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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Psicologia Ana Luisa Cardador Rocco Juliana Aparecida dos Santos Morgado ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO DE STRESS UTILIZADAS PELA MULHER CONTEMPORÂNEA LINS-SP 2014

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UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Psicologia

Ana Luisa Cardador Rocco

Juliana Aparecida dos Santos Morgado

ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO DE

STRESS UTILIZADAS PELA MULHER

CONTEMPORÂNEA

LINS-SP

2014

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Ana Luisa Cardador Rocco

Juliana Aparecida dos Santos Morgado

ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO DE STRESS UTILIZADAS PELA

MULHER CONTEMPORÂNEA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Psicologia, sob a orientação do Prof.º Me. Oscar Xavier de Aguiar e orientação técnica da Prof.ªMa. Jovira Maria Sarraceni

LINS-SP

2014

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Rocco, Ana Luisa Cardador; Morgado, Juliana Aparecida dos Santos

Estratégias de Enfrentamento de Stress utilizadas pela mulher

contemporânea / Ana Luisa Cardador Rocco; Juliana Aparecida dos Santos

Morgado. – – Lins, 2014.

71p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano

Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Psicologia, 2014.

Orientadores: Jovira Maria Sarraceni; Oscar Xavier de Aguiar

1. Stress. 2. Mulher Contemporânea. 3. Psicologia Cognitiva Comportamental. 4. I Título.

CDU 658

P49g

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ANA LUISA CARDADOR ROCCO

JULIANA APARECIDA DOS SANTOS MORGADO

ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO DE STRESS UTIIZADAS PELA MULHER

CONTEMPORÂNEA

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,

para obtenção do título de Bacharel em Psicologia.

Aprovada em: 11/12/2014

Banca Examinadora:

Profº Orientador: Oscar Xavier de Aguiar

Titulação: Mestre em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas.

Assinatura:_________________________________

1º Prof(a): José Ricardo Lopes Garcia

Titulação: Doutor em Psicologia Clínica de orientação Psicanalítica pela

Universidade de São Paulo-USP.

Assinatura:_________________________________

2º Prof(a): Viviane Cristina Bastos Armede

Titulação: Enfermeira Especializada em Centro Cirúrgico e Central de Materiais,

professora no curso de Enfermagem no Unisalesiano de Lins.

Assinatura:_________________________________

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha família pelo apoio em todos os momentos, especialmente

aos meus pais.

Juliana Ap. dos Santos Morgado

Agradeço a todos que fizeram parte da minha formação, em especial meus

pais e minha avó pelo incentivo e apoio.

Ana Luisa Cardador Rocco

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RESUMO

A história da mulher na sociedade brasileira passou por várias mudanças durante séculos, até chegar aos dias atuais. Possuindo uma nova configuração de estilo de vida a qual lhe é atribuída o espaço público, saindo assim apenas de submissa ao homem com papel de reprodutora para habitar os espaços ocupacionais, sociais, políticos e os já atribuídos desde o inicio da história como o familiar. Por conta desse novo estilo de vida e rotina, a mulher contemporânea detentora de multiplicidade de papéis está exposta a variados eventos externos e internos, que podem ser geradores de stress, decorrente das mudanças constantes em sua rotina. A pesquisa verificou a ocorrência de stress, a sintomatologia e fase, assim como as estratégias de enfrentamento utilizadas pelas mulheres para lidar com as situações cotidianas geradoras de stress. Através desta, compreendeu-se que o stress esta presente nesta população, com prevalência de sintomas psicológicos e a fase de resistência como mais frequente, as estratégias com foco no comportamento e avaliação positiva dos eventos mostraram ser mais eficazes, as estratégias relacionadas às cobranças internas e emocionais, tendem ao descontrole fazendo com que o stress se agrave. Os resultados apontam para um olhar de alerta para esta população, que pode estar com a qualidade de vida prejudicada, portanto, através da Psicologia Cognitivo Comportamental e suas técnicas buscar reestruturação nas avaliações dos eventos e algumas mudanças na rotina podem colaborar para o manejo do stress, impedindo com que este chegue ao nível de exaustão, causando doenças e atrapalhando diretamente a vida do sujeito. Palavras Chave: Stress. Mulher Contemporânea. Psicologia Cognitivo Comportamental. Estratégias de Enfrentamento.

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ABSTRACT

The history of women in Brazilian society has been true several changes over the centuries, until the present day, having a new lifestyle, from beingsubmissive to man, withthe reproductiverole, to beat occupational places, social, political, withthe alreadyassigned roles since the beginning of the storysuch as the homelike. Due this new lifestyle and routine, the contemporary woman holds multiple roles, and is exposed to various external and internal events that can be generators of stress resulting from the constant changes in your routine. The research found the occurrence of stress, thesymptomatologyand phase, as the coping strategies used by women to deal with the situations that are generating stress. Through this it is understood that stress is present in this population, with prevalence of psychological symptoms and the stage of resistance as more frequent, the strategies are focusing on behavior and positive assessment of events proved to be more effective, and strategies related to internal demands and the emotional, tend to lack causing more stress . The results indicate a warning look for this population which may have impaired the quality of life, therefore through Cognitive Behavioral Psychology and its techniques seek restructuring the evaluations of events and some changes in routine can collaborate to manage stress, preventing it reaches the level of exhaustion, causing disease and directly disrupting the subject's life.

Keywords: Stress. Contemporary woman. Cognitive Behavioral-Psychology. Coping

Strategies.

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LISTA DE TABELA

Tabela 1-Ocorrência de Stress...................................................................................31

Tabela 2-Estratégias de Enfrentamento do Stress.....................................................34

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................... 8

CAPÍTULO I..............................................................................................................................................10

MULHER CONTEMPORÂNEA ........................................................................................................10

1.1 A Mulher na História do Brasil ...................................................................... 10

1.2 A Mulher Contemporânea ............................................................................. 14

CAPÍTULO II ............................................................................................................................................18

O STRESS E AS ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO .................................................18

2.1 O Stress ........................................................................................................ 18

2.2 Estratégias de Enfrentamento de Stress ...................................................... 23

CAPÍTULO III ...........................................................................................................................................29

O STRESS E AS ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO UTILIZADAS PELA

MULHER CONTEMPORÂNEA ........................................................................................................29

3.1 Pesquisa ....................................................................................................... 29

3.2 Instrumento ................................................................................................... 29

3.3 Participantes ................................................................................................. 29

3.4 Procedimento ................................................................................................ 30

3.5 Resultados da Pesquisa ............................................................................... 30

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ....................................................................................................37

CONCLUSÃO ..........................................................................................................................................39

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................41

APÊNDICES .............................................................................................................................................46

ANEXOS ....................................................................................................................................................49

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INTRODUÇÃO

Este trabalho aborda sobre o stress na mulher contemporânea, e as

estratégias de enfrentamento utilizadas por estas.

Através da evolução social da mulher, hoje esta possui um estilo de vida

distinto ao de algumas décadas atrás, onde se limitava a ser mãe, esposa e dona de

casa. Após lutas, hoje a mulher possui várias conquistas e papel ativo na sociedade

em diversos âmbitos, sem deixar de ocupar seus papéis tradicionais. Além de mãe,

esposa e dona de casa, a mulher contemporânea está no ambiente ocupacional,

acadêmico, social e político.

A partir desta perspectiva pode-se pensar que o novo estilo de vida da mulher

a expõe a uma variedade de eventos estressores, estando suscetível a mudanças

em sua rotina, cobranças e exigências desses vários ambientes a qual habita,

facilitando assim a ocorrência de stress.

Assim, com a hipótese de que a multiplicidade de papéis vivenciada pela

mulher contemporânea pode facilitar o surgimento do stress, o que se torna mais

grave quando elas não sabem a maneira de lidar com ele, propõe-se nesta pesquisa

compreender de que forma essa população lida com os eventos estressores e se

possuem stress.

Para averiguar se o estilo de vida da mulher atual é gerador de stress,

realizou-se a pesquisa com mulheres detentoras de multiplicidade de papéis

estudantes dos cursos de Enfermagem, Fisioterapia e Psicologia do Unisalesiano de

Lins, com papel ativo no mercado de trabalho e que residem sozinhas ou com

cônjuge. Verificou-se por meio do Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de

Lipp- ISSL (2005) se há ocorrência de stress, a sintomatologia e fase e também por

meio do Questionário de Estratégias de Enfrentamento de Stress (Apêndice-A) as

estratégias de enfrentamento utilizadas por estas para lidar com as situações

cotidianas geradoras de stress.

Compreendendo que o stress é uma resposta física e psicológica a eventos

externos ou internos, seja bom ou ruim, fazendo com o que o organismo utilize

energia adaptativa para a nova situação, gerando sintomas (LIPP e MALAGRIS,

2001), este está diretamente ligado a mudanças que exijam adaptação, buscando no

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organismo novas formas de respostas para restabelecer o equilíbrio tanto físico

quanto psíquico.

Portanto, com o objetivo de compreender se realmente o stress atinge essa

população bem como estas lidam com este, esta pesquisa poderá contribuir em

melhorias na qualidade de vida e rotina da mulher atual.

Através da Psicologia Cognitivo-Comportamental, serão avaliadas as

estratégias de enfrentamento de stress utilizadas pela mulher e como estas

contribuem para o agravamento ou controle do stress influenciando em sua rotina.

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CAPÍTULO I

MULHER CONTEMPORÂNEA

1.1 A Mulher na História do Brasil

No Brasil à mulher inicialmente era atribuída às funções de esposa e mãe,

sendo submissa ao marido, excluída da vida pública e mercado de trabalho, assim,

ficavam apenas na vida privada.

Desde a colonização dos portugueses às mulheres se limitavam ao lar e a

igreja. Mesmo com algumas lutas no período imperial, seu espaço continuou restrito

devido ao regime patriarcal, o qual a mulher cabia à submissão (SOUZA, BALDWIN

e ROSA, 2000; PRIORE, 1988).

Neste mesmo período, a educação feminina não era vista como necessária e

havia somente alguma possibilidade de estudo nos conventos religiosos, sendo a

maioria destes voltados a mulheres ricas. Elas aprendiam a ler e escrever, música,

dança e afazeres domésticos. Já para as mulheres pobres foram criados

recolhimentos, lá elas aprendiam noções da catequese e recebiam instruções sobre

o Recolhimento do Parto, que era uma instituição que acolhia mulheres

desobedientes (MOTT, 1988).

A história mostra que no passado a maior importância para as mulheres era

constituir família, ou seja, casar-se e cumprir o papel de esposa e reprodutora,

dependente economicamente do marido, o qual era responsável pelo sustento da

casa e que possuía um papel ativo na vida pública e política. Desta forma,

condenando as mulheres que eram solteiras. Estas vistas como mulheres mal

procedidas, pois tinham que trabalhar em praças, casas de comércio, em atividades

como costura, venda de alimentos e também em casas de prostituição para garantir

o próprio sustento e o dos filhos.

Priore (1988) fala sobre a precária condição de vida dessas mulheres, muitas

vezes abandonadas pelos maridos, que tem por ofício buscar homens passageiros,

tornando comum, mães, pais e maridos consentirem a prostituição de suas mulheres

e filhas, devido à extrema pobreza em que viviam.

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Caio Prado ressaltou que mulheres fora do espaço doméstico, viram mulheres

propagadoras de irregularidade moral, rotuladas como mulheres com facilidades de

costumes (apud PRIORE, 1988).

Pode se atribuir essa concepção a religião, que possuía grande influência

sobre a política e vida das pessoas. O casamento era valorizado e sua finalidade era

a reprodução condenando o prazer físico no sexo, assim era de interesse da igreja

adestrar a sexualidade dentro do contexto conjugal, com o motivo de tornar a família

o centro da moral cristã. Os discursos proclamados pela igreja buscavam enfatizar o

valor da virgindade, do casamento, como uma oportunidade de boa vida, como algo

grandioso (PRIORE, 1988; ARAUJO, 2002).

Distantes das purezas das mulheres casadas estavam às mulheres livres,

negras e brancas empobrecidas, que tinham de lutar contra todas as dificuldades

que a vida lhes apresentava.

