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 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ESTUDO DA COMPARTIMENTAÇÃO DA MICROBACIA HIDROGRÁFICA DO ALTO RIO BANANEIRAS AUXILIADO POR GEOTECNOLOGIAS Ouro Branco, MG Agosto de 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS PARA O

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

ESTUDO DA COMPARTIMENTAÇÃO DA MICROBACIA HIDROGRÁFICA DO ALTO

RIO BANANEIRAS AUXILIADO POR GEOTECNOLOGIAS

Ouro Branco, MG Agosto de 2016

 

LEANDRO MAGNO LOPES DA SILVA

ESTUDO DA COMPARTIMENTAÇÃO DA MICROBACIA HIDROGRÁFICA DO ALTO

RIO BANANEIRAS AUXILIADO POR GEOTECNOLOGIAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Tecnologias para o Desenvolvimento Sustentável, da Universidade Federal de São João del-Rei, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre.

Área de concentração: Tecnologias para o Desenvolvimento Sustentável Linha de Pesquisa: Estudos de Impactos e Avaliação de Sistemas Socioambientais

Orientador: Prof. Dr. Heraldo Nunes Pitanga Co-orientador: Prof. Dr. Rogério Antônio Picoli

Ouro Branco, MG Agosto de 2016

Ficha catalográfica elaborada pela Divisão de Biblioteca (DIBIB) e Núcleo de Tecnologia da Informação (NTINF) da UFSJ,

com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

S587eSilva, Leandro Magno Lopes da . ESTUDO DA COMPARTIMENTAÇÃO DA MICROBACIAHIDROGRÁFICA DO ALTO RIO BANANEIRAS AUXILIADO PORGEOTECNOLOGIAS / Leandro Magno Lopes da Silva ;orientador Dr. Heraldo Nunes Pitanga; coorientadorDr. Rogério Antônio Pícoli. -- Ouro Branco, 2016. 80 p.

Dissertação (Mestrado - Programa de Pós-Graduação emTecnologias para o Desenvolvimento Sustentável) --Universidade Federal de São João del-Rei, 2016.

1. Bacia hidrográfica. 2. Inundações. 3.Geomorfologia. 4. Modelagem. 5. Geotecnologias. I.Pitanga, Dr. Heraldo Nunes, orient. II. Pícoli, Dr.Rogério Antônio, co-orient. III. Título.

 

“Deus nos concede, a cada dia, uma página de vida nova no livro do tempo. Aquilo que colocarmos nela, corre por nossa conta.”

Francisco Cândido Xavier

AGRADECIMENTOS

À Deus que sempre está comigo em todos os momentos. Aos meus pais (mãe in memorian), aos meus irmãos.

Aos amigos que me ajudaram de inúmeras maneiras: com incentivos, com palavras de apoio e ensinamentos.

Ao meu orientador Prof. Dr. Heraldo Nunes Pitanga, pela oportunidade e confiança depositada em mim, acreditando em meu potencial, sobretudo nos meus momentos de

fraqueza À Co-Orientação do Professor Dr. Rogério Antônio Pícoli, por ter me passado as

primeiras orientações do mestrado em grandes conhecimentos Ao Professor Dr. André Lincoln Barroso de Magalhaes, por me ensinar como ser um

pesquisador com destreza e incentivos em momentos de fraqueza. Aos professores do PPGTDS, pelo conhecimento compartilhado.

À UFSJ-CAP, pela oportunidade de cursar o mestrado.

 

Sumário Resumo ........................................................................................................................... 7

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 9

1.1 Contextualização do problema ........................................................................... 9

1.2 Características físicas da área de estudo ............................................................ 12

1.3 Justificativa ........................................................................................................... 14

2 OBJETIVOS ............................................................................................................... 16

2.1 Objetivo geral ...................................................................................................... 16

2.2 Objetivos específicos .......................................................................................... 16

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................. 17

3.1 Uso e ocupação do solo ....................................................................................... 17

3.2 Ciclo hidrológico e precipitações .......................................................................... 20

3.3 Bacia hidrográfica ................................................................................................. 21

3.4 Características das enchentes e inundações ....................................................... 23

3.5 Modelagem........................................................................................................... 28

3.6 Geomorfometria ................................................................................................... 29

3.7 Área e perímetro da bacia hidrográfica ................................................................ 30

3.8 Formas de bacias hidrográficas ........................................................................... 31

3.9 Sistema de drenagem .......................................................................................... 32

3.10 Hierarquia de bacias hidrográficas ..................................................................... 33

3.11 Padrões de drenagem ........................................................................................ 34

3.12 Fator de forma .................................................................................................... 35

3.13 Densidade de drenagem .................................................................................... 36

3.14 Índice de compacidade ...................................................................................... 38

3.15 Magnitude da rede de drenagem ....................................................................... 39

3.16 Declividade ......................................................................................................... 39

3.17 Comprimento do canal principal ......................................................................... 40

3.18 Tempo de concentração ..................................................................................... 41

3.19 Geotecnologias .................................................................................................. 41

3.20 Medidas Conservacionistas ................................................................................ 44

4 METODOLOGIA ......................................................................................................... 45

 

4.1 Considerações gerais ........................................................................................... 45

4.2 Levantamento bibliográfico .................................................................................. 50

4.3 Análise morfométrica da bacia hidrográfica ......................................................... 51

4.4 Técnicas de análise geomorfométrica .................................................................. 53

4.4.1 Declividade .................................................................................................... 53

4.4.2 Densidade de drenagem ................................................................................ 54

4.4.3 Índice de compacidade .................................................................................. 54

4.4.4 Hierarquia da Drenagem ................................................................................ 55

4.4.5 Magnitude da rede de drenagem ................................................................... 55

4.5 Técnicas de Geoprocessamento .......................................................................... 55

4.6 Dados de chuvas .................................................................................................. 56

5 RESULTADOS e DISCUSSÕES ................................................................................ 58

5.1 Características morfométricas do relevo .............................................................. 58

5.2 Declividade .......................................................................................................... 61

5.3 Densidade de drenagem ...................................................................................... 66

5.4 Fator de forma ...................................................................................................... 66

5.5 Hierarquia da drenagem ....................................................................................... 66

5.6 Tempo de concentração ....................................................................................... 67

5.7 Impactos derivados das inundações .................................................................... 67

6. Conclusões ................................................................................................................ 70

REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS ................................................................................ 71

 

Resumo

 

As inundações, no distrito de Buarque de Macedo, localizado no município de

Conselheiro Lafaiete, estado de Minas Gerais, são eventos frequentes em períodos de

fortes chuvas. A microbacia localiza-se entre as bacias do Rio São Francisco e Rio Doce.

A vegetação local é de Cerrado e Mata Atlântica. A Microbacia hidrográfica do Alto Rio

Bananeiras possui uma área de 15,38 km². A pesquisa tem o objetivo de analisar os

eventos de inundações e seus impactos socioambientais. A metodologia empregada na

pesquisa contemplou a análise geomorfométrica da microbacia, que procurou verificar o

potencial de inundação em Buarque de Macedo, por meio de modelagens. Os valores

geomorfométricos foram os seguintes: Kc= 1,3; Kf=0,5; Tc=3,61 h e Dd=1,73 km/km. Os

mapas foram elaborados utilizando-se os softwares ArcGIS, em sua versão 10.1, e QGIS

2.8.1. Para os mapeamentos da declividade e da altimetria foi utilizada carta topográfica

do IBGE e base SRTM. Quanto à cobertura vegetal e ao uso do solo, foi elaborado mapa

de uso e ocupação do solo, a partir de imagens do Google Earth. Os dados de chuvas

foram obtidos da série histórica do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET),

monitorando a média de chuvas no período de 2004 a 2014. A região onde se localiza o

município de Conselheiro Lafaiete tem uma pluviosidade média anual de 1.438 mm, com

estação seca nos meses de inverno e chuvosa concentrada nos meses de verão. A

pesquisa revelou importantes dados sobre a MBHARB, considerando-se os seus

aspectos geomorfológicos, os impactos socioambientais e a importância do poder

público na gestão do território, considerando-se, ainda, que o produto cartográfico e os

resultados da análise geomorfométrica foram utilizados como indicadores da

susceptibilidade de regiões frágeis da bacia a inundações.

Palavras-chave: Bacia hidrográfica, inundações, geomorfologia, hidrografia,

geotecnologias, modelos matemáticos, modelagem do relevo.

 

Abstract

Floods in Buarque de Macedo district, located in the municipality of Conselheiro Lafaiete,

Minas Gerais State, are frequent events in periods of heavy rain. The watersheds is

located between the basins of the São Francisco and Rio Doce. The local vegetation is

Cerrado and Atlantic Forest. River Watershed of the Upper Rio Banana has an area of

15.38 km². The research aims to analyze the events of floods and their environmental

impacts. The methodology used in the research included the geomorphometric analysis

of the watershed, which sought to establish the potential for flooding in Buarque de

Macedo, through modeling. Geomorphometric values were as follows: Kc = 1.3; Kf = 0.5;

Tc = 3.61 h and Dd = 1.73 km / km. The maps were developed using the ArcGIS software,

in its version 10.1, and QGIS 2.8.1. For maps of slope and altimetry was used topographic

maps of the IBGE and SRTM base. As for the vegetation cover and land use, it was drawn

map of land use and occupation, from Google Earth images. The data of rainfall were

obtained from historical series of the National Institute of Meteorology (INMET),

monitoring the average rainfall from 2004 to 2014. The region where is located the city of

Hafizabad has an annual average rainfall of 1,438 mm, dry season in the winter months

and rainy concentrated in the summer period. The survey revealed important data on

upper Bananeiras River basin, considering its geomorphological aspects, social and

environmental impacts and the importance of government in land management,

considering also that the cartographic product and the results of geomorphometric

analysis were used as indicators of susceptibility of fragile regions of the basin to flooding.

Keywords: watershed, floods, geomorphology, hydrography, geotechnology,

mathematical models, relief modeling.

 

1 INTRODUÇÃO

 

1.1 Contextualização do problema

 

O distrito municipal de Buarque de Macedo situa-se à foz da microbacia hidrográfica

do Alto Rio Bananeiras (MBHARB). Nos períodos compreendidos entre os meses de

outubro a março, ocorrem picos de fortes chuvas, resultando na elevação do nível de

água do Rio Bananeiras, canal principal que banha o distrito municipal, ocorrendo

inundações das várzeas e, consequentemente, atingindo casas e vias públicas.

Considerando as inundações e as enchentes como fenômenos naturais, o fator

preocupante surge quando o homem ocupa as margens dos cursos de água em áreas

suscetíveis às inundações.

A carência de pesquisas e de dados técnicos e científicos referentes ao meio físico

da paisagem sobre a microbacia em estudo pode ser um dos fatores que dificultam o

gerenciamento e planejamento urbano na identificação de áreas de riscos à inundação.

Diversos trabalhos de pesquisa apontam o mau uso e ocupação do solo como

geradores de impactos ambientais adversos, como, por exemplo, retirada da vegetação

nativa, pavimentação do solo, edificações em várzeas inundáveis, dentre outros fatores.

Considerando a bacia hidrográfica como uma área de captação natural da água de

precipitação (TUCCI, 2004) e a geomorfometria como uma forma de representação

matemática da forma do relevo (ROSS, 1990), tais aspectos contribuem com a geração

de variáveis que resultam em dados capazes de permitir a identificação do potencial de

inundação de uma microbacia hidrográfica (VILLELA; MATTOS, 1975). A

compartimentação geomorfológica de uma bacia hidrográfica tem fundamental

importância para se conhecer onde ocorrem as maiores tendências de concentração de

água das chuvas (AB’SABER, 1969).

Outro problema que ocorre na região de Conselheiro Lafaiete é a escassez de água,

em períodos de secas, e as inundações, no período das cheias, contraste que pode

representar um mau gerenciamento do recurso hídrico, em função do excesso de água

que se perde para rios mais caudalosos à jusante. Motivado por este contraste, a

MBHARB foi utilizada como objeto de estudo no presente trabalho, isso porque a bacia

10 

 

hidrográfica é uma área onde se pode observar com facilidade a variação do volume

hídrico e a intensidade das precipitações pluviais. Com isso, a hidrodinâmica pode ser,

então, melhor administrada, dependendo apenas da escala de análise da bacia

hidrográfica em questão (LIMA, 2010).

Diante do exposto, o objetivo da presente pesquisa é identificar alternativas sobre a

aplicação do geoprocessamento por meio de análise da geomorfometria da bacia

hidrográfica do alto Rio Bananeiras. A aplicação do geoprocessamento pode ser

representada por meio do uso das geotecnologias para análise espacial e estudo do

comportamento hídrico em compartimentos geomorfológicos por meio de imagens

orbitais, modelos matemáticos e dados obtidos por sensores remotos, dados estes que

poderão proporcionar um maior conhecimento da realidade do espaço geográfico na

área pesquisada.

A Hidrologia, como objeto de estudo, é um dos elementos principais de uma bacia

hidrográfica. É uma disciplina de fundamentos teórico, experimental e computadorizado,

tendo como suporte as bases cartográficas, alfanuméricas e probabilísticas. Partindo

deste princípio, é uma ciência que fornece suporte aos estudos de cheias, à formulação

de hipóteses e testes matemáticos que validam valores de representações cartográficas.

Ainda que a quantidade de água existente no planeta seja constante e o ciclo

hidrológico em nível global possa ser considerado como um sistema fechado, os

balanços hídricos quase sempre se aplicam a unidades hidrológicas que devem ser

tratadas como sistemas abertos. Assim, na prática, nos estudos envolvendo a questão

da disponibilidade de água, das enchentes e inundações, dos aproveitamentos hídricos

para irrigação, da geração de energia, dentre outros, adota-se a bacia hidrográfica como

unidade hidrológica, pois nela pode-se notar o equilíbrio do ciclo hidrológico (OLIVEIRA,

2011).

Considerando, ainda, a água como um bem de valor imensurável para a vida humana

e suas interações, grande parte dela é utilizada de forma irracional e não sustentável.

Este fato agrava-se ao passo que ocorre pela má distribuição dos recursos hídricos,

principalmente por intervenções antrópicas. Consequentemente, constata-se que a água

não se encontra à disposição e com qualidade para atender a todas as necessidades

humanas(ALVES; BENDA; CORRÊA, 2007).

