estudo da dinÂmica de secagem em um secador … · estudo da dinâmica de secagem em um secador...

123
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Tecnologia Departamento de Engenharia Química Programa de Pós-graduação em Engenharia Química TESE DE DOUTORADO ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR ROTATÓRIO COM ALIMENTAÇÃO INTERMITENTE Briggida Dantas de Moura Orientador: Prof. Dr. Jackson Araujo de Oliveira Coorientador: Prof. Dr. Edson Leandro de Oliveira Natal/RN Abril/2016

Upload: dolien

Post on 08-Dec-2018

221 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Centro de Tecnologia

Departamento de Engenharia Química

Programa de Pós-graduação em Engenharia Química

TESE DE DOUTORADO

ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM

SECADOR ROTATÓRIO COM ALIMENTAÇÃO

INTERMITENTE

Briggida Dantas de Moura

Orientador: Prof. Dr. Jackson Araujo de Oliveira

Coorientador: Prof. Dr. Edson Leandro de Oliveira

Natal/RN

Abril/2016

Page 2: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Briggida Dantas de Moura

ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR

ROTATÓRIO COM ALIMENTAÇÃO INTERMITENTE

Tese apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Engenharia Química – PPGEQ

da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte – UFRN, como requisito para a obtenção

de título de doutora, sob a orientação do Prof.

Dr. Jackson Araújo de Oliveira e coorientação

do Prof. Dr. Edson Leandro de Oliveira.

Natal/RN

Abril/2016

Page 3: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Catalogação da Publicação na Fonte.

UFRN / CT / DEQ

Biblioteca Setorial “Professor Horácio Nícolás Sólimo”.

Moura, Briggida Dantas de.

Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com

alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal, 2016.

121 f.: il.

Orientador: Jackson Araújo de Oliveira.

Coorientador: Edson Leandro de Oliveira.

Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Engenharia Química.

Programa de Pós-graduação em Engenharia Química.

1. Secagem industrial - Tese. 2. Resíduo industrial - Tese. 3.

Maracujá - Tese. 4. Modelagem matemática - Tese. I. Oliveira,

Jackson Araújo de. II. Oliveira, Edson Leandro de. III. Universidade

Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título.

RN/UF/BSEQ CDU 66.047(043.2)

Page 4: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

MOURA, Briggida Dantas de. Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório

com alimentação intermitente. Tese de doutorado, UFRN, Programa de Pós-graduação em

Engenharia Química. Área de concentração: Engenharia Química. Linha de pesquisa:

Processos Químicos, Natal/RN, Brasil.

Orientador: Jackson Araújo de Oliveira

Coorientador: Edson Leandro de Oliveira

RESUMO: A crescente atividade industrial de beneficiamento de polpas de frutas é

responsável pela geração de uma quantidade significativa de subproduto na forma de resíduos,

constituídos basicamente de semente, casca e bagaço da fruta. Tais resíduos ainda são pouco

aproveitados e o seu descarte direto pode resultar em prejuízos ambientais consideráveis.

Portanto, é de grande interesse científico e tecnológico o desenvolvimento de estratégias para

agregar valor econômico a estes resíduos. A secagem, por ser um dos processos mais

utilizados na preservação de produtos alimentícios, representa uma alternativa interessante de

aproveitamento dos resíduos, podendo gerar um material com potencial aplicação na forma de

ingrediente para ração animal. Neste trabalho, foi realizado um estudo de secagem do resíduo

de maracujá através de um secador rotatório com recheio de inertes e fluxo concorrente,

operando com alimentação intermitente do material. Diferentes condições de intermitência e

de temperatura do ar de secagem foram estudadas experimentalmente com o objetivo de

avaliar o comportamento de resposta na saída do secador das seguintes variáveis: umidade do

sólido; umidade do ar; temperatura do ar; e massa produzida cumulativamente ao longo da

secagem. Também, um modelo matemático do processo foi desenvolvido e implementado

com o objetivo de descrever o comportamento de resposta dinâmica nas condições estudadas.

Tal modelo matemático foi escrito com base nos balanços microscópicos de massa e energia

das fases sólido e gás (ar de secagem), resultando num sistema de equações diferenciais

parciais (EDP), onde as variáveis do processo (umidade e temperatura do sólido e do gás) são

dependentes do tempo e do espaço (direção da coordenada axial do secador). As propriedades

físico-químicas e composicional do resíduo de maracujá foram avaliadas e permitiram inferir

importantes parâmetros necessários ao modelo matemático. As secagens em camada delgada

demonstraram que a cinética de secagem apresenta uma característica de taxa constante, com

constante de secagem dependente linearmente da temperatura. Um comportamento similar foi

verificado no ajuste do modelo matemático do secador rotatório com os dados experimentais,

onde se observou que a constante de secagem no termo de transferência de massa também

Page 5: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

apresentou forte correlação com a temperatura de operação. De um modo geral, os valores

calculados pelo modelo matemático acompanharam adequadamente a evolução de resposta de

todas as variáveis do processo, para todas as condições estudadas. Analisando-se a influència

das condições operacionais em relação aos parâmetros do modelo, observou-se que a

dispersão axial e a velocidade do sólido foram influenciadas moderadamente pela

intermitência de alimentação, enquanto a constante de secagem e o coeficiente convectivo de

transferência de calor foram fortemente influenciados pela temperatura. A partir do ajuste do

modelo matemático do secador com as condições experimentais estudadas, simulações

exploratórias foram feitas usando o modelo matemático em diferentes vazões de alimentação

do material, tanto em regime contínuo quanto intermitente. O propósito principal com tais

simulações foi de avaliar qual a característica dimensional de projeto (L/Dc) do secador capaz

de garantir uma melhor produção de material e que atenda uma especificação de umidade do

produto. Tais resultados demonstraram a capacidade do modelo matemático para avaliação

dimensional de projeto básico, podendo ser também aplicado tanto na otimização do processo

quanto na implementação de estratégias avançadas de controle.

Palavras-chave: Secador rotatório, modelagem matemática, análise dinâmica de resposta

intermitente, resíduo de maracujá.

Page 6: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal
Page 7: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

MOURA, Briggida Dantas de. Dynamic Study of Drying in Rotary Dryer Operating with

Feed Intermittent

ABSTRACT

The industrial fruit pulp processing is responsible for the generation of a significant amount of

by-product in waste form, consisting essentially of seed, husk and rest of the fruit. These sub-

products are still underutilized and their direct discard may result in considerable

environmental damage. Therefore, it is of great scientific and technological interest to develop

strategies able to add economic value to these waste. Drying is one of the processes most used

for preservation of food products and represents an alternative for use in fruit waste. Drying

processes can produce materials with potential application, mainly in form of ingredient for

animal food. In this work, a drying study of passion fruit waste was performed using a rotary

dryer containing inert loading and operating in concurrent flow with intermittent feed of

material. Different experimental conditions were studied for intermittent material feed and air

temperature, in order to evaluate the response behavior at the dryer outlet, verifying the

following variables: moisture content of material; air absolute humidity; air temperature; mass

(produced cumulatively during drying). Also, a mathematical model of the process was

developed and implemented in order to describe the dynamic response characteristics in the

studied conditions. This mathematical model was written based on microscopic balance of

mass and energy for solid and gas phases, resulting in partial differential equations (PDE),

where the process variables (temperature and moisture for solid and gas) are dependent on the

time and space. Some physicochemical and compositional properties of passion fruit waste

were evaluated, allowing to infer important parameters for the mathematical model. Drying in

thin layer showed that the drying kinetics presents a characteristic of constant rate dependent

linearly with the drying temperature. A similar behavior was observed in fitting the

mathematical model of rotary dryer with the experimental data. It was noted that the drying

constant for the mass transfer term also presented a strong correlation with the operating

temperature. In general, the values calculated by the mathematical model were adequate in

respect to all response variables and for all conditions studied. Analyzing the influence of

operating conditions with respect to the model parameters, it was observed that the axial

dispersion and the velocity of the solid were influenced moderately by the feed intermittence,

while the constant of drying and the convective coefficient of heat transfer were strongly

influenced by the temperature. From the mathematical model adjusted with the experimental

conditions, exploratory simulations were performed in both continuous and intermittent

Page 8: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

regime and assuming different conditions of flow for the material. The main purpose with

such simulations was to investigate the dimensional design feature (L/Dc) of the dryer, able to

ensure better production and to comply with a product moisture specification. These results

demonstrated that the mathematical model is able to perform a dimensional evaluation in

equipment design as well as it can be applied for process optimization and advanced process

control.

Keywords: rotary dryer, mathematical model, dynamic analysis of intermittent response,

passion fruit waste.

Page 9: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

A Deus

A meus pais

A meus familiares e amigos

Page 10: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

AGRADECIMENTOS

A Deus por tudo o que Ele tem feito em minha vida.

Aos meus pais, João Evangelista Tavares de Moura e Edilma Dantas de Moura, que

me trouxeram ao mundo, me educaram e nunca duvidaram da minha capacidade, fizeram o

que tinham ao seu alcance para eu chegar até aqui e ser o que sou.

As minhas irmãs e amigos, que são pessoas especiais que sempre me deram muito

apoio, amor e carinho.

Agradeço especialmente aos professores Jackson Araújo de Oliveira, orientador do

doutorado, e Edson Leandro de Oliveira, coorientador do doutorado, pela dedicação, atenção

e disponibilidade em ajudar sempre quando solicitado e tornar possível à execução desse

trabalho.

A empresa Delícia da fruta, pela concessão da matéria prima utilizada nesse trabalho.

A Capes e ao PPGEQ, por me dar oportunidade de ingressar na carreira acadêmica e

permitir o aprofundamento do meu conhecimento.

Por fim, agradeço a todos que de certa forma contribuíram para que o trabalho fosse

concretizado.

Page 11: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

"Combati o bom combate, completei a carreira,

guardei a fé."

(2 Timóteo 4:7)

Page 12: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

SUMÁRIO

1. Introdução 19

2. Revisão bibliográfica 23

2.1 – Maracujá e sua produção brasileira 23

2.2 – Aproveitamento dos resíduos de maracujá 26

2.3 – Secagem 30

2.4 – Secagem em secador rotatório 32

2.5 – Modelagem matemática – secador rotatório 37

2.5.1 – Modelagem em estado estacionário 37

2.5.2 – Modelos dinâmicos 39

2.5.2.1 – Modelos a parâmetros concentrados 40

2.5.2.2 – Modelos a parâmetros distribuídos 43

3. Metodologia 47

3.1 – Matéria prima 47

3.2 – Caracterização do resíduo de maracujá 48

3.2.1 – Análises físico-químicas 48

3.2.2 – Propriedades bromatológicas 49

3.3 – Ensaios de secagem em camada delgada 50

3.4 – A unidade experimental de secagem 52

3.5 – Condições experimentais 55

3.6 – Modelo matemático do processo 58

3.6.1 – Avaliação do coeficiente global de perda de calor (U) 62

3.6.2 – Método numérico para a resolução do modelo 63

3.7 – Simulações exploratórias usando o modelo matemático ajustado 65

4. Resultados e discussão 68

4.1 – Análise físico-química e bromatológica do resíduo de maracujá 68

4.2 – Resultados do ensaio de secagem em camada delgada 70

4.3 – Resultados da análise termográfica e inferência da perda de calor para o

ambiente

72

4.4 – Resultados do modelo matemático versus dados experimentais 75

4.5 – Avaliação das estimativas dos parâmetros do modelo matemático 86

4.6 – Resultado das simulações exploratórias com o modelo matemático 91

Page 13: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

ajustado

5. Conclusão 96

5.1 – Sugestões para trabalhos futuros 97

Referência bibliográfica 99

Apêndice A – Parâmetros obtidos a partir da regressão com dados de

umidade

113

Apêndice B – Alimentação controlada do gás de secagem nas temperaturas

de 75ºC, 95ºC e 115ºC

115

Apêndice C – Regressão para as curvas de fração acumulada 119

Page 14: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

LISTA DE FIGURAS

2.1 - Maracujá amarelo e roxo. 23

2.2 - Flor da paixão. 24

2.3 - Produção brasileira de maracujá por região no ano de 2014. 24

2.4 - Estados do Brasil produtores de maracujá. 25

2.5 - Evolução com o tempo (t) da taxa de secagem (dU/dt), da temperatura (T) e

do teor de umidade do material (U) durante o processo de secagem.

31

2.6 - Geometria de suspensores. 33

2.7 - Secador rotatório semi contínuo para a secagem de vegetais proposto por

Pelegrina et al. (1998).

34

2.8 - Esquema da unidade do secador rotativo com leito de inerte e seus

acessórios.

35

3.1 - Resíduo do maracujá: a) in natura e b) após secagem. 48

3.2 - Configuração da célula para leito fixo: a) sem material e b) com material. 51

3.3 - Desenho esquemático do sistema experimental - secador rotatório. 53

3.4 - Secador rotatório. 54

3.5 - Gráfico esquemático dos ciclos (ligada:desligada) de alimentação: a) 5:5

min; b) 5:10 min; c) 5:15 min.

57

3.6 - Mapeamento geral das variáveis do sistema de EDOs. 64

4.1 - Secagem em camada delgada do resíduo de maracujá nas temperaturas de:

a) 75ºC; b) 95ºC e c) 115ºC.

70

4.2 - Análise de tendência do parâmetro k do modelo de Lewis com a

temperatura.

72

4.3 - Imagem da câmera termográfica coletadas nos tempos: a) 0 min; b) 10 min;

c) 30 min e d) 60 min.

73

4.4 - Evolução da temperatura da superfície do secador com o tempo medida pela

câmera termográfica nas 04 posições estabelecidas.

74

4.5 - Gráfico de barras da temperatura da superfície do secador com o tempo

medida pela câmera termográfica nas 04 posições estabelecidas.

75

4.6 - Variação da umidade do sólido na saída do secador - alimentação 5 min

ligada e 5 min desligada. Secagem a: a) 75ºC; b) 95ºC e c) 115ºC.

77

4.7 - Variação da umidade do sólido na saída do secador - alimentação 5 min 77

Page 15: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

ligada e 10 min desligada. Secagem a: a) 75ºC; b) 95ºC; c) 95ºC e d) 115ºC.

4.8 - Variação da umidade do sólido na saída do secador - alimentação 5 min

ligada e 15 min desligada. Secagem a: a) 75ºC; b) 95ºC e c) 115ºC.

78

4.9 - Umidade do ar de secagem na saída do secador - alimentação 5 min ligada e

5 min desligada. Secagem a: a) 75ºC; b) 95ºC e c) 115ºC.

80

4.10 - Umidade do ar de secagem na saída do secador - alimentação 5 min ligada

e 10 min desligada. Secagem a: a) 75ºC; b) 95ºC; c) 95ºC e d) 115ºC.

80

4.11 - Umidade do ar de secagem na saída do secador - alimentação 5 min ligada

e 15 min desligada. Secagem a: a) 75ºC; b) 95ºC e c) 115ºC.

81

4.12 - Temperatura do gás de secagem na saída do secador - alimentação 5 min

ligada e 5 min desligada. Secagem a: a) 75ºC; b) 95ºC e c) 115ºC.

82

4.13 - Temperatura do gás de secagem na saída do secador - alimentação 5 min

ligada e 10 min desligada. Secagem a: a) 75ºC; b) 95ºC; c) 95ºC e d) 115ºC.

83

4.14 - Temperatura do gás de secagem na saída do secador - alimentação 5 min

ligada e 15 min desligada. Secagem a: a) 75ºC; b) 95ºC e c) 115ºC.

83

4.15 - Produção mássica (g/min) - Alimentação: 5 min ligada e 5 min desligada.

Secagem a: a) 75ºC; b) 95ºC e c) 115ºC.

85

4.16 - Produção mássica (g/min) - Alimentação: 5 min ligada e 10 min desligada.

Secagem a: a) 75ºC; b) 95ºC; c) 95ºC e d) 115ºC.

85

4.17 - Produção mássica (g/min) - Alimentação: 5 min ligada e 15 min desligada.

Secagem a: a) 75ºC; b) 95ºC e c) 115ºC.

86

A.1 - Obtenção da densidade real do sólido. 113

A.2 - Obtenção da porosidade do sólido. 113

B.1 - Temperatura controlada na entrada a 75ºC - a) alimentação intermitente

com 5 min ligada e 5min desligada; b) alimentação intermitente com 5 min

ligada e 10min desligada e c) alimentação intermitente com 5 min ligada e 15min

desligada.

115

B.2 - Temperatura controlada na entrada a 95ºC - a) alimentação intermitente

com 5 min ligada e 5min desligada; b) alimentação intermitente com 5 min

ligada e 10 min desligada; c) alimentação intermitente com 5 min ligada e 10min

desligada e d) alimentação intermitente com 5 min ligada e 15min desligada.

116

B.3 - Temperatura controlada na entrada a 115ºC - a) alimentação intermitente

com 5 min ligada e 5min desligada; alimentação intermitente com 5 min ligada e

117

Page 16: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

10 min desligada e c) alimentação intermitente com 5 min ligada e 15 min

desligada.

C.1 - Alimentação intermitente com 5 min ligada e 5min desligada, nas

temperaturas: a) 75ºC; b) 95ºC e c) 115ºC.

119

C.2 - Alimentação intermitente com 10 min ligada e 5min desligada, nas

temperaturas: a) 75ºC; b) 95ºC; c) 95ºC e d) 115ºC.

120

C.3 - Alimentação intermitente com 5 min ligada e 15min desligada, nas

temperaturas: a) 75ºC; b) 95ºC e c) 115ºC.

121

Page 17: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

LISTA DE TABELAS

2.1 – Composição química da polpa do maracujá. 25

2.2 – Composição centesimal da casca do maracujá-amarelo. 27

2.3 – Composição bromatológica dos subprodutos de abacaxi, acerola, goiaba,

maracujá e melão.

29

3.1 – Modelos empíricos para cinética de secagem. 52

3.2 – Conjunto de experimentos – condições operacionais. 56

4.1 – Caracterização físico-química do resíduo de maracujá “in natura” e seco a

105ºC.

68

4.2 – Caracterização bromatológica do resíduo de maracujá “in natura”. 69

4.3 – Parâmetros dos modelos de cinética de secagem à temperatura 75ºC. 71

4.4 – Parâmetros dos modelos de cinética de secagem à temperatura 95ºC. 71

4.5 – Parâmetros dos modelos de cinética de secagem à temperatura 115ºC. 72

4.6 – Dados experimentais para o cálculo do U pela abordagem LMTD. 75

4.7 – Resultado da estimação dos parâmetros para o modelo matemático do

secador rotatório.

89

4.8 – Matriz de correlação entre os parâmetros do modelo matemático e os

fatores avaliados experimentalmente.

90

4.9 – Matriz de correlação entre os parâmetros estimados do modelo matemático. 91

4.10 – Respostas de L/Dc para as simulações com o modelo matemático

ajustado, em diferentes condições de temperatura (75, 95 e 115ºC) e vazão de

sólido (80, 800 e 8000 g/min) na alimentação do secador, tanto em modo

contínuo como em modo intermitente.

94

Page 18: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

SIGLA SIGNIFICADO UNIDADE

Ac Area do Cilíndro m2

b Parâmetro s

CpG Capacidade calorífica do ar J/kg∙K

Cpi Capacidade calorífica do inerte J/kg∙K

CpL Capacidade calorífica da água líquida J/kg∙K

Cps Capacidade calorífica do sólido J/kg∙K

Cps0 Capacidade calorífica do sólido umido J/kg∙K

Cpsf Capacidade calorífica do sólido seco J/kg∙K

Cpv Capacidade calorífica do vapor da água J/kg∙K

D Dispersão do sólido m2/s

Dc Diâmetro m

H(t) Função Heaviside

h∙Av Grupo da troca convectiva de calor J/s∙K∙m3

K Condutividade J/s∙K∙m

KS∙Av Grupo da constante de secagem 1/s

L Comprimento m

mS Massa do sólido kg

mSf Massa do sólido final kg

mSi Massa do sólido inicial kg

ṁT Massa acumulada no tempo kg/s

q Parâmetro s

qs Vazão mássica kg/s

Q Energia adicionada pelo ar de aquecimento J/s

t Tempo s

Tamb Temperatura ambiente K

TCE Temperatura da parede do cilindro na entrada

do secador

K

TCS Temperatura da parede do cilindro na saída do

secador

K

TG Temperatura do ar K

TG0 Temperatura do ar na entrada do secador K

TGEE Temperatura do ar no estado estacionário K

TGS Temperatura do ar na saída do secador K

TS Temperatura do sólido K

TSEE Temperatura do sólido no estado estacionário K

T* Temperatura de referência K

U Coeficiente global de perda de calor J/s∙m2∙K

Ubs Umidade em base seca kg de água/kg de sólido

Page 19: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

seco

Ubu Umidade em base úmida kg de água/kg de sólido

umido

UG Umidade do ar de secagem kg de vapor de água/kg

de gás seco

UG0 Umidade do ar de secagem na entrada do

secador

kg de vapor de água/kg

de gás seco

US Umidade do sólido kg de água/kg de sólido

seco

US0 Umidade do sólido na entrada do secador kg de água/kg de sólido

seco

USf Umidade do sólido seco kg de água/kg de sólido

seco

vG Velocidade do ar m/s

Vhex Volume de hexano mL

vS Velocidade do sólido m/s

vt Volume total mL

x Espaço na direção da coordenada axial m

α Difusividade m/s

ɛ Porosidade do inerte

ɛS Porosidade do sólido

λ Calor latente de vaporização J/kg

G Massa específica do ar kg/m3

i Massa específica do inerte kg/m3

S Massa específica do sólido kg/m3

Sap Massa específica aparente kg/m3

Sreal Massa especifica real kg/m3

Page 20: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

Page 21: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 1- Introdução 19

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

Este capítulo apresenta inicialmente uma introdução sobre a produção de frutas no

Brasil, com ênfase na produção do maracujá. Em seguida, explora sobre a importância do

processo da secagem de resíduos de frutas. Nesta conjuntura, os objetivos deste trabalho são

apresentados, destacando-se a aplicação de um “Secador Rotário” e sua modelagem para o

estudo dinâmico do processo de secagem do resíduo de maracujá.

1. Introdução

A fruticultura se destaca como um dos importantes potenciais agrícolas do Brasil,

sendo reconhecida como uma das mais diversificadas e completas atividades agroindustriais.

O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas, atrás apenas da China e da Índia, com

uma produção superior a 40 milhões de toneladas por ano. A base agrícola da cadeia

produtiva das frutas abrange 3 milhões de hectares e gera 6 milhões de empregos diretos

(Seab, 2012). Do total da produção anual, estima-se que 14% sejam de frutas tropicais pouco

exploradas economicamente, tais como: umbu, cajá, seriguela, cajá-manga, graviola, sapoti,

mangaba, entre outras (Fao, 2005).

No caso particular da fruta maracujá, o Brasil é responsável por mais de 80% da sua

produção mundial, sendo ainda o maior consumidor deste fruto (Embrapa, 2013). O gênero

Passiflora possui mais de 400 espécies, sendo aproximadamente 120 nativas do Brasil

(Bernacci, 2003). No entanto, o cultivo em todas regiões brasileira baseia-se praticamente

numa única espécie que é a do maracujá-amarelo ou azedo (Passiflora edulis). Cerca de 95%

dos pomares cultivam esta espécie devido à qualidade dos frutos, eficácia, produtividade e

rendimento em suco (Meletti & Brückner, 2001).

Apesar do clima tropical no Brasil favorecer a produção de uma grande variedade de

frutas, a elevada umidade e temperatura proporcionam condições desfavoráveis à conservação

de alimentos, principalmente de frutas. No que se refere à distribuição de consumo das frutas

produzidas no Brasil, uma pequena parcela é destinada ao mercado externo e a maior parte é

consumida no mercado interno na forma in natura ou na forma de polpas e sucos. Devido à

grandeza do território brasileiro e em razão do transporte ser geralmente realizado por via

rodoviária, o abastecimento de frutas nos principais centros consumidores gera um

significativo volume de perdas e desperdícios. Além disso, as indústrias de polpas e sucos

operam com um aproveitamento da fruta de cerca de 50% em massa, sendo o restante

descartado como resíduo industrial (Vieira, 2014). Avaliando-se especificamente a utilização

Page 22: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 1- Introdução 20

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

do maracujá para a extração de suco, tem-se um aproveitamento inferior a 30% em massa,

sendo mais de 70% do fruto representado por cascas e sementes (Ferrari et al., 2004). Muitas

propriedades funcionais da casca do maracujá têm sido estudadas nos últimos anos,

principalmente aquelas relacionadas com o tipo de fibras presentes. A casca de maracujá, que

representa 52% da composição mássica da fruta, apresenta características e propriedades

funcionais importantes e podem ser utilizadas para o desenvolvimento de novos produtos

(Medina, 1980).

Em geral, os resíduos das frutas são ricos em nutrientes e podem ser processados com

o objetivo de gerar produtos com valor econômico. Por outro lado, os resíduos quando

descartados de forma inadequada representam uma fonte de poluição ambiental. Desta forma,

é de interesse prático e econômico o desenvolvimento de métodos para o aproveitamento

destes resíduos, transformando-os em novos produtos, proporcionando benefícios financeiros

e minimizando impactos ambientais (Ruggiero, 1996).

