutividade nos sete pontos de coleta....................... 53

Figura 20 - Variação sazonal da temperatura do corpo d’água.......................................... 54

Figura 21 - Variação sazonal da temperatura do corpo d’água....................................... 55

Page 9: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

v

Figura 22 - Variação sazonal do oxigênio dissolvido....................................................... 56

Figura 23 - Variação do OD médio nos pontos de coleta................................................ 57

Figura 24 - Variação sazonal da demanda bioquímica de oxigênio................................... 58

Figura 25 - Diagrama da caixa dos postos (rank) dos valores da DBO no pontos de coleta........ 59

Figura 26 - Intervalo de confiança de 95% para a estimativa da DBO média................... 60

Figura 27 - Variação sazonal do fosfato........................................................................... 62

Figura 28 - Variação do fósforo total num intervalo de confiança 95%......................... 62

Figura 29 - Variação sazonal do resíduo total..................................................................... 64

Figura 30 - Variação do resíduo total............................................................................. 64

Figura 31 - Variação sazonal do coliforme total................................................................ 66

Figura 32 - Variação sazonal do coliforme total............................................................... 66

Figura 33 - Variação coliformes fecal e total ................................................................ 67

Figura 34 - Relação entre o DBO e a temperatura do rio Cachoeira................................. 71

Figura 35 - Relação entre o OD e a temperatura do rio Cachoeira.................................... 72

Figura 36 – Perfil de OD Trecho P3-P4............................................................................. 76

Figura 37 – Perfil OD Trecho P4-P5................................................................................... 78

Figura 38 – Perfil OD Trecho P4-P5 com tratamento......................................................... 79

Figura 39 – Pefil OD Trecho P5-P6.................................................................................... 81

Figura 40 – Perfil OD Trecho P5-P6 com tratamento......................................................... 82

Figura 41 - Perfil de OD Trecho P6-P7......................................................................... 84

Figura 47 – Visão dos múltiplos usos do rio Cachoeira..................................................... 91

Page 10: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

vi

LISTA DE TABELAS Tabela 01 - OD médio e Classe 57

Tabela 02 - DBO médio e Classe 60

Tabela 03 - Índice de Coliforme e Classe 66

Tabela 04 - Matriz de correlação de Pearson entre as variáveis 68

Tabela 05 - Matriz de correlação (Spearman) entre as variáveis 69

Tabela 06 - Quantificação das Cargas Poluidoras 74

Tabela 07 – Dados de Entrada e Saída do Modelo Matemático Trecho P3-P4 75

Tabela 08 – Perfil de OD dissolvido ao longo do tempo e da distância -Trecho P3-P4 76

Tabela 09 – Dados de Entrada e Saída do Modelo Matemático -Trecho P4-P5 77

Tabela 10 – Perfil de OD dissolvido ao longo do tempo e da distância Trecho P4-P5 78

Tabela 11 – Dados de Entrada e Saída do Modelo Matemático -Trecho P5-P6 80

Tabela 12 – Perfil de OD dissolvido ao longo do tempo e da distância Trecho P5-P6

81

Tabela 13 – Dados de Entrada e Saída do Modelo Matemático -Trecho P6-P7

83

Tabela 14 – Perfil de OD dissolvido ao longo do tempo e da distância Trecho P6-P7

84

Page 11: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

vii

LISTA DE QUADROS Página

Quadro 1 – Variação de pH................................................................................................... 10

Quadro 2 - Concentração de Saturação de OD e sobrevivência dos peixes......................... 12

Quadro 3 – Classificação de ambientes aquáticos em relação á produtividade..................... 14

Quadro 4 - Valores típicos de K2 (base e, 200C).............................................................. 25

Quadro 5 - Valores de K2 segundo modelos dados hidraulicos............................................ 25

Quadro 6 - Valores médios da demanda de oxigênio de leitos de rios ................................ 28

Quadro 7 - Valores médios da produção fotossintética bruta de OD.................................. 30

Quadro 8 – Valores característicos médios e históricos de vazão...................................... 33

Quadro 9 - Valores característicos mínimos de 7 dias ....................................................... 34

Quadro 10 Data das coletas de amostras....................................................................... 35

Quadro 11 - Localização geográfica dos pontos.................................................................. 35

Quadro 12 - Distância dos Trechos....................................................................................... 36

Quadro 13 - Interpretação das relações Lo/Do e K2/K1......................................................... 43

Quadro 14 - Consumo per capita de água............................................................................. 45

Quadro 15 - Vazões específicas médias de algumas indústrias........................................... 45

Quadro 16 - Valores de DBO5 em função das características do curso d’água.................... 46

Quadro 17 - Características químicas dos esgotos domésticos brutos.................................. 47

Quadro 18 - Características das águas residuárias indústrias............................................. 47

Page 12: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

viii

Quadro 19 - Valores típicos de K1........................................................................................ 47

Quadro 20 - Valores típicos de K2 (base e, 200C)................................................................. 48

Quadro 21 - Valores do coeficiente K2 segundo modelos baseados em dados hidráulicos (base e) 200C..............................................................................

48

Quadro 22 - Concentração de Saturação de oxigênio (mg/l)................................................. 49

Quadro 23 - Teores mínimos permissíveis de OD - Resolução Conama n0 20, 18/06/86................

49

Page 13: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

1

1. INTRODUÇÃO Rio Cachoeira Região Sul da Bahia Rio Morto ou Rio Vivo?

É uma indagação pertinente aos tempos atuais pois, o Rio Cachoeira, foi um rio de históricas

enchentes, como as dos anos de 1967, 1972, 1976 e 1980 que estão na memória de muitos

moradores pois parte das cidades ribeirinhas ficaram submersas e inúmeros foram os danos

sociais, econômicos e ambientais, o que levou, em 1974 a um estudo por parte do governo do

estado, intitulado: Controle de Enchentes na área da Cidade de Itabuna.

Na década de noventa foi uma pergunta que periodicamente, a depender da ocorrência ou não

de chuvas, retornava às manchetes dos jornais regionais, à conversa de moradores e visitantes.

Em períodos de estiagem o rio apresenta-se com o seu leito rochoso à mostra, filetes de água

barrenta escorrendo em redemoinhos suaves, trechos recoberto por macrófitas, com odores

desagradáveis no ar, proliferação de insetos, limitações no abastecimento doméstico e

industrial, chegando a ser classificado por membros da comunidade como um esgoto a céu

aberto. Quando chove, o cenário modifica-se, as macrófitas são empurradas rio abaixo,

transferindo o problema para as praias de Ilhéus.

Há uma alternância freqüente destes dois últimos quadros ao longo de cada ano, a

intensificação do uso, principalmente do consuntivo (irrigação, abastecimento urbano e

industrial) e da diluição de efluentes domésticos e industriais não tratados, o que torna cada

vez mais escassa a existência de água de boa qualidade para consumo humano e demais fins.

O Rio Cachoeira, banha três municípios, sendo dois deles, Itabuna e Ilhéus, pólos de

desenvolvimento do estado da Bahia e, juntamente com o Salgado e o Colônia, forma a Bacia

do Cachoeira. A escolha deste rio para estudo extrapola a importância econômica,

demográfica e social dos municípios que banha, porque ele representa a síntese do que ocorre

ao longo da bacia, pois todas as águas desta bacia convergem para o Rio Cachoeira, que

reflete as condições ambientais da região.

Como exemplo, pode-se citar dejetos orgânicos e inorgânicos espalhados ao longo do Rio

Cachoeira, provenientes do lixão, a céu aberto, localizado às margens do Rio Colônia, que

são arrastados na época das grandes chuvas.

Page 14: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

2

Ao longo dos seus 50 km, do ponto de vista antropológico, seu uso principal é como receptor

de esgotos urbanos e industriais. A população ribeirinha usa sua água como fonte de

alimentação, renda através da pesca e também para o laser, a água ainda alimenta indústrias

e irriga plantações e é do seu leito que resulta o comércio da areia lavada.

O estudo de variação da composição química, como conseqüência de poluentes via líquida,

por ação antrópica, não são raros em outras bacias, porém na bacia do Cachoeira, esses ainda

não são significativos, poucos trabalhos podem ser citados:

a) Plano Diretor de Recursos Hídricos – Bacias do Leste, Secretaria de Recursos Hídricos

Saneamento e Habitação da Bahia (1976);

b) Enquadramento da Bacia Hidrográfica da Região Administrativa Leste, Centro de

Recursos Ambientais do Estado da Bahia (1998);

c) Relatório de visita técnica à Bacia Hidrográfica do Rio Cachoeira – CENA (1997);

d) Estudo preliminar de avaliação do regime hídrico - Subprojeto de esgotamento sanitário de Itabuna . Empresa Municipal de Água e Saneamento-EMASA (1996).

O objetivo deste trabalho é a avaliação da qualidade das águas do Rio Cachoeira-Sul da Bahia

que permitirá desenvolver estudo de monitoramento da qualidade destas águas e poderá

proporcionar uma resposta adequada para as dúvidas atuais e auxiliar no planejamento de

ações futuras.

A pesquisa busca também contribuir com dados para a recuperação da qualidade das águas do

rio, ao fazer um estudo de avaliação da qualidade das águas do Rio Cachoeira ao longo de 12

meses do ano de 1999 e um estudo de autodepuração utilizando-se do modelo de Streeter-

Phelps, determinando a qualidade permitida para o efluente a ser lançado, incluindo o nível de

tratamento necessário e a eficiência a ser atingida na remoção da demanda bioquímica do

oxigênio (DBO).

Page 15: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

3

2. OBJETIVOS 2.1. OBJETIVO GERAL Avaliação da qualidade das águas do Rio Cachoeira Sul da Bahia e suas variações temporal e

espacial.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

2.2.1. Estudo do comportamento das variáveis físico-químicas tais como: potencial

hidrogeniônico(pH), condutividade elétrica, oxigênio dissolvido (OD),

demanda bioquímica do oxigênio (DBO), temperatura (T), resíduo total (RT) e

fósforo total (P).

2.2.2. Estudo do comportamento das variáveis biológicas Coliformes Total e Fecal.

2.2.3. Estudo de autodepuração do Rio Cachoeira, utilizando-se do modelo

matemático de Streeter e Phelps, para a simulação do oxigênio dissolvido no

rio.

2.2.4. Determinar a qualidade dos efluentes a serem lançados, incluindo o nível de

tratamento necessário e a eficiência a ser atingida na remoção da demanda

bioquímica de oxigênio.

Page 16: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

4

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. QUALIDADE DE ÁGUA

Águas fluviais são misturas aquosas, cujas características que identificam sua qualidade, são

função do ecossistema do qual ela é parte integrante e de ações intervenientes neste sistema.

Assim, a análise destas misturas, possibilita obter-se informações que contribuam para o seu

gerenciamento, desde que se tenha a percepção generalizada das conexões entre

desenvolvimento, manejo, uso e tratamento dos recursos hídricos e dos ecossistemas

aquáticos.

De acordo com Chorley e Kennedy (1971) os três mais importantes sistemas periféricos

externos, que respondem pelo fornecimento de matéria e energia ao sistema hídrico

superficial, são:

a) abiótico representado principalmente pelo substrato geológico e pelo clima;

b) biótico representado pelas comunidades vegetais e animais;

c) antrópico representado pela ação humana que responde, decisivamente, pelo equilíbrio

entre os sistemas, geralmente gerando modificações nos processos e nas formas.

São sistemas distintos, mas estritamente inter-relacionados.

De acordo com Chistofoletti (1995), a abordagem sistêmica, como concepção holística, surge

como adequada para o estudo dos sistemas ambientais físicos, ficando evidente que as águas

fluviais não podem ser estudadas de maneira isolada ou estanque, uma vez que o equilíbrio do

sistema hídrico depende do completo ajustamento das suas variáveis internas às condições

externas. Os sistemas periféricos controlam a qualidade e quantidade de matéria e energia

liberada a fluir pelo sistema fluvial. Assim é que, todas as variações nas condições

hidrometeorológicas do rio, produzem flutuações nas características das águas. Quando a

precipitação torna-se maior, a vazão do rio tende a crescer, promovendo uma maior diluição

dos efluentes domésticos e industriais, levando ao decréscimo da intensidade da poluição

(Branco,1991).

Page 17: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

5

Segundo Christofoletti (1979), a poluição hídrica não é apenas antiecológica e antiestética,

mas é também antieconômica, pois se o sistema é aberto, quando a poluição das águas é

excessiva, pode por efeito “feedback”, agir sobre os sistemas de produção, a ponto de

paralisá-los, ou mesmo, prejudicar o próprio desenvolvimento econômico da área da bacia.

A Lei n°. 9.433, de 08 de janeiro de 1997 no Capítulo I Art. 1° estabelece que a política

nacional de recursos hídricos baseia-se nos fundamentos de que a água é um bem de domínio

público, um recurso natural limitado, dotado de valor econômico e em situações de escassez,

o uso prioritário dos recursos hídricos é para o consumo humano e a dessedentação de animais

e ainda que a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das

águas.

Os principais usos das águas são para abastecimento doméstico e industrial, irrigação,

dessedentação de animais, aquicultura, preservação da flora e da fauna, recreação e lazer,

harmonia paisagística, geração de energia elétrica, navegação. Isto implica, em padrões de

qualidades de água diferentes. (Branco, 1991)

A qualidade da água pode limitar o seu uso. Em regiões de águas salobra, o desenvolvimento

agrícola não deverá ser baseado em cultivos irrigados, por outro lado a forma de

implementação do uso pode comprometer a curto, médio ou longo prazo usos futuros. Por

exemplo o despejo de unidades industriais, a jusante de uma vila altera as características da

água não permitindo a sua retirada para abastecimento doméstico.

As ações antrópicas resultantes de um modelo que não é socialmente justo, economicamente

viável e ambientalmente prudente, que mais afetam a qualidade das água dos rios e lagos, são

em ordem variável de importância, segundo as diferentes situações, os esgotos domésticos

tratados de forma inadequados, controles inadequados de efluentes industriais, perda e

destruição dos sistemas de captação, localização errônea de unidades industriais,

desmatamento, agricultura migratória sem controle e práticas agrícolas deficientes. Os efeitos

danosos ao meio ambiente e a saúde humana constituem as conseqüências mensuráveis.

(Peixinho, 1996).

O capítulo 18 da Agenda 21 mostra que uma oferta de água confiável e o saneamento

ambiental são vitais para proteger o meio ambiente e o homem, pois estima-se que 80% de

Page 18: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

6

todas as moléstias e mais de um terço dos óbitos dos países em desenvolvimento são causados

pelo consumo de água contaminada e, em média, até um décimo do tempo produtivo de cada

pessoa se perde no tratamento de a doenças relacionadas com a contaminação da água.

O desenvolvimento econômico e social dos povos está baseado na disponibilidade de água de

boa qualidade e na capacidade de conservação e proteção dos recursos hídricos. A Figura 1

mostra a dinâmica do consumo de água em km3/ano e sua evolução nos últimos 100 anos.

Uma das causas fundamentais do aumento no consumo de água, e da rápida deterioração da

qualidade, é o aumento da população mundial e a taxa de urbanização. No Brasil, 70% da

população, hoje vive em áreas urbanas com necessidades crescentes de água e com aumento

permanentes nos custos de tratamento (Tundisi, 1999).

Fonte: Biswas (1991) apud Tundisi (1999) Figura 1 - Tendência no consumo global de água, 1900-2000.

Page 19: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

7

3.2. PARÂMETROS DA QUALIDADE DA ÁGUA A qualidade dos corpos d’água segue uma classificação, segundo as legislações:

1. Federal - Portaria MINTER no. GM 0013, de 15/01/76, que regulamenta a classificação

dos corpos d’água superficiais, com respectivos padrões de qualidade, e os padrões de

emissão para efluentes, e a Resolução no. 20, de 18/06/86 do Conselho Nacional do Meio

Ambiente (CONAMA), que estabelece nova classificação para as águas doces, bem como

inclui as águas salobras e salinas do Território Nacional.

2. Estadual - Decreto no. 28.687, de 11/02/1992, que estabelece o enquadramento dos corpos

d’água, no estado da Bahia.

A partir de um monitoramento dos parâmetros físicos, químicos e bacteriológicos de

qualidade de água, os corpos d’água são enquadrados nas classes correlatas.

A qualidade da água pode ser representada através de diversos parâmetros, que traduzem suas

principais características físicas, químicas e biológicas. A seguir tem-se uma descrição dos

parâmetros utilizados nesta pesquisa.

3.2.1. TEMPERATURA

Este parâmetro é de fundamental importância para os sistemas aquáticos terrestres, já que os

organismos possuem diferentes reações às mudanças deste fator. A maior parte dos

organismos aquáticos têm sua temperatura regulada pelo meio externo. Por tanto nestes

organismos a velocidade de suas reações metabólicas dependem da temperatura da água

(Porto & Branco & Luca, 1991).

A Temperatura influencia na cinética das reações químicas e biológicas que ocorrem, a lei de

Van’t Hoff postula que as reações químicas têm sua velocidade dobrada sempre que a

temperatura é elevada de 100C. Assim, todos os processos vitais que se realizam em um

organismo são, dentro de certos limites, ativados. A maior parte dos organismos possui faixas

de temperatura ótimas para sua reprodução.

De acordo com Branco (1986), a principal conseqüência da elevação da temperatura da água

de um manancial relaciona-se com a perda de oxigênio. Realmente, a variação da

Page 20: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

8

solubilidade dos gases e da maioria dos sais é inversamente proporcional à variação da

temperatura (Russell, 1992).

As principais aplicações ecológicas deste parâmetro são a determinação do valor da saturação

de gases dissolvidos – principalmente oxigênio – o cálculo das formas de alcalinidade, a

especiação de elementos e, ainda, as operações gerais em laboratório (Paranhos, 1996).

A altas temperaturas a velocidade do metabolismo aumenta, criando uma maior demanda de

oxigênio. Menos oxigênio é disponível, porque sua solubilidade diminui com a elevação da

temperatura, assim é no mímino duplamente impactante.

3.2.2. CONDUTIVIDADE

Este parâmetro está relacionado com a quantidade de íons encontrados na água, os quais

conduzem corrente elétrica. A medida de condutividade não mostra qual o íon presente e sim

a quantidade de íons na água. Quanto maior a quantidade de íons na água, maior a capacidade

da mistura de transmitir corrente elétrica, como ilustra a Figura 2, na qual a linha tracejada

representa a proporcionalidade direta que é esperada se os íons se comportassem como

partículas completamente independentes, como o fazem à diluição infinita (Masterton &

Slowinski, 1978).

Fonte: Masterton & Slowinski (1978)

Figura 2 - Variação da condutividade de solução de NaCl com a concentração.

Page 21: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

9

Os íons são levados para o corpo d'água devido às chuvas, ou através do despejo de esgotos.

Substâncias como os alvejantes (água sanitária) possuem íons de cloro, que ao serem lançados

no sistema elevam a condutividade. Através das chuvas, por exemplo no cerrado, os íons

livres de alumínio são levados para o sistema, aumentando a condutividade.

Mantendo-se constante a concentração iônica, uma alteração na tempertura do sistema,

implica no aumento da condutividade. Estas variações diferem para cada íon, mas segundo

Hem (1985), o aumento de 10C na temperatura do sistema, corresponderá a um acréscimo de

2% na condutividade ( Porto et al, 1991).

A água pura no estado líquido possui condutividade elétrica bem baixa, apenas centésimos de

micromhos/cm a 250C. As condutividades de eletrólitos forte, em concentrações baixas como

0,1 mol/litro, são pelos menos 100.000 vezes maiores que a da água pura. Compostos que são

iônicos em fase sólida agem como eletrólitos fortes; exemplos incluem NaCl (Na+, Cl-) e

Ba(OH)2 (Ba+2, 2OH-). Umas poucas espécies se ionizam quase completamente quando

adicionadas à água como o ácido clorídrico (HCl).

