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ESTUDO DA ESTABILIDADE TÉRMICA E DA CONDUTIVIDADE ELÉTRICA DO COMPÓSITO LSM / CÉRIA-ÍTRIA
G. S. Godoi; D. P. F. de Souza
Rod. Washington Luiz Km 235, Caixa Postal 676
São Carlos – São Paulo
Departamento de Engenharia de Materiais
Universidade Federal de São Carlos
RESUMO
Óxidos com a estrutura da perovskita têm se apresentado como bons
candidatos para uso como catodos em SOFC’s. Um bom exemplo destes materiais
são os manganatos de lantânio e estrôncio, La1-xSrxMnO3 (LSM). Vários estudos já
foram realizados com o objetivo de otimizar o desempenho de catodos de LSM em
eletrólitos de zircônia estabilizada, eletrólito mais utilizado em SOFC’s. No entanto
não se tem verificado na literatura estudo semelhante abordando as possíveis
reações envolvendo LSM e eletrólitos a base de céria dopada com ítria. No presente
trabalho foi estudado o comportamento da interface LSM-céria dopada com ítria ao
longo de tratamentos térmicos. As principais técnicas de caracterização utilizadas
foram: DRX, MEV e medidas elétricas em corrente contínua, e alternada. Para as
medidas elétricas em corrente continua foi avaliado também o comportamento
elétrico da céria-ítria utilizando eletrodos bloqueantes aos elétrons.
Palavras-chaves: estabilidade térmica, manganato de lantânio e estrôncio,
compósitos, condutividade elétrica.
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INTRODUÇÃO Células a Combustível de Óxido Sólido (SOFC) são dispositivos capazes de
produzir energia elétrica através da combinação eletroquímica de um combustível
com um agente oxidante. Estes dispositivos são na verdade células eletroquímicas,
onde o eletrólito é o componente responsável pela condução do íon oxigênio entre o
catodo e o anodo, onde reagirá com o combustível gerando energia elétrica (1). A
condutividade elétrica do eletrólito aumenta com o acréscimo da temperatura, isto é,
o processo de condução do íon oxigênio é termicamente ativado. Quando o material
utilizado como eletrólito é a zirconia estabilizada com ítria é necessário que esta
célula opere em temperatura de aproximadamente 1000ºC (2). Porém, esta elevada
temperatura de operação além de limitar a escolha de materiais para a fabricação da
célula, estimula a degradação das interfaces eletrodos-eletrólito tanto devido a
tensões geradas pela diferença dos coeficientes de expansão como por reações
químicas entre os diferentes materiais. Como exemplo, citamos a formação das
fases La2Zr2O7 e SrZrO3 formadas entre o eletrólito de zircônia estabilizada e o
catodo de (La,Sr)MnO3 (3).
A céria dopada com terras raras é um importante material alternativo à zirconia
estabilizada devido ao seu maior valor de condutividade elétrica, permitindo a
redução da temperatura de operação da SOFC. Medidas de condutividade elétrica
efetuadas a 800ºC forneceram valores de condutividade de aproximadamente 0,02
S/cm para a zircônia estabilizada com 8% de ítria e 0,1 S/cm para a céria dopada
com samário (4). No entanto, é importante que o eletrólito apresente apenas
condutividade iônica para que a célula tenha um bom rendimento. Para certificar-se
desta condição foram feitas medidas de condutividade elétrica de céria-ítria
utilizando eletrodo de óxido de bismuto dopado com terras raras. Este material é um
conhecido condutor puramente iônico, cujo valor de condutividade é superior que o
da própria céria-ítria (5). Sendo um condutor puramente iônico foi possível utilizá-lo
como eletrodo bloqueante ao movimento de elétrons, permitindo avaliar se a céria-
ítria poderia ser utilizada como eletrólito, isto é, se ela apresenta condutividade
puramente iônica. Outro ponto importante do trabalho foi a preparação de um
compósito LSM-CY com o objetivo de verificar se em elevadas temperaturas estes
materiais continuam inertes, isto é, sem reagir entre si. Não foi encontrado na
literatura estudo semelhante abordando as possíveis reações entre catodos de
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óxidos condutores mistos e o eletrólito de céria dopada com ítria. Foi encontrado
apenas um artigo em que LSM foi utilizado como catodo em eletrólito de céria onde
foi avaliado seu desempenho como catodo e determinado que sua baixa
condutividade iônica comparada com o eletrólito provoca polarização
comprometendo o desempenho do catodo (6). Este resultado é que justifica o uso de
catodo compósito. Um outro aspecto importante é que a idéia de se preparar
compósitos em detrimento de se estudar apenas uma interface é de aumentar a
superfície de contato dos materiais, facilitando a observação de qualquer fenômeno
que pudesse estar associado a formação de uma terceira fase.
