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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO – UNICID FACULDADE DE ODONTOLOGIA MESTRADO EM ORTODONTIA ESTUDO COMPARATIVO IN VITRO DA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DE BRAQUETES COLADOS COM RESINAS RESTAURADORAS E ORTODÔNTICA HASSAN ISBER Dissertação apresentada à Universidade Cidade de São Paulo, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ortodontia. São Paulo 2009

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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO – UNICID

FACULDADE DE ODONTOLOGIA

MESTRADO EM ORTODONTIA

ESTUDO COMPARATIVO IN VITRO DA RESISTÊNCIA AO

CISALHAMENTO DE BRAQUETES COLADOS COM RESINAS

RESTAURADORAS E ORTODÔNTICA

HASSAN ISBER

Dissertação apresentada à

Universidade Cidade de São Paulo,

como parte dos requisitos para a

obtenção do título de Mestre em

Ortodontia.

São Paulo

2009

UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO – UNICID

FACULDADE DE ODONTOLOGIA

MESTRADO EM ORTODONTIA

ESTUDO COMPARATIVO IN VITRO DA RESISTÊNCIA AO

CISALHAMENTO DE BRAQUETES COLADOS COM RESINAS

RESTAURADORAS E ORTODÔNTICA

HASSAN ISBER

Dissertação apresentada à

Universidade Cidade de São Paulo,

como parte dos requisitos para a

obtenção do título de Mestre em

Ortodontia.

Orientador:

Prof.Dr. Paulo Eduardo Guedes Carvalho

São Paulo

2009

Ficha Elaborada pela Biblioteca Prof. Lúcio de Souza. UNICID

I76e

Isber, Hassan. Estudo comparativo in vitro da resistência ao cisalhamento de braquetes colados com resinas restauradoras e ortodôntica / Hassan Isber. São Paulo, 2009. 61 p.; Anexos Bibliografia Dissertação (Mestrado) – Universidade Cidade de São Paulo - Orientador: Prof. Dr. Paulo Eduardo Guedes Carvalho 1. Braquetes ortodônticos. 2. Resistência ao cisalhamento. 3. Resinas compostas. I. Carvalho, Paulo Eduardo Guedes.

BLACK. D41

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE

TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA

FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE E COMUNICADA

AO AUTOR A REFERÊNCIA DA CITAÇÃO.

São Paulo, ____/____/______

Assinatura: ____________________________________

e-mail: [email protected]

FOLHA DE APROVAÇÃO

Isber, H. Estudo comparativo in vitro da resistência ao cisalhamento de braquetes

colados com resinas restauradoras e ortodôntica [Dissertação de Mestrado]. São

Paulo: Universidade Cidade de São Paulo; 2009.

São Paulo, 31 de março de 2009.

Banca Examinadora

1) Prof. Dr. Paulo Eduardo Guedes Carvalho (Orientador)

Julgamento:..................................................... Assinatura............................

2) Prof. Dr. Danilo Furquim Siqueira

Julgamento:.................................................... Assinatura...............................

3) Profa. Dra. Karyna Martins do Valle-Corotti

4)

Julgamento:.................................................... Assinatura...............................

Resultado.............................................................................................................

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Elias e Naheda, a minha gratidão pela lição de vida, pelo

árduo esforço para educar os filhos, pela formação do nosso caráter, pela vida.

Aos meus filhos, Arthur e Yasmin, pela saudade, pelas novas descobertas a

cada dia, pelos sorrisos, pelo amor incondicional, pela alegria de viver e ver vocês

crescerem.

A minha esposa, Valéria, meu porto seguro, minha razão, meu coração, amor

da minha vida, por fazer parte da minha história.

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Paulo Eduardo Guedes Carvalho, brilhante orientador, pela

amizade, pela simplicidade em transmitir conhecimentos, pela dedicação e

valorização da Ortodontia. Seu apoio e orientação tornaram este trabalho uma

realidade, muito obrigado.

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Flávio Vellini Ferreira, coordenador do Curso de Mestrado da

Universidade Cidade de São Paulo, pela dedicação ao ensino, pela serenidade, por

sempre ter um sorriso estampado no rosto.

Aos Profs. Drs. Ana Carla Raphaelli Nahás, Daniela Gamba Garib, Flávio

Augusto Cotrim Ferreira, Hélio Scavone Júnior, Karyna Martins do Valle-Corotti,

Rívea Inês Ferreira, pelos conhecimentos transmitidos, pelo direcionamento e por

ampliar os horizontes da pesquisa.

Aos colegas de turma, Caled, Gustavo, Rui, Alessandro, Ana Maria, Patricia,

Mariana, Lawrence, Fernanda, Rosângela, Sérgio, Luiza, Tatiana, a amizade de

vocês tornou esta jornada mais agradável.

Isber, H. Estudo comparativo in vitro da resistência ao cisalhamento de braquetes

colados com resinas restauradoras e ortodôntica [Dissertação de Mestrado]. São

Paulo: Universidade Cidade de São Paulo; 2009

RESUMO

O presente trabalho teve por objetivo avaliar a resistência ao cisalhamento de

braquetes colados com diferentes resinas compostas restauradoras e compará-las

com a resistência proporcionada por um sistema resinoso específico para colagem

de acessórios ortodônticos. Foram utilizados 70 dentes pré-molares superiores

humanos divididos em cinco diferentes grupos, com 14 dentes cada, onde no grupo

controle foi usada uma resina específica para colagem em Ortodontia (Transbond

XT), enquanto nos outros quatro grupos, resinas compostas de uso restaurador

(Charisma, Tetric Ceram, TPH Spectrum e Z100). Sete dias após a colagem dos

braquetes aos corpos de prova, estes foram submetidos a forças de cisalhamento

por compressão em máquina de ensaio mecânico laboratorial, marca Kratos. Os

dados obtidos foram avaliados com a utilização da análise de variância (ANOVA) e

quando identificada a existência de diferenças entre os grupos, foi aplicado o teste

de Tukey. Ambos ao nível de significância de 5%. Após os testes de cisalhamento,

obtiveram-se os seguintes resultados médios: Grupo 1 (Charisma) 14,86 MPa;

Grupo 2 (Tetric Ceram) 15,16 MPa; Grupo 3 (TPH) 17,70 MPa; Grupo 4 (Z100)

13,91 MPa e o Grupo 5 - controle (Transbonb XT) 17,15 MPa. Não foi verificada

diferença estatística na resistência ao cisalhamento entre os grupos, podendo se

recomendar, com segurança, para colagem ortodôntica qualquer uma das resinas

testadas.

Palavras chave: Ortodontia, Colagem de Braquetes, Cisalhamento, Resinas

Compostas.

Isber, H. Shear bond strength in vitro comparative study of brackets bonded with

restorative and orthodontic resins [Master Thesis]. São Paulo: São Paulo City

University; 2009.

ABSTRACT

The aim of this study is to assess the shear bond strenght of brackets bonded with

different restorative resins and compare them to the resistance provided by a specific

orthodontic bonding system. Seventy human bicuspids teeth were used, divided

among five different groups with 14 teeth in each one of them. While the control

group uses a specific orthodontic bonding resin (Transbond XT), the other four

groups use restorative resins (Charisma, Tetric Ceram, TPH Spectrum and Z100).

Seven days after bonding the brackets to the samples, they were submitted to the

strengths of shearing by pressure by a universal testing machine. The data collected

was evaluated using the ANOVA and, when a difference was identified, the Tukey

test was applied. The significance level used was 5 %. After the shearing tests, the

following average results were: Group 1 (Charisma) 14,98 MPa; Group 2 (Tetric

Ceram) 15,16 MPa; Group 3 (TPH) 17,70 MPa; Group 4 (Z100) 13,91 MPa and

Group 5 – control group (Transbond XT) 17,15 MPa. No statistical significant

difference was found between groups, which mean that any of the tested resins can

be, safely, recommended for bonding orthodontics brackets.

Key Words: Orthodontics; Brackets Bonding; Shear Strength; Restorative Resins

LISTA DE QUADROS

p. Quadro 1 – Relação das marcas comerciais das resinas compostas, seus

respectivos sistemas adesivos (primer), empresas fabricantes e sua composição...................................................................... 33

LISTA DE FIGURAS

p.

Figura 1: Resinas utilizadas e seus adesivos correspondentes........................ 34

Figura 2: Corpo de prova................................................................................... 36

Figura 3: Profilaxia com pedra pomes e água................................................... 36

Figura 4: Remoção da pedra pomes................................................................. 37

Figura 5: Conferência da calibragem da fonte de luz........................................ 38

Figura 6: Polimerização da resina..................................................................... 38

Figura 7: Máquina utilizada para realização dos testes marca Kratos............. 40

Figura 8: Compressão da lâmina metálica ao braquete.................................... 41

Figura 9: Gráficos de Caixa para a força de cisalhamento segundo os grupos

de interesse....................................................................................................... 44

Figura 10: Histograma para força de cisalhamento................................................45

LISTA DE TABELAS

p.

Tabela 1- Valores resumo para a força de cisalhamento................................ 44

Tabela 2- Anova para a força de cisalhamento e o fator grupo........................ 46

Tabela 3- Resultado do teste de comparações múltiplas................................. 46

SUMÁRIO

P.

RESUMO.....................................................................................................

1. INTRODUÇÃO............................................................................................. 1

2. REVISÃO DE LITERATURA....................................................................... 5

3. PROPOSIÇÃO............................................................................................. 29

4. MATERIAL E MÉTODOS............................................................................ 31

4.1 Material................................................................................................. 32

4. 2 Métodos............................................................................................... 36

5. RESULTADOS........................................................................................... 42

6. DISCUSSÃO............................................................................................... 47

7. CONCLUSÕES.......................................................................................... 54

8. REFERÊNCIAS.......................................................................................... 56

ANEXOS...................................................................................................... 61

1. INTRODUÇÃO

2

1 INTRODUÇÃO

Segundo Vasques et al. (2005), o tratamento ortodôntico tem por finalidade

proporcionar a normalidade à oclusão, promovendo equilíbrio funcional do sistema

estomatognático, bem como a melhora da estética facial e estabilidade dentária na

correção da má oclusão.

Desde a década de 60, quando as primeiras pesquisas foram feitas sobre as

técnicas de colagem de braquetes sobre a superfície dentária, inúmeros progressos

científicos conduziram ao seu aprimoramento (NEWMAN, 1965). Até então os

aparelhos eram compostos por bandas cimentadas com cimento de fosfato de zinco,

em todos os dentes.

