estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

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1 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO DEPARTAMENTO DE NEUROCIÊNCIA E CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar durante o modelo triádico do desamparo aprendido em ratos MATHEUS TEIXEIRA ROSSIGNOLI Ribeirão Preto – SP 2018

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Page 1: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

1

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO

DEPARTAMENTO DE NEUROCIÊNCIA E CIÊNCIAS DO COMPORTAMENTO

Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar durante o

modelo triádico do desamparo aprendido em ratos

MATHEUS TEIXEIRA ROSSIGNOLI

Ribeirão Preto – SP

2018

Page 2: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

2

MATHEUS TEIXEIRA ROSSIGNOLI

Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar durante o

modelo triádico do desamparo aprendido em ratos

Tese apresentada à Faculdade de Medicina de

Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo,

como parte das exigências para a obtenção

do título de Doutor em Ciências. Área de

concentração: Neurociências.

Orientador: Prof. Dr. João Pereira Leite

Ribeirão Preto – SP

2018

Page 3: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

3

Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio

convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

Rossignoli, Matheus Teixeira

Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar durante o modelo triádico do desamparo aprendido em ratos / Matheus Teixeira Rossignoli. - - Ribeirão Preto, 2018.

Tese (doutorado) – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto

da Universidade de São Paulo. Área de concentração: Neurociências.

Orientador: João Pereira Leite 1. Estresse incontrolável. 2. Modelos animais de depressão. 3.

Desamparo aprendido. 4. Córtex pré-frontal. 5. Amígdala basolateral. 6. Eletrofisiologia. 7. Atividade unitária. 8. Potencial local de campo.

Page 4: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

4

Rossignoli MT. Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar durante o modelo triádico do desamparo aprendido em ratos. Tese apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, como parte das exigências para a obtenção do título de Doutor em Ciências. Área de concentração: Neurociências. Aprovado em:

Banca examinadora Prof. Dr. Instituição:__________________ Julgamento: Assinatura:__________________ Prof. Dr. Instituição:__________________ Julgamento: Assinatura:__________________ Prof. Dr. Instituição:__________________ Julgamento: Assinatura:__________________ Prof. Dr. Instituição:__________________ Julgamento: Assinatura:__________________ Prof. Dr. Instituição:__________________ Julgamento: Assinatura:__________________

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5

Dedico a minha mãe, meu pai e minha irmã,

sem o amor deles eu nunca teria chegado até aqui.

Page 6: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

6

AGRADECIMENTOS

Agradeço:

A minha família (Consuelo, Juarez e Ana Carolina) pelo apoio incondicional. Me

considero uma pessoa de sorte por todo o amor e carinho que recebi deles ao longo de toda

minha vida. Todas as minhas realizações sempre serão em homenagem a eles;

Ao meu orientador Prof. Dr. João Pereira Leite pela confiança, apoio nos momentos

críticos e pelas discussões no desenvolvimento do projeto. Dentre todas as suas qualidades

científicas, sou muito grato em especial pela sua postura de impulsionar e permitir novas

ideias no laboratório;

Ao Dr. Rafael Naime Ruggiero, sem o qual eu nunca teria conseguido realizar esta

tese, não teria chegado nem perto de terminá-la. Sou muito grato por todas as discussões

teóricas, por todas as aulas particulares sobre análise de sinal, por todo o tempo que ele se

dispôs a me ajudar, e principalmente pela amizade de anos;

Ao Me. Danilo Benette Marques, sem o qual eu nunca teria me interessado por

desamparo aprendido. As discussões durante a concepção do projeto e sua ajuda nas

análises foram decisivas para o meu doutorado;

Ao Dr. Lézio Soares Bueno Júnior que me ajudou nos primeiros passos experimentais

deste trabalho e foi fundamental para a apresentação dos meus dados no exterior;

Aos meus colegas de laboratório de Leonardo Rakauskas Zacharias, Lucas Barone

Peres, Fernando Figueiredo Mecca, Fernanda Assis Moraes, José Eduardo Peixoto Santos,

Raquel Araújo do Val da Silva, Elena Moradi, Bruno Mesquita, Benedito Alves, Tamiris Prizon

e Ana Paula Crestani pelas discussões e pelo espírito de equipe;

À técnica do nosso laboratório Sra. Renata Scandiuzzi e Sra. Daniela Cristina Borges

Ribeiro pela disposição na preparação das lâminas histológicas;

Ao técnico do departamento Renato Meirelles pela ajuda com os problemas no

equipamento da esquiva ativa;

Ao Luís Fernando Zanoto de Luca da Zemmix Eletrônica por me ajudar na odisseia

que foi melhorar a qualidade do sinal;

À secretária do Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento,

Ivana Geraldo Cintra Faria, pela paciência diante da minha dificuldade com questões

burocráticas;

Page 7: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

7

Aos funcionários do anexo A da FMRP responsáveis pela segurança e limpeza do

prédio;

Aos meus amigos, Fábbio (Bibiu), Luiz Fernando (Nasi), Marcelo (Berardo), Mário

(Jow), Murilo (Vaca), Oswaldo, Mateus e Marcus (Guma) pela compreensão e apoio nesses

quatros anos, mesmo que as vezes à distância;

Ao mais novo amor na minha vida, Isabella Caroline da Silva Dias, pelo

companheirismo;

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela

concessão da minha bolsa. Agradeço ao CNPq, à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado

de São Paulo (FAPESP) e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior

(CAPES) pelo financiamento da infraestrutura utilizada neste trabalho.

Page 8: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

8

“I told you about the walrus and me-man

You know that we're as close as can be-man

Well here's another clue for you all

The walrus was Paul

Standing on the cast iron shore-yeah

Lady Madonna trying to make ends meet-yeah

Looking through a glass onion”

(Glass Onion – Lennon/McCartney, 1968)

“Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa.

O senhor concedendo, eu digo: para pensar longe,

sou cão mestre – o senhor solte em minha frente uma ideia ligeira,

e eu rastreio essa por fundo de todos os matos, amém!”

(Grande Sertão: Veredas – João Guimarães Rosa, 1958)

Page 9: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

9

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Redes neurais na depressão e na resiliência. 22

Figura 2 Principais marcadores eletrofisiológicos do CPF e da ABL em modelos de

estresse. 28

Figura 3 Desenho experimental. 33

Figura 4 Esquema representativo da manufatura dos multieletrodos. 35

Figura 5 Implante dos multieletrodos. 36

Figura 6 Protocolo comportamental do desamparo aprendido 39

Figura 7 Esquema representativo das adaptações do aparato comportamental para

eliminação do ruído de movimento. 40

Figura 8 Esquema representativo do sistema de registro. 42

Figura 9 Épocas de interesse para a análise do registro eletrofisiológico. 43

Figura 10 Exemplos de possíveis unidade de disparo descriminadas no software Offline

Sorter 44

Figura 11 Exemplo da classificação dos períodos sem movimento. 46

Figura 12 Padronização comportamental. 52

Figura 13 Dados comportamentais. 54

Figura 14 Qualidade do registro eletrofisiológico após a padronização da aquisição do

sinal. 55

Figura 15 Parâmetros eletrofisiológicos e verificação histológica. (A) Implante dos

multieletrodos visando atingir o CPF e ABL. 56

Figura 16 No 1d a modulação do CPF aumenta no grupo IS 58

Figura 17 Modulação e atividade neuronal da ABL não é diferente entre os grupos no

1d. 59

Figura 18 No grupo ES a modulação e atividade neuronal do CPF aumentam durante o

teste da esquiva ativa. 60

Figura 19 Modulação e atividade do ABL não é distinta entre os grupos no teste da

esquiva ativa. 61

Figura 20 Perturbação média da potência de teta e alfa no CPF é maior no grupo ES no

1d. 63

Page 10: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

10

Figura 21 Na ABL não há diferenças entre os grupos ES e IS na perturbação das

potencias no 1d. 64

Figura 22 Perturbação média da potência de alfa no CPF é maior no grupo ES no teste

da esquiva ativa. 66

Figura 23 Não há diferenças entre os grupos ES e IS na perturbação das potencias na

ABL no teste da esquiva ativa. 67

Figura 24 Exemplo de espectrogramas do CPF no 1d após a remoção dos períodos com

movimento. 69

Figura 25 As coerências de fase em delta e teta aumentam no grupo IS após o EC no 1d.

71

Figura 26 No grupo IS ocorre o aumento da coerência de fase em teta após o EC no teste

da esquiva ativa. 74

Page 11: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

11

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Resumo dos principais resultados. 76

Page 12: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

1d Primeiro dia

2d Segundo dia

AMI Amígdala

AMY Amygdala

ANOVA Análise de variância de uma via

ANOVA RM Análise de variância de duas vias para medidas repetidas

AP ântero-posterior

ABL Amígdala basolateral

CPF Córtex pré-frontal

dB Decibéis

DREADD Designer Receptors Exclusively Activated by Designer Drugs

DSM-V Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5a Edição

DV Dorso-ventral

EC Estímulo condicionado

ES Escapável

EEG Registro eletroencefalográfico

F1 Fuga simples

F2 Fuga dupla

FFT Tranformada rápida de Fourier

GABA Ácido gama-aminobutírico

HIPO Hipocampo

HPA Eixo hipotálamo-pituitária-adrenal

h Horas

Hz Hertz

i.p. Intraperitoneal

IS Inescapável

kg Quilograma

kHz Quilohertz

mg Miligrama

ML Médio-lateral

Page 13: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

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MPC Média da coerência de fase

mV Milivolt

NDR Núcleo dorsal da rafe

PC Componente principal

PCA Análise do componente principal

PFA Paraformaldeído 4%

PFC Prefrontal cortex

PLC Potencial local de campo

PSD Densidade espectral de potência

s Segundo

Sham Nenhum choque

TTL Transistor-transistor logic

Page 14: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

14

SUMÁRIO

RESUMO...........................................................................................................................16

ABSTRACT........................................................................................................................17

1.INTRODUÇÃO...............................................................................................................181.2.Depressão..........................................................................................................................191.3.NeurofisiologiadaDepressão.............................................................................................201.4.Modelosanimaisdedepressão...........................................................................................221.5.ComunicaçãoentreoCPFeABL..........................................................................................241.6.AtividadedoCPFedaABLnodesamparoaprendido..........................................................251.7.AtividadeeletrofisiológicadoCPFedaABLemmodelosdeestresse..................................261.8.Justificativa........................................................................................................................28

2.OBJETIVOS.....................................................................................................................302.1.ObjetivosGerais.................................................................................................................312.2.Objetivosespecíficos..........................................................................................................31

3.MATERIALEMÉTODOS.................................................................................................323.1.Desenhoexperimental........................................................................................................333.2.Sujeitos..............................................................................................................................333.3.Confecçãodosmultieletrodos............................................................................................343.4.Cirurgiaestereotáxicaparaimplantedosmultieletrodos....................................................353.5.Protocolocomportamental.................................................................................................37

3.5.1.Padronizaçãocomportamental..........................................................................................373.5.2.Protocolocomportamentaldefinitivo................................................................................38

3.6.Adaptaçõesdoaparatocomportamentalpararegistrosimultâneo.....................................393.7.Registroeletrofisiológico....................................................................................................413.8.Pré-processamento.............................................................................................................42

3.8.1.Épocasdeinteresse............................................................................................................423.8.2.Pré-processamentodasunidadesdedisparo.....................................................................433.8.3.Pré-processamentodospotenciaislocaisdecampo..........................................................443.8.4.Classificaçãodosperíodossemmovimento.......................................................................45

3.9.Análisededados................................................................................................................463.9.1Análisedasunidadesdedisparo..........................................................................................463.9.2Análisedospotenciaislocaisdecampo...............................................................................473.9.3Análiseestatística................................................................................................................48

3.10.Histologia.........................................................................................................................49

4.RESULTADOS.................................................................................................................504.1.Comportamento.................................................................................................................51

4.1.1.Padronizaçãocomportamental..........................................................................................514.1.2.NotestedaesquivaogrupoISapresentaoaumentodalatênciamédiaedonúmerodefalhas............................................................................................................................................52

4.2.Registroeletrofisiológico....................................................................................................554.2.1.Qualidadedoregistroeconfirmaçãohistológica...............................................................55

4.3.Atividadeunitária...............................................................................................................564.3.1.No1docorreoaumentodamodulaçãoneuronaldoCPFnogrupoESeIS.......................574.3.2.No1damodulaçãoeatividadeneuronaldaABLnãoédistintaentreosgrupos..............584.3.3.NotestedaesquivaativaamodulaçãoeatividadeneuronaldoCPFémaiornogrupoES......................................................................................................................................................594.3.4.NotestedaesquivaativaamodulaçãoeatividadeneuronaldaABLnãoédistintaentreosgrupos......................................................................................................................................61

Page 15: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

15

4.4.Atividadeoscilatória...........................................................................................................624.4.1.No1daperturbaçãomédiadapotênciadetetaealfanoCPFémaiornogrupoES.........624.4.2.No1dasperturbaçõesmédiasdaspotênciasnaABLnãosãodiferentesentreosgruposESeIS............................................................................................................................................634.4.3.NotestedaesquivaaperturbaçãomédiadapotênciadealfanoCPFémaiornogrupoES......................................................................................................................................................654.4.4.NotestedaesquivaativanãohádiferençasentreosgruposESeISnaperturbaçõesdaspotenciaisdaABL.........................................................................................................................664.4.5.Espectrogramasapósaclassificaçãodosperíodossemmovimento.................................674.4.6.No1dapósoECacoerênciadefaseemdeltaetetaaumentamnogrupoIS...................704.4.7.NotestedaesquivaativaacoerênciadefaseemtetadogrupoISémaiorapósoEC.....72

5.DISCUSSÃO...................................................................................................................755.1.Comportamento.................................................................................................................77

5.1.2.Padronizaçãocomportamental..........................................................................................775.1.3.Protocolocomportamentaldefinitivo................................................................................78

5.2.Dadoseletrofisiológicos......................................................................................................815.2.1.Qualidadedoregistroeletrofisiológico..............................................................................815.2.2.Atividadeunitária...............................................................................................................825.2.3.Atividadeoscilatória...........................................................................................................85

5.3.Consideraçõestranslacionaisecorrelaçãocomachadosclínicos.........................................89

6.CONSIDERAÇÕESFINAIS...............................................................................................90

7.REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS.....................................................................................92

Page 16: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

16

RESUMO

Rossignoli, MT. Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar durante o modelo

triádico do desamparo aprendido em ratos [tese]. Ribeirão Preto: Universidade de São Paulo,

Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, 2018.

A exposição ao estresse incontrolável corresponde a um importante fator de risco para

respostas mal adaptativas, como a depressão. Tanto na depressão como no modelo triádico

do desamparo aprendido, se observa alterações funcionais no córtex pré-frontal (CPF) e na

amígdala (AMI) relacionadas a comportamentos do tipo-depressivos. Entretanto, a

neurofisiologia subjacente ao processamento neural do CPF e da AMI durante o desamparo

aprendido permanece obscura. Sendo assim, o presente trabalho se dispôs a investigar as

alterações eletrofisiológicas do CPF e da AMI durante o modelo triádico do desamparo

aprendido. Ratos cronicamente implantados com multieletrodos no CPF e na AMI foram

submetidos ao modelo triádico do desamparo aprendido. Nele os animais foram expostos

a choque escapáveis (ES), choques inescapáveis pareados (IS) ou a nenhum choque (Sham)

no primeiro dia (1d). O comportamento do tipo-depressivo nos animais foi avaliado no teste

da esquiva no segundo dia (2d). Durante todo o protocolo comportamental foram

registradas no CPF e na AMI a atividade unitária e oscilatória, evocadas em torno dos

estímulos condicionados (EC). Observamos que no 1d ocorreu o aumento da modulação

neuronal do CPF no grupo IS, enquanto no 2d tanto a modulação quanto a atividade

neuronal do CPF aumentaram no grupo ES. Quanto as oscilações no CPF do 1d, a

perturbação média da potência de teta aumentou no grupo ES, enquanto no grupo IS a

perturbação média da potência de alfa diminuiu. Por sua vez, a coerência de fase no 1d entre

o CPF e AMI mostraram o aumento da coerência em delta apenas no grupo IS. Por fim, no

2d ocorreu o aumento da potência de alfa no grupo ES e o aumento da coerência de fase

em teta no grupo IS. Tomados em conjunto, esses dados indicam o processamento neural

distinto do CPF e da AMI durante o desamparo aprendido, fornecendo novas evidências

para a compreensão do processamento neural do estresse incontrolável.

Palavras chave: estresse incontrolável; modelos animais de depressão; desamparo

aprendido; córtex pré-frontal; amígdala basolateral; eletrofisiologia; atividade unitária;

potencial local de campo.

Page 17: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

17

ABSTRACT

Rossignoli, MT. Cortical-amygdalar electrophysiology activity in the triadic learned

helplessness model [thesis]. Ribeirão Preto: University of São Paulo, Ribeirão Preto School of

Medicine, 2014.

Uncontrollable stress is an important risk factor to maladaptive responses, such as major

depression. Both major depression and the learned helplessness triadic model of induced

depressive behavior is associated with functional impairments in the prefrontal cortex (PFC)

and amygdala (AMY). However, electrophysiological measures underlying these

impairments are still lacking in the learned helplessness model. Thus, we aimed to

investigate the single-unit activity and the oscillatory correlates of such impairments during

triadic learned helplessness model. Rats chronically implanted with multi-electrode arrays

into PFC and AMY were submitted to triadic learned helplessness model. On the first day

(1d) animals were exposed to escapable shock (ES), paired inescapable shock (IS) or no shock

(Sham). On day 2 (2d) all three groups were evaluated for depressive-like behaviors in

avoidance task. The single-unit and oscillatory activity evoked by the conditioned stimuli

(EC) were recorded in the PFC and AMY throughout the behavioral protocol. In the PFC we

observed a positive neuronal modulation in IS group on the 1d, while in the 2d both the

modulation and neural activity increased in ES. Regarding the oscillations in the PFC of 1d,

theta power disturbance increased in ES group, and alpha power disturbance decreased in

IS. We also found elevated PFC-AMY delta phase coherence in IS at 1d. Lastly, alpha power

increased in ES group, and theta phase coherence enhances in IS at 2d. These data indicate

the distinct neural processing of PFC and AMY during triadic learned helplessness model,

providing new evidence for understanding the neural processing of uncontrollable stress.

Key words: uncontrollable stress; animal models of depression; learned helplessness;

prefrontal cortex; basolateral amygdala; electrophysiology; single-unit activity; local field

potentials.

Page 18: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

18

1. INTRODUÇÃO

Page 19: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

19

A resposta ao estresse corresponde a um importante fenômeno fisiológico

relacionado tanto à sobrevivência do organismo quanto a respostas mal-adaptativas

(GODOY et al., 2018; MCEWEN et al., 2016). Na clínica, sabe-se que a exposição ao estresse é

o principal fator de risco para a depressão, contudo, enquanto há indivíduos que

vivenciaram situações estressoras e vão desenvolver este transtorno, outros são resilientes

ao estresse (SOUTHWICK et al., 2005). Não só as variações genéticas de cada indivíduo irão

influenciar essa resposta, mas também a forma como esse estressor (controlável ou

incontrolável) é apresentado e processado no sistema nervoso (MAIER e SELIGMAN, 2016;

SOUTHWICK et al., 2005). A identificação das dinâmicas neurais, envolvidas tanto no

processamento da susceptibilidade ao estresse quanto na sua resiliência, podem não só

aumentar a nossa compreensão sobre a depressão, como também pode levar ao

desenvolvimento de novos diagnósticos e tratamentos na clínica (FINGELKURTS;

FINGELKURTS, 2014).