MATERIAIS E MÉTODOS
A tabela I mostra as composições preparadas e as respectivas denominações
que serão utilizadas ao longo do trabalho.
Tabela I - Composições trabalhadas e suas respectivas denominações.
Composição Denominação CeO2 + 10%mol Y2O3 CY
La0.7Sr0.3MnO3 LSM Bi2O3 + 25%mol Y2O3 Bi-25Y Bi2O3 + 20%mol Er2O3 Bi-20Er Bi2O3 + 25%mol Er2O3 Bi-25Er
Compósito 30% LSM- 70%CY (%vol) C30/70
A preparação de cada composição seguiu procedimentos específicos, que
serão descritos separadamente a seguir:
CeO2 – 10 %mol Y2O3 (CY)
A composição CY foi preparada por mistura de óxidos, utilizando como matéria
prima CeO2 da Aldrich e Y2O3 da Alfa Aesar, ambos 99,99% de pureza. A mistura foi
feita em moinho de bolas (jarro de polietileno) tendo álcool isopropílico como meio
liquido e esferas de zircônia YTZ da Tosoh como elementos de moagem.
Polivinilbutiral (PVB) foi utilizado como defloculante (2% em peso). Após 6 horas de
mistura a suspensão foi seca utilizando-se fluxo de ar, e granuladas em malha de
nylon 80 mesh.
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Óxido de Bismuto dopado com Ítrio ou Érbio
Devido a disponibilidade dos dopantes em forma distinta, ítrio na forma de
óxido e érbio na forma de cloreto, a preparação das composições seguiu rotas
diferentes. A composição Bi-25Y seguiu rota semelhante a da composição CY, isto
é, mistura de óxidos tradicional. Foram utilizados como matéria prima Bi2O3 da
Aldrich e Y2O3 da Alfa Aesar, ambos 99,99% de pureza. As composições Bi-20Er e
Bi-25Er foram obtidas fazendo inicialmente a dissolução do cloreto de Érbio,
ErCl3.6H2O da Cerac (99,9% de pureza), em álcool isopropílico em moinho de bolas
e bolas de zircônia. Em seguida, foi adicionado o Bi2O3 e feita a moagem. A
suspensão foi seca e desaglomerada. O pó obtido foi calcinado a 800ºC para
promover a decomposição do cloreto. Posteriormente, o pó foi moído em jarro de
polietileno e bolas de zircônia com 2%peso de PVB e granulado em malha 80 mesh. A
escolha dos dopantes e de seus teores é baseada em resultados da literatura que
mostram que nestas condições foi possível estabilizar a fase δ do Bi2O3 na
temperatura ambiente (5).
La0,7Sr0,3MnO3 (LSM)
O pó de LSM foi obtido através de uma modificação do processo citrato amorfo.
As matérias-primas utilizadas foram: Mn(NO3).4H2O e Sr(NO3)
(Riedel – de Haen) e La(NO3).6H2O (Mallinckrodt). Os sais de lantânio, manganês e
estrôncio foram dissolvidos em um béquer com água destilada, utilizando-se um
agitador magnético. A esta solução foi adicionado ácido cítrico com a função de
quelar os íons metálicos. Após um tempo aproximado de 2 minutos, foi adicionado
hidroxietilcelulose (HEC) vagarosamente, formando o gel. O gel foi mantido em
repouso por 24 horas para completar a dissolução do HEC. Este gel foi seco a
250ºC, em quantidades de 5 ml de gel em um béquer de 250 ml, fornecendo
aproximadamente 250 ml de precursor amorfo. O precursor amorfo foi
desaglomerado por agitação e calcinado a 800ºC por 2 horas. A calcinação teve
como objetivo a cristalização da fase e a eliminação do carbono residual. Após a
calcinação, o pó foi misturado com PVB em álcool isopropílico, seco e granulado,
seguindo os mesmos procedimentos utilizados nas composições preparadas através
do processo de mistura de óxidos.
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Compósito 30%LSM – 70%CY (% em volume)
A composição foi preparada misturando LSM com a quantidade adequada de
CY e calcinada a 850ºC seguindo o procedimento usual de mistura de óxidos.