O emprego do condicionamento ácido da superfície dentária, proposto por

Buonocore (1955), possibilitou aumento na união mecânica entre a superfície do

esmalte e o material restaurador resinoso, proporcionada pelo embricamento

mecânico da resina acrílica nas microporosidades produzidas pelo ácido fosfórico

em contato com o esmalte dentário.

O advento da colagem de braquetes simplificou a montagem do aparelho

ortodôntico fixo e promoveu a redução das fases e do tempo de tratamento,

proporcionando um avanço significativo na terapêutica ortodôntica (PINTO et al.,

1996). Além disso, apresentou importantes vantagens como: maior facilidade na

remoção da placa bacteriana, redução das gengivites e hiperplasias, não utilização

de separadores, ausência de espaços gerados pelas bandas após a remoção do

aparelho, possibilidade de colagem de braquetes em dentes parcialmente

erupcionados, menor probabilidade de descalcificações geradas por infiltrações,

3

maior facilidade na detecção de cárie e estética (BISHARA et al, 2000; MONDELLI e

FREITAS, 2007).

A adesividade entre o esmalte dentário e o braquete ortodôntico,

proporcionada pelos materiais de colagem, é de extrema importância no sucesso do

tratamento ortodôntico. A adesão precisa ser eficiente, enquanto durar o tratamento,

resistindo às forças oclusais e ortodônticas, sem, no entanto, promover danos à

superfície dental no momento da remoção dos dispositivos colados aos dentes.

A introdução de adesivos e resinas fotoativados propiciou inúmeros

benefícios, oferecendo um domínio do tempo de presa inicial e possibilitando uma

maior precisão no posicionamento dos braquetes na superfície dentária (CORRER

SOBRINHO et al., 2002).

Quanto aos materiais disponíveis atualmente para a colagem de braquetes

ortodônticos, existem no mercado diversos sistemas resinosos fabricados

especificamente para este propósito. Estes sistemas, sejam nacionais ou

importados, mostram-se consagrados quanto a sua eficiência para a colagem de

acessórios ortodônticos (MIURA, NAKAGAWA e MASUHARA, 1971; OBRIEN et al,

1989; WANG e MENG 1992; CORRER SOBRINHO et al, 2002; GRANDO et al.,

2002; PHITON et al, 2006; MONDELLI e FREITAS, 2007). Entretanto, apesar de

possuírem uma base de formulação semelhante a das resinas compostas

comumente utilizadas em procedimentos clínicos restauradores, os adesivos

ortodônticos costumam apresentar custo mais elevado e ser encontrado apenas em

fornecedores exclusivos de materiais ortodônticos.

Apesar dos sistemas adesivos ortodônticos serem comprovadamente

eficientes, nem todos os profissionais se adaptam e optam pelo seu uso, podendo

ser devido à consistência do material, a apresentação e ao custo proporcionalmente

4

mais alto. Despertou-se então o interesse em comparar a resistência ao

cisalhamento para medir as forças de adesão, entre quatro resinas destinadas a

procedimentos restauradores e uma resina consagrada para colagem de braquetes

em Ortodontia. A opção pelo estudo de aplicação de resinas restauradoras se deu

devido à grande variedade presente no mercado, sua acessibilidade por estarem

presentes em lojas de materiais dentários genéricos, a um custo relativamente mais

baixo, quando comparadas às específicas para Ortodontia.

A finalidade do trabalho consiste em verificar se as resinas restauradoras

apresentam o mesmo grau de forças de adesão quando comparadas com a uma

resina específica para uso ortodôntico. Se apresentarem diferenças, o estudo busca

verificar se estas podem ser consideradas aceitáveis dentro dos padrões mínimos de

resistência para uma boa colagem em Ortodontia.

5

2. REVISÃO DE LITERATURA

6

2 REVISÃO DE LITERATURA

Buonocore (1955) elaborou um método para aumentar a adesão da resina

acrílica à superfície de esmalte. Baseado na utilização, pela indústria, de ácido

fosfórico para o tratamento de superfícies metálicas para obter maior adesão da

pintura ou coberturas resinosas, avaliou métodos para tratamento da superfície do

esmalte, utilizando diferentes ácidos. Verificou que a adesão à superfície do esmalte

era maior quando esta superfície era previamente condicionada com ácido fosfórico

a 85%, por 30 segundos, em relação ao grupo controle. Explicou que o aumento da

adesão ocorreu devido ao aumento da área superficial decorrente da ação do

condicionamento ácido, além do aumento da capacidade de umedecimento da

superfície, permitindo assim, contato íntimo da resina acrílica com o esmalte.

Sadler (1958) foi o primeiro autor a descrever a colagem de braquetes

diretamente sobre a superfície dentária. Nesse estudo in vitro utilizou nove materiais

fixadores, sendo quatro cimentos dentários, um cimento a base de borracha, dois

adesivos para metal e dois adesivos gerais, que serviram de união entre braquetes

metálicos e dentes humanos. Após a realização de testes de resistência à adesão,

concluiu que nenhum dos materiais fixadores utilizados promoveu estabilidade

requerida para a clínica ortodôntica.

O sucesso das colagens diretas sobre o esmalte dentário se iniciou com

Newman (1965), quando desenvolveu alguns compósitos que supriram as

necessidades desejadas para a colagem de braquetes à face vestibular dos dentes.

Nesse estudo surgiu um compósito desenvolvido por um grupo de pesquisa do

Newmark College of Engineering, que apresentava baixa toxicidade, mas um tempo

de polimerização suficiente para manter o braquete em posição de 15 a 30 minutos

e de 4 dias para a completa polimerização. Os acessórios plásticos foram colados na

7

superfície vestibular de incisivos centrais humanos, previamente condicionados com

ácido fosfórico. Os corpos-de-prova foram armazenados em água destilada à 37ºC

por 30 dias e, em seguida, submetidos ao teste de resistência ao cisalhamento. Os

resultados do teste de resistência à adesão demonstraram valores variando de 9,7

kg/cm2 a 47,47 kg/cm2. Concluiu que o tratamento da superfície do esmalte com

ácido fosfórico melhorou a força adesiva, e que a fórmula da resina proposta

diminuiu o tempo de polimerização do material, além de apresentar baixa toxicidade,

o que possibilitava o seu uso clínico, mas sugeriu que o tempo de polimerização da

fórmula proposta fosse diminuído.

Newman (1971) publicou um artigo sobre a colagem direta de braquetes

plásticos, apresentando resultados clínicos de cinco pacientes, ressaltando as

vantagens dessa técnica: “menor descalcificação do esmalte dental, menor irritação

dos tecidos moles, ausência de diminuição no comprimento do arco devido ao

espaço requerido pelas bandas e melhora da estética”. Nessa técnica, o autor

obteve controle dos movimentos de dentes nos três planos, movimento de corpo, e

controle do “torque de raiz”, que são os objetivos do aparelho ortodôntico eficiente.

Enfatizou ainda a importância do local da colagem estar seco e da colaboração do

paciente em não mastigar alimentos duros e higienizar o aparelho, que é

fundamental para prolongar a duração da colagem.

Miura, Nakagawa e Masuhara (1971) relataram um novo sistema adesivo para

colagem direta de braquetes plásticos (TBB system). Esse sistema consistia em pré-

tratamento com ácido fosfórico 65% por 30 segundos, e subseqüente aplicação da

resina acrílica auto-polimerizável adicionada ao catalisador tri-n-butil borano (TBB),

que proporciona uma união química entre a resina e o colágeno da dentina e ou

esmalte. Esse sistema adesivo foi empregado em 32 casos de tratamento

8

ortodôntico de pacientes da Tokyo Medical and Dental University Clínic, obtendo-se

resultados satisfatórios quanto à resistência e durabilidade do aparelho, diante de

uma freqüência de 17 braquetes soltos para 278 sem falhas de adesão. Baseados

em relatos anteriores, de que a resistência da colagem diminui com o tempo sob

influência do meio bucal, avaliaram a influência da imersão em água tamponada

durante 180 dias na resistência à adesão de braquetes. Os testes de cisalhamento

mostraram uma queda de 20% na resistência de união, diminuindo de 40 Kg/cm2 a

33,5 Kg/cm2 para o TBB system (tri-n-butil borano) e de 18 Kg/cm2 a 12,5 Kg/cm2

para o BPO amine system (sistema de catalisador de amina). Concluíram que a

colagem de braquetes plásticos utilizando o TBB system é estável e efetiva, mesmo

após longo tempo de imersão em água.

Reynolds (1975) em uma revisão sobre colagem direta de acessórios

ortodônticos ressaltou a importância do condicionamento ácido para obter um

adequado escoamento e a penetração do adesivo nos poros criados no esmalte.

Considerou clinicamente aceitável a resistência ao cisalhamento de dispositivos

ortodônticos com valores entre 5,8 MPa e 7,8 MPa.

Evans e Powers, em 1985, investigaram in vitro a influência da

espessura do compósito sob braquete, na força de adesão de 4 marcas de resina

compostas quimicamente ativadas. Foram utilizados braquetes metálicos colocados

com diferentes espessuras de resina sob a base, que variam de 0,25 a 0,51 mm.

Verificaram-se também alterações na força de adesão ao esmalte dentário, geradas

pela exposição à umidade durante 1; 2,5 e 5 minutos após a aplicação do agente de

união, antes do procedimento de colagem. Os resultados demonstraram que, de

forma geral, houve uma diminuição gradativa na força de adesão das resinas, à

medida que se aumentou a sua espessura sob os dispositivos. O tempo de

9

exposição à umidade influenciou de forma negativa, diminuindo os níveis de força de

união ao esmalte. A análise da superfície do esmalte, após a descolagem,

demonstrou que as fraturas ocorreram essencialmente na interface adesivo/base

metálica.

Greenlaw, Way e Galil, em 1989, compararam a força de adesão de um

sistema de colagem fotoativado com um quimicamente ativado, em intervalos de 1

hora e 30 horas após a colagem. Concluíram que no período de 30 horas a força

desenvolvida pela resina fotoativada foi aproximadamente 50% menor que a força

da resina quimicamente ativada. A força de adesão inicial da resina fotoativada, no

período de 1 hora, demonstrou apenas 26% de sua força, quando avaliada após 30

horas. A perda de esmalte, associada ao processo de remoção dos braquetes e

limpeza da superfície utilizando a resina fotoativada, foi de aproximadamente

metade da perda ocorrida com a resina quimicamente ativada. Os autores sugeriam

que, ao se utilizar resina fotoativada, o arco seja instalado após completas 24 horas

da polimerização inicial.

