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. Estruturas dos Materiais

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EstruturasdosMateriais

..

Sumário

Conceitos 1Constituição de um átomo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1Propriedade dos átomos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

Ligações químicas 2Ligações Primárias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

Ligação iônica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2Ligação Covalente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2LigaçãoMetálica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

Ligações Secundárias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

Estruturas Cristalina 3

Células unitárias 4

Estrutura cristalina CFC 6

Estrutura cristalina CCC 8

Estrutura cristalina HC 11

Demais estruturas 12

Direções e Planos Cristalográficos 14

As Direções Cristalográficas 15Índice deMiller . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

Massa específica 16

Discordâncias e Defeitos nos Cristais 17Lacunas (Vazios) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18Átomos intersticiais e substitucionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

Superfícies livres 19

Contornos de Grão 20

2

..

Maclas 21

Discordâncias 21Discordância emCunha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21Discordância emHélice . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22Movimento das discordâncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

3

.. Estruturasdos Materiais

ConceitosConstituição de um átomo

Um átomo é composto por um núcleo

que contém prótons e nêutrons, além

de elétrons que orbitam ao redor desse

núcleo. Elétrons e prótons possuem a

mesma caga elétrica (1, 602.10−19 C), po-

rém com sinais opostos, sendo a carga

do elétron negativa e a do próton posi-

tiva.

Prótons e nêutrons possuem pratica-

mente amesmamassa (1, 675.10−27 kg),

que émuitomaior que amassa do elé-

tron (9, 11.10−31 kg).

Propriedade dos átomos

Pelo número de prótons, ou número

atômico (Z), presentes no núcleo do

átomo pode-se caracterizar cada ele-

mento químico, uma vez que esse nú-

mero não se altera para átomos de um

mesmo elemento. Cada átomo possui

suamassa atômica (A), que é definida

como a soma do número de prótons e de

nêutrons (N) presentes no interior do

núcleo. Assim:

A = Z +N (1)

Apesar do número de prótons não se

alterar, pode ocorrer uma variação na

quantidade de nêutrons, encontrando,

assim, na natureza ummesmo elemento

com número demassa distinto, os cha-

mados isótopos.

O peso atômicoAr (oumassa atômica

relativa) representa amédia ponderada

damassa atômica dos isótopos de um

elemento. Para o seu cálculo, utiliza-se

o conceito de unidade demassa atômica

(U.M.A.), cuja unidade demedida é o "u",

sendo 1 u o equivalente a 1/12 damassa

do isótopo carbono 12, que é omais en-

cotrado na natureza (ArCARBONO= 12 u).

Por sua vez, o pesomolecularM de

uma substância é expresso em g/mol,

sendo que em 1mol são encontrados

NA = 6, 023.1023 átomos oumoléculas.

1

.. Estruturasdos Materiais

A constanteNA é conhecida como nú-

mero de Avogrado.

Ligações químicas

Quando ligados, os átomos apresentam

redução em sua energia potencial e se

tornam termodinamicamentemais está-

veis.

Toda estruturamolecular é possível de-

vido as suas ligações, que ocorrem con-

forme a reatividade quimica entre os

átomos envolvidos. Existem diversos

tipos de ligações emuitas vezes um ele-

mento possui mais uma ligação.

A propriedades dosmateriais depen-

dem do arranjo espacial dos átomos e

das ligações interatômicas. Como exem-

plo, temos o diamante e o grafite que,

apesar de ambos serem compostos de

carbono, possuem propriedades in-

crivelmente distintas graças aomodo

como as cadeias de carbono se organi-

zam.

Ligações Primárias

Ligação iônica

Ligação entre elementosmetálicos e

não-metálicos. Os átomos de elemen-

tos metálicos tem facilidade para perder

seus elétrons de valência (elétrons da

camadamais externa) para os elemen-

tos não-metálicos, ou seja, são transferi-

dos de um átomo eletropositivo para um

átomomais eletronegativo.

Ligação Covalente

Amais comum nas estruturas molecu-

lares de compostos orgânicos e nos po-

límeros, as ligações covalentes são ca-

racterizadas pelo compartilhamento dos

elétrons entre os átomos, gerando uma

força de atração entre eles.