11 

 

Nos períodos mais secos do ano, a região do município de Conselheiro Lafaiete vem

sofrendo com a crise hídrica e, consequentemente, tendo o uso de água racionado

(CIBAPAR, 2015). Nos anos de 2011 a 2015, por exemplo, o município de Conselheiro

Lafaiete se deparou com um contraste no tocante à disponibilidade de água e fortes

cheias em períodos de chuvas (G1 GLOBO, 2012). Nesse contexto, ressalta-se a

necessidade de emprego de pesquisas, tecnologias, planejamento e políticas

envolvendo o uso e a disponibilidade de recursos hídricos como forma de promover a

conservação e gestão das águas doces (BRAGA et al., 2005).

Conceitualmente, a bacia hidrográfica tem sido utilizada como unidade de gestão da

paisagem nas áreas relacionadas ao planejamento ambiental. Esse procedimento pode

ser realizado tendo como base o gerenciamento de bacias hidrográficas. Isso porque a

bacia hidrográfica é uma área onde se pode observar com facilidade a variação do

volume hídrico e a intensidade das precipitações pluviais.

A análise geomorfométrica corresponde a um conjunto de procedimentos que

caracterizam aspectos geométricos e de composição dos sistemas ambientais, servindo

como indicadores relacionados à forma, ao arranjo estrutural e à interação entre as

vertentes e a rede de canais fluviais de uma bacia hidrográfica (CHRISTOFOLETTI,

1999), que por sua vez evidenciam situações e valores que extrapolam as questões

hidrológicas e geomorfológicas, como é o caso das inundações.

Atualmente, a caracterização morfométrica de bacias hidrográficas é feita por meio

de estudo do relevo em ambiente de Sistema de Informações Geográficas (SIG). Deste

modo, a utilização do SIG na análise espacial e modelagem do relevo torna-se uma

poderosa ferramenta de apoio ao planejamento ambiental (SANTOS, 2009).

Com base no trabalho de Antonelli; Thomaz (2007), a interação de dados

morfométricos permite a diferenciação de áreas homogêneas na bacia hidrográfica.

Estes parâmetros podem apresentar indicadores físicos específicos para um

determinado local, de forma a classificar as alterações ambientais.

As características físicas de uma bacia hidrográfica podem ser observadas por meio

de SIG, através de imagens orbitais obtidas por sensores remotos, cartas topográficas e

mapas de hidrografia (SILVA, 2003). As principais características morfológicas

registradas em estudos se referem às seguintes variáveis: área, perímetro, forma da

bacia (coeficiente de compacidade e fator de forma), sistema de drenagem (ordem e

12 

 

densidade de drenagem) e declividade das vertentes (OLIVEIRA; CRESTANI; ALMEIDA,

2011). Constata-se que estudos de parâmetros morfométricos aplicados a bacias

hidrográficas podem contribuir para o melhor gerenciamento no uso e ocupação do solo

em áreas “denominadas de risco” (TUCCI, 2004).

Dentro dessa perspectiva, o presente trabalho de pesquisa visa aplicar e avaliar

métodos e técnicas de análise morfométrica do relevo com o propósito de subsidiar

pesquisas e fomentar a ação de organizações governamentais e não governamentais

com dados técnicos e científicos que permitam a identificação de áreas de risco de

inundação na MBHARB, bem como em outras bacias hidrográficas similares.

1.2 Características físicas da área de estudo

 

O Município de Conselheiro Lafaiete, localizado a 98 km da capital do estado de

Minas Gerais, Belo Horizonte, está compreendida entre as regiões da Zona da Mata e

Campo das Vertentes (IGAM,2003). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE, 2015), o município tem população estimada, no ano de 2015, em

125.421 habitantes. A demanda no consumo diário de água em 2015 é de 335L/s de

acordo com Agência Nacional das Águas (ANA, 2015).

A microbacia hidrográfica do Alto Rio Bananeiras (MBHARB) localiza-se na região

Sul do município de Conselheiro Lafaiete, região do Alto Paraopeba, estado de Minas

Gerais (Figura 1).

13 

 

Figura 1: Mapa de localização da microbacia hidrográfica do Alto Rio Bananeiras

(MBHARB).

Fonte: IBGE, 2015

A MBHARB é uma importante bacia, por compreender duas grandes bacias

hidrográficas: a Bacia do Rio São Francisco e a Bacia do Rio Doce (IGAM, 2003). A

MBHARB, quanto as suas características morfométricas, possui uma área de 15,38Km²,

com padrão de drenagem dentrítico, sendo classificada como bacia de 3ª ordem,

utilizando-se o método de Strahler, apresentado por Christofoletti (1980).

A região em estudo apresenta clima quente e temperado. Existe uma pluviosidade

significativa ao longo do ano em Conselheiro Lafaiete. Mesmo o mês mais seco ainda

assim tem muita pluviosidade. De acordo com a Köppen e Geiger (CLIMATE-

DATA.ORG, 2015), o clima é classificado como Cfb. 19,3 °C é a temperatura média. A

região onde se localiza o município de Conselheiro Lafaiete tem uma pluviosidade média

anual de 1.438 mm, com estação seca nos meses de inverno e chuvosa concentrada

nos meses de verão, com características típicas para o Estado de Minas Gerais

(CLIMATE-DATA.ORG, 2015).

A microbacia hidrográfica à qual pertence a área de estudo é drenada pelo rio

Bananeiras, que pertence à bacia do rio Paraopeba, afluente do rio São Francisco

(IGAM,2003).

14 

 

A vegetação é discriminada como ecótono, compreendida entre os biomas de

Cerrado e Mata Atlântica, e a sua geomorfologia apresenta topografia irregular,

caracterizada como mares de morro (ALVIM et al.,2012).

Os fragmentos florestais do bioma Mata Atlântica encontram-se muito

fragmentados, o que indica uma região fortemente antropizada. A vegetação é um

elemento do meio natural muito sensível às condições e tendências da paisagem,

reagindo distinta e rapidamente às variações (SANTOS, 2009).

A Mata Atlântica é um dos biomas brasileiros mais afetados pelas atividades

antrópicas, possuindo grande número de espécies endêmicas, onde muitas delas

encontram-se em extinção, assim como o Cerrado é um bioma com grande variedade

de espécies endêmicas e vem sofrendo considerável perda de habitat (LIMA, 2008).

Existe uma grande diversidade de habitats que determinam uma notável

alternância de espécies. Além dos aspectos ambientais, o Cerrado tem grande

importância social, pelo extrativismo dos recursos florestais em pequenas comunidades

(PAESE et al., 2012).

O relevo que compõe a MBHARB possui topografia irregular característica de

mares de morro. A região de estudo encontra-se sobre o Complexo do Espinhaço, com

formação litológica de quartzitos. O ponto de maior altitude é 1.157 metros, onde está

localizado o interflúvio entre a bacia hidrográfica do Rio Doce e a bacia do Rio São

Francisco (SILVA, 2014).

A microbacia está compreendida entre duas classes de solos: Latossolo Vermelho

Amarelo e Cambissolo Háplico (FEAM, 2010). Os Latossolos são solos mais profundos

e desenvolvidos e estão em muitas áreas antes ocupadas pela Mata Atlântica. Já os

Cambissolos são solos com fragmentos de rochas e minerais primários pouco alterados

ou horizonte incipiente dentro de 200 cm a partir da superfície (LEPSCH, 2013).

1.3 Justificativa

Nos últimos anos, a comunidade do distrito de Buarque de Macedo vem sofrendo

com as inundações às margens do Rio Bananeiras. Quando acontecem estas

inundações, as ruas e casas dessa comunidade são tomadas pela elevação da água da

15 

 

calha do rio, impondo aos seus moradores consideráveis prejuízos socioeconômicos, os

quais se somam aos danos impostos aos meios físico e biótico.

Portanto, diante da legislação ambiental Lei nº 9.433/1997 e ordenamento territorial

Lei 10.257/2001, faz-se necessário o adequado planejamento e gestão dos recursos

hídricos no âmbito de uma bacia hidrográfica, evitando ocupações antrópicas às

margens dos corpos hídricos e favorecendo a proteção da cobertura vegetal conforme

Lei nº 12.651/2012. Desta forma, evita-se o assoreamento dos mananciais, restringindo

a alteração da dinâmica natural da drenagem da microbacia, atendendo aos requisitos

dos planos diretores municipais e à legislação ambiental, como o Código Florestal e o

Código das Águas.

Os planos diretores municipais, seguindo diretrizes do Estatuto da Cidade, devem

prever mapeamento de áreas de riscos ambientas com o objetivo de mitigar e/ou reduzir

o impacto ambiental local, bem como os impactos de vizinhanças.

O emprego de métodos, baseados em dados derivados da aplicação de ferramentas

geotecnológicas, pode dar suporte à proposição das necessárias medidas de

planejamento e gestão por meio do estudo morfométrico do relevo. As métricas geradas

poderão ser aplicadas em modelagens que visam identificar regiões frágeis a inundações

e promover o mapeamento de áreas com ocupações irregulares, conforme estabelece a

legislação que rege o uso e ocupação do solo. Assim, o poder público tem melhores

condições de fiscalização e tomadas de decisões sobre o gerenciamento do uso do solo.

Nesse trabalho, a compartimentação da microbacia tem o objetivo de contribuir com

a geração de dados cartográficos e geomorfológicos que poderão subsidiar pesquisas

científicas, trabalhos técnicos e o poder público em suas tomadas de decisão.

Os produtos gerados pela pesquisa poderão ser utilizados pelo poder público quanto

ao gerenciamento do uso do solo, bem como para a elaboração de leis e a alteração da

legislação em vigor. Desta forma, os métodos aplicados poderão tornar-se instrumentos

de apoio no planejamento e gestão da MBHARB, bem como em outras bacias

hidrográficas, por meio de medidas conservacionistas.

16 

 

2 OBJETIVOS

 

2.1 Objetivo geral

O presente trabalho tem como objetivo geral a aplicação de modelos matemáticos

e computacionais na compartimentação da microbacia hidrográfica do Alto Rio

Bananeiras, visando identificar fatores que contribuem com as inundações no distrito

municipal de Buarque de Macedo.

2.2 Objetivos específicos

Os objetivos específicos dessa pesquisa, visando o entendimento do objetivo geral, são:

Conhecer as variáveis de geoformas por meio da compartimentação

geomorfológica (morfometria) da microbacia hidrográfica do Alto Rio Bananeiras;

Aplicar modelos matemáticos para estudos hidrológico e geomorfológico, com o

objetivo de verificar a eficiência dos modelos propostos pela literatura e já

utilizados em outros trabalhos de pesquisa;

Utilizar modelagem computacional para geração de Modelos Numéricos do

Terreno (MNTs) e de Modelos Digitais de Elevação (MDEs) para o estudo da

declividade e da topografia da área de estudo com auxílio das geotecnologias;

Relacionar dados geomorfométricos com dados de chuvas, procurando verificar

as causas das inundações em Buarque de Macedo;

Estudar a geomorfologia da microbacia e sua relação com as águas superficiais,

visando subsidiar políticas públicas quanto ao melhor gerenciamento de uso e

ocupação do solo na microbacia hidrográfica do Alto Rio Bananeiras, bem como

em outras bacias e microbacias;

Identificar áreas com riscos de inundação e impactos socioambientais.

17 

 

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

 

Nesse tópico, serão apresentados conceitos básicos que servem para subsidiar o

entendimento teórico dos temas abordados no desenvolvimento da pesquisa.

3.1 Uso e ocupação do solo

Apesar da economia e ecologia serem expressões de origem semântica e

semelhantes (PHILIPPE; ALVES, 2005), a utilização dos recursos naturais como produto

rentável economicamente é a grande responsável por todo o tipo de degradação

ambiental do planeta, desde o surgimento da espécie humana (VEIGA, 2009).

Philippe; Alves (2005) transcrevem um trecho bíblico onde o próprio Deus afirma

a Noé e a seus filhos (BÍBLIA,Gênesis 9:1-8):

“Sede fecundos, multiplicai-vos e enchei a terra. Pavor e medo de vós virão sobre todos

os animais e sobre todas as aves dos céus; tudo que se move sobre a terra e sobre todos

os peixes do mar nas vossas mãos serão entregues. Tudo que se move e vive ser-vós-

a para alimento; como vos dei a erva verde, tudo vos dou agora.”

Na idade média, o Direito Romano levava em conta que os recursos terrestres

eram considerados infinitos e inesgotáveis, contudo, após a Revolução Industrial na

Inglaterra a partir de 1975, as maiores explorações dos recursos naturais e o aumento

da densidade demográfica contribuíram para o consumo acelerado de bens de consumo,

incentivado por uma economia ascendente, numa enorme escala produtiva (MACHADO,

1995).

Na década de 1960, os primeiros trabalhos científicos do Clube de Roma e do

Movimento da Contracultura foram elementos importantes para a criação do Direito

Ambiental Internacional no ano de 1972 (GRANZIERA, 2011). Machado (1995) ressalta

o avanço na legislação brasileira na esfera federal, onde a questão ambiental foi tratada

com maior rigor após a compilação da Constituição Federal de 1988.

A Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei 9.433/97) apresenta diretrizes

quanto aos usos múltiplos da água de forma racional e consciente (BRASIL, 1997). A lei

supracitada orienta para o melhor gerenciamento dos recursos hídricos e propõe que as

18 

 

bacias hidrográficas sejam utilizadas como unidades territoriais para aplicação de

políticas públicas quanto ao uso do solo (GRANZIERA, 2011).

De acordo com a Lei 12.651/12, que institui o “Código Florestal” brasileiro, o

gerenciamento das bacias hidrográficas, de uma forma geral, fica submetido às esferas

de governo estadual e federal por meio de comitês e agências de bacias hidrográficas.

Na esfera de governo municipal, fica estabelecida a criação de consórcios e associações.

As bacias hidrográficas têm grande importância ambiental, e, desta forma, é

preciso conhecer sua formação, constituição e dinâmica (GUERRA; MARÇAL, 2006). O

Código Florestal dispõe de diretrizes para proteção da flora e fauna, estabelecendo

regras para preservação de Áreas de Preservação Permanente (APP), considerando a

importância da preservação das florestas como proteção do solo e estabilidade de

encostas, evitando o carreamento de sedimentos para calhas dos rios, processo que

provoca assoreamentos e compromete o sistema de drenagem.

O Art. 4º da lei supracitada estabelece a proteção dos mananciais, sendo restrita

qualquer intervenção num raio de 50 metros das nascentes e 30 metros em margem

média de cursos de água com até 10 metros de largura (BRASIL, 2012). Essas medidas

conservacionistas contribuem ainda com a proibição da ocupação de pessoas em áreas

inundáveis, visando à proteção destas zonas frágeis.

