estratégias de defesa em pacientes com...

130
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA VASCONCELLOS MESQUITA Estratégias de defesa em pacientes com Transtorno de Ansiedade Social avaliadas pelo Questionário de Avaliação do Comportamento Defensivo em Seres Humanos (QCD) Ribeirão Preto 2009

Upload: lamcong

Post on 18-Jan-2019

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto

STELLA CRISTINA VASCONCELLOS MESQUITA

Estratégias de defesa em pacientes com Transtorno de

Ansiedade Social avaliadas pelo Questionário de Avaliação do

Comportamento Defensivo em Seres Humanos (QCD)

Ribeirão Preto

2009

Page 2: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

STELLA CRISTINA VASCONCELLOS MESQUITA

Estratégias de defesa em pacientes com Transtorno de

Ansiedade Social avaliadas pelo Questionário de Avaliação do

Comportamento Defensivo em Seres Humanos (QCD)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Mental do Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Mestre em Ciências Médicas. Área de Concentração: “Saúde Mental”

Orientadora: Profa. Dra. Cristina Marta Del-Ben

Ribeirão Preto

2009

Page 3: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio

convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a

fonte.

FICHA CATALOGRÁFICA

Mesquita, Stella Cristina Vasconcellos.

Estratégias de defesa em pacientes com Transtorno de Ansiedade Social avaliadas pelo Questionário do Comportamento Defensivo em Seres Humanos (QCD) / Stella Cristina V. Mesquita; Orientadora Del-Ben, Cristina Marta – Ribeirão Preto, 2009.

129 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo, 2009.

1 transtorno de ansiedade social 2 comportamento defensivo 3 cenários de ameaça

Page 4: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

Nome: MESQUITA, Stella Cristina Vasconcellos

Título: Estratégias de defesa em pacientes com Transtorno de Ansiedade Social

avaliadas pelo Questionário do Comportamento Defensivo em Seres Humanos

(QCD)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Mental do Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Mestre em Ciências Médicas

Aprovado em:

Banca Examinadora

Prof. Dr. _________________________ Instituição: _______________________

Julgamento: ______________________ Assinatura: _______________________

Prof. Dr. _________________________ Instituição: _______________________

Julgamento: ______________________ Assinatura: _______________________

Prof. Dr. _________________________ Instituição: _______________________

Julgamento: ______________________ Assinatura: _______________________

Page 5: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

Dedico este trabalho aos meus pais – Iracema Vasconcellos Mesquita e Jacques Mesquita Filho – e aos meus irmãos – Luis Alberto Vasconcellos

Mesquita e Luciano Vasconcellos Mesquita, que em momento algum permitiram que eu pensasse que não seria capaz de realizá-lo e me

estimularam incessantemente com amor e dedicação.

À nova e grande amiga que se mostrou sempre pronta a auxiliar-me e a reforçar a crença de que há pessoas generosas e desprendidas de

interesses, Rosana Shuhama.

Dedico este trabalho e agradeço especialmente à Professora Doutora Cristina Marta Del Ben, pessoa que certamente desempenhou papel

muito mais importante que o de Orientadora, acreditando que eu poderia desenvolvê-lo e criando condições para tal, sem a qual não teria tido a

oportunidade de me manter na Pós-Graduação.

Page 6: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

AGRADECIMENTOS

Agradeço àqueles que estiveram prontos a prestar auxílio, em todos os sentidos,

permitindo que este trabalho fosse desenvolvido.

Ao Doutor Juscélio Dall´Oglio – cujos esforços intensos, competência e atenção

permitiram que eu estivesse aqui neste momento.

Ao Doutor Paulo Luis Pereira – pela habilidade, dedicação profissional e humana a

mim dispensadas.

A toda a equipe do Hospital São Lucas (Americana) – pelos cuidados sinceros e

desinteressados que dedicaram a mim e à minha família.

À Professora Doutora Cristina Marta Del-Ben – pelo empenho em me fazer acreditar

em mim mesma, a despeito de minha própria incerteza, criando meios para que eu

pudesse desenvolver tal trabalho.

À Rosana Shuhama – pela nova amizade que tive a oportunidade de fazer, em um

momento bastante difícil, e por ter demonstrado imensa disposição e boa vontade

em auxiliar-me em todo o curso deste trabalho.

Ao Professor Doutor José Alexandre de Souza Crippa - pela oportunidade de

conhecer como é conduzido e qual a importância de um trabalho científico, através

de generosa partilha de seus conhecimentos e experiência e da permissão de

participar de outras pesquisas.

À Flávia de Lima Osório – pelos esclarecimentos prestados e pelos documentos

cedidos com prontidão admirável.

Ao Professor Doutor Frederico Guilherme Graeff – pelas orientações prestadas na

condução deste trabalho, imprescindíveis, em função de sua vasta experiência no

assunto.

Page 7: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

Ao Professor Doutor Jair Lício Ferreira – pela valiosa orientação sobre metodologia

estatística adequada a este trabalho.

À Analista Acadêmica Ivana Geraldo Cintra Faria – por sua disponibilidade em

resolver o que podia e em procurar encaminhar da melhor maneira o que não fosse

de sua alçada.

Aos meus irmãos Doutor Luis Alberto Vasconcellos Mesquita e Luciano

Vasconcellos Mesquita – pelos esforços incansáveis em promover meu

restabelecimento físico e emocional.

À minha Mãe Iracema Vasconcellos Mesquita – exemplo de amor, perseverança e fé

que, mesmo diante de tantas adversidades que vem encontrando ao longo da vida,

não esmorece nunca e não permite que eu desista de nada, sempre insistindo que

posso alcançar.

Ao meu Pai, Jacques Mesquita Filho – meu espelho na busca de conhecimento e

aprimoramento profissionais, modelo de inteligência, que manteve firme dentro de

mim a crença de que eu poderia realizar mais em minha vida.

À amiga Doutora Aline Fernanda Vilela – por vir demonstrando estar ao meu lado

em todos os momentos importantes de minha vida, principalmente naqueles em que

não tive nada a oferecer e precisei de auxílio.

À família de minha saudosa Tia Jandyra Antunes da Silva Rosa e do Capitão

Arlindo de Almeida Rosa – pelo auxílio prontamente prestado nos momentos mais

difíceis, verdadeiros exemplos de bondade e carinho.

À Psicóloga Elizabeth Rocio Azevedo Dipp Gimael – pelo auxílio de valor inestimável

de alguém que conhece o equilíbrio entre ser terapêutica ao seu paciente e ser

humana com a pessoa que a procura.

À amiga Célia Cardoso – pelo seu carinho e sua eterna disponibilidade em estender

a mão a quem necessita.

Page 8: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

“Alguns não conseguem afrouxar suas próprias cadeias e, não

obstante, conseguem libertar seus amigos.

Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria

chama: como se renovar sem primeiro se tornar cinzas?”

(Assim falou Zaratustra)

Page 9: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

RESUMO

MESQUITA, S. C. V. Estratégias de defesa em pacientes com Transtorno de

Ansiedade Social avaliadas pelo Questionário do Comportamento Defensivo em

seres humanos (QCD). 2009. 129 f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de

Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2009.

Introdução: Seres humanos guardam semelhanças com animais não-humanos nas

estratégias defensivas adotadas mediante estímulo de ameaça. A reação adequada

a uma situação é condição que influencia na sobrevivência do animal. As emoções

representam padrões de respostas moldadas pela seleção natural para oferecer

vantagens adaptativas. Logo, a ansiedade social pode ser apropriada e o Transtorno

de Ansiedade Social (TAS) seria resultante de sua disfunção. Hipotetizou-se que o

portador de TAS mostraria diferenças na adoção de estratégias defensivas aos

cenários do Questionário do Comportamento Defensivo em Seres Humanos (QCD),

comparando-se a indivíduos saudáveis. Objetivos: Pretendeu-se verificar a

freqüência de respostas defensivas aos 12 cenários de ameaça coespecífica, em

indivíduos com TAS, em comparação a saudáveis, controlando-se o sexo, e se

características clínicas como gravidade dos sintomas e subtipo do TAS interferem

em tais respostas. Sujeitos e Métodos: Gravidade clínica foi avaliada pelo Inventário

de Ansiedade de Beck (BAI), Inventário de Fobia Social (SPIN) e Escala Breve de

Fobia Social (BSPS). O diagnóstico foi confirmado através da Entrevista Clínica

Estruturada para o DSM-IV (SCID). Dos 198 voluntários, 110 eram casos de TAS e

88, controles saudáveis. Respostas ao QCD e a caracterização clínico-demográfica

foram comparadas pelo Teste Exato de Fischer; aplicou-se ANOVA de uma via, para

idades e escores médios de escalas de avaliação de gravidade. Resultados: Não

houve diferença significativa com relação ao sexo, estado civil, cor da pele e idade

média, entre grupos caso e controle. A maioria dos voluntários é solteira, de pele

branca, distribuindo-se em 18 cursos universitários. Entre os casos de TAS,

independente do sexo, a idade média de início da doença foi de 11,38 anos; o tempo

médio de evolução, de 10,55 anos. Não foram observadas diferenças significativas,

entre os sexos, quanto ao subtipo, gravidade pelo DSM-IV, temores de falar em

público, comer e escrever sob a visão de um terceiro, escores médios da BSPS,

Page 10: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

SPIN e de suas subescalas. Escores médios do BAI mostraram diferença

significativa entre os sexos. Diferenças na adoção de estratégias defensivas em sete

dos doze cenários: “Árvore”, “Elevador”, “Semáforo”, “Traseira”, “Praça”, “Agarrão”,

“Barulho”, indicando diferença à direita. Tais cenários caracterizam-se por ameaça

proximal, com rota de fuga (“Árvore”,”Semáforo”,”Elevador”); características

semelhantes, porém, proteção em ambiente seguro, no cenário “Traseira”. Situação

de captura, “Agarrão” mostrou diferenças mais marcantes quanto ao sexo. “Praça”

representa ameaça clara, de alta intensidade, com possibilidade de fuga

intermediária. O único cenário descritivo de ameaça distal, dentre os supracitados,

foi “Barulho”. Condutas diferentes, nem sempre mais urgentes, foram escolhidas por

casos de TAS. Não houve diferenças significativas nas respostas defensivas de

acordo com o subtipo e a gravidade do TAS, independente de sexo. Conclusão: As

respostas estão de acordo com as hipóteses da literatura animal não-humana e

mostram que houve confirmação da hipótese do estudo de que portadores de TAS

apresentam diferenças na adoção de estratégias defensivas, em comparação aos

saudáveis. A gravidade da doença não interferiu nas escolhas de estratégias

defensivas, mas houve diferenças significativas entre os sexos.

Palavras-chave: transtorno ansiedade social; comportamento defensivo; cenários de

ameaça

Page 11: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

ABSTRACT

MESQUITA, S. C. V. Defensive responses in patients with Social Anxiety Disorder

assessed by the Defensive Behavior Questionnaire in Humans. 2009. 129 f.

Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de

São Paulo, Ribeirão Preto, 2009.

Introduction: Human beings share the same defensive behavioral patterns to threat

stimuli with non-human animals. The appropriate response to a specific situation is a

condition that influences the survival of an animal. Emotions represent defensive

response patterns molded by natural selection to offer adaptative advantages.

Therefore, social anxiety may be appropriate; the Social Anxiety Disorder (SAD)

would be a result from its malfunction. It is hypothesized that SAD patients would

choose different defensive strategies to the threat scenarios described in the

“Questionário do Comportamento Defensivo em Seres Humanos” (QCD), compared

to healthy subjects. Objectives: It was the aim of this study to check the defensive

responses to the 12 co-specific threat scenarios described in the QCD, by SAD

versus healthy volunteers, controlling subject’s sex. It was also intended to check

whether clinical features, such as the disease’s severity and subtype, would affect

suche choices. Subjects and Methods: Volunteers answered to the QCD, BAI and

SPIN, in order to identify SAD cases. Such cases answered the SCID-I-CV and the

BSPS. 110 out of the 198 volunteers were identified as SAD cases and 88, as

healthy subjects. Responses to the QCD and the clinical-demographic features were

compared by Fisher Exact Test; one-way ANOVA was used to compare mean ages

and mean scores of such scales. Responses to each scenario were compared, by

case and control, controlling the subject’s sex. Defensive responses were also

compared according to clinical features (SAD subtypes, DSM-IV SAD severity).

Results: There was no statistically significant difference related to sex, marital status,

skin color and mean ages between case and control groups. Most of the volunteers

were single, white, evenly distributed in the 18 university courses. Mean SAD

outcome age in females was 11,80 years, while 10,50 years in males and 11,38, in

the total sample. Mean disease time was 10,55 years in the total sample. There was

no statistically significant difference between sexes related to SAD subtype; DSM-IV

Page 12: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

severity; fears of speaking in public, eating and writing; mean BSPS and SPIN scores

and its subscales. Mean BAI scores showed statistically significant difference

between sexes. Defensive strategies differences found in seven of the twelve

scenarios: ”Bush”, ”Elevator”, ”Stoplight”, ”Tailgating”, ”Park”, ”Grab”, ”Noise”,

indicating a difference to the right. The scenarios “Bush”, “Stoplight”, “Elevator”

describe close and escapable threats; similar characteristics, added to protection in a

safe place, are suggested in the scenario “Back”. Capture situation, “Grab” showed

that the most important differences were due to sex. “Park” describes a clear and

moderate escapable threat. The only scenario describing a far threat situation was

“Noise”. Different but not always urgent strategies were adopted by TAS patients.

There were no statistically significant differences in defensive behaviors according to

SAD subtype and DSM-IV severity, when sex was not considered. Conclusion:

Defensive responses confirm the non-human literature hypothesis showing that

patients with SAD display differences in the defensive strategies choices to threat,

when compared to healthy subjects. Disease’s severity did not alter such choices,

but there was a statistically significant difference between sexes.

Keywords: [social anxiety disorder; defensive behavior; threat scenarios]

Page 13: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

LISTAS DE FIGURAS

FIGURA 1 – Respostas mais freqüentes ao cenário “Árvore”, para casos e controles, independente de sexo. (* p < 0,05, Teste Exato de Fisher) ...................................... 36

FIGURA 2– Respostas mais frequentes ao cenário “Árvore”, segundo o diagnóstico e o sexo dos participantes (* p < 0,05, Teste Exato de Fisher) ................................. 37

FIGURA 3 – Respostas mais freqüentes ao cenário “Elevador”, para casos e controles, por sexo (* p < 0,05, Teste Exato de Fisher) ............................................ 39

FIGURA 4 – Respostas mais frequentes ao cenário “Semáforo”, para casos e controles, por sexo (* p < 0,05, Teste Exato de Fisher) ............................................ 42

FIGURA 5 – Respostas mais freqüentes ao cenário “Traseira”, para casos e controles, independente de sexo (* p < 0,05, Teste Exato de Fisher) ....................... 44

FIGURA 6 – Respostas mais freqüentes ao cenário “Traseira”, para casos e controles, por sexo. (* p < 0,05, Teste Exato de Fisher) ........................................... 45

FIGURA 7 – Respostas mais freqüentes ao cenário “Praça”, para casos e controles, por sexo (* p < 0,05, Teste Exato de Fisher) ............................................................. 51

FIGURA 8 – Respostas mais freqüentes ao cenário “Barulho”, para casos e controles, independente de sexo. (* p < 0,05, Teste Exato de Fisher). ..................... 56

Page 14: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

LISTAS DE TABELAS

Tabela 1 – Frequências e porcentagens da amostra de acordo com os grupos (pacientes com TAS e controles saudáveis) e sua distribuição de acordo com o sexo, em números absolutos e porcentagens .................................................................... 26

Tabela 2 – Frequências e porcentagens da amostra total (grupos caso e controle) de acordo com o curso, independente de sexo .............................................................. 28

Tabela 3 – Idades médias, mínimas e máximas de início do TAS e tempos médios, mínimos e máximos de evolução da doença, em anos ............................................. 29

Tabela 4 – Freqüências e porcentagens dos casos de TAS de acordo com o subtipo (circunscrito e generalizado), por sexo ...................................................................... 30

Tabela 5 – Freqüências e porcentagens dos casos de TAS de acordo com a gravidade, pelo DSM-IV, por sexo ............................................................................. 30

Tabela 6 – Médias e desvios-padrões dos escores das escalas SPIN, BAI e BSPS, por sexo .................................................................................................................... 31

Tabela 7 – Freqüência de respostas ao cenário “Árvore” segundo o sexo dos participantes e o diagnóstico (controles = 88; casos = 110). Diferença estatisticamente significativa (χ2 = 54,55; gl = 12; p < 0,001) .................................... 35

Tabela 8 – Freqüência de respostas ao cenário “Elevador” segundo o sexo dos participantes e o diagnóstico (controles = 88; casos = 110). Diferença estatisticamente significativa (χ2 = 35,91; gl = 12; p < 0,001) .................................... 38

Tabela 9 – Freqüência de respostas ao cenário “Semáforo” segundo o sexo dos participantes e o diagnóstico (controles = 88; casos = 110). Diferença estatisticamente significativa (χ2 = 17,40; gl = 3; p < 0,001) ..................................... 41

Tabela 10 – Freqüência de respostas ao cenário “Traseira” segundo o sexo dos participantes e o diagnóstico (controles = 88; casos = 110). Diferenças estatisticamente significativas (χ2 = 16,48; gl = 6; p = 0,011) ................................... 43

Tabela 11 – Freqüência de respostas ao cenário “Esquina” segundo o sexo dos participantes e o diagnóstico (controles = 88; casos = 110). Sem diferenças estatisticamente significativas (χ2 = 8,03; gl = 6; p = 0,235). ..................................... 46

Tabela 12 – Freqüência de respostas ao cenário “Familiaridade” segundo o sexo dos participantes e o diagnóstico (controles = 88; casos = 110). Sem diferenças estatisticamente significativas (χ2 = 8,12; gl = 6; p = 0,229) ...................................... 48

Tabela 13 – Freqüência de respostas ao cenário “Praça” segundo o sexo dos participantes e o diagnóstico (controles = 88, casos = 110). Diferenças estatisticamente significativas (χ2 = 22,72; gl = 6; p < 0,001) ................................... 50

Tabela 14 – Freqüência de respostas ao cenário “Agarrão” segundo o sexo dos participantes e o diagnóstico (controles = 88; casos = 110). Diferenças estatisticamente significativas (χ2 = 30,02; gl = 12; p < 0,003) ................................. 53

Page 15: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

Tabela 15 – Freqüência de respostas ao cenário “Barulho” segundo o sexo dos participantes e o diagnóstico (controles = 88; casos = 110). Diferenças estatisticamente significativas (χ2 = 15,70; gl = 6; p = 0,010) .................................... 55

Tabela 16 – Freqüência de respostas ao cenário “Telefone” segundo o sexo dos participantes e o diagnóstico (controles = 88; casos = 110). Sem diferenças estatisticamente significativas (χ2 = 14,38; gl = 9; p = 0,109) ................................... 57

Tabela 17 – Freqüência de respostas ao cenário “Sussurro”, segundo o sexo dos participantes e o diagnóstico (controles = 88; casos = 110). Sem diferenças estatisticamente significativas (χ2 = 2,90; gl = 3; p = 0,407) ..................................... 59

Tabela 18 – Freqüência de respostas ao cenário “Passos”, segundo o sexo dos participantes e o diagnóstico (controles = 88; casos = 110). Sem diferenças estatisticamente significativas (χ2 = 8,01; gl = 6; p = 0,237) ...................................... 60

Page 16: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1

1.1 Resposta defensiva, emoção e evolução por seleção natural cumulativa ......... 1 1.2 Comportamento defensivo e transtornos de ansiedade..................................... 6 1.3 Transtorno de Ansiedade Social ...................................................................... 10 1.4 Transtorno de ansiedade social sob a luz da abordagem evolucionista .......... 11 1.5 Emprego de cenários na pesquisa sobre comportamentos defensivos ........... 14 1.6 Justificativa ...................................................................................................... 15

2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 17 3 SUJEITOS E MÉTODOS ....................................................................................... 18

3.1 Participantes do estudo ................................................................................... 18 3.2 Instrumentos de avaliação ............................................................................... 19

3.2.1 Questionário de Avaliação do Comportamento Defensivo em Seres Humanos (QCD) ................................................................................................ 19 3.2.2 Inventário de Ansiedade de Beck (BAI) ..................................................... 20 3.2.3 Inventário de Fobia Social (SPIN) ............................................................. 21 3.2.4 Escala Breve de Fobia Social (BSPS) ....................................................... 22

3.3 Procedimentos ................................................................................................. 22 3.4 Planejamento estatístico .................................................................................. 23

4 ASPECTOS ÉTICOS ............................................................................................. 25 5 RESULTADOS ....................................................................................................... 26

5.1 Caracterização demográfica ............................................................................ 26 5.2 Caracterização clínica ...................................................................................... 28

5.2.1 Idade de início e tempo de doença ........................................................... 28 5.2.2 Subtipos e gravidade de sintomas ............................................................ 30

5.3 Respostas aos cenários ................................................................................... 33 5.3.1 Cenário “Árvore” ........................................................................................ 33 5.3.2 Cenário “Elevador” .................................................................................... 37 5.3.3 Cenário “Semáforo“ ................................................................................... 40 5.3.4 Cenário “Traseira“ ..................................................................................... 42 5.3.5 Cenário “Esquina“ ..................................................................................... 45 5.3.6 Cenário “Familiaridade” ............................................................................. 47 5.3.7 Cenário “Praça” ......................................................................................... 49 5.3.8 Cenário “Agarrão” ...................................................................................... 51 5.3.9 Cenário “Barulho” ...................................................................................... 54 5.3.10. Cenário “Telefone“ ................................................................................. 56 5.3.11 Cenário “Sussurro” .................................................................................. 58 5.3.12 Cenário “Passos“ ..................................................................................... 58 5.4 Respostas ao QCD quanto ao subtipo do TAS ............................................ 61 5.5 Respostas ao QCD quanto à gravidade, de acordo com o DSM-IV (Leve, Moderado e Grave), independente de sexo. ...................................................... 61

6 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 62 6.1 Das considerações da amostra ....................................................................... 62 6.2 Das características clínicas do TAS na amostra .............................................. 63

Page 17: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

6.3 Das respostas ao QCD .................................................................................... 65 6.3.1 Das respostas ao QCD obtidas neste estudo com relação aos estudos anteriores ........................................................................................................... 65 6.3.2 Das respostas ao QCD quanto à presença ou ausência do diagnóstico de TAS, considerando-se o sexo ............................................................................ 67 6.3.3 Das respostas ao QCD quanto às características clínicas do TAS ........... 73

7 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 75 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 76 APÊNDICE ................................................................................................................ 83 ANEXOS ................................................................................................................... 86

Page 18: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

1

1 INTRODUÇÃO

1.1 Resposta defensiva, emoção e evolução por seleção natural cumulativa

Em seu trabalho seminal sobre a evolução através da seleção natural,

Darwin (1872) discorre não somente sobre o surgimento de novas espécies como

também sobre a conservação de outras preexistentes. Acabou por estender seu

pensamento sobre a Teoria Evolucionista, defendendo a idéia de que a evolução

baseia-se em aspectos anatômicos assim como em estratégias comportamentais,

referindo-se à expressão de emoções em animais e seres humanos, introduzindo na

Psicologia a perspectiva evolucionista.