LigaçãoMetálica

Encontradas nosmetais e suas ligas,

possuem um, dois ou nomáximo três

2

.. Estruturasdos Materiais

elétrons de valência que não estão liga-

dos a um único átomo, sendo, assim, de

certa forma, livres para se ligar a outros

átomos, formando as "nuvens eletrôni-

cas"ou "nuvens de elétrons".

O resto dos elétrons (fora da camada de

valência) junto com o núcleo atômico

formam os núcleos iônicos.

Ligações Secundárias

Também conhecidas como Ligações de

van derWaals, são resultantes da pola-

rização damolécula, formando dipolos

induzidos ou permanentes (Ponte de

Hidrogênio), sendo assim interações fra-

cas quando comparadas com as ligações

primárias.

EstruturasCristalinas

Ummaterial cristalino é definido como

um sólido com átomos arranjados em

um reticulado periódico tridimensional,

que forma a estrutura cristalina. Além

de todos osmetais possuírem estrutura

cristalina, algunsmateriais cerâmicos e

poliméricos (no estado sólido) também

apresentam essa estrutura.

O arranjo espacial dos átomos pode ser

representado por pontos e também é

chamado de rede cristalina. Segundo

omodelo atômico da esfera de corpo

rígido, o átomo oumolécula é conside-

rado uma esfera sólida e seu posiciona-

mento define seu tipo de células unitá-

rias (unidade de repetição da estrutura

cristalina).

Materiais que não apresentam reticu-

lados, ou seja, não há uma organização

periódica de seus átomos, sãomateriais

amorfos.

3

.. Estruturasdos Materiais

Figura 4: Estrutura cristalina de NaCl.

Células unitárias

Cada unidade de repetição do reticu-

lado cristalino recebe o nome de célula

unitária, que é geralmente represen-

tado por um cubo. Também há outras

formas, como a hexagonal e a romboé-

drica, onde os átomos estão localizados

de formas ordenadas e cada disposição

diferente representa um tipo de estru-

tura cristalina.

Ao todo, existem 14maneiras diferen-

tes de estrutura cristalina, conhecido

também por reticulados de Bravais. As

mais importantes são as três formas

mais comuns encontradas nosmetais:

• Cúbica de faces centradas (CFC);

• Cúbica de corpo centrado (CCC);

• Hexagonal compacta (HC).

Os átomos dos cristais metálicos podem

ser considerados esferas rígidas. Devido

a variações de pressão e temperatura,

alguns elementos elementos podem

apresentar diferentes estruturas cris-

talinas no estado sólido. Esse fenômeno

é conhecido como alotropia. No caso de

uma substância composta, o fenômeno

equivalente é denominado de polimor-

fismo.

4

.. Estruturasdos Materiais

ExemploPetrobras Biocombustível - 2011 - Engenheiro(a) de Equipamentos Júnior

- Inspeção - 21

Considerando a geometria de uma célula unitária, com comprimentos de

arestas a, b, c e ângulos entre eixos α, β, γ, o sistema cristalino triclínico é ca-

racterizado pelas seguintes relações entre os parâmetros de rede:

(A) a = b = c e α = β = γ = 90

(B) a = b = c e α = β = γ ̸= 90

(C) a = b ̸= c, α = β = 90 e γ = 120

(D) a ̸= b ̸= c e α = β = γ = 90

(E) a ̸= b ̸= c e α ̸= β ̸= γ ̸= 90

Solução:

Os termos a, b, c são os parâmetros de rede e α, β, γ os ângulos entre eles.

Do conhecimento das 7 estruturas cristalinas, tem-se que a geometria do

triclínico é um retângulo torcido em um de seus pontos inferiores (ver ta-

bela), sendo seus parâmetros de rede e seus ângulos diferentes entre si.

Resposta: E

5

.. Estruturasdos Materiais

EstruturaCristalina CFC

A estrutura cristalina cúbica de face

centrada é caracterizada por apresen-

tar um átomo em cada um dos vértices

e em no centro de cada face de sua es-

trutura. As esferas ou núcleos iônicos se

tocam ao longo de uma diagonal de face.