Após a preparação destes pós, estes foram conformados na forma de pastilhas
com 9,5 mm de diâmetro e 3,2 mm de espessura e também de barrinhas nas
dimensões 32,2 x 5,5 x 3,2 (mm). Inicialmente os corpos de prova foram prensados
unixialmente em 55 MPa seguida de prensagem isostática em ~ 200 MPa. Para a
etapa de sinterização de cada material, foram obedecidos os mesmos
procedimentos de queima sendo variada apenas a temperatura de sinterização. A
rampa de aquecimento teve taxa inicial de aquecimento de 300ºC/h, com um
primeiro patamar a 400ºC por 0,5 h, para a eliminação do PVB. Após este primeiro
patamar a taxa de aquecimento utilizada foi de 800ºC/h até a temperatura de
sinterização de cada material. A tabela II mostra as temperaturas de sinterização
para cada composição. O tempo de patamar foi de 2 horas.
Tabela II - Temperatura de sinterização de cada composição.
Composição Temperatura de sinterização (ºC)
CY 1600 Bi-25Y 900 / 1000 / 1100 Bi-20Er 1000 Bi-25Er 1000 C30/70 1300
As principais técnicas de caracterização destes materiais foram: difração de
raios-X, microscopia eletrônica de varredura e medidas elétricas em corrente
contínua pela técnica de quatro pontos e por espectroscopia de impedância. O
ensaio de difração foi realizado num Difratômetro de raios-X D5000 da Siemens com
2θ variando de 20 a 70º. As imagens de MEV obtidas foram de um microscópio
eletrônico de varredura Phillips XL30 TMP. Para análise de espectroscopia de
impedância aplicou-se eletrodo de prata (Degussa ES29) nas faces das pastilhas
sinterizadas sendo posteriormente queimado a 700 ºC com patamar de 0,5 hora. O
ensaio foi realizado em um analisador de impedância HP 4192A LF, no intervalo de
frequência de 5 Hz a 13 MHz, com a temperatura variando entre 250 e 500 ºC, com
medidas em intervalos de 25 ºC em atmosfera ambiente. Para as medidas elétricas
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pela técnica de quatro pontos foram usados eletrodos de platina (Engelhard) que
foram depositados e queimados a 850ºC por 0,5h e eletrodos de óxido de bismuto
dopado. O ensaio foi feito num multímetro digital HP 3468 A em atmosfera ambiente
e no intervalo de 250 a 800ºC, com medidas em intervalos de 25ºC. O próximo item
descreve como foi a preparação dos eletrodos de Bi2O3 dopado.
Preparação dos eletrodos bloqueantes de óxido de bismuto dopado
Para verificar se existe contribuição eletrônica para a condutividade total da
composição CY foram utilizados eletrodos bloqueantes ao movimento eletrônico
constituído de pequenas lâminas feitas a partir de barrinhas sinterizadas de Bi2O3
dopado. As barrinhas foram cortadas em lâminas medindo aproximadamente 5,5 x
4,0 mm e posteriormente lixadas em lixas de carbeto de silício grana 400 até
apresentarem a espessura de 500 mícrons onde posteriormente sofreram a
aplicação de eletrodo de platina em uma de suas faces (Engelhard). Esta peça final
é chamada de eletrodo bloqueante. Um detalhe muito importante é que entre o
eletrodo bloqueante e a amostra foi depositado um ponto de pasta a base de prata
sem a qual a medida não poderia ser feita devido a problemas de polarização (7). A
figura 1 apresenta esquematicamente a montagem das amostras para as medidas
de 4 pontos utilizando o eletrodo bloqueante.
Figura 1: Esquema de montagem da amostra para medidas elétricas por quatro pontos a corrente contínua.
Tratamentos Térmicos
Corpos de prova sinterizados de LSM e do compósito C30/70 sofreram
tratamentos térmicos com o objetivo de avaliar possíveis modificações na
microestrutura tais como reações no estado sólido em alta temperatura que
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pudessem alterar o comportamento elétrico do material. A tabela III mostra a
nomenclatura de cada tratamento térmico realizado e a sua duração.
Tabela III Nomenclatura dos tratamentos térmicos realizados.
Nomenclatura Duração (horas) Temperatura (ºC)
t0 (T. sinter.)
2
1300
t1 5 t2 + 200 t3 + 250 t4 + 250
1000
t5 + 50 1200 Antes de serem submetidos ao tratamento térmico, os corpos de prova foram
caracterizados por difração de raios-X e por medida de condutividade elétrica pela
técnica de quatro pontos a corrente contínua.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Óxido de bismuto dopado e Céria-Ítria
O óxido de bismuto dopado para utilização como eletrodo bloqueante ao
movimento eletrônico deve apresentar uma elevada condutividade puramente iônica.