O’brien et al, em 1989, compararam clinicamente o desempenho de uma

resina fotoativada com uma resina quimicamente ativada a dois tipos de bases de

braquetes, sendo uma com tela e outra apresentando pequenas ranhuras. Foram

utilizados 52 pacientes, em um total de 542 braquetes colocados. A incidência de

fraturas foi de 4,7 % na resina fotoativada e 6% na resina quimicamente ativada,

para ambos os tipos de base, não comprovando uma diferença estatisticamente

significante. Ao se avaliar o local de prevalência de quebras ocorridas, a região

posterior apresentou os maiores índices, em ambas as resinas e tipos de base dos

braquetes testados.

10

Joseph e Rossouw (1990) compararam in vitro a força de adesão de

braquetes metálicos e cerâmicos colados sobre a superfície do esmalte de caninos

recém extraídos, utilizando sistemas de união foto (Heliosit) e quimicamente ativados

(Concise). As amostras foram mantidas em água destilada durante uma semana

após a colagem e em seguida foram submetidas a testes de cisalhamento. Os

resultados obtidos demonstraram que todos os grupos testados apresentaram

valores acima dos requeridos na prática clinica. Os braquetes cerâmicos obtiveram

níveis de força significativamente maiores que os dispositivos metálicos com os dois

tipos de resinas compostas testadas. Os autores salientaram a real possibilidade de

fratura do esmalte dentário durante a remoção dos braquetes cerâmicos,

especialmente em dentes não vitais, uma vez que em sua pesquisa os grupos cujas

amostras foram coladas com resina de alta quantidade de carga apresentaram um

índice de 40% de fraturas da superfície dentária.

Odegaard e Segner (1990) avaliaram a utilização de nove marcas de resinas

compostas quimicamente e fotoativadas, na colagem de braquetes cerâmicos à

superfície do esmalte de dentes bovinos. Relataram que no início da pesquisa, como

não havia adesivos fotoativados específicos para colagem, utilizaram resinas

restauradoras, em seguida foram usadas as seguintes resinas (Adaptic, Silux,

Multifill, Durafill e Durafill Flow), após usaram Ortho MB TL 90, e no final

acrescentaram a resina ortodôntica Unilite. Comparando a força de adesão

desenvolvida durante o deslocamento dos dispositivos. Após a colagem, as

amostras foram mantidas em água destilada durante 24 horas, seguindo-se os

testes de cisalhamento. Os resultados demonstram que, as resinas fotoativadas

obtiveram valores médios de força iguais ou maiores que as resinas quimicamente

ativadas, porém, as diferenças não foram estatisticamente significantes.

11

Wang e Meng (1992) mediram a força de adesão de braquetes metálicos

colados ao esmalte com uma resina fotoativada (Transbond), utilizado diferentes

tempos de exposição (20, 40 e 60 segundos), com luz visível, gerada por aparelho

fotopolimerizador de luz halógena, e fizeram a comparação com uma resina

quimicamente ativada (Concise). Concluíram que a força da união da resina

fotoativada com 60 e 40 segundos de exposição à luz visível foi maior,

estatisticamente, do que com exposição de 20 segundos, e maior que a força

desenvolvida pela resina quimicamente ativada. Não houve diferença

estatisticamente significante entre a força desenvolvida nas amostras expostas à luz

durante 60 e 40 segundos, bem como não houve diferenças entre a resina exposta

durante 20 segundos à luz visível e a resina quimicamente ativada. Os autores

sugeriram para aplicação clínica, o uso de 40 segundos de exposição à luz visível, a

qual resultaria em uma polimerização eficiente.

Heringer et al. (1993) realizaram colagens clínicas com um compósito pasta a

pasta quimicamente ativada (Alphaplast, Dental Fillings Ind. Com. Ltd.) de 44

braquetes na superfície do esmalte de pré-molares, utilizando isolamento absoluto,

por meio de dique de borracha, e isolamento relativo, com rolos de algodão, com

intenção de comparar os níveis de adesão relacionadas aos dois procedimentos. Os

braquetes permaneceram no meio bucal durante trinta dias e, após este período, os

dentes foram extraídos com finalidade ortodôntica. As amostras foram submetidas a

testes de cisalhamento direcionados paralelamente à base do braquete. Os

resultados da força média desenvolvida demonstraram não haver diferença

estaticamente significante entre os dois procedimentos de colagem.

12

Ireland e Sheriff (1994) descreveram em seu trabalho que, de forma

convencional, a união das resinas ortodônticas ocorre mecanicamente, por meio do

condicionamento do esmalte e da retentividade da base do braquete. Compararam o

uso de uma resina capaz de aderir ao metal da base do braquete (Panavia EX), com

uma resina ortodôntica (Bond Fast). Concluíram que a resina ortodôntica

desenvolveu menor nível de força. No entanto, o experimento demonstrou que a

resina Panavia possui poucas vantagens sobre a resina ortodôntica, devido à

complexa técnica de colagem, não sendo recomendada em procedimentos

ortodônticos clínicos.

Saeytijk et al. (1994) realizaram um estudo clínico utilizando um compósito

fotoativado (Heliosit) e um compósito quimicamente ativado (Concise), para colagem

de braquetes ortodônticos. Neste estudo foi comparado o número de fraturas

(quebras dos braquetes), num período de 6 meses, bem como a localização das

quedas (anterior ou posterior) e as características da área remanescente ao

deslocamento do braquete, em uma amostra de 37 pacientes. Concluíram que, com

a utilização do compósito fotoativado, a perda dos braquetes ocorreu

predominantemente na região posterior, o que pôde ser justificado pelo difícil acesso

da luz visível, tendo como conseqüência uma deficiência na polimerização da resina.

Nos braquetes colados com a resina quimicamente ativada, as fraturas ocorreram de

forma equivalente nas regiões anterior e posterior. O trabalho demonstrou que, em

situação clínica, os braquetes colocados com resina quimicamente ativada

fraturaram significativamente menos que com resina fotoativada.

Meng et al. (1995) descreveram em seu trabalho que o processo de absorção

e de liberação de água da matriz orgânica da resina composta poderia causar um

deslocamento entre matriz e as partículas inorgânicas (carga), ou ainda uma

13

degradação hidrolítica destas partículas, afetando a força de adesão, resistência ao

desgaste e durabilidade das resinas. Observando a pouca quantidade de pesquisas

nesta área, desenvolveram um trabalho a fim de avaliar as alterações na força de

adesão de braquetes metálicos colados na superfície do esmalte. A amostra

composta por 100 dentes pré-molares divididos em 10 grupos com 10 dentes cada,

sendo usada a resina Concise para fazer a colagem, permaneceram imersas em

soro fisiológico e foram testadas em diferentes intervalos de tempo, que variaram de

1 dia a 32 semanas. Concluíram que a força de adesão tornou-se gradualmente

menor, conforme o tempo de imersão em solução aquosa. A maior perda da força

ocorreu no período inicial (1ª semana), seguido por um período de estabilização,

com uma considerável diminuição da resistência após 24 semanas. As fraturas, após

o descolamento dos braquetes, localizaram-se principalmente na interface

adesivo/base metálica.

Egan, Alexander e Cartwright (1996) realizaram um estudo para determinar a

resistência ao cisalhamento de braquetes recolados com um sistema resinoso pasta

única (Rely-a-bond) e um sistema pasta-pasta (Phase IIl). Também avaliaram a

eficácia do condicionador plástico e do potencializador de adesão Enhance LC no

processo da recolagem. Para esse estudo utilizaram 60 pré-molares humanos na

confecção dos corpos-de-prova, que foram divididos em dois grupos de 30 dentes,

baseados no sistema adesivo utilizado: Rely a Bond (N) e Phase II (P). Cada grupo

foi, ainda, subdividido em: colagem inicial (NB, PB), recolagem (NR, PR), e

recolagem utilizando condicionador plástico e o potencializador de adesão (NC, PC).

No grupo controle (NB, PB) foi realizado condicionamento ácido fosfórico a 37% por

15 segundos, anterior a colagem inicial; já os grupos NR, PR e NC, PC foram

inicialmente colados sem o benefício do condicionamento ácido, já prevendo uma

14

ruptura na superfície esmalte/resina na descolagem. Na recolagem, o grupo NR foi

recolado da mesma forma que a colagem inicial, já os braquetes do grupo PR foram

cobertos com a resina líquida e depois recolados. O teste de resistência foi realizado

com a máquina de ensaio universal Instron, com a velocidade de 0,5mm/mim. Diante

dos resultados, concluíram que a recolagem é uma opção viável quando o braquete

não sofre distorções na descolagem e quando a separação ocorrer entre o material

adesivo e a superfície de esmalte. Os resultados desse estudo não sustentam o uso

do condicionador plástico e do potencializador de adesão para aumentar a

resistência à adesão. Segundo os autores, o protocolo para a recolagem deverá

incluir desgaste da resina residual do braquete para aumentar sua rugosidade, uso

de um sistema adesivo pasta-pasta, e a colocação de resina fluida na base do

braquete e no dente.

Nkenke et al. (1997) fizeram um estudo com o intuito de avaliar a resistência a

tração de braquetes metálicos (Diamond Bracket – Ormco), plásticos (Spirit Bracket

Ormco e Edgewise plastic bracket – Dentaurum KG) e cerâmicos (Allure III - G.A.C.

International Inc e Transcend 2000 – Unitek/3M), utilizando-se para a colagem as

resinas ortodônticas Concise – Unitek/3M (resina pasta/pasta tradicional), Sequence

- Ormco (adesivo fotoativado com liberação de flúor), Photac Fil Applicap - Espe

Dental-Medizin (ionômero de vidro fotoativado) e System 1 – Ormco (resina

ortodôntica pasta única). As amostras, compostas de um total de 450 dentes bovinos

recém extraídos foram testadas em uma Máquina Universal de Testes 1425 – Zwick

– Germany, a uma velocidade de 0,2 mm/min. Nos resultados, obteve-se a maior

resistência adesiva com a resina Concise e braquete metálico (12,19 Mpa), seguido

pelo braquetes plásticos Spirit e Dentaurum colados com o System 1 (10,17 Mpa e

10,05 Mpa – valores médios). As menores forças de resistência ficaram com os

15

braquetes cerâmicos Allure III e Transcend 2000 colados com Photac Fil (4,92 Mpa e

4,44 Mpa respectivamente). Os autores concluíram que o braquete metálico colado

com a pasta Concise e o braquete plástico colado com o System 1 alcançaram as

maiores resistências adesivas. Contudo para esses materiais há o perigo de fratura

de esmalte durante a remoção do braquete, pelo stress tensional gerado, que muitas

vezes pode exceder o valor de 10 Mpa. No estudo, pela alta incidência de falhas e

baixa resistência, o uso clínico do Photac Fil não foi recomendado. E, por fim, o

braquete cerâmico Allure III mostrou alta resistência mecânica quando utilizado em

conjunto com a resina Sequence, sem exceder 10 Mpa, reduzindo o risco de fraturas

de esmalte durante a remoção do braquete.