Essas mulheres eram vistas como desabusadas, tinham como fonte de renda

e sobrevivência o ofício da prostituição com a aceitação dos pais, decorrente da

miséria em que viviam (PRIORE, 1988) que ainda acrescenta:

A prostituição, embora aparentemente transgressora, constitui-se numa prática a serviço da ordem sócio-espiritual no mundo moderno. No Brasil, no entanto, as características que a tornavam um mal necessário, vão misturar-se com outras práticas consideradas pelas autoridades como transgressoras, fazendo com que a igreja enxergasse em cada mulher que infringisse as normas uma prostituta em potencial. Como não se isolava prostitutas em “putarias e mancebias” nem se as cobria com véus como era uso na metrópole, na colônia os limites entre os comportamentos tidos por desviantes e a prostituição eram tênues. (p. 22)

Era totalmente ignorado o fato de uma mulher viver do trabalho honesto. As

mulheres pobres nem sonhavam com a idéia de casamento, pois, para isso era

necessário dinheiro, então estas já eram vistas como indisciplinadas.

Esse processo acabou gerando grandes desordens na sociedade. As

mulheres desejosas de companheiros e filhos, dividir tarefas de trabalho, se

relacionavam com outras pessoas, dando origem ao concubinato, intitulado como

casamento por juras, ou seja, o clero compreendia que o casamento era o ser

marido e mulher, partilhando da mesma casa, do mesmo leito e estes só procuravam

a benção dos padres por medo das penas divinas.

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Assim, o matrimônio era reservado às mulheres da elite, os restantes das

mulheres formavam uniões alternativas que garantiam a realização da maternidade

e da vida conjugal.

As mulheres concubinadas, casadas ou separadas, enfrentavam a

maternidade da maneira que podiam, de acordo com a sua realidade.

De acordo com Priore (1988) a rotatividade dessas crianças tidas fora do

casamento, era natural, visto que se as mulheres pobres, com dupla jornada de

trabalho, somadas a ausência de um companheiro acabava distribuindo os filhos

entre amigos e parentes para criar.

Havia também mulheres que compartilhavam da fome e da pobreza com seus

filhos. Assim como havia mulheres que tinham o orgulho de sustentar a família

sozinha e aquelas que recebiam o apoio e o sustento dos maridos.

O início das mudanças envolvidas no papel social da mulher foi ao final do

século XIX e inicio do século XX.

Na Assembléia Constituinte de 1823, Manoel Costa defendia a necessidade

da educação para ambos os sexos, mas apenas em 1827 foram feitas as primeiras

escolas para mulheres e realizado os primeiros exames para admissão de

professora (MOTT, 1988). A lei de 15 de outubro de 1827 além de determinar

escolas para meninas nos locais mais populosos pregava a igualdade de salários

para professores de ambos os sexos. Mesmo após a inserção de escolas, alguns

pais não consideravam necessário ás filhas os estudos e sim o aprendizado nas

atividades domésticas (THOMÉ, 1968).

Em 1850, foi proibido que as mulheres participassem do comércio sem

permissão do marido (GRAHAM, 1990 apud, SOUZA, BALDWIN e ROSA, 2000),

entre os anos de 1872 a 1900, houve aumento das mulheres atuando na educação,

porém, com salários inferiores (SOUZA, BALDWIN, ROSA, 2000).

Assim, em 1910, criou-se o Partido Republicano Feminino, que incluía em sua

luta o sufrágio. Em 1919 foi apresentado um projeto de lei que estendia o direito de

voto ás mulheres, mas não teve aprovação. Alguns movimentos feministas se

reuniam para tratar de seus interesses, entre eles o sufrágio, as participantes eram

em maioria mulheres com graduação e nível social elevado. Em 1927 as mulheres

do Rio Grande do Norte foram as primeiras na conquista ao voto (ARAUJO, 2003).

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A mulher somente adquiriu o direito ao voto no ano de 1932, voto este

universal e secreto, além do direito de participar da política podendo realizar a

candidatura (ARAUJO, 2003).

Neste sentido, vale mencionar a edição do Decreto 21.076/1932 que dita o

direito de alistamento eleitoral a todos sem distinção de sexo (ANEXO I).

Com a queda da democracia em 1964 e o golpe militar, o movimento

feminista retornou na década de 1970.

Com o modernismo, o mercado de trabalho e a educação criaram novas

oportunidades para as mulheres, além do acesso a métodos contraceptivos, e

acesso a terapia psicológica, o movimento buscava em seus ideais o espaço nos

campos da saúde, educação, política, trabalho e direitos, além de igualdades

(SARTI, 2004).

Como influência para o movimento feminista na década de 1970, pode-se

citar três fatores, entre eles, a força do movimento em 1975, com a ênfase

internacional e criação do Dia Internacional da Mulher; o segundo fator econômico,

com o aumento de mulheres em altos cargos e economicamente ativas; e como

terceiro fator o apoio da igreja (SOUZA, BALDWIN e ROSA, 2000).

Com a anistia no ano de 1979, na década de 1980 o movimento feminista se

uniu a sindicatos, associações, partidos, incluindo assim, a mulher na sociedade

pública. Obteve-se várias conquistas entre elas, delegacias próprias para tratar a

violência contra a mulher, atenção especializada na saúde pública, em 1988 uma

alteração na Constituição Federal extinguiu a tutela masculina no casamento

(SARTI, 2004).

É de notório conhecimento da sociedade, que ao longo da história as

mulheres sempre foram vistas, socialmente falando, submissas às vontades e

desejos do homem, quase sem direitos, porém com várias obrigações. A mulher

durante séculos foi vítima da opressão e de teorias machistas.

O processo de emancipação da mulher foi uma tarefa árdua, que perdurou

durante séculos até alcançar o status que possui hoje. De sexo frágil, a mulher

passou a ser responsável pelo mais novo processo que o mundo vem sofrendo: a

revolução feminina, onde as mulheres deixaram de ser apenas do lar e vieram

efetivamente participar da construção da história.

A lei 11.340/2006 (Anexo II), conhecida como Lei Maria da Penha, chegou à

sociedade para impor o respeito aos direitos humanos das mulheres. Ela tipifica e

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define a violência doméstica e familiar contra a mulher e estabelece as formas de

violência, que podem ser física, psicológica, sexual, patrimonial e moral, com o

propósito de não apenas proteger a mulher, vítima de violência doméstica e familiar,

mas também prevenir contra futuras agressões e punir os devidos agressores.

Sendo assim, o objetivo desta lei, é tratar a mulher como qualquer outro ser

humano, é dar a mesma o direito de uma vida livre de violência e de todo tipo de

discriminação, direito de ser valorizada e educada, livre de padrões, de

comportamentos e práticas com base em conceitos de inferioridade e subordinação.

Assim, o papel da mulher na sociedade foi reconfigurado, o que também

modificou o modelo de família.

Mais adiante a concepção de casamento se renova de acordo com as

mudanças nas relações individuais, assim, o casamento adquiriu novos valores

como a amizade e companheirismo, podendo optar pela reprodução, o qual a mulher

pode estar em igualdade com o marido, isto ocorre com a emancipação sexual da

mulher, que não é mais apenas de reprodução, adquirindo autonomia. Segundo

Araújo, 2002: “O declínio do controle sexual dos homens sobre as mulheres colocou

possibilidades reais de transformação da intimidade” (p.08).

De encontro, surgiram as creches e novas concepções de cuidados com os

filhos. Em 1978, para controle de natalidade, o governo tomou como medida o

planejamento familiar, distribuindo pílulas anticoncepcionais (SOUZA, BALDWIN e

ROSA, 2000).

Segundo Hintz, (2001): “houve uma reformulação dos papéis masculino e

feminino na relação conjugal, o que propiciou o surgimento de novos modelos de

comportamento para ambos os gêneros, tendo o movimento feminista contribuído de

forma significativa para que isso ocorresse” (p.10).

Todas as mudanças sociais, culturais, políticas e econômicas pelas quais a

mulher passou, conseguindo igualdade e mudanças nas suas relações, colaboraram

para o estilo de vida e papel social que esta representa hoje dentro do lar e fora.

1.2 A Mulher Contemporânea

No Brasil e em outros países ocidentais a mulher hoje desempenha vários

papéis em diversos âmbitos sociais, sendo esses frutos de suas conquistas e

evolução na vida pública ao longo da história.

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Os vários eventos históricos tiveram influências para que isso acontecesse,

dos mais marcantes para que esta evolução ocorresse, podemos relacionar à

revolução industrial, capitalismo, as guerras mundiais, o movimento feminista,

inserção na política, emancipação sexual, mudanças na concepção do casamento,

entre outros.

Com a inserção das máquinas e industrialização no século XIX a mulher

passou a ser mão de obra nas fábricas, trabalhando fora por longas horas, com

baixos salários, além de trabalhar no lar com serviços domésticos e cuidados com os

filhos.

As Guerras Mundiais também tiveram importância na concepção da mulher

contemporânea, pois, colaborou para sua ocupação no mercado de trabalho,

enquanto os homens lutavam na guerra, elas assumiram seus trabalhos, não

desocupando mais esse espaço (PROBST e RAMOS, 2003; THOMÉ, 1968).

Os papéis femininos vieram se modificando ao longo dos anos e com isso a

família, o trabalho e a sexualidade também se modificaram. Diferente de

antigamente, onde os papeis já eram preestabelecidos, no mundo contemporâneo a

individualidade se torna cada vez mais importante.

A individualidade traz a idéia de poder escolher quem ser e a partir desse eu

constituído de pensamentos, sentimentos, formarem relacionamentos afetivos, ou

seja, conciliar projetos individuais de cada um com o outro.

De acordo com Sarti (1995) este processo de individualização foi

impulsionado pelas mulheres a partir do fato de que elas têm o controle de

reprodução, o que permitiu uma reformulação na participação da mulher na vida

privada e publica.

Com isso todas as questões que eram predeterminadas antigamente como a

divisão do trabalho doméstico, a cooperação financeira, o papel de autoridade

designado ao homem, o afeto e educação dos filhos que era tarefa da mãe, hoje é

necessário repensar essas questões de acordo com os sujeitos inseridos no

contexto.

Romanelli (1995) aponta que essas mudanças vêm ocorrendo com

intensidade desde os anos sessenta. A crescente participação da mulher no

mercado de trabalho trouxe mudanças, dependendo do ponto de vista, boas ou

ruins, tanto no contexto familiar em relação ao cuidado com o marido e filhos, como

na distribuição dos afazeres domésticos, assim como na saúde dessas mulheres.

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A evolução da mulher no mercado de trabalho, um espaço o qual não era

explorado no inicio da história teve como marco os anos noventa, no qual além de

maior participação em trabalho remunerado, teve um aumento do grau de

escolaridade, e de acordo com estatísticas do IBGE, as famílias sob o comando de

mulheres passaram de 18% a 25% (PROBST e RAMOS, 2003). Estes atribuem essa

evolução feminina no mercado de trabalho a dois fatores: aumento de escolaridade,

instrução feminina e a baixa taxa de fecundidade, que desde o início dos anos

noventa baixou para 2,6% caindo para 2,3% ao final da década.

Por outro lado elas conquistaram um significado simbólico positivo, o que

resulta a formas alternativas de viver a vida.

Para Manzini-Covre (1995) a subjetividade não pode estar ligada somente a

uma identidade, ou seja, o papel do homem é somente o exercício profissional e a

mulher ser somente mãe, segundo ela, é interessante que esses desenvolvam e

desempenhem variados papéis, pois se houver perdas ou falhas há outros

importantes papeis a serem exercidos.

Apesar da jornada de trabalho ser igual a do sexo masculino e ainda possuir

as funções às quais sempre lhe foram atribuídas como esposa, mãe e responsável

pelos cuidados com o lar, a mulher assume uma postura independente em sentidos

econômicos e sociais, tendo liberdade em sua vida pública e com relação ao sexo

oposto.

A mulher contemporânea é diferente da mulher descrita por Michelet (1859)

possuindo papel benéfico apenas no casamento, cumprindo o papel de mãe, caso

contrário, se participassem da vida política assim como as adulteras e feiticeiras

seria um mal a sociedade (apud PRIORE, 1988). Hoje diferentemente a sociedade

valoriza a mulher com maior nível de escolaridade, que a cada dia assumem

maiores cargos nas empresas, além de independência financeira e afetiva. Se no

passado as mulheres que eram solteiras eram mal vistas, hoje algumas optam por

esse estado civil.