3.2.3. POTENCIAL HIDROGENIÔNICO

Por definição, Potencial Hidrogeniônico (pH) de uma solução é igual ao logaritmo negativo

da atividade dos prótons livres nessa solução. (Carmouze, 1994).

pH = - log{ H+}

pH = - log fH x [H+]

onde:

{H+} = atividade de H+

[H+] = concentração de H+ em mol/l

fH = atividade de H+

Nas solução diluídas, fH aproxima-se de 1. Portanto, nas águas doces, pode-se escrever :

pH = - log[H+]

Page 22: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

10

O Quadro 1 apresenta a variação do pH em função da concentração hidrogeniônica. Observa-

se que quanto maior a concentração hidrogeniônica, menor o pH. O valor pH 7 representa

uma solução neutra onde a concentração hidrogeniônica e hidroxiniônica são iguais.

Quadro 1 - Variação do pH

pH Concentração H+ em mol/l

0,0 1,0 Aumenta Acidez [H+] > [OH-]

1,0 0,1

2,0 0,01

3,0 0,001

4,0 0,0001

5,0 0,00001

6,0 0,000001

7,0 0,0000001 Solução Neutra [H+] = [OH-]

8,0 0,00000001

9,0 0,000000001

10,0 0,0000000001

11,0 0,00000000001

12,0 0,000000000001

13,0 0,0000000000001

14,0 0,00000000000001 Aumenta Basicidade [H+] < [OH-]

Fonte: adaptado de Richter (1991)

Segundo Esteves (1998), o pH pode ser considerado como uma das variáveis ambientais mais

importantes, ao mesmo tempo que uma das mais difíceis de se interpretar em função do

grande número de fatores que podem influenciá-lo. Na maioria das águas naturais o pH da

água é influenciado pela concentração de íons H+ originados da ionização do ácido carbônico

H2CO3 + H2O H3O+ + HCO31-

Page 23: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

11

que gera valores baixos de pH, pois aumenta a concentração hidrogeniônica, e das reações

de íons carbonato e bicarbonatos com a água, que elevam os valores de pH para a faixa

alcalina, pois aumentam a concentração hidroxiniônica.

CO32- + H2O HCO3

- + OH-1

HCO3-1 + H2O H2CO3 + OH-1

O pH é muito influenciado pela quantidade de matéria morta a ser decomposta, sendo que

quanto maior a quantidade de matéria orgânica disponível, menor o pH, pois para haver

decomposição desse material muitos ácidos são produzidos (como o ácido húmico). As águas

conhecidas como Pretas (por exemplo o Rio Negro, no Amazonas) possuem pH muito baixo,

devido ao excesso de ácidos em solução (Esteves, 1998).

O pH de um corpo d'água também pode variar, dependendo da área (no espaço) que este

corpo recebe as águas da chuva, os esgotos e a água do lençol freático . Quanto mais ácido for

o solo da Bacia, mais ácidas serão as águas deste corpo d'água. Por exemplo um Cerrado, que

tem excesso de alumínio, quando drenado, leva uma grande quantidade de ácidos para os

corpos d'água, reduzindo o pH (Esteves, 1998).

Nos sistemas de abastecimento público de água, segundo Richter (1991), o pH está

geralmente compreendido entre 6,5 e 9,5. De modo geral, águas de pH baixo tendem a ser

corrosivas ou agressivas a certos metais, paredes de concreto e superfícies de cimento-

amianto, enquanto que águas de alto pH tendem a formar incrustações.

3.2.4. OXIGÊNIO DISSOLVIDO (OD)

Segundo Von Sperling (1998), o oxigênio dissovido é o principal parâmetro de caracterização

dos efeitos da poluição das águas por despejos orgânicos.

Dados da concentração de oxigênio dissolvido nas águas representam uma informação básica

pois a presença ou ausência de oxigênio, que fixa as vias de mineralização aeróbica e

anaeróbica da matéria orgânica e o tipo de fotossíntese. Em condições anóxica, a biota se

limita a comunidades de microorganismos, que substituem o oxigênio por outros oxidantes,

Page 24: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

12

como NO3-1, Fe+3, Mn+4, SO4

-2 e CO2-2. As atividades fotossintéticas decorrem também de

processos bem distintos: em situação óxica, a energia luminosa provoca fotólise das

moléculas d’água produzindo prótons, os quais são utilizados como agentes redutores do CO2

e moléculas de oxigênio; em situação anóxica há fotólise de moléculas de ácido sulfídrico,

que fornecem prótons e liberam sulfatos (Carmouse, 1994).

O oxigênio dissolvido é vital para os seres aquáticos aeróbicos, todos os organismos vivos

dependem de uma forma ou outra do oxigênio para manter os processos metabólicos de

produção de energia e de reprodução. A água, isenta de poluição orgânica, apresenta uma

concentração de oxigênio dissolvido limite que depende da sua temperatura e da

pressão atmosférica local e que denomina-se concentração de saturação de oxigênio

dissolvido. O teor de oxigênio dissolvido é um fator importante à preservação da fauna e flora

aquática (Porto et al, 1991).

Quadro 2 - Concentração de Saturação de OD e sobrevivência dos peixes

Concentração de OD (mg/l) Conseqüências

4 – 5 Morrem os peixes mais exigentes

2 Todos os peixes morrem

0 Condição de anaerobiose

Fonte: Porto & Branco & Luca (1991)

Sua origem natural na água é a dissolução do gás oxigênio atmosférico e a produção pelos

organismos fotossintéticos. As perdas são o consumo pela decomposição de matéria orgânica,

perdas para a atmosfera, respiração de organismos aquáticos e oxidação de íons.

O oxigênio é um gás pouco solúvel em água, à pressão de 1 atm , seu coeficiente de

solubilidade varia entre 14,6 mg/l a 00C até 7,6 mg/l a 300C. Em águas poluídas, a quantidade

de oxigênio dissolvido é ainda menor que em condições naturais. Segundo Porto, 1991, a

razão de saturação de oxigênio em água poluída e água limpa é de 0,80. Valores de OD

superiores à saturação são indicativos da presença de algas, enquanto que valores inferiores

são indicativos da presença de matéria orgânica.

Page 25: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

13

3.2.5. FÓSFORO

O fósforo e suas diversas formas (Figura 3 ) estão presentes em águas naturais e em efluentes

domésticos e industriais. Em sistemas de abastecimento, os polifosfatos podem ser

empregados como controladores da corrosão ou da incrustação em caldeiras industriais. Os

esgotos domésticos são ricos em fósforo, e a sua concentração vem aumentando devido ao uso

de detergentes sintéticos contendo polifosfatos. Os fosfatos são empregados como

fertilizantes, e por lixiviação chegam aos corpo d´água (Paranhos, 1996).

Fonte: Esteves (1998)

Figura 3 - Classificação das diferentes formas de fosfato presentes

Segundo Esteves (1998), o fósforo é o principal fator limitante da produtividade das águas

continentais e tem sido apontado como principal responsável pela eutrofização artificial destes

ecossistemas.

Page 26: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

14

O fósforo não apresenta problemas de ordem sanitária nas águas de abastecimento. É um

elemento indispensável para o crescimento de algas e, quando em elevadas concentrações em

lagos e represas, pode conduzir a um crescimento exagerado desses organismos (eutrofização)

(Quadro 3). O fósforo é um nutriente essencial para o crescimento dos microorganismos

responsáveis pela estabilização da matéria orgânica. É utilizado na caracterização de águas

residuárias brutas e tratadas e de corpos d´água. Em corpos d´água os seguintes valores de

fósforo total podem ser utilizados como indicativos aproximados do estado de eutrofização de

lagos (lagos tropicais provalmente aceitam concentrações superiores) : a) P < 0,01-0,02 mg/l:

não eutrófico; b) P entre 0,01-0,02 e 0,05 mg/l: estágio intermediário; c) P > 0,05 mg/l:

eutrófico (Von Sperling, 1996).

Quadro 3 - Classificação de ambientes aquáticos em relação a produtividade

Produtividade Fosfato (mg/l)

Muito baixa 0,005

Moderadamente baixa 0,005 – 0,010

Moderadamente alta 0,010 – 0,030

Alta 0,030 – 0,100

Muito Alta 0,100

Fonte: Porto & Branco & Luca (1991)

3.2.6. RESÍDUO TOTAL

Altas concentrações de sólidos em suspensão são danosas aos peixes, afetam organismos

bentônicos, reduzem a passagem de luz solar e desequilibram as cadeias tróficas.

Em águas naturais, a concentração de sólidos dissolvidos totais em amostras de águas

superficiais fornecem uma idéia das taxas de desgaste das rochas por imtemperismo. Em

regiões com altos índices pluviométricos mas com rochas insolúveis como o granito, o

escoamento superficial apresentará baixos valores de sólidos dissolvidos totais. Pode-se

caracterizar a litologia da região através dos íons mais freqüentemente presentes na água. A

Figura 4 mostra um esquema para a determinação de resíduos totais de uma amostra.

Page 27: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

15

Excesso de sólidos dissolvidos na água pode causar alterações de sabor e problemas de

corrosão. Para água de abastecimento, permite-se um valor máximo de 500 mg/l de sólidos

dissolvidos totais (Resolução CONAMA n0 20, de 18/06/86).

Filtrar Membrana com poro 1,2 μm

Evaporar 1600C

Pesar Resíduo Pesar Resíduo

Calcinar 5500C

Calcinar

Pesar as cinzas Pesar as cinzas

Sólido Dissolvidos Voláteis

Sólidos Suspensão Voláteis

Sólidos DissolvidosFixos

Sólidos Suspensão

Sólidos Dissolvidos

Totais

SÓLIDOS TOTAIS

Sólidos Suspensão

Totais

Fixos

Peso Perdido

Peso Perdido

5500C

Amostra Filtrada Sólido Retido

Evaporar 1600C

Amostra de água

Fonte: Porto et al (1991) Figura 4 – Determinação dos sólidos totais em uma amostra.

Page 28: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

16

3.3. IMPACTO DE CARGAS BIODEGRADÁVEIS

A Figura 5 mostra a representação esquemática dos efeitos de um efluente orgânico sôbre um

rio e as mudanças que ocorrem quando se segue, rio abaixo, a partir do ponto de descarga do

esgoto (Mellanby, 1982)

Mudanças Físicas e Químicas

Mudanças Físicas e Químicas

Mudanças Micro- organismo

Mudanças Animais Maiores

Rio antes Lançamento

Fonte: Mellanby (1982) Figura 5 - Representação esquemática dos efeitos de um efluente orgânico sobre um rio.

Page 29: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

17

A situação antes do lançamento é descrita por Carmouze (1994) como um ecossistema onde

ocorrem continuamente produção de matéria orgânica através de processos de fotossíntese e

de biosíntese e mineralização de matéria orgânica através dos processos de respiração e

fermentação. A evolução deste conjunto de processos define o metabolismo do ecossistema,

que pode ser considerado como o metabolismo emergente da soma dos diversos metabolismos

das comunidades que constituem a biota.

Quando uma carga poluidora de origem orgânica é lançada neste ecossitema, ela sofre um

processo natural de estabilização, realizado através de fenômenos físicos, físico-químicos e

biológicos, denominado segundo Branco (1986), de autodepuração, que é fundamental para a

assimilação da poluição por parte do rio.

Dependendo da sua capacidade de autodepuração, um rio pode assimilar satisfatoriamente

determinada carga poluidora, sem se degradar a níveis críticos, incompatíveis com os seus

usos múltiplos. Portanto, os estudos de autodepuração são de grande importância para o

planejamento dos recursos hídricos, orientando as medidas necessárias à sua utilização e

proteção da qualidade de suas águas (Salvador, 1990).

Os despejos orgânicos, tanto de origem sanitária como industrial, possuem cadeias complexas

que são metabolizadas por microorganismos que existem naturalmente nos esgotos.

Inicialmente, quando existe oxigênio, o processo de decomposição é realizado por bactérias

aeróbicas, que oxidam a matéria orgânica biodegradável, produzindo compostos estáveis

como gás carbônico e água. Quando todo o oxigênio do meio é esgotado, o processo passa a

ser realizado por bactérias anaeróbicas, que transformam a matéria em compostos menos

complexos, como metano, ácidos voláteis e outros.

A Figura 6 a seguir mostra o ciclo do carbono, nitrogênio e enxofre na decomposição

aeróbica.

Page 30: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

18

MATÉRIAORGÂNICA MORTA

- Nitrogenada

- Carbonácea

- Sulfurosa

MATÉRIAANIMAL VIVA

- Proteínas- Gorduras

PRODUTOS INICIAIS DE

DECOMPOSIÇÃO

- Nitrogenio amoniacal- Gás Carbônico- Ácido Sulfídrico

DEPÓSITO DE

- Oxigênio- Gás Carbônico- Nitrogênio

NO AR E NA ÁGUA

MATÉRIA VEGETALVIVO:

- Proteínas- Carboidratos- Gorduras

PRODUTOS INTERMEDIÁRIOS DE

DECOMPOSIÇÃO

- Nitritos- Gás Carbônico- Enxôfre

PRODUTOS FINAIS DE

DECOMPOSIÇÃO

- Nitratos- Gás Carbônico- Sulfatos

Produtos de

esgoto e morteDecomposição

Vida

Ani

mal

Red

ução

Dec

ompo

siçã

o

Oxi

daçã

o

Redução

Decomposição

Oxidação

Plantas Vivas

Deca

imen

to

e

mor

te

OxigênioRespiraçãoCO2

Oxigê

nio p

ara

resp

iraçã

o de

orga

nism

os d

e de

com

posiç

ão

CO 2

Oxigênio para aoxidação biológica

Gases de nitrogênioe CO

2Oxigênio para a

oxidação biológica

Gas

es d

e ni

trogê

nio

e C

O2

Fixa

ção

do N

itrog

ênio

Co2

Oxig

ênio

Foto

ssín

tese

Oxigênio

Respiração

CO2

Fonte: Fair et al (1973) Figura 6 - Ciclo do carbono, nitrogênio e enxofre na decomposição aeróbica (Fair et al , 1973)

Page 31: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

19

3.3.1. DEMANDA BIOQUÍMICA DE OXIGÊNIO (DBO)

Avalia a quantidade de oxigênio dissolvido(OD), que será consumida na oxidação biológica

da matéria orgânica. Segundo Porto et al (1991), através da DBO se estima a carga orgânica

de corpos d’água, de efluentes, e a necessidade de aeração para degradá-la em estações de

tratamento de esgoto.

A matéria orgânica contida nas águas residuais sofre uma reação natural de oxidação. Esta

reação ocorre em duas fases distintas, na primeira fase (síntese) a matéria orgânica é utilizada

no crescimento e formação de novos microorganismos, com consumo de oxigênio, na

segunda fase (metabolismo endógeno) ocorre um processo competitivo entre os

microorganismos pela falta de alimento. O oxigênio é usado pelos microorganismos na auto-

oxidação de sua massa celular. Nos primeiros dias a oxidação é devida principalmente a

matéria carbonácea e denominada DBO do primeiro estágio ou carbonácea.

Matéria orgânica + O2 + bactérias → CO2 + H2O + bactérias + energia

No segundo estágio a oxidação é devida à transformação do nitrogênio amoniacal a nitrogênio

nitroso e nítrico e denomina-se nitrificação. Sob condições propícias do meio ambiente,

indicadas por Branco (1978), e em meio aeróbico, as nitrobactérias transformam o nitrogênio

amoniacal, resultante da decomposição de compostos orgânicos nitrogenados na oxidação

carbonácea, em nitritos e estes a nitratos.

Amônia + O2 → nitritos + H+ + H2O + energia

Nitritos + O2 → nitratos + energia

Na ausência de oxigênio livre certas bactérias produzem o fenômeno quimicamente inverso –

a denitrificação, que consiste na transformação de nitratos em nitritos, amônia e nitrogênio

gasoso.

A interação entre oxigênio dissolvido(OD) e demanda bioquímica de oxigênio(DBO) é muito

complexa e depende de vários fatores, alguns dos quais são mais ou menos importantes,

Page 32: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

20

dependendo do sistema fluvial em estudo. A Figura 7 apresenta um esquema destes fatores,

mostrando suas inter-relações.

TRECHO

DE

RIO

O D

DEPÓSITOS

DE LODO

DO FUNDO

CICLO

DO

NITROGÊNIO

ALGAS D B O

CARGA

DE

ESGOTO

CRESCIMENTO

LUZ SOLAR

CRESCIMENTO

MORTE

FOTO

SSÍN

TES

E

RE

SPIR

AÇÃ

O

ESCOAMENTO

SUPERFICIAL

DECOMPOSIÇÃONITRIFICAÇÃO

DENITRIFICAÇÃO

CR

ESC

IME

NTO

MO

RTE

FOTOSSÍNTESE

RESPIRAÇÃO DECAIMENTOSE

DIM

ENTA

ÇÃO

RES

SUS

PEN

SÃO

MORTE E DECAIMENTO

AERAÇÃO

MORTE E DECOMPOSIÇÃO

Fonte: James (1978) apud Gastaldini (1982)

Figura 7 - Fatores que afetam a interação OD-DBO

Page 33: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

21

O teste é realizado à temperatura de 200C durante 5 dias, no escuro, sem fonte externa de OD,

com diluição e semeadura apropriadas. Por durar 5 dias, os resultados são expressos em

termos de DBO5, a 200C. Após este tempo 67% a 75% da DBO última é satisfeita, para a

maioria dos esgotos domésticos. A DBO remanescente é a diferença entre a DBO última e a

DBO exercida ao final de um certo tempo (Porto, 1991).

Em termos matemáticos o consumo de DBO segundo Branco (1978), pode ser descrito

através da seguinte equação:

dL ------ = - K1 L dt

(Equação 1)

(Equação 2)

(Equação 3)

onde: L = concentração de DBO remanescente (mg/l)

t = tempo (dia)

K1 = coeficiente de desoxigenação (dia-1)

A integração entre os limites de L=L0 e L=Lt , e t=0 e t=t

onde:

L = concentração de DBO remanescente em um tempo t qualquer (mg/l)

L0 = concentração de DBO remanescente em um tempo t = 0 (mg/l)

K1 = coeficiente de desoxigenação (dia-1)

t = tempo (dia)

Para o consumo de oxigênio, quantifica-se a DBO exercida (Y)

L = L0 e – K1 t

Y = L0 – L = L0 (1 - e – K1 t )

onde:

Y = DBO exercida em um tempo t (mg/l)

L0 = concentração de DBO remanescente em um tempo t = 0 (mg/l), ou

DBO exercida em t = ∞ ou demanda última

L = concentração de DBO remanescente em um tempo t qualquer (mg/l)

K1 = coeficiente de desoxigenação (dia-1)

t = tempo (dia)

Page 34: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

22

O valor do coeficiente de taxa de reação ou coeficiente de desoxigenação (K1) aumenta com a

temperatura e depende da composição do resíduo considerado.

A Figura 8 ilustra esta dependência, quando mostra a trajetória do consumo de oxigênio para

diferentes valores de K1, e o mesmo valor da demanda última (L0= 100 mg/l). A amostra com

maior K1 num mesmo intervalo de tempo apresenta maiores valores de DBO, ou seja, tem

uma taxa de consumo de oxigênio mais rápida, comparada com a amostra de menor K1.

Valores de DBO próximos à demanda última são mais rapidamente atingidos com a amostra

de maior valor de K1.