Nesse contexto, o Laboratório de Investigação em Epilepsia vem realizando uma

série de trabalhos, tanto na clínica sobre a relação entre a epilepsia e a depressão

(KANDRATAVICIUS et al., 2012a, 2013, 2014, 2015), quanto na pesquisa básica, em modelos

experimentais de comorbidade (KANDRATAVICIUS et al., 2012b; WOLF et al., 2016) e no

estresse per se (MARQUES, 2016). Dando continuidade a esse histórico, o interesse em se

estudar o estresse ocorreu após a minha colaboração na dissertação de mestrado do colega

de laboratório Danilo B. Marques. Neste trabalho, foi possível observar os indicadores

eletrofisiológicos do CPF e do hipocampo (HIPO) acerca da controlabilidade do estresse,

utilizando-se para isso o modelo tríadico do desamparo aprendido. Diante destes primeiros

achados promissores e do surgimento de novas questões, ainda inexploradas, sucedeu-se o

meu interesse na realização do presente trabalho.

1.2. Depressão

A depressão é o transtorno psiquiátrico mais prevalente e incapacitante no mundo,

afetando cerca de 20% da população mundial (WHITEFORD et al., 2013). Além disso, a

depressão é altamente recorrente, dentre os indivíduos tratados após o primeiro episódio,

64% vivenciam outro episódio depressivo nos próximos meses e apenas 30% obtêm

remissão completa (MCINTYRE e O’DONOVAN, 2004; SOLOMON et al., 2000). No Brasil, a

Page 20: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

20

depressão atinge 7,8 milhões de indivíduos, sendo que dentre os diagnosticados com

depressão grave, 14% cometem suicídio (IBGE, 2014).

Caracterizada pela presença de alterações emocionais-cognitivas, a depressão leva o

indivíduo a incapacidade funcional e ao comprometimento de sua saúde de maneira

crônica (FLECK et al., 2009). De acorodo com Manual Diagnóstico e Estatístico de

Transtornos Mentais 5a Edição (DSM-V), a depressão é diagnosticada quando um indivíduo

apresenta, por mais de 2 semanas, ao menos 4 dos seguintes sintomas: humor entristecido,

mudanças no apetite e no peso, problemas com sono, alterações psicomotoras, fadiga,

sentimentos de desvalia ou culpa, dificuldades para concentrar-se ou tomar decisões, perda

de interesse ou prazer, e pensamentos suicidas (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION,

2014). Apesar da alta prevalência da depressão e das suas consequências graves, os

progressos na compreensão da neurofisiologia da depressão são insatisfatórios: apenas 30%

dos casos contam com remissão completa do transtorno (MCINTYRE e O’DONOVAN, 2004),

e até 64% dos pacientes apresentam a reincidência de um segundo episódio nos meses

seguintes ao tratamento (SOLOMON et al., 2000).

As causas da depressão ainda não foram completamente compreendidas, mas o

estresse, e particularmente a falta de controle sobre eventos estressantes, corresponde a um

fator fundamental no desenvolvimento do transtorno (KESSLER, 1997; MAIER e SELIGMAN,

2016; PRYCE et al., 2011). Em indivíduos diagnosticados com depressão, 60% dos casos

foram seguidos de estressores psicossociais (POST, 1992). Estes estressores, por sua vez,

desencadeiam uma série de respostas fisiológicas ao estresse mediados pelo eixo

hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA), tipicamente hiperativado em pacientes depressivos

(MELLO et al., 2007). Por fim, a resposta ao estresse produz uma série de mediadores

fisiológicos capazes de alterar a atividade e a conexão funcional de áreas cerebrais

envolvidas no processamento emocional-cognitivo (DEAN e KESHAVAN, 2017).

1.3. Neurofisiologia da Depressão

Técnicas de imageamento não-invasivas e registros eletroencefalográficos (EEG) são

comumente usados na clínica com o objetivo de se compreender melhor o processamento

neural da depressão (FINGELKURTS e FINGELKURTS, 2014; PRYCE et al., 2011). Em conjunto,

esses estudos mostram que estruturas como o CPF e AMI, desempenham um papel

fundamental na depressão (FINGELKURTS e FINGELKURTS, 2014; MURRAY et al., 2011).

Page 21: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

21

Em pacientes com depressão ocorre o aumento do volume da AMI (DREVETS, 2000),

assim como o aumento da sua taxa metabólica na antecipação de estímulos aversivos

(SHELINE et al., 2001; SIEGLE et al., 2002). Já em relação ao CPF, durante estímulos aversivos

ocorre a diminuição de sua atividade em pacientes depressivos (STRIGO et al., 2008). Além

disso, no CPF ocorre a diminuição da densidade neuronal e de volume, sendo a gravidade

da depressão diretamente associada com esta perda de volume (BORA et al., 2012; COTTER,

2002; LAVRETSKY et al., 2011). Por sua vez, indivíduos resistentes a estressores incontroláveis

apresentam o aumento da atividade do CPF no período anterior ao estímulo (SALOMONS et

al., 2007). Diante desse achados, Price e Drevets (2012) sugerem que a depressão seja o

resultado de alterações na circuitaria neural envolvendo majoritariamente o CPF e a AMI, na

qual a hipofunção do CPF estaria associada a hiperexcitação da AMI, resultando nas

alterações comportamentais associadas à depressão.

De maneira convergente, Fingelkurts e Fingelkurts (2014) analisando a dinâmica

oscilatória a partir de dados com EEG, caracterizam a depressão como um transtorno

marcado pela hiperatividade límbica e hipoatividade do CPF, com persistente alterações nas

oscilações delta (1 - 4 Hz), teta (3 - 7 Hz) e alfa (7 - 13 Hz) (FINGELKURTS e FINGELKURTS,

2014). Quanto maior a conectividade fronto-temporal, em termos de delta e teta, maior a

resistência ao tratamento com antidepressivos (LEE et al., 2011). A potência relativa de teta,

por sua vez, corresponde a um importante valor preditivo da resposta a antidepressivos.

Quando pacientes submetidos a antidepressivos aumentavam a concordância em teta (4 –

8 Hz) no CPF logo no primeiro dia do tratamento, os sintomas diminuíam após 1 semana

(BARES et al., 2014). Além disso, nos pacientes depressivos é possível identificar o aumento

considerável das oscilações alfa no CPF (BRUDER et al., 2001). Funcionalmente essa atividade

alfa representa tipicamente uma relação inversa a atividade cortical, ou seja, o aumento de

alfa reflete a redução da atividade cortical (LAUFS et al., 2003). Por fim, em indivíduos com

depressão ocorre o aumento da coerência geral do sinal em delta, teta e alfa quando

comparado a indivíduos saudáveis (LEUCHTER et al., 2012).

Em conjunto, esses dados apresentados enfatizam a visão moderna de que

distúrbios mentais possam ser vistos como disfunções na conectividade funcional de

diferentes sistemas do encéfalo, ou seja, o processamento neural da depressão ou resiliência

ocorreria a partir de circuitarias neurais distintas (CASTRÉN, 2005; SIBILLE e FRENCH, 2013).

(Fig. 1). Na clínica é possível verificar essas alterações eletrofisiológicas em circuitarias

Page 22: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

22

neuronais após a instauração do transtorno, contudo, fazer essas análises durante a

aquisição da depressão é impossível. Nesse sentido, modelos experimentais de depressão,

quando escolhidos de maneira apropriada, correspondem a uma ferramenta valiosa,

possibilitando o registro da atividade neurofisiológica de circuitarias neurais com maior

precisão espacial e temporal, tanto durante a aquisição quanto durante a expressão de

comportamentos do tipo depressivos (CZÉH et al., 2016; LEUCHTER et al., 2015).

Figura 1 – Redes neurais na depressão e na resiliência. A hipótese neural propõe que o

comportamento depressivo seria o resultado do processamento mal-adaptativo em circuitarias

neuronais distintas às da resiliência. Imagem adaptada de MARQUES, 2016.

1.4. Modelos animais de depressão

Como dito anteriormente, a exposição ao estresse representa um dos principais

fatores de risco para a ocorrência da depressão (KENDLER e GARDNER, 2010). Por esta razão,

modelos animais tentam reproduzir componentes da depressão através da exposição ao

estresse, dentre eles podemos citar: o nado forçado, o teste de suspensão pela cauda, o

estresse crônico moderado e o modelo de estresse crônico por derrota social (DUMAN,

2010). Na clínica, entretanto, é levado em conta a avaliação do indivíduo sobre o estresse,

sendo a incontrolabilidade fundamental para a etiologia da depressão (EVERAERT et al.,

2012). Considerando esse fator, a teoria cognitiva da depressão postula que o

Page 23: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

23

desenvolvimento da depressão ocorre, a nível comportamental, através da incapacidade do

indivíduo de controlar emoções negativas, concomitantemente com a incapacidade de

acessar novas formas de processá-la, gerando respostas comportamentais mal-adaptativas

(CLARK e BECK, 2010). Nesse cenário, o único modelo animal de depressão que se propõe a

considerar essa homologia na clínica, ou validade teórica, seria o modelo do desamparo

aprendido (VOLLMAYR e GASS, 2013). Além disso, o desmaparo aprendido também supri

outros dois critérios de validade para modelos experimentais: 1) a analogia, os animais

desamparados apresentam sintomas relacionados a depressão como anedonia e alterações

no ciclo sono-vigília (SANCHIS-SEGURA et al., 2005); e 2) predictibilidade, antidepressivos

são capazes de reverter os déficits comportamentais dos animais desamparados (SHERMAN

et al., 1982). Ademais, a relação do desamparo aprendido com a depressão em humanos foi

extensamente estudada por Seligman e col (2016). Sujeitos saudáveis quando submetidos

ao estresse incontrolável, assim como sujeitos com depressão não submetidos a estresse,

apresentam um sucesso menor em tarefas cognitivas, como solução de anagramas (KLEIN

etal., 1976) e combinações de cartas (MILLER e SELIGMAN, 1976).

No protocolo comportamental do modelo triádico do desamparo aprendido existe a

formação de três grupos experimentais, os quais são submetidos a pelo menos duas fases

experimentais (MAIER e WATKINS, 2005). De forma que o uso destes três grupos é essencial

para que seja possível avaliar o efeito da controlabilidade sobre o estresse, e não apenas do

estresse per se (MAIER e SELIGMAN, 2016). Os três grupos se diferem já na primeira fase

experimental: os animais (normalmente ratos ou camundongos) do primeiro grupo

recebem um estímulo aversivo (choque), o qual pode ser interrompido pelo cumprimento

de uma tarefa (por exemplo, pular através de uma barreira). Já os animais do segundo grupo

são pareados com os do primeiro, de modo a receber o mesmo estímulo aversivo, de mesma

intensidade e duração que estes. Entretanto, o cumprimento ou não da tarefa não cessa a

exposição ao estímulo aversivo. Desta maneira, a única diferença entre estes dois grupos é

a controlabilidade do estímulo aversivo. Por fim, o terceiro grupo é submetido aos mesmos

procedimentos, mas sem receber nenhum estímulo aversivo (MAIER e SELIGMAN, 2016). Os

animais que são expostos ao choque IS apresentam uma série de respostas distintas do

grupo submetido ao choque ES, a citar: aumento da imobilidade do nado forçado (WEISS et

al., 1981), resposta exacerbada e prolongada no medo condicionado (BARATTA et al., 2007),

redução da atividade motora na presença de um estímulo (Rau and Fanselow, 2009),

Page 24: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

24

redução da interação social (CHRISTIANSON et al., 2008, 2009; SHORT e MAIER, 1993),

diminuição de agressão (MAIER et al., 1972) e redução do consumo de alimentos, dentre

outros (MAIER e WATKINS, 2005).

Muitos são os estudos que afirmam utilizar o desamparo aprendido, mas a grande

maioria não faz uso do modelo triádico (MAIER e WATKINS, 2005). Entre aqueles que usam

adequadamente este modelo, a grande maioria foi desenvolvida pelos grupos de pesquisa

de Martin Seligman e Steven Maier, autores que juntos desenvolveram o modelo do

desamparo aprendido (SELIGMAN e MAIER, 1967). Em 50 anos de estudos na área foi

possível desvendar parte da circuitaria neural responsável por detectar a controlabilidade

do estresse e o que desencadeia os efeitos do desamparo aprendido. A partir desses

estudos, Maier e Seligman indicaram que a comunicação entre o CPF e a AMI, em especial a

amígdala basolateral (ABL), é fundamental para a aquisição e manutenção do desamparo

aprendido (MAIER e SELIGMAN, 2016).

1.5. Comunicação entre o CPF e ABL

Os aspectos anatômicos na conectividade entre o CPF e a ABL são essenciais para a

compreensão dos comportamentos do tipo depressivo (CARLSON et al., 2017; DILGEN et al.,

2013; DZIRASA et al., 2013; KUMAR et al., 2014). No lobo temporal a AMI está relacionada ao

processamento de informações emocionais, como aquisição, evocação e extinção do medo;

organização de respostas motoras de defesa; e planejamento de recompensas a longo prazo

(HARTLEY e PHELPS, 2010; HERNÁDI et al., 2015; HERRY et al., 2008; JOHANSEN et al., 2010;

MAREN e QUIRK, 2004). A amígdala é estruturalmente formada por diversos núcleos com

aferências e eferências amplamente distribuídas (SAH et al., 2003). Dentre os núcleos, a ABL

seria o principal receptor dos estímulos somatossensorias e responsável pelo

processamento emocional dessas informações, que por sua vez, as encaminha para diversas

regiões, em especial para outras regiões límbico-corticais, como o CPF (HEIDBREDER e

GROENEWEGEN, 2003; LEDOUX, 2007; MCDONALD, 1998). O CPF é frequentemente

associado a processamentos cognitivos, como processos atencionais, tomada de decisão,

comportamentos dirigidos, processos mnemônicos e controle de eventos emocionais

(COURTIN et al., 2013; KUMAR et al., 2013; REPOVŠ; BADDELEY, 2006). Da ABL, o CPF recebe

aferências monosinápticas glutamatérgicas, em específico no córtex pré-límbico, atingindo

os dendritos de neurônios piramidais e interneurônios nas camadas II e V (MCDONALD,

Page 25: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

25

1991, 1996; MITRANO et al., 2010). No CPF, por sua vez, existem eferências glutamatérgicas

partindo da camada II para interneurônios GABAérgicos da ABL, fechando a comunicação

entre a ABL e o CPF (GABBOTT et al., 2005; HÜBNER et al., 2014; LITTLE e CARTER, 2013).

1.6. Atividade do CPF e da ABL no desamparo aprendido

De acordo com Maier e Seligman, no desamparo aprendido o CPF corresponde a uma

região integradora fundamental para o processamento de informações referentes a

controlabilidade do estresse, enquanto a ABL potencializa os comportamento de medo e

ansiedade (MAIER e SELIGMAN, 2016). A partir de uma abordagem comportamental e

neuroquímica, Amat e col (2005) demonstraram que a inibição do CPF durante o choque ES é

capaz de desamparar os animais. Em contrapartida, a ativação do CPF em ratos submetidos

ao choque IS é suficiente para inibir a indução do desamparo aprendido no grupo (AMAT et

al., 2008).

Em relação a ABL, a sua atividade também é distinta em função da controlabilidade

do estresse. No grupo submetido ao choque IS a ativação de genes relacionadas a

plasticidade sináptica é maior na ABL em comparação aos grupo ES (MACHIDA; LONART;

SANFORD, 2017). No desamparo aprendido a atividade da ABL é majoritariamente

modulada pela sinalização serotoninérgica. De modo que a ativação de receptores 5-HT2C

na ABL aumentam os déficits comportamentais induzidos pelo choque IS (STRONG et al.,

2011). Nesse contexto, o núcleo dorsal da rafe (NDR) se comunica mais intensamente com a

ABL no grupo IS, sendo que altos níveis de 5-HT na ABL são relacionados ao aumento de

comportamentos ansiogênicos (CHRISTIANSON et al., 2010). Amat et al. (2016) observaram

ainda que o aumento de serotonina na ABL em ratos submetidos ao choque IS pode ser

revertido por antidepressivos. Dessa forma, além da comunicação direta entre a ABL e o CPF,

na qual o CPF pode inibir a ABL diante da detecção de controle, ambas as regiões são

mediadas pelo NDR (BERRETTA et al., 2005). A região pré-límbica do CPF envia projeções

glutamatérgicas para o NDR, que se conectam com os interneurônios que contêm ácido

gamaminobutírico (GABA) neste núcleo (MAIER e WATKINS, 2005). Caso não haja a detecção

de controlabilidade do estímulo aversivo, o NDR não é inibido e então reenvia os sinais que

obteve para a ABL durante o choque IS (MAIER; SELIGMAN, 2016). Apesar do conhecimento

dessa circuitaria por meio de investigações psicofarmacológicas, pouco se sabe sobre o

processamento neural do CPF e da ABL no desamparo aprendido.

Page 26: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

26

1.7. Atividade eletrofisiológica do CPF e da ABL em modelos de estresse

Há inúmeros trabalhos que se prontificaram a estudar a atividade eletrofisiológica do

CPF em modelos experimentais (ESTEVES et al., 2017; GODSIL et al., 2013; RUGGIERO et al.,

2017, 2018). Contudo, são escassos os trabalhos que investigaram a comunicação entre o

CPF e ABL durante protocolos de estresse, analisando tanto as suas dinâmicas oscilatórias

quanto os disparos unitários dessas estruturas (CARLSON et al., 2017; DZIRASA et al., 2013;

KUMAR et al., 2014) (Fig. 2).

Os primeiros experimentos sobre as alterações oscilatórias foram realizados em ratos

anestesiados, através do registro das oscilações dos potenciais locais de campo (PLCs) e das

unidades de disparo do CPF e da ABL. Nesses animais o tratamento sistêmico com o

antagonista GABAérgico FG-7142, droga reconhecidamente capaz de mimetizar as

respostas do estresse, aumentou a potência da oscilação teta (4 - 8 Hz) nos PLCs registrados

na ABL e no CPF (STEVENSON et al., 2007). Além disso, o tratamento com FG-7142 também

diminui a taxa de disparo neuronal no CPF e a sincronia das unidades de disparo entre o CPF

e ABL (STEVENSON et al., 2007).

Já no trabalho com animais em livre-movimento desenvolvido por Kumar e col

(2014), foi possível observar após a exposição do estresse crônico por derrota social que a

atividade do CPF precede a atividade da ABL nas oscilações delta e teta (2 - 7 Hz). No trabalho

de Kumar e col (2014) observou-se a direcionalidade do CPF sobre a ABL nos disparos

unitários acoplados a delta e teta, os quais respectivamente diminuíram no CPF e

aumentaram na ABL. Por sua vez, essa diminuição de disparos neuronais no CPF foi capaz

de predizer a susceptibilidade ao estresse. As alterações eletrofisiológicas no CPF e na ABL

não só estão relacionadas a comportamento do tipo-depressivos, como também na

expectativa de situações punitivas, nas quais a proporção de unidades que disparam mais

nessas situações é maior na ABL do que no CPF (BURGOS-ROBLES et al., 2017).

Além desses achados, alterações na sincronia entre o CPF e ABL também foram

observadas em modelos de estresse. Em camundongos geneticamente modificados para

não produzir serotonina, comportamentos do tipo-depressivos são relacionados ao

aumento da coerência CPF-ABL nas oscilações delta (2 - 4 Hz) e beta (15 - 30 Hz) (DZIRASA

et al., 2013). Por sua vez, em contextos seguros o aumento da coerência CPF-ABL de teta (4

– 12 Hz) corresponde a um importante marcador eletrofisiológico (LIKHTIK et al., 2014). A

interação destas oscilações no CPF e na ABL também foi analisada por Hultman e col (2016),

Page 27: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

27

os quais observaram que no estresse crônico por derrota social ocorre a comudalação de

fase teta (2 – 7 Hz) – beta (14 – 23 Hz) entre o CPF e ABL. Apesar de todos estes marcadores

eletrofisiológicos em outros modelos experimentais de estresse, não há trabalhos

investigando a comunicação córtico-amigdalar no desamparo aprendido.

Em nosso laboratório, Marques (2016) mostrou pela primeira vez que o aumento da

perturbação média da potência de teta (4 – 8 Hz) e alfa (8 – 12 Hz) no CPF e no HIPO

correspondem a um importante marcador eletrofisiológico da controlabilidade do estresse.