Por conta da nova identidade de mulher na sociedade, algumas adiam seus

projetos que antigamente eram prioridade como filhos e casamentos (PROBST e

RAMOS, 2003), em busca de realização pessoal, sejam no trabalho, ou em novas

possibilidades, já que hoje a mulher transita pelo espaço público de forma livre e

totalmente aceita.

Vieira, 2005 conclui:

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A nova identidade da mulher agora se confronta com um mundo instável, em crise de valores, fragmentado, sem direção clara sobre o que ser, o que fazer, o que sentir e pensar, de como viver uma vida significativa e plenamente realizada. Esse novo contexto criado pela pós-modernidade coloca o sujeito diante de uma multiplicidade nunca vista de escolhas e de oportunidades, traz também a possibilidade de análise, do autoconhecimento da mulher, do seu corpo, de sua vida e do que fazer dela. Traz também indicações de como se relacionar com o outro e uma nova concepção de destino como algo aberto, a ser preenchido pela interação de desejos e de liberdades da vida de cada um. (p. 237)

Segundo dados do IBGE de 2012 a população feminina é maioria no Brasil

sendo 100.755.204 mulheres, sendo que em pesquisa realizada em 2010, conclui

que as mulheres são minoria no mercado de trabalho, apesar de que em relação ao

grau de escolaridade estas tem mais anos de estudos do que os homens, sendo

61,2% das mulheres inseridas no mercado de trabalho possuíam 11 anos ou mais

de estudo, o equivalente ao ensino médio completo, para os homens este percentual

era de 53,2%. Das mulheres trabalhadoras com curso de nível superior completo era

de 19,6%, superior ao dos homens, 14,2%. Outra diferença é em relação aos

salários a pesquisa apontou que os homens possuem remuneração maior mesmo

com igualdade de nível de escolaridade e ramos de trabalho (Pesquisa: Mulher no

mercado de trabalho: perguntas e respostas), assim, pode-se concluir que mesmo

após as lutas das mulheres ao longo do século XX e as várias conquistas, ainda

hoje, existe discriminação acerca da sua inserção na sociedade (BRASIL, 2014).

Mesmo com aceitação de seu novo estilo de vida e papéis, no Brasil existe

certa desigualdade entre os sexos, pelo menos no que diz respeito ao mercado de

trabalho.

Cada vez maiores as exigências do mercado e sociais, a mulher obtém um

acumulo de papéis que vão desde os estudos, trabalho e as conquistas materiais e

pessoais que procuram realizar.

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CAPÍTULO II

O STRESS E AS ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO

2.1 O Stress

Observando-se as dimensões biológicas e psicológicas o stress é um

assunto bastante popular atualmente, sendo utilizado para definir diversos estados

pelo quais grandes partes das pessoas passam, ou já passaram em algum

momento.

O stress pode ser compreendido como uma reação à quebra do equilíbrio do

organismo, sendo uma resposta física e psicológica a estímulos que necessitem de

energia adaptativa para lidar com uma nova situação (LIPP e MALAGRIS, 2001).

Diante das frequentes experiências estressantes, como por exemplo, ficar

preso no trânsito por horas, levar advertência do chefe, avaliações no ambiente

acadêmico, doença de um filho ou ente querido, entre outras situações cotidianas, o

stress ocorre no organismo da seguinte maneira:

Quando é alertado para uma ameaça (para eventos negativos de incontroláveis), nosso sistema nervoso nos excita. As frequências respiratória e cardíaca aumentam. O sangue se desloca do sistema digestivo para os músculos esqueléticos. O corpo libera açúcar e gordura para se preparar para a luta ou para a fuga. Simultaneamente, o cérebro (via hipotálamo e glândula pituitária adjacente) ordena que as glândulas adrenais secretem cortisol, o hormônio do estresse. O sistema é maravilhosamente adaptativo. Mas se o estresse for continuo, problemas de saúde e exaustão podem advir. (MYERS, 2006 p. 543)

Assim, a resposta de stress é necessária à sobrevivência e defesa, porém,

em caso de exposição prolongada pode afetar a saúde, causando impactos nos

âmbitos físico, psicológico e social.

O homem é um ser biopsicossocial constituído por estes três meios, isto

quer dizer que todo estímulo que provenha de alguns deles repercutirá em todos os

outros, pois estão interligados.

De acordo com Oliveira (2005), as pessoas, consciente ou

inconscientemente, baseiam as suas vidas na experiência de vida que tiveram na

infância, pode se chamar esse processo de modelo neural. Acontecimentos

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vivenciados na infância podem marcar e serem levados para o resto da vida,

influenciando no modo de interpretar as situações e sentimentos na vida adulta, o

que pode se resultar muitas vezes em uma interpretação errônea dos eventos,

formando assim um modelo neural patológico. Então, se o individuo sofrer algum

estímulo aversivo (consequência de algo já vivido), ele passa a considerar a

situação atual como uma ameaça, desencadeando o stress crônico.

Todo esse processo deixará o organismo em estado de alerta, acarretando

doenças orgânicas e psíquicas.

Quando o individuo possui o modelo neural patológico, desencadeia o estresse patológico devido à interpretação errônea dos fatos. Isso leva às defesas somáticas cognitivas, que são as doenças orgânicas decorrentes do constante estado de alerta e defesa (este processo também pode ser chamado de somatização). Tentando defender o organismo, o córtex entra em ação formando-se as doenças neuróticas cognitivas, que são as doenças psíquicas que irão gerar mecanismos patológicos de defesa. Essas doenças psíquicas aumentam as doenças orgânicas, formando-se, assim, um ciclo patológico de retroalimentação. (OLIVEIRA, 2005, p. 180)

A Psicologia Cognitiva tem como foco, ajudar o paciente a mudar essa

interpretação errônea, possibilitando uma mudança na maneira de enxergar e agir

frente a estímulos aversivos.

Chamam-se estressores os eventos externos ou internos que podem ser

bons ou ruins, agentes de mudanças no organismo quebrando a homeostase,

gerando sintomas, esses podendo se agravar, prejudicando a rotina, relações e

gerar doenças graves.

Os estressores internos estão relacionados a características próprias do

indivíduo, como tipo de humor, ansiedade, perfeccionismo, cognições distorcidas,

entre outros, que tendem a avaliar os eventos de forma facilitadora a tensão. Os

estressores externos se caracterizam por serem estímulos ambientais, no mundo

exterior. Como, eventos no ambiente ocupacional, familiar e social, os sintomas

afetam as relações interpessoais do sujeito (LIPP, 2001; LIPP e MALAGRIS, 2001;

SADIR, BIGNOTTO e LIPP, 2010 e LIPP, 2007)

Mesmo os eventos externos dependem da interpretação de cada um, que

varia de acordo com a história de vida, crenças e outros aspectos que fazem com

que o mesmo evento pode ser gerador de stress para algumas pessoas enquanto

não atingem outras.

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Além destes há os estressores de ordem biológica, chamado “biogênico”

(EVERLY, 1989 apud LIPP e MALAGRIS, 2001), estes são necessários a

sobrevivência, como fome, sede, frio e calor, gerando desconforto e desequilíbrio,

mas, ao ser alimentado, hidratado, por exemplo, este é restabelecido.

As fontes de stress podem estar relacionadas com o trabalho, que estão

ligadas aos fatores do ambiente organizacional como: a função exercida, pressões,

relacionamento interpessoal, desafetos, liderança e outros, que acarretam em

desmotivação, improdutividade, afetando assim, seu desempenho, além de formas

inadequadas de lidar que podem acarretar em sintomas, que não só se relacionam

com o trabalho, mas, em outros âmbitos, como social e familiar, apresentando como

sintomas, isolamento, irritabilidade, impaciência, entre outros. O mesmo ocorre com

os estressores sociais, gerados por fatores internos, relacionados com a

personalidade, e distorções cognitivas e com fatores externos como exclusão,

violência, e outros. A fonte de stress ligada ao ambiente familiar, que são os

eventos ocorridos neste, como brigas, situações de preocupações com entes

familiares, doenças, entre outros aspectos, também geram sintomas, esses afetando

o indivíduo psicológica e fisiologicamente.

Na sociedade atual, as mudanças ocorrem a todo o momento, sendo essas

econômicas, políticas, culturais, trazendo modificações no estilo de vida. As

exigências de adaptação geram insegurança, que pode ser estressor e exigir formas

de lidar (LIPP, 2001).

A partir do momento que o stress se instala no indivíduo, ele pode se

agravar caso não haja tratamento e estratégias de enfrentamento adequadas. Pode

se classificar o stress de acordo com Lipp em quatro fases, acrescentado se outra

ao modelo trifásico de nível de stress de Selye.

As fases do stress são classificadas em Alerta, Resistência, Quase-

Exaustão e Exaustão, sendo subsequentes (LIPP e MALAGRIS, 2001 e FALSETTI e

LIPP, 2011).

Na fase de alerta, surgem os primeiros sintomas e o corpo passa a

responder com desequilíbrio ao estressor. Seguido da fase de resistência, que é a

fase no qual o indivíduo passa a buscar recursos de adaptação, nesse período

sintomas, e doenças adaptativas se instalam, pela diminuição da imunidade.

Caso o indivíduo não se adaptou a nova situação, nem buscou tratamento

as energias adaptativas começam a se esgotar, na fase de quase exaustão e os

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sintomas se agravam, até a última fase que é a fase de exaustão onde as energias

se esgotaram por completo e doenças graves se instalam, esse estado não é

irreversível.

Os sintomas frequentes do stress são de ordem psicológica e fisiológica,

sendo os mais freqüentes, ansiedade, cansaço físico e mental, batimentos cardíacos

acelerados, baixa imunidade, insônia, humor depressivo e isolamento. Das doenças

causadas pelo agravamento do stress, estão entres elas, hipertensão arterial,

diabetes, úlceras, alergias, impotência sexual e outras (LIPP e MALAGRIS, 2001).

As consequências desses sintomas e doenças afetam o individuo e meio

social, como as falta no trabalho, licenças, depressão, aumento de câncer, suicídios,

podendo interferir no ambiente ocupacional, caso haja grande número de afetados,

como nos períodos de crise econômica e guerra, o desenvolvimento do país pode

ser afetado.

Em pesquisa realizada por Calais, Andrade e Lipp (2003), a ocorrência do

stress é maior na população feminina, as hipóteses para esse resultado estão

relacionadas a questões hormonais e a multiplicidade de papéis desempenhados

pela mulher contemporânea, que esta exposta a mais fontes estressoras devido às

exigências a estas dentro do ambiente ocupacional, familiar e social. O mesmo

estudo demonstra que a maioria apresenta como sintomas mais freqüentes os de

ordem psicológica, sendo: sensibilidade emotiva, irritabilidade excessiva, cansaço

físico, e dificuldades com a memória, além da maioria estar na segunda fase, de

resistência.

Alguns estudos apontam a multiplicidade de papéis como beneficiadora do

bem-estar psicológico da mulher como em pesquisa realizada por Possati e Dias

(2002) no qual apontou que os benefícios do trabalho remunerado e papel materno

são mais recompensadores e só afetam o bem-estar quando as mudanças são de

sentido negativo.

Rosenfield, (1980 apud ALLEGRETTI, 2006) confirmou com o resultado de

sua pesquisa, que mulheres só apresentam um índice mais elevado de depressão

quando as mesmas estão desempenhando papéis tradicionais e que as mulheres

casadas que trabalham são mais saudáveis do que as que não possuem um

trabalho remunerado.

Apesar do estilo de vida da mulher contemporânea trazer diversas

recompensas e propiciarem um maior reconhecimento, a rotina imposta pelas

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exigências e estilo de vida atual, favorecem mudanças a maior parte do tempo e a

necessidade de adaptação.

Outro estudo sobre as variáveis pessoais relacionadas ao stress e qualidade

de vida (SADIR, BIGNOTTO, LIPP, 2010) aponta novamente maior stress na

população feminina, relacionando com o stress ocupacional, o qual é ocupado pela

mulher contemporânea em diversos cargos e setores. O estudo mostra que a

ocupação exercida não tem relação com a ocorrência de stress e que o quesito

saúde na qualidade de vida é o mais afetado. Casadas, também, apresentou maior

incidência de stress, o que se relaciona com a multiplicidade de papéis como, fator

contribuinte à incidência de stress. A exposição a tantos eventos estressores,

advindos de diversos papéis como cuidadora do lar, marido, filhos, trabalho

remunerado, pode colaborar para os resultados.