Fonte: Von Sperling (1996)

Figura 8 - Progressão do consumo de oxigênio para um mesmo valor de Lo e diferentes

valores de K1

A Figura 9 , apresentada por Fair et al (1973), mostra a influência da temperatura na

velocidade das reações. A elevação da temperatura aumenta o K1, mas não altera o valor da

demanda última L0, que passa a ser apenas mais rapidamente satisfeita.

Page 35: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

23

Fonte: Fair (1973) Figura 9 - Variação da DBO em 9, 20 e 300C

A relação empírica entre a temperatura e a taxa de desoxigenação pode ser expressa, segundo

Fair et al (1973), através da seguinte forma:

(Equação 4) K1T

= K120 θ (T – 20)

onde: K1

T= coeficiente de desoxigenação na temperatura T (dias-1)

K120 = coeficiente de desoxigenação a 20º C (dias-1)

T = temperatura do líquido (0C)

θ = constante, coeficiente de temperatura

O valor da constante θ é sugerida por vários autores entre os quais tem-se:

- θ = 1,056 (Schoroepfer) (20 - 30º C )

- θ = 1,135 (Schoroepfer) (4 - 20º C )

- θ = 1,047 (Phelps)

Page 36: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

24

3.2.2. REAERAÇÃO ATMOSFÉRICA

Para cada condição de temperatura e pressão atmosférica existe um valor de solubilidade do

oxigênio na água, que denomina-se concentração de saturação de oxigênio dissolvido. A

introdução de matéria orgânica no escoamento consumirá parte deste oxigênio, causando um

déficit na concentração da oxigênio na água. Esse déficit tenderá a diminuir tanto mais

rapidamente quanto maior ele for, e quanto maior for a capacidade de reoxigenação do rio.

Esta capacidade de reoxigenação dependerá das características do escoamento como a

turbulência, dimensões da seção, temperatura, etc. (Fair et al, 1973).

De acordo com a equação, a taxa de reaeração de um corpo d’água, quando não há utilização

do oxigênio dissolvido, pode ser expressa segundo Sperling, 1996, por:

Onde:

D = déficit de oxigênio dissolvido (mg/l)

Diferença entre a Concentração de Saturação e a Concentração em um tempo t (Cs – C t)

t = tempo (dia)

K2 = coeficiente de reaeração (dia-1)

dD -------- = - K2 D dt

D = D0 e –K2 t

(Equação 5)

(Equação 6)

onde: D0 = déficit de oxigênio no tempo inicial (mg/l)

Existe, na literatura, grande quantidade de fórmulas para prever o coeficiente de reaeração,

baseadas nas características hidráulicas dos escoamentos. Estas fórmulas, embora sejam

normalmente utilizadas nos modelos de qualidade da água, não passam de formulações semi-

empíricas válidas para as condições particulares dos escoamentos onde foram obtidas, além de

seus resultados divergirem significativamente e devem ser usadas na ausência de dados

específicos acerca do corpo d’água.

Page 37: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

25

O Quadro 4 apresenta valores típicos de K2, encontrados por alguns pesquisadores, após

estudo de corpos d’água de diversas características.

Quadro 4 - Valores típicos de K2 (base e, 200C)

K2 (dia-1) Corpo d’água Profundo Raso

Pequenas lagoas 0,12 0,23

Rios vagaroso, grandes lagos 0,23 0,37

Grandes rios com baixa velocidade 0,37 0,46

Grandes rios com velocidade normal 0,46 0,69

Rios rápidos 0,69 1,15

Corredeiras e quedas d’água > 1,15 >1,61

Fonte: Fair et al (1973), Arceivala(1981) , von Sperling (1996)

Em função do aumento da turbulência e de melhores condições de mistura, observa-se que

corpos d’água rasos apresentam um valor superior do coeficiente de reaeração para as

mesmas condições que os profundos, e ainda analisando o quadro é possível perceber que na

mesma condição de profundidade, os mais velozes também apresentam valores superiores do

coeficiente de reaeração (von Sperling, 1996).

O Quadro 5, apresenta algumas das principais fórmulas, para a determinação do coeficiente

K2 segundo modelos baseados em dados hidráulicos do escoamento.

Quadro 5 - Valores de K2 para modelos baseados em dados hidráulicos do escoamento.

Pesquisador Fórmula Faixa de aplicação O’Connor e Dobbins (1958)

3,73.v0,5H-1,5 0,6m ≤ H < 4,0 m 0,05 m/s ≤ v < 0,8 m/s

Churchill et al (1962)

5,0. v0,97H-1,67 0,6m ≤ H < 4,0 m 0,8 m/s ≤ v < 1,5 m/s

Owens et al (apud Branco, 1976) 5,0. v0,67H-1,85 0,1m ≤ H < 0,6 m 0,05 m/s ≤ v < 1,5 m/s

Fonte: Von Sperling (1996) Notas: v: velocidade do curso d’água (m/s) H: altura da lâmina d’água (m) Faixas de aplicabilidade adaptadas e ligeiramente modificadas (Von Sperling (1996)

Page 38: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

26

A solubilidade dos gases é inversamente proporcional à temperatura, com isto, a concentração

de saturação do oxigênio é menor em temperaturas mais altas, implicando na redução no

déficit de oxigênio. Por outro lado o aumento de temperatura, aumenta a energia cinética das

moléculas, levando a um aumento das reações de absorção de oxigênio, aumentando o K2,

sendo este aumento mais representativo que o decréscimo.

A relação empírica entre a temperatura e a taxa de reaeração pode ser expressa da seguinte

forma segundo Von Sperling (1996):

onde:

K2T = coeficiente de reaeração na temperatura T (dias-1)

K220 = coeficiente de reaeração em 20º C (dias-1)

T = temperatura do líquido (0C)

θ = constante, coeficiente de temperatura

Entre os valores para a constante θ, o mais usado é 1,024 segundo Von Sperling (1998).

3.2.3. SEDIMENTAÇÃO E RESUSPENSÃO

A matéria orgânica sólida suspensa nas águas pode, sob condições de baixa velocidade, ser

sedimentada no leito dos rios. A diminuição da DBO, por sedimentação da matéria orgânica,

pode ser expressa por uma equação de primeira ordem, segundo Branco (1978).

(Equação 7)

(Equação 8)

(Equação 9)

onde: L = concentração de DBO remanescente (mg/l)

t = tempo (dia)

K3 = taxa de sedimentação (dia-1)

Integrando entre os limites de L=L0 e L=Lt , e t = 0 e t = t tem-se:

K2T = K220 θ (T – 20)

dL -------- = - K3 L dt

L = L0 e – K3 t

Page 39: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

27

L = concentração de DBO remanescente em um tempo t qualquer (mg/l)

L0 = concentração de DBO remanescente em um tempo t = 0 (mg/l)

Através de considerações teóricas Velz (1970), deduziu que em locais em que ocorrem

velocidades do escoamento menores do que 0,2 m/s são formados os depósitos de lodo

orgânico; os depósitos de lodo fresco em digestão podem ser removidos por resuspensão em

velocidades entre 0,2 e 0,3 m/s e os depósitos de lodo digerido são removidos por

resuspensão em velocidades superiores a 0,4 m/s. Branco (1978) diz que taxa de

sedimentação pode ser avaliado através de determinações de DBO em amostras tomadas em

dois pontos e uma ou mais amostras intermediárias colhidas a intervalos de tempo

aproximadamente iguais aos tempos de percurso.

3.2.4. DEMANDA BENTÔNICA

A matéria orgânica sedimentada no leito dos rios tende a decompor-se. A decomposição da

camada superficial de lodo pode ser aeróbia ou anaeróbia dependendo da quantidade de

oxigênio dissolvido na água nas suas proximidades. A Figura 10, mostra esquematicamente

este fenômeno.

Fonte: Eckenfelder (1980)

SUPERFÍCIE DA ÁGUA

PRODUTOS ANAERÓBICOSCO , CH , H S, ÁCIDOS ORGÂNICOS2 4 2

DIFUSÃO DE O2

CAMADA AERÓBICA

CAMADA ANAERÓBICADEPÓSITO DE LODO

Figura 10 - Decomposição Bentônica no Rio

Page 40: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

28

A camada superior do lodo, em contato com a água com concentrações razoáveis de OD,

decompõe-se aerobicamente com consumo de OD do meio. As camadas inferiores sofrem

decomposição anaeróbia liberando gases que se deslocam em direção à superfície do rio.

Estes gases carregam consigo, quando a decomposição anaeróbia é intensa, placas de lodo que

produzem demandas de OD e mau aspecto ao corpo d’água.

Segundo Branco et al (1977), a demanda bentônica pode também ser originada por

filamentos fixos de bactérias tais como Sphaerotilus, que em rios poluídos por resíduos

solúveis, podem consumir mais de 7,0 g de O2 / m2 dia.

Medidas da demanda bentônica “in situ” envolvem a submersão cuidadosa de um jarro em

forma de sino, até o fundo do rio e a medida do consumo de O2 no interior do recipiente

durante um intervalo de tempo. Em laboratório, a demanda bentônica pode ser avaliada

através de amostras de lodo indeformadas colocadas em contato com água saturada de

oxigênio, determinando-se a redução do OD no tempo. Alguns resultados da demanda

bentônica avaliada por alguns pesquisadores são apresentados no Quadro 6.

Quadro 6 - Valores médios da demanda de oxigênio de leitos de rios

DEMANDA DE O2 A 20ºC ( g de O2 / m2 dia) LOCAL E TIPO DE LEITO

VARIAÇÃO MÉDIA

Sphaerotilus (10 g/m2 ) - 7,0

Lodo de esgoto municipal (perto do lançamento ) 2,0 _ 10,0 4,0

Lodo de esgoto municipal (velho) 1,0 _ 2,0 1,5

Lodo de fibra celulósica 4,0 _ 10 0,7

Lama de estuário 1,0 _ 2,0 1,5

Fundo arenoso 0,2 _ 1,0 0,5

Solos minerais 0,05 – 0,1 0,07

Fonte: Thomann (1974)

Page 41: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

29

Fillos e Molof (1972) fizeram várias determinações em laboratório, concluindo que a

demanda bentônica é praticamente constante para concentrações de OD na água superiores a

2,0 mg/l, a partir daí reduzindo com o OD; para concentrações de OD inferiores a 1,5 mg/l

aumenta a liberação de compostos orgânicos proporcionalmente ao decréscimo de OD; para

espessuras de lodo superiores a 7,6 cm a demanda de oxigênio parece não depender da

espessura da camada de lodo. O coeficiente de demanda bentônica depende dos mesmos

fatores da taxa de oxigenação e desoxigenação, podendo ser também desprezado para rios de

maior velocidade, acima de 0,20 m/s, sem praticamente sedimentação de matéria orgânica.

3.2.5. FOTOSSÍNTESE E RESPIRAÇÃO

As plantas, quando iluminadas, liberam oxigênio como resultado da fotossíntese e consomem,

continuamente, oxigênio através da respiração. Nos corpos ďágua eutróficos, ou seja com

crescimento excessivo de plantas aquáticas, elas podem causar grandes variações na

concentração de oxigênio dissolvido, aumentando durante o dia, mas agravando o déficit

durante a noite.

Segundo Rutherford et al (1974), quando as populações de plantas aquáticas estão estáveis, a

quantidade de oxigênio produzida e consumida, num período de 24 horas, é aproximadamente

igual; durante períodos de rápido crescimento existe uma contribuição líquida de oxigênio e

quando são destruídas, podem causar grande queda no oxigênio do corpo ď água.

A taxa líquida de produção de oxigênio por fotossíntese, diferença entre a produção por

fotossíntese e o consumo por respiração, num corpo ď água, depende da energia luminosa

recebida na profundidade específica no rio, da quantidade de nutrientes, do oxigênio

dissolvido e da temperatura da água. Avaliar, através destes dados, a população de algas e o

oxigênio gerado por processos fotossintéticos é muito difícil. Branco et al (1977) e outros

pesquisadores apresentam vários métodos para a estimativa de produção e de utilização do

Page 42: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

30

OD por plantas aquáticas entre eles o método dos frascos claros e escuros, o das câmaras

fotossintetizantes, o das medidas diurnas de OD, o da técnica do radiocarbono e através de

medidas de clorofila A. Infelizmente, a taxa de respiração somente das algas é difícil de ser

avaliada, uma vez que as técnicas produzem resultados que incluem a respiração das

bactérias.

As taxas de fotossíntese são muitas vezes desprezadas nos modelos, embora possam exercer

alterações significantes. Thomann (1974), apresenta no Quadro 7, alguns resultados de

determinações da taxa de produção de oxigênio por fotossíntese.

Quadro 7 - Valores Médios da Produção Fotossintética Bruta de OD

LOCAL PRODUÇÃO BRUTA – MÉDIA

(g de O2 / m2 dia)

Rio Truckee 9,0

Córrego com maré 6,0

Estuário Delaware 3,0 _ 7,0

Estuário do rio Duwamish 0,5 _ 2,0

Sistema do rio Neuse 0,3 _ 2,4

Fonte: Thomann (1974)

A análise destas determinações apresenta dificuldades, devido ao desconhecimento das

condições exatas sob as quais foram feitas as determinações, como intensidade luminosa e

profundidade.

Os valores da respiração variam em torno de 0,5 g de O2 / m2 dia a mais de 10 g de O2 / m2

dia. Thomann (1974) sugere a seguinte relação entre a respiração e a clorofila A :

Respiração (mg/l hora) = 0,001 Clorofila A (µg/l)

Em rios com cor escura e turbidez elevada, que ocorrem geralmente com velocidades da

corrente acima de 0,20 m/s, o coeficiente de produção fotossintética pode ser desprezado.

Page 43: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

31

4.0. MATERIAL E MÉTODO

4.1. ÁREA DE ESTUDO

A área estudada mostrada na Figura 11, está inserida nas Bacias da Região Administrativa

Leste da divisão hidrográfica do Estado da Bahia, proposta pelo Plano Diretor de Recursos

Hídricos da Bahia (1996), para fins de planejamento e gerenciamento integrado dos recursos

hídricos.

B A H I A

Bacia do Leste

Bacia Hidrográfica do Cachoeira

Fonte: adaptado Bahia (2000)

Figura 11 – Localização da área de estudo

Page 44: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

32

Esta divisão compreende as Bacias Hidrográficas dos Rios Cachoeira, Almada e Una.

O presente estudo é centrado no Rio Cachoeira – Figura 12 – Unidade Hidrográfica do Rio

Cachoeira.

Fonte: Bahia (2000)

Figura 12 – Unidade Hidrográfica do Rio Cachoeira

A Bacia hidrográfica do Rio Cachoeira apresenta uma área de drenagem de aproximadamente

4.222 km2, perímetro de 370 km, extensão do rio principal 181 km, desnível 720 m,

declividade do rio principal 3,98 m/km, fator de forma 0,129, coeficiente de compacidade

1,594 e densidade de drenagem 0,457 (Bahia,1996).

Os principais rios formadores da bacia são: Rio Salgado, que nasce na Serra do Salgado, a 2

km do povoado de Ipiranda, município de Firmino Alves e no seu curso de 64 km banha os

municípios de Firmino Alves, Santa Cruz da Vitória, Floresta Azul, Ibicaraí e Itapé; o Rio

Rio

Piab

anha

Rio Cachoeira

Rio Cachoeira

RioColô

nia

Rio SalgadoRio Salgado

RioColô

nia

Rib

água

Pret

a

Rio Colônia

Rio Colônia

Rio Salgado

Rio do Meio

Rio Colônia

Itapé

Ilhéus

Jussari

Itabuna

Ibicaraí

Itapetinga Itajú do Colônia

Sta. Cruz da Vitória

Floresta Azul

Itororó

Firmino Alves

MunicípioFirmino AlvesFloresta AzulIbicaraíIlhéusItabunaItajú do ColôniaItapéItororóJussariSta. Cruz da Vitória

Fonte banco de dados do PRBC, 1999

Page 45: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

33

Colônia com nascente na serra da ouricana, estendendo-se por 131 km e banha os municípios

de Itororó, Itajú do Colônia e Itapé; o Rio Piabanha que banha o município de Jussari e o Rio

Cachoeira que nasce da confluência dos Rios Colônia e Salgado, próximo a montante da

cidade de Itapé no seu percurso de 50 km, banha os municípios de Itapé, Itabuna e Ilhéus

(Bahia, 1996).

A média anual de precipitação registrada na bacia do Rio Cachoeira está em torno de 800 mm

nas cabeceiras dos rios Colônia e Salgado, municípios de Itapetinga e Itororó, variando até

acima de 2000 mm anuais na região costeira.

Próximo ao município de Ilhéus apresenta-se o clima quente e úmido, sem estações seca, com

maiores chuvas no período de março a julho e menos intensas nos demais meses. Em Itabuna,

Itapé e proximidades, o período chuvoso acontece nos meses de novembro a abril, na porção

centro-oeste da bacia, Itaju do Colônia, Itororó e Itapetinga, predomina um clima chuvoso,

quente e úmido, com estação seca compensada pelos totais pluviométricos elevados,

ocorrendo as chuvas de novembro a abril tornando-se menos intensas nos demais meses.

O estudo concentrou-se no Rio Cachoeira, desde a sua formação no município de Itapé até o

Banco da Vitória no Município de Ilhéus. Suas águas cortam terras de desenvolvimento

agropecuário e são utilizadas para abastecimento urbano e industrial, pesca e como corpo

receptor de esgotos. As vazões características são apresentadas no Quadro 8 e 9

.

Quadro 8 – Valores Característicos Médios e Históricos de Vazão

Vazões Diária (m3/s) Estações Fluviométricas

Período ObservaçãoVazão

Mínima Média Anual

Vazão Média

Média Anual

Vazão Máxima

Média AnualRio Colônia Estiva de Baixo

02-1969 a 12-1997 0,299 11,5 432

Rio Salgado Cajueiro do Ibicaraí

11-1965 a 12-1997 0,89 5,19 263

Ferradas

12-1965 a 12-1997 0,934 24,06 618

Fonte: Bahia (2000)

Page 46: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

34

Quadro 9 - Valores Característicos Mínimos de 7 dias

Período Observação Vazões Mínima 7 dias (m3/s)

Estações Fluviométricas

Vazão Mínima 7 dias

Tempo de Recorrência

10 anos Q7,10

Rio Colônia Estiva de Baixo

02-1969/12-1996 0,58 0,016

Rio Salgado Cajueiro do Ibicaraí

11-1965/12-1996 0,69 0,090

Ferradas

12-1965/12-1996 1,34 0,047

Fonte: Bahia, (1996)

A velocidade da água confere ao leito situações diversas. Havendo velocidade maior que 1,0

m/s, em geral há cascalhos de grandes dimensões no leito; entre 0,6 e 1,0 m/s, há pedriscos

não cobertos por silte; entre 0,3 e 0,6 m/s, há pedriscos parcialmente recobertos por silte; 0,2

m/s, há mistura de areia e silte, e se a velocidade é menor ou igual a 0,1 m/s, aparecem fundos

lodosos, onde é freqüente a presença de matéria orgânica em decomposição anaeróbica.

(Rocha, 1995).

Segundo a classificação acima, a velocidade do Rio Cachoeira encontra-se entre 0,3 e 0,6

m/s, informações da velocidade do Rio Cachoeira publicadas são escassas, o estudo

preliminar de avaliação do regime hídrico da EMASA (1996), indica a velocidade média de

0,35 m/s.