Ashcraft, Stanley e Jakobsen (1997) realizaram um estudo com o objetivo de

avaliar a liberação de flúor e resistência ao cisalhamento de 3 ionômeros de vidro

fotoativados e 1 resina quimicamente ativada. Para isso, 40 pré-molares e caninos

humanos foram utilizados e divididos em grupos de 10 dentes. Os agentes de

união testados foram os cimentos de ionômero Band-Lik (BL) – Reliance

Orthodontic Products, Zionomer (Z) – DenMat Corp., Geristore (G) – DenMat e a

resina composta Concise (C) – 3M Unitek Corp. Após a adesão, foram feitos os

testes de liberação de flúor. Para os testes de cisalhamento, as amostras foram

testadas em uma Máquina de Testes de Materiais Zwick, numa velocidade de 0,5

mm/minuto. Para o teste de resistência, a resina Concise obteve valores

significantemente maiores, 17,4 MPa, enquanto os 3 cimentos de ionômero, Band-

Lik (BL), Geristore (G), Zionomer (Z), apresentaram os seguintes valores 10,7 MPa,

9,8MPa, 7,3MPa, respectivamente, resultados estatisticamente similares entre si,

porém abaixo do grupo controle. Assim, observou-se a maior resistência adesiva da

resina composta em relação aos outros materiais testados. Os cimentos

16

ionoméricos apresentaram valores de adesão aceitáveis, porém para se fazer uma

indicação segura para colagem, o aumento destes valores se faz necessários.

Cacciafesta et al. (1998) propuseram um estudo com o intuito de avaliar a

resistência ao cisalhamento do material Fuji Ortho LC (GC Corp.) usado para

colagem de braquetes ortodônticos metálicos e cerâmicos sob 4 diferentes

condições de superfície do esmalte: esmalte sem condicionamento e seco,

condicionado com ácido poliacrílico e contaminado por saliva, ácido poliacrílico

contaminado com água e esmalte não condicionado e úmido. Foram utilizados

braquetes metálicos Ultratrimm – Dentaurum, braquetes cerâmicos – Transcend

6000 – 3M Unitek e braquetes cerâmicos Fascination – Dentaurum. Os braquetes

foram colados em 120 incisivos bovinos recém extraídos. As amostras foram

testadas em uma Máquina Universal de Testes (Erichsen 469, LE4, 500N,

Wuppertal, Germany), a uma velocidade de 0,01mm/s. Como resultados, com os

braquetes metálicos, o grupo condicionado e contaminado com saliva mostrou os

maiores valores de resistência 23,8 Mpa, e os menores, 9,8 MPa, ficaram com o

grupo não condicionado e ambiente úmido. No braquete Transcend 6000, com

retenção mecânica, os maiores valores foram encontrados no grupo contaminado

por água, 20,9 MPa, e os menores novamente com o grupo não condicionado e

úmido,10,4 MPa. Para o braquete cerâmico com retenção química, novamente o

grupo condicionado e contaminado por água apresentou os maiores valores de

resistência, 25,4 MPa, enquanto novamente o grupo não condicionado e úmido

apresentou os menores valores, 7,3 MPa. Assim, conclui-se que o material Fuji

Ortho LC provê valores de adesão adequados para uso clínico. Além disso, produz

valores adequados mesmo quando a adesão é feita sem condicionamento de

esmalte e campo seco. Os valores de adesão parecem ser significantemente

17

aumentados após condicionamento mesmo com contaminação por saliva ou água

quando comparados com a adesão sem condicionamento. Também se concluiu que

mesmo com a contaminação por água na superfície de esmalte não condicionada,

reduzindo significativamente os valores de resistência, o material continua

apresentando uma resistência mínima indicada para a colagem de braquetes.

Cordeiro, Bussadori, Camargo (1999) estudaram a resistência adesiva do

material cimento de ionômero de vidro modificado por resina (Fuji Ortho LC – GC)

na cimentação de braquetes ortodônticos. O estudo avaliou a resistência tanto in

vivo, por um período de 12 meses, quanto in vitro, utilizando-se de teste de

cisalhamento. Para a avaliação in vivo, foram colados 215 dentes em 10 pacientes

de várias idades, 86 utilizando-se a resina Concise, 86 com Fuji Ortho LC com

condicionamento ácido e 43 sem condicionamento ácido. Para a avaliação in vitro,

foram colados braquetes em 20 dentes, 10 permanentes e 10 decíduos, metade

utilizando a resina Concise e metade o Fuji Ortho LC. Os corpos de prova foram

colocados na maquina de ensaios Universal-Wolpert, com velocidade de 0,5

mm/min. Então, na avaliação in vivo, demonstrou-se uma maior estabilidade da

resina em relação ao cimento de ionômero de vidro. Os braquetes colados com

ionômero de vidro sem condicionamento ácido foram os que apresentaram maior

índice de descolamentos. Na avaliação in vitro, encontrou-se uma superioridade

estatisticamente significante do Concise em relação ao Fuji Ortho LC. Entre

decíduos e permanentes, não houve diferença estatística significante. Assim,

mostrou-se que a resina composta Concise apresentou superioridade nos

resultados in vitro e in vivo para a resistência adesiva. Os valores encontrados no

teste cisalhamento foram maiores para a resina Concise, porém os valores

encontrados para o ionômero de vidro não contra-indicam seu uso totalmente.

18

Também, os resultados em dentes decíduos se mostraram bastantes próximos da

média, o que vem a ser útil para uso em pacientes de 6 a 11 anos, que apresentam

escovação deficiente e manchas brancas por início de cárie.

Souza, Francisconi e Araújo (1999) realizaram um estudo com o objetivo de

avaliar a resistência de união de 5 cimentos utilizados para colagem de braquetes

em Ortodontia (Concise Ortodôntico – 3M, Fuji Ortho LC - GC, Vitremer – 3M,

Dyract - Dentsply e Transbond XT – 3M). Para isso, utilizaram 50 pré-molares

humanos recém extraídos. Os braquetes foram colados com os materiais de acordo

com as instruções dos fabricantes. Testes de cisalhamento foram realizados com

uma Máquina de Ensaios Universal Kratos com velocidade de 0,5 mm/minuto. As

médias de resistência obtidas foram: Concise Ortodôntico = 21,94 Mpa, Transbond

XT = 19,93 Mpa, Fuji Ortho LC = 18,13 Mpa, Dyract = 10,68 Mpa e Vitremer = 6,91

Mpa. Observaram-se diferenças estatisticamente significantes entre os grupos,

com exceção da comparação entre os grupos Concise Ortodôntico x Transbond XT

e Fuji Ortho LC x Transbond XT. Com isso, observou-se e justificou-se o grande uso

da resina Concise Ortodôntico, juntamente com o Transbond XT e Fuji Ortho LC na

Ortodontia. Apesar dos menores valores de resistência do Dyract e Vitremer, não

contra indicou-se o uso desses materiais por apresentarem resistência superior ao

exigido na prática ortodôntica. Além disso, observou-se a maior incidência de

fraturas do material adesivo na interface cimento/braquete, podendo-se dizer que

ainda não foi encontrado um material que seja tão aderente ao metal quanto

normalmente é ao esmalte dentário.

Francisconi et al. (2000) pesquisaram a resistência ao cisalhamento da

resina composta Concise – 3M e do cimento de ionômero de vidro Fuji Ortho LC,

utilizados na colagem de braquetes ortodônticos Abzil em coroas de dentes

19

bovinos. Para isso, foram utilizados 20 dentes, 10 para cada material. A colagem

seguiu as instruções dos fabricantes e, após armazenagem em estufa a 37o Celsius

por 24 horas, 5 corpos de prova de cada grupo foram submetidos à termociclagem

(300 ciclos de 15 segundos cada, 5 graus Celsius negativos e 55 graus Celsius

positivos) e o restante permaneceu em estufa. Os testes foram realizados na

máquina de Ensaio Universal Kratos, com célula de carga de 50kgf a velocidade de

0,5mm/min. Os valores obtidos foram, em valores médios decrescentes de

resistência, 23,93Mpa para Concise com termociclagem, 20,71Mpa para Concise

sem termociclagem, 17,32Mpa para Fuji Ortho LC sem termociclagem e 6,88Mpa

para Fuji Ortho LC com termociclagem. Houve diferença estatisticamente

significante entre os grupos: Concise com termociclagem e Fuji Ortho LC com

termociclagem e entre Fuji Ortho LC com e sem termociclagem. Conclui-se que os

melhores resultados foram obtidos com Concise com termociclagem e os piores

com Fuji Ortho LC também com termociclagem, este fato devendo-se à

característica do material sofrer embebição. Todos os grupos, entretanto, atingiram

valores aceitáveis à clínica ortodôntica.

Bishara et,al. (2001) realizaram um estudo in vitro com o objetivo de

comparar a resistência de união do adesivo convencional Transbond XT e um

adesivo autocondicionante Prompt L Pop. A colagem dos braquetes foi realizada em

molares. Após a colagem os corpos de prova foram armazenados em água

deionizada a 37o C. Os corpos de prova foram submetidos à tração em velocidade

de 5 mm/min em uma máquina de ensaios universal. Os valores de resistência de

união obtidos com o adesivo autocondicionante foram significativamente inferiores

(7,1 MPa) quando comparados ao adesivo convencional (10,4 MPa).

