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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ESCOLA DE MINAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL MESTRADO EM CONSTRUÇÃO METÁLICA ESTRUTURA METÁLICA PARA MORADIA POPULAR EM ENCOSTAS por PAULO MARTIN SOUTO MAIOR Orientado por Ricardo Azoubel da Mota Silveira, D.Sc. CONVÊNIO USIMINAS/UFOP/FUNDAÇÃO GORCEIX OURO PRETO SETEMBRO/1997

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

ESCOLA DE MINAS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

MESTRADO EM CONSTRUÇÃO METÁLICA

ESTRUTURA METÁLICA PARA MORADIA POPULAR

EM ENCOSTAS

por

PAULO MARTIN SOUTO MAIOR

Orientado por

Ricardo Azoubel da Mota Silveira, D.Sc.

CONVÊNIO USIMINAS/UFOP/FUNDAÇÃO GORCEIX

OURO PRETO

SETEMBRO/1997

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MAIOR, PAULO MARTIN SOUTO

Estrutura Metálica para Moradia Popular em Encosta [Ouro Preto] 1997, (Escola de Minas,

Mestre, Engenharia Civil, 1997)

Tese – Universidade Federal de Ouro Preto, Escola de Minas

1 – Estruturas Metálicas

3 – Habitação Popular

2 – Perfis leves soldados

I – Escola de Minas, UFOP

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iii

A meus pais

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iv

“Porque toda arquitetura, seja boa ou má, danifica a ribeira do lago ?”

Adolf Loos.

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v

Agradecimentos

• Aos meus pais, pelo incentivo e carinho ao longo do curso.

• Ao professor Ricardo da Mota Silveira, pela dedicação, esmero e confiança ao longo da

elaboração desse mestrado

• A professora Márcia Reis, pela valiosa e decisiva colaboração no desenvolvimento deste

trabalho

• Ao professor Khaled Ghoubar, pela possibilidade de conhecer a FAU-USP.

• Ao DECIV/Escola de Minas/UFOP, pelo apoio financeiro.

• Ao colega Cláudio José, pela ajuda e sugestões na conclusão deste trabalho.

• Aos colegas do mestrado pela convivência amiga.

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vi

Resumo

Este trabalho apresenta uma proposta de habitação popular industrializada, com

enfoque específico para estrutura metálica. Todos os materiais apresentados no projeto partem

do princípio do processo industrial em grande escala.

A pesquisa propõe uma solução para ocupação de áreas em declive, justificando assim

o emprego do aço em estruturas com pequenos vãos, como também a ocupação de áreas já

construídas. São levantadas questões relativas às referências e premissas a serem seguidas,

como a disposição e o modelo de implantação, na proposta arquitetônica. Além dos dados

técnicos, tais como: modelo estrutural metálico, coberta em estrutura metálica, esquadrias em

alumínio, paredes e lajes em concreto celular, é dada atenção especial à fundamentação do

projeto como método industrial, que pode ser traduzido como uma leitura técnica, de uma

situação existente; ou seja, transformar em tecnologia um comportamento urbano e social

deficiente.

Para estabelecer esses critérios, foram levados em consideração: tipologia,

implantação, programa, ampliação, zoneamento e distribuição dos modelos de unidades

habitacionais, procurando manter assim a relação direta com o seu entorno.

Abstract

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vii

This work presents a proposal for industrialized popular housing projects with

specific focus on metallic structures. All materials presented in this project are manufactured

using large scale industrial processes.

The research offers a solution for constructions in areas in decline which justify the

application of steel in small inerspace structures as well as the occupation of areas which have

already been built. Several issues are raised regarding which references are to be followed

such as, for example, the disposition and the model of the architectural proposal. Besides

technical matters such as the steel structure model, aluminium windows and cellular concrete

walls and plates, special attention has been given to the theoretical foundations of the project

as an industrial method which can be translated into a technical reading of an existing

situation, i.e., to transform a faulty paterns of urban and social behavior through technology.

To establish these criteria typology, programs,amplification, zoning and distribution of

the habitational units were taken into consideration in attempt to maintain the direct

relationship with the surroundings.

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viii

Sumário

Página

Resumo ............................................................................................................................... vi

Abstract .............................................................................................................................. vii

Lista de Figuras e Fotos .................................................................................................... xii

Lista de Tabelas ................................................................................................................. xiv

Lista de Pranchas............................................................................................................... xvi

Capítulo 1 – INTRODUÇÃO ............................................................................................. 1

1.1 – OBJETIVO DO TRABALHO .................................................................................... 1

1.2 – ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO .......................................................................... 2

Capítulo 2 – HISTÓRICO .................................................................................................. 5

2.1 – INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 5

2.2 – BREVE HISTÓRICO DO FERRO E DO AÇO ......................................................... 6

2.3 – INDÚSTRIA NACIONAL ......................................................................................... 20

2.4 – CONSIDERAÇÕES SOBRE HABITAÇÃO POPULAR AO LONGO DA

HISTÓRIA ........................................................................................................................... 22

2.4.1 – As Primeiras Habitações .......................................................................................... 23

2.4.2 – Mundo Antigo.......................................................................................................... 26

2.4.3 – Mundo Clássico ....................................................................................................... 30

2.4.4 – Idade Média ............................................................................................................. 31

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ix

2.4.5 – Vilas Operárias (Bauhaus) ....................................................................................... 33

2.4.6 – Origens da Habitação Popular no Brasil .................................................................. 34

Capítulo 3 – O AÇO ........................................................................................................... 37

3.1 – INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 37

3.2 – OBTENÇÃO DO AÇO .............................................................................................. 38

3.2.1 – Elemento Ferro ........................................................................................................ 38

3.2.2 – Elemento Carbono ................................................................................................... 38

3.2.3 – Sinter ........................................................................................................................ 39

3.3 – REDUÇÃO ................................................................................................................. 39

3.4 – REFINO ...................................................................................................................... 39

3.5 – LAMINAÇÃO ............................................................................................................ 40

3.6 – COMPOSIÇÃO QUÍMICA BÁSICA DAS CHAPAS .............................................. 41

3.6.1 – Aço Carbono ............................................................................................................ 42

3.6.2 – Aço de Baixa Liga ................................................................................................... 42

3.7 – CARACTERÍSTICAS DAS ESTRUTURAS METÁLICAS .................................... 43

3.7.1 – Resistência ............................................................................................................... 43

3.7.2 – Comportamento Estrutural ...................................................................................... 43

3.7.3 – Construção ............................................................................................................... 44

3.7.4 – Manutenção ............................................................................................................. 44

3.7.5 – Economia ................................................................................................................. 44

3.7.6 – Reaproveitamento .................................................................................................... 45

3.7.7 – Aumento da Área Útil .............................................................................................. 45

3.7.8 – Resistência à Corrosão ............................................................................................. 46

3.7.8.1 – Pintura ................................................................................................................... 47

3.7.8.2 – Revestimentos Metálicos ...................................................................................... 48

3.7.8.3 – Proteção Catódica ................................................................................................. 48

3.8 – PRINCIPAIS PRODUTOS EM AÇO PRODUZIDOS NO BRASIL ........................ 49

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x

Capítulo 4 – FUNDAMENTAÇÃO E DEFESA DO PROBLEMA PROPOSTO ............ 62

4.1 – INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 62

4.2 – “METROPOLIZAÇÃO” NAS CIDADES BRASILEIRAS ........................................ 63

4.3 – PROJETO DE HABITAÇÃO POPULAR E AS POLÍTICAS HABITACIONAIS .. 64

4.3.1 – Contexto Atual ......................................................................................................... 68

4.4 – O PROGRAMA DA CASA POPULAR .................................................................... 69

4.5 – INDUSTRIALIZAÇÃO ............................................................................................. 72

4.5.1 – Referência Industrial ................................................................................................ 74

4.5.2 – O Método Industrial ................................................................................................. 76

4.6 – RELAÇÃO COM OCUPAÇÕES EM TERRENOS INCLINADOS ......................... 78

Capítulo 5 – “ERGONOMETRIA” ..................................................................................... 91

5.1 – INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 91

5.2 – ESTUDO “ERGONOMÉTRICO” .............................................................................. 92

Capítulo 6 – ANTEPROJETO ARQUITETÔNICO .......................................................... 106

6.1 – INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 106

6.2 – ESTRUTURA ............................................................................................................. 107

6.2.1 – Escolha do Perfil ...................................................................................................... 107

6.2.2 – Comportamento Estrutural ...................................................................................... 111

6.2.3 – Ligações ................................................................................................................... 112

6.2.3.1 – Ligação Rotulada .................................................................................................. 112

6.2.3.2 – Ligação Engastada ................................................................................................ 113

6.2.4 – Programa para Detalhamento da Estrutura .............................................................. 113

6.2.4.1 – Lendo as Rotinas AutoLisp no AutoCad .............................................................. 114

6.2.4.2 – Detalhe D1 ............................................................................................................ 114

6.2.4.3 – Detalhe D2 ............................................................................................................ 115

6.2.4.4 – Detalhe D3 ............................................................................................................ 116

6.2.4.5 – Base das Colunas .................................................................................................. 116

6.3 – LAJES E PAREDES .................................................................................................. 116

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xi

6.4 – COBERTA.................................................................................................................. 118

6.5 – ESQUADRIAS ........................................................................................................... 120

6.6 – ESCADA .................................................................................................................... 121

6.7 – IMPLANTAÇÃO ....................................................................................................... 121

Capítulo 7 – CUSTO MÉDIO DO PROJETO ................................................................... 169

7.1 – INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 169

7.2 – CUSTOS DAS UNIDADES HABITACIONAIS: 4M, 6M-345 e 6M-445 ............... 170

7.3 – CUSTO E CRONOGRAMA PARA IMPLANTAÇÃO ............................................ 174

7.4 – CONCLUSÕES DOS CUSTOS ................................................................................. 181

Capítulo 8 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA FUTUROS TRABALHOS

............................................................................................................................................. 183

8.1 – CONCLUSÕES GERAIS ........................................................................................... 183

8.2 – RECOMENDAÇÕES ................................................................................................. 184

Referências Bibliográficas ................................................................................................ 186

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xii

Lista de Figuras e Fotos

Capítulo 2

Figura 2.1 – Alto Forno Com Foles Hidráulicos. ................................................................ 8

Capítulo 3

Figura 3.1 – Fases da Laminação ......................................................................................... 41

Figura 3.2 – Comparação de Dimensões de Colunas de Aço com Colunas de Concreto . 46

Capítulo 4

Foto 4.1 – Bairro Nova Descoberta, Recife–PE, 1997 ........................................................ 81

Figura 4.1 – Decomposição Cromática (resolução 5 x 5) ................................................... 82

Figura 4.2 – Decomposição Cromática (resolução 10 x 10) ............................................... 83

Figura 4.3 – Decomposição Cromática (resolução 20 x 20) ............................................... 84

Figura 4.4 – Decomposição Cromática (resolução 35 x 35) ............................................... 85

Foto 4.2 – Avenida Nova Descoberta, Recife–PE, 1997 ..................................................... 86

Figura 4.5 – Decomposição Cromática (resolução 5 x 5) ................................................... 87

Figura 4.6 – Decomposição Cromática (resolução 10 x 10) ............................................... 88

Figura 4.7 – Decomposição Cromática (resolução 20 x 20) ............................................... 89

Figura 4.8 – Decomposição Cromática (resolução 35 x 35) ............................................... 90

Capítulo 6

Figura 6.1 – Dimensões dos Pórticos .................................................................................. 108

Figura 6.2 – Carregamento Permanente .............................................................................. 108

Figura 6.3 – Sobre Carga Decorrente do Uso ...................................................................... 109

Figura 6.4 – Vento α = 0 ..................................................................................................... 109

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xiii

Figura 6.5 – Vento α = 90º .................................................................................................. 110

Figura 6.6 – Perspectiva da Implantação (vista 01) ............................................................. 147

Figura 6.7 – Perspectiva da Implantação (vista 02) ............................................................. 148

Figura 6.8 – Perspectiva da Implantação (vista 03) ............................................................. 149

Lista de Tabelas

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xiv

Capítulo 3

Tabela 3.1 – Tipos de Aços Produzidos no Brasil ............................................................... 49

Tabela 3.2 – Tipos de Produtos .......................................................................................... 52

Tabela 3.3 – Perfis de Seção Simples e Composta ............................................................. 60

Capítulo 4

Tabela 4.1 – Distribuição da População Urbana, Segundo os Grupos de Habitantes, nos

Anos dos Recenseamentos (Brasil, 1950 a 1980) ................................................................ 64

Tabela 4.2 – População Moradora em Favelas no Município de São Paulo, 1973 a

1987 ..................................................................................................................................... 67

Tabela 4.3 – Áreas dos Ambientes da Casa. ........................................................................ 71

Capítulo 6

Tabela 6.1 – Dimensões Admissíveis para Perfil “Caixa” .................................................. 110

Tabela 6.2 – Dimensão Admissível para Perfil “I” ............................................................. 111

Tabela 6.3 – Painéis Laje. .................................................................................................... 117

Tabela 6.4 – Comparação de Sobrecarga Entre Materiais para Coberta ............................. 119

Tabela 6.5 – Espaçamento Entre Telhas, Ripas e Tesouras da Coberta .............................. 120

Capítulo 7

Tabela 7.1 – Custo Médio para Construção de uma Unidade Habitacional Tipo 4M, 6M-345

ou 6M-445 em Alvenaria Estrutural .................................................................................... 171

Tabela 7.2 – Custo Médio para Construção de uma Unidade Habitacional Tipo 4M, 6M-345

ou 6M-445 em Estrutura de Concreto ................................................................................. 172

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xv

Tabela 7.3 – Custo Médio para Construção de uma Unidade Habitacional Tipo 4M, 6M-345

ou 6M-445 em Estrutura Metálica ....................................................................................... 173

Tabela 7.4 – Custos da Implantação em Alvenaria Estrutural para 29 Unidades

Habitacionais ....................................................................................................................... 175

Tabela 7.5 – Custos da Implantação em Estrutura de Concreto para 29 Unidades

Habitacionais ....................................................................................................................... 176

Tabela 7.6 – Custos da Implantação em Estrutura Metálica para 29 Unidades

Habitacionais ....................................................................................................................... 177

Tabela 7.7 – Cronograma para Construção da Implantação em Alvenaria Estrutural para 29

Unidades Habitacionais ....................................................................................................... 178

Tabela 7.8 – Cronograma para Construção da Implantação em Estrutura de Concreto para 29

Unidades Habitacionais ....................................................................................................... 179

Tabela 7.9 – Cronograma para Construção da Implantação em Estrutura Metálica para 29

Unidades Habitacionais ....................................................................................................... 180

Tabela 7.10 – Índice de Diminuição para Construção em Larga Escala ............................. 182

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xvi

Lista de Pranchas

Capítulo 5

Estar ..................................................................................................................................... 93

Jantar .................................................................................................................................... 95

Quartos................................................................................................................................. 97

Banheiro ............................................................................................................................... 102

Cozinha e Área de Seriço .................................................................................................... 103

Capítulo 6

Planta Baixa 4M .................................................................................................................. 122

Perspectiva Estrutural 4M ................................................................................................... 123

Planta de Coberta 4M .......................................................................................................... 124

Planta Estrutural da Coberta 4M ......................................................................................... 124

Plantas Baixas 6M ............................................................................................................... 125

Perspectiva Estrutural 6M ................................................................................................... 127

Planta de Coberta 6M .......................................................................................................... 128

Planta Estrutural da Coberta 6M ......................................................................................... 129

Plantas Baixas 6M-45º ......................................................................................................... 130

Perspectiva Estrutural 6M-45º ............................................................................................. 132

Planta de Coberta 6M-45º .................................................................................................... 133

Planta Estrutural da Coberta 6M-45º ................................................................................... 134

Plantas Baixas 7m-45º ......................................................................................................... 135

Perspectiva Estrutural 7M-45º ............................................................................................. 137

Planta de Coberta 7M-45º .................................................................................................... 138

Planta Estrutural da Coberta 7M-45º ................................................................................... 139

Planta Baixa 7M .................................................................................................................. 140

Perspectiva Estrutural 7M ................................................................................................... 141

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xvii

Planta de Coberta 7M .......................................................................................................... 142

Planta Estrutural da Coberta 7M ......................................................................................... 143

Implantação.......................................................................................................................... 144

Corte C1 ............................................................................................................................... 145

Corte C2 ............................................................................................................................... 146

Detalhe D1 Ligação Rotulada ............................................................................................. 150

Detalhe D2 Ligação Engastada ............................................................................................ 152

Detalhe D3 Ligação Rotulada a 45º ..................................................................................... 155

Base da Coluna .................................................................................................................... 157

Lay-out Painéis .................................................................................................................... 158

Detalhe Fixação dos Painéis ................................................................................................ 163

Planta Baixa Escada ............................................................................................................. 166

Detalhe Escada .................................................................................................................... 167

Detalhe Coberta ................................................................................................................... 168

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Capítulo 1

INTRODUÇÃO

1.1 – OBJETIVO DO TRABALHO

O problema da construção da “casa popular” não é novo nem é um questionamento

sobre um aspecto perverso da modernidade. Como e onde moravam os pobres é uma questão

que surge desde que o homem começou a se organizar.

Fatores sociológicos imprimem naturalmente ao projeto que aqui se propõe uma

característica peculiar, pois sua fundamentação está condicionada à existência de um modelo

social bastante injusto e deficiente, o que obriga e determina como diretrizes não aspectos

estéticos e formais, embora importantes, e sim seu aspecto técnico com inevitáveis

condicionantes econômicos e sociais.

As propostas são variadas, tanto quanto possível, não só do ponto de vista técnico, mas

naturalmente também do social, como é o caso particular da verticalização de habitações

populares em bairros pobres, ou a singularidade da realidade na prática da auto-construção.

Projetar para população de baixa renda é sempre um desafio. Trabalha-se, quase

sempre, nos limites mínimos, o que sem dúvida exige estudo detalhado e minucioso das

possíveis propostas de projeto. Assim, mais do que um projeto construtivo, procura-se

apresentar, uma interpretação, ou mais precisamente, a tradução de um modo de vida através

de um desenho industrial. A justificativa dessa diretriz baseia-se não no que pode ser

considerado ideal como projeto de habitação popular, mas devido às dimensões dolorosas que

alcançam a falta de moradia e a densidade como ela se apresenta, tenta-se neste trabalho

oferecer tecnologia a um tipo de ocupação do solo já existente. Se a urbanidade presente em

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2

bairros pobres eventualmente existe, ou não é propícia, não é enfoque prioritário, pois o que

se propõe é um modelo que se adeque a situações já bastante sedimentadas. Tem-se

consciência, portanto, em virtude de motivos econômicos, de não ser ainda possível uma

reestruturação de grandes bairros pobres, e muito menos de uma única forma. Assim, este

projeto não propõe uma alteração, mas sim uma adaptação concebida técnica e racionalmente.

A preocupação maior reside na ocupação de terrenos acidentados, pois é

inquestionável a grande construção de “barracos” e casas precárias em morros e declives.

Justifica-se, pois, o emprego da estrutura metálica, exatamente para que se entenda à

exigência do projeto de englobar diferentes situações, ao contrário do que poderia ser a

apresentação de projetos para locais planos. Considerando-se que as colunas e vigas são

padronizadas, é possível pensar em um sistema construtivo maleável, sem prejuízo de sua

operacionalidade técnica.

O aspecto técnico é, portanto, uma constante no projeto proposto, englobando-se não

só a estrutura, mas coberta, paredes, lajes e escadas. Porém se considerando a opção pelos

perfis metálicos para as vigas e colunas, devido às suas características, seria um contra-senso

empregar–se métodos artesanais primários, como alvenaria para as paredes ou concreto para

as lajes, pois significaria falta de sintonia com o processo industrial do projeto.

1.2 – ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

No Capítulo 2 – Histórico, é feito um estudo sobre as origens do ferro, principalmente,

que tipos de edificações em estrutura metálica eram construídas no Brasil. Esse estudo é

importante para que se possa, além de se verificar uma referência histórica, constatar o que é

construído atualmente no país. Paralelamente ao histórico de ferro e do aço, procurou–se

extrair exemplos da evolução de casas de população pobre, apresentando seus aspectos como:

serialidade, padronização e diferenças de níveis em ocupações desde o mundo antigo até os

dias atuais.

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No Capítulo 3 – O Aço, é exposto o material empregado na estrutura, desde sua

extração, onde se apresenta a forma como se obtém as ligas de aço, até sua composição

química básica. Após esse estudo, demonstra–se de forma esquemática a diversidade dos

produtos metálicos produzidos no país, como por exemplo: o aço de qualidades estruturais,

aço carbono, aço para usos gerais, chapas de piso, etc, e onde também são descritos seus

aspectos relativos ao tipo, forma, aplicação, especificação além de alguns comentários.

A definição do contexto urbano no qual está inserido este projeto é o ponto de partida

para determinação dos princípios básicos que serão discutidos na elaboração da proposta

arquitetônica, e que é apresentado no Capítulo 4 – Fundamentação e Defesa do Problema

Proposto. O estudo delimita primeiramente o momento em que o projeto é apresentado, e

também se discute a relação do projeto em função das políticas habitacionais em vigor e que

informações foram levadas em conta para conclusão da metragem, do programa da casa

popular e dos aspectos sociais e de zoneamento.

Por último nesse capítulo, pesquisou–se a fundamentação teórica em relação à

industrialização, pois já que se propõe um modelo de casa inteiramente pré-fabricada, se fez

necessário buscar uma referência industrial, na qual estivesse intrínseca a realidade “técnica”

do projeto arquitetônico, assim como a valorização do material e a relação do projeto proposto

com o tipo de local ao qual se destina: áreas pobres com ocupação em terrenos inclinados.

No Capítulo 5 – Ergonometria, é apresentado o estudo referente as dimensões

necessárias dos ambientes da casa onde se procura exemplificar as diversas situações e as

distintas formas de distribuição do mobiliário em um mesmo ambiente, já que o projeto não é

constituído apenas uma planta baixa, mas sim de oito modelos básicos.

O projeto arquitetônico é apresentado no Capítulo 6 – Anteprojeto Arquitetônico,

constituído primeiramente pelas justificativas técnicas em relação a estrutura, painéis, coberta,

esquadrias e implantação. Em complemento obrigatório são expostas as Pranchas

arquitetônicas, constituídas pelas plantas baixas, cortes, perspectivas e detalhes.

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4

O custo do projeto em estrutura metálica, é comparado com alvenaria estrutural e

estrutura de concreto no Capítulo 7 – Custo Médio do Projeto, onde se demonstra como se

comporta a estrutura metálica em relação a outros tipos de materiais.

Finalmente, no Capítulo 8 – Conclusões, são discutidas as conclusões a que se pôde

chegar através do projeto proposto em estrutura metálica, assim como também são feitas

algumas sugestões para futuros trabalhos.

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Capítulo 2

HISTÓRICO

2.1 – INTRODUÇÃO

Os projetos em habitação com estrutura metálica possuem seus primeiros exemplos

patenteados a partir do século XIX, principalmente no sistema belga Danly, que era

constituído completamente de chapas metálicas e que chama a atenção pelo nível tecnológico.

É abordado neste capítulo, de forma resumida, não só os estudos das origens conceituais de

casas em ferro e aço, mas também os diversos usos desse material, desde as primeiras formas

de emprego em pequenos utensílios até as grandes estruturas.

Assim, no item 2.2, relativo ao histórico do ferro e do aço, procura-se apresentar o que

já se projetou em estrutura metálica, para que se possa destacar uma primeira referência, ou

seja, quais foram as propostas pioneiras que se preocuparam com o clima tropical, passo

inicial para o que é o contexto atual, bastante diferente e, naturalmente, infinitamente mais

complexo, demostrado através do item 2.3 – Indústria Nacional – , onde é exposto o quadro da

produção de aço no Brasil.

No item 2.4, relativo às considerações sobre habitação, há um enfoque que procura,

principalmente, extrair exemplos de casas da população pobre, apresentando aspectos como

serialidade, padronização e diferenças de níveis em ocupações desde o mundo antigo até os

dias atuais, com o intuito de se afirmar a necessidade da busca de propostas racionais e

diversificadas nos mais distintos aspectos.

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2.2 – BREVE HISTÓRICO DO FERRO E DO AÇO

Os primeiros vestígios do uso dos metais foram encontrados no vale inferior do Indo,

onde se desenvolveram várias cidades primitivas ao longo de suas margens, como Mohenjo-

Daro e Arapa, no último período neolítico, chamado de eneolítico. É através do cobre,

entretanto, que se tem as primeiras notícias do uso de metais pelo homem, utilizado

inicialmente como adorno ou em forma de pequenos utensílios, por volta do III milênio a.C. O

metal empregado naquele período era obtido através da fundição de pirites, ou seja, um

composto de cobre, ferro e sulforeto que resultava em um material com suficiente dureza,

motivo pelo qual tornou-se apreciado para confecção de ferramentas, armas, armaduras e

adereços pessoais. Com a adoção do estanho conseguiu-se obter o bronze, que sendo de maior

resistência possibilitou sua utilização também na construção de edifícios. Um dos primeiros e

mais conhecidos exemplos foi a cúpula do Panteão de Roma, que teve sua coberta forrada

com telhas desse metal, o qual serviu também para fabricação de grades e grandes esculturas

de bronze.