Quanto ao ordenamento territorial, a Lei 10.257/01 cria o Estatuto da Cidade que

tem fundamental importância na organização do espaço (SANTOS, 2009). Em seu Art.

4º, alínea “a”, diz:

“O Plano Diretor é um instrumento básico para uma política de desenvolvimento

e garantia de qualidade de vida no município. Destaca-se por enfocar comunidades

humanas, o uso e ocupação de terras.”

O Estatuto da Cidade estabelece que todo município com população acima de

20.000 habitantes deve elaborar seu Plano Diretor (BRASIL, 2001). Por meio do Plano

Diretor, as cidades devem identificar áreas de risco às inundações, onde o uso de

modelos e estudos morfométricos pode constituir ferramenta de auxílio na identificação

das áreas vulneráveis, como é o caso da MBHARB.

Carvalho; Damascena (2013) discorrem sobre a seriedade da Lei 12.608/12 que

institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC), ressaltando a

19 

 

importância no manejo das bacias hidrográficas, na proteção ambiental e na identificação

de áreas de risco de inundação. O Art. 3 da lei determina a seguinte atribuição:

“A PNPDEC abrange as ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e

recuperação voltadas à proteção e defesa civil.

Parágrafo único. A PNPDEC deve integrar-se às políticas de ordenamento territorial,

desenvolvimento urbano, saúde, meio ambiente, mudanças climáticas, gestão de

recursos hídricos, geologia, infraestrutura, educação, ciência e tecnologia e às demais

políticas setoriais, tendo em vista a promoção do desenvolvimento sustentável.”

É importante realçar que, de acordo com a Lei Federal nº 11.445/07, Plano

Municipal de Saneamento Básico (PMSB), em sua alínea “d”, Inciso “I”, Artigo 3º:

“...drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: conjunto de atividades, infra-

estruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de

transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento

e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas”.

Ressalta-se, também, que a Lei 11.445/07, que institui o Plano Municipal de Saneamento

Básico, regulariza e indica diretrizes quanto à drenagem pluvial, dentre outras

providências, sugerindo a necessidade do planejamento e gestão pública quanto ao

manejo de bacias hidrográficas.”

Assim sendo, o Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) tem como objetivo

a conservação das bacias hidrográficas (SANTOS, 2009). O PMSB estabelece diretrizes

sobre a importância da drenagem pluvial, que, quando mal dimensionada, torna-se um

dos principais fatores causadores de inundações.

Por meio da macrodrenagem, observam-se áreas do relevo onde há maior

concentração de águas das chuvas e, consequentemente, podem ter suas vazões

controladas por meio de amortecimentos das cheias que podem ser desenvolvidos

através de outros estudos mais aprofundados, como o de Ohnuma (2005), que

desenvolveu pesquisas afim de avaliar o reuso de água pluvial e o controle da drenagem,

cujo objetivo é a recuperação ambiental da microbacia do alto Tijuco Preto, município de

São Carlos, em São Paulo. Outra vantagem do armazenamento da água das chuvas é

o uso da água para o abastecimento público em períodos de secas.

20 

 

Ainda assim, no Brasil, verifica-se uma importante diferença entre a ação e o discurso

das organizações sociais ambientalistas e a produção científica de instituições de

pesquisa que atuam na área de “ciência ambiental”. De fato, a superação do discurso

ambientalista parece avançar bem mais lentamente do que se poderia esperar. Talvez,

seja por falta de instrumentos e ferramentas de gestão para o reconhecimento do

território, como dados técnicos e cartográficos.

3.2 Ciclo hidrológico e precipitações

 

O Ciclo Hidrológico (Figura 2) é o fenômeno de circulação da água na superfície,

subsuperfície terrestre e atmosfera, impulsionado, fundamentalmente, pela energia solar

associada à gravidade e à rotação terrestre (TEIXEIRA et al., 2000).

Precipitação é entendida em hidrologia como toda água proveniente do meio

atmosférico que atinge a superfície terrestre. Neblina, chuva, granizo, saraiva, geada,

orvalho e neve são formas diferentes de precipitações atmosféricas. O que diferencia

essas formas de precipitação é o estado em que a água se encontra (LINSLEY;

FRANZINI, 1978). A disponibilidade de precipitação numa bacia durante o ano é fator

determinante para quantificar, entre outros, as necessidades de irrigação de culturas,

abastecimentos público e industrial. A determinação da intensidade da precipitação é

importante para o controle da inundação e erosão do solo exposto por retirada da

vegetação; outro fator importante é a capacidade que a chuva tem na produção do

escoamento superficial.

As características principais da precipitação são, no seu total, duração e

distribuições temporal e espacial. O total precipitado não tem significado se não estiver

ligado a uma duração, por exemplo, 100 mm pode ser pouco em um mês, mas é muito

em um dia ou mais ainda em 1 hora. A ocorrência da precipitação é um processo

aleatório que não permite uma previsão determinística com grande antecedência

(BRUBACHER; OLIVEIRA; GUASSELLI, 2011).

21 

 

Figura 2: Esquema representativo do ciclo hidrológico. Fonte: Teixeira et al., 2000.

3.3 Bacia hidrográfica

O Artigo 5, inciso III da RESOLUÇÃO CONAMA Nº 001, de 23 de janeiro de 1986,

define a bacia hidrográfica como limites geográficos. A Política Nacional de Recursos

Hídricos, instituída pela Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, incorpora princípios e

normas para a gestão de recursos hídricos, adotando a definição de bacias hidrográficas

como unidade de estudo e gestão.

De acordo com Christofoletti (1980), a bacia hidrográfica é definida como sendo a

área drenada por um determinado rio ou um conjunto de rios. A rede de drenagem ou

bacia hidrográfica é composta por um curso principal e seus tributários. Uma bacia

hidrográfica é limitada por divisores de águas ou divisores topográficos (Figura 3). Esses

são denominados como interflúvios, ou seja, as partes de maior altitude do relevo que

separam a drenagem entre outras bacias adjacentes (VILLELA; MATTOS, 1975).

Entre os divisores topográficos ou divisores de águas é onde a concentração das

águas das chuvas acontece (Figura 3), conforme a geomorfologia da bacia hidrográfica

ou microbacia. A forma geométrica representada topograficamente da bacia indica a

captação de águas das chuvas, podendo ser maior ou menor em eventos de picos de

fortes chuvas, o que pode provocar a inundação pela elevação da calha do rio principal

na foz da bacia.

22 

 

Figura 3: Representação dos divisores de águas de uma bacia hidrográfica. Fonte: Villela; Mattos, 1975.

Por meio dos interflúvios, delimitam-se as bacias hidrográficas, podendo ser em

diferentes tamanhos. Para Faustino (1996), a microbacia possui toda sua área com

drenagem direta ao curso principal de uma sub-bacia, sendo que várias microbacias

formam uma sub-bacia (Figura 4). Quantitativamente, considera-se a área de uma

microbacia como sendo inferior a 100 km², ao passo que as sub-bacias possuem áreas

maiores que 100 km² e menores que 700 km².

Figura 4: Representação de linha divisora de águas ou interflúvio. Fonte: Grotzinger; Jordan, 2013.

De acordo com Santos (2009), a bacia hidrográfica é reconhecida como uma

unidade de planejamento. Neste sentido, as bacias hidrográficas são tratadas como

unidades geográficas, onde os recursos naturais se integram. Sendo assim, é um limite

23 

 

para o ordenamento territorial onde se observam as características ambientais, sociais

e econômicas.

Para um melhor manejo e manutenção da bacia, deve-se levar em consideração

a interação do homem com a natureza, pois toda ocorrência de eventos em uma bacia

hidrográfica, seja de origem antrópica ou natural, interfere na dinâmica da paisagem.

Grande parte dos sedimentos é transportada pelos cursos d’água que drenam a

bacia hidrográfica. Portanto, qualquer alteração numa bacia hidrográfica vai ter

conseqüências diretas ou indiretas sobre os canais fluviais. Os processos de erosão do

solo vão fazer com que o escoamento superficial transporte os sedimentos para os

canais que drenam a bacia, onde parte é carreada e outra parte depositada, provocando

assoreamento dos cursos d’água (ARAÚJO; ALMEIDA; GUERRA, 2005).

Santos (2009) ressalta a importância da cobertura vegetal na manutenção e

conservação do solo, evitando processos erosivos e desprendimentos de sedimentos

que depositam no fundo dos rios, represas e lagoas, provocando assoreamento.

Os assoreamentos são responsáveis pela redução da capacidade de drenagem

dos cursos de água, em função da diminuição da profundidade dos canais. Assim, a

água se espalha nas planícies de inundações, aumentando a lâmina de água na

desembocadura do canal principal (ALVES, 2015), contribuindo, desta forma, com as

inundações em curto prazo de tempo.

3.4 Características das enchentes e inundações

As enchentes ocorrem por meio de ocupação do leito menor do rio, enquanto as

inundações ocorrem quando o escoamento atinge níveis superiores ao leito menor,

atingindo o leito maior (Figura 5). As cotas do leito maior identificam a magnitude da

inundação e seu risco. Os impactos sociais acontecem quando a água invade ruas,

casas, escolas, enfim, edificações com ocupações antrópicas. Os maiores problemas

decorrem das perdas materiais, afetando os aspectos socioeconômicos das famílias que

ocupam áreas frágeis de inundação, que geralmente são pessoas de baixa renda. Outra

questão é o comprometimento da saúde pública por questões sanitárias provocadas pela

contaminação da água da chuva com esgotamento sanitário (TUCCI, 2008).

24 

 

Figura 5: Representação da elevação do nível da água no rio.

Fonte: Tucci, 2008.

Ao exceder a cota da várzea do rio, as águas alcançam a elevação de suas

margens, preenchendo toda área do talvegue, caracterizando o fenômeno denominado

de enchente. Quando ocorrem chuvas mais intensas e a água supera a cota máxima do

talvegue, provocando o transbordamento do leito, este fenômeno denomina-se

inundação (TRENTIN; ROBAINA; SILVEIRA, 2013).

Tanto a enchente quanto a inundação são considerados fenômenos naturais, que

ocorrem, geralmente, quando acontecem chuvas fortes e intensas. O problema surge

quando ocorre a ocupação de pessoas que constroem moradias às margens dos rios,

onde em muitos casos, essa ocupação, se faz por questões políticas, econômicas e

culturais, assim, a comunidade fica submetida à margens de riscos de impactos

socioambientais.

Uma das maiores dificuldades quanto à prevenção dos impactos pluviais pode

estar ligada ao fato de que toda a estrutura urbana é “planejada” usando como parâmetro

apenas o estado médio dos fenômenos meteorológicos, desconsiderando as

discrepâncias que fazem parte do clima e que fatalmente ocorrem (GONÇALVES, 2003).

Diversos fatores podem intensificar o transbordamento das águas dos rios, como

retirada da cobertura vegetal nas margens dos rios, em encostas e topos de morro e a

pavimentação do solo. Estas práticas resultam no aumento da impermeabilidade do solo,

reduzindo a infiltração de água no mesmo, bem como aumentando a velocidade do

escoamento superficial (CHRISTOFOLETTI, 1980).

A interferência na paisagem natural, como construções em vertentes íngremes e

retirada da cobertura vegetal, contribui, consideravelmente, com impactos sociais,

econômicos e ambientais. Ao se construir em áreas íngremes, pode ocorrer risco de

escorregamento do solo, comprometendo a vida das pessoas, bem como contribuindo

25 

 

com a degradação do solo por associar-se com a retirada da cobertura vegetal,

aumentando o desprendimento de sedimentos da estrutura do solo. Associado às águas

das chuvas, estes sedimentos depositam-se no fundo dos vales, comprometendo a

dinâmica natural da drenagem (GUERRA; MARÇAL, 2006).

Os denominados desastres naturais provocados por inundações surgem quando

uma região habitada é atingida pelo excesso de água transbordada das calhas dos rios

(TUCCI, 2008).

A população de maior poder aquisitivo tende a habitar em locais seguros, ao

contrário da população carente que ocupa áreas de maior risco no período de cheias.

Quando a frequência de inundação é baixa, a população ganha confiança e despreza o

risco, aumentando os investimentos, tornando as áreas inundáveis mais densas.

Geralmente, a enchente assume características catastróficas, quando excede o leito

maior, caracterizando a inundação (NEVES, 2008).

As ocupações em áreas de risco podem ser evitadas por meio dos planejamentos

governamentais (TUCCI, 2004), atenuando a fiscalização da ocupação do solo,

principalmente as ocupações previstas pela legislação. Levando em conta que a

ocupação já tenha ocorrido, fazem-se necessárias medidas que controlam ou minimizam

os eventos de impactos provocados pelas inundações.

Segundo Tucci (2008), as administrações públicas, em geral, não estão

preparadas técnica e financeiramente para planejar e controlar esses impactos, já que

os recursos hídricos são, normalmente, tratados de forma setorizada (energia elétrica,

abastecimento urbano e tratamento de esgoto, irrigação e navegação), sem que haja

maior interação na administração e seu controle. A regulamentação do impacto

ambiental envolve o controle da ação do homem sobre o meio ambiente e não a

prevenção e controle de enchentes.

Os municípios foram pressionados a estabelecerem o Plano Diretor Municipal, o

qual, na sua quase totalidade, não contempla os aspectos de prevenção contra a

ocupação dos espaços de risco de enchentes. Entre os grandes entraves em pesquisas

relacionadas a monitoramentos e mapeamentos no Brasil, encontra-se a falta de dados

em escala adequada para estudos locais.

26 

 

Considerando as enchentes e inundações fenômenos naturais ou não, os

impactos socioambientais provocados por inundações em comunidades ribeirinhas

surgem quando há perdas ambientais, econômicas e materiais (SILVA, 2004). Quando

ocorre a remoção das pessoas e pertences materiais, acaba-se gerando transtornos

emocionais.

Os impactos ambientais podem ser denominados positivos e negativos. No caso

de impactos positivos, pode-se citar a recuperação das matas ciliares, a limpeza de rios

e o replantio de árvores, bem como a criação de espaços verdes em grandes centros

urbanos. Os impactos positivos colaboram para reconstituir o meio, para o retorno de

espécies nativas e para melhoria da qualidade de vida de todos os envolvidos (LIMA,

2008).

