estratégias didático-pedagógicas e avaliação nos ciclos

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CADERNO DE PERGUNTAS E RESPOSTAS ESTRATÉGIAS DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS E AVALIAÇÃO NOS CICLOS 2013 SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO

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Caderno de Perguntas e Respostas – Estratégias Didático-pedagógicas e Avaliação nos ciclos

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Page 1: Estratégias Didático-pedagógicas e Avaliação nos ciclos

CADERNO DE PERGUNTAS E RESPOSTAS

ESTRATÉGIAS DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS E AVALIAÇÃO NOS CICLOS

2013

SECRETARIA DE ESTADO

DE EDUCAÇÃO

Page 2: Estratégias Didático-pedagógicas e Avaliação nos ciclos

CADERNO DE PERGUNTAS E RESPOSTAS

ESTRATÉGIAS DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS E

AVALIAÇÃO NOS CICLOS

ESTRATÉGIAS DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS PARA A

ORGANIZAÇÃO ESCOLAR EM CICLOS

SECRETARIA DE ESTADO

DE EDUCAÇÃO

Page 3: Estratégias Didático-pedagógicas e Avaliação nos ciclos

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ESTRATÉGIAS DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS PARA A ORGANIZAÇÃO ESCOLAR EM

CICLOS

Professor (a),

“O que eu vi, sempre, é que toda ação principia mesmo é por uma palavra pensada. Palavra pegante, dada ou guardada, que vai rompendo rumo.”

João Guimarães Rosa

Em 2013 a Secretaria de Estado de Educação (SEDF) implanta a organização

escolar em ciclos em alguns centros de ensino fundamental que oferecem os anos finais.

No Recanto das Emas, duas escolas acolheram a implantação da proposta neste ano,

sendo que os outros onze centros de ensino implantarão no ano de 2014, respaldados

pelo argumento da necessidade de um tempo maior para apropriação da proposta de

ciclos. A implementação da política de ciclos requer construção coletiva que envolve

professores, gestores, equipes pedagógicas, estudantes, comunidade escolar e

Coordenação Regional de Ensino. Para isso, apresentamos algumas estratégias didático-

pedagógicas, sem a intenção de prescrever ações, mas orientar a constituição de

processos inovadores de ensinar, aprender, pesquisar e avaliar no espaço concreto da

escola e sala de aula, considerando a complexidade da educação, mas também todas as

possibilidades existentes na escola pública e, o fato de contarmos com profissionais

qualificados.

Em atendimento à solicitação dos professores1, estas estratégias destinam-se

também às escolas que em 2013 continuam com a organização seriada. A expectativa é

de preparação prévia e formação dos professores para universalização do ciclo III em

2014 em todas os Centros de Ensino Fundamental desta CRE.

Estas Estratégias surgem de “uma palavra pensada” a partir da necessidade de

elaboração de uma nova organização escolar, com a intenção de que sejam analisadas,

criticadas, ampliadas nos espaços de discussão e formação coletiva da escola, Regional

de Ensino, EAPE entre outros, ou seja, que as palavras pensadas rompam rumo à

construção de uma escola pública, democrática e de qualidade social para todos.

Page 4: Estratégias Didático-pedagógicas e Avaliação nos ciclos

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Os ciclos “organizam e regularizam o fluxo de estudantes ao longo da

escolarização, buscando abolir uma das principais estratégias que os professores

brasileiros vêm adotando frente a não aprendizagem dos estudantes: a reprovação.

Basicamente pode ser descrito como forma de abranger “períodos de escolarização que

ultrapassam as séries anuais, organizados em blocos que variam de dois a cinco anos de

duração” (BARRETO e MITRULIS, 1999, p. 29).

Na perspectiva de uma escola em ciclos, a SEDF propõe nova organização escolar

para a educação infantil e ensino fundamental e médio:

• Primeiro Ciclo (Educação Infantil)

- 0 a 3 anos (creche)

- 4 e 5 anos

• Segundo Ciclo (Ensino Fundamental – séries iniciais)

- Bloco I – Bloco Inicial de Alfabetização - BIA

- Bloco II – 4º e 5º anos

• Terceiro Ciclo (Ensino Fundamental – séries finais)

– 6º ao 9º anos

• Quarto Ciclo (Ensino Médio em semestralidade)

- 1º ano – Bloco I e II

- 2º ano – Bloco I e II

- 3º ano – Bloco I e II

Para Perrenoud (2000), a adoção de ciclos compartilha responsabilidades

individuais e coletivas, sendo o trabalho pedagógico coletivo, parte do projeto político-

pedagógico da escola, condição para a sua implementação. A coordenação pedagógica,

espaço privilegiado de desenvolvimento da colegiabilidade reveste-se de significado ao

focalizar o planejamento, acompanhamento e avaliação das estratégias pedagógicas

previstas para os Ciclos. A perspectiva é de reorganização do tempo-espaço escolar com

estratégias didático-pedagógicas como as apresentadas neste documento.

Vamos compreender um pouco

mais o que é a organização escolar em Ciclos?

Page 5: Estratégias Didático-pedagógicas e Avaliação nos ciclos

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A implantação de ciclos surge como alternativa que demanda a reorganização dos

tempos e espaços escolares visando superar a forma como tem sido concebidos e

trabalhados os conhecimentos ao longo do tempo, ou seja, em uma dimensão

quantitativa, fragmentada e linear.