O Conselho Estadual do Meio Ambiente – CEPRAM, em Resolução de Nº 1780/98 de 21 de

agosto de 1998 (Figura 13), enquadrou na classe 2 o rio Cachoeira e seus afluentes, da

nascente até a ponte que liga os distritos de Maria Jape e Banco da Vitória, no município de

Ilhéus, nas seguintes coordenadas geográficas: S 140 47’07” e W 390 06’27” e deste ponte

até a foz na classe 7.

Page 47: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

35

4.2. AMOSTRAGEM

As coletas foram realizadas de janeiro de 1999 a dezembro de 1999, em datas destacadas no

Quadro 10, entre os horários 7:00 e 16:00h.

Quadro 10 - Data das Coletas de Amostras

Ordem Coleta Data da Coleta 1 26/01/99 2 23/02/99 3 30/03/99 4 24/04/99 5 25/05/99 6 29/06/99 7 27/07/99 8 30/08/99 9 27/09/99 10 25/10/99 11 30/11/99 12 28/12/99

O rio Cachoeira foi dividido em trechos de acordo com a localização de possíveis ações

impactantes, ou seja, antes e depois de cidades e indústrias e da disponibilidade dos dados

hidrológicos.

Quadro 11 - Localização Geográfica dos Pontos

Pontos Grau Min

S Grau Grau Min W Grau

P1

Colônia -Estiva de Baixo 14 56,107 14,935 39 28,128 39,469

P2 Salgado - Faz. Demostenes 14 53,595 14,893 39

26,898 39,448

P3 Montante Itapé 14

54,149 14,902 39 26,496 39,442

P4 Jusante Itapé 14 51,591 14,860 39 21,045 39,351

P5 Ferradas 14 49,397 14,823 39 18,515 39,309

P6 Itabuna 14 47,788 14,796 39 12,098 39,202

P7 Salobrinho 14 47,977 14,800 39 9,946 39,166

P8 Banco Vitória 14 47,206 14,787 39 5,535 39,092

Fonte: Dados da Pesquisa

Page 48: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

36

Fonte banco de dados do PRBC, 1999

8765

43

2

1

Itapé

Matadouro

Ferradas

Coograp ItabunaSalobrinho Banco da

Vitória

Fonte: adaptado Bahia (2000)

Figura 13 - Localização dos pontos de coleta e Fontes de Poluição

Na Figura 13 e no Quadro 11, pode-se observar a área de estudo e a localização dos pontos

de amostragem e no Quadro 12 a distância entre os pontos.

Quadro 12 - Distância dos Trechos Trecho

Distância (m)

P1-P3 5.500

P2-P3 1.250

P3-P4 13.000

P4-P5

7.000 P5-P6 14.500

P6-P7 5.000

P7-P8

10.000 Fonte: adaptado Bahia (2000)

Page 49: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

37

Em cada ponto, foram coletadas amostras sub-superficiais, entre 30 e 40 cm abaixo da

superfície, aproximadamente no meio do canal como mostra a Figura 14.

30 a 40 cm

Ponto de ColetaAlturaLâmina d´água

Figura 14 - Altura de coleta das amostras

Os parâmetros fisico-químicos avaliados foram: pH, condutividade, oxigênio dissolvido, e

temperatura do rio, com o equipamento de campo o waterquality checker, marca HORIBA,

modelo U.10.

Para análise da demanda bioquímica de oxigênio, foram coletadas amostras em frasco de 1,5

litros de polietileno, para o fosfato total frascos de 1 litro de vidro escuro e para coliforme

frasco preparados e selados de 300 ml, todos os frasco eram acomodados em isopor com gelo

e transportados dentro de 48 horas após coleta, para as devidas análises nos laboratórios da

Embasa em Salvador, Bahia. A Universidade Estadual de Santa Cruz disponibilizou um

transporte adequado, material para coleta e a comunidade local o barco para a coleta.

4.3. ESTRATÉGIA DE ANÁLISE DOS DADOS

Para analisar a existência de diferenças significativas entre as médias das variáveis entre

pontos de coleta ou entre os meses foi utilizado teste F (ANOVA), bem como o teste de

comparações múltiplas de Tukey, quando o teste F detectou diferenças entre as médias. No

caso de análise mais detalhada visando corrigir a influência dos valores extremos foi utilizada

a transformação dos valores da variável em seu posto (rank) e neste caso foi utilizado o teste

de comparações de Duncan, por ser mais flexível que o teste de Tukey.

Page 50: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

38

Para analisar a relação entre os parâmetros foi utilizada a análise de correlação, sendo

calculados tanto o coeficiente de correlação de Pearson que trabalha diretamente com os

valores das variáveis, quanto o coeficiente de correlação de Spearman que trabalha com os

postos (rank) dos valores das variáveis, tendo em vista a presença de valores extremos em

algumas variáveis. Foi utilizada a análise regressão linear múltipla na tentativa de modelar

relações entre variáveis.

Devido à natureza da presente pesquisa, onde as medidas estão sujeitas a diversos tipos de

erros, bem como a sofrerem interferência de outros fatores não levados em consideração na

presente pesquisa, o nível de significância foi estabelecido em 5%, todavia sempre foi

apresentado o valor p da amostra de cada teste.

Para a análise geral dos dados será utilizado o pacote estatístico SPSS - Statistical Package

for Social Science, versão 6.0 Norusis (1993), onde pode ser encontrado, também, uma

síntese das técnicas aqui utilizadas.

Utilizou-se a resolução CONAMA n0 20 (1986), para a classificação do curso d’água. Para o

estudo de sua autodepuração, utilizou-se o modelo matemático OD-DBO de Streeter e Phelps

abordado por Von Sperling (1996) e Branco (1978).

4.4. MODELO DE AUTODEPURAÇÃO OD-DBO

Um dos mais importantes instrumentos de planejamento e de avaliação de impactos no

tocante à qualidade das águas, é a modelagem matemática, que permite por exemplo, a

simulação dos fenômenos que ocorrem num curso d’água submetido a um determinado grau

de poluição, possibilitando fazer avaliações das condições atuais e prever futuras condições da

qualidade de suas águas. Estes modelos depois de testados e validados, permitem a simulação

de inúmeras situações, determinando-se parâmetros de qualidade em função de diversos

fatores, como por exemplo, a variação de vazão dos rios, o crescimento populacional e

industrial nas bacias, a implantação de sistemas de tratamento, etc.

Page 51: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

39

Utilizou-se, para o estudo da autodepuração do Rio Cachoeira, o clássico modelo matemático

da qualidade da água de Streeter-Phelps segundo Eiger (1991), o qual incorpora no balanço do

oxigênio os fatores de consumo de oxigênio (respiração) e de produção de oxigênio

(reaeração atmosférica) restrito a condições aeróbicas no corpo d’água. Para dar suporte ao

planejamento da bacia hidrográfica é o modelo mais adotado, diz Von Sperling (1996), pois

a adoção de modelos matemáticos mais sofisticados exige a disponibilidade de dados que não

podem ser levantados no transcurso temporal e financeiro de um trabalho como este. Deve-se

estar ciente da observação de Eiger (1991) quando alerta que a aplicação deste modelo deve

ser encarada ao nível de uma primeira aproximação para a simulação da variação do oxigênio

dissolvido em rios.

4.4.1. FORMULAÇÃO MATEMÁTICA DO MODELO STREETER-PHELPS Este modelo apresenta-se na forma de equações diferenciais ordinárias de primeira ordem,

resolvidas para um escoamento em regime permanente e uniforme, onde os efeitos

decorrentes da dispersão longitudinal são desprezíveis, existe uma descarga contínua e

constante de poluentes biodegradáveis, de forma que não exista qualquer variação temporal

no fenômeno além de ser restrito às condições aeróbias no corpo d’água.

Segundo o modelo:

A taxa de variação do déficit de OD = Consumo de OD – Produção de OD

dD

= K1L - K2D (Equação 10)

dt

onde:

D = déficit de oxigênio dissolvido (mg/l)

Diferença entre a Concentração de Saturação e a Concentração em um tempo t (Cs – C t)

L = Demanda Bioquímica de Oxigênio (mg/l)

Page 52: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

40

t = tempo

K1 = coeficiente de desoxigenação (dia-1)

K2 = coeficiente de reaeração (dia-1)

K1 L0 Dt = ------------- ( e-K1 t - e-K2 t ) + D0 e-K2 t

(Equação 11)Integrando tem-se:

K2 – K1

Onde:

Dt = Déficit de oxigênio num tempo t (mg/l)

Lo = Demanda Bioquímica de Oxigênio, logo após a mistura (mg/l)

Do = déficit inicial de oxigênio, logo após a mistura (mg/l)

A concentração de oxigênio dissolvido num tempo t (Ct) corresponde à diferença entre a

concentração de saturação nas condições do experimento (Cs) e o déficit de oxigênio

dissolvido num tempo t (Dt) .

Substituindo Equação 2 em 3, a expressão toma a forma:

Na plotagem de pontos desta equação obtém-se o gráfico do perfil do Oxigênio Dissolvido em

função do tempo. Na Figura 15, pode-se observar o tempo crítico (tc), onde ocorre a

concentração de oxigênio mínima (Cc). Este valor mínimo, à luz da legislação existente

determina formas de ação, que podem ou não incluir tratamento de efluentes.

K1 L0 Ct = Cs - ( e-K1 t - e-K2 t ) + D0 e-K2 t K2 – K1

Ct = Cs - Dt (Equação 12)

(Equação 13)

Page 53: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

41

Fonte: Von Sperling, (1995) Figura 15 - Pontos característicos da curva de depleção de OD

4.4.1.1. Concentração e déficit de oxigênio no rio após a mistura com o despejo

Qr . ODr + Qe . ODe

Co = --------------------------------- Qr + Qe

D0 = Cs – C0

(Equação 14)

(Equação 15)

Onde:

C0 = concentração inicial de oxigênio, logo após a mistura (mg/l)

D0 = déficit inicial de oxigênio, logo após a mistura (mg/l)

Cs = concentração de saturação de oxigênio (mg/l)

Qr = vazão do rio a montante do lançamento dos despejos (m3/s)

Qe = vazão de esgotos (m3/s)

ODr = concentração de oxigênio dissolvido no rio, a montante do lançamento (mg/l)

ODe = concentração de oxigênio dissolvido no esgoto (mg/l)

Page 54: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

42

4.4.1.2. Demanda última de oxigênio logo após a mistura (Lo)

A DBO5 corresponde à determinação da oxidação executada no período de cinco dias, o que

necessariamente não corresponde a oxidação total do efluente, que poderá levar um tempo

maior, assim o consumo de oxigênio para a total oxidação da amostra denomina-se demanda

última .

(Qr . DBOr + Qe . DBOe) 1 L0 = DBO50 . KT = ------------------------------------ . ------------- (Equação 16) Qr + Qe 1 - e -5K1

Onde:

DBO50 = concentração de DBO5, após a mistura (mg/l)

L0 = demanda última de oxigênio, logo após a mistura (mg/l)

DBOr = concentração de DBO5 do rio (mg/l)

DBOe = concentração de DBO5 do esgoto (mg/l)

Qr = vazão do rio

Qe = vazão do esgoto

DBOu = consumo de oxigênio para oxidação total.

KT = constante para transformação da DBO5 a DBO última (DBOu)

4.4.1.3. Tempo Crítico ( tc ) e Distância Crítica ( dc)

É tempo onde ocorre a concentração mínima de oxigênio durante o processo de

autodepuração, dentro do trecho avaliado.

(Equação 17) 1 K2 Do . ( K2 – K1)

tc = . ln . 1 - K2 – K1 K1 Lo . K1

dc = tc . v

(Equação 18)

onde:

tc = tempo crítico (dia)

L0 = demanda última de oxigênio, logo após a mistura (mg/l)

D0 = déficit inicial de oxigênio, logo após a mistura (mg/l)

K1 = coeficiente de desoxigenação (dia-1)

K2 = coeficiente de reaeração (dia-1)

Page 55: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

43

dc = distância crítica

v = velocidade (m/s) Quadro 13 - Interpretação das relações Lo/Do e K2/K1

tc Interpretação

L0/D0 > K2/K1 ( + ) A partir do lançamento haverá uma queda no OD, assim déficit

crítico superior ao inicial.

L0/D0 = K2/K1 Zero O déficit inicial é igual ao déficit crítico. Não haverá diminuição de

OD

L0/D0 > K2/K1 ( - ) O déficit inicial é maior que o déficit observado.

Fonte: Von Sperling (1996)

4.4.1.4. Déficit crítico (Dc) e Concentração crítica (Cc)

O déficit máximo ou crítico tem por valor:

Lo . e –K1 tc

Dc =

E ocorre num ponto situado a jusante do lançamento, a uma distância cujo percurso

corresponde ao tempo crítico (tc) .

onde:

Dc = Déficit crítico (mg/l)

f = coeficiente de autodepuração (K2/K1)

tc = tempo crítico (dia)

L0 = demanda última de oxigênio, logo após a mistura (mg/l)

K1 = coeficiente de desoxigenação (dia-1)

K2 = coeficiente de reaeração (dia-1)

A diferença entre a concentração de saturação (Cs) e o déficit crítico fornece a concentração

crítica (Cc). Trata-se do ponto com a menor quantidade de oxigênio dissolvido.

(Equação 19)

(Equação 20)

f

Cc = Cs - Dc

Page 56: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

44

onde:

Cc = concentração crítica (mg/l)

Cs = concentração de saturação de oxigênio (mg/l) Dc = Déficit crítico (mg/l)

4.4.2. DADOS DE ENTRADA PARA O MODELO

4.4.2.1. Vazão do corpo d’água (Qr)

A vazão é uma variável de extrema importância no modelo pois tem uma grande influência

nos resultados da simulação. Pode-se usar a vazão observada em um determinado período,

quando se deseja calibrar o modelo, isto é, ajustar os coeficientes do modelo, para que os

dados simulados sejam os mais próximos possíveis dos dados observados (medidos) no curso

d’água no período em análise. A vazão média quando o objetivo é simular condições médias

prevalecentes, quer durante o ano, meses chuvosos ou secos e a vazão mínima para o

planejamento da bacia, para a avaliação do cumprimento aos padrões ambientais do corpo

receptor (Von Sperling, 1996).

Tendo em vista que os padrões de qualidade das águas são fixados através de limites da

concentração de poluentes ou de indicadores de qualidade, e estes são função da vazão de

diluição disponível, torna-se necessário o estabelecimento da vazão crítica ou seja a vazão

mínima de referência, para a qual os referidos padrões devem ser verificados. É óbvio que

esta vazão não deve ser a mínima (minimorum) registrada historicamente, pois implica numa

condição extremamente restritiva, onerando desnecessariamente as medidas de controle da

poluição. Por isso, optou-se por um valor médio, relativo a um intervalo de tempo adequado,

que abrangesse a vazão mínima de estiagem.

O CONAMA em sua Resolução no 20/86, Art. 13, recomenda a utilização do Q7,10 , a vazão

média mínima de sete dias consecutivos e período de retorno de dez anos, para o estudo da

capacidade de autodepuração de rios Classes 2 e 3 do território nacional.

Page 57: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

45

O intervalo de tempo de sete dias é considerado o mais adequado para estudos de qualidade

de rios, pois além de não se situar em extremos, permite atenuar, pelo menos parcialmente, as

flutuações ocasionais com relação às vazões mínimas diárias devidas a erros de leitura nas

escalas limnimétricas, as variações nas vazões dos cursos d’água em razão da operação de

pequenas obras hidráulicas, etc. Por outro lado, o período de retorno de dez anos também é

adequado para esta finalidade, correspondendo a uma probabilidade de ocorrência de 10% de

uma vazão menor ou igual à mínima de estiagem.

4.4.2.2. Vazão de esgoto (Qe)

Em estudos de autodepuração de rios Von Sperling (1996), sugere o uso da vazão média de

esgoto, através do seguinte cálculo:

(Equação 21) Pop. QPC. R Qdmédio = 1000

Qdmédio = vazão doméstica média de esgoto (m3/d)

QPC = quota per capita de água 1/hab.d

R = coeficiente de retorno, a fração da água fornecida que adentra a rede de coleta na forma

de esgoto, varia de 60% a 100%, sendo que um valor usualmente adotado tem sido o de

80% (Von Sperling (1996)).

Quadro 14 - Consumo per capita de água Porte da Comunidade Faixa da população (hab) Consumo per capita (QPC)

(L/hab.d) Povoado Rural < 5000 90-140 Vila 5.000 – 10.000 100 – 160 Pequena Localidade 10.000 – 50.000 110 – 180 Cidade média 50.000 – 250.000 120 – 220 Cidade grande > 250.000 150 - 300

Fonte: Adaptado CETESB(1977;1978) por Von Sperling(1976)

Quadro 15 - Vazões Específicas médias de algumas indústrias Ramo Tipo Unidade Consumo de água por unidade (m3/unid)

Matadouro 1 boi 0,3 a 0,4 Alimentícia Laticínio 1000L

leite 2 - 10

Fonte: Adaptado CETESB(1976) por Von Sperling (1976)

Page 58: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

46

4.4.2.3. Oxigênio dissolvido no rio, a montante do lançamento (ODe)

O teor de oxigênio dissolvido em um curso d’água, a montante do lançamento representa a

atividade da bacia até este ponto de estudo. Caso não se tenha possibilidade de executar

análise de campo, pode-se estimar a concentração de oxigênio dissolvido em função do grau

de poluição aproximado do curso d’água. Rios com baixo índices de poluição adota-se, por

segurança, 70% a 90% do valor de saturação de oxigênio, nas condições de temperatura e

pressão locais. Caso o rio apresente índices de poluição maiores, deve-se buscar dados

amostrais, pois neste caso os valores podem ser bem mais baixos que os citados

anteriormente.

4.4.2.4. Oxigênio dissolvido no esgoto (ODe)

Os esgotos orgânicos de origem doméstica ou industrial contêm grandes quantidades de

matéria biodegradável, o que provoca um consumo alto de oxigênio pelos microorganismos

decompositores, podendo assim considerar-se que os esgotos brutos, esgotos com tratamento

primário ou anaeróbico, apresentam oxigênio dissolvido nulo, de forma geral.

4.4.2.5. DBO5 no rio, a montante do lançamento (DBOr)

É função dos lançamentos ao longo do percursos até o ponto escolhido. Klein citado por Von

Sperling (1996) propõe, na ausência de dados específicos, as concentrações típicas constantes

do Quadro 16.

Quadro 16 - Valores de DBO5 em função das características do curso d’água

Condições do Rio DBO5 do rio (mg/l)

Bastante Limpo 1 Limpo 2 Razoavelmente Limpo 3

Duvidoso 5 Ruim > 10

Fonte: Klein citado por Von Sperling (1996)

Page 59: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

47

4.4.2.6. DBO5 do esgoto (DBOe)

O Quadro 17 apresenta características dos esgotos domésticos quanto a demanda bioquímica

de oxigênio.

Quadro 17 - Características químicas dos esgotos domésticos brutos

Parâmetro Contribuição per capita (g/hab.d)

Concentração

Matéria Orgânica Faixa Típico Unidade Faixa Típico Determinação

indireta DBO5 40-60 50 mg/l 200-500 350 DBOÚLTIMA 60-90 75 mg/l 350-600 500

Fonte: (Arceivala,1981) (Von Sperling, 1996)

O Quadro 18 apresenta características dos esgotos industrias quanto a demanda bioquímica

de oxigênio.

Quadro 18 - Características das águas residuárias indústrias

Ramo Tipo Unidade Carga Específica de DBO (Kg/unid)

Concentração de DBO (mg/l)

4.4.2.7. Coeficiente de desoxigenação (K1)

O coeficiente K1 mede a velocidade da reação de oxidação da matéria orgânica ou a atividade

dos microorganismos aeróbicos presentes na água, abaixo no Quadro 19, apresenta valores

típicos de K1.

