UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINACENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICACURSO DE ESPECIALIZAÇÃO MULTIPROFISSIONAL NA ATENÇÃO BÁSICA 2016

Lorena Ferrer Casas

Estratégias de uso racional de psicotrópicos parausuários vinculados à UBS de Floriano, Maringá, Paraná

Florianópolis, Março de 2018

Lorena Ferrer Casas

Estratégias de uso racional de psicotrópicos para usuáriosvinculados à UBS de Floriano, Maringá, Paraná

Monografia apresentada ao Curso de Especi-alização Multiprofissional na Atenção Básicada Universidade Federal de Santa Catarina,como requisito para obtenção do título de Es-pecialista na Atenção Básica.

Orientador: Girlane Mayara PeresCoordenadora do Curso: Profa. Dra. Fátima Büchele

Florianópolis, Março de 2018

Lorena Ferrer Casas

Estratégias de uso racional de psicotrópicos para usuáriosvinculados à UBS de Floriano, Maringá, Paraná

Essa monografia foi julgada adequada paraobtenção do título de “Especialista na aten-ção básica”, e aprovada em sua forma finalpelo Departamento de Saúde Pública da Uni-versidade Federal de Santa Catarina.

Profa. Dra. Fátima BücheleCoordenadora do Curso

Girlane Mayara PeresOrientador do trabalho

Florianópolis, Março de 2018

ResumoO consumo de medicamentos psicotrópicos tem sido objeto de diversos estudos devido aseus impactos sociais, econômicos e sobretudo suas implicações na saúde da população.O medicamento psicotrópico são aqueles que agem no Sistema Nervoso Central. O abusode drogas é um dos principais problemas de saúde pública no mundo. Os psicotrópicos,quando utilizados por um período prolongado, causam dependência química e o uso indis-criminado são um dos fatores preocupantes dos profissionais da saúde. O objetivo desteestudo foi propor estratégias de uso racional de psicotrópicos para usuários vinculados àUBS de Floriano. Será realizado levantamente com a equipe de saúde, enfermeiro, farma-cêutico, técnico de enfermagem e agente comunitário sobre as pessoas que fazem uso depsicotrópico na unidade de saúde, serão levantados o tempo de uso, os medicamentos queutiliza, o tempo que está sendo acompanhada pela equipe, estratégias não medicamentosasque participa ou participou. Para coletar os dados os profissionais utulizarão os prontuá-rios. Será também realizada entrevista com os usuários para a coleta dos dados do perfil, aentrevista ocorrerá durante as consultas dos médico, enfermeira, e visitas domiciliares dasagentes comunitárias. Após, será tabelado e organizado os dados coletados pela equipe.Serão construídos Projetos terapêuticos singulares (PTS) para os pacientes mais crônicos,o PTS será acompanhado pelos profissionais e revistos a cada 6 meses. Espera-se com esseprojeto de intervenção ampliar a qualidade de vida das pessoas que utilizam psicotrópicose que são acompanhadas pela unidade básica de saúde. Nesse sentido, com o controleda medicação, projeto terapêutico singular, terapias não medicamentosas, espera-se quediminua o sofrimento das pessoas, aumento seu vínculo com a equipe de saúde, que estaúltima torna-se parte de sua rede significativa, e que diminua ou cesse a quantidade depsicotrópicos utilizados.

Palavras-chave: Atenção Primária à Saúde, Promoção da Saúde, Uso de Medicamentos.Farmacoepidemiologia. Psicotrópico.

Sumário

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

2 OBJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112.1 Objetivo Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112.2 Objetivos Específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

3 REVISÃO DA LITERATURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

4 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

5 RESULTADOS ESPERADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

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1 Introdução

Floriano é um distrito localizado no município de Maringá-PR. Possui uma populaçãomajoritariamente católica e camponesa com baixo nível educacional. Há, dentre os serviçosde saúde, uma Unidade Básica de Saúde (UBS) que conta com o serviço de uma farmacia,consulta de odontologia, psicologia e fisioterapia que compõem à atençao basica de saúde.A população cadastrada na UBS é composta por 6.184 pessoas, delas 2094 são mulheres e4090 homens; além disso 3251 (52,5%) possui menos de 20 anos, 1699 (27,4%) representaa população entre 20 e 59 anos e 1234 (19,9%) possui mais de 60 anos.

Dentre as doenças prevalentes no ano de 2015, destaca-se a Hipertensão Arterial (HAS)com 16,2% (n=1002) pessoas e 11,6% (n=720) com Diabetes Mellitus (DM). Em relaçãoa incidência, a HAS e DM foram as doenças predominantes com 27,8%, seguido de para-sitismo intestinal com 24,2% do total da população total, e gripes e resfriacos com 10,9% do total da população total. Além disso, 15,9% do total da população tinha dores nasarticulações, sendo estas cinco queixas mais comuns que levaram a população a procuraratendimento na UBS.