O desenvolvimento dos processos de obtenção de metais deu-se primeiro em regiões

onde se encontrava minério de ferro em grande quantidade. Um dos fatores determinantes, e

que causou um grande impulso na produção metálica, foi a adoção de madeira para obtenção

de carbono, pois se conseguia assim certa resistência, necessária na fabricação de elementos

como por exemplo braçadeiras, parafusos e pequenas barras, pois o alto custo dos utensílios

de ferro não se devia propriamente à qualidade da mão-de-obra. Embora esse fator tenha

influído, o que determinava a raridade e o custo dos produtos de ferro era o processo de

obtenção do metal. Assim, somente com o progresso técnico na produção do ferro é que

ocorreria a vulgarização desse material, o que se deu somente com a invenção do alto forno no

século XV.

No mundo antigo, o desenvolvimento do emprego desse material ocorreu

principalmente a partir de 500 a. C. devido à expansão do Império Romano, pois como sua

utilização era difundida naquela cultura, seja em pequenos adereços, esculturas ou armas foi,

pouco a pouco, sendo assimilada também pelos povos conquistados. A Península Ibérica

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serviu como primeira fornecedora de artigos de ferro à Roma e, posteriormente, com o

declínio do poder romano, lá se desenvolveu a chamada “forja catalã”.

O processo primitivo de obtenção do ferro como matéria prima para confecção de

ferramentas e utensílios começava com a lavagem do minério que, após ser tostado, era

fundido em fornos cavados, semelhantes a poços. Um importante aprimoramento foi a

introdução de foles manuais; somente no final da Idade Média foram introduzidos sistemas

mecânicos compostos por vários foles, os quais permitiam fornos de maior dimensões,

aumentando-se, assim, a produção.

Historicamente, um dos mais antigos documentos conhecidos que trata

especificamente e com relativa profundidade do emprego de metais pelo homem, é o tratado

de metalurgia De Re Metallica, composto por 12 livros, escrito por Georgius Agricola (1494 -

1555). A importância desse documento não se limita apenas ao seu pioneirismo, nem por se

tratar de uma das mais antigas fontes escritas para o estudo da história dos metais, mas,

principalmente, pela metodologia adotada pelo autor, baseada em pesquisas de campo e

observações, que dão uma catalogação dos instrumentos, métodos e processos de forma

ricamente ilustrada e didática, com um enfoque bastante prático do modo de trabalho dos

artesãos da Idade Média.

Nessa obra, através das xilogravuras ricamente detalhadas, revela-se uma importante

parte do conhecimento mecânico, artesanal e arquitetônico medieval, ligado à tecnologia dos

metais. Pode-se verificar, por exemplo, o nível de desenvolvimento de sistemas hidráulicos

com peças metálicas adquiridos até aquele período, seja para moer grãos ou sistemas como o

mostrado na Figura 2.1, o qual possibilitava que apenas um homem, controlasse vários foles

de uma fornalha, onde, graças à clareza e legibilidade do desenho, torna-se bastante

compreensível o funcionamento desse sistema. O tratado de Agricola, além da apresentação

de utensílios, ferramentas e sistemas hidráulicos, descreve em várias tabelas e esquemas a

composição de ligas metálicas composta de ferro e outros metais, construção de fornos, tempo

e processo de fundição, escavação das minas, lavagem do minério e diversos sistemas

mecânicos, na maioria delas em função do ferro.

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No livro IX, destinado à construção de alto fornos, verifica-se o virtuosismo do

detalhamento a que se chegou nos processos de siderurgia daquela época, onde são descritas

as ferramentas empregadas na sua construção, as peças acabadas e a forma de construção,

inclusive com a planta baixa, corte e em alguns casos também a perspectiva.

Apenas com o intuito de registrar sua importância e seu nível técnico, foi selecionado

um pequeno trecho daquela obra, relativo à construção das paredes dos alto fornos, que dá

uma idéia bastante clara de como eram executadas essas construções: “There are three

furnaces walls, a back one which is against the “second” wall, and two sides ones, of which I

will speack later. These should be made by natural stones, as this is more serviceable than

burnt bricks, because bricks soon become defective and crumble away, when the smelter or

his deputy chips off the accretions which adhere to the walls when the ore is smelted. Natural

stones resist injury by the fire and last a long time, especially that which is soft and devoid of

cracks; but on the contrary, that which is hard and has many cracks is burst asunder by the

fire and destroyed. For this reason, furnaces which are made of the latter are easily weakened

by the fire, and when the accretions are chipped off they crumple to pieces. The front furnaces

wall sould be made of brick, and there should be in the lower part a month tree palms wide

and one a half feet high, when the hearth is completed.” (Agricola, pp. 355, 1556).

Figura 2.1 – Alto Forno Com Foles Hidráulicos (Agricola, pp. 359, 1556).

É nesse período, aliás, que se utiliza pela primeira vez o alto forno acionado por foles

hidráulicos, como ilustrado na Figura 2.1, o que sem dúvida daria um impulso significativo no

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desenvolvimento da fundição de ferro. Isso representou um passo inicial para popularização

desse material, diferenciando-se, assim, do processo empregado até o final da Idade Média,

por obter um rendimento térmico mais perfeito, com temperaturas mais elevadas

proporcionando uma fusão mais completa.

Embora no Renascimento alguns tratadistas, (Alberti, 1991), recomendassem o uso de

materiais em seu estado natural, como a pedra e a madeira, o fato do ferro ser empregado

apenas em maçanetas, dobradiças, pregos, braçadeiras, etc., induz a se concluir que foram

razões conceituais que fizeram com que não fossem empregados elementos metálicos nas

edificações, e não razões técnicas, pois, como já foi demonstrado, o alto nível de

conhecimento alcançado possibilitaria, já no Renascimento, um maior aproveitamento do

ferro na arquitetura. Esses aspectos limitaram, de certa forma, os metais, os quais

necessitavam de processos que os transformassem para que se tornassem ideais para sua

utilização, ou seja, exigia-se que lhes fosse extraída sua condição natural, e por isso talvez

tenham sido discriminados.

Ao se falar em ferro e aço, vem logo à mente o período no qual este tipo de indústria

estava fortemente associado às modificações sociais provocadas pelas possibilidades que a

tecnologia vislumbrava para a humanidade. O aprimoramento técnico e as invenções surgiam

de forma intensa e acelerada se comparados ao sucedido nos séculos anteriores. Pela primeira

vez se empregava carvão mineral ao invés do carvão vegetal, sob a forma de hulha e coque,

elevando-se substancialmente a qualidade do ferro fundido. Além das melhorias técnicas

introduzidas, um dos aspectos mais importantes e que preocupava até então as siderúrgicas da

época, era o fato de que para se produzir cerca de 15 toneladas por semana, era necessário em

torno de 1 acre de floresta por dia, o que fatalmente se tornaria, mais cedo ou mais tarde, um

problema com a devastação e escassez da madeira como combustível.

O parágrafo anterior refere-se ao século XIX, no período conhecido como Revolução

Industrial, embora este processo tenha se iniciado cem anos antes. Foi em 1709, na Inglaterra,

em Coalbrookdale, onde surgiu a primeira fundição que inovou ao substituir o tipo de

combustível empregado na fundição. O novo método, que consistia na utilização do coque

para fundir o ferro através do resíduo sólido da destilação do carvão mineral, foi tão

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significante que, na mesma região, entre os anos de 1775 a 1781 construiu-se, a primeira

ponte totalmente concebida em ferro, conhecida como Iron Bridge (Pevsner, pp.12 1981),

vencendo um vão de 30 metros sobre o rio Severn, sem dúvida, um arrojo estrutural para

àquela época. A adoção desse novo sistema em edificações deu-se de forma bastante rápida,

se comparada às modificações estruturais, ocorridas até então ao longo da história da

arquitetura, pois, em menos de um século, mais precisamente em 1850, o ferro fundido na

Inglaterra era responsável por cerca de 39% do seu PIB, chegando a 41% em 1913, ou seja,

um valor recorde até então.

A história da siderurgia no Brasil inicia-se no período colonial, onde se identificam as

primeiras iniciativas na fabricação doméstica de ferro fundido. Ainda que pequena, a

produção nacional recebe maiores estímulos com a vinda da família real ao Brasil, e se

destaca, à época, pela construção de fábricas no sudeste, obviamente próximas as regiões de

maior ocorrência de minério de ferro, entre as quais as fábricas de Morro do Pilar, a fábrica do

Prata e a Forja do Curral Del-Rei, implantadas com incentivos fiscais. Em 1855, o número de

estabelecimentos de tipo forjas, já alcançava 50, na província de Minas Gerais, o que para a

época era um número expressivo, dadas as circunstâncias do país não ter passado pelo

processo de revolução industrial, e que havia somente há pouco mais de três décadas, deixado

de ser colônia de Portugal.

Segundo Pirson (Derenji, pp.72, 1993), a primeira obra em estrutura metálica na

América Latina, foi construída pela Coalbrookdale Company em Spanish Town, Jamaica, no

ano de 1807, 30 anos depois da construção, pela mesma companhia e com a mesma técnica,

da primeira ponte metálica na Europa. Isso demonstra a rápida expansão que teve essa “nova

arquitetura”.

Um dos aspectos mais importantes da Revolução Industrial, em relação ao

desenvolvimento siderúrgico, deu-se graças as ferrovias e trens construídos, pois “Nenhum

dos novos usos do ferro, no entanto, contribuiu de maneira mais decisiva para o

desenvolvimento da indústria siderúrgica, do que as ferrovias” (Gomes, pp. 15, 1988).

A introdução definitiva do ferro na arquitetura deu-se, primeiramente, como uma

adaptação estrutural, consistindo no emprego de barras e trilhos de trens, utilizados como

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vigas e pilares pela sua alta resistência em relação à esbelteza. Isto surge quando se começou a

produzir, em grande escala, lingotes, chapas e perfis em ferro fundido e mais tarde em aço

para as ferrovias, trens, navios, armas, etc. Estes elementos foram adequados para servirem

como estruturas em edificações, pois tinham a resistência necessária, e, a partir do século

XIX, já era possível se dispor de quantidade suficiente para grandes obras.

Em um segundo momento também ocorreu uma adaptação, não limitada a resolver

apenas problemas técnicos, mas sim condicionada e preocupada com aspectos formais. Na

arquitetura, as primeiras adaptações desses elementos na construção civil apresentavam

sempre um mínimo de espessura, ocasionando, frequentemente, extravagâncias em vigas e

junções super dimensionadas, que, no começo, chocaram os críticos da época, que não

aceitavam esse tipo de material como premonição de uma nova tendência na arquitetura. Não

podiam negar, porém, que desde o final do século XIX, o ferro fundido tivera sua utilização

bem sucedida, primeiro em esgotos sanitários, coletores de águas pluviais, bebedouros

públicos, quiosques, coretos, postes de iluminação a gás e bancos de praças, o que propunha,

inevitavelmente, seu emprego na construção civil em pontes, passarelas e, finalmente, em

edifícios.

Era possível, naquele importante momento da história da metalurgia, a multiplicação

de peças antes produzidas de forma artesanal. A produção industrial de elementos que antes

eram confeccionados como peças únicas, e por isso mesmo considerados obras de arte,

poderiam a partir daquele momento, acreditavam alguns pensadores da época, serem

banalizadas devido à quantidade de repetições a partir de uma mesma matriz, além da

incorporação de temas tradicionais. Levantaram-se várias questões estéticas e formais, não só

na arquitetura mas também no mobiliário, em adornos ou qualquer outro objeto que permitisse

sua elaboração em ferro ou aço. Esse foi um dos aspectos bastantes discutido na Revolução

Industrial e de relevância em relação ao ferro e aço, isto é, que adaptações e modificações

possivelmente sofreria a estética a partir de então.

O ferro, como partido estético, começa realmente a ser discutido após a Exposição

Universal de 1851, em Londres, onde foram expostas obras que não só impressionavam pelo

arrojo de suas proporções mas pelo aspecto “industrial” com que se apresentavam. Uma delas

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foi o Palácio de Cristal de Paxton, com 556 metros de comprimento, todo construído com

perfis pré-fabricados, e remontado em 1854, em Sidenham, o que demonstrou a praticidade do

novo sistema em construir obras exatamente iguais, em regiões distintas. A arquitetura perdia,

então, seu vínculo com o local, podendo um mesmo edifício ser montado e desmontado

inúmeras vezes.

No Brasil, a importação de produtos em ferro fundido está diretamente ligada à

prosperidade que se verificou a partir da década de 1880, impulsionada pelo comércio do café,

borracha, algodão, açúcar e outros produtos, que enriquecia uma burguesia que aspirava o

modo de vida europeu, importando os mais diversos objetos, desde grampos de cabelo até

sofisticados mobiliários urbanos. Como a Europa ditava não só os modismos, mas também os

avanços técnicos, a importação desses modelos significava acompanhar e integrar-se à

vanguarda e ao “mundo desenvolvido”. Certamente os utensílios domésticos como fogões,

grades, bacias sanitárias e banheiros públicos criavam um ar de modernidade e de progresso,

mas os edifícios que eram inteiramente importados é que forneciam, do ponto de vista urbano,

o mais impressionante elemento e símbolo de prosperidade que uma cidade poderia ter.

A variedade de produtos produzidos em ferro era divulgada através de catálogos que

vendiam desde pequenas ornamentações até prédios inteiros. Existia, naturalmente, uma

grande diferença entre se comprar um objeto composto de uma ou poucas peças, em relação à

montagem de um prédio constituído de centenas de elementos como vigas, pilares, chapas,

ornamentos, etc. Segundo Gomes, (pp. 49, 1988), os “exportadores de edifícios”, afim de

prevenir erros na montagem final, pois eram anteriormente edificados no terreno da própria

fábrica onde eram produzidos, e assim, enumerados todos os componentes, para então, após

serem desmontados e embalados para montagem dos edifícios no local de destino.

Obviamente que todo esse processo era supervisionado por técnicos da fábrica.

Independentemente do grau de informação e diversidade de produtos oferecidos nos

catálogos, sua importância maior estava no fato da impressão que causavam esses “manuais

do futuro”. Seu efeito psicológico, revelado na possibilidade de se adquirir, através de um

anúncio, a cópia completamente fiel de um modelo europeu, exercia um certo fascínio, pois

assim era possível se entrar em contato com a Europa de uma forma aparentemente simples.

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Sem dúvida isso representava um grande atrativo, pois a idéia de “mandar buscar” a última

palavra em tecnologia parecia realmente uma atitude moderna para a época. Para isso, eram

confeccionados catálogos, que eram cuidadosamente executados, através dos quais se expunha

toda a linha de seus produtos, onde as peças chamadas, de “exemples”, vêm numeradas,

separadas em seções e perfeitamente explicitadas quanto aos detalhes, proporções e medidas.

Além disso, eram apresentadas através de desenhos técnicos apurados que facilitavam a

escolha e permitiam ao comprador uma fácil visualização na hora de fazer e escolher

combinações.

A boa publicidade teve importância fundamental na aceitabilidade dessa arquitetura

industrial nos países importadores, entre eles o Brasil. O ideal do estilo de vida europeu era,

de repente, um sonho fácil de se realizar, não só pelos avanços prometidos e justificativas

apresentadas nos catálogos pelos construtores, tais como leveza, desmontabilidade,

serialidade, modulação, etc., mas, sem dúvida também pela possibilidade de em regiões pouco

desenvolvidas se receber um kit1, o que parecia diminuir a distância entre o mundo moderno e

países onde o processo industrial tardará ou não acontecerá; ou seja, numa pequena cidade que

possuísse um desses modelos, certamente seus moradores acreditariam estarem “ conectados

” às tendências, pensamentos e tecnologias mais avançadas da Europa.

“As aspirações das administrações regionais, assim como as públicas, estavam muito

mais voltadas para a obtenção de edifícios quase prontos, que desempenhassem bem suas

funções, seja de mercado, teatro, estação ferroviária, ou simplesmente de símbolo de

modernidade e progresso, podendo ser construído em pouco tempo e tendo o papel de

modernidade européia.

Por não serem fabricadas no Brasil acrescentavam a esse atributos o fato de serem

raros e de provirem geralmente de industrias do mais alto nível técnico, que mantinham

contrato com firmas locais.” (Teixeira, pp. 101, 1994).

Os exemplos de maior destaque da arquitetura em ferro, no Brasil, podem ser

observados na sua maioria em prédios públicos, a exemplo da ornamentação da Estação da

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Luz, em São Paulo, na ferrovia que ligava Santos a Jundiaí, através da qual escoava-se

principalmente a produção de café da região, inaugurada em 1867 pela empresa inglesa São

Paulo Railway. Além da estrutura em ferro e aço para as pontes e arcos da gare, importaram-

se até os tijolos e madeiramentos, sendo um caso particular na arquitetura do ferro no Brasil,

pois importou-se todo o prédio, inclusive materiais não metálicos.

Seguindo a tendência da participação do ferro apenas em determinados momentos do

projeto, está o Teatro José de Alencar, em Fortaleza, inaugurado em 1910, o qual possui como

a Estação da Luz, uma parte de alvenaria, neste caso projetada no Brasil e outra, pré-fabricada

em ferro, produzida na Escócia.

No caso do teatro, o partido geral, de autoria de Bernardo José de Mello, não foi

elaborado pela empresa inglesa responsável pelos elementos metálicos, pois como as peças

em ferro podiam ser encomendadas e compradas isoladamente, na suposição que arquitetos e

construtores podiam importar apenas partes em ferro que completariam seus projetos; só o

conjunto da platéia constitui-se de elementos metálicos, sendo o restante do prédio em

alvenaria.

Esses dois exemplos não foram escolhidos aleatoriamente pois, embora tanto o teatro

quanto a estação revelem de forma bastante clara o conceito histórico da arquitetura do ferro

no Brasil, a relação entre eles vai mais além de comparações estéticas e plásticas, pois têm em

comum o nome Walter MacFarlane & Cº., empresa fundada em 1850 na Escócia, e que sem

dúvida teve papel decisivo no desenho de prédios públicos neste país, pois estão gravados nos

dois casos descritos, a procedência inglesa em seus pilares, vigas, grades, chapas, etc.

Entre outros exemplos importantes da influência de Walter MacFarlane & Cº. no

Brasil, podem-se destacar o Pavilhão das Tartarugas, para vendas de carnes e peixe com

quiosques de refresco no Mercado de Manaus, o coreto da praça da Abolição, em Olinda, a

praça do Relógio em Belém e as escadarias da Biblioteca Pública em Manaus.

1 “Kit”, palavra da língua inglesa, que significa coleção, sortimento, estojo, bastante empregada com o sentido de jogo de peças que se prestam para montar ou armar um objeto.

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A origem inglesa de edificações em ferro e aço, tornou-se de certa forma quase

automática, quando se questionava a procedência de um prédio, ou parte dele, mas como a

proposta deste trabalho delimita seu campo de estudo na habitação, os exemplos mais

interessantes encontrados na bibliografia pesquisada são de residências de procedência belga,

que utilizam o conhecido sistema “Danly”.

O polo siderúrgico de Aiseau, povoado perto de Charleroi, iniciara suas atividades

desde o século XV, propiciadas, por um rio, uma floresta de carvalhos e minerais de ferro de

excelente qualidade que produziam excepcionais metais. O passo decisivo se deu no final do

século XVIII, quando várias fábricas são agrupadas e, finalmente, em 1863, quando Joseph

Danly (1839 - 1899), então com 24 anos, compra com seu irmão banqueiro, as instalações

industriais do local (Derenji pp. 76, 1993).

O sistema que Danly desenvolveu é, basicamente, um sistema arquitetônico de dupla

parede, lançado pela primeira vez, através de uma barraca tipo “ambulância-móvel”, como

projeto para um concurso em 1885. A grande inovação, era em um módulo pequeno, de

apenas 19,2 cm, articulado em uma estrutura na qual, todas as peças metálicas, incluindo o

revestimento exterior, participam da rigidez do conjunto, ao contrário do sistema

convencional de vigas e colunas, formando pórticos. Não se pode dizer que a conformação das

chapas que compunham as paredes, devia-se apenas a motivos técnicos, pois é explicito, a

aparência semelhante à fachadas em pedras, como pode ser observado, em projetos como a

estação de Bananal, em São Paulo (Gomes, pp. 193, 1988), entre outros.

Em relação aos edifícios residenciais, vale observar o relato feito por Gomes (pp. 203

a 204, 1988) ao visitar uma casa construída com o sitema Danly, na avenida Generalíssimo

Deodoro, nº 694, em Belém do Pará: (...) “Foi possível sentir o fluxo ascendente de ar

passando pelas paredes ocas, introduzindo a mão num dos poucos orifícios existentes,

causados pela deterioração do material, aparentemente sem conservação. (...) As paredes são

ocas, duplas, compostas de painéis, caprichosamente estampados, aparafusados a perfis de

ferro, que formam o caixote auto portante característico do sistema. As duas faces de uma

mesma parede distam, entre si, 0,26m. ”

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Outro exemplo de habitação, também em Belém do Pará, é uma casa localizada na

Avenida Almirante Barroso, nº 152. Originalmente pertenceu ao almirante Álvaro Adolpho,

na qual, posteriormente, funcionou o curso de arquitetura da Universidade Federal do Pará, e

que atualmente serve como escritório da administração do clube social Monte Líbano. Essa

construção possui as mesmas características da primeira casa citada, pois também foi

projetada no sistema Danly da “Forges d’Aiseau”, e apresenta todo o revestimento em chapas

de ferro estampadas, igualmente pobre em ornatos.

Uma característica presente nestes dois tipos de edificação residencial, talvez

elaborada propositadamente, são os terraços, que envolvem quase que todo o perímetro das

residências. Sendo uma característica de casas coloniais, principalmente no campo, um grande

terraço, isso nos leva a acreditar que houve um planejamento especial para se desenvolverem

produtos especiais para países de clima quentes, já que não se vê ornamentação como um dos

elementos marcantes dos prédios, mas sim a planta baixa utilizada. Não que nos outros

sistemas, como os prédios de origem inglesa da Walter MacFarlane & Cº, não tivessem sido

projetados pensando-se no tipo de clima tropical, mas, sem dúvida, os conceitos planejados

por Joseph Danly mostram, já no século XIX, que uma arquitetura em estrutura metálica pode

ser projetada levando-se em consideração aspectos climáticos e geográficos, pois sua

maleabilidade construtiva se adequa facilmente às mais diferentes regiões.

Essas observações foram feitas baseadas em fotografias, pois, nas fontes pesquisadas,

encontra-se um acervo rico, inclusive de detalhes, que proporciona uma idéia bastante clara

dos sistemas construtivos de origem belga e inglesa, embora também constem exemplos de

edificações de origem francesa e alemã, países onde posteriormente, juntamente com os

Estados Unidos no final do século XIX, iniciaram também indústrias siderúrgicas,

aumentando-se a concorrência com os países pioneiros.

Os norte-americanos tiveram, até meados de 1850, uma fraca participação no setor de

construção em ferro e aço, porém, a partir desta data, com o desenvolvimento econômico e

principalmente com uso de uma tecnologia própria, difundiu-se rapidamente o uso de

estruturas metálicas na arquitetura. Esse desenvolvimento deu-se principalmente em Chicago,

sob diversos aspectos. Primeiro pelo incêndio de 1871, que destruiu grande parte da cidade,

fazendo com que fosse reconstruída, o que propiciou novas construções e métodos. Segundo

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pelo desenvolvimento do meio oeste americano, expansão da rede ferroviária, hidroviária e

exploração das reservas minerais, que transformaram a Chicago do século XIX em um grande

centro industrial, ocasionando a construção de diversos arranha-céus, como descreve Hart et

al. (pp. 12, 1978): “As early as 1895 the new constructional method had become firmly

established in all the major cities, but at that period Chicago had more High-rise steel frame

structures that all the other cities put together.”

Certamente os motivos citados se apresentaram como forte incentivo para a utilização

de estruturas de aço em Chicago. Existe, porém, além desses aspectos, a figura de um

engenheiro pioneiro, William Le Baron Jenney, um dos fundadores da Escola de Chicago, e

que projetou um dos primeiros prédios com este novo tipo de sistema estrutural em aço, no

ano de 1879, chamado de Leiter Building I, com sete pavimentos, o qual seria definitivo do

ponto de vista técnico, devido ao seu arrojo estrutural na época. William Jenney conseguiu

aperfeiçoar a estrutura de esqueleto de aço, o que permitiu aumentar-se a altura, sem receio de

se sobrecarregar excessivamente os pilares nos andares abaixo, o que, de certa forma,

contribuiu para a adoção de vidraças quase contínuas, que se tornaria um dos ícones da

arquitetura modernista em todo o mundo.