Sendo a o comprimento da aresta do

cubo e r o raio atômico, temos a se-

guinte relação:

a = 2.r.√2 (2)

Figura 5: Estrutura CFC.

6

.. Estruturasdos Materiais

2

ExemploPetrobras Biocombustível - 2010 - Engenheiro(a) de Equipamentos Júnior

- Inspeção - 41

Ummetal possui estrutura cristalina do tipo cúbica de face centrada e um

raio atômico equivalente a 0, 12 nm. Quantos átomos por centímetro pos-

sui na direção [101]?

(A) 2, 5.105

(B) 4, 2.107

(C) 6.108

(D) 7, 5.109

(E) 10.1010

Solução:

Esta questão utiliza o conceito de densidade linear (DL):

DL = Número de átomos centrados no vetor direçãoComprimento do vetor direção

Para a estrutura CFC no plano [101] temos:

7

.. Estruturasdos Materiais

O tamanho do vetor é igual a metade da diagonal, logo:

DL =1

2.r=

1

2.0, 12.10−9= 4, 2.107

Este conceito pode ser aplicado também para a densidade planar.

Resposta: B

EstruturaCristalina CCC

A estrutura cristalina de corpo centrada

CCC, assim como a CFC, apresenta um

átomo em cada vértice, mas se diferen-

cia por apresentar, além dos átomos dos

vértices, um único átomo no centro.

Para essa estrutura, temos a seguinte

relação:

a =4.r√3

8

.. Estruturasdos Materiais

Figura 6: Estrutura CCC.

As arestas das células unitárias são co-

nhecidas como parâmetros de rede. Ou-

tras caracteristicas importantes de uma

estrutura cristalina são o número de co-

ordenação e o fator de empacotamento

(FEA).

O número de coordenação corresponde

ao número de átomos vizinhos próximo

ou em contato. No caso da estrutura

CFC, 12, e da CCC, 8.

Por sua vez, o fator de empacotamento

(FEA) é dado pela razão entre o volume

ocupado pelos átomos da célula unitária

(Voc) e o volume da própria célula (Vc),

ou seja:

FEA =Voc

Vc

Ovolume Voc pode ser calculado por

meio da equação:

Voc = N.Va

OndeN é o número de átomos que efe-

tivamente ocupam a célula e Va é o vo-

lume de cada átomo.

Com isso, para a estrutura CFC, temos:

FEA = 0, 74

Sendo este o valor máximo de empaco-

tamento possível. Já a estrutura CCC

tem:

FEA = 0, 68

2

9

.. Estruturasdos Materiais

ExemploPetrobras Biocombustível - 2010 - Engenheiro(a) de Equipamentos Júnior

- Inspeção - 42

Ummaterial qualquer possui uma estrutura cristalina do tipo cúbica de corpo

centrado, um parâmetro de rede de 0, 3 nm e umamassa atômica de 54 g/mol.

Qual será amassa específica, em g/cm3, domaterial?

(A) 2, 3

(B) 4, 6

(C) 6, 7

(D) 8, 4

(E) 10, 9

Solução:

Utilizando o conceito demassa específica e sabendo que a estrutura CCC

possui 2 átomos por célula unitária, temos:

ρ =n.A

VC .NA

=2.54

(3.10−8)3.(6, 023.1023)

ρ = 6, 7g

cm3

Resposta: C

10

.. Estruturasdos Materiais

EstruturaCristalina HC

A útima estrutura cristalinamais encon-

trada é a Hexagonal Compacta. Suas fa-

ces superiores e inferiores são formada

por hexágonos regulares com seis áto-

mos cada. O plano intermediário possui

apenas 3 átomos. Pela diferença de geo-

metria, nesse caso temos c como amaior

dimensão da célula unitária e a como a

menos. Ambos representam os parâme-

tros de rede da célula unitária.

Figura 7: Estrutura HC.

A razão entre o parâmetros geralmente

é igual a:c

a= 1, 633

O fator de empacotamento é igual ao da

estrutura CFC devido à igualdade dos

plnanos demáxima densidade atômica.

11

.. Estruturasdos Materiais

Demais estruturas

A seguir é apresentado um quadro com

informações sobre as sete estruturas

cristalinas mais conhecidas.