Já os impactos ambientais negativos são os que estão em maior evidência por se

tratar de ações adversas e que contrariam os princípios da natureza. Estes impactos são

fortemente veiculados por meios de comunicação e movimentos ambientalistas. Alguns

casos de impactos ambientais negativos são a poluição dos rios, desmatamentos,

ocupação antrópica em áreas de preservação ambiental, os quais, em geral, possuem

uma grande dimensão (GUERRA; MARÇAL, 2006).

Os impactos ambientais podem estar relacionados à natureza, sociedade e

economia. Partindo dos princípios da sustentabilidade, o meio ideal é aquele que tem

uma interação equilibrada. Quando acontecem impactos adversos provocados pela

inundação em regiões ocupadas por pessoas, ocorrem diversos fatores que atingem os

meios biótico, social e econômico (SANTOS, 2009). 

Considerando uma bacia hidrográfica uma unidade de integração dos meios

supracitados, a alteração biológica acontece quando a área inundada afeta o habitat de

animais pela invasão de água, bem como a questão da supressão da vegetação. Aliado

a este impacto, os aspectos social e econômico estão muito ligados em função das

perdas materiais, culturais, agricultura, criação de animais, perdas de pertences

materiais, como móveis, eletrodomésticos e outros. A respeito do ocorrido no ribeirão

Quilombo na região metropolitana de Campinas, desde 1990, a região sofre com

constantes impactos provocados pelos picos de chuvas que formam inundações no

município de Campinas e outros municípios à jusante (LIMA, 2012).

27 

 

Outro fator que envolve os impactos socioambientais no momento das inundações

é a contaminação por doenças pela veiculação hídrica, como leptospirose, cólera, entre

outros (NEVES, 2008). Diante da situação de risco em áreas ocupadas pelo homem às

margens dos rios, foram criadas algumas medidas de controle de cheias, visando

eliminar e/ou reduzir os impactos socioambientais. As medidas de controle de cheias

podem ser do tipo estrutural e não estrutural (TUCCI, 2004).

Tradicionalmente, o gerenciamento de riscos associados a inundações é feito

enfatizando-se a realização de medidas estruturais, tais como canalização, retificação

dos corpos d’água, construção de barragens de controle de cheias. Apesar dos altos

custos financeiros e tempo envolvidos em ações como estas, via de regra, elas se

mostram insuficientes para solucionar os problemas relacionados (TUCCI, 2004).

Para Gonçalves (2003), as ações não estruturais procuram organizar a ocupação

territorial, o comportamento de consumo das pessoas e as atividades econômicas. Daí

a importância da adoção de medidas não-estruturais como procedimento complementar

no gerenciamento de riscos associados a inundações.

A adoção destas medidas pode significar mudanças importantes no sistema de

gestão de políticas públicas, aliada a diferentes setores da sociedade por intermédio de

parcerias que integrem população, poder público, iniciativa privada e institutos de

pesquisa, com o objetivo de encontrar soluções mais efetivas.

Como medida não-estrutural, destaca-se um sistema de monitoramento e alerta

de inundações, o qual permitiria avaliar em tempo real a probabilidade de sua ocorrência,

em determinada área. Este sistema poderia também auxiliar os órgãos competentes do

poder público a elaborar seus planos de ações para minimizar os riscos e prejuízos

associados a inundações, evitando grande parte dos perigos de vida e transtornos que

acometem, frequentemente, a população atingida (SANTOS, 2009).

Em um planejamento consistente de ações de melhoria e controle dos sistemas

de drenagem, deve estar prevista uma combinação adequada de recursos humanos e

materiais, e deve haver um balanceamento harmonioso entre medidas estruturais e não

estruturais (CANHOLI, 2015).

28 

 

3.5 Modelagem

Em julho de 1977, no Instituto de Mecânica Fluvial da Universidade do Colorado,

foram realizadas palestras abordando a temática da modelagem de rios, que resultaram

em uma obra intitulada “Modeling of Rivers”. O objetivo da obra consistiu em apresentar

o conhecimento disponível relacionado a diversas categorias de modelagem fluvial

(SHEN,1979).

Diversos modelos são descritos na obra supracitada, tais como os modelos

matemáticos por meio de equações e os modelos digitais em ambientes computacionais.

Os modelos em maior evidência relacionam-se à previsão de cheias, à morfologia de

canais fluviais, à análise de bacias hidrográficas, dentre outros. Os modelos vêm sendo

cada vez mais utilizados para obtenção de dados e previsões de catástrofes

(CHRISTOFOLETTI, 1999).

Para investigar as características das diversas formas de relevo, as bacias

hidrográficas se configuram como feições importantes, principalmente no que se refere

aos estudos de evolução do modelado da superfície terrestre. Entretanto, a maioria dos

trabalhos científicos acerca de bacias hidrográficas evidencia, qualitativamente, os

aspectos de forma que, em geral, são insuficientes para a identificação de

homogeneidades, no que diz respeito aos fatores que influenciam as formas de relevo.

Assim, é evidente a necessidade do emprego de métodos quantitativos para

estudos dessa natureza. Esses parâmetros podem revelar indicadores físicos

específicos para determinado local, de forma a qualificarem as alterações ambientais

(ALVES; OLIVEIRA; SOUZA, 2015). As métricas hidrológicas para definição de

parâmetros aplicados aos modelos matemáticos são geradas em ambiente SIG, em que

se relaciona a forma geométrica do relevo com a drenagem superficial no interior da

bacia hidrográfica.

A quantificação da disponibilidade hídrica serve de base para os projetos de

planejamento dos recursos hídricos, como ocorrido na bacia do rio Sapê, localizada na

cidade de Niterói no estado do Rio de Janeiro, como apresentado nos estudos de Costa,

Martins; Leão (2012), na bacia da Cachoeira das Pombas, em Guanhães no estado de

Minas Gerais (DIAS et al.,2006) e no município de Alfredo Chaves, estado do Espírito

Santo, que é frequentemente atingido pelas enchentes do rio Benevente (GEOBASES,

29 

 

2007). Estes municípios sofrem constantemente com inundações em áreas urbanizadas

no interior das bacias hidrográficas.

Desta forma, o conhecimento das características morfométricas pode garantir

maior eficiência das intervenções que venham a ser realizadas na bacia, facilitando o

seu planejamento, de modo a minimizar impactos ambientais e desastres naturais

(CARELLI; LOPES, 2011).

Os modelos computacionais proporcionam simulação das formas do relevo, bem

como aquisição de medidas precisas em curto prazo de tempo. Estes procedimentos,

associados a aplicações de modelagem matemática, resultam em parâmetros que

definem o grau de risco de inundação de bacias hidrográficas em função do escoamento

superficial das águas das chuvas (BORGES et al., 2007).

3.6 Geomorfometria

 

A geomorfometria refere-se ao estudo do relevo em um contexto numérico,

fundamentado na mensuração de características geométricas da configuração

tridimensional da superfície do terreno (VALERIANO, 2007). Por um enriquecimento nos

recursos de análise de dados topográficos, o termo geomorfometria tem sido cada vez

mais utilizado em estudos de elevação de terreno para melhor compreensão da

topografia, sendo muito aplicado em Sistemas de Informação Geográfica (VALERIANO,

2002).

O mapeamento geomorfológico ou a compartimentação geomorfológica tem por

finalidade a representação do relevo quanto às suas formas (OLIVEIRA; CRESTANI;

ALMEIDA, 2011). O emprego da morfometria constitui uma importante ferramenta para

estudos de bacias hidrográficas e na análise de vertentes (BORGES et al., 2007).

A dinâmica sistêmica das bacias hidrográficas, por compor uma integração

complexa com uma grandeza de inter-relações, tem sido estudada por diversos autores.

Sendo assim, o esclarecimento de alguns conceitos torna-se fundamental para

embasamento do estudo em bacias hidrográficas.

Guerra; Cunha (2000) compreendem a bacia hidrográfica como “uma rede de

drenagens, interligada pelos divisores topográficos, onde cada uma delas drena água,

30 

 

material sólido e dissolvido para uma saída comum ou ponto terminal, podendo ser outro

rio de hierarquia igual ou superior, lago, reservatório ou oceano”.

Conforme Lima (1996), o comportamento hidrológico de uma bacia hidrográfica é

determinado pelas características morfológicas que, associadas às chuvas, são fatores

determinantes em zonas suscetíveis a inundações nas partes mais baixas da bacia

hidrográfica.

Com a finalidade de compreender as relações existentes entre os processos

hidrológicos de uma bacia hidrográfica, torna-se necessário expressar as características

da bacia em termos quantitativos.

A análise morfométrica de bacias hidrográficas configura-se em uma abordagem

quantificada da rede de drenagem. Através de procedimento sistemático e racional, as

formas de relevo da bacia hidrográfica podem ser mensuradas (CRISTOFOLETTI,

1980).

De acordo com Castro; Carvalho (2009), as especificidades geomorfométricas

revelam parâmetros morfológicos que demonstram os indicadores físicos da bacia,

caracterizando suas homogeneidades. A distribuição espacial dos canais fluviais na rede

de drenagem configura as formas do relevo.

Desse modo, as variáveis relacionadas ao comprimento, altura, largura, volume,

inclinação, densidade, entre outras são utilizadas para os estudos geomorfológicos,

geológicos, pedológicos e geotécnicos na avaliação de vulnerabilidade do meio

ambiente.

Os atributos verificados em bacias hidrográficas relativos à composição dos

parâmetros morfométricos são: área, perímetro e comprimento da bacia; extensão dos

canais fluviais; comprimento do vale dos canais fluviais; número de canais fluviais;

declividade da bacia; declividade dos canais e altimetria (CHEREM, 2008).

3.7 Área e perímetro da bacia hidrográfica

 

31 

 

A área da bacia hidrográfica é toda porção espacial drenada pelo sistema pluvial

inclusa entre seus divisores topográficos, projetada em plano horizontal, sendo elemento

básico para o cálculo de diversos índices morfométricos (TONELLO, 2005). É na área

de drenagem que a água atinge os cursos fluviais e a quantidade de água está

relacionada ao tamanho físico da área e à capacidade de coleta de água das chuvas

(VILLELA; MATTOS, 1975).

O perímetro da drenagem é o comprimento da linha imaginária ao longo do divisor

de águas ou interflúvio, e é por meio dele que se determina a extensão dos cursos

d’água, das nascentes ao exutório e confluências (TONELLO, 2005). Área e perímetro

de drenagem são variáveis importantes para cálculos morfométricos da bacia

hidrográfica por determinar o tamanho e a forma da mesma.

Estas métricas são elementos fundamentais para alimentação de informações nos

modelos. A grande maioria dos trabalhos que envolvem cálculos de declividade, índice

de compacidade, formas de bacias, densidade da drenagem, dentre outros utilizam como

parâmetros os valores destas medidas. Na pesquisa de Campos (2006), foram obtidos

valores de área e perímetro para caracterizar a bacia hidrográfica do Ribeirão das

Marrecas, em Londrina no estado do Paraná.

3.8 Formas de bacias hidrográficas

As bacias hidrográficas podem apresentar diversas formas geométricas, que

supostamente refletem o seu comportamento hidrológico (LIMA, 2008). O formato da

bacia se configura com as estruturas geológicas do relevo e pode alterar-se com o

decorrer dos anos por influências climáticas, agentes intempéricos e ações humanas

(OLIVEIRA; CRESTANI; ALMEIDA, 2011).

As formas de bacias mais arredondadas, com aparência circular, são mais

suscetíveis a maior drenagem superficial, enquanto as alongadas e estreitas têm

maiores dificuldades de drenagem (BENDJOUDI; HUBERT, 2002).

No trabalho realizado por Costa; Martins; Leão (2014), que teve como objetivo a

caracterização da bacia do Rio Sapê, localizada entre as cidades de São Gonçalo e

Niterói, no estado do Rio de Janeiro, foi obtido resultado de alta suscetibilidade a

32 

 

inundações de acordo com parâmetros geomorfométricos, onde a bacia hidrográfica

estudada apresentou geometria mais arredondada.

Já Dias et al. (2006) realizaram pesquisa na bacia hidrográfica da Cachoeira das

Pombas, no município de Guanhães, em Minas Gerais, e obtiveram resultado de uma

bacia hidrográfica de formato geométrico alongado. Eles evidenciaram a baixa

suscetibilidade a inundações. Na referida pesquisa, foram utilizadas técnicas de análise

morfométrica e feito o uso do geoprocessamento para análise morfométrica.

O fator de forma e o índice de compacidade são os parâmetros morfométricos

mais utilizados para verificar se a bacia hidrográfica é suscetível à inundação (OLIVEIRA;

CRESTANI; ALMEIDA, 2011).

A forma da bacia pode ser influenciada, entre outras características, pela geologia.

Além de atuar sobre alguns dos processos hidrológicos da bacia, considerando os

processos geológicos e a formação geomorfológica, a topografia da bacia hidrográfica é

a área que receberá as águas das chuvas e, consequentemente, drenadas para foz.

Quando esta área possui formato circular, maior é a sua capacidade de captação das

chuvas; já quanto mais alongada e estreita for esta área, menor a capacidade de

captação (LIMA, 2006).

A pesquisa desenvolvida por Fraga et al. (2014), sobre a “Caracterização

Morfométrica da bacia hidrográfica do rio Catolé Grande estado da Bahia”, evidenciou

que a forma da planta da bacia hidrográfica é um fator que condiciona maior volume de

água em curto prazo de tempo durante picos de fortes chuvas, o que leva à inundação

das partes baixas da bacia.

3.9 Sistema de drenagem

Segundo Villela; Mattos (1975), um sistema de drenagem é constituído pelo rio

principal e seus contribuintes ou afluentes, e sua configuração aparenta-se com a copa

ramificada de uma árvore. O desenvolvimento desse sistema e o estudo das

ramificações são relevantes para indicar a maior ou menor velocidade com que a água

deixa a bacia hidrográfica.

Guerra; Guerra (2008) definem um sistema de drenagem como um desenho

produzido pelas águas dos rios, que modelam a topografia. O conjunto destes desenhos

33 

 

de drenagem é o que caracteriza os padrões de drenagem. A análise do traçado de

drenagem em cartas topográficas ou fotografias aéreas revelam, em parte, a estrutura e

natureza, em parte, a estrutura geológica e a geomorfologia.

Outro fator importante a ser citado são os processos pedológicos, pois a

característica do solo tem forte influência no assoreamento das redes de drenagem,

reduzindo a passagem de água na foz da bacia, provocando o retorno da água,

principalmente das chuvas, que tem ocorrências rápidas, retardando a vazão (LEPSCH,

2013).

