estudo comparativo das ediÇÕes do livro vaga … · vigília do senhor morto viagem ... serenata...

67
RENATA CARNEIRO LOPES (orientanda) ANA MARIA DOMINGUES DE OLIVEIRA (orientadora) ESTUDO COMPARATIVO DAS EDIÇÕES DO LIVRO VAGA MÚSICA DE CECÍLIA MEIRELES Relatório Parcial de pesquisa de Iniciação Científica apresentado à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP. 2004

Upload: vantram

Post on 09-Nov-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

RENATA CARNEIRO LOPES (orientanda)

ANA MARIA DOMINGUES DE OLIVEIRA

(orientadora)

ESTUDO COMPARATIVO DAS EDIÇÕES DO LIVRO VAGA MÚSICA DE CECÍLIA MEIRELES

Relatório Parcial de pesquisa de Iniciação Científica apresentado à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP.

2004

2

Este relatório tem como objetivo a finalização do estudo comparativo da obra Vaga

Música de Cecília Meireles, que teve início em agosto de 2001 e se finda em dezembro de

2003. Neste período foi realizado exaustivo processo comparativo entre todas as edições da

obra, abrangendo todas as variantes textuais existentes. Neste relatório estão todos os

resultados da pesquisa, uma breve análise das variantes de cada poema e um ensaio acerca

da obra de Cecília Meireles e em especial da obra Vaga Música.

O material analisado no decorrer de toda a pesquisa está enumerado abaixo, de

acordo com a edição:

A) Vaga Música, Rio de Janeiro: Pongetti, 1942 (obra avulsa).

B) Vaga Música, Obra poética, Rio de Janeiro: José Aguilar, 1958 (edição conjunta).

C) Vaga Música, Obra poética, Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967 (edição conjunta).

D) Vaga Música, Obra poética, Rio de Janeiro: José Aguilar, 1972 (edição conjunta).

E) Vaga Música, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1973 (edição conjunta com a obra

Viagem).

F) Vaga Música, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982 (edição conjunta com a obra

Viagem)

G) Vaga Música, Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994 (edição conjunta)

H) Vaga Música, Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001 (edição conjunta)

As oito edições que foram pesquisadas são referenciadas através de letras para

melhor visualizar as respectivas variantes:

A) edição de 1942

B) edição de 1958

C) edição de 1967

D) edição de 1972

E) edição de 1973

F) edição de 1982

3

G) edição de 1994

H) edição de 2001

A pesquisa consistiu, como já foi dito, em analisar, verso por verso, estrofe por

estrofe, cada poema em suas respectivas edições, detectando as variantes que abaixo

citaremos. Lembramos que o termo variante aplica-se a qualquer modificação ou inovação

no texto. Cada variante foi identificada e anotada logo após a transcrição do poema

estudado e logo em seguida as mesmas foram analisadas e comentadas.

Fizemos um levantamento de todos os títulos da obra, os do índice e os do corpo do

livro, e assim pudemos detectar quais eram as variantes referentes aos títulos dos poemas.

Esta relação de títulos baseou-se na primeira edição de 1942, que possui o total de 102

poemas. Apenas um título não foi transcrito de acordo com a edição base: “Mexican list and

tourist”, que não se encontra completo na primeira edição, como veremos logo abaixo. Uma

outra observação é o caso do título “Rimance partido”, existente apenas na primeira edição,

1942, variante que será melhor explicada em Características e Variações dos Títulos nos

Índices.

Os títulos dos poemas da obra Vaga música são:

Ritmo

Epitáfio da Navegadora

O rei do mar

Mar em redor

Pequena canção da onda

Canção da menina antiga

Regresso

Epigrama

Agosto

Música

Canção excêntrica

Canção quase inquieta

4

Vigília do senhor morto

Viagem

Epigrama do espelho infiel

Exílio

Canção do caminho

O Ressuscitante

Recordação

Inscrição na areia

Canções do mundo acabado

Canção quase melancólica

A doce canção

A mulher e a tarde

Canção de alta noite

Partida

Em voz baixa

Canção suspirada

Lembrança rural

Descrição

Velho estilo

Velho estilo

Canção mínima

A vizinha canta

Pequena canção

Cançãozinha de ninar

Embalo

Ponte

Visitante

Gaita de lata

Despedida

Tardio canto

5

Cantiga do véu fatal

Pergunta

Serenata ao menino do hospital

Aluna

Pequena flor

Memória

Mau sonho

Retrato falante

Canção nas águas

Ida e volta em Portugal

Solilóquio do novo Otelo

Rimance partido

A Dona contrariada

Modinha

Canção a caminho do céu

Epigrama

Idílio

Soledad

Canção do carreiro

Interlúdio

Domingo de feira

Mexican list

Canção da tarde no campo

Madrigal da sombra

Passam anjos

Campos verdes

Para uma cigarra

Encomenda

Confissão

Naufrágio antigo

6

Explicação

Romancinho

Rosto perdido

Elegia

Reinvenção

Canção do deserto

Lua adversa

Canção para remar

Chorinho

Monólogo

Fantasma

Panorama

Da bela adormecida

Itinerário

Canção dos três barcos

Eco

Imagem

Cantiguinha

Roda de junho

Rimance

Deus dança

Despedida

Trabalhos da terra

Amém

Narrativa

Alucinação

A amiga deixada

A mulher e o seu menino

Oráculo

7

VARIAÇÕES DOS TÍTULOS NOS ÍNDICES

Edição de 1942

Uma peculiaridade encontrada nessa edição é a existência de uma errata

considerando um erro existente no poema "Pequena Flor", que se encontra na página 84. A

errata constitui-se num pedaço de papel localizado entre as páginas 84 e 85 e contém a

seguinte informação: “Na página 84, onde se lê: ‘Na sêde frágil’, leia -se: ‘Na sêda frágil’.”

Esta foi uma variante detectada pelo editor antes de finalizar e comerciar o livro.

Como já fora dito anteriormente, a constatação das variantes foi feita a partir da

primeira edição e não baseada totalmente nela, pois esta também apresenta algumas

imperfeições. A título de exemplo, encontramos uma variação importante: no índice estão

arrolados 102 títulos de poemas, enquanto nas demais edições são apenas 101. O título

presente no índice desta edição e omitido nas demais é “Rimance Partido”. Pelas razões que

enumeraremos logo a seguir, cremos que o poema foi integrado ao poema anterior

“Solilóquio do novo Otelo”, como sendo sua segunda parte. A primeira razão que nos levou

a essa conclusão é o fato de a primeira letra da suposta segunda parte de “So lilóquio do

novo Otelo” ser capitular, característica própria dos inícios dos poemas desta edição. Além

disso, não há continuidade no tema entre a primeira e a suposta segunda parte de

“Solilóquio do novo Otelo”. Um descuido e um pouco de falta de atenção da editora, no

momento da revisão, podem ter acarretado esse problema, bastante significativo, já que

acarretou essa imperfeição em todas as demais edições da obra, nas quais o poema

“Rimance partido” sequer existe: é considerado apenas como a continuação do poema

anterior.

Outra variante identificada no índice é o título incompleto do poema que, nas

edições subseqüentes, é nomeado “Mexican list and tourists”. No índice da edição de 1942,

o título é apenas “Mexican list”. No corpo da obra, entretanto, o poe ma aparece com o

título completo: “Mexican list and tourists”. Nas demais edições, o título está completo seja

nos índices seja no corpo da obra.

8

No caso do poema “Canção mínima”, o título, no índice, permanece como citado.

No corpo da obra, entretanto, o poema recebe somente o nome de “Canção”. A partir dos

estudos realizados e da comparação das edições analisadas, supomos que o título mais

adequado seja “Canção mínima” e não “Canção”.

Edição de 1972

A variante detectada nesta edição foi a do poema “ Idílio”, que, embora no índice

apareça como “Edílio”, no corpo do livro aparece corretamente como “Idílio”.

Nas demais edições não foi detectada nenhuma variante no título do índice nem do

corpo dos poemas.

9

AS VARIANTES

A seguir, temos a transcrição dos poemas completos, juntamente com as letras

representantes das edições em que foram detectadas as variantes textuais. O livro foi

transcrito já com as alterações do que acreditamos ser a versão mais fiel da pretendida pela

autora. Foi realizado um pequeno estudo acerca da obra geral de Cecília, a fim de estarmos

mais próximos da sua literatura, da sua maneira de escrever. Baseando-nos neste estudo e

na obra Vaga Música como um todo, utilizamos critérios que julgamos seguros para a nossa

escolha da versão mais correta de cada poema. Procuramos adotar a versão mais adequada

ao poema e coerente com a estética utilizada pela poetisa.

Para este relatório, que é a finalização da pesquisa da obra Vaga Música, temos a

transcrição do poema na íntegra de acordo com o que concordamos que seja a versão

definitiva da poetisa, em seguida as suas variantes textuais e uma pequena análise das

mesmas.

Tomamos o cuidado de iniciar cada poema em página nova. As estrofes longas que

se dividiriam em duas, devido à mudança de página, também foram iniciadas em página

nova, evitando assim, confusões e julgamentos imprecisos acerca da estrofação.

10

VAGA MÚSICA

MAR EM REDOR

3ª estrofe

Soltei meus anéis nos aléns da saudade.

Entre algas e peixes vou flutuando a noite inteira.

Almas de todos os afogados

Chamam para diversos lados

Esta singular companheira.

Edições :

A) o poema possui 3 estrofes

B) o poema possui 3 estrofes

C) o poema possui 3 estrofes

D) o poema possui 3 estrofes

E) o poema possui 3 estrofes

G) o poema possui 3 estrofes

H) o poema possui 3 estrofes

Soltei meus anéis nos aléns da saudade.

Entre algas e peixes vou flutuando a noite inteira.

Almas de todos os afogados

Chamam para diversos lados

Esta singular companheira.

Edição :

F) o poema possui 4 estrofes, pois a estrofe nº 3 se divide em duas.

11

O que ocorre neste poema é uma alteração de transcrição da terceira estrofe. A

variante ocorre na edição F, pois nela a terceira estrofe é dividida em duas, fazendo com

que o poema seja composto por quatro estrofes e não por três, como nas demais edições.

A melhor opção para este poema é o mesmo se constituir por três estrofes, ou seja,

a última estrofe não se dividiria em duas, já que a autora fez rimas em todas as estrofes, a

última não seria exceção no poema:

1ª - conchas sonoras - areia das horas

2ª - ficaste e partiste - num oceano triste

3ª - noite inteira - singular companheira

EPIGRAMA

2ª estrofe

só meu sofrimento me instrui,

quando me recordo de mim.