Darwin foi um etologista, mesmo antes da existência desse termo, uma vez

que apontou a expressão de emoções como um traço espécie-específico, assim

como o são as características morfológicas (exemplos: asas, orelhas, sistema

digestivo). Etologistas alemães vieram a denominar tal padrão de estruturas físicas e

manifestação de determinadas emoções, característicos de uma espécie, como

Erbkoordination, o que posteriormente foi traduzido para o inglês, perdendo a porção

Erb (herdado) da palavra e ganhando maior rigidez, chegando-se ao termo Padrão

Fixo de Ação (“Fixed Action Pattern” – FAP). Desse modo, pode-se dizer que um ser

humano e um cachorro demonstram felicidade de maneiras diferentes, mas todos os

seres humanos o fazem dentro de um padrão semelhante (DE WAAL, 2003).

Logo, a estes padrões de expressões emocionais aplica-se o conceito de

homologia – termo que se refere ao fato de que características similares de

diferentes espécies podem ser traçadas até seus ancestrais. Pode-se citar como

exemplo o fato de que asas e braços têm funções diferentes, apesar de derivados

de origem comum entre pássaros e humanos (DE WAAL, 2003).

As adaptações, sejam elas anatômicas ou comportamentais, são entendidas

a partir desta leitura evolucionista por seleção cumulativa, como aqueles elementos

ou traços que irão conferir ao organismo que os possui vantagem na forma de

sucesso reprodutivo diferencial, isto é, a capacidade de atingir idade reprodutiva

(ALCOCK, 1993).

Page 19: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

2

Segundo Gilbert (1998), a experiência emocional, selecionada de maneira

positiva, foi adequada para dar suporte ao processo de tomada de decisões

direcionadas às necessidades de sobrevivência.

Distante do uso vulgar do termo, uma adaptação não deve ser entendida

como sinônimo de perfeição ou de garantia ao organismo de bem estar físico ou

mental. Deste ponto de vista, pode ser ou já ter sido adaptativo sentir-se ansioso na

ausência de segurança suficiente, de status e de pistas de suporte sociais.

Portanto, a noção de flexibilidade estratégica pode ser aplicada a seres

humanos, com o intuito de se proceder a seleção de estratégias de defesa

específicas.

Da mesma maneira, considerando-se a idéia supracitada de flexibilidade

relacionada a estratégias, respostas emocionais devem seguir desafios adaptativos,

com cada emoção sendo adequada a um tipo de situação.

Esta ressalva torna-se imprescindível quando se investigam as estratégias

comportamentais de defesa a situações de ameaça e a relação das mesmas às

respostas emocionais.

A necessidade que um organismo vivo tem para se defender é bastante

óbvia. Com o mesmo funcionamento de uma corrida armamentista, a evolução cursa

com o design de estratégias contra as ameaças encontradas pelos organismos

desde que estas impliquem em pressão de seleção e se mantenham por um tempo

suficientemente longo (DARWIN, 1872; BLANCHARD; GRIEBEL; BLANCHARD,

2001).

A teoria darwiniana prediz que organismos bem adaptados apresentarão

prontidão para reagir quando do encontro com objetos ou situações de perigo

evolutivamente relevantes. O animal precisa ter a detecção, o quanto antes, de uma

possível ameaça, fazendo com que estímulos simples possam ser processados de

modo rápido e automático (LEDOUX, 1996). A conduta de avaliação de risco é uma

adaptação em resposta ao problema de balanceamento entre a vulnerabilidade à

predação ou a conflito coespecífico e outras necessidades também vitais, como

busca e obtenção de alimentos e de parceiros para acasalamento (MCGREGOR et

al., 2002).

Esta estratégia defensiva, por permitir a localização e a avaliação da

ameaça predatória, somada ao aprendizado específico, garante que o animal

retorne ao comportamento normal não-defensivo, caso não seja identificada ameaça

Page 20: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

3

real, ou determina que ele adote a estratégia mais adequada à situação. Exemplos

disso são os diferentes comportamentos adotados pelos ratos, em experimento, no

contato com objetos contendo diferentes odores: urina de gato, urina de raposa e

odores pútridos de peixe. O odor de gato aumentou a avaliação de risco e induziu o

aumento de ansiedade em ratos, que persistiu por algum tempo após a exposição.

Observaram-se reações de medo condicionado quando os animais foram

novamente expostos ao ambiente com este odor. Tais respostas podem ser vistas

como defensivas, o que não ocorreu com os odores de raposa e de peixe pútrido, os

quais incitaram reações aversivas (MCGREGOR et al., 2002).

Uma segunda estratégia comumente estudada na literatura animal não-

humana é a resposta de fuga (BLANCHARD; FLANNELLY; BLANCHARD, 1986;

BLANCHARD et al., 1998). Trata-se de resposta a uma situação de ameaça já

identificada e objetiva remover o organismo deste contexto aversivo e,

conseqüentemente, levar à redução de emissão de estímulos que possam provocar

um ataque por parte do eventual predador (DIXON, 1998; MARKS; NESSE, 1994).

Sua ocorrência comumente se associa à presença de fontes de perigo proximais, de

grande magnitude, sendo adotado caso exista uma rota de fuga disponível

(BLANCHARD; GRIEBEL; BLANCHARD, 2001).

Em situações de ameaça clara, distal e sem rota de fuga, a estratégia

defensiva que se espera ser observada é a imobilização tensa. A inexistência de

rota de fuga pode ser tanto por barreira física ou, no caso de espécies socialmente

organizadas, como a humana, por barreira social (BLANCHARD; FLANNELLY;

BLANCHARD, 1986).

A imobilização tensa, assim como a fuga, reduz a emissão de estímulos

provocadores de ataque (ADAMS, 1979; WIEDENMAYER; BARR, 2001),

funcionando como uma forma primitiva de camuflagem para que o indivíduo não seja

captado pelo predador (DIXON, 1998), permitindo que o organismo ainda

permaneça vigilante quanto a possíveis alterações contextuais (MARKS; NESSE,

1994). O animal também pode adotar tal postura com a finalidade de ser

interpretado como morto e, então, ser abandonado ou até mesmo enterrado

(MISSLIN, 2003). Como últimos recursos observados dentro da hierarquia defensiva, os

organismos podem fazer uso das estratégias de ameaça e de ataque defensivos.

Estas respostas são comumente observadas quando o organismo se encontra

Page 21: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

4

encurralado e com diminuição progressiva da distância entre o mesmo e a ameaça.

A ameaça defensiva será adaptativa se conseguir ser eficaz na comunicação ao

oponente da motivação para a luta, seja através de vocalizações ou de posturas

características (KOENIG; ROTHE, 1994; BLANCHARD et al., 1998).

Precedendo e acompanhando estas estratégias de defesa, estariam as

emoções específicas de medo e ansiedade. As emoções foram igual e

positivamente selecionadas, uma vez que provêm ao organismo elementos para

comportamento dirigido a objetivos específicos e conseqüente aumento de seu

sucesso reprodutivo. Como não há um recurso que seja absoluta e infinitamente

valioso, uma das funções evolutivas propostas para as emoções é a de proporcionar

ao próprio organismo sinais de retroalimentação que lhe comuniquem como está o

seu desempenho em uma dada ação dirigida (GILBERT, 1998).

Sabe-se que é de valor adaptativo ser capaz de aprender até que ponto um

estímulo deve ser considerado como perigoso. O medo, como exemplo, tem como

papel central fazer com que o indivíduo fuja ou evite a situação entendida como de

perigo, assim como a dor. Ele tem qualidades consideradas como desagradáveis

pela maior parte dos seres humanos e a sua falta pode levar a danos ou à morte

(GRINDE, 2005), assim como a ausência de dor é uma doença potencialmente fatal,

uma vez que há lesão tissular progressiva e deteriorante (MARKS; NESSE,1994).

Da mesma forma, a ansiedade frente a estímulos desconhecidos e/ou

potencialmente nocivos é amplamente difundida entre as espécies animais, uma vez

que todos precisam se defender, seja de objetos animados, como predadores e

competidores coespecíficos, seja de inanimados, como fenômenos climáticos

(MARKS; NESSE, 1994; JONES; BLACKSHAW, 2000; KAVALIERS; CHOLERIS,

2001).

As respostas defensivas, como as emoções em suas manifestações físicas e

comportamentais, ainda evoluíram com a capacidade de, como mencionado

brevemente nos parágrafos anteriores, permitir a troca de informações, ou seja,

apresentam a função de comunicação (ALCOCK, 1993).

O organismo emissor obtém o seu benefício evolutivo ao modificar, com a

transmissão de informação sobre as suas demandas e disposições, o

comportamento do outro. Ao organismo receptor, a comunicação será adaptativa

quando houver processamento adequado dos sinais que permitem antecipar a ação

do primeiro (CHENEY; SEYFARTH, 1997).

Page 22: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

5

Os sinais típicos de cada espécie evoluíram de forma a apresentar poucas

alternativas de como podem ser interpretados, correspondendo em sua história a

invariantes ambientais. Esta presença de sinais de interpretação difundida e

estereotipada é corroborada pela literatura em reconhecimento de expressões

emocionais em faces tanto em animais humanos como em não-humanos. O mostrar

característico dos dentes, por exemplo, comunica a disposição para o ataque

(KREBS; DAVIES, 1996).

O primeiro a ver as expressões faciais em humanos como um biólogo foi

Darwin (1872), considerando-as como características estrutural e dinâmica da

espécie humana, as quais podem ser descritas e catalogadas da mesma forma que

a morfologia de plantas e animais. É importante assinalar que tal fato não é

exclusivo à espécie humana.

De Waal (2003) descreve que o processo de comunicação deve ser visto

como uma negociação entre emissor-receptor, sobre potenciais acontecimentos. A

expressão de emoções, tida como forma de comunicação, manifesta-se em cada

membro de uma espécie de maneira similar ou até mesmo idêntica, ainda que não

tenha havido oportunidades para o aprendizado. Tal fato pode ser justificado com a

observação de que crianças surdas e cegas têm as mesmas expressões faciais em

contextos apropriados do ponto de vista emocional, quando comparadas às

saudáveis. Tal observação também se faz verdadeira quando se atesta que um

chimpanzé cativo guarda respostas semelhantes aos mesmos estímulos que um

selvagem.

Portanto, a produção de sinais de comunicação também é afetada pelo

aprendizado, porém, a interpretação e a leitura corretas parecem suscetíveis a

variáveis ambientais.

A troca de informações não é isenta da possibilidade de exploração por uma

das partes ou do erro de interpretação. Cada lado da díade emissor-receptor pode

vir a fazer uso de sinais não verdadeiros. Exemplos clássicos disto são os casos de

mimetismo batesiano. O mimetizador que evoluiu com características muito

semelhantes às de uma outra espécie realmente bem armada explora a aversão e

medo inatos de outras espécies que poderiam lhe predar (ALCOCK, 1993).

No processo de tomada de decisão com relação à conduta mais adequada,

nem sempre consciente, observa-se que ao animal poderá advir um custo evolutivo

ao seu sucesso reprodutivo mais significativo se ele não responder a uma situação

Page 23: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

6

falso-positiva de ameaça. Não responder adequadamente pode implicar na não-

sobrevivência do animal, caso ele mantenha o mesmo padrão de não-resposta a

uma situação verdadeiro-positiva, quando diante da mesma.

Conclui-se, a partir de todo o exposto neste item, que há ligação entre

comportamentos defensivos de animais humanos e não-humanos, seu papel

essencial na adaptação a situações diversas para que seja garantida a

sobrevivência e o bem estar do animal.

1.2 Comportamento defensivo e transtornos de ansiedade

A Análise Etoexperimental do comportamento é uma disciplina baseada na

comparação de comportamentos animais, tanto do ponto de vista observacional

quanto experimental, que fornece as bases para a Psicologia e Psiquiatria

evolucionistas. Através deste tipo de análise, identificou-se um conjunto básico de

estratégias comportamentais frente a situações de ameaça, e comuns a várias

espécies, que vêm sendo associadas à ansiedade humana (SHUHAMA et al., 2007).

As estratégias de defesa animal só podem ser relacionadas à ansiedade

humana, em termos neurobiológicos, quando se trata de animais de cérebro

filogeneticamente semelhante ao cérebro humano (exemplo disso são os primatas).

Seres humanos e mamíferos não-humanos dividiriam, portanto, o mesmo conjunto

de estratégias defensivas determinadas biologicamente. Tais reações, em humanos,

são acompanhadas de sentimentos conscientes de ansiedade, medo e pânico

(GRAY; MCNAUGHTON, 2000; MCNAUGHTON; CORR, 2004).

A avaliação de risco e o congelamento estariam relacionados à ansiedade; a

fuga organizada, ao medo e a fuga desorganizada, ao pânico. À medida em que

estas respostas adaptativas se tornam exageradas ou ocorrem em condições

inoportunas, passam a ser patológicas (MARKS; NESSE, 1994; DIXON, 1998;

MCNAUGHTON; CORR, 2004; GRINDE, 2005).

O supracitado pode ocorrer, considerando-se que os padrões de defesa

foram moldados no Pleistoceno, mas não sofreram modificações desde então, o que

faz com que se tornassem não-ajustados aos desafios impostos pelo ambiente

rapidamente mutável dos dias atuais.

Page 24: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

7

O estudo da matéria cinzenta periaquedutal (MCPA), funcionalmente

organizada em colunas longitudinais ao longo do aqueduto de Sylvius, mostrou que

o estímulo de suas porções lateral e dorsolateral produz comportamentos defensivos

(DE OCA et al., 1998; BITTENCOURT et al., 2004). A MCPA dorsolateral, portanto,

constituir-se-ia no substrato neural de diferentes tipos de imobilidade que, por sua

vez, estão presentes em transtornos de ansiedade diversos, como Transtorno do

Pânico e Transtorno de Ansiedade Generalizada (BRANDÃO et al., 2008).

O estudo de Moskowitz (2004) sugere que a catatonia seria uma resposta de

medo que remete ao comportamento defensivo de imobilidade tônica. A catatonia

seria derivada de encontros ancestrais com predadores cujos instintos eram

ativados pelo movimento, mas agora inadequado em muitas situações de ameaça

proximal. Presente em muitas doenças psiquiátricas e em condições médicas gerais,

a catatonia representaria resposta final ao sentimento de catástrofe.

Os transtornos de ansiedade descritos no Manual Diagnóstico e Estatístico

de Transtornos Mentais, DSM-IV (APA, 1994), corresponderiam a exageros de

emoções normais como respostas a situações de ameaça (SHUHAMA et al., 2007).

Dentro desta perspectiva, o Transtorno de Pânico corresponderia à ameaça proximal

(ataque iminente do predador); a Agorafobia, à resposta a ambientes de ameaça

potencial; a Fobia Simples, a medos inatos, e o Transtorno de Ansiedade Social, por

sua vez, representaria a reação à ameaça ao status social ou a membros do grupo

em questão.

Em teoria elaborada em 2000 e revisada em 2004, McNaughton e

colaboradores (GRAY; MCNAUGHTON, 2000; MCNAUGHTON; CORR, 2004)

sugerem que os sistemas defensivos, de arquitetura simples, baseiam-se em duas

dimensões, definidas de maneira categórica e hierárquica.

De maneira categórica, identificam-se dois sistemas neurais distintos e

interconectados:

a) Sistema do Medo, caracterizado por comportamentos que visam a

remoção do animal do perigo;

b) Sistema da Ansiedade, composto por comportamentos que permitem que

o animal se aproxime do perigo, avaliando-o.

Hierarquicamente, os comportamentos defensivos adotados baseiam-se no

que se fizer apropriado à distância defensiva entre o indivíduo e a fonte de ameaça.

Page 25: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

8

Tal hierarquia funcional aplica-se tanto ao medo quanto à ansiedade e relaciona-se

ao nível neural responsável por cada comportamento.

Desta maneira, distâncias defensivas menores estão ligadas a estruturas

caudais, subcorticais, enquanto maiores distâncias, a estruturas rostrais, corticais.

As dimensões descritas incluem muitas estruturas cerebrais, do córtex pré-

frontal à MCPA, atribuindo-se a cada uma sua função específica e uma classe de

transtornos mentais.

Tal teoria deu origem ao conceito de Sistema Inibitório Comportamental

(Behavioural Inhibitory System – BIS), em que há clara distinção entre medo

(relacionado a respostas de ataque/fuga/congelamento, que visam afastar o animal

de perigo) e ansiedade (relacionada a respostas de aproximação/evitação,

orientadas em direção à fonte de perigo). As reações de ansiedade envolvem

aumento da avaliação de risco e de defesa quiescente, as quais sofrem efeitos por

medicações ansiolíticas. Várias estruturas neurais seriam responsáveis pelo BIS,

como o sistema septo-hipocampal e a amígdala.

Sob uma perspectiva evolucionista, de acordo com o sugerido por Marks e

Nesse (1994), a fobia simples seria um exagero de medos ancestrais, proeminentes

no Pleistoceno, que foram preservados no cérebro humano, pela seleção natural.

Por outro lado, considera-se também que mecanismos de aprendizado

desempenhem papel em algumas fobias, apesar da existência de muitos estímulos

correspondentes a medos inatos particulares aos seres humanos.

Gray e McNaughton (2000) sugerem que as respostas de fuga e evitação da

fonte de perigo estariam relacionadas a reações que objetivam a preservação da

vida, com o afastamento do animal da origem da ameaça estando, desta maneira,

relacionadas ao medo. Tais respostas não são afetadas pela ação de drogas

ansiolíticas (GRAEFF; ZANGROSSI JUNIOR, 2002) demonstrando, portanto, a

distinção neurobiológica entre medo e ansiedade. Respondem à terapia cognitivo-

comportamental (LEAMAN, 1999) e, como já foi citado anteriormente, correspondem

a exacerbações de medos ancestrais, proeminentes no Pleistoceno, tendo sido

integrados ao cérebro humano pela seleção natural. Desta maneira, podem ser

compreendidas como transtornos do medo (MARKS; NESSE, 1994).

Já no Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), o indivíduo sofreu

experiência traumática e angustiante, sendo os processos de aprendizado e

memória mais importantes em sua patogênese que traços inatos (LEDOUX, 1996).

Page 26: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

9

Observa-se, no entanto, que somente uma fração dos expostos ao mesmo evento

traumático desenvolvem tal transtorno, o que sugere a existência de fatores de risco

no desenvolvimento do indivíduo. Exemplo disso seria o fato de que crianças

abusadas nos dois primeiros anos de vida teriam prejudicado o desenvolvimento do

hemisfério direito, dominante para o vínculo, regulação do afeto e modulação do

estresse. Isto resultaria em déficits de como lidar com situações difíceis,

aumentando a vulnerabilidade ao desenvolvimento de TEPT. Esta concepção inclui

um elemento evolucionista, mas não está diretamente associada a estratégias de

defesa inatas (SHORE et al., 2002).

McNaughton e Corr (2004) propõem que a classificação em dimensões,

descrita anteriormente, cobre essencialmente todos os transtornos relacionados à

defesa, com exceção do TEPT. Este é o único transtorno do Manual Estatístico e

Diagnóstico de Transtornos Mentais (DSM-IV, American Psychiatric Association,

APA, 1994) diagnosticado em termos de sua causa, mas não de sua sintomatologia,

constituindo-se em mudanças que predispõem a muitos transtornos e não a uma

doença propriamente dita.

Ansiedade é um sintoma proeminente no Transtorno Obsessivo-Compulsivo

(TOC), mas não há consenso quanto à sua classificação como transtorno de

ansiedade primário. A CID-10 (Classificação Internacional de Doenças, Organização

Mundial de Saúde, OMS, 1993) classifica-o independentemente dos transtornos de

ansiedade, o que não ocorre no DSM-IV (Manual Estatístico e Diagnóstico de

Transtornos Mentais, American Psychiatric Association, APA, 1994).

Estruturas cerebrais como o núcleo caudado e o tálamo mostram alterações

nos pacientes com este transtorno em estudos de neuroimagem (SAXENA et al.,

1998). No entanto, tais estruturas não estão envolvidas nos sistemas fundamentais

no embasamento de comportamentos defensivos (SHUHAMA et al., 2008).

Somente quando se pensa em defesa em sentido mais amplo, como na

defesa contra microorganismos patogênicos ou na defesa do território, alguns

sintomas de TOC observados com freqüência, como a lavagem compulsiva das

mãos e a checagem, estariam relacionados à defesa. Sintomas compulsivos do TOC

vêm sendo relacionados a cuidados estereotipados, rotinas de acúmulo e checagem

em animais, os quais seriam determinados pelo estriado e também responderiam

aos inibidores seletivos de recaptação de serotonina (RAPOPORT , 1991).

Page 27: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

10

1.3 Transtorno de Ansiedade Social

O transtorno de ansiedade social (TAS), também chamado de fobia social, é

um dos transtornos de ansiedade mais comuns na população geral, com uma

prevalência ao longo da vida que varia de 5,00 a 13,30% (KESSLER et al., 1994).

Estudos epidemiológicos sinalizam que o TAS é mais comum no sexo

feminino; no entanto, na maioria das amostras clínicas, os sexos são igualmente

representados ou a maioria dos pacientes é do sexo masculino, de acordo com o

DSM-IV (APA, 1994).