Na escola encontramos a dimensão de tempo expressa na organização: cinco

horas de aula; 40 ou 50 minutos conjugados; tempo para a recreação; tempo para a

leitura; tempo para a alimentação escolar. Tempo fragmentado, determinado, que, ao ser

definido em termos quantitativos, interfere na organização do processo didático em que se

desenvolvem ações, meios e condições para a realização da formação, do

desenvolvimento e do domínio dos conhecimentos pelos estudantes. (SILVA, 2011).

Considerando ser a promoção das aprendizagens dos estudantes o principal objetivo da

escola, esta precisa se organizar em torno desse propósito, incluindo a maneira de

organizar seus tempos, diversificando-os de acordo com as necessidades dos estudantes

e de forma a imprimir maior qualidade ao trabalho pedagógico.

Quanto ao espaço escolar, este precisa ser compreendido para além “de um

continente planificado a partir de pressupostos exclusivamente formais no qual se situam

os atores que intervêm no processo de ensino-aprendizagem para executar um repertório

de ações.” (ESCOLANO, 2001. p. 26). De acordo com o autor, “o espaço escolar tem de

ser analisado como um constructo cultural que expressa e reflete, para além de sua

materialidade, determinados discursos, [...], é um elemento significativo do currículo, uma

fonte de experiência e aprendizagem.” (idem).

A compreensão de tempo e espaço nas perspectivas acima apresentadas

favorecerá a sua reorganização a partir de um projeto político-pedagógico de escola, que

considere a realidade existente na rede pública de ensino do DF. Este é um dos desafios

a serem enfrentados por todos na implantação da organização por ciclos - como

podemos, a partir da realidade existente, reorganizar tempo e espaço escolar? Significa,

Reorganizar o tempo-espaço

escolar é um grande desafio para nós, vamos compreender melhor

como isso pode se dá?

Page 6: Estratégias Didático-pedagógicas e Avaliação nos ciclos

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sobretudo, superar a fragmentação e desarticulação do conhecimento curricular como

ocorre com a escolarização do estudante no sistema seriado.

Na organização escolar em ciclos, a ordenação do conhecimento se faz em

espaços de tempo maiores e mais flexíveis, que favorecem o trabalho pedagógico

diversificado e integrado, necessário em qualquer sistema de ensino democrático que, ao

acolher indistintamente a comunidade, inclui estudantes de diferentes classes sociais,

estilos e ritmos de aprendizagem. Os ciclos oferecem ao professor e à escola a

possibilidade de promover as aprendizagens de todos os sujeitos.

A opção por essa forma de ordenação do ensino precisa vir acompanhada de

mudanças quanto à organização da proposta curricular, à concepção de educação

escolar obrigatória, fundamental e democrática, de aprendizagem e do processo

avaliativo. Para isso, o trabalho pedagógico deve ser organizado com todo o coletivo da

instituição escolar, envolvendo professores, equipe gestora e pedagógica, para que haja

movimento dinâmico dos espaços e tempos na escola com vistas às aprendizagens dos

estudantes.

Para garantir a qualidade do trabalho coletivo, assumimos o compromisso com a

coordenação pedagógica semanal, espaço-tempo privilegiado de formação continuada,

de estudo, planejamento, discussão, avaliação do trabalho pedagógico. Cada escola

elaborará o seu Plano de Ação para a Coordenação Pedagógica, sob a orientação da

CRE/GREB. Este Plano comporá o projeto político-pedagógico da escola e será

acompanhado e avaliado pela equipe gestora, coordenadores pedagógicos, professores e

pelos coordenadores pedagógicos intermediários da CRE. Outros momentos importantes

para a discussão coletiva que culminarão em ações de implementação dos ciclos

ocorrerão nas comunidades de aprendizagens, ação do Projeto “Formação centrada na

escola: significando o espaço-tempo da coordenação pedagógica”, criado na CRE do

Recanto das Emas no segundo semestre de 2012. As “comunidades de aprendizagens”

são:

Viram como o trabalho coletivo é fundamental para a organização escolar em ciclos. Essa organização deve fazer parte do projeto político-pedagógico da escola e tem a coordenação pedagógica

como o espaço de seu planejamento, acompanhamento e avaliação.

Page 7: Estratégias Didático-pedagógicas e Avaliação nos ciclos

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(redes) organizativas que permitam um processo de comunicação entre os pares e intercâmbio de experiências para possibilitar a atualização em todos os campos de intervenção educativa e aumentar a comunicação entre o professorado para refletir sobre a prática educativa mediante a análise da realidade educacional, a leitura pausada, o intercâmbio de experiências, os sentimentos sobre o que acontece, a observação mútua, os relatos de vida profissional, os acertos e os erros... que possibilitem a compreensão, a interpretação e a intervenção sobre a prática. (IMBERNÓN, 2009, p. 40-41)

É certo que o potencial criativo dos professores e equipes pedagógicas aliado às

experiências, saberes e conhecimentos desses profissionais, bem como o próprio projeto

político-pedagógico da escola, ampliará ainda mais as possibilidades em torno do trabalho

pedagógico nos Ciclos, especificamente nos anos finais do ensino fundamental. No

entanto, cabe à Coordenação Regional de Ensino orientar, acompanhar e avaliar a

implementação dos Ciclos.