Essa modulação em teta no CPF se correlaciona positivamente com o comportamento

resiliente no protocolo do desamparo aprendido. Este achado vai de encontro a outros

trabalhos na literatura que também observaram a modulação dessas bandas diante de

estímulos aversivos. No medo condicionado, um protocolo semelhante ao grupo IS, o

congelamento comportamental é associado a diminuição de teta (8 -12 Hz) no CPF após o

estímulo, enquanto os períodos de não congelamento são associados ao aumento desse

teta. Nesta tarefa a atividade em teta (8 – 12 Hz) no CPF está intimamente ligada a atividade

de neurônios piramidais, sendo estes regulados por interneurônios parvalbumínicos, de

forma que a desinibição dos interneuônios possibilita a sincronização em teta (COURTIN et

al., 2014). Já no desamparo aprendido, a relação entre o teta no CPF e a sua atividade unitária

ainda não está clara. Contudo, Marques (2016) observou unidades neuronais no grupo ES e

IS com modulações distintas. Diante desses achados, seria importante verificar como esses

marcadores eletrofisiológicos do CPF interagem com outras estruturas importantes para o

desamparo aprendido, como a ABL.

Page 28: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

28

Figura 2 – Principais marcadores eletrofisiológicos do CPF e da ABL em modelos de estresse. No CPF,

após a exposição ao estresse, a potencia de delta (1 – 4 Hz) diminui enquanto a potência de teta

aumenta ( 4 – 8 Hz). O aumento dessas potências está associado ao aumento da coerência em delta

e teta entre CPF e ABL. Entretanto a frequência de disparo no CPF diminui. Já na ABL a potência de

delta e teta diminui após o estresse, enquanto os disparos unitários aumentam, em específico os

disparos coordenados a partir das oscilações teta do CPF.

1.8. Justificativa

Diversas abordagens psicoformacológicas na investigação do desamparo aprendido

mostraram que a controlabilidade do estresse proporciona a regulação da atividade da ABL

via a atividade do CPF, o que em alguns trabalhos se é referido como “Top-down regulation”

(MAIER e SELIGMAN, 2016). Na presença de choques ES, o CPF exibe o controle sobre a

atividade da ABL, em contrapartida, no choque IS esse controle se inverte, com a atividade

da ABL se sobrepujando a do CPF (AMAT et al., 2005, 2016; MACHIDA; LONART; SANFORD,

2017; STRONG et al., 2011). Apesar desses achados, ainda não se sabe como se dá essa troca

no processamento neural entre o CPF e a ABL.

Em trabalhos eletrofisiológicos com outros modelos experimentais, sabe-se que o

estresse diminui a taxa de disparo no CPF enquanto aumenta os disparos na ABL,

Page 29: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

29

especificamente durante as oscilações delta e teta. Por sua vez, nesses modelos a

sincronização entre o CPF e ABL também é observada por mudanças na coerência das

oscilações delta e teta. Dados coletados no nosso laboratório mostraram que o aumento da

potência em teta no CPF corresponde a um importante marcador eletrofisiológico da

controlabilidade do estresse no desamparo aprendido. No entanto, não se sabe ainda como

essa atividade eletrofisiológica do CPF no desamparo aprendido afetaria a dinâmica

oscilatória e os disparos neuronais da ABL.

Com base nesses achados, nossa hipótese de trabalho é de que a controlabilidade

do estresse, avaliada pelo desamparo aprendido, seja caracterizada pelo aumento das

oscilações em teta e a diminuição em delta no CPF, associadas a diminuição de disparos

neuronais e a diminuição de delta na ABL, de forma que a sincronização dessas estruturas

seja alterada. Esses achados representariam o primeiro relato eletrofisiológico da

comunicação entre o CPF e a ABL no desamparo aprendido, ampliando a compreensão

sobre o processamento neural da controlabilidade do estresse.

Page 30: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

30

2.OBJETIVOS

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31

2.1. Objetivos Gerais

O objetivo do presente trabalho foi descrever a atividade oscilatória e unitária no CPF

e na ABL durante o modelo triádico do desamparo aprendido. Desta forma, testou-se a

hipótese de que a controlabilidade do estresse altera a funcionalidade e conectividade entre

o CPF e ABL de maneira distinta ao estresse per se.

2.2. Objetivos específicos

I. Padronizar o protocolo comportamental do modelo triádico do desamparo

aprendido, de modo que atenda as premissas apontadas por Maier et al., (2016).

II. Adaptar o aparato de esquiva ativa, de modo que seja possível o registro

eletrofisiológico simultâneo ao comportamento, livre de ruído e sem perdas de registro.

III. Caracterizar e comparar os efeitos do choque ES e IS no comportamento,

avaliando-se para isso a latência da fuga dos animais e o número de falhas.

IV. Caracterizar e comparar os efeitos do choque ES e IS nos disparos neuronais do

CPF e da ABL nos dois dias de experimento, utilizando-se para isso o registro da atividade

unitária.

V. Caracterizar e comparar os efeitos do choque ES e IS no padrão oscilatório do CPF

e da ABL nos dois de experimento, utilizando-se para isso o registro dos potenciais locais de

campo (PLCs).

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32

3. MATERIAL E MÉTODOS

Page 33: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

33

3.1. Desenho experimental

Os experimentos propostos para a investigação eletrofisiológica durante o

desamparo aprendido podem ser divididos em três momentos: (1) confecção dos

multieletrodos e realização da cirurgia estereotáxica, com o intuito de implantar os

eletrodos no CPF e na ABL; (2) o 1d do registro eletrofisiológico durante o desamparo

aprendido, com a exposição dos animais a choques ES (grupo ES), choques IS (grupo IS) ou

a nenhum choque (grupo Sham); e (3) o registro eletrofisiológico no 2d durante o teste da

esquiva ativa (Fig. 3). Todas essas etapas do desenho experimental serão descritas

detalhadamente nas próximas seções.

Figura 3 – Desenho experimental. Na primeira etapa experimental os sujeitos foram submetidos a

cirurgia estereotáxica para o implante dos multieletrodos no CPF e na ABL. Após 7 dias de

recuperação, foi realizado o 1d de registro eletrofisiológico durante a exposição de 100 sessões de

choque escapável, choque inescapável ou sem choque. 24 h após o 1d de registro realizou-se o

registro durante as 30 sessões do teste da esquiva ativa.

3.2. Sujeitos

Foram utilizados 81 ratos Wistar adultos machos com pesos entre 270 e 350 g,

provenientes do Biotério Central da Universidade de São Paulo – USP/RP. Em função da taxa

de mortalidade durante a cirurgia, erros no posicionamento dos eletrodos, bem como

dificuldades na padronização do registro eletrofisiológico (e.g. ruído da rede elétrica, ruído

de movimento, falhas de posicionamento de eletrodos), apenas 67 destes animais foram

aproveitados como sujeitos experimentais. Todos os protocolos experimentais foram

submetidos e aprovados pelo Comitê de Ética e Experimentação Animal da Faculdade de

Medicina de Ribeirão Preto (CEUA – FMRP – USP, Processo n°105/2015).

10 Dia de Registro

24 Horas

100 SessõesCirurgia

estereotáxica

7 diasTeste da esquiva

ativa

Recuperação

20 Dia de Registro30 Sessões

Sem choque (Sham)Choque escapável (ES)

Choque Inescapável (IS)

Page 34: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

34

No biotério, os animais foram alojados em grupos de quatro em uma caixa de

polipropileno (40 x 33 x 18 cm) contendo raspas de madeira (maravalha) sobre o assoalho.

A temperatura do ambiente foi controlada em 24 ± 2 °C e o ciclo de claro/escuro foi de 12 h,

com as luzes acendendo às 7 h 00 e apagando às 19 h 00. A disponibilidade de água e

comida para os animais foi ad libitum.

3.3. Confecção dos multieletrodos

A fim de se realizar os registros eletrofisiológicos durante o desamparo aprendido

foram utilizados arranjos de multieletrodos semi-manufaturados (Fig. 4), já descritos em

outros trabalhos do grupo (BUENO-JUNIOR et al., 2017). Cada arranjo de multieletrodos foi

confeccionado utilizando um conector (Omnetics, modelo A12623-001, USA) soldado a 8

fios de tungstênio de 50 µm de diâmetro revestidos por teflon (California Fine Wires, USA).

Estes fios, por sua vez, passavam por uma cânula com 0,6 mm de diâmetro e

aproximadamente 1 cm de comprimento. Durante a cirurgia cada conector era soldado a

um fio de prata (A-M Systems, Inc, USA), usado para a conexão com o microparafuso de

referência no crânio (microparafuso de 1,2 mm de diâmetro soldado a um fio de prata). Os

conectores eram então recobertos por acrílico odontológico, de modo a manter as pontas

das cânulas e dos conectores livres. Em especial, no arranjo de multieletrodos

confeccionado para o implante na ABL, um dos fios de tungstênio era mantido fora da

cânula, sendo utilizado futuramente para o registro do eletromiograma na musculatura do

pescoço. Por fim, cortava-se os fios de tungstênio com uma tesoura fina, de modo a ficarem

com comprimento adequado às suas respectivas coordenadas dorso-ventral de implante

(CPF: - 2,9 mm; ABL - 6,6 mm). Além da confecção dos multieletrodos, um microparafuso de

referência do sinal foi feito a partir de um microparafuso de 1,2 mm de diâmetro soldado a

um fio de prata.

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35

Figura 4. Esquema representativo da manufatura dos multieletrodos. (A) Primeiro os fios de

tungstênio e o fio de prata foram soldados ao conector, e então os fios de tungstênio eram passados

por uma cânula. A ponta dos eletrodos era cortada de acordo com a profundidade da coordenada e

os fios recobertos por acrílico odontológico. Por fim, o microparafuso de referência era preparado

soldando um fio de prata a um microparafuso. (B) Fotos retiradas durante o processo de confecção

dos eletrodos até a sua finalização. Com o auxílio de um suporte com garras era possível passar os

eletrodos de tungstênio pela cânula e recobri-los com acrílico.

3.4. Cirurgia estereotáxica para implante dos multieletrodos

Inicialmente os ratos foram anestesiados com cloridrato de cetamina (0,75 mg/Kg

intraperitoneal, i.p., seguido por 0,5 mg/Kg intramuscular, i.m.) e xilazina (0,38 mg/Kg i.p. e

0,25 mg/Kg i.m.). Com os animais anestesiados realizava-se a tricotomia do escalpo e fixação

do crânio em estereotáxico (KOPF Instruments; EUA). Após a verificação do grau de

anestesia por meio do pinçamento de cauda, foi realizada a assepsia do escalpo com iodo,

água oxigenada e injeção subcutânea de anestésico local (lidocaína 2% em NaCl 0,15M) para

incisão do escalpo, exposição e limpeza da superfície do crânio. Tomando-se o bregma

como referência anteroposterior e médio-lateral, foram feitos dois orifícios no crânio para o

implante de multieletrodos, visando atingir de forma ipsilateral: 1) a região pré-límbica do

CPF, ântero-posterior (AP): + 3,2 mm; médio-lateral (ML): – 0,5 mm; dorso-ventral (DV): - 2,9

mm; e 2) a ABL , AP: - 2,6 mm; ML: + 5,1 mm; DV: - 6,7 mm (PAXINOS; WATSON, 2007). Nestas

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36

coordenadas de interesse a dura-máter era removida com o auxílio de uma agulha de ponta

fina. Este procedimento foi realizado utilizando um estereomicroscópio de haste móvel que

auxiliou na visualização da dura-máter, e no desvio de pequenos vasos sanguíneos do

caminho dos multieletrodos. A descida dos multieletrodos foi feita em intervalos de 0,1

mm/min até às coordenadas DV. Durante a descida o tecido foi constantemente hidratado

e a presença de sangramento verificada.

Além do implante dos multieletrodos, fixava-se no crânio próximo ao lambda o

microparafuso de referência, que ao final do implante era soldado ao fio de prata do arranjo

dos multieletrodos. Com o intuito de sustentar o implante, realizou-se a inserção de

microparafusos em cinco orifícios adicionais no crânio. Por fim, uma base acrílica ao redor

dos parafusos e multieletrodos era formada para manter o capacete mecanicamente estável

(Fig. 5). Após a cirurgia, os animais receberam injeção subcutânea de flunixina meglumina

(banamine; 2,5 mg/K; analgésico com ação anti-flamatória) e injeção intramuscular de

pentabiótico (1 ml/Kg), permanecendo em observação até sua recuperação. No biotério, os

animais eram acomodados em caixas individuais e deixados para repouso durante 7 dias

após a cirurgia. Com o implante crônico finalizado e os animais já recuperados da cirurgia,

seguia-se para o registro eletrofisiológico durante o desamparo aprendido.

Figura 5 – Implante dos multieletrodos. (A) Esquema representativo das coordenadas do implante

dos arranjos de multieletrodos no CPF e na ABL seguido pelo implante dos multieletrodos e a

formação de um capacete acrílico. (B) Imagem do estereomicróscopio (aumento 40x) indicando a

craniotomia referente as coordenadas do CPF. Ao centro da craniotomia a exposição da dura-máter

incluindo o seio superior sagital, perifericamente o implante de microparfusos para a fixação do

capacete de acrílico.

Page 37: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

37

3.5. Protocolo comportamental

3.5.1. Padronização comportamental

Para a indução e verificação do desamparo aprendido, utilizamos um aparato de

esquiva ativa (Insight), com 54 cm de comprimento x 30,7 cm de altura x 34 cm de largura.

A parede frontal é de acrílico transparente, e as laterais são cinzas, lisas, sendo o teto aberto

para a passagem dos fios de registro eletrofisiológico. O assoalho é gradeado e dividido ao

meio por uma barreira de 1,5 cm de altura. O aparato contém dois pontos luminosos de LEDs

para emissão do estímulo luminoso, bem como um alto-falante para emissão de estímulos

sonoros. Durante a tarefa comportamental o movimento do rato foi detectado por sensores

infravermelhos próximos ao assoalho.

Os experimentos comportamentais foram conduzidos durante a manhã ou à tarde,

em dois dias consecutivos, de modo que houvesse um intervalo de 24 h entre os dois testes.

No 1d, conforme o modelo triádico do desamparo aprendido, os ratos foram aleatoriamente

distribuídos em três grupos: grupo ES, grupo IS e grupo Sham. No 1d os ratos eram

posicionados no centro da caixa de esquiva ativa por um período de habituação de 30 min.

Após a habituação se dava o início de 100 sessões, sendo cada sessão correspondente a

exibição de 10 s de estímulo luminoso (200,0 lux; estímulo condicionado, EC) seguido por

um choque de 0,6 mA por até 10 s (para os grupos ES e IS), tempo durante o qual o estímulo

luminoso continuava ativo. Por fim, entre cada sessão ocorreu um intervalo de 40 s ± 20 s.

Os ratos do grupo ES podiam interromper o choque ao deslocar-se de uma metade à outra

da caixa (fuga simples, F1). Por outro lado, os ratos do grupo IS não tinham controle sobre a

duração do choque. Eles eram submetidos ao choque a um tempo idêntico ao sofrido por

um rato ES, de modo que pares ES/IS recebiam os mesmos tempos de choque. Os ratos do

grupo Sham não foram submetidos a choque algum, apenas ao período do estímulo

luminoso e ao intervalo entre as sessões.

No 2d os animais eram recolocados na mesma caixa de esquiva ativa, contudo, os

sujeitos dos três grupos (ES, IS e Sham) eram submetidos ao protocolo para a análise do grau

de desamparo aprendido. Neste teste da esquiva ativa o sujeito era posicionado no centro

da caixa durante 30 min, seguido pelo teste, propriamente dito, composto por 30 sessões.

Cada ciclo das primeiras 5 sessões correspondia a 10 s de luz, seguido por 10 s de luz e

choque de 0,6 mA, divido por intervalos de 40 s ± 20 s. Nos 5 primeiros ciclos, o choque

podia ser interrompido por F1. Nos próximos 25 ciclos mantinha-se este mesmo protocolo,

Page 38: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

38

com exceção de que o choque poderia ser interrompido apenas se o rato atravessasse duas

vezes a barreira na caixa (fuga dupla, F2). Entre os testes de cada animal durante os dois dias,

a caixa era cuidadosamente limpa com etanol 70% e água (Fig. 6-A).

3.5.2. Protocolo comportamental definitivo

Após a padronização do protocolo do desamparo aprendido, novas modificações

foram propostas e um novo protocolo foi utilizado, protocolo este usado para a coleta dos

dados eletrofisiológicos. Este novo protocolo teve como objetivo aperfeiçoar o nosso

modelo experimental, de modo que fosse incorporado todas as diretrizes propostas por

Maier e col (2016). De acordo com os criadores do modelo triádico do desamparo aprendido,

Maier e Selligman afirmam que por definição no protocolo do desamparo deve-se investigar

a trans-situcionalidade do estresse incontrolável, ou seja, deve-se verificar os efeitos do

choque IS a um novo contexto (Maier et al., 2016). Sendo assim, o protocolo utilizado foi

idêntico ao descrito na seção 3.5.1., exceto por modificações no contexto e nos ECs do 2d.

No 1d borrifava-se uma fragrância de baunilha no aparato, além de se realizar os

experimentos com as luzes apagadas, para se aumentar o contraste com a presença do

estímulo luminoso. Já no 2d, mudou-se o contexto do teste da esquiva e o EC. O aparato era

borrifado com uma fragrância de limão e as suas paredes eram formadas por placas acrílicas

de 2 cm de espessura com padrões de listras pretas. Além disso, no teste da esquiva ativa do

2d todo o experimento foi realizado com as luzes acessas, e ao invés do estímulo luminoso

havia um estímulo sonoro (75 dB) (Fig. 6-B).

Page 39: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

39

Figura 6 – Protocolo comportamental do desamparo aprendido. (A) Padronização inicial do modelo

triádico protocolo do desamparo aprendido. Neste protocolo os sujeitos foram expostos ao mesmo

contexto nos dois dias. (B) Protocolo utilizado durante o registro eletrofisiológicos, neste os animais

eram expostos a um contextos distinto no teste da esquiva.

3.6. Adaptações do aparato comportamental para registro simultâneo

Inicialmente, para realização de registros eletrofisiológicos de qualidade, MARQUES

et al., (2016) realizou uma série de adaptações no equipamento da esquiva ativa, as quais

foram utilizadas no presente trabalho. As principais alterações incluem: 1) adaptações na

caixa de esquiva ativa para que o animal pudesse se locomover livremente sem o perigo de

que os cabos de registro se enrolassem, para isso foi instalado um comutador com 16 canais

na caixa do aparato comportamental; 2) eliminação de grande parte dos ruídos de 60 Hz e

seus harmônicos através do aterramento dos componentes da caixa de esquiva ativa; 3)

elaboração de um sistema de transistor-transistor logic (TTL) para a emissão das marcações

temporais durante o registro eletrofisiológico, registrando simultaneamente os eventos

ocorridos na esquiva ativa com o registro eletrofisiológico; 4) implementação de um

sistema de relés que era ligado na ausência do choque mas desligado quando o choque era

Sessões Sessões

F1

F210 s 10 s 40 s ± 20 s 25

Sessões

Dia 1 Teste

30 min 30 min100 min

10 s 10 s 40 s ± 20 s 5Sessões

30 min

Sham, ES, IS

10 s 10 s 40 s ± 20 s 10 s 10 s

10 s 10 s 40 s ± 20 s 100Sessões

10 s 10 s 40 s ± 20 s 100Sessões

Sham

ES

IS

Sham, ES, IS

F1

F1

F2

A

100Sessões

Sessões Sessões

F1

F210 s 10 s 40 s ± 20 s 25

Sessões

Dia 1 Teste

30 min 30 min100 min

10 s 10 s 40 s ± 20 s 5Sessões

30 min

Sham, ES, IS

10 s 10 s100Sessões

10 s 10 s 40 s ± 20 s

10 s 10 s 40 s ± 20 s 100Sessões

10 s 10 s 40 s ± 20 s 100Sessões

Sham

ES

IS

Sham, ES, IS

F1

F1

F2

B

Page 40: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

40

aplicado, essa modificação foi fundamental, pois sem ela a conexão do capacete ao cabo de

registro funcionava como um aterramento, diminuindo a intensidade do choque. Contudo,

apesar destas modificações, outras alterações se mostraram necessárias e foram

implementados no presente trabalho.