Estrutura Eixos Ângulo entre os eixosCúbico a = b = c α = β = γ = 90

Tetragonal a = b ̸= c α = β = γ = 90

Ortorrômbica a ̸= b ̸= c α = β = γ = 90

Hexagonal a = b ̸= c α = β = 90 e γ = 120

Romboédrico a = b = c α = β = γ ̸= 90

Monoclínico a ̸= b ̸= c α = γ = 90 e β ̸= 90

Triclínico a ̸= b ̸= c α ̸= β ̸= γ ̸= 90

A imagem abaixo ilustra os ângulos e eixos descritos na tabela anterior.

Figura 8: Estrutura cristalina qualquer.

12

.. Estruturasdos Materiais

2

ExemploPetrobras Biocombustível - 2008 - Engenheiro(a) de Equipamentos Júnior

- Terminais e Dutos - 43

As figuras a seguir representam células unitárias características demetais

comuns.

Analisando as figuras, conclui-se que a célula unitária

(A) (i) representa a estrutura cúbica de corpo centrado, estrutura cujo es-

paçamento entre os planos de átomos no retículo é igual ao diâmetro atô-

mico.

(B) (i) representa a estrutura cúbica de face centrada, estrutura cujo espa-

çamento entre os planos de átomos no retículo é igual ao diâmetro atômico.

(C) (ii) representa a estrutura cúbica de corpo centrado, estrutura cujo es-

paçamento entre os planos de átomos no retículo é igual ao diâmetro atô-

mico dividido por√2.

13

.. Estruturasdos Materiais

(D) (ii) representa a estrutura cúbica de corpo centrado, estrutura cujo es-

paçamento entre os planos de átomos no retículo é igual a duas vezes o di-

âmetro atômico dividido por√3.

(E) (iii) representa a estrutura cúbica de corpo centrado, estrutura cujo es-

paçamento entre os planos de átomos no retículo é igual ao diâmetro atô-

mico.

Solução:

Pela figura, temos que (i) representa uma célula unitária simples com um átomo

em cada vértice. Por sua vez, a figura (ii) representa uma estrutura CCC, sendo

a = 4.r/√3 a relação entre o parâmetro de rede a (espaçamento entre os

planos de átomos) e o raio atômico r . Já a figura (iii) representa a estrutura

CFC com relação entre o parâmetro de rede e o raio atômico dada por a =

2.r.√2.

Resposta: D

Direções e PlanosCristalográficos

Ao estudar materiais cristalinos é ne-

cessário especificar algum plano crista-

lográfico de átomos em uma dada dire-

ção. Para isso, foram estabelecidas con-

venções para determinar as direções e

os planos de ummaterial cristalino.

A determinação dos índices é baseada

em um sistema com três eixos (x, y e z),

sendo a origem um dos vértices da cé-

lula unitária e os eixos coincidentes com

as arestas.

14

.. Estruturasdos Materiais

As DireçõesCristalográficas

As direções cristalográficas são defini-

das como uma linha entre dois pontos

ou um vetor. Um vetor é posicionado

com sua origem no sistema de coorde-

nadas e pode ser movido desde que o

paralelismo seja mantido (movimento

de translação).

As projeções do vetor em cada eixo de-

terminam os parâmetros de rede da cé-

lula unitária (a, b e c).

Figura 9: Direções cristalográficas.

Índice deMiller

O índice deMiller é uma notação uti-

lizada em cristalografia de forma a se

definir famílias de planos em uma rede

de Bravais. Faz-se isso pormeio de indi-

cações das coordenadas de um vetor no

espaço recíproco, que é normal à família

de planos.

Os índices são normalizados (números

inteiros), podem ser negativos, depen-

dendo da direção, e são apresentados da

seguinte forma:

[hkl]

15

.. Estruturasdos Materiais

Os índices negativos são representados

por uma barra superior, por exemplo:

[11̄0]

Massa específica

Com a determinação dos parâmetros

de rede, é possível calcular a massa es-

pecífica ρ teórica de um sólidometálico

cristalino.

Com a estrutura definida, tem-se o nú-

mero de átomos por célula unitária (n).