No estudo conduzido por Furmark et al. (1999), o TAS foi associado com

sexo feminino, baixo nível socioeconômico, uso de medicações psiquiátricas e falta

de suporte social. Não foi observado diferença com relação à população rural e

urbana.

A maior prevalência de casos foi observada em indivíduos solteiros

(FURMARK, 2002). O início da doença é geralmente na infância ou em fase

intermediária da adolescência, às vezes emergindo de história de inibição social ou

timidez prévias. O curso do transtorno é contínuo e sua duração, vitalícia, embora

possa haver remissão ou atenuação da gravidade com a idade adulta (APA, 1994).

Conforme levantado pelo National Comorbidity Survey (NCS), é o terceiro

transtorno psiquiátrico em prevalência nos Estados Unidos, precedido apenas por

dependência ao álcool e depressão maior (FURMARK, 2002).

A característica essencial do TAS é a ansiedade frente a situações sociais

em que o indivíduo sente que está sendo observado por pessoas fora do seu

ambiente familiar, interpretando que está havendo um julgamento negativo ou

escrutínio.

Estas situações incluem medos relacionados ao desempenho, como comer,

beber, escrever, usar um banheiro público sob a observação de outrem. Também

são citados os temores com relação a figuras de autoridade e a situação precipitante

mais comum, que é a de falar em público. Estudos sugerem que esse temor é o

único em muitos dos pacientes diagnosticados como portadores de TAS (APA, 1994;

FURMARK et al., 1999).

Em contextos clínicos, a maior parte dos pacientes com TAS apresenta mais

de um tipo de situação social temida. As situações temidas são evitadas ou

Page 28: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

11

encaradas com extrema ansiedade, podendo chegar à ocorrência de ataques de

pânico.

Os sintomas somáticos mais comumente relatados no TAS incluem rubor,

sudorese, tremores, palpitações e bloqueio da fala, todos observáveis por outras

pessoas, o que ajuda a aumentar a ansiedade.

Clinicamente, o TAS pode ser classificado em generalizado, no qual se

observa medo de várias situações e interações, e específico, em que há medo de

eventos ou situações circunscritas (por exemplo, comer em público).

O TAS também pode ser subdividido em dois subtipos: generalizado e

circunscrito ou não-generalizado. No generalizado, os temores estão relacionados à

maioria das situações sociais, enquanto no circunscrito, os temores se dirigem a

uma única situação de desempenho ou a várias, mas não à maioria das mesmas

(APA, 2002). Stein (1998) destacou que os subtipos do TAS são de tal maneira

distintos que seria mais prudente estudá-los separadamente.

A apresentação clínica sugere que pacientes fóbicos sociais teriam

deficiências no processamento de informações do meio externo com valência

emocional. Stein (1998) sugere que a fisiopatogenia do TAS estaria associada a

uma disfunção dos sistemas cerebrais responsáveis pela avaliação dos riscos e

benefícios da agregação social. O indivíduo com TAS mostra querer a afiliação e a

aprovação sociais, mas seu medo da rejeição provoca inibição da procura e da

manutenção das relações sociais. Sugere também haver disfunção de sistemas

cerebrais envolvidos na neurotransmissão serotonérgica e dopaminérgica, na

fisiopatogenia do transtorno.

1.4 Transtorno de ansiedade social sob a luz da abordagem evolucionista

Como espécie socialmente organizada, espera-se que os seres humanos

façam uso importante da identificação de expressões emocionais nos outros para a

manutenção adaptativa de vínculos com terceiros.

Reagir adequadamente ao outro coespecífico é condição que influencia a

sobrevivência humana em sua história evolutiva. Ainda, a prontidão para a defesa

contra um outro coespecífico adulto, com o qual o organismo não tem vínculo

Page 29: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

12

sanguíneo, trata-se de estratégia presente não apenas em humanos, mas em

diferentes espécies de mamíferos. Um adulto não familiar poderá confrontar com

outro organismo indiretamente, por sucesso reprodutivo, ou diretamente, eliminando

a prole do outro (ALCOCK, 1993).

Um conjunto de respostas cuja função adaptativa é a de preservar o vínculo

do organismo com os demais membros de seu grupo é a estratégia de reconciliação

ou apaziguamento.

As respostas de apaziguamento caracterizam-se por serem individualmente

dirigidas e de ocorrência temporal do pós-conflito. Elas são compreendidas aqui

como incluindo, mas não exclusivamente, as respostas chamadas de submissão.

Apresentam-se com posturas físicas e vocalizações capazes de diminuir a

agressividade do outro, e a de prevenir novos conflitos, mantendo os laços sociais

para aqueles cuja vida em grupo é fundamental (DE WAAL, 1986 e 2003; MISSLIN,

2003). São respostas observadas tanto em animais subordinados como em

dominantes (GOODALL, 1978; CHENEY; SEYFARTH,1997).

A decisão de quando e como manifestar um comportamento deve envolver a

capacidade adaptativa constante e, automaticamente, avaliar o posto que cada um

ocupa na dinâmica do grupo. Assim, a ansiedade social pode ser considerada como

normal e mesmo desejável. É adaptativo responder com algum grau de prontidão a

situações sociais que possam ser incertas.

As respostas de ansiedade ultrapassariam o limiar da adequação a um dado

estímulo ao apresentar uma intensidade ou duração maiores do que seria

biologicamente econômico para o organismo.

Modelos explicativos segundo a perspectiva evolucionista têm sido

elaborados na tentativa de compreensão de diferentes síndromes psiquiátricas

como, por exemplo, transtornos depressivos, psicóticos e transtornos de ansiedade

(GRAY; MCNAUGHTON, 2000).

Estes podem ser: (1) comportamentos adaptativos que se tornaram

inadequados ao ficar demasiadamente proeminentes; (2) comportamentos

adaptativos que foram alterados por processos patológicos (GRINDE, 2005), ou

ainda (3) comportamentos que deixaram de ser adaptativos à configuração

contextual presente, díspares do ambiente de adaptação evolutiva para o qual foram

originalmente selecionados (JONES ; BLACKSHAW, 2000).

Page 30: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

13

Buss e Shackelford (1997) propõem que a organização dos humanos, tanto

em seus aspectos físicos como em seus aspectos comportamentais, ainda

guardariam as características desenvolvidas para a resolução de problemas

evolutivamente relevantes quando da vida ancestral de caçadores-coletores de um

ambiente de adaptação evolutiva do Pleistoceno. Época esta em que a espécie se

caracterizava por uma organização em pequenos grupos e na qual os adultos

permaneciam fisicamente próximos à prole por um período comparativamente longo

de tempo.

Sugere-se que os portadores de transtornos de ansiedade, não apenas os

de TAS, apresentam um viés exagerado na identificação de estímulos, uma vez que

mesmo os não-ameaçadores são avaliados como sendo de perigo (LEDOUX, 1996).

A avaliação cognitiva de perigo não se desligaria em pacientes portadores de

transtornos de ansiedade, os quais reagiriam de maneira exacerbada a sinais desta

natureza, ou o fariam mesmo na ausência de sinais claros (NESSE; KLAAS, 1994).

Do ponto de vista evolucionista, o TAS seria um “exagero” da ansiedade

social, um traço adquirido durante a evolução humana. A ansiedade social indica

ameaça potencial e ativa respostas de como lidar com tais questões. Causar boa

impressão nos outros pode ter função na sobrevivência, uma vez que incita

importantes recursos sociais, investimentos de outros e previne sanção social e

exclusão (GILBERT,2001).

O fenômeno de blushing (enrubescimento), presente na ansiedade social,

mostra seu papel, em se tratando de evolução. Darwin (1872) pontua que o

enrubescimento da face, orelhas, pescoço está associado à idéia do “pensar no que

os outros pensam de mim”. Em humanos, à semelhança do que ocorre com animais

organizados em classes sociais, o blushing observado em situações sociais que

provocam ansiedade seria visto como um traço remanescente de comportamentos

conciliatórios (submissivo, em animais), enquanto sinais de embaraço mitigariam as

reações negativas por parte de outros (STEIN; BOUWER, 1997).

O TAS pode ser relacionado à possível disfunção em sinais adaptativos de

conciliação. Mecanismos neurobiológicos semelhantes parecem determinar

comportamentos sociais animais e o transtorno em questão. Nessa direção, drogas

potencializadoras da neurotransmissão serotonérgica aumentam a afiliação social de

macacos e minimizam sintomas de TAS (RALEICH et al., 1991).

Page 31: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

14

O portador de TAS, transtorno que se caracteriza por ser significativamente

incapacitante e crônico, apresenta temor excessivo de ser avaliado negativamente

por outrem. O portador tende a apresentar prejuízos em sua qualidade de vida,

restrições nas áreas ocupacional e social, principalmente no que diz respeito ao

relacionamento inter-gênero (IANCU et al., 2006).

Como resposta a este estado, o indivíduo tende a se esquivar de situações

consideradas como de exposição à avaliação negativa por outrem e, como

conseqüência, sintomas somáticos, como palpitações, tensão muscular, rubor,

sudorese, tremores, todos observáveis por um terceiro, o que aumenta ainda mais a

ansiedade. O indivíduo reconhece que a intensidade da ansiedade e que a resposta

de esquiva ou fuga são excessivas e irracionais, tornando-o incapacitante (NARDI,

2004).

A ansiedade social, relacionada ao córtex pré-frontal, é de tal maneira

complexa, que seus diversos aspectos são provavelmente determinados por vários

níveis do sistema defensivo. Situações sociais envolvem conflitos de aproximação-

evitação, uma vez que são as fontes mais importantes de recompensa/frustração

das situações vividas pela sociedade moderna (MCNAUGHTON; CORR, 2004).

Considerando-se tudo o discutido, poder-se-ia considerar que o TAS teria

não só suas bases, como também as manifestações sintomáticas, relacionadas a

fatores neurobiológicos e, de maneira bastante palpável, a aspectos evolucionistas.

1.5 Emprego de cenários na pesquisa sobre comportamentos defensivos

O emprego de cenários descritivos têm sido crescente em diferentes temas

de investigação humana como resposta às dificuldades práticas e éticas na

investigação de temas de difícil reprodução como agressão física e sexual

(respectivamente como exemplos PIETRINI et al., 2000; BERNAT; CALHOUN;

ADAMS, 1999; PETRALIA; GALLUP JUNIOR, 2002).

Na investigação compartilhada com alguns estudos darwinianos, Blanchard

e colaboradores (2001) elaboraram 12 cenários descritivos de ameaças

coespecíficas e os organizaram sob a forma de um questionário na investigação da

relação entre cinco estratégias defensivas básicas compartilhadas por mamíferos e

Page 32: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

15

cinco características de situações de ameaças comuns entre os mesmos, a saber:

intensidade da ameaça; distância entre a fonte de perigo e o sujeito; a possibilidade

de fuga; a ambigüidade da fonte de perigo e a disponibilidade de abrigo ou proteção.

O estudo conduzido por Perkins e Corr (2006) replicou o estudo dos

Blanchard (2001), obtendo resultados semelhantes. Neste, também foi observado

um paralelo entre respostas defensivas à ameaça em seres humanos e as respostas

defensivas de roedores.

Confirmou a diferença na adoção de respostas defensivas entre os sexos,

demonstrando que mulheres mostraram grande propensão ao comportamento de

gritar/chamar por socorro, em cenários nos quais os homens optaram pelo ataque.

Os autores ponderam que esse fato pode ser atribuído às diferenças físicas entre os

sexos e ao fato de homens relutarem em adotar tal comportamento.

No estudo de validação deste conjunto de cenários de situações de ameaça

foram encontrados resultados positivos da relação predita entre estratégias de

defesa básicas e características da situação de ameaça, convergindo para a

hipótese evolucionista de preservação de respostas defensivas.

Dados convergentes que contribuíram para a validade de construto do

questionário foram obtidos por Shuhama et al. (2008) com a sua aplicação da versão

traduzida e adaptada para a língua portuguesa em voluntários universitários sadios.

Foram obtidos achados concordantes de manutenção de padrões de respostas, em

estudo transcultural, segundo as características das situações e segundo as

predições da literatura evolucionista de dimorfismo e de estratégias distintas inter-

sexo, com os homens mostrando-se mais combatentes do que as mulheres e

interpretando, conseqüentemente, de modo diferente, algumas situações de

ameaça.

1.6 Justificativa

Considerando as conseqüências do TAS, com importante morbidade e perda

da qualidade de vida de seus portadores, propõe-se a aplicação da leitura

darwiniana na explicação dos comportamentos tidos como normais e anormais em

Page 33: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

16

Psiquiatria, na tentativa de verificar se os conhecimentos convergem para um

modelo mais compreensivo dos processos psicopatológicos deste transtorno.

Neste projeto, objetiva-se a investigação da ocorrência de eventuais

diferenças nas escolhas de estratégias de defesa comportamental entre voluntários

universitários sadios e portadores de TAS, através do emprego de questionário de

levantamento fundamentado na teoria darwiniana de evolução por seleção natural e

cumulativa: o Questionário de Avaliação do Comportamento Defensivo em Seres

Humanos (QCD).

A hipótese a ser testada neste estudo é a de que pacientes portadores de

TAS mostrariam diferenças na escolha de respostas ao QCD, com relação à

população geral (indivíduos saudáveis), apresentando respostas possivelmente

exageradas, em decorrência de uma avaliação equivocada da valência do estímulo.

O estímulo seria percebido como mais ameaçador pelos pacientes, em comparação

com os controles saudáveis, desencadeando respostas defensivas mais urgentes do

que aquelas observadas em indivíduos saudáveis.

Page 34: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

17

2 OBJETIVOS O objetivo do presente estudo é verificar a ocorrência de escolha de

comportamentos defensivos a cenários de situações de ameaça em pacientes

portadores de Transtorno de Ansiedade Social (TAS), em comparação a voluntários

sadios.

Especificamente, pretende-se:

a) Verificar a freqüência de respostas defensivas aos 12 cenários de ameaça

co-especifica, descritos no Questionário de Comportamento Defensivo (QCD), em

indivíduos com TAS, em comparação a voluntários sadios, controlando-se o sexo

dos participantes.

b) Verificar se características clínicas como gravidade dos sintomas e

subtipo do TAS interferem na escolha das respostas defensivas.

Page 35: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

18

3 SUJEITOS E MÉTODOS

3.1 Participantes do estudo

Os participantes deste estudo são estudantes que constituíram amostra do

projeto de pesquisa “Transtorno de Ansiedade Social: validação de instrumentos de

auto e hetero-avaliação”, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital

das Clínicas (ANEXO A). São estudantes de diferentes anos e cursos de graduação

de três instituições de ensino superior: Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da

Universidade de São Paulo (FMRP-USP) Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras

de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP) e Universidade de

Franca (UNIFRAN). O estudo foi aprovado pelas respectivas comissões de

graduação (ANEXO B). Para o estudo inicial, os participantes foram submetidos à avaliação com

instrumentos padronizados e validados para o rastreamento e confirmação ou

exclusão do diagnóstico de TAS, bem como para a avaliação da presença de

comorbidades, por meio da aplicação da “Entrevista Clínica Estruturada para o

DSM-IV, versão clínica” (SCID-CV – FIRST et al., 1997), traduzida e adaptada para

o português por DEL-BEN (2001). O diagnóstico de TAS foi avaliado por meio da

aplicação do módulo F - Transtornos de Ansiedade da Entrevista Clínica Estruturada

para o DSM-IV - versão de pesquisa, traduzido para o português por (TAVARES e

colaboradores (2000).

A amostra para esse estudo foi composta por participantes com mínimo de

17 anos de idade e de ambos os sexos, divididos em dois grupos, de acordo com o

diagnóstico final obtido pela SCID-CV. Um grupo foi constituído por voluntários

saudáveis, dos quais foram excluídos quadros psiquiátricos atuais e passados. O

segundo grupo foi constituído por participantes que foram identificados como

portadores de TAS, segundo os critérios postulados pelo Manual Diagnóstico e

Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM- IV, APA, 1994). Para a composição dos

dois grupos, foram excluídos participantes com história de abuso de substâncias

psicoativas (exceto nicotina); presença de condições médicas gerais, diagnosticadas

pelo relato do paciente durante a entrevista (SCID-I-CV) ou através do exame físico;

Page 36: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

19

presença de outros transtornos psiquiátricos, exceto episódio depressivo prévio

remitido.

Os pacientes com diagnóstico confirmado de TAS foram caracterizados

quanto ao tempo de doença, idade de início, subtipo de TAS (circunscrito ou

generalizado), gravidade do transtorno e presença de comorbidades.

3.2 Instrumentos de avaliação

3.2.1 Questionário de Avaliação do Comportamento Defensivo em Seres Humanos (QCD)

O QCD foi traduzido e adaptado para a língua portuguesa (SHUHAMA et al.,

2008) a partir do questionário Defensive Behavior: a survey of normal responses to

threats desenvolvido por Blanchard et al. (2001) para levantamento de

comportamentos de defesa em humanos sadios, fundamentando-se na leitura

darwiniana e na preservação de estratégias básicas de defesa (ANEXO C).

O citado modelo prediz que a escolha dos comportamentos defensivos varia

de acordo com as cinco características da situação de ameaça: a intensidade da

ameaça; a distância entre a fonte de perigo e o sujeito; a possibilidade de fuga; a

ambigüidade da fonte de perigo e a disponibilidade de abrigo e proteção.

O QCD consta de 12 cenários que descrevem situações de ameaça

coespecífica, tanto real como potencial. Ao respondente é pedido que, ao se

imaginar em cada situação, escolha, em uma lista de 10 comportamentos

alternativos, qual seria a sua primeira reação. Caso a lista seja entendida como não

contemplando aquela que seria a sua primeira resposta, o respondente pode redigir

o seu comportamento provável.

Consta ainda, do QCD, item sobre existência de história de confronto físico

durante a vida adulta. Em caso de resposta afirmativa, questiona-se sobre emoção

predominante no episódio de embate - medo ou raiva - e sobre a região do corpo do

oponente que foi o alvo principal.

Page 37: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

20

3.2.2 Inventário de Ansiedade de Beck (BAI)

O Inventário de Ansiedade de Beck (Beck Anxiety Inventory, BAI – BECK et

al.,1988), foi traduzido, adaptado e aferido para a população brasileira por Cunha

(2001). Trata-se de um instrumento auto-administrado, constituído de uma escala

Likert de 21 itens que avaliam os sintomas de traço de ansiedade, pontuados de 0 a

3, em que: 0 = absolutamente; 1 = levemente (“não me incomodou muito”); 2 =

moderadamente (“foi muito desagradável, mas pude suportar”); 3 = gravemente

(“dificilmente pude suportar”).

Tem a propriedade de discriminar grupos diagnósticos ansiosos (Transtorno

de Pânico, Transtorno de Ansiedade Generalizada, entre outros, de grupos

diagnósticos não ansiosos (Depressão Maior, Distimia, etc). Portanto, diferencia

ansiedade de depressão (BECK et al., 1988).

Avalia a ansiedade-estado, que se constitui de resposta discreta a uma

situação específica e ameaçadora. Indivíduos com altos traços de ansiedade são

claramente mais vulneráveis a experimentar estados de ansiedade (CREAMER;

FORAN; BELL, 1995).

Como o BAI concentra muitos itens em sintomas fisiológicos relacionados à

ansiedade, é possível que os outros fatores (afetivo, comportamental e cognitivo)

estejam sendo subestimados (CREAMER; FORAN; BELL, 1995).

O BAI é, portanto, um instrumento que, conforme já citado, permite

identificação de sintomas de ansiedade e sua gravidade, de acordo com os escores

obtidos - 0 a 9, ansiedade normal; 10 a 18, leve a moderada; 19 a 29, moderada a

grave; 30 a 63, grave. Para o sexo feminino, os escores são 4 pontos mais altos do

que para o masculino, assim como escores para pacientes mais jovens são maiores

que para os mais velhos (CREAMER; FORAN; BELL, 1995; KABACOFF et al.,1997).

Há outra maneira de se avaliar, de maneira mais precisa, cada componente

da ansiedade, dividindo-se os sintomas avaliados pela escala em quatro fatores:

neurofisiológico, que engloba os itens 1, 3, 6, 8, 12, 13 e 19; subjetivo,

correspondente aos itens 4, 5, 9, 10, 14 e 17; pânico, compreendendo itens 7, 11, 15

e 16; autonômico, avaliado pelos itens 2, 18, 20 e 21.

Originalmente criado para uso com pacientes psiquiátricos, mostrou-se

adequado para o uso na população geral. No Brasil, foi utilizado em estudo

Page 38: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

21

normativo em pacientes psiquiátricos e não psiquiátricos, incluindo neste grupo os

estudantes universitários (ANEXO D – BAI)).

3.2.3 Inventário de Fobia Social (SPIN)

O Inventário de Fobia Social (Social Phobia Inventory – SPIN; CONNOR et

al., 2000), traduzido e adaptado para o Português por OSÓRIO (2008), foi

desenvolvido tendo como base a “Brief Social Phobia Scale” - BSPS (DAVIDSON et

al., 1991).

Consiste em instrumento de auto-preenchimento, fácil e rápida aplicação,

uma vez que é breve (ANEXO E), mostrando-se fidedigno quando utilizado tanto no

rastreamento de portadores do TAS, distinguindo-os dos não-portadores da doença;

como para a avaliação da gravidade e da resposta a diferentes tratamentos em

pacientes com diagnóstico já estabelecido (CONNOR et al., 2000).

É composto por 17 itens, os quais o sujeito deve pontuar de 0 a 4 – em uma

escala Likert (0 = nada; 1 = um pouco; 2 = moderadamente; 3 = bastante e 4 =

extremamente), indicando o quanto os problemas descritos incomodaram durante a

última semana, marcando somente um item para cada problema.

Tem como nota de corte o valor de 19, considerando como portadores os

sujeitos que pontuam escores acima desse valor. Escores podem variar de 0 a 68,

permitindo não só a análise do valor total como a, avaliação de cinco fatores,

agrupados em cinco subescalas:

• sintomas fisiológicos (itens 2, 3, 7, 13, 17);

• evitação de situações em que o indivíduo é o centro das atenções,

relacionado ao medo de ser observado (itens 9, 11, 14);

• dificuldade de contato com figuras de autoridade, relacionado ao

sentimento de inferioridade social (itens 1, 16);

• sensação de estar sendo criticado ou humilhado, relacionado à auto-

estima rebaixada (itens 6, 9, 12, 15);

• dificuldade de falar com estranhos e de lidar com situações sociais,

relacionado ao sentimento de inadequação social (3, 4, 8, 10).