Um processo alternativo que pode ser utilizado para tal finalidade é a secagem, sendo

esta amplamente utilizada para preservar produtos alimentícios, pois possibilita a ação

combinada do aumento da temperatura e a redução da atividade de água (aw), de modo a

anular praticamente a atividade microbiana (Akpinar, 2006). Sendo assim, o material pode ser

transportado e estocado por um período seguro, antes do seu consumo.

Diante dos aspectos abordados, o presente trabalho teve como objetivo principal

estudar dinamicamente o processo de secagem do resíduo de maracujá usando um secador

rotatório com recheio de inertes, operando em fluxo concorrente e com alimentação

intermitente do material.

Os objetivos específicos foram:

- Fazer a caracterização físico-química e bromatológica do resíduo de maracujá;

- Obter informações de parâmetros necessários para o modelo matemático;

- Avaliar o comportamento da cinética de secagem em camada delgada;

- Obter dados experimentais de secagem, em modo intermitente de alimentação, com

uso do secador rotatório;

- Desenvolver e implementar um modelo matemático do sistema de secagem;

- Descrever o comportamento de resposta dinâmica através do modelo proposto;

- Fazer uma avaliação do processo a partir do modelo calibrado.

Neste estudo, o modo intermitente de operação do secador permitiu a análise dinâmica

do processo, resultando numa caracterização mais adequada do comportamento do secador.

Desta forma, o modelo matemático ajustado foi balizado em aspectos que o tornam próprio

Page 23: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 1- Introdução 21

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

para avaliar seguramente as condições operacionais e de projeto, bem como para fins de

otimização e implementação de estratégias avançadas de controle.

Embora muitos trabalhos tenham sido publicados com a temática relacionada a

secadores rotatórios, é importante destacar aqui que não há reportado nenhum estudo mais

detalhado avaliando o comportamento dinâmico destes processos, principalmente quando

operando com alimentação de material em regime intermitente. Além disso, no que se refere à

modelagem matemática destes processos, a maioria dos estudos aborda o problema de forma

simplificada, admitindo o sistema como um conjunto de seções conectadas em série, onde em

cada seção as propriedades e variáveis são homogêneas (hipótese de mistura perfeita). Os

poucos trabalhos que tem implementado modelos matemáticos a parâmetros distribuídos para

descrever o secador rotatório também tendem a assumir uma característica mais simplificada

do problema, não levando em conta importantes aspectos do processo.

Page 24: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

CAPÍTULO 2

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Page 25: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 2- Revisão bibliográfica 23

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

2. Revisão bibliográfica

Neste capítulo, são abordados os aspectos gerais sobre a produção de maracujá e o

aproveitamento do seu resíduo, além dos conceitos e definições de secagem com ênfase na

aplicação do secador rotatório. Também, é feita uma exploração dos trabalhos sobre

modelagem matemática aplicada a este processo.

2.1 - Maracujá e sua produção brasileira

Maracujá é uma denominação indígena de origem tupi que significa “alimento em

forma de cuia”. Consiste numa planta trepadeira da família das Passifloráceas, originária da

América Tropical e conhecida em muitos países, tanto pela fruta (Figura 2.1) como pela flor,

também chamada de flor-da-paixão (Figura 2.2). O maracujá é constituído por uma casca

grossa de cor amarela ou roxa, tendo-se no seu interior uma polpa amarela e translúcida

impregnada por sementes pretas que apresenta sabor ácido e aroma marcante. O consumo

geralmente é feito na forma de sucos, podendo ser também utilizado no preparo de pudins,

sorvetes, geleias, doces, licores e outros (Souza & Meletti, 1997).

Figura 2.1 – Maracujá amarelo e roxo (Fonte: www.fruticultura.iciag.ufu.br/repcultivar5.htm).

Page 26: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 2- Revisão bibliográfica 24

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

Figura 2.2 – Flor-da-paixão (Fonte: www.fruticultura.iciag.ufu.br/repcultivar5.htm).

O Brasil é o maior produtor mundial de maracujá amarelo (Passiflora edulis), tendo

em 2014 uma produção de 823.284 toneladas (IBGE, 2014). Também é o maior consumidor

mundial, onde mais de 60% da produção se destina ao consumo in natura e o restante é

destinado às indústrias de processamento de polpa e suco (Menegoto, 2008). A região

Nordeste é líder da produção nacional, responsável por 70,9%, seguida pelas regiões Sudeste,

Norte, Sul e Centro-Oeste (Figura 2.3). A Bahia é o estado que se destaca como o maior

produtor do fruto, Figura 2.4.

Figura 2.3 – Produção brasileira de maracujá por região no ano de 2014 (Fonte: IBGE, 2014).

Nordeste 70,9%

Page 27: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 2- Revisão bibliográfica 25

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

Figura 2.4 – Estados do Brasil produtores de maracujá (Fonte: IBGE, 2014).

Além de maior produtor, o Brasil concentra uma grande diversidade de espécies.

Estima-se que mais de 200 espécies de Passiflora sejam nativas do Brasil (Oliveira et al.,

1988), algumas dessas com características de resistência a doenças e pragas,

autocompatibilidade, melhor qualidade de frutos e de produtividade (Faleiro et al., 2011).

O maracujá apresenta importantes características alimentícias e medicinais. É rico em

vitamina C e nutrientes minerais essenciais para o ser humano (Tabela 2.1). Além disso,

apresenta propriedades terapêuticas e é bastante utilizado como sedativo natural (Pita, 2012).

Tabela 2.1 – Composição química da polpa do maracujá (Fonte: Franco, 2007).

Composição química da polpa do maracujá (por 100 gramas)

Calorias 90,0 Kcal

Glicídios 21,2 g

Proteínas 2,2 g

Lipídios 0,7 g

Cálcio 13 mg

Fósforo 17 mg

Ferro 1,6 mg

Potássio 360 mg

Vitamina A 70 mcg

Vitamina B1 150 mcg

Vitamina B2 100 mcg

Vitamina C 15,6 mg

Bahia 46,3%

Outros 27,7%

Page 28: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 2- Revisão bibliográfica 26

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

2.2 - Aproveitamento dos resíduos de maracujá

A comercialização do maracujá no Brasil se dá principalmente com o fruto fresco,

logo após a colheita, tendo como destino as feiras livres, mercados e indústrias de polpas e

sucos. Como a maioria das frutas, que apresenta significativa perecibilidade, as perdas de

atributos qualitativos (físico-químico, sensorial e nutricional) limitam o período de transporte

e armazenamento. Portanto, a produção industrial de polpa de fruta congelada e de suco

concentrado tem sido uma importante alternativa para o melhor aproveitamento das frutas, já

que aumenta a vida útil das mesmas, facilita o transporte e agrega valor ao produto (Barret et

al., 2005).

A polpa de fruta é o produto obtido da parte comestível dos frutos, após trituração e/ou

despolpamento e preservação por processos físicos de concentração e congelamento. Embora

seja uma atividade importante na medida em que agrega valor econômico à fruta, evitando

desperdícios e minimizando as perdas que podem ocorrer durante a comercialização do

produto in natura, tal processamento gera uma significativa quantidade de resíduos orgânicos

como subproduto. Geralmente, o rendimento na produção de polpa fica na ordem de 38 a 42%

em massa fresca dos frutos, o que pode gerar cerca de 58 a 62% de descarte da matéria-prima

como resíduo (Pinto, 2002).

A minimização ou reaproveitamento de resíduos sólidos gerados nos diferentes

processos industriais tem sido um assunto de grande relevância. Em particular, os resíduos

gerados nas indústrias de polpas e sucos de frutas são essencialmente orgânicos, constituídos

por apreciáveis quantidades de casca, caroço e outros. São materiais geralmente ricos em

proteínas, fibras, açúcares, óleos essenciais e minerais, podendo ser recuperado e aproveitado

no desenvolvimento de novos produtos, aumentando seu valor agregado. Além disso, o

aproveitamento de tais resíduos pode contribuir de forma significativa para a melhoria do

meio ambiente, evitando-se o descarte inadequado (Pelizer et al., 2007).

Segundo Laufenberg et al. (2003), com o uso de tecnologias adequadas é possível

transformar os resíduos vegetais em produtos comerciais ou matérias-primas para processos

secundários, implementando-se por exemplo: (i) transformação de resíduos em ingredientes

para a indústria de sucos e panificação; (ii) fermentação em estado sólido dos resíduos para a

produção de aroma de frutas; e, (iii) aplicação direta dos resíduos como bioadsorvente em

processos de tratamento de resíduos líquidos. Também Zavala et al. (2011) relatam que,

dentre os possíveis usos para os produtos gerados a partir de resíduos industriais de frutas, é

possível destacar a fabricação de compostos que podem ser encontrados na indústria

Page 29: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 2- Revisão bibliográfica 27

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

alimentícia, tais como: antioxidantes (que evitam o escurecimento e oxidação lipídica e são

ingredientes alimentares funcionais), antimicrobianos, aromatizantes, corantes e aditivos

texturizados.

Em particular, o maracujá é uma fruta constituída principalmente por casca e

sementes, que podem totalizar cerca de 76,5% da massa total do fruto, a depender da espécie

(Ferrari et al., 2004). Geralmente, a casca do maracujá é transformada por secagem e moagem

numa farinha rica em proteína, carboidratos e minerais, conforme apresentado na Tabela 2.2

(Pita, 2012).

Tabela 2.2 – Composição centesimal da casca do maracujá-amarelo (Fonte: Pita, 2012).

Constituintes Casca do Maracujá1 Casca do Maracujá

2

Umidade (%) 89,08 78,73

Cinzas (%) 0,92 1,61

Lipídeos (%) 0,70 0,51

Proteínas (%N x 6,25) 1,07 2,28

Fibras (%) - 4,35

Carboidrato 8,23 -

Cálcio (mg Ca/100g) - 10,98

Ferro (mg Fe/100g) - 3,20

Fósforo (mg P2O5/100g) - 36,36

¹Oliveira et al., 2002.

²Martins et al., 1985.

Silva et al. (2009) avaliaram o aproveitamento do resíduo industrial do maracujá

amarelo na formulação de barra de cereais, buscando desenvolver um produto com boa

aceitação sensorial, seguro e estável. Os autores variaram a quantidade de resíduo adicionado

entre 0% a 40% em relação à aveia em flocos e a adição de resíduo às barras resultou num

acréscimo do teor de fibras totais de 6,6% a 10,4%. Os resultados também mostraram uma

boa aceitação das barras de cereais com a adição de até 30% do resíduo industrial do

maracujá.

Oliveira et al. (2002), estudaram o aproveitamento da casca do maracujá amarelo

(passiflora edulis f. flavicarpa) para produção de doce em calda. Os resultados mostraram que

a casca do maracujá constitui boa matéria-prima para produção do doce em calda,

sensorialmente aceitável pelas diferentes faixas etárias de consumidores, principalmente por

crianças. Dias et al. (2011) utilizaram a casca do maracujá para elaboração de doce em massa.

Page 30: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 2- Revisão bibliográfica 28

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

Os estudos indicaram que a melhor formulação para os doces foi a que utilizou 150mL de

suco e uma concentração final de sólidos solúveis totais de 68ºBrix. Ishimoto et al. (2007)

produziram biscoitos a partir da casca de maracujá. Os resultados mostraram que a maior

parte das amostras alcançaram o índice mínimo de aceitabilidade (70%) e que o biscoito de

farinha de casca de maracujá apresentou aproximadamente 7,5 mais fibra bruta do que o

biscoito comum (sem farinha de casca).

Silva et al. (2014) quantificou os níveis de resveratrol, cumarina, e outros bioativos

tanto das polpas como dos resíduos de doze frutas tropicais, incluindo o maracujá. A

cumarina foi identificada no maracujá, goiaba, cereja e resíduos da manga. Os autores

observaram que os resíduos das frutas, em geral, apresentaram conteúdo bioativo maior do

que suas respectivas polpas, indicando que tais materiais possuem potencial nutracêutico com

possibilidade de aplicação industrial.

Martínez et al. (2012) estudaram os subprodutos da industrialização das frutas

tropicais: maracujá, manga, abacaxi e goiaba, e avaliaram suas propriedades química e

antioxidantes in vitro. Os autores verificaram o potencial de uso destes resíduos como fonte

de fibras para enriquecimento de alimentos. Todos os resíduos analisados resultaram numa

boa capacidade antioxidante e excelente teor de fibras.

Kobori & Jorge (2005) realizaram extração de óleos a partir de sementes de maracujá,

laranja, tomate e goiaba, como uma forma de aproveitamento de resíduos industriais. Os óleos

foram extraídos com éter de petróleo em extrator Soxhlet e as análises realizadas mostraram

que os mesmos possuem características físico-químicas similares a outros óleos comestíveis,

podendo ser considerado como uma nova fonte de óleos para o consumo humano. Oliveira et

al. (2012) utilizaram a técnica de hidrodestilação simples e com arraste de gás nitrogênio para

obtenção de extratos a partir de resíduos de maracujá. Diversos compostos foram

identificados no extrato obtido, sendo possível destacar: neral, cinamato de metila, linalol, 1-

undecanol, cis-óxido de linalol, benzaldeído, 1-hexanol, β-ionona e acido butanoico. Os

autores verificaram que os compostos voláteis extraídos dos resíduos de maracujá apresentam

um potencial econômico na produção de aromas na forma de essências naturais.

Ferrari et al. (2004) analisaram e caracterizaram resíduos de maracujá,

especificamente sementes, e avaliaram seu aproveitamento. O farelo desengordurado obtido

após a moagem das sementes e extração com solvente apresentou um teor proteico que pode

ser aproveitado como fonte de fibra. O óleo extraído das sementes apresentou elevado teor de

ácidos graxos insaturados, demonstrando que este produto tem um bom potencial para

Page 31: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 2- Revisão bibliográfica 29

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

proveitamento tanto na alimentação, humana e animal, como em uso para indústria de

cosméticos.

No âmbito do aproveitamento dos resíduos como alimento animal, Lousada Júnior et

al. (2006) realizaram análises bromatológicas em diferentes subprodutos obtidos do

processamento de frutas tropicais. A Tabela 2.3 apresenta os dados referentes à composição

bromatológica dos subprodutos estudados e demonstra que tais resíduos são ricos em

proteínas e fibras, sendo o resíduo de maracujá o segundo mais rico em proteína, perdendo

apenas para o resíduo de melão. Azevêdo et al. (2011) também avaliaram o conteúdo

energético e a digestibilidade de subprodutos agrícolas e agroindustriais na formulação de

ração animal. Os subprodutos estudados foram de maracujá, abacaxi, cacau, dendê, feijão,

girassol, goiaba, mandioca casca, mandioca haste, mandioca rama, mamão, manga, nabo e

farelo de glúten de milho.

Tabela 2.3 – Composição bromatológica dos subprodutos de abacaxi, acerola, goiaba,

maracujá e melão (Fonte: Lousada Júnior et al., 2006).

Componentes Subprodutos

Abacaxi Acerola Goiaba Maracujá Melão

Materia seca (%) 84,67 85,07 86,33 83,33 84,56

Proteína bruta (%) 8,35 10,54 8,47 12,36 17,33

Fibra detergente neutro (%) 71,39 71,87 73,45 56,15 59,10

Fibra detergente ácido (%) 30,74 54,70 54,65 48,90 49,18

Celulose (%) 25,91 35,07 37,20 39,34 32,60

Hemicelulose (%) 40,65 17,17 18,80 10,25 9,92

Lignina (%) 5,29 20,11 18,50 9,45 16,61

Diante do exposto, pode-se dizer que o resíduo do maracujá apresenta um potencial de

aproveitamento econômico importante para a região Nordeste do Brasil, já que esta é a região

com maior produção deste fruto e também maior geradora de seus resíduos. Desta forma, é

importante desenvolver processos capazes de aproveitar tais resíduos, gerando produtos com

valor agregado. Em especial na região Nordeste, onde é frequente os longos períodos de

estiagem, o processamento através da secagem destes resíduos torna-se uma alternativa

interessante na produção de farelos, principalmente como fonte de nutrição animal.

Page 32: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 2- Revisão bibliográfica 30

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

2.3 - Secagem

Os processos de secagem são operações unitárias aplicadas desde a antiguidade em

indústrias químicas, agrícolas, de alimentos, de fármacos, de papel e celulose, de minerais, de

cerâmicas e de polímeros. A redução de água dos materiais passou a ter grande importância

na redução de custos de energia, transporte, embalagem e armazenagem (Menon &

Mujumdar, 1987).

Em particular para os alimentos, a redução da atividade de água (aw) pelo processo de

secagem tem como principal função inibir o crescimento microbiano, evitando a sua

deterioração e aumentando o tempo de conservação do material, sem que este perca

sensivelmente suas propriedades biológicas e nutritivas. Quando comparado com outros

métodos de preservação de alimentos, tais como: tratamentos químicos, centrifugação,

irradiação, acondicionamento em embalagens, entre outros, a secagem apresenta-se como uma

operação mais simples e de menor custo. Por esta razão, esta é uma das mais antigas técnicas

de conservação empregadas pelo homem e um dos processos mais usados na conservação de

produtos agrícolas e alimentícios (Madamba, 2007).

Em geral, o termo secagem consiste na perda ou remoção de água de um material, que

pode ser feita por desidratação, absorção, adsorção, condensação, liofilização, reação química,

entre outros. Porém, o termo geral de secagem é comumente restringido ao processo

específico de desidratação com fornecimento de calor a um material que contém água, a fim

de remover por evaporação parte da água deste material, obtendo-se um produto parcialmente

seco. Portanto, a secagem consiste em um complexo processo simultâneo de transferência de

calor e massa entre o produto e o ar de secagem, acompanhado de mudança de fase, visando

remover o excesso de água contida no material por meio de evaporação, geralmente causada

por convecção forçada do ar aquecido (Yilbas et al. 2003). A secagem é dependente do tipo

de processo e do material a ser seco e, além de envolver simultaneamente os fenômenos

complexos de transferência de calor e massa, pode ainda abranger a transferência de

quantidade de movimento (Hofsky et al., 2013).

Existem diversos tipos de processos de secagem e a escolha do processo é definida de

acordo com a natureza do alimento, a forma e a qualidade com que se deseja obter o produto

final. Além disso, as condições operacionais aplicadas durante o processamento são também

determinantes para a qualidade do produto. Desta forma, todos estes aspectos influenciam

diretamente sobre o valor econômico agregado ao produto processado.

Page 33: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 2- Revisão bibliográfica 31

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

Durante a secagem, o efeito da diferença de temperatura entre o material e o ar de

secagem, na qual o mesmo é exposto, favorece a transferência de calor e estabelece uma

diferença de pressão parcial entre o vapor de água existente no ar e na superfície do material.

Esta diferença determina uma transferência de massa para o ar, na forma de vapor de água

gerado por parte do calor que chega ao material. A evolução da transferência simultânea de

calor e massa ao longo da secagem define três períodos típicos, conforme apresentado na

Figura 2.5 (Perry, 1984):

(i) o período de indução - que consiste na adequação do produto às condições de

secagem, elevando a temperatura e causando um rápido aumento na taxa de secagem;

(ii) o período de secagem à taxa constante - onde a velocidade de transferência de

massa no interior do material é igual à de evaporação da água na superfície;

(iii) o período de taxa decrescente - onde a velocidade de transferência de massa no

interior do material é menor que a taxa de evaporação na superfície.

Os fatores que governam a velocidade dos fenômenos de transferência determinam a

taxa de secagem, sendo os mecanismos mais representativos: a difusão líquida, a difusão de

vapor, o fluxo de líquido e o de vapor. Algumas variáveis são essenciais para fundamentar o

fenômeno da secagem, tais como: o teor de água inicial e final (equilíbrio) do material, a

pressão de vapor d’água no material e no ar de secagem, a temperatura e velocidade do ar de

secagem, a velocidade de difusão da água no material, dimensões da superfície exposta para

secagem, as características físico-química do material etc. (Brod et al., 1999).

Figura 2.5 - Evolução com o tempo (t) da taxa de secagem (dU/dt), da temperatura (T) e do

teor de umidade do material (U) durante o processo de secagem (Fonte: Vieira, 2014).

Page 34: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 2- Revisão bibliográfica 32

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

2.4 - Secagem em secador rotatório

Diversas configurações de equipamentos estão disponíveis para implementação de um

processo de secagem. Os critérios que definem a seleção de um sistema são determinados por

vários aspectos que envolvem um misto de experiência e ciência. Existem processos capazes

de secar sólidos, pastas e líquidos, podendo operar em modo de operação batelada ou

contínua. A escala de produção também é bastante abrangente, podendo variar de kg/h a

ton/h. Adicionalmente, a natureza do material, a forma e a qualidade desejada para o produto

processado, as restrições operacionais, o tipo de alimentação do material no equipamento, a

capacidade produtiva, o regime de trabalho etc., todos estes aspectos são importantes para a

escolha adequada de uma configuração de secador (Gaspareto, 2005; Alonso & Park, 2005;

Park et al., 2007; Lababidi & Baker, 2003).

O secador rotatório tem sido uma configuração com aplicação industrial bastante

abrangente e alvo de muitos estudos contemplando uma variedade significativa de materiais,

tais como: fertilizantes (Lisboa et al., 2007; Arruda et al., 2009; Fernandes et al., 2009;

Silvério et al., 2015), lodo biológico (Maldonado et al., 2009), madeira (Cronim et al., 2011),

partículas delgadas e filamentosas (Geng et al., 2009; Geng et al., 2011; Geng et al., 2013; Gu

et al., 2014), pasta de banana (Padilla et al., 2014), resíduos cítricos (Perazzini, 2011),

resíduos de maracujá (Moura, 2009), resíduos de camarões (Honorato, 2006), grãos de soja

(Luz et al., 2010), beterraba (Didriksen, 2002), pimenta vermelha (Kaleemullah & Kailappan,

2005), vegetais e subprodutos (Iguaz et al., 2002; Iguaz et al., 2003; Pelegrina et al., 1998;

Pelegrina et al., 1999; Pelegrina et al., 2002), açúcar (Rastikian et al., 1999; Britton et al.,

2006; Starzak & Mathlouthi, 2010), entre outros.

Em geral, os secadores rotatórios convencionais são constituídos por um cilindro que

gira mediante suportes apropriados e é disposto horizontalmente com uma pequena inclinação

em direção a sua descarga. O comprimento do cilindro pode variar em torno de quatro a dez

vezes em relação ao seu diâmetro (Perry & Green, 1999). Tal equipamento pode operar em

modo contínuo e semi contínuo. O contato entre o gás aquecido e o material dentro do secador

rotatório pode ser realizado de forma direta ou indireta. O aquecimento direto ocorre quando o

material entra em contato direto com o gás aquecido e o aquecimento indireto ocorre quando

o material está no interior do invólucro, aquecido externamente pelo gás quente. No caso do

secador com aquecimento direto, a alimentação é realizada numa extremidade do cilindro, de

modo que o material pode movimentar-se na direção concorrente ou contracorrente em

relação ao gás de secagem.

Page 35: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 2- Revisão bibliográfica 33

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

Geralmente, os secadores rotatórios com fluxo contracorrente ou concorrente possuem

suspensores do material conhecidos como fligths. De acordo com Perry & Green (1999), a

profundidade dos suspensores pode variar entre 1/12 e 1/8 em relação ao diâmetro do cilindro,

sendo estes fixados no seu interior. Os suspensores são constituídos normalmente por dois

segmentos formando um ângulo de 90º, podendo assumir diferentes configurações, conforme

o cascateamento desejado (Figura 2.6). A finalidade dos suspensores é transportar o material

ao redor do perímetro circular e lançá-lo em cascata através de uma corrente de ar quente,

aumentando o contanto do sólido com o gás de secagem. Os suspensores retos são mais

usados na secagem de materiais pegajosos que tendem a aderir nas paredes internas do

secador, enquanto os angulares e helicoidais são usados para materiais menos aderentes e

bastante aplicados em secadores industriais (Arruda, 2008). Diversos estudos tem sido

publicados com ênfase na descrição física do transporte e retenção (holdup) do material

promovida por suspensores em secadores rotatórios (Hirosue, 1989; Revol et al., 2001;

Britton et al., 2006; Puyvelde, 2009; Lee & Sheehan, 2010; Ajayi & Sheehan, 2012;

Nascimento et al., 2015).

Figura 2.6 – Geometria de suspensores (Fonte: Arruda, 2008).

Em particular, a aplicação dos secadores rotatórios na secagem de vegetais e frutas

tem sido feita por alguns pesquisadores.

Pelegrina et al. (1998; 1999 e 2002) projetaram um secador rotatório semi contínuo e

contra corrente para secagem de vegetais cortados em forma prismática (dimensão 0,01m x

0,01m x 0,03m). O secador foi montado na forma de dois cilindros concêntricos: o cilindro

interno, construído em tela de aço, consiste na parte rotatória do equipamento onde o material

é disposto para secagem; já o cilindro externo funciona como um invólucro por onde o ar de

secagem é forçado a circular. O sistema foi montado de forma modular, conforme mostrado

na Figura 2.7, com característica dimensional para cada módulo de L/Dc = 1,9 para a parte

interna e L/Dc = 1,4 para a parte externa. Estes autores, além de estudarem as condições

Page 36: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 2- Revisão bibliográfica 34

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

operacionais para a secagem de vegetais, também avaliaram o efeito da recirculação do ar no

secador.