Edições :

A) a segunda estrofe é formada por dois versos

B) a segunda estrofe é formada por dois versos

C) a segunda estrofe é formada por dois versos

D) a segunda estrofe é formada por dois versos

E) a segunda estrofe é formada por dois versos

F) a segunda estrofe é formada por dois versos

H) a segunda estrofe é formada por dois versos

só meu sofrimento me

instrui,

quando me recordo de mim.

12

Edição:

G) a segunda estrofe é formada por três versos

A variante deste poema também é uma alteração de estrofação. Como observamos

acima, a segunda estrofe, que é integrada por dois versos, na edição F é integrada por três

versos. Como as outras estrofes são formadas por dois versos, consideramos que, em nome

da regularidade, o correto seria que todas as estrofes tivessem apenas dois versos.

AGOSTO

1º verso da 2ª estrofe

A) sopra, vento, sopra vento,

B) sopra, vento, sopra, vento,

C) sopra, vento, sopra, vento,

D) sopra, vento, sopra, vento,

E) sopra, vento, sopra vento,

F) sopra, vento, sopra vento,

G) sopra, vento, sopra, vento,

H) sopra, vento, sopra, vento,

Neste caso observamos uma variação na pontuação do texto, especificamente, uma

supressão de vírgula. As edições A, E e F não apresentam vírgula no primeiro verso da

primeira estrofe, enquanto as demais edições apresentam. Acreditamos que a melhor versão

seria: “ sopra, vento, sopra, vento, “, já que o vento é um vocativo na frase, e deve vir entre

vírgulas.

3º verso da 1ª estrofe

A) passa por sobre o meu rosto

B) passa por sobre o meu rosto

C) passa por sobre o meu rosto

D) passa por sobre meu rosto

13

E) passa por sobre o meu rosto

F) passa por sobre o meu rosto

G) passa por sobre meu rosto

H) passa por sobre meu rosto

Neste verso observamos outro caso de supressão: nas edições D, G e H a vogal o é

suprimida do terceiro verso da primeira estrofe. Concluímos que a melhor opção seria que

este verso conservasse a vogal, já que o verso seguinte também é formado pela mesma

estrutura : “...e sobre o meu pensamento...”

CANÇÃO EXCÊNTRICA

7º verso da 3ª estrofe

A) – saudosa do que não faço,

B) – saudosa do que não faço,

C) – saudosa do que não faço,

D) – saudosa do que não faço,

E) – saudosa do que não faço,

F) – saudosa do que não faço,

G) – saudosa do que não faço,

H) – saudosa do que não faço

Neste poema ocorre a alteração de pontuação, especificamente uma supressão de

vírgula. Na edição H, o sétimo verso da terceira estrofe perde a pausa final para o próximo

verso. Acreditamos que a melhor opção seria a utilização da vírgula, sendo que as demais

edições e principalmente a primeira, por a base da pesquisa, conservam a vírgula no final do

verso.

14

CANÇÃO QUASE INQUIETA

4ª e 5ª estrofes

Se existe a tua Figura,

se és o Sentido do Mundo,

deixo-me, fujo por ti,

nunca mais quero ser minha!

(Mas, neste espelho, no fundo

desta fria luz marinha,

como dois baços peixes,

nadam meus olhos à minha procura...

Ando contigo – e sozinha.

Vivo longe – e acham-me aqui...)

Edições:

A) 4ª e 5ª estrofes separadas (total de 7 no poema)

B) 4ª e 5ª estrofes separadas (total de 7 no poema)

C) 4ª e 5ª estrofes separadas (total de 7 no poema)

D) 4ª e 5ª estrofes separadas (total de 7 no poema)

E) 4ª e 5ª estrofes separadas (total de 7 no poema)

F) 4ª e 5ª estrofes separadas (total de 7 no poema)

G) 4ª e 5ª estrofes separadas (total de 7 no poema)

Se existe a tua Figura,

se és o Sentido do Mundo,

deixo-me, fujo por ti,

nunca mais quero ser minha!

(Mas, neste espelho, no fundo

desta fria luz marinha,

15

como dois baços peixes,

nadam meus olhos à minha procura...

Ando contigo – e sozinha.

Vivo longe – e acham-me aqui...)

Edição:

H) 5ª e 6ª estrofes unidas (total de 6 no poema)

Neste poema há a ocorrência de uma alteração de estrofe. Na edição H a quarta e

quinta estrofes se unem formando uma só estrofe, o que prejudica a estética do poema. As

demais estrofes são curtas, portanto concluímos que o melhor seria a conservação da estrofe

separada, ou seja, o poema sendo formado por sete estrofes curtas, mantendo assim uma

certa regularidade no poema.

2ª verso da 1ª estrofe

A) e do outro a vaga incerta,

B) e do outro a vaga incerta,

C) e do outro a vaga incerta,

D) e do outro a vaga incerta,

E) e do outro a vaga incerta,

F) e do outro a vaga incerta,

G) e do outro a vaga incerta,

H) e do outro, a vaga incerta,

Neste verso observamos a supressão de uma vírgula no segundo verso da primeira

estrofe. A edição H incluiu a vírgula que inexistia nas demais edições da obra. Optamos por

conservar a vírgula, já que, no verso anterior a estrutura é idêntica ao verso em questão e

utiliza-se a devida pontuação: “.. . De um lado, a eterna estrela,”

16

VIGÍLIA DO SENHOR MORTO

6ª estrofe

Sangue que tiveste, por perdidas cenas

derramou-se, longe, e é pó do pó sem glória,

preso no destino das coisas terrena.

Edições:

A) total de 9 estrofes

B) total de 9 estrofes

C) total de 9 estrofes

D) total de 9 estrofes

E) total de 9 estrofes

G) total de 9 estrofes

H) total de 9 estrofes

Sangue que tiveste, por perdidas cenas

derramou-se, longe, e é pó do pó sem glória,

preso no destino das coisa terrena.

Edição:

F) a 6ª estrofe se divide em duas.(Total de 10 estrofes)

Aqui a variante encontrada é uma alteração de estrofe. Na edição F, a sexta estrofe

divide-se em duas, fazendo com o poema seja composto por dez estrofes e não por nove

como nas demais edições.

Se bem observarmos a frase : “ Sangue que tivesse por perdidas cenas”, notaremos

que esta precisa ser complementada por um conteúdo que esteja dentro da mesma estrofe.

De acordo com a estética do poema, a maioria das estrofes é composta por três versos e

17

somente o penúltimo por um verso, portanto a melhor opção dentro da proposta do poema

seria a estrofe permanecer conforme o restante, ou seja, a estrofe permanece unida e o

poema se conserva com nove estrofes.

2º verso da 2ª estrofe

A) como vim de longe, teimando com a terra,

B) como vim de longe, teimando com a terra,

C) como vim de longe, teimando com a terra,

D) como vim de longe, teimando com a terra,

E) como vim de longe, teimando com a terra

F) como vim de longe, teimando com a terra

G) como vim de longe, teimando com a terra,

H) como vim de longe, teimando com a terra,

Neste verso tem-se a supressão de vírgula, no segundo verso da segunda estrofe nas

edições E e F. A melhor opção neste caso seria a conservação da vírgula, seguindo assim a

proposta de utilização da primeira edição da obra como base da pesquisa.

O RESSUSCITANTE

2º verso da 1ª estrofe

A) meu rosto, meu flanco,

B) meu rosto, meu flanco,

C) meu rosto, meu flanco,

D) meu rosto, meu flanco,

E) meu rosto, meu flanco,

F) meu rosto, meu flanco,

G) meu rosto, meu flanco,

H) meu rosto, meu flanco

18

Neste poema observamos a supressão de vírgula no segundo verso da primeira

estrofe na edição H. De acordo com o restante das edições, a vírgula aparece após “meu

flanco,” sendo, assim o correto seria seguir conforme o já estabelecido, em comum, pelas

demais.

2º verso da 2ª estrofe

A) por minhas olheiras,

B) por minhas olheiras,

C) por minhas olheiras,

D) por minhas olheiras,

E) por minhas olheiras,

F) por minhas olheiras,

G) por minhas olheiras,

H) por minhas olheiras

Neste verso observamos a mesma situação de variante observada na estrofe acima,

assim, estabelecendo uma regularidade entre as estrofes, a opção mais correta seria a

conservação da vírgula: “por minhas olheiras,”

3º verso da 3ª estrofe

A) E hoje visto nuvens

B) E hoje visto nuvens

C) E hoje visto nuvens

D) E hoje visto nuvens

E) E hoje visto nuvens

F) E hoje visto nuvens

G) E hoje visto nuvens,

H) E hoje visto nuvens,

19

Neste verso temos o inverso do citado acima, pois o que ocorre é um acréscimo de

vírgula. Nas edições G e H foi acrescentada uma vírgula no final do terceiro verso da

terceira estrofe que separa o substantivo do adjetivo: “nuvens cândidas e novas”. A

utilização da vírgula neste caso, também contraria a estrutura estabelecida pelas demais

edições e principalmente pela primeira, que é a base da pesquisa.

RECORDAÇÃO

7º verso da 5ª estrofe

A) nas suas nervuras nítidas de folha,

B) nas suas nervuras nítidas de folha,

C) nas suas nervuras nítidas de folha,

D) nas suas nervuras nítidas de folha,

E) nas suas nervuras nítidas de folha,

F) nas suas nervuras nítidas de folha,

G) nas suas nervuras nítidas de folha,

H) nas suas nervuras nítidas de folha

Uma supressão de vírgula ocorre no sétimo verso da quinta estrofe da edição H. A

vírgula neste verso segue um padrão estabelecido pela autora, já que aparece em outros

poemas, como por exemplo “O Ressucitante”. O padrão estabelece que quando o verso

seguinte começa com travessão, o anterior a ele termina com uma vírgula, pausando assim,

os dois versos.

CANÇÃO QUASE MELANCÓLICA

4º verso da 4ª estrofe

A) e que vens, si o tempo voltar...

B) e que vens, se o tempo voltar.

C) e que vens, se o tempo voltar.

D) e que vens, se o tempo voltar.

E) e que vens, se o tempo voltar...

20

F) e que vens, se o tempo voltar...

G) e que vens, se o tempo voltar.

H) e que vens, se o tempo voltar...

Neste poema temos uma variante textual muito interessante, já que, não atrapalha o

entendimento do poema mas limita algumas de suas possibilidades de leitura. A variante

encontra-se no quarto verso da quarta estrofe das edições B, C, D e G. A utilização das

reticências no final do verso: “se o tempo voltar...” sugestiona uma infinitude de tempo e

também uma sonoridade específica. A opção proposta é fiel à primeira edição da obra.