Avaliação da Aprendizagem: na perspectiva da organização escolar em ciclos

Geralmente, a concepção de avaliação, baseada no modelo classificatório da

aprendizagem do aluno gera competição e estimula o individualismo na escola,

produzindo entendimentos da educação como mérito, restrita ao privilégio de poucos e

contribuindo para a não democratização do saber. Villas Boas (2012) adverte que:

Um dos maiores problemas da educação brasileira tem sido a reprovação dos estudantes, até agora entendida como necessária para que o trabalho pedagógico seja considerado sério e para "obrigá-los" a estudar. Este é um dos mitos a serem derrubados.

Vamos começar refletindo sobre avaliação da aprendizagem?

Page 8: Estratégias Didático-pedagógicas e Avaliação nos ciclos

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A crença na reprovação como fator de pressão para a dedicação aos estudos

encontra-se pautada na coerção como mecanismo motivador e pode validar o estudo

apenas como meio de obter notas e não de aprender. Um processo educacional que se

proponha a contribuir para a formação de sujeitos autônomos não pode ser conduzido

dessa forma, sob pena de produzir um ensino voltado à preparação exclusiva para a

realização de provas e exames.

A motivação para estudar deve estar no desejo de saber, na curiosidade de descobrir, de se aventurar por caminhos desconhecidos e de aprender coisas novas, e é nisso que a escola para todos precisa se pautar para ajudar os alunos a construírem os motivos para estudar. (JACOMINI, 2009, p. 155).

O mito da reprovação como garantia de melhor desempenho dos estudantes é,

ainda reforçado, pela tendência em acreditar que a não reprovação dispensa avaliações e

camufla a baixa qualidade do ensino.

Contrária a esses pressupostos, a progressão continuada das aprendizagens dos

estudantes, implícita na organização escolar em ciclos, demanda acompanhamento

sistemático do seu desempenho por meio de avaliação realizada permanentemente. É

esse processo avaliativo formativo que viabiliza e conduz professores e equipe

pedagógica da escola a repensarem o trabalho pedagógico desenvolvido, buscando

caminhos que possibilitem sua melhoria em atendimento às necessidades de

aprendizagem evidenciadas pelos estudantes.

A progressão continuada consiste na construção de um processo educativo

ininterrupto, capaz de incluir e oferecer condições de aprendizagem a todos os

estudantes, rompendo com avaliação classificada, fragmentada e permeada pela

reprovação anual (JACOMINI, 2009). A progressão continuada não permite que os

estudantes avancem sem terem garantidas suas aprendizagens. É "um recurso

pedagógico que, associado à avaliação, possibilita o avanço contínuo dos estudantes de

modo que não fiquem presos a grupo ou turma, durante o mesmo ano letivo” (OLIVEIRA,

PEREIRA, VILLAS BOAS, 2012). Fundamenta-se na "ideia de que o estudante não deve

repetir o que já sabe; e não deve prosseguir os estudos tendo lacunas em suas

aprendizagens” (Idem, p. 9). Isso significa que os estudantes progridem sem interrupções,

sem lacunas e sem percalços que venham interromper a evolução do seu

desenvolvimento escolar. É esse o principal aspecto que difere a progressão continuada

da promoção automática, na qual o estudante é promovido independentemente de ter

aprendido. Neste último caso valem as notas obtidas, o que não acontece na organização

escolar em ciclos, em que a aprendizagem é o que se deseja por parte de todos.

Page 9: Estratégias Didático-pedagógicas e Avaliação nos ciclos

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A progressão continuada pode ser praticada por meio dos seguintes mecanismos:

reagrupamentos de estudantes ao longo do ano letivo, levando em conta as suas

necessidades de aprendizagens, de modo que eles possam interagir com diferentes

professores e colegas; avanço dos estudantes de um ano a outro, durante o ano letivo, se

os resultados da avaliação assim indicarem. A escola poderá ainda, acrescentar outros

mecanismos após análise pelo conselho de classe.

É importante considerar que a progressão continuada, quando bem compreendida

e praticada, pode ser facilitadora do trabalho pedagógico por dois motivos. Em primeiro

lugar, a atuação dos professores é valorizada e eles tenderão a sentir prazer com o que

fazem. Os seus resultados serão prontamente reconhecidos pela escola e pelos

pais/responsáveis. Em segundo lugar, os estudantes se sentirão incentivados a continuar

sua trajetória de aprendizagem ao perceberem claramente seus avanços. Além disso, por

meio de processo de autoavaliação, eles passarão a traçar seus objetivos de

aprendizagem. E mais: em vez de esperarem o final do ano para serem "promovidos",

irão vencendo etapas e progredindo. Isso é o que se espera da escola voltada para as

necessidades sociais. Estes dois motivos se entrelaçam: professores e estudantes

estarão unidos em busca das aprendizagens e do trabalho pedagógico que faça

diferença.

