estruturas sociais da economia p bourdieu

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Bourdieu, P. “As Estruturas Sociais da Economia”. Introdução Questão central: “A imersão da economia no social é tal que, por legítimas que sejam as abstrações operadas pelas necessidades da análise, se torna necessário manter na mente que o objeto real de uma verdadeira economia das práticas não é outra coisa, em última análise, senão a economia das condições de produção e reprodução dos agentes e das instituições de produção e reprodução econômica, cultural e social, quer dizer, o próprio objeto da sociologia na sua definição mais completa e mais geral.” (p-29) O autor apresenta suas bases para análise sobre a produção e comercialização de casas inidividuais na França, na década de 80, incluindo como referência empírica as pesquisas desenvolvidas sobre a lógica da economia da honra e da “boa fé” – Argélia; ou sobre a banca e sua clientela. Propõe uma investigação sociológica que se distingue da “economia mais comum” por dois aspectos essenciais: i) Mobiliza um conjunto de saberes sobre as diferentes dimensões da ordem social (a família, o Estado, a escola, os sindicatos, as associações etc.; e não unicamente a banca, a empresa e o mercado); ii) Armam-se de um sistema de conceitos apresentados como teoria alternativa para a compreensão da ação econômica, a saber: Habitus 1

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Bourdieu, P. “As Estruturas Sociais da Economia”.

Introdução

Questão central:

“A imersão da economia no social é tal que, por legítimas que sejam as abstrações operadas pelas necessidades da análise, se torna necessário manter na mente que o objeto real de uma verdadeira economia das práticas não é outra coisa, em última análise, senão a economia das condições de produção e reprodução dos agentes e das instituições de produção e reprodução econômica, cultural e social, quer dizer, o próprio objeto da sociologia na sua definição mais completa e mais geral.” (p-29)

O autor apresenta suas bases para análise sobre a produção e comercialização de casas inidividuais na França, na década de 80, incluindo como referência empírica as pesquisas desenvolvidas sobre a lógica da economia da honra e da “boa fé” – Argélia; ou sobre a banca e sua clientela.

Propõe uma investigação sociológica que se distingue da “economia mais comum” por dois aspectos essenciais:

i) Mobiliza um conjunto de saberes sobre as diferentes dimensões da ordem social (a família, o Estado, a escola, os sindicatos, as associações etc.; e não unicamente a banca, a empresa e o mercado);

ii) Armam-se de um sistema de conceitos apresentados como teoria alternativa para a compreensão da ação econômica, a saber:

Habitus

Capital Cultural

Capital Social

Capital Simbólico

E a noção de CAMPO

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Convicção – princípio:

“o mundo social se encontra totalmente presente em cada ação “econômica”, torna-se necessário armamo-nos de todos os instrumentos do conhecimento que, longe de colocar entre parênteses a multiplicidades e amultifuncionalidade das práticas, permitam construir modelos históricos capazes de justificar com rigor e parcimónia as ações e as instituições econômicas tais como elas se apresentam à observação emprírica” (p-15).

Portanto, toma as expressões econômicas como construção social.

A análise e reflexão proposta busca romper com a naturalização das categorias da ciência econômica que pretende laçar conceitos universais que tendem a ser des-historizada e des-historizante. Crítica a ciência pura, considerando as práticas econômicas com fruto de uma longa história coletiva.

Assim define a ciência econômica como “produto paradoxal” que reproduz histórias individuais que só podem ser compreendidas a partir de uma análise histórica.

“(...): é porque inscreveu paralelamente nas estruturas sociais cognitivas, esquemas práticos de pensamento e percepção e de ação, que a história conferiu às instituições cuja a economia pretende fazer a teroria não-histórica a sua aprência de evidência natural e universal; isto, nodamente, através da amnésia da génese que favorece neste domínio e noutros, o acordo imediato entre o “subjetivo” e o “objetivo”, entre as disposições e as posições, entre as antecipações (ou as esperanças) e as oportunidades.” (p-19)

Contra a visão a-histórica da ciência econômica propõe:

Gênsese das disposições econômicas do agente econômico – utiliza o conceito de habitus: gosto, necessidade e propenções.

O campo econômico como cosmos em oposição a visão de um universo separado (do espaço social) ou automização radical que opera na ciência pura - visão de mundo que atribui lugar central a razão – universalização- automização.