A MULHER E A TARDE

1º verso da 2ª estrofe

A) E nas verdes ramas, com chuvas guardadas

B) E nas verdes ramas, com chuvas guardadas,

C) E nas verdes ramas, com chuvas guardadas,

D) E nas verdes ramas, com chuvas guardadas,

E) E nas verdes ramas, com chuvas guardadas,

F) E nas verdes ramas, com chuvas guardadas,

G) E nas verdes ramas, com chuvas guardadas,

H) E nas verdes ramas, com chuvas guardadas,

A variante neste poema encontra-se no primeiro verso da segunda estrofe;

uma supressão de vírgula. Observamos nesta estrofe a falta de necessidade da

vírgula no final do verso, já que, o seguinte começa com a conjunção aditiva (e) que

funcionaria também como uma pausa. A opção é a mais correta, também por ser a

mais fiel à primeira edição.

CANÇÃO SUSPIRADA

1º verso da 3ª estrofe

A) Nos céus em sombras, há fontes mansas

21

B) Nos céus em sombras, há fontes mansas

C) Nos céus em sombras, há fontes mansas

D) Nos céus em sombras, há fontes mansas

E) Nos céus em sombras, há fontes mansas

F) Nos céus em sombras, há fontes mansas

G) Nos céus em sombras, há fontes mansas

H) Nos céus em sombras há fontes mansas

Neste poema identificamos a variante textual no primeiro verso da terceira estrofe

da edição H. Esta é a única edição que não optou pela utilização da vírgula. De acordo com

as demais edições, e com a primeira, edição base da pesquisa, a opção mais adequada é

aquela que utiliza a vírgula.

VELHO ESTILO

3º verso da 2ª estrofe

A) sei que foste esquecido, e, quando um dia te acabares,

B) sei que foste esquecido, e, quando um dia te acabares,

C) sei que foste esquecido e, quando um dia te acabares,

D) sei que foste esquecido e, quando um dia te acabares,

E) sei que foste esquecido, e, quando um dia te acabares,

F) sei que foste esquecido, e, quando um dia te acabares,

G) sei que foste esquecido e, quando um dia te acabares,

H) sei que foste esquecido, e, quando um dia te acabares,

A variante identificada encontra-se no terceiro verso da segunda estrofe das edições

C, D e G. De acordo com o proposto pela primeira edição, concordamos que o mais

adequado seria a conservação das duas vírgulas “,e,” no verso.

22

3º verso da 1ª estrofe

A) para deixar passar as estrelas do espírito,

B) para deixar passar as estrelas do espírito,

C) para deixar passar as estrelas do espírito,

D) para deixar passar as estrelas do espírito,

E) para deixar passar as estrelas do espírito.

F) para deixar passar as estrelas do espírito,

G) para deixar passar as estrelas do espírito,

H) para deixar passar as estrelas do espírito,

Nesta estrofe a variante observada é uma substituição de pontuação. No terceiro

verso da primeira estrofe, a vírgula que se encontra no final é substituída por um ponto

final. A opção mais correta seria a utilização da vírgula, já que o verso seguinte inicia-se

com letra minúscula.

CANÇÃO MÍNIMA

O título deste poema apresenta alteração no corpo do livro, da primeira edição.

Enquanto no corpo ele aparece como “Canção”, no índice aparece “Canção Mínima”.

Concordamos que a versão correta para o título deste poema seja “Canção Mínima”

A VIZINHA CANTA

“A vizinha canta”

4º verso da 2ª estrofe

A) - folhas de prata...?

B) - folhas de prata?...

C) - folhas de prata?...

D) - folhas de prata?...

E) - folhas de prata?...

F) - folhas de prata?...

G) - folhas de prata?...

23

H) - folhas de prata?...

Nesta estrofe a variante encontra-se no quarto verso da segunda estrofe. Apenas na

primeira edição o final do verso é constituído por reticências e depois interrogação, nas

demais ocorre o inverso, primeiro a interrogação e depois as reticências. O mais correto

seria ser fiel à primeira edição e à regularidade do poema, ou seja, a utilização de

reticências e depois interrogação.

3º verso da 1ª estrofe

A) – corpo de cristal,

B) – corpo de cristal,

C) – corpo de cristal,

D) – corpo de cristal,

E) – corpo de cristal,

F) – corpo de cristal,

G) – corpo de cristal,

H) – corpo de cristal

Neste caso identificamos a variante, supressão de vírgula, no terceiro verso

da primeira estrofe. Concluímos que o mais correto seria a sua conservação, já que

de acordo com o padrão estabelecido pela autora: vírgula no final do verso que

antecede àquele que se inicia com travessão. Para comprovar essa padronização,

indicamos outros exemplos de poemas que o seguem: “Recordação” e “O

Ressucitante”.

1º verso da 1ª estrofe

A) De que onda sai tua voz,

B) De que onda sai tua voz,

C) De que onda sai tua voz,

24

D) De que onda sai tua voz,

E) De que onda sai tua voz.

F) De que onda sai tua voz.

G) De que onda sai tua voz,

H) De que onda sai tua voz,

A variante detectada é substituição de vírgula por ponto final no primeiro verso da

primeira estrofe. Neste caso o mais correto é a utilização de vírgula, pois a frase não se

finda no final do primeiro verso, ela continua no próximo, que começa com inicial

minúscula.

CANÇÃOZINHA DE NINAR

3º verso da 3ª estrofe

A) Como quem vai morrer, suspira

B) Como quem vai morrer, suspira

C) Como quem vai morrer, suspira

D) Como quem vai morrer, suspira,

E) Como quem vai morrer, suspira

F) Como quem vai morrer, suspira

G) Como quem vai morrer, suspira,

H) Como quem vai morrer, suspira,

Neste poema identificamos a variante no terceiro verso da terceira estrofe. Trata-se

de uma inclusão de vírgula nas edições D, G e H. Não há necessidade de vírgula no final

deste verso. De acordo com a primeira edição e base desta pesquisa optamos por adequar o

verso sem a vírgula.

PONTE

3º verso da 3ª estrofe

A) Longo horizonte,

25

B) Longo horizonte,

C) Longo horizonte,

D) Longo horizonte,

E) Longo horizonte,

F) Longo horizonte,

G) Longo horizonte,

H) Longo horizonte

No terceiro da terceira estrofe detectamos uma supressão de vírgula da edição H. De

acordo com o padrão estabelecido pela autora, de utilizar vírgula no verso que antecipa

travessão, a versão mais adequada é a pontuada por vírgula. Outros poemas são:

“Recordação”, “O Ressucitante” e “A vizinha canta”.

VISITANTE

7º verso da 1ª estrofe

A) e escreve-me, indo-se embora;

B) e escreve-me, indo-se embora:

C) e escreve-me, indo-se embora:

D) e escreve-me, indo-se embora:

E) e escreve-me, indo-se embora:

F) e escreve-me, indo-se embora:

G) e escreve-me, indo-se embora:

H) e escreve-me, indo-se embora:

Detectamos neste poema uma variante no sétimo verso da primeira estrofe, que se

trata de uma substituição de pontuação. Na edição A (primeira edição) foi utilizado ponto e

vírgula e nos demais dois pontos. Como o verso seguinte é uma citação, estando entre

aspas, concordamos que seria mais adequada a conservação dos dois pontos no verso.

DESPEDIDA

26

1º verso da 6ª estrofe

A) Perdi meu lenço e meu passaporte,

B) Perdi meu lenço e meu passaporte,

C) Perdi meu lenço e meu passaporte,

D) Perdi meu lenço e meu passaporte,

E) Perdi meu lenço e meu passaporte,

F) Perdi meu lenço e meu passaporte,

G) Perdi meu lenço e meu passaporte,

H) Perdi meu lenço e meu passaporte

Nesta estrofe notamos que a variante se trata de uma supressão de vírgula no final

do primeiro verso da sexta estrofe. Seguindo a regularidade utilizada pela autora, de utilizar

vírgula antes de travessão, concordamos que a versão mais correta seria a utilização da

vírgula.

PERGUNTA

3º verso da 2ª estrofe

A) E pensarás no pálido, hirto,

B) E pensarás no pálido, hirto

C) E pensarás no pálido, hirto

D) E pensarás no pálido, hirto

E) E pensarás no pálido, hirto

F) E pensarás no pálido, hirto

G) E pensarás no pálido, hirto

H) E pensarás no pálido, hirto

Neste poema identificamos a variante no terceiro verso da segunda estrofe. Somente

na primeira edição (H) existe a presença de vírgula no final do verso. Acreditamos que o

mais correto seria a supressão da vírgula, em nome da sintaxe.

27

PEQUENA FLOR

3º verso da 1ª estrofe

A) na sêda frágil, e presservar o perfume que aí dorme,

B) na sêda frágil, e preservar o perfume que aí dorme,

C) na seda frágil, e preservar o perfume que aí dorme,

D) na seda frágil, e preservar o perfume que aí dorme,

E) na seda frágil, e preservar o perfume que aí dorme,

F) na seda frágil, e preservar o perfume que aí dorme,

G) na seda frágil, e preservar o perfume que aí dorme,

H) na seda frágil, e preservar o perfume que aí dorme,

No terceiro verso da primeira estrofe identificamos uma inclusão de letra: o verbo

preservar vem escrito presservar, o que não faz nenhum sentido no verso. Portanto o mais

adequado seria a utilização da palavra preservar.

MEMÓRIA

5º verso da 4ª estrofe

A) uma ruga num caminho

B) uma ruga num caminho

C) uma ruga num caminho

D) uma ruga num caminho

E) uma ruga num caminho

F) uma ruga num caminho

G) uma ruga no caminho

H) uma ruga no caminho

Neste verso identificamos a variante no quinto verso da quarta estrofe das edições G

e H. Identificamos a alteração da palavra num para no e de acordo com a primeira edição,

que é a base desta pesquisa, o mais adequado seria a conservação da palavra num.

28

4º verso da 1ª estrofe

A) outros em pedra, água, líquem;

B) outros em pedra, água, líquen;

C) outros em pedra, água, líquen;

D) outros em pedra, água, líquen;

E) outros em pedra, água, líquen;

F) outros em pedra, água, líquen;

G) outros em pedra, água,líquen;

H) outros em pedra, água,líquen;

No quarto verso da primeira estrofe identificamos a variante na edição (A). A

palavra líquen esta escrita com m no final, sendo que o correto é com n no final.