A proposta de organização escolar em ciclos exige mudança nos processos

avaliativos, uma vez que a avaliação não cumpre mais a função de aprovar ou reprovar e

sim de promover o progresso contínuo das aprendizagens dos estudantes. Constitui,

portanto, importante iniciativa para o desenvolvimento de práticas pedagógicas – incluindo

as avaliativas - progressistas e democráticas no interior da sala de aula e no âmbito da

escola. Nessa perspectiva, os tempos e espaços destinados à organização do trabalho

pedagógico, tais como a coordenação pedagógica coletiva, a avaliação institucional e os

conselhos de classe, assumem relevância política e pedagógica ao possibilitar o

Como vimos, a progressão continuada é aliada da avaliação formativa, isto é, garante o seu

desenvolvimento.

Page 10: Estratégias Didático-pedagógicas e Avaliação nos ciclos

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questionamento de ações que destoam de concepções educativas emancipatórias

condizentes com a organização escolar em ciclos.

A organização da escola em ciclo está, portanto, em consonância com um

processo educativo inclusivo, o que implica em maior respeito à diversidade de

desempenhos por parte dos alunos e minimiza o êxito de processos avaliativos

padronizados e uniformes que desconsideram as particularidades que caracterizam cada

sujeito aprendente e a diversidade de ritmos e tempos necessários à sua aprendizagem.

Tais práticas tendem a naturalizar o fracasso escolar, atribuindo-o unicamente à falta de

esforço ou compromisso dos estudantes e/ou de suas famílias com os estudos, incidindo

negativamente sobre esses sujeitos, especialmente sobre a parcela mais pobre da

população que se encontra na escola pública.

A homogeneização da avaliação induz à comparação de domínio do conhecimento

e à classificação de desempenho dos estudantes, práticas que destoam de um processo

avaliativo formativo e, consequentemente, do ensino desenvolvido em uma escola

organizada em ciclos. A prática avaliativa formativa considera as individualidades dos

sujeitos a fim de garantir a todos eles os meios necessários para que possam progredir

em suas aprendizagens. Perrenoud apud André explica que considerar as diferenças é

“encontrar situações de aprendizagem ótimas para cada aluno, [...]”. (1999, p. 12),

perspectiva em que segundo André, “tenta-se construir dispositivos para a

individualização de percursos, organiza-se a progressão escolar por vários anos, criam-se

ciclos de aprendizagem, inventa-se uma nova organização pedagógica.” (ANDRÉ, 1999,

p. 12). A grande questão a ser considerada na pedagogia diferenciada, como diz

Perrenoud, “é como levar em conta as diferenças sem deixar que cada um se feche na

sua singularidade, no seu nível, na sua cultura de origem?”.

Para a construção de um trabalho educativo que possibilite alcançar a todos,

independente de suas condições econômicas, sociais e culturais e, condizente com a

proposta de ensino na escola em ciclos, faz-se necessário que a escola promova espaços

reflexivos que favoreçam o (re) pensar de seus objetivos, práticas pedagógicas e

avaliativas, tendo em vista o cidadão que se quer formar, a escola e a sociedade que se

pretende ajudar a construir.

Nesse sentido, um ambiente escolar adequado às aprendizagens deve incluir

discussões que possibilitem estabelecer com clareza as intencionalidades da avaliação

praticada pela escola, favorecendo:

a) O estabelecimento de objetivos e critérios que definam o que se espera, ou se

julga fundamental poder esperar do conteúdo a ser trabalhado para suprir as

Page 11: Estratégias Didático-pedagógicas e Avaliação nos ciclos

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necessidades específicas de aprendizagem. A intenção é a de que o aluno se

aproprie e saiba se situar em função dos critérios estabelecidos, permitindo a

análise e a melhoria das suas produções e do seu percurso de aprendizagem

(FERREIRA, 2012).

b) Estabelecimento de canais de comunicação entre professor e alunos (feedback)

para otimização das aprendizagens.

c) Processos de autoavaliação a partir da análise progressiva das produções dos

estudantes pelos próprios estudantes e professores.

d) O planejamento de projetos interventivos, reagrupamentos, entre outras ações

didáticas definidas pelo coletivo de professores, com vistas ao desenvolvimento

da aprendizagem dos estudantes. Sobre esse aspecto, vale lembrar que o

desenvolvimento de projetos pedagógicos pela escola, pautado na concepção

de educação e avaliação aqui defendida é oportuno para o fortalecimento do

trabalho docente em equipe, onde dois ou mais professores assumem a

responsabilidade por um grupo maior de estudantes (VILLAS BOAS, 2010).

e) Desenvolvimento de processos de autoavaliação a partir da análise progressiva

das produções dos estudantes, das atividades avaliativas propostas pelos

docentes e dos avanços alcançados, reconhecendo o “erro” como elemento de

compreensão das elaborações conceituais do aluno, possibilitando intervenções

pontuais.

f) Busca de alternativas para resolução de problemas de caráter atitudinal

observados pelo professor e equipes pedagógica e de apoio da escola.

g) Estabelecimento de contratos didáticos para que haja melhor aproveitamento e

dinamismo durante o processo ensino-aprendizagem.

É essencial que no planejamento dessas ações participem a equipe gestora e de

apoio (SEAA2, SOE, Sala de Recursos), coordenadores pedagógicos, professores,

estudantes numa relação dialógica e recíproca.

