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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE Estímulos Psicomotores para crianças de 6 a 10 anos adaptados à Terceira Idade AUTORA Rosane Santos de Andrade ORIENTADOR Celso Sanchez Rio de Janeiro, 21 de julho de 2004

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Estímulos Psicomotores

para crianças de 6 a 10 anos

adaptados à Terceira Idade

AUTORA

Rosane Santos de Andrade

ORIENTADOR

Celso Sanchez

Rio de Janeiro, 21 de julho de 2004

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE

Estímulos Psicomotores

para crianças de 6 a 10 anos

adaptados à Terceira Idade

OBJETIVOS

O objetivo deste estudo é levantar as questões relacionadas à terceira idade,

e entre elas, as atividades físicas.

Sabemos que existe um processo natural de envelhecimento do corpo, mas

descobriu-se que pode haver um retardo a este desgaste através de

cuidados alimentares e físicos.

Os estímulos psicomotores para crianças de 6 a 10 anos aplicados na

terceira idade, trazem vida ao corpo esquecido e que já não "pode" sentir

prazeres, através da memória reativada.

Enfim, a colaboração dos estímulos psicomotores à terceira idade, é

extremamente positiva, uma vez que trazem o sorriso, a satisfação e sentir-

se vivo de uma geração que como outra qualquer, gosta de brincar, se

divertir, de desafios, e de participar!

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu pai e à minha mãe pela formação, aos meus filhos Isis e

Caio pela cessão do tempo, e ao Paulo pelo apoio.

Agradeço a cada uma das alunas do Leme Tênis Clube que, desde 1992,

tornaram possível este trabalho.

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“... Passam o tempo a encher-nos o saco dizendo que o tomam em sua

totalidade. Por que seria ele total? Disto, nada sabemos. Já encontraram

vocês seres totais? Talvez seja um ideal. Eu nunca vi nenhum. Eu não sou

total, não. Nem vocês. Se se fosse total, estaria cada um no seu canto, total,

não estaríamos aqui juntos, tentando organizar-nos, como se diz. É o sujeito,

não em sua totalidade, porém em sua abertura. “

Lacan

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RESUMO

A pesquisa revelou que os estímulos psicomotores aplicados às crianças

são de grande importância para a terceira idade.

O trabalho de reconquistar o idoso para uma vida saudável e participativa,

apresenta alguns fatores negativos como:

? É uma fase de descomprometimento;

? O estigma do “meu tempo já passou” (perda da memória);

? As mudanças nos aspectos físicos, psíquicos e sociais;

? A sociedade facilita o afastamento, desencorajando-o e

discriminando-o, etc.

Estas barreiras são armadilhas que levam o velho a desanimar de sair de

casa.

O grande desafio das atividades psicomotoras para crianças adaptados à

terceira idade, é conseguir trazer de volta o prazer e o sorriso à vida do

velho. É vê-lo sentir-se parte de um grupo com a mesma linguagem e

problemas tão parecidos. É fazê-lo lembrar e, prosseguir.

Ao orientador, cabe saber a hora de avançar e a hora de mudar a atividade,

não expondo e invadindo o velho.

Deve entender que muitas faltas e/ou desistência do trabalho faz parte de

uma história de vida e, que dores e doenças acontecem no percurso.

As atividades devem ter um caráter lúdico e de adesão, trazendo um

envolvimento social-afetivo de forma positiva e prazerosa. E, levar em

consideração a fragilidade e proposta do grupo.