CANÇÃO NAS ÁGUAS

4º verso da 2ª estrofe

A) Curva e sombra, sombra e curva,

B) Curva e sombra, sombra e curva,

C) Curva, e sombra, sombra e curva,

D) Curva, e sombra, sombra e curva,

E) Curva e sombra, sombra e curva,

F) Curva e sombra, sombra e curva,

G) Curva, e sombra, sombra e curva,

H) Curva, e sombra, sombra e curva,

No quarto verso da segunda estrofe das edições C, D, G e H, identificamos a

inclusão de uma vírgula que gramaticalmente não existe. A primeira edição não utiliza a

vírgula entre as palavras curva e sombra, nem em sombra e curva, sendo assim,

concordamos que a não utilização da vírgula seria a melhor opção para este verso.

29

IDA E VOLTA EM PORTUGAL

5ª e 6ª estrofes

Olival de prata,

veludosos pinhos,

pura Vésper clara,

silentes caminhos,

lembrai-vos da pausa

com que os meus vizinhos

vieram pela estrada.

Morria nos moinhos

o giro das asas.

Ventos, passarinhos,

árvores e cabras

tudo estacionava.

As flores faltavam.

Sobravam espinhos.

Ai, como choravam!

Ai, como gemiam!

Edições:

A) 5ª e 6ª estrofes separadas (total de 8)

B) 5ª e 6ª estrofes separadas (total de 8)

C) 5ª e 6ª estrofes separadas (total de 8)

E) 5ª e 6ª estrofes separadas (total de 8)

F) 5ª e 6ª estrofes separadas (total de 8)

G) 5ª e 6ª estrofes separadas (total de 8)

H) 5ª e 6ª estrofes separadas (total de 8)

30

Olival de prata,

veludosos pinhos,

pura Vésper clara,

silentes caminhos,

lembrai-vos da pausa

com que os meus vizinhos

vieram pela estrada.

Morria nos moinhos

o giro das asas.

Ventos, passarinhos,

árvores e cabras

tudo estacionava.

As flores faltavam.

Sobravam espinhos.

Ai, como choravam!

Ai, como gemiam!

Edição D:

D) 5ª e 6ª estrofes unidas (total de 7)

Neste poema, a variante detectada encontra-se na quinta e sexta estrofe, trata-se de

uma alteração de transcrição. Partimos do princípio de que, já que todas as demais edições

inclusive a primeira, que é a base desta pesquisa, mantêm as estrofes separadas, esta seria a

melhor opção utilizada neste poema. E se observarmos, as estrofes seguintes são curtas. O

poema possui regularidade, pois é formado por uma estrofe longa, três curtas, uma outra

longa e mais três curtas.

31

2 (RIMANCE PARTIDO)

Este poema seria aquele já citado anteriormente, em variantes de títulos, a segunda

parte seria um poema novo chamado “Rimance Partido”, e que no corpo do livro teria

perdido seu título e incorporado ao poema “Solilóquio do novo Otelo” como parte dois.

Acreditamos que seja um novo poema, porque inicia-se por letra capitular, que é uma

característica própria dos inícios dos poemas. Notamos também que a segunda parte possui

um enredo diferente da primeira parte, como se realmente fosse outro poema.

2º verso da 5ª estrofe – parte 1

A) sem te responder nem chamar, sem te dar nem pedir

B) sem te responder nem chamar, sem te dar nem pedir.

C) sem te responder nem chamar, sem te dar nem pedir.

D) sem te responder nem chamar, sem te dar nem pedir.

E) sem te responder nem chamar, sem te dar nem pedir.

F) sem te responder nem chamar, sem te dar nem pedir.

G) sem te responder nem chamar, sem te dar nem pedir.

H) sem te responder nem chamar sem te dar nem pedir.

Notamos neste poema, a variante no segundo verso da quinta estrofe da primeira

parte. Na primeira edição ocorre uma supressão de ponto final neste verso. Como o

próximo verso inicia-se com letra maiúscula, concordamos que o correto seria a

preservação do ponto.

1º verso da 10ª estrofe – parte 1

A) Que até teu coração se desprenda,

B) Que até teu coração se desprenda,

C) Que até teu coração se desprenda,

D) Que até teu coração se desprenda,

E) Que até teu coração se desprenda,

32

F) Que até teu coração se desprenda,

G) Que até teu coração se desprenda,

H) Que até teu coração se desprenda

No primeiro verso da décima estrofe da primeira parte, identificamos a variante na

edição H. Esta edição apresenta uma supressão de vírgula ao final do verso, sendo que a

autora normalmente utilizava vírgula no final do verso que antecipa um verso que se inicia

com travessão. Isso já foi comprovado em poemas anteriores.

2º verso da 8ª estrofe – parte 1

A) misturado às palavras que os outros ouviriam

B) misturado às palavras que os outros ouviriam.

C) misturado às palavras que os outros ouviriam.

D) misturado às palavras que os outros ouviriam.

E) misturado às palavras que os outros ouviriam.

F) misturado às palavras que os outros ouviriam.

G) misturado às palavras que os outros ouviriam.

H) misturado às palavras que os outros ouviriam.

No segundo verso da oitava estrofe da parte um, edição A, notamos a supressão de

ponto final no final do verso. Este verso antecipa um verso que se inicia com letra

maiúscula, assim, concordamos que o mais adequado seria a conservação do ponto.

33

2º verso da 3ª estrofe – parte 2 ( “Rimance partido)

A) de habitantes fluidos,

B) de habitantes fluidos,

C) de habitantes fluidos

D) de habitantes fluidos,

E) de habitantes fuidos,

F) de habitantes fluidos,

G) de habitantes fluidos,

H) de habitantes fluidos,

No segundo verso da segunda estrofe da parte dois, notamos duas variantes uma na

edição C, outra na edição E. A primeira trata-se de uma supressão de vírgula no final do

verso. Baseando-nos na primeira edição e demais, concordamos que o mais adequado seria

a conservação da vírgula no final deste verso. A segunda variante, edição E, ocorre uma

supressão de letra, a palavra fluido é escrita fuido neste verso, concordamos que o mais

correto de acordo com as demais edições e com a primeira, seja a palavra fluido, dando

melhor sentido ao verso.

EPIGRAMA

2º verso da 1ª estrofe

A) por teres deixado cair, uma tarde, na água incolor,

B) por teres deixado cair, uma tarde, na água incolor,

C) por teres deixado cair, uma tarde, na água incolor;

D) por teres deixado cair, uma tarde, na água incolor;

E) por teres deixado cair, uma tarde, na água incolor,

F) por teres deixado cair, uma tarde, na água incolor,

G) por teres deixado cair, uma tarde, na água incolor,

H) por teres deixado cair, uma tarde, na água incolor,

34

No segundo verso da primeira estrofe, identificamos a variante na edição C. No final

do verso esta edição optou por colocar um ponto e vírgula ao invés de vírgula conforme as

demais edições. De acordo com a primeira edição, concordamos que o mais adequado seria

a utilização da vírgula no final.

CANÇÃO DO CARREIRO

3º verso da 5ª estrofe

A) roda, meu carro,

B) roda, meu carro,

C) roda, meu carro,

D) roda, meu carro

E)roda, meu carro,

F) roda, meu carro,

G) roda, meu carro,

H) roda, meu carro,

No terceiro verso da quinta estrofe, notamos uma supressão de vírgula na edição D.

Conforme a primeira estrofe do poema, que repete a rima, o final deste verso é composto

por uma vírgula. Seguindo a regularidade do poema, concordamos que o mais correto seria

a conservação da vírgula no final deste verso.

INTERLÚDIO

1º verso da 3ª estrofe

A) Deixa o presente. Não fales,

B) Deixa o presente. Não fales,

C) Deixa o presente. Não fales.

D) Deixa o presente. Não fales.

E) Deixa o presente. Não fales.

F) Deixa o presente. Não fales.

G) Deixa o presente. Não fales.

35

H) Deixa o presente. Não fales.

No final do primeiro verso da terceira estrofe observamos nas edições A e B a

utilização de vírgula enquanto nas demais edições a utilização de ponto final.

Provavelmente a partir da edição C foi modificado de vírgula para ponto, já que, o verso

seguinte inicia-se com letra maiúscula. Concordamos que o mais correto neste caso seria a

utilização de ponto final ao invés de vírgula.

DOMINGO DE FEIRA

4º verso da 2ª estrofe

A) onde palra, mercando, o povo.

B) onde palra, mercando, o povo.

C) onde palra, mercando, o povo.

D) onde palra, marcando, o povo.

E) onde palra, mercando, o povo.

F) onde palra, mercando, o povo.

G) onde palra, marcando, o povo.

H) onde palra, mercando, o povo.

No quarto verso da segunda estrofe, identificamos nas edições D e G uma

substituição de palavra. Esta edições utilizam a palavra marcando e as demais a palavra

mercando. No começo do poema Cecilia cita o mercado da praça nos arredores do

Mosteiro, assim concordamos que o que quer dizer no verso citado é onde o povo compra e

vende, ou seja, mercando, o povo.

2º verso da 8ª estrofe

A) vão e veem para cada lado.

B) vão e vêm para cada lado.

C) vão e vêm para cada lado.

D) vão e vêm para cada lado.

36

E) vão e vêm para cada lado.

F) vão e vêm para cada lado.

G) vão e vêm para cada lado.

H) vão e vêm para cada lado.

Na edição A, notamos no segundo verso da oitava estrofe, a substituição da palavra

vêm para vêem. O correto do verbo ir, a terceira pessoa do plural seria vêm e não vêem do

verbo ver. Concordamos que o mais adequado seria então a conservação do verbo vêm no

verso.

MEXICAN LIST AND TOURISTS

Este poema possui uma variante na primeira edição da obra. O seu título aparece

incompleto no índice do volume, no final do livro. No índice ele aparece como “Mexican

list”, sendo que no corpo do livro ele aparece na íntegra “Mexican list and tourists”.

CANÇÃO DA TARDE NO CAMPO

2ª estrofe

Eu ando sozinha

no meio do vale.

Mas a tarde é minha.

4ª estrofe

Eu ando sozinha

por cima de pedras.

Mas a flor é minha.

6ª estrofe

37

Eu ando sozinha

por dentro de bosques.

Mas a fonte é minha.

8ª estrofe

Eu ando sozinha,

ao longo da noite.

Mas a estrela é minha.