3.10 Hierarquia de bacias hidrográficas

A hierarquia da drenagem determina a ordem dos cursos de água, a qual é

utilizada com grande frequência para definir a magnitude e o tamanho da bacia

hidrográfica numa escala espacial (SILVEIRA, 2007). O tamanho da bacia, associado à

água das chuvas, determina o volume do deflúvio.

O volume de água pode ser mensurado por meio das variáveis morfométricas do

relevo, como coeficiente de compacidade, densidade da drenagem, fator de forma e

tempo de concentração (LIMA, 2008). A identificação e a hierarquização da drenagem

facilitam os estudos geomorfométricos (CHRISTOFOLETTI,1980).

Para Reis (2011), dentre os critérios utilizados para ordenamento dos cursos de

água de uma rede de drenagem em uma bacia hidrográfica, destacam-se os de Horton

e os de Strahler. A partir desses critérios, os rios são classificados como de primeira

ordem, segunda ordem, terceira ordem, quarta ordem e assim sucessivamente,

conforme apresentado na Figura 6.

34 

 

Figura 6: Ordenamento dos cursos de água de uma rede de drenagem em uma bacia hidrográfica: (A): Sistema Horton.; (B) Sistema Strahler

Fonte: Christofoletti,1980.

A hierarquização da drenagem é uma variável importante na determinação do

tamanho da bacia hidrográfica em termos espaciais (FERREIRA, 2011).

Conforme Silveira (2007), no sistema de Horton, os canais de primeira ordem são

aqueles que não possuem tributários; os canais de segunda ordem têm apenas afluentes

de primeira ordem; os canais de terceira ordem recebem afluência de segunda ordem,

podendo receber diretamente canais de primeira ordem, sucessivamente.

No sistema Strahler, todos os canais sem tributários são de primeira ordem,

mesmo que sejam nascentes dos rios principais e afluentes; os canais de segunda ordem

são os que se originam da confluência de dois canais de primeira ordem, podendo ter

afluentes também de primeira ordem; os canais de terceira ordem originam-se da

confluência de dois canais de segunda ordem, podendo ter afluentes de segunda e de

primeira ordem, sucessivamente (CARDOSO et al. , 2006).

Para Santana (2004), a hierarquização de bacias determina o canal principal da

bacia, bem como sua magnitude, ou seja, o tamanho da bacia hidrográfica em termos

espaciais, podendo ser classificadas como 1ª, 2ª e 3ª ordem, assim sucessivamente

(SCHUMM, 1956). Estes dados contribuem para analisar a quantidade de cursos d’água

de uma rede de drenagem (Figura 6). Para Lima (2008), a hierarquia fluvial determina o

sistema de drenagem da bacia hidrográfica que se relaciona com o volume de água

superficial no momento de picos de fortes chuvas.

3.11 Padrões de drenagem

Segundo Christofoletti (1980), o estudo dos padrões de drenagem é um assunto

amplamente debatido na literatura técnica. Os padrões de drenagem se referem à forma

espacial dos canais de drenagem, que podem ser associados à geomorfologia pela

natureza e disposição das camadas rochosas, pela resistência litológica, pelas

diferenças de declividade e pela evolução geomorfológica da região.

Uma ou várias bacias de drenagem podem estar englobadas na caracterização

de determinado padrão. A classificação dos tipos de drenagem foi discutida por vários

35 

 

especialistas (LIMA, 2008). Utilizando-se de critérios geométricos da disposição fluvial,

Christofoletti (1980) descreveu os tipos básicos dos padrões de drenagem, conforme

apresentados na Figura 7.

Figura 7: Diferentes padrões de drenagem.

Fonte: Christofoletti,1980.

De acordo com o padrão de drenagem, a água da chuva tem comportamento

diferente quanto ao escoamento superficial e ao formato geométrico da bacia

hidrográfica. A sinuosidade dos cursos dos rios contribui para a redução da velocidade

da água em sistemas naturais de drenagem (CHRISTOFOLETTI, 1980), contudo, em

bacias hidrográficas sujeitas a inundações em período de chuvas, a vazão fica

comprometida, excedendo o limite da calha do rio, provocando transbordamento da água

(TUCCI, 2008).

3.12 Fator de forma  

A forma da bacia hidrográfica é importante por influenciar no tempo de

concentração e, conforme a intensidade das chuvas, na magnitude do escoamento

superficial e, por conseguinte, na magnitude da vazante no exutório. Isso é verificado por

36 

 

meio dos coeficientes aplicados a modelos matemáticos que permitem identificar o

coeficiente de forma da bacia hidrográfica (LIRA, 2012).

As bacias hidrográficas apresentam uma variedade infinita de formas, que

supostamente refletem o comportamento hidrológico da bacia, ou seja, em uma bacia

circular, toda a água escoada tende a alcançar a saída da bacia ao mesmo tempo. Bacias

com mesma área, porém com formato elíptico (Bacia A da Figura 8), têm menos ou

quase nenhuma possibilidade de sofrer enchentes, enquanto as de formato circular

(Bacia B da Figura 8) têm maiores tendências a sofrer cheias em picos de fortes chuvas,

chegando à foz em curto prazo de tempo.

Oliveira; Crestani; Almeida (2011) aplicaram o método do coeficiente de forma na

“Caracterização fisiográfica da bacia de drenagem do Córrego Jandaia no estado do

Paraná” e evidenciaram que a forma geométrica da topografia das bacias hidrográficas

influencia os processos de inundações.

O Fator de forma (Kf) é a relação entre a largura média e o comprimento axial da

bacia. Esse fator pode ser calculado pela Equação 1:

²L

AKf

Equação 1

Em que: Kf é o fator de forma, A é a área da bacia em km² e L é o comprimento axial da

bacia em km. Uma bacia com fator de forma com valor baixo indica que a mesma é

menos sujeita a inundações (Bacia A) que outra de mesmo tamanho (Bacia B), porém

com fator de forma maior (VILLELA; MATTOS, 1975).

Figura 8: Exemplos de bacias hidrográficas com diferentes fatores de forma. Fonte: Lima, 2008.

3.13 Densidade de drenagem

37 

 

A densidade de drenagem é definida como a soma do comprimento total dos

cursos d’água dividida pela área da bacia hidrográfica (Equação 2), constituindo um dos

parâmetros geomorfológicos mais comumente utilizados para análise hidrológica

(BHAGWAT; SHETTY, 2011). A finalidade deste índice é comparar a quantidade de

cursos de água existentes em uma área de tamanho padrão, como, por exemplo, o

quilômetro quadrado (Figura 9). A densidade da drenagem associa-se às formações

geológica e geomorfológica, onde a distribuição de cursos de água se apresenta de

diferentes formas.

Sendo assim, a densidade da drenagem é um fator importante para determinar o

escoamento superficial das águas das chuvas, considerando, ainda, que episódios de

cheias e inundações ocorrem em curto prazo de tempo de chuvas fortes.

O padrão de drenagem dentrítico associa-se às densidades médias e densas que

contribuem com uma maior vazante de água durante períodos de cheias; já as drenagens

esparsas associam-se aos padrões retilíneos e de treliça, que são menos propensos a

inundações (CRHISTOFOLETTI, 1980). Pesquisadores da bacia hidrográfica do Rio

Vermelho, no estado de Goiás, utilizaram métodos para o cálculo da densidade da

drenagem e comprovaram que, quanto maior a rede de drenagem, maior o escoamento

das águas superficiais (BRUBACHER; OLIVEIRA; GUASSELLI, 2011).

Para determinar a densidade da drenagem, utiliza-se o modelo representado pela

Equação 2 a seguir:

A

LDd

Equação 2

Em que: L representa a soma dos comprimentos (em km) dos cursos de água

identificados na bacia hidrográfica, A é a área da bacia hidrográfica (em km²), definida

pela delimitação dos divisores de água da bacia.

Esse índice pode variar de 0,5 km/km², em bacias com drenagem pobre, a 3,5

km/km² ou mais, em bacias bem drenadas (VILLELA; MATTOS, 1975).

38 

 

Figura 9: Diferentes densidades de drenagem de bacias hidrográficas. Fonte: Anderson, 1982.

3.14 Índice de compacidade

Visando compreender a geoforma das bacias hidrográficas, Gravelius, professor

na Universidade de Dresden (Alemanha), propôs, em 1914, a Equação 3, a qual

quantifica o coeficiente de compacidade ou índice de compacidade de uma bacia

hidrográfica:

A

PxKc 28,0

Equação 3

Em que: Kc é o coeficiente de compacidade, P é o perímetro da bacia em km e A é a

área da bacia em km².

Esse coeficiente é um valor adimensional que varia com a forma da bacia

hidrográfica, independentemente do seu tamanho (Figura 10). O Índice de compacidade

relaciona o perímetro da bacia com o perímetro de um círculo de mesma área; assim,

quanto mais irregular for a bacia hidrográfica, maior será o coeficiente de compacidade,

ou seja, quanto mais próximo da unidade for o coeficiente Kc, mais circular será a bacia

e mais sujeita a inundações (VILLELA; MATTOS, 1975).

Visando diferenciar as formas do Kc , foram criadas as classes A, B e C,

respectivamente, e assim classifica-se como forte, média e fraca tendência à inundações

(Figura 10).

39 

 

Diversos trabalhos de estudos morfométricos de bacias hidrográficas utilizam o

Método proposto por Gravelius, como o caso da “Caracterização hidromorfológica da

bacia hidrográfica do Rio Vermelho estado de Goiás ” (SANTOS, 2006).

Figura 10: Compacidade de bacias hidrográficas segundo método proposto por

Gravelius.

Fonte: Lima, 2008.

3.15 Magnitude da rede de drenagem

Lima (2008), aplicando o método de análise de magnitude proposto por Shreve

(1966) apud Ferreira (2011), afirma que o escoamento depende, em grande parte, do

número de cursos de água da rede de drenagem da bacia hidrográfica e será tanto maior

quanto maior for o número de canais em funcionamento.

A magnitude de um curso de água é igual ao número de cabeceiras ou nascentes,

ou seja, na prática, esta corresponde ao número de canais de ordem “1” segundo o

critério de Strahler. Por meio da aplicação deste método, determina-se a quantidade de

canais da rede de drenagem, onde é possível determinar a densidade da bacia

(CHRISTOFOLETTI, 1980), conforme Figura 9.

3.16 Declividade

 

Quanto maior a declividade de um terreno, maior a velocidade de escoamento,

menor o tempo de concentração da água superficial e maiores as perspectivas de picos

de enchentes. As magnitudes desses picos de enchente e da infiltração da água,

trazendo, como consequência, maior ou menor grau de erosão, dependem da

declividade da bacia (GUERRA; MARÇAL, 2006).

40 

 

Dias et al. (2006) estudaram a influência da declividade na bacia hidrográfica da

Cachoeira das Pombas, em Guanhães estado de Minas Gerais. Segundo o estudo, o

valor encontrado correspondeu a um relevo fortemente ondulado, que é um indicativo

dos fatores que podem ser uma das causas de enchentes em picos de chuvas fortes.

Com a informatização, os cálculos de declividade são realizados de forma

automática por meio de rotinas computacionais, facilitando os cálculos, obtendo maior

acurácia, diminuindo erros e retrabalhos. Contudo, os mesmos podem ser realizados por

meio de equações matemáticas (VALERIANO, 2007).

A declividade é a relação entre a diferença de altura entre dois pontos e a distância

horizontal entre esses pontos. As unidades representativas de declividade podem

aparecer em graus (º) ou em percentual (%), onde o valor de 90º corresponde a 100%

da declividade (COMASTRI; TULER, 2008), conforme Equação 4.

%100xL

hDn

Equação 4

Em que: Dn é o valor da declividade, h a diferença de nível em m, L a distância horizontal

no terreno em m e 100% representa o valor zenital de 90º.

3.17 Comprimento do canal principal

 

O comprimento do rio é a distância (em km) que se estende da nascente ao

exutório, foz ou desembocadura. Existem vários critérios para a definição do curso

d’água principal. Horton (1945) apud Carvalho; Silva (2006) propôs as seguintes regras:

partindo de jusante de cada confluência, a confluência do canal que apresentar maior

ângulo é o de ordem menor.

Se ambos os cursos de água possuem o mesmo ângulo de confluência, o de maior

dimensão é, geralmente, o de ordem mais elevada. Shreve (1966) apud Oliveira,

Crestani; Almeida (2011) propôs um outro critério: em cada bifurcação, a partir do

exutório, seleciona-se o canal de maior magnitude. Conhecido o canal principal, é

possível determinar a declividade da bacia, da nascente ao exutório, e dessa forma

determinar o grau de influência de enchentes, em função da velocidade do escoamento

superficial.

41 

 

3.18 Tempo de concentração

 

Considera-se tempo de concentração, o tempo gasto por uma gota de água da

chuva que caia no ponto mais afastado de uma bacia até chegar ao seu exutório ou foz

(BOIN, ZANATTA; CUNHA, 2014). Franchini et al. (2014) propõem, para o cálculo desse

parâmetro, o método de Temez (Equação 5), por ter sido testado em bacias americanas

e espanholas com resultados próximos ao esperado.

76.0

25.0

I

LTc

Equação 5

Em que: Tc é o tempo de concentração em horas, L é o comprimento do curso de água

principal em km e I a inclinação média do curso de água principal.

O tempo de concentração determina o tempo necessário para escoar toda água

excedente no interior da bacia hidrográfica. Quanto maior o valor de Tc, mais intensa a

inundação (FERREIRA, 2011).

3.19 Geotecnologias

 

As geotecnologias são o conjunto de tecnologias para coleta, processamento e

análise de informação com referência geográfica. As geotecnologias são compostas por

soluções em hardware, que estão relacionadas a equipamentos, os softwares, que são

recursos lógicos de processamentos computacionais, e os peoplewares, que são os

recursos humanos. Esses componentes em conjunto constituem poderosas ferramentas

para tomada de decisão, também conhecidas como ferramentas de geoprocessamento

(VALERIANO, 2002).

Dentre as geotecnologias, podem ser destacadas as seguintes: sistemas de

informação geográfica, cartografia digital, sensoriamento remoto, sistema de

posicionamento global e topografia georeferenciada (ROSA, 2005).

O sensoriamento remoto é a tecnologia de aquisição, à distância, de dados da

superfície terrestre, isto é, por meio de sensores instalados em plataformas terrestres,

aéreas ou orbitais por meio de satélites (FLORENZANO, 2008).