20

Correr Sobrinho et al. (2001) estudaram a resistência ao cisalhamento da

colagem de braquetes ortodônticos, utilizando cinco materiais ativados por

diferentes sistemas. Para isso, utilizou-se 50 pré-molares recém extraídos por

indicação ortodôntica, divididos em cinco grupos de 10 dentes para cada material

adesivo. Os materiais escolhidos para o estudo foram às resinas compostas Z100

(3M) – resina fotopolimerizável, Transbond XT – adesivo ortodôntico

fotopolimerizável (3M) e Concise Ortodôntico (3M) – quimicamente ativada, além

dos cimentos de ionômero de vidro Vitremer (3M) - cura dual e Fuji Ortho LC (GC) –

cura dual. Os testes foram efetuados 24 horas após a colagem e ciclagem térmica,

numa máquina de ensaio universal (Instron), regulada para uma velocidade de 0,5

mm/min. Como resultados, observaram que os valores de resistência ao

cisalhamento com o material Concise Ortodôntico (11,42Mpa) foram

estatisticamente superiores aos braquetes fixados com Transbond XT (7,33Mpa),

Z100 (6,16Mpa), Fuji Ortho LC (5,60Mpa) e Vitremer (3,61Mpa). Os braquetes

fixados com Transbond XT, Z100 e Fuji Ortho LC não apresentaram valores

estatisticamente diferentes entre eles, porém estatisticamente superiores em

relação ao Vitremer. O estudo mostrou também que a maior porcentagem de falhas

foi coesiva do cimento na interface material para colagem/braquete, com exceção

do Vitremer que mostrou falha na união esmalte/cimento. Neste trabalho,

evidenciaram-se os melhores resultados da resina quimicamente ativada Concise

em relação aos outros materiais, que mesmo assim também podem ser indicados

para a colagem de braquetes, com exceção do Vitremer que deveria ter seu uso

restrito e melhor investigado devido à baixa resistência adesiva obtida no estudo.

Correr Sobrinho et al. (2002) avaliaram a resistência ao cisalhamento da

união, nos tempos pós-fixação de 10 minutos e 24 horas, de quatro materiais para

21

colagem de braquetes e os tipos de falhas na fratura. Foram utilizados 64 pré-

molares humanos extraídos e inclusos em resina. As faces vestibulares de 32 pré-

molares foram condicionadas com ácido fosfórico a 35%, por 30 segundos e em 16

deles, os braquetes foram colados com Concise Ortodôntico (3M) e nos demais

com resina composta Z100 (3M). Em 32 dentes, os braquetes foram colados sem

condicionamento do esmalte, com ionômeros de vidro Fuji I (GC) e Fuji Ortho LC

(GC). Após a fixação, 32 corpos-de-prova foram armazenados em água destilada a

37ºC, por 10 minutos e o restante por 24 horas e submetidos ao teste de

cisalhamento numa máquina com velocidade de 0,5 mm/min. Como resultados de

resistência, obteve-se para a resina Concise após 10 minutos da fixação 6,22 Mpa e

para 24 horas 7,73 Mpa. Para o Fuji Ortho LC, aos 10 minutos obteve-se 3,32 Mpa

e após 24 horas 5,10 Mpa. Para a resina composta Z100, aos 10 minutos 2,72 Mpa

e 24 horas 4,51 Mpa. Para o Fuji I aos 10 minutos 2,52 Mpa e 24 horas 4,54 Mpa.

Os resultados submetidos à ANOVA e ao teste de Tukey (5%) mostraram que os

maiores valores de resistência ao cisalhamento aos 10 minutos e 24 horas foram

observados com o Concise Ortodôntico, com diferença estatística significativa em

relação ao Fuji Ortho LC, Z100 e Fuji I. Nenhuma diferença estatística foi observada

entre Fuji Ortho LC, Z100 e Fuji I. Assim, os autores concluíram que o Concise

Ortodôntico apresentou maiores valores de resistência ao cisalhamento em relação

aos outros materiais, nos tempos de 10 minutos e 24 horas. Os valores obtidos no

período de 24 horas foram superiores em relação aos de 10 minutos para todos os

materiais.

Romano et al. (2005) avaliaram se a associação de diferentes materiais com

o Transbond Plus Self Etching Primer (TSEP) poderia alterar a resistência ao

cisalhamento de braquetes metálicos ao esmalte. Para tanto, foram utilizados 40

22

pré-molares divididos aleatoriamente em quatro grupos. No grupo 1 (controle) foi

utilizada a resina Transbond XT de forma convencional. Nos grupos 2 a 4 , o TSEP

foi associado às resinas fotoativadas Transbond XT e Z100 e quimicamente ativada

Concise, respectivamente. Após a adesão, os espécimes foram armazenados em

água destilada a 37º C por 24 horas e, somente após este período, foram testados

em uma máquina de ensaios universal a 0,5 mm/min. As médias de resistência de

união foram, em MPa, 6,43; 4,61; 4,74 e 0,02 respectivamente para os grupos 1, 2,

3 e 4. O grupo 1 foi estatisticamente superior aos outro grupos, nenhuma diferença

estatisticamente significante foi encontrada entre os grupos 2 e 3, embora ambos

grupos tenham sido estatisticamente superior ao grupo 4. Os autores concluíram

que os melhores resultados foram alcançados com o adesivo convencional

hidrofóbico Transbond XT.

Santos (2005) fez um estudo objetivando avaliar a resistência à tração da

colagem de braquetes, utilizando três tipos de aparelhos fotoativadores: um de luz

halógena, (Optilight Plus - Gnatus) e outros dois de LEDs (Optilight CL – Gnatus e

Ortholux Led 3M- Unitek). Comparando os resultados através da análise de

variância, os LEDs quando ativados por um tempo menor mostraram

comportamento estatístico inferior em relação ao aparelho de luz halógena, já se

utilizando o tempo de 40s, os resultados de polimerização, foram melhores. O

aparelho que apresentou melhor desempenho médio ainda foi o de luz halógena,

seguido pelo LED 3M e pelo LED Gnatus, respectivamente. Concluiu-se que os

LEDs podem ser indicados na prática ortodôntica, desde que seja utilizado um

protocolo de aplicação da luz com tempo de ativação de 40s.

Vasques et al. (2005) estudaram a resistência ao cisalhamento de diferentes

braquetes metálicos colados com resina composta fotoativada (Transbond XT) num

23

estudo in vitro. Para isso, utilizaram uma amostra de 50 pré-molares humanos

hígidos extraídos por motivos ortodônticos. Dividiu-se a amostra em 5 grupos e 10

dentes cada, para as marcas Morelli, GAC, TP, Abzil e A Company. Os testes foram

realizados em uma Máquina Universal de Ensaios EMIC, modelo DL 500 mf, a uma

velocidade de 0,5 mm/minuto. Os resultados mostraram que o grupo A Company

obteve maior resistência (17,65 Mpa) e o grupo TP apresentou a menor resistência

(10,72 Mpa), porém, sem diferença estatisticamente significante entre eles. Assim,

utilizando-se para a colagem a resina Transbond XT, não houve diferença

estatística entre os braquetes avaliados e mesmo o grupo que apresentou os

menores valores, ainda estava bem acima dos padrões mínimos requeridos e

preconizados na literatura.

Pithon et al. (2006) realizaram um estudo com o objetivo de comparar a

resistência ao cisalhamento da colagem de braquetes ortodônticos e o Índice de

Remanescente Adesivo (IRA) entre os compósitos Concise e Fill Magic Orthodontic.

Para isso, utilizou-se de uma amostra de 24 incisivos inferiores permanentes

bovinos divididos em dois grupos de 12 elementos. Foram realizados os

procedimentos usuais de uma colagem, utilizando braquetes standard da marca

Morelli. Os braquetes colados aos dentes foram removidos utilizando-se uma

máquina Instron com velocidade de 1mm/min. para avaliação da resistência ao

cisalhamento. Realizou-se então a avaliação do IRA de toda a amostra. Como

resultado, obteve-se nesta pesquisa a resistência ao cisalhamento do grupo

Concise (C), em média, 55,01kgf./cm2 e do grupo Fill Magic (F) de 58,69kgf./cm2.

Estes resultados sugerem que, em relação à resistência ao cisalhamento, não

houve diferença estatística significante entre o grupo que utilizou o Concise e o que

utilizou Fill Magic Orthodontic. Em relação ao IRA não houve diferença estatística

24

significante entre as médias dos seus valores quando os dois grupos foram

comparados, pois ambos apresentaram um maior número de fraturas na interface

braquete/compósito. Assim, conclui-se neste estudo que ambos os materiais

satisfazem plenamente as necessidades clínicas para colagem de braquetes.

Pereira et al. (2006) realizaram um estudo objetivando avaliar a resistência à

tração de duas resinas (Concise – 3M e Fill Magic – Vigodent) utilizadas para

colagem de acessórios ortodônticos. Para isso selecionaram 40 terceiros molares e

dividiram em 2 grupos de 20, um para cada resina. Os corpos de prova foram

submetidos às forças de tração vertical e horizontal, em uma máquina universal de

ensaios Kratos K2000MP a 0,5 mm/min. Como resultados verificaram-se uma

média de resistência às forças verticais de 12,49 kgf e às horizontais de 9,61 kgf

para a resina Concise e de 7,76 e 2,70 respectivamente para a resina Fill Magic,

diferença estatisticamente significante. Como conclusão, verificou-se a diferença

bastante sensível na resistência entre os dois materiais estudados, porém, como as

forças ortodônticas são muito mais leves que as empregadas no teste, entendeu-se

que a resina Fill Magic pode ser indicada para tracionamentos ortodônticos.

Mondelli e Freitas (2007) realizaram um estudo com o objetivo de avaliar a

força de união da interface resina/braquete, empregando três marcas comerciais de

resina composta (Concise ortodôntico, Transbond-XT e Filtek-Z-250) e o efeito,

nesta resistência adesiva, do jateamento com óxido de alumínio, aplicado na base

do braquete metálico, associado ou não ao sistema adesivo resinoso dentário. Para

isso, foram utilizados 120 braquetes ortodônticos de aço inoxidável, inseridos em

corpos-de-prova e divididos em 12 grupos, com 10 espécimes para cada um deles.

Para cada grupo, variou-se o tipo de resina composta, a utilização ou não do

jateamento prévio com óxido de alumínio na base do braquete e o sistema adesivo.

25

Os corpos-de-prova foram levados a uma máquina universal de ensaios (Máquina

de Ensaios KRATOS, modelo K2000 MP) que era então acionada, à velocidade de

0,5mm por minuto, no sentido de compressão, desenvolvendo-se, assim, uma

tensão de cisalhamento na interface base do braquete/resina, até o momento da

fratura ou rompimento da união adesiva. Em relação aos tipos de materiais

empregados, as resinas compostas Concise ortodôntico, Transbond XT e Filtek Z-

250 apresentaram valores similares de resistência adesiva sob esforços de

cisalhamento, quando aplicadas nas bases metálicas dos braquetes, sem nenhum

tratamento prévio (grupos controle). Assim, todos os tratamentos empregados

melhoraram a adesão da resina composta à base dos braquetes, à exceção dos

grupos que utilizaram o adesivo Single Bond. O tratamento com jateamento com

óxido de alumínio na base dos braquetes melhorou todos os valores de

adesividade, na interface resina/braquete, para todos os materiais de colagem

utilizados nesta pesquisa. Os resultados aqui encontrados demonstram que todos

os tipos de tratamento utilizados, até mesmo aqueles que diminuíram as médias de

resistência adesiva em relação aos seus respectivos controles, estão situados em

uma faixa de valores mínimos (6 a 8 Mpa) o que possibilita sua utilização clínica.