Em nossos primeiros registros eletrofisiológicos durante o protocolo de desamparo

aprendido notamos a presença de ruído de movimento, o que impossibilitava um registro

de qualidade em todos as sessões. Após um longo período de investigação, realizamos uma

série de modificações no aparato que eliminaram este ruído e melhoraram o sinal: 1) todo o

hardware da caixa da esquiva ativa foi desacoplada da caixa comportamental, de modo que

a circuitaria do hardware fosse aterrada e não influencia-se o registro; 2) o aterramento que

era feito nas barras de choque foi removido, pois a cada movimento do animal entre barras

o aterramento do sinal se alterava, gerando assim o ruído de movimento; 3) o gerador do

choque foi isolado do restante do hardware da esquiva já que a sua presença era uma fonte

de ruído de 60 Hz e seus harmônicos, e 4) na fonte de energia do hardware da esquiva foram

adicionados componentes ópticos a fim de evitar infiltrações de corrente, visto que antes

dessa implementação frequentemente a comunicação entre o computador e a esquiva

cessava por falhas (Fig. 7).

Figura 7 – Esquema representativo das adaptações do aparato comportamental para eliminação do

ruído de movimento. Da esquerda para a direita: comutador paro o registro durante o movimento

dos animais, seguido pelo gerador de corrente e hardware da esquiva, aterrados e separados da

caixa de registro. Por fim, os dados comportamentais eram gravados em um computador acoplado

ao hardware da esquiva.

Comutador Gerador de corrente

Hardware da esquiva

Fio terra

Page 41: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

41

3.7. Registro eletrofisiológico

Para obtenção dos dados eletrofisiológicos usou-se o sistema de aquisição

eletrofisiológica Plexon Inc (Fig. 8). Os arranjos de multieletrodos foram conectadas a um

headstage de alta impedância com trava (HST/8o50, Plexon Inc.), o que possibilitava o livre

movimento dos animais sem que a conexão com os conectores falhasse (Fig. 8-1). A partir

de um cabo, os sinais do headstage seguiam para o comutador (Plexon Standard

Commutator, Plexon Inc.) em 16 canais (Fig. 8-2) que, por sua vez, passava o sinal pelo

sistema de relés adaptados ao nosso registro com choques e dava continuidade ao pré-

amplificador analógico (PBX, Plexon Inc., USA) (Fig. 8-3). No pré-amplificador os sinais eram

amplificados em 1.000 vezes, duplicados e então divididos para a aquisição da atividade

oscilatória (PLC) e dos disparos unitários. Em relação aos PLCs, foi aplicado um filtro para a

obtenção do sinal de baixa frequência (filtro passa-alta de 0,7 Hz e passa-baixa de 300 Hz),

já em relação aos disparos unitários foi obtido o sinal de alta frequência (filtro passa-alta de

150 Hz e passa-baixa de 8 KHz). O sinal dos PLCs passava por um hub e então era digitalizado

na frequência de amostragem de 1 kHz a partir de uma placa especializada no computador

(Fig. 8-4). Os sinais de alto frequência seguiam para o processador de sinal (MAP ou

Multichannel Acquisition Processor Data System, Plexon Inc.). No MAP ocorria a digitalização

em 40 kHz do sinal e então seguia-se para o computador (Fig. 8-5). A partir do MAP era

possível avaliar o sinal de outras formas através de saídas BNCs, assim como também

receber os sinais de entrada dos TTLs (Fig. 8-6). Em específico às saídas do sinal, nós

utilizávamos uma saída para o osciloscópio (TBS1000, Textronix) e outra para o monitor de

áudio (modelo 3300, A-M Systems) (Fig. 8-7). Para acompanhar o registro, utilizou-se a

interface do software SortClient (Plexon, Inc). Nela foi possível acompanhar a atividade

oscilatória através dos PLCs, os disparos neuronais através das unidades de disparo, e as

marcações dos TTLs emetidos pelo aparato comportamental ao MAP (vídeo do registro:

https://youtu.be/1bIKq-LgiIQ). Auxiliando a descriminação das unidades de disparo, foi

utilizada a interface Refs (Plexon, Inc) que permitia controlar o referenciamento do sinal do

arranjo de multieletrodos do CPF e da ABL. Por fim, o sinal referente as oscilações que

entravam no hub eram destinadas ao conversor analógico-digital (PowerLab 4/30;

ADInstruments, Inc.; Austrália) e a um computador com o software LabChart 7.2, que

possibilitava uma nova fonte de registro e a sincronia com a gravação em vídeo do

comportamento do animal durante a tarefa.

Page 42: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

42

Figura 8 – Esquema representativo do sistema de registro. (1) Headstage de alta impedância

conectado aos multieletrodos. (2) Comutador de 16 canais. (3) Pré-amplificador do sinal dos PCLs e

dos disparos. (4) Digitalização dos PCLs a partir de uma placa especializada no computador. (5)

Digitalização dos disparos no processador de sinal MAP. (6) Envio dos sinais de TTL para o sistema

MAP. (7) Saídas de sinal para o osciloscópio e monitor de áudio.

3.8. Pré-processamento

3.8.1. Épocas de interesse

Com o objetivo de se investigar as respostas eletrofisiológica específicas aos ECs, que

por sua vez precediam aos choques ES, IS ou a nenhum choque, nós definimos como épocas

de interesse os segundos anteriores ao EC (pré-EC) e os segundos posteriores ao EC (pós-

EC). Em específico, para a análise do disparo neuronal utilizou-se 10 s tanto do período pré-

EC quanto do período pós-EC, sendo o sinal subdividido em bins de 0,1 s. Para a análise do

espectro de potência dos PCLs reduzimos a época para 1 s ao entorno dos ECs, e para as

análises de conectividade utilizamos 4 s pré e pós-EC. No caso do espectro de potência, o

objetivo desse recorte foi relacionar de maneira mais direta os efeitos do EC, já no caso das

análises de conectividade, o objetivo foi utilizar uma janela temporal com uma quantidade

de ciclos oscilatórios suficiente para as análises de coerência (Fig. 9). Para estas análises de

conectividade, elaborou-se uma rotina semi-automatizada com o intuito de eliminar as

Controle Disparos e eventos

Comutador

Emissor de TTLs

Headstage(HST/8o50)

PLCs

Pré-amplificador(PBX)

Disparos

Computador:- Conversors A/D-Interface-Armazenamento

Conversor A/D e processador de sinal (MAP) Osciloscópio

Monitor de áudio1

2

3

Sinal (> 0,7 Hz e <300 Hz)

Sinal (> 150 Hz e < 8 KHz)

4

5

6

7

Page 43: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

43

sessões com movimento, que por sua vez poderiam alterar a interpretação dos resultados

de coerência (seção 3.8.4.).

Figura 9 – Épocas de interesse para a análise do registro eletrofisiológico. O estímulo condicionado

(EC), especificamente o estímulo luminoso no 1d e o estimulo sonoro no 2d, é definido como o ponto

0. Os períodos pré-EC e pós-EC correspondem aos períodos anteriores e posteriores ao EC. Nas

análises dos disparos neuronais o período analisado foi de 10 s pré e pós-EC, nas análises dos PCLs o

período foi de 1 s pré e pós-EC, e nas análises de coerência o período foi de 4 s pré e pós-EC. As faixas

vermelha, azul e verde correspondem aos períodos de análise, respectivamente, dos disparos

neuronais, PCLs e coerência.

3.8.2. Pré-processamento das unidades de disparo

Inicialmente foram feitas as delimitações das unidades após o registro. Com o uso

software Offline Sorte v6 (Plexon, Inc) analisou-se individualmente os canais registrados,

separando cada unidade manualmente (Fig. 10). Através deste software é possível visualizar

as unidades de disparo manipulando os eixos X, Y e Z contendo os componentes principais

(PC) ou outras características das ondas dos disparos. De modo geral, a análise de

componente principal (PCA) é a forma mais usada para a delimitação de unidades e

separação de ruído. No PCA cada formato de onda é convertido a um ponto no gráfico de

dispersão. Cada ponto deste é calculado como um score correspondente a transformação

do dado pelo PC, de forma que os pontos que se apresentarem aglomerados em

coordenadas próximas entre si representam formatos de ondas semelhantes. Usualmente,

aglomerados elípticos representam a atividade de uma unidade neural específica, enquanto

aglomerados com formatos inconsistentes correspondem a ruído e são progressivamente

ES

- 10 + 10 0

Período pré-EC Período pós-EC

Tempo (s)

ES

- 10 + 10 0

Período pré-EC Período pós-EC

Tempo (s)

ES

- 10 + 10 0

Período pré-EC Período pós-EC

Tempo (s)

Choque

Choque

Choque

Disparoneuronal

Espectro de potência

Análise deconectividade

Page 44: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

44

eliminados no pré-processamento. Para a descriminação das unidades de disparo em

relação ao ruído, os eixos com as características da onda (i.e. PC1, PC2, PC3, latência,

amplitude) foram manipulados de forma a se obter o aglomerado mais representativo de

uma ou mais unidades de disparo. Além desses parâmetros, o histograma do intervalo entre

os disparos de cada unidade foi utilizado para garantir que aquele aglomerado representa-

se de fato uma atividade fisiológica.

Figura 10 – Exemplos de possíveis unidade de disparo descriminadas no software Offline Sorter. Em

destaque três unidades descriminadas através dos paramêtros PC1 (eixo x), PC2 (eixo y) e PC3 (eixo

z).

3.8.3. Pré-processamento dos potenciais locais de campo

O pré-processamento dos PCLs foi realizado na plataforma MATLAB 2015b (Matrix

Laboratory, MathWorks Inc), na qual foram utilizadas rotinas prontas dos pacotes Chronux

e EEGLAB. Inicialmente os sinais foram organizados de modo a separar as épocas de

interesse nos intervalos pré-EC e pós-EC. Cada sinal foi filtrado em 0,5 Hz, a partir de uma

rotina própria, e para a eliminação de sessões com movimento ou ruído utilizamos como

critério a presença de sinal de 1 mV maior ou menor que o sinal médio de cada sessão por

canal.

Page 45: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

45

3.8.4. Classificação dos períodos sem movimento

Nas análises dos PCLs registrados em roedores, o aumento da potência na banda de

8–12 Hz é conhecidamente associado a movimentação dos animais (GERVASONI et al., 2004;

KRAMIS et al., 1975). Com o intuito de eliminar possíveis influências da movimentação na

interpretação dos dados relacionados a controlabilidade do estresse, elaborou-se uma

rotina semi-automatizada na plataforma MATLAB 2015b capaz de distinguir sessões com

movimento ou sessões sem movimento. Nesta rotina o sinal dos PCLs do CPF foi

primeiramente filtrado nas bandas de intervalo delta (0,8 – 4 Hz) e teta (4 – 10 Hz), assim

como o sinal do miograma foi filtrado no intervalo de 150 – 400 Hz. Em seguida, obteve-se

o envelope desses sinais a partir da transformada de Hilbert. Estas bandas de frequência no

sinal foram escolhidas com base em trabalhos que utilizam esse parâmetros para distinguir

estados de vigília em roedores (COSTA-MISERACHS et al., 2003; ROBERT; GUILPIN; LIMOGE,

1999; VAN LUIJTELAAR; COENEN, 1984). Obtendo-se esse parâmetros, construiu-se gráficos

de dispersão utilizando os valores da razão teta (4 – 10 Hz)/delta (0,8 – 4 Hz) e do miograma

em janelas de 1s segundo durante a época de interesse. A partir desses dados, foi possível a

separação de grupos de valores, utilizando para isso método de análise de clusters K-means.

Neste algoritmo a cada iteração, centróides inicialmente aleatórios são recalculados com

base na distância euclidiana quadrática média entre os pontos e seu respectivo centróide.

Este processo é repetido minimizando a distância dos pontos aos seus centróides até a

convergência. Na distinção destes aglomerados classificou-se os valores de cada sessão em

três estados comportamentais: 1) sem movimento, caracterizado por baixos valores de

razão teta/delta e baixos valores no miograma; 2) pouco movimento, com valores

intermediários da razão teta/delta e no miograma, e 3) muito movimento, apresentando

valores altos em ambos os parâmetros (Fig. 11). Durante o processo de classificação dos

estados comportamentais realizava-se a confirmação visual dos aglomerados de cada

animal. Após a classificação dos períodos por esta rotina verificou-se o seu índice de acerto

a partir da confirmação visual de 25% do total de indivíduos nos grupos Sham, ES e IS. O

índice de acerto da rotina para a classificação de movimento foi de 81% no grupo Sham,

92% no grupo ES e 87% no grupo IS.

Page 46: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

46

Figura 11 – Exemplo da classificação dos períodos sem movimento. Gráfico representativo de um

animal mostrando a dispersão da razão teta/delta pelo envelope absoluto do miograma, cada ponto

corresponde a um período analisado. Após a separação dos clusters pelo método k-means, os

períodos foram classificados em “sem movimento”, “pouco movimento” e “muito movimento”.

3.9. Análise de dados

3.9.1 Análise das unidades de disparo

As análises da atividade unitária forma feitas no MATLAB a partir de rotinas

customizadas. O período de interesse analisado foi durante os 10 s anteriores ao EC (pré-EC)

e os 10 s posteriores ao EC (pós-EC), com bins de 0,1 s (ver seção 3.8.2.).

Atividade neuronal evocada pelo EC: a primeira análise feita referente as unidades

de disparo foi a avaliação de sua atividade após o EC. Incialmente foi calculado o número de

disparos a cada bin de cada unidade e foram calculados os valores de z-score em relação ao

período pré-EC, seguido pelo cálculo da média do z-score de todas as sessões.

Categorias neuronais: a partir das análises da atividade neuronal foi possível a

categorização das unidades em função da diminuição, não modulação ou do aumento da

atividade neuronal. Esta categorização foi obtida através do teste t pareado bicaudal com

correção de Bonferroni (p < 0,05/correção de Bonferroni) entre os períodos pré-EC e pós-EC.

Dessa forma, as unidades classificadas como as que diminuíam o z-score pré-EC > z-score

pós-EC, as unidades que não modulam o z-score pré-EC = z-score pós-EC, e as unidades que

aumentam o z-score pré-EC < z-score pós-EC.

20 40 60 80 100Miograma

0,5

1,5

2,5

3,5

4,5

Razã

o te

ta/d

elta

Sem movimento

Pouco movimento

Muito movimento

Page 47: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

47

Modulação evocada pelo EC: na avaliação da modulação evocada calculou-se os

valores do módulo do z-score obtido na análise da atividade neuronal. A partir desse

modulo comparou-se a média da modulação por grupo entre os períodos pré-EC e pós-EC.

3.9.2 Análise dos potenciais locais de campo

Os dados dos potenciais locais de campo, após o pré-processamento, foram

organizados e analisados na plataforma MATLAB 2015b de acordo com as respectivas

épocas de interesse (ver seção 3.8.1). Para a analise deste potencias delimitou-se as bandas

de frequência com intervalos classicamente descritos no EEG: delta (1 – 4 Hz); teta (4 - 8 Hz);

alfa (8 – 12 Hz); beta (12 – 30 Hz) e gama (30 – 50 Hz) (International Federation of Societies

for Electroencephalography and Clinical Neurophysiology, 1974). A partir dessa classificação

uma série de análises foram feitas com o intuito de se investigar a atividade oscilatória.

Densidade espectral de potência relativa: utilizou-se o método de Welch para a

apresentação da densidade espectral de potência (PSD, do inglês Power Spectral Density)

entre os períodos pré-EC e pós-EC. Neste método o sinal do domínio do tempo é analisado

em janelas que se sobrepõem e o periodograma é calculado para cada segmento a partir da

transformada rápida de Fourier (FFT, do inglês Fast Fourier Transform). Computa-se a

magnitude quadrada do resultado da FFT e então os periodogramas individuais são

promediados, reduzindo em cada período a variação e o ruído individual da potência média.

Esta análise foi feita no MATLAB a partir da rotina pwelch, já incorporada nos pacotes de

rotinas da própria plataforma, utilizando o janelamento de Hamming com 1000 pontos e

sobreposição de 50%. O número de pontos da FFT foi a primeira potência de 2 maior que o

tamanho de cada segmento (i.e. 1024 pontos).

Perturbação espectral de potência relacionada ao EC: para a detecção de mudanças

transientes no espectro de potência foi utilizada a rotina newtimef do pacote EEGLAB.

Sucintamente, foi realizada a convolução do sinal com série de onduletas de Morlet,

definidas como uma senoide complexa janelada por uma função gaussianana: 𝑒"#$%𝑒&()

)*+)

onde t é o tempo e f é a frequência que aumenta linearmente de 1 a 50 e determina número

de ciclos para cada frequência analisada indo de 3 a 12.

A partir desta análise foram calculados os espectrogramas (tempo x frequência x

potência) médio dos ciclos de cada sujeito para cada região. As potências dos períodos pré-

EC e pós-EC foram normalizadas em diferenças logarítmicas (dB) utilizando a linha de base

Page 48: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

48

de -1000 ms a 0 ms pré-EC, e partir desta normalização, calculou-se a média das potências

de cada banda por rato. Por fim, comparou-se as médias da perturbação das potências por

banda entre os grupos.

Coerência espectral e de fase: o calculo da coerência espectral foi feito através da

função própria do MATLAB, mscohere. Esta função usa o método de periodograma

modificado por Welch e faz uma estimativa da magnitude quadrada de coerência do

sistema. Com valores entre 0 e 1, a coerência espectral indica o quanto as oscilações de uma

região correspondem à oscilação de outra região, e comumente é utilizada como um

parâmetro para se avaliar a sincronia entre regiões (RUGGIERO et al., 2018). A magnitude da

coerência quadrada é dada por: 𝐶𝑥𝑦(𝑓) = |456 % |)

788 9 7::(9) ; onde Gxx e Gyy correspondem ao

PSD de x e y respectivamente, e Gxy corresponde ao cross-PSD de x e y. Os parâmetros

utilizados foram os mesmos para os cálculos da densidade espectral de potência.

Além disso, foram feitas as análises de coerência de fase de cada banda (delta, teta,

alfa, beta, gama). Para isso os sinais do CPF e BLA foram filtrados nas bandas de interesse

(e.g 1- 4 Hz para delta) e o sinal analítico de valor complexo foi obtido a partir da

transformada de Hilbert. Assim, a fase de cada sinal analítico foi extraída e a diferença de

fase entre as duas estruturas foi obtida. Foi calculado então a magnitude da média da

diferença dos vetores de fase, correspondendo a média da coerência de fase (MPC, do inglês

Mean Phase Coherence). A distribuição circular das diferenças de fase foram plotadas no

plano polar e testadas se diferenciavam de uma distribuição uniforme, utilizando o pacote

de estatística circular do MATLAB e utilizando distribuições simuladas por meio de

randomização de trechos do registro ao longo das sessões. Todas as análises foram

realizadas durante os períodos de 4 s pré-EC e pós-EC.

3.9.3 Análise estatística

Todos os dados comportamentais e eletrofisiológicos foram organizados e

analisados no software GraphPad Prism 7 e no MATLAB 2015b. No primeiro momento a

distribuição normal dos dados foi verificada através do teste de Shapiro-Wilk.

Nas análises comportamentais, após a distribuição normal constatada, utilizava-se

os testes estatísticos de análise de variância (ANOVA) de uma via ou análise de variância de

duas vias com medidas repetidas (ANOVA RM), seguido por comparações post-hoc de

Tukey. Para a definição dos conjuntos comportamentais nomeados como “desamparados”

Page 49: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

49

e “não desamparados” foi utilizada a análise de clusters pelo o método K-means, aplicado

através do pacote de rotinas do MATLAB 2015b.