Quadro 19 - Valores típicos de K1 Origem K1(dia-1) 200C K1(dia-1) 260C Água residuária concentrada 0,35 – 0,45 0,46 – 0,59 Água residuária baixa concentração 0,30 – 0,40 0,40 – 0,53 Efluente primário 0,30 – 0,40 0,40 – 0,53 Efluente Secundário 0,12 – 0,24 0,16 – 0,32 Rios com águas limpas 0,09 – 0,21 0,12 – 0,28 Águas para abastecimento público < 0,12 < 0,16

Fonte: Adaptado de fair et all, 1973; Arceivala, 1981

Matadouro 1 boi 4 – 10 500 – 4000 Alimentícia Laticínio 1000L

leite 5 - 40 15.000 – 20.000

Fonte:Adaptado CETESB (1976) por Von Sperling (1976)

Page 60: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

48

4.4.2.8. Coeficiente de reaeração (K2)

O coeficiente K2 está relacionado com a velocidade de oxigenação da água através da

dissolução do oxigênio atmosférico, o Quadro 20 apresenta valores típicos de K2, baseados

em profundidade.

Quadro 20 - Valores típicos de K2 (base e, 200C)

K2 (dia-1) Corpo d’água Profundo Raso

Pequenas Lagoas 0,12 0,23 Rios vagarosos, grandes lagos 0,23 0,37 Grandes rios com baixa velocidade 0,37 0,46 Grandes rios com velocidade normal 0,46 0,69 Rios rápidos 0,69 1,15 Corredeiras e quedas d’água > 1,15 > 1,61

Fonte: Fair et al (1973), Arceivala, (1981) citado por Von Sperling, (1996)

O coeficiente K2 está relacionado com a velocidade de oxigenação da água através da

dissolução do oxigênio atmosférico, o Quadro 21 apresenta valores típicos de K2 baseados

em dados hidráulicos.

Quadro 21 - Valores do coeficiente K2 segundo modelos baseados em dados hidráulicos (base e) 200C

Pesquisador Fórmula Faixa de aplicação 3,73 . v0,5 H-1,5 O’Connor e Dobbins 0,6m ≤ H < 4,0m

0,05m/s ≤ v < 0,8 m/s 5,0 v0,97 H-1,67 Churchill et al 0,6m ≤ H < 4,0m

0,8m/s ≤ v < 1,5 m/s 5,3 v0,67 H-1,85 Owens et al 0,1m ≤ H < 0,6m

0,05m/s ≤ v < 1,5 m/s Fonte: Citados por Von Sperling (1996)

4.4.2.9. Velocidade do curso d’água (v)

A velocidade do curso d’água pode ser estimada através de diversos métodos como medição

direta, obtenção de dados em estações fluviométricas, utilização de fórmulas hidráulicas para

canais ou correlação com a vazão.

A velocidade é uma característica física que influencia no coeficiente de reaeração. Uma

velocidade elevada, eleva o valor de K2 por outro lado uma baixa velocidade levará a um

baixo K2.

Page 61: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

49

4.4.2.10. Tempo de percurso (t)

O modelo adota o regime hidráulico de pistão, onde o tempo de percuso teórico que uma

partícula gasta para percorrer determinado trecho é função unicamente da velocidade e da

distância a ser vencida assim:

d

Onde:

t = tempo de percurso (dia) d= distância percorrida (m) v = velocidade do curso d’água (m/s) 86400 = número de segundos por dia ( s/d)

4.4.2.11. Concentração de saturação de OD (Cs)

O Quadro 22 apresenta a concentração de saturação de oxigênio na água limpa para

diferentes temperaturas em altitudes menores que 500 m. Conforme pode ser observado Cs

diminui com o aumento da temperatura.

4.4.2.12. Oxigênio dissolvido mínimo permissível (ODmin)

A legislação estabelece os valores constantes do Quadro 23 para as diversas classes.

t = v . 86400

Quadro 22 - Concentração de Saturação de oxigênio (mg/l)

Temperatura Cs para Altitudes < 500m 25 8,4 26 8,2 27 8,1 28 7,9 29 7,8 30 7,6

Fonte: von Sperling, (1996)

Quadro 23 - Teores mínimos permissíveis de OD Resolução Conama n0 20, 18/06/86

Classe OD mínimo (mg/l) Especial -

1 6,0 2 5,0 3 4,0 4 2,0

(Equação 22)

Page 62: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

50

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA

5.1.1. POTENCIAL HIDROGENIÔNICO

O pH varia de 6 a 9,4 nos diversos pontos de coleta, ao longo dos diversos meses do ano. A

análise de variância mostra que não existe diferença significativa entre as medições do pH

entre os diversos pontos de coleta (F(7,80) = 1,2894; p = 0,2662), mas sim nos diversos meses

do ano (F(10,77) = 14,4341; p ∼ 0,0000). A Figura 16 ilustra a variação sazonal do pH. Nele

pode ser observado que o mês com maior pH é o mês de junho, quando o pH atinge a média

de 8,8, distinguindo-se claramente dos outros meses. Os meses com menor pH foram outubro,

setembro, abril e julho.

5,5

6

6,5

7

7,5

8

8,5

9

9,5

JANEIR

O

FEVEREIRO

MARÇOABRIL

MAIO

JUNHO

JULH

O

AGÔSTO

SETEMBRO

OUTUBRO

NOVEMBRO

pH

pH - 1Ph - 2pH - 3pH - 4pH - 5pH - 6pH - 7pH - 8Média

Figura 16 - Variação sazonal do potencial hidrogeniônico (pH)

Com um intervalo de confiança para a média de 95%, o pH se manteve em todos os pontos

amostrados ao longo do período de observação entre 6,97 e 8,50, Figura 17. Não pode-se

dizer pois que este curso d’água apresente caracter ácido, pelo contrario apresenta-se de

neutro a básico.

Page 63: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

51

Mantendo-se dentro dos padrões de qualidade para os corpos d’água das diversas classes,

segundo resolução CONAMA n0 20, 18/06/86.

6

6,5

7

7,5

8

8,5

9

1 2 3 4 5 6 7 8

Pontos de Coleta

pH

Limite SuperiorMédiaLimite Inferior

Fonte: Dados da pesquisa Figura 17 - Variação do Potencial Hidrogeniônico (pH) médio

Segundo Maier (1987), os pHs dos rios brasileiros têm tendência de neutro a ácido. Alguns

rios da Amazônia brasileira possuem pHs próximos de 3, valor muito baixo para suportar

diversas formas de vida. Rios que cortam áreas pantanosas também têm águas com pH muito

baixo, devido à presença de matéria orgânica em decomposição. Rios de mangue estão

incluídos nesta categoria. Os dados obtidos para o Rio Cachoeira não encontra-se pois nestas

categorias, mas segundo Esteves (1998), a grande maioria dos corpos d’água continentais tem

pH variando entre 6 e 8; no entanto pode-se encontrar ambientes mais ácidos ou mais

alcalinos. No Brasil os de pH mais alto, são encontrados, geralmente, em região com balanço

hídrico negativo (onde a precipitação é menor do que a evaporação); em regiões em que os

ecossistemas aquáticos são, em diferentes graus de intensidade, influenciados pelo mar

(recebem grandes contribuições de carbonatos e bicarbonatos), e em regiões cársticas (regiões

ricas em cálcio).

Page 64: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

52

No Rio Cachoeira pode estar ocorrendo as três condições citadas, influência marinha próximo

à desembocadura, no ponto 8, os valores altos do mês de junho podem ser explicados pela

baixa precipitação segundo relatório HIGESA em Bahia (1997) e segundo Richter (1991),

para a faixa de pH 9,4-8,3 podem estar presentes na água os seguintes tipos de alcalinidade

Carbonatos e bicarbonatos, o que pode ser confirmado nas análise da EMASA que indicam

dureza moderada .

5.1.2. CONDUTIVIDADE

A análise dos dados mostram que o ponto 8, tem um comportamento diferenciado dos outros

pontos (F(7,78) = 4,4856; p = 0,0003), ver Figura 18. Observa-se, ainda que os altos valores

encontrados na condutividade no ponto de coleta 8 ocorre nos meses de janeiro, fevereiro e

março.

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

18,00

20,00

JANEIR

O

FEVEREIRO

MARÇOABRIL

MAIO

JUNHO

JULH

O

AGÔSTO

SETEMBRO

OUTUBRO

NOVEMBRO

Con

dutiv

idad

e (m

icro

nS/c

m)

COND-1COND-2COND-3COND-4COND-5COND-6COND-7COND-8Média

Fonte: Dados da pesquisa

Figura 18 - Variação sazonal da condutividade nos oito pontos de coleta

Page 65: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

53

Utilizando esses dados, não se verifica diferença significativa entre os meses do ano

(F(10,75) = 1,0579; p = 0,4052). Contudo, se o ponto de coleta 8 for eliminado da análise,

observa-se que os meses de janeiro e fevereiro diferem claramente dos outros (F(10,66) =

15,5065; p ~ 0,0000), conforme ilustração da Figura 19.

0,000

0,200

0,400

0,600

0,800

1,000

1,200

1,400

JANEIR

O

FEVEREIRO

MARÇOABRIL

MAIO

JUNHO

JULH

O

AGÔSTO

SETEMBRO

OUTUBRO

NOVEMBRO

Con

dutiv

idad

e (m

icro

nS/c

m) COND-1

COND-2COND-3COND-4COND-5COND-6COND-7Média

Figura 19 - Variação sazonal da condutividade nos sete pontos de coleta

De acordo com Porto et al (1991) a condutividade das águas superficiais é bastante variada,

podendo ser baixa, em valores como 50 μS/cm, em locais onde a precipitação é pobre em

solutos iônicos e a litologia local é formada por rochas resistentes ao intemperismo, até

valores de 50.000 μS/cm, que é a condutividade da água do mar. Os valores encontrados

então na faixa de 200 μS/cm a 1.400 μS/cm nos pontos de 1 a 7, caracterizando a presença de

quantidade significativa de íons, afastando-se das condições extremas indicadas

anteriormente. Por outro lado confirma-se a influência marinha no ponto 8, mais próximo da

desembocadura quando encontrou-se valores de até 19.000 μS/cm, valor mais próximo da

condição extrema da água do mar.

A diferença apresentada, no comportamento da condutividade nos meses de janeiro e

fevereiro, pode ser explicada através da temperatura, pois segundo Hem, citado por Porto et al

(1991), mantendo-se constante a concentração iônica, uma alteração na temperatura do

sistema, implica no aumento da condutividade, e estes meses apresentam as maiores

temperaturas.

Page 66: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

54

5.1.3. TEMPERATURA DO CORPO D’ÁGUA

A temperatura do rio a uma profundidade entre 30 cm e 40 cm da superfície da lâmina

d’água, em todo o percurso variou de 21,9 até 33,8, sendo que essas variações extremas

ocorreram no ponto 8. A análise de variância acusa que não existe diferença significativa

entre as médias dos diversos pontos de coleta (F(7,80) = 0,0671; p = 0,9995), porém acusa

diferença significativa entre as médias dos diversos meses (F(10,77) = 66,2142; p ∼ 0,0000),

conforme ilustração da Figura 20.

20

22

24

26

28

30

32

34

JANEIR

O

FEVEREIRO

MARÇOABRIL

MAIO

JUNHO

JULH

O

AGÔSTO

SETEMBRO

OUTUBRO

NOVEMBRO

Tem

pera

tura

(ºC

)

TRIO-1

TRIO-2

TRIO-3

TRIO-4

TRIO-5

TRIO-6

TRIO-7

TRIO-8

Média

Figura 20 - Variação sazonal da temperatura do corpo d’água

Uma análise mais detalhada das diferenças de média mostra vários grupos de meses com

temperaturas médias similares, dentre os quais se destacam os meses com temperaturas mais

altas que são janeiro, fevereiro e março e, os meses com temperaturas mais baixas junho e

outubro.

Page 67: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

55

5.1.4 . TEMPERATURA DO AR

A temperatura do ar, ao longo do percurso do rio variou de 21,9 até 39, seguindo o mesmo

padrão da temperatura do corpo d’água, não existe diferença significativa entre as médias dos

diversos pontos de coletas (F(7,74) = 0,1186; p = 0,9969), e sim entre as médias dos diferentes

meses (F(10,71) = 35,6714; p = 0,0000), ver Figura 21.

20

22

24

26

28

30

32

34

36

38

40

JANEIR

O

FEVEREIRO

MARÇOABRIL

MAIO

JUNHO

JULH

O

AGÔSTO

SETEMBRO

OUTUBRO

Tem

pera

tura

(ºC

)

TAR-1TAR-2TAR-3TAR-4TAR-5TAR-6TAR-7TAR-8Média

Fonte: Dados da pesquisa

Figura 21 - Variação sazonal da temperatura do corpo d’água

A análise da diferença de médias mostra que janeiro é o mês mais quente, seguido de agosto,

março e fevereiro. Já os meses com temperaturas mais baixas são julho, junho, outubro,

setembro e abril.

Page 68: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

56

5.1.4. OXIGÊNIO DISSOLVIDO

O oxigênio dissolvido, ao longo do percurso do rio, variou de 0,40 até 12,20 mg/l. A análise

de variância entre os diversos pontos de coleta mostra que não existe diferença entre as

médias desses pontos (F(7,80) = 0,8747; p = 0,5303).

Quanto ao perfil sazonal do oxigênio dissolvido, observa-se na Figura 22 que existe uma

tendência decrescente de janeiro até setembro, recuperando-se levemente no mês de outubro,

caindo novamente no mês de novembro. Essa variação é significativa (F(10,77) = 21,1627; p ∼

0,0000), sendo os meses de janeiro a maio mostram níveis mais altos, do que os meses de

julho a novembro.

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

JANEIR

O

FEVEREIRO

MARÇOABRIL

MAIO

JUNHO

JULH

O

AGÔSTO

SETEMBRO

OUTUBRO

NOVEMBRO

OD

(mg/

l)

OD-1OD-2OD-3OD-4OD-5OD-6OD-7OD-8Média

Fonte: Dados da pesquisa

Figura 22 - Variação sazonal do oxigênio dissolvido

Pode ser observado na Figura 23, a variação média do oxigênio dissolvido (OD), ao longo dos

pontos , e valores superiores e inferiores dentro de um intervalo de confiança de 95%.

Page 69: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

57

Fonte: Dados da pesquisa

Figura 23 - Variação do OD médio nos pontos de coleta

Considerando apenas os valores médios de oxigênio dissolvido e a resolução CONAMA n0 20

de 18/06/86 tem-se a classificação constante da Tabela 01.

A mudança da Classe 2 para a Classe 3, explica-se pela presença de esgotos domésticos da

cidade de Itabuna, despejo industrial da Coograp e do matadouro de Ferradas.

Tabela 01 - OD médio e Classe

Pontos Valor OD médio(mg/l(

Classe

1 6.17 1

2 5,53

3 4,99

4 5,60

7 5,14

2

5 3,56

6 4,33

8 4,29

3

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

1 2 3 4 5 6 7 8

Pontos de Coleta

OD

(mg/

l)

Limite SuperiorMédiaLimite Inferior

Page 70: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

58

5.1.5. DEMANDA BIOQUÍMICA DE OXIGÊNIO

A demanda bioquímica de oxigênio, ao longo do percurso do rio, variou de 1 até 18,50. A

análise de variância mostrou que não existe diferença significativa entre as médias dos pontos

de coleta (F(7,82) = 1,6256; p = 0,1397) e sim diferença significativa entre os meses do anos

(F(11,78) = 3,4749; p = 0,0006), embora apenas o mês de janeiro mostrou maior nível de DBO.

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

18,00

20,00

JANEIR

O

FEVEREIRO

MARÇOABRIL

MAIO

JUNHO

JULH

O

AGÔSTO

SETEMBRO

OUTUBRO

NOVEMBRO

DEZEMBRO

DB

O (m

g/l)

DBO-1DBO-2DBO-3DBO-4DBO-5DBO-6DBO-7DBO-8Média

Fonte: Dados da Pesquisa

Figura 24 - Variação sazonal da demanda bioquímica de oxigênio

Entretanto, observa-se que a presença de valores extremos não permitiu encontrar diferença

significativa entre as médias dos pontos de coleta, para corrigir essas distorções foi utilizado o

Page 71: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

59

posto (rank) dos valores do DBO1. A análise variância dos postos (rank) do DBO mostrou a

existência de diferença significativa entre os pontos de coleta ao nível de 5% de significância

(F(7,82) = 2,1696; p = 0,0453), onde se observa que os postos 5 e 6 mostram maiores níveis

quando comparados aos outros pontos de coleta.

A Figura 25 ilustra a distribuição dos postos (rank) dos valores do DBO, nele pode se

observar que a influência dos valores extremos fica contornada..

1211121112111110N =

ESTACAO

87654321

RANK of DBO

100

80

60

40

20

0

-20

Figura 25 - Diagrama da caixa2 dos postos (rank) dos valores da DBO no pontos de coleta

A Figura 26 ilustra a média e o intervalo de confiança para a estimativa do nível médio da

DBO em cada ponto de coleta

1 Neste caso podia ter se utilizado o teste de Kruskall Wallis que é uma ANOVA que trabalha com os postos dos valores da variável, todavia esse teste não fornece opção dos testes de comparações múltiplas, por essa razão optou-se por aplicar ANOVA diretamente aos postos dos valores da variável. 2 diagrama da caixa (boxplot) é formado por uma “caixa” limitada pelos percentis 25 (borda inferior), 75 (borda superior) e um traço interno que simboliza a mediana. A caixa contém 50% dos dados, ficando O 25% abaixo e 25% acima das bordas da caixa. As duas linhas externas da caixa limitam o mais baixo e o mais alto valor a partir dos quais se encontram os “outliers”, que são todos aqueles valores maiores que 1,5 vezes o comprimento da caixa, simbolizado por um asterisco e os valores “extremos” que são todos aqueles valores maiores que 3 vezes o comprimento da caixa, simbolizado por uma circunferência.

Page 72: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

60

D em a n da B ioqu ím ica de O xig ên io

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

1 2 3 4 5 6 7 8

P o n to s d e C o le ta

DB

O (m

g/L)

L im ite S uperio rM éd iaL im ite In fe rio r

Figura 26 - Intervalo de confiança de 95% para a estimativa da DBO média .

Considerando apenas os valores médios da demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e a

resolução CONAMA n0 20 de 18/06/86 tem-se a classificação constante da Tabela 02.

Tabela 02 - DBO médio e Classe

Pontos Valor OD médio Classe

1

4,81

2 2 3,22

3 3,23

4 4,34

5 5,13

3 6 6,03

7 2,97

8 1 2,96

Fonte: Dados da Pesquisa

Page 73: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

61

O Ponto 1, na análise de OD foi classificado como classe 1 e agora como classe 2, este ponto

de coleta apresenta bastante aeração, em virtude da pequena ponte da estiva, por outro lado,

há uma pequena vila, que faz uso intensivo deste trecho inclusive com criação de animais, ao

longo das margens, aumentando pontualmente a carga orgânica.

Quanto ao ponto 8 sabe-se da maior concentração de cloretos, em função da influência da

maré, que termina baixando a concentração do oxigênio dissolvido, por outro lado é um dos

pontos de maior profundidade do rio Cachoeira, o que permite uma maior diluição da carga

orgânica.

O ponto 7, apresenta baixa demanda de oxigênio, assim há uma reduzida quantidade de

matéria orgânica biodegradável, o que nos levar a concluir que o processo de autodepuração

foi eficiente no trecho 6-7.