O stress é uma reação normal e muitas vezes necessária para que se possa

reagir diante de algumas situações, mas, como dito acima, se o stress for continuo,

pode acarretar diversos problemas de saúde.

Myers (2006) classifica em três os fatos geradores de stress, sendo eles:

a) Catástrofes, eventos imprevisíveis vistos como ameaçadores, como

guerras e desastres naturais.

b) Alterações significativas na vida, que são transições que ocorrem e

trazem angústia como, a perda de uma pessoa, divórcio, perda do

emprego, entre outras.

c) Dificuldades cotidianas, como ter de enfrentar filas, muitas tarefas para

realizar, colega de trabalho inoportuno, entre outros.

Estressores considerados como perturbadores, quebrando conceitos

internalizados podem ser chamados de eventos traumáticos. Decorrente deste surge

o stress agudo que se caracteriza por ser a resposta através de sintomas ao evento

traumático por um período determinado.

Segundo Lipp, (2007): “O Transtorno de Stress Agudo (TEA) está

relacionado a sintomas físicos e psicológicos que podem surgir devido à intensidade

do evento crítico experienciado que leva a alterações disfuncionais nos sistemas

neurológico, endócrino e imunológico” (p.75).

Segundo Oliveira (2005) o stress patológico acontece quando é vivido

constantemente, desse modo o organismo fica sempre preparado para reagir,

apresentando reações fisiológicas como mudança de humor, falta de fome e sono,

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desse modo ficam mais propensos a adquirir doenças devido ao sistema

imunológico pouco ativado.

Na maioria das vezes, as pessoas tende ao controle e se mantém

impassível frente determinadas situações, ao que pode ser uma fonte intensa de

stress.

A diferenciação do stress crônico do recorrente se dá pelo agravamento das

fases e sintomas e pela exposição recorrente a estressores, sendo prejudicada

assim, sua qualidade de vida (LIPP, 2007).

Levi, (1999 apud SADIR, BIGNOTTO, LIPP, 2010) afirma que a combinação

entre ser mulher e ter excesso de trabalho, uma situação econômica menos

favorecida e um inadequado repertório de respostas para enfrentamento de

determinadas situações faz com que as mulheres apresentem um maior nível de

stress do que os homens,

As estratégias de enfrentamento do stress são fundamentais para

tratamento, aumento ou diminuição dos sintomas e até agravamento, caso não

sejam adequadas e ignoradas.

2.2 Estratégias de Enfrentamento de Stress

Estratégia de Enfrentamento pode ser compreendida como as formas de

enfrentar, lidar.

As estratégias de enfrentamento de stress são os recursos que se usará

para tratar, amenizar, ou lidar com os sintomas. A Psicologia Cognitivo-

Comportamental possui técnicas que podem ser utilizadas a fim de promover a

amenização dos sintomas e tratamento, além de evitar que o stress se agrave.

Segundo Guimarães, (2001), o comportamento, cognição e emoção são os eixos

dos procedimentos interventivos na terapia cognitivo-comportamental. As técnicas

partem do conceito de inibição recíproca, de base física, em que o sistema nervoso

simpático mobiliza o organismo nas situações de stress, para fuga ou luta, inibindo

este o sistema nervoso parassimpático, age na defesa do equilíbrio do organismo

para inibir as respostas a agentes estressores.

Dentro dessas técnicas há treinamentos com foco no atendimento clínico

com o objetivo de enfrentar e amenizar os sintomas que prejudicam o indivíduo.

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O Treino de Inoculação de Stress-TIDS descrito por Deffenbacher, 2008,

surgiu em meados de 1970 e consiste em um treinamento de estratégias de

enfrentamento do stress, considerando todos os aspectos sociais, fisiológicos e

psicológicos nas relações estabelecidas afetivamente, culturalmente e os padrões

de cognição e comportamento. Consiste em fases, sendo essas:

reconceitualização, aquisição e ensaio de habilidades e aplicação e consolidação.

Primeiramente os problemas são reconceitualizados, com foco na visão positiva,

avaliando os estressores e o ambiente externo, além das distorções cognitivas,

utilizam-se técnicas de relaxamento; Na segunda fase, treinam-se as habilidades em

enfrentamento, bem como as respostas a fatores ambientais, como técnicas focadas

na solução de problemas, auto eficácia, habilidades comportamentais, relaxamento,

reestruturação cognitiva, entre outras; e por fim as habilidades adquiridas são

reforçadas nas sessões de forma a serem levadas ao mundo exterior, e utilizadas

quando necessário. O Treino de Inoculação do Stress (TIDS) é focado no

atendimento clínico.

Lazarus e Folkman (1984 apud HOCKENBURY, 2002) e (PARGAMENT,

1997 apud e FARIA e SEIDL, 2004) defendem que uma experiência estressante não

está no evento em si, mas na forma como as pessoas avaliam a situação. Todo

evento pode se tornar uma fonte de stress se houver o questionamento da

capacidade e de recursos necessários para lidar efetivamente com o evento.

A forma de encarar as situações ameaçadoras, vão definir as estratégias de

enfrentamento utilizadas. Se possuírem recursos adequados para lidar com

determinada situação é possível que o grau de stress seja baixo ou mesmo nem

apareça, o que pode dar-se de maneira muito intensa no caso de não acreditar na

capacidade de enfrentar a situação, não mobilizando recursos suficientes para

enfrentá-la.

Vale Ressaltar que o modo como às mulheres irão enfrentar o problema é

influenciado pela cultura, já que as avaliações das situações estão envolvidas com o

contexto sociocultural em que vivem. (FARIA e SEIDL, 2004).

Hockenbury, (2002) e Andolhe, Guido e Bianchi (2008) citam as estratégias

de coping elaborada por Lazarus e Folkman como estratégias que facilitam a

manutenção do stress diante de determinadas situações. Existem dois tipos de

coping, um com enfoque no problema, no qual o indivíduo foca na solução do evento

estressante, avaliando as variáveis e os recursos disponíveis para o enfrentamento

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e eliminação do problema. O outro tipo de coping é com enfoque na emoção, no

qual o sujeito foca no alivio do impacto emocional ocasionado, ou mesmo quando

percebe que não há nada que se possa fazer para alterar a situação. Embora o

último não possa mudar o problema, ele pode facilitar o enfrentamento.

No Treinamento em Solução de Problemas de Nezu e Nezu (2008), o foco

na solução pode ter dois objetivos:

Ao estabelecer os objetivos, podem-se identificar dois tipos gerais: objetivos centrados no problema compreendem objetivos relacionados com mudanças reais no próprio problema. Estes seriam especialmente relevantes para situações que podem ser mudadas. Por outro lado, os objetivos centrados na emoção relacionam-se com objetivos destinados a reduzir ou minimizar o impacto do mal-estar associado com o sofrer o problema. Estes objetivos relacionam-se com situações que podem ser identificadas como imodificáveis. (p. 482)

Assim, pode-se considerar que o objetivo da solução de problemas terá

relação com evento estressor, como exemplo, em caso de morte, ou eventos

externos como catástrofes e outros independentes do indivíduo, o foco estará

relacionado à emoção, a fim de, manejar o sofrimento no processo de adaptação.

Este treinamento com enfoque clínico tem como base a orientação para o

problema, que é a percepção do problema em todas as dimensões como causa,

além de promover a motivação de recursos para que este se resolva. Assim

seguindo, da definição e formulação o qual se definirá os objetivos (solução focada

no problema, ou na emoção) e obstáculos presentes na tomada da decisão; o

levantamento de alternativas, que consiste em criar soluções variadas sem avaliá-

las, sendo assim o máximo de possibilidades de soluções possíveis; a tomada de

decisões consiste na definição das soluções mais eficazes, sendo essas as que

possuírem mais consequências positivas e menos negativas. E por fim, a prática da

solução de problemas e verificação, é a aplicação na situação real, considerando as

probabilidades de erro e acerto.

O enfrentamento é um processo ativo e dinâmico, podendo ser adaptado

seja qual for à situação geradora de stress. O processo permite a mudança de

concepções para uma melhor forma de enfrentamento possível.

No início de um evento estressante, pode-se contar primeiramente com as

estratégias focadas na emoção, dessa forma é possível manter um equilíbrio

emocional para então procurar soluções precisas para o problema.

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A administração do stress pode dar-se de diversas formas. Hockenbury

(2002) citou quatro estratégias de enfoque emocional:

a) Fuga/esquiva: tem por objetivo evitar o estressor. Isso acontece quando

a pessoa conduz a sua atenção para outras atividades, como para o

trabalho, lazer, exercício.

Como comprovado por diversos experimentos e indicação Médica, a

atividade física é um ótimo aliado a saúde, e, além disso, aumenta a autoconfiança

física, a segurança de si, o que faz com que o humor fique mais resiste à queda.

Muitos estudos sugerem que o exercício aeróbico pode reduzir o estresse, a depressão e a ansiedade. Estudos indicam que três em cada dez americanos e quatro em cada dez canadenses que se exercitam regularmente também lidam melhor com eventos estressantes, exibem maior autoconfiança e se sentem mais vigorosos e menos vezes deprimidos e cansados que os que se exercitam pouco. (N, 2002; SC, 1999 apud MYERS, 2006, p.398)

b) Apoio social: é uma estratégia voltada ao apoio emocional oferecido pelos

familiares e amigos com o objetivo de diminuir o impacto dos estressores.

O apoio social de momentos bons proporcionados pela família e amigos é

fonte de relaxamento, deixam-se os problemas em outro plano. O carinho e

atenção de pessoas importantes ajudam a aumentar a auto-estima. É uma

influência, na maioria das vezes, positiva, que encoraja na administração dos

problemas (MYERS, 2002 e ANDOLHE, GUIDO e BIANCHI, 2008)

c) Distanciamento: ocorre quando as pessoas tentam mudar o sentimento

causado pela fonte estressora, ou seja, tentam diminuir o impacto emocional,

muitas vezes afirmando que a situação não era tão importante assim.

d) Reavaliação positiva: é quando as pessoas reavaliam a situação e criam

significado positivo para o próprio crescimento. Essa estratégia tende a ser a

mais construtiva.

A Religião é outra estratégia adotada pelas pessoas, pois através da fé que

as religiões pregam, aumenta esperança da resolução dos problemas, de uma vida

melhor, de que coisas acontecerão e de acordo com Myers (2006, p.405) a fé “é a

proteção contra o stress e o aumento do bem estar, associados com uma versão

coerente do mundo, um sentimento de esperança em longo prazo, sentimentos de

aceitação e a meditação relaxada da oração”.

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Faria e Seidl (2004), refere à fé como uma estratégia de enfrentamento em

relação à doença, justificando que a crença traz pensamentos positivos e otimismo,

sendo esses fatores importantes em situações difíceis.

O Treino de Controle do Stress (TCS) criado por Lipp (LIPP e MALAGRIS,

2001; LIPP e FALSETTI, 2011 e SAVÓIA, SANTANA e MEJIAS, 1996) tem como

fundamento a identificação e modificação das fontes internas de stress por meio de

uma reestruturação cognitiva. O TCS tem como foco mudanças de hábitos de vida e

de comportamentos em quatro áreas: alimentação, relaxamento de tensão mental e

física, exercício físico e mudanças cognitivo-comportamentais.

Nas mudanças cognitivo-comportamentais, o treino em assertividade é umas

das técnicas para enfrentamento, melhorando as respostas às fontes estressoras.

Consiste em orientação para respostas adequadas às situações reais, através do

treino comportamental (GUIMARÃES, 2001).

As técnicas de relaxamento estão presentes na maioria dos treinamentos

(LIPP e MALAGRIS, 2001; DEFFENBACHER, 2008 e NEZU e NEZU, 2008), sendo

a base para outras técnicas, desenvolvendo mais habilidades na mudança

comportamental na resposta de stress.

Relacionando relaxamento e stress, segundo Vera e Vila, 2008, a adaptação

decorrente do stress compromete três componentes biológicos: o sistema

neurofisiológico, o neuroendócrino e o neuroimunológico, estando assim,

relacionado a doenças físicas, a fatores hormonais e somáticos.

O relaxamento, portanto é uma resposta oposta a resposta de stress ao

processo de adaptação. O paciente deve saber como o relaxamento age

fisiologicamente na resposta de stress, relacionando com as fontes estressoras, no

movimento de tensionar e relaxar grupos musculares.