Quanto a análises estatística das unidades de disparo, utilizou-se o teste de Qui-

quadrado bicaudal para a comparação do número de unidades por categoria. Para as

análises de modulação e atividade neural foram utilizados ANOVA de duas vias com

medidas repetidas, seguido por comparações post-hoc de Tukey.

Já nas análises estatísticas dos PCLs, o teste T de Student pareado bicaudal foi

utilizado para as comparações dos valores da potência relativa entre os períodos pré e pós-

EC em todos os grupos. A perturbação média da potência entre os grupos foi investigada

através do teste T de Student bicaudal com correção de Welch. Por fim, as análises

estatísticas referentes a MPC foram feitas através do o teste T de Student pareado bicaudal.

Em todas as análises estatísticas o valor de p < 0,05 foi utilizado como critério para

significância estatística. Os resultados serão apresentados na forma de: [X2 (para teste do

Qui-quadrado) com os respectivos graus de liberdade, t (para teste t) ou F (para análises de

variância), nome do teste utilizado, valor p, teste post-hoc se houver].

3.10. Histologia

Após a finalização dos registros eletrofisiológicos os animais foram sacrificados por

asfixia em CO2 e seus cérebros marcados por lesão eletrolítica. Os animais eram decapitados

e seus encéfalos retirados e armazenados em solução de paraformaldeído (PFA) 4% gelado.

Depois de 24 horas na geladeira os encéfalos eram colocados em uma solução sacarose 30%

por mais dois dias seguido do seu armazenamento no freezer -40ºC. Por fim, cortes no

criostato das regiões de interesse foram feitos para a confirmação da localização dos

eletrodos via coloração cresil-violeta.

Page 50: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

50

4.RESULTADOS

Page 51: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

51

4.1. Comportamento

4.1.1. Padronização comportamental

Após a realização do protocolo exposto na seção 3.5.1. (Fig.12–A), o primeiro passo

da análise comportamental foi observar no grupo ES o tempo de latência da fuga simples

no 1d. Essa análise é importante para se verificar o quanto os animais do grupo ES são

capazes de fugir do choque já no 1d. Nesse sentido, nota-se que todos os animais do grupo

ES foram capazes de fugir do choque, como é indicado pela média baixa da latência de fuga

no final do teste (1,56 ± 0,091) (Fig. 12- B).

Com os dados do 2d realizou-se a a discriminação comportamental dos grupos

Sham, ES e IS a partir dos valores de número de falhas e latência média no gráfico de

dispersão (Fig. 12-C). Utilizando o método de K-means para a análise de aglomerados, os

animais foram classificados em dois grupos, um com valores de números de falhas e latência

média altos, e outro com número de falhas e latência média baixos, nomeados

respectivamente de “desamparados" e “não desamparados”. Sujeitos do grupo Sham e ES

pertencentes ao grupo dos “desamparados” foram excluídos das análises, enquanto animais

do IS pertencentes ao grupo dos “não desamparados” também foram excluídos. Com essa

classificação, todos os animais do grupo IS foram classificados como “desamparados”,

enquanto nos grupos Sham e ES apenas 25% dos sujeitos ficaram “desamparados” e não

foram incluídos nas análises seguintes (Fig. 12-D). Após essas exclusões, observou-se que no

grupo IS a latência de fuga é maior em comparação aos outros grupos [F(10, 85) = 3,247;

ANOVA RM; p < 0,05], tanto nas sessões iniciais quanto nos ciclos finais do 2d [IS vs Sham, IS

vs ES; Teste Tukey; p < 0,05] (Fig. 12-E). Por sua vez, os valores de latência dos grupos Sham

e ES não são diferentes entre si ao longo do 2d [Sham vs ES, Teste Tukey; p > 0,05] (Fig. 12-

E). Em relação a latência média do 2d, os valores do IS são maiores em relação grupo Sham

e ES [F (2, 17) = 15,09; ANOVA; p < 0,001; IS vs Sham, IS vs ES; Teste Tukey; p < 0,05], assim

como o número de falhas [F(2, 17) = 35,45; ANOVA; p < 0,001; IS vs Sham, IS vs ES; Teste

Tukey; p < 0,001], sendo os valores do grupo Sham e ES semelhantes em ambas as

comparações [Sham vs ES, Teste Tukey; p > 0,05] (Fig. 12-F e G).

Page 52: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

52

Figura 12 – Padronização comportamental. (A) No 1d do teste comportamental os animais foram

separados em três grupos experimentais (Sham, ES e IS n = 8) e treinados de acordo com o protocolo

do desamparo aprendido. No 2d realizou-se o teste da esquiva ativa, idêntico para os 3 grupos, com

10 s de estímulo condicionado e 10 s de estímulo aversivo, este último podendo ser interrompido

por fuga simples (primeiros 5 ciclos) ou fuga dupla (25 ciclos restantes), com intervalos de 40 s ± 20

s. (B) Latências de fuga de cada animal do grupo ES no 1d. (C) Número de falhas pela latência média

de cada animal no 2d. O “X” marca os centroides de cada um dos aglomerados (desamparados ou

não desamparados). (D) Número de animais incluídos a partir da classificação “desamparados” e

“não desamparados” para cada um dos grupos experimentais. (E) Latência média de cada grupo ao

longo do tempo no 2d. (F) Latência média de cada grupo no 2d. (G) Número de falhas média de cada

grupo no 2d. As linhas centrais representam as médias e as barras representam o erro padrão da

média. * = p < 0,05; ***=p < 0,001.

4.1.2. No teste da esquiva o grupo IS apresenta o aumento da latência média e do número

de falhas

Após a padronização comportamental, um novo protocolo foi proposto, visando a

melhoria do modelo com base nas diretrizes apontadas por Maier e col (2016) (seção 3.5.2).

Foi durante esse novo protocolo em que se ocorreu o registro eletrofisiológico simultâneo

G

Sham ES IS0

6

12

18

24

30

Sham ES IS0

2

4

6

8

10

Latê

ncia

méd

ia (s

)

F******

E

1 2 3 4 5 60

2

4

6

8

10

Bloco (5 ciclos)

Latê

ncia

(s)

IS (n = 8)ES (n = 6)Sham (n = 6)

**

Sham ES IS0

20

40

60

80

100

Anim

ais i

nclu

ídos

(%)

ShamES ISD

Não incluídos

0 2 4 6 8 100

6

12

18

24

30

Latência média (s)

Núm

ero

de fa

lhas

ShamESIS

X

X

C

Núm

ero

de fa

lhas

1 2 3 4 5 6 7 8 9 100

2

4

6

8

10

Bloco (10 ciclos)

Latê

ncia

de

fuga

(s)

B

A

ShamESIS

1° Dia 2° Dia

Teste Esquiva Ativa

1° Dia10 s 10 s 40 s ± 20 s

F1

2º Dia10 s 10 s 40 s ± 20 s

F1/F2

F1 F2

Desamparados

Não desamparados

Page 53: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

53

aos dados comportamentais, os quais são descritos a seguir (Fig. 13–A). Assim como na

padronização, houve uma série de alterações comportamentais restritas ao grupo IS. No 2d

a média de latência do grupo IS é maior em relação ao grupo Sham e ES, tanto ao longo dos

blocos [F (2, 40) = 8,752; ANOVA RM; p < 0,001; IS vs Sham, IS vs ES; Teste Tukey; p < 0,05]

(Fig. 12-B) quanto na latência média [F (2, 40) = 8,793; ANOVA; p < 0,001; IS vs Sham, IS vs ES;

Teste Tukey; p < 0,05] (Fig. 12-C). Os números de falhas do 2d também são

consideravelmente maiores no grupo IS [F (2, 40) = 7,264; ANOVA; p < 0,05; IS vs Sham, IS vs

ES; Teste Tukey; p < 0,05] (Fig. 12- D). Contudo, entre os grupos Sham e ES não há diferenças

no 2d na latência média [F (2, 40) = 8,793; ANOVA; p < 0,001; Sham vs ES; Teste Tukey; p >

0,05] e no número de falhas [F (2, 40) = 7,264; ANOVA; p < 0,05; Sham vs ES; Teste Tukey; p >

0,05].

Apesar desses resultados, uma análise mais minuciosa sugere diferenças intra-

grupos. No 1d, apesar de todos os sujeitos do grupo ES apresentarem a latência de fuga

baixa ao final do experimento (1,56 ± 0,26), inclusive semelhante aos valores encontrados

na padronização, há indivíduos com a média da latência de fuga bastante variável no 1d

(Fig. 12-E). No 2d as diferenças intra-grupos ficam ainda mais evidentes com a análise dos

valores de latência média e número de falhas. No 2d foi possível observar que alguns

indivíduos do grupo Sham e do grupo ES apresentaram latências médias e número de falhas

altas, com valores próximos ao de animais do grupo IS. Assim como alguns poucos animais

do grupo IS apresentaram latências médias e números de falhas baixos. Sendo assim, de

maneira semelhante as análises feitas na padronização comportamental, utilizou-se mais

uma vez o método K-means para a classificação dos conjuntos de animais “desamparados”

e “não desamparados” (Fig. 12-F). Os sujeitos classificados como “desamparados” e

pertencentes ao grupo Sham ou ES não foram incluídos nas análises seguintes, assim como

os sujeitos “não desamparados” do grupo IS também foram excluídos das análises. A

proporção de sujeitos não incluídos dos grupos Sham, ES e IS corresponderam a 38,4%, 40%

e 13,3%, respectivamente (Fig. 12-G). Após essas exclusões, as diferenças comportamentais

do grupo IS se acentuam. A latência média ao longo do 2d é maior no grupo IS [F (2, 27) =

57,91; ANOVA RM; p < 0,001; IS vs sham; IS vs ES; Teste Tukey; p < 0,001], assim como na

latência média [F (2, 27) = 44,67; ANOVA; p < 0,001; IS vs sham; IS vs ES; Teste Tukey; p <

0,001] e no número de falhas [F (2, 27) = 73,28; ANOVA; p < 0,001; IS vs sham; IS vs ES; Teste

Tukey; p < 0,001] (Fig. 12–I e J). Em todos os parâmetros comportamentais analisados, os

Page 54: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

54

valores do grupo ES não foram diferentes do grupo Sham, a citar, latência média ao longo

do tempo [F (2, 27) = 57,91; ANOVA RM; p < 0,001; ES vs Sham; Teste Tukey; p > 0,05], latência

média do 2d [F (2, 27) = 44,67; ANOVA; p < 0,001; ES vs Sham; Teste Tukey; p > 0,05] e o

número de falhas [F (2, 27) = 73,28; ANOVA; p < 0,001; ES vs Sham; Teste Tukey; p > 0,05].

Figura 13 – Dados comportamentais. (A) Protocolo comportamental no qual foram realizados os

registros eletrofisiológicos. No 1d o protocolo é similar a padronização, contudo, no 2d o ocorre a

mudança do estímulo condicionado e do contexto. (B) Latência média de cada grupo (Sham n = 13;

ES n = 15 e IS n = 15) ao longo do tempo no 2d. (C) Latência média do 2d. (D) Número de falhas

médio de cada grupo no 2d. (E) Latências de fuga de cada animal do grupo ES no 1d. (F) Número de

falhas pela latência dos animais. O “X” marca os centroides de cada um dos aglomerados

(desamparados ou não desamparados). (G) Número de animais incluídos a partir da classificação

J

Sham ES IS0

6

12

18

24

30

Núm

ero

de fa

lhas

***

Sham ES IS0

2

4

6

8

10

Latê

ncia

méd

ia (s

)

I***

H

1 2 3 4 5 60

2

4

6

8

10

Bloco (5 ciclos)

Latê

ncia

(s)

IS (n = 13)ES (n = 9)Sham (n = 8)

Não incluídos

Sham ES IS0

20

40

60

80

100An

imai

s inc

luíd

os (%

)

ShamES ISG

0 2 4 6 8 100

6

12

18

24

30

Latência média (s)

Núm

ero

de fa

lhas

ShamESIS

X

X

F

1 2 3 4 5 6 7 8 9 100

2

4

6

8

10

Bloco (10 ciclos)

Latê

ncia

de

fuga

(s)

ESham ES IS

0

6

12

18

24

30

Núm

ero

de fa

lhas

*D

Sham ES IS0

2

4

6

8

10

Latê

ncia

méd

ia (s

)

*C

1 2 3 4 5 60

2

4

6

8

10

Bloco (5 ciclos)

Latê

ncia

(s)

IS (n = 15)ES (n = 15)Sham (n = 13)

B

A

ShamESIS

1° Dia 2° Dia

Teste Esquiva Ativa

1° Dia10 s 10 s 40 s ± 20 s

F1

2º Dia10 s 10 s 40 s ± 20 s

F1/F2

F1 F2

Desamparados

Não desamparados

Page 55: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

55

“desamparados” e “não desamparados” para cada um dos grupos experimentais. (H-J) Análise

comportamental após a classificação (Sham n = 8; ES n = 9 e IS n = 13). (H) Latência média ao longo

do tempo. (I) Latência média no teste da esquiva. (J) Número de falhas no teste da esquiva. As linhas

centrais representam as médias e as barras representam o erro padrão da média. * = p < 0,05; ***=p

< 0,001.

4.2. Registro eletrofisiológico

4.2.1. Qualidade do registro e confirmação histológica

Após a padronização comportamental, bem como as padronizações na aquisição

dos dados eletrofisiológicos no CPF e ABL, foi possível eliminar os ruídos de movimento e

de 60 Hz. Antes da padronização se aproveitava em média apenas 37% do registro

eletrofisiológico (Fig. 14–A), mas com a padronização a média de aproveitamento subiu

para 93% (Fig. 14–B).

Figura 14 – Qualidade do registro eletrofisiológico após a padronização da aquisição do sinal. (A)

Registro dos PCLs do CPF sem pré-processamento antes da padronização. Em destaque, espículas

no registro quando o animal se movimentava. (B) Registro dos PCLs do CPF sem pré-processamento

após a padronização do equipamento de registro.

Com as melhorias na aquisição dos dados eletrofisiológicos foi possível então o

registro simultâneo do comportamento com as unidades de disparo e os PCLs do CPF e da

ABL (Fig. 15-A-C). Na figura 15–B há exemplos de unidades de disparo típicas do CPF e ABL

e na figura 15–C exemplos de PLCs típicos das mesmas, sem nenhum pré-processamento

37%

93%

10 min1 mV

A

B

10 min1 mV

Page 56: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

56

digital. Quanto a confirmação histológica, foram incluídos apenas os animais cujo os cortes

coronais mostraram a localização dos eletrodos na região pré-límbica do CPF, e na ABL (Fig.

15-D,E).

Figura 15 – Parâmetros eletrofisiológicos e verificação histológica. (A) Implante dos multieletrodos

visando atingir o CPF e ABL. (B) Exemplos de unidade de disparo típicas do CPF e da ABL. (C) PCLs

típicos do CPF e ABL semnenhumpré-processamentodigital. (D-E) Confirmação histológica da

localização dos eletrodos. (D) Esquemas de secções delimitando o córtex pré-frontal, região pré-

límbica, e a amígdala, região basolateral. Pontos azuis se referem a localização das marcações da

lesão eletrolítica. (E) Imagens histológicas representativas do CPF e da ABL com as marcações

eletrolíticas indicadas por setas.

4.3. Atividade unitária

Ao todo foram registrados 344 canais no CPF e 344 canais na ABL. No 1d foram

consideradas no CPF 123 unidades (Sham n = 26, ES n = 51 e IS n = 46) e no 2d 119 unidades

(Sham n = 18, ES n = 52 e IS n = 49). Já em relação a ABL, o número de unidades foi menor

em função das dificuldades de se acertar a região no implante e na discriminação de

unidades. No 1d foram consideras 74 unidades na ABL (Sham n = 9, ES n = 24 e IS n = 41) e

74 unidades no 2d (Sham n = 9, ES n = 19e IS n = 46). Para as comparações da atividade

unitária de cada grupo no CPF e na ABL foram utilizadas as médias dos valores de z-score

das unidades de disparo.

Page 57: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

57

4.3.1. No 1d ocorre o aumento da modulação neuronal do CPF no grupo ES e IS

No 1d a atividade neuronal do CPF é indicada pelo z-score médio (escala de cor) por

bin, 10 s pré e pós EC (eixo X) para cada unidade de disparo (eixo Y) nos três grupos (Fig. 16-

A). A proporção de unidades categorizadas com modulação negativa, não moduladas e

modulação positiva é distinta entre os grupos [X2 = 26,82; teste Qui-quadrado; p < 0,001].

Enquanto no grupo Sham não há unidade que modulam negativamente, no grupo IS a

modulação negativa é proporcionalmente maior [15 unidades; n = 15/46; 32,61%] do grupo

ES [10 unidades; n = 10/51; 19,61%]. Já em relação a proporção de unidades que modulam

positivamente, o Grupo ES apresenta mais unidades [21 unidades; n = 21/51; 41,18%] do

que o grupo IS [13 unidades; n=13/46; 28,26%] (Fig. 16-B). Comparando o |z-score| médio ao

longo dos 10 s pré-EC e pós-EC, verificamos o aumento da modulação no grupo ES nos

intervalos pós-EC de 0 - 0,4 s; 0,8 – 1,2 s; 1,6 – 2,4 s e 2,8 – 3,2 s [F (98, 6027) = 1,737; ANOVA

RM; p < 0,001; ES vs Sham; Teste Tukey; p < 0,05], assim como o aumento da modulação do

grupo IS nos intervalos 0 – 2,4 s; 2,8 – 3,2 s; 3,6 – 4,0 s; 6,0 – 6,8 s; 7,6s – 8,0 s e 9,2 – 9,6 s [F

(98, 6027) = 1,737; ANOVA RM; p < 0,001; IS vs Sham; Teste Tukey; p > 0,05]. Quando

comparamos os valores da modulação entre o grupo IS e ES, o grupo IS apresenta uma

modulação maior no intervalo de 0 – 0,8 s [F (98, 6027) = 1,737; ANOVA RM; p < 0,001; IS vs

ES; Teste Tukey; p < 0,05]. Além do |z-score| médio, investigou-se a atividade líquida

resultante dessa modulação, indica pelo z-score médio. Neste caso, apesar dos resultados

indicando modulações distintas no CPF entre os grupos, o z-score médio entre os grupos

não foi diferente [F (98, 5880) = 1,184; ANOVA RM; p > 0,05] (Fig. 16-D).

Page 58: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

58

Figura 16 – No 1d a modulação do CPF aumenta no grupo IS. (A) Z-score médio (cor) por bin (x) por

unidade (y) do CPF nos três grupos durante o 1d (Sham n = 26, ES n = 51 e IS n = 46). (B) Proporção

de unidades pós-EC com modulação negativa (azul), não moduladas (verde), modulação positiva

(vermelho) nos três grupos. (C) Z-score absoluto médio de todos os grupos 10 s pré e pós-EC. Linhas

vermelhas representam diferenças estatísticas IS vs Sham, linhas azuis diferenças ES vs Sham e linhas

pretas ES vs IS. (D) Z-score médio 10 s pré e pós-EC. * = p < 0,001.

4.3.2. No 1d a modulação e atividade neuronal da ABL não é distinta entre os grupos

Na figura 17-A a atividade neuronal da ABL pode ser observada através do Z-score

médio por bin ao longo do tempo (eixo X) em cada unidade de disparo (eixo Y), assim como

foi mostrado no CPF. As proporções de unidades que modulam negativamente,

positivamente ou não modulam, não são diferentes entre os grupos [X2 = 0,7028; teste Qui-

quadrado; p > 0,05], assim como os valores da modulação da atividade, indicados pelo |z-

score| médio, não são distintos entre os grupos [F (2, 71) = 0,071; ANOVA RM; p > 0,05]. De

maneira semelhante, a atividade líquida, observada pelo z-score médio, também não é

diferente entre os grupos [F (2, 71) = 0,859; ANOVA RM; p > 0,05]. Apesar da ausência de

resultados positivos quanto as diferenças entre os grupos, é possível observar o efeito do

Page 59: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

59

tempo ao longo do 1d na ABL, tanto do z-score absoluto médio [F (49, 3479) = 2,15; ANOVA

RM; p < 0,001] quanto do z-score médio [F (49, 3479) = 2,871; ANOVA RM; p < 0,001].