42 

 

O uso das geotecnologias vem ganhando cada vez mais espaço quanto ao estudo

da geografia física e à análise do espaço (MARQUEZINI; PANCHER, 2012). Além das

diversas ferramentas oferecidas para estudos espaciais, como GPS, Softwares e

Hardwares, dados obtidos por sensores remotos, como imagens e informações da

superfície terrestre, contribuem para estudos ambientais (CÂMARA, 1998).

Os elementos localizados em nosso mundo têm relações espaciais entre si, ou

seja, suas posições no espaço influenciam interações, o que, por conseqüência, pode

desencadear muitos processos (CULLEN; RUDRAN; PÁDUA, 2006).

No Brasil, alguns estudos pioneiros na década de 1950 utilizaram técnicas de

geoprocessamento para diagnósticos e monitoramentos ambientais que visavam o

levantamento da vegetação natural do Brasil com uso de fotografias aéreas

(FRANCISCO; PIRATELLI, 2013).

O termo geotecnologia está presente em toda tecnologia utilizada para análise do

espaço geográfico e planejamento ambiental, como os estudos realizados por Castro e

Carvalho (2009), na bacia hidrográfica do Rio Turvo no estado de Goiás, e Alves et al.

(2015), na bacia do Ribeirão da Picada, Jataí no estado de Goiás, por meio de estudo

morfométrico do relevo com utilização do SIG e sensoriamento remoto.

Estes estudos revelaram a importância das técnicas adotadas para análises

morfométricas das bacias hidrográficas por meio de imagens de radar e imagens obtidas

por satélites (CASTRO; CARVALHO, 2009). Costa et al. (2007) ressaltam a importância

da escala de trabalho do material cartográfico para melhor precisão nos resultados.

Dentre as bases de dados, que têm sido muito utilizadas em estudos ambientais

e no ordenamento territorial, podem ser citadas as seguintes: imagens obtidas por radar,

por meio de sensores multiespectrais acoplados em satélites e cartas topográficas

(FLORENZANO, 2008).

A estrutura macro deste ramo da ciência, já mencionada como

geoprocessamento, é um conjunto de tecnologias direcionadas para a coleta e o

tratamento das informações espaciais (XAVIER-DA-SILVA; ZAIDAN, 2004). O

geoprocessamento, como ferramenta de análise espacial, tem sido utilizado de forma

multidisciplinar em diversas áreas da ciência, a citar o seu uso em análises do conflito

de terras na bacia do Rio Alegre, no estado do Espírito Santo, em função da ocupação

43 

 

antrópica em Áreas de Preservação Permanente (APPs) (NASCIMENTO; SOARES;

RIBEIRO, 2005).

Outro exemplo é o trabalho de Ribeiro et al. (2015), que estudaram as sub-bacias

do Ribeirão dos Patos, Córrego dos Patinhos e Córrego da Cachoeira estado de São

Paulo, visando a elaboração de planejamento ambiental e o gerenciamento da bacia

hidrográfica do Pontal de Paranapanema, em função dos conflitos e formas de uso da

terra, da água e a proteção ambiental.

O geoprocessamento disponibiliza ferramentas, recursos e dados para que

analistas possam determinar a evolução temporal e espacial de um determinado

fenômeno geográfico e suas inter-relações (TAYLOR, 1991).

Estas evoluções podem ser constatadas por meio de séries históricas, através de

bases cartográficas de determinado local de estudo (MARTINELLI, 2003). Desta forma,

é possível comparar aspectos espaciais do passado com os do presente e estimar

tendências (ALVES; OLIVEIRA; SOUZA, 2015).

O estudo da represa localizada no antigo Parque de Exposições em Conselheiro

Lafaiete, estado de Minas Gerais adotou o método de estudo do comportamento

espectral das imagens LANDSAT 5 para datar e identificar a origem do depósito

sedimentar oriundo de processos erosivos na microbacia contribuinte da bacia do Rio

Bananeiras, o que implicou no assoreamento da antiga represa localizada no parque

exposições (SILVA, 2014).

Levando em conta que o geoprocessamento é dotado de uma tecnologia

multidisciplinar, qualquer especialista pode se valer dela em benefício de seu trabalho

ou pesquisa (SILVA, 2003). Entretanto, para utilizá-lo, é preciso que os conceitos das

disciplinas sejam transformados em representações computacionais (VALERIANO,

2002).

Pesquisas que envolvem análise espacial em bacias hidrográficas têm como

aliado o uso das geotecnologias para o mapeamento da paisagem. Lira, Nascimento;

Almeida (2012) mapearam a morfometria da bacia do Igarapé Amaro, no Acre, obtendo

um conjunto de informações detalhadas sobre a mesma referentes aos períodos de

cheias. Entre as variáveis analisadas, constam: perímetro da bacia, comprimento do rio

principal, declividade, índice de compacidade e fator de forma, ordem da bacia, área da

bacia, densidade de rios, densidade de drenagem, que são parâmetros que facilitam a

44 

 

análise da relação das formas de relevo com as inundações em períodos de fortes

chuvas (MACHADO;VETTORAZZI; XAVIER, 2009).

Essas ferramentas computacionais, quando integradas, são denominadas

Sistemas de Informações Geográficas (SIG) e permitem realizar análises complexas, ao

integrar dados de diversas fontes e ao criar bancos de dados georeferenciados (BARRA,

2000). Tornam ainda possível a automatização da produção de documentos

cartográficos (PAREDES, 1994).

Utilizando instrumentos como imagens obtidas por satélites, fotografias aéreas,

mapas, bancos de dados e softwares específicos, o geoprocessamento possibilita a

geração de análises e informações necessárias para a tomada de decisão rápida e eficaz

(CÂMARA, 1998), constituindo-se, portanto, em um importante instrumento no

planejamento de ações na área ambiental (XAVIER-DA-SILVA; ZAIDAN, 2004).

Para Câmara; Medeiros (1998), essa tecnologia utiliza operações matemáticas e

métodos computacionais para tratamento das informações, por meio de correlações

espaciais, temáticas, temporais e topológicas. Entre as principais utilizações de um SIG,

destacam-se: a produção de mapas, a análise espacial e o banco de dados geográficos,

com funções de armazenamento, cruzamento e recuperação de dados.

De acordo com Almeida, Monteiro; Câmara (2007), o geoprocessamento

proporciona uma série de facilidades na produção de dados para estudo de fenômenos

espaciais geográficos, dentre eles medidas de prevenção e tomadas de decisões em

desastres naturais.

3.20 Medidas Conservacionistas

As atividades antrópicas, quando desenvolvidas de forma descontrolada, sem

levar em consideração aspectos conservacionistas, acarretam a degradação dos

ecossistemas (CULLEN; RUDRAN; PÁDUA, 2006).

Os desprendimentos dos sedimentos das encostas, as enchentes, os processos

erosivos acelerados e as áreas de depósitos de sedimentos são evidências do uso

inapropriado dos recursos naturais (CASTRO; LOPES, 2001).

A demanda de conhecimento gerada pela sociedade, para reversão dos

problemas ambientais, tem gerado a criação de novas técnicas e estratégias de

45 

 

recuperação e de reabilitação de áreas degradadas, assim como dos ecossistemas

intensamente modificados pela atividade antrópica (CAMPOS, 2006).

As instituições de ensino, pesquisa e extensão, as organizações do Terceiro Setor

e o poder público são fortes aliados para recuperação de áreas degradadas pelo homem.

O poder legislativo tem fundamental importância na elaboração de leis e no ordenamento

do território. Considerando que cada região tem suas particularidades, há uma forte

necessidade de estudos e pesquisas mais aprofundadas localmente (SANTOS, 2006).

Nos últimos anos, são notórios os problemas de impactos ambientais sofridos pela

sociedade, tais como os decorrentes do lançamento do esgotamento sanitário nos rios,

da substituição da vegetação nativa por florestas plantadas para fins silviculturais e do

aumento crescente de pastagem (FRANCISCO; PIRATELLI, 2013).

O uso de princípios teóricos da sucessão vegetal, em ecossistemas degradados,

constitui uma importante ferramenta para sua reabilitação, pois se está utilizando os

próprios mecanismos da natureza local, induzindo o surgimento de novos estágios

sucessionais (PAESE et al., 2012). A reabilitação de áreas degradadas deve envolver

um conjunto de fatores ambientais, de tal forma que propicie condições para que os

processos ambientais sejam similares ao de uma vegetação secundária da região, tanto

nos aspectos hidrológicos, fitosociológicos, na ciclagem de nutrientes, dentre outros

(SANTOS, 2006).

Considerando a bacia hidrográfica como uma unidade de gestão e conservação,

há uma forte necessidade da aproximação do poder público e instituições de ensino em

todos os níveis, quais sejam, fundamental, médio, escolas técnicas, superiores e

educação continuada.

4 METODOLOGIA

 

4.1 Considerações gerais

A pesquisa teve como técnica o método hipotético-dedutivo, que são métodos que

visam minimizar erros (MARCONI; LAKATOS, 2010), com objetivo de obter informações

sobre a geomorfologia da MBHARB, através de pesquisa de campo com auxílio de

geotecnologias. A natureza da pesquisa teve como objetivo analisar a geomorfologia e

sua interação com as águas das chuvas e os problemas de inundação em períodos de

fortes precipitações pluviais.

46 

 

Por meio de modelos matemáticos, utilizando equações matemáticas aplicadas

para a obtenção de métricas sobre a morfologia do relevo, foi possível mensurar a área

da microbacia, seu perímetro, dentre outras variáveis capazes de identificar regiões

frágeis às inundações. Os dados obtidos foram utilizados para alimentar as variáveis dos

modelos e já foram aplicadas em outros trabalhos supracitados, onde, em períodos de

fortes chuvas, ocorrem ou não inundação, conforme morfometria das bacias

hidrográficas.

O propósito da pesquisa foi aplicar os modelos matemáticos e computacionais,

visando obter informações sobre a geomorfometria da MBHARB quanto ao

comportamento hidrodinâmico das águas superficiais e sua interação com os períodos

de chuvas. Desta forma, os modelos foram utilizados para verificar se a microbacia tem

tendências naturais às inundações e também para verificar a relação de impactos

ambientais decorrentes da ocupação antrópica em áreas sujeitas a inundações.

A fonte de dados utilizada originou-se da literatura técnica que aborda assuntos

relativos à aplicação de geotecnologias na descrição e caracterização da geomorfologia

da MBHARB, obtendo dados sobre a morfometria do relevo e a utilização de modelos

para verificar a suscetibilidade às inundações que têm causado transtornos

socioambientais sobre a comunidade de Buarque de Macedo, município de Conselheiro

Lafaiete, estado de Minas Gerais.

Para a localização de pontos de amostragem e navegação em campo, foi utilizado

o GPS eTrex 30 (Figura 11). Este aparelho conta com bússola de 3 eixos e altímetro

barométrico que proporciona maior acurácia quanto aos pontos de elevação. Além do

sistema americano de GPS, ele também conta com satélite russo GLONASS,

aumentando a precisão e rapidez na recepção de sinais. O GPS foi utilizado para coletar

pontos de controle na identificação de locais, como áreas atingidas por inundações e

identificação de alguns corpos hídricos que não estavam legíveis na base de dados

cartográficos onde se localiza a microbacia. O equipamento demonstrou ser eficiente na

verificação de dados em campo, considerando o seu fácil manuseio e seu baixo custo.

47 

 

Figura 11: GPS ETREX 30. Fonte: GARMIN, 2015

Foram utilizados os softwares Quantum GIS 2.8 (QGIS), fabricado pela QGIS

Brasil, e ARCGIS 10.1, fabricado pela ESRI, que são softwares destinados a Sistemas

de Informações Geográficas (SIGs) do tipo multiplataforma, que suportam formatos

vetoriais, raster e de bases de dados tabulados (ALVES; BRENDA; CORRÊA, 2007).

Os softwares foram utilizados para obtenção dos dados morfométricos do relevo

da microbacia por meio de bases georreferenciadas. Com estes dados, foi possível a

alimentação dos modelos matemáticos para verificação quanto à tendência às

inundações da MBHARB.

As Figuras 12 e 13 exemplificam as respectivas áreas de trabalho desses

softwares.

48 

 

Figura 12: Área de trabalho ArcGIS 10.1 Fonte:Elaboração Própria, 2016.

Figura 13: Área de trabalho QGIS 2.8.1. Fonte: Elaboração própria, 2016.

Os softwares citados foram utilizados para tratamento e manipulação das

informações espaciais. Por meio deles, foi possível a vetorização das bases

cartográficas, obtendo-se dados como: percurso dos corpos hídricos, delineamento das

curvas de nível, delimitação e cálculo de área e de perímetro da microbacia (Figura 14)

e uso do solo (Figura 15), gerando mapas temáticos sobre a representação espacial da

área de estudo.

49 

 

Os dados de chuvas foram obtidos de série histórica do Instituto Nacional de

Meteorologia (INMET), num período temporal de 2004 a 2014. Estes dados visam

identificar o regime de chuvas e mensurar a quantidade de água que a microbacia tem

potencial de captar. Essas informações poderão contribuir com possíveis trabalhos

futuros relacionados a pesquisas e medidas de controle do poder público.

Figura 14: Carta Topográfica IBGE. Fonte: IBGE, 2015.

Para compreensão e análise do uso e ocupação do solo, foi realizado

mapeamento temático da microbacia, buscando identificar e mensurar as parcelas do

solo por meio de classificação segmentada com suporte do software ArcGIS.

A imagem utilizada como base foi a imagem do aplicativo Google Earth (Figura,

15), que disponibiliza imagens com boa definição, o que facilita a análise visual (PRINA

et al., 2011). A classificação segmentada evita perda de resolução da imagem, e, desta

forma, as métricas da área e do perímetro ganham maior exatidão.

Na identificação das parcelas de uso e ocupação do solo, foram mapeados:

CARTA TOPOGRÁFICA CARANDAÍ

50 

 

Cursos d'água Estradas não pavimentadas Estradas de ferro Culturas de eucalipto Manchas urbanas Vegetações nativas Barragens de corpos hídricos Vegetações de várzea Pastagens.

IMAGEM DO APLICATIVO GOOGLE EARTH NA REGIÃO DA MBHARB

Figura 15: Imagem orbital da região da microbacia. Fonte: Google Earth, 2015.

Por meio da classificação da imagem, foi possível identificar a intervenção

antrópica na MBHARB.