Em relação à saúde materno - infantil durante o ano 2015, não houve óbitos em menoresde um ano, o 100 % das crianças forem vacinados mensalmente, além disso acompanhou-se 112 (98,4%) gestantes com no minimo 7 consultas, atingindo a metas esperadas. Ospontos positivos o atendimento da rede mãe paranaense no nosso municipio que vemobtendo resultados excelentes. Neste mesmo ano, as cinco principais causas de mortesdos residentes de nosso bairro forem doenças vasculares, hipertensão Arterial e diabetesMellitus, doenças cerebrovasculares e neoplasias. Forem internados as pessoas com maisde 60 anos por causas como neoplasias, hipertensão, diabetes e infartos cerebrais.

Os principais problemas de saúde da população do município Floriano são: Hiper-tensão Arterial, Diabetes Mellitus e consumo de drogas psicotrópicas. Em relação a essaúltima, na contemporaneidade, o ritmo e estilo de vida predominantes levam a populaçãoa vivenciar situações cada vez mais estressantes e difíceis. Cobranças por produtividade,trânsito intenso, excesso de atividades, balbúrdia; podem levar as pessoas à busca de so-luções para contornar a ansiedade decorrente destas vivências. Uma das opções adotadasrefere – se ao uso de substâncias psicoativas, às vezes para dormir melhor ou até mesmoter um maior rendimento nas atividades cotidianas.

Os medicamentos psicotrópicos têm como principal objetivo o tratamento de pessoasem sofrimento psíquico, contudo, são prescritos e utilizados para as mais diversas situa-ções. Estudos evidenciam que, entre os mais consumidos pela população adulta encontram-se os da classe dos ansiolíticos, sendo que, o motivo envolve vários fatores, entre os quais,cita-se o estresse, a depressão, a ansiedade, a insônia, problemas sociais, entre outros.

Este tema é importante para mim, médica da unidade de saúde, porque o uso de psi-

10 Capítulo 1. Introdução

cotrópicos nos últimos anos mostrou-se crescente na sociedade, possivelmente por causadas novas cobranças do mundo atual que representam um papel importante nesse pro-cesso. Desde o seu surgimento os medicamentos são essenciais para o tratamento dasmais diversas patologias, entre as quais os transtornos mentais, onde são usados, prin-cipalmente medicamentos psicotrópicos. Essas substâncias afetam diretamente o humore o comportamento, pois,apresentam uma ação complexa que abrange a atividade dosneurotransmissores centrais, com implicações sistêmicas no organismo. Assim sendo, seuconsumo abusivo pode resultar em graves consequências à saúde dos usuários, ou aindana interação medicamentosa, inclusive,levando à dependência.

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2 Objetivos

2.1 Objetivo GeralPropor estratégias de uso racional de psicotrópicos para usuários vinculados à UBS

de Floriano.

2.2 Objetivos Específicos• Conhecer o fluxo de dispensação de psicotrópicos pela equipe de saúde aos usuários

vinculados a UBS de Floriano.

• Identificar os mecanismos de acompanhamento dos pacientes que fazem uso de psi-cotrópicos pela equipe de saúde da UBS.

• Identificar o perfil dos pacientes que fazem uso de psicotrópicos.

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3 Revisão da Literatura

AS drogas psicotrópicas são substâncias psicoativas que afetam várias áreas de ativi-dade mental, modificando significativamente as habilidades motoras, estados de consci-ência, a capacidade sensorial e perceptiva e comportamento em geral. Tal como acontececom drogas em geral, estas substâncias não afectar outros órgãos e sistemas do corpoem graus variados, dependendo do tipo de substância, da dose e demorado; razões, amaioria são drogas de prescrição e uso controlado. No entanto, alguns destes e semelhan-tes preparações, embora não disponível para a população como um contador produtos,existe a prática de auto-medicação, para que os benefícios são inexistentes (HEINECKet al., 1998). Os medicamentos psicotrópicos são remédios utilizados no combate da an-siedade, agitação, insônia, angústia, depressão, que são sintomas muito frequentes emdiversos agravos. As drogas psicotrópicas são também denominadas psicoativas, sedativasou tranquilizantes, podendo ser usadas como estimulantes (BALDESSARINI, 1995). Al-gumas dessas substâncias como os tranquilizantes, quando utilizados de forma continuadapor meses ou anos, além de provocarem dependência física e psíquica, podem levar a umaqueda do rendimento individual, como diminuição da memória, atenção, força muscular epotência sexual. Tais condições podem ainda,acentuar a ansiedade ou a depressão, criandoum círculo vicioso negativo (RANG et al., 2001)

. A possibilidade de desenvolver dependência sempre deve ser consi-derada, principalmente na vigência de fatores de risco, tais como usoinadequado por idosos e usuários das demais faixas etárias, poliusuá-rios de drogas, tentativa de alívio de estresse ou doenças psiquiátricas edistúrbios do sono (MOURA et al., 2016, p. 137).