Onofre et al. (2007) fizeram um estudo comparando dois sistemas de

polimerização, o primeiro consistia no uso de luz halógena e o segundo usando

LED (light emitting diode), usando nos dois grupos o mesmo agente de união, a

resina ortodôntica Transbond XT (3M-Unitek). O trabalho teve o objetivo de analisar

de forma comparativa a resistência de união dos braquetes colados com as

diferentes luzes e com diferentes tempos. A amostra consistia em 20 pré-molares

humanos, onde as raízes dos dentes foram cortadas e desprezadas e as coroas

foram seccionadas no sentido mésio-distal e somente a face vestibular foi utilizada

26

para colagem dos braquetes. As coras dos dentes foram incluídas em anéis de PVC

e fixadas com resina acrílica. Os corpos de prova foram lavados e preparados para

a colagem. Foram submetidos à profilaxia com pedra pomes e secagem com jato de

ar. Os corpos de prova foram divididos em 2 grupos (n=10), o primeiro consistia no

uso de luz halógena por 40 segundos e o segundo usando LED (light emitting

diode) com ativação durante 15 segundos. Terminada a colagem os corpos-de-

prova foram armazenados em um recipiente fechado contendo água destilada a 37º

por 24 horas. Então os 20 corpos de prova foram submetidos ao teste de

cisalhamento com sistema de guilhotina a uma velocidade de 1 mm/min, com uma

área adesiva de 14,28 mm², em uma máquina de ensaio universal a EMIC DL 2000,

conectada a um computador que possui o software Mtest capaz de registrar os

valores em Mpa (MegaPascal) da força máxima e da força no momento de ruptura.

Os resultados obtidos neste trabalho demonstraram que não houve diferença

estatística entre o Grupo I e o II. A resistência de união de braquetes quando

colados ao esmalte dentário com resina ortodôntica Transbond XT quando utilizada

a fotoativação com luz halógena por 40 segundos foi semelhante quando utilizado o

LED por 15 segundos.

Tortamano et al. (2007) realizaram um estudo com o objetivo de avaliar a

resistência à tração de braquetes ortodônticos colados pela técnica indireta e pela

técnica direta convencional. Para isso, foram utilizados 50 pré-molares humanos

íntegros, recém extraídos por motivos ortodônticos. Os dentes foram divididos em 5

grupos, colando-se braquetes metálicos com as resinas compostas ortodônticas

Concise (3M-Unitek-EUA) e Transbond XT (3M-Unitek-EUA) utilizadas em ambas

as técnicas, direta e indireta, e a Transbond Sondhi (3M-Unitek-EUA), desenvolvida

para a técnica indireta. Os corpos de prova foram submetidos a testes de tração,

27

em uma máquina Instron 4400. Como resultados, obtiveram os seguintes valores

médios: grupo I – Transbond direta – 12 Mpa, grupo II – Concise direta – 11,61

Mpa, grupo III – Concise indireta – 6,5 Mpa, grupo IV – Transbond Indireta – 8,49

Mpa e grupo V – Transbond Sondhi indireta – 4,97 Mpa. De acordo com a

estatística, os grupos I, II e IV não apresentaram diferenças estatísticas

significantes, porém o grupo I apresentou a maior média amostral, seguido pelo

grupo II, ambos com colagem direta. Os grupos III e V apresentaram diferenças

estatisticamente significantes em relação aos grupos I e II, mas, quando

comparados ao grupo IV, não revelaram diferença estatisticamente significante.

Assim, conclui-se no estudo que a força de adesão obtida na colagem indireta com

a resina Transbond XT não difere estatisticamente da força obtida na colagem

direta com as resinas Concise e Transbond XT. Também se concluiu que a resina

Concise e a resina Sondhi na colagem indireta proporcionaram menor força de

adesão que as resinas Transbond XT e Concise para colagem direta.

Phiton et al. (2007) realizaram um estudo com a intenção de avaliar os

cimentos de ionômero de vidro reforçados por resina Fuji Ortho LC e Fuji Ortho Band

(GC America Corporation, Tokyo, Japan) quanto à resistência ao cisalhamento e

liberação de flúor. Para isso, utilizou-se 60 incisivos inferiores permanentes de

bovinos, e dividiram em 3 grupos. Para os grupos 1, 2 e 3 foram realizadas

colagens utilizando os materiais Transbond XT (grupo controle), Fuji Ortho LC e Fuji

Band respectivamente, todos fotopolimerizados com luz halógena. Foram realizados

testes de cisalhamento a uma velocidade de 0,5 mm por minuto em uma máquina

universal de ensaios mecânicos Emic DL 500. A liberação de flúor dos materiais foi

medida por 28 dias. Como resultados, obtiveram na resistência ao cisalhamento

diferenças estatisticamente significantes entre os grupos 1 e 3, com maior

28

resistência da resina Transbond XT, bem como entre 2 e 3, com maior resistência do

Fuji Ortho LC, em todos os tempos medidos. Com os resultados, concluiu-se que os

materiais Transbond XT e Fuji Ortho LC possuem melhor resistência ao

cisalhamento, porém menor liberação de flúor quando comparado com o Fuji Band.

Vanzelli (2008) fez um estudo utilizando 60 primeiros pré-molares humanos,

divididos em 2 grupos com 30 dentes cada, sendo que no grupo A foram utilizados

braquetes Morelli e no grupo B braquetes Ormco, sendo que estes grupos foram

subdivididos em 2 grupos de 15 dentes cada. No grupo A1 foram usados braquetes

Morelli, adesivo Single Bond e resina composta Charisma, no grupo A2 foram

usados braquetes Morelli, adesivo Ortho Solo e resina Enlight, no grupo B1 foram

usados braquetes Ormco, adesivo Single Bond e resina Charisma e no grupo B2,

braquetes Ormco, adesivo Ortho Solo e resina Enlight. Após as colagens, por meio

de tração,usando uma máquina de ensaios Instron avaliou: a capacidade de

retenção dos braquetes metálicos; a resistência adesiva dos 2 materiais de colagem

e o índice de remanescente de adesivo (IRA). Concluiu que os braquetes Ormco

colados com resina Enlight, associada ao adesivo Ortho Solo apresentaram maiores

valores de resistência à tração, seguidos pelos braquetes Morelli colados com a

mesma resina, braquetes Ormco colados com Charisma associada ao adesivo

Single Bond, e por último, braquetes Morelli colados com Charisma associada ao

adesivo Single Bond, que apresentaram os menores valores de adesão. Em relação

ao IRA não houve diferença estatística entre os grupos e a maior parte da resina

ficou aderida ao esmalte dentário após as descolagens.

29

3. PROPOSIÇÃO

30

3 PROPOSIÇÃO

O presente estudo propôs avaliar a resistência ao cisalhamento de braquetes

ortodônticos colados com diferentes resinas, apresentando os seguintes objetivos:

• Comparar a força de cisalhamento entre quatro resinas restauradoras,

aferindo sua possibilidade de utilização em Ortodontia;

• Comparar estas forças de cisalhamento das quatro resinas restauradoras com

a resistência obtida por um sistema adesivo ortodôntico consagrado no

mercado.

31

4. MATERIAL E MÉTODOS

32

4 MATERIAL E MÉTODOS

Esta pesquisa foi apresentada ao Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Cidade de São Paulo - UNICID, tendo sido aprovada em 25 de maio de

2008, sob o protocolo no 133619962 (Anexo)

4.1 Material

Neste estudo, optou-se por dividir a abordagem do material entre amostra e

materiais complementares.

4.1.1 Material da amostra

A amostra deste estudo foi constituída por 70 dentes pré-molares superiores

humanos, obtidos junto ao banco de dentes do Departamento de Anatomia da

Universidade da Cidade de São Paulo. O critério para a seleção dos dentes foi a

ausência de cáries e principalmente a integridade da face vestibular da coroa onde

foram colados os braquetes.

Os dentes foram divididos em cinco grupos, com 14 pré-molares em cada,

onde todos receberam braquetes metálicos similares colados com diferentes resinas

compostas. Nos grupos de 1 a 4, os braquetes foram colados com resinas

originalmente idealizadas para procedimentos restauradores; já no grupo 5 foi

utilizado um sistema de resina fabricado com objetivo específico de colagem de

braquetes ortodônticos, representando o grupo controle. Todos os sistemas adesivos

utilizados são fotopolimerizáveis. Previamente a aplicação das diferentes resinas,

foram utilizados sistemas adesivos específicos para resina composta, de acordo com

a orientação de cada fabricante (Figura 1).

33

A composição dos grupos, de acordo com as resinas compostas e seus

sistemas adesivos correspondentes que foram utilizados, encontra-se exposta no

quadro 1.

Quadro 1 – Relação das marcas comerciais das resinas compostas que compuseram a amostra, seus respectivos sistemas adesivos (primer), empresas fabricantes e sua composição.

GRUPO RESINA

COMPOSTA

SISTEMA

ADESIVO

MARCA

COMERCIAL ORIGEM

COMPOSIÇÃO

1. Charisma Gluma Heraus Kulzer Alemanha Resina Bis-GMA Uretano Modificada,

Boro Silicato de Alumínio e Bário

Silanizado, Sílica Pirolítica Silanizada,

Canforoquinona, EDAB, Hidroxitolueno

Butilado, Corantes Minerais.

2. Tetric

Ceram

Excite Ivocler Vivadent Alemanha Resina Bis-GMA, dimetacrilato de

uretano e trietilenoglicol, Bário,

trifluoreto de itérbio, vidro de fluorsilicato

de alumínio e bário,dióxido de silício,

óxidos mistos esferoidais, catalisadores,

estabilizadores.

3. TPH

Spectrum

Prime &

Bond 2.1

Dentisply Brasil Resina Bis-GMA Uretano Modificada,

Boro Silicato de Alumínio e Bário

Silanizado, Sílica Pirolítica Silanizada,

Canforoquinona, EDAB, Hidroxitolueno

Butilado, Corantes Minerais.

4. Z 100 Adper Single

Bond 2

3M Espe USA Bistemol-A glicildimetacrilato (Bis-GMA),

Trietilenoglicoldimetacrilato (TEDGMA),

Zircônia, Sílica.

5. Transbond

XT

Transbond

XT Primer

3M Unitek USA Bis-GMA, silano, n-dimetilbenzocaína,

hexa-flúor-fosfato

34

Figura 1: Resinas utilizadas e seus adesivos correspondentes.