Page 39: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

22

Tanto o SPIN quanto suas subescalas são instrumentos adequados para

avaliação dos tratamentos farmacológico e psicoterápico do TAS (OSÓRIO;

CRIPPA, LOUREIRO, 2008).

3.2.4 Escala Breve de Fobia Social (BSPS)

A Escala Breve de Fobia Social (Brief Social Phobia Scale – BSPS;

DAVIDSON et al., 1991), traduzida para o Português por OSÓRIO (2006), é uma

escala de hetero-avaliação para TAS composta por 11 itens, pontuados de 0 a 4, em

escala do tipo Likert, em que 0 = nenhum/nunca; 1 = leve – infrequente e/ou não

angustiante / raro – 0,00 a 33,00%); 2 = moderado – frequente e/ou alguma

angústia/ algumas vezes – 34,00 a 66,00%); 3 = grave – constante, dominando a

vida da pessoa e/ou claramente angustiante/frequente – 66,00 a 99,00%); 4 =

extremo, incapacitante e/ou muito doloroso e angustiante/sempre -100,00%).

A Parte 1 da BSPS contempla sete situações de ansiedade social que

avaliam medo e evitação, pontuados de 0 a 4.

A Parte 2 consiste em uma subescala com quatro itens para avaliar sintomas

fisiológicos: rubor, palpitações, tremores e transpiração, também pontuados de 0 a

4, em que: 0 = nunca; 1 = leve; 2 = moderado; 3 = grave; 4 = extremo. (ANEXO F).

A BSPS avalia a gravidade do TAS, assim como a resposta ao tratamento

instituído. Escores podem variar de 0 a 76, com uma nota de corte de 19.

3.3 Procedimentos

Conforme descrito anteriormente, este estudo faz parte do projeto integrado

“Transtorno de Ansiedade Social: validação de instrumentos de auto e hetero-

avaliação”, cujos dados foram colhidos anteriormente.

Em uma primeira etapa, foi realizada a aplicação coletiva, em sala de aula e

após o horário das atividades curriculares, de uma brochura que continha vários

instrumentos de auto-avaliação, incluindo os listados anteriormente no tópico

Page 40: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

23

“Instrumentos de Avaliação” (item 3.2.1. – Questionário de Comportamento

Defensivo, QCD; item 3.2.2. – Inventário de Ansiedade de Beck; item 3.2.3. – SPIN).

Em uma segunda etapa, os participantes que foram identificados pelos

instrumentos de rastreamento como prováveis portadores de TAS foram submetidos

a entrevistas estruturadas com profissionais de saúde mental (psiquiatras e

psicólogos) familiarizados com os critérios diagnósticos do DSM-IV e treinados nos

instrumentos de avaliação para a confirmação do diagnóstico e caracterização

clínica. Além da aplicação da SCID, nessa etapa, foi aplicado o instrumento de

heteroavaliação descrito no item 3.2.4. – BSPS. Os mesmos procedimentos foram

utilizados para a avaliação e composição de grupo controle.

A partir da entrevista diagnóstica, voluntários de ambos os sexos foram

divididos em dois grupos, sendo 110 participantes incluídos no grupo “casos”

(diagnóstico de TAS, pelo DSM-IV) e 88 incluídos no grupo “controles” (ausência de

diagnóstico psiquiátrico).

A grande maioria dos participantes definidos como casos não havia sido

previamente diagnosticada como portadores de TAS e não se encontravam em

seguimento médico ou psicológico. Portanto, no momento da coleta de dados, os

pacientes encontravam-se livres do uso de medicações psicotrópicas.

As respostas ao QCD dos dois grupos foram examinadas e comparadas,

conforme descrito a seguir.

3.4 Planejamento estatístico

Os dados sócio-demográficos e clínicos de natureza categorial para

caracterização da amostra foram resumidos em suas freqüências absolutas e

relativas, como porcentagens, e analisados por meio de prova estatística não-

paramétrica (Teste Exato de Fisher). A idade e os escores médios nas escalas de

avaliação de gravidade de sintomas foram analisados por meio de ANOVA de uma

via.

As respostas defensivas ao QCD com freqüências menores que 10% no

total da amostra foram agrupadas na categoria “outros”. Inicialmente, a freqüência

de todas as respostas dadas a cada cenário foi comparada entre os dois grupos em

Page 41: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

24

estudo (controles saudáveis e casos de TAS), considerando-se o sexo dos

participantes, por meio do Teste não-paramétrico Qui-Quadrado. Naqueles cenários

em que foi detectada diferença estatisticamente significativa nas distribuições de

respostas entre sexos e grupos diagnósticos, cada resposta foi avaliada

individualmente por meio do Teste Exato de Fisher.

Foram considerados como significativos os valores de p < 0,05.

Page 42: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

25

4 ASPECTOS ÉTICOS

A coleta de dados utilizada neste projeto de pesquisa foi avaliada e

aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HC-FMRP-USP (ANEXO A).

Aos estudantes que constituíram a amostra do projeto de pesquisa foi

informado que a participação era absolutamente voluntária. Nestes termos, foi

assegurado aos mesmos que não seriam de modo algum penalizados caso não

concordassem com a coleta de dados e que poderiam retirar o consentimento do

uso das informações prestadas a qualquer momento do transcorrer da pesquisa.

Foram incluídos na amostra da pesquisa apenas aqueles que preencheram

e corretamente assinaram o documento Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (APÊNDICE A). Neste documento, foram explicitadas a justificativa da

realização do projeto, seu objetivo e procedimento de coleta de dados, bem como os

riscos e benefícios do estudo. Do termo de consentimento, constou ainda a garantia

de anonimato, de recebimento de esclarecimento de eventuais dúvidas durante o

transcorrer do procedimento, e a possibilidade de receber informações atualizadas

sobre o estudo, ainda que isso pudesse afetar a vontade de permanecer como

participantes do estudo.

As mesmas considerações foram apresentadas a todos os estudantes,

inclusive aqueles que foram posteriormente identificados como portadores de TAS,

que por terem o juízo crítico preservado, foram tidos como aptos a tomar a decisão

sobre a participação no estudo.

Os participantes portadores de TAS foram encaminhados para seguimento

nos serviços de saúde mental da rede pública da sua região de origem.

Page 43: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

26

5 RESULTADOS

5.1 Caracterização demográfica

A amostra deste estudo foi composta de 198 participantes, sendo 110

diagnosticados como casos de TAS, de acordo com o DSM-IV, e 88 controles

saudáveis. Quanto aos casos de TAS, 74 participantes eram do sexo feminino

(67,27%) e 36 do sexo masculino (32,73%). A amostra de participantes saudáveis

(controles) compôs-se de 88 voluntários, dos quais 51 (57,95%) eram do sexo

feminino e 37 (42,05%) eram do sexo masculino.

Tabela 1 – Frequências e porcentagens da amostra de acordo com os grupos

(pacientes com TAS e controles saudáveis) e sua distribuição de acordo com o sexo,

em números absolutos e porcentagens

Controles Casos Total Sexo n % n % n %

Feminino 51 57,95 74 67,27 125 63,13

Masculino 37 42,05 36 32,73 73 36,87

Total 88 100,00 110 100,00 198 100,00

Conforme apresentado na tabela 1, houve uma maior proporção de

participantes do sexo feminino em ambos os grupos, mas não foi observada

diferença estatisticamente significativa entre grupos, com relação à proporção entre

os sexos (χ2 = 1,82; gl = 1; p = 0,186).

A amostra foi composta por adultos jovens com idade variando entre 17 e 35

anos. Não foram encontradas diferenças significativas entre casos (média = 21,61;

dp = 2,91) e controles (média = 21,04; dp = 2,90) quanto à idade (ANOVA F (1,196)=

1,92; p = 0,167). Quando os sexos foram analisados separadamente também não

foram encontradas diferenças significativas entre os participantes do sexo masculino

(F(1;71) = 0,43 p = 0,837) entre casos (média = 21,42; dp = 2,12) e controles (média

Page 44: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

27

= 21,54; dp = 2,93). Entre as participantes do sexo feminino, houve apenas uma

tendência (F(1,12) = 3,43; p = 0,067) a maior idade no grupo caso (média = 21,70;

dp = 3,23) do que no grupo controle (média = 20,67; dp = 2,85).

Os participantes relataram-se como casados (40,91%) ou solteiros (53,53%),

não tendo sido observadas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos

caso e controle quanto ao estado civil (χ2 = 5,60; gl = 3; p = 0,107). Os voluntários

que não informaram seu estado civil correspondem a 5,56% da amostra.

Considerando-se a cor da pele, 79,59% dos voluntários identificaram-se

como sendo de pele branca; 6,12% de pele amarela; 10,20% de pele parda e 0,51%,

negra. Do total de voluntários, 3,68% não assinalaram a cor de sua pele. Não foi

encontrada diferença estatisticamente significativa (χ2 = 2,86; gl = 4; p = 0,636) entre

os grupos caso e controle, quanto à variável cor da pele. Em ambos os grupos, a

maioria dos indivíduos referiu-se como sendo de cor branca (casos de TAS, 78,70%;

controles saudáveis, 80,68%).

Foram avaliados voluntários de 18 cursos universitários, abrangendo as

áreas de exatas (Informática Biomédica, Física Médica, Matemática Aplicada a

Negócios, Sistemas de Informação, Ciências – Documentação e Informação),

humanas (Direito, Publicidade e Psicologia) e biológicas (Química, Medicina,

Nutrição, Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia, Fisioterapia, Educação Física,

Enfermagem, Farmácia e Medicina Veterinária), como descrito na tabela 2.

Comparando-se a distribuição dos voluntários pelos cursos, não houve diferença

estatisticamente significativa entre os grupos caso e controle (χ2 = 13,01; gl = 18; p =

0,879).

Page 45: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

28

Tabela 2 – Frequências e porcentagens da amostra total (grupos caso e controle) de

acordo com o curso, independente de sexo

Controles Casos Total Curso n % n % N %

Química 11 12,50 20 18,18 31 15,66

Informática Biomédica 7 7,96 7 6,36 14 7,08

Física Médica 7 7,96 6 5,46 13 6,57

Matemática Aplicada a

Negócios 2 2,28 0 0,00 2 1,01

Sistemas de Informação 2 2,28 1 0,91 3 1,52

Direito 3 3,41 5 4,55 8 4,04

Publicidade 1 1,14 0 0,00 1 0,52

Documentação e Informação 7 7,96 8 7,27 15 7,58

Medicina 10 11,36 12 10,91 22 11,12

Nutrição 3 3,41 3 2,73 6 3,04

Terapia Ocupacional 4 4,55 2 1,82 6 3,04

Fonoaudiologia 1 1,14 2 1,82 3 1,52

Fisioterapia 11 12,50 13 11,82 24 12,13

Psicologia 13 14,77 15 11,64 28 14,15

Educação Física 0 0,00 3 2,73 3 1,52

Enfermagem 3 3,41 5 4,55 8 4,04

Farmácia 0 0,00 2 1,82 2 1,01

Medicina Veterinária 1 1,14 1 0,91 2 1,01

Não Informado 2 2,28 5 4,55 7 3,54

Total 88 100,00 110 100,00 198 100,00

5.2 Caracterização clínica

5.2.1 Idade de início e tempo de doença

Page 46: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

29

Na tabela 3, foram descritas as idades médias de início, assim como as

idades mínimas e máximas, além do tempo médio, tempos mínimo e máximo de

evolução da doença, para os sexos feminino e masculino.

Tabela 3 – Idades médias, mínimas e máximas de início do TAS e tempos médios,

mínimos e máximos de evolução da doença, em anos

Sexo

Idade média de

início

Idade mínima de início

Idade máxima de início

Tempo médio

evolução

Tempo mínimo

de evolução

Tempo máximo

de evolução

Feminino 11,80 5,00 27,00 9,94 2,00 22,00

Masculino 10,50 5,00 17,00 10,59 2,00 17,00

Total 11,38 5,00 27,00 10,15 2,00 22,00

A idade média de início do TAS, no sexo feminino, foi de 11,80 anos (dp =

4,77), com início variando entre 5 e 27 anos. No sexo masculino, a idade média de

início foi de 10,50 anos (dp = 3,82), sendo que esta variou entre os 5 e 17 anos.

Quando se considera a idade média de início, independente de sexo, chegou-se ao

valor de 11,38 anos (dp = 4,51), variando dos 5 aos 27 anos. Não houve diferença

estatisticamente significativa entre os sexos, quanto à idade de início do TAS

(F(1,103) = 1,940; p = 0,167).

O tempo médio de evolução da doença, independente do sexo, foi de 10,15

anos (dp = 4,44), sendo que o tempo mínimo de evolução foi de 2 anos e o máximo,

22 anos. Para o sexo feminino, o tempo médio de evolução encontrado foi de 9,94

anos (dp = 4,74), variando entre 2 e 22 anos. O sexo masculino apresentou tempo

médio de 10,59 anos (dp = 4,11), compreendido entre 2 e 17 anos. O tempo médio

de evolução não variou de maneira significativa entre os sexos (ANOVA F(1,103) =

0,461; p = 0,498).

Page 47: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

30

5.2.2 Subtipos e gravidade de sintomas

Quanto à ocorrência dos subtipos de TAS, verificou-se que não ocorreu

diferença estatisticamente significativa com relação aos subtipos circunscrito e

generalizado, de acordo com o sexo (χ2 = 1,83; gl = 1; p = 0,224). As informações

relativas à distribuição dos subtipos de TAS encontram-se descritas na tabela 4:

Tabela 4 – Freqüências e porcentagens dos casos de TAS de acordo com o subtipo

(circunscrito e generalizado), por sexo

Subtipo de TAS Feminino Masculino Total

n % n % n %

Circunscrito 41 55,41 15 41,67 56 50,91

Generalizado 33 44,59 21 58,33 54 49,09

Total 74 100,00 36 100,00 110 100,00

Conforme apresentado na tabela 5, os sexos não diferiram entre si com

relação à gravidade da doença, considerando-se as possibilidades leve, moderado e

grave, conforme o DSM-IV (χ2 = 1,16; gl = 2; p = 0,610). A amostra de ambos os

sexos foi constituída de 18,18% de casos leves, 68,18% de casos moderados e

13,64%, de graves.

Tabela 5 – Freqüências e porcentagens dos casos de TAS de acordo com a

gravidade, pelo DSM-IV, por sexo

Gravidade Feminino Masculino Total

n % n % n %

Leve 15 20,27 5 13,89 20 18,18

Moderado 48 64,86 27 75 75 68,18

Grave 11 14,87 4 11,11 15 13,64

Total 74 100,00 36 100,00 110 100,00

Page 48: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

31

Os temores do paciente portador de TAS, como o medo de falar em público,

de comer diante de outras pessoas, escrever sob a observação de um terceiro,

distribuíram-se de maneira semelhante entre os sexos. O temor de falar em público,

apesar de não ter mostrado diferença significativa entre os sexos (χ2 = 2,13; gl = 1; p

= 0,266), mostrou que 88,73% dos casos femininos apresentam tal dificuldade,

enquanto 97,14% dos masculinos mostraram dificuldade semelhante. As proporções

foram muito semelhantes na distribuição por sexo, no que diz respeito ao temor de

comer diante de um terceiro: 28,17% da amostra feminina e 25,71% da masculina. A

diferença não foi estatisticamente significativa (χ2 = 0,71; gl = 1; p = 1,00) entre os

sexos. A porcentagem de mulheres que relataram dificuldade de escrever sob a

vista de um terceiro foi de 23,94%, maior que a de homens, que foi de 11,43%; no

entanto, a diferença não se mostrou estatisticamente significativa (χ2 = 2,31; gl = 1; p

= 0,195).

A tabela 6 apresenta as médias dos escores obtidos nas escalas de

avaliação da gravidade do TAS (SPIN, BAI e BSPS), de acordo com o sexo.

Tabela 6 – Médias e desvios-padrões dos escores das escalas SPIN, BAI e BSPS,

por sexo

Escala

Feminino Masculino Total Média Dp Média Dp Média Dp

SPIN

Ser observado 7,94 2,81 7,92 2,56 7,94 2,72

Sintomas fisiológicos 8,36 3,80 7,00 4,39 7,92 4,03

Inferioridade social 2,84 2,01 2,75 1,95 2,81 1,98

Auto-estima rebaixada 9,49 5,48 9,69 3,21 9,55 3,43

Inadequação social 5,62 3,73 5,81 4,07 5,68 3,83

Total 34,26 12,53 33,17 13,27 33,90 12,78

Continua

Page 49: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

32

Escala

Feminino Masculino Total Média Dp Média Dp Média Dp

BAI

Neurofisiológico* 5,37 4,64 3,47 4,02 4,74 4,52

Subjetivo 7,66 4,23 6,47 4,22 7,27 4,25

Pânico* 3,29 2,68 1,94 2,42 2,84 2,66

Autonômico 4,14 2,87 3,22 2,69 3,83 2,83

Total* 20,45 12,11 15,11 11,47 18,69 12,11

BSPS

Medo 13,79 5,45 12,94 4,96 13,51 5,28

Evitação 13,68 4,98 13,44 4,82 13,60 4,90

Sint. Fisiológicos 5,17 3,45 4,50 2,90 4,94 3,28

Total 32,64 11,85 30,89 11,14 32,06 11,60

* Diferenças significativas (p < 0,05) entre os sexos

Inventário de Fobia Social (SPIN): A média do escore total do SPIN de

casos de ambos os sexos foi de 33,90 (dp = 12,78). Não houve diferença

estatisticamente significativa quanto aos níveis de ansiedade social mensurados

pelo SPIN, fazendo-se a comparação entre os sexos, levando em consideração as

médias do SPIN total (p = 0,675) e das cinco subescalas que o compõe: evitação de

situações em que o indivíduo é o centro das atenções, que se relaciona ao medo de

ser observado (p = 0,958); sintomas fisiológicos (p = 0,96); dificuldade de contato

com figuras de autoridade, relacionada ao sentimento de inferioridade social (p=

0.829); sentimento de estar sendo criticado ou humilhado, relacionado à baixa auto-

estima (p = 0,767); dificuldade de falar com estranhos e de lidar com situações

sociais, relacionado à inadequação social (p = 0,814).

Inventário de Ansiedade de Beck (BAI): Observou-se diferença, com

relação aos níveis de ansiedade aferidos pelo Inventário de Ansiedade de Beck

(BAI), mostrando que os voluntários do sexo feminino apresentam médias mais altas

(20,45) que os voluntários do sexo masculino (15,11) no BAI total (p = 0,030).

Page 50: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

33

Portanto, os níveis de ansiedade observados na amostra feminina indicaram

gravidade de moderada a grave, enquanto na amostra masculina, de leve a

moderada. O mesmo ocorreu quando se considerou a avaliação de sintomas (BAI

neurofisiológico), em que as médias dos escores obtidas no sexo feminino foram

mais altas que no masculino (p = 0,039). Com relação à aferição de (BAI pânico),

também foram mais elevados os níveis de ansiedade do sexo feminino (p = 0,012).

Quando foram aferidos os sintomas das subescalas subjetivo e autonômico

da BAI, no entanto, não houve diferença estatisticamente significativa entre as

médias obtidas a partir dos escores para o sexo masculino e feminino (p=0,171 –

BAI subjetivo; p= 0,112 – BAI autonômico).

Escala Breve de Fobia Social (BSPS): Pacientes do sexo masculino e

feminino, pela aferição dos níveis de ansiedade social pela Escala Breve de Fobia

Social (BSPS), não apresentaram diferenças significativas, do ponto de vista

estatístico. Verificou-se tal fato nas médias da BSPS total (p = 0,462); dos fatores

medo (p = 0,434) e evitação (p=0,815) das situações sociais descritas na escala, na

Parte 1; dos sintomas fisiológicos listados na parte 2 do instrumento (p = 0,321).

5.3 Respostas aos cenários

As tabelas 7 - 18 apresentam a freqüência de respostas para cada cenário,

tendo sido observadas diferenças estatisticamente significativas em sete dos 12

cenários, a saber: “Árvore”, “Elevador”, “Semáforo”, “Traseira”, “Praça”, “Agarrão” e

“Barulho”.

5.3.1 Cenário “Árvore”

Você está andando sozinho/a num local familiar, mas isolado, quando um estranho

mal encarado sai de trás de uma árvore para atacar você.

Page 51: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

34

A tabela 7 apresenta a freqüência de respostas ao cenário “Árvore”. Houve

diferença estatisticamente significativa nas respostas a este cenário, comparando-se

caso e controle, de acordo com o sexo (χ2 = 54,55; gl = 12; p < 0,001).

Page 52: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

35 Ta

bela

7 –

Fre

qüên

cia

de re

spos

tas

ao c

enár

io “Á

rvor

e” s

egun

do o

sex

o do

s pa

rtici

pant

es e

o d

iagn

óstic

o (c

ontro

les

= 88

; cas

os =

110)

. Dife

renç

a es

tatis

ticam

ente

sig

nific

ativ

a (χ

2 =

54,5

5; g

l = 1

2; p

< 0

,001

)

Res

post

a de

de

fesa

Fem

inin

o M

ascu

lino

Tota

l C

ontr

oles

C

asos

C

ontr

oles

C

asos

C

ontr

oles

C

asos

n

%

n %

n

%

n %

n

%

n %

Fica

imóv

el

2 3,

92

13

17,5

7 3

8,11

6

16,6

7 5

5,68

19

17

,27

Foge

27

52

,94

39

52,7

0 9

24,3

2 15

41

,67

36

40,9

1 54

49

,09

Grit

a 12

23

,53

9 12

,16

1 2,

70

1 2,

78

13

14,7

7 10

9,

09

Inve

stig

a 3

5,88

1

1,35

13

35

,14

4 11

,11

16

18,1

8 5

4,55

Out

ras

7 13

,73

12

16,2

2 11

29

,73

10

27,7

8 18

20

,45

22

20,0

0

Tota

l 51

10

0,00

74

10

0,00

37

10

0,00

36

10

0,00

88

100,

0011

0 10

0,00

Page 53: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

36

A figura 1 mostra que pacientes com TAS, independente de sexo, optaram

pela resposta “fica imóvel” (17,27%) em uma proporção maior que os voluntários

saudáveis (5,68%; Teste Exato de Fisher, p = 0,015) ao cenário “Árvore”, enquanto

que a resposta “investiga” foi mais freqüente entre controles (18,18%) que entre

pacientes (4,55%; p = 0,019).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Fica imóvel Foge Grita Investiga Outras

Porc

enta

gem

Controles Casos

Figura 1 – Respostas mais freqüentes ao cenário “Árvore”, para casos e controles,

independente de sexo. (* p < 0,05, Teste Exato de Fisher)

Quando os sexos foram avaliados separadamente, verificou-se que

mulheres com TAS optaram pela resposta fica imóvel com maior freqüência do que

mulheres controles e que a investigação foi uma opção mais freqüente entre homens

saudáveis, em comparação com homens com TAS. Esses dados estão

representados na figura 2. Não foram encontradas diferenças significativas nas

demais respostas ao cenário “Árvore”.