Figura 2.7 - Secador rotatório semi contínuo para secagem de vegetais proposto por

Pelegrina et al. (1998).

Ademiluyi et al. (2013) estudaram os efeitos dos parâmetros de secagem sobre a

transferência de calor durante a secagem de mandioca em um secador rotatório de bancada e

avaliaram os efeitos da velocidade e temperatura do ar de secagem, da rotação do tambor, da

taxa de alimentação e da umidade relativa do material. Os autores observaram que a

temperatura e a velocidade do ar de secagem, além da velocidade de alimentação do material,

possuem efeitos significativos sobre o coeficiente de transferência de calor específico no

material.

Padilla et al. (2014) estudaram a secagem de pasta de banana em secador rotatório

com recheio de inertes. Para isto, utilizaram esferas de porcelana de 2,8 a 3 cm de diâmetro

como inertes e realizaram um planejamento experimental (planejamento composto central)

que tinha como variáveis o tempo de secagem e a massa de pasta alimentada no secador e,

como resposta, o teor de umidade da farinha de banana e sua produção. A rotação do tambor

foi mantida a 18 rpm e a influencia das variáveis do processo de secagem da banana foi

investigada por meio de uma regressão múltipla para os resultados experimentais. A Figura

2.8 apresenta o esquema da unidade de secagem e os seus acessórios. As melhores condições

operacionais proporcionaram um produto com 8,0% de teor de umidade (base úmida) e uma

produção de farinha com rendimento de 72,9%.

Page 37: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 2- Revisão bibliográfica 35

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

Figura 2.8 – Esquema da unidade do secador rotativo com leito de inerte e seus acessórios:

(A) Presilha de aço; (B) Engrenagem; (C) Rolador; (D) Motor; (E) Anel de teflon; (F)

Soprador; (G) Descarga de ar; (H) Placa de orifício e manômetro; (I) Resistência elétrica; (J)

Transformador de voltagem; (K) Balança; (L) Bomba peristáltica; (M) Agitador; (N) Ciclone;

(O) Painel de temperatura; (Fonte: Padilla et al., 2014).

No caso específico do uso de secadores rotatórios para secagem de resíduos em geral,

é possível reportar alguns estudos.

Burjaili (1996) utilizou um secador rotatório com recheio de inertes para estudar a

secagem de pasta de levedura termolisada, obtida como resíduo da indústria de açúcar e

álcool. O autor avaliou a influência do escoamento do ar de secagem sobre o efeito de arraste

do leito de inertes, composto de esferas cerâmicas e de aço. Também avaliou a rotação do

secador e as características geométricas dos suspensores, buscando maximizar a vazão

mássica do ar de secagem.

Honorato (2006) estudou a secagem do cefalotórax de camarão, como um resíduo

característico dos viveiros de criação e produção de camarões. Projetou em escala

laboratorial, um secador rotatório de aquecimento direto e com carga de inertes (esferas de

tecnil), operando em regime semi batelada com alimentação concorrente. O estudo buscou

avaliar a influência da velocidade e da temperatura do ar de secagem, da vazão de

alimentação do material e da concentração de encapsulante (albumina) em relação às

seguintes variáveis de resposta: umidade do pó obtido; tempo total do ensaio, eficiência

térmica e eficiência de produção do material processado. A autora concluiu que o secador

avaliado apresentou resultados que indicam que o mesmo pode ser ampliado para escala com

produção industrial.

Page 38: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 2- Revisão bibliográfica 36

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

Lescano (2009) analisou a secagem do resíduo do extrato aquoso de soja “okara” em

secador de leito de jorro e em secador rotatório assistido a microondas, ambos operando com

carga de inertes (polipropileno e poliestireno). O secador de leito de jorro foi operado em

regime batelada, enquanto o secador rotatório assistido a microondas foi operado de forma

contínua. A fluidodinâmica dos secadores foi avaliada para os diferentes tipos de inertes

estudados. Também o desempenho operacional dos secadores foi avaliado quanto à

produtividade e eficiência térmica. Para o caso do secador de leito de jorro a influência das

seguintes variáveis foi investigada: temperatura do ar de secagem; razão entre a vazão do ar

de secagem e a vazão de jorro mínimo; e o tempo de trituração do material. Dentre estas

variáveis, a temperatura do ar de secagem foi a que se destacou com o maior efeito em

comparação com as outras duas. Já para o caso do secador rotativo assistido a microondas, as

variáveis investigadas foram: a temperatura e a vazão do ar de secagem; e a potência do

sistema de microondas. Neste caso, mais uma vez a variável que se mostrou mais significativa

foi a temperatura do ar de secagem. A secagem realizada em leito de jorro (batelada)

apresentou menor consumo energético por unidade de tempo comparada com a do secador

rotativo assistido a microondas.

Maldonado et al. (2009) estudaram a secagem de lodo biológico utilizando um secador

rotatório com carga de inertes. O secador foi operado em regime intermitente e contínuo,

possibilitando uma produção de biosólido de até 50 kg/h quando operando na temperatura de

300ºC. A rotação do secador foi avaliada de 1,5 a 2,0 rpm e a temperatura do gás de descarga

do secador, no topo do ciclone, foi mantida entre 120 a 150ºC. O produto final foi

caracterizado como um biosólido tipo A, rico em nitrogênio (4%), fósforo (2,5%) e potássio

(4%) em base seca, podendo ser utilizado como fertilizante na agricultura.

Perazzini (2011) estudou os fenômenos de transferência de calor e massa na secagem

de resíduos cítricos, usando um secador rotatório em escala semi piloto de característica

dimensional L/Dc = 6, operando com fluxo de ar concorrente, com aquecimento direto e com

alimentação contínua de material. O autor caracterizou o material em relação as massas

específicas aparente e real, calor específico, porosidade e grau higroscópico, como também

realizou experimentos de secagem para avaliar a influência das principais variáveis

operacionais, a partir da obtenção da umidade e temperatura em função do tempo de secagem.

Os resultados mostraram que as curvas de umidade do sólido apresentaram características

decrescente e que nas condições operacionais estudadas a velocidade do fluído mostrou-se

mais influente em relação à variação da temperatura de entrada do ar na cinética de secagem

do sólido no secador rotatório.

Page 39: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 2- Revisão bibliográfica 37

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

Silva et al. (2016) investigaram o desempenho de um secador rotatório roto-aerado na

secagem do resíduo de acerola, proveniente da indústria de processamento de frutas. Os

autores tanto realizaram uma caracterização do resíduo da acerola, como também analisaram

o efeito de um pré-tratamento com etanol antes da secagem. A qualidade do produto foi

quantificada considerando o teor de compostos bio ativos (teor de fenólicos totais, ácido

cítrico e flavonoide total). Os resultados mostraram que o pré-tratamento com etanol

aumentou a eficiência de secagem em até 80% e que o secador rotatório estudado é uma boa

alternativa para a secagem desses resíduos, devido a uma alta taxa de secagem e uma boa

qualidade do produto após a secagem.

2.5 - Modelagem matemática - secador rotatório

A modelagem matemática de secadores rotatórios tem sido estudada por diversos

pesquisadores e pode ser agrupada em duas abordagens principais: (i) os modelos que

consideram o processo operando em estado estacionário; e (ii) os modelos dinâmicos.

Nesta última abordagem, em particular, é possível agrupar os estudos ainda em duas

vertentes: uma que trata do secador como uma série de subsistemas conectados em cascata,

tendo-se cada subsistema a característica de homogeneidade. Tal consideração leva a um

problema a parâmetros concentrados, onde as variáveis só apresentam mudanças com o

tempo. Já a outra vertente de modelos dinâmicos aborda o secador rotatório na forma de um

problema a parâmetros distribuídos, sendo as variáveis do processo admitidas para evoluir

tanto no tempo como também em uma ou mais de uma coordenada espacial.

2.5.1 - Modelagem em estado estacionário

Os modelos matemáticos que consideram o secador rotatório operando em estado

estacionário estão fundamentados basicamente em equações de balanços de massa e energia

para as fases gás e sólido em elementos infinitesimais do domínio espacial. Em geral, as

hipóteses do problema conduzem à consideração de que as variáveis são funções apenas da

coordenada axial do secador e não evoluem no tempo.

Luz et al. (2006) desenvolveram um modelo matemático em regime estacionário para

avaliar o consumo energético e a eficiência de um secador rotatório de contato indireto que

Page 40: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 2- Revisão bibliográfica 38

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

opera na secagem de farelo de soja. Neste secador, o sistema de aquecimento é disposto em

tubos estáticos no interior do tambor rotatório, por onde é circulado vapor d'água. O modelo

matemático foi escrito com base nos balanços de massa e energia, admitindo as seguintes

hipóteses: (a) o escoamento é unidimensional; (b) os coeficientes de transferência de massa e

calor são função da posição axial; (c) a transferência de calor ocorre apenas dos tubos para o

material sólido; (d) não há difusão de umidade da fase gás para a fase sólida; (e) não há

transferência de calor por radiação, difusão e condução, apenas por convecção; (f) a fase

sólida é homogênea; (g) não há perda de carga; (h) a capacidade calorífica dos componentes

foi considerada constante; (i) a velocidade axial do sólido e do gás foi considerada constante;

(j) a temperatura e umidade do sólido foram funções somente da coordenada espacial. Os

autores validaram os resultados do modelo com dados experimentais da umidade e da

temperatura do farelo de soja na saída do secador e verificaram uma diferença entre o valor

calculado e o experimental de aproximadamente 18% para a umidade e de 4% para a

temperatura. Com o modelo, os autores simularam e avaliaram o consumo de energia do

secador e seu fator de eficiência. Canales et al. (2001) já haviam proposto um modelo

matemático em estado estacionário para um secador rotatório com aquecimento indireto

similar ao apresentado anteriormente, seguindo uma abordagem análoga àquela apresentada

por Luz et al. (2006). Os autores simularam a secagem de ração para peixes e compararam os

resultados com dois casos experimentais. Observaram uma diferença de 6,5% de umidade do

produto, no comparativo entre o calculado e o experimental.

Silva (2010) e Silva et al. (2012) fizeram um estudo de sensibilidade paramétrica a

partir de um modelo matemático de um secador rotatório operando em regime permanente e

com fluxo contracorrente, usado na secagem de fertilizantes. O modelo matemático foi escrito

com base nos balanços de massa e energia feitos em elementos infinitesimais do domínio

espacial. A partir do modelo matemático, os autores estabeleceram um planejamento para a

realização de simulações computacionais, variando o valor dos seguintes parâmetros:

coeficiente global de troca térmica e coeficiente de perda de calor, capacidade calorífica do

sólido/fluido e taxa de secagem. Foram analisadas, para cada mudança paramétrica, as

respostas das curvas de umidade e temperatura do sólido e do fluido com a coordenada

espacial do secador. Após análise das superfícies de resposta, os parâmetros mais

significativos para a umidade foram a taxa de secagem e com a mesma importância o

coeficiente global de transferência de calor e o calor específico do gás. Já para a temperatura

do sólido, o coeficiente de transferência de calor foi o parâmetro mais significativo, enquanto

para temperatura do gás, o calor específico do gás foi o mais importante. Como conclusão, os

Page 41: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 2- Revisão bibliográfica 39

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

autores explicam que a hipótese que considera como constantes as propriedades do material e

do gás ao longo do secador pode prejudicar a capacidade preditiva do modelo. Anterior a

esses trabalhos, Arruda (2008) desenvolveu um modelo matemático em estado estacionário,

similar ao apresentado por Silva (2010), para calcular as distribuições de umidade e

temperatura do ar de secagem e do sólido ao longo de um secador rotatório. Embora o modelo

tenha sido desenvolvido para qualquer tipo de material particulado, baseando-se nas

características fluidodinâmicas do secador e nas propriedades do material, o mesmo foi

estudado na secagem de fertilizantes e seu desempenho foi comparado com um secador roto-

fluidizado.

Rastikian et al. (1999) implementaram um modelo matemático para simular a secagem

de açúcar num secador rotatório operando em contracorrente e em estado estacionário. O

modelo foi implementado com base em balanços de massa e energia para as fases sólido e gás

(ar de secagem). Os autores apresentaram apenas resultados de simulação obtidos do modelo.

Starzak & Mathlouthi (2010) implementaram um modelo matemático para descrever a

secagem também de açúcar num secador rotatório operando em estado estacionário e com

fluxo cruzado do ar de secagem. O modelo levou em conta, além dos balanços de massa e

energia, uma taxa de cristalização para formação de açúcar amorfo, considerando que tal

formação ocorre como resultado de uma competição entre a taxa de secagem e a cristalização.

Os autores reportaram diversos resultados de simulação e validaram o modelo com dados

experimentais obtidos de um único caso de estudo.

Abbasfard et al. (2013) implementaram um modelo matemático em estado

estacionário para um secador rotatório operando em concorrente e utilizado na secagem de

fertilizantes, baseando-se em balanços simplificados de massa e energia. Os resultados do

modelo foram validados com dados experimentais, mostrando uma adequada capacidade de

predição para a umidade e a temperatura do produto, bem como para temperatura do ar de

secagem. Os autores também fizeram diversas simulações e, a partir de uma análise de

sensibilidade, verificaram que a umidade do material e a temperatura do ar na entrada do

secador apresentam grande efeito sobre a umidade do produto.

2.5.2 - Modelos dinâmicos

Os modelos matemáticos propostos para descreverem dinamicamente o

comportamento de secadores rotatórios estão fundamentados em duas abordagens: a primeira,

Page 42: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 2- Revisão bibliográfica 40

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

que trata o secador como uma série de segmentos conectados sequencialmente, onde em cada

segmento as propriedades são admitidas para serem homogêneas; e a segunda abordagem, que

considera o modelo do secador como um problema em que suas variáveis são dependentes do

tempo e das coordenadas espaciais (do secador e/ou do sólido). Em ambos os casos, os

modelos dinâmicos são importantes para descreverem o processo de forma mais detalhada e,

principalmente, quando se tem o interesse de avaliar o comportamento do mesmo frente a

possíveis mudanças operacionais, bem como para fins de controle do processo durante a

secagem.

2.5.2.1 – Modelos a parâmetros concentrados

No que diz respeito à abordagem a parâmetros concentrados, um número significativo

de estudos tem sido publicado. A idéia de desenvolver balanços de massa e energia em cada

seção do secador, levando em consideração o termo de acúmulo, resulta num sistema de

equações diferenciais de primeira ordem com dependência das variáveis no tempo. Desta

forma, é possível calcular a evolução temporal das variáveis em cada seção do secador,

quando este sofre alguma mudança operacional.

Pérez-Correa et al. (1998) desenvolveram um modelo matemático de um secador

rotatório de aquecimento direto com o propósito de implementar estratégias de controle

convencional e adaptativo. O modelo foi estabelecido com base nos balanços de massa e

energia aplicados a 10 elementos, considerados perfeitamente misturados. Algoritmos de

controladores do tipo PID e adaptativo foram implementados para controlar a umidade do

material na saída do secador, manipulando-se a temperatura do gás de secagem na

alimentação. Os autores apresentaram simulações da resposta do modelo usando os

controladores em malha-fechada, avaliando o desempenho quando mudanças foram aplicadas

na vazão do sólido, na umidade do sólido, na velocidade do sólido e no set-point de controle

para a umidade do sólido.

Pelegrina et al. (1999) apresentaram um modelo matemático simplificado para

descrever a secagem num secador rotatório operando em modo semi contínuo. Os autores

avaliaram a recirculação do ar de secagem no módulo usado para secagem de vegetais. O

modelo foi desenvolvido apenas para uma unidade modular e foi baseado nos balanços de

massa e energia do sólido e do gás em cada parte do módulo de secagem. Simulações foram

Page 43: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 2- Revisão bibliográfica 41

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

realizadas para diferentes frações de recirculação do ar de secagem. Neste estudo, os autores

apenas apresentaram resultados de simulação usando o modelo proposto.

Rubio et al. (2001) propuseram uma estratégia de controle do tipo H∞ para um secador

rotatório concorrente. Para tal, desenvolveram um modelo matemático do secador e do

sistema de combustão que gera ar aquecido de secagem. Os modelos foram baseados em

balanços de massa e de energia e, no caso do secador, admitiu-se uma divisão em "n" seções,

gerando um problema a parâmetros concentrados. Perturbações experimentais do tipo degrau

foram implementadas na vazão de combustível e as respostas do processo, no que se refere à

umidade do material e à temperatura do gás na saída do secador, foram comparadas com

resultados de simulações obtidos a partir do modelo matemático, demonstrando uma boa

capacidade preditiva do mesmo.

Iguaz et al. (2003) propuseram um modelo dinâmico para simular o processo de

secagem de resíduos de origem vegetal utilizando um secador rotatório semi-industrial com

fluxo concorrente e com característica dimensional L/Dc = 10. O secador foi dividido em 10

seções onde os balanços de massa e energia foram estabelecidos em cada seção. A partir deste

modelo foi possível calcular o teor de umidade do material e a temperatura do ar de secagem

na saída do secador. Os resultados do modelo foram validados com dados experimentais,

tendo sido obtida uma adequada correspondência. Como conclusão, os autores notaram que a

temperatura do ar de secagem na entrada mostrou ser a variável com maior efeito sobre a

umidade do produto e sobre a temperatura do ar na saída do secador. Iguaz et al. (2002)

também usaram o mesmo modelo e secador para estudar o efeito da recirculação do ar de

secagem que sai do secador, adicionando uma fração deste na corrente de alimentação. Os

autores avaliaram diferentes vazões de ar (0,96; 1,2; e 1,44m3/s) e diferentes razões de

recirculação do ar (0 a 0,98) observando o desempenho e o consumo energético do secador.

Com base apenas nos resultados de simulação, os mesmos mostraram que é possível

economizar energia entre 21-38% com razão de recirculação de 0,8 a 0,95 nas vazões

estudadas.

Didriksen (2002) desenvolveu um modelo dinâmico para um secador rotatório

industrial usado na secagem de beterraba, baseando-se na transferência de massa, energia e

momento. O secador foi representado por analogia a uma serie de 10 reatores de mistura

perfeita. O transporte de gás no secador foi modelado expressando sua velocidade como

função da diferença de pressão tomada em cada reator. No balanço de energia para as fases

sólido-gás foram consideradas as transferências de calor por convecção e radiação, bem como

o calor transferido por condução no interior das partículas. Nos balanços de massa, a

Page 44: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 2- Revisão bibliográfica 42

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

difusividade foi considerada como função da umidade e da temperatura do sólido. Os autores

utilizaram o modelo matemático para simular o controle do processo com uma abordagem

feedback e com uma abordagem de controle preditivo baseada em modelo (MPC), tendo este

último um desempenho superior. O modelo desenvolvido demostrou uma boa capacidade

preditiva para fins de controle.

Ortega et al. (2007) propuseram uma estratégia de controle multivariável para um

secador rotatório, visando controlar simultaneamente a umidade do material na saída e a

temperatura do ar de exaustão, escolhendo a vazão de alimentação de material úmido e a

vazão de combustível como variáveis do tipo manipulada. Desta forma, o problema foi

caracterizado como multivariável (MIMO), apresentando duas variáveis de entrada e duas

variáveis de saída. Dados experimentais obtidos diretamente do secador permitiram fazer uma

identificação de processos, gerando modelos lineares e a matriz de funções de transferência. A

partir destes resultados, os autores realizaram uma análise de controlabilidade e propuseram o

projeto de um controlador feedback H∞. Para esta estratégia de controlador, os autores

desenvolveram um modelo matemático rigoroso do secador, baseado em balanços de massa e

de energia em "n" elementos do secador, similar ao que foi desenvolvido por Rubio et al.

(2001). Os resultados em malha fechada demosntraram que a estrutura de controle

implementada a partir do modelo matemático apresentou um bom desempenho.

Luz et al. (2010) avaliaram a dinâmica da secagem do farelo de soja e a

implementação de um controlador do tipo PID em um secador rotatório industrial de

aquecimento direto e com fluxo concorrente. Os autores desenvolveram um modelo

matemático a partir de balanços de massa e energia e utilizaram uma correlação para a

determinação do coeficiente global de transferência de calor. Os mesmos determinaram o

coeficiente de transferência de massa a partir da secagem prévia do material em secador de

camada delgada e relacionaram tal coeficiente como função da umidade do sólido e da

temperatura do ar de secagem. A partir do modelo matemático desenvolvido, os autores

realizaram um estudo para avaliar o desempenho da malha de controle feedback com

diferentes sintonias para o controlador PID. Os resultados de simulação em malha fechada,

para diferentes tipos de distúrbio, permitiram verificar qual a sintonia mais adequada dentre as

que foram testadas. No entanto, os autores não apresentaram dados comparativos dos

resultados do modelo matemático com dados reais da planta.

Perazzini (2011) desenvolveu um modelo dinâmico a parâmetros concentrados de um

secador rotatório semi piloto concorrente e com característica dimensional L/Dc = 6, tendo

sido usado na secagem contínua e reciclo de resíduos cítricos. Para o desenvolvimento do

Page 45: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 2- Revisão bibliográfica 43

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

modelo, o autor admitiu balanços macroscópicos de massa e energia nas duas fases (sólido e

ar de secagem) e propôs um modelo de tanques perfeitamente agitados em série para simular

o transporte dos sólidos no interior do equipamento. O autor fez um estudo experimental

amplo e confrontou alguns dos resultados com os valores calculados pelo modelo matemático.

No entanto, concluiu que o modelo proposto não alcançou precisão satisfatória para predizer

os dados experimentais e sugeriu que o mesmo precisa ser aprimorado, principalmente no que

diz respeito à dependência dos coeficientes de transferência de calor e massa com a

temperatura e/ou a umidade do sólido.

Wang et al. (2015) propuseram um método de modelagem híbrida com compensação

online, onde um modelo matemático baseado em balanços de massa e energia a parâmetros

concentrados foi implementado para descrever um secador rotatório industrial operando em

contra corrente e uma abordagem de modelagem fuzzy com suporte de vetores (SVR) foi

usada para estimar a taxa de secagem a partir de dados obtidos experimentalmente em

laboratório. O objetivo principal da estratégia foi reduzir os erros de modelagem do secador.

Gómez-de la Cruz et al. (2015) estudaram a secagem do resíduo oriundo da moagem

na produção de óleo de oliva a partir de um secador rotatório industrial. Os autores

desenvolveram um modelo matemático para o processo com base nos balanços de massa e

energia nas fases sólido e gás, seccionando o secador ao longo da coordenada axial. Também

incluíram um modelo matemático baseado no balanço de energia da fornalha usada para

aquecimento do ar de secagem, já que a temperatura do ar de secagem sofre variações ao

longo do tempo devido à distúrbios introduzidos com o modo de modulação (PWM - pulse

width modulation) durante a operação da fornalha. Os resultados de simulação foram

comparados com valores medidos no processo e demonstraram que os modelos desenvolvidos

apresentaram uma adequada capacidade descritiva em relação à temperatura do gás.

2.5.2.2 – Modelos a parâmetros distribuídos

Conforme citado por Perazzini (2011) e reportado por Yliniemi et al. (2003), a

modelagem matemática de secadores rotatórios deve ser encarada como um problema a

parâmetros distribuídos, já que as propriedades e variáveis relacionadas às fases sólido-gás

apresentam mudança tanto com o tempo quanto com a posição espacial no secador. Os

autores escreveram uma equação geral para as variáveis temperatura e umidade, na forma:

Page 46: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 2- Revisão bibliográfica 44

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

)t,z,x(fz

)t,z(x)t(v

t

)t,z(xii

ii

i

(2.1)

onde: o subscrito "i" representa a fase sólida ou gás; x representa as variáveis temperatura ou

umidade; v é a velocidade; z e t são as coordenadas axial e temporal, respectivamente; e o

sinal positivo no termo convectivo indica uma operação em modo concorrente, enquanto o

sinal negativo indica uma operação contracorrente. Yliniemi et al. (2003), além de ressaltarem

sobre a dificuldade de implementação de modelos a parâmetros distribuídos, ainda comentam

sobre as complicações para se obter dados experimentais confiáveis dos perfis de temperatura

e umidade neste tipo de secador.

Margono et al. (2009) analisaram os efeitos da vazão de alimentação e o tempo de

residência num secador rotatório usando modelos matemáticos do tipo plug flow, tanto em

estado estacionário quando em modo dinâmico. Os balanços de massa foram escritos para um

secador rotatório industrial com característica dimensional L/Dc = 5, gerando um conjunto de

equações diferenciais parciais que permitiram avaliar a evolução da umidade do sólido

(sulfato de amônio) com o tempo e com a posição axial. Embora os autores tenham

mencionado que realizaram a validação do modelo com dados experimentais, no trabalho

apenas foram apresentados resultados de simulação obtidos com os modelos implementados.