Por sua vez, o volume (V ) é calculado

com os parâmetros de rede. Assim, para

uma dadamassa atômicaA (medida em

g/mol) e sendoNa o número de avo-

grado, temos:

ρ =n.A

V.Na

[ g

cm3

]

2

ExemploPetrobras - 2012 - Engenheiro de Inspeção - 21

Umengenheiro precisa adquirir uma certa liga metálica composta por 99%

do elemento Ficticium e, portanto, precisa damassa específica para calcu-

lar a massa total dematerial que será adquirido. Os únicos dados de que o

engenheiro dispõe são:

• Massa atômica = 93 unidade demassa atômica;

• Estrutura cristalina cúbica de corpo centrado com parâmetro de rede

cristalina = 0, 33 nm;

16

.. Estruturasdos Materiais

• Número de Avogrado = 6, 02.1023.

Qual a massa específica, aproximada, em kg/m3, dessematerial?

(A) 2, 158

(B) 4, 315

(C) 8, 630

(D) 17, 260

(E) 21, 575

Solução:

Utilizando o conceito demassa específica e da estrutura CCC, a qual pos-

sui 2 átomos por célula unitária, temos:

ρ =n.A

VC .NA

ρ =2.93

3, 3.10−8.6, 02.1023= 8, 63 kg/m3

Resposta: C

Discordâncias eDefeitos nosCristais

Todomaterial cristalino, na realidade,

apresenta algum tipo de imperfeição em

suamicroestrutura.

Amicroestrutura cristalina é basica-

mente constituída de defeitos crista-

linos e constituintes microestruturais,

como fases e inclusões.

Os "defeitos"podem ser classificados

em:

17

.. Estruturasdos Materiais

• Puntiformes (lacunas, interstícios

e combinações deles);

• Lineares (discordâncias);

• Bidimensionais (defeitos de em-

pilhamento, contornos demacla,

contornos de grão, contornos de

subgrão, contornos de antifase e

interfaces entre fases diferentes).

Os defeitos presentes nomaterial cris-

talino podem afetar o comportamento

dosmateriais e, para determinar esses

influências, os estudos desses defeitos

são realizados por técnicas avançadas

de difração emicroscoia eletrônica.

Lacunas (Vazios)

Omais simples dos defeitos pontuais, é

resultado de uma posição desocupada

do reticulado cristalino. O vazio provo-

cado ela ausência de um átomo influen-

cia diretamente amovimentação atô-

mica (difusão), além de também poder

se transladar pela rede. Pode ser gera-

das por deformações plásticas ou ainda

por irradiação de partículas como nêu-

trons e elétrons.

Figura 10: Defeitos: lacunas e interstícios.

18

.. Estruturasdos Materiais

Átomos intersticiais e substi-tucionais

Defeito quando um átomo diferente se

encontra em uma posição diferente da

rede. Se esse átomo for pequeno o sufi-

ciente para ocupar um espaço entre os

átomos da rede, ocorre o chamado de-

feito intersticial. Em contrapartida, caso

seu tamanho seja próximo dos átomos

da rede, ele substitui um deles, ocor-

rendo o defeito conhecido como subs-

titucional.

Esses átomos pode ser impurezas ou

adicionados intencionalmente para con-

ferir características específicas aomate-

rial.

Figura 11: Defeitos: impurezas substitucionais e interstícios.

Superfícies livres

Conhecida também por superfície ex-

terna, as superfícies livres sãomarcadas

pelos limites do cristal, sendo uma re-

gião com alto número de ligações des-

feitas com átomos fora de suas posições

regulares.

O valor das coordenadas dos átomos

dos cristais na superfície émetade do

valor daqueles que estão localizados

internamente. Esse arranjo resulta em

19

.. Estruturasdos Materiais

uma alta energia superficial, formando

uma barreira para o processo de cresci-

mento do cristal em sua solidificação.

De uma forma geral, o ponto de fusão do

material é diretamente proporcional a

sua energia de superfície.

Contornos de Grão

A grandemaioria dosmateriais crista-

linos utilizados são policristalinos. Os

pequenos cristais ao longo domaterial

são denominados grãos e tem sua or-

dem de grandeza de algumas dezenas de

mícrons. Os contornos representam a

interface desses grãos cristalinos. Nesta

região ocorre o desalinhamento da rede

cristalina emaior concentração de de-

feitos e ligações desfeitas.