Edições:

A) 2ª, 4ª, 6ª e 8ª estrofes aparecem sem parênteses

B) 2ª, 4ª, 6ª e 8ª estrofes aparecem sem parênteses

C) 2ª, 4ª, 6ª e 8ª estrofes aparecem sem parênteses

F) 2ª, 4ª, 6ª e 8ª estrofes aparecem sem parênteses

G) 2ª, 4ª, 6ª e 8ª estrofes aparecem sem parênteses

H) 2ª, 4ª, 6ª e 8ª estrofes aparecem sem parênteses

2ª estrofe

(Eu ando sozinha

no meio do vale.

Mas a tarde é minha.)

4ª estrofe

(Eu ando sozinha

por cima de pedras.

Mas a flor é minha.)

38

6ª estrofe

(Eu ando sozinha

por dentro de bosques.

Mas a fonte é minha.)

8ª estrofe

(Eu ando sozinha,

ao longo da noite.

Mas a estrela é minha.)

Edições

D) 2ª, 4ª, 6ª e 8ª estrofes aparecem com parênteses.

E) 2ª, 4ª, 6ª e 8ª estrofes aparecem com parênteses.

Neste exemplo notamos que a alteração detectada nas edições D e E, não alteram o

sentido do poema nem atrapalham sua leitura e entendimento. Concluímos que o mais

adequado seria a conservação do poema na sua íntegra conforme a primeira edição, que é a

base da pesquisa.

CAMPOS VERDES

1º verso da 4ª estrofe

A) Errava-se, errava-se...

B) Errava-se, errava-se...

C) Errava-se, errava-se...

D) Erra-se, errava-se...

E) Errava-se, errava-se...

39

F) Errava-se, errava-se...

G) Errava-se, errava-se...

H) Errava-se, errava-se...

Na edição D, identificamos no primeiro verso da quarta estrofe a seguinte variante,

uma substiutição de palavra. Enquanto esta edição utiliza o verbo errar (erra-se) no

presente do indicativo, as demais edições utilizam o verbo errar (errava-se) no pretérito

imperfeito do indicativo. De acordo com a segunda e a sexta estrofe, acreditamos que o

correto seria conservar o verbo errava-se, seguindo a regularidade do poema.

CONFISSÃO

3º verso da 6ª estrofe

A) Deixo meu coração – aberto,

B) Deixo meu coração – aberto,

C) Deixo meu coração – aberto,

D) Deixo meu coração – aberto,

E) Deixo meu coração – aberto,

F) Deixo meu coração – aberto,

G) Deixo meu coração – aberto,

H) Deixo meu coração – aberto -

Na edição H, notamos no terceiro verso da sexta estrofe, a substituição da vírgula

por travessão. De acordo com as demais edições e a primeira, acreditamos que o mais

adequado para este verso seria que conservasse a vírgula no final ao invés de travessão.

3º verso da 4ª estrofe

A) E dei minha vida, momento a momento,

B) E dei minha vida, momento a momento,

C) E dei minha vida, momento a momento,

D) E dei minha vida, momento a momento,

40

E) E dei minha vida: momento a momento,

F) E dei minha vida; momento a momento,

G) E dei minha vida, momento a momento,

H) E dei minha vida, momento a momento,

Neste poema encontramos variantes diferentes em duas edições, ambas no terceiro

verso da quarta estrofe. A edição E, detectamos a pontuação de dois pontos e na edição F

detectamos a pontuação de ponto e vírgula, sendo que as demais edições, inclusive a

primeira, utilizam a vírgula para fazer esta pausa. Acreditamos que o mais correto é

conservar o verso de acordo com a primeira edição, base desta pesquisa.

NAUFRÁGIO ANTIGO

3º verso da 14ª estrofe

A) da espuma crespa.

B) da espuma crespa.

C) da espuma crespa.

D) da espuma crespa.

E) da espuma crespa

F) da espuma crespa.

G) da espuma crespa.

H) da espuma crespa.

No terceiro verso da décima quarta estrofe, detectamos uma supressão de ponto final

na edição E. Esta edição optou por não utilizar o ponto no final do verso, sendo que este

finaliza-se ali e a próxima estrofe começa com letra maiúscula. O mais correto seria a

conservação do ponto final.

ROMANCINHO

3º verso da 1ª estrofe

A) Veiu o rei, veiu a rainha,

B) Veio o rei, veio a rainha,

41

C) Veio o rei, veio a rainha,

D) Veio o rei, veio a rainha,

E) Veio o rei, veio a rainha,

F) Veio o rei, veio a rainha,

G) Veio o rei, veio a rainha,

H) Veio o rei, veio a rainha

Detectamos a variante no terceiro verso da primeira estrofe da edição H. Nesta

edição ocorre a supressão de vírgula no verso. Conforme a primeira edição e a regularidade

do poema de Cecília (a utilização de vírgula antes do verso que se inicia com travessão)

acreditamos que o mais correto seja a conservação da vírgula.

9º verso da 3ª estrofe

A) campainhas de cristal,

B) campainhas de cristal,

C) campainhas de cristal,

D) campainhas de cristal,

E) campainhas de cristal,

F) campainhas de cristal,

G) campainhas de cristal,

H) campainhas de cristal

No nono verso da terceira estrofe, identificamos uma supressão de vírgula na edição

H. Esta edição optou pela não utilização da vírgula, sendo que já comprovamos que é uma

regularidade dos poemas desta autora, no verso que antecipa travessão, utilizar vírgula.

Assim, concordamos que o mais adequado seja a conservação da vírgula, mantendo a

regularidade de seus poemas.

42

ELEGIA

18º verso

A) Com uma quieta lágrima, apenas,

B) Com uma quieta lágrima, apenas,

C) Com uma quieta lágrima, apenas,

D) Com uma quieta lágrima, apenas,

E) Com uma quieta lágrima, apenas,

F) Com uma quieta lágrima, apenas,

G) Com uma quieta lágrima, apenas,

H) Com uma quieta lágrima, apenas

No décimo oitavo verso da edição H, identificamos uma supressão de vírgula, que

contraria a regularidade utilizada nos poemas de Cecilia, (utilização de vírgula no verso que

antecipa travessão). Assim concordamos que o mais adequado seja a conservação da

estrutura com vírgula.

REINVENÇÃO

5ª e 6ª estrofes

Não te encontro, não te alcanço...

Só – no tempo equilibrada,

desprendo-me do balanço

que além do tempo me leva.

Só – na treva,

fico: recebida e dada.

Edições:

A) 5ª e 6ª estrofes unidas (total de 6)

B) 5ª e 6ª estrofes unidas (total de 6)

E) 5ª e 6ª estrofes unidas (total de 6)

F) 5ª e 6ª estrofes unidas (total de 6)

43

G) 5ª e 6ª estrofes unidas (total de 6)

H) 5ª e 6ª estrofes unidas (total de 6)

Não te encontro, não te alcanço...

Só – no tempo equilibrada,

desprendo-me do balanço

que além do tempo me leva.

Só – na treva,

fico: recebida e dada.

Edições:

C) 5ª e 6ª estrofes separadas (total de 7)

D) 5ª e 6ª estrofes separadas (total de 7)

Na quinta e sexta estrofe deste poema, edição C e D, identificamos uma alteração na

transcrição da estrofe. Nestas edições, duas estrofes aparecem unidas como se formassem

uma só, enquanto na demais edições elas formam duas estrofes. O restante do poema é

formado por estrofes de dois, três e seis versos. Seguindo uma regularidade do poema,

acreditamos que o mais correto seja que esta estrofe continue se compondo por seis verso, e

não uma por quatro e outra por dois versos.

LUA ADVERSA

2º verso da 4ª estrofe

A) (tenho fases, como a lua...),

B) (tenho fases, como a lua...)

C) (tenho fases, como a lua...)

D) (tenho fases, como a lua...)

E) (tenho fases, como a lua...)

F) (tenho fases, como a lua...)

44

G) (tenho fases, como a lua...)

H) (tenho fases, como a lua...).

No segundo verso da quarta estrofe, edição A, identificamos a inclusão de uma

vírgula no final do verso. O verso seguinte a este começa com letra maiúscula, sendo assim,

há a necessidade de um ponto final no verso anterior. Concordamos que o correto seria a

utilização de um ponto final.

DA BELA ADORMECIDA

14º verso da 1ª parte

A) porque, de ramo a ramo, erram distâncias invencíveis.

B) porque, de ramo a ramo, erram distâncias invencíveis.

C) porque, de ramo a ramo, erram distâncias invencíveis.

D) porque, de ramo a ramo, erram distâncias invencíveis.

E) porque, de ramo a ramo, erram distâncias invencíveis.

F) porque, de ramo a ramo, erram distâncias invencíveis.

G) porque, de ramo a ramo, eram distâncias invencíveis.

H) porque, de ramo a ramo, eram distâncias invencíveis.

Nesta estrofe detectamos a variante no décimo quarto verso da primeira parte nas

edições G e H. Trata-se de uma supressão de letra que resultou em modificação no verbo.

Enquanto nas edições citadas o verbo ser aparece na terceira pessoa do plural do pretéterito

imperfeito (eram), na primeira e nas demais edições, o verbo errar aparece na terceira

pessoa do plural do presente do indicativo. Concordamos de acordo com a primeira edição

e mantendo a coerência com os demais tempos verbais da estrofe, que o mais correto seja a

utilização do verbo errar, erram.

18º verso da 1ª parte

A) indo e vindo à-toa, olhando apenas para si mesmas.

B) indo e vindo à toa, olhando apenas para si mesmas.

45

C) indo e vindo à toa, olhando apenas para si mesmas.

D) indo e vindo à toa, olhando apenas para si mesmas.

E) indo e vindo à-toa, olhando apenas para si mesmas.

F) indo e vindo à-toa, olhando apenas para si mesmas.

G) indo e vindo à toa, olhando apenas para si mesmas.

H) indo e vindo à toa, olhando apenas para si mesmas.

No décimo oitavo verso da primeira parte detectamos a variante nas edições B, C, D

e G. Trata-se de uma alteração ortográfica, pois estas edições optaram por escrever (à toa)

sem o hífen. Embora o dicionário registre as duas formas, cremos que, neste contexto, o

mais adequado seria grafar sem hífen.

25º verso da 1ª parte

A) Adere à minha vida guardada.

B) Adere à minha vida guardada...

C) Adere à minha vida guardada...

D) Adere à minha vida guardada...

E) Adere à minha vida guardada...

F) Adere à minha vida guardada...

G) Adere à minha vida guardada...

H) Adere à minha vida guardada...