“O relaxamento é um processo psicofisiológico que envolve respostas

somáticas e autônomas, informes verbais de tranquilidade e bem-estar, como estado

de aquiescência motora” (GUIMARÃES, 2008, p., 115).

Como parte do Treino de Controle de Stress de Lipp (TCS), pode se

considerar a alimentação um dos fatores para o manejo de stress. Uma alimentação

saudável contribui para melhor qualidade de vida. Nos dias atuais, devido à

variedade de compromissos e tempo limitado na rotina, a mulher se dedica menos a

alimentação, sendo muito comum a procura por comidas rápidas, essas contendo

mais conservantes e menos nutrientes, favorecendo dores de cabeça (enxaqueca),

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obesidade- sendo uma das doenças ocasionadas pelo stress, além de desfavorecer

o sistema imunológico.

A manutenção do stress é extremamente importante (já que evitá-lo

totalmente é uma tarefa impossível) como medida para a mulher contemporânea

não ser acometida por doenças, e conviver com as mudanças, é necessário que, o

stress seja confrontando.

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CAPÍTULO III

O STRESS E AS ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO UTILIZADAS PELA

MULHER CONTEMPORÂNEA

3.1 Pesquisa

Para verificar a hipótese de que o estilo de vida atual da mulher o qual lhe é

atribuído uma multiplicidade de papéis é facilitador a ocorrência de stress e a falta

de estratégias de enfrentamento, ou o uso incorreto destas podem prejudicar sua

saúde e qualidade de vida, realizou-se a pesquisa descritiva de caráter exploratório

e abordagem quantitativa, aprovada pelo Comitê de Ética (Anexo III) em 29/09/2014.

A pesquisa foi realizada na sala do décimo semestre do curso de Psicologia

no Unisalesiano de Lins, sendo aplicada em dois dias 03/10/2014 e 04/10/2014, com

duração em média de 15 minutos, no período de intervalo de aulas das

participantes.

3.2 Instrumento

Para verificar a incidência do stress na mulher contemporânea, assim como,

as estratégias de enfrentamento utilizadas por estas, utilizou-se como instrumento o

Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp- ISSL (LIPP, 2005), o qual

tem por finalidade verificar a incidência do stress, a fase em que este se encontra

baseado no modelo quadrifásico de Lipp, e a sintomatologia prevalecente, podendo

ser biológica ou psicológica e o Questionário de Estratégias de Enfrentamento de

Stress (Apêndice-A) baseado na adaptação para o português do Inventário de

Estratégias de Coping de Lazarus e Folkman, por, Savóia, Santana e Mejias, 1996,

o qual tem como finalidade avaliar as estratégias de enfrentamento de stress

utilizadas.

3.3 Participantes

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O teste foi aplicado em estudantes do segundo semestre dos cursos de

Psicologia, Enfermagem e Fisioterapia do Unisalesiano de Lins, tendo como critério

de inclusão ser acima de 18 (dezoito) anos, estar matriculada no segundo semestre

dos cursos citados, possuírem papel ativo no mercado de trabalho e não residir com

os pais, independente do estado civil e o papel materno. Assim, excluíram-se da

pesquisa, as estudantes dos demais cursos e semestres, solteiras ou casadas que

residem com os pais e que não possuem papel ativo no mercado de trabalho.

3.4 Procedimento

A aplicação foi realizada na sala do último semestre do curso de Psicologia no

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, com duração de 15 (quinze)

minutos em média, sendo aplicado no dia 03/10/2014 nas estudantes do curso de

Enfermagem e Psicologia, totalizando quatro sendo duas de cada curso, e em outra

aplicação no dia 04/10/2014 com as estudantes do curso de Fisioterapia, sendo

essas 03 (três) participantes, totalizando 07 (sete). A seleção das participantes foi

feita em horário de aula, durante a semana. Foi-se até as salas dos primeiros anos

das respectivas turmas colocando para eles o objetivo da pesquisa, as

características dos sujeitos pesquisados deixando em aberto para quem quisesse

participar. As interessadas preencheram uma ficha com o nome e o telefone e então

se entrou em contato para marcar a data e o local de encontro para a realização dos

testes e questionário.

Primeiramente esclareceu-se sobre a pesquisa, e as participantes assinaram

o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (anexo IV), estando ciente sobre os

objetivos da pesquisa, o sigilo da identidade e a finalidade deste, após explicou-se e

aplicou-se o teste e questionário de acordo com as normas estabelecidas neste pelo

Conselho Federal de Psicologia.

3.5 Resultados da Pesquisa

Devido ao número reduzido de sujeitos, os resultados serão apresentados em

frequência (fr) de resposta.

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Na pesquisa realizada seis das participantes apresentaram a incidência de

stress e apenas uma participante não apresentou ocorrência de stress.

Das 06 participantes com ocorrência de stress, 05 se encontram na fase de

resistência, essa fase tem como característica à tentativa de adaptação do

organismo em restabelecer o equilibro interno, pois devido novos estressores que

vão se acumulando o organismo entra em ação para impedir o desgaste total de

energia, o que pode diminuir a produtividade, já que se utiliza energia adaptativa

para lidar com os eventos estressores. Na fase de resistência o individuo fica mais

vulnerável a vírus e bactérias, trazendo malefícios a saúde (LIPP, 2005).

A Tabela de Ocorrência de Stress (tabela 1) demonstra os resultados da

pesquisa quanto à incidência do stress na mulher contemporânea, assim como as

fases em que se encontram.

Tabela 1- Ocorrência de Stress:

Ocorrência de Stress

Possuem Stress 06

Não possuem Stress 01

Total de Ocorrência de Stress 07

Fases do Stress

Fase de Alerta 00

Fase de Resistência 05

Fase de Quase-Exaustão 01

Fase de Exaustão 00

Fonte: Elaborada pelos autores da pesquisa, 2014.

Das participantes na fase de resistência 03 apresentam em maioria sintomas

psicológicos e 02 possuem a mesma incidência de sintomas físicos e psicológicos.

Uma estudante apresentou ocorrências de stress encontrando-se em nível de

quase-exaustão, a terceira fase do stress, antecedente ao nível máximo. Esta fase

ocorre quando a tensão excede o limite manejável, é caracterizada pelo aumento da

produção de cortisol e diminuição da ativação do sistema imunológico, doenças

começam a surgir. Nessa fase, momentos de desconforto se intercalam com

momentos de funcionamento normal (pensar lucidamente, tomar decisões, se

divertir), no qual são necessários esforços para tais atividades. Além do aumento de

ansiedade e esgotamento das energias adaptativas (LIPP, 2005), a participante em

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nível de quase-exaustão apresenta sintomas físicos e psicológicos na mesma

proporção.

Entre os sintomas psicológicos mais frequentes em todas estão:

sensibilidade excessiva (citado por todas), pensar constantemente em um só

assunto, irritabilidade excessiva, cansaço excessivo, angústia e ansiedade diária

(última semana), vontade de fugir de tudo e perda do senso de humor. Outros como

pesadelos, diminuição da libido, dúvida quanto a si própria e sensação de

incompetência também foram assinaladas.

Pode-se observar que os sintomas psicológicos se sobressaíram em 03

mulheres e nas outras 03 os sintomas físicos e psicológicos se igualaram, a

avaliação de um determinado evento como bom ou ruim depende da interpretação

que o indivíduo faz, podendo se tornar uma importante fonte de stress. O evento é

visto de acordo com a história de vida do ser humano, de seus valores e das suas

crenças (LIPP, PEREIRA e SADIR 2005, OLIVEIRA, 2005).

Os sintomas biológicos mais frequentes foram: mãos e pés frios, tensão

muscular, taquicardia, problemas com a memória e cansaço constante (manifestado

em todas as participantes) e sensação de desgaste físico constante, alguns outros

sintomas apareceram com frequência em algumas participantes como mudança de

apetite essa nas últimas 24 horas, semana e mês, além de tiques e excesso de

gases.

Dentre as 06 participantes com incidência de stress, 03 possuem estado civil

casadas, dentre essas 02 possuem filhos, e 01 não possui filhos e reside apenas

com o cônjuge. As participantes casadas, que possuem filhos apresentam em

maioria sintomas psicológicos, a participante casada que não possui filhos apresenta

sintomas físicos e psicológicos na mesma proporção. A média de idade variou de 27

a 43 anos. Os sintomas físicos apresentados em todas as participantes casadas,

que possuem trabalho formal, estudam e possuem filhos, foram: problemas com a

memória, cansaço constante. Os sintomas psicológicos assinalados foram:

sensibilidade emotiva, diminuição da libido (últimas 24 horas), vontade de fugir de

tudo, cansaço excessivo (última semana), angústia e ansiedade diária (última

semana) e perda do senso de humor. Em comparação com a estudante casada,

sem o papel de mãe os sintomas se repetem, exceto a diminuição da libido e perda

do senso de humor.

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As outras 03 mulheres que apresentaram ocorrência de stress, não possuem

cônjuge, faixas etárias entre 20 e 26 anos, sem filhos, residem sozinhas, sendo 01

divorciada. Destas, 02 estão na fase de resistência, com prevalência de sintomas

psicológicos em uma, e a mesma incidência de sintomas físicos e psíquicos na outra

participante. A terceira participante solteira está em nível de quase-exaustão.

Os sintomas físicos apresentados nas estudantes solteiras, que residem

sozinhas e possuem papel no mercado de trabalho são: mãos e pés frios (3), nó no

estomago (2), tensão muscular (2), taquicardia (2), problemas com a memória (3),

sensação de desgaste físico constante (3), cansaço constante (3), tiques (2),

excesso de gases (2), mudança de apetite (2) (últimas 24 horas e última semana).

Os sintomas psicológicos apresentados com mais freqüência foram: vontade

de iniciar novos projetos (2), sensibilidade emotiva (3), duvida quanto a si própria (2),

pensar constantemente em um só assunto (2), irritabilidade excessiva (2), pesadelos

(3), vontade de fugir de tudo (3), apatia, depressão ou raiva prolongada (2), cansaço

excessivo- último mês (3), irritabilidade sem causa aparente (3) e angústia e

ansiedade diária no último mês (3).

Quanto às estratégias de enfrentamento de stress, foram classificadas por

técnicas distintas como resolução de problemas, afastamento, confronto,

autocontrole, aceitação de responsabilidade, suporte social, fuga e esquiva e

reavaliação positiva, baseado em (SAVÓIA, SANTANA e MEJIAS, 1996), sendo

algumas consideradas mais eficazes na adaptação a situação geradora do stress e

outras colaborando para seu agravamento. O questionário conta com 24 estratégias

subdividas em 03 por modelos de enfrentamento.

Dos modelos de estratégias mais utilizados estão: aceitação de

responsabilidade, resolução de problemas, autocontrole, reavaliação positiva e

suporte social. Estas possuem como características segundo, Damião et. al., (2009):

a) Aceitação de Responsabilidade- consiste em aceitar sua responsabilidade

diante da situação. Possui aspecto negativo devido a autocrítica e

sentimento de culpa.

b) Resolução de Problemas- essa estratégia consiste no foco em resolver o

problema, com planejamento. É eficaz e busca a resolução ou a

adaptação a nova situação.

c) Autocontrole- controle sobre as emoções diante das situações estressoras.

Evita atitudes impulsivas.

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Consideram-se as estratégias de resolução de problemas e autocontrole

eficazes no enfrentamento do stress, de acordo com a pesquisa essas foram

escolhidas em maioria pela participante que não apresenta incidência de stress,

seguidas da reavaliação positiva, que é a forma de interpretar o evento estressor,

dando a este um sentido positivo (DAMIÃO et. al., 2009).

De acordo com a Psicologia Cognitivo-Comportamental, as crenças internas

influenciam diretamente no modo de perceber e enfrentar as situações diárias

(GUIMARÃES, 2001), a reavaliação positiva, pode criar um novo sentido para o

evento estressor, o utilizando a seu favor.

Seguida destas, a técnica suporte social, pode ser concebida como a busca

de apoio no ambiente externo, seja familiar, social e ajuda profissional. No caso das

participantes do questionário 05 participantes, buscam ou já buscaram ajuda na

Psicoterapia, sendo proporcional entre solteiras e casadas, já a busca de suporte

nos amigos, foi escolhida em maioria por participantes solteiras.