**

Page 54: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

37

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Fica imóvel Foge Grita Investiga Outras Fica imóvel Foge Grita Investiga Outras

Feminino Masculino

Porc

enta

gem

Controles Casos

FIGURA 2 – Respostas mais freqüentes ao cenário “Árvore”, segundo o diagnóstico

e o sexo dos participantes (* p < 0,05, Teste Exato de Fisher)

5.3.2 Cenário “Elevador”

Tarde da noite, você está sozinho/a num elevador. Quando ele pára e as portas se

abrem, um estranho mal encarado entra apressadamente para atacar você,

bloqueando a sua saída.

A tabela 8 mostra que, no cenário “Elevador”, quanto às condutas defensivas

adotadas por casos de TAS e controles saudáveis e considerando-se o sexo, houve

diferença estatisticamente significativa (χ2 = 35,91; gl = 12; p < 0,001).

*

*

Page 55: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

38

Tabe

la 8

– F

reqü

ênci

a de

res

post

as a

o ce

nário

“E

leva

dor”

seg

undo

o s

exo

dos

parti

cipa

ntes

e o

dia

gnós

tico

(con

trole

s =

88; c

asos

=

110)

. Dife

renç

a es

tatis

ticam

ente

sig

nific

ativ

a (χ

2 =

35,9

1; g

l = 1

2; p

< 0

,001

)

Res

post

a de

de

fesa

Fem

inin

o M

ascu

lino

Tota

l C

ontr

oles

C

asos

C

ontr

oles

C

asos

C

ontr

oles

C

asos

n

%

n %

n

%

n %

n

%

n %

Foge

6

11,7

6 11

14

,86

3 8,

11

4 11

,11

9 10

,23

15

13,6

4

Grit

a 18

35

,29

20

27,0

3 0

0,00

6

16,6

7 18

20

,45

26

23,6

4

Ata

ca

6 11

,76

8 10

,81

12

32,4

3 6

16,6

7 18

20

,45

14

12,7

3

Inve

stig

a 6

11,7

6 2

2,70

9

24,3

2 7

19,4

4 15

17

,05

9 8,

18

Out

ras

15

29,4

1 33

44

,59

13

35,1

4 13

36

,11

28

31,8

2 46

41

,82

Tota

l 51

10

0,00

74

10

0,00

37

100,

00

36

100,

0088

10

0,00

110

100,

00

Page 56: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

39

Conforme pode ser observado na figura 3, a diferença estatisticamente

significativa na freqüência de respostas ao cenário “Elevador” deve-se a uma

proporção de homens com TAS (16,67%) que optaram pela opção de gritar por

ajuda (p = 0,011), sendo que esta alternativa de resposta não foi reportada por

nenhum homem saudável. Entre as mulheres, observou-se apenas uma tendência à

significância (p = 0,062) na resposta de investigação, que foi mais freqüente entre

controles (11,76%) que entre casos (2,70%). Não foram encontradas diferenças

estatisticamente significativas nas demais respostas defensivas ao cenário

“Elevador”.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Ataca Foge Grita Investiga Outras Ataca Foge Grita Investiga Outras

Feminino Masculino

Controles Casos

FIGURA 3 – Respostas mais freqüentes ao cenário “Elevador”, para casos e

controles, por sexo (* p < 0,05, Teste Exato de Fisher)

*

Page 57: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

40

5.3.3 Cenário “Semáforo“

Você está indo para casa de carro, sozinho/a. Enquanto você está parado/a num

sinal de trânsito, um estranho irritado começa a bater na janela do carro.

Quanto ao cenário “Semáforo”, observou-se uma diferença estatisticamente

significativa (χ2 = 17,40; gl = 3; p < 0,001) entre aos comportamentos que seriam

adotadas por casos de TAS e controles saudáveis, levando-se em consideração o

sexo dos voluntários. Esses dados estão representados na tabela 9.

Page 58: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

41

Tabe

la 9

– F

reqü

ênci

a de

res

post

as a

o ce

nário

“S

emáf

oro”

seg

undo

o s

exo

dos

parti

cipa

ntes

e o

dia

gnós

tico

(con

trole

s =

88; c

asos

=

110)

. Dife

renç

a es

tatis

ticam

ente

sig

nific

ativ

a (χ

2 =

17,4

0; g

l = 3

; p <

0,0

01)

Res

post

a de

de

fesa

Fem

inin

o M

ascu

lino

Tota

l C

ontr

oles

C

asos

C

ontr

oles

C

asos

C

ontr

oles

C

asos

n

%

n %

n

%

n %

n

%

n %

Foge

44

86

,27

51

68,9

2 19

51

,35

18

50,0

0 63

71

,59

69

62,7

3

Out

ras

7 13

,73

23

31,0

8 18

48

,65

18

50,0

0 25

28

,41

41

37,2

7

Tota

l 51

10

0,00

74

10

0,00

37

100,

00

36

100,

0088

10

0,00

110

100,

00

Page 59: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

42

Conforme apresentado na figura 4, as diferenças de resposta ao cenário

“Semáforo” devem-se a uma menor proporção de mulheres com TAS (68,92%) que

optaram pela resposta de fuga (p = 0,039), enquanto 86,27% das mulheres

saudáveis fizeram o mesmo.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Foge Outras Foge Outras

Feminino Masculino

Porc

enta

gem

Controles Casos

FIGURA 4 – Respostas mais freqüentes ao cenário “Semáforo”, para casos e

controles, por sexo (* p < 0,05, Teste Exato de Fisher)

5.3.4 Cenário “Traseira“

Dirigindo em uma estrada de mão dupla, você vê no seu espelho retrovisor que um

carro está muito próximo ao seu. O motorista não pode ultrapassá-lo/a e começa a

buzinar, encostando perigosamente na traseira do seu carro.

A tabela 10 mostra que, no cenário “Traseira”, houve diferença

estatisticamente significativa (χ2 = 16,48; gl = 6; p = 0,011) quanto à adoção de

comportamentos defensivos pelos grupos casos de TAS e controles saudáveis, de

acordo com o sexo.

*

Page 60: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

43

Tabe

la 1

0 –

Freq

üênc

ia d

e re

spos

tas

ao c

enár

io “

Tras

eira

” se

gund

o o

sexo

dos

par

ticip

ante

s e

o di

agnó

stic

o (c

ontro

les

= 88

; cas

os =

110)

. Dife

renç

as e

stat

istic

amen

te s

igni

ficat

ivas

(χ2

= 16

,48;

gl =

6; p

= 0

,011

)

Res

post

a de

de

fesa

Fem

inin

o M

ascu

lino

Tota

l C

ontr

oles

C

asos

C

ontr

oles

C

asos

C

ontr

oles

C

asos

n

%

n %

n

%

n %

n

%

n %

Foge

25

49

,02

40

54,0

5 8

21,6

2 16

44

,44

33

37,5

0 56

50

,91

Inve

stig

a 7

13,7

3 3

4,05

9

24,3

2 6

16,6

7 16

18

,18

9 8,

18

Out

ras

19

37,2

5 31

41

,89

20

54,0

5 14

38

,89

39

44,3

2 45

40

,91

Tota

l 51

10

0,00

74

10

0,00

37

100,

00

36

100,

0088

10

0,00

110

100,

00

Page 61: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

44

Pacientes de ambos os sexos, com o diagnóstico de TAS (8,18%),

escolheram a resposta de investigação ao cenário “Traseira” com menor freqüência

que controles (18,18%; p = 0,051) e com uma tendência a optar pela resposta de

fuga (casos = 50,91%, controles = 37,50%; p = 0,064) (FIGURA 5).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Foge Investiga Outras

Porc

enta

gem

Controles Casos

FIGURA 5 – Respostas mais freqüentes ao cenário “Traseira”, para casos e

controles, independente de sexo (* p < 0,05, Teste Exato de Fisher)

Quando os sexos foram avaliados separadamente, verificou-se que 44,44%

dos homens com TAS relataram fuga com maior freqüência do que saudáveis

(21,62%; p = 0,048) a este cenário. Esses dados estão representados na figura 6.

*

Page 62: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Foge Investiga Outras Foge Investiga Outras

Feminino Masculino

Porc

enta

gem

Controles Casos

FIGURA 6 – Respostas mais freqüentes ao cenário “Traseira”, para casos e

controles, por sexo. (* p < 0,05, Teste Exato de Fisher)

5.3.5 Cenário “Esquina“

Tarde da noite, você está caminhando num local desconhecido. Ao virar uma

esquina, você acidentalmente esbarra em um homem. Ele fica furioso e empurra

você

A tabela 11 apresenta a freqüência de respostas ao cenário “Esquina”. Não

foram encontradas diferenças significativas de respostas defensivas adotadas por

pacientes portadores de TAS e controles saudáveis neste cenário, levando-se o

sexo em consideração (χ2 = 8,03; gl = 6; p = 0,235).

*

Page 63: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

46 Ta

bela

11

– Fr

eqüê

ncia

de

resp

osta

s ao

cen

ário

“Esq

uina

” seg

undo

o s

exo

dos

parti

cipa

ntes

e o

dia

gnós

tico

(con

trole

s =

88; c

asos

= 11

0). S

em d

ifere

nças

est

atis

ticam

ente

sig

nific

ativ

as (χ

2 =

8,03

; gl =

6; p

= 0

,235

).

Res

post

a de

de

fesa

Fem

inin

o M

ascu

lino

Tota

l C

ontr

oles

C

asos

C

ontr

oles

C

asos

C

ontr

oles

C

asos

n

%

n %

n

%

n %

n

%

n %

Foge

9

17,6

5 16

21

,62

1 2,

70

4 11

,11

10

11,3

6 20

18

,18

Ped

e de

scul

pas

26

50,9

8 37

50

,00

24

64,8

6 19

52

,78

50

56,8

2 56

50

,91

Out

ras

16

31,3

7 21

28

,38

12

32,4

3 13

36

,11

28

31,8

2 34

30

,91

Tota

l 51

10

0,00

74

10

0,00

37

100,

00

36

100,

0088

10

0,00

110

100,

00

Page 64: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

47

5.3.6 Cenário “Familiaridade” Você está num lugar vazio, conversando com alguém do mesmo sexo que o seu.

Você não conhece muito bem a pessoa. Sem motivo aparente, ela começa a lhe dar

cotoveladas e empurrões. Você não tem certeza se ela está fazendo isso a sério ou

apenas brincando.

Não foram observadas diferenças significativas do ponto de vista estatístico

(χ2 = 8,12; gl = 6; p = 0,229) na freqüência de condutas defensivas escolhidas por

casos de TAS e controles saudáveis ao cenário “Familiaridade”, de acordo com o

sexo. Estes dados são apresentados na tabela 12.

Page 65: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

48

Tabe

la 1

2 –

Freq

üênc

ia d

e re

spos

tas

ao c

enár

io “

Fam

iliarid

ade”

seg

undo

o s

exo

dos

parti

cipa

ntes

e o

dia

gnós

tico

(con

trole

s =

88;

caso

s =

110)

. Sem

dife

renç

as e

stat

istic

amen

te s

igni

ficat

ivas

(χ2 =

8,12

; gl =

6; p

= 0

,229

)

Res

post

a de

de

fesa

Fem

inin

o M

ascu

lino

Tota

l C

ontr

oles

C

asos

C

ontr

oles

C

asos

C

ontr

oles

C

asos

n

%

n %

n

%

n %

n

%

n %

Am

eaça

ata

car

5 9,

80

10

13,5

1 10

,81

10,8

3

8,33

9

10,2

3 13

11

,82

Inve

stig

a 26

50

,98

26

35,1

4 59

,46

59,5

20

55

,56

48

54,5

5 46

41

,82

Out

ras

20

39,2

2 38

51

,35

29,7

3 29

,7

13

36,1

1 31

35

,23

51

46,3

6

Tota

l 51

10

0,00

74

10

0,00

10

0,00

100,

0 36

10

0,00

88

100,

0011

0 10

0,00

Page 66: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

49

5.3.7 Cenário “Praça”

Tarde da noite, você está em uma praça, quando vê um estranho mal encarado

segurando uma faca, a cerca de 10 metros de você, vindo em sua direção. É óbvio

que ele está planejando atacar você

Foi observado, no cenário “Praça”, diferença estatisticamente significativa na

decisão por comportamentos defensivos descritos na tabela 13, considerando-se

casos da doença e controles saudáveis, de acordo com o sexo (χ2 = 22,72; gl = 6; p

<0,001).

Page 67: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

50

Tabe

la 1

3 –

Freq

üênc

ia d

e re

spos

tas

ao c

enár

io “

Pra

ça”

segu

ndo

o se

xo d

os p

artic

ipan

tes

e o

diag

nóst

ico

(con

trole

s =

88,

caso

s =

110)

. Dife

renç

as e

stat

istic

amen

te s

igni

ficat

ivas

(χ2

= 22

,72;

gl =

6; p

< 0

,001

)

Res

post

a de

de

fesa

Fem

inin

o M

ascu

lino

Tota

l C

ontr

oles

C

asos

C

ontr

oles

C

asos

C

ontr

oles

C

asos

n

%

n %

n

%

n %

n

%

n %

Foge

33

64

,71

45

60,8

1 18

48

,65

28

77,7

8 51

57

,95

73

66,3

6

Grit

a 10

19

,61

11

14,8

6 1

2,70

0

0,00

11

12

,50

11

10,0

0

Out

ras

8 15

,69

18

24,3

2 18

48

,65

8 22

,22

26

29,5

5 26

23

,64

Tota

l 51

10

0,00

74

10

0,00

37

10

0,00

36

10

0,00

88

100,

0011

0 10

0,00

Page 68: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

51

Conforme representado na figura 7, homens com diagnóstico de TAS

optaram pela resposta de fuga em uma freqüência significativamente maior (p =

0,015) do que homens saudáveis.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Foge Grita Outras Foge Grita Outras

Feminino Masculino

Porc

enta

gem

Controles Casos

FIGURA 7 – Respostas mais freqüentes ao cenário “Praça”, para casos e controles,

por sexo (* p < 0,05, Teste Exato de Fisher)

5.3.8 Cenário “Agarrão”

Tarde da noite, você está saindo sozinho/a de um prédio vazio, longe de outras

construções. Assim que chega lá fora, você sente uma mão agarrar o seu braço.

Avaliando-se o cenário “Agarrão”, encontrou-se diferença estatisticamente

significativa nas condutas defensivas adotadas por voluntários saudáveis e

portadores de TAS, considerando-se o sexo (χ2 = 30,02; gl = 12; p < 0,003),

conforme apresentado na tabela 14.

No entanto, as diferenças significativas observadas não se devem a

diferenças entre os grupos caso e controle, mas sim a diferenças entre os sexos.

30,40% das mulheres optaram pela resposta de gritar com maior freqüência do que

homens (5,48%; p < 0,001), enquanto 38,36% destes optaram pela resposta de

*

Page 69: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

52

investigação e menos da metade (16,80%) das mulheres elegeram tal alternativa (p

= 0,001).

Page 70: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

53

Tabe

la 1

4 –

Freq

üênc

ia d

e re

spos

tas

ao c

enár

io “

Aga

rrão

” se

gund

o o

sexo

dos

par

ticip

ante

s e

o di

agnó

stic

o (c

ontro

les

= 88

; cas

os =

110)

. Dife

renç

as e

stat

istic

amen

te s

igni

ficat

ivas

(χ2

= 30

,02;

gl =

12;

p <

0,0

03)

Res

post

a de

de

fesa

Fem

inin

o M

ascu

lino

Tota

l C

ontr

oles

C

asos

C

ontr

oles

C

asos

C

ontr

oles

C

asos

n

%

n %

n

%

n %

n

%

n %

Fica

imóv

el

7 13

,73

18

24,3

2 6

16,2

2 7

19,4

4 13

14

,77

25

22,7

3

Foge

6

11,7

6 8

10,8

1 5

13,5

1 6

16,6

7 11

12

,50

14

12,7

3

Grit

a 18

35

,29

20

27,0

3 1

2,70

3

8,33

19

21

,59

23

20,9

1

Inve

stig

a 9

17,6

5 12

16

,22

18

48,6

5 10

27

,78

27

30,6

8 22

20

,00

Out

ras

11

21,5

7 16

21

,62

7 18

,92

10

27,7

8 18

20

,45

26

23,6

4

Tota

l 51

10

0,00

74

10

0,00

37

100,

00

36

100,

0088

10

0,00

110

100,

00

Page 71: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

54

5.3.9 Cenário “Barulho”

Tarde da noite, está escuro e você está sozinho/a, dormindo na sua cama. De

repente, acorda achando que ouviu um barulho suspeito.

A tabela 15 mostra as freqüências de respostas ao cenário “Barulho”. Foram

observadas diferenças estatisticamente significativas na adoção de respostas ao

QCD, considerando-se o sexo e o diagnóstico dos voluntários (χ2 = 15,70; gl = 6; p =

0,015).

Page 72: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

55

Tabe

la 1

5 –

Freq

üênc

ia d

e re

spos

tas

ao c

enár

io “

Bar

ulho

” se

gund

o o

sexo

dos

par

ticip

ante

s e

o di

agnó

stic

o (c

ontro

les

= 88

; cas

os =

110)

. Dife

renç

as e

stat

istic

amen

te s

igni

ficat

ivas

(χ2 =

15,7

0; g

l = 6

; p =

0,0

10)

Res

post

a de

de

fesa

Fem

inin

o M

ascu

lino

Tota

l C

ontr

oles

C

asos

C

ontr

oles

C

asos

C

ontr

oles

C

asos

n

%

n %

n

%

n %

n

%

n %

Fica

imóv

el

8 15

,69

21

28,3

8 1

2,70

5

13,8

9 9

10,2

3 26

23

,64

Inve

stig

a 27

52

,94

33

44,5

9 28

75

,68

23

63,8

9 55

62

,50

56

50,9

1

Out

ras

16

31,3

7 20

27

,03

8 21

,62

8 22

,22

24

27,2

7 28

25

,45

Tota

l 51

10

0,00

74

10

0,00

37

100,

00

36

100,

0088

10

0,00

110

100,

00

Page 73: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

56

A figura 8 mostra que, independente do sexo, 23,64% dos pacientes com

TAS relataram a resposta “fica imóvel” com maior freqüência que controles

saudáveis (10,23%; p = 0,015)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Fica imóvel Investiga Outras

Porc

enta

gem

Controles Casos

FIGURA 8 – Respostas mais freqüentes ao cenário “Barulho”, para casos e

controles, independente de sexo. (* p < 0,05, Teste Exato de Fisher).

5.3.10. Cenário “Telefone“

Tarde da noite, você está sozinho/a em casa, preparando-se para dormir, quando o

telefone toca. Você atende, não reconhece a voz da pessoa, que não se identifica e

lhe diz que está em frente à sua casa, desligando o telefone em seguida.

A tabela 16 apresenta a freqüência de respostas ao cenário “Telefone”. Não

foram encontradas diferenças significativas entre pacientes e controles neste cenário

(χ2 = 14,38; gl =9; p = 0,109).

*

Page 74: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

57

Tabe

la 1

6 –

Freq

üênc

ia d

e re

spos

tas

ao c

enár

io “

Tele

fone

” se

gund

o o

sexo

dos

par

ticip

ante

s e

o di

agnó

stic

o (c

ontro

les

= 88

;

caso

s =

110)

. Sem

dife

renç

as e

stat

istic

amen

te s

igni

ficat

ivas

(χ2

= 14

,38;

gl =

9; p

= 0

,109

)

Res

post

a de

de

fesa

Fem

inin

o M

ascu

lino

Tota

l C

ontr

oles

C

asos

C

ontr

oles

C

asos

C

ontr

oles

C

asos

n

%

n %

n

%

n %

n

%

n %

Esc

onde

-se

5 9,

80

12

16,2

2 2

5,41

3

8,33

7

7,95

15

13

,64

Grit

a 8

15,6

9 14

18

,92

3 8,

11

3 8,

33

11

12,5

0 17

15

,45

Inve

stig

a 22

43

,14

25

33,7

8 25

67

,57

18

50,0

0 47

53

,41

43

39,0

9

Out

ras

16

31,3

7 23

31

,08

7 18

,92

12

33,3

3 23

26

,14

35

31,8

2

Tota

l 51

10

0,00

74

10

0,00

37

100,

00

36

100,

0088

10

0,00

110

100,

00

Page 75: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

58

5.3.11 Cenário “Sussurro”

Você está sozinho/a, lendo um livro, quando ouve ruídos em frente à sua casa. Você

não consegue distinguir bem, mas quando escuta com mais atenção, parece o som

de pessoas cochichando.

Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre as

respostas defensivas fornecidas por pacientes com TAS e controles saudáveis no

cenário “Sussurro” (χ2 = 2,90; gl = 3; p = 0,407). A tabela 17 apresenta as

freqüências das respostas a este cenário.

5.3.12 Cenário “Passos“

Você está sozinho/a andando, em um lugar escuro e vazio, quando ouve passos

logo atrás de você.

A tabela 18 apresenta a freqüência de respostas ao cenário “Passos”. Neste,

também não foram encontradas diferenças significativas entre pacientes

diagnosticados como portadores de TAS e controles saudáveis (χ2 = 8,01; gl = 6; p =

0,237).