No vigésimo quinto verso da primeira parte, edição A, o verso é finalizado por um

ponto final, sendo que nas demais edições é finalizado por reticências. De acordo com a

primeira edição, base desta pesquisa, acreditamos que o mais adequado seja a utilização de

ponto final no verso.

11º verso da 2ª parte

A) transparências dágua,

46

B) transparências de água,

C) transparências de água,

D) transparências de água,

E) transparências dágua,

F) transparências d’água,

G) transparências de água,

H) transparências de água,

No décimo primeiro verso da segunda parte, identificamos a variante nas edições B,

C, D, F, G e H. Na primeira edição a palavra é escrita dágua, nas edições B, C, D, G e H a

palavra é escrita de água, e na edição F a palavra é escrita d’água. O critério que utilizamos

aqui foi seguir a primeira edição do livro, que é a base desta pesquisa, e adequar a grafia à

norma gramatical, mantendo a forma d’água.

13º verso da 2ª parte

A) homens desconhecidos, mulheres de longe, que esperaram ser amadas,

B) homens desconhecidos, mulheres de longe, que esperaram ser amadas,

C) homens desconhecidos, mulheres de longe, que esperaram ser amadas,

D) homens desconhecidos, mulheres de longe, que esperaram ser amadas,

E) homens desconhecidos, mulheres de longe, que esperaram ser amadas,

F) homens desconhecidos, mulheres de longe, que esperaram ser amadas,

G) homens desconhecidos, mulheres de longe, que esperam ser amadas,

H) homens desconhecidos, mulheres de longe, que esperam ser amadas,

Notamos no décimo terceiro verso da segunda parte a variante nas edições G e H.

Neste caso ocorre uma supressão de sílaba que resulta na modificação de um verbo. Nestas

edições o verbo esperar está na terceira pessoa do plural do presente do indicativo

(esperam), enquanto na primeira edição e nas demais o verbo esperar está na terceita pessoa

do plural do pretérito perfeito do indicativo (esperaram). Considerando a coerência com os

47

demais tempos verbais da estrofe, acreditamos que o mais correto seja o verbo no presente

do indicativo (esperam).

21º verso da 2ª parte

A) todos esperariam que perguntasse; mas não pergunta.

B) todos esperariam que perguntasse; mas não pergunta.

C) todos esperariam que perguntasse; mas não pergunta

D) todos esparariam que perguntasse; mas não pergunta.

E) todos esperariam que perguntasse; mas não pergunta.

F) todos esperariam que perguntasse; mas não pergunta.

G) todos esperariam que perguntasse; mas não pergunta.

H) todos esperariam que perguntasse; mas não pergunta.

No vigésimo primeiro verso da segunda parte, identificamos a variante na edição D.

Trata-se de uma substituição de sílaba, que resulta em modificação do verbo. Nesta edição

o verbo esperariam aparece escrito esparariam . De acordo com as regras gramaticais, e a

inexistencia do verbo esparar, o correto neste verso é o verbo ser escrito esperariam.

ECO

5ª e 6ª estrofes

Alta noite, diante do oceano, senta-se o animal, em silêncio.

Balançam-se as ondas negras. As cores do farol se alternam.

Não existe horizonte. A água se acaba em tênue espuma.

Não é isso! Não é isso!

Não é a água perdida, a lua andante, a areia exposta...

E animal se levanta e ergue a cabeça, e late...late...

Edições:

48

A) 5ª e 6ª estrofes separadas (total de 8)

B) 5ª e 6ª estrofes separadas (total de 8)

E) 5ª e 6ª estrofes separadas (total de 8)

F) 5ª e 6ª estrofes separadas (total de 8)

H) 5ª e 6ª estrofes separadas (total de 8)

Alta noite, diante do oceano, senta-se o animal, em silêncio.

Balançam-se as ondas negras. As cores do farol se alternam.

Não existe horizonte. A água se acaba em tênue espuma.

Não é isso! Não é isso!

Não é a água perdida, a lua andante, a areia exposta...

E animal se levanta e ergue a cabeça, e late...late...

C) 5ª e 6ª estrofes unidas (total de 7)

D) 5ª e 6ª estrofes unidas (total de 7)

G) 5ª e 6ª estrofes unidas (total de 7)

Neste poema a variante encontra-se nas quinta e sexta estrofes, das edições C, D e

G. De acordo com a primeira edição, base desta pesquisa, acreditamos que o mais adequado

para o poema seja a conservação das estrofes separadas, com um total de oito estrofes no

poema.

DEUS DANÇA

3º verso da 5ª estrofe

A) Unicamente abismos, - tudo

B) Unicamente abismos, - tudo

C) Unicamente abismos - tudo

D) Unicamente abismos - tudo

E) Unicamente abismos, - tudo

F) Unicamente abismos, - tudo

49

G) Unicamente abismos - tudo

H) Unicamente abismos - tudo No terceiro verso da quinta estrofe identicamos a variante nas edições C, D, G e H.

Trata-se de uma supressão de vírgula no verso. Como já foi comprovado que a autora segue

uma regularidade em utilizar vírgula antes de travessão, acreditamos que o mais correto seja

a conservação da vírgula.

3º verso da 6ª estrofe

A) Eu o vi dansando, e fiquei triste...

B) Eu o vi dançando, e fiquei triste...

C) Eu o vi dançando, e fiquei triste...

D) Eu o vi dançando, e fiquei triste...

E) Eu o vi dançando, e fiquei triste...

F) Eu o vi dançando, e fiquei triste...

G) Eu o vi dançando e fiquei triste...

H) Eu o vi dançando e fiquei triste...

No terceiro verso da sexta estrofe identificamos nas edições G e H a supressão de

vírgula antes do e. Conforme a primeira edição, na qual a pesquisa se baseia, concordamos

que o mais correto seja a conservação da vírgula.

TRABALHOS DA TERRA

3º verso da 4ª estrofe

A) vem-me aos olhos nuvem dágua,

B) vem-me aos olhos nuvem de água,

C) vem-me aos olhos nuvem de água,

D) vem-me aos olhos nuvem de água,

E) vem-me aos olhos nuvem dágua,

F) vem-me aos olhos nuvem d’água,

G) vem-me aos olhos nuvem de água,

50

H) vem-me aos olhos nuvem d’água,

No terceiro verso da quarta estrofe identificamos a variante nas edições B, C, D, F,

G e H. Cada edição optou por versão diferente neste verso, somente a edição E preservou a

primeira. Este é o mesmo caso de uma das variantes do poema “Da bela adormecida”, a

palavra dágua (conforme escrito na primeira edição) aparece escrita de maneiras diferentes:

de água e d’água . Acreditamos que aqui também a versão mais apropriada seja d’água .

2º verso da 3ª estrofe

A) mais valera ter dormido,

B) mais valera ter dormido,

C) mais valera ter dormido,

D) mais valera ter dormido,

E) mais valera ter dormido,

F) mais valera ter dormido,

G) mais valera ter dormido,

H) mais valera ter dormido

No segundo verso da terceira estrofe detectamos uma supressão de vírgula na edição

H. Conforme poemas anteriores e seguindo a sua regularidade de utilizar vírgula no verso

que antecede travessão, acreditamos que o mais adequado seja a conservação da vírgula.

ALUCINAÇÃO

2ª e 3ª estrofes

Perguntei: “Quem és?”

Mas não respondia.

De nuvens, de espuma,(...)

(...) fundos, primitivos,

para eternamente...

51

E danças dançadas

dentro de cisternas,

sobre águas fechadas. (...)

(...)ninhos, flores, crianças

homens e mulheres

estreitadamente...

Edições:

C) 2ª e 3ª estrofes separadas (total de 3)

D) 2ª e 3ª estrofes separadas (total de 4)

E) 2ª e 3ª estrofes separadas (total de 4)

F) 2ª e 3ª estrofes separadas (total de 4)

G) 2ª e 3ª estrofes separadas (total de 4)

H) somente a primeira estrofe está separada, as restantes estão unidas como se

fossem uma, formam 2 estrofes no total do poema.

Nas segundas e terceiras estrofes deste poema identificamos uma alteração de

estrofação. Estas edições apresentam versões diferentes da primeira edição, como veremos

abaixo:

Perguntei: “Quem és?”

Mas não respondia.

De nuvens, de espuma,(...)

(...) fundos, primitivos,

para eternamente...

E danças dançadas

dentro de cisternas,

sobre águas fechadas. (...)

(...)ninhos, flores, crianças

52

homens e mulheres

estreitadamente...

Edições

A) 2ª e 3ª estrofes unidas (total de 3)

B) 2ª e 3ª estrofes unidas (total de 3)

A edição A (primeira) e B, apresentam as estrofes unidas. Conforme o que

acreditamos ser mais adequado, seguiremos a primeira edição, que é base desta pesquisa, e

conservaremos as estrofes unidas

19º verso da 2ª estrofe

A) como, embaixo dágua,

B) como, embaixo da água,

C) como, embaixo da água,

D) como, embaixo da água,

E) como, embaixo dágua,

F) como, embaixo d’água,

G) como, embaixo da água,

H) como, embaixo d’água ,

No décimo nono verso da segunda estrofe, identificamos a variante nas edições B,

C, D, F, G e H. As versões apresentadas nestas edições são d’água e da água. Seguindo o

critério anteriormente utilizado, concluímos que a forma adequada seja d’água .

A AMIGA DEIXADA

2º verso da 8ª estrofe

A) leve, alta, sozinha,

B) leve, alta, sozinha,

C) leve, alta, sozinha,

53

D) leve, alta, sozinha,

E) leve, alta, sozinha,

F) leve, alta, sozinha,

G) leve, alta, sozinha,

H) leve, alta, sozinha

No segundo verso da oitava estrofe, identificamos uma supressão de vírgula na

edição H. Seguindo a regularidade dos poemas da utilização da vírgula no verso que

antecede travessão, acreditamos que o mais adequado seja a conservação da vírgula.

ORÁCULO

3º verso da 1ª estrofe

A) Nos sete rios? No monte grego?

B) Nos teus rios? No monte grego?

C) Nos teus rios? No monte grego?

D) Nos teus rios? No monte grego?

E) Nos teus rios? No monte grego?

F) Nos teus rios? No monte grego?

G) Nos teus rios? No monte grego?

H) Nos teus rios? No monte grego?

No terceiro verso da primeira estrofe identificamos nas edições B, C, D, E, F, G e H

uma substituição de palavra. Na primeira edição (A) o verso faz a pergunta nos sete rios ?

No monte grego? As demais edições optaram por substituir a palavra sete por teus.

Tomando como base a primeira edição, julgamos que o mais correto seja a conservação da

palavra sete no verso.