Shahhosseini et al. (2010) desenvolveram um modelo matemático dinâmico com uma

abordagem a parâmetro distribuído, considerando a evolução temporal e espacial a partir de

balanços de massa. Neste estudo, os autores promoveram perturbações do tipo degrau na

vazão de alimentação de sólidos e na vazão de ar de secagem e obtiveram a resposta dinâmica

após as perturbações aplicadas. Nenhum resultado foi apresentado com respostas dinâmicas

da umidade ou temperatura para uma das fases sólido-gás. Os resultados focaram

principalmente na evolução do acúmulo (hold-up) e da produção mássica, mostrando um

comparativo dos valores calculados pelo modelo com dados experimentais obtidos a partir de

um secador rotatório industrial que possui característica dimensional L/Dc = 5 e que opera em

modo contracorrente.

Huang et al. (2015) implementaram um modelo matemático simplificado para um

secador rotatório operando em concorrente e com característica dimesnional L/Dc = 4,5. Os

autores admitiram apenas o efeito condutivo no balanço de energia do sólido e apenas o efeito

difusivo no balanço de massa do sólido. Os coeficientes de transferência de massa e calor,

presentes nas condições de contorno do problema, foram calculados com base em correlações

gerais. Dados experimentais obtidos em diferentes condições de temperatura e rotação do

secador foram comparados com as respostas do modelo matemático. Os erros de predição do

Page 47: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 2- Revisão bibliográfica 45

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

modelo foram inferiores a 5% para as variáveis: umidade e temperatura do sólido na saída do

secador.

Page 48: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

CAPÍTULO 3

METODOLOGIA

Page 49: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 3-Metodologia 47

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

3. Metodologia

Neste capítulo, serão descritos os procedimentos gerais utilizados na execução da

secagem do resíduo do maracujá por meio de um secador rotatório com carga de inertes.

Também, é apresentada todas as etapas para caracterização do resíduo de maracujá usado

como matéria-prima deste estudo, buscando-se uma avaliação do material in natura e após o

processamento de secagem. Por fim, é delineado o modelo matemático desenvolvido e

implementado para a descrição do comportamento operacional do secador rotatório em

questão.

Este estudo foi conduzido em cinco etapas, sendo:

(i) avaliação das propriedades físico-químicas e bromatológicas do resíduo de

maracujá, visando verificar comparativamente com outros estudos a composição nutricional e

digestiva do material, bem como obter informações de alguns parâmetros necessários para

aplicação em modelos matemáticos;

(ii) condução de experimentos de secagem em camada delgada, buscando-se avaliar o

comportamento da cinética de secagem para o resíduo de maracujá;

(iii) obtenção de dados experimentais com uso do secador rotatório;

(iv) implementação de um modelo matemático para descrever o comportamento de

resposta dinâmica do processo. Tal investigação foi realizada com o processo operando em

diferentes condições de intermitência de alimentação do material e diferentes condições de

temperatura do ar de secagem. No que se refere ao modelo matemático, o mesmo foi ajustado

com os dados experimentais através de um procedimento de estimação dos parâmetros, sendo

o comportamento de resposta analisado conforme os fenômenos abordados;

(v) simulação exploratória utilizando o modelo matemático para avaliação de

parâmetros dimensionais de projeto.

3.1 - Matéria prima

O material utilizado no estudo de secagem proposto neste trabalho foi o resíduo de

maracujá (Figura 3.1), oriundo da empresa de processamento de polpa de frutas tropicais

“Delícia da Fruta”, localizada no município de Natal – RN. Todas as amostras de resíduo de

maracujá foram acondicionadas em sacos plásticos, armazenadas em freezer e mantidas na

Page 50: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 3-Metodologia 48

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

temperatura de aproximadamente -18ºC. Em cada experimento de secagem, uma amostra de

resíduo era descongelada em temperatura ambiente por aproximadamente 15h e a quantidade

a ser utilizada durante o experimento era pesada e separada. Na Figura 3.1, estão apresentadas

imagens do resíduo in natura e do resíduo após secagem. Observando-se o aspecto geral do

material, nota-se que o resíduo é constituído basicamente de uma mistura de sementes, cascas

e restos triturados da fruta.

a)

b)

Figura 3.1 – Resíduo do Maracujá: a) in natura e b) após secagem (Fonte: Própria).

3.2 - Caracterização do resíduo de maracujá

3.2.1 - Análises físico-químicas

Umidade do material - foi determinada pesando-se uma massa inicial (msi) da amostra

e acondicionando numa estufa com circulação de ar (Marca CALLMEX, Modelo Q314M222)

em temperatura de 105ºC durante 24h. Em seguida, o material era pesado para se obter a

massa final (msf), sendo a umidade em base úmida e em base seca calculada pelas Equações

3.1 e 3.2, respectivamente.

( )

( )

Si Sf

bu

Si

m mU

m

(3.1)

( )

( )

Si Sf

bs

Sf

m mU

m

(3.2)

Page 51: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 3-Metodologia 49

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

Massa Específica Aparente ( Sap) - foi realizada adicionando-se uma massa (mS)

conhecida do resíduo num recipiente de volume Vt. A massa específica foi determinada

segundo a Equação 3.3.

SSap

t

m

V (3.3)

Massa Específica Real ( Sreal) - foi realizada adicionando-se uma massa (mS)

conhecida do resíduo num recipiente de volume Vt. Em seguida, adicionava-se hexano para o

preenchimento dos espaços vazios até completar o volume do recipiente, sendo registrado o

volume de hexano (VHex) utilizado. A massa específica real foi determinada a partir da

Equação 3.4.

SSreal

t Hex

m

V V

(3.4)

Calor específico (Cps) - obtido utilizando-se o analisador de propriedades térmicas

Decagon KD2 Thermal Properties Analyser, a condutividade (K) e a difusividade (α) do

material foram medidas. A partir destas informações, o calor específico foi calculado segundo

a Equação 3.5.

ps

sreal

KC

(3.5)

Porosidade (ɛ) - a porosidade do material foi calculada pela Equação 3.6 usando as

informações de massa específica aparente e real.

1Sap

Sreal

(3.6)

3.2.2 - Propriedades bromatológicas

As análises bromatológicas do resíduo de maracujá (in natura) foram realizadas no

Laboratório de Nutrição Animal da UFRN. O material foi pré-seco durante 72 horas a 55ºC

em estufa de recirculação de ar. Após a pré-secagem, o material foi moído em moinho do tipo

Willey a fim de atingir granulometria inferior a 1 mm. Foram feitas as seguintes

Page 52: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 3-Metodologia 50

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

determinações: matéria seca (MS); matéria mineral (MM); proteína bruta (PB), descrita pelo

AOAC (2002); extrato etéreo (EE), segundo AOCS (2005); fibra em detergente neutro (FDN),

fibra em detergente ácido (FDA), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN), proteína

insolúvel em detergente ácido (PIDA) e lignina (LIG), de acordo com Van Soest et al. (1991).

Os valores dos nutrientes digestivos totais (NDT) foram calculados de acordo com a

Equação 3.7 proposta por Weiss (1993).

0,667

(%) 0,98 (100 % % % % (0,7 % )

( ( 0,0012 % )) % ) 2,7 (% 1) 0,75 ((% % )

%(1 )) 7

%

n

n

n

NDT FDN PB MM EE PIDA

Exp PIDA PB EE FDN LIG

LIG

FDN

(3.7)

Sendo: nFDN FDN PIDN

O valores referentes a carboidratos totais (CHOT) e carboidratos não fibrosos (CNF)

foram obtidos por intermédio das Equações 3.8 e 3.9, propostas por Sniffen et al. (1992).

% 100 ( )CHO PB EE CINZAS (3.8)

100 ( )CNF FDN PB EE CINZAS (3.9)

Os teores de hemicelulose (HEM) e celulose (CEL) foram obtidos de acordo com Van

Soest (1994), pelas Equações 3.10 e 3.11.

% % %HEM FDN FDA (3.10)

% % %CEL FDA LIG (3.11)

A Energia digestível (ED) foi estimada de acordo com Silva & Leão (1979), através da

Equação 3.12.

4,409 (% )

100

NDTED

(3.12)

3.3 - Ensaios de secagem em camada delgada

Para determinar a cinética de secagem do resíduo de maracujá, foi feita uma adaptação

no secador rotatório de fluxo contínuo (Figura 3.4) de maneira a permitir o acoplamento de

um módulo em camada delgada e em leito fixo. Para tal, foi construída uma célula metálica,

Page 53: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 3-Metodologia 51

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

com 13,7 cm de diâmetro e 1,5 cm de espessura, revestida por tela metálica nas extremidades

(Figura 3.2a). O material era disposto dentro da célula entre as telas e acoplado ao sistema de

secagem, conforme pode ser visto na Figura 3.2b. Cerca de 170 g do resíduo de maracujá

eram usados em cada corrida experimental. As condições experimentais estabelecidas nas

secagens foram: velocidade do ar de 1,08 m/s e temperatura do ar de secagem de 75°C, 95°C

e 115ºC. Tal temperatura foi monitorada e controlada pelo sistema de aquisição de dados e

controle, conforme mencionado previamente.

a) b)

Figura 3.2 – Configuração da célula para o leito fixo: a) sem material e b) com material.

Para obter as curvas de secagem, foram efetuadas pesagens do material durante o

processamento em intervalos de tempo pré-estabelecidos. Este procedimento foi conduzido

até o material alcançar resultado de pesagem com massa constante. Por fim, a célula era

colocada numa estufa com circulação de ar a 105ºC por 24 h para determinar o teor de

umidade final do material. A partir dos dados de pesagem coletados ao longo da secagem,

calculou-se a razão de umidade (RU) do material, segundo a Equação 3.13 e os resultados

foram ajustados com alguns modelos empíricos de cinética de secagem apresentados na

Tabela 3.1, sendo os parâmetros desses modelos obtidos por regressão não-linear através do

software STATISTICA 7.0.

S Sf

Si Sf

m mRU

m m

(3.13)

Page 54: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 3-Metodologia 52

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

Tabela 3.1 – Modelos empíricos para cinética de secagem.

Nome Modelo Equação do Modelo Referências

Henderson e Pabis )exp()( tkatRU Henderson & Pabis

(1961)

Lewis )exp()( tktRU Bruce (1985)

Page )exp()( ntktRU Page (1949)

Fick Simplificado ))/(exp()( 2LtbatRU Diamente & Munro

(1991)

* a, b, k e n são parâmetros dos modelos; t indica o tempo; e L é a espessura da camada.

Para avaliar a capacidade descritiva e de ajuste dos modelos, calculou-se: o coeficiente

de correlação (R2); o erro parcial médio (MSE), segundo a Equação 3.14; o erro médio

quadrático (RMSE), segundo a Equação 3.15; e o parâmetro qui-quadrado reduzido (χ2),

segundo a Equação 3.16.

, exp,

1

1( )

N

pred i i

i

MSE RU RUN

(3.14)

1

2

, exp,

1

1( )

N

pred i i

i

RMSE RU RUN

(3.15)

2

exp, ,2 1

( )N

i pred i

i

RU RU

N n

(3.16)

Sendo: RUexp,i e RUpred,i o valor experimental e predito da razão de umidade para a i-ésima

observação (adimensional); N o número de observações; n o número de parâmetros no

modelo.

3.4 - A unidade experimental de secagem

Neste estudo, os experimentos de secagem foram realizados num secador rotatório

preenchido com inertes (Figuras 3.3), instalado no Laboratório de Energia Alternativa e

Fenômenos de Transporte (LEAFT) do Departamento de Engenharia Química da UFRN.

Page 55: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 3-Metodologia 53

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

Figura 3.3 – Desenho esquemático do sistema experimental - secador rotatório.

O secador opera em fluxo concorrente, tendo-se a alimentação do gás de secagem na

mesma posição axial da alimentação do resíduo de sólido. O aquecimento do sistema ocorre

de modo direto, com o ar aquecido em contato com o material dentro do tambor rotatório e

ambos deslocando-se na mesma direção.

O secador rotatório, esquematizado na Figura 3.3, é composto basicamente por:

Tambor de secagem - é cilíndrico e inclinado 5° em relação à horizontal, com

diâmetro (Dc) e comprimento (L) de 15 cm e 60 cm, respectivamente. Ou seja, sua

característica dimensional é de L/Dc = 4. No interior do tambor, existem 03 suspensores

radiais fixos axialmente com 3 cm de altura. Adicionalmente, o tambor contém esferas (120

unidades) de Tecnil com diâmetro de aproximadamente 2,5 cm e densidade de 1175 kg/m3,

utilizadas para revolver o material e melhorar a homogeneização da secagem. O movimento

rotatório do secador é impulsionado pelo Motor 1 de potência 1 Cv, conectado ao tambor por

um conjunto de polias e correia. Para reduzir a rotação do motor, um inversor de frequência

(marca: Schneider; modelo: ATV12HO75M2) é utilizado;

Soprador de ar - soprador siroco (marca: Mofertec; modelo: VSM-07) com potência de

1 Cv, usado para alimentar o ar de secagem na velocidade de 1,08 m/s;

Trocador de calor - o ar de secagem, antes de ser alimentado no secador, passa por um

trocador de calor e é aquecido, por contato direto, através de 02 resistências elétricas aletadas

de 1500 watt cada;

Alimentador de rosca - o material para secagem é alimentado numa moega e

transportado até o secador por uma rosca sem fim, acionada por um motor de 1/4 Cv. A

rotação do alimentador de rosca é modulada por um inversor de freqüência (marca:

Telemecanique; modelo: ATV11HU18M2A);

Page 56: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 3-Metodologia 54

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

Bandeja coletora - o material, após passar pelo tambor rotatório, é descarregado numa

bandeja de coleta para ser pesado e amostrado;

Sistema de aquisição de dados e controle - o sistema de aquisição de dados e controle

é conectado a um computador, onde os sinais analógicos, provenientes dos sensores

(transmissores) de temperatura (termopares do tipo J) do ar na entrada/saída do secador e do

sensor (transmissor) de umidade (marca NOVUS, modelo RHT-DM) do ar na saída do

secador, são registrados em arquivo por um programa computacional implementado em

Fortran 90. O programa computacional também tem a função de controlar a temperatura do ar

de secagem que alimenta o secador. A tarefa de controle é executada a partir de uma

estratégia de malha feedback, operando com lei convencional de controle do tipo PI

(proporcional e integral). O valor desejado (set-point) da temperatura do ar de secagem é

estabelecido diretamente no programa computacional e este realiza os cálculos segundo a

equação do controlador PI, sendo as decisões de controle implementadas na forma de um sinal

eletrônico (0-5Vdc) que segue para um módulo de potência (marca NOVUS, M1252) que

atua modulando a potência das resistências elétricas. O sistema implementado para o controle

de temperatura do ar de secagem é hábil para manter a temperatura no valor desejado com

confiabilidade de ±1°C.

Na Figura 3.4, é apresentada uma foto real do secador onde é possível visualizar em

detalhes a configuração e a disposição dos equipamentos que compõem o sistema.

Figura 3.4 – Secador rotatório.

Page 57: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 3-Metodologia 55

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

3.5 - Condições experimentais

Em todos os experimentos de secagem, inicialmente, o soprador era ligado e o

programa computacional de aquisição de dados e controle era executado. O valor de set-point

de temperatura do ar de secagem (na alimentação) era estabelecido e o botão de comando de

controle automático era acionado. Ao iniciar a aquisição de dados e controle do sistema, todos

os dados eram armazenados em arquivo, registrando-se em tempo real com intervalo de

amostragem de 3s as temperaturas do ar (na entrada e na saída), o set-point, a umidade do ar

na saída e o percentual de atuação sobre as resistências. O sistema ficava em operação até que

as temperaturas do ar fossem estabilizadas. O resíduo do maracujá, previamente

descongelado, era pesado em balança com precisão de 10-2

g (modelo JH2102) e

posteriormente usado para alimentar o secador. A alimentação no secador só era iniciada

quando o sistema se encontrava no regime permanente. Em todos os casos, o tempo inicial de

partida do experimento foi considerado como o momento em que se iniciou a alimentação do

material.

Através do alimentador de rosca, o resíduo de maracujá era alimentado

intermitentemente de três maneiras diferentes: mantendo-se a alimentação ligada (on) por 5

minutos e desligada (off) por 5, 10 e 15 minutos. Os experimentos foram conduzidos em

condições de temperatura do ar de secagem (na entrada) de 75°C, 95°C e 115°C, e com

velocidade do ar de secagem estabelecida em 1,08 m/s. Uma repetição foi realizada no

experimento com a alimentação ligada 5 minutos e desligada 10 minutos a 95ºC, com a

finalidade de avaliar a reprodutividade dos dados. No total, foram realizados 10 ensaios, como

apresentado na Tabela 3.2. A rotação da rosca de alimentação e do tambor rotatório foi

mantida constante em aproximadamente 3,5 rpm e 15 rpm, respectivamente. Em cada

experimento, foi realizado um ciclo de 06 (seis) alimentações de 5 minutos, conforme a

intermitência admitida (Figura 3.5). No final da sexta alimentação, o material restante (in

natura) era pesado e subtraído da pesagem inicial, obtendo-se a quantidade de material

efetivamente alimentado durante o ensaio.

Vale destacar que as condições experimentais escolhidas para o presente estudo estão

baseadas em diferentes trabalhos publicados com o uso do secador rotatório para processar

resíduos de frutas. Perazzini (2011) avaliou a secagem de resíduo cítrico em secador rotativo

nas condições de temperatura entre 135 e 155ºC e velocidade do ar de secagem entre 1 e 2

m/s. Silva et al. (2016) avaliaram a secagem do resíduo da acerola, operando o secador

rotatório com temperaturas entre 70 e 159ºC e velocidade do ar de secagem entre 1,3 e 3,2

Page 58: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 3-Metodologia 56

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

m/s. Desta forma, os valores escolhidos no presente estudo experimental para a temperatura e

velocidade do ar de secagem estão compatíveis com as condições utilizadas pelos autores

citados acima. No que se refere à escolha dos intervalos para intermitência de alimentação, a

ideia foi avaliar intermitência curta, com características mais próximas de uma alimentação

contínua, bem como avaliar intermitências mais longas que permitisse verificar a evolução

dinâmica da resposta do secador após a alimentação. Testes preliminares foram realizados em

modo contínuo e em diferentes intervalos de intermitência. O comportamento mais estável de

operação do secador foi observado nas intermitências escolhidas para o presente estudo.

Tabela 3.2 – Conjunto de experimentos - condições operacionais.

Ar de secagem na entrada Alimentação de resíduo

Exp. Temperatura

(ºC) Velocidade

(m/s)

Intermitência

(min) Vazão

mássica

(g/min)

Massa

alimentada

(g) Ligada Desligada

1

75

5 5 76,41 2292,22

2 1,08 5 10 85,57 2567,06

3 5 15 76,86 2305,73

4

95 1,08

5 5 75,89 2276,81

5 5 10* 87,75 2632,56

6 5 10* 84,70 2540,96

7 5 15 93,14 2794,14

8

115 1,08

5 5 76,15 2284,54

9 5 10 87,15 2614,52

10 5 15 64,27 1928,15

(*) ensaios replicados

Page 59: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 3-Metodologia 57

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

Figura 3.5 – Gráfico esquemático dos ciclos (ligada:desligada) de alimentação: a) 5:5 min;

b) 5:10 min; c) 5:15 min.

Após o início da alimentação, a massa de resíduo descarregada na saída do secador era

amostrada (a cada 5 minutos) e pesada cumulativamente em uma balança com precisão de

10-2

g (modelo JH2102). As amostras eram armazenadas em recipientes e levadas para estufa a

105ºC durante 24h, com o objetivo de determinar a umidade do material em cada amostra

coletada no tempo. O experimento era finalizado quando a quantidade de material que saia do

secador era praticamente desprezível.

Ao final de cada ensaio de secagem, o sistema era encerrado, tomando-se o cuidado de

verificar se as resistências estavam chaveadas em “desligada” e deixando o soprador ligado

para resfriá-las.

Todos os dados obtidos do sistema de aquisição e controle eram salvos em arquivo

para posterior tratamento das informações.

Com o objetivo de inferir a produção de material no secador, utilizou-se dos dados da

massa cumulativa do material na descarga. A curva experimental de fração acumulada de

massa no tempo Frac(t) foi ajustada por regressão não-linear, a partir de uma rotina

computacional baseada no método de otimização de enxame de partículas (Swarm) que foi

implementada em Fortran 90 e usada para minimizar a função objetivo de mínimos

Page 60: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 3-Metodologia 58

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

quadrados durante a estimação dos parâmetros q e b da Equação 3.17. A partir da derivada da

Equação 3.17, que está representada pela Equação 3.18, foi possível inferir o valor da

produção (em kg/min) para o sistema.

(3.17)

(3.18)

Sendo: H(t) a função Heaviside.

3.6 - Modelo matemático do processo

Um modelo matemático foi desenvolvido e implementado com o propósito de

descrever dinamicamente o comportamento de resposta de um secador rotatório operando sob

alimentação intermitente de resíduo sólido de maracujá. O modelo implementado está

baseado nos balanços de massa e energia das fases sólido e gás (ar de secagem), resultando

num sistema de equações diferenciais parciais (EDP), onde as variáveis são dependentes tanto

do domínio do tempo (t) quanto do domínio do espaço (x) na direção da coordenada axial. As

variáveis descritas pelo modelo são: umidade do sólido (US), umidade do gás (UG),

temperatura do sólido (TS) e temperatura do gás (TG).

Os balanços de massa foram escritos na forma:

Balanço de água no sólido - admitiu-se os efeitos de dispersão axial e de convecção

para a umidade do sólido ao longo do secador, além da transferência de massa através da taxa

de secagem, conforme a Equação 3.19.

2

2( )S S S

S S v S G

U U UD v K A U U

t x x

(3.19)

sendo:

)1( SS

SG

(3.20)

2

3

( )

2

t b

qdFrac t b e

H t bdt q

( )

2

2

1 1( ) 1 1

2

t b

qFrac t e t b t b H t b

q q

Page 61: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 3-Metodologia 59

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

Onde: o primeiro termo (a esquerda da igualdade) corresponde ao acumulo; o termo da

derivada segunda leva em consideração a dispersão do sólido; seguido pelo termo convectivo

e a taxa de secagem (onde é um fator de correção usado para corrigir as unidades).

Como condição inicial (t = 0) do balanço de água no sólido, considerou-se que a

umidade do sólido encontra-se em equilíbrio com a umidade do gás, sendo que ao longo do

secador os sólidos presentes são apenas os inertes. Assim, no instante inicial a condição de

umidade do sólido é dada por:

0),0( GS UxU (3.21)

As condições de contorno do problema são escritas com base no fato de que a umidade

na entrada do secador (x = 0) é igual a umidade do sólido na alimentação e que não há

variação de umidade na saída do secador, ou seja:

0),(

)0,( 0

Lxtx

U

UxtU

S

SS

(3.22)

Balanço de água no gás - admitiu-se o efeito convectivo ao longo do secador para a

umidade do gás, bem como o efeito de transferência de massa pela taxa de secagem, conforme

Equação 3.23.

( )G G S vG S G

U U K Av U U

t x

(3.23)

Onde: o primeiro termo (a esquerda da igualdade) corresponde ao acumulo; seguido pelo

efeito convectivo e a taxa de secagem.

A condição inicial referente ao balanço de água no gás foi escrita admitindo que a

umidade do gás ao longo de todo o secador é igual à própria umidade do gás na alimentação,

sendo:

0),0( GG UxU (3.24)

E na condição de contorno a umidade do gás na entrada do secador é igual à umidade

do gás na alimentação, ou seja:

0( ,0)G GU t U (3.25)

Page 62: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 3-Metodologia 60

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

Os balanços de energia foram escritos na forma:

Balanço de energia para o sólido - admitiu-se a presença de inertes no termo de

acúmulo (considerando a temperatura dos inertes igual à temperatura do sólido, como se

ambos estivessem em equilíbrio térmico). Além disso, admitiu-se que a troca de calor entre o

gás e o sólido foi do tipo convectiva e que a taxa de secagem resultou em calor sensível e

latente para a água presente no sólido (Equação 3.26).

(1 ) ( ) (1 ) ( )

( ( *) ( *)) ( (1 ) )

S Si i S S S S S S v G S

V G L S S v S S G G

T TCp Cp Cp v h A T T

t x

Cp T T Cp T T K A U U

(3.26)

Onde: o primeiro termo (a esquerda da igualdade) corresponde ao acumulo; seguido pela

variação de entalpia no espaço; transferência convectiva e a transferência de calor devido a

taxa de secagem.

Balanço de energia para o gás - admitiu-se que o gás, além de trocar energia com o

sólido, também perde energia para o ambiente externo através da parede do tambor rotativo na

forma de um coeficiente global de transferência de calor, visto que este não é isolado

termicamente, conforme a Equação 3.27.

( )

( ( *)) ( (1 ) ) ( )

G GG G G G G G v G S

V G S v S S G G G amb

x

T TCp Cp v h A T T

t x

AcCp T T K A U U U T T

V

(3.27)

Onde: o primeiro termo (a esquerda da igualdade) corresponde ao acumulo; seguido pela

variação de entalpia no espaço; transferência convectiva; transferência de calor pela secagem

e a perda de calor para o meio ambiente.