5.1.6. FÓSFATO TOTAL

O fósforo total, ao longo do percurso do rio, variou de 0 a 0,64 mgP/l, havendo diferença

significativa entre as médias dos postos de coleta (F(7,88) = 5,6642; p ∼ 0,0000), onde o posto 6

e, em menor grau o posto 7, mostram maiores níveis de fósforo total. Observa-se, também,

diferença significativa entre os diferentes meses dos anos (F(11,84) = 2,9163; p = 0,0026),

embora apenas o mês de maio se destaca com maior nível de fosfato, conforme Figura 27.

A resolução CONAMA n0 20 estabelece 0,025 mgP/l para o Fosfato Total como padrão para

corpos d’água nas classe 1, 2 e 3.

A análise da Figura 28, mostra que mesmo considerando o limite inferior do intervalo de

confiança para a média de 95%, os valores estão acima do permitido. Esta variação está

coerente com dados anteriores, pois se sua presença associa-se a despejos orgânicos, há de se

esperar que no pontos 5, e 6 haja uma maior concentração desta espécie, pois nestes trechos

há o impacto de efluentes industriais e domésticos, estes contendo detergentes.

Page 74: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

62

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

JANEIR

O

FEVEREIRO

MARÇOABRIL

MAIO

JUNHO

JULH

O

AGÔSTO

SETEMBRO

OUTUBRO

NOVEMBRO

DEZEMBRO

Fósf

oro

tota

l (m

g/l)

P-1

P-2

P-3

P-4

P-5

P-6

P-7

P-8

Média

Fonte: Dados da pesquisa Figura 27 - Variação sazonal do fosfato

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,30

0,35

0,40

P-1 P-2 P-3 P-4 P-5 P-6 P-7 P-8

Pontos de Coleta

P to

tal (

mg/

l)

Limite SuperiorMédiaLimite Inferior

Fonte: Dados da pesquisa

Figura 28 - Variação do fósforo total num intervalo de confiança 95%

Page 75: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

63

Segundo Porto et al (1991), o Rio Cachoeira é um ecossistema de alta produtividade pois a

concentração de fosfato é superior a 0,030 mg/l.

Segundo Sperling (1996), concentração de fósforo total acima de 0,05 mg/l pode ser utilizado

como indicativo aproximado de estado eutrófico de um lago. Embora o estudo atual seja de

um rio, faz-se um paralelo face às observações ocorridas em m 1996, quando a Bacia do Rio

Cachoeira, apresentava todos os problemas da eutrofização; crescimento excessivo da

vegetação, lâmina d’água coberta por macrófitas, em trechos como na cidade de Itabuna,

condições anaeróbicas no fundo do corpo d’água, presença de mosquitos, murissocas,

mortandade de peixes, odores féticos da produção da ácido sulfídrico, inclusive teve

ameaçada a estrutura de uma das pontes, o que exigiu a retirada mecânica das plantas.

5.1.7. RESÍDUO TOTAL

O resíduo total varia de 109 a 4661 mg/l. A análise variância mostra que existe diferença

significativa entre as médias dos pontos de coletas ( F(7,80) = 2,8500; p = 0,0105), onde o

posto 8 se distingue claramente dos outros postos, devido aos altos valores encontrados nos

meses de janeiro e fevereiro e, em menor grau, no mês de outubro. Já a análise de variância

das médias entre os meses mostra que não existe diferença significativa entre eles (F(10,77) =

1,2966; p = 0,2475) conforme Figura 29.

Ao se retirar o posto 8 da análise de variância, não se observa diferença entre os sete pontos

restantes, mas observa-se diferença significativa entre meses, onde o mês de outubro mostra

maior nível de resíduo.

A portaria n0 36, 10/01/90, Ministério da Saúde, que determina o Padrão de potabilidade da

água destinada ao consumo humano, determina uma concentração de até 1000 mg/l de

sólidos totais dissolvidos, em componentes que afetam a qualidade organoléptica.

Page 76: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

64

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

5000

JANEIR

O

FEVEREIRO

MARÇOABRIL

MAIO

JUNHO

JULH

O

AGÔSTO

SETEMBRO

OUTUBRO

NOVEMBRO

DEZEMBRO

RT-1

RT-2

RT-3

RT-4

RT-5

RT-6

RT-7

RT-8

Média

Fonte: Dados da pesquisa

Figura 29 - Variação sazonal do resíduo total

Analisando Figura 30, nota-se que mesmo considerando o limite máximo com índice de

confiança de 95% , as águas deste corpo d’água apresentam valores inferiores ao estipulado

pelo ministério da saúde, sendo pois, quanto a este requisito potável.

0

200

400

600

800

1000

1200

RT-1 RT-2 RT-3 RT-4 RT-5 RT-6 RT-7 RT-8

Pontos de Coleta

Res

íduo

Tot

al (m

g/l)

Lim ite SuperiorMédiaLim ite Inferior

Fonte: Dados da pesquisa Figura 30 - Variação do Resíduo Total

Page 77: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

65

A resolução CONAMA n0 20 de 18/06,86, estabelece 500 mg/l para sólidos dissolvidos totais

como padrão para corpos d’água nas classe 1, 2 e 3. Apenas o ponto 8 apresenta como média

560,12 mg/l colocando-o fora do padrão, mas justifica-se pela influência das águas não

continentais.

5.1.8. COLIFORMES TOTAL E FECAL

Os coliformes totais variam de 230 a 240.000 Coli/100ml. A análise de variância entre os

postos de coletas mostra que não existe diferença significativa entre as médias de coliformes

totais (F(7,63) = 1,8565; p = 0,0920) e diferença significativa entre meses (F(8,62) = 4,0415; p =

0,0006), sendo o mês de junho o que apresenta maior nível deste, como pode ser apreciado no

Figura 31.

0

50000

100000

150000

200000

250000

300000

JANEIR

O

FEVEREIRO

ABRILMAIO

JUNHO

JULH

O

AGÔSTO

SETEMBRO

OUTUBRO

CT

(col

i/100

ml)

CT-1

CT-2

CT-3

CT-4

CT-5

CT-6

CT-7

CT-8

Média

Fonte: Dados da pesquisa

Figura 31 - Variação sazonal do coliforme total

Page 78: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

66

Os coliformes fecais variam de 40 a 160.000 Coli/ml. Não se observa diferença significativa

entre as médias dos coliformes fecais (F(7,63) = 1,6100; p = 0,1490) e diferença significativa

entre meses (F(8,62) = 4,3962; p = 0,0003), sendo o mês de agosto difere significativamente

dos outros meses, mostrando níveis altos, conforme Figura 32.

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

140000

160000

180000

JANEIR

O

FEVEREIRO

ABRILMAIO

JUNHO

JULH

O

AGÔSTO

SETEMBRO

OUTUBRO

CF

(Col

i/100

ml)

CF-1

CF-2

CF-3

CF-4

CF-5

CF-6

CF-7

CF-8

Média

Fonte: Dados da pesquisa

Figura 32 - Variação sazonal do coliforme total

Considerando apenas os valores médios e a resolução CONAMA n0 20, de 18/06/86, a

classificação do corpo d’água, pede ser vista na Tabela 03,

Tabela 03 - Índice de Coliforme e Classe

Pontos Coleta 1 2 3 4 5 6 7 8

Coliforme

Fecal Classe

4 3 3 3 4 4 4 3

Coliforme

Total Classe

4 3 4 3 4 4 3 4

Page 79: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

67

O ponto 5, depois de Ferradas, trecho receptor de vários esgotos, inclusive o de Itabuna,

destaca-se com valores altíssimos, caracterizando um forte impacto. Nos pontos

subsequentes, há um decréscimo, mas todo o trecho permanece na classe 4.

A partir do ponto 5 até o ponto 8, é o trecho que compreende o perímetro urbano de Itabuna,

Salobrinho e Banco da Vitória, sendo comum a presença de banhista, lavadeiras e pescadores,

é pois, uma exposição perigosa, pois trata-se de um espaço com altos índices de contaminação

por organismos intestinais patogênicos, como pode ser melhor visualizado no Figura 33.

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

80000

90000

1 2 3 4 5 6 7 8

Pontos de Coleta

Col

i/100

ml

Média CFMédia CT

Fonte: Dados da pesquisa Figura 33 - Variação Coliformes Fecal e Total

Page 80: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

68

5.2. A RELAÇÃO ENTRE OS PARÂMETROS 5.2.1. ANÁLISE DE CORRELAÇÃO

A tabela 04 mostra a relação entre as variáveis aqui estudadas, medidas através do coeficiente

de correlação de Pearson3, onde as células sombreadas são significativas ao nível de 5%.

Tabela 04 - Matriz de correlação de Pearson entre as variáveis4 Parâ-

metros PH Cond DO Trio Tar DBO P RT CT CF

PH 1

Cond 0,0089

(0,935)

1

DO 0,4419

(0,000)

0,0299

(0,785)

1

Trio 0,3408

(0,001)

0,3441

(0,001)

0,6063

(0,000)

1

Tar 0,3005

(0,006)

0,2596

(0,020)

0,5221

(0,000)

0,8255

(0,000)

1

DBO 0,2252

(0,039)

-0,0124

(0,912)

0,2813

(0,010)

0,4683

(0,000)

0,4012

(0,000)

1

P -0,0291

(0,788)

-0,0310

(0,777)

0,2148

(0,044)

0,0297

(0,784)

0,0477

(0,670)

0,2539

(0,016)

1

RT 0,1522

(0,178)

0,9051

(0,000)

0,2240

(0,046)

0,3683

(0,001)

0,3006

(0,009)

0,1226

(0,272)

-0,0581

(0,591)

1

CT 0,2694

(0,023)

-0,0380

(0,756)

-0,2116

(0,077)

-0,3210

(0,006)

-0,1415

(0,239)

-0,1397

(0,259)

-0,0609

(0,614)

-0,0570

(0,637)

1

CF -0,1410

(0,241)

-0,0417

(0,734)

-0,2035

(0,089)

-0,0632

(0,601)

0,1900

(0,113)

-0,0077

(0,951)

-0,0129

(0,915)

-0,0438

(0,717)

0,4944

(0,000)

1

Fonte: Dados da pesquisa

3 O coeficiente de correlação de Pearson (r) toma valores entre menos um e um, sendo que valores próximos a unidade denotam uma correlação alta, ou seja, quando uma variável muda a outra é influenciada diretamente (+1) ou inversamente (-1). Valores próximos de zero denotam a não existência de relação entre essas variáveis ou uma relação não linear. 4 Os valores entre parêntesis denotam o nível de significância da amostra)

Page 81: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

69

Analisando a Tabela 04 pode-se concluir que as diversas variáveis se relacionam entre si, por

exemplo a Demanda de Oxigênio Dissolvido -DBO se correlaciona com o pH, Oxigênio

dissolvido, temperatura do rio, temperatura do ar e fósforo total.

Contudo, pode-se questionar a utilização do coeficiente de correlação de Pearson, uma vez

que a maioria das variáveis não seguem uma distribuição normal e que em vários casos existe

a presença de valores extremos, embora o número de medições das variáveis é superior a 80,

número bastante razoável para garantir uma boa estimativa do coeficiente de correlação de

Pearson.

Por essas razões, foi calculado, também, o coeficiente de correlação de Spearman, que ao

invés de trabalhar com os valores originais das variáveis, trabalha com seus postos (número

de ordem daquele valor), eliminando a influência dos valores extremos. A Tabela 05 mostra

esses resultados.

Tabela 05 - Matriz de correlação (Spearman) entre as variáveis Variáv

eis PH Cond DO Trio Tar DBO P RT CT CF

pH 1

Cond 0,3838

(0,000)

1

DO 0,4534

(0,000)

0,4655

(0,000)

1

Trio 0,3206

(0,000)

0,5876

(0,000)

0,5231

(0,000)

1

Tar 0,3360

(0,002)

0,5396

(0,000)

0,4493

(0,000)

0,8145

(0,000)

1

DBO 0,1772

(0,107)

0,2934

(0,007)

0,1641

(0,136)

0,5393

(0,000)

0,4369

(0,000)

1

P -0,0751

(0,487)

0,0837

(0,443)

0,1831

(0,088)

-0,0515

(0,634)

-0,0268

(0,811)

-0,1351

(0,204)

1

RT 0,3582

(0,001)

0,5246

(0,000)

0,2736

(0,014)

0,5172

(0,000)

0,3616

(0,002)

0,3362

(0,002)

-0,0320

(0,767)

1

CT 0,0821

(0,496)

-0,0578

(0,637)

-0,1464

(0,223)

-0,3284

(0,005)

-0,2037

(0,088)

-0,2637

(0,031)

0,2568

(0,031)

0,0458

(0,705)

1

CF -0,0449

(0,710)

0,0198

(0,872)

-0,0732

(0,544)

-0,0344

(0,776)

0,1540

(0,200)

-0,1054

(0,396)

0,2756

(0,020)

0,0911

(0,450)

0,7533

(0,000)

1

Page 82: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

70

Comparando os resultados de ambos coeficientes, Pearson e Spearman, observa-se que muitas

variáveis continuam a se correlacionar, outras que não tinham um coeficiente de correlação de

Pearson significativo, o tem com Spearman, como as correlações entre o Ph e a condutividade

e os resíduos totais; a condutividade e o oxigênio dissolvido e a demanda bioquímica de

oxigênio; a demanda de oxigênio dissolvido com o resíduo total e coliforme total e, fósforo

total com coliforme total e coliforme fecal. Enquanto que, algumas correlações detectadas

pelo coeficiente de Pearson, não são detectadas com o de Spearman, como o caso das

correlações entre o oxigênio dissolvido e o pH, o oxigênio dissolvido e fósforo total, a

correlação entre coliforme total e pH e o fósforo e Oxigênio dissolvido.

Essas divergências, como foi assinalado, devem-se a interferência dos valores extremos. O

impacto disso será sentido na análise regressão a ser utilizada na busca de modelos que

descrevam as relações entre as variáveis, uma vez que essa está baseado na correlação de

Pearson.

Uma forma de corrigir essa provável distorção é a transformação das variáveis a seus postos e

aplicar novamente a análise de regressão, o que será feito mais adiante.

5.2.2 A DEMANDA BIOQUÍMICA DE OXIGÊNIO (DBO)

EM FUNÇÃO DAS OUTRAS VARIÁVEIS

Como pode ser observado a DBO tem correlação mais alta com a temperatura do rio, do ar e,

em menor grau, com o fósforo. Observa-se que a temperatura do rio e do ar estão fortemente

correlacionadas (r = 0,8255). A Figura 34 ilustra a relação entre o DBO e a temperatura do

rio, diferenciados pelos meses e postos de coleta.

Na Figura 34 observa-se a presença de dois pontos extremos e influentes, ocorridos nos meses

de fevereiro e março, nos postos 1 e 6, que demandam as maiores quantidades bioquímicas de

oxigênio, com temperaturas altas.

Page 83: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

71

Uma análise visual da DBO indica que o mês de janeiro mostra as temperaturas do rio mais

altas e a DBO acima de 3 até quase 11, enquanto que o mês de março apesar de ter também as

temperaturas mais altas, a DBO varia de 2 até 6, ocorrendo um valor extremo, no posto 1, que

atinge um valor próximo a 19.

MêsN

O

S

A

J

J

M

A

M

F

J

88

8

88

8 88 8

8

8

7

7

77

7 77

77

76

6 6

666 6

6

6

6

6

55

5 55 55

5

5

5

4

44 44

4

4

4 4

4

4

3

3

333

33

333

2

2

2

22 2 22

222

1

11

11

11

1

11

Temperatura do Rio (ºC)

3432302826242220

DBO mg/l

20

10

0

Fonte: Dados da pesquisa Figura 34 - Relação entre o DBO e a temperatura do rio

O mês de menor demanda de DBO é o de julho, cuja demanda varia de 2 a 3, sendo que a

temperatura é uma das mais baixas do ano. O mês de agosto, também mostra menores DBO,

embora a temperatura do rio não seja tão baixa, quanto a do mês de julho.

Uma outra característica que pode ser apreciada neste gráfico, é que o ponto de coleta 8

apresenta menor DBO

Na busca de modelos que descrevam o comportamento da Demanda Bioquímica de Oxigênio

dissolvido em função das outras aqui levantadas, foi utilizado o modelo de regressão linear,

stepwise5. Segundo essa técnica o modelo de regressão ajustado é:

DBO = -11,30 + 0,52* TRIO + 10,11*P

Page 84: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

72

Onde:

DBO = Demanda Bioquímica de oxigênio (mg/l)

TRIO = Temperatura do Rio (0C)

P = Fósforo (mg/l)

Modelo altamente significativo (F(2,62) = 28,05135; p ∼ 0,0000), sendo que todos os

coeficientes estimados também são altamente significativos (ao nível de significância de 1%),

com um coeficiente de determinação ( R2) de 47,5%. Isso significa que, aproximadamente,

47,5% da variação da DBO fica explicada pela variação da temperatura do rio (que contribui

sozinho com 34,2%) e o fósforo (que contribui com 13,3%).

O modelo indica que por cada grau (ºC) que a temperatura do rio aumenta, a DBO aumenta

em 0,52 (mg/l) e por cada unidade a mais de fósforo a DBO aumenta em 10,11 (mg/l).

A análise de regressão aplicado aos postos das variáveis, mostra a permanência do modelo,

porém sem nenhum ganho adicional para o poder explicativo do modelo, logo foi descartado.

5.2.3. OXIGÊNIO DISSOLVIDO EM FUNÇÃO DAS OUTRAS VARIÁVEIS

O OD tem correlação mais alta com a temperatura do rio, do ar, do DBO, P e RT. O OD se

correlaciona com os coliforme totais e fecais, apenas ao nível de significância de 10%. A

Figura 35 ilustra a relação entre o OD e a temperatura do rio, diferenciados pelos meses e

postos de coleta.

O OD dos meses de verão - janeiro, fevereiro e março -, quando a temperatura do rio são as

mais altas mostram maiores níveis de OD, acima de seis unidades, com exceção dos das

leituras do mês de março, nos pontos de coleta 8 e 5. O mês de setembro é o que mostra os

menores níveis de OD, sendo que a temperatura do rio varia de 23 a 27 ºC.

A aplicação do modelo de regressão stepwise fornece o seguinte modelo:

5 Esse modelo de regressão leva em consideração a correlação entre as variáveis, sendo que a primeira a entrar é aquela de maior correlação, as outras entram ou saem segundo a correlação da variável, retirando a influência da variável já considerada no modelo.

Page 85: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

73

OD = -17,76 + 0,66* TRIO + 0,76*pH

Onde:

OD = Oxigênio Dissolvido (mg/l)

TRIO = Temperatura do Rio (0C)

PH = Potencial Hidrogeniônico

Modelo altamente significativo (F(2,62) = 48,53832; p = 0,0000), sendo que todos os

coeficientes estimados também são altamente significativos (ao nível de significância de 5%),

com um coeficiente de determinação ( R2) de 61,0%. Isso significa que, aproximadamente,

61% da variação do OD fica explicado pela variação da temperatura do rio (que contribui

sozinho com 58,5%) e o pH (que contribui com apenas 2,5%).

O modelo indica que por cada grau (ºC) que a temperatura do rio aumenta, o OD aumenta em

0,66 unidades, já o impacto de pH é por cada unidade de pH a mais, o OD aumenta em 0,76

unidades. Observa-se que o pH contribui muito pouco neste modelo.