54

A VAGA MÚSICA DE CECÍLIA

A partir de aspectos gerais da obra de Cecília Meireles e muito especialmente da sua

obra Vaga Música, objeto de estudo essencial desta pesquisa, tentamos chegar a uma

análise literária da sua estética e interpretação de sua poesia. O estudo que aqui propomos é

voltado especialmente para a obra já citada, cuja leitura nos remete a um mundo poético

muito subjetivo característico do estilo de sua escritora. É interessante sabermos um pouco

da poesia e do estilo de Cecília, para podermos fundamentar melhor a nossa pesquisa e

análise textual de sua obra, aqui analisada.

Cecília Meireles surgiu para a literatura brasileira em meados de 1922, época de

total renovação estética literária que pretendia romper com o tradicional e com o passado,

uma revolução cultural. Nesta época participou de um grupo de escritores espiritualistas que

fundou as revistas Árvore Nova, Terra de Sol, e Festa. Ali, propunham:

“ renovar, portanto, mas sem romp er bruscamente com o passado, num sentido de evolução,

eis o lema do grupo Festa, em certo sentido derivando-se do simbolismo.” 1

Nenhum movimento cultural se encerra em si mesmo. Na da obra de um autor

podemos identificar um pouco de várias escolas literárias, o que não acontece diferente com

a autora de Vaga Música. Sabemos que, em pleno momento de efervescência modernista,

ela se manteve fiel à sua maneira de escrever, ao seu estilo. Sua arte é singular, ora com

traços simbolistas, ora com traços modernistas. Suas primeiras obras possuem aspecto

abstrato.

Cecília procura, dentro de sua arte, voltar para o seu eu mais profundo, o seu interior

passa a ser um dos focos que recebe mais atenção na sua poesia. Nele inícia uma viagem

para descobrir aquilo que se encontra no mais profundo do seu ser. A poetisa procura

mergulhar no seu universo mais íntimo, em busca das suas vivências e experiências com o

mundo, para poder analisá-las, senti-las e exprimi-las em sua arte. A autora procura

exprimir toda a sua visão do mundo e as suas emoções em relação a ele através de

metáforas, aliterações, sinestesias, sons e sensações.

55

O poeta francês Charles Baudelaire é o criador da teoria das Correspondências. O

poeta acredita na correspondência entre o mundo real e o mundo espíritual atribuindo ao

poema uma conotação mística. Ele transforma as imagens reais em símbolos místicos,

invoca os símbolos, geralmente escritos com inicial maiúscula, para representar as imagens

do mundo espiritual O tema principal de Baudelaire é a morte invocada como forma de

destruição de si mesmo.Ele procura um ideal de Infinito e dentro desse ideal está Deus e o

Diabo, e os dois se correspondem como o céu e o inferno, como o real e o espiritual.

Devido a isso, utiliza-se de muitas metáforas em seus poemas. Consideramos que é possível

fazer um paralelo entre a obra de Baudelaire e alguns aspectos da poesia de Cecília

Meireles.

Cecília sugere a realidade a sua volta através dos sentidos, para não perder a sua

essência e o conteúdo emotivo, o qual deseja demonstrar em forma de poesia. A essência da

morte, por exemplo, é transmitida da mesma maneira que a essência da vida, com o mesmo

valor humano e poético. As metáforas sugerem ou transmitem em seus poemas aquilo o que

deseja e pensa.

O mundo de um poeta é vago e infinito ao mesmo tempo. Seu interior é vasto e

rico em experiências emocionais, vivências e percepções acerca do mundo em que vive

expressas em sentidos e traduzidas depois em palavras.

“Andei buscando esse dia

pelos humildes caminhos

onde se escondem as coisas

que trazem felicidade:

os amuletos dos grilos

e os trevos de quatro folhas...

Só achei flor de saudade.” 2

1 Leodegário A. de Azevedo Filho. Poesia e Estilo de Cecilia Meireles . Rio de Janeiro. 1970 2 Cecilia Meireles. Poema ‘Narrativa’ p.184, livro “Vaga Música” ed. Pongetti . 1942

56

Na maior parte de seus poemas o verbo é utizado na primeira pessoa, talvez numa

tentativa de auto-retrato. O eu poético está sempre explícito em seu discurso.

“ Já não mais desejo andanças;

tenho meu campo sereno,

com aquela felicidade

que em toda parte buscava.

O tempo fez-me paciente.

A lua, triste mas doce.

O mar, profunda, erma e brava.” 3

A atração e profunda admiração pelo mar fizeram com que a poetisa dedicasse

maior parte de seus poemas a esse elemento da natureza. A obra Vaga Música é repleta de

símbolos e termos aquáticos. O mar em seus poemas também é relacionado com a morte, os

marinheiros náufragos nas profundezas do mar e a vida marinha que deles se alimenta. É

como se a poesia fosse um mergulho profundo nas águas do mar.

Conforme a teoria das Correspondências, acreditamos que Cecília fazia uma

correspondência entre seu eu poético e o misticismo que encontrava na natureza.

“Tenho fases, como a lua.

Fases de andar escondida,

fases de vir para a rua...

Perdição da minha vida!

Tenho fases de ser tua,

tenho fases de ser sozinha.(...)” 4

Na maior parte dos poemas de Vaga Música notamos a presença do mar, da lua e

de outros elementos encontrados na natureza, os quais são elementos fundamentais para a

contrução de seus poemas e essenciais para o estilo de sua poesia. A leitura desta obra nos

3 Cecilia Meireles. Poema ‘Narrativa’ p.184, livro “Vaga Música” ed. Pongetti . 1942 4 Cecilia Meireles. Poema ‘Lua Adversa’ p.151, livro “Vaga Música” ed. Pongetti . 1942

57

mostra o quanto a natureza tinha importância para a sua autora. Nota-se que no poema

abaixo ela escreve “Água. Vento. Luar.”, em frases nominais, num estilo telegráfico que

realça a importância desses elementos naturais.

“Panorama” (trechos)

“Em cima, é a lua,

no meio, é a nuvem,

embaixo, é o mar

Sem asa nenhuma,

sem vela nenhuma,

para me salvar(...)

(...) Já dormiram todos,

não acordam outros...

Água. Vento. Luar(...)

(...) E em cima – é a lua,

no meio – é a nuvem,

e embaixo – é o mar!(...)5

O sentido de sua existência por vezes seria traduzido simbolicamente através do

mar. A transitoriedade da vida passa como passam as ondas do mar. O próprio título do

livro, Vaga Música, une os dois principais segmentos da obra. A vaga pode ser tanto o

substantivo com o sentido de onda do mar, ou pode ser o adjetivo relacionado ao verbo

vagar, no sentido de andar sem rumo, de imprecisão. Certamente Cecília considerou esta

multiplicidade de sentidos ao escolher o título da obra. A vaga do mar, vaga sem direção

certa, em rumo tanto para o norte, como para o sul, depende do vento que a leva.

“De um lado, a eterna estrela,

5 Cecilia Meireles. Poema ‘Panorama’ p.160, livro “Vaga Música” ed. Pongetti . 1942

58

e do outro a vaga incerta,(...)” 6

O sentido da vida talvez seja, para um poeta, como uma viagem mística, para

qualquer lugar, e para dentro de si mesmo. Esta busca é uma característica marcante nos

poemas de Cecília.

A teoria das correspondências pode ser observada na obra de Cecília, na

correspondência entre poesia e música, já que a musicalidade é uma característica marcante

de sua poesia, principalmente na obra Vaga música. Este livro está muito ligado à música,

às canções. Os poemas possuem certa ressonância musical. Os sentimentos mesclam-se em

musicalidade. No poema que veremos a seguir, a musicalidade se corresponde com o

sentimento de perda, com a morte. A morte é vista de uma forma poética, sem rancores,

sentimento geralmente despertado nas pessoas que perdem alguém querido. Neste poema

não há rancor da perda, há uma suave descrição da morte, como uma canção.

“A amiga deixada” (trecho)

“Antiga

cantiga

da amiga

deixada.

Musgo da piscina,

de uma água tão fina,

sobre a qual se inclina

a lua exilada.

Chegara tão perto!

Mas tinha, decerto,

seu rosto encoberto...

Cantava – mais nada.(...)

(...) Partiu como vinha,

6 ‘Canção Quase Inquieta’ da obra “ Vaga Música”.

59

leve,alta, sozinha,

- giro de andorinha

na mão da alvorada.

Antiga

cantiga

da amiga deixada.” 7

Outro poema interessante que fala sobre a morte é o “Naufrágio Antigo”. Trata -se

de uma náufraga, em meio oceano, sendo aos poucos devorada pelos animais marinhos.

Apesar da descrição um tanto sombria, o poema se enche de suavidade e leveza para retratar

um tema tão fúnebre. A morte enche-se de vida, pois ela faz parte da vida e do mundo e

isso tudo é objeto de contemplação da poetisa. Neste poema nota-se a relação da morte com

o mar, pois ao mesmo tempo em que este é vida, também é morte para aqueles que por ele

navegam e vagam sem rumo.

“Inglesinha de olhos tênues,

corpo e vestido desfeitos

em águas solenes;(...)

(...)Pelas águas transparentes,

suspiros que foram vê-la

da espuma crespa.(...)

(...)Moluscos fosforescentes

cobiçam os arabescos

de suas orelhas(...)

(...)Desmanchou-lhe o seio,

desfolhou-lhe os dedos

e algas verdes,(...)

7 Cecilia Meireles. Poema ‘A amiga deixada’ p.191, livro “Vaga Música” ed. Pongetti . 1942

60

(...)e a voz do vento

que na areia

sofrera.(...)8

No campo sensorial, a poetisa explora os sentidos de forma peculiar, fazendo com

que o leitor sinta-os numa simples leitura. O poema que veremos abaixo, “Mexican List

And Tourists” é uma viagem ao México. Termos estrangeiros nos remetem para o tempo e

espaço onde os acontecimentos se dão. Neste mesmo poema podemos observar os cinco

sentidos reunidos na mesma estrofe:

“(..)Canção, pimenta, abacate,

flores, crepúsculo – tudo

é inútil, ó poema, acaba-te!

Este mundo é surdo-mudo...

(Tacos, tortillas, enchiladas, tamales, chile com carne y peanuts)(...)

Campo sonoro: canção. Negação do campo sonoro: Surdo-mudo.

Campo visual: crepúsculo, poema.

Campo olfativo: flores, pimenta.

Campo do paladar: pimenta, abacate.

Campo táctil: flores.