As estratégias de confronto, afastamento e fuga e esquiva são as menos

utilizadas.

A estratégia menos utilizada foi à prática de atividades físicas, a qual, não foi

escolhida, sendo utilizada por nenhuma das participantes.

A Tabela 2 a seguir demonstra as estratégias de enfrentamento de stress, de

acordo com o modelo de estratégia e sua utilização, por freqüência (fr).

Tabela 2- Estratégias de Enfrentamento de Stress (continuação até a página

35):

Estratégias de Enfrentamento Utilizadas por

Estrat\égias de Resolução de Problemas

Avalio a situação traçando uma meta para soluciona – lá 06

Esclareço a situação e tomo decisões 04

Concentro-me no problema, e faço o que acho que deve ser feito 04

Total de Respostas Resolução de Problemas 14

Estratégias de Afastamento

Ignoro a situação, não pensando, e seguindo em frente 03

Deixo a vida social, me isolando sem lazer 02

Espero as coisas se acalmarem com o tempo, sem me intrometer. 01

Total de Respostas Afastamento 06

Estratégias de Confronto

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Falo tudo o que sinto, e tento modificar a situação 02

Faço o que for preciso para encontrar o responsável pela situação 02

Deixo minha raiva interferir nos meus relacionamentos 02

Total de Respostas Confronto 06

Estratégias de Autocontrole

Penso bem antes de agir, não conto para os outros 04

Inspiro-me em modelos de pessoas sensatas 04

Procuro encontrar um lado bom em toda situação 07

Total de Respostas de Autocontrole 15

Estratégias de Aceitação de Responsabilidade

Culpo-me e busco melhorar o meu comportamento 05

Esforço-me para não cometer novamente o erro 07

Percebo que estou errada e peço desculpas 05

Total de Respostas Aceitação de Responsabilidade 17

Estratégias de Suporte Social

Procuro ajuda e conselhos de amigos 03

Penso em procurar ou já procurei ajuda profissional como psicoterapia 05

Converso com pessoas próximas sobre o que estou sentindo 05

Total de Respostas Suporte Social 13

Estratégias de Fuga e Esquiva

Falo pra mim mesmo que isto não tem importância 01

Pratico atividades físicas 00

Deixo de me alimentar ou como compulsivamente 04

Total de Respostas Fuga e Esquiva 04

Estratégias de Reavaliação Positiva

Apego-me a religião e rezo 05

Procuro aprender com os erros 07

Acrescento novos valores a minha vida 06

Total de Respostas Reavaliação Positiva 18

Fonte: elaborado pelos autores da pesquisa, 2014.

Assinalaram a estratégia “ignoro a situação, não pensando e seguindo em

frente”, que faz parte do modelo Afastamento, apenas as solteiras, com idade média

de 22 anos. As mesmas participantes que utilizam a técnica de Confronto “faço o

que for preciso para encontrar o responsável pela situação”, também deixam a raiva

interferir em seus relacionamentos. Isso mostra que de acordo com pesquisa

realizada Neme e Lipp (2010), as estratégias com foco na resolução de problemas, e

adaptação à situação, além de reinterpretação dos eventos de forma positiva, são

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mais eficazes, do que comparadas as estratégias de afastamento e confronto, as

quais tendem a evitar a situação, ou não manter o controle das emoções, tendem a

agravar o stress, assim, como o estudo mostra diminuir a imunidade, sendo mais

comum o câncer em mulheres que possuem crenças negativas e evitam lidar com as

situações de stress, comparada a mulheres com estratégias de enfrentamento

adequadas.

Como mostra os dados, as participantes solteiras possuem estratégias menos

eficientes, o que colabora com o agravamento do stress, visto que 01 participante se

encontra em nível de quase exaustão.

Lipp e Malagris (2001) colocam que o que precisa ser tratado não é a reação

natural do stress, necessária para a sobrevivência do individuo, mas procurar uma

solução, ou seja, uma estratégia para garantir a manutenção e equilíbrio do

organismo. Devido às mulheres possuírem multiplicidade de papéis e maior

sensibilidade emotiva, está exposta a diversas fontes estressoras, como algumas

pesquisas já comprovaram, estas possuem mais stress em relação ao sexo oposto

(CALAIS, ANDRADE e LIPP, 2003; NEME e LIPP, 2010), o que deve ser motivo de

preocupação, pois, estão cada vez mais vulneráveis a doenças.

No final do estudo, os sujeitos foram informados e orientados quanto ao nível

de stress, as estratégias utilizadas diante de determinadas situações, e no caso das

05 participantes em nível de resistência a procurar o seu manejo, assim como a

participante em nível quase máximo a procurar ajuda psicoterápica.

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PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

A sugestão é realizar um projeto grupal com as mesmas características da

amostra para atendimento semanal a fim de capacitá-las a enfrentar as situações

estressoras, já que a terapia cognitiva comportamental ensina os pacientes a

identificar a fonte geradora de stress, reconhecer seu pensamento disfuncional,

avaliar a validade dos pensamentos em relação ao fato e projetar uma estratégia

para superar determinada situação.

A terapia cognitiva é baseada no modelo cognitivo, o qual levanta a

possibilidade de que os pensamentos, sentimentos e comportamentos das pessoas

são influenciados por sua percepção do acontecimento, ou seja, como as pessoas

interpretam a situação.

O stress é uma reação do organismo frente a qualquer situação diferente e

pode ser benéfica em pequenas doses, mas em excesso pode acarretar diversas

consequências à saúde física, como aparecimento de problemas dermatológicos,

gastrite, hipertensão e também a saúde mental, como o desenvolvimento de

depressão, ansiedade, entre outros. Os sintomas causados podem ser reversíveis e

é necessário que alguns cuidados sejam reforçados diariamente para administrá-lo.

Em momentos de tensão podem-se utilizar alguns recursos da Psicologia

Cognitiva Comportamental como relaxamento, momentos de descanso para

recuperação do stress vivenciado no dia, o que pode ser através da prática de

atividades físicas, treino de respiração, lazer- estes com momentos reservados para

realização de atividades que causam prazer colaboram para a desativação do

estado de alerta constante do organismo, relaxando assim e eliminando o excesso

de adrenalina.

Outros aspectos da rotina podem colaborar na melhoria da qualidade de vida

e amenizar alguns sintomas, como a alimentação que é muito importante para repor

as energias, por meio de vitaminas e nutrientes presentes nos alimentos, em caso

de alimentação prejudicial, acarreta em aumento de desconforto como dores de

cabeça, problemas estomacais, obesidade, entre outros.

A prática de atividade física- estratégia não utilizada pelas participantes, trás

como beneficio diminuição do stress, pois, gera uma sensação de bem estar e

tranquilidade devido à liberação do hormônio beta endorfina que o corpo produz.

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As estratégias de enfrentamento com o objetivo de manejo de stress são

necessárias para lidar com este, fazendo com que não se agrave, a ponto de

prejudicar a qualidade de vida do sujeito, chegando ao nível máximo.

Lipp (2001) criou o Treino de Controle do Stress (TCS) com o objetivo de

identificar e modificar as fontes estressoras por meio de uma reestruturação

cognitiva. Baseado em princípios cognitivo-comportamentais é um tratamento breve

e focal.

O TCS tem como finalidade mudanças de hábitos de vida e de

comportamentos em quatro áreas que se constituem os pilares do treino: nutrição

anti stress, relaxamento de tensão mental e física, exercício físico e mudança

cognitivo-comportamental. O treino é educativo, visando educar o paciente a ser seu

próprio terapeuta, envolve tarefas semanais, apostilas e é elaborado plano de

prevenção de recaída, antes do término do tratamento.

O Treino de Controle do Stress proporciona alterações no estilo de vida do

individuo, a fim de direcionar a melhor forma de enfretamento do stress.

No que se refere à qualidade de vida, é importante garantir uma atitude

positiva em relação à vida, uma das maneiras de alcançá-la é por meio do controle

do stress emocional.

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CONCLUSÃO

Por meio da pesquisa, pode-se verificar a incidência do stress, no caso a

ocorrência foi em maioria (06 participantes), a prevalência de sintomas psicológicos,

e a fase, que se encontram a maioria em resistência (05) e 01 participante em fase

de quase-exaustão. As estratégias utilizadas mostram a relação com a incidência

deste e a fase de stress, no caso a participante que não possui stress, possui como

estratégias mais utilizadas, a resolução de problemas, autocontrole e reavaliação

positiva, em todas as suas escolhas das formas de lidar. Essas estratégias se

mostram eficazes com foco na resolução do próprio evento, com posicionamento

diante de determinada situação, além de buscar avaliar positivamente esta,

colaborando cognitivamente para enfrentamento.

A participante com nível de stress mais elevado possui estratégias com foco

emocional, levando a um descontrole maior nas formas de lidar com os agentes

estressores.

As participantes casadas possuem formas mais eficazes de lidar com stress,

além de 01 não possuir stress e as outras 03 estarem em fase de resistência.

As solteiras possuem stress, sendo 03 em resistência e 01 em quase

exaustão, algumas demonstram evolução para a próxima fase, o que mostra que o

stress pode-se agravar. A estratégia aceitação de responsabilidade foi bastante

utilizada, o que pode colaborar para que as participantes se culpem e se

responsabilizam pelos eventos externos cobrando-se cada vez mais.

A pesquisa mostra que o estilo de vida da mulher contemporânea é facilitador

para a ocorrência de stress e que as estratégias de enfrentamento utilizadas nem

sempre são eficazes e podem fazer com que se agrave como também beneficiar o

manejo.

A multiplicidade de papéis já foi tida como beneficiadora do bem estar da

mulher (POSSATI e DIAS, 2002), tendo em vista que o papel de esposa e materno

possui mais efeitos benéficos, o que pode ser constatado pela pesquisa, é que a

incidência de stress é proporcional em casadas como solteiras, assim, como a

sintomatologia mais frequente.

Em relação às formas de lidar e agravamento, as participantes solteiras

possuem estratégias menos eficazes e em nível maior de stress.

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Sugire-se novos estudos sobre o tema devido ao número pequeno de

participantes que fizeram parte desta amostra, a fim de colher novos informes sobre

a prevalência do stress nesses dois grupos de participantes.

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REFERÊNCIAS

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OLIVEIRA, M.A.D. Neurofisiologia do Comportamento: uma relação entre o funcionamento cerebral e as manifestações comportamentais. Editora Ulbra, 2005. POSSATTI, I.C.; DIAS, M.R. Multiplicidade de papéis da mulher e seus efeitos para bem-estar psicológico. Psicologia: Reflexão e Crítica, 15(2), p. 293-301. 2002.Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/prc/v15n2/14353.pdf> Acesso em: 09 jan. 2014. PRIORE, M.D. A Mulher na História do Brasil. São Paulo, SP: ed. Contexto, 1988. p. 15-57. PROBST, E.R.; RAMOS, P. A Evolução da Mulher no Mercado de Trabalho. ICPG. Santa Catarina, 2003. p. 1-8. Disponível em: http://www.posuniasselvi.com.br/artigos/rev02-05.pdf Acesso em 24 de Jul. 2014 ROMANELLI, G. Autoridade e poder na família. In: CARVALHO, M.C.B. (org.) A família contemporânea em debate. São Paulo, Editora EDUC, 1995. p. 73-88 SADIR, M.A.; BIGNOTTO, M.M.; LIPP, M.E.N . Stress e qualidade de vida: influência de algumas variáveis pessoais. Paideia. V. 20, n. 45, jan.-abr. 2010. p. 73-81 Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/paideia/v20n45/a10v20n45.pdf>Acesso em 03 de jun. 2014 SARTI, C.A. O feminismo brasileiro desde os anos 1970: revisando uma trajetória. Estudos Feministas. Florianópolis, v. 12, n. 2, mai. a ago. 2004. p. 35-50. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ref/v12n2/23959.pdf Acesso em 24 de Jul. 2014 SAVOIA, M.G.; SANTANA, P.R.;MEJIAS, N.P. Adaptação do Inventário de Estratégias de Coping de Folkman e Lazarus para o Português. Psicologia USP. São Paulo, v. 7, n.1/2, p. 183-201, 1996. SOUZA, E.; BALDWIN, J.R.; ROSA, F.H. A Construção Social dos Papéis Sexuais Femininos. Psicol. Refl. Crít. v. 13, n. 3, 2000, p. 485-496 Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/prc/v13n3/v13n3a16 Acesso em 24 de Jul. 2014 THOMÉ, Y. B. A Mulher no Mundo de Hoje. 2. Edição. Petrópolis, RJ: ed. Vozes, 1968. p. 38-39; 43-51

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VIEIRA, J.A. A Identidade da Mulher na Modernidade. Revista Delta. v. 21, Especial, 2005. p. 207-238. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/delta/v21nspe/29258.pdf Acesso em 03 Ago. 2014 VERA, M.N.; VILA, J. Técnicas de Relaxamento. In: CABALLO, V (org.) Manual de Técnicas de Terapia e Modificação do Comportamento. Espanha, Editora Santos, 2008. p. 149-150.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A- Questionário de Estratégias de Enfrentamento do Stress

Questionário de Estratégias de Enfrentamento

As estratégias de enfrentamento são a forma de lidar com algo. O objetivo desse

questionário é avaliar as estratégias de enfrentamento utilizadas por mulheres que

possuem multiplicidade de papéis: mãe, esposa, estudante de cursos da área da

saúde e com papel ativo no mercado de trabalho formal, diante do stress.