A estrutura cristalina de alta condutividade que atende a este requisito é a do δ-Bi2O3
cuja estrutura cristalina é a da fluorita. Dentre as composições preparadas de óxido
de bismuto dopado, apenas a composição Bi-25Y apresentou esta estrutura. Foi
observado também que entre as temperaturas de sinterização de 900, 1000 e
1100ºC para o Bi-25Y, a temperatura de 1000ºC foi a que apresentou a maior
condutividade elétrica. A figura 2 e a figura 3 mostram, respectivamente, os
difratogramas das três composições preparadas sinterizadas a 1000ºC por 2 horas e
os gráficos de Arrhenius de Bi-25Y obtidos por espectroscopia de impedância para
as três temperaturas de sinterização.
Determinado então o tipo de material e a temperatura de sinterização a ser
usada para a preparação do eletrodo bloqueante, foram feitas as medidas de
condutividade elétrica da céria-itria, CY. Para avaliar as contribuições iônica e
eletrônica para a condutividade total de CY foi feita medida pela técnica de quatro
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pontos utilizando eletrodo de platina e eletrodo bloqueante de Bi-25Y. A figura 4
mostra os valores de condutividade obtidos para estas duas condições de medidas.
Figura 2 Difratogramas das
composições Bi-25Y, Bi-25Er e Bi-20Er
sinterizadas a 1000ºC/2hs.
Figura 3 Gráfico de Arrhenius das
amostras de Bi-25Y sinterizadas em
diferentes temperaturas.
20 30 40 50 60 70
Bi-25Er
Bi-20Er
Bi-25Y
Inte
nsid
ade
(u.a
.)
a δ-Bi2O
3
2θ (º)
aaaa
a
1,5 1,6 1,7 1,8 1,9
-3,0
-2,5
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
103/T (K-1)lo
g σT
(Scm
-1K)
Bi-25Y 900ºC Bi-25Y 1000ºC Bi-25Y 1100ºC
0,8 0,9 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 1,6 1,7
-2,0
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
103 / T (K-1)
log σT
(Scm
-1K)
CY (Eletrodo de Platina) CY (Eletrodo Bloqueante) Bi-25Y (Eletrodo de Platina)
Figura 4 Gráfico de Arrhenius da composição CY sinterizada a 1600 ºC obtidos com
eletrodo de platina e eletrodo bloqueante comparados com o gráfico de Arrhenius de
Bi-25Y obtido com eletrodo de platina.
É possível notar na figura 4 que os valores apresentados pela composição CY
utilizando eletrodo de platina e eletrodo bloqueante de Bi-25Y estão sobrepostos.
Desta maneira podemos concluir que a composição CY não apresenta componente
eletrônica para a sua condutividade elétrica. É portanto, para a faixa de medição
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realizada, um condutor puramente iônico. Outro aspecto interessante que pode ser
observado é o maior valor de condutividade elétrica apresentado pelo Bi-25Y em
comparação a CY, mostrando que este material pode ser utilizado como eletrodo na
caracterização de CY.
LSM e Compósito C30/70
Após os tratamentos térmicos não foi observada por DRX nenhuma fase
cristalina além do LSM e da céria-ítria (CY) para todos os compósitos bem como
para o LSM sinterizados a 1300ºC. Através das medidas elétricas por quatro pontos
foi possível verificar que não ocorreu redução do valor de condutividade elétrica
tanto do LSM como do compósito C30/70 que pudesse estar associada com a
formação de fases resistivas a partir das duas fases presentes, LSM e CY. A figura 5
e a figura 6 apresentam, respectivamente, os difratogramas e os gráficos de
Arrhenius obtidos para o compósito C30/70 para diferentes tempos de tratamento
térmico.
0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,03,0
3,2
3,4
3,6
3,8
4,0
log σT
(Scm
-1K
)
103 / T (K-1)
t1 t3 t5
20 30 40 50 60 70
t5
t4
ba
bb
b
a
a LSMb CY
Inte
nsid
ade
(u.a
.)
2 θ (º)
t0
aa bb
Figura 5 Difratogramas do compósito
C30/70 sinterizado a 1300ºC e após
tratamento térmico, t4 e t5.
Figura 6 Gráfico de Arrhenius do
compósito C30/70 sinterizado a
1300ºC e tratado termicamente
Um aspecto interessante a ser observado na figura 6 é o aumento do valor da
condutividade elétrica com o aumento do tempo de tratamento térmico. Isto também
foi observado para o LSM. Este aumento pode estar associado a uma maior
densificação da amostra, como pode ser verificado nas micrografias do compósito
C30/70 apenas sinterizada, t0, e tratada termicamente, t5, figura 7.