4.2 Levantamento bibliográfico

 

Foram realizados pesquisas e refino na literatura técnica, por meio de leituras de

livros, periódicos, dissertações e teses, onde buscou-se adotar os métodos e técnicas

aplicadas para aquisição de dados da morfologia do relevo, que foram utilizados por meio

de modelagem, no objetivo de identificar a suscetibilidade de inundação na microbacia

estudada. Foi feita, também, uma reavaliação sistemática das documentações

51 

 

cartográfica e bibliográfica pré-existentes disponíveis nas instituições públicas, tais como

bibliotecas, Universidade Federal de Viçosa, EMATER, GEOMINAS, Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística, Assembléia legislativa de Minas Gerais., Prefeitura Municipal

de Conselheiro Lafaiete estado de Minas Gerais, dentre outros.

4.3 Análise morfométrica da bacia hidrográfica

 

Todos os valores numéricos utilizados nos cálculos de áreas e perímetros da

MBHARB foram obtidos por meio do georeferenciamento e vetorização da carta

topográfica do IBGE, Folha SF-23-X-A-VI-3, na escala de 1:50.000, e de dados obtidos

por sensores remotos do programa Shuttle Radar Topographic Mission (SRTM), escala

de 1:250.000, folha TOPODATA 20S45 (Figura 16).

Por meio desta base de dados, foram extraídos dados, como área e perímetro da

microbacia e curvas de nível. Estes dados foram aplicados nos modelos utilizados para

verificar o potencial de inundação natural em períodos de chuvas intensas.

Recorte da folha 20S45W – SRTM da região de estudo da MBHARB

Figura 16: Imagem do radar SRTM. Fonte: TOPODATA, 2015.

A análise geral quanto à suscetibilidade à inundação da microbacia foi realizada

a partir da elaboração dos mapas e aplicação de modelos matemáticos desenvolvidos

por meio de equações.

52 

 

A modelagem utilizada revelou a forma da microbacia, declividade, densidade da

drenagem, fatores que serviram para determinar a tendência à inundação da microbacia

estudada. A Figura 16 representa uma imagem de radar que permitiu a obtenção de

dados altimétricos da superfície terrestre.

Com estes dados, foi possível extrair curvas de nível para elaboração de mapas

altimétricos para o estudo da declividade da bacia, dentre outras aplicações nas

modelagens utilizadas.

Quanto à morfometria da microbacia, foi realizada a vetorização das curvas de

nível, drenagem e divisores topográficos sobre curvas de nível, e desta forma foi possível

delimitar e compartimentar a MBHARB.

A delimitação das sub-bacias da MBHARB identificou quais compartimentos

geomorfológicos têm maior influência em termos de capacidade de coleta de água da

chuva e, consequentemente, em sua descarga ou vazante na foz do canal principal.

As técnicas geomorfométricas extraídas da literatura consultada foram utilizadas

para determinar variáveis que descrevessem a forma da bacia, a densidade da

drenagem e o tempo de concentração da água da chuva na superfície, buscando

evidenciar as influências das chuvas intensas no período de cheias que levam à

inundação da microbacia.

Os dados Shuttle Radar Topographic Mission (SRTM) foram utilizados para a

elaboração dos modelos digitais de elevação. Utilizando a extensão 3D Analyst do

software ArcGIS em sua versão 10.1, os dados foram tratados em ambiente SIG, sendo

possível extrair valores das variáveis geomorfométricas aplicadas aos modelos.

A Figura 17 representa um organograma discriminando a aplicação das variáveis

geomorfométricas na alimentação dos modelos matemáticos.

53 

 

Figura 17: Organograma da análise geomorfométrica realizada na pesquisa. Fonte: Autoria própria, 2015.

4.4 Técnicas de análise geomorfométrica

4.4.1 Declividade

O cálculo médio da declividade do Rio Bananeiras ocorreu por meio da

vetorização da carta topográfica, iniciando no ponto de maior altitude do rio (nascente)

até a foz no distrito de Buarque de Macedo.

Foram adotadas as classes de declividade propostas pela EMBRAPA (1979), para

definir as formas de relevo da área de estudo (Quadro 1).

Quadro 1 : Classes de declividade do relevo.

DECLIVIDADE (%) RELEVO 0-3 PLANO 3-8 SUAVE-ONDULADO

8-20 ONDULADO 20-45 FORTE-ONDULADO 45-75 MONTANHOSO >75 FORTE MANTANHOSO

Fonte: EMBRAPA (1979).

USO DE EQUAÇÕES MATEMÁTICASPARA ANÁLISE MORFOMÉTRICA 

54 

 

O fator de forma (Kf) da MBHARB foi calculada pela Equação 1. A área (A) da

bacia foi calculada por meio de vetorização dos limites da microbacia e o comprimento

(L) da microbacia foi calculado utilizando como base os experimentos de Fraga et al.

(2014). Estas variáveis foram utilizadas na determinação da forma geométrica da

topografia da microbacia.

4.4.2 Densidade de drenagem

 

Por meio da análise da densidade da drenagem (Equação 2), foi possível

determinar a capacidade da drenagem das águas superficiais da MBHARB. Para a

identificação da classe da bacia em estudo, segundo esse parâmetro, considerou-se a

classificação proposta no Quadro 2, que foi utilizada como referência por ter sido

empregada nos diversos trabalhos pesquisados quanto à caracterização morfométrica

do relevo em bacias hidrográficas (BRUBACHER; OLIVEIRA; GUASSELLI, 2011;

ANTONELI; THOMAZ, 2007).

Quadro 2: Classe de valores de referência para densidade de drenagem de bacias hidrográficas.

CLASSE CARACTERÌSTICA DA BACIA INTERVALO (km/km²)Dd 1 Bacias com drenagem pobre Dd ≤ 0,5 Dd 2 Bacias com drenagem regular Dd > 0,5 ~ Dd ≤ 1,5 Dd 3 Bacias com drenagem boa Dd > 1,5 ~ Dd ≤ 2,5 Dd 4 Bacias com drenagem muito boa Dd > 2,5 ~ Dd ≤ 3,5 Dd 5 Bacias excepcionalmente bem drenadas Dd > 3,5

Fonte: Carvalho; Silva, 2006.

4.4.3 Índice de compacidade

O Índice de compacidade (Kc) da bacia foi determinado segundo a Equação 3. O

perímetro (P) foi obtido pela delimitação da bacia hidrográfica, assim como a área (A).

Os valores foram calculados com base em informações georeferencidas, e a

correspondente classificação quanto à suscetibilidade à inundação foi realizada segundo

a proposta apresentada no Quadro 3, utilizando a metodologia de Gravelius que é muito

aplicada para verificação da compacidade de bacias hidrográficas.

55 

 

Quadro 3: Classes de suscetibilidade à inundação segundo o índice de compacidade de bacias hidrográficas.

CLASSE CARACTERISTICA DA DRENAGEM Kc < 1,2 Área totalmente sujeita a inundações

Kc entre 1,2 a 1,5 Área parcialmente sujeita a inundações Kc > 1,5 Área não sujeita a inundações

Fonte: Villela; Mattos, 1975.

4.4.4 Hierarquia da Drenagem

A hierarquização da drenagem foi realizada pelo método Strahler, por meio da

vetorização dos canais fluviais. Cada canal recebeu um atributo, sendo 1 para os canais

de primeira ordem, 2 para os de segunda ordem e 3 para o de terceira ordem (Figura 6).

4.4.5 Magnitude da rede de drenagem

 

A magnitude da rede de drenagem foi determinada utilizando a identificação dos

canais de 1ª ordem por meio do critério de Strahler. A identificação dos canais de primeira

ordem para determinar a magnitude da drenagem representa a quantidade de

afloramento de água (nascente) no interior da bacia hidrográfica

4.5 Técnicas de Geoprocessamento

O sistema de projeção utilizado foi o Universal Transverse de Mercartor (UTM),

com datum SIRGAS 2000, no fuso horário Zona 23S.

A carta topográfica utilizada para análise da drenagem e relevo foi disponibilizada

pelo IBGE – Folha SF-23-X-A-VI-3, na escala espacial de 1:50.000. A carta foi

digitalizada e georeferenciada em ambiente SIG. Após preparada a carta, a mesma foi

vetorizada, extraindo dois planos de informação: curvas de nível e drenagem. Destes

dados, foram extraídas as métricas para alimentação dos modelos.

Os Modelos Digitais de Elevação (MDE’s) foram elaborados utilizando base de

dados SRTM, Folha SF-23-X-B, disponibilizada sob domínio público, obtida na rede

mundial de computadores (internet), no site TOPODATA.

Os dados SRTM estão disponíveis na internet em formato de imagem raster ou

matricial. Salienta-se que, ao descarregar o arquivo, o mesmo não possuía sistema de

56 

 

projeção, sendo necessário definir o sistema de projeção UTM para melhor compreensão

do sistema de unidade de medidas em metros. O datum de origem foi o WGS 84, o qual

foi logo alterado para o datum adotado para a região de estudo SIRGAS 2000. Em posse

dos dados SRTM, foi possível realizar a análise da superfície terrestre, facilitando a

compreensão das formas do relevo na microbacia hidrográfica estudada.

As variáveis geomorfométricas foram extraídas das bases de dados cartográficas

por meio de processamento digital em ambiente SIG. Em posse dos dados, foram

alimentadas as variáveis com os valores métricos (Figura 18). A correlação das variáveis

levou ao objetivo de verificar as tendências às inundações.

Figura 18: Organograma da modelagem em ambiente SIG aplicada à pesquisa. Fonte: Elaboração Própria, 2015.

4.6 Dados de chuvas

 

Os dados de chuvas foram obtidos no INMET, em uma série histórica de dez anos,

utilizando como referência o método do trabalho de Amorim; Pereira (2008) que utilizou

uma década como série histórica.

O período de tempo utilizado como amostragem está compreendido entre os anos

de 2004 a 2014 (Figura 19), com o objetivo de apresentar o quantitativo de chuva captada

na MBHARB, visando subsidiar o poder público com estimativa de água que, de certa

57 

 

forma, é perdida pela bacia estudada. Conhecendo estes valores, pode-se estudar a

possibilidade do melhor aproveitamento desta água.

Figura 19: Gráfico da série histórica no período de 2004 a 2014. Fonte: INMET, 2015.

SÉRIE HISTÓRICA DE CHUVAS 

58 

 

5 RESULTADOS e DISCUSSÕES

 

5.1 Características morfométricas do relevo

 

Utilizando-se dos métodos de análise propostos por Strahler, conforme Figura 20,

a bacia está classificada como de 3ª ordem e possui uma drenagem com magnitude 25

e padrão dendrítico com boa drenagem.

A Figura 20 tem por objetivo identificar as ordens dos canais que irão determinar

a magnitude da drenagem, bem como ser utilizada como base cartográfica para

possíveis pesquisas posteriores sobre a MBHARB.

Figura 20: Mapa da rede de drenagem da MBHARB. Fonte: Elaboração própria, 2015.

59 

 

Após o tratamento dos dados por métodos cartográficos e modelos matemáticos,

foram obtidos os valores das variáveis geomorfométricas correspondentes à tendência

à inundação da microbacia. As métricas obtidas em ambiente SIG alimentaram os

modelos matemáticos pelos quais foram gerados os dados geomorfométricos da

microbacia (Quadro 4).

Quadro 4: Resultado das análises morfométricas da Micro Bacia Hidrográfica do

Alto Rio Bananeiras.

Dados da Bacia Quantitativos Área 15,38 Km² Perímetro 5,58 Km Ordem (STRAHLER) 3ª Índice de compacidade (Kc) 1,3 Fator de Forma (Kf) 0,5 Densidade da drenagem (Dd) 1,73 Km/Km² Tempo de Concentração (Tc) 3,61 h Capacidade de conservação de águas das chuvas 23,76. 106 m3

Magnitude da drenagem 25 Fonte: Elaboração própria, 2015.

A compartimentação da MBHARB apresentou 8 microbacias hidrográficas de 2ª

ordem, contribuindo para identificar quais compartimentos têm maior influência no

deflúvio da MBHARB, conforme Figura 21 e Quadro 5. As sub-bacias A, B, D e G

apresentaram maior capacidade de captação de águas das chuvas, o que pode

influenciar no aumento da elevação da água do canal principal.

A compartimentação de bacias hidrográficas facilita as tomadas de decisões na

identificação da origem do compartimento que contribui com maiores volumes de água.

Desta forma, pode se identificar em quais pontos da microbacia pode-se implantar

medidas que visem controlar o excesso de água para jusante da foz da microbacia,

diminuindo a suscetibilidade dessas áreas às enchentes e inundações.

60 

 

Figura 21: Mapa da compartimentação geomorfológica da MBHARB. Fonte: Elaboração própria, 2015.

Quadro 5: Capacidade de captação de água das chuvas anualmente na compartimentação geomorfológica da MBHARB.

Compartimento Área(Km²) Capacidade de captação (m³) A 2,84 4.368.556,33 B 3,17 4.884.294,44 C 1,41 2.173.953,55 D 3,05 4.689.373,19 E 1,64 2.518.866,30 F 0,48 739.446,71 G 2,19 3.368.346,28 H 0,60 922.567,75

Fonte: Elaboração própria, 2015.

O geoprocessamento proporcionou grande produtividade no tratamento dos

dados, na geração de mapas, na organização dos dados espaciais e na obtenção dos

valores das variáveis geomorfológicas da MBHARB.

61 

 

5.2 Declividade

 

O rio Bananeiras apresentou declividade média de 1,5%. A representação desta

declividade ocorreu por meio de corte longitudinal, interceptando as curvas de nível,

iniciando na cabeceira até o exutório, conforme representado na Figura 22 e na Figura

23.

Figura 22: Mapa da declividade do Rio Bananeiras. Fonte: Elaboração própria, 2015.

62 

 

Figura 23: Perfil longitudinal do Rio Bananeiras. Fonte: Elaboração própria, 2015.

Os valores obtidos na declividade do Rio Bananeiras contribuíram para

determinar o tempo de concentração da água da chuva durante o escoamento

superficial. O estudo da declividade do relevo na microbacia ocorreu por meio de

reclassificação, utilizando o software ARCGIS 10.1 ESRI (Figura 24). Considerando a

carência de material cartográfico sobre a MBHARB, com o mapa de declividade da

microbacia, podem-se prevenir ocupações antrópicas em áreas de risco e considerar as

medidas conservacionistas que tratam a importância da cobertura vegetal sobre morros

de topografia superior a 45º de inclinação, conforme instruído no Código Florestal.