Ressalta uma discordância constatada empírcamente: lógica escolastica e a lógica da prática.

Hegel/Marx: “entre as coisas da lógica e a lógica da prática”.

De acordo com Bourdieu:

“As disposições econômicas mais fundamentais, necessidades, propensões, não são exôgenas, quer dizer, dependentes de uma natureza humana universal,

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mas endógenas e dependentes de uma história, que é precisamente a dos cosmos econômico onde elas são exigidas e recomensadas. Quer dizer, contra a distinção canônica entre os fins e os meios, que o campo econômico impõe a todos, mas com graduações diferentes segundo sua posição e as suas capacidades econômicas, não só os meios “razoáveis” mas os fins, ou seja, o enriquecimento individual da ação econômica.” (p-23)

Ao contrário das “decisões” da vontade e da consiciência racional ou de poderes exteriores, a economia das práticas econômicas engendram “disposições adquiridas através de aprendizagens associadas a uma longa confrontação com as regularidades do campo; (...). (p-23)” Se por uma lado a sociologia é acusada de uma ciência menor, carregada de posições políticos e ideológicos, é a econômia aplicada (que “nunca é tão neutra como se quer acreditar e fazer acreditar” (p-25) é sempre mais uma ciência de Estado.

“A economia neoliberal, cuja lógica tende, hoje, a impor-se a nível mundial por intermédio de instâncias internacionais como Banco Mundial ou o FMI e os governos aos quais ditam, direta ou indiretamente, os seus princípios de “gouvernance”, deve um certo número de suas caracteristicas, pretensamente universais, ao fato de se encontrar imersa, embedded, numa sociedade particular, quer dizer, enraizada num sistema de crenças e de valroes, um ethos e uma visão moral do mundo, em síntese, um sentido comum econômico, ligado enquanto tal, às estruturas sociais e às estruturas cognitivas de uma ordem social particular.” (p-26)

Modelo – um mundo universal que fundamenta a teoria econômica neoclássica que ampara dois postulados:

i) “a economia é um domínio separado governado por leis naturais e universais que os governos não devem contrariar por intervenções intempestivas”

ii) “o mercado é meio ótimo de organizar a produção e as trocas de forma eficaz e equitativa nas sociedades democráticas

Efeitos “práticos” destes postulados, sobretudo no caso particular dos Estados Unidos da América):

Exaltação conservadora da responsabilidade individual. Enfraquecimento visão Durkheimiana do Estado como instância coletiva – em reforço

da solidariedade. Forte flexibilidade em oposição a uma forte seguridade social. Insegurança social como princípio positivo da organização coletiva, capaz de produzir

agentes econômicos eficazez e produtivos.

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Desenvolvimento extremo do “espírito do capitalismo”.

“O Estado é o fim e o produto de um lento processo de acumulação e de concentração de diferentes espécies de capital: capital de força física, policial ou militar (que evoca a definição Weberiana pelo “monopólio da violência – física – legitima”); capital economico, necessário entre outras coisas para assegurar o financiamento da força física; capital cultural ou informacional, acumulado (...) e efim capital simbólico.” (p-26)

O MERCADO DA CASA

“A análise pretende descrever a estrutura do campo de produção e os mecanismos que lhe determinam o funcionamento (em vez de se contentar com o simples registro, pedindo ele próprio explicações, de co-variações estastisticas entre varíaveis e acontecimentos) e também a estrutura da distribuição das disposições econômicas e, mais especialmente dos gostos em matéria de habitação; sem esquecer de estabelecer, por uma análise histórica, as condições sociais da produção deste campo particular e das disposições que aí encontram a possibilidade de se realizar de forma mais ou menos completa.” (p-35)

A construção do objeto de análise:

Ao contrário de uma crítica aos pressupostos da economia, o autor analisa um objeto tipicamente partilhado pela economia: a produção e a comercialização de casas individuais, partindo de questões antroplógicas – introduzidas na prática dos economistas.

As escolhas econômicas em matéria de habitação depedem de dois termos:

i) Disposições – socialmente construídas: gosto, meios econômicos.ii) Estado da oferta das habitações.