O desenvolvimento desse tipo de projeto criou, sem dúvida, uma nova metodologia

para a arquitetura, baseada na planta baixa elaborada a partir de tramas, lay–out livre,

modulação e grandes aberturas nas fachadas, o que foi rapidamente assimilado por arquitetos,

engenheiros e construtores, pois havia uma predisposição em “criar” ou defender uma

tendência própria, de certa forma desvinculada do historicismo arquitetônico empregado até

aquele momento na Europa. Essa mudança não se fez, porém, de forma incisiva ou

vanguardista, pois edifícios que utilizavam tecnologia de ponta, inclusive superando o know-

how europeu, como o edifício Guaranty Building, de 1895 (Hart, et al., pp. 15, 1978), de

autoria de Sulivan, embora com corpo estrutural principal em aço, possuía uma vasta

ornamentação eclética, principalmente no seu coroamento. O interessante desse exemplo

ocorre, sobretudo na marcação do tratamento da fachada, dividindo claramente o térreo e a

cobertura do resto do edifício, o que seria futuramente refinado e postulado no modernismo

por Le Corbusier, ou seja, vê-se nesses projetos os primeiros passos de uma arquitetura

sintonizada com as tendências estéticas da época. Após o grande passo inicial, os edifícios

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posteriores cada vez mais se superavam, principalmente no período entre 1920 e a II Guerra

Mundial, mesmo com a queda da bolsa em 1929, gerada pela conhecida crise da década de

vinte, que atingiu muitos setores. Foram, então, batidos vários recordes:

* Woolsworth Building - Nova Iorque, com sessenta e seis pavimentos,

construído em 1913.

* Empire State Building - Nova Iorque, com 381 m de altura,

construído em 1930.

* John Hancock Center - Chicago, com 344 m de altura, construído

em 1968.

* World Trade Center - Nova Iorque, com 412 m de altura,

construído em 1974.

No Brasil, o aço só alcançou proporções industriais em 1946, com a construção da

Companhia Siderúrgica Nacional - CSN, em Volta Redonda-RJ. Até aquela época,

praticamente todo o aço produzido no país era importado, tanto que a construção da própria

CSN foi executada por empresas estrangeiras, já que existiam poucas fábricas de estruturas

metálicas, como a Companhia Brasileira de Construção Fichet Schwartz-Hautmont, instalada

desde 1923, a Pierre Saby, desde 1935, a Construtora Metálica Nacional e a União dos

Construtores Metálicos, estas últimas só operando com estruturas leves geralmente, formadas

por treliças.

Com a boa aceitação de produtos planos e revestidos, faltava, entretanto, incentivar o

consumo de perfis laminados, utilizados na construção civil. Isso só foi possível quando a

própria CSN instalou uma fábrica de estruturas, a Fábrica de Estruturas Metálicas - FEM, em

1953, com o objetivo de difundir a construção metálica. Nos anos sessenta, com a Companhia

Siderúrgica Paulista - COSIPA e a Usinas de Minas Gerais - USIMINAS, ocorreu um

considerável aumento na produção e consumo de aços laminados, consolidando-se o emprego

das estruturas metálicas, o que fez estimular e crescer o número de fabricantes, que hoje

respondem por mais de 500.000 t/ano de capacidade instalada.

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19

A pouca repercussão, porém, que teve o aço na arquitetura brasileira, no contexto do

modernismo, se deve em parte a “cultura do concreto”, pois nomes como Gregory

Warchachik, já em 1927, em São Paulo, na Vila Mariana (residência própria), e em 1931 no

Rio de Janeiro (casa Norchild), indicavam em seus projetos tendências que a vanguarda

modernista apontava. Sem dúvida, a confirmação da estética assumida no país como modelo

de desenvolvimento em sintonia com os mais avançados conceitos artísticos europeus da

época, revelou-se em projetos como a capital, Brasília, projeto-piloto de Lúcio Costa, onde a

cultura do concreto nas mãos de Oscar Niemeyer desenvolveu-se em tal magnitude, que criou

um padrão imitado inúmeras vezes no Brasil, procurando manter semelhança com o perfil

daquela cidade “arrojada”, o que sucedeu, alias, não apenas no país, mas também no exterior.

É óbvio que um exemplo capaz de projetar a estética aqui defendida, embora ela não tivesse

suas bases na cultura nacional, fosse reverenciada em todo o mundo, fez com que o concreto

se tornasse um modelo, deixando outros materiais, do ponto de vista vanguardista, à margem

do conceito contemporâneo da arte.

Na história da evolução da estrutura metálica no Brasil, existe o importante nome do

escritório Paulo Fragoso, pois deve-se a ele, a Introdução e aperfeiçoamento do conceito de

vigas mistas, traduzido da Alemanha, um dos fatores mais importantes para a viabilização

econômica da solução metálica para edifícios altos. Estava deflagrado o processo que daria

início às edificações de aço no Brasil.

A importância de Fragoso pode ser traduzida nos seus diversos projetos calculados em

aço, como o primeiro edifício de múltiplos andares em estrutura metálica do país, o edifício

Garagem América, com 15 pavimentos, no ano de 1957, em São Paulo, de autoria do arquiteto

Rino Levi, o edifício Avenida Central, com trinta e seis pavimentos e 112 metros de altura em

1959, no Rio de Janeiro, e o hangar da Varig, em 1980, com pé direito de 29 m, entre outros.

Hoje em dia os exemplos de edifícios arrojados em estrutura metálica são inúmeros em

todo o país, mas como o tema deste trabalho é a habitação popular, no enfoque específico de

terrenos acidentados, não estão inseridas no seu contexto, grandes edificações com mega-

estruturas. Assim, procurou-se sobretudo pesquisar projetos de habitação no Brasil que

empregassem o aço como componente estrutural, voltados para população de baixa renda.

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20

Podem-se destacar dois exemplos, embora sejam em terrenos planos, dão uma idéia do

emprego do aço na construção de habitação popular.

O primeiro, trata da construção, em 1988, pela COHAB, de edifícios (Dias, pp.111,

1993), no bairro de Heliópolis em São Paulo, conhecidos popularmente através do padrão

“caixão”. Estas construções se diferenciam do tipo de projeto típico desse programa, apenas

em relação ao material empregado nas vigas e pilares, neste caso em aço. Esses prédios, com

quatro apartamentos por pavimento, com dois quartos cada um, possuem a disposição básica e

comum em “H”, com circulação vertical no centro, repetindo conceitos já gastos de

zoneamento, modificando-se unicamente o material de sua estrutura, o que talvez sirva de

exemplo, mais do que as grandes obras, como justificativa de um estudo de habitação que

explore com mais riqueza as possibilidades técnicas do aço.

O segundo exemplo encontrado é, o sistema construtivo SPAT, aplicado a casas

populares em Santa Catarina, no bairro Jardim Planetário, em 1995. Embora empregue aço na

sua estrutura e inclusive na coberta, mantém-se alvenaria para o fechamento das paredes e

telhas em cerâmica para o telhado, o que sem dúvida, é um contra senso, pois se retrocede a

modelos construtivos artesanais, já que se emprega perfis metálicos com o objetivo de acelerar

a obra e posteriormente, na sua montagem, volta-se ao tijolo e ao cimento, mantendo-se

assim, o mesmo ritmo das construções em alvenaria.

2.3 – INDÚSTRIA NACIONAL

O Brasil chegou à década de 1970 gastando quase todas as suas divisas provenientes

da venda de café na compra de produtos siderúrgicos, passando na década seguinte a uma

capacidade de produção já acima da demanda interna, o que lhe permitiu expandir o mercado

de exportação. Esse é um fato relevante já que o Brasil se coloca entre os poucos países que

conseguiram, nos últimos anos, reverter a posição de importador para exportador, embora na

produção mundial tenha uma participação na ordem de 2,3%, e caia para menos de 1%, índice

não muito significativo se comparado ao volume de exportações de produtos siderúrgicos de

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outros países. De qualquer forma, porém, em relação à América Latina o Brasil tem uma

produção na ordem de 50%.

Embora ainda com índices baixos, pode-se considerar o Brasil em boa posição no

mercado internacional de produtores de aço. Além de possuir reservas naturais, conta com 45

empresas. Este parque siderúrgico, é dividido em quatro grandes grupos (Oliveira, pp. 19,

1988):

1. Usinas de produtos planos de aços comuns e/ou de qualidade e porte do tipo - usinas

integradas -, operando com coque, com produção anual em torno de 3 milhões de toneladas e

de capital estatal. São elas: COSIPA (Companhia Siderúrgica Paulista), CSN (Companhia

Siderúrgica Nacional), CST (Companhia Siderúrgica de Tubarão), USIMINAS (Usinas

Siderúrgicas de Minas Gerais.)

2. Usinas de produtos planos de aços especiais, inoxidáveis e chapas siliciosas. A

única produtora é a ACESITA, Companhia de Aços Especiais de Itabira, com uma produção

de cerca de 700 mil toneladas por ano.

3. Usinas de produtos não-planos de aços comuns e/ou de qualidade, na maioria com

capital privado, as quais processam, a partir de sucata e ferro gusa, principalmente vergalhões,

perfis leves, barras e fio-máquina. As principais indústrias são:

Açonorte, CBA, Cearense, Cobrasman, Cosigua, Cosinor, Dedini, Fi-El, Guaíra, Hime,

Itaunense, Mafersa, Mendes Júnior, Rio Grandense, Santa Olímpia, Santo Amaro, Santo

Stéfano e Zanini.

4. Usinas de produtos não-planos de aços especiais. A produção siderúrgica dessas

indústrias, na sua maioria, semi-integradas e integradas a carvão vegetal, fabricam uma grande

diversidade de produtos, de qualidade e preço elevado. São elas: Mannesmann, Acesita, Aços

Finos Piratini, Anhanguera, Villares, Aparecida, Vibasa e Eletrometal.

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Recentemente nota-se articulações, tanto de empresas privadas quanto estatais, na

divulgação do emprego do aço na construção civil no Brasil, o que pode ser comprovado

através de publicações especializadas (Construções Metálicas), além da constituição de

empresas voltadas estritamente para estruturas metálicas, referidas anteriormente, como

também pelo funcionamento de um elenco de construtoras de estruturas metálicas bastante

extenso, além da formação de profissionais da construção com projeção nacional vinculados

exclusivamente a projetos em aço, cujos limites são naturalmente as condições de aquisição,

transporte, montagem e custos, os quais são sempre decisivos na opção por este tipo de

estruturas.

Com essas limitações, embora seja crescente o número de projetos que empregam o

aço, não só estruturalmente, mas tirando-lhe partido estético Ainda não podemos comparar

nossos números, nem os refinamentos e virtuosismo estéticos, com os alcançados no primeiro

mundo, nas construções norte-americanas e européias, pois os inúmeros exemplos dessas

edificações, vastamente publicadas em revistas e periódicos nacionais e internacionais,

mostram uma riqueza de detalhes estruturais e arquitetônicos, ainda não conseguida ou

explorada aqui no país.

2.4 – CONSIDERAÇÕES SOBRE HABITAÇÃO POPULAR AO LONGO DA

HISTÓRIA

Seria uma pretensão absurda tentar explicar 40.000 anos de evolução da habitação em

apenas um único trabalho e de forma tão resumida, mas a intenção da exposição dos conceitos

mais relevantes, ao longo da história, relacionados ao tema deste trabalho serve, sem dúvida,

para que se possa entender o por quê de aspectos de zoneamento e implantação, serem aceitos,

muitas vezes sem questionamentos e simplesmente aplicados, não se levando em conta outras

formas de distribuição de ambientes, com aproveitamento de novas técnicas estruturais e

formas de ocupação, nas quais está baseado o projeto aqui proposto para habitação multi-

familiar.

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Os dados e citações apresentados neste tópico, têm a função de demonstrar, de forma

simplificada e resumida, inúmeros exemplos de casas populares no curso da história, o que

sem dúvida ajudará a se reexaminar alguns conceitos rígidos, no que diz respeito a projetos

desta ordem.

A maior dificuldade ao se tentar selecionar exemplos relevantes de habitações de

população de baixa renda nas culturas antigas, está no fato de apresentarem uma estrutura

quase sempre frágil, pois os restos arqueológicos são, na maioria, de construções maiores,

cuja estrutura e fundações resistiram aos anos, como templos, palácios, prédios públicos, etc.,

além de “(...) las ciudades praticarem en su vida una especie de autofagia en virtud de la cual

(y más si la ciudad es rica) destruye los edificios viejos para sustituirlos por nuevos.”

(Bellido, pp. 117, 1966). Por esses motivos, se fez necessário, também, escolher alguns

exemplos de residências de famílias abastadas pois, servem para demonstrar com que

mentalidade eram projetadas e construídas as habitações ao longo da história.

É questão importante e fundamental, para que se possa entender e justificar os

exemplos apresentados, a diferença entre habitações pobres e “habitações construídas para a

população de baixa renda”, onde, neste segundo caso, realmente se detecta uma consciência e

um padrão construtivo exclusivo para essa camada da população.

2.4.1 – As Primeiras Habitações

Desde os primórdios da humanidade, o homem vem se deparando com problemas

fundamentais, os quais pode-se dizer que basicamente são: segurança, alimentação e

habitação. Certamente o estudo histórico dos hábitos alimentares e da culinária revelam

aspectos importantes das diversas civilizações, assim como também os meios que o homem

utilizou para transformar a natureza em seu proveito. Mas, sem dúvida, um dos passos mais

importantes que a humanidade dá no início do seu processo evolutivo, surge quando o homem

se estabelece em um determinado local e ali forma uma comunidade. É nesse período de

transição, de culturas nômades para sedentárias, que representa a determinação intencional de

uma residência e de um local, de certa forma definitivos, que se apresentam duas

características importantes, ou seja, a habitação confere segurança ao núcleo familiar e

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permite sua fixação, incentivando a procura de alimentos sempre próximos. As tribos

nômades se estabeleciam em regiões onde havia maior fartura, o que contribuiu para o

desenvolvimento da agricultura e domesticação de animais, e se evolui dos abrigos para as

“primeiras casas”, que davam maior segurança aos primeiros grupos sedentários.

O passo seguinte do homem foi, portanto, habitar pequenas e rudimentares cabanas,

segundo demonstram as descobertas na costa de Niza, na França, ocupada pelo homo erectus

durante o período das glaciações, por volta de 400 000 a. C. (Plazola, pp. 86, 1977)

Localizadas sobre dunas protegidas por um aglomerado de rochas, sua planta revela-se de

forma elíptica, cujas medidas variam entre 9 e 16 m de comprimento por 4 a 7 m de largura.

Sua estrutura, constituída de ramos, estava apoiada apenas em um dos lados, servindo como

anteparo para a coberta, que era revestida com folhagens. Estes abrigos possuíam duas águas,

embora os ramos estivessem apenas apoiados nas pedras, pois a evidência de buracos nos

centros das plantas seria um indicativo da existência de apoios supostamente para a cumeeira,

acreditam os especialistas. Talvez um dos aspectos mais interessantes destas moradias seja a

existência de um zoneamento interno bastante definido, como por exemplo locais onde foram

encontrados restos de fezes, confinados em uma área restrita, próximos a outros locais,

também delimitados, onde se encontrou material lítico e zonas sem restos arqueológicos que,

segundo os especialistas, representam locais de dormir. A divisão do espaço e delimitação de

atividades dentro de uma edificação, já era uma das preocupações do homem pré-histórico.

Indagações sobre a evolução do habitat humano, principalmente especulações de como

seriam as primeiras construções, estiveram presentes entre os historiadores que tentaram

elucidar como se desenvolveu o processo, principalmente no contexto da arquitetura, pois

estruturalmente as origens repousam sobre sistemas trilíticos, como as pedras de Stonehenge

(2775 - 1500 a. C. na Inglaterra). Resta saber como surge a intenção artística, e a partir de que

momento as concepções estéticas despertam interesse na construção, já que os aspectos

funcionais é que estão sempre presentes nos exemplos mais antigos.

Entre as especulações escritas a respeito do surgimento de concepções artísticas das

“primeiras casas”, destaca-se a seguinte: “Los órdenes, a juicio de Milizia, se diferenciaban

unos de otros a causa de los diversos tamaños de los árboles. Milizia anãde una nota

personal cuando sugiere que arcos y bóvedas derivan de las ménsulas que seguramente se

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anãdieron en las esquinas alos troncos de los árboles para suportar más peso. Ya

continuacíon deduce todos los detalles de la construcíon en piedra, hasta las escaleras y sus

balaustradas, de la connstruccíon de una cabaña de madera. (...) Pensaba que hicieron al

principio con tablas, troncos o piedra sin labrar, lo qual dio lugar a diversos tipos de

superficie mural. La conjución del muro y la columna hizo nacer la arquitectura de “ bajo

relieve ” , en el que la columna no se alza orgulhosa y separada del muro sino que está más o

menos empotrada en él.” (Rykwert, pp. 82 a 83, 1974).

Essas especulações podem parecer um tanto absurdas, principalmente ao se observar

os desenhos elaborados pelo próprio Milizia (Rykwert, pp. 79, 1974), onde claramente é

sugerido que a cabana primitiva já nascia com intenções de se tornar uma parte das ordens

clássicas da arquitetura.

Demostrar de forma bastante resumida, a evolução do conceito de casa, enquanto

arquitetura, não implica em se descrever como surge a concepção de arte na construção, como

defendiam os tratadistas dos séculos XVIII e XIX. De certa forma, as pinturas rupestres nas

cavernas ocupadas pelos homens pré-históricos, já exprimiam, por si só, um conceito de arte,

bastante primitivo é claro mas, sem dúvida, comprovado nas diversas “tradições2” encontradas

inclusive no Brasil, como Tupi-Guarani e Nordeste. Assim, é possível se verificar que a

evolução se dá em um primeiro momento de forma técnica, passando a possuir posteriormente

outras conotações, inclusive a artística, pois, para ocupar esses abrigos, o homem teve que

primeiro expulsar animais e controlar o fogo, para depois poder utilizar esse locais e

transformá-los, tornando-os mais adequados às suas necessidades.

A mudança da caverna para as cabanas, não se deu de forma sistematizada. Inúmeros

exemplos encontrados no homem de Neanderthal revelaram abrigos feitos de ramos de

árvores fincadas no chão em forma de fileiras paralelas suportando barras horizontais, também

constituídas de ramos, dentro das próprias cavernas. Em muitos casos o revestimento

encontrado era de peles, e possuíam uma vedação superior diferentemente dos primeiros

modelos que utilizavam apenas folhagens.

2 Termo utilizado para designar estilos distintos de pinturas rupestres, utensílios e aspectos relativos a uma cultura pré-histórica.

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Um dos exemplos mais interessantes de construção de cabanas em abrigos naturais,

encontra-se no sudoeste dos Estados Unidos, no Novo México, no sítio arqueológico de Mesa

Verde, descoberto no século XVII. Nesse local foram edificadas pequenas construções, em um

total de duzentas habitações em blocos de pedras, numa falha na encosta de uma montanha,

inclusive algumas com um primeiro pavimento (Willex, pp. 211, 1966).

Um bom exemplo para se entender os restos de abrigos encontrados são as aldeias

indígenas norte americanas, revestidas com peles, assim como também as que são encontradas

aqui no Brasil, como as cabanas das tribos do Xingu, forradas com folhagens, e das quais se

pode dizer que são semelhantes, do ponto de vista técnico, às primeiras construções pré-

históricas.

Fica claro, portanto, que dessa forma é que nasceu a cabana primitiva, as quais ao

longo do tempo, fizeram-se mais confortáveis e mais amplas, sendo as primeiras apenas

simples abrigos das intempéries do tempo e de animais selvagens, e que evoluíndo pouco a

pouco, formam verdadeiras aldeias terrestres e até lacustres.

Há 10.000 a. C., no Mesolítico, dentro da classificação arqueológica, iniciam-se

mudanças importantes como alteração lenta do clima, que se tornou mais úmido, propiciando

um crescimento maior de vegetação, desaparecimento dos grandes mamíferos de caça e a

domesticação de animais, como a ovelha no Oriente Médio, e primeiros indícios de

agricultura. A saída do homem das cavernas e o culto da natureza através de pequenas

estatuetas, são indícios que estão se organizando os primeiros núcleos sociais formados pelo

homem de Cro-Magnon, que atravessa o estreito de Bering e povoa toda a América. É nesse

contexto que pode-se começar a pensar em primeiras cidades e em primeiras habitações

organizadas, ainda que em um modelo bastante distante do conceito moderno de urbanização.

2.4.2 – Mundo Antigo

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Segundo Plazola (pp. 90, 1977) o primeiro assentamento conhecido, considerado

cidade, é o de Jericó. A através das muralhas mais profundas que rodeavam a cidade,

encontradas a 17 metros de nível do solo, e feitas de grandes pedras, foram encontradas

datações com 8000 a.C., embora restos arqueológicos falassem de visitantes que frequentavam

aquele local por volta de 9500 a. C. As casas mais antigas dessa cidade possuíam planta

circular, sendo construídas de tijolos de barro, em forma de escarpas, feitos à mão. As plantas

retangulares só seriam construídas 1000 anos depois.

Na descrição de exemplos contemporâneos a Jericó, encontrados na África (7000 a.C.)

e na Jordânia (6500 a.C.), apresentados também através de plantas baixas (Plazola, pp. 91,

1977), nota-se que além das variações circulares, retangulares e elípticas, quase todas

possuíam áreas delimitadas para dormir, de uso comum, assim como ambientes para

armazenamento de alimentos, no caso, cereais, o que não significa um modelo e nem mesmo

caracteriza as residências naquela época Assentamentos mais desenvolvidos, do ponto de vista

técnico, como construções que alcançavam até o terceiro pavimento, foram encontradas na

Turquia (6500 a.C.), constituídas na maioria, de apenas uma única habitação, embora que

bastante delimitada quanto ao seu zoneamento. Leia-se, por exemplo, a informação de

Plazola:

“El cuarto unico 6 x 7 m estaba zonificado de la siguinte manera: en el rincón noreste

del cuarto, se elevaba el nível del piso un poco para albergar la cama del padre de la familia

hecha por medio de una estera tejida ; en la pared esta otra plataforma servía de recámara a

la mujer y los hijos; el horno lo ubicaban en la pared sur y junto a él un hogar abierto debajo

de la cobertura de acesso en el techo para que a la vez funcionara de tiro de chimenea. Para

la despensa de los víveres utilizaban aberturas hechas en el muro. Las funciones del baño las

efectuaban exteriormente en los patios de la comunidad o en los restos de casas

desocupadas.”. Falando a respeito da estrutura, acrescenta: “(...) muros de doble reforzados

con postes de madera a modo de castilhos para sostener una techunmbre plana con dos vigas

madrinas principales y un entramado de troncos más pequeños en su parte supeior. Esta

techumbre estaba recubierta por pedaços de caña mezclados con baro seco. Las casas se

edificaban una junto la otra sobre las ruinas de su antecesora por lo que se generaron varios

desniveles entre una y otra. Para evitar la intromisión de fieras salvages y prever las

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inundaciones, no existía puerta al nível del suelo por lo que el aceso a la vivienda se

efectuaba por el techo en donde se realizaba una entrada consistente en una abertura

acompañada de una escalera. Esto provocaba que las circulaciones públicas se efetuaran por

los techos de los vecinos.” (Plazola, pp. 93, 1977).

Pode-se verificar que os exemplos até agora expostos, principalmente através da

citação de Plazola, tratam da habitação como elemento fundamental na determinação do

traçado urbano dessas primeiras cidades, ou seja, as ruas nasciam pela construção desordenada

e sobreposta de novas casas, as quais se apresentam, na sua maioria, formadas por plantas

baixas de geometria circular, retangular ou elípticas, o que proporciona uma malha irregular,

se é que se pode empregar este termo, tratando-se de casos tão desorganizados e primários,

mantêm seus parâmetros urbanos, fortemente relacionada com a disposição de cada

construção.

O passo seguinte da evolução no contexto urbano ocorre no desvinculamento da casa

como fator determinante no traçado das ruas, ou seja, existe um planejamento dos eixos da

cidade, anterior à construção das edificações, ao contrário da casualidade da malha urbana nas

cidades antigas. Assim se propicia, de certa forma, uma independência de concepção, que

ocorre a partir do momento em que se tem uma área restrita, ou seja, um lote, no qual uma

construção, desde que respeite certos códigos e normas impostos, pode ter certa liberdade no

seu projeto. Claro que não se está falando de conceitos artísticos, mas sim de aspectos

técnicos, de distribuição interna, dimensionamento, circulação, etc. Estes aspectos são

diferentes, no caso de construções que vão formando pouco a pouco ruelas e becos, como nos

exemplos anteriores descritos por Plazola. Esse conceito vem acompanhado de um

desenvolvimento social bem mais complexo pois, para existir uma racionalidade no traçado

de ruas, invariavelmente tem que ocorrer a hierarquização de áreas, ou seja, fica explícito que

devem existir locais públicos, comerciais, religiosos, etc., que propiciem uma sistematização

de acessos e fluxos dentro dessas cidades.

Os exemplos mais antigos dentro desse novo conceito de divisão entre eixo urbano e

edificação, podem ser vistos nas escavações das ruínas de Mohenjo-Daro (2500 a. C.)

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descoberta em 1921, e localizadas nas margens do Indo. Constituída por um traçado reticular,

e edifícios retangulares, foi na sua época uma referência para outras de seu gênero no Oriente

Médio (Mesopotâmia), devido ao alto grau de urbanização, o que superava todas as formas de

ocupação conhecidas até então.