As condições iniciais referentes aos balanços de energia para o sólido e gás foram

obtidas com base no procedimento de partida do secador. Tal procedimento consiste em

acionar o secador sem alimentação de sólidos até que o mesmo atinja uma condição de estado

estacionário. Desta forma, a inicialização consistente foi feita com o cálculo do estado

estacionário a partir dos próprios balanços de energia, desconsiderando o termo referente à

taxa de secagem, já que não havia material a secar. A resolução dos balanços foi feita até um

tempo suficiente (t = ∞) para assegurar a resposta do estado estacionário (Equação 3.28).

Page 63: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 3-Metodologia 61

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

),(),0(

),(),0(

xTxT

xTxT

GEEG

SEES (3.28)

Na condição de partida, para obter a resposta do estado estacionário inicial, a

temperatura do gás na entrada do secador (x = 0) foi considerada igual à temperatura

estabelecida como set-point e, ao longo do secador (x ≠ 0), a temperatura do gás foi

considerada a própria temperatura ambiente. Para os sólidos (inertes), a temperatura foi

admitida como sendo a temperatura ambiente, conforme Equação 3.29.

ambSEE

ambGEE

GGEE

TxT

TxT

TxT

),0(

)0,0(

)0,0( 0

(3.29)

Adicionalmente, um balanço global de massa (Equação 3.30) foi escrito com o

objetivo de avaliar dinamicamente a produção de descarga de material no secador, já que esta

foi quantificada de forma acumulada com o tempo.

2

2( )T T T T

S S v S G

S

m m m mD v K A U U

t x x U

(3.30)

Como condição inicial (t = 0), admitiu-se que não havia material no interior do

secador (somente inertes), de modo que a condição fica:

0),0( xmT (3.31)

Para as condições de contorno, admitiu-se que a alimentação foi feita de forma

intermitente na entrada do secador (x = 0). Logo, quando a alimentação estava no status de

ligada (On), tinha-se a vazão mássica qs, enquanto que quando estava no status desligada

(Off), a vazão mássica era zero. Também admitiu-se que na saída do secador (x = L) não há

variação de massa. Desta forma, as condições de contorno são dadas por:

," "( , 0)

0," "

( , ) 0

s

T

T

q ligadam t x

desligada

mt x L

x

(3.32)

Page 64: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 3-Metodologia 62

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

3.6.1 - Avaliação do coeficiente global de perda de calor (U)

Um teste experimental foi realizado com o secador rotatório operando apenas com a

alimentação do ar de secagem e sem alimentação de resíduos. O propósito deste teste foi

verificar o comportamento da temperatura ao longo do secador, desde o momento da partida

até o instante em que o mesmo atinge o estado estacionário. A temperatura ao longo do

secador foi monitorada em tempo real, usando-se uma câmara termográfica modelo FLIR-

A300 conectada a um computador, onde é processado um software que registra a temperatura

da superfície em 04 posições axiais do tambor rotatório, além de registrar o sistema na forma

de imagem térmica usando esquemas de cores. A temperatura da superfície foi medida pela

câmara em quatro posições: T1 – temperatura medida na superfície onde o termopar mede a

temperatura do ar para efeito de controle; T2 – temperatura da superfície na entrada do

secador considerada como a posição x = 0; T3 – temperatura da superfície na região central

aproximadamente na posição x = 0,25 m; T4 – temperatura da superfície na saída do secador

na posição x = 0,6 m.

O teste foi conduzido partindo-se da temperatura ambiente e estabelecendo

inicialmente a temperatura do ar na entrada do secador em 95°C. Os dados foram coletados

até o instante em que o perfil de temperatura registrado pela câmera termográfica não

apresentou alteração. Na sequência, a temperatura foi alterada de 95°C para 75°C e, em

seguida, de 75°C para 115°C, tendo o perfil térmico sido registrado com a câmera

termográfica no instante em que atingiu o estado estacionário em cada mudança. A partir dos

dados de temperatura do gás (coletados por termopares na entrada e saída do secador) e dos

dados da temperatura do tambor rotatório (coletados através da câmera termográfica), foi

utilizada uma abordagem simplificada de cálculo para inferir o valor do coeficiente global de

perda de calor (U).

Inicialmente, a energia adicionada pelo ar aquecido foi calculada na forma:

0G G G G GSQ v Ac Cp T T

(3.33)

Em seguida, a diferença entre a temperatura do gás e a temperatura da parede do

cilíndro rotatório foi calculada na entrada e na saída do secador, por:

0entrada G CE

saída GS CS

T T T

T T T

(3.34)

Page 65: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 3-Metodologia 63

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

Por aplicar a abordagem da média logarítmica das diferenças de temperatura (LMTD),

foi possível inferir o coeficiente global de perda de calor, como segue:

entrada

saída

entradasaída

T

Tln

TTLMTD

(3.35)

LMTDLDc

QU

(3.36)

3.6.2 - Método numérico para a resolução do modelo

O método das linhas foi aplicado ao modelo matemático desenvolvido, com o objetivo

de transformar o sistema de equações diferenciais parciais (Equações 3.19, 3.23, 3.26, 3.27 e

3.30), resultante dos balanços de massa e energia do processo, num sistema de equações

diferenciais ordinárias de 1a ordem.

Para implementar o método das linhas, as equações de balanço foram discretizadas por

diferenças finitas (central e regressiva) no domínio espacial, utilizando-se n = 30 pontos de

discretização na direção axial (x) do secador, o que resulta num passo de discretização

espacial com x = 0,02 m. A aplicação do método das linhas sobre os balanços resultou num

sistema com 150 EDOs na variável independente tempo e na base dos "n" pontos de

discretização na coordenada espacial.

A resolução do sistema de EDOs foi feita pela implementação de uma rotina

computacional escrita na linguagem Fortran e utilizando uma subrotina DASSL (Petzold et

al., 1989) para a resolução numérica do problema. Um mapeamento geral das variáveis do

sistema de EDOs pode ser melhor observado na Figura 3.6.

Page 66: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 3-Metodologia 64

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

Figura 3.6 – Mapeamento geral das variáveis do sistema de EDOs.

Na resolução do modelo, alguns parâmetros foram estabelecidos diretamente de

acordo com as condições de processamento, sendo estes:

- densidade do ar: ρG = 1,1624 kg/m3;

- capacidade calorífica do ar: CpG = 1005,7 J/(kg∙K);

- capacidade calorífica do vapor de água: CpV = 1864,7 J/(kg∙K);

- capacidade calorífica da água líquida: CpL = 4178 J/(kg∙K);

- capacidade calorífica do inerte: Cpi = 1700 J/(kg∙K);

- calor latente de vaporização: λ = 2,25∙106 J/kg;

- temperatura de referência: T* = 273 K.

Outros parâmetros foram obtidos a partir ou de medições diretas, ou inferências

indiretas ou regressão com dados de umidade (conforme apresentado no Apêndice A), sendo:

- velocidade do ar: vG = 1,08 m/s;

- porosidade do leito de inertes: ɛ = 0,907;

- densidade real do sólido: ρS = 1000∙(0,0683∙US + 0,9558) Kg/m3;

- porosidade do sólido: ɛS = -0,2603∙US + 0.608;

- capacidade calorífica do sólido: CpS = CpS0 + (US - US0)∙(CpSf - CpS0)/( USf - US0)

J/(kg∙K);

- capacidade calorífica do sólido úmido: CpS0 = 1990 J/(kg∙K);

- capacidade calorífica do sólido seco: CpSf = 797 J/(kg∙K);

- umidade do sólido in natura (b.s.): US0 ≈ 1,238 (o valor muda entre experimentos

de acordo com cada amostra utilizada);

- umidade do sólido seco (b.s.): USf = 0,004.

Demais parâmetros foram atribuídos de acordo com a condição experimental

executada, tais como: vazão de alimentação (qS), temperatura do ar na entrada (TG0), umidade

Page 67: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 3-Metodologia 65

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

do sólido na entrada do secador (US0), umidade do ar na entrada (UG0) e a temperatura

ambiente no inicio de cada experimento (Tamb).

Os parâmetros desconhecidos do modelo foram estimados com base na minimização

da função objetivo mínimos quadrados, utilizando-se o método estocástico chamado Particle

Swarm Optimization (PSO), conhecido como método de enxame de partículas (Kennedy,

1995), para minimizar a função objetivo.

Para estimar a dispersão axial (D), a velocidade do sólido (vs) e o grupo (KS∙Av)

relativo à constante de secagem, foi utilizada a função objetivo do tipo mínimos quadrados

ponderados (com ponderação do inverso do máximo valor experimental), representada pela

Equação 3.37. Os dados experimentais (exp.) e calculados (calc.) considerados na função

objetivo foram da umidade do sólido (US) e do gás (UG) na saída do secador (posição axial

"n").

exp

1

2

.exp.

.exp

exp

1

2

.exp.

.exp

11 n

i

Gn

calc

Gn

Gn

n

i

Sn

calc

Sn

Sn

UU

Umáx

UU

Umáx

FO (3.37)

Para estimar o coeficiente global de perda de calor (U) e o grupo (h∙Av) referente à

troca convectiva de calor, foi utilizada a função objetivo de mínimos quadrados (Equação

3.38), considerando os dados experimentais (exp.) e calculados (calc.) da temperatura do gás

(TG) na saída do secador (posição axial "n").

exp

1

2

.exp.

n

i

Gn

calc

Gn TTFO (3.38)

3.7 - Simulações exploratórias usando o modelo matemático ajustado

A partir do modelo matemático do secador e admitindo os parâmetros ajustados para

as condições experimentais estudadas, buscou-se realizar simulações em diferentes vazões de

alimentação do material, tanto em regime contínuo quanto intermitente. O propósito principal

com estas simulações exploratórias foi avaliar qual o comprimento adequado para que o

secador produza o material seco dentro de uma especificação de umidade do produto e na

melhor condição de produção.

Page 68: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 3-Metodologia 66

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

O tambor rotatório do equipamento utilizado neste trabalho apresenta uma razão entre

comprimento e diâmetro (L/Dc) igual a 4,0 e, por não ter um comprimento maior, há uma

tendência de que o material na descarga do mesmo apresente umidade superior ao que

geralmente é sugerido para produtos agrícolas (entre 8% a 12% b.u. ou 0,087 a 0,136 b.s.).

Desta forma, considerando que o resíduo de maracujá usado como matéria prima neste estudo

pode ser aplicado, entre outras possibilidades, na formulação de ração animal, então é

desejável que após o processamento de secagem a sua umidade esteja especificada de acordo

com os valores acima mencionados. Adicionalmente, é de interesse que a máxima quantidade

de material possa ser processada, garantindo a qualidade de especificação da umidade do

produto com uma maior produtividade.

Diante destes aspectos apresentados, foram realizadas simulações com o modelo

matemático ajustado, explorando diferentes condições de temperatura (75, 95 e 115°C) e

vazão de sólido (80, 800 e 8000 g/min) na alimentação do secador, tanto em modo contínuo

como em modo intermitente (nas condições estudadas experimentalmente). Também foi

especificado que a umidade do material na descarga deve ser de 10% b.u. ou 0,11 b.s.. Além

disso, as simulações foram conduzidas até um tempo suficiente para que a umidade do

material na descarga do secador alcance o regime estacionário. Como resposta das

simulações, buscou-se calcular o valor de L/Dc capaz de garantir as condições definidas.

Assim, o modelo matemático foi usado de modo exploratório para uma avaliação de projeto.

Page 69: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

CAPÍTULO 4

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Page 70: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 4- Resultados e discussão 68

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

4. Resultados e discussão

Neste capítulo são apresentados e discutidos os resultados gerais do presente trabalho,

iniciando-se pela caracterização físico-química e bromatológica do resíduo de maracujá in

natura e após o processo de secagem. Também, são apresentados os resultados obtidos com

os ensaios de secagem em camada delgada para o resíduo de maracujá. Por fim, é feita uma

análise comparativa dos dados experimentais com as respostas do modelo matemático

ajustado para descrever o comportamento dinâmico do secador rotatório operando em

diferentes condições.

4.1 - Análise físico-química e bromatológica do resíduo de maracujá

Os valores médios de parâmetros físico-químicos analisados com o resíduo do

maracujá in natura e seco a 105ºC são apresentados na Tabela 4.1. Tais parâmetros foram

avaliados com o objetivo de obter informações de propriedades do material que são

fundamentais para aplicação em modelos matemáticos com base fenomenológica. Segundo os

resultados da Tabela 4.1, nota-se que, com a perda da umidade, houve um aumento no valor

da porosidade do material e uma redução nos valores das outras propriedades avaliadas. Tais

resultados corroboram com a idéia de que as propriedades físico-químicas estão efetivamente

correlacionadas com a umidade do material, sendo estas informações importantes para as

considerações do modelo matemático do sistema.

Tabela 4.1 – Caracterização físico-química do resíduo de maracujá “in natura” e seco a

105 ºC.

Parâmetro In natura Seco a 105º C

Teor de Umidade (b.s.) 1,238 0,004

Massa Específica Aparente (kg/m3) 725 382

Massa Específica Real (kg/m3) 1035,714 956,26

Calor Específico (J/kgºC) 1990,00 797,00

Porosidade 0,3 0,6

Os resultados das análises bromatológicas do resíduo de maracujá in natura obtidos

neste trabalho, bem como os resultados obtidos por outros autores, estão apresentados na

Tabela 4.2. Os dados reportados por Vieira et al. (1999) dizem respeito à avaliação

Page 71: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 4- Resultados e discussão 69

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

bromatológica do resíduo formado basicamente pela casca de maracujá das espécies amarela

(Passiflora edulis f. Flavicarpa Degener), roxa (Passiflora edulis Sims) e doce (Passiflora

alata). No estudo desenvolvido por Lousada Jr et al. (2006), o valor nutritivo de subprodutos

da indústria processadora de frutas foi avaliado e os resíduos foram submetidos ao processo

de secagem solar até atingirem um teor de umidade entre 13 e 16%. No caso específico do

resíduo do maracujá, o teor de 22,78% de carboidratos não fibrosos (CNF) demonstrou que tal

resíduo pode ser utilizado como fonte de alimentação animal, apresentando valor de CNF

semelhante aos alimentos tradicionalmente utilizados, tais como: farelo de algodão (19,21%),

glúten de milho (19,98%) e casca de soja (17,65%). Cabe aqui destacar que a análise

bromatológica do resíduo utilizado no presente estudo apresentou um teor de CNF de 33,61%,

valor este superior ao encontrado por Lousada Jr et al. (2006). Avaliando-se o teor de proteína

bruta, nota-se que tal resíduo apresenta um valor de 14,77%, podendo este ser considerado

uma importante fonte protéica para nutrição animal, já que possui em sua composição

quantidade significativa de carboidratos, proteínas e fibras. De modo geral, as características

bromatológicas obtidas neste estudo estão em consenso com os resultados verificados por

outros autores, como mostrado na Tabela 4.2.

Tabela 4.2 – Caracterização bromatológica do resíduo de maracujá “in natura”.

Propriedade Bromatológica Presente

Estudo

Lousada Jr

et al. (2006)

Vieira

et al. (1999)

Matéria Seca (%) 14,13 83,33 10,78

Matéria Mineral (cinzas) (%) 7,79 9,84 -

Extrato Etéreo (%) 1,19 1,00 -

Proteína Bruta (%) 14,77 12,36 9,82

Fibra em Detergente Ácido (%) 39,52 48,9 35,06

Fibra em Detergente Neutro (%) 42,64 56,15 44,16

Proteína Insolúvel em Detergente Ácido (%) 0,42 - -

Proteína Insolúvel em Detergente Neutro (%) 0,55 - -

Carboidratos Totais (%) 76,25 76,80 -

Carboidratos Não Fibrosos (%) 33,61 22,78 -

Lignina (%) 6,47 9,46 -

Celulose (%) 33,04 39,35 -

Hemicelulose (%) 3,12 10,25 -

Nutrientes Digestíveis Totais (%) 60,56 - -

Energia Digestível (kcal/kg) 2,67 - -

Page 72: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 4- Resultados e discussão 70

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

4.2 - Resultados do ensaio de secagem em camada delgada

Com o propósito de avaliar a cinética de secagem do resíduo de maracujá, foram feitas

secagens convectivas do material em camada delgada (com espessura de 1,5 cm) nas

temperaturas de 75°C, 95ºC e 115ºC, com velocidade do ar de 1,08 m/s. Os resultados das

curvas de secagens na forma adimensional da Razão de Umidade (RU) em função do tempo

foram ajustados aos seguintes modelos empíricos de cinética de secagem: Lewis; Page;

Henderson & Pabis; e Fick Simplificado. Na Figura 4.1, é possível observar que a secagem

ocorre tanto no período de taxa constante como decrescente, resultado este análogo ao

encontrado por Ferreira et al. (2012) na secagem do bagaço de uva, Furtado et al. (2010) na

secagem de seriguela e Ceyton et al. (2007) na secagem de kiwi, abacate e banana. Também,

nota-se que a dinâmica da curva de secagem está diretamente relacionada com o único fator

modificado que foi a condição de temperatura. De modo evidente, o tempo de secagem foi

menor quanto maior foi a temperatura. Pode-se ainda destacar de forma comparativa (Figuras

4.1), que os dados experimentais foram adequadamente ajustados por todos modelos testados.

a)

b)

c)

Figura 4.1 – Secagem em camada delgada do resíduo de maracujá nas temperaturas de: a)

75°C; b) 95°C e c) 115°C.

0 50 100 150

0,0

0,5

1,0

RU

Tempo (min)

Experimental

Lewis

Page

Hend.ePabis

FickSimplificado

0 50 100 150

0,0

0,5

1,0

RU

Tempo (min)

Experimental

Lewis

Page

Hend.ePabis

FickSimplificado

0 50 100 150

0,0

0,5

1,0

RU

Tempo (min)

Experimental

Lewis

Page

Hend.ePabis

FickSimplificado

Page 73: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 4- Resultados e discussão 71

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

Nas Tabelas 4.3 a 4.5, são apresentados os valores dos parâmetros estimados para os

modelos empíricos da cinética de secagem, bem como os seguintes coeficientes de

determinação que inferem a qualidade do ajuste destes modelos: R2, MBE, RMSE e χ

2.

Analisando-se os parâmetros dos modelos, fica claro que os modelos a dois parâmetros (Page;

Henderson & Pabis; e Fick Simplificado), tendem a resultar no modelo a um parâmetro de

Lewis de forma praticamente equivalente. Tal comportamento de equivalência pode ser ainda

evidenciado pela similaridade dos coeficientes de determinação de todos os modelos e

demonstram que os ajustes foram adequados. Adicionalmente, avaliando-se a constante de

secagem (k) do modelo de Lewis, verifica-se pela Figura 4.2 que a constante k mudou

linearmente com a temperatura, o que ratifica o efeito de dependência da dinâmica de

secagem com a temperatura.

Tabela 4.3 – Parâmetros dos modelos de cinética de secagem à temperatura 75ºC.

Modelos Parâmetros R2

MBE RMSE χ2

Lewis k 0,0836 ± 0,0012 0,9984 -0,0066 0,0811 0,00012

Page k 0,0943 ± 0,0056

0,9987 -0,0051 0,0715 0,00010 n 0,9555 ± 0,0228

Henderson e

Pabis

a 0,9944 ± 0,0102 0,9984 -0,0068 0,0824 0,00013

k 0,0832 ± 0,0015

Fick

Simplificado

a 0,9945 ± 0,0102 0,9984 -0,0068 0,0823 0,00013

b 0,1871 ± 0,0034

Tabela 4.4 – Parâmetros dos modelos de cinética de secagem à temperatura 95ºC.

Modelos Parâmetros R2

MBE RMSE χ2

Lewis k 0,1040 ± 0,0014 0,9988 -0,0053 0,0726 0,00009

Page k 0,1118 ± 0,0072

0,9989 -0,0044 0,0666 0,00008 n 0,9710 ± 0,0251

Henderson e

Pabis

a 0,9978 ± 0,0090 0,9988 -0,0053 0,0732 0,00009

k 0,1038 ± 0,0017

Fick

Simplificado

a 0,9978 ± 0,0090 0,9988 -0,0054 0,0732 0,00009

b 0,2336 ± 0,0038

Page 74: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 4- Resultados e discussão 72

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

Tabela 4.5 – Parâmetros dos modelos de cinética de secagem à temperatura 115ºC.

Modelos Parâmetros R2

MBE RMSE χ2

Lewis k 0,1270 ± 0,0008 0,9998 -0,0022 0,0470 0,00002

Page k 0,1239 ± 0,0038

0,9998 -0,0024 0,0495 0,00002 n 1.0106 ± 0,0131

Henderson e

Pabis

a 1,0013 ± 0,0039 0,9998 -0,0021 0,0463 0,00002

k 0,1272 ± 0,0009

Fick

Simplificado

a 1,0014 ± 0,0039 0,9998 -0,0021 0,00463 0,00002

b 0,2861 ± 0,0021

Figura 4.2 – Análise de tendência do parâmetro k do modelo de Lewis com a temperatura.

4.3 - Resultados da análise termográfica e inferência da perda de calor para

o ambiente

Com o uso de uma câmera termográfica foi possível mapear, na forma de imagens, a

temperatura da superfície do secador operando sem alimentação de material e só com

alimentação do ar de secagem. Na Figura 4.3, são apresentadas as imagens coletadas pela

câmera termográfica para o teste realizado com a temperatura do ar de secagem ajustado em

95°C. Nota-se que na partida do secador (t = 0 min), a imagem está completamente

caracterizada com cores frias (azul, lilás, rosa), indicando que todo o sistema encontra-se

praticamente na mesma temperatura, ou seja, na temperatura ambiente. Após 10 minutos de

operação, nota-se que na temperatura da superfície T1 (medida onde é feita a tomada de

temperatura do ar de secagem pelo termopar para efeito de controle) a superfície apresenta-se

mais aquecida, demosntrando cores quentes (vermelha, amarela e verde). Também na

0,07

0,08

0,09

0,1

0,11

0,12

0,13

0,14

60 70 80 90 100 110 120

Pa

râm

etro

k (

min

-1)

Temperatura (ºC)

y = a∙xa = 0,0011 ± 0,00001

R2 = 0,994

Page 75: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 4- Resultados e discussão 73

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

temperatura da superfície T2 (entrada do secador), nota-se um aquecimento da superfície pela

cor verde, sendo de menor intensidade que na temperatura da superfície T1. Ao longo das

outras regiões axiais do secador, a cor azulada é predominante, indicando que ainda não

houve significativo aquecimento da superfície. No tempo de 30 min é possível observar cores

mais intensas de aquecimento tanto na temperatura da superfície T2 quanto na temperatura da

superfície T4 (na saida do secador), ficando a região central ligeiramente menos aquecida. Por

fim, no tempo de 60 min, observou-se que a intensidade de cores atingiu um estado

permanente, tendo-se as temperaturas da superfície T2 e T4 mais cores quentes, enquanto a

região central apresentou uma característica de cores mais frias. Desta forma, é possível dizer

que na região central a perda de calor para o ambiente foi mais significativa do que a entrada

e saída do secador, demosntrando haver neste sistema um perfil de transferência de calor para

o ambiente externo.

a)

b)

c)

d)

Figura 4.3 - Imagens da câmera termográfica coletadas nos tempos: a) 0 min; b) 10 min; c) 30

min e d) 60 min.

Page 76: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 4- Resultados e discussão 74

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

Usando o software de coleta de dados da câmera termográfica, foi possível registrar a

temperatura nas posições mencionadas previamente. Na Figura 4.4, tem-se a evolução da

temperatura da superfície do cilindro nas temperaturas da superfície T1, T2, T3 e T4 para o

teste realizado com a temperatura do ar de secagem ajustado em 95°C. É possível observar

que na temperatura da superfície T1, a superfície atinge os maiores valores de temperatura,

atingindo o estado estacionário de 52°C em aproximadamente 40 minutos. Nas temperaturas

da superfície de entrada e saída do secador (T2 e T4, respectivamente), o perfil de temperatura

é bastante similar, sendo a temperatura em T2 ligeiramente superior a de T4, porém com um

comportamento flutuante no período próximo ao estado estacionário (após 40 min). Na

temperatura da superfície central do secador, observa-se pelo perfil em T3 que esta região

apresenta temperatura mais baixa e tal fato pode estar relacionado a maior exposição da

superfície metálica com a temperatura ambiente, enquanto na entrada e saída (T2 e T4) a

superfície do tambor rotatório encontra-se em contato com suportes de Tecnil que age

indiretamente isolando a temperatura da superfície com o meio externo. Na Figura 4.5,

gráfico de barras, é possível notar que em diferentes tempos de amostragem (10, 30 e 60 min)

o perfil de temperatura passa por um mínimo na tomada de temperatura T3, demonstrando

que há de fato um perfil de temperatura na superfície do secador ao longo da coordenada

axial.

Figura 4.4 - Evolução da temperatura da superfície do secador com o tempo medida pela

câmera termográfica nas 04 posições estabelecidas.

20

25

30

35

40

45

50

55

60

0 10 20 30 40 50 60

Tem

per

atu

ra (º

C)

Tempo (min)

T1 T2 T3 T4

Page 77: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 4- Resultados e discussão 75

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

Figura 4.5 – Gráfico de barras da temperatura da superfície do secador com o tempo medida

pela câmera termográfica nas 04 posições estabelecidas.