Figura 17– Modulação e atividade neuronal da ABL não é diferente entre os grupos no 1d. (A) Z-score

médio (cor) por bin (x) por unidade (y) da ABL no 1d (Sham n = 9, ES n = 24 e IS n = 41). (B) Proporção

de unidades pós-EC com modulação negativa (azul), não moduladas (verde), modulação positiva

(vermelho). (C) Z-score absoluto médio dos grupos 10 s pré e pós-EC. (D) Z-score médio dos grupos

10 s pré e pós-EC.

4.3.3. No teste da esquiva ativa a modulação e atividade neuronal do CPF é maior no grupo

ES

No teste comportamental da esquiva ativa no 2d a atividade neuronal do CPF é

indicada pelo Z-score de cada grupo na figura 18-A. Entre os grupos, não há alterações entre

as proporções de unidades que são moduladas negativamente, não modulam ou modulam

positivamente [X2 = 6,225; teste Qui-quadrado; p > 0,05] (Fig. 18-B). Contudo, apesar da

ausência de diferenças nas proporções de unidades que modulam, na figura 18-C o |z-score|

médio indica que o valor da modulação da atividade neuronal no grupo ES é maior em

relação ao grupo Sham, especificamente nos intervalos de 0 – 0,4 s e 4,0 – 4,4 s pós-EC [F

Page 60: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

60

(98, 5684) = 1,368; ANOVA RM; p < 0,05; ES vs Sham; Teste Tukey; p < 0,05] (Fig. 18-C). Assim

como em relação ao grupo IS, na qual o aumento da modulação ocorre nos intervalos de 3,2

– 4,4 s; 5,2 – 6,0 s; 6,8 – 7,2 s; 8,4 – 8,8 s F (98, 5684) = 1,368; ANOVA RM; p < 0,05; ES vs IS;

Teste Tukey; p < 0,05]. Comparações da modulação entre os grupos IS e Sham não

apresentaram diferenças [F (98, 5684) = 1,368; ANOVA RM; p < 0,05; IS vs Sham; Teste Tukey;

p > 0,05] (Fig. 18-C). Por sua vez, analisando a atividade líquida do CPF do grupo ES no 2d é

possível observar que esta modulação resulta no aumento da atividade neuronal. No grupo

ES o z-score é maior em relação ao grupo Sham nos intervalos de 0 – 0,4 s; 2,4 – 2,8 s; 3,6 –

4,0 s; 4,8 – 5,2 s; 5,6 – 6,0 s; 6,4 - 6,8 s; 7,6 – 8,8 s [F (98, 5684) = 1,899; ANOVA RM; p < 0,001;

ES vs Sham; Teste Tukey; p > 0,05]. Se comparado com o grupo IS, o aumento do z-score

médio é ainda maior, tanto em relação ao valor da média total do 2d [F (2, 116) = 3,533;

ANOVA RM; p < 0,05; ES vs IS; Teste Tukey; p < 0,05], quanto nos intervalos 0 – 1,2 s; 2,4 – 2,8

s; 3,6 – 4,4 s; 4,8 – 6,0 s; 6,4 – 6,8 s; 8,0 – 9,2 s e 9,6 – 10 s [F (98, 5684) = 1,899; ANOVA RM; p

< 0,001; ES vs IS; Teste Tukey; p < 0,05] (Fig. 18-D). Na análise dos valores da atividade líquida

entre os grupos Sham e IS não há diferenças em nenhum momento pós-EC [F (98, 5684) =

1,899; ANOVA RM; p < 0,001; Sham vs IS; Teste Tukey; p > 0,05].

Page 61: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

61

Figura 18 – No grupo ES a modulação e atividade neuronal do CPF aumentam durante o teste da

esquiva ativa. (A) Z-score médio (cor) por bin (x) por unidade (y) do CPF no 2d (Sham n = 18, ES n =

52 e IS n = 49). (B) Proporção de unidades pós-EC com modulação negativa (azul), não moduladas

(verde), modulação positiva (vermelho). (C) Z-score absoluto médio dos grupos. Linhas azuis

representam diferenças estatísticas ES vs Sham, linhas pretas diferenças ES vs IS. (D) Z-score médio

ao longo do tempo.

4.3.4. No teste da esquiva ativa a modulação e atividade neuronal da ABL não é distinta entre

os grupos

No teste da esquiva ativa as proporções de unidades moduladas na ABL após o EC

não são diferentes entre os grupos [X2 = 4,092; teste Qui-quadrado; p > 0,05] (Fig. 19-A e B).

Em relação a modulação da atividade neuronal também não há diferenças entres os grupos

[F (2, 72) = 0,6483; ANOVA RM; p > 0,05], assim como z-score médio entre os grupos não é

distinto [F (2, 72) = 1,769; ANOVA RM; p > 0,05]. Entretanto, assim como na atividade da ABL

do 1d, é possível observar o efeito de tempo em relação aos valores da modulação e da

atividade neuronal, respectivamente [F (49, 3528) = 1,552; ANOVA RM; p < 0,001] e [F (49,

3528) = 1,253; ANOVA RM; p < 0,05] (Fig. 19-C e D).

Page 62: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

62

Figura 19 – Modulação e atividade do ABL não é distinta entre os grupos no teste da esquiva ativa.

(A) Z-score médio (cor) por bin (x) por unidade (y) da ABL no 2d (Sham n = 9, ES n = 19 e IS n = 46).

(B) Proporção de unidades pós-EC com modulação negativa (azul), não moduladas (verde),

modulação positiva (vermelho). (C) Z-score absoluto médio dos grupos 10 s pré e pós-EC. (D) Z-score

médio dos grupos 10 s pré e pós-EC.

4.4. Atividade oscilatória

4.4.1. No 1d a perturbação média da potência de teta e alfa no CPF é maior no grupo ES

Nas análises da atividade oscilatória inicialmente foram observados no 1d os

espectrogramas (tempo x frequência x potência) médios do CPF, normalizados em relação

ao período pré-EC. Nos espectrogramas observa-se que enquanto o EC não gera

perturbações na atividade oscilatória do grupo Sham, no grupo ES e IS as perturbações são

evidentes. No grupo ES e IS há uma diminuição aparente na faixa em delta, alfa e beta,

contudo, no grupo ES ocorre um aumento considerável em teta no período pós-EC (Fig. 20–

A). Nos PSDs do período pré-EC e pós-EC, nota-se o pico em teta apenas nos grupos ES e IS.

Quando comparada a potência relativa de teta no período pré-EC com o período pós-EC

observa-se o aumento tanto no grupo ES (t=4,199; df=4; p < 0,05; Teste t pareado) quanto

no grupo IS (t=2,672; df=8; p < 0,05; Teste t pareado) (Fig. 20–B). Após essas primeiras

análises, com o intuito de se verificar as diferenças na atividade oscilatória entre o grupo ES

e IS, foram realizadas as comparações estatísticas entre as perturbações média da potência

(dB) de cada faixa de frequência entre os grupos ES e IS. Destas análises verifica-se que no

grupo ES a perturbação média de teta é maior do que no grupo IS (+0,733 ± 0,33 dB; t=2,223;

df=11,95; p < 0,05; Teste t), assim com a perturbação média de alfa (+0,611 ± 0,23 dB;

t=2,674; df=11,93; p < 0,05; Teste t) (Fig. 20–C). Em relação às outras bandas de frequências

analisadas (delta, beta e gama), não foram encontradas diferenças (ES vs IS; p > 0,05; Teste

t).

Page 63: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

63

Figura 20 – Perturbação média da potência de teta e alfa no CPF é maior no grupo ES no 1d. (A)

Espectrogramas do CPF dos três grupos no 1d (Sham n = 6, ES n = 5 e IS n = 9). (B) Densidade espectral

da potência relativa no CPF durante o período pré-EC e pós-EC do 1d. (C) Comparação da

perturbação média da potência no CPF entre ES e IS nas bandas de frequência delta, teta, alfa, beta,

gama. * = p < 0,05.

4.4.2. No 1d as perturbações médias das potências na ABL não são diferentes entre os grupos

ES e IS

Na figura 21-A os espectrogramas médios da ABL no 1d indicam, assim como no CPF

do 1d, que no período pós-EC do grupo Sham não há alterações na potência das bandas, já

nos grupos ES e IS ocorre a diminuição da potência em delta, alfa e beta, associada ao

aumento de teta. Este aumento por sua vez é robusto no grupo ES e menos aparente no IS.

Na ABL, a densidade espectral da potência relativa indicada na figura 21-B, mostra que o

pico em teta do período pós-EC é maior no grupo ES (t=4,909; df=4; p < 0,05; Teste t

Page 64: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

64

pareado) e no grupo IS (t=3,746; df=7; p < 0,05; Teste t pareado). Contudo, quando se analisa

as diferenças na atividade oscilatória entre o grupo ES e IS nas perturbações médias das

potências não foi observado nenhuma diferença nas bandas de frequência investigadas

(delta, teta, beta e gama; ES vs IS; p > 0,05; Teste t) (Fig. 21-C).

Figura 21 – Na ABL não há diferenças entre os grupos ES e IS na perturbação das potencias no

1d. (A) Espectrogramas da ABL dos três grupos no 1d (Sham n = 5, ES n = 5 e IS n = 8). (B) Densidade

espectral da potência relativa na ABL no período pré-EC e pós-EC do 1d. (C) Perturbação média da

potência na ABL dos grupos ES e IS nas bandas de frequência delta, teta, alfa, beta, gama. * = p <

0,05.

Page 65: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

65

4.4.3. No teste da esquiva a perturbação média da potência de alfa no CPF é maior no grupo

ES

No teste da esquiva ativa do 2d a análise da atividade oscilatória do CPF, observada

nos espectrogramas, mostra que após o EC a potência das bandas delta, beta e gama

diminuem nos três grupos. Em relação as faixas de frequência em teta e alfa, aparentemente

no grupo Sham e ES ocorre o aumento da potência, enquanto no grupo IS os valores da

potência dessas bandas se mantem constantes (Fig. 22–A). Quanto a densidade espectral da

potência relativa desses grupos, analisou-se especificamente a banda teta, já que no 1d o

aumento da potência relativa desta oscilação pós-EC no CPF ocorreu tanto no grupo ES

quanto no IS. No 2d, as análises da potência relativa de teta mostraram que apenas no grupo

ES houve o aumento da potência de teta (t=2,895; df=4; p < 0,05; Teste t pareado) (Fig. 22–

B). Contudo, na comparação entre os grupos ES e IS em relação a perturbação média da

potência teta não foram encontradas diferenças (ES vs IS; p > 0,05; Teste t), assim como os

valores nas bandas delta, beta e gama não são diferentes entre os grupos (ES vs IS; p > 0,05;

Teste t). A exceção corresponde a banda alfa, que no grupo ES apresenta o aumento na

perturbação média em relação ao grupo IS (+1,616 ±11,72 dB; t=4,367; df=11,72; p < 0,05;

Teste t) (Fig. 22–C).

Page 66: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

66

Figura 22 – Perturbação média da potência de alfa no CPF é maior no grupo ES no teste da esquiva

ativa. (A) Espectrogramas do CPF dos três grupos no teste da esquiva (Sham n = 6, ES n = 5 e IS n =

9). (B) Densidade espectral da potência relativa no CPF no teste da esquiva nos períodos pré-EC e

pós-EC. (C) Perturbação média da potência no CPF dos grupos ES e IS nas bandas de frequência delta,

teta, alfa, beta, gama. * = p < 0,05.

4.4.4. No teste da esquiva ativa não há diferenças entre os grupos ES e IS na perturbações

das potenciais da ABL

Nos espectrogramas da ABL, de maneira semelhante ao CPF durante o teste da

esquiva ativa, a potência das bandas delta, beta e gama diminuem nos três grupos,

enquanto a potência de teta e alfa aumentam no grupo Sham e ES (Fig. 23–A). Quanto a

densidade espectral, a potência relativa da banda teta aumenta após o EC apenas no grupo

ES (t=2,065; df=7; p < 0,05; Teste t pareado), também de maneira semelhante ao CPF no

teste da esquiva (Fig. 23 – B). No grupo ES, a perturbação média de alfa indica a tendência

Page 67: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

67

do aumento em relação ao grupo IS (+1,436 ±0,68 dB; t=2,094; df=9,76; p = 0,0634; Teste t).

Apesar dessa tendência em alfa, as comparações com as outras bandas de frequência

analisadas (delta, teta, beta e gama) também não apresentaram diferenças entre os grupos

ES e IS (ES vs IS; p > 0,05; Teste t) (Fig. 23–C).

Figura 23 – Não há diferenças entre os grupos ES e IS na perturbação das potencias na ABL no teste

da esquiva ativa. (A) Espectrogramas da ABL dos três grupos no teste da esquiva (Sham n = 5, ES n =

5 e IS n = 8). (B) Densidade espectral da potência relativa na ABL no período pré-EC e pós-EC no teste

da esquiva. (C) Perturbação média da potência na ABL dos grupos ES e IS. ˜ p = 0,0634.

4.4.5. Espectrogramas após a classificação dos períodos sem movimento

Para a análise de coerência dos PCLs em períodos sem movimento utilizou-se uma

rotina desenvolvida pelo grupo e descrita na seção 3.8.4. Após a separação dos períodos

Page 68: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

68

sem movimento verificou-se visualmente os espectrogramas dos grupos antes da

classificação e após a classificação (Fig. 24). No 1d os espectrogramas do CPF 4 s pré e pós-

EC mostraram que no grupo ES ocorreu o aumento da potencia no intervalo de 4-12 Hz no

grupo ES (Fig. 24-A). Após a eliminação das sessões com movimento o aumento da potência

no grupo ES ficou restrito às oscilações de teta (4-8 Hz) (Fig. 24-B). Em específico, no período

de 1 s pós-EC os espectrogramas em ambas análises não se diferenciaram os PCLs no 1d. Por

sua vez, no teste da esquiva ativa após a eliminação das sessões com movimento a potência

de alfa (8 – 12 Hz) diminuiu nos três grupos.

Page 69: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

69

Figura 24 – Exemplo de espectrogramas do CPF após a remoção dos períodos com movimento no

1d e no teste da esquiva. (A) Na primeira linha espectrogramas do CPF no 1d durante o período de 4

s pré e pós-EC sem a eliminação dos períodos com movimento, na segunda linha seus respectivos

espectrogramas sem movimento. (B) Espectrogramas do CPF no teste da esquiva, na primeira linha

os espectrogramas com movimento e na segunda linha os espectrogramas sem movimento. Os

períodos de 1s pós-EC foram marcados em destaque com transparências escuras.

Page 70: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

70

4.4.6. No 1d após o EC a coerência de fase em delta e teta aumentam no grupo IS

Com o intuito de se verificar a conectividade da atividade oscilatória entre o CPF e

ABL, foram realizadas as análises de coerência espectral e da coerência de fase entre as

regiões peri-evento ao EC. Nas análises de coerência teve-se o cuidado de se analisar apenas

os dados sem os períodos com movimento, como descrito na seção 3.8.4. e demonstrado

na seção 4.5.6.

Na figura 25-A fica exemplificado um período com os traçados dos PCLs filtrados em

teta típicos do CPF e da ABL, os quais foram utilizados para as análises de coerência espectral

e de fase. No grupo Sham, o coerograma spectral médio e o gráfico da coerência espectral

dos PCLs do CPF e da ABL não indicaram alterações. De maneira convergente, na coerência

de fase não há alterações nas bandas de frequência delta, teta, alfa, beta e gama (Teste T

pareado, p > 0,05). Especificamente, na figura 25-B há a indicação da distribuição circular da

coerência de fase em teta e da análise das médias da coerência de fase nas bandas delta

(t=1,4341; df=3; p > 0,05; Teste T pareado) e teta (t=-0,3771; df=3; p > 0,05; Teste T pareado).

No grupo ES ocorre o aumento da coerência de fase em teta após o EC. No coerograma

médio e na coerência espectral pode-se observar o aumento da coerência em teta no

período pós-EC. Esse aumento é representativo na distribuição circular da coerência de fase

em teta e na média da coerência de fase (MPC, do inglês Mean Phase Coherence) (t=3,6345;

df=4; p < 0,05; Teste T pareado). Nas bandas de frequência delta, alfa, beta e gama não foram

encontradas diferenças na coerência de fase (Teste T pareado, p > 0,05) (Fig. 25-C). Já em

relação ao grupo IS, o aumento da média da coerência espectral e de fase no período pós-

EC pode ser visto tanto em delta como em teta. O aumento da coerência de delta e teta

ficam evidentes no coerograma médio e no gráfico da coerência espectral. Analisando o

MPC em delta (t=3,8139; df=7; p < 0,05; Teste T pareado) e teta (t=3,8139; df=7; p < 0,05;

Teste T pareado) observa-se o aumento dessas potencias no grupo IS (Fig. 25-D). Apesar

dessas diferenças, quando se analisou os valores inter-grupos, ou seja, as diferenças entre

ES e IS, não foram encontradas distinção entre os grupos no MPC de delta e teta (ES vs IS; p

> 0,05; Teste T).

Page 71: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

71

Figura 25 – As coerências de fase em delta e teta aumentam no grupo IS após o EC no 1d. (A) PCLs

filtrados em teta típicos do CPF e da ABL no período de -2 s pré-EC e +2 s pós-EC no 1d, ambos do

grupo IS. (B) Coreograma médio seguido pela coerência espectral e pela coerência de fase do grupo

Sham (n = 4). Em destaque na terceira coluna, a distribuição circular de teta no período pré-EC e pós-

EC sobrepostas a distribuição simulada. No canto direito da terceira coluna o MPC de delta e teta no

período pré-EC e pós-EC. (C) Aumento do MPC em teta após o EC no grupo ES (n = 5). Da esquerda

para a direita: coreograma médio, gráfico da coerência espectral pré-EC e pós-EC; coerência de fase

de teta no gráfico circular, com destaque para a ausência de diferenças no MPC de delta e para o

aumento do MPC de teta. (D) O aumento do MPC em delta e teta no grupo IS (n = 8). Da esquerda

Page 72: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

72

para a direita: coreograma médio, gráfico da coerência espectral; coerência de fase de teta e por fim,

o aumento do MPC de delta e teta.

4.4.7. No teste da esquiva ativa a coerência de fase em teta do grupo IS é maior após o EC

Replicando as análises de coerência nos dados do 2d, foi possível investigar como

aqueles indicadores de sincronia se alteram no teste da esquiva ativa. Na figura 26-A no

período -2 s pré-EC e +2 s pós-EC, observa-se os traçados dos PCLs filtrados em teta típicos

do CPF e da ABL no teste da esquiva, ambos do grupo IS. Assim como no 1d, o grupo Sham

não apresentou diferenças em nenhuma banda de frequência nós períodos pré-EC e pós-EC

análisados pela coerência espectral e pela coerência de fase. Esse resultado pode ser visto

no seu coerograma médio, no gráfico da coerência espectral e em específico, na distribuição

circular de teta e nos valores do MPC de delta e teta (Teste T pareado, p > 0,05) (Fig. 26-B).