Os contornos de grão atuam como bar-

reiras aomovimento de discordâncias,

sítios para nucleação de fases e cami-

nhos de propagação de trincas.

Figura 12: Contornos de grãos.

20

.. Estruturasdos Materiais

Maclas

Contornos demacla constituem um tipo

especial de contornos de grão. Eles são

distorções bidimensionais da rede cris-

talina ou do grão. São causados por pe-

quenos deslocamentos dos átomos de

suas posições originais. Os deslocamen-

tos podem ocorrer devido a tensões ou

tratamentos térmicos. A formação de

maclas é também ummecanismo de de-

formação plástica.

Figura 13: Maclas.

Discordâncias

Discordância é a fronteira de desalinha-

mento de alguns átomos. Essa fronteira

é representada por uma linha chamada

linha de discordância.

As discordâncias podem ser lineares ou

unidimensionais.

O deslocamento de um átomo provo-

cado pelo defeito pode ser determinado

pormeio do vetor de burguers.

Discordância emCunha

Também conhecida como discordância

aresta, ela corresponde à presença de

um semiplano de átomos introduzido

entre os planos cristalinos.

21

.. Estruturasdos Materiais

Figura 14: Discordância em cunha.

Discordância emHélice

Chamada também de discordância es-

piral, a discordância em hélice é linear

e pode ser associada a uma distorção

ocorrida devido à aplicação de tensão

de cisalhamento.

A região superior é deslocada em uma

distância atômica em relação à região

inferior, podendo seguir sucessiva-

mente nas camadas seguintes.

Figura 15: Discordância em hélice.

22

.. Estruturasdos Materiais

Há também a discordância mista, onde

semisturam as discordâncias em cunha

e em hélice.

Movimento das discordâncias

Osmovimentos das discordâncias po-

dem ser classificados como conserva-

tivos e não conservativos, sendo que

o primeiro ocorre no plano de desliza-

mento (plano demaior densidade atô-

mica) enquanto o segundo ocorre fora

deles.

Durante amovimentação, as discor-

dâncias alternam entre as posições

instáveis e estáveis e uma "força de

atrito"discordância/plano, chamada de

força de Peierls-Nabarro, pode ser de-

duzida.

Quantomaior a temperatura, maior é o

movimento conservativo das discordân-

cias.

Se, durante amovimentação, as discor-

dâncias encontrarem obstáculos, uma

maneira de continuar seumovimento

émudando de plano de deslizamento.

Quando as discordâncias em hélice têm

de evitar os obstáculos, essa troca de

planos ocorre e essemovimento é co-

nhecido como "escorregamento com

desvio". Por sua vez, na discordância

em cunha, não é possível a mudança de

plano de deslizamento conservativa-

mente. Entretanto, quando há intera-

ção com os defeitos puntiformes, mo-

vimento de lacunas e átomos, pode-se

movimentar perpendicularmente, confi-

gurando, assim, ummovimento não con-

servativo.

2

23

.. Estruturasdos Materiais

Figura 16: (a) Movimentos atômicos perto da discordância em cunha.(b)Movimentação da discordância.

Caiu no concurso!CEAGESP - 2010 - Engenheiro Nível I - Mecânica - 23

Em relação à estrutura dosmetais, pode-se afirmar:

(A) os metais com elevada pureza são, demodo geral, menos duros e resis-

tentes do que as ligas compostas pelomesmometal de base.

(B) a expressão conhecida por equação deHall-Petch permite determinar

a tensão de ruptura em função do diâmetromédio do grão para ummetal

policristalino.

(C) os metais com granulação fina têmmaior área total de contornos de grãos,

o que facilita omovimento das discordâncias e aumenta sua dureza e resis-

tência.

(D) os metais com granulação grosseira têmmenor suscetibilidade à pre-

sença de fissuras de têmpera.

24

.. Estruturasdos Materiais

(E) emmetais com granulação grosseira, as curvas de início e fim de trans-

formação são deslocadas para a esquerda.

Resposta: A

25