Page 76: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

59 Ta

bela

17

– Fr

eqüê

ncia

de

resp

osta

s ao

cen

ário

“S

ussu

rro”,

segu

ndo

o se

xo d

os p

artic

ipan

tes

e o

diag

nóst

ico

(con

trole

s =

88;

caso

s =

110)

. Sem

dife

renç

as e

stat

istic

amen

te s

igni

ficat

ivas

(χ2

= 2,

90; g

l = 3

; p =

0,4

07)

Res

post

a de

de

fesa

Fem

inin

o M

ascu

lino

Tota

l C

ontr

oles

C

asos

C

ontr

oles

C

asos

C

ontr

oles

C

asos

n

%

n %

n

%

n %

n

%

n %

Inve

stig

a 31

60

,78

47

63,5

1 28

75

,68

26

72,2

2 59

67

,05

73

66,3

6

Out

ras

20

39,2

2 27

36

,49

9 24

,32

10

27,7

8 29

32

,95

37

33,6

4

Tota

l 51

10

0,00

74

10

0,00

37

100,

00

36

100,

0088

10

0,00

110

100,

00

Page 77: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

60 Ta

bela

18

– Fr

eqüê

ncia

de

resp

osta

s ao

cen

ário

“Pas

sos”

, seg

undo

o s

exo

dos

parti

cipa

ntes

e o

dia

gnós

tico

(con

trole

s =

88; c

asos

= 11

0). S

em d

ifere

nças

est

atis

ticam

ente

sig

nific

ativ

as (χ

2 =

8,01

; gl =

6; p

= 0

,237

)

Res

post

a de

de

fesa

Fem

inin

o M

ascu

lino

Tota

l C

ontr

oles

C

asos

C

ontr

oles

C

asos

C

ontr

oles

C

asos

n

%

n %

n

%

n %

n

%

n %

Foge

24

47

,06

37

50,0

0 10

27

,03

14

38,8

9 34

38

,64

51

46,3

6

Inve

stig

a 17

33

,33

21

28,3

8 19

51

,35

16

44,4

4 36

40

,91

37

33,6

4

Out

ras

10

19,6

1 16

21

,62

8 21

,62

6 16

,67

18

20,4

5 22

20

,00

Tota

l 51

10

0,00

74

10

0,00

37

100,

00

36

100,

0088

10

0,00

110

100,

00

Page 78: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

61

5.4 Respostas ao QCD quanto ao subtipo do TAS

Não houve diferença estatisticamente significativa nas respostas ao QCD

(Teste Exato de Fisher, p > 0,05) nos 12 cenários, quanto comparados pacientes

com os subtipos circunscrito e generalizado, independente do sexo.

5.5 Respostas ao QCD quanto à gravidade, de acordo com o DSM-IV (Leve, Moderado e Grave), independente de sexo.

Independente do sexo, de acordo com as gravidades leve, moderado e

grave, pelo DSM-IV, não houve diferenças estatisticamente significativas (p > 0,05,

Teste Exato de Fisher) nas respostas ao QCD fornecidas pelos voluntários com TAS

em nenhum dos cenários.

Page 79: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

62

6 DISCUSSÃO

6.1 Das considerações da amostra

A amostra foi constituída de voluntários de ambos os sexos, diagnosticados

como portadores de TAS ou saudáveis, através da aplicação da Entrevista Clínica

Estruturada para Transtornos Mentais pelo DSM-IV, Versão Clínica (SCID-CV). O

fato de se ter utilizado tal entrevista como instrumento de diagnóstico garantiu que

fosse constituído um grupo controle com indivíduos mais seguramente livres de

transtornos psiquiátricos e um grupo de casos de TAS sem comorbidades

psiquiátricas.

A decisão pela coleta de dados com a aplicação do QCD em estudantes

universitários ocorreu em função de uma possível influência, não testada, do nível de

instrução sobre a maneira como o indivíduo responde às situações de ameaça.

A composição dos grupos de casos de TAS e controles saudáveis mostrou-

se muito homogênea com relação às idades médias, estado civil e cor da pele,

assim como na proporção entre os sexos. Foi atestada concordância com o descrito

na literatura sobre características sociodemográficas de pacientes com TAS

(KESSLER et al.,1994; MAGEE et. al., 1996), uma vez que os indivíduos eram, em

sua maioria, adultos jovens, predominantemente solteiros, cor de pele branca e com

maior porcentagem de mulheres.

Faz-se necessário ressaltar o fato de todos os voluntários constituírem

amostra comunitária, proveniente de população universitária, e não uma amostra

clínica, recrutada em ambiente de tratamento clínico. Os cuidados adotados na

seleção das amostras de controles saudáveis e de casos de TAS pode ter

colaborado para se descartar possíveis influências, não testadas neste estudo, da

idade, estado civil, sexo, cor de pele, grau de instrução, comorbidades clínicas e

psiquiátricas nas respostas defensivas.

Page 80: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

63

6.2 Das características clínicas do TAS na amostra

A aplicação da SCID-CV permitiu que se constituísse uma amostra de

indivíduos com diagnóstico de TAS livres de comorbidades psiquiátricas (exceto

episódio depressivo prévio e dependência de nicotina), comumente observadas,

como outros transtornos de ansiedade, transtornos de humor, transtornos

relacionados ao uso de substâncias psicoativas, entre outros, de acordo com o

DSM-IV (APA, 1994).

Além disso, a amostra de casos foi constituída de pacientes sem tratamento

psiquiátrico no momento da aplicação do QCD, tornando possível o teste de

hipóteses em indivíduos que nunca foram submetidos a tratamento psiquiátrico,

evitando-se a possível interferência do uso de medicações psicotrópicas na escolha

das respostas defensivas.

Importante citar que a amostra de casos de TAS teve a avaliação da

gravidade do transtorno bastante abrangente, uma vez que se utilizou tanto de

escalas de auto (SPIN) quanto de heteroavaliação (BSPS) específicas para esse

transtorno de ansiedade

O grupo de voluntários diagnosticados como portadores de TAS mostrou

idade média de início, independente de sexo, de 11,38 anos, sendo a idade mínima

de início de 5 anos e máxima, 27 anos, o que está de acordo com o descrito na

literatura sobre a doença, no que diz respeito a amostras de estudos

epidemiológicos. Nestes, as idades de início são muito variáveis (FURMARK et al.,

1999; KESSLER et al., 2004; IANCU et al., 2006).

No caso de amostras clínicas, a idade de início citada encontra-se entre os

15 e 21 anos, ocorrendo antes dos 18 anos em 80% dos casos (NARDI, 2004). É

importante comentar também que, tipicamente, o TAS se inicia numa fase

intermediária do desenvolvimento, na adolescência, às vezes surgindo a partir de

história de inibição social ou de timidez na infância (APA, 2000).

Como o tempo médio de evolução da doença foi de 10 a 15 anos e não

variou de maneira significativa entre os sexos, assim como a idade média de início

supracitada, mais uma vez tem-se homogeneidade na amostra estudada e

concordância com o previsto pela literatura, de que o curso da doença é contínuo e

a duração é vitalícia, não se podendo, portanto, prever a média de anos que a

Page 81: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

64

moléstia duraria, embora a sua gravidade possa sofrer atenuação ou chegue, até

mesmo, a sofrer remissão com a idade adulta (APA, 2002).

O sexo não determinou diferenças na distribuição dos casos da doença

quanto ao subtipo – circunscrito e generalizado – na amostra em questão. O sexo só

determinou diferenças na prevalência entre homens e mulheres, quando se fala na

questão do diagnóstico de TAS. Em estudos epidemiológicos e comunitários, o

diagnóstico é mais comum em mulheres; no entanto, os homens procuram mais

tratamento, talvez porque os prejuízos trazidos pelo transtorno sejam mais

significativos aos homens do que às mulheres, em função dos seus papéis sociais

(WEINSTOCK, 1999; KESSLER et al., 1994).

Os informes epidemiológicos sugerem que o subtipo generalizado é o mais

prevalente, porém, isso ocorre em populações clínicas (TURNER et al., 1986).

Furmark (2002) sugere que seria mais apropriado fazer uso do continuum de

gravidade (leve, moderado e grave), como feito pelo DSM-IV-TR (APA, 2002), do

que se procurar diagnosticar subtipos de TAS qualitativamente, como na

classificação generalizado e não-generalizado.

A análise da gravidade da doença, de acordo com os critérios postulados

pelo DSM-IV-TR (APA, 2002), mostrou que não houve diferença na distribuição de

casos leves, moderados e graves, de acordo com o sexo. Existiu um predomínio de

casos moderados, o que não foi verificado em um estudo suíço, também com

amostra comunitária (FURMARK et al., 1999), no qual predominaram os de

gravidade leve.

Apesar de poucos estudos reportarem a prevalência de medos sociais na

comunidade, a maioria dos casos de TAS teme o ato de falar em público, sendo que

muitos relataram que este é seu único medo. Esta é, portanto, de longe, a situação

social mais temida (FURMARK, 2002). Muitos estudos sugerem que

aproximadamente 3,00 – 5,00% da população geral preenche os critérios para Fobia

Social com o medo de falar em público isolado (KESSLER et al., 1994). Outros

medos relacionados ao desempenho, como comer ou escrever sob a vista de um

terceiro, são menos comuns. Não são descritas diferenças quanto aos sexos quanto

aos subtipos de TAS (APA, 2000).

Neste estudo, não ter sido encontrado diferença significativa entre os sexos,

o medo de falar em público foi o mais observado em homens, enquanto os outros

Page 82: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

65

temores (comer e escrever diante de outra pessoa) foram mais comuns em

mulheres.

A avaliação da gravidade do TAS pelo SPIN e suas cinco subescalas e pela

BSPS, considerando-se, inclusive, seus fatores medo e evitação, assim como os

sintomas fisiológicos, não mostrou diferença entre os sexos, como esperado,

garantindo maior chance de se obter padrões de resposta mais fidedignos e

homogêneos no QCD.

O fato de se ter utilizado tanto um instrumento de auto (SPIN) quanto um de

heteroavaliação (BSPS) específica para o TAS permitiu que fossem descartados

possíveis erros quanto à real caracterização de diagnóstico e gravidade.

Os níveis de ansiedade detectados nas mulheres, através do BAI, foram

mais altos que os observados em homens, inclusive no que diz respeito aos

sintomas relacionados aos fatores neurofisiológico e de pânico. De acordo com

Creamer, Foran e Bell (1995), os escores do BAI obtidos no sexo feminino são, em

média, 4 pontos maiores que os esperados para o sexo masculino, sendo que, no

presente estudo, foi encontrado valor muito próximo – a média do BAI total para o

sexo feminino foi 5,34 pontos maior que a média masculina para a mesma escala.

No estudo conduzido por Osman et al. (1997), em estudantes de Psicologia de

ambos os sexos, as mulheres reportaram níveis de ansiedade mais altos, quando

comparados aos dos homens, conforme avaliado pelo BAI.

6.3 Das respostas ao QCD

6.3.1 Das respostas ao QCD obtidas neste estudo com relação aos estudos anteriores

Verificando-se as respostas defensivas obtidas no estudo original

(BLANCHARD et al., 2001), observou-se que houve concordância em 10 dos 12

cenários do QCD. Foram atestadas diferenças nas respostas defensivas, com

relação ao atual, considerando-se os voluntários saudáveis, apenas em dois

cenários, “Elevador” e “Traseira”.

Page 83: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

66

Tanto no estudo de Blanchard e colaboradores (2001) quanto no de

validação de Shuhama et al. (2008), ataque defensivo foi a estratégia mais

frequentemente adotada no cenário “Elevador”, enquanto no atual comportamentos

pertencentes à categoria “outras”, seguidos de ataque defensivo, gritar por ajuda e

investigar, foram os mais escolhidos.

Quanto ao cenário “Traseira”, os comportamentos mais comumente

adotados foram “outros”, no estudo original e no presente. No entanto, é importante

esclarecer que esta alternativa (“outros”) tem significados diferentes em cada um dos

estudos – no original, corresponde a condutas que o voluntário descrevia, por

extenso, quando não identificava nenhuma opção entre as 10 respostas defensivas

sugeridas. Já no atual, comportamentos “outros” representam o agrupamento de

todas as respostas ao QCD com frequência inferior a 10,00%.

Logo, a diferença já se faz evidente na definição do que seria a categoria

“outras” em cada um. Portanto, no estudo de Blanchard, a resposta mais adotada

corresponde a comportamentos outros que foram descritos por extenso, sendo a

freqüência das demais respostas menos importante. No atual, condutas “outras”

foram adotadas em frequência relativa importante (44,32%), seguidas de fuga

(37,50%) e investigação (18,18%).

Levando-se em consideração tais diferenças, ressalta-se também a

importância de se garantir amostra de voluntários saudáveis mais seguramente

hígidos, livres de condições médicas gerais e de doenças psiquiátricas, através da

aplicação da SCID-CV.

No estudo original de Blanchard (2001), não há referência a medidas de

avaliação clínicas e psiquiátricas dos 160 voluntários, estudantes de Psicologia, do

“Honolulu Community College”.

Em comparação com o estudo de validação e adaptação para o português

do QCD (SHUHAMA et al., 2008), houve concordância entre a resposta mais

freqüente dos controles saudáveis incluídos neste estudo, com os dados obtidos

anteriormente, em população semelhante (estudantes universitários) em todos os

cenários, exceto no cenário “Elevador”.

Neste cenário, o ataque defensivo foi a primeira opção (38,3%) no estudo

anterior (SHUHAMA et al., 2008), enquanto comportamentos outros (41,8%) que não

os de ataque (12,7%), berrar, gritar por ajuda (23,6%) e fuga (13,6%), foram os mais

apontados neste estudo.

Page 84: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

67

Esta diferença na adoção de conduta defensiva, em sujeitos tidos como

saudáveis, entre os dois estudos, provavelmente se deve ao fato citado no item

anterior de que os controles do estudo atual tiveram transtornos psiquiátricos

excluídos de maneira mais abrangente, em função da aplicação da SCID-CV.

6.3.2 Das respostas ao QCD quanto à presença ou ausência do diagnóstico de TAS, considerando-se o sexo

Diferenças na adoção de condutas defensivas, comparando-se voluntários

portadores de TAS e saudáveis, puderam ser observadas em sete cenários:

“Árvore”, “Elevador”, “Semáforo”, “Traseira”, “Praça”, “Agarrão” e “Barulho”.

O cenário “Árvore” foi avaliado no estudo de validação (SHUHAMA et al.,

2008) como de intensidade média a superior e ambigüidade relativamente baixa.

Essas características da ameaça associam-se, como resposta biologicamente mais

econômica, a comportamento de fuga, uma vez que a ameaça não implica em

contato físico imediato e há possibilidade de fuga intermediária.

A primeira opção de resposta defensiva, tanto para casos de TAS como para

saudáveis, considerando-se o total da amostra, foi a fuga, o que confere com o

predito pela literatura (BLANCHARD et al., 2001), embora uma proporção maior de

sujeitos portadores deste transtorno de ansiedade adotem tal conduta emergencial.

As diferenças mais importantes surgiram com a maior proporção de casos

de TAS que ficariam paralisados diante do estímulo, conduta esta que seria

esperada caso não houvesse rota de fuga (BLANCHARD et al., 2001; PERKINS;

CORR, 2006), indicando uma avaliação equivocada da situação de ameaça. No

caso do indivíduo saudável, esta opção foi a menos escolhida, em proporção muito

pequena, indicando avaliação mais adequada. Indivíduos que tendem a responder

como se a ameaça tivesse maior intensidade, percebem-na como se estivessem

mais próximos da mesma (MCNAUGHTON; CORR, 2004).

A atitude de investigação, a menos adotada pelos casos de TAS e a terceira

pelos voluntários saudáveis, mostra que o indivíduo com TAS pode ter incorrido em

erro de avaliação da intensidade da ameaça proposta na situação, julgando-a mais

Page 85: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

68

ameaçadora e menos ambígua do que o saudável o fez (MCNAUGHTON; CORR,

2004; PERKINS; CORR, 2006).

A adoção de comportamento de fuga, no cenário “Árvore”, foi o

predominante entre os voluntários de sexo feminino, tanto no caso de mulheres

saudáveis como de portadoras de TAS, sendo que esta conduta mais emergencial é

a esperada para que seja evitado o confronto físico.

O embate físico é evitado pelas mulheres, devido ao dismorfismo entre os

sexos. Em geral, homens são maiores fisicamente e com massa muscular mais

avantajada que a de mulheres. Os homens parecem ter evoluído com maior

capacidade de confronto físico para competir com outros machos e com maior

tendência à escolha de comportamentos mais agressivos (WRANGHAM;

PETERSON, 1996).

Uma mulher saudável adotaria outras condutas também emergenciais,

representada pela ameaça defensiva de gritar por socorro como segunda opção de

estratégia defensiva. Já a mulher portadora de TAS optou pela imobilidade,

paralisada pelo estímulo, como se não houvesse possibilidade alguma de fuga nem

de abrigo.

De acordo com o proposto por Blanchard e colaboradores (1990), drogas

ansiolíticas administradas a ratos em situação experimental, afetam a distância

defensiva. Caso a intensidade percebida da ameaça seja elevada, a distância

defensiva é julgada como menor do que realmente é. Desta maneira, ratos que não

receberam ansiolíticos sofrem congelamento.

O indivíduo de sexo masculino saudável, neste estudo, optou por investigar

a situação, avaliando seus riscos, elegendo a fuga como sua terceira opção de

estratégia defensiva, o que já não ocorre com os casos de TAS. Estes fugiriam,

mostrando que a diferença entre os homens doentes e saudáveis deve-se,

provavelmente, à avaliação equivocada da ameaça como sendo mais intensa e mais

próxima do que realmente é, pelos casos de tal transtorno ansioso.

As respostas ao cenário “Elevador”, no qual se representa uma ameaça

clara e proximal, de baixa ambigüidade, sem possibilidade de fuga, demonstra que

há disfunção na avaliação do estímulo pelas estratégias adotadas.

Dentre os indivíduos do sexo masculino, há uma proporção maior de

controles, praticamente o dobro da de casos, que atacaria, conduta urgente mais

Page 86: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

69

adequada ao estímulo e a esse sexo que, por suas características, permite embate

físico (WRANGHAM; PETERSON, 1996).

O comportamento de gritar, muito escolhido entre os voluntários do sexo

feminino (saudáveis e portadores de TAS), não é adotado por nenhum dos controles

masculinos, mas é adotado por portadores de TAS deste sexo em igual proporção

ao do comportamento de ataque, o que, mais uma vez, sugere que o indivíduo com

ansiedade social adota comportamentos diferentes do esperado, inclusive para o

seu sexo.

Mulheres têm grande propensão a adotar comportamentos em que gritam

por socorro, o que não ocorre em homens sadios, provavelmente porque estes

relutam a adotar tal conduta (PERKINS; CORR, 2006).

A fuga foi a resposta de primeira escolha de indivíduos de ambos os sexos,

saudáveis ou portadores de TAS, no cenário “Semáforo”. As mulheres saudáveis

adotam tal comportamento em proporção muito superior à de casos de TAS,

provavelmente por terem a capacidade de avaliar as dimensões da ameaça de

maneira mais adequada – intensidade média a superior, baixa ambigüidade,

possibilidade de fuga alta (uma das mais altas entre os 12 cenários) (BLANCHARD

et al., 2001; SHUHAMA et al., 2008), pois o indivíduo está abrigado dentro de um

automóvel e seu caminho não está bloqueado.

Uma proporção maior de mulheres com diagnóstico de TAS escolheu

respostas outras que não a de fuga, quando comparada às mulheres saudáveis, o

que não ocorre entre os homens de maneira geral (saudáveis e casos de TAS).

Reforça-se, então, a hipótese de avaliação distorcida do estímulo, pois a

conduta de fuga foi adotada não só em menor proporção por mulheres portadoras

de TAS, como também a adoção de condutas menos adequadas à situação

(incluídas, aqui, na categoria “outras”) foram apontadas em maior proporção pelas

mesmas.

No entanto, é importante observar que as maiores diferenças ocorreram

quando se comparam os comportamentos adotados por cada sexo. O sexo feminino

mostrou uma maior tendência a se afastar da fonte de perigo, provavelmente pela

maior fragilidade e menor habilidade ao embate físico deste sexo (WRANGHAM;

PETERSON, 1996).

No cenário ”Traseira”, observou-se a adoção de conduta mais urgente, como

a fuga, como primeira estratégia defensiva pelos sujeitos diagnosticados como

Page 87: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

70

portadores de TAS, o que mais uma vez reforça a idéia de que houve inadequação

na avaliação das dimensões da ameaça apresentada.

No caso deste cenário, em que o sujeito deve se imaginar protegido dentro

de seu automóvel, em que não há contato físico imediato e existe rota de fuga, com

ambiguidade e intensidade de ameaça intermediárias (BLANCHARD et al., 2001), o

paciente com TAS lida com a situação como se não houvesse disponibilidade de

abrigo, como se a fonte de perigo estivesse mais próxima e a intensidade, mais alta,

o que resultou numa maior escolha de comportamento de fuga. Comportamentos

outros que não os de fuga e de investigação foram adotados pela maioria dos

sujeitos saudáveis.

Foi possível observar que uma pequena proporção de casos de TAS,

correspondente a menos da metade de controles, optaram por investigar a situação,

o que sugere terem depreendido a situação como de intensidade mais alta do que o

real, sem disponibilidade de abrigo, com a possibilidade de contato físico imediato e

como se não houvesse rota de fuga.

Neste caso, torna-se provável que o indivíduo com traços ansiosos tenha

realmente distorcido as dimensões da ameaça, se considerarmos que, em uma

situação natural, existe correlação entre incerteza da ameaça e a necessidade de

aproximação da fonte de perigo para sua avaliação (MCNAUGHTON; CORR, 2004).

Embora a conduta de fuga tenha sido apontada como a preferencial pelos

portadores de TAS, notou-se que, quando se trata do sexo masculino, há uma

proporção maior de casos (mais que o dobro) de TAS que adotam tal conduta, o que

não ocorre entre os voluntários do sexo feminino, no qual a proporção de fuga de

mulheres portadoras e saudáveis é muito semelhante.

Portanto, a diferença de conduta pode ser atribuída não só à doença como

também ao sexo, considerando-se novamente o dismorfismo entre os sexos

(WRANGHAM; PETERSON, 1996; PERKINS; CORR, 2006).