Fonte: Dados da pesquisa

MêsN

O

S

A

J

J

M

A

M

F

J

88

88

8 8

88

8

8

8

7

7

7

77 7

7

7

777

66

6

6

6 6

66

6

6 6

55

5

55

5

5

5 5

5

5

4

4

44

4

4

44

4

4

4

3

3

3

3

33

33

33

3

2

2

22

22

2

2 22 2

1

1

1

11

1

11

11

1

Temperatura do rio (ºC)

3432302826242220

OD

14

12

10

8

6

4

2

0

Figura 35 - Relação entre o OD e a temperatura do rio

Estes resultados não são coerentes com a lei das solubilidade dos gases em líquido, pois com

o aumento da temperatura o líquido “expulsa” o gás; consequentemente, a solubilidade do gás

diminui. Portanto uma outra variável não medida está interferindo no processo de

concentração do OD, possivelmente o volume da água, variável com os períodos de chuva.

Page 86: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

74

5.3. ANÁLISE DA AUTODEPURAÇÃO 5.3.1. CARGAS POLUIDORAS

Tabela 06 - Quantificação das Cargas Poluidoras

Trechos P3-P4 P4-P5 P5-P6 P6-P7

Cargas Itapé Matadouro Ferradas CoograpMatadouro Ferradas Coograp

Itabuna Salobrinho

Uesc

População (hab) Pop 14387 8.542 183.403 10000

Produção Industrial Pind 100 30.000Bois/d L leite

Quota Per Capita de água QPC (L/hab.d)

160,00 160 180 115

Coeficiente Retorno esgoto/água R 0,80 0,8 0,8 0,8

Vazão Doméstica Média (Pop . QCP . R) / 1000

Qdmed (m3/d)

1.841,54 1.093,38 1.093,38 26.410,03 920,00

Taxa de Infiltração Tinf (L/s.Km)

0,5 0,5 0,5

Extensão Rede Coletora Er (Km)

13,00 7 187 7

Vazão Infiltração (Tinf * Er/1000 )*86400

Qinf (m3/d) 302,4 302,4 8078,4 302,4

Consumo de água por unidade

CAU (m3/ud) 0,35 0,005

Vazão Industrial Média (Pind * CAU)

Qind (m3/d) 35 150 185

Vazão Total Esgoto (Qd + Qinf + Qind)

Qe (L/s) 0,021 0,0004 0,016 0,002 0,018 0,399 0,014

Produção Capita de DBO5

PCDBO

(g/hab.d)50 50 50 50

Carga DBO5 Domestica

(POP * PCDBO /1000)DBOd (Kg/d) 719,35 427,1 427,1 9170,15 500

Carga Específica DBO CEDBO

(Kg/ud)7 0,025

Carga DBOind ( Pind * CEDBO)

DBOind (m3/d) 700 750 1450

Carga DBO5 Total (DBOd + DBOinf + DBOind)

DBOe (kg/d) 719,35 700 427,1 750 1877,1 9170,15 500

Concentração DBO5 Total (DBOe/Qe * 1000)

CDBOe (mg/L) 390,63 20.000,00 305,99 5.000,00 1.187,45 265,89 409,03

Dados Comunidade 1999

Caracterização dos Esgotos

Page 87: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

75

5.3.2. Trecho P3 – P4 Tabela 07 – Dados de Entrada e Saída do Modelo Matemático -Trecho P3-P4

DADOS DE ENTRADADescrição da Variável Referência Símbolo ValorRio a MontanteVazão Rio Quadro 11 Qr 0,299 m3/sDBO Anexo 01 DBOr 3,23 mg/l

Oxigênio Dissolvido no Rio Anexo 01 ODr 4,99 mg/l

Esgoto ItapéVazão Tabela 06 Qe 0,021 m3/sConcentração DBO Tabela 06 DBOe 341,00 mg/lOxigênio Dissolvido no esgoto Tabela 06 ODe 0,00 mg/l

Características do TrechoDistância do Trecho Quadro 12 d 13000 m

Temperatura Anexo 01 T 26,40 0CProfundidade Anexo 01 h 0,75 mConcentração de Saturação de Oxigênio Quadro 22 Cs 8,20 mg\lCoeficiente de desoxigenação Quadro 19 K1 0,40 /dCoeficiente de reaeração Quadro 21 K2 3,95 /d

Velocidade Quadro 22 v 0,35 m3/stempo de percurso Equação 22 t 0,43 dOxigênio Dissolvido mínimo permissível Quadro 23 Odmin 5,00 mg\l

DADOS DE SAÍDADescrição da Variável Referência Símbolo ValorConcentração DBO última da mistura Equação 16 Lo 29,66 mg/lConcentração Oxigênio na mistura Equação 14 Co 4,66 mg/lDéficit de Oxigênio na Mistura Equação 15 Do 3,54 mg/lTempo Crítico Equação 17 tc dDistância Crítica Equação 18 dc KmDéficit Crítico Equação 19 Dc mg/lConcentração crítica de OD dissolvido Equação 20 ODc mg/l

Page 88: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

76

Tabela 08 – Perfil de OD dissolvido ao longo do tempo e da distância -Trecho P3-P4 Distância Tempo Concentração OD (km) (d) (mg/l) 0 0,00 4,66

1 0,03 4,73

3 0,10 4,85 5 0,17 4,96 7 0,23 5,07 9 0,30 5,17

11 0,37 5,26

13 0,47 5,35

4,00

4,50

5,00

5,50

6,00

0 1 3 5 7 9 11 13

Distância (Km)

OD

(mg/

l)

Figura 36 – Perfil de OD Trecho P3-P4 O esgoto bruto de Itapé não impacta o trecho, pois a curva de oxigênio dissolvido (OD) é crescente desde o lançamento.

À distância 5,0 km do lançamento, atinge o limite de OD permissível (5,0 mg/l) para rios de Classe 2, segundo resolução 20 do CONAMA (1986). Ao final do trecho, o OD simulado (5,35 mg/l), está proximo do OD observado (5,6 mg/l)

Page 89: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

77

6.3.3 - Trecho P4 – P5 Tabela 09 – Dados de Entrada e Saída do Modelo Matemático -Trecho P4-P5

DADOS DE ENTRADADescrição da Variável Referência Símbolo Valor Valor Valor

Rio a Montante

Vazão Rio Quadro 11 Qr 0,93 0,93 0,93 m3/sDBO Anexo 01 DBOr 4,33 4,33 4,33 mg/l

Oxigênio Dissolvido no Rio Anexo 01 ODr 5,60 5,60 5,60 mg/l

Matadouro, Ferradas e Coograp Bruto Primário Secundário

Vazão Tabela 6 Qe 0,018 0,018 0,018 m3/s

Concentração DBO Tabela 6 DBOe 1187,45 771,84 415,61 mg/l

Oxigênio Dissolvido no esgoto Tabela 6 ODe 0,00 0,00 0,00 mg/l

Características do Trecho

Distância do Trecho Quadro 12 d 7000 7000 7000 m

Temperatura Anexo 01 T 26,40 26,40 26,40 0C

Profundidade Anexo 01 h 1,20 1,20 1,20 mConcentração de Saturação de Oxigênio Quadro 22 Cs 8,20 8,20 8,20 mg\lCoeficiente de desoxigenação Quadro 19 K1 0,54 0,40 0,24 /d

Coeficiente de reaeração Quadro 21 K2 1,95 1,95 1,95 /d

Velocidade Quadro 22 v 0,35 0,35 0,35 m3/s

tempo de percurso Equação 22 t 0,23 0,23 0,23 dOxigênio Dissolvido mínimo permissível Quadro 23 Odmin 5,00 5,00 5,00 mg\l

DADOS DE SAÍDADescrição da Variável Referência Símbolo Valor Valor Valor

Concentração DBO última da mistura Equação 16 Lo 28,66 21,75 17,27 mg/l

Concentração Oxigênio na mistura Equação 14 Co 5,49 5,49 5,49 mg/l

Déficit de Oxigênio na Mistura Equação 15 Do 2,71 2,71 2,71 mg/l

Tempo Crítico Equação 17 tc 0,71 0,60 d

Distância Crítica Equação 19 dc 21,45 18,07 Km

Déficit Crítico Equação 20 Dc 5,38 3,52 mg/l

Concentração crítica de OD dissolvido Equação 21 ODc 2,82 4,68 mg/l

Page 90: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

78

Tabela 10 – Perfil de OD dissolvido ao longo do tempo e da distância Trecho P4-P5

Distância Tempo Concentração OD Concentração OD Concentração OD (km) (d) (mg/l) (mg/l) (mg/l)

Esgoto Bruto Tratamento Tratamento Primário Secundário

0 0,00 5,49 5,49 5,49 1 0,03 5,17 5038 5,53 2 0,07 4,88 5,28 5,57 3 0,10 4,61 5,19 5,60 4 0,13 4,37 5,11 5,63 5 0,17 4,15 5,04 5,67 6 0,20 3,96 4,98 5,70 7 0,23 3,78 4,92 5,73

3,00

3,50

4,00

4,50

5,00

5,50

6,00

0 1 2 3 4 5 6 7

Distância (km)

OD

(m

g/L)

Bruto

Figura 37 – Perfil OD Trecho P4-P5

Diferentemente do trecho anterior, os esgotos brutos, lançados pelo matadouro, cidade de

Nova Ferradas e indústria de laticínio Coograp, impactam de sobre maneira seu trecho, a

curva de OD é decrescente em todo o percurso.

Ao final do percurso sem tratamento, o OD simulado (3,78 mg/l), está próximo do OD

observado para o ponto P5 (3,56 mg/l).

Page 91: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

79

Extrapolando o trecho, e a permanecer as condições simuladas, começaria a recuperação do

OD a uma distância 21,51 km, não atingindo níveis aceitáveis pelo CONAMA para classe 2 e

3, até a desembocadura.

Configurada a necessidade de tratamento, simulou-se conforme pode ser observado nos dados

de entrada as alternativas de tratamento primário e secundários com eficiencia de 35% e 65%

na remoção da DBO respectivamente.

4,80

5,00

5,20

5,40

5,60

5,80

0 1 2 3 4 5 6 7Distância (Km)

OD

(mg/

L)

PrimárioSecundário

Figura 38 – Perfil OD Trecho P4-P5 com tratamento

Observa-se que apenas no tratamento secundário, todo o trecho P4-P5, possui valores de OD

acima do permissível. Desta forma, do ponto de vista do corpo receptor, esta alternativa de

tratamento é satisfatória.

Page 92: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

80

6.3.4. Trecho P5 – P6 Tabela 11 – Dados de Entrada e Saída do Modelo Matemático -Trecho P5-P6

DADOS DE ENTRADADescrição da Variável Referência Símbolo Valor Valor Valor

Rio a MontanteVazão Rio Quadro 11 Qr 1,00 1,00 1,00 m3/sDBO Anexo 01 DBOr 5,13 5,13 5,13 mg/l

Oxigênio Dissolvido no Rio Anexo 01 ODr 3,56 3,56 3,56 mg/l

Esgoto Itabuna Bruto Primário Secundário

Vazão Tabela 6 Qe 0,399 0,399 0,399 m3/sConcentração DBO Tabela 6 DBOe 265,89 172,83 93,06 mg/lOxigênio Dissolvido no esgoto Tabela 6 ODe 0,00 0,00 0,00 mg/l

Características do TrechoDistância do Trecho Quadro 12 d 14500 14500 14500 m

Temperatura Anexo 01 T 26,40 26,40 26,40 0CProfundidade Anexo 01 h 0,60 0,60 0,60 mConcentração de saturação de oxigênio Quadro 22 Cs 8,20 8,20 8,20 mg\lCoeficiente de desoxigenação Quadro 19 K1 0,60 0,40 0,40 /dCoeficiente de reaeração Quadro 21 K2 7,85 7,85 7,85 /d

Velocidade (Owens et al ) Quadro 22 v 0,35 0,35 0,35 m3/sTempo de percurso Equação 22 t 0,48 0,48 0,48 dOxigênio Dissolvidomínimo permissível Quadro 23 Odmin 5,00 5,00 5,00 mg\l

DADOS DE SAÍDADescrição da Variável Referência Símbolo Valor Valor Valor

Concentração DBO última da mistura Equação 16 Lo 83,61 61,14 34,88 mg/lConcentração Oxigênio na mistura Equação 14 Co 2,54 2,54 2,54 mg/lDéficit de Oxigênio na Mistura Equação 15 Do 5,66 5,66 5,66 mg/lTempo Crítico Equação 17 tc 0,12 dDistância Crítica Equação 19 dc 3,72 kmDéficit Crítico Equação 20 Dc 5,97 mg/lConcentração crítica de OD dissolvido Equação 21 ODc 2,23 mg/l

Page 93: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

81

Tabela 12 – Perfil de OD dissolvido ao longo do tempo e da distância Trecho P5-P6

Distância Tempo Concentração OD Concentração OD Concentração OD (km) (d) (mg/l) (mg/l) (mg/l)

Esgoto Bruto Tratamento Tratamento Primário Secundário

0 0,00 2,54 2,54 2,54 2 0,07 2,29 3,59 4,14 4 0,13 2,24 4,25 5,10 6 0,20 2,30 4,67 5,68 8 0,27 2,44 4,95 6,05 10 0,33 2,61 5,14 6,28 12 0,40 2,79 5,29 6,44

14,5 0,49 3,03 5,43 6,57 20 0,67 3,56 5,66 6,74 25 0,84 4,00 5,84 6,85 30 1,00 4,40 5,99 6,94

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

0 2 4 6 8 10 12

14,5 20 25 30

Distância (Km)

OD

(m

g/l)

Bruto

Figura 39 – Pefil OD Trecho P5-P6 O esgoto bruto de Itabuna, apresenta OD crítico (2,23 mg/l) a 3,72 km do lançamento,

começando então o processo de recuperação do oxigênio dissolvido, alcançando no final do

trecho em estudo (14,5 km) 3,03 mg/l, mantendo-se abaixo do nível permissível (5 mg/l) até a

desembocadura.

Page 94: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

82

Configurada a necessidade de tratamento, simulou-se as alternativas de tratamento primário e

secundário com eficiencia de 35% e 65% na remoção da DBO respectivamente.

0,001,002,003,004,005,006,007,008,00

0 2 4 6 8 10 12 14 20 25 30Distância (Km)

OD

(mg/

L)

PrimárioSecundário

Figura 40 – Perfil OD Trecho P5-P6 com tratamento

Observa-se que com o tratamento primário o rio atinge o limite permissível de OD a 8 km do

lançamento e com o tratamento secundário na metade do percurso. Desta forma, do ponto de

vista do corpo receptor, a alternativa de tratamento secundário, é a mais recomendada.

Page 95: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

83

6.3.5. Trecho P6 – P7 Tabela 13 – Dados de Entrada e Saída do Modelo Matemático -Trecho P6-P7

DADOS DE ENTRADADescrição da Variável Referência Símbolo Valor

Rio a Montante

Vazão Rio Quadro 11 Qr 1,40 m3/sDBO Anexo 01 DBOr 6,02 mg/l

Oxigênio Dissolvido no Rio Anexo 01 ODr 4,33 mg/l

Esgoto Salobrinho/UESC

Vazão Tabela 6 Qe 0,016 m3/sConcentração DBO Tabela 6 DBOe 355,27 mg/l

Oxigênio Dissolvido no esgoto Tabela 6 ODe 0,00 mg/l

Características do TrechoDistância do Trecho Quadro 12 d 5000 mTemperatura Anexo 01 T 26,40 0CProfundidade Anexo 01 h 0,70 mConcentração de saturação de oxigênio Quadro 22 Cs 8,20 mg\lCoeficiente de desoxigenação Quadro 19 K1 0,60 /dCoeficiente de reaeração Quadro 21 K2 5,91 /d

Velocidade (Owens et al ) Quadro 22 v 0,35 m3/sTempo de percurso Equação 22 t 0,17 d

Oxigênio Dissolvido mínimo permissível Quadro 23 Odmin 5,00 mg\l

DADOS DE SAÍDADescrição da Variável Referência Símbolo Valor

Concentração DBO última da mistura Equação 16 Lo 10,55 mg/lConcentração Oxigênio na mistura Equação 14 Co 4,28 mg/l

Déficit de Oxigênio na Mistura Equação 15 Do 3,92 mg/l

Tempo Crítico Equação 17 tc dDistância Crítica Equação 19 dc km

Déficit Crítico Equação 20 Dc mg/l

Concentração crítica de OD dissolvido Equação 21 ODc mg/l

Page 96: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

84

Tabela 14 – Perfil de OD dissolvido ao longo do tempo e da distância Trecho P6-P7

Distância Tempo Concentração OD

(km) (d) (mg/l)

0 0,00 4,28 1 0,03 4,79 2 0,07 5,21

3 0,10 5,57

4 0,13 5,86

5 0,17 6,10

4,00

4,50

5,00

5,50

6,00

6,50

0 1 2 3 4 5

Distância (Km)

OD

(mg/

l)

Fonte: Dados das pesquisa Figura 41 - Perfil de OD Trecho P6-P7

O esgoto bruto do Salobrinho/UESC não impacta o trecho, pois a curva de OD é crescente

desde o lançamento.

O OD simulado no final do trecho (6,10 mg/l) não está próximo do OD observado (5,15 mg/l)

indicando a influência de outros fatores, como a interferência de sedimentos.

A partir da distância 1,5 km do lançamento, atinge o limite de OD permissível (5,0 mg/l)

para rios de Classe 2, segundo resolução 20 do CONAMA.

Page 97: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

85

6. CONCLUSÃO

Com o presente estudo sobre a qualidade das águas do Rio Cachoeira Sul da Bahia, para o

período de observação, ano de 1999, pode-se concluir:

6.1 O Rio Cachoeira, apresenta suas águas com temperatura entre 21,9 e 33,80C, variando de

neutra a levemente básica, com decréscimo da condutividade desde a sua formação até

próximo da desembocadura (km=45 P-8) quando a situação se inverte devido a influência da

maré.

6.2. Na análise de Oxigênio Dissolvido e Demanda Bioquímica de Oxigênio, segundo

resolução CONAMA n0 20 o rio é Classe 2 de Itapé até o Matadouro (trecho P3-P4), muda

para Classe 3 ao receptar os esgotos do Matadouro, Itabuna e Indústria Alimentícia Coograp

(trecho P4-P5), que promove um significativo processo de degradação da qualidade hídrica.

Persistindo as condições atuais, a tendência é um progressivo agravamento da poluição das

águas do rio, em virtude do dinamismo da urbanização e industrialização na área.

6.3. A análise de autodepuração mostra que o esgoto de Itapé e Salobrinho/UESC não

impactam os seus trechos e indica tratamento secundário para os efluentes do trecho P4 a P6,

o que permitirá também reduzir a quantidade de coliformes total e fecal já que a situação atual

é Classe 4, para este critério.

6.4. A concentração de fósforo é alta em todo o curso d’água, o valor mínimo encontrado

0,05mgP/l, representa o dobro do estabelecido pela resolução CONAMA n0 20 (0,025mgP/l),

justificando a presença freqüente de macrófitas ao longo do leito.

Em virtude da importância da vazão e da velocidade na análise da qualidade das águas é

necessário o desenvolvimento de estudos complementares, visando superar esta deficiência de

informação.

Reconhece-se como válida e de grande importância a necessidade de implementar rede de

informações atualizadas de fontes poluidoras, com quantificação e qualificação dos efluentes.

Page 98: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

86

As ações antrópicas estão degradando o Rio Cachoeira, não há preservação qualitativa do

nosso curso d’água, vê-se como fundamental o investimento no tratamento das águas

residuárias sem o que, alternativa alguma de gerenciamento poderá ser eficaz, principalmente

em horizonte de médio e longo prazo.