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0 5
Figura 7 Microg
C30/7
O LSM é um
é eletrônico. No e
de condutividade i
oxigênio na estr
bloqueantes de Bi-
para a condutivida
e as energias de a
eletrodo de platina
Figura 8 Gráfico d
Vale ressalta
a devida aos porta
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t
rafias da superfície polida e atacada termi
0 sinterizado a 1300ºC e após tratamento
material cujo mecanismo de condutividad
ntanto sabe-se que este material apresen
ônica devido a dopagem com estrôncio,
utura cristalina do material. Através
25Y foi possível avaliar no compósito C30
de total do material. A figura 8 apresenta
tivação respectivas apresentados pelo co
e eletrodo bloqueante de Bi-25Y.
0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
5
Ea= 1,123e
Ea= 0,124
103/T (K-1)
log σT
(Scm
-1K)
C30/70 Eletrodo de platina C30/70 Eletrodo bloqueante
e Arrhenius para C30/70 sinterizado a 13de platina e eletrodos bloqueante de Bi-
r que, com o eletrodo de platina o valor de
dores eletrônico e iônico enquanto que co
t
camente do compósito
térmico, t5.
e elétrica predominante
ta também uma parcela
o que cria vacâncias de
do uso dos eletrodos
/70 a contribuição iônica
valores de condutividade
mpósito C30/70 usando
2,0
V
eV
00ºC utilizando eletrodo 25Y.
condutividade elétrica é
m o eletrodo bloqueante
os portadores eletrônicos são barrados sendo portanto obtida a condutividade
apenas devido aos íons. As energias de ativação apresentadas na figura 8 para
cada curva ilustram muito bem a diferença entre estes dois mecanismos.
CONCLUSÕES
Através do uso de eletrodos bloqueantes de óxido de bismuto dopado com ítria
foi possível verificar que a ceria-ítria, CY , apresenta apenas condutividade iônica
até aproximadamente 1000ºC ao ar. Outro ponto importante é que a condutividade
elétrica de amostras de LSM e de compósitos LSM-CY submetidas à tratamentos
térmicos prolongados (~800 horas) em T≥ 1000°C apresentaram comportamento
semelhante ao LSM, com aumento da condutividade em toda a faixa de temperatura
analisada. Este comportamento indica que o tratamento térmico não está
promovendo o aparecimento de fases resistivas como acontece em LSM / ZrO2 .
Este resultado está em acordo com as observações em microscópio eletrônico de
varredura e nos ensaios de difração de raios-X. O aumento observado na
condutividade elétrica pode ser atribuído à densificação das amostras durante o
tratamento térmico como observado por microscopia eletrônica. Em um próximo
trabalho serão preparados corpos de prova de céria-ítria contendo pequenos teores
de LSM com o objetivo de verificar o efeito deste material na condutividade elétrica
da céria-ítria. Desta maneira será possível avaliar se a presença do LSM cria
defeitos capazes de desenvolver condutividade eletrônica da céria-ítria, o que
poderia ser um fator responsável pelo aumento de condutividade observado nos
compósitos LSM-CY ao longo dos tratamentos térmicos.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos ao CNPq pelo apoio financeiro.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1. R. E. Williford, P. Singh, J. Power Sources 128, 1 (2004) 45.
2. A. Weber, E. Ivers-Tiffée, J. Power Sources 127, 1-2 (2004) 273.
3. G. Stochniol, J. Am. Ceram. Soc. 78, 4 (1995) 929.
4. M. Mogensen et al., Solid State Ionics 129, (2000) 63.
5. N. Jiang et al. Solid State Ionics 150, (2002) 347.
6. I. Riess et al. Solid State Ionics 86-88, (1996) 691.
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7. B. Ma, U. Balachandran, Journal of Electroceramics 2, 2 (1998) 135.
THERMAL STABILITY AND ELECTRICAL CONDUCTIVITY OF LSM / CERIA-YTTRIA COMPOSITES
ABSTRACT
Perovskite type oxides have been extensively investigated as cathode for solid
oxide fuel cells (SOFC). Strontium doped Lanthanum Manganite,
La1-xSrxMnO3 (LSM). is a good example of this type of material. Several works have
been done in order to improve the performance of LSM cathodes for zirconia
stabilized electrolytes, the most used electrolyte in SOFCs applications. However,
possible reactions between LSM and yttria doped ceria electrolytes do not have been
reported in the literature. In this work the electrical behavior of LSM – yttria doped
ceria interface was studied in samples after annealing. Samples were characterized
by XRD, SEM and dc and ac electric measurements. For dc electric measurements,
the electric behavior of yttria doped ceria was also analyzed using electron-blocking
electrodes.
Key-words: thermal stability, strontium doped lanthanum manganite, composite,
electrical conductivity.
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