A avaliação formativa desenvolvida em todo o Ciclo e prevista no projeto político-

pedagógico da escola terá como principal referência o Currículo da Educação Básica da

SEDF, a partir do qual as escolas elaborarão suas propostas curriculares: organizando os

conteúdos de forma integrada e flexível; planejando coletivamente diferentes

Page 12: Estratégias Didático-pedagógicas e Avaliação nos ciclos

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procedimentos metodológicos; diversificando os procedimentos de avaliação da

aprendizagem, resguardando os ritmos diferenciados e a heterogeneidade, característica

dos processos de aprendizagem humana; realizando processos contínuos de

compartilhamento de experiências, saberes e de reflexão conjunta acerca da evolução do

desenvolvimento de cada aluno e da turma, nos espaços/tempos destinados às

coordenações pedagógicas coletivas e Conselho de Classe.

O Conselho de Classe3, uma das mais relevantes instâncias avaliativas da escola

acontecerá ao final de cada bimestre ou quando a escola julgar necessário, com o

objetivo de avaliar de forma ética aspectos atinentes à aprendizagem dos alunos:

necessidades individuais, intervenções realizadas, avanços alcançados no processo

ensino-aprendizagem, além das estratégias pedagógicas adotadas, entre elas, o projeto

interventivo e os reagrupamentos. Os registros do conselho de classe relatando os

progressos evidenciados e as ações pedagógicas necessárias para a continuidade da

aprendizagem do estudante devem ser mais detalhadas. No anexo 1 apresentamos uma

ficha como sugestão para registros do Conselho de Classe.

Para acompanhar o processo de desenvolvimento dos estudantes, algumas

práticas podem ser viabilizadas a partir de planejamento individual e/ou coletivo dos

professores:

a) Análises reflexivas sobre evidências de aprendizagens a partir de questionamentos

como: o estudante apresentou avanços, interesses, desenvolvimento em outras

áreas de conhecimento? As tarefas avaliativas e as observações feitas permitem

perceber avanços em que sentido? O aluno ou grupos de alunos precisam de mais

tempo ou de mais atenção dos professores para alcançar as aprendizagens

necessárias? Compreendem-se as razões didáticas, epistemológicas, relacionais

de o aluno não avançar na direção esperada?

b) Organização de situações para que alunos e professores se conheçam melhor e

conversem sobre a escola que desejam. Para isso, dinâmicas de grupo podem ser

planejadas pelo coletivo de professores e coordenação pedagógica. Esse

procedimento pode fazer parte da avaliação diagnóstica inicial realizada no início

do ano letivo, ou sempre que for necessário.

c) Registro de aspectos que permitam acompanhar, intervir e promover oportunidades

de aprendizagem a cada aluno sem perder a atenção ao grupo de estudantes. Os

Page 13: Estratégias Didático-pedagógicas e Avaliação nos ciclos

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registros podem ser feitos pelos profissionais do SOE, SEAA, Sala de Recursos,

coordenação pedagógica e professores ou pelos próprios alunos na autoavaliação.

d) Observação e anotação do que os alunos “ainda não compreenderam, do que

“ainda” não produziram, do que “ainda” necessitam de maior atenção e orientação,

por meio de anotações no Diário de Classe. Essa prática possibilita aos

professores que lidam com um mesmo estudante ou grupos de alunos, conhecê-

los melhor para definir estratégias conjuntas; sugerir novas atividades e/ou tarefas

interdisciplinares. A observação como procedimento avaliativo permite localizar

cada estudante ou grupo de alunos em seu momento e trajetos percorridos,

alterando o enfoque avaliativo e as “práticas de recuperação”, além das atividades

desenvolvidas no Projeto Interventivo, Parte Diversificada e Reagrupamentos.

A preocupação com a reprovação é frequente entre os docentes quando se

trabalha com a organização escolar em ciclos. A reprovação será admitida ao término do

Ciclo III nos seguintes casos: alunos que apresentarem faltas escolares que ultrapassem

o determinado pelo Regimento Escolar da SEDF (2009); alunos que não alcançarem

objetivos/metas definidas para o Ciclo com justificativa elaborada pelos professores e

registros sistematizados feitos ao longo do processo, evidenciando as estratégias

adotadas pelo professor e equipe de apoio para atender às necessidades específicas de

aprendizagens do estudante. Neste caso, há necessidade da anuência do Conselho de

Classe.

A avaliação no Ciclo, baseada na lógica formativa da avaliação, considera o

estabelecimento de metas ao final de cada período, tendo como referência o Currículo de

Educação Básica, os saberes e experiências dos estudantes e das turmas. Ao avaliar é

preciso clareza sobre os pontos de partida e de chegada. Para isso, as escolas serão

orientadas pelas equipes pedagógicas da SEDF e Coordenações Regionais de Ensino –

CRE e Gerências Regionais da Educação Básica – GREB por meio de fóruns, estudos,

promoção de discussões coletivas com o intuito de subsidiá-las teórica e

metodologicamente.

Page 14: Estratégias Didático-pedagógicas e Avaliação nos ciclos

12

Reagrupamentos

A forma mais usual utilizada pelos sistemas de ensino para agrupar os estudantes

nas escolas, são os agrupamentos fixos, classes montadas segundo critérios que

normalmente consideram idade, nível de desenvolvimento cognitivo, conhecimentos,

entre outros. Essa forma de agrupamento está consolidada na sociedade e acaba por

dificultar a aceitação de novas alternativas pedagógicas, ao mesmo tempo, merece

reflexão fundamentada na intencionalidade educativa expressa por meio da opção política

e pedagógica que os sistemas de ensino fazem ao defender outra forma de organização.