É comum observar overdose de psicofármacos entre as tentativas de suicídio, associa-dos ou não a outras substâncias(WANDERLEY; CAVALCANTI; SANTOS, 2013). Dessemodo, o controle desses fatores de risco ganha um forte aliado, pois, devido à proximi-dade com famílias e comunidades, as equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF), quedesenvolvem suas atividades na Atenção Primária em Saúde (APS), atuam como um re-curso estratégico para o enfrentamento de importantes problemas de saúde pública,como:agravos vinculados ao uso abusivo de álcool ou outras drogas, problemas vinculados àviolência, estratégias de redução de danos, casos de transtornos mentais severos e persis-tentes e diversas outras formas de sofrimento psíquico. Assim, atualmente tem a funçãode evitar práticas que levem a psiquiatrização, uso irracional e medicalização de situaçõesindividuais e sociais, comuns na vida cotidiana (VIDAL et al., 2013).

A ansiedade está presente na maioria dos transtornos psiquiátricos, emmuitos dos quais é um sintoma secundário. Entretanto, nos chamadosTranstornos de Ansiedade, ela é a manifestação principal. O tratamento

14 Capítulo 3. Revisão da Literatura

desses quadros, em particular, modificou-se de forma radical nestes úl-timos 20 anos. (??)

Os benzodiazepínicos constituem um grupo de drogas, cujos primeiros representantesforam o clordiazepóxido e o diazepam. Quase todos os benzodiazepínicos têm proprieda-des farmacológicas semelhantes como: sedativos, ansiolíticos, hipnóticos, relaxantes mus-culares, anticonvulsivantes, produzem dependência e reações de abstinência. Têm poucosefeitos sobre o aparelho cardio-circulatório e respiratório o que explica sua larga margemde segurança. Tal medicamento é frequantemente utilizado para transtornos de ansiedadecomo o transtorno do pânico, transtorno de ansiedade generalizada. Entretanto, com ouso prolongado a pessoa tende a desenvolver tolerância e dependência. (??)

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4 Metodologia

Será realizado levantamente com a equipe de saúde, enfermeiro, farmacêutico, técnicode enfermagem e agente comunitário sobre as pessoas que fazem uso de psicotrópico naunidade de saúde, leraão levantados o tempo de uso, os medicamentos que utiliza, o tempoque está sendo acompanhada pela equipe, estratégias não medicamentosas que participaou participou. Para coletar os dados os profissionais utulizarão os prontuários. Será tam-bém realizada entrevista com os usuários para a coleta dos dados do perfil, a entrevistaocorrerá durante as consultas dos médico, enfermeira, e visitas domiciliares das agentescomunitárias. Após, será tabelado e organizado os dados coletados pels equipe. A equipese reunirá uma vez a cada quinze dias para apresentar os dados e pensar na continuidadeda intervenção. Esse levantamento ocorrerá entre novembro de 2017 a fevereiro de 2018.

Após a construção da tabela, serão construídos Projetos terapêuticos singulares (PTS)para os pacientes mais crônicos, o PTS será acompanhado pelos profissionais e revistos acada 6 meses. Além disso, será proposto atividades terapêuticas em grupo quinzenalmentee atividade física semanal. Todos os profissionais serão responsáveis. Essas atividades serãoplanejadas nos encontros quinzenais com a equipe.

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5 Resultados Esperados

Espera-se com esse projeto de intervenção ampliar a qualidade de vida das pessoasque utilizam psicotrópicos e que são acompanhadas pela unidade básica de saúde. Nessesentido, com o controle da medicação, projeto terapêutico singular, terapias não medica-mentosas, espera-se que diminua o sofrimento das pessoas, aumento seu vínculo com aequipe de saúde, que esta última torna-se parte de sua rede significativa, e que diminuaou cesse a quantidade de psicotrópicos utilizados.

Acredita-se que esse projeto qualificará a equipe sobre o tema da saúde mental, princi-palmente devido às suas reuniões, e diminua gastos com medicamento. Dessa forma, esseprojeto, além de promover a qualidade de vida, também poderá prevenir doenças.

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Referências

BALDESSARINI, R. J. Drugs and the treatment of psychiatric disorders: psychosis andanxiety. In: HARDMAN, J. G.; GILMAN, A. G.; LIMBIRD, L. E. (Ed.). GoodmanGilman´s the pharmacological basis of therapeutics. New York: McGraw Hill, 1995. p.399–430. Citado na página 13.

HEINECK, I. et al. Análise da publicidade de medicamentos veiculadas em emissoras derádio do rio grande do sul, brasil. Cadernos de Saúde Pública (FIOCRUZ), v. 14, n. 1,p. 193–198, 1998. Citado na página 13.

MOURA, D. C. N. et al. Uso abusivo de psicotrÓpicos pelos usuÁrios da estratÉgiasaÚde da famÍlia: RevisÃo integrativa da literatura. SANARE, v. 15, n. 2, p. 136–144,2016. Citado na página 13.

RANG, H. P. et al. Farmacologia. RIO DE JANEIRO: Guanabara Koogan, 2001. Citadona página 13.

VIDAL, C. et al. Common mental disorders and use of psychotropic drugs in women.Cad Saude Colet, v. 21, n. 4, p. 457–464, 2013. Citado na página 13.

WANDERLEY, T. C.; CAVALCANTI, A. L.; SANTOS, S. Práticas de saúde na atençãoprimária e uso de psicotrópico: uma revisão sistemática da literatura. Ciênc Méd Biol[serial on the internet], v. 12, n. 1, p. 121–126, 2013. Citado na página 13.