Após aplicação do Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL), o

qual avaliará o nível de stress, sintomatologia, e fontes estressoras. Este

questionário avaliará as estratégias de enfrentamento. Nas estratégias utilizadas no

questionário estão: afastamento, autocontrole, suporte social, fuga-esquiva,

reavaliação positiva, resolução de problemas, confronto e aceitação de

responsabilidade, estes baseados no Inventário de Estratégias de Coping de

Folkman e Lazarus adaptado por Savóia e outros (1996). Há pouco material em

português com a finalidade de avaliar as estratégias de enfrentamento de stress

(SAVÓIA, SANTANA, MEJIAS, 1996), por isso a utilização desta adaptação como

embasamento na construção desse questionário.

O questionário possui 24 questões, sendo 3 questões referentes a cada estratégia

citada acima.

Questões:

Diante da situação________________

Utilize o x para assinalar a resposta sim (caso seja a resposta utilizada) e não (caso

não seja a estratégia utilizada).

Estratégias Utilizadas Sim Não

Avalio a situação, traçando uma meta para soluciona - lá

Ignoro a situação, não pensando, e seguindo em frente

Falo tudo o que sinto, e tento modificar a situação

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Penso bem antes de agir, não conto para outros

Culpo-me e busco melhorar o meu comportamento

Procuro ajuda e conselhos de amigos

Esclareço a situação e tomo decisões

Falo pra mim mesmo que isto não tem importância

Esforço-me para não cometer novamente o erro

Apego-me a religião e rezo

Pratico atividades físicas

Penso ou já procurei ajuda profissional como psicoterapia

Deixo de me alimentar ou como compulsivamente

Deixo a vida social, me isolando sem lazer

Inspiro-me em modelos de pessoas sensatas

Me concentro no problema, e faço o que acho que deve ser feito

Espero as coisas se acalmarem com o tempo, sem se intrometer

Faço o que for preciso para encontrar o responsável pela situação

Procuro encontrar um lado bom em toda situação

Percebo que estou errada e peço desculpas

Converso com pessoas próximas sobre o que estou sentindo

Procuro aprender com os erros

Deixo minha raiva interferir nos meus relacionamentos

Acrescento novos valores a minha vida

Adaptado de SAVOIA, M.G.; SANTANA, P.R.;MEJIAS, N.P. Adaptação do Inventário de Estratégias

deCoping de Folkman e Lazarus para o Português. Psicologia USP. São Paulo, v. 7, n.1/2, p. 183-

201, 1996.

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ANEXOS

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ANEXO I- Decreto nº 21.076

Decreto nº 21.076, de 24 de Fevereiro de 1932

Decreta o Código Eleitoral.

O Chefe do Governo Provisorio da Republica dos Estados Unidos do Brasil

Decreta o seguinte:

CODIGO ELEITORAL

PARTE PRIMEIRA Introdução

Art. 1º Este Codigo regula em todo o país o alistamento eleitoral e as eleições federais,

estaduais e municipais.

Art. 2º E' eleitor o cidadão maior de 21 anos, sem distinção de sexo, alistado na fórma deste

Codigo.

Art. 3º As condições da cidadania e os casos em que se suspendem ou perdem os direitos de

cidadão, regulam-se pelas leis atualmente em vigor, nos termos do decreto n. 19.398, de 11 de

novembro de 1930, art. 4º, entendendo-se, porém, que:

a)

o preceito firmado no art. 69, n. 5, da Constituição de 1891, rege igualmente a nacionalidade da mulher estrangeira

casada com brasileiro;

b) a mulher brasileira não perde sua cidadania pelo casamento com estrangeiro;

c)

o motivo de convicção filosofica ou política é equiparado ao de crença religiosa, para os efeitos do art. 72, § 29, da

mencionada Constituição;

d)

a parte final do art. 72, § 29, desta, sómente abrange condecorações ou títulos que envolvam fóros de nobreza,

privilégios ou obrigações incompativeis com o serviço da Republica.

Art. 4º Não podem alistar-se eleitores:

a) os mendigos;

b) os analfabetos;

c) as praças de pré, excetuados os alunos das escolas militares de ensino superior.

Parágrafo único. Na expressão praças de pré, não se compreendem:

1º) os aspirantes a oficial e os sub-oficiais;

2º) os guardas civis e quaisquer funcionários da fiscalização administrativa, federal ou

local. (BRASIL, 1932)

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ANEXO II-Lei Maria da Penha

LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006.

(Vide ADIM nº 4427)

Cria mecanismos para coibir a violência doméstica

e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do

art. 226 da Constituição Federal, da Convenção

sobre a Eliminação de Todas as Formas de

Discriminação contra as Mulheres e da Convenção

Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a

Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação

dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar

contra a Mulher; altera o Código de Processo

Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal;

e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

TÍTULO I

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1o Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a

mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de

Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar.

Art. 2o Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda,

cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social.

Art. 3o Serão asseguradas às mulheres as condições para o exercício efetivo dos direitos à vida,

à segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.

§ 1o O poder público desenvolverá políticas que visem garantir os direitos humanos das

mulheres no âmbito das relações domésticas e familiares no sentido de resguardá-las de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

§ 2o Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar as condições necessárias para o

efetivo exercício dos direitos enunciados no caput.

Art. 4o Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins sociais a que ela se destina e,

especialmente, as condições peculiares das mulheres em situação de violência doméstica e familiar.

TÍTULO II

DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER

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CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher

qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:

I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;

II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;

III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.

Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual.

Art. 6o A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de violação

dos direitos humanos.

CAPÍTULO II

DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR

CONTRA A MULHER

Art. 7o São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:

I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;

II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;

III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;

IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;

V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.

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TÍTULO III

DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR

CAPÍTULO I

DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO

Art. 8o A política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher far-se-á

por meio de um conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e de ações não-governamentais, tendo por diretrizes:

I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública com as áreas de segurança pública, assistência social, saúde, educação, trabalho e habitação;

II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras informações relevantes, com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia, concernentes às causas, às conseqüências e à freqüência da violência doméstica e familiar contra a mulher, para a sistematização de dados, a serem unificados nacionalmente, e a avaliação periódica dos resultados das medidas adotadas;

III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores éticos e sociais da pessoa e da família, de forma a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou exacerbem a violência doméstica e familiar, de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1

o, no inciso IV do art. 3

o e no inciso IV do

art. 221 da Constituição Federal;

IV - a implementação de atendimento policial especializado para as mulheres, em particular nas Delegacias de Atendimento à Mulher;

V - a promoção e a realização de campanhas educativas de prevenção da violência doméstica e familiar contra a mulher, voltadas ao público escolar e à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos das mulheres;

VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou outros instrumentos de promoção de parceria entre órgãos governamentais ou entre estes e entidades não-governamentais, tendo por objetivo a implementação de programas de erradicação da violência doméstica e familiar contra a mulher;

VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas enunciados no inciso I quanto às questões de gênero e de raça ou etnia;

VIII - a promoção de programas educacionais que disseminem valores éticos de irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia;

IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos direitos humanos, à eqüidade de gênero e de raça ou etnia e ao problema da violência doméstica e familiar contra a mulher.

CAPÍTULO II

DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR

Art. 9o A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada de

forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas públicas de proteção, e emergencialmente quando for o caso.

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§ 1o O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de violência

doméstica e familiar no cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal.

§ 2o O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar

sua integridade física e psicológica:

I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da administração direta ou indireta;

II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de trabalho, por até seis meses.

§ 3o A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar compreenderá o

acesso aos benefícios decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os serviços de contracepção de emergência, a profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de violência sexual.

CAPÍTULO III

DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL

Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as providências legais cabíveis.

Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao descumprimento de medida protetiva de urgência deferida.

Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre outras providências:

I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário;

II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico Legal;

III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida;

IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar;

V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis.

Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal:

I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a termo, se apresentada;

II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstâncias;

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III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de medidas protetivas de urgência;

IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar outros exames periciais necessários;

V - ouvir o agressor e as testemunhas;

VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes criminais, indicando a existência de mandado de prisão ou registro de outras ocorrências policiais contra ele;

VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Ministério Público.

§ 1o O pedido da ofendida será tomado a termo pela autoridade policial e deverá conter:

I - qualificação da ofendida e do agressor;

II - nome e idade dos dependentes;

III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela ofendida.

§ 2o A autoridade policial deverá anexar ao documento referido no § 1

o o boletim de ocorrência

e cópia de todos os documentos disponíveis em posse da ofendida.

§ 3o Serão admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários médicos fornecidos por

hospitais e postos de saúde.

TÍTULO IV

DOS PROCEDIMENTOS

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das causas cíveis e criminais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher aplicar-se-ão as normas dos Códigos de Processo Penal e Processo Civil e da legislação específica relativa à criança, ao adolescente e ao idoso que não conflitarem com o estabelecido nesta Lei.

Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher.

Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em horário noturno, conforme dispuserem as normas de organização judiciária.

Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para os processos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado:

I - do seu domicílio ou de sua residência;

II - do lugar do fato em que se baseou a demanda;

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III - do domicílio do agressor.

Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.

Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa.

CAPÍTULO II

DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA

Seção I

Disposições Gerais

Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofendida, caberá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas:

I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as medidas protetivas de urgência;

II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de assistência judiciária, quando for o caso;

III - comunicar ao Ministério Público para que adote as providências cabíveis.

Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida.

§ 1o As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato,

independentemente de audiência das partes e de manifestação do Ministério Público, devendo este ser prontamente comunicado.

§ 2o As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada ou cumulativamente, e poderão

ser substituídas a qualquer tempo por outras de maior eficácia, sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados.

§ 3o Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida, conceder

novas medidas protetivas de urgência ou rever aquelas já concedidas, se entender necessário à proteção da ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o Ministério Público.

Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação da autoridade policial.

Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no curso do processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.

Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos processuais relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da intimação do advogado constituído ou do defensor público.

Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar intimação ou notificação ao agressor.

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Seção II

Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o Agressor

Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras:

I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei n

o 10.826, de 22 de dezembro de 2003;

II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;

III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:

a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor;

b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação;

c) freqüentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida;

IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar;

V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.

§ 1o As medidas referidas neste artigo não impedem a aplicação de outras previstas na

legislação em vigor, sempre que a segurança da ofendida ou as circunstâncias o exigirem, devendo a providência ser comunicada ao Ministério Público.

§ 2o Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o agressor nas condições

mencionadas no caput e incisos do art. 6o da Lei n

o 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz

comunicará ao respectivo órgão, corporação ou instituição as medidas protetivas de urgência concedidas e determinará a restrição do porte de armas, ficando o superior imediato do agressor responsável pelo cumprimento da determinação judicial, sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou de desobediência, conforme o caso.

§ 3o Para garantir a efetividade das medidas protetivas de urgência, poderá o juiz requisitar, a

qualquer momento, auxílio da força policial.

§ 4o Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que couber, o disposto no caput e nos §§

5o e 6º do art. 461 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil).

Seção III

Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida

Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas:

I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento;

II - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor;

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III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos;

IV - determinar a separação de corpos.

Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre outras:

I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida;

II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial;

III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor;

IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida.

Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins previstos nos incisos II e III deste artigo.