O reagrupamento de estudantes é uma estratégia pedagógica que permite o

atendimento às necessidades de aprendizagens de grupos específicos de estudantes por

um período determinado. Deve ser uma atividade intencional e planejada pelo grupo de

professores que o desenvolverá, registrará, acompanhará e avaliará sistematicamente.

A avaliação diagnóstica da aprendizagem do estudante, integrante da avaliação

formativa, servirá como ponto inicial que subsidiará o professor no planejamento dos

reagrupamentos.

Nos Ciclos, o trabalho pedagógico com reagrupamentos pode contribuir para

romper com uma organização da aula estabelecida de forma rígida e homogênea. Vamos

conhecer um pouco mais sobre os reagrupamentos?

a) Reagrupamento interclasse. Os grupos são formados de acordo com as áreas

de conhecimento e a atividade a ser desenvolvida, podendo ter professores

diferentes para cada grupo de alunos. Nesta modalidade de reagrupamento,

cada aluno pertence a grupos de acordo com as atividades que compõem seu

percurso ou itinerário formativo, definido com o professor, após a avaliação

diagnóstica que considere todas as informações levantadas pelo professor,

inclusive por meio da avaliação informal. Para realizar este tipo de

reagrupamento, um grupo de professores planeja e desenvolve: oficinas,

projetos, encontros, palestras, seminários, aulas, entre outras atividades com

temáticas voltadas aos interesses e necessidades dos estudantes. Estas

Agora que compreendemos a lógica da avaliação formativa

na organização escolar em ciclos, vamos conhecer algumas estratégias de trabalho em grupo que

favorecem as aprendizagens?

Page 15: Estratégias Didático-pedagógicas e Avaliação nos ciclos

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atividades podem ser organizadas para estudantes de diferentes idades

pertencentes a diversas turmas. A periodicidade das atividades é definida pelo

coletivo de professores, conforme indiquem as especificidades do trabalho em

cada grupo. No entanto, é recomendável que as atividades sejam organizadas

por área de conhecimento; de forma interdisciplinar e avaliadas conjuntamente.

O reagrupamento interclasse favorece a construção por parte do estudante

de um itinerário formativo que atenda ao seu interesse por matérias diferentes

que podem ser trabalhadas num determinado período, favorecendo a

integração entre estudantes de diferentes turmas. Cada atividade pode ser

direcionada a um grupo de alunos que apresente necessidades similares de

aprendizagens facilitando assim, a atuação do professor, bem como

aprofundamento de temáticas complexas por esse grupo.

b) Reagrupamento intraclasse com equipes fixas. Esta modalidade de

reagrupamento ocorre com estudantes de uma mesma turma, distribuídos em

grupos de cinco a sete alunos, durante um período de tempo definido pelo

professor. Cada professor pode definir junto aos alunos a forma como eles

podem desempenhar funções determinadas de acordo com a sua capacidade

de atuação autônoma nos grupos (secretário, coordenador, redator, relator), e

que podem ser alternadas para que todos exerçam diferentes funções durante o

ano letivo. As funções das equipes fixas no reagrupamento intraclasse são:

organizativa, favorecendo as funções de controle e gestão da turma; de

convivência ao proporcionar aos estudantes um grupo afetivamente mais

acessível que permita relações pessoais e a integração de todos. De acordo

com Zabala “a função organizativa se resolve atribuindo a cada equipe, e dentro

desta a cada aluno, certas tarefas determinadas, que vão desde a distribuição

do espaço e da administração dos recursos da aula até a responsabilidade pelo

controle e pelo acompanhamento do trabalho de cada um dos membros da

equipe”. (1998, p. 123).

O reagrupamento intraclasse com formação de equipes fixas contribui para a

resolução de problemas de gestão da classe e disciplina, co-responsabilizando

os grupos com tarefas de organização do tempo-espaço da sala de aula,

liberando os professores para que possam dar atenção ao tratamento do

conteúdo e aos estudantes com necessidades específicas, contribuindo para

que os estudantes “assumam responsabilidades para com os outros, aprendam

Page 16: Estratégias Didático-pedagógicas e Avaliação nos ciclos

14

a se comprometer, a avaliar seu trabalho e o dos demais, a oferecer ajuda [...]”

(idem, 124).

Para que esse trabalho seja exitoso, a escola e os professores precisam

definir “objetivos voltados ao desenvolvimento das capacidades de equilíbrio e

autonomia pessoal, de relação interpessoal e de inserção social e, portanto, os

conteúdos atitudinais que decorrem disso”. (idem). Os reagrupamentos devem

ser registrados no Diário de Classe, campo para procedimentos e o

desempenho dos estudantes pode ser registrado pelos próprios estudantes em

diário de bordo, ficha, caderno, portfólio entre outros.

c) Reagrupamento intraclasse com equipes flexíveis. Implica na constituição de

grupos de dois ou mais componentes com o objetivo de desenvolver uma

determinada atividade. Os dados da avaliação diagnóstica podem indicar a

forma de composição dos grupos, sendo com componentes que apresentam a

mesma necessidade de aprendizagem ou com estudantes que não apresentam

a mesma necessidade de aprendizagem e que poderão atuar como auxiliares

do professor. Vamos ver como é possível esse reagrupamento?