Apesar de não indicados na figura 26-B a coerência de fase das bandas alfa, beta e gama

também não apresentaram diferenças entre os períodos pré-EC e pós-EC (Teste T pareado,

p > 0,05). Assim como o grupo Sham, o grupo ES também não apresentou diferenças entre

os períodos, como indicado no coreograma médio, na coerência espectral e na coerência de

fase em todas as bandas de frequência analisadas. Na terceira coluna da figura 26–C a

distribuição circular da coerência de fase de teta e o MPC de delta e teta indicam esses

valores (Teste T pareado, p > 0,05). Quanto aos dados de coerência do grupo IS, no teste da

esquiva ativa, expostos na figura 26-D, observa-se o aumento da coerência de fase de teta

quando se analisa os valores de MPC entre o período pré-EC e pós-EC (t=2,7095; df=7; p <

0,05; Teste T pareado). Esse aumento é ainda indicado no coreograma médio, na coerência

espectral e na distribuição circular da coerência de fase em teta. Nas bandas de delta, alfa,

beta e gama não foram encontradas diferenças no MPC entre os períodos (Teste T pareado,

p > 0,05). Por fim, comparações entre os grupos ES e IS não apresentaram diferenças na

coerência de fase das bandas analisadas (ES vs IS; p > 0,05; Teste T pareado).

Page 73: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

73

Figura 26 – No grupo IS ocorre o aumento da coerência de fase em teta após o EC no teste da esquiva

ativa. (A) PCLs filtrados em teta típicos do CPF e da ABL no teste da esquiva entre os períodos de -2 s

pré-EC e +2 s pós-EC. O traço escuro representa o sinal registrado no CPF e o traço vermelho

corresponde ao sinal registrado na ABL, ambos do grupo IS. (B) Dados de coerência do grupo Sham

(n = 4) são indicados da esquerda para a direita pelo coreograma médio, coerência espectral e pela

coerência de fase. Em destaque são indicados os valores dos MPCs de delta e teta no teste da

esquiva. (C) Coreograma médio do grupo ES (n = 5), coerência espectral entre os períodos e a

coerência de fase de teta no gráfico circular, com destaque para a ausência de diferenças no MPC de

delta e teta após o EC. (D) O aumento do MPC em teta no grupo IS (n = 8). Da esquerda para a direita:

Page 74: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

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coreograma médio, gráfico da coerência espectral; a distribuição circular da coerência de fase de

teta, e por fim, o aumento do MPC de teta pós-EC.

Page 75: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

75

5. DISCUSSÃO

Page 76: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

76

A controlabilidade do estresse é associada a uma série de respostas

comportamentais mal-adaptativas (ABELAIRA; REUS; QUEVEDO, 2013; MAIER; SELIGMAN,

2016; PRYCE et al., 2011; VOLLMAYR; GASS, 2013; YIN; GUVEN; DIETIS, 2016). No modelo

tríadico do desamparo aprendido, utilizado para a investigação dos efeitos da

controlabilidade do estresse, sabe-se que o CPF e ABL são diretamente relacionadas as

alterações comportamentais geradas pelo estresse incontrolável (MAIER e SELIGMAN, 2016;

MAIER e WATKINS, 2005; PRYCE et al., 2011; VOLLMAYR e GASS, 2013). A partir do nosso

estudo foi possível observar as diferenças no processamento neural do CPF e da ABL com

seus respectivos correlatos comportamentais no desamparo aprendido (Tabela 1).

Tabela 1. Resumo dos principais resultados. Símbolos: “↑” aumento e “↓” redução em relação ao

controle. * indica diferenças entre os grupos ES e IS.

Através do teste da esquiva pode-se observar no grupo IS o aumento tanto da

latência média quanto do número de falhas, em contrapartida ao grupo ES e Sham que

apresentaram a latência média e o número de falhas menor, sem distinção entre si. Na

atividade unitária do 1d, tanto o grupo ES quanto o IS apresentaram o aumento da

modulação neuronal no CPF, contudo, no grupo IS a modulação neuronal foi ainda maior

do que a do grupo ES. Por sua vez, no teste da esquiva tanto a modulação quanto a atividade

neuronal do CPF aumentaram no grupo ES. Durante os dois dias de protocolo a atividade

unitária da ABL não foi diferente entre os grupos. Em relação a atividade oscilatória no CPF,

ES IS ES IS

Latência média --- --- --- ↑*Número de falhas --- --- --- ↑*

CPF Modulação da atividade neuronal ↑ ↑* ↑* ---CPF atividade neuronal --- --- ↑* ---ABL Modulação da atividade neuronal --- --- --- ---ABL atividade neuronal --- --- --- ---

CPF Perturbação média da potência de teta ↑* ↑ ↑ ---CPF Perturbação média da potência de alfa ↓ ↓* ↑* ↓ABL Perturbação média da potência de teta --- --- --- ---ABL Perturbação média da potência de alfa --- --- --- ---Coerência de fase em delta --- ↑ --- ---Coerência de fase em teta ↑ ↑ --- ↑

Atividade unitária

Atividade oscilatória

1º Dia Teste da esquiva

Comportamento

Page 77: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

77

durante o 1d a perturbação média da potência de teta aumentou grupo ES, enquanto no

grupo IS a potência de alfa diminuiu. Já no teste da esquiva a perturbação média da potência

de alfa no CPF aumentou no grupo ES. Na ABL não foram encontradas diferenças na

potência das bandas durante os dois dias de protocolo, contudo, a coerência de fase entre

o CPF e ABL foi alterada nos dois dias de protocolo. No 1d a coerência de fase em teta

aumentou tanto no grupo ES quanto no grupo IS, enquanto no grupo IS ocorreu também o

aumento da coerência de fase em delta. Por fim, no 2d apenas o grupo IS apresentou o

aumento da coerência de fase em teta. Tomados em conjunto, esses dados indicam o papel

fundamental do CPF e da ABL no processamento neural da controlabilidade do estresse.

5.1. Comportamento

5.1.2. Padronização comportamental

Os achados eletrofisiológicos da presente tese possibilitam uma série de implicações

para a compreensão do processamento neural do estresse incontrolável, todavia, estes

achados eletrofisiológicos só podem ser apreciados a luz dos cuidados tomados na

elaboração do modelo triádico do desamparo aprendido.

Na literatura científica há inúmeros protocolos comportamentais que se intitulam

como “desamparo aprendido”, entretanto, poucos trabalhos contemplam todas as

prerrogativas relacionadas ao escopo teórico proposto por Maier e Seligman (2016). Um dos

primeiros desafios nos estudos germinais de Mayer e Seligma foi tentar observar o

desamparo aprendido não só em cachorros, seus primeiros sujeitos experimentais, mas

também em roedores (HUNZIKER, 2003; MAIER et al., 1973). Maier et al. (1973) foram os

primeiros a observar o desamparo aprendido em ratos, neste trabalho quando os animais

eram submetidos ao teste da esquiva, avaliando-se apenas a fuga simples, não havia

diferenças entre os grupos. O autores ainda se propuseram a mudar a intensidade do

choque, o número de sessões e os intervalos entre os choques, sem contudo, observar

diferenças entre os grupos (MAIER et al., 1973). Foi apenas quando se utilizou a contingência

da fuga dupla no teste da esquiva que o comportamento entre os grupos foi distinto (MAIER

et al., 1973). Quando comparada a fuga simples, a contingência da fuga dupla possibilita a

descriminação de respostas mais complexas e cognitivas, e não apenas respostas motoras e

reflexas (JACKSON et al., 1978; MAIER et al., 1973; PRYCE et al., 2012). Por sua vez, esses

achados iniciais foram ainda corroborados por diversos trabalhos subsequentes (AMAT et

Page 78: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

78

al., 2005; BARATTA et al., 2018; BELUJON e GRACE, 2014; STRONG et al., 2011), o que nos

levou a padronizar o protocolo do 2d com a fuga dupla no teste da esquiva.

Os resultados da nossa padronização conseguiram replicar os dados da literatura, com

o grupo IS apresentando a latência média e o número de falhas maior no teste da esquiva

quando comparado aos grupos Sham e ES (seção 4.1.1) (AMAT et al., 2005; BARATTA et al.,

2007). Além disso, através da categorização comportamental foi possível observar que tanto

o grupo Sham e ES apresentaram proporções semelhante de animais “não desamparados”

(~75%). O rendimento desses dois grupos corresponde a um importante indicador de que

tanto o grupo Sham quanto o grupo ES são igualmente capazes de aprender a fuga dupla

no teste da esquiva (MAIER, 1984).

Para a classificação comportamental dos animais em “desamparados” ou “não

desamparados” optou-se por um método objetivo de análise de conjuntos, o K-means, o

qual já foi utilizado por outros autores que investigaram o desamparo aprendido

(CHOURBAJI et al., 2005; KIM et al., 2016; WANG et al., 2014), e até mesmo em outros modelos

experimentais de transtornos psiquiátricos (BÉRUBÉ et al., 2014; LIM et al., 2016). Assim

como em humanos, nos roedores pode-se observar uma diversidade de respostas

comportamentais após a exposição ao estresse, de modo que descriminar esses

comportamentos é fundamental para se compreender o correlato neuronal de cada um

desses fenótipos (COHEN et al., 2004; RITOV et al., 2015).

5.1.3. Protocolo comportamental definitivo

Após a padronização dos testes comportamentais outras questões emergiram do

estudo mais aprofundado sobre o desamparo aprendido. Descrito inicialmente na década

de 60 e sendo estudado exaustivamente desde então, o protocolo comportamental do

desamparo aprendido é repleto de detalhes que podem ressignificar ou limitar as suas

implicações. Maier et al., 2016 avaliando os 50 anos de estudos sobre o desamparo

aprendido aponta que um dos aspectos importantes no estudo do desamparo aprendido é

sua trans-situacionalidade. A trans-situacionalidade corresponde a situação na qual a

exposição prévia ao estressor incontrolável afeta o comportamento do animal quando

exposto a outro contexto distinto (MAIER e WATKINS, 2005). Já nos experimentos iniciais a

trans-situacionalidade fez parte da definição do desamparo aprendido, com animais sendo

expostos no 2d a um ambiente distinto do 1d (MAIER, 1984). Maier e Seligman (2016)

Page 79: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

79

ressaltam a ideia de que nas respostas ao estresse incontrolável, o fracasso na fuga durante

o teste da esquiva deve ser mediado por uma mudança no estado cognitivo/emocional do

animal, ao invés de uma resposta estritamente relacionada ao condicionamento Pavloviano

induzido pelo mesmo contexto.

Nesse sentido, há várias evidências de que os déficits produzidos pela trans-

situacionalidade do choque IS diferem de protocolos no mesmo contexto, e sejam resultado

de uma resposta independente a do medo condicionado. Primeiro, em protocolos que

utilizam contextos distintos no desamparo aprendido, os animais apresentam pouco ou

nenhum congelamento no teste da esquiva, indicando que inicialmente não há uma

resposta de medo ao novo contexto (GREENWOOD et al., 2003, 2005; MAIER, 1990).

Segundo, enquanto os protocolos que fazem o uso de contextos diferentes observaram

alterações comportamentais em até 3 dias após a exposição ao choque IS (OVERMIER e

SELIGMAN, 1967; WEISS, 1968), nos protocolos em que não se muda o contexto as alterações

permanecem por até 8 dias (MAIER e WATKINS, 2005; MALBERG e DUMAN, 2003). Terceiro,

os sistemas de neurotransmissão envolvidos nos protocolos de mesmo contexto são

distintos dos que acessam a trans-situacionalidade pela mudança de contexto. Embora a

administração de benzodiazepínicos seja capaz de impedir o medo condicionado, nos

protocolos com contextos diferentes a administração de benzodiazepínicos não afeta o

número de falhas no teste da esquiva (DRUGAN et al., 1984; MAIER, 1990). Além disso, nos

protocolos que utilizam contextos diferentes a sinalização serotoninérgica e noradrenérgica

são fundamentais para a geração e expressão do desamparo (MAIER e WATKINS, 2005).

Neste tipo de protocolo, a inibição serotoninérgica do NDR tanto no 1d quanto no 2d

bloqueia os efeitos do choque IS (MAIER et al., 1995), assim como no grupo IS os níveis de

noradrenalina diminuem no 1d do protocolo e podem perdurar por até 3 dias (WEISS et al.,

1981). Já no caso dos protocolos que utilizam o mesmo contexto, a inibição serotoninérgica

do NDR, independente do dia de tratamento, não inibe as alterações comportamentais no

grupo IS (MAIER e WATKINS, 2005). Por fim, a trans-situacionalidade no desamparo

aprendido recruta circuitos neuronais distintos dos protocolos em que se utiliza o mesmo

contexto. Nos protocolos que se leva em conta a trans-situacionalidade o CPF é

fundamental para a controlabilidade do estresse. Nestes protocolos a inibição

farmacológica do CPF via muscimol (agonista de receptores GABAA) no grupo ES afeta a

capacidade de fuga na teste da esquiva (AMAT et al., 2005), assim como no grupo IS a

Page 80: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

80

ativação do CPF via picrotoxina (antagonista de receptores GABAA) impede o desamparo

nos animais (AMAT et al., 2008). Entretanto, nos protocolos que utilizam o mesmo contexto,

a estimulação elétrica do CPF não é capaz de reverter os déficits no grupo IS, diferentemente

do resultado de outros testes que também investigaram os efeitos dessa estimulação, como

o nado forçado e o consumo de sacarose (HAMANI et al., 2010). Já em relação a ABL, lesões

eletrolíticas neste estrutura não afetam a indução do desamparo aprendido em protocolos

com contextos distintos (MAIER et al., 1993), enquanto nos protocolos de mesmo contexto

lesões excitotóxicas na ABL recuperam a capacidade de fuga no teste da esquiva

(GREENWOOD et al., 2010).

Levando em consideração a discussão acima, houve-se um novo esforço em se alterar

o protocolo do desamparo aprendido, modificando-se desta vez o contexto entre o 1d e 2d.

As modificações no contexto foram inspiradas a partir de trabalhos que investigaram tanto

a influência do contexto na formação de memórias, quanto em trabalhos de desamparo

aprendido (ANDERSON e JEFFERY, 2003; JOCA et al.,2003; POLLACK et al., 2018; STANQUINI

et al., 2017). Com as modificações, os resultados do protocolo definitivo também foram

compatíveis com a literatura (AMAT et al., 2010; PAULA et al., 2011). No teste da esquiva a

latência média da fuga e o número de falhas no grupo IS foi maior em relação aos grupos

Sham e ES. Após a classificação comportamental essas diferenças se tornaram ainda mais

robustas (seção 4.1.2.). Contudo, neste protocolo definitivo o rendimento dos grupos foi

menor do que quando comparado a padronização, cerca de 60% do grupo Sham e ES não

ficaram desamparados e foram incluídos nas análises, enquanto que no grupo IS o

rendimento foi de 80% de animais desamparados. Apesar do rendimento menor quando

comparado ao protocolo da padronização, essa queda era esperada em função das

mudanças de contexto, com um rendimento próximo ao indicado na literatura (DRUGAN,

2001). Além disso, o rendimento semelhante entre os grupos Sham e ES indicou que em

ambos os grupos a tarefa foi igualmente inédita, diferentemente do grupo IS, no qual é

possível observar os déficits comportamentais. Tomados em conjunto, esses dados

correspondem a indícios de que a trans-situcionalidade foi verificada nesse último

protocolo (MAIER e SELIGMAN, 2016).

Apesar do nosso protocolo ir de encontro às premissas do desamparo aprendido

proposta por Maier et al. (2016) é importante discutir as suas limitações e possíveis passos

seguintes. Os artigos originais sobre o desamparo aprendido tinham como objetivo avaliar

Page 81: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

81

a controlabilidade do estresse sobre o comportamento, de modo que a proposta do seu uso

como um modelo experimental de depressão surgiu quase duas décadas depois (WEISS et

al., 1981). Desde então o desamparo aprendido vem sendo investigado como um modelo

de depressão, com validações de predição, de face e até mesmo de construção (seção 2.4.).

Contudo, o nosso protocolo do desamparo aprendido possui particularidades que outros

protocolos típicos do modelo tríadico do desamparo aprendido não possuem, o que não

nos permite a rigor afirmar que o nosso protocolo possua todas essas validações do modelo.

Para fazer essa afirmação o nosso protocolo deve ainda satisfazer outros critérios de

validade (PRYCE et al., 2011). Nesse sentido, já estão em andamento experimentos no nosso

laboratório investigando os efeitos do antidepressivo escitalopram (inibidor seletivo da

receptação de serotonina) neste protocolo do desamparo aprendido, com o objetivo de

validar a predição de antidepressivos. Por sua vez, os dados preliminares desse experimento

já indicam que o nosso protocolo seja sensível ao efeitos do antidepressivo escitalopram.

5.2. Dados eletrofisiológicos

5.2.1. Qualidade do registro eletrofisiológico

Além da padronização comportamental, outro importante passo no presente

trabalho foram as padronizações do registro eletrofisiológico, principalmente com a

eliminação do ruído de movimento (seção 3.6. e seção 4.2.1.). O ruído de movimento

corresponde a uma perturbação no sinal eletrofisiológico que decorre da movimentação do

animal sem qualquer relação com o sinal biológico (MASIMORE et al., 2004). Tipicamente o

ruído de movimento inviabiliza a análise do sinal eletrofisiológico, diminuindo em grande

parte o número de épocas para análise. Na presença do ruído de movimento, a cada 100

sessões do 1d, em média apenas 37 sessões podiam ser utilizadas. Isso não só limitava as

análises eletrofisiológicos sobre a dinâmica oscilatória ao longo do experimento, como

também enviesava as análises com a média das sessões. As adaptações no registro

eletrofisiológico corresponderam a resolução de um problema enfrentado até por grupos

com publicações de alto impacto, os quais não fazem o registro eletrofisiológico próximo a

exposição de choques (COURTIN et al., 2014; HULTMAN et al., 2016; KARALIS et al., 2016;

KUMAR et al., 2014). Estas adaptações possibilitaram um grande salto experimental para a

analise dos resultados, os quais a partir de então puderam ser explorados de diversas

formas.

Page 82: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

82

5.2.2. Atividade unitária

No 1d observamos que a modulação da atividade unitária no CPF foi maior no grupo

IS, apesar do grupo ES também apresentar o aumento da modulação neuronal em relação

ao grupo Sham. Alguns experimentos in vitro já se prontificaram a investigar a

excitabilidade do CPF após a exposição ao estresse IS, contudo não há consenso entre os

resultados obtidos. Varela e col (2012) observaram que logo após a exposição ao choque ES

a excitabilidade dos neurônios piramidais do CPF é maior em comparação ao grupo IS. Nesse

sentido, é interessante notar que nos nossos resultados, apesar da modulação da atividade

ser maior no grupo IS, a proporção de unidades que modulam positivamente é maior no

grupo ES, o que vai de encontro aos dados de Varela et al., (2012). No nosso grupo IS ocorre

o aumento da proporção tanto de unidades que modulam positivamente como o de

unidades que modulam negativamente, o que por fim não altera a atividade final dos

disparos no CPF. Por outro lado, Wang e col (2014) utilizaram a linhagem de camundongos

transgênicos FosGFP para investigar in vitro especificamente os neurônios piramidais

responsivos ao choque IS e obtiveram resultados opostos. Neste trabalho, após dois dias de

exposição ao choque IS, os neurônios piramidais responsivos aumentaram a sua atividade

apenas nos animais desamparados (WANG et al., 2014). A aparente discrepância entre esses

achados com o nossos resultados pode ser elucidada a partir de diferenças experimentais e

particularidades das análises. Diferentemente do nosso estudo, tanto o trabalho de Varela

et al., (2012) quanto o de Wang et al., (2014) registraram apenas neurônios piramidais do

CPF in vitro após a tarefa, enquanto no nosso trabalho o registro ocorreu em livre-

movimento, sem a distinção de tipos neuronais e durante todo protocolo do desamparo

aprendido.