A declividade do relevo é um fator importante a ser considerado, pois quanto mais

acidentado e com maiores variações altimétricas, mais rápido é o escoamento superficial

e, como consequência, maior o processo erosivo, principalmente em solos desnudos.

Assim, a água, como agente modelador, transporta sedimentos para os fundos dos vales,

comprometendo a dinâmica natural da drenagem.

63 

 

Figura 24: Mapa de declividade da MBHARB. Fonte: Elaboração própria, 2015.

O Quadro 6 apresenta as classes de declividade e as frações da área total e

respectivos percentuais dessa área para a microbacia estudada. Os dados

representados no Quadro 6 a seguir retratam a forma de relevo da microbacia e, desta

forma, pode-se afirmar que grande parte do relevo classifica-se como ondulado e forte-

ondulado, indicando que as águas das chuvas ganham maior velocidade no interior da

microbacia, provocando acúmulo rápido de água próximo da sua desembocadura, o que

leva à inundação em Buarque de Macedo.

64 

 

Quadro 6 : Classes de declividade identificadas na MBHARB.

DECLIVIDADE (%) RELEVO ÁREA (Km²) ÁREA (%) 0-3 PLANO 0,51 3,29 3-8 SUAVE-ONDULADO 1,62 10,57 8-20 ONDULADO 7,60 49,46

20-45 FORTE-ONDULADO 5,51 35,80 45-75 MONTANHOSO 0,12 0,81 >75 FORTE MANTANHOSO 0,01 0,06 Total 15,38 100,00

Fonte: Elaboração própria

O mapeamento temático da microbacia resultou em valores de classes temáticas

sob aspectos naturais e alteração antrópica. A vegetação nativa se demonstrou muito

fragmentada e reduzida, enquanto a pastagem teve maior expressão na área da

MBHARB, conforme mostram a Figura 25 e o Quadro 7.

Por meio da classificação segmentada da imagem obtida por satélite

disponibilizada pelo Google Earth, a supressão da vegetação nativa apresentou 76,15%

da área da microbacia ocupadas por pastagem. Este número representa ocorrência na

alteração negativa da paisagem.

Tal fenômeno pode contribuir com processos erosivos por meio do pisoteamento

pelo superpastoreio e incidência direta da água das chuvas, provocando salpicamento

(efeito splash) e levando à desagregação da estrutura do solo. Estes fatores podem

ocasionar o assoreamento dos cursos de água no fundo dos vales, comprometendo a

capacidade de vazão dos canais, o que leva, na maioria dos casos, ao assoreamento

dos cursos d’água, quando se formam depósitos sedimentares. Este evento pode

comprometer a vazão no canal principal da drenagem, contribuindo com as inundações,

juntamente com as características naturais que a microbacia já possui.

A Figura 25 mostra uma representação visual da ausência de vegetação ciliar ao

longo dos cursos d´água e pequenos fragmentos de florestas nativas na área estudada.

Na foz da MBHARB, na área urbana do distrito de Buarque de Macedo, pode-se

constatar invasão antrópica às margens do Rio Bananeiras, ocupando uma área de

1,21% da área da microbacia (ver Quadro 7). É justamente na área de ocupação

antrópica que acontecem os eventos de inundações, gerando diversos impactos sociais

e ambientais sobre a comunidade. Foi observado que boa parte das Áreas de

Preservação Permanente (APPs), como áreas de vegetação nativa de encosta, topos de

morro e áreas de vegetação ciliar, sofreram alteração antrópica.

65 

 

De acordo com a legislação, o Código Florestal (Lei 12.651/12) contempla a

conservação das áreas de APP. Ao realizar o mapeamento, notou-se que a legislação

não estava sendo cumprida, havendo substituição da mata nativa por vegetações não

nativas, como pastagem e cultura de eucalipto, bem como a retirada de quase toda

vegetação ciliar pela construção de moradias dentro da faixa de preservação. Com a

realização desta pesquisa, gerou-se um mapa temático da realidade quanto ao uso e

ocupação do solo na MBHARB.

Figura 25: Mapa de uso e ocupação do solo na MBHARB. Fonte: Elaboração própria, 2015.

66 

 

Quadro 7: Parcelas de uso e ocupação do solo na MBHARB.

Parcela do solo Área (Km²) Área (%) Cursos d'água 0,03 0,17

Estradas não pavimentadas 0,11 0,69 Estradas de ferro 0,02 0,16

Culturas de eucalipto 0,33 2,14 Manchas urbanas 0,19 1,21

Vegetações nativas 2,48 16,12 Barragens de corpos hídricos 0,09 0,58

Vegetações de várzea 0,43 2,78 Pastagens 11,70 76,15 Microbacia 15,38 100,00

Fonte: Elaboração própria, 2015.

5.3 Densidade de drenagem

 

Para o cálculo da densidade de drenagem, foi aplicada a Equação 2, obtendo-se

o valor de 1,73 km/km², o que indica que a MBHARB possui uma boa drenagem,

utilizando como parâmetro o Quadro 1 proposto por Carvalho e Silva (2006). Villela e

Mattos (1975) afirmam que o índice da densidade de drenagem varia de 0,5 km/km²,

para bacias com drenagem pobre, a 3,5km/km² ou mais, para bacias excepcionalmente

bem drenadas. O valor resultante do modelo indica um valor médio quanto à tendência

a inundações da MBHARB, ou seja, não corresponde a uma condição extrema, nem

isenta a MBHARB da suscetibilidade a inundações.

5.4 Fator de forma  

O fator de forma da MBHARB apresentou valor de Kf=0,50, resultado encontrado

aplicando-se a Equação 1. O valor encontrado representa um parâmetro geométrico

médio em relação à forma circular, o que indica que a microbacia tem médio potencial

de inundações. Para o fator de forma, quanto mais próximo do valor 1, mais circular é a

bacia e maior a tendência à inundação.

5.5 Hierarquia da drenagem  

O resultado da análise da rede de drenagem da MBHARB, baseada na aplicação

do método Strahler, classifica a bacia como de 3ª ordem. Por meio da análise de Strahler,

identificou-se o canal principal onde foi realizado o corte longitudinal, obtendo-se o valor

de declividade do canal principal.

67 

 

A magnitude da drenagem com 25 canais, ou seja 25 nascentes, indica uma boa

drenagem, traduzindo uma maior liberação de fluxo de água em curto prazo de tempo

(CARDOSO et al., 2006).

5.6 Tempo de concentração  

Utilizando o método desenvolvido por Temez (Equação 4), a pesquisa apresentou

valor de Tc=3,61 horas, que é o tempo decorrente do deflúvio da bacia. Considerando-

se o tempo de concentração como o tempo necessário para que toda a bacia esteja

contribuindo na seção de saída, quanto mais rápido a água chega a foz, maiores as

chances de inundação, sobretudo em eventos de fortes chuvas sobre a bacia

hidrográfica. Com base no trabalho apresentado por Araújo et al. (2011), referente à

“Análise do tempo de concentração em função das características fisiográficas em Bacias

Urbanas”, o tempo de concentração de 3,61 horas indica que a MBHARB é uma bacia

suscetível à inundação na foz da bacia onde se concentra a população de Buarque de

Macedo.

Na região de Conselheiro Lafaiete, estado de Minas Gerais, ocorrem precipitações

pluviais em torno de 1.538 mm de chuva, anualmente, considerando uma média em um

período de 10 anos numa série histórica no período de 2004 a 2014 (ver Figura 19). Esta

base de dados foi utilizada para relacionar a capacidade de captação de águas das

chuvas na compartimentação geomorfológica da MBHARB.

A pesquisa sugere estudos mais aprofundados, por meio de medidas Estruturais,

por meio de barragens de contenção, que visem à conservação das águas das chuvas,

desta forma aumentando o tempo de concentração das águas superficiais, de modo a

reduzir o volume excessivo de água no distrito de Buarque de Macedo em Conselheiro

Lafaiete, Estado de Minas Gerais, evitando inundações no distrito e em outras

comunidade ribeirinhas situadas à jusante.

5.7 Impactos derivados das inundações

Os impactos decorrentes dos desastres naturais causados pelas inundações em

Buarque de Macedo têm aumentado nos últimos anos e decorrem, entre outros, da

combinação de efeitos relacionados a fatores econômicos, sociais, demográficos e à

alteração na dinâmica da paisagem. A comunidade ribeirinha da MBHARB sofre com

impactos adversos oriundos dos episódios das cheias. O maior problema identificado foi

68 

 

a ocupação irregular da comunidade em regiões frágeis a inundações pela elevação do

nível de água do Rio Bananeiras em eventos de fortes precipitações.

A pesquisa apontou aspectos geomorfológicos que favorecem o aumento do nível

das águas desse rio. Aliado a isso, acrescenta-se a substituição da mata nativa pela

pastagem, que favorece a incidência de processos erosivos, aumentando a velocidade

de escoamento superficial da água das chuvas, fazendo com que a vazão na foz

aumente mais rapidamente, alongando o processo de inundação.

É importante destacar que, em janeiro de 2011, ocorreu a maior inundação no

distrito de Buarque de Macedo, onde parte da população teve que ser removida para as

partes mais altas, afastando-se das áreas alagadas, gerando prejuízos materiais

significativos às edificações existentes à margem do rio Bananeiras.

Outro fator de peso para tais impactos é a omissão do poder público municipal,

visto que a comunidade afetada pelas cheias ocupa áreas protegidas por leis de âmbito

federal e municipal, havendo, portanto, fundamento legal para a aplicação da legislação

vigente, a qual, contudo, é frequentemente descumprida.

Adicionalmente, o distrito encontra-se sujeito à eventualidade de fenômenos

impactantes, e mesmo catastróficos, das forças que compõem o meio ambiente, como

no caso de eventos hidrológicos críticos de excesso ou escassez de água. Acerca disto,

nos períodos de cheias, quando ocorrem as inundações, além das perdas materiais,

acontece a contaminação da população por doenças de veiculação hídrica,

considerando, ainda, que o lançamento do esgotamento sanitário ocorre diretamente nos

corpos hídricos.

De um modo geral, o agravamento crescente dos problemas ambientais na

MBHARB é promovido pelo modelo de apropriação do espaço físico. Esse modelo,

conforme destaca Jacobi (2004), reflete as desigualdades socioeconômicas vigentes,

aliadas à ineficácia das políticas públicas e à inércia da administração pública na

detecção, coerção, correção e proposição de medidas, visando ao ordenamento do

território e à garantia da melhora da qualidade de vida da população.

Mesmo admitindo-se que os impactos negativos do conjunto de problemas

ambientais decorram principalmente da precariedade dos serviços públicos e das

69 

 

omissões do poder público, Jacobi (2004) acentua que eles retratam o descuido e a

omissão dos cidadãos, inclusive daqueles moradores das comunidades mais carentes

de infraestrutura. Essa observação levanta a questão do significado dos problemas

ambientais e do conflito entre os interesses particularizados e a qualidade de vida da

comunidade como um todo.

A maior parte dos riscos ambientais urbanos está circunscrita à esfera de

competência municipal e é diretamente vinculada ao uso e à ocupação do solo. Esse

fato, por um lado, indica que a intensidade e a disseminação dos problemas

socioambientais urbanos são, em muito, devidas à ineficácia da administração pública

no planejamento e no controle do uso e da ocupação do território da cidade que, na

maioria dos casos, está relacionada ao pouco conhecimento técnico e cientifico na

abordagem do ordenamento territorial e até mesmo na elaboração de leis (SERRES,

2000).

O uso das geotecnologias e de modelagens pode contribuir como ferramenta de

auxílio na identificação de áreas de risco e assim promover legislações mais eficientes

que poderão facilitar a fiscalização e melhor gestão do espaço quanto ao ordenamento

territorial.

70 

 

6. Conclusões

As principais conclusões derivadas da presente pesquisa são:

1. Os modelos matemáticos aplicados às variáveis morfológicas do relevo

permitiram a obtenção de valores que apontaram para a tendência natural de

inundação em Buarque de Macedo;

2. Os impactos sociais e ambientais decorrentes das cheias relacionam-se

diretamente com a ocupação do homem em áreas inundáveis, onde o risco é

iminente;

3. A aplicação de geotecnologias foi uma importante ferramenta de auxílio para

análise e representação do relevo por meio da modelagem computacional,

permitindo obtenção de dados espaciais sobre a MBHARB;

4. A aplicação dos modelos contribuiu como ferramenta de auxílio no

planejamento quanto ao uso e ocupação do solo em bacias hidrográficas,

visando identificar áreas com riscos de inundações.

5. A pesquisa pode auxiliar o poder público quanto aos problemas de inundações

no distrito de Buarque de Macedo.

6. Estudos futuros podem aprofundar a possibilidade de construção de barragens

de contenção que poderão contribuir como zona de amortecimento pluvial e

ainda conservar água das chuvas que são perdidas, vislumbrando a

possibilidade de seu aproveitamento, principalmente em períodos de secas.

7. Medidas conservacionistas de recuperação e preservação dos corpos hídricos

e da vegetação nativa contribuem para a redução de processos erosivos que,

além de provocar impactos adversos à biodiversidade, favorecem o

assoreamento de corpos hídricos e inundações na MBHARB. Para uma melhor

qualidade de vida ambiental onde o homem se insere, é fundamental a

aproximação do poder público, instituições de ensino e participação do terceiro

setor.

 

71 

 

REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS

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Brasília, DF: Senado, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/

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Hídricos. Presidência da República, Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos,

Brasília, DF Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ L9433.htm>.

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os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana

e dá outras providências. Política Nacional de Recursos Hídricos. Presidência da

República, Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos, Brasília, DF Disponível

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BRASIL. Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Diretrizes nacionais para o Plano

de Saneamento Básico. Política Nacional de Recursos Hídricos. Presidência da

República, Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos, Brasília, DF. Disponível em:

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5 out. 2015.

BRASIL. Lei nº 12.608, de 10 de abril de 2012. Política Nacional de Proteção e

Defesa Civil – PNPDEC.Institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil - PNPDEC;

dispõe sobre o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil - SINPDEC e o Conselho

Nacional de Proteção e Defesa Civil – CONPDEC. Política Nacional de Recursos

Hídricos. Presidência da República, Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos,

Brasília, DF Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-

2014/2012/Lei/L12608.htm>. Acesso em: 10 fev. 2015.

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proteção da vegetação nativa; altera as Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393,

de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nos

4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória

no 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. Política Nacional de

Recursos Hídricos. Presidência da República, Casa Civil Subchefia para Assuntos

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