Após aplicação de um instrumento avaliativo, o professor de língua

portuguesa verificou que em uma turma de 40 estudantes, 15 apresentaram

dificuldades na produção textual, 10 em regência nominal e verbal, e os demais

alunos na interpretação de texto. Após identificar os três grupos, o professor

fará o planejamento para a aula tendo em vista o reagrupamento intraclasse

com equipes flexíveis. No dia da aula, o docente formará grupos de alunos de

acordo com as necessidades identificadas e aplicará as atividades planejadas

para cada grupo. Enquanto os grupos desenvolvem as atividades, o professor

transitará entre os mesmos sanando dúvidas, discutindo, questionando,

observando, registrando informações que o ajudarão no planejamento de

intervenções futuras... A duração deste reagrupamento se limita ao período de

tempo de realização da atividade em questão. A periodicidade de sua

realização é definida pelo professor, orientado pela equipe pedagógica da

escola. Entretanto, é recomendável que não haja um espaçamento de tempo

muito longo entre os reagrupamentos para garantia da continuidade da

aprendizagem dos estudantes.

Esta modalidade de reagrupamento apresenta inúmeras vantagens: atende

às necessidades diferenciadas de aprendizagem ao distribuir trabalhos em

Page 17: Estratégias Didático-pedagógicas e Avaliação nos ciclos

15

pequenos grupos, tornando possível aos professores atenderem aos grupos ou

estudantes que necessitam de maior atenção. Para isso, é preciso que o

trabalho esteja bem definido, com objetivos claros e orientado para que os

estudantes o desenvolvam autonomamente; favorece a aprendizagem entre

iguais que se ajudam e desenvolve a capacidade de trabalho em equipe, no que

se refere à distribuição de tarefas, colaboração, diálogo. O reagrupamento

deverá ser registrado no diário de classe no campo dos procedimentos.

O trabalho com grupos favorece a participação efetiva dos estudantes com

diferentes necessidades e possibilidades de aprendizagens, tornando-os protagonistas na

evolução do seu conhecimento; maior interação social, permitindo que os estudantes

sejam co-responsáveis uns pelos outros e pela organização do trabalho pedagógico; o

questionamento por parte dos estudantes de suas hipóteses e o compartilhamento de

saberes e experiências. Ao professor, possibilita dividir com os estudantes a

responsabilidade pelas aprendizagens, dando a ele a possibilidade de atuar junto a

alunos que requerem maior atenção e o acompanhamento do desempenho dos

estudantes de forma mais criteriosa e orientada, permitindo o ajuste do trabalho

pedagógico às necessidades específicas de aprendizagem dos estudantes.

Nesse sentido, o trabalho com grupos é inovador do ponto de vista metodológico,

por ressignificar o espaço-tempo da aula, quando o professor recorre a dispositivos de

diferenciação pedagógica que atendem à diversidade da turma; e inovador do ponto de

vista epistemológico, por oportunizar a construção coletiva do conhecimento em aula, no

lugar do conhecimento como regulação ganha espaço o conhecimento como

emancipação.

Projeto Interventivo: por uma pedagogia diferenciada

O Projeto Interventivo constitui uma estratégia pedagógica destinada a um grupo

de estudantes para atendimento às suas necessidades específicas de aprendizagem por

Inúmeras escolas desenvolvem projetos

interessantes. Qual projeto sua escola trabalha? Como é

elaborado? Como a avaliação se insere nesse projeto? Como o trabalho

com projeto pode contribuir para as aprendizagens dos

alunos?

Page 18: Estratégias Didático-pedagógicas e Avaliação nos ciclos

16

um período determinado, ou seja, à medida que forem superadas as dificuldades, os

alunos deixarão de fazer parte do Projeto. Por isso, o Projeto Interventivo tem como

objetivo principal sanar essas necessidades assim que surgirem, por meio de estratégias

diferenciadas. É uma proposta de intervenção complementar, de inclusão pedagógica e

de atendimento individualizado, não prescindindo do planejamento e do trabalho em

equipe pelos professores e de práticas avaliativas formativas.

Segundo Villas Boas (2010), no trabalho individualizado, é preciso identificar as

necessidades de aprendizagens dos estudantes para possibilitar a formação de grupos

com necessidades similares que serão atendidas por meio de atividades diversificadas.

Assim, o desenvolvimento de projetos é uma prática educacional rica em

possibilidades formativas e informativas pelo caráter que assume no trabalho escolar, pois

possibilita a participação dos estudantes que não apresentam necessidades de

aprendizagem e que poderão atuar como auxiliares no desenvolvimento das atividades

previstas no Projeto.

O trabalho com projetos requer o planejamento coletivo de um grupo de

professores que se dispõe a desenvolvê-los e a adequação do ensino às necessidades de

aprendizagens dos estudantes, a partir de ações dinâmicas e flexíveis. Assim sendo,

desenvolver projetos representa o investimento em ações diferenciadas com foco na

aprendizagem significativa, contextualizada, lúdica e prazerosa. Além disso, pode articular

diversas áreas de conhecimento e/ou componentes curriculares.