O traçado relativamente regular de Mohenjo-Daro, segue sem dúvida, um projeto

premeditado, como é possível comprovar através do trabalho de Bellido (pp.7 e 9, 1966):

“(...) Tres grandes calles paralelas de 10 metros de anchura la cruzaban de norte e sur y dos

de este a oeste formando barrios de 364 m. por 182 m. dentro de los cuales las calles

principales se cruzaban en ángulo recto formando manzanas. Las secundarias eran

estrechas llegando algunas o solo 1,25 de anchura. Este trazado en retícula hace de

Mohenjo-Daro el ejemplo conocido más remoto de una ciudad de planta orthogónica. (...)

Pero es más, la ciudad estaba provista de ciertos servicios no menos sorprendentes, como un

sistema de condución de agua, que permitió tener no solo fuentes públicas en abundancia,

sino incluso suministro domiciliario, lo que, a su vez, permitió en las casas el uso del baño y

hasta de retretes. (...) El sistema de aportación de agua es muy ingenioso. El canal tenía casi

la altura de un hombre e iba abovedado.”

Através das casas, de Mohenjo-Daro, comprova-se o alto nível de desenvolvimento

que alcançou aquela cultura, pois sua organização interna demostra um zoneamento bastante

complexo, o qual contava com: “(...) alcobas para varios sirvientes, una racámera para

invitados en la planta baja, las recámaras de la familia en un segundo nivel, un patio central

hacia donde daban las habitaciones, y un pozo de agua potable que suministrava agua para

toda la casa por medio de una red de tuberia interna.” (Plazola, pp. 95, 1977). O exemplo

apresentado deve tratar de uma casa de família abastada.

No mundo antigo, um exemplo interessante de casa popular em relação ao conceito

atual, são as escavações de Tell-el Amarna (Plazola, pp. 97, 1977), onde foram encontradas

um conjunto de casas pequenas constituídas com dois, três ou quatro dormitórios. Os

materiais de construção para essas habitações eram o barro para os muros, feitos de tijolos, a

palha para a coberta e a madeira como elemento estrutural. A planta apresenta-se de forma

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retangular e a implantação seriada, ou seja, as casas estavam dispostas de forma linear, o que

nos faz lembrar repetidos exemplos de implantações atuais, embora as datações desses sítios

arqueológicos indiquem 1370 a. C.

Devido à existência de inúmeras culturas, as variações dos modelos das casas tanto

esteticamente, quanto em relação à sua distribuição interna, e levando-se em consideração as

diferenças cronológicas nos exemplos citados, pode-se dizer que existiu no mundo antigo uma

arquitetura popular, que foi desenvolvida visando a camada pobre da comunidade. Note-se

também que aspectos como serialidade, modulação e repetição de habitações já podem ser

detectados em várias culturas.

2.4.3 – Mundo Clássico

No mundo clássico, pode-se destacar entre os inúmeros casos conhecidos, as chamadas

“manzanas”3, da cidade de Agrigento (século V a. C.). Através de sua planta, é possível

comprovar uma certa serialidade do ponto de vista urbano, pois as casas se mantêm alinhadas

formando quadras retangulares, compondo um traçado conhecido como reticular4, além da

distribuição interna na maioria das casas manter certa modulação, no que diz respeito às

dimensões dos cômodos, embora ocorram variações no programa em relação ao número de

ambientes em várias residências.

Os dados obtidos na bibliografia, apresentam diversas plantas baixas e informações a

respeito de ricas casas e edificações de até sete e oito pavimentos, assim como cortes e

detalhes construtivos de vários períodos distintos da Roma antiga. Esses restos arqueológicos

das habitações, que se julgam haverem sido ocupadas, por indivíduos humildes, não se

mantiveram o suficiente para poderem ser analisadas. Entretanto, através da cidade de Ostia5,

pode-se ter uma idéia de como seriam as “tabernae”, em Roma, pois uma de suas

características está no fato de serem ambientes não apenas com funções da casa ou seja,

3 Grupo de edificações que formam uma quadra, não havendo separação entre os distintos blocos. 4 Traçado reticular, concepção urbanística mais antiga conhecida, descoberta em Mohenjo-Daro (2500 a. C.), primeira cidade a qual se atribuí esse tipo de urbanismo. 5 Ostia era um porto perto de Roma e pode ser considerada seu “bairro marítimo” (Bellido, pp. 136, 1966).

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dormir, comer, cozinhar, descansar, etc., englobando também o uso comercial do mesmo

espaço, isto é, as “tabernae” possuíam a parte frontal destinada ao comércio e nos fundos os

aposentos e áreas íntimas, ocupação que pode ser vista hoje em dia, em qualquer bairro de

padrão semelhante aos da COHAB, onde em um primeiro momento as habitações são todas

iguais e, a medida que o tempo passa, a adoção de ampliações e sacadas, também com

objetivos comerciais, criam uma desconfiguração “lógica”, no sentido de que a cidade se

modifica continuamente e, em muitos casos, isto não é previsto.

O exemplo de Ostia serve para se compreender que a multiplicidade de usos sempre

foi uma constante em bairros pobres, pois o conceito de casa, como lugar exclusivo para vida

em família, diferente do conceito de local de trabalho, ligado apenas a relações profissionais,

não pode ser aplicado às comunidades carentes. O pequeno comércio surge nesses bairros,

primeiro nos aposentos da frente das casa, como pode ser visto ainda hoje em dia nas placas

que avisam “vendem-se picolé” ou “cortam-se cabelos”, e são justamente esses avisos que nos

advertem da maleabilidade das intervenções populares. O projeto que vai ser implantado

deverá, obrigatoriamente, considerar ampliações e multiplicações não só do programa da casa

popular, mas também quanto ao seu uso.

2.4.4 – Idade Média

Na Idade Média, a realidade física das habitações dos pobres obedece primeiro à uma

realidade jurídica, pois os homens se dividiam entre homens livres e servos, o que também

aconteceu nas culturas anteriores, mas, nesse período, é fator determinante. Não se pode

esquecer que a Idade Média dura dez séculos, podendo-se até falar de Idades Médias. Há

portanto, características especiais. A população medieval é sobretudo rural e não urbana, e

isso é um dado fundamental. A idéia da “polis” pertence à Antiguidade Clássica e a de

“grande cidade” é romana ou, mais remotamente grega. As invasões bárbaras funcionaram

como uma força anti-urbana, e os ricos prudentemente afastaram-se dos núcleos citadinos para

melhor se defenderem em castelos. Essa circunstância deve ser entendida não como um

desaparecimento dos núcleos citadinos na transição Antiguidade/Idade Média, mas seria

melhor entender-se o processo apenas como um “eclipse” das cidades.

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Considerações de ordem econômica e demográfica são importantes na caracterização

do vilarejos medievais. “Ao sabor das fases de expansão e de estagnação nas quais influíam

tanto as condições meteorológicas quanto eventos políticos, como as guerras de início do

século XVII na Lorena , podem observar-se períodos de construção intensa, de abandono e

de substituição das construções privadas. Causas menos aparentes, devidas não a conjuntura

econômica, geral ou regional, e sim à própria evolução dos ciclos familiares no interior das

casas, também acarretam sucessivas transformações do espaço construído.

Tais razões determinam que não se separe o estudo das condições habitacionais (as

tipologias das construções, os planos dos espaços internos, o mobiliário e seu uso) do estudo

do grupo das pessoas aparentadas que moram no interior das casas.” (Duby et al., pp. 509,

1988).

O castelo nada mais é do que uma resultante da necessidade militar de defesa. Uns

tantos pobres habitavam os castelos como servos, em dependências especiais desprovidas de

conforto, já que a maioria da classe pobre (servos), vivia no campo em choupanas de adobe,

de dois cômodos no máximo, pois geralmente, tem apenas um no qual se dorme, se come, se

cozinha e se protege os animais no inverno.

Os pobres que viviam nas cidades em ruas estreitas, moravam em casas escuras e

geralmente com dois pavimentos, o primeiro de pedra ou adobe e o segundo de madeira, o que

provocava frequentemente incêndios. Eram habitações de artesãos, pequenos comerciantes ou

membros das chamadas corporações de ofícios. Há, portanto, uma distinção arquitetônica a se

fazer entre o servo da gleba (camponês pobre que paga impostos pesados aos donos da terra, o

senhor feudal), que mora em casebres ou choupanas, e o artesão, às vezes tão pobre como um

servo da gleba, porém, juridicamente um homem livre.

O testemunho arqueológico das habitações populares medievais é praticamente nulo,

ao contrário dos exemplos clássicos, descritos anteriormente. Além disso há uma diferença

importante, e que se pode utilizar como exemplo de comparação: são as “villae” de origem

romana e que correspondem à conhecida “casas grandes” de engenhos, e que deixaram

alicerces, mosaicos, etc. As “villae” fazem parte de uma estrutura econômica-agrária não

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militar, ao contrário do castelo, onde a preocupação com a defesa era básica, e lhe dava

formas características (solidez, dificuldades de acesso, construção demorada e pouco luxo). A

“villae” e os castelos constituem a arquitetura dos que têm poder econômico. A casa do

camponês medieval era uma cabana miserável, construída de varas cruzadas e recoberta com

barro, tendo no telhado de palha um buraco pelo qual saía a fumaça. A cama era apenas um

caixote de madeira cheio de palha e o piso constituía-se de barro batido.

Uma rica fonte de estudo e observação da tipologia e mobiliário das casas medievais,

pode ser verificada através de quadros de pintores da época, como nos sugere Collomp: (Duby

et al., pp. 501, 1988).

“O pintor Albrecht Dürer nos deixou determinado número de desenhos, muitos deles

aquarelados, que mostram casas de vilarejos e cidades da Alemanha, da Áustria, da Itália no

final do século XV e início do XVI. (...) Os desenhos de edifícios nos apresentam os materiais

usados na construção : tijolos aparentes ou rebocados nas casas com vigas aparentes e

telhados inclinados do bairro da capela de São João Nuremberg.

Uma característica interessante, descrita por Collomp, e inclusive observada nos dias

atuais, e discutido mais adiante no Capítulo 4, item 4.4, é o fato da cozinha não se apresentar,

em casas de gente pobre, separada da sala, mas sim formando um espaço único.

“(...) a mesa redonda com uma toalha branca (a mesma toalha que voltaremos a ver nos

interiores rurais dos irmãos Le Nain), sobre o qual se encontram tigelas contendo uma sopa

a base de leite (a família retratada possui vacas, pois um homem e uma mulher estão fazendo

manteiga). O mais surpreendente é o fogão central, no nível do solo, com o imenso caldeirão

pendurado numa grande cremalheira.” (Duby et al., pp. 503, 1988).

2.4.5 – Vilas Operárias (Bauhaus)

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O desenvolvimento industrial dos países europeus, a partir do século XVIII, criou um

padrão de habitação no qual prédios multi-familiares são projetados para os trabalhadores

perto de fábricas e indústrias (vilas industriais).

Entre as características dessas vilas, podem-se destacar: a padronização dos materiais,

repetição das plantas baixas e implantação. Nos vários exemplos existentes, vale ressaltar os

estudos desenvolvidos na Alemanha, durante os anos da BAUHAUS, onde a casa proletária,

alcança uma compreensão extrema, como pode ser observado em projetos como a “cidade

nova” de Hilberseimer (Droste, pp. 212, 1990), na qual, as casas dos trabalhadores eram

pensadas também levando-se em consideração possíveis ampliações, partindo-se de uma

planta básica. Há também os estudos propostos por Mies Van der Rohe (Droste, pp. 156,

1990) de casas com oficina, casas independentes de dois pavimentos e casas unifamiliares de

um pavimento, entre diversas outras propostas.

2.4.6 – Origens da Habitação Popular no Brasil

No Brasil, as primeiras construções de habitação para população pobre, e porque não

dizer, miserável, foram as senzalas. Embora estas fossem apenas cubículos inabitáveis, torna-

se evidente que existe, em alguns casos, uma implantação padronizada e de forma seriada.

Um exemplo interessante, ainda conservando seus antigos componentes (casa grande,

senzala, moenda e capela), está situado no Município de Igarassu, a 31 quilômetros ao norte

do Recife. Trata-se do Engenho Monjope, que data da primeira metade do século XVII. É

possível verificar-se na sua implantação, a disposição linear e paralela das senzalas, formando

um arruamento em frente da casa-grande. Este caso não caracteriza propriamente as senzalas,

pois representa um exemplo pontual, mas serve para se exemplificar, uma das origens das

casas de trabalhadores pobres no meio rural açucareiro.

Deve-se também fazer uma divisão jurídica, como foi feito anteriormente ao se falar

da Idade Média, quando se trata do Brasil. Os exemplos iniciais são de habitações de escravos,

diferentes das casas de homens pobres e livres, as quais, de forma genérica, modificam sua

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técnica de construção conforme o local, ou seja, as casas no litoral apresentam uma técnica

distinta. A diferença básica reside no material empregado, pois, no interior, principalmente em

São Paulo, a taipa de pilão foi a técnica usada nas primeiras construções, conforme a frase

emblemática de Lemos: (pp. 26, 1989) “A taipa de pilão simbolizou a civilização paulista”.

A região onde os jesuítas implantaram o colégio era quase um morro, cercado de

brejos. Nesse lugar não havia pedra e foi somente a partir do século XVIII que se descobriram

jazidas de limonita, que forneceram material para as fundações de algumas edificações da

época, na qual a pequena São Paulo já estava configurada em taipa de pilão.

No litoral, devido as terras das praias serem impróprias à compressão e apresentarem-

se pouco “argilosas”, não suportando os índices pluviométricos da região, adotaram-se pedras,

que, devido a sua abundância e a existência de bastante cal produzida a partir de calcinação de

blocos de sambaqui, caracterizou um sistema estrutural de arquitetura litorânea, definida pela

simples aptidão da mão de obra disponível e dos materiais oferecidos pelo meio ambiente.

São encontrados diversos exemplos de habitações que empregavam esse material como

alvenaria.

Um programa novo, surgido com a arquitetura de tijolos, refere-se ao “sobradinho”,

nas vilas operárias, destinado a classe média baixa e foi massificado no período da I Guerra

Mundial. Os “sobradinhos” construídos a partir de lotes estreitos, apresentam um zoneamento

simples, com dormitórios, em média dois, no primeiro pavimento, e possuem além de sala,

cozinha e banheiro no térreo, sendo este último também encontrado, em uma edícula no

quintal.

Atualmente, existem inúmeros exemplos de projetos voltados para população de baixa

renda, principalmente aqueles financiados pelo extinto BNH, e projetos de auto-construção,

assim como financiamentos da Caixa Econômica Federal. Nesta pesquisa, como o interesse é

de uma proposta tecnológica, só foram pesquisados aqueles trabalhos com o esse enfoque.

Entre eles, podem-se destacar duas publicações: Arquitetura e Habitação Social em São Paulo

– 1989 a 1992 (Bonduki, 1993) e Dez Alternativas Tecnológicas para Habitação

(MINTER/PNDU, 1989). Nos projetos apresentados, são encontrados os mais diversos tipos

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de implantações, compostos de construções unifamiliares e multifamiliares, com no máximo

cinco pavimentos, empregando-se diversas técnicas, desde taipa em blocos prensados até solo

cimento, embora nenhum deles trate do problema da construção popular em encostas e muito

menos em estrutura metálica.

Todos os exemplos citados ou comentados, e os aspectos levantados, tais como

zoneamento, modulação, implantação, programa, distribuição e compatibilidade com outros

usos foram empregados para se entender alguns conceitos básicos e, principalmente, suas

origens relativas à habitação popular. Não é, porém, intenção deste estudo, além de fugir do

escopo do tema tratado, demonstrar a evolução histórica da casa, e sim apresentar exemplos

que tragam fundamentação para alguns dos conceitos aqui propostos, e que serão apresentados

no Capítulo 4.

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Capítulo 3

CONSIDERAÇÕES SOBRE O AÇO

3.1 – INTRODUÇÃO

Se faz necessário, inicialmente, algumas considerações sobre o aço, não só para

apresentar suas características, mas, principalmente para expor suas vantagens na construção

civil, já que a concepção estrutural no projeto aqui proposto, é composta exclusivamente de

barras metálicas.

Dos itens 3.2 a 3.6, são expostas a forma de extração e obtenção, assim como a

composição básica das chapas encontradas no Brasil. Os itens seguintes, 3.7 – Características

das Estruturas Metálicas – e 3.8 – Principais Produtos em Aço – têm como objetivo

demonstrar, de forma esquemática, a diversidade dos produtos metálicos, produzidos no país,

como por exemplo: o aço de qualidades estruturais, aço carbono, aço para usos gerais, chapas

de piso, etc, e onde também são descritos seus aspectos relativos ao tipo, forma, aplicação,

especificação além de alguns comentários.

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3.2 – OBTENÇÃO DO AÇO

Pelos dados e informações apresentados no histórico sobre o aço e o ferro, foi

analisado que as dificuldades na obtenção de ligas metálicas ao longo da história, deram-se

basicamente sob dois aspectos: tecnologia que permitisse controle da temperatura, conseguida

através dos altos fornos e dos foles hidráulicos e a substituição do carvão vegetal pelo

mineral.

Atualmente, o processo empregado baseia-se na extração em jazidas naturais de

minério de ferro, de carvão mineral ou de carvão vegetal, este último oriundo de reservas

florestais.

3.2.1 – Elemento Ferro

Encontrado na natureza, e basicamente composto de oxigênio, ferro e sílica sob forma

de pedra compactada, o minério de ferro passa por um processo de redução, com o objetivo de

separar–ló de outros elementos.

3.2.2 – Elemento Carbono

Elemento fundamental na obtenção do aço, o carbono, é obtido a partir do carvão

vegetal ou mineral, que assim como o minério de ferro, também tem que ser separado de

outros elementos.

No carvão mineral é aplicado o processo de destilação, denominado coqueificação, que

o isola do alcatrão, benzol, amônia, tolueno e do fenol, entre outros componentes. Resultam

desse processo: carbono e cinzas, os quais são então chamados de coque.

No carvão vegetal, devido ao alto teor de carbono e baixa incidência de outros

elementos, o uso é direto e sem nenhum preparo.

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3.2.3 – Sinter

Entre as matérias primas empregadas na obtenção do aço, temos o sinter, que não é

básico. Esse produto é resultante da queima de mistura de finos de minérios de ferro,

constituída basicamente de moinha de coque, finos de calcários , areia de sílica e finos do

próprio sinter. A importância desse componente está condicionada com a possibilidade de um

maior rendimento e qualidade do ferro, denominado ferro gusa, que se obtém diretamente do

alto-forno.

3.3 – REDUÇÃO

Como foi visto nos tópicos anteriores, onde registrou-se a forma pela qual são

encontrados os elementos básicos para a obtenção do aço, concluí-se que do minério de ferro e

coque, só interessam respectivamente: o ferro e o carbono.

A redução ocorre em um alto-forno, no qual são introduzidos: minério de ferro, coque,

calcário e sinter. O processo ocorre ao se injetar ar em alta temperatura, do que resulta a

combustão do coque e o carbono em parte queimado pelo oxigênio do ar. Forma-se assim o

monóxido de carbono que, passando pelo minério de ferro, “rouba” oxigênio e transforma-se

em dióxido de carbono, liberando o ferro.

Por último, ocorre a separação entre o ferro em estado líquido e a escória, constituída

por uma mistura de silício, calcário além de outros elementos, da qual resulta um ferro

denominado ferro gusa, que contém impurezas, e que, sendo refinado posteriormente,

resultará em aço.

3.4 – REFINO

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O refino ocorre em um setor da siderúrgica chamado aciaria, que trata o ferro gusa em

um forno especial para remover o silício e outros elementos indesejáveis, através de aditivos

que incorpora e que é conjuntamente eliminado nas escórias ou sob forma de gases, além de

provocar a diminuição do carbono.

Após os processos descritos, o aço, ainda líquido, sofre variações na sua composição

química. Dependendo de qual o emprego lhe que será dado, são adicionados vários outros

elementos. É então, vazado em lingoteiras ou nos fornos e poços de laminação, solidificando-

se lentamente. Podem ocorrer também transformações mecânicas e, portanto, esta é a última

fase para obtenção do aço, conseguido através de laminação ou forjamento.

3.5 – LAMINAÇÃO

O processo de laminação subdivide-se basicamente em laminação a quente e

laminação a frio.

No processo de laminação a quente os lingotes entram primeiramente em um

laminador, denominado desbastador, afim de tornar os lingotes menos bastos. Logo em

seguida, entram em um forno de reaquecimento para então passarem por outro laminador,

denominado de reversível. Finalmente, as chapas entram no laminador contínuo de

acabamento a quente, tomando, após esse processo, a forma de bobinas, para posteriormente

serem cortadas através da tesoura e guardadas na forma de chapas finas. Essas chapas são

empregadas para confecção de perfis soldados, ligações, emendas e bases de colunas.

Na laminação a frio, empregada principalmente em chapas finas, sob forma de

bobinas, o processo se inicia com seu desenrolamento a quente, através de uma linha de

decapagem, para novamente serem rebobinadas. A bobina decapada passa então em um

laminador contínuo de acabamento a frio, para em seguida entrar em um forno de

recozimento. Na última fase do processo as chapas passam por um linha de encruamento e

finalmente são cortadas através de uma tesoura. Nesse processo de laminação são empregadas

chapas geralmente com espessura inferior a 3 mm.

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Na Figura 3.1, tem-se uma idéia clara das fases da laminação de diversos componentes

metálicos, nos quais pode-se observar a evolução, passo a passo, na obtenção das seções de

perfis.

Perfil “I” Cantoneira Perfil “U”

Trilhos Estaca Prancha

Figura 3.1 – Fases da Laminação (AÇOMINAS, vol. I, pp. 29, 1982).

3.6 – COMPOSIÇÃO QUÍMICA BÁSICA DAS CHAPAS

Composto quase que exclusivamente de ferro, em uma proporção de 98% e com

pequenas quantidades de carbono, silício, enxofre, fósforo, manganês, etc., o aço, é um dos

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materiais que melhor relação oferece entre esbeltez e resistência, um dos motivos pelo qual foi

escolhido para este trabalho. Entre o materiais que compõem a liga de aço, o que tem maior

influência sobre suas propriedades é o carbono, responsável pela alta resistência mecânica e

ductilidade (capacidade de deformação antes da ruptura).

Os aços utilizados na construção civil são divididos basicamente em dois grupos: aço

carbono e aço de baixa liga.

3.6.1 – Aço Carbono

O aço carbono é o tipo mais empregado na construção civil. Como o próprio nome

indica, é através da adoção de carbono e, em menor quantidade, também de manganês, que se

consegue aumentar a resistência em relação ao ferro puro. Na prática, o teor empregado de

carbono não ultrapassa 0,45%, pois acima desse padrão ocorre um decréscimo da

soldabilidade e o material torna-se quebradiço.

3.6.2 – Aço De Baixa Liga

O aço de baixa liga é o aço carbono, acrescido dos chamados elementos de liga, em

pequenas quantidades, como por exemplo: nióbio, cobre, manganês, silício, etc. Esses

elementos permitem baixos teores de carbono, na ordem de 0,20%, sem contudo se alterar a

soldabilidade, e o mais importante, obtém-se assim altas resistências nas ligas de aço.

Outra preocupação ao se fabricar chapas metálicas, incide na resistência à corrosão, ou

seja, com pequenas variações químicas, acrescentado-se componentes como vanádio, cromo,

cobre, níquel e alumínio conseguem-se obter os chamados aços de baixa liga, com alta

resistência mecânica e resistente à corrosão atmosférica.

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3.7 – CARACTERÍSTICAS DAS ESTRUTURAS METÁLICAS

O aço na construção civil possui as seguintes características mecânicas:

3.7.1 – Resistência

O aço possui alta resistência a tensões (tração, compressão, flexão, etc.) se comparado

à madeira ou concreto. Isso significa que os elementos de uma estrutura em aço (pilares,

vigas, etc.) suportam grandes esforços com perfis delgados, ou seja, com áreas de seções

pequenas se comparadas ao comprimento da peça. Isto é possível graças à sua alta densidade,

7.850 kg/m3, que possibilita um menor volume estrutural.

Essa elevada resistência mecânica, conseguida em relação ao seu peso específico,

permite ao projetista buscar estruturas mais leves, não só através do material, mas também em

relação à geometria, ou seja, o aço permite conformá-lo de modo que as forças que agem nas

barras tenham uma melhor distribuição.

3.7.2 – Comportamento Estrutural

Os elementos em aço oferecem grande segurança, pois seu comportamento estrutural,

representado pela elasticidade, ruptura e limite de escoamento, são bem definidos. Esse

comportamento se dá pelo fato do material se apresentar único, uma vez que na maioria das

estruturas metálicas, dificilmente atuarão outros materiais.

A maior resistência do aço permite a realização de um projeto mais leve, com bom

alinhamento na construção, pois os elementos estruturais chegam à obra já nas dimensões

exatas, e desse modo se reduzem os excessos de correções, com revestimentos e reboco.

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3.7.3 – Construção

Os elementos em aço são produzidos nas fábricas de forma seriada, restando apenas

sua montagem, diminuindo-se assim bastante o tempo da obra. A dispensa de escoramento e a

realização rápida de várias lajes, pois montam-se rapidamente os pavimentos a partir do

momento da entrega dos elementos estruturais no local da obra, pode-se construir em

ambiente limpo, reduzindo-se o acúmulo de entulhos dentro e fora do canteiro.