Trabalhos que abordaram farmacologicamente o papel do CPF na controlabilidade

do estresse sugerem que a sua ativação esteja relacionada ao controle do estresse,

enquanto a sua inibição seria relacionada a falta de controle (AMAT et al., 2005, 2008;

DOLZANI et al., 2018; ROZESKE et al., 2011). Entretanto, nos nossos resultados o aumento da

modulação da atividade neuronal tanto no grupo ES quanto no grupo IS sugerem que a

controlabilidade do estresse não esteja relacionada a inibição ou ativação do CPF, mas sim

que no CPF ocorra a codificação os graus de controlabilidade. De maneira complementar

aos nossos achados, Marques (2016) mostraram a partir da análise da PC dos disparos

Page 83: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

83

neurais, que tanto nos grupos ES e IS, há padrões específicos de dinâmicas neuronais no CPF

durante o desamparo. Por sua vez, a codificação dos graus de controlabilidade no CPF pode

corresponder a interação de determinadas estruturas que se comunicam com o CPF.

Warden et al., (2012) demonstraram que no nado forçado a reversão da imobilidade ocorre

a partir da estimulação específica da via CPF-NDR. Inicialmente eles se propuseram a analisar

a modulação da atividade neuronal do CPF simultaneamente ao nado forçado. Nesse

experimento a atividade unitária do CPF foi fortemente modulada durante a imobilidade no

nado forçado, apresentando tanto unidades que modulavam positivamente quanto

negativamente durante a tarefa. De modo que a estimulação óptica no CPF não alterou o

comportamento do animal. Porém quando se estimulou especificamente a via CPF-NDR

interrompeu-se a imobilidade no nado forçado (WARDEN et al., 2012). Nesse sentido,

enquanto a atividade neuronal do CPF e do NDR é relacionada a comportamentos do tipo-

resistentes ao estresse (GEDDES et al., 2016; MCLAUGHLIN et al., 2012), a atividade neuronal

de outras estruturas, como o CPF e a ABL, é associada a comportamentos do tipo-

depressivos (KUMAR et al., 2014; WEI et al., 2017).

No que diz respeito a atividade neuronal do CPF no teste da esquiva, tanto a

modulação quanto a atividade neuronal aumentaram no grupo ES, enquanto os valores do

grupo Sham e IS não foram distintos entre si. Tendo em vista que tanto o grupo ES quanto

o grupo Sham foram capazes de fugir no teste da esquiva, pode se entender que esta

resposta da atividade neuronal no grupo ES não seja estritamente relacionada ao

movimento ou a dificuldade da tarefa, mas sim a uma consequência da exposição aos

choques ES no 1d. Em tarefas de medo condicionado, o aumento da atividade neuronal no

CPF é associada ao decaimento do medo (BURGOS-ROBLES et al., 2007; BURGOS-ROBLES et

al., 2009). Por sua vez, comportamentos apetitivos também aumentam a atividade neuronal

no CPF (BURGOS-ROBLES et al., 2013). De modo que a atividade neuronal do CPF é

fundamental para a descriminação de estímulos que podem predizer a punição ou a

recompensa em um contexto. Burglos-Robles e col (2017) registraram a atividade neuronal

do CPF durante a realização de uma tarefa na qual os animais recebiam tanto pistas

preditivas de choque quanto pistas preditivas de recompensa. A atividade neuronal do CPF

aumentava durante a exposição às pistas preditivas de recompensa, em contrapartida, os

disparos no CPF diminuíam diante das pistas preditivas ao choque (BURGOS-ROBLES et al.,

2017). Lembrando que no teste da esquiva os animais do grupo ES são também expostos a

Page 84: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

84

choques, é interessante notar que a exposição prévia a controlabilidade do estresse é

responsável por uma atividade neuronal do CPF semelhante a situações de recompensa.

Quando se compara os nossos resultados a outros modelos de estresse, pode-se

ainda entender que o aumento da atividade neuronal do CPF corresponde a um marcador

eletrofisiológico da resistência ao estresse. Tanto na indução farmacológica de respostas

que mimetizam o estresse como na exposição a estressores crônicos, ocorre a diminuição

na taxa de disparos neuronais no CPF (KUMAR et al., 2014; STEVENSON et al., 2007). No

estresse crônico por derrota social essa diminuição é ainda capaz de predizer a

susceptibilidade ao estresse (KUMAR et al., 2014). Por sua vez, quando se estimula

especificamente a via CPF-ABL por DREADD (do inglês, Designer Receptors Exclusively

Activated by Designer Drugs), os comportamentos do tipo depressivos são revertidos e a

excitabilidade do CPF aumenta (WEI et al., 2017). Nesse contexto, os nossos achados se

destacam ao mostrar pela primeira vez que os animais expostos ao estresse controlável

apresentam no CPF um correlato neuronal associado a resistência ao estresse.

Quanto a nossa investigação sobre a atividade neuronal da ABL, não foram

encontradas diferenças entre os grupos nos dois dias de protocolo do desamparo

aprendido. Especificamente em relação a controlabilidade, Maier et al., (1993) demostraram

que lesões na ABL não afetam a controlabilidade do estresse per se, contudo, as análises da

expressão de proteínas relacionadas a plasticidade sináptica na ABL, sugerem o seu

envolvimento na controlabilidade do estresse. Apenas na ABL do grupo IS observa-se o

aumento dos níveis da expressão da proteína Arc, enquanto apenas na ABL do grupo ES

ocorre o aumento da expressão do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF, do inglês

Brain-Derived Neurotrofic Factor) (MACHIDA et al., 2017). De qualquer modo, o papel da ABL

no desamparo aprendido é claro quanto a trans-situcionalidade do medo, a potencialização

dos déficits comportamentais e a geração de comportamentos ansiogênicos no desamparo

(CHRISTIANSON et al., 2010; MAIER et al., 1993; MAIER e SELIGMAN, 2016; STRONG et al.,

2011). Em investigações eletrofisiológicas o aumento da modulação e da atividade neuronal

na ABL é associada a exposição crônica de estressores (CORRELL et al., 2005; PADIVAL et al.,

2013). Esse achados na literatura nos levaram a criar a hipótese de que a atividade neuronal

da ABL seria maior durante o estresse incontrolável, no entanto, é provável que o aumento

da atividade neuronal da ABL possa ocorrer de maneira mais específica. Em camundongos

submetidos ao estresse crônico por derrota social Kumar e col (2014) observaram o aumento

Page 85: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

85

da taxa de disparo na ABL apenas nas unidades acopladas as oscilações locais em delta e

teta (2 – 7 Hz). De maneira semelhante, Likhtik e col (2014) observaram especificamente o

aumento dos disparos neuronais da ABL acoplados a teta na descriminação de estímulos

relacionados ao medo. Por sua vez, Burgos-Robles e col (2017) observaram que diante de

pistas preditivas de punição ocorre o aumento da proporção de unidades da ABL que

disparam mais, e não necessariamente o aumento da atividade neuronal líquida. Além

dessas especificidades apontadas, na literatura há ainda resultados contraditórios em

relação a atividade neuronal da ABL em função do tempo e da repetição da exposição a

estressores. Em investigações in vitro, fatias da ABL expostas a corticosterona ficam mais

excitáveis, porém, um segundo tratamento de corticosterona diminui a excitabilidade da

ABL, assim como a ABL de animais previamente estressados também diminui a

excitabilidade quando expostos a corticosterona (KARST et al., 2010). Por outro lado, Shors

(1999) registrando a ABL de ratos em livre movimento observou que a exposição aguda ao

choque na cauda suprime a atividade unitária da ABL, a qual pode persistir por até 48 h.

Shors (1999) argumenta que a resposta da ABL seja sensível a estímulos aversivos, mas

sobretudo a estímulos aversivos que não sejam familiares (ONO et al., 1995), de forma que

a supressão desses neurônios contribui para o aumento do estado de vigilância do animal.

Para Shors (1999) o aumento da vigilância do animal é o reflexo do aumento da relação sinal-

ruído de sua representação neural, o que pode ser conseguido tanto aumentando o sinal ou

reduzindo o ruído. Dessa forma, a exposição ao estressor aumentaria representação neural

reduzindo a atividade neuronal na ABL, ou seja, reduzindo o “ruído” na ABL. Entretanto, em

relação aos nossos resultados sobre a atividade neuronal da ABL não podemos

desconsiderar o número reduzido de unidade registradas na ABL. Enquanto nos registramos

na ABL a atividade unitária de 74 unidades nos três grupos, no CPF foram registradas 123

unidades. Mesmo que em outros trabalhos tenha se registrado na ABL uma quantidade de

unidades de disparo semelhante a nossa (KUMAR et al., 2014; STUJENSKE et al., 2014), este

número reduzido de unidades pode influenciar a interpretação dos resultados.

5.2.3. Atividade oscilatória

Nas análises das oscilações do CPF no 1d um dos principais marcadores

eletrofisiológico da controlabilidade do estresse foi o aumento da perturbação média da

potência de teta (4 - 8 Hz) no grupo ES. Nesse sentido, os nossos resultados replicaram os

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86

achados obtidos por Marques (2016), os quais também indicaram o aumento da potência

de teta (4 – 8) Hz após o EC no grupo ES. Em roedores as oscilações teta são associadas a

uma série de comportamentos, os quais podem nos ajudar a esclarecer o seu papel no

desamparo aprendido, dentre eles podemos citar: a antecipação de comportamentos, tanto

em protocolos de medo condicionado (BUZSÁKI et al., 1979; LESTING et al., 2011, 2013)

quanto em tarefas de recompensa (AMARANTE et al., 2017; DONNELLY et al., 2014). Estes

dados são particularmente elucidativos se entendermos o aumento da potência de teta

como um correlato da expectativa do controle sobre o estresse. Além disso as oscilações

teta correspondem a um importante marcador eletrofisiológico na formação de memórias

(LISMAN e IDART, 1995; MILLER, 1989; PAZ et al., 2009; POPA et al., 2010). Nesse sentido,

Marques (2016) mostrou que a perturbação da potência de teta (4 – 8 Hz) no CPF do 1d é

positivamente correlacionada com o comportamento resiliente no teste da esquiva, o que

seria um argumento de que o aumento de teta também estaria associado à aquisição da

resiliência. Nessa perspectiva, sabe-se que a controlabilidade do estresse pode aumentar a

expressão de proteínas relacionadas a plasticidade sináptica no CPF, como o BDNF

(MACHIDA et al., 2017). Além disso, em modelos de estudos de plasticidade sináptica

observou-se que as oscilações teta podem modular a sua indução. Hölscher e col (1997)

mostrou em fatias do HIPO que a indução da potenciação de longa duração (LTP, do inglês

Long-term potentiation) é modulada positivamente pela oscilação teta. Por sua vez, Shors

e col (1989) mostraram que a controlabilidade do estresse inibe os o prejuízo induzido por

estresse na LTP de CA1 do HIPO. Em conjunto esses achados apontam para um possível

papel de teta nas oscilações do CPF durante a formação de comportamentos resistentes ao

estresse.

É importante discutir também que as oscilações em teta podem ser relacionadas ao

movimento do animal, o que explicaria o aumento da perturbação da potência de teta no

grupo ES em comparação ao grupo IS. O primeiro achado comportamental relacionado a

oscilação teta mostrou que durante a movimentação ou exploração ativa ocorre o aumento

da atividade em teta, e desde então este achado tem sido corroborado inúmeras vezes

(BUZSÁKI, 2002; GERVASONI, 2004; KAHANA et al, 2001; KRAMIS et al., 1975; VANDERWOLF,

1969). Contudo, em nosso trabalho tivemos o cuidado de selecionar os períodos dos PCLs

em que não se observa-se os efeitos relacionadas à movimentação dos animais. Como

indicado na seção 3.8.4., nosso grupo desenvolveu uma rotina com o intuito de eliminar as

Page 87: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

87

sessões nas quais os animais se movimentavam. Após a eliminação dos períodos com

movimento, observou no 1d que no período de 1 s pré e pós-EC não ocorre o aumento da

potência da banda relacionada ao movimento (8 – 12 Hz) (MCFARLAND et al., 1975; ODDIE

e BLAND, 1998; SAINSBURY, 1998). De modo que os nossos resultados referentes ao 1d

podem ser interpretados sem a influencia do movimento. Assim como as análises de

coerência, as quais foram feitas apenas com as sessões sem movimento.

No 1d do nosso protocolo comportamental pode se observar um outro marcador da

controlabilidade do estresse no CPF, a diminuição da perturbação da banda alfa (8 – 12 Hz),

o que replicou os dados já coletados pelo nosso grupo (MARQUES, 2016). As oscilações na

banda alfa correspondem a um importante marcador da atividade cortical (FLINT e

CONNORS, 1996; KLIMESCH et al.,, 2007). De modo que durante o estado de vígilia a

oscilação alfa é associada a supressão sensorial e atenção seletiva (FOXE e SNYDER, 2011;

KLIMESCH et al., 2007; NICOLELIS e FANSELOW, 2002). Durante a realização de tarefas táteis,

Nicolelis e Fanselow (2002) mostraram que o processamento neuronal em alfa (7 – 12 Hz)

no CPF permite a optimização da detecção de estímulos novos. Nesse sentido, o decaimento

da potência de alfa no grupo IS indicaria a diminuição da atenção seletiva ao EC no grupo

IS. No teste da esquiva esse decaimento de alfa foi ainda maior no grupo IS. Todavia, em

relação a este dado em específico, não se pode eliminar a hipótese de que o aumento da

potência nessa banda (8 – 12 Hz) não esteja relacionado ao movimento, já que a partir das

análises das épocas sem movimento foi possível observar que no teste da esquiva ocorre

uma forte influência do movimento na banda alfa (8 – 12 Hz). Além disso, é importante

ressaltar, que as oscilações em alfa não correspondem a um fenômeno unitário,

comportando diferentes oscilações dentro de si, de modo que alguns autores incorporam

essa banda dentro da faixa de teta (4 – 12 Hz) (BUZSÁKI, 2002; KLIMESCH et al., 2007).

Contudo, no nosso estudo foi importante estudar essas delimitações clássicas do EEG, a

título de comparação com os nossos resultados prévios obtidos por Marques (2016), assim

como facilitar a discussão de possíveis correlatos clínicos.

Em relação a ABL nos dois dias de protocolo não foram encontradas diferenças quanto

a perturbação média das potências analisadas. Entretanto, quando se analisou a coerência

das oscilações do CPF e da ABL verificamos uma série de alterações. No 1d tanto no grupo

ES quanto no grupo IS ocorreu o aumento da coerência de fase em teta após o EC. Vários

trabalhos mostraram no medo condicionado a sincronização em teta entre o CPF e ABL

Page 88: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

88

diante de ECs, indicando o recrutamento dessas estruturas na antecipação do

comportamento (BUZSÁKI et al., 1979; COURTIN et al., 2014; KARALIS et al., 2016; LIKHTIK et

al., 2014). Karalis e col (2016) mostraram que durante a expressão de medo, indicada pelo

congelamento dos animais, ocorre a sincronia CPF-ABL, de modo que a coerência CPF-ABL

em 4 Hz não só é capaz de predizer respostas ao medo, como também a estimulação via

optogenética do CPF nessa frequência induz o congelamento nos animais. Por sua vez,

Likhtik e col (2014) observaram que o aumento da coerência CPF-ABL em teta é fundamental

na descriminação de contextos seguros ou aversivos. Por fim, Marques (2016) descreveu o

aumento da coerência em teta entre o HIPO-CPF, tanto no grupo ES quanto no IS, indicando

no desamparo aprendido o papel da sincronia em teta na antecipação dos ECs.

No grupo IS, em específico, foi possível observar no 1d o aumento da coerência de fase

em delta. Em outros protocolos de estresse as alterações em delta no CPF e na ABL são

comumente associadas a comportamentos do tipo depressivos (DZIRASA et al., 2013;

HULTMAN et al., 2016; KUMAR et al., 2013, 2014). No estresse crônico por derrota social as

oscilações em delta no CPF antecedem as oscilações na ABL, de modo que essa

direcionalidade das oscilações em delta é capazes de predizer a susceptibilidade ao estresse

(HULTMAN et al., 2016; KUMAR et al., 2014). O aumento da coerência em delta no grupo IS

pode ainda indicar uma forte modulação serotoninérgica. Em camundongos

geneticamente deficientes na produção de serotonina os seus comportamentos do tipo-

depressivos são associados ao aumento da coerência em delta entre CPF e ABL (DZIRASA et

al., 2013). Quando submetidos ao tratamento com fluoxetina (inibidor seletivo da

receptação de serotonina) a coerência CPF-ABL em delta diminuiu nos camundongos

geneticamente modificados, assim como o seu comportamento do tipo-depressivo

(DZIRASA et al., 2013).

Por fim, no grupo IS foi possível observar também o aumento da coerência em teta no

teste da esquiva ativa. O aumento dessa coerência pode indicar a trans-situacionalidade do

estresse IS. De acordo com Maier e Seligman (2016), a trans-situacionalidade do estresse IS

ocorre quando os animais respondem a um novo EC de maneira semelhante ao estresse IS

prévio, dessa forma, pode-se entender a coerência em teta como um importante marcador

de antecipação a ECs(COURTIN et al., 2014; KARALIS et al., 2016; LIKHTIK et al., 2014), sendo

que a repetição dessa alteração apenas no grupo IS pode representar um marcador

eletrofisiológico da trans-situacionalidade no teste da esquiva.

Page 89: Estudo da atividade eletrofisiológica córtico-amigdalar

89

5.3. Considerações translacionais e correlação com achados clínicos

O estudo da atividade oscilatória cerebral corresponde a uma ferramenta valiosa na

compreensão de marcadores eletrofisiológicos tanto na depressão como em modelos

animais (ALHAJ et al., 2011; SMART et al., 2015). Isto se deve a conservação dos ritmos

cerebrais na evolução dos mamíferos, de modo que a sua dinâmica temporal não só é

conservada entre as espécies, mas possui um papel essencial na função cerebral (BUZSÁKI;

LOGOTHETIS; SINGER, 2013; LOPES DA SILVA, 1991). Dessa forma, não inesperadamente os

nossos resultados apresentaram uma série de correlações clínicas.

Na clínica um dos principais marcadores eletrofisiológicos da depressão são as

alterações nas atividades das bandas teta e alfa, o que se correlaciona com os nossos

achados no CPF (tabela 1). Em humanos a maior atividade em teta no córtex frontal é

associada a resposta de antidepressivos (KNOTT et al., 1996; SPRONK et al., 2011). Assim

como o aumento da atividade em alfa no córtex frontal é associada a predisposição da

resposta ao tratamento (BRUDER et al., 2008). Além disso, na depressão a maior atividade

em teta no córtex frontal é observada após o tratamento com placebo, esta resposta, por

sua vez, pode representar um correlato neuronal da expetativa de controle sobre os

sintomas depressivos (LEUCHTER et al., 2002). Curiosamente, Leuchter e col (2002)

mostraram que a expectativa no tratamento é até mais eficiente que o tratamento com

antidepressivos para a remissão dos sintomas depressivos. Nas análises de coerência com

pacientes depressivos ocorre ainda o aumento da coerência de delta fronto-temporal em

comparação a indivíduos saudáveis (LEUCHTER et al., 2012).Neste sentido, o nosso trabalho

e sua relação com os achados clínicos representam um primeiro passo na compreensão

desses marcadores, fortalecendo a utilização do modelo triádico do desamparo aprendido

como um modelo experimental da depressão e possibilitando novas investigações

translacionais.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

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A partir do estudo da análise eletrofisiológica córtico-amigdalar durante o modelo

triádico do desamparo aprendido podemos concluir que: (1) a exposição ao estresse

incontrolável aumenta a modulação do CPF; (2) a expressão de comportamentos resistente

ao estresse é relacionada ao aumento da modulação e atividade neuronal do CPF; (3) a

controlabilidade do estresse aumenta a atividade oscilatória de teta e alfa no CPF; (4) a

controlabilidade do estresse não altera a atividade neuronal e as oscilações na ABL; (5) na

exposição ao estresse inescapável ocorre o aumento da coerência em delta entre o CPF e

ABL; e (6) a coerência em teta entre CPF e ABL é maior nos animais desamparados. Tomados

em conjunto, esses dados indicam que o processamento neural da controlabiliade do

estresse altera a funcionalidade e conectividade do CPF e da ABL, fornecendo novas

evidências para a compreensão do estresse incontrolável.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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