O cálculo do coeficiente global de perda de calor (U), com o sistema sem carga de

material, foi realizado conforme a abordagem LMTD - média logaritmica das diferenças de

temperatura (Equações 3.33 a 3.36). A Tabela 4.6 apresenta o valor medido das temperaturas

na entrada e saída do secador (tanto para o gás como para a superfície do cilindro), bem como

o resultado calculado do coeficiente global de perda de calor. Nota-se que, nas diferentes

condições de temperatura ajustadas como set-point, o coeficiente U apresentou uma

correlação de dependência crescente com a temperatura. Isto se deve ao fato de que o

coeficiente U é influenciado pelos efeitos convectivos da parte interna e externa à parede do

tambor rotatório. Como as propriedades do fluído (tais como: densidade, viscosidade, calor

específico, etc.) que passa na parte interna do secador apresentam mudanças com a

temperatura ao longo do secador, então estas mudanças também conduzem a uma

correspondência do coeficiente U com a temperatura.

Tabela 4.6 - Dados experimentais para o cálculo do U pela abordagem LMTD.

TSP (ºC) TGE (ºC) TGS (ºC) TCE (ºC) TCS (ºC) U - LMTD (W/m2∙K)

75 75,6 64,2 49,3 43 38,0

95 95,7 76,7 53,6 49,2 43,7

115 115,5 89,5 66,1 55,3 49,6

4.4 - Resultados do modelo matemático versus dados experimentais

Neste estudo, o modelo matemático implementado com o propósito de avaliar o

comportamento dinâmico da secagem do resíduo de maracujá num secador rotatório,

0

10

20

30

40

50

60

T1 T2 T3 T4

Tem

per

atu

ra (º

C)

t = 0 min t = 10 min t = 30 min t = 60 min

Page 78: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 4- Resultados e discussão 76

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

operando em regime intermitente de alimentação, foi ajustado com dados experimentais

obtidos com o referido equipamento, tendo-se como resposta comparativa: a umidade do

sólido e do gás na saída do secador; a temperatura do gás na saída do secador; e a produção de

sólidos na descarga do equipamento.

Nas Figuras 4.6, 4.7 e 4.8, estão apresentados os resultados da evolução da umidade

do sólido na descarga do secador, nas três condições de intermitência de alimentação do

material, ou seja, com alimentação ligada por 5 minutos e desligada por 5 minutos (Figura

4.6); com alimentação ligada por 5 minutos e desligada por 10 minutos (Figura 4.7); e com

alimentação ligada por 5 minutos e desligada por 15 minutos (Figura 4.8). Em cada condição

de intermitência, foram realizadas secagens nas condições de 75°C, 95°C e 115°C.

Em geral, nota-se que a dinâmica da umidade do sólido na descarga do secador é

influenciada diretamente tanto pela intermitência de alimentação quanto pela temperatura do

ar de secagem. Quanto menor é o período de intermitência (Figura 4.6), mais rápida é a

resposta para atingir o valor estacionário, sendo tal comportamento ainda mais acentuado nas

maiores temperaturas. É interessante observar que, na maior intermitência (Figura 4.8), a

resposta da umidade apresenta um perfil cíclico que caracteriza o efeito dos seis pulsos na

alimentação do material, não sendo possível visualizar claramente tal perfil nos menores

valores de intermitência (Figuras 4.6 e 4.7). No que se refere ao efeito da temperatura, como

já esperado, há uma tendência de que na maior temperatura o sólido atinja os valores mais

baixos de umidade na região de resposta dinâmica do perfil. No entanto, nas temperaturas de

95°C e 115°C, não há significativas diferenças no comportamento de resposta da umidade, o

que leva a presumir uma conservação do efeito da temperatura a partir de 95°C.

Em termos comparativos, é possível observar que o modelo matemático ajustou

adequadamente a resposta da umidade do sólido na descarga do secador com os dados

experimentais. Na maioria dos casos, é possível observar uma diferença sistemática entre o

resultado do modelo e os dados experimentais durante os primeiros minutos de resposta. Esta

diferença se deve provavelmente ao fato de que, no início do processamento, o secador

encontra-se carregado apenas com os inertes e apresenta um maior volume de vazios. Assim,

o gás de secagem tende a arrastar uma pequena fração de sólido úmido, durante

aproximadamente os primeiros 10 minutos, resultando na contaminação das amostras de

sólidos na descarga do secador. Isto explica a maior umidade do sólido para a resposta

experimental dentro deste intervalo inicial.

Page 79: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 4- Resultados e discussão 77

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

a)

b)

c)

Figura 4.6 – Variação da umidade do sólido na saída do secador - alimentação 5 min ligada e

5 min desligada. Secagem a: a) 75ºC; b) 95ºC e c) 115ºC.

a)

b)

c)

d)

Figura 4.7 – Variação da umidade do sólido na saída do secador - alimentação 5 min ligada e

10 min desligada. Secagem a: a) 75ºC; b) 95ºC; c) 95ºC e d) 115ºC.

0 50 100 150 200

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Um

idade d

o S

olid

o (

b.s

.)

Tempo (min)

Experimental

Modelo

0 50 100 150 200

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Um

idade d

o S

olid

o (

b.s

.)

Tempo (min)

Experimental

Modelo

0 50 100 150 200

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Um

idade d

o S

olid

o (

b.s

.)

Tempo (min)

Experimental

Modelo

0 50 100 150 200

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Um

idade d

o S

olid

o (

b.s

.)

Tempo (min)

Experimental

Modelo

0 50 100 150 200

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Um

idade d

o S

olid

o (

b.s

.)

Tempo (min)

Experimental

Modelo

0 50 100 150 200

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Um

idade d

o S

olid

o (

b.s

.)

Tempo (min)

Experimental

Modelo

0 50 100 150 200

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Um

idade d

o S

olid

o (

b.s

.)

Tempo (min)

Experimental

Modelo

Page 80: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 4- Resultados e discussão 78

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

a)

b)

c)

Figura 4.8 – Variação da umidade do sólido na saída do secador - alimentação 5 min ligada e

15 min desligada. Secagem a: a) 75ºC; b) 95ºC e c) 115ºC.

Nas Figuras 4.9, 4.10 e 4.11, apresenta-se a evolução da umidade absoluta do gás de

secagem na saída do secador, medida em tempo real durante cada experimento nas diferentes

condições de temperatura e de intermitência na alimentação do material. Conforme os perfis

de resposta, nota-se que o comportamento da umidade do gás, frente à intermitência de

alimentação do material no secador, demonstra uma subida inicial logo após a alimentação do

material, passando por um máximo até retornar para uma condição mais baixa de umidade.

Tal comportamento se repete nos demais ciclos de alimentação e foi verificado em todos os

casos de intermitência estudados, diferente da umidade do sólido, onde tal comportamento só

foi verificado claramente nos experimentos com maior intermitência.

O acompanhamento da evolução da umidade do gás (Figuras 4.9 a 4.11) pode ser

considerado mais efetivo do que o da umidade do sólido (Figuras 4.6 a 4.8) em razão da taxa

de amostragem do sensor de umidade do gás ter sido estabelecida na ordem de segundos

(praticamente em tempo real), enquanto a umidade do sólido foi medida por amostragem do

material na ordem de minutos. Assim, na menor intermitência onde a dinâmica de resposta é

mais rápida, não foi possível acompanhar a evolução cíclica da umidade do sólido (Figura

4.6) devido à baixa taxa de amostragem, ao contrário da umidade do gás (Figura 4.9), onde tal

comportamento foi claramente observado.

0 50 100 150 200

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Um

idade d

o S

olid

o (

b.s

.)

Tempo (min)

Experimental

Modelo

0 50 100 150 200

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Um

idade d

o S

olid

o (

b.s

.)

Tempo (min)

Experimental

Modelo

0 50 100 150 200

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Um

idade d

o S

olid

o (

b.s

.)

Tempo (min)

Experimental

Modelo

Page 81: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 4- Resultados e discussão 79

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

Quando se avalia o efeito da intermitência nas respostas da umidade do gás, pode-se

observar, como esperado, que a dinâmica é mais rápida quanto menor é a intermitência. Na

menor intermitência (Figura 4.9), os ciclos de resposta terminaram em aproximadamente 75

minutos. Na intermitência mediana (Figura 4.10), os ciclos de resposta foram até cerca de 100

minutos, enquanto na maior intermitência (Figura 4.11) os mesmos chegaram a 125 minutos.

No que diz respeito ao efeito da temperatura, nota-se que foi na menor temperatura de

secagem (75°C) que as menores amplitudes das respostas cíclicas foram registradas para os

valores da umidade do gás. Tal fato é decorrência de que, quanto menor é a temperatura,

menor é a taxa de secagem e, portanto, menor é quantidade de água transferida do sólido para

o gás. Por outro lado, é possível verificar que nas maiores temperaturas (95°C e 115°C) não

houve significativa diferença entre as respostas da umidade do gás. Tal comportamento é

similar ao que foi observado previamente com a umidade do sólido e corrobora com a idéia de

que possivelmente a taxa de secagem atingiu um patamar a partir de 95°C.

Quanto aos resultados referentes aos ajustes do modelo matemático com os dados

experimentais, pode-se observar comparativamente que, em geral, os valores calculados com

o modelo acompanharam adequadamente o perfil de resposta da umidade do gás na saída do

secador. Os melhores ajustes foram obtidos nas condições de intermitência intermediária

(Figuras 4.10). Na menor intermitência (Figura 4.9), a resposta após os ciclos de alimentação

apresentou um decaimento mais rápido na curva calculada do que na experimental. Este

resultado pode estar associado ao fato de que com a menor intermitência de alimentação

houve maior retenção de material no secador, o que pode ter favorecido significativamente o

efeito da aderência do material nas paredes e nos inertes. Com isto, o material acabou sendo

descarregado do secador de forma mais lenta do que o previsto pelo modelo matemático.

Page 82: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 4- Resultados e discussão 80

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

a)

b)

c)

Figura 4.9 – Umidade do ar de secagem na saída do secador - alimentação 5 min ligada e 5

min desligada. Secagem a: a) 75ºC; b) 95ºC e c) 115ºC.

a)

b)

c)

d)

Figura 4.10 – Umidade do ar de secagem na saída do secador - alimentação 5 min ligada e 10

min desligada. Secagem a: a) 75ºC; b) 95ºC; c) 95ºC e d) 115ºC.

0 50 100 150 200

0,000

0,002

0,004

0,006

0,008

0,010

0,012

0,014

0,016

0,018

Um

idade A

bsolu

ta d

o G

as

Tempo (min)

Experimental

Modelo

0 50 100 150 200

0,000

0,002

0,004

0,006

0,008

0,010

0,012

0,014

0,016

0,018

Um

idade A

bsolu

ta d

o G

as

Tempo (min)

Experimental

Modelo

0 50 100 150 200

0,000

0,002

0,004

0,006

0,008

0,010

0,012

0,014

0,016

0,018

Um

idade A

bsolu

ta d

o G

as

Tempo (min)

Experimental

Modelo

0 50 100 150 200

0,000

0,002

0,004

0,006

0,008

0,010

0,012

0,014

0,016

0,018

Um

idade A

bsolu

ta d

o G

as

Tempo (min)

Experimental

Modelo

0 50 100 150 200

0,000

0,002

0,004

0,006

0,008

0,010

0,012

0,014

0,016

0,018

Um

idade A

bsolu

ta d

o G

as

Tempo (min)

Experimental

Modelo

0 50 100 150 200

0,000

0,002

0,004

0,006

0,008

0,010

0,012

0,014

0,016

0,018

Um

idade A

bsolu

ta d

o G

as

Tempo (min)

Experimental

Modelo

0 50 100 150 200

0,000

0,002

0,004

0,006

0,008

0,010

0,012

0,014

0,016

0,018

Um

idade A

bsolu

ta d

o G

as

Tempo (min)

Experimental

Modelo

Page 83: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 4- Resultados e discussão 81

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

a)

b)

c)

Figura 4.11 – Umidade do ar de secagem na saída do secador - alimentação 5 min ligada e 15

min desligada. Secagem a: a) 75ºC; b) 95ºC e c) 115ºC.

Adicionalmente, a evolução da temperatura do ar na saída do secador foi medida em

tempo real durante a secagem, conforme apresentado nas Figuras 4.12, 4.13 e 4.14. É possível

abordar dois aspectos importantes com tais resultados:

O primeiro aspecto, diz respeito ao próprio comportamento dinâmico da temperatura

do gás na saída do secador. De modo análogo à resposta da umidade do gás na saída do

secador, a temperatura do gás também resultou num comportamento de evolução dinâmico

correlacionado com a intermitência de alimentação do material no secador, mesmo na

condição de menor intermitência (Figura 4.12). Essa similaridade deve-se basicamente aos

efeitos de transferência de calor e massa pelo contato do material com o gás de secagem, o

que resulta na perda de água do material, modificando a condição tanto da umidade quanto da

temperatura do ar ao longo do secador. É importante destacar que, como tal temperatura foi

medida praticamente em tempo real (amostragem 3s), os perfis dinâmicos obtidos permitiram

caracterizar a correspondência da sua resposta dinâmica com os ciclos de alimentação do

material. Em todas as condições experimentais, nota-se que esta variável teve seu valor

reduzido nos instantes iniciais, seguindo depois um perfil cíclico durante a alimentação do

material e voltando a elevar-se até um patamar estacionário próximo ao valor de partida.

0 50 100 150 200

0,000

0,002

0,004

0,006

0,008

0,010

0,012

0,014

0,016

0,018

Um

idade A

bsolu

ta d

o G

as

Tempo (min)

Experimental

Modelo

0 50 100 150 200

0,000

0,002

0,004

0,006

0,008

0,010

0,012

0,014

0,016

0,018

Um

idade A

bsolu

ta d

o G

as

Tempo (min)

Experimental

Modelo

0 50 100 150 200

0,000

0,002

0,004

0,006

0,008

0,010

0,012

0,014

0,016

0,018

Um

idade A

bsolu

ta d

o G

as

Tempo (min)

Experimental

Modelo

Page 84: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 4- Resultados e discussão 82

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

O outro aspecto, diz respeito à perda de calor ao longo do secador, visto que o tambor

rotatório do secador em discussão não é isolado termicamente do meio externo. Assim, o gás

de secagem, que foi alimentado em temperatura controlada de 75ºC, 95ºC e 115ºC, apresentou

tanto na partida quanto no final da secagem temperaturas de saída da ordem de 65ºC, 75ºC e

90ºC, respectivamente. Como apresentado previamente com o sistema sem carga de material

(Tabela 4.6), quanto maior a temperatura do gás na alimentação, mais expressiva é a perda

térmica do sistema. Este mesmo comportamento foi obervado com o secador operando com

alimentação intermitente de material, ou seja, quanto maior a temperatura ajustada para o ar

de secagem, maior é a perda de calor para o ambiente.

a)

b)

c)

Figura 4.12 – Temperatura do gás de secagem na saída do secador - alimentação 5 min ligada

e 5 min desligada. Secagem a: a) 75ºC; b) 95ºC e c) 115ºC.

0 50 100 150 200

40

50

60

70

80

90

100

Te

mp

era

tura

do

Ga

s (

C؛)

Tempo (min)

Experimental

Modelo

0 50 100 150 200

40

50

60

70

80

90

100

Te

mp

era

tura

do

Ga

s (

C؛)

Tempo (min)

Experimental

Modelo

0 50 100 150 200

40

50

60

70

80

90

100

Te

mp

era

tura

do

Ga

s (

C؛)

Tempo (min)

Experimental

Modelo

Page 85: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 4- Resultados e discussão 83

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

a)

b)

c)

d)

Figura 4.13 – Temperatura do gás de secagem na saída do secador - alimentação 5 min ligada

e 10 min desligada. Secagem a: a) 75ºC; b) 95ºC; c) 95ºC e d) 115ºC.

a)

b)

c)

Figura 4.14 – Temperatura do gás de secagem na saída do secador - alimentação 5 min ligada

e 15 min desligada. Secagem a: a) 75ºC; b) 95ºC e c) 115ºC.

0 50 100 150 200

40

50

60

70

80

90

100

Te

mp

era

tura

do

Ga

s (

C؛)

Tempo (min)

Experimental

Modelo

0 50 100 150 200

40

50

60

70

80

90

100

Te

mp

era

tura

do

Ga

s (

C؛)

Tempo (min)

Experimental

Modelo

0 50 100 150 200

40

50

60

70

80

90

100

Te

mp

era

tura

do

Ga

s (

C؛)

Tempo (min)

Experimental

Modelo

0 50 100 150 200

40

50

60

70

80

90

100

Te

mp

era

tura

do

Ga

s (

C؛)

Tempo (min)

Experimental

Modelo

0 50 100 150 200

40

50

60

70

80

90

100

Te

mp

era

tura

do

Ga

s (

C؛)

Tempo (min)

Experimental

Modelo

0 50 100 150 200

40

50

60

70

80

90

100

Te

mp

era

tura

do

Ga

s (

C؛)

Tempo (min)

Experimental

Modelo

0 50 100 150 200

40

50

60

70

80

90

100

Te

mp

era

tura

do

Ga

s (

C؛)

Tempo (min)

Experimental

Modelo

Page 86: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 4- Resultados e discussão 84

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

Quando se avalia comparativamente os resultados calculados com os dados

experimentais nas Figuras 4.12 a 4.14, nota-se que o modelo matemático ajustou

adequadamente a temperatura do gás na saída do secador, em todas as condições estudadas.

Nas Figuras 4.15 a 4.17, são apresentados os resultados da produção de material na

descarga do secador ao longo do tempo, para cada experimento. Conforme mencionado

anteriormente, o material processado foi coletado cumulativamente em intervalos de tempo. A

massa cumulativa medida em cada intervalo de amostragem foi normalizada pela massa total

produzida, sendo possível a construção da curva de fração acumulada. A partir de um modelo

empírico, dado pela Equação 3.17, foi feita uma regressão para as curvas de fração

acumulada, conforme apresentado no Apêndice C. As curvas dinâmicas de produção (Figuras

4.15 a 4.17) foram obtidas, fazendo-se a derivada da fração acumulada em relação ao tempo

(dFrac/dt) e ponderando-se pela massa total produzida.

Conforme apresentado no Apêndice C, a regressão da fração acumulada foi feita tanto

com os dados experimentais quanto com a resposta do modelo matemático do secador. É

possível notar que a evolução da produção ocorre na forma de uma distribuição, passando por

um máximo de produção. De acordo com a condição de intermitência da alimentação, o que

se observa é que o máximo de produção ocorreu entre 30 e 70 minutos. Comparando-se os

dados experimentais com os calculados pelo modelo matemático do secador, nota-se que

houve diferenças entre tais resultados. No entanto, em geral, os resultados apresentaram uma

certa similaridade nos perfis de resposta. Estas diferenças estão associadas às limitações do

modelo matemático, bem como aos erros de tratamento de dados com a regressão das curvas

de fração acumulada. Além disso, a massa total acumulada medida experimentalmente

apresentou, na maioria dos casos, resultado diferente do modelo matemático do secador, o que

contribuiu diretamente para ressaltar as diferenças nas curvas de produção. Os pequenos erros

de medições nas massas das frações acumuladas resultaram nas diferenças observadas no

acumulado global.

O melhor resultado comparativo entre experimento e modelo matemático foi

verificado na maior condição de intermitência e maior temperatura (Figura 4.17-c). Nesta

condição, conforme discutido previamente, a dinâmica de resposta é mais lenta para todas as

variáveis, além da taxa de secagem ser alta. Portanto, esta combinação de condições pode ter

favorecido a uma melhor precisão na medida experimental da massa acumulada de material

em cada intervalo de amostragem, desde o início da secagem, quando o material tende a sair

mais úmido, até o final da secagem, quando o material tende a sair mais seco.

Page 87: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 4- Resultados e discussão 85

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

a)

b)

c)

Figura 4.15 – Produção mássica (g/min) - Alimentação: 5 min ligada e 5min desligada.

Secagem a: a) 75ºC; b) 95ºC e c) 115ºC.

a)

b)

c)

d)

Figura 4.16 – Produção mássica (g/min) - Alimentação: 5 min ligada e 10 min desligada.

Secagem a: a) 75ºC; b) 95ºC; c) 95ºC e d) 115ºC.

0 50 100 150 200

0

5

10

15

20

25

30

dF

rac/d

t

Tempo (min)

Experimental

Modelo

0 50 100 150 200

0

5

10

15

20

25

30

dF

rac/d

t

Tempo (min)

Experimental

Modelo

0 50 100 150 200

0

5

10

15

20

25

30

dF

rac/d

t

Tempo (min)

Experimental

Modelo

0 50 100 150 200

0

5

10

15

20

25

30

dF

rac/d

t

Tempo (min)

Experimental

Modelo

0 50 100 150 200

0

5

10

15

20

25

30

dF

rac/d

t

Tempo (min)

Experimental

Modelo

0 50 100 150 200

0

5

10

15

20

25

30

dF

rac/d

t

Tempo (min)

Experimental

Modelo

0 50 100 150 200

0

5

10

15

20

25

30

dF

rac/d

t

Tempo (min)

Experimental

Modelo

Page 88: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 4- Resultados e discussão 86

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

a)

b)

c)

Figura 4.17 – Produção mássica (g/min) - Alimentação: 5 min ligada e 15 min desligada.

Secagem a: a) 75ºC; b) 95ºC e c) 115ºC.

4.5 - Avaliação das estimativas dos parâmetros do modelo matemático

Na Tabela 4.7 são apresentados os valores dos parâmetros estimados para o modelo

matemático do secador, sendo: a dispersão axial (D) e a velocidade (Vs) do sólido no secador;

o produto da constante de secagem pela razão área/volume do material (Ks∙Av); o produto do

coeficiente de troca térmica pela razão área/volume do material nas fases sólido e gás (hs∙Av e

hg∙Av); e o coeficiente global de troca térmica para o meio externo (U). Tais parâmetros

foram ajustados em todas as condições experimentais de intermitência da alimentação do

material e temperatura do gás na entrada do secador.

Alguns aspectos de correlação entre os valores dos parâmetros com as condições

experimentais, bem como entre os próprios parâmetros, foram observados. Em geral, foi

possível verificar que:

(1) o parâmetro de dispersão axial (D) do material ao longo do secador não apresentou

uma correspondência clara com as condições experimentais. Mas, nota-se que na maior

intermitência, onde o material é alimentado mais lentamente, tal parâmetro apresentou uma

0 50 100 150 200

0

5

10

15

20

25

30

dF

rac/d

t

Tempo (min)

Experimental

Modelo

0 50 100 150 200

0

5

10

15

20

25

30

dF

rac/d

t

Tempo (min)

Experimental

Modelo

0 50 100 150 200

0

5

10

15

20

25

30

dF

rac/d

t

Tempo (min)

Experimental

Modelo

Page 89: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 4- Resultados e discussão 87

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

tendência de maiores valores. Os valores de dispersão ficaram entre 1∙10-4

e 3∙10-4

m2/s,

resultados estes condizentes com valores obtidos para outros tipos de secadores, como por

exemplo secadores de leito fluidizado e de múltiplas bandejas vibratórias que apresentam

dispersão da ordem de 1∙10-4

a 20∙10-4

m2/s (Fyhr et al., 1999). Calculando-se, a partir da

velocidade do sólido (Vs) e do comprimento do secador (L = 0,6m), o número de Peclet (Pe =

L∙Vs/D), tem-se que o secador apresentou Pe ≈ 1,0 a Pe ≈ 2,0. Estes valores confirmam a

dispersão do material no secador durante a secagem e corroboram com as curvas de

distribuição obtidas para a produção do material;

(2) a velocidade do material (Vs) praticamente permaneceu constante para todas as

condições estudadas. Este efeito pode estar associado ao fato de que tanto a condição de

rotação quanto a carga de inertes do tambor rotatório foram iguais para todos os casos.

Considerando o comprimento do secador (L = 0,6 m), o tempo de residência médio (τ = L/Vs)

do sólido ficou entre 21 e 25 minutos, sendo bastante superior ao tempo de residência do gás,

que é da ordem de 0,01 minutos. Este resultado explica o fato da dinâmica de resposta do

sólido ser mais lenta que a do gás.

(3) com relação ao efeito do parâmetro de secagem (Ks∙Av), observou-se, como já

esperado, que em maiores temperaturas a taxa de secagem tende a ser mais elevada. Tal

comportamento foi verificado em todas as condições de intermitência. É importante destacar

que este resultado é compatível com o que foi observado nos ensaios em camada delgada

apresentados na seção 4.2;

(4) hs∙Av e hg∙Av, que representam uma forma agrupada do produto entre o

coeficiente convectivo térmico (h) e a relação área/volume (Av), foram atribuídos aos

balanços de energia na fase sólida e gás, respectivamente. Embora o procedimento apropriado

deveria levar em conta um único parâmetro convectivo capaz de satisfazer os balanços de

energia nas fases gás e sólido, a alternativa de implementar aqui um parâmetro em cada fase

teve como propósito tornar o modelo matemático mais ajustável aos dados experimentais. O

uso dos dois parâmetros convectivos é justificado como uma forma de melhoria da descrição

dos dados experimentais, bem como um modo de compensação das prováveis limitações e

lacunas na concepção do modelo matemático. Como ambos os parâmetros representam o

mesmo efeito convectivo de transferência de calor, é esperado que haja uma forte correlação

entre os mesmos. Em razão desta forte correlação paramétrica e para evitar dificuldades na

estimação destes parâmetros, foi limitada a região de estimação do parâmetro hg∙Av entre

3500 e 3700 (W/K∙m3) e foi liberada a faixa de busca na estimação do parâmetro hs∙Av.