3.7.4 – Manutenção

Devido à produção padronizada e dimensões estruturais (áreas das seções menores),

torna-se mais fácil trocar ou reforçar elementos estruturais em aço, além da possibilidade de

se desmontar e transportar para outro local, sem grandes perdas.

3.7.5 – Economia

As estruturas metálicas, principalmente em edifícios de múltiplos andares, reduzem o

custo da obra a partir das fundações. Devido ao peso menor do esqueleto estrutural são

utilizadas fundações mais econômicas. Ao mesmo tempo em que são executadas as

fundações, paralelamente, se fabrica o esqueleto estrutural. Com o esqueleto pronto e

entregue, resta apenas sua montagem. Foram apontados nos itens anteriores, a dispensa de

escoramento, assim como a redução do acúmulo de entulhos dentro e fora do canteiro além do

bom alinhamento na construção, reduzindo-se excessos de correções, o que diminui o custo

total da obra.

Fazendo-se uma comparação entre as espessuras empregadas no reboco de estruturas

metálicas, observa-se um ganho significativo em relação as estruturas em concreto e alvenaria

O reboco empregado, nas estruturas de concreto para corrigir imperfeições, é em torno de 20

mm a 25 mm de espessura, enquanto nas obras em aço não é necessário mais do que 5 mm,

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sem prejudicar a finalidade e qualidade do mesmo. Considerando-se que o revestimento pesa

em torno de 2 t/m3, verifica-se que a economia direta obtida ultrapassa a cifra de 30 t. por cada

1.000 m² de revestimento, reduzindo assim o custo com materiais, mão de obra, transportes,

deslocamentos, e armazenagem, bem como carga nas fundações, (Werneck, pp. 41, 1984).

É importante salientar que para uma economia significativa, em comparação com

outros tipos de estruturas, é necessário um ordenamento rigoroso do cronograma da obra, pois

o aço requer uma execução sistemática para que se possa reduzir também os encargos sociais

da construção.

3.7.6 – Reaproveitamento

As estruturas metálicas possibilitam o reaproveitamento após sua desmontagem ou

apenas de partes que não estejam mais atuando na estrutura. Esse aspecto, de certa forma

remoto, é entretanto um fator importante no uso de estruturas metálicas, pois o preço de uma

demolição, varia entre 10% e 15% do valor total, que pode até ser diminuído, levando-se em

consideração que o aço pode ser vendido como sucata ou reaproveitado, dependendo do caso

e do estado de conservação da estrutura.

3.7.7 – Aumento da Área Útil

O aumento da área útil de uma planta baixa pode ser comprovado através da Figura

3.2, na qual são comparadas as dimensões entre pilares de concreto e de aço. Dada a maior

resistência da estrutura metálica, consegue-se uma redução na área das seções dos pilares. São

comparados pilares dimensionados para carregamentos de 1000t pilares à esquerda, e 100t

pilares à direita. No emprego de grandes estruturas, observa-se que o ganho é bem maior no

pilar em aço revestido de concreto e de seção quadrada de 45 cm, representando um ganho na

diminuição de sua área de quase 75%, se comparado ao pilar de concreto. Embora também

ocorra uma diminuição da área da seção do pilar submetido a 100t, o índice é reduzido pela

metade.

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No caso específico de habitações populares, como o dimensionamento interno das

casas quase sempre se mantêm nos limites de medidas mínimas, isto significa que o aço é

também indicado para esse tipo de construção, já que ocorre um ganho de área na planta baixa

em relação às dimensões dos pilares e vigas da estrutura.

920

920

450

450 210

210

290

290

a) carga de 1000t b) carga de 100t

Figura 3.2 – Comparação de Dimensões de Colunas de Aço com Colunas de Concreto

(AÇOMINAS, Vol. I, pp. 54, 1982).

3.7.8 – Resistência à Corrosão

Uma das características dos metais expostos ao ar ou oxigênio é o fato da oxidação

ocorrer de forma bastante rápida nas etapas iniciais, tornando-se posteriormente mais lenta.

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Essa diminuição do tempo de oxidação ocorre quando se forma uma película, resultado da

própria corrosão, capaz de separar o metal do oxigênio. Caso ocorra o aparecimento de

cavidades entre o metal e a película, pode-se gerar grave diminuição da sustentação, pois se o

óxido não é o suficientemente plástico para assentar-se sobre o ferro serão produzidas fissuras

que deixarão o oxigênio entrar, fazendo com que ocorra aumento de regiões corroídas.

Especificamente em relação à corrosão do ferro, ocorrem três capas, que

correspondem, salvo algumas variações, aos três óxidos: FeO, Fe3O4 e Fe2O3, e que variam

em relação à quantidade de ferro, sendo o nível máximo nas mais profundas.

Pode-se teoricamente admitir que, ao se aumentar a espessura da capa de óxido em

ligas de ferro, estas estariam mais protegidas da oxidação. Na prática, entretanto ocorre o

desprendimento dessa capa por atrito, ou mais freqüentemente por flexão, quando diminui a

temperatura, já que se produzem esforços desiguais devido às contrações, entre o metal e o

óxido, além da fragilidade deste último, o que provoca pequenos desprendimentos em barras,

quando submetidas a esforços.

Alguns elementos são adicionados ao aço como prevenção à corrosão, como por

exemplo cromo, alumínio, tungstênio e silício. Quando se emprega alumínio, se utiliza

também níquel, para lhe dar estrutura austenítca, como é o caso dos aços inoxidáveis.

Por último, resta acrescentar que as proteções contra corrosão, dentro dos processos de

limpeza, aplicações de tintas de fundo e de acabamento, sendo feitas na fábrica, terão todas as

condições de conferir uma excelente qualidade ao material. Entre os processos mais comuns,

tem-se:

3.7.8.1 – Pintura

Este é o processo mais prático e usual para se proteger as superfícies metálicas, devido

à sua relativa facilidade de aplicação. O aspecto mais importante dessa operação é a fase de

limpeza da superfície a ser pintada, pois dela dependerá a qualidade do serviço.

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Podem-se distinguir quatro categorias de tratamento: detergência, emprego de

solventes, decapagem e ação mecânica, que é o método mais comum. Esse último consiste na

utilização da ação abrasiva manual ou mecanizada. No caso de processos manuais são

utilizados escovas, marteletes, lixas etc., e no caso dos mecanizados, raspadeiras, lixadeiras,

escovas rotativas, etc.

Entre os processos mecânicos, a limpeza por jateamento constitui o procedimento mais

eficiente para remoção de escamas de laminação e ferrugem, para depois então ser executada a

etapa seguinte, que é a pintura.

3.7.8.2 – Revestimentos Metálicos

Existem diversos processos, entre os quais: galvanização, metalização,

eletrodeposição, etc. O processo mais empregado é a metalização com zinco, através da

aplicação do metal fundido, por meio de pistolas.

3.7.8.3 – Proteção Catódica

Este processo usa anodos, cujo potencial é inferior ao do aço, o que provoca um fluxo

de corrente através de eletrólito nos metais, de tal maneira que os cátions saem do anodo para

o eletrólito, ao mesmo tempo que os elétrons se dirigem do anodo para o catodo, seguindo o

circuito metálico, formando-se assim uma pilha galvânica.

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49

3.8 – PRINCIPAIS PRODUTOS EM AÇO PRODUZIDOS NO BRASIL

Na Tabela 3.1, são apresentados os principais tipos de aços produzidos no Brasil com

o tipo, características, classe e respectivos comentários. Na tabela 3.2, expõem-se os tipos de

produtos produzidos em aço no país, com sua forma, aplicação, especificação e comentários.

Tabela 3.1 – Tipos de Aços Produzidos no Brasil (Magalhães, pp. 145 e 148, 1984).

Tipo

Característica

Classe

Comentário

Aços

carbono.

Diversas.

De baixo até

alto carbono.

São fabricados em todos os graus de desoxidação, desde aço doce até

alto carbono, em forma de chapas, tiras tubos, perfis I, U, H,

cantoneiras, barras, etc.

Seguem normas tais como SAE (1006-1095), diversas classes de

ABNT, ASTM, API, DIN, ABS, BV, LR, normas próprias das usinas,

caracterizadas para uso em estruturas de engenharia civil, arquitetura,

engenharia naval, engenharia química, engenharia mecânica, etc.

Todas as classes deste aço são fabricadas no Brasil, inclusive produtos

de grandes dimensões com tratamento térmico de normalização,

têmpera de revenimento. Os aços para estrutura naval são fabricados

pelas usinas homologadas pelas entidades classificadoras e os produtos

são inspecionados rigorosamente e periodicamente por estas entidades.

Existem também alguns outros produtos sujeitos à inspeção terceira.

Tabela 3.1 (continuação)

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50

Tipo

Característica

Classe

Comentário

Aços micro-ligados e baixa liga.

Alta resistência com excelente soldabilidade.

50 kgf /

mm² a

80 kgf / mm²

Alguns tipos desta classe são fabricados no Brasil, principalmente, em

chapas e tiras de grandes dimensões. São fornecidos com baixo carbono

equivalente, conforme normas próprias de empresas siderúrgicas, ABNT,

ASTM, DIN, NAVAL, API, etc., como laminados ou normalizados, das

quais algumas garantem até propriedades de impacto. Entre os produtos

desta série, como laminados e tratados termicamente (temperados e

revenidos), são fabricados no Brasil principalmente em forma de chapas e

tiras de grandes dimensões. São fornecidos em baixo carbono equivalente,

conforme normas próprias de empresas siderúrgicas, DIN, API, etc. Quase

todos os tipos de produtos desta série têm garantia até de propriedades de

impacto.

Alta resistência soldável e resistente à corrosão atmosférica.

50 kgf /

mm²

São fabricados alguns tipos desta série, em chapas e tiras de grandes

dimensões e diversos tipos de perfis, vigas, cantoneiras, etc. A maioria

dos produtos é fabricada pelas normas próprias desenvolvidas por

empresas siderúrgicas, tais como, a série de SAC da Usiminas, NIOCOR e

CORTEN da CSN, sendo outros à parte fabricados conforme a norma

ASTM.

Aços micro-ligados e baixa liga.

Alta resistência soldável, com boa tenacidade a baixa temperatura.

50 kgf /

mm²

São fabricados alguns tipos desta série, com garantia de tamanho de grão

austenítico fino e tenacidade a temperatura relativamente baixa,

principalmente, em forma de chapas grossas, tiras de grande dimensões e

tubos conforme ASTM, DIN, etc.

Média resistência para uso a altas temperaturas.

Temperado até 600ºC aproximadamente

Dentre os diversos tipos de aços micro-ligados e de baixa liga, quase

todos os tipos desta série são fabricados em forma de chapas grossas e

tiras de grandes dimensões, tubos, alguns tipos de perfis, etc.

Tabela 3.1 (continuação)

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51

Tipo

Forma

Aplicação

Comentários

Especificação

Aços ligados.

Diversas.

Média até alta

liga.

Dentre os aços média e alta liga com

grande variedade de tipos de aços,

alguns são fabricados no Brasil,

principalmente, em duas empresas

siderúrgicas integradas.

A Mannesmann fabrica,

principalmente, aços até média liga em

forma de tubos sem e com costura. A

Acesita fabrica maior gama de chapas

finas a quente, platina barras, etc.

Tabela 3.2 – Tipos de Produtos (Magalhães, pp. 147 e 148, 1982).

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52

Tipo

Forma Aplicação Comentários Especificação

Qualidade

Usos Gerais.

CG, BQ, CFQ,

BF, CFF, CGT

e BG.

Diversos.

Aços de baixo, médio e alto carbono

com garantia somente de composição

química. Conforme a aplicação e/ ou

composição química são fabricados em

diversas graus de desoxidação.

ABNT-NB 82 1006-1080

SAE 1006-1080.

Qualidade

estrutural.

CG, BQ, CFQ,

CGT e BG.

Pontes,

locomotivas,

vagões, edifícios,

máquinas,

equipamentos em

geral, peças para

automóveis ,etc.

Aços de baixo carbono com ou sem

adição de cobre e com a garantia de

composição química e propriedades

mecânicas. São produzidos,

principalmente de semi-acalmado ou

acalmado e em diversas classes de

propriedades mecânicas, sendo alguns

aços de alta resistência de classe de 50

kgf / mm² e 60 kgf / mm².

ABNT-E B-225, ASTM-A

36 A283, A284, A572 e

A573, G-65.

DIN 17, 100 e 17,135.

Qualidade

estrutural

soldável de

alta

resistência.

CG, BQ, CFG.

Estrutura geral,

pontes, edifícios,

navios,

guindastes,

vagões, vasos de

pressão,

implementos

agrícolas,

plataformas, etc.

Aços de baixo carbono, micro ligados

e de baixa liga com garantia de

composição química e propriedades

mecânicas. A maioria dos produtos são

da série de alta resistência e fabricados

como aços acalmados. Nos produtos

da série NTU, norma própria da

Empresa, é garantida a propriedade de

impacto.

AB NT- EB -326, NTU-

SAR-50, 55, 60, SER-36,

DIN- 17.100 . RRST. 52.3

e QST- 52.3. ASTM-A-441

e A-607, NTU SER-36.

BS-4360, ASTM A572-

4573-G-70.

Tabela 3.2 (continuação)

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53

Tipo

Forma Aplicação Comentários

Especificação

Qualidade

Estrutural

Soldável de

Alta

Resistência

Resistente à

Corrosão

Atmosférica.

CG, BQ, CFQ,

BF, CFF.

Estrutura geral,

pontes, edifícios,

vagões,

equipamentos para

mineração, navios,

automóveis,

implementos

agrícolas,

plataformas, etc.

Aços de baixo carbono, micro

ligados e de baixa liga, com garantia

de composição química e

propriedades mecânicas. A maioria é

produzida com aço acalmado, com

adição de elementos de liga em

diversas combinações, de maneira a

se obter boas características

mecânicas , aliadas a uma maior

resistência à corrosão atmosférica.

Os aços dessa classe possuem boas

propriedades de impacto, com baixo

carbono equivalente. São geralmente

da classe de 50 kgf / mm² e

produzido segundo norma própria da

Usiminas.

NTU SAC 41, 50.I, 50II,

50.II, ASTM -A-242, 588

e 606.

Tabela 3.2 (continuação)

Tipo

Forma

Aplicação

Comentários

Especificação

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54

Qualidades

Tubos.

CG, BQ, CFG.

Tubulações,

oleodutos, etc.

Aços de baixo carbono com ou sem

micro-adição de elementos de liga,

com garantia de composição química

e propriedades mecânicas.

Entretanto a norma API, especifica

material sob a forma de tubo

acabado. Considerando que as

chapas sofrem alterações das

propriedades mecânicas, através dos

processos de conformação e

soldagem efetuados pelos fabricantes

de tubos, o fornecimento de produtos

dessa série e feito mediante

minucioso entendimento entre Usina

e o consumidor. A maioria dos aços

desta série é de alta resistência, com

excelente soldabilidade e tenacidade.

API-5LX (até x-65).

Tabela 3.2 (continuação)

Tipo

Forma

Aplicação

Comentários

Especificação

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55

Qualidade

estrutural

naval.

CG, CGT,

CFQ.

Estruturas de

navios.

A comercialização de aços desta série,

principalmente segundo as normas das

entidades classificadoras navais (Lloyd

Register, American Bureau, etc.) é permitida

somente nas usinas homologadas por aquelas

devido ao fato de serem os navios segurados

por armadores. Existem diversos tipos desta

série, desde aços ao baixo carbono, até de

baixa liga, sendo todos com garantia de

composição química e propriedades

mecânicas. Os aços de alta resistência são

fabricados somente em chapas grossas

(PLATE MILL).

ASTM-A-131 LRS,

ABS, BV, GL.

Grau A.

Qualidade

caldeiras,

vasos de

pressão e

nuclear.

CG, BQ.

Caldeiras e vasos

de pressão para

trabalho em

temperaturas

baixas, médias e

elevadas.

Aços ao carbono e de baixa liga, com garantia

de propriedades mecânicas e composição

química. São produzidos como acalmados,

com baixo carbono equivalente.

A série é composta de aços até a classe 50

kgf / mm² de resistência. Entre os aços para

altas temperaturas, alguns tipos garantem

tamanho de grão austenítico médio e

propriedades a altas temperaturas. São quase

totalmente laminados em forma de chapas

grossas, sendo apenas uma pequena

proporção sob a forma de bobinas a quente

ASTM-A-255, A-285,

A-299, A-442, A-455,

A-515, A-516, DIN

17155-15Mo3,

WSTE-26 e 36.

Tabela 3.2 (continuação)

Tipo

Forma

Aplicação

Comentários

Especificação

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56

Qualidade

estrutural

para

automóveis.

CG, BQ, CFG.

Longarinas,

chassis, aros discos

de rodas, etc.

Aços de baixo carbono, com ou sem

micro adição de elementos de liga,

com garantias de composição

química e propriedades mecânicas.

São produzidos desde efervescentes

até acalmados. Todos os produtos

são fabricados visando boa

conformabilidade para confecção

de peças para automóveis, mesmo na

classe de alta resistência. A maioria

é fornecida sob a forma de bobinas a

quente e uma parte como chapas

grossas.

ABNT-EB 593.

NTU-RW-28, 30 e 32.

RWE-28 e 30.

Qualidade

chapas de

piso.

CG, BQ, CFQ.

Piso.

São fabricados por laminados a

quente, utilizando-se cilindros com

depressões usinadas, de maneira a

imprimir relevos na superfície das

chapas. Essas saliências, são em

forma de dentículos perpendiculares

alternadamente, de modo a tornar a

chapa adequada para confecção de

pisos. São utilizados aços de média

dureza, com o controle de carbono

equivalente e silício.

NTU-USIPISO.

Tabela 3.2 (continuação)

Tipo

Forma

Aplicação

Comentários

Especificação

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57

Qualidade

recipientes

transportáveis

para gases

liquefeitos de

petróleo.

BQ, CFQ. Botijões e

recipientes para

gases liquefeitos

de petróleo.

Aços de Baixo carbono com

garantia de composição química e

propriedades mecânicas,

principalmente com boas

características de conformação, com

garantia de razão elástica de 0,55 a

0,75 kgf / mm².

ABNT-EB-253,

NTU-BG.

Qualidade

estampagem.

BQ, CFG, BF,

CFF.

Peças

componentes

estruturas

mecânicas

metálicas e

diversas peças que

requerem

estampagem.

Aços extra-doce, com garantia de

composição química e propriedades

mecânicas, utilizados para

estampagem média, profunda e extra

profunda. São produzidos em todos

os graus de desoxidação. Aqueles

destinados a estampagem extra-

profunda são também resistentes ao

envelhecimento. Nas chapas

laminadas a frio, são garantidos

valores de embutimento Erichsen,

que representam os seus graus de

comformabilidade. A maioria dos

produtos desta série é destinada à

industria automobilística,

eletrodoméstica e fabricantes de

tambores e latas para embalagem.

ABNT-EB-295 e DIIN

1623-F1-1 NTU-EM-EP

e EPA ASTM-A-619, A-

621, A-622.

Tabela 3.2 (continuação)

Tipo

Forma

Aplicação

Comentários

Especificação

Qualidade

Esmaltação

BF, CFF.

Aparelhos e

utensílios

Aços extra-doce, com garantia de

composição química e propriedades

ABNT-EB-294-

QCV, EEV.

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58

vítrea. eletrodomésticos,

peças esmaltadas

em geral, e como

revestimento

decorativo na

construção civil.

mecânicas, utilizados para estampagem

média e extra profunda. São produzidos

em todos os graus de desoxidação

(efervescente, capeado e acalmado

especial). Aqueles destinados à

estampagem extra-profunda são também

resistentes ao envelhecimento. Nas chapas

laminadas a frio, são garantidos valores de

embutimento Erichsen. Esses produtos

têm também características excelentes

para receber a esmaltação vítrea nos

fabricantes de aparelhos eletromésticos.

Qualidade

eletro-

magnética.

BE, CE.

Núcleo de

geradores e

motores elétricos.

Estas chapas são fabricadas como

produtos semi-processados, que

necessitam de tratamento térmico e

isolamento superficial nos fabricantes de

equipamentos elétricos. São fornecidos

com garantia de composição química,

dureza e perda no núcleo (W/kg), como

aços baixo carbono com encruamento

forçado, e aços de baixo e médio teor de

Si, em espessuras de 0,45, 0,50 e 0,61

mm.

NTU-USICORE 300

e 360, 45/500.

Produtos atuais (legenda):

01. Placa - PL,

02. Chapas grossas - CG,

03. Bobinas grossas - BG,

04. Chapas grossas laminadas a quente - CGT,

05. Bobinas a quente - BQ,

06. Chapas finas a quente - CFQ,

07. Bobinas a frio - BF,

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59

08. Chapas finas a frio - CFF,

09. Bobinas de folhas não revestidas - BNR,

10. Chapas de folhas não revestidas - FNR,

11. Bobinas de piso - BP,

12. Chapas de piso - CP,

13. Chapas elétricas - CE,

14. Bobina elétrica - BE.

Os tipos de produtos produzidos no Brasil, apresentados nas Tabelas 3.2 e 3.3,

possuem variações entre alguns fabricantes, mas, através de seus catálogos, têm-se

informações suficientes para se especificar os tipos de elementos estruturais desejados.

Apenas com intuito informativo, pois fugiria do escopo deste trabalho a apresentação

de todos os componentes metálicos e suas dimensões, é exposto de forma bastante

simplificada na Tabela 3.3, os principais tipos de perfis encontrados na Indústria Nacional.

Tabela 3.3 – Perfis de Seção Simples e Composta (AÇOMINAS, Vol. III, pp. 47, 1982).

Perfil

Indicação

Cantoneiras de abas iguais.

Torres, como montante e nos treliçamentos. Treliças planas, principalmente nos treliçamentos.

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60

½ “I”, ½ “H” ou “T” laminados.

Cordas comprimidas de treliças.

HPL, HPM, HPP.

Colunas, cordas e treliçamentos de treliças.

Dois perfis “U” conformados a frio e soldados.

Colunas ou montantes em estruturas leves.

Barra redonda.

Somente nos treliçamentos de vigas “R”.

Tubo.

Colunas ou montantes em estruturas leves.

Tubo cheio de concreto.

Colunas.

Perfil composto por chapas.

Cordas de treliças. Quando as chapas são finas há perigo de flambagem local.

Perfis compostos por chapa em caixão ou “I”.

Colunas, cordas de treliças, Nos treliçamentos em treliças de parede dupla.

Tabela 3.3 (continuação)

Perfil

Indicação

Dois “H”, um inteiro e dois ½ “H” ou um inteiro e um ½ “H”.

Colunas

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61

“H” reforçado por chapas, formando caixão.

Coluna.

Perfis Laminados formando caixão.

Colunas

Cantoneiras soldadas.

Colunas e montantes de estruturas leves.

Perfis conformados a frio.

Cordas e treliçamentos de treliças leves.

Perfis especiais conformados a frio formando caixão.

Colunas e montantes de estruturas leves.

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Capítulo 4

FUNDAMENTAÇÃO E DEFESA DO PROBLEMA PROPOSTO

4.1 – INTRODUÇÃO

A definição do contexto urbano no qual está inserido este projeto é o ponto de partida

para determinação dos princípios básicos que serão discutidos neste capítulo. Assim, a

situação, denominada “metropolização”, item 4.2, definirá em que momento ocorre o projeto

aqui proposto de habitação popular.

O passo seguinte discute a relação do projeto em função das políticas habitacionais em

vigor, tema que é abordado no item 4.3 – Projeto de Habitação Popular e as Políticas

Habitacionais – , onde são comparados os conceitos do extinto BNH e do Pró-Moradia em

relação à proposta apresentada.

Com esses dados: contexto urbano e relação com uma mentalidade habitacional

definida, buscou-se a determinação de um programa básico da casa popular, que é apresentado

no item 4.4 – O Programa da Casa Popular – , no qual são dadas de forma bastante prática,

informações não apenas em relação à metragem, mas também sobre aspectos sociais e de

zoneamento.

A preocupação seguinte, refere-se à industrialização, pois já que o projeto, propõe um

modelo de casa inteiramente pré-fabricada, se fez necessário buscar uma referência industrial,

na qual estivesse intrínseca a realidade “técnica” do projeto arquitetônico, assim como a

valorização do material, o que se apresenta no item 4.5 – Industrialização – , no qual se define

seu conceito dentro da arquitetura.

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63

O último tópico, item 4.6 – Relação com Ocupações em Terrenos Inclinados – ,

relaciona o projeto proposto com o tipo de local ao qual se destina: áreas pobres com

ocupação em terrenos inclinados. Através de fotografias, procura-se traduzir o tipo de

implantação e distribuição das unidades habitacionais já existentes em um desenho industrial.

4.2 – “METROPOLIZAÇÃO” NAS CIDADES BRASILEIRAS

A história da urbanização moderna no Brasil, pode ser delimitada por três períodos

(Chafun, pp. 18 e 19, 1996): de 1930 a 1945, de 1945 a 1980 e de 1980 até os dias atuais.

O primeiro momento, compreendido entre as décadas de 1930 e 1945, apresenta uma

população rural de 32%, que representava 68,4% dos domicílios particulares permanentes. As

cidades são pequenas e localizadas quase na sua maioria no litoral. Por motivos da crise

mundial de 1930, que também atinge o Brasil em plena fase de dinamismo demográfico e

econômico, observa-se, principalmente no setor agrícola, uma dispersão populacional para

regiões pouco exploradas, assim como também migração para as cidades.