Estes dois termos considerados pela economia neoclásica como incondicionais também dependem de todo um conjunto de condições econômicas e sociais poduzidas pela “política de habitação/alojamento”. Gostos, ajudas aos construtures ou particulares – emprestimos, as insenções, os créditos bonificados etc.. Nesses termos:

O Estado – “e aqueles que estão em posição de impor as suas perpspectivas através dele” (p-33) – contribui de forma muito significativa para produzir o estado do mercado de habitações.

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Orientando investimentos financeiros ou através de leis como a promulgada na França em 1977 que corou um conjunto de ações que orientou para a propriedade – fazendo também da habitação/moradia/alojamento uma forma principal de aplicação.

O mercado de casas individuais é uma dupla construção social – com forte particpação do Estado:

Construção da procura (propriedade ou arrendamento – sistemas de preferêncial individual definidas por lei e regulamentos de que se pode definir a gênese, portanto histórica)

Construção da oferta (crédito aos contutores, - posição na estrutura do campo extremamente disperso, constragimentos estruturais pesando sobre cada um deles em matéria de produção e de publicidade.

“(...) as estratégias econômicas estão na maior parte das vezes integradas num sistema complexo de estratégias de reprodução, portanto, cheias de toda a história que elas visam perpetuar, isto é, a unidade doméstica, ela própria o resultado de um trabalho de construção coletiva, uma vez mais ainda imputável, numa parte essencial, ao Estado; e que, corelativamente, a decisão econômica não é a de um agente econômico isolado, mas de um coletivo, grupo ou empresa, funcionando como um campo.” (p-35)

Capitulo 1 - Disposição dos agentes e estrutura do campo de produção

O forte componete simbólico inerente ao produto “casa” – exprime ou trai o ser social do seu proprietário. Seus meios, gostos, situando-o no espaço social.

A aquisição da “casa” é também ocasião de investimentos econômicos e afetivos.

“(...) ela é o elemento central de um patrimônio de que se espera que dure tanto como o seu proprietário, e mesmo que lhe sobreviva, a título de herança transmissível.” (p-38)

A mitológia da “casa”

O siginificado da “casa” é mais abrangente que um simples bem de capital. Está associada a um conjunto de valores e siginificados que são construídos históricamente; a construção da família, para além do indivíduo, “abrigo” e sentimento de “pertença”. Seu significado e seu valor é, portanto, indissociável do seu contexto histórico e social.

“(...) enquanto atestado visível do sucesso de um projeto comum, tranforma-se na fonte sempre renovada de uma satisfação partilhada, é um produto de coesão afetiva que redobra e reforça a coesão afetiva.” (p-40)

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Toda a herança de mitologias associada a casa é bastante explorada, como mostra o autor, pela retórica publicitária. Associada a história do sedentarismo em oposição ao nomadismo, favorecendo “o enraizamento no solo e imutabiliade no tempo” (p-40). O autor percorre um longo caminho para demonstrar o quanto a “casa” é carregada de significado e valor simbólico na organização social.

Destaca que as escolhas em favor do arrendamento e da propriedade estão relacionadas as transformações das tradições em matéria de constituição ou dissolução da unidade doméstica. As disposições que levam os agentes a construirem a casa como morada estável, do modo de produção e os tipos de materiais ou tecnologia escolhidas se ligam, como poucos produtos, a sua autenticidade simbólica. As preferencias pela casa “feita a mão”, à antiga, ou a “casa de pedreiro” em detrimento da casa industrial ou dos edifícios coletivos.

“As propriedades do produto só se definem completamente entre suas caracteristicas objetivas, tanto técnicas como formais, e os esquemas inseparavelmente estéticos e éticos do aspecto exterior que estruturam a percepção e a apreciação, definindo assim a procura real com a qual os produtores devem entrar em consideração. E as seduções ou os constragimentos econômicos que conduzem às decisões de compra observadas só se instauram como tal na relação entre um certo estado da oferta proposta pelo campo da produção e um certo estado de exigências inscritas nas disposições dos compradores, assim conduzidos a contribuir para os constragimentos a que se encontram sujeitos.” (p-42)

Neste ponto o autor estabelece uma relação entre:

oferta procura

Onde:

A oferta apresenta-se como um espaço diferenciado e estruturado de entidades concorrentes cujas estratégias dependem dos outros concorrentes.”