4.1.2 Materiais complementares

Para preparo da amostra e realização dos ensaios experimentais utilizaram-

se os materiais complementares apresentados a seguir:

� 70 Braquetes ortodônticos para pré-molares superiores, da técnica de

Edgewise, marca TP Orthodontics;

� Cano de PVC de ¾ de polegada (Tigre, Brasil);

� Solução de cloreto de sódio 0,9%;

� Água destilada;

� Taça de borracha;

� Pedra Pomes;

� Ácido fosfórico 37%, acid gel (Villevie);

� Pincel microbrush para aplicação de adesivo dentinário – Points (SDI

Limited, Victoria, Austrália);

35

� Resina acrílica ativada quimicamente Orthoclass (Artigos Odontológicos

Clássico Ltda., São Paulo-SP, Brasil);

� Máquina de Ensaios Mecânicos Kratos, modelo K2000;

� Fonte de luz à base de lâmpada halógena - aparelho Optilux II (Gnatus

Equipamentos Médico-Odontológicos Ltda, Ribeirão Preto – SP, Brasil).

36

4.2 Métodos

Os dentes pré-molares que foram usados neste estudo foram seccionados

transversalmente com uma broca multilaminada em alta-rotação e ampla

refrigeração com spray de água, para serem inseridos um a um em segmentos de

cano de PVC cortados por um torno em anéis com aproximadamente 1 cm cada.

Foram fixados com resina acrílica autopolimerizável, onde somente a sua face

vestibular ficou exposta (Figura 2), sendo novamente armazenados em água

destilada.

Figura 2: corpo de prova

Para a realização da colagem dos braquetes, primeiramente os dentes foram

submetidos à profilaxia com pedra pomes e água, por 10 s., e em seguida lavados

com jato de água para total remoção da pasta de pedra pomes (Figuras 3 e 4).

Figura 3: Profilaxia com pedra pomes e água.

37

Figura 4: remoção da pedra pomes

Todos os dentes sofreram condicionamento com ácido fosfórico em

concentração de 37%, durante 30 segundos. Decorrido este prazo, o ácido foi

removido com jato de água e ar abundante, e secos com ar comprimido livre de

impurezas, adquirindo um aspecto esbranquiçado e opaco no local da superfície

dentária a ser realizado o procedimento de colagem.

Os produtos adesivos e resinosos foram manipulados de acordo com as

instruções dos fabricantes, seguindo rigorosamente os passos descritos para cada

material. Em seguida foram aplicados às bases dos braquetes de forma a recobri-las

totalmente e de maneira uniforme. Cada braquete foi posicionado e pressionado

junto ao terço médio das coroas dentárias, centralizado no sentido mésio-distal e

paralelo ao longo eixo da coroa. O excesso de material ao redor do dispositivo foi

removido com o uso de uma sonda exploradora.

Uma vez que os sistemas de união utilizados são todos fotoativados, uma

fonte de luz visível à base de lâmpada halógena - aparelho Optilux II (Gnatus

Equipamentos Médico-Odontológicos Ltda, Ribeirão Preto – SP, Brasil) devidamente

calibrada para gerar potência necessária para polimerizar a resina (Figura 5), foi

utilizada a uma distância de 5 mm da superfície vestibular das coroas, nas regiões

38

cervical e incisal de cada braquete, com duração de 20 segundos por região, num

total de 40 segundos por braquete (Figura 6).

Figura 5: Conferência da calibragem da fonte de luz

Figura 6: Polimerização da resina

Em seguida ao procedimento de colagem, os corpos de prova foram

colocados em recipiente fechado contendo água destilada em temperatura

ambiente, por um período de 7 dias, e após este período foram submetidos aos

testes de cisalhamento.

39

Todos os procedimentos foram realizados pelo mesmo operador e no mesmo

local.

A máquina de ensaios mecânicos utilizada para realização dos testes foi da

marca Kratos (Figura 7), pertencente ao Departamento de Biomateriais da

Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. O teste de cisalhamento

foi realizado por compressão de uma lâmina metálica adaptada ao braço móvel da

máquina de ensaio (Figura 8) que gerava uma pressão perpendicular à linha de

adesão entre braquete e dente. Foi utilizada uma célula de carga de 50kgf, a uma

velocidade de 0,5 mm por minuto, até o deslocamento completo do dispositivo da

superfície dentária.

40

Figura 7: Máquina utilizada para realização dos testes, marca Kratos.

41

Figura 8: compressão da lâmina metálica ao braquete.

Os dados referentes à força de cisalhamento de cada corpo de prova foram

fornecidos pela máquina de ensaios, de forma computadorizada. Estes dados foram

então transportados para uma planilha no programa Excel e, em seguida, analisados

por um estatístico e apresentados em forma de tabelas e ou gráficos.

Para se buscar uma análise específica dos dados, a comparação entre os

grupos foi ajustada em um modelo de Análise de Variância com um fator. Em

seguida foi aplicado o teste de Tukey para comparações múltiplas.

O software estatístico utilizado foi o Stata 8.0. O nível de significância adotado

nos testes foi de 5%.

42

5. RESULTADOS

43

5 Resultados

O objetivo dos resultados encontrados foi de se obter conclusões a partir dos

valores de resistência ao cisalhamento de cada grupo de resinas. Os valores foram

apresentados em Megapascal (MPa) com a finalidade de fornecer valores em

pressão, individualizando a força aplicada sobre uma área específica em mm²,

anulando-se então a variável referente a área da base de cada braquete . O uso de

MPa teve por objetivo possibilitar a comparação dos resultados com outros já

publicados na literatura (NKENKE et al., 1997; ASHCRAFT, STANLEY e JAKOBSEN

1997; CACCIAFESTA et al., 1998; SOUZA, FRANCISCONI e ARAÚJO, 1999;

FRANCISCONI et al., 2000; CORRER SOBRINHO et al., 2001; CORRER

SOBRINHO et al., 2002; VASQUES et al., 2005; MONDELLI e FREITAS, 2007;

TORTAMANO et al., 2007)

A Tabela 1 mostra valores média, mínimos e máximos de força de

cisalhamento em MPa para cada um dos 5 grupos estudados. O grupo 3 apresentou

a maior força média de 17,70 MPa (dp = +/-4,68), seguido do grupo 5, com força

média de 17,15 MPa (dp = +/-3,18). O grupo com menor força média foi o 4, com

13,91 MPa (dp = +/-3,88).

44

Tabela 1- Valores média,mínimo e máximo de força de cisalhamento.

Força de ensaio de cisalhamento (MPa)

Grupo n média dp mínimo máximo

Grupo 1 – Charisma 14 14,86 2,67 10,58 18,94

Grupo 2 – Tetric Ceram 14 15,16 3,34 11,09 23,54

Grupo 3 – TPH Spectrum 14 17,70 4,68 8,02 25,59

Grupo 4 – Z100 14 13,91 3,88 5,89 19,45

Grupo 5 – Transbond XT 14 17,15 3,18 10,41 22,09

Na Figura 9 estão apresentados os gráficos de caixa para a força de ensaio

de cisalhamento segundo os grupos. Observa-se que os grupos 1 e 2 apresentam

menor dispersão e, embora o grupo 3 apresente maior mediana (e também maior

média), é o que possui maior dispersão.

510

15

20

25

MPa

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5

Força de ensaio de cisalhamento

Figura 9- Gráficos de Caixa para a força de cisalhamento segundo os grupos de interesse.

45

O Histograma da força de cisalhamento é apresentado na Figura 10 (para

todos os 70 elementos da amostra). Foi aplicado o teste de normalidade de Shapiro-

Wilks para verificar a hipótese de normalidade dos dados. O valor p encontrado foi

0,9956, portanto, não há evidências para se rejeitar a hipótese de que as medidas

de força de cisalhamento venham de uma distribuição normal.

05

10

15

20

Frequê

ncia

5 10 15 20 25MPa

Teste de normalidade de Shapiro-Wilks - valor p = 0,9956

Força de ensaio de cisalhamento

Figura 10 - Histograma para a força de cisalhamento

Uma vez que a suposição de normalidade dos dados é satisfeita, pôde-se

ajustar, então, um modelo de Análise de Variância (Anova) com um único fator . Os

resultados do ajuste do modelo são apresentados na Tabela 2. O valor p do teste f

foi de 0,031, portanto, o fator grupo mostrou-se significativo. Foi aplicado então o

teste de Tukey de comparações múltiplas para avaliar entre quais grupo há diferença

significativa. O nível de significância adotado pelo teste foi de 5%

46

Tabela 2- Anova para a força de cisalhamento e o fator grupo.

Os resultados dos testes de Tukey são mostrados na Tabela 3. Não

houve diferença significativa entre os grupos, ao nível de 5%.

Tabela 3- Resultado do teste de comparações múltiplas.

Teste de Tukey comparação diferença valor p

Grupo 1 x Grupo 2 0,00 1,0000

Grupo 1 x Grupo 3 2,83 0,2468

Grupo 1 x Grupo 4 -0,95 0,9570

Grupo 1 x Grupo 5 2,29 0,4608

Grupo 2 x Grupo 3 2,83 0,2478

Grupo 2 x Grupo 4 -0,95 0,9565

Grupo 2 x Grupo 5 2,28 0,4621

Grupo 3 x Grupo 4 -3,78 0,0558

Grupo 3 x Grupo 5 -0,55 0,9945

Grupo 4 x Grupo 5 3,24 0,1391

Variável Estatística

F valor p

grupo 2,84 0,031

47

6. DISCUSSÃO

48

6 Discussão

A busca incansável pela qualidade transporta as pesquisas no campo

odontológico para o ambiente de consultório com uma rapidez impressionante,

sempre buscando um trabalho melhor e mais preciso, com diminuição de uma

variável cada vez mais escassa, o tempo. Na Ortodontia um material imprescindível

para um trabalho adequado em um espaço de tempo menor é o adesivo empregado

na colagem. Eventuais falhas na colagem ou acessórios ortodônticos descolados

causam perda da eficiência na movimentação dentária, além de acarretar em

prejuízo de tempo e econômico ao ortodontista (BISHARA et al., 2000).

Após a introdução, por Buonocore (1955), do condicionamento ácido da

superfície do esmalte, a Ortodontia como especialidade teve um avanço clínico

significativo, uma vez substituiu a bandagem de todos os dentes pela colagem direta

dos acessórios ortodônticos. Este avanço representou maior conforto e menor

prejuízo estético ao paciente, além de proporcionar significativa redução no tempo

de montagem dos aparelhos ortodônticos (MIURA; NAKAGAWA e MASUHARA,

1971). Para Newman (1971) a colagem direta de braquetes tem como vantagens a

menor descalcificação do esmalte, menor irritação dos tecidos moles, não

diminuição do comprimento do arco devido ao espaço requerido pelas bandas, e

melhora da estética.