Observou-se que mesmo limitando a região do parâmetro hg∙Av, o estimador não demandou a

Page 90: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 4- Resultados e discussão 88

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

abertura dos limites considerados. Este é um indicativo de que o parâmetro hs∙Av é que foi

efetivamente manipulado para atender o ajuste do modelo. Nota-se em geral que, quanto

maior a temperatura do gás na entrada do secador, maior foi o efeito convectivo (hs∙Av). Isto

implica no fato de que, em menores intermitências, a alimentação do material num certo

instante tende a interferir diretamente nos efeitos de transferência de calor do material

alimentado previamente;

(5) no que diz respeito ao parâmetro relacionado à perda térmica para o meio externo

(U), observou-se que o mesmo foi maior nas condições de temperatura de 75°C e 115°C. No

caso da temperatura de 75°C, observou-se que as maiores perdas ocorreram com os menores

parâmetros de secagem (Ks∙Av), enquanto em 115°C o parâmetro de secagem apresentou

valores significativos. Assim, este comportamento leva a dedução de que, nestas condições, a

energia perdida para o meio externo foi uma consequência direta da energia aproveitada pela

secagem, como era esperado. Portanto, na condição de 95°C foram observadas as menores

perdas térmicas para o meio externo devido a um aproveitamento mais adequado da energia

pela secagem. Por outro lado, quando operando o secador sem alimentação de material, há

uma tendência do coeficiente global de perda de calor crescer com o aumento da temperatura

do gás de secagem. As diferenças obervadas do coeficiente U calculado pela abordagem

LMTD (sem alimentação do material) com o coeficiente U estimado a partir do modelo

(considerando as diferentes condições de temperatura e intermitência de alimentação), devem-

se a influência da carga do material no secador que pode atuar como um isolante quando em

contato com a parede do secador. Tal fato explica os menores valores de U estimados (entre

17 e 31 W/m2∙K) com o secador operando com carga de material, contra os valores de U

calculados (entre 38 e 50 W/m2∙K) pela abordagem LMTD sem alimentação de material.

Page 91: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

89

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

Tabela 4.7 – Resultado da estimação dos parâmetros para o modelo matemático do secador rotatório.

Parâmetros

Estimados

Variáveis

Alimentação

5 min ligada / 5 min desligada

Alimentação

5 min ligada / 10 min desligada

Alimentação

5 min ligada / 15 min desligada

75ºC 95ºC 115ºC 75ºC 95ºC 95ºC 115ºC 75ºC 95ºC 115ºC

D (m2/s) 1,69e-04 2,55e-04 1,88e-04 1,10e-04 2,33e-04 1,23e-04 1,37e-04 2,72e-04 2,58e-04 2,74e-04

Vs (m/s) 4,14e-04 3,93e-04 4,29e-04 4,66e-04 4,36e-04 4,44e-04 4,51e-04 4,20e-04 4,32e-04 4,70e-04

Ks∙Av (1/s) 1,35e-05 2,60e-04 3,64e-04 1,53e-04 2,21e-04 2,97e-04 3,31e-04 1,77e-04 2,90e-04 3,10e-04

hg.Av(W/K∙m3) 3654,14 3630,54 3513,15 3631,49 3690,10 3562,28 3597,48 3549,32 3574,33 3536,91

hs.Av (W/K∙m3) 324,95 2596,68 2711,43 1777,71 2436,14 2221,37 2270,98 1792,30 2145,11 2800,56

U (W/K∙m2) 25,11 17,04 24,89 31,15 19,97 20,73 23,99 17,29 20,29 23,45

U - LMTD *

(W/K∙m2)

38,0 43,7 49,6

* Coeficiente de perda de calor calculado sem alimentação de material.

Page 92: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 4- Resultados e discussão 90

Briggida Dantas de Moura –Fevereiro/2016

Estes aspectos podem ser confirmados de acordo com uma análise estatística realizada

entre os parâmetros ajustados e as condições experimentais. Na Tabela 4.8, é apresentada uma

matriz de correlação para avaliar as correspondências dos parâmetros com todas as condições

experimentais estudadas. Os resultados apontam que as maiores correlações foram dos

parâmetros Ks∙Av e hs∙Av com a temperatura do gás na entrada do secador. Também, os

resultados apontam para uma correlação negativa do parâmetro convectivo hg∙Av com a

temperatura do gás. Nota-se também que os parâmetros D e Vs, que estão diretamente

relacionados com a dispersão e velocidade do sólido ao longo do secador, tiveram uma

correlação positiva com a intermitência de alimentação do material. Todos estes resultados

corroboram com os aspectos discutidos anteriormente.

Tabela 4.8 – Matriz de correlação entre os parâmetros do modelo matemático e os fatores

avaliados experimentalmente.

Parâmetros Intermitência de

alimentação

Temperatura do gás na

entrada do secador

D 0,41 0,10

Vs 0,50 0,29

Ks.Av 0,18 0,86

hg.Av -0,33 -0,45

hs.Av 0,21 0,74

U -0,19 -0,04

Na Tabela 4.9, foram analisadas também as correlações entre os próprios parâmetros

estimados. Observou-se que a correlação mais significativa ocorreu entre o parâmetro de

secagem (Ks∙Av) e o parâmetro convectivo de transferência de calor (hs∙Av). Como esperado,

este efeito é explicado com base no fato de que com uma maior transferência de calor para o

sólido, melhor é a secagem do material. Outra correspondência observada ocorreu entre o

parâmetro convectivo de transferência de calor (hs∙Av) com o coeficiente global de perda

térmica para o meio externo (U). Tal correspondência foi negativa, o que denota que quanto

maior foi a transferência convectiva de calor para o sólido, menor foi a perda térmica para o

meio externo, implicando em melhor aproveitamento da energia. Adicionalmente, com menor

significância de correlação, foi observada uma correspondência negativa da dispersão do

sólido (D) com o coeficiente global de perda térmica. Este efeito pode estar relacionado à

propagação de correspondência da dispersão com o parâmetro hs∙Av.

Page 93: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 4- Resultados e discussão 91

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

Tabela 4.9 – Matriz de correlação entre os parâmetros estimados do modelo matemático.

Parâmetros D Vs Ks∙Av hg∙Av hs.Av U

D 1,00 -0,35 0,12 -0,17 0,31 -0,68

Vs 1,00 0,26 -0,21 0,24 0,61

Ks∙Av 1,00 -0,60 0,90 -0,20

hg∙Av 1,00 -0,41 0,06

hs.Av 1,00 -0,27

U 1,00

4.6 - Resultado das simulações exploratórias com o modelo matemático

ajustado

O modelo matemático do secador ajustado para as diferentes condições experimentais,

conforme apresentado previamente, foi utilizado para simular a característica dimensional do

equipamento, considerando diferentes vazões de alimentação do material, tanto em regime

contínuo quanto em regime intermitente. Tais simulações exploratórias permitiram avaliar o

comprimento adequado do secador, garantindo a produção de material seco de acordo com a

especificação de umidade do produto abaixo de 11% b.s. Nas respostas das simulações,

calculou-se o valor de L/Dc capaz de garantir as condições definidas e, desta forma, o modelo

matemático foi aplicado de modo exploratório para fins de avaliação de projeto.

Embora essa idéia possa ser colocada na forma de um problema de otimização e

avaliação econômica de um projeto, optou-se aqui pela abordagem das simulações e avaliação

dos resultados, visto que as informações de diversos parâmetros relacionados a custos

operacionais não foram levantadas neste estudo, bem como o equipamento já se encontrava

montado e com dimensões de projeto estabelecidas.

Na Tabela 4.10, estão apresentadas as respostas de L/Dc para as simulações com o

modelo matemático ajustado, onde foram exploradas diferentes condições de temperatura (75,

95 e 115°C) e vazão de sólido (80, 800 e 8000 g/min) na alimentação do secador, tanto em

modo contínuo como em modo intermitente (nas condições estudadas experimentalmente).

No modo contínuo de alimentação, é possível notar (Tabela 4.10) que quanto maior a

condição de temperatura, menor é a característica dimensional L/Dc do secador. O aumento

da temperatura eleva a taxa de secagem e, consequentemente, um menor tempo de residência

Page 94: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 4- Resultados e discussão 92

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

é necessário para o processamento do material. No entanto, na condição de menor

temperatura, o valor de L/Dc foi significativamente elevado, tendo-se como resultado um

comprimento do secador da ordem de 100 vezes maior que o diâmetro. Assim, esta condição

parece ser não muito favorável dimensionalmente para fins de projeto. Nota-se também que

nas condições avaliadas de vazão de alimentação do material em modo contínuo, os valores

resultantes de L/Dc praticamente ficaram inalterados para uma mesma condição de

temperatura. Este efeito pode estar associado ao fato de que o modelo matemático foi

construído admitindo que a velocidade do sólido é constante ao longo do secador. Portanto, o

efeito da vazão sobre o parâmetro L/Dc acabou ficando mascarado na condição de

alimentação contínua.

No modo intermitente de alimentação, nota-se que os menores valores de L/Dc foram

encontrados na condição de intermitência intermediária (5 min ligada/10 min desligada),

quando se avalia para a mesma condição de temperatura. Este resultado pode estar associado

ao fato de que a intermitência rápida (5 min ligada/5 min desligada) tende a se aproximar

mais do modo contínuo, enquanto a intermitência mais lenta (5 min ligada/15 min desligada)

acaba elevando o tempo de residência do material no equipamento, já que menos material é

alimentado ao longo do tempo. Desta forma, tais resultados parecem indicar que existe uma

condição ótima de alimentação no modo de operação intermitente. De modo análogo ao caso

de alimentação contínua, o efeito da vazão sobre o parâmetro L/Dc foi praticamente constante

quando é feita a avaliação para uma mesma condição de temperatura e uma mesma

intermitência. Somente na condição de 75°C foi que o parâmetro L/Dc ficou alterado tanto

com a vazão de alimentação quanto com a intermitência.

Em geral, o que se observa é que os valores de L/Dc tendem a ser menores no modo

intermitente de alimentação quando comparado ao modo contínuo de alimentação. Isto se

deve ao fato de que a quantidade de material alimentado no modo intermitente, durante um

certo intervalo de tempo, é menor que no modo contínuo.

Ao comparar os valores de L/Dc calculados pelo modelo matemático com o valor do

equipamento utilizado nos experimentos (L/Dc = 4), observa-se que para alcançar a

especificação da umidade do sólido (Us ≤ 0,11 b.s.) na melhor condição operacional (maior

temperatura e intermitência intermediária), o secador usado deveria ser aproximadamente 4

vezes maior em comprimento, para o caso de alimentação contínua, e 2,5 vezes, para o caso

de alimentação intermitente.

Desta forma, com base no modelo matemático proposto e calibrado com dados

experimentais, foi possível investigar diferentes condições operacionais e avaliar parâmetros

Page 95: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 4- Resultados e discussão 93

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

dimensionais de projeto, visando o processamento de secagem do material que atenda a

especificações definidas de qualidade do produto.

Page 96: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 4- Resultados e discussão 94

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016.

Tabela 4.10 – Respostas de L/Dc para as simulações com o modelo matemático ajustado, em diferentes condições de temperatura (75, 95 e 115°C) e

vazão de sólido (80, 800 e 8000 g/min) na alimentação do secador, tanto em modo contínuo como em modo intermitente.

Modo de alimentação 75ºC 95ºC 115ºC

Contínuo L/Dc Us L/Dc Us L/Dc Us

80 g/min 102,00 0,108 22,67 0,106 16,67 0,098

800 g/min 104,00 0,102 22,67 0,106 16,67 0,098

8000 g/min 104,00 0,102 22,67 0,107 16,67 0,099

Intermitente L/Dc Us L/Dc Us L/Dc Us

80 g/min

5 min ligada/5 min desligada 80,00 0,107 18,00 0,102 12,67 0,106

5 min ligada/10 min desligada 14,67 0,107 10,67 0,103 10,67 0,100

5 min ligada/15 min desligada 18,00 0,106 11,33 0,107 13,33 0,109

800 g/min

5 min ligada/5 min desligada 89,33 0,105 18,00 0,103 12,67 0,106

5 min ligada/10 min desligada 15,33 0,106 10,67 0,104 10,67 0,100

5 min ligada/15 min desligada 18,00 0,110 11,33 0,107 13,33 0,109

8000 g/min

5 min ligada/5 min desligada 103,33 0,110 18,00 0,105 12,67 0,109

5 min ligada/10 min desligada 18,00 0,109 10,67 0,110 10,67 0,105

5 min ligada/15 min desligada 20,67 0,109 11,33 0,109 13,33 0,111

Page 97: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

CAPÍTULO 5

CONCLUSÕES E SUGESTÕES

Page 98: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 5- Conclusões e sugestões 96

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

5. Conclusão

Neste trabalho, foi realizado um estudo experimental e de modelagem matemática para

avaliar o desempenho de secagem do resíduo de maracujá (proveniente da indústria de

processamento de frutas) em um secador rotatório com recheio de inertes, operando em

diferentes condições de intermitência da alimentação do material e temperatura de

processamento.

Dentro dos aspectos observados no presente estudo é possível concluir que:

As características bromatológicas obtidas neste estudo estão em consenso com os

resultados verificados por outros autores;

Nos ensaios de camada delgada, notou-se que a dinâmica da curva de secagem está

diretamente relacionada com a condição de temperatura. Os diferentes modelos empíricos

testados ajustaram adequadamente os dados experimentais.

Foi encontrada uma adequada capacidade preditiva do modelo para as curvas de umidade

do sólido, umidade do gás e temperatura do gás. Quanto à produção de sólido na descarga

do equipamento, houve diferenças entre os resultados do modelo e calculado, devido

principalmente às incertezas de obtenção da referida variável. No entanto, os perfis de

resposta da produção apresentaram um comportamento similar.

Com relação às estimativas dos parâmetros do modelo, verificou-se que: a dispersão axial

(D) do material ao longo do secador não apresentou uma correspondência clara com as

condições experimentais; a velocidade do material (Vs) praticamente permaneceu

constante para todas as condições estudadas; o parâmetro de secagem (Ks∙Av) foi mais

elevado nas maiores condições de temperatura; o efeito convectivo (hs∙Av) foi maior na

condição de maior temperatura do gás na entrada do secador; já a perda térmica para o

meio externo (U) foi maior nas condições de temperatura de 75°C e 115°C.

Por fim, as simulações exploratórias permitiram avaliar o comprimento adequado do

secador, garantindo a produção de material seco de acordo com a especificação de

umidade do produto abaixo de 11% b.s. No modo contínuo de alimentação, foi possível

notar que quanto maior a condição de temperatura, menor é a característica dimensional

L/Dc do secador. No modo intermitente de alimentação, notou-se que os menores valores

de L/Dc foram encontrados na condição de intermitência intermediária (5 min ligada/10

min desligada), quando se avalia para a mesma condição de temperatura. Em geral, o que

se observou foi que os valores de L/Dc tendem a ser menores no modo intermitente de

alimentação quando comparado ao modo contínuo de alimentação.

Page 99: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Capítulo 5- Conclusões e sugestões 97

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

A intermitência demonstrou ser uma estratégia adequada de alimentação do material na

secagem de resíduos de maracujá durante a operação de um secador rotatório.

5.1 - Sugestões para trabalhos futuros

Utilizar o modelo matemático para estudos de otimização do secador rotatório,

verificando quais condições ótimas de operação capazes de satisfazer restrições

relacionadas à qualidade do produto, bem como minimizando custos energéticos.

Implementar estratégias avançadas de controle, baseadas no modelo matemático

implementado, buscando controlar a umidade do material na descarga do secador.

Calibrar o modelo matemático com dados experimentais de diferentes materiais, tornando

o modelo preditivo para uma gama maior de aplicações.

Page 100: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Page 101: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Referências bibliográficas 99

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

Referências bibliográficas

ABBASFARD, H.; RAFSANJANI, H. H.; GHADER, S.; GHANBARI, M.

Mathematical modeling and simulation of an industrial rotary dryer: A case study of

ammonium nitrate plant, Powder Technology, v. 239, p. 499–505, 2013.

ADEMILUYI, F. T.; PUYATE, Y. T. Modeling drying kinetics of fermented ground

cassava in a rotary dryer. Transnational Journal of Science and Technology, v. 3, n.5,

2013.

AKPINAR, E. K. Mathematical modelling of thin layer drying process under open sun

of some aromatic plants. Journal of Food Engineering, London, v.77, n.4, p.864-870,

2006.

AJAYI, O. O.; SHEEHAN, M. E. Design loading of free flowing and cohesive solids in

flighted rotary dryers. Chemical Engineering Science, v. 73, p. 400–411, 2012.

ALONSO, L. F. T.; PARK, K. J. Métodos de seleção de secadores. Ciênc. Tecnol.

Aliment., Campinas, 25(2), p. 208-216, 2005.

AOAC. Association of Official Analytical Chemists. Official methods of analysis of

AOAC international. 17. ed., Washington, 2002.

AOCS Official Procedure, Approved Procedure Am 5-04, Rapid determination of oil/fat

utilizing high temperature solvent extraction. American Oil Chemists Society, Urbana,

IL (2005).

ARRUDA, E. B.; FAÇANHA, J. M. F.; PIRES, L. N.; ASSIS, A. J.; BARROZO, M. A.

S. Conventional and modified rotary dryer: comparison of performance in fertilizer

drying. Chemical Engineering and Processing: Process Intensification, v. 48, p. 1414-

1418, 2009.

ARRUDA, E. B. Comparação do desempenho do secador roto-Fluidizado com o

secador rotatório convencional: Secagem de fertilizantes. Tese (Doutorado em

Engenharia Química) - Programa de Pós-graduação em Engenharia Química,

Universidade Federal de Uberlândia - MG, 2008. 204p.

Page 102: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Referências bibliográficas 100

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

AZEVÊDO, J. A. G.; FILHO, S. C. V.; DETMANN, E.; PINA, D. S.; PEREIRA, L. G.

R.; OLIVEIRA, K. A. M.; FERNANDES, H. J.; SOUZA, N. K. P. Predição de frações

digestíveis e valor energético de subprodutos agrícolas e agroindustriais para bovinos.

R. Bras. Zootec., v. 40, n. 2, p. 391-402, 2011.

BARRET, D. M.; SOMOGYI, L. P.; RAMASWAMY, H. S. Processing fruits: science

and technology. 2nd

ed. Boca Raton: CRC, 2005. 841p.

BERNACCI, L. C. Passifloraceae. In: WANDER-LEY, M. G. L.; SHEPHERD, G. J.;

GIULIETTI, A. M.; MELHEM, T. S. (Ed.). Flora fanerogâmica do Estado de São

Paulo. São Paulo: RiMa, FAPESP, 2003. v.3, p. 247-248.

BRITTON, P. F.; SHEEHAN, M. E.; SCHNEIDER, P. A. A physical description of

solids transport in f lighted rotary dryers. Powder Technology, v. 165, p. 153–160,

2006.

BROD, F. P. R.; ALONSO, L. F. T.; PARK, K. J. Secagem de produtos agrícolas. XI

SEMEAGRI Semana de Engenharia Agrícola da Unicamp, 122 p. Campinas/SP, 1999.

BRUCE, D. M. Exposed layer barley drying, three models fitted to new data up to

150ºC. J. Agrip. Eng. Res., v. 32, p. 337-347, 1985.

BURJAILI, M. M. Desenvolvimento de um secador rotatório com recheio de inerte.

Tese (Doutorado em Engenharia de Alimentos) - Faculdade de Engenharia de

Alimentos, Universidade Estadual de Campinas, Campinas – SP, 1996.

CANALES, E. R.; BÓRQUEZ, R. M.; MELO, D. L. Steady state modelling and

simulation of an indirect rotary dryer. Food Control, v. 12, p. 77-83, 2001.

CEYLAN, İ.; AKTAŞ, M.; DOĞAN, H. Mathematical modeling of drying

characteristics of tropical fruits. Applied Thermal Engineering, v. 27, n. 11, p. 1931-

1936, 2007.

CRONIN, K.; CATAK, M.; BOUR, J.; COLLINS, A.; SMEE, J. Stochastic modelling

of particle motion along a rotary drum. Powder Technology, v. 213, p. 79–91, 2011.

DIAMENTE, L. M.; MUNRO, P. A. Mathematical modelling of hot air drying of sweet

potato slices. Int J Food Sci Technol, 26:99, 1991.

Page 103: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Referências bibliográficas 101

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

DIAS, M. V.; FIGUEIREDO, L. P.; VALENTE, W. A.; FERRUA, F. Q.; PEREIRA, P.

A. P.; PEREIRA, A. G. T.; BORGES, S. V.; CLEMENTE, P. R. Estudo de variáveis de

processamento para produção de doce em massa da casca do maracujá (Passiflora edulis

f. flavicarpa). Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, 31(1): 65-71, jan.-mar. 2011.

DIDRIKSEN, H. Model Based Predictive Control of a Rotary Dryer. Chemical

Enginnering Journal, v. 86, p. 53-60, 2002.

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.

www.embrapa.br/imprensa/noticias/2013/julho/4asemana/pesquisa ajuda a alavancar

produção de maracuja no brasil. Acesso em 14 de outubro de 2013.

FALEIRO, F. G.; JUNQUEIRA, N. T. V.; BRAGA, M. F.; OLIVEIRA, E. J.;

PEIXOTO, J. R., COSTA, A. M. Germoplasma e melhoramento genético do

maracujazeiro: histórico e perspectivas. Planaltina, DF: Embrapa Cerrados, 2011. 36 p.

(Documentos/Embrapa Cerrados Nº 307).

FAO. 2005. Disponível em https://www.fao.org.br/publicacoes.asp. Acesso em:

novembro de 2005.

FERNANDES, N. J., ATAÍDE, C. H., BARROZO, M. A. S. Modeling and

experimental study of hydrodynamic and drying characteristics of an industrial rotary

dryer, Brazilian Journal of Chemical Engineering, v. 26, No. 02, p. 331 - 341, 2009.

FERRARI, R. A.; COLUSSI, F.; AYUB, R. A. Caracterização de subprodutos da

industrialização do maracujá-aproveitamento das sementes. Revista Brasileira de

Fruticultura, Jaboticabal, v. 26, n. 1, p. 101-102, 2004.

FERREIRA, L. F. D.; PIROZI, M. R.; RAMOS, A. M.; PEREIRA, J. A. M.

Modelagem matemática da secagem em camada delgada de bagaço de uva fermentado.

Pesq. Agropec. bras., Brasilia, v. 47, p. 855-862, 2012.

FRANCO, G. Tabela de composição química dos alimentos. 9ª edição. São Paulo:

Editora Atheneu, p. 307, 2007.

Page 104: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Referências bibliográficas 102

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

FURTADO, G.; SILVA, F.; PORTO, F. S.; SANTOS, A. G. Secagem de polpa de

ceriguela pelo método de camada de espuma, Revista Brasileira de Produtos

Agroindustriais, 12 (1), p. 9–14, 2010.

FYHR, C.; KEMP, I. C.; WIMMERSTEDT, R. Mathematical modeling of fluidized bed

dryers with horizontal dispersion. Chemical Engineering and Processing, v. 38, p. 89-

94, 1999.

GASPARETO, O. C. P. Secagem osmo-convectiva de banana nanica (Musa

Cavendishii, L.), mamão formosa (Carica Papaya, L.) e jaca (Artocarpus Integrifólia,

L.). Tese (Doutorado em Engenharia Química) - Centro de Tecnologia, Departamento

de Engenharia Química, Programa de Pós-graduação em Engenharia Química,

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal – RN, 2005.

GENG, F.; LI, Y.; WANG, X.; YUAN, Z.; YAN, Y.; LUO, D. Simulation of dynamic

processes on flexible filamentous particles in the transverse section of a rotary dryer and

its comparison with ideo-imaging experiments. Powder Technology, v. 207, p. 175–182,

2011.

GENG, F.; YUAN, Z.; YAN, Y.; LUO, D.; WANG, H.; LI, B.; XU, D. Numerical

simulation on mixing kinetics of slender particles in a rotary dryer. Powder Technology,

v. 193, p. 50–58, 2009.

GENG, F.; LI, Y.; YUAN, L.; LIU, M.; WANG, X.; YUAN, Z.; YAN, Y.; LUO, D.

Experimental study on the space time of flexible filamentous particles in a rotary dryer.

Experimental Thermal and Fluid Science, v. 44, p. 708–715, 2013.

GÓMEZ-DE LA CRUZ, F. J.; CASANOVA-PELÁEZ, P. J.; PALOMAR-

CARNICERO, J. M.; CRUZ-PERAGÓN, F. Modeling of olive-oil mill waste rotary

dryers: Green energy recovery Systems. Applied Thermal Engineering, v. 80,p. 362-

373, 2015.