No segundo período, de 1945 a 1980, observam-se acelerações da produção industrial,

conjuntamente ao crescimento urbano das cidades. O êxodo rural, provocado em parte pela

maior oferta de indústrias e melhoria da infra-estrutura das cidades, pode ser comparado

através do número de domicílios particulares permanentes rurais em 1980, que cai para apenas

29,5%, passando para 21,8% em 1991.

O terceiro e mais importante momento, relacionado ao tema desta pesquisa, surge no

início da década de 1980, provocado por uma fase de recessão e crise, na qual ocorre redução

importante no ritmo do processo de “metropolização” (Tabela 4.1), e que tem, entre suas

características, aspectos como a descentralização industrial, além de um outro fator, “ (...)

chamado contrametropolização, ou seja, a escolha de residir ou trabalhar fora das grandes

cidades. ” (Chafun, pp. 19, 1996).

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64

Tabela 4.1 – Distribuição da População Urbana, Segundo os Grupos de Habitantes, nos Anos

dos Recenseamentos, Brasil –1950 a 1980 (Chafun, pp. 21, 1996).

Cidades:

( n.º de habitantes )

População Recenseada

Crescimento

%

1950 / 1980

1950

1960

1970

1980

Brasil

Até 20.000

De 20.000 a 50.000

De 50.000 a 100.000

De 100.000 a 200.000

De 200.000 a 500.000

De 500.000 a 1.000.000

De 1.000.000 a 2.000.000

Mais de 2.000.000

1.878.891

5.142.655

1.803.988

1.370.919

1.472.654

1.772.643

760.726

2.084.561

4.374.745

3.200.481

8.479.207

3.140.591

2.511.478

2.766.167

3.265.456

1.441.797

3.913.105

6.487.016

52.904.244

12.014279

5.175.920

4.425.233

4.673.990

6.012.075

2.854.329

6.908.979

10.239.924

8.201.370

19.470.227

8.419.380

------

------

------

------

------

------

4,37

3,79

4,67

5,94

5,15

5,62

5,91

4,96

3,11

Vê-se, portanto, que o problema da habitação está fortemente ligado à

“metropolização”, já que a oferta de empregos não significa infra estrutura na mesma

proporção, pois “(...) o déficit nem sempre é de uma nova habitação mas sim de

habitabilidade, isto é, de melhores condições de saneamento.” (Chafun, pp. 18 e 19, 1996).

4.3 – PROJETO DE HABITAÇÃO POPULAR E AS POLÍTICAS HABITACIONAIS

Antes de se expor o conceito atual, convém descrever, de forma breve, os aspectos que

justificam o projeto proposto neste trabalho em relação à política seguida atualmente pelos

órgãos públicos, utilizando-se para isso, como metodologia, a comparação com estratégias

passadas adotadas pelo governo e que foram do ponto de vista operacional ineficientes.

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65

Com a criação do BNH, em 1964, o governo Castelo Branco, expõe o déficit

habitacional como “problema fundamental ” (Bolaffi, pp. 43, 1975). O BNH e SFH recebem

então, a missão de promover a construção e aquisição da casa própria, especialmente para as

classes de baixa renda. Fundado com um capital de 1 bilhão de cruzeiros, captados com

arrecadação compulsória de 1% da folha dos salários correspondentes à CLT, lhe são

transferidas em 1967, a gestão dos depósitos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

(FGTS), recolhendo-se assim, para seus cofres, recursos que o tornaram o segundo maior

banco nacional em termos de magnitude de recursos disponíveis.

O principal problema da moradia popular, que parecia ser a verba necessária para que

fosse engrenado um plano de habitação estava, do ponto de vista econômico, aparentemente

resolvido. Com a verba que dispunha o BNH, seria possível a construção de moradias para

grande maioria da população que não tinha casa própria.

Os dados do próprio BNH, demonstram, entretanto, justamente o contrário. Segundo o

seu relatório anual de 1971, “Os recursos utilizados pelo Sistema Financeiro da Habitação só

foram suficientes para atender a 24% da demanda populacional urbana ” (Bolaffi, pp. 53,

1975), chegando em 1980 a 37,8%, mostrando-se assim os resultados insatisfatórios do Plano

de Habitação Popular, que embora tenha recebido fabulosos recursos financeiros, revelavam

claramente sua incapacidade para resolver o problema cada vez maior de famílias carentes de

habitação.

Essa ineficiência pode ser explicada através da política de se transmitir para a

iniciativa privada suas operações, já que o banco apenas administrava a arrecadação dos

recursos, assim como sua transferência para as prefeituras. Estas dependem de empresas e

consultorias particulares que elaboram planos urbanísticos para seu município para, então

qualificarem-se na obtenção de empréstimos. Além desse fator, sua distorção mais grave está

no fato de que o candidato “paga duas vezes pela casa” (Bolaffi, pp. 66, 1975): a primeira, de

forma indireta, através dos impostos que o governo aplica para construir as casas, e a segunda,

quando paga novamente para obter o imóvel, mostrando-se, assim, que um plano de habitação

único, regido por conceitos que são aplicados para todo o país de forma igual, somente

contribui para agravar os problemas urbanos relativos a falta de moradia.

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66

Outro resultado desfavorável em relação ao BNH, está na constatação de que durante

seus 22 anos de existência, ele financiou 4,8 milhões de moradias, ou seja, 25% do

incremento de moradias construídas no Brasil, mas a realidade desses índices demonstra que

apenas 20% do financiamento concedido destinou-se a famílias de baixa renda, sendo o

restante voltado para habitações em todas as faixas de renda, pela promoção pública das

Companhias de Habitação Popular e, principalmente, pela promoção privada da incorporação

imobiliária.

Conclui-se, nesta parte deste trabalho, que em um país como o Brasil, grande do ponto

de vista geográfico, apresentando desigualdades não só intra-regionais mas também regionais,

não se pode tentar resolver o déficit da habitação em situações onde aspectos econômicos e

políticos são tão diferenciados, com apenas uma política que tenha pretensão de incorporar

todos os problemas específicos de cada região. Por outro lado, os conjuntos habitacionais

produzidos no período do BNH, despreocupado com a qualidade de vida dos moradores,

destacaram-se pela sua grande dimensão e pela uniformidade dos projetos urbanísticos e das

edificações que atendiam mais ao interesse das empresas de construção, preocupadas,

principalmente, em simplificar a edificação. O resultado foi desastroso: monotonia, falta de

identificação do morador com sua habitação, falta de identidade urbana, e desgaste das

soluções empregadas.

Seguindo-se os conceitos do BNH, e analisando-se sua política habitacional, várias

questões podem ser levantadas, como por exemplo:

• Por que a metragem dos projetos era julgada de forma igual sem se considerar a

região?

• Por que o que se supunha aceitável para um determinado local do país, o era também

para os demais?

• Como um modelo de financiamento para habitação pode ser único para todas as

regiões, sabendo-se que existem estados altamente industrializados como São Paulo e estados

pobres como o Piauí, e se usar a mesma política no emprego, captação e execução de casas

populares?

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67

As respostas a essas questões podem ser dramaticamente agravadas com estatísticas do

maior centro urbano do país, a cidade de São Paulo, a partir da Tabela 4.2.

Tabela 4.2 - População Moradora em Favelas no Município de São Paulo 1973 a 1987

(DIEESE/1990).

Ano

1973

1980

1987

População total do

município de São Paulo

6.560.547

8.558.841

10.554.107

População moradora em

favelas no município de

São Paulo

71.840

375.023

812.764

% de população

moradora em favelas no

município de São Paulo

1.09

4.40

7.70

Na Tabela 4.2, pode-se observar que, durante os anos 70, o quadro de favelas se altera,

pois o seu incremento está em torno de 10% acima do índice de crescimento populacional

total do município de São Paulo. No período estudado é importante salientar que também

aumentaram o número de cortiços e casas de aluguel de situação precária, na periferia.

Pode-se acrescentar que o crescimento no déficit habitacional é provocado também por

outros aspectos relevantes, como por exemplo o desaparecimento, pouco a pouco, da

abundância de terras em torno da cidade, gerando o aumento real do preço do lote, rigidez

contra a abertura de loteamentos clandestinos e a elevação do preço dos transportes, o que

dificulta o acesso até eles, e, finalmente, o adensamento das áreas centrais da cidade, elevando

o custo dos imóveis e expulsando a população de baixa renda para a periferia.

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68

4.3.1 – Contexto Atual

O contexto atual, no programa habitacional recentemente criado pelo Governo Federal,

Pró-Moradia, procura evitar os erros do passado, incorporando a tendência de

descentralização, a qual, não era, como foi assinalado anteriormente, uma das premissas das

políticas de intervenção habitacional para população de baixa renda.

Entre as preocupações do Pró-Moradia, segundo revela Chaffun (pp. 27, 1996), estão

aspectos onde a população alvo, são famílias com renda de até três salários mínimos a serem

beneficiadas com recursos do FGTS. Para isso, também a Caixa Econômica Federal, órgão

operador do FGTS, está sendo reestruturada a nível nacional, afim de poder operar através de

suas unidades regionais com maior autonomia técnica e financeira. Isso significa que os

estados e municípios passam a ter maior flexibilidade na escolha de alternativas a serem

adotadas, de acordo com as possibilidades e prioridades de cada local, o que não acontecia

com o BNH pois aspectos importantes como metragens, programa arquitetônico e tipo de

construção, tinham um mesmo padrão para aprovação de financiamento das verbas em

praticamente todas as regiões.

Outra virtude do Pró-Moradia, é o fato de que são delegados colégios estaduais,

integrados por representantes do governo e da sociedade, que determinam os programas e

projetos a serem financiados.

Ainda é cedo para serem analisados os resultados das novas políticas habitacionais,

mas, a experiência adquirida com o fracasso de políticas como as do BNH e SFH serve, pelo

menos do ponto de vista técnico, para impedir que sejam repetidos os mesmos erros.

É nessa nova mentalidade que se encaixa a proposta deste trabalho, pois uma de suas

principais características é justamente a flexibilidade, tanto de programa arquitetônico quanto

em relação à implantação. Essa liberdade possibilita justamente uma adequação a diferentes

situações, ou seja, não existe uma proposta rígida e fechada, do ponto de vista social, mas

necessariamente delimitam-se alguns aspectos técnicos na sua implantação, os quais serão

detalhadamente descritos mais adiante.

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Em relação às políticas do tipo autogestão e mutirão, vale salientar, que as soluções

cooperativistas deram bons resultados em diversos casos, mas, não são genericamente

infalíveis, pois, como políticas de intervenção habitacional pelo estado, pecam pelo fato de

serem aplicadas na falta de uma alternativa comprovadamente e amplamente bem sucedida

como função ou ação estatal. Assim, o mutirão é adotado partindo-se da premissa que o estado

é impotente para resolver o problema da moradia, como ficou provado e já foi discutido

anteriormente em relação ao BNH e SFH. Com essa ótica, e também por razões técnicas, esse

tipo de política habitacional não se adequa a esta proposta, baseada em elementos

industrializados, pois necessita de profissionais qualificados na sua montagem, o que

inicialmente descarta o emprego da comunidade que utilizará este tipo de projeto. Além disso

o próprio cronograma empregado pelo mutirão, já que a execução das unidades é feita por

indivíduos que também são desqualificados para a construção civil, não obedece a um

processo sistematizado como exige o emprego de estruturas metálicas, que necessitam de

empresas especializadas.

4.4 – O PROGRAMA DA CASA POPULAR

Antes de iniciar a exposição da metodologia empregada no desenvolvimento do tipo

de habitação popular aqui proposto, cabe uma referência inicial ao problema da “planta”, não

em relação ao seu desenho, e sim às exigências básicas que a casa tem no âmbito social. Esta

imbricação sociológica e econômica é importantíssima. Segundo Sampaio et al. (pp. 25,

1983):

“Quanto ao agenciamento das dependências, não podemos aconselhar como

necessária a distribuição de cômodos possibilitando os acessos exteriores, embora facilitem a

locação de cômodos e ganhos extras no orçamento mensal.

Esses hábitos populares de planejamento, evidentemente, tenderão a desaparecer com

o progresso e o aumento de renda per capita, mas em contrapartida, podemos dizer que o

agenciamento que une o quintal dos varais à cozinha e à sala tornando-as um todo

inseparável, deveria ser respeitado em qualquer hipótese.

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Nesses três locais desenvolve-se a vida quotidiana da família, havendo a franca

superposição das atividades de lazer e de trabalho, como vimos. Portanto, julgamos que os

projetos dirigidos especialmente a essa classe social poderiam perfeitamente imaginar

ambientes amplos que resumissem num mesmo espaço aquelas atividades exercidas na sala

de cozinha. Não acreditamos que haja uma orientação maior que aconselhe,

sistematicamente, nas casas auto-construídas, a separação franca e total entre a sala e a

cozinha; se na maioria das vezes isso ocorre, é porque aqueles cômodos foram construídos

em etapas diferentes, e porque a indigência de meios construtivos não permite grandes vãos

ou grandes dimensionamentos.

Se o fogão e a pia de lavagem de louça puderem ficar colocados de maneira discreta,

a idéia, cremos, será bem recebida pela dona da casa que cozinha, lava, passa, pole as

panelas e costura as roupas das crianças, que ao seu lado fazem lição.

Não há tendência em se separar a zona de comer da zona de cozer. A própria

televisão se ambientará nessa grande sala familiar, para onde deitarão portas os

dormitórios.”

Acrescenta-se: “Os dados computados, além dessa somatória dos quartos (24 m²) nos

dão 12 m ² para a cozinha e 2,5 m ² para as instalações sanitárias, que perfazem um total de

50,5 m ². Se adicionarmos 10% dessa área para circulação, chegamos a um total de 55,5 m ²

de área construída. Notar que essa é uma área média para família média de 4 a 5 pessoas,

que também ocupam 5 dependências: dois quartos, sala, cozinha e banheiro.

Analisando esses dados constatados, verificando em planta a falta de critérios

maiores de agenciamento, dimensionamento e de circulação interna, inclusive na disposição

do próprio equipamento, vemos que a casa popular, sem prejuízo do modo de viver normal,

sem violentar seus usos e costumes, poderá ser reduzida em sua área da seguinte maneira :

sala, cozinha com 20 m²; dois dormitórios com 18 m² ; banheiro com 3 m² e circulação 4 m²

(variável, senão dispensável) chegamos assim a um total que varia de 41 a 45 m ².”

“O quintal, isto é a área livre do terreno ao lado ou até na frente da casa, como

vimos, é um local de estar além de constituir área distribuidora de circulação, pois nunca

devemos esquecer que inúmeras vezes a casa popular é fracionada, extrovertida, composta de

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agrupamentos de cômodos sem comunicação interna. Nas casas racionalmente planejadas é

certo que o quintal passará a ter uma função secundária servindo tão somente para os varais

das roupas lavadas e uma ou outra galinha e talvez uma pequena horta. Assim o quintal e a

lavandaria constituirão um binômio ligado a cozinha.

Essa lavandaria, na verdade poderá se constituir num simples alpendre com tanques

de lavagem de roupas.”

Esses dados e conceitos servirão de base para o início desta proposta de habitação.

Sintetizando as informações e recomendações reproduzidas, foi possível elaborar a Tabela

4.3, com as metragens dos ambientes da casa.

Tabela 4.3 - Áreas dos Ambientes da Casa.

FUNÇÕES

AMBIENTES

ÁREAS

Dormir, repousar, vestir e trabalhar.

Dormitório.

18.00 m²

Serviços.

Cozinha e lavanderia.

7.00 m²

Refeições.

Jantar.

5.00 m²

Lazer.

Estar/TV.

8.00 m²

Higiene.

Banheiro.

3.00 m²

Circulação e contato das paredes com o

piso

10% a 15%

4.00 m²

Total

45.00 m²

Esses valores não são rígidos mas havendo um programa básico não haverá

necessariamente uma planta básica, ou seja. No sistema proposto há uma grande liberdade de

soluções, mostrando-se ele extremamente flexível em relação à implantação e à distribuição

interna, pois, mais de que um modelo, o projeto é um estudo de possibilidades e intenções.

Não é intenção, portanto, impor uma planta nem muito menos um programa; as diversas

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soluções adotadas servem apenas para mostrar sua adaptabilidade às diversas expectativas

que pode ter o seu morador.

4.5 – INDUSTRIALIZAÇÃO

Nos exemplos citados e comentados a respeito de habitações populares ao longo da

história, ficou claro que a economia na construção baseava-se sempre na redução de matéria

prima empregada na edificação, o que repercutia na diminuição, não só do programa

arquitetônico, mais também da área construída. Assim, optou-se por uma estrutura leve de

pequenos vãos dentro do critério geral de minimização de custos.

Segue, de acordo com Sampaio et al. (pp. 37, 1983), um aconselhamento que parece

prudente e viável:

“Esses critérios de custos procurou estabelecer condições para que fosse viável a

realização da construção da área achada como a mínima necessária, com a extrema

racionalização de processos e a diminuição de custos de mão de obra, e não, como de fato, é

hoje corrente; a diminuição absurda de área como o único critério de se chegar a um custo

correspondente à faixa de poder aquisitivo que se visa atingir, sem se alterar os métodos

tradicionais de construção, a não ser pela depauperação dos acabamentos.

Haverá é claro, sempre um limite na capacidade de se reduzirem os custos, e

consequentemente, nas atuais circunstâncias, uma faixa de população aquém da

possibilidade de se integrar ao mercado. A partir deste limite, a eliminação, ou mesmo o

estreitamento desta faixa, somente se dará pelo aumento de renda, e portanto, antes no

âmbito da sócio-economia, e das decisões políticas, do que da tecnologia.”

O processo industrial aparece no texto citado com a intenção de baixar os custos,

mantendo-se certos padrões de qualidade, ou seja, a economia não reside mais na subtração de

insumos, mas na quantidade em que os produtos são produzidos.

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Essa mudança de mentalidade, repercute sobre os mais distintos aspectos da

humanidade, como observa Oliveri (pp. 1, 1972): “El costo de fabricacíon del primer avión

casí llegó a a las 18.000 liras por pasajero-médio: actualmente el vuelo-jet tiene un costo

aproximado de 18 liras por pasagero medio. Entonces que los coches fueran construídos con

paneles trabajados a martillos y tornos manuales en vez de utilizar medios automáticos como

hacemos actualmente. El precio de cada coche probablementeseria de casi 10.000 liras

esterlinas, por lo que en las calles británicas, podrian contarse por centenares en vez de

millones.”

Aplicando este conceito, relativo ao processo industrial, no processo de construção de

habitação principalmente voltada para população de baixa renda, duas considerações devem

ser feitas: a primeira no desafio que a produção industrial tem de realmente alcançar um

desenho que responda tecnicamente às expectativas e exigências da habitação a um baixo

custo, e a segunda, em relação também ao desenho, mas do ponto de vista estético.

A compreensão desse problema pode ser ilustrada através de um dos exemplos mais

importantes na evolução do processo industrial moderno, a linha de montagem do modelo

“T”. O método, criado por Henry Ford, possibilitou, em 1913, com um investimento inicial de

apenas US$ 100.000,00, revolucionar de tal forma o método industrial, baseando-se em custos

baixos, aumento do volume de vendas e melhoria da produção que, quarenta anos depois, a

empresa lucrava US$ 100.000.000,00.

Do ponto de vista técnico, os problemas dos elevados custos na produção individual de

cada automóvel estavam resolvidos, e esse é o momento que divide justamente a metodologia

do projeto, pelo menos tecnicamente. Tal mudança não apresentou quaisquer avanços em

relação ao desenho; embora produzidos sob novos conceitos industriais, agora dentro de uma

linha montagem, continuavam, na sua essência, “carruagens motorizadas” pois o método para

construção das antigas carruagens baseava-se na produção artesanal, o qual gerou um desenho

típico que identifica, claro que com variações, esse tipo de transporte. Em relação aos

primeiros automóveis, ocorrera apenas a alteração na forma de produzir força motriz,

trocando-se o cavalo pelo motor a explosão, o que pode ser comprovado através da relativa

semelhança de desenho entre esses dois tipos de transportes, ou seja, a premissa semântica

continuara sendo a carroça.

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O mesmo acontece com os trens, ainda de forma mais agressiva, pois sua maquinaria,

bielas, encaixes, tubos, conexões, parafusos, a fumaça da queima do carvão e o vapor de suas

caldeiras lhe atribuem esteticamente qualidades industriais que não são ressaltadas, e sim

produzidas através da máquina, um objeto com fortes referências à produção artesanal. Não se

está julgando esteticamente as primeiras locomotivas nem muito menos os modelos das linhas

de montagens pioneiras, e nem se poderia fazê-lo, mas se faz aqui um questionamento em

relação aos dias atuais do “padrão de atitude” para com a industrialização.

É claro que, em um primeiro momento, não se pode exigir um desenho consciente, no

qual estejam presentes todas as mudanças e valores sociais dos novos processos industriais.

Mas caso se compare a carruagem, ao modelo “T”, os dois possuem, soluções tanto

“ergonométricas” quanto estéticas bastante semelhantes. Ao contrário do que se verificará se

for feita a comparação em função do conhecido Citroën “tubarão”, lançado na década de

setenta, que serviu de referência para a indústria automotiva, valorizando justamente aspectos

tecnológicos, como a aerodinâmica, tão presente no desenho dos automóveis atuais. É

justamente essa “diferença” de conceito, - do produto revelar e valorizar o seu contexto - na

qual deve estar a interpretação da industrialização na construção civil e que na temática deste

trabalho é um dos referenciais para a fundamentação do projeto.

4.5.1 – Referência Industrial

Aplicando-se os conceitos abordados nos itens anteriores ao desenho industrial voltado

para construções para população de baixa renda, especificamente no Brasil, tem-se através dos

projetos e conceitos expostos por Lina Bo Bardi (1914 - 1992), como relata Ferraz (pp. 210,

1996), questionamentos relativos à industrialização, que podem e devem ser feitos, como ela

mesmo salientou: “O reexame da história recente do país se impõe. O balanço da civilização

brasileira “popular” é necessário mesmo à luz da alta cultura. Este balanço não é o balanço

do folclore, sempre paternalisticamente amparado pela cultura elevada, é o balanço “visto

do outro lado”, o balanço participante. É o Aleijadinho e a cultura brasileira antes da

Missão Francesa. É o nordestino do couro e das latas vazias, é o habitante das “Vilas”, é o

negro e o índio, é uma massa que inventa, que traz uma contribuição indigesta, seca, dura de

digerir.”

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“O Brasil se industrializou, a nova realidade precisa ser aceita para ser estudada. A

“volta” a corpos sociais extintos é impossível, a criação de centros artesanais, a volta a um

artesanato como antídoto a uma industrialização estranha aos princípios culturais do país é

errada. Porque o artesanato como corpo social nunca existiu no Brasil, o que existe é um

pré-artesanato doméstico esparso, o que existiu foi uma imigração rala de artesãos ibéricos

ou italianos e, no século XIX, manufaturas. Artesanato nunca.”

A aplicação desses conceitos expostos por Lina, podem ser vistos em seus projetos,

como a cadeira tripé (Ferraz, pp. 59, 1996) em madeira, na qual uma criação popular, a rede,

foi transcrita para um desenho industrial, ou seja, através da observação do meio de vida da

população, saltam aos nossos olhos um leque de soluções que, tratadas do ponto de vista

industrial, revelam uma cultura desvinculada de soluções formais baseadas apenas no folclore.

Essa matriz conceitual orientou esta proposta de habitação popular industrializada,

seguindo-se, prudentemente, uma advertência de Oliveri (pp. 1972): “El equivoco radica en la

pretencíon de reproducir con la máquina un objeto-casa, “ hecho a mano ”, en quanto que

posee en si mismo las características de lo manual.”

Emergem entretanto algumas questões, dada a especificidade do tema. A primeira

questão levantada, é então, necessariamente, onde buscar as referências que possibilitariam

um desenho de habitação popular industrializado.

O primeiro passo, foi buscar respostas no modo de vida e nos exemplos onde ocorrem

justamente os aspectos relativos ao enfoque desta dissertação: áreas em declive e ocupação

verticalizada. Como se trata de habitação popular, e sua ocorrência se vê bem mais intensa nas

periferias, principalmente se tratando de construções em encostas, pode-se verificar através

das Fotos 4.1 e 4.2, os seguintes aspectos:

Observando-se a ocupação dos morros, pode-se tentar classificar vários elementos

comuns na tipologia das habitações, os quais embora pareçam disformes quanto a aspectos

relativos a ritmo, gabarito, volumétrica, etc., possuem hierarquia e valores bem definidos. A

primeira vista pode parecer um cenário confuso, completamente desorganizado e sem

nenhuma diretriz aparente, se comparado com áreas centrais ou bairros nos quais já foram

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implementados projetos de urbanização para população de baixa renda. O primeiro problema,

portanto, é justamente como criar ou propor uma forma de ocupação de uso residencial capaz

de se adequar a esse “caos”.