Fotos: Geraldo Borges

Figura 42 – Visão dos múltiplos usos do Rio Cahoeira

Page 99: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

87

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS AGENDA 21 Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. 2. ed. Brasília: Senado Federal; Secretaria de Edições Técnicas, 1997. 598 p. BAHIA. Plano Diretor de Recursos Hídricos das Bacias do Leste. Superintendência de Recursos Hídricos. Governo do Estado da Bahia, 1996. BAHIA. Enquadramento da Bacia Hidrográfica da Região Administrativa Leste. Centro de Recursos Ambientais. Governo do Estado da Bahia, 1998. BAHIA. Programa de Recuperação das Bacias dos Rios Cachoeira e Almada. Superintendência de Recursos Hídricos. Universidade Estadual de Santa Cruz. Governo do Estado da Bahia. Relatório, 2000. BRANCO, S. M. Hidrologia Aplicada à Engenharia Sanitária. 3. ed. São Paulo, CETESB, 1986. 620p. BUSSAB, W. & MORETTIN, P.A. Estatística Básica. 4. ed. São Paulo: Atual, 1897. 321p BRANCO, S.M. & ROCHA, A.A. Poluição, Proteção e Usos Múltiplos de Represas. São Paulo, CETESB, 1977. 185p. BRANCO, S.M. A água e o Homem. In: PORTO, R.L.L. (Org) Hidrologia Ambiental. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo:Associação Brasileira de Recursos Hídricos – (Coleção ABRH de Recursos Hídricos; v.3), 1991. CAMPOS, J.R. Alternativas para tratamento de esgotos - pré-tratamento para águas de abastecimento, Americana: Consórcio Intermunicipal das Bacias dos rios Piracicaba e Capivari, 1994. CARMOUZE, J.P. O Metabolismo dos Ecossistemas Aquáticos: fundamentos teóricos, métodos de estudo e análise química, São Paulo: Edgard Blücher: Fapesp, 1994. 253p. CENA, Centro de Energia Nuclear na Agricultura. Relatório de visita técnica à Bacia do Rio Cachoeira. São Paulo, 1997. CHORLEY, R.J. & KENNEDY B. Physical Geography: systems approach. Londres: Prentice Hall Inc.Co, 1971. CHRISTOFOLETTI, A. Análise de Sistemas em Geografia. São Paulo, Hucitec: Ed. Universidade de São Paulo, 1979. CHRISTOFOLETTI, A. Ggeomorfologia Fluvial. São Paulo: Edgard Blücher, 1981. 313p. CHRISTOFOLETTI, A.. Condicionantes Geomorfológicos e Hidrológicos aos problemas de Desenvolvimento. In: TAUK, S.M. (Org) Análise Ambiental: uma visão multidisciplinar. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1995.

Page 100: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

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Page 101: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

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OLIVEIRA, M.C.R. As relações ambientais da bacia do Rio Cachoeira. 1994. 180 p. Dissertação (Especialista em Geografia Física). – Curso de Pós-Graduação em geografia física. Universidade Estadual do Centro-Oeste, PARANHOS, R. Alguns métodos para análise de água. Rio de Janeiro: UFRJ, Sub-Reitoria de Ensino de Graduação e Corpo Discente/ SR-1. 200p. il. – (Cadernos Didáticos UFRJ; 19), 1996. PEIXINHO, F.C. & LEAL, M.S. A Atuação da CPRM no Campo dos Recursos Hídricos perante a Agenda 21. A Água em Revista, Minas Gerais, Suplemento das águas, Agenda 21 - Capítulo 18, p 3-13, maio. 1996. PINTO, N. et. al. Hidrologia Básica. São Paulo: Edgard Blücher, 1976. 278 p. PORTO, F.A.; BRANCO, S.M. & LUCA, S.L Caracterização da qualidade da água.. In: PORTO, R.L.L. (Org) Hidrologia Ambiental. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo:Associação Brasileira de Recursos Hídricos. – (Coleção ABRH de Recursos Hídricos; v.3) , 1991. PROCHNOW, M.C.R. A qualidade das águas na bacia do Rio Piracicaba. 1981, 168f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Curso de Pós-Graduação em Geografia, Instituto de Geociências e Ciências Exatas UNESP, Rio Claro. RICHTER, C.A & NETTO, J.M.A . Tratamento de água. Tecnologia atualizada. São Paulo: Edgard Blücher, 1991. 332p ROCHA, A. A.. A problemática da água. In: LEITE, J.L. (Org) Problemas Chaves do Meio Ambiente. Salvador: Instituto de Geociências da UFBA, 1995. 223p. RUSSEL, J.B.. Química Geral. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1992. 897p. RUTHERFORD, J. C. & O’SULLIVAN, M. J. Simulation of Water Quality in Tarawera River. Journal of the Environmental Engineering Division, New York, 100(2):369-91, apr., 1974. SALVADOR, N.N.B. Avaliação de impactos sobre a qualidade dos recursos hídricos. 1990. 370f. Tese ( Doutorado em Engenharia Civil Modalidade Hidráulica e Saneamento),– Escola de Engenharia da Universidade de São Paulo, São Carlos THOMAN, R. V. Systems Analysis and Water Quality Management. New York: McGraw-Hill Book Company, 1974. 286 p. TOLETO, G.L. & OVALLE, I.I. Estatística Básica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1985. 459 p. TUNDISI, J.G. Liminologia no Século XXI: perspectivas e dasafios. São Carlos, Institulo Internacional de Ecologia, 1999. 24 p. VELZ, C.J. Applied Stream Sanitation. New York: John Wiley & Sons, 1970. 619 p. VIEIRA, S. Introdução à Bioestatística. Rio de Janeiro: Campus, 1998. 238 p.

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8. ANEXO 01

VARIÁVEIS

NOS PONTOS AMOSTRADOS

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92

POTENCIAL HIDROGENIÔNICO - pH

pH - 1 Ph - 2 pH - 3 pH - 4 pH - 5 pH - 6 pH - 7 pH - 8

8,05 7,49 7,58 8,63 7,89 8,3 8,19 8,46JANEIRO

8,5 7,74 7,81 8,53 7,5 7,89 8,12 7,75FEVEREIRO

8,4 8,2 7,3 8,5 7,2 7,6 7,9 7,1MARÇO

7,5 6,9 7,2 7,2 7,1 7 7,1 7,8ABRIL

7,54 8,02 7,61 7,46 7,16 7,29 8,55 7,57MAIO

9,39 8,89 8,6 9,11 8,48 8,29 8,72 8,83JUNHO

7,95 6,7 7,45 7,54 7,45 7,3 7,46 7,1JULHO

8,13 7,56 7,6 7,43 7,36 7,31 7,32 7,4AGÔSTO

6,82 7,4 7,2 7,02 7,09 7,01 7,33 7,46SETEMBRO

8,2 6,9 7 6,8 6,3 6 6,1 6,6OUTUBRO

8,2 8,22 7,72 7,97 7,81 7,54 7,6 7,7NOVEMBRO

pH -1 pH -2 pH - 3 pH - 4 pH - 5 pH - 6 pH - 7 pH - 8

Limite Superior

8,50 8,09 7,84 8,34 7,77 7,85 8,17 8,03

Média 8,06 7,64 7,55 7,84 7,39 7,41 7,67 7,61Limite Inferior 7,62 7,19 7,26 7,33 7,02 6,98 7,17 7,18

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93

CONDUTIVIDADE (μ/cm)

COND-1 COND-2 COND-3 COND-4 COND-5 COND-6 COND-7 COND-8

1,29 0,99 1,09 0,755 0,624 0,624 0,644 7,8JANEIRO

1,31 0,77 0,99 0,95 0,93 0,93 0,5 10,5FEVEREIRO

0,66 0,37 0,53 0,5 0,47 0,47 0,4 19MARÇO

0,55 0,34 0,62 0,46 0,41 0,41 0,25 0,26ABRIL

0,39 0,362 0,431 0,431 0,464 0,464 0,546MAIO

0,525 0,28 0,372 0,376 0,404 0,404 0,345 1,08JUNHO

0,574 0,42 0,482 0,367 0,332 0,332 0,246 0,24JULHO

0,405 0,342 0,373 0,366 0,37 0,37 0,34 0,34AGÔSTO

0,254 0,422 0,265 0,34 0,512 0,512 0,48SETEMBRO

0,51 0,25 0,32 0,35 0,35 0,35 0,28 0,26OUTUBRO

0,47 0,321 0,382 0,359 0,365 0,365 0,25 2,4NOVEMBRO

COND-1 COND-2 COND-3 COND-4 COND-5 COND-6 COND-7 COND-8

Limite Superior

0,86 0,60 0,71 0,61 0,59 0,55 0,48 6,54

Média 0,63 0,44 0,53 0,48 0,48 0,44 0,39 3,40Limite Inferior 0,40 0,29 0,35 0,35 0,36 0,33 0,30 0,26

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94

TEMPERATURA DO CORPO D’ÁGUA ( 0C )

TRIO-1 TRIO-2 TRIO-3 TRIO-4 TRIO-5 TRIO-6 TRIO-7 TRIO-8

29,9 30,5 31 31,9 31,4 32,7 32,4 33,8JANEIRO

30,2 29,7 30,6 30,1 30 30,1 29,8 30,1FEVEREIRO

29 30 31 32 30 32 32 32MARÇO

25 24,5 26 25 25,5 25 26 26ABRIL

25,1 27 27 27 27,2 25,2 26,3 26,2MAIO

21,9 24,6 23,3 26,7 25,4 24,4 24,5 21,9JUNHO

24,5 23,7 23,8 23 24,4 22,8 23 20,9JULHO

25,5 23,8 23,8 25,4 25,1 25,4 26 25AGÔSTO

24 24 23 23 23,9 26 25,3 26,5SETEMBRO

26 24 24 24,5 24 23 23 23OUTUBRO

29,1 27,4 27,4 28,5 27,7 27,1 27,1 27NOVEMBRO

TRIO-1 TRIO-2 TRIO-3 TRIO-4 TRIO-5 TRIO-6 TRIO-7 TRIO-8

Limite Superior 28,22 28,12 28,59 29,19 28,57 29,00 29,04 28,87

Média 26,38 26,29 26,45 27,01 26,78 26,70 26,85 26,28

Limite Inferior 24,54 24,46 24,30 24,82 24,99 24,40 24,67 23,70

Page 107: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

95

TEMPERATURA DO AR ( 0C )

TAR-1 TAR-2 TAR-3 TAR-4 TAR-5 TAR-6 TAR-7 TAR-8

30 32 32 36 36 34 34 39JANEIRO

31 32 31 30 34 33 30,5 31FEVEREIRO

29 30 31 31 30,5 33,5 34 31MARÇO

25 26 26 27 31 27 27 27ABRIL

25,5 29 29 30 27 27,6 29 26MAIO

24 22,9 25,3 27 29 25,8 21,9 25JUNHO

26 23,9 24 23,8 25,7 23,8 23,9 23,8JULHO

32 31 31 33 29 32 29 32AGÔSTO

24,3 26,5 24,4 24,4 26 26,9 26,4 26,8SETEMBRO

29 26 25 25 26,3 24 23 23OUTUBRO

24 NOVEMBRO

TAR-1 TAR-2 TAR-3 TAR-4 TAR-5 TAR-6 TAR-7 TAR-8

Limite Superior

29,77 30,30 30,17 31,57 30,84 31,60 30,59 31,85

Média 27,82 27,93 27,87 28,72 28,45 28,76 27,88 28,41Limite Inferior 25,87 25,56 25,57 25,87 26,06 25,92 25,17 24,97

Page 108: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

96

OXIGÊNIO DISSOLVIDO (mg/l)

OD-1 OD-2 OD-3 OD-4 OD-5 OD-6 OD-7 OD-8

7,90 7,19 7,19 10,60 7,58 9,32 8,86 12,51JANEIRO

9,85 7,48 7,48 9,57 5,85 9,10 8,38 7,69FEVEREIRO

8,80 8,00 8,00 12,20 4,10 7,60 8,40 0,40MARÇO

8,20 7,70 7,70 6,60 3,70 5,10 6,90 6,70ABRIL

7,55 9,65 9,65 7,31 4,84 4,80 9,60 6,49MAIO

6,20 5,27 5,27 5,15 1,86 2,94 3,43 3,46JUNHO

4,73 4,63 4,63 3,10 3,60 3,34 3,23 3,64JULHO

3,80 2,67 2,67 1,62 2,87 2,10 3,10 2,50AGÔSTO

2,13 1,70 1,70 1,20 1,00 0,60 0,40 1,90SETEMBRO

5,50 3,90 3,90 3,10 2,30 1,60 2,90 0,70OUTUBRO

3,27 2,66 2,66 1,23 1,51 1,20 1,43 1,23NOVEMBRO

OD-1 OD-2 OD-3 OD-4 OD-5 OD-6 OD-7 OD-8

Limite Superior

7,85 7,30 6,55 8,25 4,89 6,44 7,38 6,78

Média 6,18 5,53 4,99 5,61 3,56 4,34 5,15 4,29Limite Inferior 4,50 3,77 3,44 2,96 2,24 2,23 2,92 1,80

Page 109: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

97

DEMANDA BIOQUÍMICA DE OXIGÊNIO (mg/l)

DBO-1 DBO-2 DBO-3 DBO-4 DBO-5 DBO-6 DBO-7 DBO-8

3,80 4,20 4,40 8,70 10,10 9,90 6,10 6,60JANEIRO

4,70 3,30 3,50 5,80 7,50 18,50 3,60 3,40FEVEREIRO

18,30 3,40 3,70 3,20 3,70 5,90 3,50 2,20MARÇO

2,30 2,10 2,20 2,90 3,00 4,00 2,30 2,70ABRIL

3,50 1,90 2,60 5,20 4,00 3,40 1,70 1,80MAIO

1,70 1,90 6,60 4,00 3,50 1,30 1,50JUNHO

2,30 2,00 2,00 2,00 2,80 2,60 2,00 2,40JULHO

1,00 1,00 2,50 3,00 1,00AGÔSTO

2,70 2,60 2,70 2,70 2,30 4,70 3,30 2,50SETEMBRO

3,50 4,10 5,40 2,60 7,20 4,20 1,10 4,00OUTUBRO

6,00 9,20 3,90 5,50 6,70 6,60 4,80 4,50NOVEMBRO

3,20 1,50 3,20 2,30 2,00 2,10DEZEMBRO

DBO-1 DBO-2 DBO-3 DBO-4 DBO-5 DBO-6 DBO-7 DBO-8

Limite Superior

8,34 4,72 4,05 5,78 6,97 9,14 4,12 4,03

Média 4,81 3,23 3,23 4,34 5,13 6,03 2,97 2,96Limite Inferior 1,28 1,73 2,41 2,89 3,29 2,92 1,82 1,89

Page 110: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

98

FÓSFORO TOTAL (mg/l)

P-1 P-2 P-3 P-4 P-5 P-6 P-7 P-8

JANEIRO 0,13 0,05 0,06 0,07 0,16 0,29 0,23 0,14FEVEREIRO 0,05 0,00 0,05 0,07 0,08 0,64 0,20 0,14MARÇO 0,16 0,03 0,12 0,17 0,26 0,29 0,14 0,13ABRIL 0,31 0,09 0,20 0,18 0,22 0,21 0,24 0,23MAIO 0,25 0,08 0,20 0,23 0,26 0,38 0,28 0,26JUNHO 0,09 0,07 0,08 0,08 0,14 0,31 0,22 0,20JULHO 0,20 0,16 0,18 0,17 0,18 0,18 0,16 0,16AGÔSTO 0,12 0,10 0,12 0,12 0,14 0,16 0,16 0,17SETEMBRO 0,08 0,08 0,07 0,09 0,11 0,16 0,15 0,16OUTUBRO 0,06 0,05 0,06 0,05 0,09 0,22 0,13 0,09NOVEMBRO 0,12 0,07 0,11 0,06 0,05 0,07 0,09 0,08DEZEMBRO 0,09 0,04 0,06 0,07 0,08 0,10 0,09 0,10

P-1 P-2 P-3 P-4 P-5 P-6 P-7 P-8

Limite Superior

0,20 0,10 0,15 0,16 0,20 0,34 0,22 0,20

Média 0,14 0,07 0,11 0,12 0,15 0,26 0,18 0,16Limite Inferior 0,09 0,04 0,08 0,08 0,11 0,16 0,14 0,12

Page 111: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

99

RESÍDUO TOTAL (mg/l)

RT-1 RT-2 RT-3 RT-4 RT-5 RT-6 RT-7 RT-8

JANEIRO 612 496 540 409 327 356 340 3.727FEVEREIRO 595 354 464 448 431 303 230 4.661MARÇO * * * * * * * * ABRIL 495 284 525 399 376 322 274 252MAIO 439 276 370 387 389 387 335 741JUNHO 351 259 277 975 312 290 268 433JULHO 445 346 388 323 302 266 270 268AGÔSTO 338 285 308 325 313 318 298 270SETEMBRO 373 211 258 257 260 226 228 213OUTUBRO 298 122 142 277 171 170 109 1752NOVEMBRO 879 295 1058 1222 1178 692 497 552DEZEMBRO 383 256 325 316 341 296 283 278

RT-1 RT-2 RT-3 RT-4 RT-5 RT-6 RT-7 RT-8

607 362 613 735 607 434 356 990Limite Superior

Média 483 293 433 502 406 333 285 560Limite Inferior 358 223 253 270 205 232 214 130

Page 112: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

100

COLIFORMES TOTAL (mg/l)

CT-1 CT-2 CT-3 CT-4 CT-5 CT-6 CT-7 CT-8

11000 300 300 130 15.000 500 3.000 17.000JANEIRO

30000 800 300 1.600 16.000 3.000 5.000 24.000FEVEREIRO

17000 16.000 3.000 9.000 16.000 50.000 16.000 16.000ABRIL

24000 800 2.400 2.400 3.000 30.000 16.000MAIO

240000 8.000 180.000 5.800 180.000 10.000 12.000 180.000JUNHO

28000 20.000 32.000 18.000 70.000 60.000 8.000 50.000JULHO

16000 14.000 22.000 17.000 160.000 160.000 90.000 3.000AGÔSTO

2300 1.300 1.000 2.200 94.000 12.000 2.500 1.500SETEMBRO

25000 2.100 1.600 1.400 80.000 2.100 6.500 4.400OUTUBRO

CT-1 CT-2 CT-3 CT-4 CT-5 CT-6 CT-7 CT-8

Média CT 43700 7033 26956 6392 78875 33400 19222 34656

Page 113: estudo da qualidade das águas do rio cachoeira

101

COLIFORMES FECAL (Coli/100 mL)

CF-1 CF-2 CF-3 CF-4 CF-5 CF-6 CF-7 CF-8

JANEIRO 5000 230 170 80 2.300 80 1.100 5.000FEVEREIRO 11000 220 80 900 16.000 2.400 3.000 8.000ABRIL 13000 4.000 500 1.300 16.000 30.000 9.000 2.400MAIO 3000 230 2.400 40 2.400 1.400 3.000JUNHO 6000 300 400 350 5.000 1.900 800 2.000JULHO 2000 2.600 1.800 860 8.000 2.200 1.900 2.600AGÔSTO 16000 14.000 7.000 13.000 160.000 160.000 90.000 3.000SETEMBRO 520 250 220 260 23.000 2.300 400 320OUTUBRO 3500 200 50 54 50.000 600 500 500

CF-1 CF-2 CF-3 CF-4 CF-5 CF-6 CF-7 CF-8

Média CF 6668,89 2447,78 1402,22 1871,56 35037,5 22431,1 12011,1 2980