GU, C.; ZHANG, X.; LI, B.; YUAN, Z. Study on heat and mass transfer of flexible

filamentous particles in a rotary dryer. Powder Technology, v. 267, p. 234–239, 2014.

HENDERSON, S. M.; PABIS, S. Grain drying theory II. Temperature effects on drying

coefficients. J. Agric. Eng. Res., v. 6, p. 169-174 ,1961.

Page 105: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Referências bibliográficas 103

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

HIROSUE, H. Influence of Particles Falling from Flights on Volumetric Heat Transfer

Coefficient in Rotary Dryers and Coolers. Powder Technology, v.59, p. 125 – 128,

1989.

HOFSKY, V. A.; SILVA, F. L. H.; GOMES, J. P.; SILVA, O. S.; CARVALHO, J. P.

D.; LIMA, E. E. Cinética de secagem do resíduo de abacaxi enriquecido. Revista

Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.17, n.6, p.640–646, 2013.

HONORATO, G. C. Concepção de um secador rotatório para secagem do cefalotórax

do camarão. Tese (Doutorado em Engenharia Química) – Centro de Tecnologia,

Departamento de Engenharia Química, Programa de Pós-graduação em Engenharia

Química, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2006.

HUANG, Z.; WENG, Y.; FU, N.; FU, Z.; LI, D.; CHEN, X. D. Modeling and

Simulation of a Co-current Rotary Dryer. Int. J. Food Eng, 2015.

IBGE - Produção Agrícola Regional, 2014. www.ibge.gov.br. Acesso em 19 de

novembro de 2015.

IGUAZ, A.; LÓPEZ, A.; VÍRSEDA, P. Influence of air recycling on the performance of

a continuous rotary dryer for vegetable wholesale by-products. Journal of Food

Engineering, v. 54, p. 289–297, 2002.

IGUAZ, A.; ESNOZ, A.; MARTINEZ, G.; LÓPEZ, A.; VÍRSEDA, P. Mathematical

Modelling and Simulation for the Drying Process of Vegetable Wholesale by-products

in a Rotary Dryer. Journal of Food Engineering, v.59, p. 151-160, 2003.

ISHIMOTO, F.; HARADA, A.; BRANCO, I.; CONCEIÇÃO, V.; COUTINHO, M.

Aproveitamento alternativo da casca do maracujá-amarelo (Passiflora edulis f. var.

flavicarpa Deg.) para produção de biscoitos. Revista Ciências Exatas e Naturais, vol. 9,

n. 2, 2007.

KALEEMULLAH, S.; KAILAPPAN, R. Drying Kinetics of Red Chillies in a Rotary

Dryer. Biosystems Engineering, 92 (1), p. 15–23, 2005.

Page 106: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Referências bibliográficas 104

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

KENNEDY, J.; EBERHART, R. C.; Particle Swarm optimization. Proc. IEEE intl.

Conf. On Neural Networks (Perth, Australia), IEEE Service Center, Piscataway, NJ, IV:

1942-1948, 1995.

KOBORI, C. N.; JORGE, N. Caracterização dos óleos de algumas sementes de frutas

como aproveitamento de resíduos industriais. Ciênc. Agrotec., Lavras, v. 29, n. 5, p.

1008-1014, set./out., 2005.

LABABIDI, H. M. S.; BAKER, C. G. J. Web-based expert system for food dryer

selection. Computers and Chemical Engineering, v. 27, p. 997-1009, 2003.

LAUFENBERG, G.; KUNZ, B.; NYSTROEM, M. Transformation of vegetable waste

into value added products: (a) the upgrading concept; (b) practical implementations.

Bioresource Technology, Essex, v. 87, p. 167-198, 2003.

LEE, A.; SHEEHAN, M. E Development of a geometric flight unloading model for

flighted rotary dryers. Powder Technology, v. 198, p. 395–403, 2010.

LESCANO, C. A. Análise da secagem de resíduo de leite de soja “okara” em secadores

de leito de jorro e de Cilindro rotativo assistido a microondas. Tese de Doutorado

apresentada à Faculdade de Engenharia Química da Universidade Estadual de Campinas

SP, 2009, 163p.

LISBOA, M. H.; VITORINO, D. S.; DELAIBA, W. B.; FINZER, J. R. D.;

BARROZO, M. A. S. A study of particle motion in rotary dryer. Brazilian Journal of

Chemical Engineering, v. 24, n. 03, p. 365 - 374, 2007.

LOUSADA JÚNIOR, J. E.; COSTA, J. M. C.; NEIVA, J. N. M.; RODRIGUEZ, N. M.

Caracterização físico-química de subprodutos obtidos do processamento de frutas

tropicais visando seu aproveitamento na alimentação animal. Revista Ciência

Agronômica, Ceará, v. 37, n. 1, p. 70 -76, 2006.

LUZ, G. R.; ANDRADE, C. M. G.; JORGE, L. M. M.; PARAÍSO, P. R. Análise

energética da secagem de farelo de soja em secador rotativo Indireto. Acta Sci. Technol.,

Maringá, v. 28, n. 2, p. 173-180, 2006.

Page 107: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Referências bibliográficas 105

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

LUZ, G. R.; CONCEIÇÃO, W. A. S.; JORGE, L. M. M.; PARAÍSO, P. R.;

ANDRADE, C. M. G. Dynamic modeling and control of soybean meal drying in a

direct rotary dryer. Food and Bioproducts processing, v. 88, p. 90-98, 2010.

MADAMBA, P. S.; DRISCOLL, R. H.; BUCKLE, K. A. The thin-layer drying

characteristics of garlic slices. Journal of Food Engineering, v. 29, p. 75-97, 2007.

MALDONADO, A. C. D.; FINZER, J. R. D.; LIMAVERDE, J. R. Secagem de lodo de

reator anaeróbio em secador rotativo com recheio de inertes. Engenharia de

Alimentos/Food Engineering FAZU em Revista, Uberaba, n. 6, p. 53-82, 2009.

MARGONO; M.TAUFIK H.; ALI ALYWAY; KUSWANDI; SUSIANTO. Effects of

feed rate and residence time on environment of rotary dryer processes. Journal of

Applied Sciences in Environmental Sanitation, v. 4, n. 1, p. 11-20, 2009.

MARTÍNEZ, R.; TORES, P.; MENESES, M.; FIGUEROA, J. G.; ÁLVAREZ, J. A. P.;

MARTOS, M. V. Chemical, technological and in vitro antioxidant properties of mango,

guava, pineapple and passion fruit dietary fibre concentrate. Food Chemistry, 135,

1520-1526, 2012.

MARTINS, C. B.: GUIMARÃES, A. C. L.; PONTES, M. A. N. Estudo tecnológico e

caracterização física, físico-química e química do maracujá (Passiflora edulis F.

Flavicarpa) e seus subprodutos. Fortaleza: Centro de Ciências Agrárias, 1985. p.23.

MEDINA, J. C. Subprodutos. In MEDINA, J. C. et al., Maracujá: da cultura ao

processamento e comercialização. Campinas: Inst Tecnol. Alim. 1980, p.145-148.

MELETTI, L. M. M.; BRÜCKNER, C. H. Melhora-mento Genético. In: BRÜCKNER,

C. H.; PICANÇO, M. C. Maracujá: tecnologia de produção, pós-colheita,

agroindústria, mercado. Porto Alegre: Cinco Continentes, 2001. p. 345-385.

MENEGOTO, J.C. Estudo da viabilidade econômico - financeira para a implantação de

maracujá azedo irrigado em sistema adensado de plantio no Distrito Federal. UPIS –

Faculdades Integradas – Departamento de Agronomia. Planaltina, 2008.

Page 108: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Referências bibliográficas 106

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

MENON, A. S., MUJUMDAR, A. S. Drying of solids: principles, classification, and

selection of dryers. In: MUJUMDAR, A. S. Handbook of Industrial Drying. New York:

Marcel Dekker Inc., 1987. cap. 9, p. 295-326.

MOURA, B. D. Automação de um Secador Rotatório para Secagem do Rejeito de

Maracujá, 2009. 63 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Química) – Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, 2009.

NASCIMENTO, S. M.; SANTOS, D. A.; BARROZO M. A. S.; Duarte, C. R. Solids

holdup in flighted rotating drums: An experimental and simulation study. Powder

Technology, v. 280, p. 18–25, 2015.

OLIVEIRA, J. C.; CARNIER, P. E.; ASSIS, G. M. Preservação de germoplasma de

maracujazeiros. In: ENCONTRO SOBRE RECURSOS GENÉTICOS, 1., 1988.

Jaboticabal. Anais... Jaboticabal: FCAV, p. 200, 1988.

OLIVEIRA, L. C., SANTOS. J. A. B., NARAIN, N., FONTES, A. S., CAMPOS, R. S.

S., SOUZA, T. L. Caracterização e extração de compostos voláteis de resíduos do

processamento de maracujá (Passiflora edulis Sims f. flavicarpa Degener) - Ciência

Rural, Santa Maria, Online – 2012.

OLIVEIRA, L. F.; NASCIMENTO, M. R. F.; BORGES, S.V.; RIBEIRO, P. C. N.;

RUBACK, V. R. Aproveitamento alternativo da casca do maracujá-amarelo (Passiflora

edulis F. Flavicarpa) para produção de doce em calda. Ciência e Tecnologia de

Alimentos, n.22, v. 3, p. 259-262, 2002.

ORTEGA, M. G.; CASTAÑO, F.; VARGAS, M.; RUBIO, F. R. Multivariable robust

control of a rotary dryer: Analysis and design. Control Engineering Practice, v. 15, p.

487–500, 2007.

PADILLA, R. Y. C.; OLADEINDE, T. O.; FINZER J. R. D.; LIMAVERDE, J. R.

Drying of banana paste in rotatory dryer with inert bed. Food Technology, Campinas,

v.17, n.1, p. 41-50, 2014.

PAGE, G. E. Factors influencing the maximum rates of air drying shelled corn in thin

layers. M. S. Thesis, Department of Mechanical Engineering, Purdue University,

purdue, USA, 1949.

Page 109: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Referências bibliográficas 107

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

PARK, K. L. B.; ALONSO, L. F. T.; CORNEJO, F. E. P.; FABBRO, I. M. D.; PARK,

K. J. Seleção de secadores: fluxograma. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais,

Campina Grande, v. 9, p. 179-202, 2007.

PELEGRINA, A. H.; ELUSTONDO, M. P.; URBICAIN, M. J. Design of a Semi-

continuous Rotary Drier for Vegetables. Journal of Food Engineering, v. 37, p. 203-

304, 1998.

PELEGRINA, A. H.; ELUSTONDO, M. P.; URBICAIN, M. J. Rotary semi-continuous

drier for vegetables: efect of air recycling. Journal of Food Engineering, v. 41, p. 215-

219, 1999.

PELEGRINA, A.; ELUSTONDO, M.; URBICAIN, M. Setting the operating conditions

of a vegetables rotary drier by the response surface method. Journal of Food

Engineering, v. 54, p. 59–62, 2002.

PELIZER, L. H.; PONTIRRI, M. H.; MORAES, I. O. Utilização de resíduos

agroindustriais em processos biotecnológicos como perspectiva de redução do impacto

ambiental. Journal of Technology Management & Innovation, Chile, v. 2, n. 1, p.118-

127, 2007.

PERAZZINI, H. Secagem de Resíduos Cítricos em Secador Rotativo, 2011. 86 f.

Dissertação (Mestrado em Engenharia Química) – Universidade Federal de São Carlos,

São Carlos, SP, 2011.

PÉREZ-CORREA, J. R.; CUBILLOS, F.; ZAVALA, E.; SHENE, C.; ÁLVAREZ, P. I.

Dynamic simulation and control of direct rotary dryers. Food Control, v. 9, n. 4, p. 195-

203, 1998.

PERRY, J. H. Chemical engineer’s handbook. 6. Ed. New York: Graw-Hill, p. 1078,

1984.

PERRY, R. H., GREEN, D. W. Chemical Engineers Handbook. McGraw-Hill, 7 th Cd-

ROM, Nova York, Estados Unidos, 1999.

Page 110: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Referências bibliográficas 108

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

PETZOLD, B. C.; BRENAN, K. E.; CAMPBELL, S. L.; PETZOLD, L. R. Numerical

solutions of initial - value problems in differential and differential – algebraic equations.

Elsevier Science, New York, 1989.

PINTO, S. A. A. Processamento mínimo de melão tipo Orange Flesh e de melancia

‘Crimson sweet’. 2002. 120 f. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia), Faculdade de

Ciências Agrárias e Veterinária, Universidade Estadual Paulista “Julio Mesquita Filho”,

Jaboticabal.

PITA, J. S. L. Caracterização físico-química e nutricional da polpa e farinha da casca

de maracujazeiros do mato e amarelo. 2012. 80 f. Dissertação (Mestrado em

Engenharia de Alimentos) – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Itapetinga,

BA.

PUYVELDE D. R. V. Modelling the hold up of lifters in rotary dryers. Chemical

engineering research and design, v. 87, p. 226–232, 2009.

RASTIKIAN, K.; CAPART, R.; BENCHIMOL J. Modelling of sugar drying in a

countercurrent cascading rotary dryer from stationary profiles of temperature and

moisture. Journal of Food Engineering, v. 41, p. 193-201, 1999.

REVOL, D.; BRIENS, C. L.; CHABAGNO, J. M. The design of flights in rotary dryers.

Powder Technology, v. 121, p. 230–238, 2001.

RUBIO, F. R.; BORDONS, C.; HOLGADO, J.; RIVAS, I. S. Modelling and H∞ control

of a rotary dryer. Proceedings of the European Control Conference, Portugal, 2001.

RUGGIERO, C. (Coord.). Maracujá para exportação: aspectos técnicos. Brasília:

EMBRAPA-SPI, p.11-29, 1996.

SEAB – Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento DERAL -

Departamento de Economia Rural – Fruticultura - Análise da Conjuntura Agropecuária

Dezembro de 2012. PANORAMA NACIONAL - Engenheiro Agrônomo Paulo

Fernando de Souza Andrade: [email protected];

Page 111: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Referências bibliográficas 109

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

SHAHHOSSEINI, S.; SADEGHI, M. T.; GOLSEFATAN, H. R. Dynamic Simulation

of an Industrial Rotary Dryer. Iranian Journal of Chemical Engineering, v. 7, n. 2,

2010.

SILVA, I. Q., OLIVEIRA, B. C. F., LOPES, A. S., PENA, R. S. Obtenção de barra de

cereais adicionada do resíduo industrial de maracujá. Alim. Nutr., Araraquara v.20, n.2,

p. 321-329, 2009.

SILVA, J. F. C.; LEÃO, M. I. Fundamentos da nutrição de ruminantes. Piracicaba:

Livroceres, 1979. 380p.

SILVA, L. M. R.; FIGUEIREDO, E. A. T.; RICARDO, N. M. P. S.; VIEIRA, I. G. P.;

FIGUEIREDO, R. W.; BRASIL, I. M.; GOMES, C. L. Quantification of bioactive

compounds in pulps and by-products of tropical fruits from Brazil. Food Chemistry,

v.143, p. 398-404, 2014.

SILVA, M. G. Análise de sensibilidade paramétrica na modelagem da secagem de

fertilizantes em secador rotatório. Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Engenharia Química da Universidade Federal de Uberlândia MG –

Brasil, 128p. 2010.

SILVA, M. G.; LIRA, T. S.; ARRUDA, E. B.; MURATA, V. V.; BARROZO, M. A. S.

Modelling of fertilizer drying in a rotary dryer: parametric sensitivity analysis. Brazilian

Journal of Chemical Engineering, v. 29, n. 2, p. 359-369, 2012.

SILVA, P. B.; DUARTE, C. R.; BARROZO, M. A. S. Dehydration of acerola

(Malpighia emarginata D.C.)residue in a new designed rotary dryer: Effect ofprocess

variables on main bioactive compounds. Food and Bioproducts Processing, v. 98, p. 62-

70, 2016.

SILVÉRIO, B. C.; ARRUDA, E. B.; DUARTE, C. R.; BARROZO, M. A. S. A novel

rotary dryer for drying fertilizer: Comparison of performance with conventional

configurations. Powder Technology, v. 270, p. 135–140, 2015.

SNIFFEN, C. J.; O’CONNOR, J. D.; VAN SOEST, P. J.; FOX, D. G.; RUSSELL J. B.

A net carbohydrate and protein system for evaluating cattle diets: II- Carbohydrate and

protein availability. J. Anim. Sci.,v.70, p.3562-3577, 1992.

Page 112: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Referências bibliográficas 110

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

SOUZA, J. S. I.; MELETTI, L. M. M. Maracujá: espécies, variedades, cultivo.

Piracicaba: FEALQ, 1997. 179 p.

STARZAK, M.; MATHLOUTHI, M. Formation of amorphous sugar in the syrup film –

a key factor in modeling of industrial sugar drying. Food Chemistry, v. 122, p. 394–409,

2010.

VAN SOEST, P. J. Nutritional ecology of the ruminant. New York: Cornell University

Press. 1994. p. 476.

VAN SOEST, P. J.; ROBERTSON, J. B.; LEWIS, B. A. Symposium: carboydrate

metodology, metabolism, and nutritional implications in dairy cattle. Journal Dairy

Science, v.74, n.10, p.3583-3597, 1991.

VIEIRA, A. S. Secagem de Resíduo de Goiaba em Secador Convectivo de Bandejas:

Modelagem Matemática e Análise do Processo. Tese (Doutorado em Engenharia

Química) - Centro de Tecnologia, Departamento de Engenharia Química, Programa de

Pós-graduação em Engenharia Química, Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

Natal – RN, setembro/2014.

VIEIRA, C. V.; VASQUEZ, H. M.; SILVA, J. F. C. Composição Químico-

Bromatológica e Degradabilidade In Situ da Matéria Seca, Proteína Bruta e Fibra em

Detergente Neutro da Casca do Fruto de Três Variedades de Maracujá (Passiflora spp).

Rev. bras. zootec., v.28, n.5, p.1148-1158, 1999.

WANG, X.; QIN, B.; XU, H.; ZHU, W. Rotary drying process modeling and online

compensation. Control Engineering Practice, v. 41, p. 38–46, 2015.

WEISS, W. P. Predicting energy values of feeds. Journal of Dairy Science, v.76,

p.1802 - 1811, 1993.

YILBAS, B. S.; HUSSAIN, M. M.; DINCER, I. Heat and moisture diffusion in slab

products to convective boundary condition. Heat and Mass Transfer, v. 39, p. 471-476,

2003.

YLINIEMI, L.; LOSKINEN, J.; LEIVISKA, K. Data-driven fuzzy modeling of a rotary

dryer. International Journal of Systems Science, v. 34, n. 14-15, p. 819-836, 2003.

Page 113: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Referências bibliográficas 111

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

ZAVALA, J. F. A.; VEGA, V. V.; DOMÍNGUEZ, C. R.; PALAFOX, C. H.;

RODRIGUEZ, J. A. V.; SIDDIQUI, W. M.; AVIÑA, D. J. E.; AGUILAR, G. A. Agro-

industial potential of exotic fruit byproducts as a source of food additives. Food

Research International, v. 44, p. 1866-1874, 2011.

Page 114: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

APÊNDICE A

Page 115: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Anexo 113

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

Apêndice A - Parâmetros obtidos a partir da regressão com dados de umidade.

Figura A.1 – Obtenção da densidade real do sólido.

Figura A.2 – Obtenção da porosidade do sólido.

0,94

0,96

0,98

1

1,02

1,04

1,06

0 0,5 1 1,5

De

nsi

dad

e (

g/m

L)

Umidade (b.s.)

Experimental

Linear (Experimental)

y = a∙x + b

a = 0,0076 ± 0,0076b = 0,9558 ± 0,0069

R2 = 0,9522

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0 0,5 1 1,5

Po

rosi

dad

e d

o s

ólid

o

Umidade (b.s.)

Experimental

Linear (Experimental)

y = a∙x + b

a = -0,2603 ± 0,013b = 0,608 ± 0,011

R2 = 0,9841

Page 116: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

APÊNDICE B

Page 117: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Anexo 115

Apêndice B – Alimentação controlada do gás de secagem nas temperaturas de 75ºC,

95ºC e 115ºC.

a)

b)

c)

Figura B.1 – Temperatura controlada na entrada a 75ºC - a) alimentação intermitente

com 5 min ligada e 5 min desligada; b) alimentação intermitente com 5 min ligada e

10min desligada e c) alimentação intermitente com 5 min ligada e 15 min desligada.

0 50 100 150 200

60

70

80

90

100

Te

mp

era

tura

( oC

)

Tempo (min)

Experimental

Set Point

0 50 100 150 200

60

70

80

90

100

Te

mp

era

tura

( oC

)

Tempo (min)

Experimental

Set Point

0 50 100 150 200

60

70

80

90

100

Te

mp

era

tura

( oC

)

Tempo (min)

Experimental

Set Point

Page 118: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Anexo 116

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

a)

b)

c)

d)

Figura B.2 – Temperatura controlada na entrada a 95ºC - a) alimentação intermitente

com 5 min ligada e 5 min desligada; b) alimentação intermitente com 5 min ligada e 10

min desligada; c) alimentação intermitente com 5 min ligada e 10 min desligada e d)

alimentação intermitente com 5 min ligada e 15 min desligada.

0 50 100 150 200

70

80

90

100

110

Te

mp

era

tura

( oC

)

Tempo (min)

Experimental

Set Point

0 50 100 150 200

70

80

90

100

110

Te

mp

era

tura

( oC

)

Tempo (min)

Experimental

Set Point

0 50 100 150 200

70

80

90

100

110

Te

mp

era

tura

( oC

)

Tempo (min)

Experimental

Set Point

0 50 100 150 200

70

80

90

100

110

Te

mp

era

tura

( oC

)

Tempo (min)

Experimental

Set Point

Page 119: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Anexo 117

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

a)

b)

c)

Figura B.3 – Temperatura controlada na entrada a 115ºC - a) alimentação intermitente

com 5 min ligada e 5 min desligada; b) alimentação intermitente com 5 min ligada e

10min desligada e c) alimentação intermitente com 5 min ligada e 15 min desligada.

0 50 100 150 200

90

100

110

120

130

Tem

pera

tura

( oC

)

Tempo (min)

Experimental

Set Point

0 50 100 150 200

90

100

110

120

130

Tem

pera

tura

( oC

)

Tempo (min)

Experimental

Set Point

0 50 100 150 200

90

100

110

120

130

Tem

pera

tura

( oC

)

Tempo (min)

Experimental

Set Point

Page 120: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

APÊNDICE C

Page 121: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Anexo 119

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

Apêndice C – Regressão para as curvas de fração acumulada.

a)

b)

c)

Figura C.1 – Alimentação intermitente com 5 min ligada e 5 min desligada, nas

temperaturas: a) 75ºC; b) 95ºC e c) 115ºC.

0 50 100 150 200

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Fra

çao A

cum

ula

da

Tempo (min)

Experimental

Regressao Experimental

Modelo

Regressao do Modelo

0 50 100 150 200

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Fra

çao A

cum

ula

da

Tempo (min)

Experimental

Regressao Experimental

Modelo

Regressao do Modelo

0 50 100 150 200

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Fra

çao A

cum

ula

da

Tempo (min)

Experimental

Regressao Experimental

Modelo

Regressao do Modelo

Page 122: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Anexo 120

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

a)

b)

c)

d)

Figura C.2 – Alimentação intermitente com 5 min ligada e 10 min desligada, nas

temperaturas: a) 75ºC; b) 95ºC; c) 95ºC e d) 115ºC.

0 50 100 150 200

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Fra

çao A

cum

ula

da

Tempo (min)

Experimental

Regressao Experimental

Modelo

Regressao do Modelo

0 50 100 150 200

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Fra

çao A

cum

ula

da

Tempo (min)

Experimental

Regressao Experimental

Modelo

Regressao do Modelo

0 50 100 150 200

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Fra

çao A

cum

ula

da

Tempo (min)

Experimental

Regressao Experimental

Modelo

Regressao do Modelo

0 50 100 150 200

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Fra

çao A

cum

ula

da

Tempo (min)

Experimental

Regressao Experimental

Modelo

Regressao do Modelo

Page 123: ESTUDO DA DINÂMICA DE SECAGEM EM UM SECADOR … · Estudo da dinâmica de secagem em um secador rotatório com alimentação intermitente / Briggida Dantas de Moura. - Natal

Anexo 121

Briggida Dantas de Moura –Abril/2016

a)

b)

c)

Figura C.3 – Alimentação intermitente com 5 min ligada e 15 min desligada, nas

temperaturas: a) 75ºC; b) 95ºC e c) 115ºC.

0 50 100 150 200

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Fra

çao A

cum

ula

da

Tempo (min)

Experimental

Regressao Experimental

Modelo

Regressao do Modelo

0 50 100 150 200

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Fra

çao A

cum

ula

da

Tempo (min)

Experimental

Regressao Experimental

Modelo

Regressao do Modelo

0 50 100 150 200

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Fra

çao A

cum

ula

da

Tempo (min)

Experimental

Regressao Experimental

Modelo

Regressao do Modelo