Parte-se do princípio que a desorganização ocorre do ponto vista do desenho urbano e

da implantação das unidades habitacionais, uma vez que como núcleos de uma cidade, os

bairros de população de baixa renda, apresentam-se estruturados e dentro de uma hierarquia

intrínseca a sua evolução. Na maioria dos casos, já existe uma organização social e

principalmente política que, sem dúvida, faz parte da vida dos moradores, embora pareçam

inexistentes. Revela-se antagônico querer “organizar”, segundo princípios apenas técnicos,

uma condição urbana já definida; não é apenas porque esteja configurada de forma imprópria,

que por isso se deva desconsiderar seu comportamento. O fato de ocorrerem repetições e,

sobretudo, considerando as dimensões urbanas que estas áreas alcançam em várias cidades em

todo o país, exige-se intervenções e propostas que considerem principalmente que “tipo de

urbanidade” está presente nesses locais.

Os comportamentos e situações que estão diretamente ligados ao tema deste trabalho

tais como sua disposição volumétrica, tipologia urbana e repetição de elementos quadrados

dispostos, na maioria, em ângulos retos que formam as vielas, escadarias, becos, córregos e

ruas que se moldam conforme o relevo, constituem, necessariamente, fontes substanciais na

elaboração metodológica.

4.5.2 – O Método Industrial

Para se alcançar o objetivo desejado, ou seja, um sistema construtivo para habitação

popular de baixo custo que não imponha conceitos fora do contexto social e urbano de locais

de população de baixa renda, deve-se iniciá-lo por um processo que permita e preveja

modificações e ampliações e, acima de tudo, que esteja fundamentado na maleabilidade, isto

é, que constitua um sistema “aberto”, que possibilite diversas intenções, assim como uma

sistematização construtiva nos diferentes modelos possíveis.

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Para isso é que não se partiu de uma concepção ou um modelo pronto, mas sim de

elementos que conectados dessem diversas possibilidades de projeto. Tratando-se de um

método industrial, fica clara a importância do grau de padronização de todos os elementos

básicos como diretriz da concepção do projeto. Teve-se em mente neste “desideratum” as

advertências e recomendações de Oliveri (pp. 135, 1972):

“Todo sistema adolece de una serie de limitaciones que definen el ambito dentro del

cual es válido. En un sistema abierto, tales limitaciones o vínculos deben ser de naturaleza tal

que no prejudiquen la possibilidad del contínuo “ devenir ” de las limitaciones mismas.

Exemplo de sistema cerrado es el dogma; de sistema abierto, el lenguage no alienado. Es

abierto en tanto que tiene la posibilidad de amoldarse a los canbios de circustancias, de

absorver los “ imput ” y las solicitaciones externas. Un sistema construtivo abierto, para

serlo, debe poseer un suficiente contexto “ objetivo ”, porque no solamente utiliza el

momento de la creación arquitectónica del objeto constructivo, sino además el momento de

produción industrial, en sus partes constitutivas. En nuestro caso, el problema es, pues, la

investigacion y la estruturación de un sistema en el que sea posible la intervención de la

industria en la produción en serie de elementos para una construción que cambia

continuamente y de lo que desconoce, no solamente se futuro, si no incluso su presente.”

O primeiro elemento adotado, a malha reticulada, na qual estão interligadas a estrutura

e o dimensionamento da planta arquitetônica, prioriza, no primeiro momento da elaboração do

projeto, uma metodologia que limita algumas exigências de produção industrial, impondo-se

assim, uma pré-seleção de componentes construtivos. Após sua definição, nesse caso

específico do aço, as limitações não mais ocorrem, devido a modulação. Através da repetição

contínua dos modelos estabelecidos, a malha se mostrará útil na escolha e elaboração das

variações possíveis.

Foi necessário, naturalmente, definir o módulo. Para o seu dimensionamento dois

aspectos fundamentais devem ser considerados: padrões industriais, ou seja, quais as medidas

possíveis para o tipo de projeto proposto e sua relação com a escala humana.

A relação entre essas duas características fundamentais ao projeto, baseou-se na

procura de um módulo “n” que possibilitasse todos os usos do programa da casa dentro de

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uma dimensão padrão. Através da retícula, o desenvolvimento e multiplicações da casa,

podem ser feitos de acordo com as necessidades do local. No 3° Simpósio Sobre o Uso Do

Aço Na Construção (Santos, pp. 5, 1994), há recomendações que são fundamentais e que

foram levadas em consideração: “A concepção do projeto arquitetônico em estruturas

metálicas está centralizada na modulação da edificação em função da modulação da

produção de chapas.

A utilização do sistema modular parte do princípio que o projeto de arquitetura é a

base que possibilita através da racionalização, maior qualidade no produto final : obra

pronta.

O uso da estrutura metálica implica em um projeto de arquitetura modulado, ligado a

racionalização dos meios de produção.

A norma DIN 18.000, define o módulo fundamental como “M” e sua magnitude como “M” =

1.00m.

A modulação para chapa padrão varia em função do módulo fundamental, assim

3,00m = 3m e 6,00 = 6m e sucessivamente para efeito de simplificação usamos “M” como

módulo padrão para determinada estrutura, mantendo correspondência entre o módulo

usado e o comprimento padrão da chapa produzida. (Ver projetos básicos anexos M =

3,00).”

Para a determinação do módulo em relação a escala humana, se fez necessário um

estudo “ergonométrico”. Para isso, foi empregado uma malha, e dentro dela, criaram-se, todas

as situações relativas ao programa da casa, como é possível se observar no Capítulo 5, através

das pranchas de 1/57 a 13/57 , Nessas pranchas, o módulo de 3 m, se mostra suficiente para

todas as funções de uma unidade habitacional popular.

4.6 – RELAÇÃO COM OCUPAÇÕES EM TERRENOS INCLINADOS

Uma das maiores preocupações, se não a maior, nesta proposta para um sistema

industrializado habitacional popular, residiu na observação da forma de ocupação que ocorre

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em bairros de população de baixa renda, principalmente em áreas inclinadas. Um dos

primeiros aspectos observados é o traçado das ruas, vielas e becos, os quais se apresentam de

forma orgânica, ou seja, levou-se em conta, que não há um critério estabelecido que determine

como ocorrem os traçados desses eixos.

Ao se observar áreas, como por exemplo a avenida Nova Descoberta, no bairro Nova

Descoberta no Recife-PE, Fotos 4.1 e 4.2, fica evidente que os acessos se formaram devido a

construção de edificações, e não ao contrário, ou seja, as ruas se desenvolvem posteriormente

à construção das casas, formando assim, um percorrido sinuoso, pois seu traçado avança

acompanhando o perfil de cada nova edificação que surge em função também do relevo.

A primeira questão seria então, como intervir nesse tipo de ocupação, partindo-se do

pressuposto que existem numerosas áreas que se apresentam de forma tão extensa, e que uma

restruturação total equivaleria a reconstruir um bairro inteiro. Conclui-se então que, um

sistema construtivo “aberto” se adequaria mais facilmente às mais diversas situações.

Isso significa que o partido adotado, assim como sua fundamentação, estão inseridos

em um contexto urbano atual e independente de “estudos plásticos”. O que na verdade se

pretende demonstrar, são aspectos existentes na vida de moradores de áreas pobres das

cidades, capazes de terem leitura e tradução em um desenho que não se restrinja apenas a

soluções formais, mas aborde características como ocupação urbana, densidade ocupacional,

relevo acidentado, diferença de programa e possibilidade de coexistência com novas

tecnologias construtivas com métodos existentes, extraídas, do próprio modo de vida dos

habitantes.

Pode-se concluir, nesta parte deste trabalho, que uma de suas bases, é justamente

“copiar” a organização, principalmente espacial, traduzindo-a através de um desenho

industrial possível. Para isso, também levou-se em consideração o aspecto volumétrico, como

já foi discutido no item 4.6, e a gama de cores. Para isso fez-se necessário um estudo

verificando–se os tons cromáticos de maior incidência, já que não é intenção do projeto

proposto, impor ou “modificar” as situações existentes, e sim procurar uma racional

adequação a elas. Essa verificação foi possível decompondo-se os pontos das Foto 4.1 e 4.2,

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80

os quais revelaram as cores e tons das edificações do local, como pode ser visto nas páginas

82 a 85 e 87 a 90.

Apenas duas fotografias não seriam capazes de expressar a grande variedade de

exemplos desse tipo de ocupação e construções, mas a intenção é mostrar que as cores

empregadas no projeto, podem estar inseridas no contexto do local pois, como ocorre em

intervenções pontuais, a medida que o tempo passa, o projeto original vai se modificando e

incorporando as características da região, cidade, bairro e rua.

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Capítulo 5

“ERGONOMETRIA”

5.1 – INTRODUÇÃO

A comprovação das dimensões compatíveis com o módulo estrutural adotado, em

relação ao projeto arquitetônico, é apresentado no item 5.2 – Estudo “Ergonométrico” – . O

objetivo é demostrar que metragem mínima necessitam as diversas funções da casa.

Procurou-se, exemplificar as diversas situações que ocorrem nos ambientes da casa e

são também propostas distintas formas de distribuição do mobiliário em um mesmo ambiente,

já que o projeto não é constituído de apenas uma planta baixa, mas sim de oito modelos

básicos.

5.2 – ESTUDO “ERGONOMÉTRICO”

A metodologia adotada para averiguação das dimensões necessárias ao programa da

casa popular, baseou-se primeiramente nos aspectos “ergonométricos” e equipamentos

residenciais mais comuns em relação à escala humana. Nas primeiras consultas bibliográficas,

de autores brasileiros, sobre habitação popular e que tratassem de propostas tecnológicas

mantendo relação direta ao tema desta dissertação (Martino, pp. 26, 1981 e MINTER/PNUD,

1989), verificaram-se algumas variações entre as informações apresentadas, o que estimulou a

se consultar também estudos de autores estrangeiros (Panero, 1987).

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92

Como elemento de análise, procurou-se, paralelamente, observar-se em lojas de

móveis populares, os exemplos que estivessem relacionados diretamente ao mobiliário básico

da casa.

Com esses três elementos: estudos “ergonométricos”, estudos sobre o

dimensionamento interno de casas populares e consultas ao comércio voltado para móveis

consumidos por população de baixa renda, chegou-se às referências e dados suficientes para

se verificar qual modulação seria necessária para as unidades residenciais, levando-se em

conta todos os usos pertinentes à habitação.

Uma representação gráfica explicita a comprovação das áreas necessárias para as

diversas funções de comer, dormir, descansar, trabalhar, higiene e lazer, que determinam o

programa básico da casa. Ela procura, entretanto, apenas mostrar de forma ilustrativa,

empregando para isso em vez de cotas, que limitariam e de certa forma ditariam dimensões

rígidas o que foge à concepção do projeto, uma representação que propõe tolerâncias e que

permite variações. Assim, foram abolidas as cotas e adotada uma malha modulada em 50 cm

X 50 cm, afim de se introduzir os desenhos dentro de uma escala de projeto. O entendimento

das dimensões, tornou-se dessa forma, muito mais livre, pois sua leitura permite uma

compreensão lógica da necessidade de espaço que cada função exige da casa.

Outro aspecto importante a ser destacado, está no fato do projeto arquitetônico ser

constituído de diversos modelos de planta baixa que, embora estejam dentro de uma

modulação, variam de acordo com sua orientação e implantação, o que cria alternativas na

disposição do mobiliário. Assim, pretende-se que a malha se apresente bastante didática na

função de orientar outras possíveis organizações.

Nas Pranchas de 1/57 a 13/57, apresentadas a seguir, são demonstradas as situações

mais comuns em relação aos distintos ambientes da casa.

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Capítulo 6

ANTEPROJETO ARQUITETÔNICO

6.1 – INTRODUÇÃO

Os dados técnicos, perfis metálicos, fechamentos dos pórticos estruturais, coberta e

esquadrias, são abordados neste capítulo com o objetivo de informar as fontes que originaram

o projeto do ponto de vista técnico.

O primeiro tópico a ser pesquisado, item 6.2 – Estrutura – , busca especificar quais os

perfis para vigas e colunas mais indicados para este tipo de projeto, assim como o

comportamento da estrutura e suas ligações. O item 6.2.4 - Programa para Detalhamento da

Estrutura – , composto por rotinas, elaboradas na linguagem computacional AutoLisp, é onde

são fornecidos os detalhes das ligações engastadas e rotuladas dos pórticos estruturais, assim

como as informações para utilização do programa, a partir do software, AutoCAD, versão 12,

para Windows.

Nos itens seguintes, 6.3 – Lajes e Paredes – , 6.4 – - Coberta – e 6.5 – Esquadrias – ,

são comentados os detalhes e explicações técnicas das respectivas Pranchas, justificando-se

cada um dos elementos empregados no projeto.

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107

6.2 – ESTRUTURA

Antes da descrição relativa ao comportamento estrutural, é necessário que se

demonstre, quais os princípios que determinaram a escolha do tipo de perfil adotado no

projeto.

6.2.1 – Escolha do Perfil

O tipo de perfil metálico foi escolhido através de consulta a um especialista, afim de

indicar e justificar o tipo de elemento estrutural metálico mais adequado ao projeto proposto.

Assim, foi feito um pré-dimensionamento para um caso particular, a título de exemplificação

de uma estrutura com 3 pavimentos, elaborado pela Profa. Márcia Reis, (responsável pela

disciplina Construções Metálicas e de Madeira, do curso de Engenharia Civil da UFOP).

Entretanto, deve–se esclarecer que foram considerados:

a) A estrutura da edificação é composta por pórticos rígidos espaçados de 3m em 3m,

nas direções transversais e longitudinais.

b) Os pórticos foram dimensionados, considerando–se perfis “I” e “caixa”1.

c) Limite de escoamento do aço, (sy) = 25 kN cm2

d) Limite de resistência à ruptura (fu) = 40 kN cm2

d) Aço USISAC 41

Para o pré-dimensionamento, os dados levados em consideração foram:

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108

Figura 6.1 – Dimensões dos Pórticos.

Figura 6.2 – Carregamento Permanente, Composto pelo Peso da Estrutura Metálica e Peso do

Concreto das Lajes.

1 Perfil composto por dois perfis “U” enrijecidos e soldados, formando uma seção retangular.

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109

Figura 6.3 – Sobrecarga Decorrente do Uso.

Figura 6.4 – Vento α = 0.

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110

Figura 6.5 – Vento α = 90º

Através dos valores encontrados, para as solicitações (momentos fletores, esforços

cortantes e esforços normais), são indicadas as dimensões possíveis nas Tabelas 6.1. e 6.2.

Tabela 6.1 – Dimensões Admissíveis para Perfil “Caixa”.

Perfil tipo “caixa”

(Tecnofer)

d (mm)

b (mm)

t (mm)

c (mm)

peso próprio (kg/m)

250

170

3.35

25

23.71

300

170

3

25

23.68

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111

Tabela 6.2 – Dimensão Admissível do Perfil “I”.

Perfil “I”

(Manual Brasileiro para

cálculo de estrutura

metálica, vol. III, tomo I)

d (mm)

bf (mm)

tw (mm)

tf(mm)

peso próprio (Kg/m)

200

130

5

8

23.6

Com base nesses dados verificou-se, através dos cálculos, que poderiam ser

empregados os dois tipos de seção. O fator determinante na escolha foi então, a facilidade que

oferece o perfil “I” em relação às instalações elétricas e hidráulicas, pois as tubulações podem

seguir expostas nas barras da estrutura, (Prancha 53/57), não necessitando para isso furos nas

chapas ou quebras nas paredes.

6.2.2 – Comportamento Estrutural

Uma das exigências do projeto quanto à estrutura, está na necessidade de se deixar

livre todos os vãos entre colunas, que são de apenas 3,00 m, devido à ocorrência de aberturas

para as esquadrias. As variações quanto ao comprimento das vigas, ou seja, medidas fora do

módulo adotado, ocorrem apenas nas plantas baixas com 45º, pois a inclinação altera o

comprimento destas nos pórticos onde é feito a rotação.

Inicialmente supõe–se que os pórticos estão espaçados de 3m em 3m, entretanto se em

um cálculo mais detalhado for verificado que não há necessidade desse espaçamento, poderá

se optar por algumas colunas servindo apenas como caixilho para os painéis em concreto

celular, o que reduz, consideravelmente, as espessuras e dimensões, do que poderíamos

chamar de “falsas colunas”.

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112

Um problema inicial foi, então, a estabilização da edificação, já que este não poderia

ser feito através de contraventamentos, devido às aberturas das esquadrias. A solução

encontrada, foi a adoção de quadros rígidos que, permitem deixar livres os vãos, sem o

inconveniente dos contraventamentos.

O sistema adotado, funciona com ligações da maioria das vigas com colunas,

projetadas como rígidas. Dessa forma se obtém um conjunto de pórticos verticais rígidos da

mesma altura do edifício, onde o prédio adquire estabilidade como um todo, para as cargas

horizontais.

Esse comportamento é proposto, a partir do modelo de estabilidade descrito nas

publicações da SIDEBRAS (pp. 9, 1990), o que não representa uma solução única, pois o

sistema estrutural adotado neste projeto, possibilita inúmeras variações de implantação. Caso

forem projetadas outras implantações que não se enquadrem no modelo apresentado, caberia

então um estudo específico.

6.2.3 – ligações

O tipo de ligação empregada foi determinado procurando-se uma solução “simples”.

Como o objetivo, é trabalhar com o aço para habitação popular, os detalhes buscam um

desenho de fácil execução, a partir de peças já existentes no mercado.

Devido às exigências estruturais anteriormente descritas, ocorrem duas situações de

ligações: rotulada e engastada.

6.2.3.1 – Ligação Rotulada

A ligação rotulada (detalhe 1 - D1, Pranchas 39/57 e 40/57) é o caso mais simples,

pois, transmite somente a carga devida à reação vertical e horizontal, e o apoio da viga tem

momento nulo, podendo girar livremente (AÇOMINAS, pp. 118 a 120, 1982).

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113

O detalhe proposto emprega duas cantoneiras soldadas na alma da viga, e aparafusadas

na alma ou na mesa da coluna, conforme for o caso. Optou-se pela solda na viga porque esta

já vem executada de fábrica, onde se tem um maior controle de qualidade. A ligação na coluna

através de parafusos, resulta da sua facilidade de execução, pois quando a viga chegar à obra

não haverá necessidade do emprego de soldadores, além de se obter um melhor alinhamento

da construção.

Devido ao projeto arquitetônico possuir também plantas que possibilitam “curvas” de

45º (Pranchas 22/57, 23/57, 27/57 e 28/57), foi necessário a implementação de detalhes

exclusivos para esses casos (Pranchas 44/57 e 45/57) onde ocorrem apenas ligações rotuladas.

6.2.3.2 – Ligação Engastada

Como o contraventamento é feito através de pórticos rígidos, são necessárias ligações

engastadas, a fim de se manter o sistema estável. Nestes casos a viga “chega” na alma ou na

mesa da coluna (detalhe 2 - D2, Pranchas 41/57, 42/57 e 43/57), através de uma chapa de

topo, soldada na viga e aparafusada na coluna (AÇOMONAS, pp. 121, 1982).

O engaste na chapa de topo poderá ser feito, dependendo das exigências da estrutura,

por parafusos comuns, segundo as especificações do cálculo estrutural. Pode–se adotar

também uma solução em que a viga é totalmente soldada à coluna, tomando–se os cuidados

para o engastamento

6.2.4 – Programa para Desenho da Estrutura

O objetivo da elaboração de um programa computacional na linguagem AutoLISP,

para AutoCad, baseia-se em dois aspectos importantes:

Primeiro, por se tratar do aplicativo mais empregado atualmente para desenho técnico,

principalmente desenho arquitetônico. Segundo, existe uma intenção de se demonstrar que,

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em arquitetura, quando se trata do emprego de elementos industrializados, onde esses estão

bastante delimitados, é possível uma “sistematização” na confecção de desenhos de detalhes.

É importante salientar que não é objetivo deste aplicativo analisar o comportamento

estrutural, mas sim, após a determinação dos perfis adequados ao projeto arquitetônico, caberá

ao programa apenas desenhar os detalhes, necessitando-se para isso, que o usuário indique

suas dimensões e faça previamente o cálculo estrutural.

Nas Pranchas 39/57 a 45/57, são apresentados os detalhes produzidos pelas rotinas em

AutoLisp.

6.2.4.1 – Lendo as Rotinas Autolisp no Autocad

Para acessar as rotinas em AutoLisp, D1, D2 e D3 deve-se seguir os seguintes passos:

1. Executar o AutoCAD.

2. Dentro do AutoCAD, selecionar a partir do menu suspenso FILE, a opção

APLICATIONS...

3. Escolher o botão de comando FILE, no boxe de diálogo.

4. Selecionar o arquivo D1.LSP, D2.LSP ou D3. LSP.

5. Carregar a rotina com o botão LOAD.

6. Para executar o aplicativo deve-se, no aviso de comando do AutoCAD, digitar D1,

D2 ou D3, conforme o detalhe desejado

6.2.4.2 – Detalhe D1

As informações exigidas pela rotina D1, constituída pelas Pranchas 39/57 e 50/57, são:

1. Insira ponto inicial do desenho;

2. Insira largura da mesa na coluna (mm);

3. Insira espessura da mesa da coluna (mm);

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4. Insira a distância entre as mesas da coluna (dentro a dentro) (mm);

5. Insira espessura da alma na coluna (mm);

6. Insira largura da mesa na viga (mm);

7. Insira espessura da alma na viga (mm);

8. Insira largura da aba menor da cantoneira (mm);

9. Insira largura da aba maior da cantoneira (mm);

Quando surgirem as perguntas 8 e 9, no aviso de comando do AutoCad, serão

indicados na área de desenho, os locais nos quais serão desenhadas as abas da cantoneira.

10. Insira espessura da cantoneira (mm);

11. Insira largura da aba aparafusada na mesa da coluna (mm);

12. Insira largura da aba soldada na alma da viga (mm);

Também nos itens 10 e 11, serão indicados, os locais nos quais serão desenhadas as

abas da cantoneira, na área de desenho.

13. Insira espessura da cantoneira (mm);

14. Insira altura da viga rotulada na alma da coluna (mm);

15. Insira espessura das mesas na viga (mm).

6.2.4.3 – Detalhe D2

As informações exigidas pela rotina D2, constituída pelas Pranchas 41/57 a 43/57, são:

1. Insira ponto inicial do desenho;

2. Insira largura da mesa na coluna (mm);

3. Insira espessura da mesa na coluna (mm);

4. Insira a distância entre as mesas da coluna (dentro a dentro) (mm);

5. Insira espessura da alma na coluna (mm);

6. Insira largura da placa na cabeça da viga (mm);

7. Insira espessura da placa na cabeça da viga (mm);

8. Insira largura da mesa na viga (mm);

9. Insira espessura da alma na viga (mm);

10. Insira altura na viga engastada (mm);

11. Insira espessura da mesa na viga (mm);

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116

12. Insira altura da placa na cabeça da viga (mm).

6.2.4.4 – Detalhe D3

As informações exigidas pela rotina D3, constituída pelas Pranchas 44/57 e 45/57, são:

1. Insira ponto inicial do desenho;

2. Insira largura da mesa na coluna (mm);

3. Insira espessura da mesa na coluna (mm);

4. Insira a distância entre as mesas da coluna (dentro a dentro) (mm);

5. Insira espessura da alma na coluna (mm);

6. Insira largura da mesa na viga rotulada (mm);

7. Insira espessura da alma na viga (mm);

8. Insira largura da cantoneira (mm);

9. Insira espessura da cantoneira (mm);

10. Insira altura da viga (mm);

11. Insira espessura das mesas da viga (mm).

6.2.4.5 – Base das Colunas

Para a base das colunas, adotou-se um detalhe genérico, constituído por uma chapa de

base, fazendo transição do pilar para o bloco de concreto, como pode ser visto na Prancha

46/57. Esse tipo de base para coluna metálica, é proposta a partir dos exemplos descritos por

Andrade. ( pp. 181, 1994).

6.3 – LAJES E PAREDES

Uma das premissas básicas do projeto, é o tempo de execução, já que se propõe a

implantação de áreas já ocupadas e em declive. Assim, pesquisou-se um material que

possibilitasse a montagem de painéis de forma rápida, o que descarta o emprego de concreto e

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117

alvenaria, pela sua lentidão e o processo “artesanal” que requer a execução com esses

materiais. Por este motivo, tanto nas paredes como no piso, adotou-se o concreto celular,

devido a sua fácil montagem, uma vez que o mesmo não necessita de escoramento, nem

tempo de cura.

Outra grande vantagem dos painéis em concreto celular é o fato de que, no momento

em que são apoiados nas vigas metálicas, já é possível que os operários caminhem sobre estes,

o que dá mais dinamismo à construção; além disso, devido ao seu baixo peso (625 kg/m³ nos

painéis laje e 600 kg/m³ nos painéis paredes), são necessários apenas dois homens para seu

transporte dentro da obra.

Na Tabela 6.3, são apresentadas as espessuras dos painéis em concreto celular em relação às

cargas admissíveis.

Tabela 6.3 - Painéis Laje (Siporex, Ribeirão Pires, SP, 1997).