Apesar da ampla gama de trabalhos sobre os diferentes aspectos pertinentes

a colagem direta de acessórios ortodônticos, há escassa literatura sobre o uso de

resinas restauradoras para estas colagens (Correr Sobrinho et al.(2002); Mondelli e

Freitas (2007)), criando uma dificuldade para comparação de resultados. Diante

disso, e da possibilidade de empregar produtos ainda pouco conhecidos em

49

Ortodontia, optou-se pela realização deste estudo, onde se aborda a discussão e

comparação de pesquisas pertinentes ao assunto.

Uma vez que a composição básica das resinas específicas para Ortodontia se

assemelha com o encontrado nas resinas restauradoras, acreditou-se neste estudo

que estas poderiam apresentar reais condições de serem utilizadas em Ortodontia,

satisfazendo os valores mínimos aceitáveis a resistência ao cisalhamento de

dispositivos ortodônticos, que de acordo com Reynolds (1975), devem ser entre 5,8

MPa e 7,8 MPa, justificando a realização do mesmo. Os resultados encontrados

confirmaram esta expectativa para todas as resinas aqui avaliadas.

O mercado apresenta inúmeros sistemas adesivos consagrados com

finalidade ortodôntica, a escolha do sistema adesivo ortodôntico, Transbond XT,

para grupo controle, se alicerçou em vários estudos que comprovaram sua eficácia e

preferência no meio ortodôntico, não deixando dúvidas para uma utilização segura

nas colagens (WANG e MENG, 1993; SOUZA, FRANCISCONI e ARAÚJO, 1999;

CORRER SOBRINHO et al., 2001; VASQUES et al., 2005; MONDELLI e FREITAS,

2007; ONOFRE et al., 2007; TORTAMANO et al., 2007; PHITON et al.,2007).

De acordo com Newman (1965), quanto maior a área da base do acessório,

maior será a força necessária para descolá-lo do esmalte dentário. Para se evitar

distorções nos resultados, utilizou-se neste trabalho 70 braquetes ortodônticos

iguais, todos para pré-molares superiores da técnica de Edgewise, marca TP

Orthodontics.

Evans e Powers (1985) relataram que houve uma diminuição gradativa na

força de adesão das resinas, à medida que se aumentou a espessura dos

compósitos sob os dispositivos, considerando o relato dos autores, tivemos o

50

cuidado de fazer nas colagens um controle para evitar tais excessos, pressionando

com força excessiva os braquetes contra a superfície dental.

Greenlaw, Way e Galil (1989) recomendam que a aplicação das forças seja

feita 30 horas após a polimerização, pois atingiram valores 4 vezes superiores à

aquelas iniciadas na primeira hora. Já Odegaard (1990) e Franciscone et al. (2000)

mantiveram os corpos de prova por 24 horas em água destilada antes de submetê-

los ao cisalhamento. Neste trabalho os corpos de prova foram mantidos em aguá

destilada por 7 dias antes dos teste de cisalhamento, visando além da obtenção da

força de retenção definitiva obtida pela colagem do braquete, também a total

hidratação dos materiais envolvidos no experimento.

Segundo Santos (2005) a apresentação das grandezas em Megapascal

(MPa) tem o objetivo de fornecer valores de pressão, onde se individualizou a força

aplicada sobre uma determinada área em mm². A conversão das unidades se deve

ao fato de poder fazer uma comparação com os dados encontrados mais

comumente na literatura. Ao medir a pressão por mm², elimina-se a diferença entre a

área da base de tipos diferentes de braquetes. No mesmo trabalho, o autor fez uma

comparação entre aparelhos de fotoativação, onde concluiu que os aparelhos de luz

halógena eram mais efetivos que os LEDs quando utilizados com um tempo menor

de exposição (20s). Já Onofre et al. (2007) concluiíram que os aparelhos de LED

com 15 segundos de ativação se equivalem aos de luz halógena com ativação de 40

segundos. Para não gerar dúvidas, e como os aparehos de luz halógena são mais

citados na literatura, comprovando sua eficiência, optou-se neste trabalho por utilizá-

los com tempo de 40 segundos de polimerização.

Após o teste de cisalhamento, a conversão dos valores para MPa e

comparação com o grupo controle (Transbond XT), notou-se que o comportamento

51

dos grupos foi estatisticamente semelhante e sempre superior aos valores mínimos

necessários, habilitando todas as resinas avaliadas ao uso na colagem em

Ortodontia. Os valores médios da força de resistência ao cisalhamento variaram

entre 13,91 MPa (Grupo 4 – Z100) e 17,7 MPa (Grupo 3 – TPH Spectrum), porém os

grupos extremos também foram os que apresentaram maior dispersão dos dados,

favorecendo a ausência de diferença estatística entre os resultados.

Souza, Francisconi e Araújo (1999) em estudo com 5 cimentos utilizados em

Ortodontia, obtiveram após o cisalhamento a média de 19,93 MPa para a resina

Transbond XT, bem diferente dos resultados obtidos por Correr Sobrinho et al.

(2001) onde para a mesma resina se obteve a média de 7,33 MPa. Vasques (2005)

utizando 5 marcas comerciais de braquetes dentre elas TP Orthodontics, a mesma

usada neste trabalho, associada ao adesivo ortodôntico Transbond XT, após o

cisalhamento obteve para este grupo a média de 10,72 MPa, aceitável para

colagem, porém, menor do que a encontrada neste trabalho (17,15 MPa), para a

mesma combinação do braquete e adesivo.

O grupo 3 apresentou o maior valor individual de resistência ao cisalhamento

de um braquete (25,59 MPa). Considerando-se que para satisfazer os valores

mínimos aceitáveis à resistência ao cisalhamento de dispositivos ortodônticos,

buscam-se valores superiores a referência entre 5,8 MPa e 7,8 MPa, pode-se

afirmar que todas as resinas testadas atenderam tal necessidade. Mesmo os grupos

3 e 4, que apresentaram os menores valores mínimos individuais, 5,89 MPa e 8,02

MPa respectivamente, podem ser seguramente indicados para colagem de

dispositivos ortodônticos.

Correr Sobrinho et al. (2001), em um estudo comparativo com diversos

sistemas, usaram a resina restauradora Z100, comparando-a com Transbond XT.

52

Ao teste de cisalhamento concluíram que a Transbond XT apresentou valores de

cisalhamento maiores (7,33 MPa), quando comparados com a Z100 (6,16 MPa),

porém sem apresentarem diferenças estatísticas. Apesar da diferença na

intensidade dos valores, provavelmente devido a diferentes métodos de aplicação

dos ensaios de cisalhamento, os resultados aqui encontrados mostraram a mesma

semelhança estatística encontrada entre a resina Transbond XT e outras resinas

restauradoras. A concordância entre os valores de Correr Sobrinho et al. (2001) e os

aqui encontrados não encontra semelhança aos resultados de Vanzelli (2008), ao

avaliar a resina Charisma em comparação a outro sistema de resina específico para

Ortodontia - Enlight. Pode-se observar que o experimento de Vanzelli (2008) utilizou

outro adesivo (Single Bond), e não o indicado pelo fabricante da resina Charisma,

enquanto no grupo da resina Enlight foi utilizado o adesivo Ortho Solo.

Em outro estudo, Correr Sobrinho et al.(2002) fizeram nova citação do

emprego adequado da resina Z100, usando-a em colagens ortodônticas com

sucesso. O trabalho de Mondelli e Freitas (2007), teve como uma das resinas

testadas a Z250. Odegaard e Segner (1990) relataram que no início da pesquisa,

devido à falta de adesivos fotoativados específicos para colagem, utilizaram resinas

restauradoras, obtendo resultados satisfatórios. Os autores sinalizaram em direção

da possibilidade do uso de resinas restauradoras na colagem ortodôntica, de modo

concordante com os resultados aqui verificados.

Os desvios padrão encontrados neste trabalho variaram entre 2,67 e 4,68

sugerindo certo equilíbrio entre os grupos e mostrando maior confiabilidade na

padronização dos métodos empregados. Este trabalho observou valores médios de

resistência algumas vezes maiores que os necessários para uma boa colagem, sem,

no entanto apresentar significância estatística entre eles. Para a obtenção destes

53

valores precisa-se ser criterioso na técnica operatória, respeitando as instruções e

recomendações dos fabricantes de cada material empregado.

O grupo 3 (TPH Spectrum) apesar de apresentar a maior força média (17,70

MPa), foi o grupo que mostrou maior divergência de resultados intra grupos (8,02

MPa e 25,59 MPa). Se for considerado que valores muito altos podem dificultar a

futura remoção do braquete, enquanto valores menores podem favorecer a queda

eventual de acessórios, dentre estas resinas avaliadas, que estão aptas ao emprego

em Ortodontia, um parâmetro de escolha do material pode ser representado

justamente por resultados intra-grupo mais homogêneos. Forças suficientes e

semelhantes entre os diversos braquetes colados por um determinado adesivo é um

aspecto favorável a rotina da clínica ortodôntica. O grupo 1, apesar de apresentar a

segunda menor média (14,86 MPa), mostrou a menor diferença entre seus valores

de dispersão (mínimo de 10,58 MPa e máximo de 18,94 MPa), representando neste

aspecto uma boa escolha clínica na Ortodontia. Convém ressaltar que existem

outros diversos fatores que influenciam o profissional na seleção do material de

colagem a ser usado, como custo, facilidade de aquisição, experiência no manuseio,

consistência de trabalho, entre outras. Este trabalho avaliou apenas um aspecto

destes sistemas adesivos, a resistência ao cisalhamento, onde todos os grupos

apresentaram comportamento semelhante estatisticamente e compatível com sua

aplicação do ponto de vista clínico.

54

7. CONCLUSÕES

55

7 Conclusões

Baseando-se na metodologia adotada neste estudo e de acordo com os

resultados obtidos, concluiu-se que:

7.1 Todas as quatro resinas restauradoras avaliadas apresentaram forças

de cisalhamento estatisticamente semelhantes entre si, e compatíveis com sua

aplicação na colagem de acessórios ortodônticos.

7.2 Todas as quatro resinas restauradoras testadas apresentaram

resistência ao cisalhamento estatisticamente compatível com a força apresentada

por um sistema adesivo ortodôntico consagrado no mercado.

56

8. REFERÊNCIAS

57

REFERÊNCIAS1

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ANEXOS

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