A oferta é estruturada, “nomeadamente pela intervenção do Estado”, para satisfazer a procura.

A oferta diferenciada e estruturada em parte contribui para criar a procura.

A oferta então contribui para impor uma forma de satisfazer o gosto do consumidor. Como as empresas que se organizam para produzir casa industriais que criam a ilusão da casa durável, individual, transmissível e “feita a mão”. Preferências dominada pelo culto da autenticidade da manufatura com certificado de que a obra foi executada pela mão do mestre – “de mão de mestre”.

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A publicidade então atua de maneira eficaz porque parte de <disposições> pré-exitentes.

“A magia e o encanto das palavras participam diretamente da magia e no encanto das coisas que elas evocam: o prazer que o leitor sente ao habitar as casas de palavras, “velhas abadias”, “antigos moinhos”, “postos de correio”, ou “solares do século XVIII” não é senão uma antecipação simbólica do prazer de habitar, de se sentir “em casa” num universo de coisas que é sempre indissociável do universo das palavras necessárias para as chamar e as dominar, numa palavra, de as domesticar.” (p-44)

O espaço dos compradores e a genese social das preferências

As expectativas são diferenciadas segundo a posição ocupada no espaço social.

Casa e herança

No perído analisado, 1984, observa-se que a ligação entre casa e herança encontra-se em declínio. Diminue o número de habitação adquirida por herança, enquanto a aquisição da casa por meio do crédito aumenta. Ao contrário da gerações mais antigas.

Compra ou aluguel

Observa-se que as oportunidades de aceder a propriedade dependem do volume do capital. Mas a propenção para comprar em vez de alugar depende sobretudo da estrutura deste capital – ou seja: do peso relativo do capital econômico e do capital cultural.

Em relação aos motivos que impedem a aquição da propriedade os empregados e operarios indicam falta de recursos financeiros – receio do endividamento. Os artesãos, comerciantes, chefes de empresas são mais numerosos os que indicam que o investimento imobiliário não é rentável. A parcela de proprietários entre os que detem maior capital cultural é siginificativamente mais fraca.

Importância dada ao aspecto técnico e simbólico da casa

Observa-se que a propenção para atribuir maior importância ao aspecto técnico e menos ao aspecto simbólico cresce nas posições mais baixas da hierarquia social.

1 – os indivíduos colocados no topo da hierarquia social: representação mais negativa da casa préfabricada, são mais numerosos a pensar que as pessoas recorrem a este tipo de casa por falta de recursos financeiros.

2 – aqueles com rendimentos mais baixos: consideram que pode existir boas razões para a escolha de uma casa préfabricada – tem gosto pelas coisas modernas; pensam que este tipo de casa é mais sólia, mais fácil de personalizar.

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O efeito da dimensão da aglomeração

A separação entre as classes sociais cresce quando se passa da comuna rural para os grandes centros urbanos. Os operários praticamente só ascedem a propriedade da casa individual nas comunas rurais. Ao contrário os conramestres podem ser possuídores de suas casas mesmo na aglomeração parisiense. O acesso a aquisição da casa individual parece ser mais tardio na medida nas posições mais baixa da hierarquia social.

Origem social e geográfica

O autor indica que é possível supor, pelas entrevistas realizads, que o acesso à propriedade (a maior parte das vezes graças ao crédito) foi sobretudo o resultado dos “novos ricos” que eram também “recém-chegados” à sociedade urbana. Provincianos que chegaram a Paris ou nas grandes cidades que adquiriam casas nos bairros novos. Enquanto os mais antigos tinham maiores possibilidades de morar como arrendatários.

Filhos de proprietários também tem maiores possibilidades de serem proprietários, ao passo que filhos e filhas de arrendatários possuem menor possibiliades de serem proprietários.

Ou seja: a origem social contribui para estruturar as estratégias residenciais das famílias, mas através de um conjunto de mediações tais como tipo de algomeração, o momento do ciclo de vida, a profissão e a origem do cônjuge, etc.

Acesso ao crédito bancário

Frações assalariadas das classes médias são as principais utilizadoras dos créditos bancários e as frações superiores da classe operaria representam uma parte importante dos “candidatos” recentes à propriedade. A partir de 1975 o recurso ao crédito bancário se generalizou e é nessas classes que é mais frequentes. As classes médias também são mais numerosas a desejarem a casa própria.