CAPÍTULO III

DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não for parte, nas causas cíveis e criminais decorrentes da violência doméstica e familiar contra a mulher.

Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de outras atribuições, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, quando necessário:

I - requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de educação, de assistência social e de segurança, entre outros;

II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares de atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, e adotar, de imediato, as medidas administrativas ou judiciais cabíveis no tocante a quaisquer irregularidades constatadas;

III - cadastrar os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher.

CAPÍTULO IV

DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA

Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a mulher em situação de violência doméstica e familiar deverá estar acompanhada de advogado, ressalvado o previsto no art. 19 desta Lei.

Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de violência doméstica e familiar o acesso aos serviços de Defensoria Pública ou de Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da lei, em sede policial e judicial, mediante atendimento específico e humanizado.

TÍTULO V

DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR

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Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher que vierem a ser criados poderão contar com uma equipe de atendimento multidisciplinar, a ser integrada por profissionais especializados nas áreas psicossocial, jurídica e de saúde.

Art. 30. Compete à equipe de atendimento multidisciplinar, entre outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por escrito ao juiz, ao Ministério Público e à Defensoria Pública, mediante laudos ou verbalmente em audiência, e desenvolver trabalhos de orientação, encaminhamento, prevenção e outras medidas, voltados para a ofendida, o agressor e os familiares, com especial atenção às crianças e aos adolescentes.

Art. 31. Quando a complexidade do caso exigir avaliação mais aprofundada, o juiz poderá determinar a manifestação de profissional especializado, mediante a indicação da equipe de atendimento multidisciplinar.

Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta orçamentária, poderá prever recursos para a criação e manutenção da equipe de atendimento multidisciplinar, nos termos da Lei de Diretrizes Orçamentárias.

TÍTULO VI

DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS

Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumularão as competências cível e criminal para conhecer e julgar as causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, observadas as previsões do Título IV desta Lei, subsidiada pela legislação processual pertinente.

Parágrafo único. Será garantido o direito de preferência, nas varas criminais, para o processo e o julgamento das causas referidas no caput.

TÍTULO VII

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 34. A instituição dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher poderá ser acompanhada pela implantação das curadorias necessárias e do serviço de assistência judiciária.

Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios poderão criar e promover, no limite das respectivas competências:

I - centros de atendimento integral e multidisciplinar para mulheres e respectivos dependentes em situação de violência doméstica e familiar;

II - casas-abrigos para mulheres e respectivos dependentes menores em situação de violência doméstica e familiar;

III - delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços de saúde e centros de perícia médico-legal especializados no atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar;

IV - programas e campanhas de enfrentamento da violência doméstica e familiar;

V - centros de educação e de reabilitação para os agressores.

Art. 36. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios promoverão a adaptação de seus órgãos e de seus programas às diretrizes e aos princípios desta Lei.

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Art. 37. A defesa dos interesses e direitos transindividuais previstos nesta Lei poderá ser exercida, concorrentemente, pelo Ministério Público e por associação de atuação na área, regularmente constituída há pelo menos um ano, nos termos da legislação civil.

Parágrafo único. O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz quando entender que não há outra entidade com representatividade adequada para o ajuizamento da demanda coletiva.

Art. 38. As estatísticas sobre a violência doméstica e familiar contra a mulher serão incluídas nas bases de dados dos órgãos oficiais do Sistema de Justiça e Segurança a fim de subsidiar o sistema nacional de dados e informações relativo às mulheres.

Parágrafo único. As Secretarias de Segurança Pública dos Estados e do Distrito Federal poderão remeter suas informações criminais para a base de dados do Ministério da Justiça.

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no limite de suas competências e nos termos das respectivas leis de diretrizes orçamentárias, poderão estabelecer dotações orçamentárias específicas, em cada exercício financeiro, para a implementação das medidas estabelecidas nesta Lei.

Art. 40. As obrigações previstas nesta Lei não excluem outras decorrentes dos princípios por ela adotados.

Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei n

o 9.099, de 26 de setembro de 1995.

Art. 42. O art. 313 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo

Penal), passa a vigorar acrescido do seguinte inciso IV:

“Art. 313. .................................................

................................................................

IV - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos da lei específica, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência.” (NR)

Art. 43. A alínea f do inciso II do art. 61 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de

1940 (Código Penal), passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 61. ..................................................

.................................................................

II - ............................................................

.................................................................

f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica;

...........................................................” (NR)

Art. 44. O art. 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes alterações:

“Art. 129. ..................................................

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..................................................................

§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou

com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.

..................................................................

§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido

contra pessoa portadora de deficiência.” (NR)

Art. 45. O art. 152 da Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal), passa a

vigorar com a seguinte redação:

“Art. 152. ...................................................

Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica contra a mulher, o juiz poderá determinar o comparecimento obrigatório do agressor a programas de recuperação e reeducação.” (NR)

Art. 46. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco) dias após sua publicação.

Brasília, 7 de agosto de 2006; 185o da Independência e 118

o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA Dilma Rousseff

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ANEXO III- Aprovação do Comitê de Ética

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ANEXO IV- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA – CEP / UniSALESIANO

(Resolução nº 466 de 12/12/12 – CNS)

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

I – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE OU RESPONSÁVEL LEGAL

1. Nome do Paciente:

Documento de Identidade nº

Sexo:

Data de Nascimento:

Endereço:

Cidade: U.F.

Telefone:

CEP:

1. Responsável Legal:

Documento de Identidade nº

Sexo: Data de Nascimento:

Endereço:

Cidade: U.F.

Natureza (grau de parentesco, tutor, curador, etc.):

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II – DADOS SOBRE A PESQUISA CIENTÍFICA

1. Título do protocolo de pesquisa: Stress e estratégias de enfrentamento utilizadas pela mulher contemporânea.

2. Pesquisador responsável: Oscar Xavier de Aguiar

Cargo/função:

Psicólogo

Inscr.Cons.Regional:

06/7649

Unidade ou Departamento do Solicitante:

Serviço de Psicologia

3. Avaliação do risco da pesquisa: (probabilidade de que o indivíduo sofra algum dano como conseqüência

imediata ou tardia do estudo).

SEM RISCO RISCO MÍNIMO RISCO MÉDIO RISCO MAIOR

4. Justificativa e os objetivos da pesquisa (explicitar):

O stress é um assunto de interesse e bastante popular atualmente. Concebe-se o stress como

uma resposta física e psicológica a eventos externos ou internos, sejam bons ou ruins, fazendo

com o que o organismo utilize energia adaptativa para a nova situação, assim, gerando sintomas

(LIPP e MALAGRIS, 2001).

Juntamente com a evolução da mulher na sociedade vieram à multiplicidade de papéis atribuída a

elas, desse modo elas ficaram expostas a mais fontes estressoras devido às mudanças em sua

vida cotidiana. De acordo com pesquisa realizada por Calais, Andrade e Lipp (2003) a mulher

apresenta mais stress em relação ao sexo oposto.

Para Langston e Cantor (1989) deve-se considerar que a transição na vida acadêmica dos

estudantes no inicio de seus estudos universitários pode gerar um aumento de responsabilidade,

ansiedade e competitividade, o que facilitaria o stress.

A partir dessa perspectiva, compreender se realmente o stress atinge essa população e quais

estratégias as mulheres mais utilizam para o enfretamento deste, a fim de evitar seu agravamento

ao nível máximo, prejudicando assim a saúde.

As estratégias de enfrentamento podem acabar por prejudicar ou beneficiar os sintomas,

colaborando na qualidade de vida e rotina.

A partir de estudo e conhecimento dessas estratégias torna-se possível identificar as mais

eficientes, de modo que o stress não prejudique outros aspectos na vida da pessoa. A pesquisa

focada nas estratégias de enfrentamento é uma medida preventiva de outras doenças

potencializadas pelo stress.

Objetivos Primários:

x

x

x

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Verificar a incidência de stress e as estratégias de enfrentamento utilizadas por mulheres que

possuam multiplicidade de papéis, estudantes de cursos da área da saúde do Unisalesiano de

Lins.

Objetivos Secundários:

Através de aplicação do manual Inventário de Sintomas de Stress em Adultos de Lipp (ISSL) e

questionário de avaliação de estratégias de enfrentamento de stress baseado em Savóia,

Santana e Mejias (1996), conhecer o nível, sintomas, estressores e as estratégias utilizadas por

essas mulheres para enfrentamento do stress.

5. Procedimentos que serão utilizados e propósitos, incluindo a identificação dos procedimentos que são experimentais: (explicitar)

Serão utilizados o Inventário de Sintomas de Stress em Adultos de Lipp-ISSL (2005) o qual avalia

a ocorrência do stress, a sintomatologia e fase em que o individuo se encontra.

Para avaliar as estratégias de enfrentamento de stress será elaborado um questionário de 30

questões de estratégias baseadas em “Estratégias de Coping” de Folkman e Lazarus adaptada

por Savóia e outros em 1996, na língua portuguesa.

6. Desconfortos e riscos esperados: (explicitar)

Não há desconforto em relação à pesquisa, e não há risco para o sujeito.

7. Benefícios que poderão ser obtidos: (explicitar)

Novas estratégias de enfrentamento do stress adaptadas ao estilo de vida da mulher contemporânea, de

forma que este não se agrave comprometendo sua saúde.

8. Procedimentos alternativos que possam ser vantajosos para o indivíduo: (explicitar)

Através da pesquisa, conhecer as estratégias de enfrentamento do stress utilizadas pelas participantes,

assim, como essas podem ser colaboradoras ou maléficas para sua saúde interferindo também em sua

qualidade de vida. Através desta pode-se criar possibilidades de manejo do stress de acordo com o estilo

de vida contemporâneo.

9. Duração da pesquisa: 03 meses após aprovação do Comitê de Ética

10. Aprovação do Protocolo de pesquisa pelo Comitê de Ética para análise de projetos de pesquisa em

/ /

III - EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU REPRESENTANTE LEGAL

1. Recebi esclarecimentos sobre a garantia de resposta a qualquer pergunta, a qualquer dúvida acerca dos procedimentos, riscos, benefícios e outros assuntos relacionados com a pesquisa e o tratamento do indivíduo.

2. Recebi esclarecimentos sobre a liberdade de retirar meu consentimento a qualquer momento e deixar de

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participar no estudo, sem que isto traga prejuízo à continuação de meu tratamento.

3. Recebi esclarecimento sobre o compromisso de que minha identificação se manterá confidencial tanto quanto a informação relacionada com a minha privacidade.

4. Recebi esclarecimento sobre a disposição e o compromisso de receber informações obtidas durante o

estudo, quando solicitadas, ainda que possa afetar minha vontade de continuar participando da pesquisa.

5. Recebi esclarecimento sobre a disponibilidade de assistência no caso de complicações e danos

decorrentes da pesquisa.

Observações complementares.

IV – CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO

Declaro que, após ter sido convenientemente esclarecido (a) pelo pesquisador

responsável e assistentes, conforme registro nos itens 1 a 5 do inciso IV da

Resolução 466, de 12/12/12, consinto em participar, na qualidade de participante da

pesquisa, do Projeto de Pesquisa (colocar o nome do projeto de pesquisa).

________________________________ Local, / / .

Assinatura

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____________________________________

Testemunha

Nome .....:

Endereço.:

Telefone .:

R.G. .......:

____________________________________

Testemunha

Nome .....:

Endereço.:

Telefone .:

R.G. .......:

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SOLICITAÇÃO DE DISPENSA DO TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu, ______________________________(nome do Pesquisador responsável) pelo projeto

______________(nome do Projeto de Pesquisa), solicito perante este Comitê de Ética em

Pesquisa com seres humanos - CEP da Missão Salesiano de Mato Grosso – Centro Universitário

Católico Salesiano Auxilium – UniSALESIANO de Araçatuba – S. P. a dispensa da utilização do

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO para realização do projeto de pesquisa

(colocar o nome do projeto) tendo em vista que o mesmo (colocar justificativa). Nestes termos,

me comprometo a cumprir todas as diretrizes e normas reguladoras descritas na Resolução n°

466 de 12 de dezembro de 2012, referentes às informações obtidas com este Projeto de

Pesquisa.

Araçatuba (nome cidade), ___ de____________ de ____

NOME DO PROF. Orientador (pesquisador responsável)

CPF________________

Curso de ___________________________

Instituição ____________________________