Espessura (cm)

Sobrecarga (kg/m2)

100

150

200

250

300

400

500

Comprimento máximo (cm)

7,5

290,00

260,00

240,00

220,00

210,00

----

----

10

400,00

350,00

320,00

300,00

260,00

230,00

190,00

12

400,00

400,00

400,00

370,00

350,00

280,00

230,00

15

400,00

400,00

400,00

400,00

400,00

350,00

290,00

Com base nos dados da Tabela 6.2, verifica-se que as espessuras e os comprimentos

dos painéis são:

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118

• Espessura para painel parede = 10 cm

• Comprimento para painel parede > 320

• Espessura para painel laje = 10 cm

• Comprimento para painel parede > 320

• Espessura para painel forro = 10 cm

• Comprimento para painel parede > 320

Nas Pranchas, 52/57 a 54/57, são apresentados os detalhes de fixação dos painéis em

concreto celular, e nas Pranchas 47/57 a 51/57, são apresentados os respectivos lay-outs.

6.4 – COBERTA

Em relação aos outros tipos de materiais empregados comumente em cobertas, como a

telha cerâmica ou de fibrocimento, a escolha de telhas metálicas destaca-se principalmente em

relação ao peso, como é possível se verificar na Tabela 6.4, e em segundo lugar, pela

possibilidade de corte das telhas em diversos ângulos. Essa informação foi obtida em consulta

a empresas e fábricas de estruturas metálicas. Isso é fundamental para resolução da coberta

nas plantas baixas, nas quais os módulos não estejam dispostos linearmente.

Tabela 6.4 – Comparação de Sobrecarga Entre Materiais para Coberta (USIMINAS, pp. 17,

1992).

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Cantuária

Colonial

Francesa

Plan

Metálica

Cimento

Ondulada

Trapezoidal

Tégula

Amianto

Área coberta

(m²)

51,84

51,84

51,84

51,84

51,84

51,84

51,84

51,84

Inclinação

(Gr)

17,00

17,00

17,00

17,00

17,00

17,00

17,00

17,00

Inclinação

(%)

30 %

30%

30%

30%

30%

30%

30%

30%

Peso Total

393,53

360,08

423,03

381,39

135,05

156,99

393,15

149,70

A telha metálica foi escolhida procurando-se a simplificação da estrutura da coberta. O

modelo de perfil trapezoidal mostrou-se adequado, pois permite um maior espaçamento entre

terças, devido a sua conformação, ao contrário das telhas onduladas metálicas ou telhas não

metálicas, como pode ser comprovado na Tabela 6.5 e nas Pranchas estruturais da coberta

(16/57, 21/57, 26/57, 31/57 e 35/57).

Tabela 6.5 – Espaçamento Entre Telhas, Ripas e Tesouras da Coberta (USIMINAS, pp.14,

1992).

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120

Espaçamento (mm)

Telhas

Ripas

Tesouras

Cantuária

340,00

3000,00

Colonial

440,00

3000,00

Fancesa

310,00

3000,00

Plan

400,00

3000,00

Tégula

320,00

3000,00

Metálica Trapezoidal

3000,00

3000,00

Metálica ondulada

1500,00

3000,00

Fibrocimento

6 mm.

1690,00

3000,00

6.5 – ESQUADRIAS

Seguindo o mesmo princípio dos itens anteriores, pesquisou-se um padrão de

esquadrias que fossem produzidas industrialmente, o que conduz a empresas de grande porte.

Por apresentar um linha de produtos voltados para construções populares, a Alcoa, forneceu o

tipo de material ideal para esta proposta. Nos catálogos fornecidos por essa empresa, -

Módulos Stantard II, o modelo Janela de Correr com duas e/ou quatro folhas, responde de

forma suficiente às necessidades do projeto, pois é a linha de produção mais “simples” das

esquadrias em alumínio.

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121

6.6 – ESCADA

A escada proposta no projeto (Pranchas 37/57, 55/57 e 56/57), procura resolver sua

estrutura de forma o mais simples possível. Assim, é empregado perfil “U” nas vigas, ou seja,

nas duas barras laterais inclinadas, onde são soldados os degraus (HART, et al, pp. 298,

1978). Os patamares são compostos por perfis de chapa dobrada em forma de “U”,

preenchidos com concreto, já que não há coberta nas escadas, o que no caso de chuva, tornaria

sua superfície escorregadia caso também fosse de aço.

6.7 – IMPLANTAÇÃO

A proposta de implantação demonstrada através da Prancha 36/57, e das figuras 6.6,

6.7 e 6.8, procura revelar a maleabilidade e adaptabilidade do sistema construtivo proposto.

Assim, são empregados quatro tipos de plantas baixas, mostrando que a composição de

diferentes tipos de unidades habitacionais, consegue facilmente acompanhar as diferenças de

níveis, como também as “curvas” de um morro ou encosta. Para uma maior compreensão

técnica, também são apresentados dois cortes: um na escada (Prancha 37/57) e outro nas

unidades habitacionais (Prancha 38/57), onde fica claro a superposição dos pórticos

estruturais, assim como a circulação vertical e de acesso às unidades habitacionais.

O modelo proposto de implantação, procura “criar” o que seria uma situação

extremamente desfavorável para construção de habitações populares. Talvez mais importante

do que buscar uma área específica, para demonstrar como se comportaria o sistema adotado, a

intenção da implantação adotada, é provar as várias possibilidades do projeto em um terreno

inclinado e recortado.

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Capítulo 7

CUSTO MÉDIO DO PROJETO

7.1 – INTRODUÇÃO

Talvez o primeiro questionamento em relação à estrutura metálica, no contexto atual

do Brasil, seja o seu preço. Para isso, é apresentado através de tabelas, o custo do projeto

proposto em R$ relativo a agosto de 1997, comparando-o com alvenaria estrutural e estrutura

de concreto. Primeiro, de forma isolada são apresentados as unidades habitacionais 4M, 6M–

345 e 6M–445, (Tabelas 7.1, 7.2 e 7.3) com seus custos específicos e depois, a implantação

(Prancha 36⁄57), mostrando como se comporta o aço em escala industrial (Tabelas 7.4, 7.5 e

7.6).

Uma preocupação importante no projeto é o tempo de execução, pois como o enfoque

desse trabalho delimita o seu estudo para áreas ocupadas, a necessidade de um sistema de

rápida construção é fundamental, vez que a substituição das residências deve ser concluída o

mais breve possível. Assim, comparam-se nas Tabelas 7.7, 7.8 e 7.9, os cronogramas relativos

à construção em estrutura metálica, alvenaria estrutural e concreto.

No último item, 7.4 – Conclusões dos Custos – , resume-se o comportamento da

estrutura metálica em relação às duas análises: no contexto da produção em larga escala e

como projeto isolado.

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7.2 – CUSTO DAS UNIDADES HABITACIONAIS: 4M, 6M–345 e 6M–445

A planta baixa básica o tipo 4M (Prancha 14⁄57), foi a primeira unidade habitacional a

ser pesquisada isoladamente em relação ao custo. Para isso, são apresentados, além do custo

do projeto em estrutura metálica (Tabela 7.3), os valores equivalentes, caso o projeto fosse

proposto em estrutura de concreto (Tabela 7.1) ou alvenaria estrutural (tabela 7.2).

Além da unidade habitacional 4M, procurou-se também apresentar os custos de forma

isolada de um dos tipos de planta baixa na qual os pórticos não estivessem compostos de

forma linear, ou seja, onde a estrutura forma um ângulo de 45°. Para isso foram escolhidos as

plantas 6M-345 (Prancha 22/57) e 6M-445 (Prancha 23/57).

A seguir são apresentadas as Tabelas 7.1, 7.2 e 7.3.

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Tabela 7.1 – Custo Médio para Construção de uma Unidade Habitacional Tipo 4M,

6M–345 ou 6M–445 em Alvenaria Estrutural.

Etapa

Preço total

Participação

4M

6M-345/6M-445

4M

6M-345/6M–

445

Instalação do canteiro de obras

R$ 50,76

R$ 73,67

0,48 %

0,50 %

Movimento de terra

R$ 413,10

R$ 486,90

3,91 %

3,29 %

Serviços Gerais – internos

R$ 101,76

R$ 136,26

0,96 %

0,92 %

Infra-estrutura

R$ 1.004,58

R$ 1.348,93

9,50 %

9,11%

Superestrutura

R$ 1.418,01

R$ 2.632,24

13,42 %

17,78 %

Paredes

R$ 837,35

R$ 393,96

7,92 %

2,66 %

Esquadrias metálicas

R$ 1.142,01

R$ 1.641,22

10,80 %

11,09 %

Cobertura

R$ 1.061,38

R$ 1.389,96

10,04 %

9,39 %

Forro

R$ 213,84

R$ 334,13

2,02 %

2,26 %

Revestimentos de paredes internas

R$ 1.089,38

R$ 1.731,60

10,31 %

11,70 %

Revestimentos de paredes externas

R$ 487,86

R$ 790,65

4,62 %

5,34 %

Pisos internos

R$ 979,86

R$ 1.530,04

9,27 %

10,35 %

Instalações hidráulicas

R$ 577,72

R$ 662,94

5,47 %

4,48 %

Instalações elétricas

R$ 415,81

R$ 523,66

3,93 %

3,54 %

Pintura

R$ 776,78

R$ 1.128,23

7,35 %

7,62 %

Preço por m²

R$ 293,62 (4M)

R$ 293,19 (6M-345/6M–445)

Total geral

R$ 10.570,20 (4M)

R$ 14.804,39 (6M-345/6M–445)

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Tabela 7.2 – Custo Médio para Construção de uma Unidade Habitacional Tipo 4M,

6M–345 ou 6M–445 em Estrutura de Concreto.

Etapa

Preço total

Participação

4M

6M-345/6M-445

4M

6M-345/6M–445

Instalação do canteiro de obras

R$ 50,76

R$ 79,31

0,46 %

0,54 %

Movimento de terra

R$ 311,62

R$ 486,90

2,82 %

3,30 %

Serviços Gerais – internos

R$ 33,60

R$ 49,00

0,30 %

0,33 %

Infra-estrutura

R$ 449,27

R$ 1.285,36

4,06 %

8,72 %

Superestrutura

R$ 2.279,37

R$ 3.302,31

20,61 %

22,39 %

Paredes

R$ 8,37,35

R$ 393,96

7,57 %

2,67 %

Esquadrias metálicas

R$ 1.671,71

R$ 1.142,01

15,11 %

7,74 %

Cobertura

R$ 889,88

R$ 1.389,96

8,05 %

9,42 %

Forro

R$ 207,36

R$ 656,45

1,87 %

4,45

Revestimentos de paredes internas

R$ 1.107,89

R$ 1.731,60

10,02 %

11,74 %

Revestimentos de paredes externas

R$ 505,85

R$ 517,01

4,57 %

3,51 %

Pisos internos

R$ 979,86

R$ 1.530,04

8,86 %

10,37 %

Instalações hidráulicas

R$ 551,16

R$ 616,77

4,98 %

4,18 %

Instalações elétricas

R$ 407,81

R$ 439,54

3,69 %

2,98 %

Pintura

R$ 776,78

R$ 1.128,23

7,02 %

7,65 %

Preço por m²

R$ 307,23 (4M)

R$ 262,19 (6M-345/6M–445)

Total geral

R$ 11.060,27 (4M)

R$ 14.748,45 (6M-345/6M–445)

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Tabela 7.3 – Custo Médio para Construção de uma Unidade Habitacional Tipo 4M, 6M–345

ou 6M–445 em Estrutura Metálica.

Etapa

Preço total

Participação

4M

6M-345/6M–445

4M

6M-345/6M–445

Instalação do canteiro de obras

R$ 50,76

R$ 79,36

0,37 %

0,28 %

Serviços Gerais – internos

R$ 15,30

R$ 10,46

0,11 %

0,04 %

Infra-estrutura

R$ 252,42

R$ 314,96

1,82 %

1,11 %

Superestrutura

R$ 4.987,49

R$ 15.673,54

36,02 %

55,23 %

Painéis

R$ 1,699,92

R$ 2.644,32

12,28 %

9,32 %

Esquadrias metálicas

R$ 1.142,01

R$ 1.142,01

8,25 %

4,02 %

Cobertura

R$ 1.366,12

R$ 2.128,41

9,84 %

7,50 %

Forro

R$ 156,24

R$ 2,44

1,13 %

0,86 %

Revestimentos de paredes internas

R$ 997,30

R$ 1.836,75

7,20 %

6,47 %

Revestimentos de paredes externas

R$ 505,85

R$ 517,01

3,65 %

1,82 %

Pisos internos

R$ 979,86

R$ 1.530,04

7,08 %

5,39 %

Instalações hidráulicas

R$ 521,41

R$ 632,85

3,77 %

2,32 %

Instalações elétricas

R$ 399,12

R$ 495,55

2,88 %

1,75 %

Pintura

R$ 776,78

R$ 1.128,23

5,61 %

3,98 %

Preço por m²

R$ 384, 66 (4M)

R$ 504,49 (6M-345/6M–445)

Total geral

R$ 13..847,58 (4M)

R$ 28..377,57 (6M-345/6M–445)

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Comparando os custos entre os três sistemas estruturais, observa–se que a estrutura

metálica apresenta-se como a mais onerosa.

7.3 – CUSTO E CRONOGRAMA PARA IMPLANTAÇÃO (Prancha 36⁄⁄⁄⁄57)

Para a implantação proposta (Prancha 36⁄57), foi elaborado o mesmo critério adotado

nas Tabelas 7.1, 7.2 e 7.3, em relação ao custo, ou seja, são apresentados os valores

respectivos, caso o projeto fosse composto por estrutura de concreto ou alvenaria estrutural.

Além do custo, é apresentado o cronograma da construção, com os três tipos de

material na estrutura, para que se possa comparar, como se comporta o aço em relação ao

tempo de execução, especificamente no projeto proposto.

A seguir, são apresentadas as Tabelas 7.4, 7.5 e 7.6, relativas ao custo da implantação

e as Tabelas 7.7, e 7.8 e 7.9, relativas ao cronograma.

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Tabela 7.4 – Custos da Implantação (Prancha 36⁄57) em Alvenaria Estrutural para 29

Unidades Habitacionais.

Etapa

Preço total

Participação

Instalação do canteiro de obras

R$ 1.573,56

0,40 %

Movimento de terra

R$ 9.660,10

2,47 %

Serviços Gerais – internos

R$ 2.070,44

0,53 %

Infra-estrutura

R$ 23.627,83

6,05 %

Superestrutura

R$ 78.044,37

19,98 %

Paredes

R$ 39.377,88

10,08 %

Esquadrias metálicas

R$ 30.843,35

7,89 %

Cobertura

R$ 50.050,93

12,81 %

Forro

R$ 13.258,08

3,39 %

Revestimentos de paredes internas

R$ 36,642,14

9,38 %

Revestimentos de paredes externas

R$ 9.036,33

2,31 %

Pisos internos

R$ 47.082,33

12,05 %

Instalações hidráulicas

R$ 14.784,23

3,79 %

Instalações elétricas

R$ 11.061,19

2,83 %

Pintura

R$ 23.480,57

6,01 %

Preço por m²

R$ 242,00

Total geral

R$ 390.584,33

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Tabela 7.5 – Custos da Implantação (Prancha 36⁄57) em Estrutura de Concreto para 29

Unidades Habitacionais.

Etapa

Preço total

Participação

Instalação do canteiro de obras

R$ 1.573,56

0,40 %

Movimento de terra

R$ 9.660,10

2,47 %

Serviços Gerais – internos

R$ 862,61

0,22 %

Infra-estrutura

R$ 11.730,80

2,99 %

Superestrutura

R$ 100.126,86

25,50 %

Paredes

R$ 32.923,80

8,38 %

Esquadrias metálicas

R$ 30.834,35

7,85 %

Cobertura

R$ 50.050,93

12,75 %

Forro

R$ 13.258,08

3,38 %

Revestimentos de paredes internas

R$ 36.642,14

9,33 %

Revestimentos de paredes externas

R$ 9.036,33

2,30 %

Pisos internos

R$ 47.082,33

11,99 %

Instalações hidráulicas

R$ 14.784,23

3,71 %

Instalações elétricas

R$ 10.826,45

2,76 %

Pintura

R$ 23,480,57

5,98 %

Preço por m²

R$ 243,28

Total geral

R$ 392.657,03

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Tabela 7.6 – Custos da implantação (Prancha 36⁄57) em Estrutura Metálica para 29 Unidades

Habitacionais.

Etapa

Preço total

Participação

Instalação do canteiro de obras

R$ 1..573,56

0,40 %

Serviços Gerais - internos

R$ 122,53

0,03 %

Infra-estrutura

R$ 2.423,06

0,56 %

Superestrutura

R$ 143.079,92

32,85 %

Painéis

R$ 42..347,84

9,72 %

Esquadrias metálicas

R$ 3.0.834,35

7,08 %

Cobertura

R$ 68.799,97

15,80 %

Forro

R$ 9.686,88

2,22 %

Revestimentos de paredes internas

R$ 35.107,28

8,06 %

Revestimentos de paredes externas

R$ 5.908,85

1,36 %

Pisos internos

R$ 47.082,33

10,81 %

Instalações hidráulicas

R$ 14.466,48

3,32 %

Instalações elétricas

R$ 10.662,80

2,45 %

Pintura

R$ 23,480,57

5,38 %

Preço por m²

R$ 269,87

Total geral

R$ 435.576,42

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Tabela 7.7 – Cronograma para Construção da Implantação (Prancha 36⁄57) em Alvenaria Estrutural para 29 Unidades Habitacionais.

Tarefas

3o trimestre, 1997

4o trimestre, 1997

1o trimestre, 1998

2o trimestre, 1998

Júl. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun.

1

Locação da obra

2

Fundação

3

Mov. de terra

4

Alvenaria

5

Superestrutura

6

Esquadria

7

Telhado

8

Revestimento

9

Pisos

10

Instalações elétrica

e hidro-sanitária

11

Pintura

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Tabela 7.8 – Cronograma para Construção da Implantação (Prancha 36⁄57) em Estrutura de Concreto para 29 Unidades Habitacionais.

Tarefas

3o trimestre, 1997

4o trimestre, 1997

1o trimestre, 1998

2o trimestre, 1998

Júl. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun.

1

Locação da obra

2

Fundação

3

Mov. de terra

4

Superestrutura

5

Alvenaria

6

Esquadria

7

Telhado

8

Revestimento

9

Pisos

10

Instalações elétrica

e hidro-sanitária

11

Pintura

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Tabela 7.9 – Cronograma para Construção da Implantação (Prancha 36⁄57) em Estrutura Metálica para 29 Unidades Habitacionais.

Tarefas

Agosto

Setembro

Outubro

Novembro

Dezembro

Janeiro

1

Locação da obra

2

Fundação

3

Mov. de terra

4

Superestrutura

5

Painéis

6

Esquadria

7

Telhado

8

Revestimento

9

Pisos

10

Instalações elétrica

e hidro-sanitária

11

Pintura

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7.4 – CONCLUSÕES DOS CUSTOS

Pode-se concluir que, embora no projeto proposto em estrutura metálica o preço por

m² da implantação (Prancha 36/57) continue mais elevado, ele obteve o maior índice de

redução (Tabela 7.10) se comparado com o custo das unidades habitacionais orçadas de forma

isolada. Isso significa que o preço do aço reduz, com índices bem maiores as construções de

larga escala. Tal fato é comprovado quando se confrontam os índices de redução também do

concreto e da alvenaria estrutural.

Outro aspecto importante, pelo fato da construção ser industrializada, e não apenas

pela estrutura metálica ser montada mais rapidamente, mas também pela adoção de painéis em

concreto celular, foi possível uma diminuição substancial do tempo de execução que, nesse

caso específico é de 33% em comparação aos outros tipos de estrutura apresentados, o que

pode ser comprovado nas Tabelas 7.7, 7.8 e 7.9.

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Para melhor visualização, é apresentada na tabela 7.10, a economia que cada tipo de

estrutura permite reduzir o preço por m² em função de uma maior produtividade.

Tabela 7.10 – Índice de Diminuição para Construção em Larga Escala

Unidade habitacional 4M (Prancha 14⁄57),

valor por m²

Unidade

habitacional 6M–345

(Prancha 22⁄57) e 6M–445

(Prancha 23⁄57) valor por m²

Média do valor

por m² da 2o e 3o colunas

Implantação

(Prancha 36⁄57), valor por m² para 29 U.H.

Comparação

da diminuição do preço por m² entre as U.H. 4M, 6M–345,

6M–445 e a Implantação

A B

Alvenaria estrutural

R$ 293,62

(Tabela 7.1)

R$ 293,19

(Tabela 7.1)

A + B = 293,40 2

R$ 242,00

(Tabela 7.4)

14 %

Estrutura

de concreto

R$ 307,23

(Tabela 7.2)

R$ 262,19

(Tabela 7.2)

A + B = 284,74 2

R$ 243,28

(Tabela 7.5)

15 %

Estrutura Metálica

R$ 384,66

(Tabela 7.3)

R$ 504,49

(Tabela 7.3)

A + B = 444,57 2

R$ 269,87

(Tabela 7.6)

40 %

Assim, através da Tabela 7.10, é demonstrada a necessidade de produção industrial

como elemento capaz de diminuir os custos, e não reduzir o valor por m², em função da

subtração dos insumos para habitação popular.

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Capítulo 8

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA FUTUROS TRABALHOS

8.1 – CONCLUSÕES GERAIS

Nos tópicos iniciais, constatou-se uma primeira referência, através do sistema

construtivo Danly, especificamente tratando-se de pequenos vãos para habitação, uma vez

que, através de construções do século XIX, inclusive no Brasil, conforme abordado no item

2.2 – Breve Histórico do Ferro e do Aço – , pôde–se verificar que, não só grandes estruturas

podem necessitar de elementos metálicos mas, através de uma composição onde a estrutura

esteja formada por pequenos elementos, pode-se definir uma grande variedade de soluções. A

pesquisa relacionada ao histórico foi fundamental para elaboração do projeto arquitetônico,

pois, a “idéia” de “kit” foi adotada, não apenas na estrutura, mas também como uma

importante diretriz em todos os elementos construtivos adotados.

Outra conclusão importante, mas do ponto de vista conceitual de ocupação do solo,

surge no item 2.4 – Considerações Sobre Habitação Popular ao Longo da História – , onde se

verificou que as implantações adotadas em várias culturas, representavam uma situação

fortemente ligada a cada sociedade em particular. Isso não significa que as soluções

pesquisadas foram levadas em consideração, mas sim, revelam a preocupação de se

contextualizar o tipo de ocupação do solo com aspectos sociais, o que aliás constituí uma das

bases do projeto.

Com esses questionamentos, juntamente com a definição do momento específico em

que o projeto é proposto, item 4.2 – Metropolização nas Cidades Brasileiras – , conclui-se

que, em bairros pobres, densamente povoados, é necessário que se leve em consideração

características urbanas e sócio-políticas, não resultando em uma intervenção, mas, melhor

seria dizer, em uma adequação a um tipo de urbanidade fortemente sedimentada. Essas

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conclusões podem ser verificadas através da comparação entre as políticas habitacionais no

período do extinto BNH e a mentalidade atualmente empregada, item 4.3 – Projeto de

Habitação Popular e as Políticas Habitacionais – , no qual fica claro a necessidade de uma

proposta maleável, que se adapte a distintas realidades.

Conclui-se que uma intervenção, no contexto de áreas já ocupadas em encostas e de

população de baixa renda, deva estar baseada em um sistema estrutural e arquitetônico

extremamente livres capazes de se adaptarem a distintas situações. Portanto, a importância do

processo industrial para habitação popular, é ressaltada através de dois aspectos diferentes. O

primeiro, de ordem conceitual, é onde se tenta traduzir um tipo de comportamento com um

desenho industrial, e o segundo é a função dos custos pois, como foi apresentado no capítulo

VII, especificamente tratando-se de estruturas metálicas, seu custo é reduzido conforme se

aumenta a produção, ou seja, o aço apresenta-se econômico naturalmente em uma produção

industrial.

Isso pode ser comprovado, comparando-se os custos das unidades habitacionais

isoladas em relação à implantação, onde se vê uma redução de 40%, contra 15% do concreto e

14% da alvenaria estrutural.

8.2 – RECOMENDAÇÕES

Uma questão que certamente mereceria um estudo profundo, é o binômio estrutura

metálica e painéis de fechamento que, nesse caso, são de concreto celular. Como esses painéis

possuem ferragens no seu interior, caberia uma pesquisa com o objetivo de se estudar uma

solução onde os painéis não atuassem apenas como parede de fechamento, mas também

agissem como elemento estrutural, tentando-se com isso reduzir a espessura dos perfis e,

portanto, o preço final do projeto. Necessita-se para isso de uma análise técnica na área

experimental em estruturas.

Outro tópico que mereceria uma abordagem mais detalhada, é o estudo do modelo

estrutural no qual os detalhes para as plantas baixas, como no caso das unidades habitacionais

6M–345, 6M–445, 7M–145 e 7M–245, que formam ângulos de 45°, resultassem em um

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desenho de fácil execução, pois, no projeto apresentado, teve-se que elaborar uma ligação

específica para o momento em que a estrutura “faz a curva”, sendo este fora do padrão

adotado nas plantas baixas nas quais os pórticos apresentam-se de forma linear. Para isso seria

necessário a elaboração de detalhes capazes de permitir diferentes “curvas” em uma planta

baixa.

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