O acesso à propriedade de casas se generalizou na região do espaço social definida pelo primado do capital cultural sobre o capital econômico – em todas as categoriais superiores e médias, assalariados do setor público e semi público e também nas regiões superiores da classe operária (incluindo frações de operários especializados e trbalhadores manuais).

Um processo global de crescimento da taxa de proprietários. Homogeinização de dois setores que se opõe na dimensão horizontal do espaço social.

“(...): categorias que se encontravam pouco inclinadas até aí a fazerem da compra da casa uma forma principal de aplicação e que teriam constituido uma clientela natural a uma política visando favorecer a criação de alojamentos (casa individuais ou edifícios) destinados ao arrendamento entraram, graças ao crédito e às ajudas do governo, na lógica de acumulação de um patrimônio econômico, atribuindo assim um papel, nas suas estratégias de reprodução, à transmissão direta de bens materiais; no entanto, em simultâneo, categoriais que não contavam senão com herança para

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reproduzirem a sua posição deviam apoiar-se sobre o sistema escolar para operar as reconversões impostas pelos rigores da concorrência.” (p-60)

Movimentos complementares e atenuantes das oposições entre a “direita” e a “esquerda” do espaço social e do campo político.

Substituindo oposições ainda: proprietários e arrendatários – libralismo e estatismo – privado e público por formas mistas.

Equivale a dizer que as escolhas individuais só podem ser explicadas levando em conta estruturas objetivas e suas transformações.

Localização e tipologias das moradias

A evolução da produção de alojamentos/moradias/habitação demosntra o crescimento do números de proprietários. Na região Parisiense associado ao deslocamento para os subusrbios. Aumento das despesas com transporte e tempo de delocamento para o centro urbano.

A análise sintetizada acima indica um sistemas de fatores explicativos que:

“orientam as escolhas que os agentes econômicos podem operar nos limites que fixam às suas disposições, por um lado, o estado da oferta das habitações (ligado ao funcionamento do campo da produção) e, por outro lado, os meios econômicos de eles dispõem e que, da mesma forma que o estado de oferta, dependem de forma muito estreita da “política de alojamento”. (p-65)

A lógica específica do campo de produção

Princípios metodológicos de construção do objeto e hipóteses sobre a própria natureza da realidade estudada:

i) “As relações objetivas que se instauram entre os diferentes construtores colocados em concorrêcia na conquista de partes deste mercado constituem um campo de forças cuja estrutura, num dado momento, se encontra no princípio das lutas que visam conserva-los ou transforma-los.”

ii) “As leis gerais de funcionamento que valem para todos os campos e, muito especialmente, para todos os campos de produção econômica, que se especificam segundo as propriedades caracteristicas do produto.” (p-66)

O autor defende a noção de campo como sendo, a partir destes dois princípios, mais adequada que as noções de “setor” ou “ramo” que designam agregados de empresas produzindo os mesmo produto, sem distinguir as diferenças entre estas empresas. Além das relações objetivas de complementariedade na rivalidade que, ao mesmo tempo, unem e os opõem na lógica da concorrência que define o próprio campo de produção.

Propriedade específicas da casa como produto singular:

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Carga simbólica Relação com o espaço

Daí decorrem as características do campo de produção, destacamdo-se:

A predominância de empresas nacionais (apesar de um pequeno número de empresas internacionais).

Persistência de pequenas empresas artesanais ao lados de grandes empresas de produção.

A prdução da CASA está entre duas formas opostas de atividade produtiva:

Produção de obras de arte

Promoção criação simbólica forte

Atividade de produção do produto material fraca

Produção de bens materiais – petróleo, aço etc

Aparelho de produção forte

Promoção criação simbólica fraca

Há uma variadade expressiva de empresas atuando na produção da casa. Entretanto, estes produtores entram em concorrência pelos efeitos da distância geográfica – que favorece prequenos produtores locais e pela diferenciação do produto oferecido.

A estrutura do campo dos construtores

- Empresas classificadas pelo volume de negócio; Pela idade – antiguidade – data de criação; organização da empresa – números de empregados; Atividade principal e diversificação dos negócios; capital; número de casas em construção.