Ainda neste poema observamos a associação de dois campos sensoriais diferentes

num mesmo campo semântico.

“mastigando um amor e um taco.”

No campo do paladar foi utilizado o verbo mastigar, que remete automáticamente a

um alimento, em conjunto com as palavras amor (abstrato) e taco (concreto). Não se pode

8 Cecilia Meireles. Poema ‘Naufrágio Antigo’ p.134, livro “Vaga Música” ed. Pongetti . 1942

61

mastigar algo abstrato como sentimentos, emoções, dor. O que é mastigável precisa ser

concreto. De acordo com Darcy Damasceno em seu ensaio “Poesia do sensível e do

imaginário”:

“Fato gramatical aparentemente singelo, a sinédoque é ponto de partida para um

encadeamento de impressões sensoriais que, à maneira de certos fenômenos físicos, se

multiplicam e perduram enquanto encontram carga reatora.” 9

A obra Vaga Música tem um papel importante na obra de Cecília, pois nela estão

reunidos poemas que constituem uma das mais belas amostras de poemas líricos da nossa

poesia brasileira.

9 Darcy Damasceno. ‘Poesia do sensível e do imaginário’. “Cecília Meireles - Obra Poética” ed. Aguilar.Rio de Janeiro. 1967.

62

ESTUDO DAS VARIANTES

Embora a sua obra seja muito reconhecida, pesquisadores e estudiosos cecilianos

encontram muitos problemas e dificuldades na documentação da mesma, devido a alguns

problemas de revisão nas várias edições. Conforme mostramos nesta pesquisa o número de

variantes encontradas nas reedições de uma mesma obra é grande. Faz-se, portanto,

extremamente necessário haver pesquisas como esta, pois é a partir delas que pesquisadores

conseguirão encontrar textos mais próximos ao originais e assim conseguir resultados mais

seguros em suas pesquisas.

A metodologia utilizada nesta pesquisa foi o levantamento das variantes textuais

nas oito edições da obra. Realizamos um estudo comparando todas as edições e separando

as passagens em que se diferenciavam entre si. Comparamos cada verso, cada estrofe dos

poemas, em suas edições diferentes. As alterações detectadas foram anotadas por letras que

diferenciavam as edições e novamente comparadas entre si. As variantes foram analisadas e

comentadas para, assim, podermos decidir qual seria a versão mais correta ou adequada,

que se aproximasse mais do que acreditamos ser o pretendido pela autora.

De acordo com o resultado desta pesquisa, é extremamente importante uma edição

crítica da obra, para resgatar a estrutura mais fiel possível dos poemas, servindo como fonte

conhecimento para futuras gerações de pesquisadores. Assim, futuras pesquisas acerca da

obra Vaga Música serão possíveis e terão maior segurança, com certeza de estarem

pesquisando uma obra mais próxima possível do seu original manuscrito.

As variantes detectadas são inúmeras, algumas são simples e quase insignificantes,

mas outras possuem a propriedade de prejudicar a leitura e o entendimento do poema. Uma

má leitura decorrente dessas alterações, nas diferentes edições, pode resultar em uma

interpretação errônea, comprometendo o poema e a análise do mesmo.

Como também foi visto, Cecília mantinha uma certa regularidade em seus poemas,

que por vezes tornavam-se características próprias da sua maneira de escrever e estilo. Estes

exemplos são fundamentais para estudiosos e pesquisadores, pois uma pesquisa pode ser até

comprometida em seus resultados devido à utilização de edições precárias. A obrigação de

um pesquisador ceciliano é evitar erros em futuros trabalhos. Além disso, é claro, a

63

obrigação das editoras seria, no mínimo, a de ser fiel aos manuscritos entregues pelos

autores, e em futuras reedições conservarem o texto original independente do próprio

conceito sobre ele, já que uma boa parte dessas variantes surgiram na tentativa de se

“melhorar” o texto.

Em casos como este, em que não se tem acesso a possíveis manuscritos, conta-se

muito com o conhecimento do pesquisador acerca da obra pesquisada e acerca do seu autor,

a fim de se obter um resultado um pouco mais seguro. Optamos por utilizar a primeira

edição por acreditarmos ser a mais original entre elas, inclusive por ter sido publicada

ainda em vida pela autora. Apesar de a primeira edição também conter algumas incorreções,

estas ocorreram sobretudo devido a alterações ortográficas. Portanto, para a realização

desta pesquisa, o material base mais indicado foi a primeira edição.

As variantes detectadas nesta obra são ‘diacrônicas’, ou seja , são as alterações,

inovações introduzidas no texto original, segundo Bárbara Spaggiari, pelas editoras no

momento de edição da obra, muitas vezes com o intuito de “aprimorar” o texto do autor.

“As variantes diacrônicas constituem a base de qualquer trab alho de edição crítica de um

texto, cujo original está perdido, e fazem parte normalmente do aparato crítico de roda-pé

que acompanha a edição.” 10

Estas são diferentes das sincrônicas, ou seja, são as variantes autorais, modificações

pelo próprio autor.

O objetivo geral de se realizar uma pesquisa de crítica textual das variantes, é a de

se aproximar do texto original, com vistas a uma versão mais definitiva da obra. Também

serve como uma espécie de denúncia do descuido de algumas editoras para com sua

edições.

Através de nosso estudo, cremos ter obtido uma versão que é a mais próxima

possível do texto original, através de um trabalho realizado com muito afinco e dedicação, e

oferecemos aos novos pesquisadores uma fonte de estudo segura para as futuras pesquisas.

10 Barbara Spaggiari. ‘Ecdótica e crítica das variantes’. “Veredas ” (Revista da ass. Int. de Lusitanas).1999

64

PARTICIPAÇÕES E APRESENTAÇÕES DE TRABALHOS EM CONGRESSOS

XV Congresso de Iniciação Científica da Unesp

Dias 18 a 24 de Outubro de 2003.

Local: Campus de Marília.

Com comunicação individual.

XVI Seminário do CELLIP (Centro de Estudos Linguísticos e Literários do Paraná)

Dias 23 a 25 de Outubro de 2003.

Local:Universidade Estadual de Londrina (UEL).

Com comunicação individual.

XI Seminário de Iniciação Científica da Universidade Federal de Ouro Preto.

Dias 24 a 26 de novembro de 2003.

Local: Universidade Federal de Ouro Preto.( UFOP).

Com comunicação individual.

Os comprovantes seguem em anexo ao relatório.

65

BIBLIOGRAFIA:

AMORA, Antonio Soares. Vocabulário da língua portuguesa. São Paulo: Lepsa,

1958.

ANDRADE, Mario de. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. (texto revisto por

Telê Porto Ancona Lopez. 2º ed. Belo Horizonte: Itatiaia, 1986.

AZEVEDO FILHO, Leodegário A de. Poesia e estilo de Cecília Meireles (Coleção

documentos brasileiros). Rio de Janeiro: José Olympio, 1970.

CANNABRAVA, Euryalo. Estética da crítica. s/l: Ministério da Educação e Cultura,

1963.

CAVALIERI, Ruth Villela. Cecília Meireles: o ser e o tempo na imagem refletida.

Rio de Janeiro, Achiamé, 1984.

GALVÃO, Jesus Belo. Língua e expressão artística. Rio de Janeiro: Civilização

Brasileira, 1967.

HOLLANDA, Aurélio Buarque Ferreira de. Pequeno dicionário da língua

portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

LAMEGO, Valéria. A farpa na lira. Rio de Janeiro: Record, 1996.

LOPEZ, Telê Porto Ancona. Macunaíma: a margem e o texto. São Paulo:

HUCITEC, Secretária de Cultura, Esportes e Turismo: 1974.

66

MANFIO, Diléa Zanotto. Poesias reunidas de Oswald de Andrade: Edição crítica

(tese de doutoramento em literatura ). São Paulo: USP, 1992.

MANFIO, Diléa Zanotto. Os problemas editoriais em Elementos de retórica nacional de

Junqueira Freire. Anais do I Encontro de crítica textual, São Paulo, 1986, p. 227-233.

MEIRELES, Cecília. Vaga música. Rio de Janeiro: Pongetti, 1942.

MEIRELES, Cecília. Vaga Música. Obra Poética. Rio de Janeiro: José Aguilar,

1958.

MEIRELES, Cecília. Vaga Música. Obra Poética. Rio de Janeiro: José Aguilar,

1967.

MEIRELES, Cecília. Vaga Música. Obra Poética. Rio de Janeiro: José Aguilar,

1972.

MEIRELES, Cecília. Vaga Música. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1973.

MEIRELES, Cecília. Vaga Música. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982.

MEIRELES, Cecília. Vaga Música. Poesia Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,

1994.

MEIRELES, Cecília. Vaga Música. Poesia Completa. Rio de Janeiro: Nova

Fronteira, 2001.

NEVES, Maria Helena de Moura. Gramática de usos do português. São Paulo:

Unesp, 2000.

67

OLIVEIRA, Ana Maria Domingues de. Estudo crítico da bibliografia sobre Cecília

Meireles (dissertação de mestrado ). Campinas: UNICAMP, 1988.

PERES, Edna Castilho. Edição crítica do Canto I de Caramuru de Frei José de

Santa Rita Durão (dissertação de mestrado ). UNESP: Assis, 1991.

SILVA, Antonio Morais. Novo dicionário compacto da língua portuguesa. 2º ed.

Lisboa: Confluência / Livros Horizonte, 1980.

SILVEIRA, Souza da. Fonética sintática. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas,

2ª ed., 1971.

SPAGGIARI, Barbara. Ecdótica e crítica das variantes. Veredas (Revista da Associação

Internacional de Lusitanistas) v. 1, Porto, 1999, p. 49-65.

ZAGURY, Eliane. Cecília Meireles: notícia biográfica, estudo crítico, antologia,

discografia, patituras. ( coleção poetas modernos do Brasil ) Petrópolis: Vozes, 1973.

BARRETO, Lima - Triste Fim de Policarpo Quaresma - Edição crítica organizada por

Antonio Houaiss e Carmem Lúcia Negreiros. Coleção Archivos - Scipione Cultural, 1997.

LOPEZ, Telê Porto Ancona Lopez - Manuel Bandeira Verso e Reverso. T. A. Queiroz,

editor, Ltda - SP 1987 - apoio financeiro da FAPESP.

I - Encontro de crítica textual: O manuscrito modermo e as edições - USP - Comissão

Organizadora: Philippe Willemart, Roberto de Oliveira Brandão e Telê Ancona Lopez - 16

a 20 de setembro de 1985 - publicado em 1986.