Homens saudáveis adotaram comportamentos diferentes de homens

portadores de TAS, no cenário “Praça”. Tal cenário é caracterizado por ameaça

clara, de alta intensidade, média distância do indivíduo à fonte de perigo,

possibilidade de fuga intermediária, ambigüidade muito baixa, com disponibilidade

média de abrigo (BLANCHARD et al., 2001; SHUHAMA et al., 2008).

Page 88: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

71

Neste caso, os pacientes com tal transtorno ansioso apresentam proporção

muito maior de resposta urgente de fuga que os saudáveis, o que é econômico no

sentido evolutivo, pois o custo é inferior ao benefício.

A mesma proporção de homens saudáveis escolheu fugir ou

comportamentos outros, e somente uma minoria berraria, chamaria por ajuda, que

caracteriza comportamento de ameaça defensiva. Nenhum caso de TAS berraria.

A conduta de fuga seria a mais econômica do ponto de vista evolutivo,

sendo, portanto, adequada à situação. No entanto, como se pôde perceber

comparando-se os comportamentos adotados por voluntários saudáveis, mais uma

vez os portadores de TAS parecem ter considerado o estímulo como de maior

intensidade e mais próximo, se considerarmos que, de acordo com o teorizado por

Gray e McNaughton (2000) e por McNaughton e Corr (2004), estímulos em si não

são críticos, mas o significado efetivamente atribuído aos mesmos pelos sistemas de

percepção de cada indivíduo, que determinam a resposta defensiva.

Menos de um quarto dos casos de TAS adotaria outras respostas defensivas

que não a fuga, mostrando que a tendência à adoção de condutas emergenciais é

mais importante no TAS, conforme nossa hipótese inicial.

O cenário “Agarrão” descreve situação de captura, portanto, com distância

defensiva mínima, baixa possibilidade de fuga e de abrigo, intensidade alta da

ameaça, com ambigüidade de média a superior (BLANCHARD et al., 2001). Neste

caso, em que foram observadas diferenças nas condutas atribuíveis ao sexo, notou-

se que mulheres saudáveis e portadoras de TAS adotaram, com maior freqüência

que os homens, a conduta de gritar por socorro, tida como essencialmente mais

feminina, devido à vulnerabilidade física ou à resistência do homem em adotar tal

conduta (PERKINS; CORR, 2006).

Considerando-se que o sexo masculino estaria mais preparado ao embate

físico, caso este se fizesse necessário (WRANGHAM e PETERSON, 1996), uma

proporção bem superior de voluntários deste sexo, saudáveis ou não, optaram pela

investigação.

O cenário “Barulho”, de baixa intensidade, consistindo de situação em que o

indivíduo deve se imaginar dentro de casa (local com características familiares,

portanto), ambiguidade e distância defensiva altas, tem como resposta preferencial a

investigação, comportamento defensivo mais expressivo dentre os indivíduos

Page 89: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

72

saudáveis do que entre os diagnosticados como portadores de TAS, o que pode ser

atribuído à avaliação errônea da ameaça.

Os casos de TAS, em função de seu nível de ansiedade, podem ter

considerado a distância da fonte de perigo como menor do que realmente era, de

acordo com o sugerido por McNaughton e Corr (2004) e Gray e McNaughton (2000),

quando se trata de indivíduos com traços de ansiedade.

Uma conduta pouco adotada por sujeitos saudáveis, mas escolhida por duas

vezes mais casos de TAS, é a imobilidade, resposta biologicamente mais econômica

em situações de intensidade alta, nas quais exista uma distância defensiva

intermediária entre o sujeito e a ameaça e em que não haja rota de fuga

(BLANCHARD et al., 2001; SHUHAMA et al., 2008).

No entanto, como o indivíduo pode contar com abrigo em local familiar, a

própria casa, a avaliação da intensidade das dimensões da ameaça tende a ser

mais baixa, uma vez que um local familiar foi associado com maior segurança por

roedores (ELLARD, 1996).

Observou-se que houve, nos cenários “Árvore”, “Semáforo” e “Praça”,

caracterizados por ameaça proximal com rota de fuga disponível, uma significância

estatística na adoção de comportamentos diferentes, o que merece atenção. A

resposta mais adotada e mais econômica no sentido biológico é a de fuga; no

entanto, percebe-se coerência com a hipótese do estudo, uma vez que os casos de

TAS de ambos os sexos mostram, em proporção muito maior, sentirem-se

paralisados pelo estímulo. Também foi atestado que os casos de TAS adotam, com

menor freqüência, conduta investigativa (como no cenário “Árvore”).

Tais respostas estão de acordo com a teoria de McNaughton e Corr (2004)

de que a distância defensiva, isto é, a distância percebida pelo indivíduo entre ele e

a fonte de perigo, acaba sendo menor do que é realmente, uma vez que a

intensidade é interpretada como sendo mais alta.

Sendo a fuga mais adequada do ponto de vista biológico, foi visto que

pacientes com TAS adotaram respostas defensivas outras, que não a fuga, em

freqüência superior à dos saudáveis (“Semáforo”) e deram preferência por resolver a

situação de maneira urgente, fugindo do estímulo, considerando-se a significância

estatística no sexo masculino e uma maior proporção, sem significância, para ambos

os sexos (“Praça”).

Page 90: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

73

Ameaça proximal, com rota de fuga, com a questão de estar em ambiente

seguro, é descrita no cenário “Traseira”. Mais uma vez, notou-se a resposta

prudente de avaliação da situação sendo mais adotada pelo indivíduo saudável. Já o

portador do TAS avaliou como mais alta a intensidade da situação, justificando-se a

redução da distância defensiva, o que conduziu a comportamentos mais urgentes.

Situação de captura, portanto, de ameaça também proximal, com contato

físico imediato e baixa possibilidade de fuga, ocorre no cenário “Agarrão”

(BLANCHARD et al., 2001; SHUHAMA et al., 2008). Notaram-se diferenças na

adoção das condutas defensivas relacionadas não necessariamente à doença, mas

de maneira marcante ao sexo: gritar por ajuda, mais frequentemente adotado pelo

sexo feminino e investigar, pelo masculino, independente do diagnóstico, o que,

mais uma vez, remete às diferenças físicas e comportamentais entre os sexos

(WRANGHAM; PETERSON, 1996; PERKINS; CORR, 2006).

Único cenário descritivo de ameaça distal no qual houve diferença

significativa do ponto de vista estatístico foi “Barulho”, de intensidade muito baixa,

proteção em ambiente familiar e alta ambigüidade (BLANCHARD et al., 2001;

SHUHAMA et al., 2008). Neste, atestou-se que o portador do transtorno foi

paralisado pela ameaça de maneira mais importante que o saudável, reforçando a

hipótese de que houve avaliação distorcida do mesmo.

Mais uma vez, o portador de TAS percebeu uma mais alta intensidade da

ameaça, o que acarretou em percepção de uma menor distância defensiva entre ele

e a fonte de ameaça, o que justifica a imobilidade observada.

6.3.3 Das respostas ao QCD quanto às características clínicas do TAS

Os subtipos de TAS - circunscrito e generalizado – não determinaram

adoção de comportamentos defensivos diferentes em nenhum dos 12 cenários. Esta

constatação provavelmente se deve ao fato das características próprias de cada

subtipo de TAS não serem capazes de causar diferença nos comportamentos

defensivos adotados no QCD, instrumento sem especificidade para avaliação de tal

transtorno.

Page 91: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

74

O QCD não tem especificidade para aplicação no TAS e seu construto não

parece ter capacidade de sofrer variações quando se considera a gravidade do

transtorno, pelo DSM-IV, independente de sexo.

De acordo com o observado nos itens anteriores deste estudo, há adoção de

condutas defensivas diferentes quando são comparados os indivíduos saudáveis e

os portadores de TAS, mas as estratégias defensivas não mudam com a gravidade

do transtorno.

Page 92: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

75

7 CONCLUSÃO

Os achados deste estudo estão, em sua maioria, em concordância com os

dados da literatura, no que diz respeito às estratégias defensivas adotadas pelos

indivíduos saudáveis, o que reforça a hipótese de que, do ponto de vista

evolucionista, seres humanos preservaram o repertório de estratégias defensivas

observadas em animais não-humanos.

O presente estudo é o primeiro em que o Questionário do Comportamento

Defensivo em Seres Humanos (QCD) foi aplicado em indivíduos diagnosticados

como portadores de transtorno psiquiátrico, mostrando-se um instrumento sensível

na detecção de diferenças das escolhas de comportamentos defensivos adotados

por pacientes com Transtorno de Ansiedade Social (TAS), em comparação com

controles saudáveis.

As respostas obtidas estão de acordo com as hipóteses da literatura animal

não-humana e mostram que houve confirmação da hipótese de que indivíduos

portadores de TAS apresentam diferenças na adoção de estratégias defensivas,

quando comparados aos saudáveis - nem sempre são mais urgentes, mas diferentes

em freqüência considerável. O padrão de respostas escolhidas sugere uma

avaliação distorcida da valência do estímulo ameaçador no Transtorno de Ansiedade

Social.

A gravidade da apresentação clínica não interferiu nas escolhas de

comportamentos defensivos, mas foram observadas diferenças significativas entre

os sexos.

Foram observadas diferenças significativas entre pacientes e controles em

todos os cenários que caracterizam ameaça proximal: “Árvore”, “Semáforo” e

“Praça”, nos quais as respostas previstas eram de fuga; e “Elevador’, no qual a

resposta mais provável seria a de ataque defensivo, uma vez que não há

possibilidade de fuga.

Tomados em conjunto, esses resultados poderiam sugerir que

anormalidades no processamento de ameaça proximal, poderiam estar envolvidos

na fisiopatogenia do TAS, mas novos estudos são necessários para o

aprofundamento desta hipótese, uma vez que também foram observadas diferenças

nas respostas ao cenário “Barulho”, por exemplo, que representa ameaça distal.

Page 93: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

76

REFERÊNCIAS1

ADAMS, D. B. Brain mechanisms for offense, defense and submission. The Behavioral and Brain Sciences, v.2, p.201-241, 1979. ALCOCK, J. An evolutionary approach to animal behavior. In: ALCOCK, J. Animal behavior: an evolutionary approach. Suderland-Massachussets: Sinauer, 1993, p.1-22. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, DSM-IV , 1994. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, Texto Revisado, DSM-IV-TR, 2002. BECK, A. T.; BROWN, G.; EPSTEIN, N.; STEER, R. A. An inventory for measuring clinical anxiety: psychometric properties. Journal of Consulting and Clinical Psychology, v.56, n.6, p.893-897, 1988. BERNAT, J. A.; CALHOUN, K. S.; ADAMS, H. E. Sexually aggressive and nonaggressive men: sexual arousal and judgments in response to acquaintance rape and consensual analogues. Journal of Abnormal Psychology, v.108, n.4, p.662-673, 1999 BLANCHARD, R. J.; FLANNELLY, K. J.; BLANCHARD, D. C. Defensive behaviors of laboratory and wild Rattus novergicus. Journal of Comparative Psychology, v.100, n.2, p.101-107, 1986. BLANCHARD, D.C.; BLANCHARD, R.J.; TOM, P.; RODGERS, R.J. Diazepam changes risk assessment in an anxiety/defense test battery. Psychopharmacology (Berl), V.101, P.511-518, 1990. BLANCHARD, D. C.; GRIEBEL, G.; BLANCHARD, R. J. Mouse defensive behaviors: pharmacological and behavioral assays for anxiety and panic. Neuroscience and Biobehavioral Reviews, v.25, n.3, p.205-218, 2001. BLANCHARD, R.J.; HEBERT, M.A.; FERRARI, P.; PALANZA, P.; FIGUEIRA, R.; BLANCHARD, D.C.; PARMIGIANI, S. Defensive behaviors in wild and laboratory 1 De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6023.

Page 94: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

77

(Swiss) mice: the Mouse Defense Test Battery. Physiology and Behavior, v.65, n.2, p.201-209, 1998. BLANCHARD, D.C; HYND, A.L.; MINKE, K.A.; MINEMOTO,T.; BLANCHRD, R.J. Human defensive behaviors to threat scenarios show parallels to fear and anxiety-related defense patterns of non-human mammals. Neuroscience and Behavioral Reviews, v.25, p.761-770, 2001. BRANDÃO,M.L.;ZANOVELLI,J.M.;RUIZ-MARTINEZ,R.C.;OLIVEIRA,L.C.; LANDEIRA-FERNANDE,L.G. Different patterns of freezing behaviour organized in the periaqueductal gray of rats: association with different types of anxiety. Behav Brian Res, v.188, n.1, p.1-13, 2008. BITTENCOURT, A.S.; CAROBREZ, A.P.; ZAMPROGNO, L.P.; SCHEMBERG, L.C. Organization of single components of defensive behaviours within distinct columns of periaqueductal gray matter of the rat: role of N-Methyl-D-aspartic acid glutamate receptors. Neuroscience, v. 125,n.1, p.71-89, 2004. BUSS, D. M.; SHACKELFORD, T.K. Human aggression in evolutionary psychological perspective. Clinical Psychology Review, v.17, n.6, p.605-619, 1997. CREAMER, M.; FORAN, J.; BELL, R. The Beck Anxiety Inventory in a non-clinical sample. Behaviour Research and Therapy, v.33, n.4, p.477-485, 1995. CHENEY, D. L.; SEYFARTH, R. M. Reconciliatory grunts by dominant female baboons influence victim’s behaviour. Animal Behaviour, v.54, p.409-418, 1997. CONNOR, K.M.; DAVIDSON, J.R.T.; CHURCHILL, L.E.; SHERWOOD, A.; FOA, E.; WEISLER,R.H. British Journal of Psychiatry, v.176, p.379-386, 2000. DARWIN, C. The Expression of Emotions in Man and Animals. Philosophical Library, New York, 1872. São Paulo: Cia. Das Letras, reimpressão em 1996. DAVIDSON, J. R. T.; POTTS, N. L.; RICHICH, E. A.; FORD,S. M.; KRISHNAN, K. R.; SMITH, R. D.; WILSON, W. The Brief Social Phobia Scale. J Clin Psychiatry, v.52 (Suppl), P. 48-51, 1991. DE OCA, B.M.; DECOLA, J.P.; MAREN, S.; FANSELOW, M.S. Distinct regions of the periaqueductal gray are involved in the acquisition and expressiom of defensive responses. J Neurosci, v.18, n.9, p. 3426-3432, 1998.

Page 95: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

78

DE WAAL, F. The integration of dominance and social bonding in primates. The Quarterly Review of Biology, v.61, n.4, p.459-479, 1986. DE WAAL, F. B. M. Darwin’s legacy and the study of primate visual communication. Annals of New York Academy of Science, v.1000, p.7-31, 2003.

DEL-BEN, C.M.; VILELA, J.A.A.; CRIPPA, J.A.S.; HALLAK, J.E.C.; Cybelli M LABATE, C.M.; ZUARDI, A.W. Confiabilidade da “Entrevista Clínica Estruturada para o DSM-IV – Versão Clínica” traduzida para o Português. Rev Bras Psiquiatr, v.2, n.3, p.156-159, 2001. DIXON, A. K. Ethological strategies for defence in animals and humans: their role in the some psychiatric disorders. British Journal of Medical Psychology, v.71, p.417-445, 1998. ELLARD, C. G. Laboratory studies of antipredator behavior in the Mongolian gerbil (Meriones unguiculatus): factors affecting response attenuation with repeated presentations. Journal of Comparative Psychology, v.110, n.2, p.155-163, 1996. FIRST, M.B.; SPITZER, M.; ROBERT, L.; GIBBON, M.; WILLIAMS, J. B. W. Structured Clinical Interview for DSM-IV-TR Axis I Disorders, Clinical Vesion.. (SCID-I/CV) New York: Biometrics Research, New York State Psychiatric Institute, 1997. FIRST, M.B.; SPITZER, M.; ROBERT, L.; GIBBON, M.; WILLIAMS, J. B. W. Structured Clinical Interview for DSM-IV-TR Axis I Disorders, Research Version, Non-patient Edition. (SCID-I/NP) New York: Biometrics Research, New York State Psychiatric Institute, 2002. FURMARK, T.; TILLFORS, M.; EVERZ, P; MARTEINSDORTTIR, I.; GERFVERT, O., FREDRIKSON, M. Social Phobia in the general population: prevalence and sociodemographic profiles. Social Psychiatry and Psychiatric Epidemiology, v.34, n.8, p.416-24, 1999. FURMARK, T. Social Phobia: overview of community surveys. Acta Psychiatrica Scandinavia, v.105, p. 84-93, 2002. GILBERT, P. Evolutionary psychopathology: why isn’t the mind designed better than it is? British Journal of Medical Psychology, v.71, p.353-373, 1998.

Page 96: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

79

GILBERT P. 2001. Evolution and social anxiety: the role of attraction, social competition and social hierarchies. Psychiatr Clin North Am, v. 24, p. 723– 751, 2001. GOODALL, J. In the shadow of man. Resumo de Lewis Jones. Grã-Bretanha: Collins English Library, 1978. GRAY, J.A.; MCNAUGHTON N. The neuropsychologyof anxiety, 2a. edição. Oxford: Oxford University Press, 2000. GRINDE, B. An approach to the prevention of anxiety-related disorders based on evolutionary medicine. Preventive Medicine, v.40, p.904-909, 2005. IANCU, I.; LEVIN, J.; HERMESH, H.; DANNON, P.; POREH, A.; BEN-YEHUDA, Y.; KAPLAN, Z.; MAROM, S.; KOTLER, M. Social phobia symptoms: prevalence, sociodemographic correlates, and overlap with specific phobia symptoms. Comprehensive Psychiatry, v.47, n.5, p.399-405, 2006. KABACOFF, R.I.; SEGAL, D.L.; HERSEN, M.; VAN HASSEL, V.B. Psychometric properties and diagnostic utility of the Beck Anxiety Inventory and the Strait-Trait Anxiety inventory with older psychiatric adult outpatients. Journal of Anxiety Disorders, v.11, n.1, p.33-47, 1997. KAVALIERS, M.; CHOLERIS, E. Antipredator responses and defensive behavior: ecological and ethological approaches for the neurosciences. Neuroscience and Biobehavioral Reviews, v.25, n.7-8, p.577-586, 2001. KESSLER, C.; MCGONAGLE, K. A.; ZHAO, S.; NELSON, C. B.; HUGHES, M.; ESHLEMAN, S.; WITTCHEN, H. U.; KENDLER, K.S. Lifetime and 12-month prevalence of DSM-III-R psychiatric disorders in the United States. Results from the National Comorbidity Survey. Archives of General Psychiatry, v.51, n.1, p.8-19, 1994. KOENIG, A.; ROTHE, H. Effects of familiarity on the behaviour towards intruders in captive common marmoset (Callithrix jacchus). Primates, v.35, n.1, p.89-93, 1994. KREBS, J. R.; DAVIES, N. B. A modelagem de sinais: ecologia e evolução. In: KREBS, J. R.; DAVIES, N. B. Introdução à ecologia comportamental. São Paulo: Atheneu, 1996, p.349-374. LEDOUX, J.E. (1996) The Emotional Brain. New York, Simon and Schuster (373 páginas).

Page 97: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

80

MAGEE, W.J.; EATON, W. W.; WITCHEN, H. U.; MCGONAGLE, K. A.; KESSLER, R. C. Agoraphobia, Simple Phobia and Social Phobia in the National Comorbidity Survey. Archives of General Psychiatry, v.53, p. 159-168, 1996. MARKS, I. M.; NESSE, R. M. Fear and fitness: an evolutionary analysis of anxiety disorders. Ethology and Sociobiology, v.15, p.247-261, 1994. MCGREGOR, I. S.; SCHRAMA, L.; AMBERMOON, P.; DIELEMBERG, R.A. Not all predator odours’ are equal: cat odour but not 2,4,5 trimethylthiazoline (TMT; fox odour) elicits specific defensive behaviours in rats. Behavioural Brain Research, v.129, n.1-2, p.1-16, 2002. MCNAUGHTON, N.; CORR, P.J. A two-dimensional neuropsychology of defense:fear/anxiety and defensive distance. Neuroscience and Biobehavioral Reviews, v. 28, p.285-305, 2004. MISSLIN, R. The defense system of fear: behavior and neurocircuitry. Neurophysiologie Clinique, v.33, p.55-66, 2003. MOSKOWITZ, A. K. Scared stiff: catatonia as na evolutionary-based fear response. Psychol Rev, v.111, n.4, p.984-1002, 2004. NARDI, A. E. Transtornos fóbicos. In: HETEM, L. A. B.; GRAEFF, F. G. Transtornos de ansiedade. São Paulo: Atheneu, 2004. Pág.231-263. NESSE, R. M.; KLAAS, R. Risk perception by patients with anxiety disorders. Journal of Nervous and Mental Disorder, v.182, p.465-470, 1994. OSMAN, A.; KOPPER, B. A.; BARROS, F. X.; OSMAN, J. R.; WADE, T. The Beck Anxiety Inventory: reexamination of factor structure and psychometric properties. Journal of Clinical Psychology, v.53, n.1, p.7-14, 1997. OSÓRIO, F. L. Transtorno de Ansiedade Social: Validação de Instrumentos de Auto e Heteroavaliação. Master dissertation, USP-Ribeirão Preto, SP, Brasil, OSÓRIO, F.L.; CRIPPA, J.A.S.;LOUREIRO, S.R. Cross-cultural validation of the Brief Social Phobia Scale for use in Portuguese and and the development of a structured interview guide. Revista Brasileira de Psiquiatria (São Paulo),v.28, p.212-217, 2006.