Tipos observados:

1 – grandes empresas, ligadas a grupos bancários: prioiridade a concepção e difusão

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2 – pequenas e médias de atuação regional e local: capital familiar, pouco ligada ao mercado financeiro: construindo casas industriais – estrutura de metal e madeira, reunindo vários profissionais.

Construtores muito hetrogêneos: grupos especializados e outros bastantes diversificados.

Analise das estruturas de empregos revelador de escolhas econômicas fundamentais e dotadas de vantagens desiguais - três grandes classes de empresa:

1 - Empresas com inovações organizacionais. Dominam o mercado da casa individual. Constroem sem pedreiros próprios as “casas de pedreiros”. Fabricam produtos industriais de aprência tradicional. Grandes investimentos na área comercial – publicidade.

2 – Empresas integradas e organizadas para o processo industrial. Mantem um pessoal ativo altamnte especializado. Vantagens de economia de escala, constragimentos pela retração do mercado.

3 – Empresas pequenas, familiares e integradas produzindo segundo modelo tradicional. Oferece o produto feito a mão. Associadas ao produto autentico. São indispensáveis à todo o sistema fornecendo toda a sua justificação simbólica.

As estratégias publicitárias

A importância e o peso relativo da função comercial nestas empresas são um dos indicadores mais siginificativos de suas posições no campo da produção da casa individual. Na proporção que cresce a empresa, cresce a burocratização e a sua parte coemrcial. O pessoal trabalhando em construção torna-se minoritário.

Mascaramento do poduto e de suas propriedades indesejáveis – apesar da lei criada em 27 de dezembro de 19973 que proibem e condenam este tipo de estratégia publicitaria.

As empresas que mesnos precisam recorrer as estratégias publicitárias são aquelas que o produto são mais próximos da realidade.

Procuram atribuir qualidades ao produto do “produtor”. Procuram desarmar resitências da clientela menos favorecida. Visam criar confiança e apresentar grantias.

As estratégias tendem aproximar os concorrentes, lançando campanhas ao mesmo tempo, com os mesmos apelos. Persistência da casa feita a mão.

A crise e o efeito de campo

A relação das empesas dependem da conjuntura econômica global. A crise na década de 80 que atingiu o mercado de habtação levou as grandes empresas multiplcarem estratégias de ordem técnica, próximas as estratégias dos pequenos produtores, diversificando produtos e buscando alternativas em escala de produção com aspecto artesanal.

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Muitas empresas são levadas a abandonar politica de produção integrada e industrializadas são forçadas a adotar estratégias próprias das pequenas empresas, apoiando-se na subcontratação. A crise alterou a correlação de forças em favor das pequenas empresas. A retração no mercado traduziu-se numa retração e dispesão da clientela.

As estratégias da empresa como campo

As relações de forças que também operam no interior das grandes empresas também podem ser analisadas como um campo.

Uma mudança de escala que permite analisar a sua estrutura interna e buscar ocmpreeder pr exemplo deteminadas posições e escolhas que passam a oeirntar também as escolhas dos tomadores de decisão no seio de uma empresa, oragnizada hierarquimente.

As estratégias dos drigentes de uma empresa tomada como um campo também depedem do volume e da estrura dos capitais mobilizados nas lutas de poder encerradas no interior da empresa.

Os efeitos da crise de sucessão por exemplo são tão graves quanto surge num momento em os concorrentes estão a desenvolver-se. Apostam em importantes investimentos publicitários e ocupam cada vez mais terreno.

“E somos levados a substiruir o mito da “mão invisível”, elemento fulcral da mitologia liberal, pela lógica da orquestração espontânea das práticas, baseada em toda uma rede de homologias (entre produtos, os vendedores, os compradores, etc.). Essa espécie de orquestração sem chefe de orquestra está na base de inúmeras estratégias que podemos considerar sem sujeito., porque são mais inconcientes que propriamente desejadas e calculadas, como a que consiste, para um vendedor, em identificar os seus interesses com os do comprador ou apresentar-se a si próprio como garante da transação (“tenho uma igual”) – e que não seria concebível, e menos ainda eficaz em termos simbólicos, a não ser com base em uma afinidade, garantida pela similitude das posições, entre os habitus dos compradores e dos vendedores.” (p-108)

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