O desenvolvimento de Projetos Interventivos já é bem comum no BIA. Mas deve

ocorrer também no Bloco II do Segundo Ciclo e no Ciclo III (anos finais do ensino

fundamental). Pode contribuir para dinamizar o trabalho diversificado, a avaliação da

aprendizagem e o acompanhamento do desenvolvimento dos estudantes. Para isso, deve

ser realizado considerando a diversidade do espaço físico, entendido como ambiente

escolar e as peculiaridades das aprendizagens dos estudantes.

O Projeto Interventivo se apresenta como uma estratégia pedagógica que pode ser

desenvolvida também por meio dos reagrupamentos como está proposto nas Diretrizes

Pedagógicas do BIA. No Ciclo III o Projeto Interventivo poderá ser ofertado na parte

diversificada (PD), levando em consideração a elaboração de projeto específico para

atender às necessidades de aprendizagens identificadas na avaliação diagnóstica

realizada no início de cada semestre, pelo menos.

Com base nos dados levantados na avaliação diagnóstica processual, ou seja,

realizada no início de cada semestre e/ou, ao longo do processo ensino-aprendizagem de

acordo com a necessidade, a equipe pedagógica e professores nas coordenações

Page 19: Estratégias Didático-pedagógicas e Avaliação nos ciclos

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pedagógicas coletivas deverão estabelecer prioridades, organizá-las por bimestre para

implementá-las por meio do projeto interventivo. Vamos ver como pode ocorrer?.

O diagnóstico realizado no início do primeiro semestre letivo demonstrou que um

número x de alunos do Ciclo III (turma de 6º ano) apresenta necessidades de

aprendizagens em leitura e interpretação de texto; e um número x de alunos do Ciclo III

(turma de 7º ano) apresenta necessidades de aprendizagens em resolução de problemas.

A partir daí, o professor da Parte Diversificada juntamente com a equipe pedagógica,

elaborará o Projeto Interventivo para atender às necessidades de aprendizagens

identificadas, podendo planejar atividades para serem trabalhadas por bimestre,

contemplando uma determinada área de conhecimento. No bimestre seguinte, o professor

planejará atividades para sanar outra necessidade identificada na avaliação diagnóstica

processual.

Na organização escolar em ciclos é fundamental o aproveitamento de todos os

espaços e tempos da escola, e valendo-se do trabalho colaborativo de toda a equipe

pedagógica será possível o trabalho com as diferenças nas salas de aula e na escola

como um todo. É preciso cuidar das aprendizagens de todos, pensando inclusive e,

particularmente naqueles que necessitam de maiores intervenções. Para isso, as Equipes

de Apoio (Serviço Especializado de Apoio à Aprendizagem- SEAA, Serviço de Orientação

Educacional - SOE e Sala de Recursos, professores da sala de leitura, laboratório de

informática) devem se integrar ao planejamento, desenvolvimento e avaliação das

estratégias de reagrupamentos e projeto interventivo, participando da coordenação

pedagógica e dos momentos de discussão e avaliação coletivos.

Planejamento curricular interdisciplinar: construção coletiva

Agora, é hora de pensarmos no planejamento curricular. Esse planejamento pode ser

feito por bimestre e, de preferência interdisciplinar. E não podemos perder de vista

os objetivos de aprendizagem. Vamos lá?

Page 20: Estratégias Didático-pedagógicas e Avaliação nos ciclos

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A coordenação pedagógica coletiva é o espaço para a reorganização do trabalho

escolar em ciclos. A partir dos dados da avaliação diagnóstica e processual, a equipe

pedagógica organizará nestes momentos, discussão sobre as estratégias pedagógicas de

intervenção na perspectiva de uma pedagogia diferenciada envolvendo: projetos

interventivos a serem desenvolvidos no laboratório de informática e na sala de leitura;

reagrupamentos; projetos para Parte Diversificada; atuação das Equipes de Apoio (SEAA,

SOE e Sala de Recursos).

Além disso, os professores farão o planejamento curricular interdisciplinar de

acordo com as etapas do Ciclo. O planejamento deve envolver:

a) Análise, seleção e organização dos conteúdos por bimestre.

b) Estabelecimento de eixos ou temáticas comuns aos componentes

curriculares/áreas de conhecimento.

c) Elaboração por cada professor do Plano de Ação anual individual.

d) Definição de estratégias pedagógicas diversas para garantir a integração entre

as disciplinas/áreas de conhecimento e tratamento dos conteúdos.

e) Planejamento de procedimentos avaliativos integrados.

O processo educativo comprometido com a inclusão e aprendizagem de todos não

pode prescindir de uma organização do trabalho pedagógico que garanta que outra

escola é possível. Encontramo-nos, portanto, diante do desafio e da possibilidade de

construir outra escola, que rompa com o fracasso escolar e acolha a todos sem distinção.

Novas concepções e práticas pedagógicas e avaliativas precisam dar sustentação a

mudanças substantivas que venham corroborar o desejo de reinventar a escola que

temos, transformando-a na escola que queremos.

Page 21: Estratégias Didático-pedagógicas e Avaliação nos ciclos

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REFERÊNCIAS

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SECRETARIA DE ESTADO

DE EDUCAÇÃO