Page 98: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

81

OSÓRIO, F.L.; CRIPPA, J.A.S.; LOUREIRO, S.R. Transcultural validation of the Brazilian Portuguese version of the Social Phobia Inventory (SPIN),v.prelo, p.prelo, 2008. PERKINS, A.M.; CORR, P.J. Reactions to threat and personality: Psychometric differences of intensity and direction dimensions of human defensive behaviour. Behavioural Brain Research. V.169, p. 21-28, 2006. PETRALIA, S. M.; GALLUP JUNIOR, G. G. Effects of a sexual assault scenario on handgrip strength across the menstrual cycle. Evolution and Human Behavior, v.23, p.3-10, 2002. PIETRINI, P.; GUAZELLI, M.; BASSON, G.; JAFFE, K.; GRAFMAN,J. Neural correlates of imaginal aggressive behavior assessed by positron emission tomography in healthy subjects. American Journal of Psychiatry, v.157, n.11, p.1772-1781, 2000. RALEICH, M.J.; MCGUIRE, M.T.; BRAMMER, G.L.; POLLACK,D.B.; YUWILER, A. Serotonergic mechanisms promote dominance acquisition in adult male vervet monkeys. Brain Res, v. 559, p. 181– 190, 1991. RAPOPORT, J.L. Recent advances in obsessivecompulsive disorder. Neuropsychopharmacology, v. 5, p. 1– 10, 1991. SAXENA S.; BRODY, A.L.; SCHWARTZ, J.M.; BAXTER, L.R. Neuroimaging and frontal-subcortical circuitry in obsessive-compulsive disorder. Br J Psychiatry. Suppl. 35, p.26– 37, 1998. SHORE, A.N. Dysregulation of the right brain: a fundamental mechanism of traumatic attachment and the psychopathogenesisof posttraumatic stress disorder. Aust N Z J Psychiatry , v.36, p. 9– 30, 2002. SHUHAMA, R.; DEL-BEN, C. M.; LOUREIRO, S. R.; GRAEFF, F. G. Animal defense estrategies and anxiety disorders. Annals of the Brazilian Academy of Sciences, v.79, n.1, p.97-109, 2007. SHUHAMA, R.; DEL-BEN, C.M.; LOUREIRO, S.R.; GRAEFF, F.G. Defensive responses to threat scenarios in Brazilians reproduce the pattern of Hawaiian Americans and non-human mammals. Braz J Med Biol Res, v.41, n.4, p.324-, 2008. STEIN, M. J. Neurobiological perspective on social phobia: from affiliation to zoology. Biological Psychiatry, v.44, n.12, p.127-85, 1998.

Page 99: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

82

STEIN, D.J.; BOUWNER, C. A neuroevolutionary approach to the anxiety disorders. J Anx Dis, v.4, p.409-429, 1997. TURNER, S. M.; BEIDEL, D. C.; DANAR, C. V.; KEYS, D. J. Psychopathology of social phobia and comparison to avoidant personality disorder. Journal of Abnormal Psychology, v.95, p.389-394, 1986. WEINSTOCK, L. S. Gender differences in the presentation and management of Social Anxiety Disorder. Journal of Clinical Psychiatry, v.60, s.9, p.9-13, 1999. WIEDENMAYER, C. P.; BARR, G. A. Developmental changes in responsivity to threat are stimulus-specific in rats. Developmental Psychobiology, v.39, n.1, p.1-7, 2001. WRANGHAM, R.; PETERSON,D. Demonic males: apes and origins of human violence. Boston:Houghton Muffin, 1996.

Page 100: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

83

APÊNDICE

Page 101: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

84

APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Page 102: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

85

Page 103: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

86

ANEXOS

Page 104: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

87

ANEXO A – APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DO HCRP-FMRP-USP

Page 105: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

88

ANEXO B – QUESTIONÁRIO DO COMPORTAMENTO DEFENSIVO EM SERES HUMANOS (QCD)

Já foi feita muita pesquisa em animais sobre o comportamento defensivo em situações de ameaça. Entretanto, pouco se sabe a respeito dos comportamentos normais de defesa dos seres humanos, ou seja, como as pessoas agem quando se sentem ameaçadas.

Gostaríamos que você respondesse a algumas perguntas sobre a sua própria experiência em situações assustadoras no passado. Como as reações de uma pessoa pode variar dependendo da situação, o questionário apresenta na Seção Um, vários tipos de ameaça ou de situações potencialmente ameaçadoras. A Seção Dois faz perguntas sobre sua resposta emocional a situações que podem ou não ser perturbadoras. Gostaríamos de salientar que este levantamento é anônimo e você não pode ser identificado/a por meio de suas respostas. Entretanto, se você não se sente à vontade para responder qualquer parte deste questionário, saiba que sua participação é voluntária, e que você pode desistir a qualquer momento, sem que isto implique em qualquer prejuízo.

Em uma situação assustadora ou ameaçadora, não existe comportamento “certo” ou “errado”. Quaisquer que sejam as suas respostas, elas não refletirão nada de positivo ou negativo a seu respeito.

Comportamento de Defesa: Um levantamento da Resposta Normal à Ameaça

Dra. Caroline BlanchardUniversidade do Havaí, Manoa

1

Page 106: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

89

Em primeiro lugar, gostaríamos que você respondesse a algumas perguntas pessoais. Por favor, marque sua resposta no quadradinho ao lado de uma das alternativas correspondentes às diferentes questões.

P1. Sexo: Feminino Masculino

P2. Idade: ________

P3. Cor: Branca Amarela Parda Negra

P4. Origem étnica:

dos avós paternos: ________________________________

______________________________________________

dos avós maternos: _______________________________

______________________________________________

do pai: ________________________________________

______________________________________________

da mãe: _______________________________________

______________________________________________

P5. Ocupação profissional: ____________________________

______________________________________________

P6. Religião: _____________________________________

P7. Treinamento em defesa pessoal: Sim Não

2

Page 107: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

90

Seção Um

Nesta seção serão apresentados 12 cenários ou situações imaginárias. Após cada cenário, você encontrará uma lista de algumas reações que as pessoa poderiam ter quando confrontadas com uma situação assustadora.

Para cada cenário serão feitas duas perguntas. Para responder àsegunda pergunta de cada cenário, escolha na lista uma das alternativas e marque com um X o quadradinho correspondente. Porfavor, leia com cuidado a lista e tente se familiarizar com as respostas possíveis antes de responder a cada cenário. Caso nenhuma das alternativas traduza o que de fato você faria, escreva a sua escolha pessoal no espaço existente depois da palavra “Outros”.

1. Esconde-se (se protege atrás de alguma coisa, tranca as portas)

2. Fica imóvel (paralisado de medo)

3. Foge, tenta escapar (corre, dirige rapidamente, sobe numa árvore)

4. Ameaça gritar ou pedir ajuda

5. Berra, grita ou pede ajuda (chamando a polícia ou alguém)

6. Ameaça atacar

7. Ataca ou luta (socos, pontapés, empurrões)

8. Investiga para ver se o perigo é real (observa atentamente, chega mais perto, faz perguntas)

9. Procura alguma coisa para usar como arma (porrete, faca, revólver)

10. Pede desculpas, negocia ou implora piedade

3

Page 108: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

91

C.1.1. Esta ou uma situação semelhante já aconteceu com você?

Sim Não

Se sim: Há quanto tempo? _____________________________

C.1.2. O que você faria nesta situação?

Esconde-se (se protege atrás de alguma coisa, tranca as portas)

Fica imóvel (paralisado de medo)

Foge, tenta escapar (corre, dirige rapidamente, sobe numa árvore)

Ameaça gritar ou pedir ajuda

Berra, grita ou pede ajuda (chamando a polícia ou alguém)

Ameaça atacar

Ataca ou luta (socos, pontapés, empurrões)

Investiga para ver se o perigo é real (observa atentamente, chega mais perto, faz perguntas)

Procura alguma coisa para usar como arma (porrete, faca, revólver)

Pede desculpas, negocia ou implora piedade

Outros: ___________________________________________

_________________________________________________

4

Cenário 1: Você está andando sozinho/a num local familiar, mas isolado, quando um estranho mal encarado sai de trás de uma árvore para atacar você.

Page 109: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

92

5

Cenário 2: Tarde da noite, você está sozinho/a num elevador. Quando ele pára e as portas se abrem, um estranho mal encarado entra apressadamente para atacar você, bloqueando a sua saída.

C.2.1. Esta ou uma situação semelhante já aconteceu com você?

Sim Não

Se sim: Há quanto tempo? _____________________________

C.2.2. O que você faria nesta situação?

Esconde-se (se protege atrás de alguma coisa, tranca as portas)

Fica imóvel (paralisado de medo)

Foge, tenta escapar (corre, dirige rapidamente, sobe numa árvore)

Ameaça gritar ou pedir ajuda

Berra, grita ou pede ajuda (chamando a polícia ou alguém)

Ameaça atacar

Ataca ou luta (socos, pontapés, empurrões)

Investiga para ver se o perigo é real (observa atentamente, chega mais perto, faz perguntas)

Procura alguma coisa para usar como arma (porrete, faca, revólver)

Pede desculpas, negocia ou implora piedade

Outros: ____________________________________________

__________________________________________________

Page 110: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

93

Cenário 3: Você está indo para casa de carro, sozinho/a. Enquanto você está parado/a num sinal de trânsito, um estranho irritado começa a bater na janela do seu carro, xingando e ameaçando você.

C.3.1. Esta ou uma situação semelhante já aconteceu com você?

Sim Não

Se sim: Há quanto tempo? _____________________________

C.3.2. O que você faria nesta situação?

Esconde-se (se protege atrás de alguma coisa, tranca as portas)

Fica imóvel (paralisado de medo)

Foge, tenta escapar (corre, dirige rapidamente, sobe numa árvore)

Ameaça gritar ou pedir ajuda

Berra, grita ou pede ajuda (chamando a polícia ou alguém)

Ameaça atacar

Ataca ou luta (socos, pontapés, empurrões)

Investiga para ver se o perigo é real (observa atentamente, chega mais perto, faz perguntas)

Procura alguma coisa para usar como arma (porrete, faca, revólver)

Pede desculpas, negocia ou implora piedade

Outros: ___________________________________________

_________________________________________________

6

Page 111: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

94

7

Cenário 4: Dirigindo em uma estrada de mão dupla, você vê no seu espelho retrovisor que um carro estámuito próximo ao seu. O motorista não pode ultrapassá-lo/a e começa a buzinar, encostando perigosamente na traseira do seu carro.

C.4.1. Esta ou uma situação semelhante já aconteceu com você?

Sim Não

Se sim: Há quanto tempo? _____________________________

C.4.2. O que você faria nesta situação?

Esconde-se (se protege atrás de alguma coisa, tranca as portas)

Fica imóvel (paralisado de medo)

Foge, tenta escapar (corre, dirige rapidamente, sobe numa árvore)

Ameaça gritar ou pedir ajuda

Berra, grita ou pede ajuda (chamando a polícia ou alguém)

Ameaça atacar

Ataca ou luta (socos, pontapés, empurrões)

Investiga para ver se o perigo é real (observa atentamente, chega mais perto, faz perguntas)

Procura alguma coisa para usar como arma (porrete, faca, revólver)

Pede desculpas, negocia ou implora piedade

Outros: ___________________________________________

_________________________________________________

Page 112: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

95

C.6.1. Esta ou uma situação semelhante já aconteceu com você?

Sim Não

Se sim: Há quanto tempo? _____________________________

C.6.2. O que você faria nesta situação?

Esconde-se (se protege atrás de alguma coisa, tranca as portas)

Fica imóvel (paralisado de medo)

Foge, tenta escapar (corre, dirige rapidamente, sobe numa árvore)

Ameaça gritar ou pedir ajuda

Berra, grita ou pede ajuda (chamando a polícia ou alguém)

Ameaça atacar

Ataca ou luta (socos, pontapés, empurrões)

Investiga para ver se o perigo é real (observa atentamente, chega mais perto, faz perguntas)

Procura alguma coisa para usar como arma (porrete, faca, revólver)

Pede desculpas, negocia ou implora piedade

Outros: ___________________________________________

_________________________________________________

8

Cenário 5: Tarde da noite, você está caminhando num local desconhecido. Ao virar uma esquina, você acidentalmente esbarra em um homem. Ele fica furioso e empurra você.

Page 113: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

96

C.6.1. Esta ou uma situação semelhante já aconteceu com você?

Sim Não

Se sim: Há quanto tempo? _____________________________

C.6.2. O que você faria nesta situação?

Esconde-se (se protege atrás de alguma coisa, tranca as portas)

Fica imóvel (paralisado de medo)

Foge, tenta escapar (corre, dirige rapidamente, sobe numa árvore)

Ameaça gritar ou pedir ajuda

Berra, grita ou pede ajuda (chamando a polícia ou alguém)

Ameaça atacar

Ataca ou luta (socos, pontapés, empurrões)

Investiga para ver se o perigo é real (observa atentamente, chega mais perto, faz perguntas)

Procura alguma coisa para usar como arma (porrete, faca, revólver)

Pede desculpas, negocia ou implora piedade

Outros: ___________________________________________

_________________________________________________9

Cenário 6: Você está num lugar vazio, conversando com alguém do mesmo sexo que o seu. Você não conhece muito bem a pessoa. Sem motivo aparente, ela começa a lhe dar cotoveladas e empurrões. Você não tem certeza se ela está fazendo isso a sério ou apenas brincando.

Page 114: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

97

C.7.1. Esta ou uma situação semelhante já aconteceu com você?

Sim Não

Se sim: Há quanto tempo? _____________________________

C.7.2. O que você faria nesta situação?

Esconde-se (se protege atrás de alguma coisa, tranca as portas)

Fica imóvel (paralisado de medo)

Foge, tenta escapar (corre, dirige rapidamente, sobe numa árvore)

Ameaça gritar ou pedir ajuda

Berra, grita ou pede ajuda (chamando a polícia ou alguém)

Ameaça atacar

Ataca ou luta (socos, pontapés, empurrões)

Investiga para ver se o perigo é real (observa atentamente, chega mais perto, faz perguntas)

Procura alguma coisa para usar como arma (porrete, faca, revólver)

Pede desculpas, negocia ou implora piedade

Outros: ___________________________________________

_________________________________________________

10

Cenário 7: Tarde da noite, você está em uma praça, quando vê um estranho mal encarado segurando uma faca, a cerca de 10 metros de você, vindo em sua direção. É óbvio que ele está planejando atacar você.

Page 115: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

98

C.8.1. Esta ou uma situação semelhante já aconteceu com você?

Sim Não

Se sim: Há quanto tempo? _____________________________

C.8.2. O que você faria nesta situação?

Esconde-se (se protege atrás de alguma coisa, tranca as portas)

Fica imóvel (paralisado de medo)

Foge, tenta escapar (corre, dirige rapidamente, sobe numa árvore)

Ameaça gritar ou pedir ajuda

Berra, grita ou pede ajuda (chamando a polícia ou alguém)

Ameaça atacar

Ataca ou luta (socos, pontapés, empurrões)

Investiga para ver se o perigo é real (observa atentamente, chega mais perto, faz perguntas)

Procura alguma coisa para usar como arma (porrete, faca, revólver)

Pede desculpas, negocia ou implora piedade

Outros: __________________________________________

_______________________________________________

Cenário 8: Tarde da noite, você está saindo sozinho/a de um prédio vazio, longe de outras construções. Assim que chega lá fora, você sente uma mão agarrar o seu braço.

11

Page 116: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

99

Cenário 9: Tarde da noite, está escuro e você estásozinho/a, dormindo na sua cama. De repente, acorda achando que ouviu um barulho suspeito.

12

C.9.1. Esta ou uma situação semelhante já aconteceu com você?

Sim Não

Se sim: Há quanto tempo? _____________________________

C.9.2. O que você faria nesta situação?

Esconde-se (se protege atrás de alguma coisa, tranca as portas)

Fica imóvel (paralisado de medo)

Foge, tenta escapar (corre, dirige rapidamente, sobe numa árvore)

Ameaça gritar ou pedir ajuda

Berra, grita ou pede ajuda (chamando a polícia ou alguém)

Ameaça atacar

Ataca ou luta (socos, pontapés, empurrões)

Investiga para ver se o perigo é real (observa atentamente, chega mais perto, faz perguntas)

Procura alguma coisa para usar como arma (porrete, faca, revólver)

Pede desculpas, negocia ou implora piedade

Outros: ___________________________________________

_________________________________________________

Page 117: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

100

C.10.1. Esta ou uma situação semelhante já aconteceu com você?

Sim Não

Se sim: Há quanto tempo? _____________________________

C.10.2. O que você faria nesta situação?

Esconde-se (se protege atrás de alguma coisa, tranca as portas)

Fica imóvel (paralisado de medo)

Foge, tenta escapar (corre, dirige rapidamente, sobe numa árvore)

Ameaça gritar ou pedir ajuda

Berra, grita ou pede ajuda (chamando a polícia ou alguém)

Ameaça atacar

Ataca ou luta (socos, pontapés, empurrões)

Investiga para ver se o perigo é real (observa atentamente, chega mais perto, faz perguntas)

Procura alguma coisa para usar como arma (porrete, faca, revólver)

Pede desculpas, negocia ou implora piedade

Outros: ___________________________________________

_________________________________________________

Cenário 10: Tarde da noite, você está sozinho/a em casa, preparando-se para dormir, quando o telefone toca. Você atende, não reconhece a voz da pessoa, que não se identifica e lhe diz que está em frente àsua casa, desligando o telefone em seguida.

13

Page 118: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

101

C.11.2. O que você faria nesta situação?

Esconde-se (se protege atrás de alguma coisa, tranca as portas)

Fica imóvel (paralisado de medo)

Foge, tenta escapar (corre, dirige rapidamente, sobe numa árvore)

Ameaça gritar ou pedir ajuda

Berra, grita ou pede ajuda (chamando a polícia ou alguém)

Ameaça atacar

Ataca ou luta (socos, pontapés, empurrões)

Investiga para ver se o perigo é real (observa atentamente, chega mais perto, faz perguntas)

Procura alguma coisa para usar como arma (porrete, faca, revólver)

Pede desculpas, negocia ou implora piedade

Outros: ___________________________________________

_________________________________________________

C.11.1. Esta ou uma situação semelhante já aconteceu com você?

Sim Não

Se sim: Há quanto tempo? _____________________________

Cenário 11: Você está sozinho/a, lendo um livro, quando ouve ruídos em frente à sua casa. Você não consegue distinguir bem, mas quando escuta com mais atenção, parece o som de pessoas cochichando.

14

Page 119: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

102

Cenário 12: Você está sozinho/a andando em um lugar escuro e vazio, quando ouve passos logo atrás de você.

C.12..2. O que você faria nesta situação?

Esconde-se (se protege atrás de alguma coisa, tranca as portas)

Fica imóvel (paralisado de medo)

Foge, tenta escapar (corre, dirige rapidamente, sobe numa árvore)

Ameaça gritar ou pedir ajuda

Berra, grita ou pede ajuda (chamando a polícia ou alguém)

Ameaça atacar

Ataca ou luta (socos, pontapés, empurrões)

Investiga para ver se o perigo é real (observa atentamente, chega mais perto, faz perguntas)

Procura alguma coisa para usar como arma (porrete, faca, revólver)

Pede desculpas, negocia ou implora piedade

Outros: ___________________________________________

_________________________________________________

C.12.1. Esta ou uma situação semelhante já aconteceu com você?

Sim Não

Se sim: Há quanto tempo? _____________________________

15

Page 120: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

103

Tendo respondido estas questões referentes aos doze cenários, você se lembra de alguma situação em que você tenha se sentido ameaçado/a e que não foi perguntada neste questionário? Se sim, por favor, descreva.

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

16

Page 121: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

104

Seção DoisAs perguntas a seguir, dizem respeito a como os

comportamentos de ataque e defesa se relacionam com emoções que as pessoas sentem.

2.1: Quando adulto, alguma vez você já brigou fisicamente com alguém (isto é, empurrou, deu tapas, deu socos, deu pontapés, arranhou, mordeu)? (Isto inclui defender-se, mas não se restringe a isto.)

Sim Não

Se você respondeu sim à pergunta acima, pense cuidadosamente a respeito da última vez que você brigou fisicamente com alguém e responda às duas perguntas na próxima página. Se você respondeu não, o seu questionário terminou.

17

Page 122: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

105

2.2: Quando você bateu na outra pessoa, o que é que você sentia, mais medo ou mais raiva?

Mais medo Mais raiva

2.3: Que parte do corpo da outra pessoa você queria atingir quando bateu nela?

os olhos o nariz

o queixo, a boca ou a bochecha a cabeça ou o crânio

os braços as pernas

o peito o pescoço

o estômago a virilha

Outro/a _________________________________________

Agora, você completou a tarefa. Queremos agradecer-lhe pela participação e enfatizar que a sua contribuição é de grande importância para o nosso estudo.

18

Page 123: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

106

ANEXO C – INVENTÁRIO DE ANSIEDADE DE BECK (BAI)

INVENTÁRIO DE ANSIEDADE DE BECK (BAI) Abaixo está uma lista de sintomas comuns de ansiedade. Por favor, leia cuidadosamente cada item da lista. Identifique o quanto você tem sido incomodado por cada sintoma durante a última semana, incluindo hoje, colocando um “x” no espaço correspondente, na mesma linha de cada sintoma. 1. Dormência ou formigamento.

2. Sensação de calor.

3. Tremores nas pernas.

4. Incapaz de relaxar.

5. Medo que aconteça o pior.

6. Atordoado ou tonto.

7. Palpitação ou aceleração do coração.

8. Sem equilíbrio.

9. Aterrorizado.

10. Nervoso.

11. Sensação de sufocação.

12. Tremores nas mãos.

13. Trêmulo.

14. Medo de perder o controle.

15. Dificuldade de respirar.

16. Medo de morrer.

17. Assustado.

18. Indigestão ou desconforto no abdômen.

19. Sensação de desmaio.

20. Rosto afogueado.

21. Suor (não devido ao calor). Protocolo adaptado para a codificação do original da Tradução e Adaptação Brasileira Casa do Psicólogo (2001)

Absoluta- mente não

Levemente

Dificilmente pude suportar

Moderadamente Foi muito desagradável,

mas pude suportar

Gravemente Dificilmente pude

suportar

Page 124: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

107

ANEXO D – INVENTÁRIO DE FOBIA SOCIAL (SPIN)

Page 125: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

108

ANEXO E – ESCALA BREVE DE FOBIA SOCIAL (BSPS)

Page 126: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

109

ANEXO F – APROVAÇÃO DAS COMISSÕES DE GRADUAÇÃO

Page 127: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

110

Page 128: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

111

Page 129: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

112

Page 130: Estratégias de defesa em pacientes com …pgsm.fmrp.usp.br/wp-content/uploads/2011/11/STELLA...UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto STELLA CRISTINA

113