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SUMÁRIO

OBJETIVOS 2

AGRADECIMENTOS 3

RESUMO 5

SUMÁRIO 6

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO 1 11

A TERCEIRA IDADE 11 OS ASPECTOS FÍSICOS 13 AS MODIFICAÇÕES INTERNAS: 13 OS ASPECTOS PSICOLÓGICOS 14 ASPECTOS SOCIAIS 14 VIOLÊNCIA CONTRA O VELHO 15 OS CUIDADOS COM O VELHO 16

CAPÍTULO 2 18

PSICOMOTRICIDADE 18 CONCEITO 18 DESENVOLVIMENTO 18

CAPÍTULO 3 24

ESTÍMULOS APLICADOS NA TERCEIRA IDADE. 24 ASPECTOS POSITIVOS 25 EXEMPLOS DE ATIVIDADE 26

CONCLUSÃO 33

O AUXÍLIO DOS ESTÍMULOS PSICOMOTORES NA VELHICE 33 INFLUÊNCIA NOS ASPECTOS FÍSICOS 33 INFLUÊNCIA NOS ASPECTOS PSICOLÓGICOS 34

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INFLUÊNCIA NOS ASPECTOS SOCIAIS 34

ANEXOS 36

QUESTIONÁRIO APLICADO À TERCEIRA IDADE 36

BIBLIOGRAFIA 37

FOLHA DE AVALIAÇÃO 38

AVALIAÇÃO E CONCEITO 38

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INTRODUÇÃO

O problema dos estímulos psicomotores para os idosos, é que "o corpo senil

inclui experiências físicas ausentes nas crianças. Além do processo natural

do envelhecimento, esses elementos incluem experiências físicas - torção do

tornozelo, torcicolo, dor de estômago - que fazem o corpo reagir de forma

diferente ao corpo da criança. Essas experiências modificam atividades

como andar, ficar de pé, arremessar bolas de basquete”. (Reflexions,

Julho/Agosto, 1981, vol. 2, n. 4.)

Outro agravante para realização do movimento, é que existe um

descomprometimento com a vida, e uma negação ao prazer. Achamos que

para o idoso "o tempo já passou".

É inegável a dificuldade de se encontrar prazer numa nova vida cheia de

perdas. Mas é preciso seguir em frente para não agravar o quadro presente.

Muitas vezes o desânimo, uma dor ou doença inesperada, traz o abandono

das atividades físicas, porém mais tarde o idoso percebe que este prazer

deve ser resgatado, pois a vida continua, e não se sabe até quando.

Aí, nos parece que a volta ao trabalho é feita sem culpa, quando há esta

tomada de consciência. O trabalho rende e flui com prazer e integridade.

"A Psicomotricidade atuando como uma terapia corporal trabalha

basicamente com o prazer; o prazer de sentir o próprio corpo, tão esquecido

e adormecido, o prazer de perceber as possibilidades; o prazer de lidar de

alguma maneira com as suas limitações; o prazer de brincar; o prazer de se

reconhecer; o prazer de viver." (Levy-2000). Além do prazer de dançar.

O corpo do idoso é um corpo esquecido, que não é tocado, ressecado e sem

tônus. Tocar-se e ser tocado, estabelece de novo o laço com a vida, com as

pessoas. Nos trabalhos individuais, desenvolve-se o auto-toque através de

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estimulações feitas na pele. Já trabalhando em grupo, pode-se proporcionar

ao outro a sensação de ser tocado, o que se torna raro nesta idade, na

maioria dos casos.

"Precisamos superar a idéia de que estamos meramente correndo para o

nosso fim, num processo de deterioração e apagamento." (Luft, 2003)

A pesquisa foi feita para tentar investigar e avaliar os efeitos e necessidades

da terceira idade aos estímulos psicomotores aplicados em crianças entre 6

e 10 anos. Esta necessidade se dá nas duas fases da vida humana. Só que

a criança o realiza com prazer sem prestar atenção nos riscos que envolvem

a atividade, o que não podemos notar no idoso, que está na fase dos

cuidados.

Como sabemos, o corpo humano passa por um desgaste natural que vai

avançando com a idade, reforçando assim, a necessidade de atividades

físicas para manutenção de suas qualidades. Segundo Moura (2000) a

retrogênese psicomotora ocorre diferentemente do processo de

desenvolvimento da criança, ou seja, evolui da tonicidade à praxia. “Com o

idoso ocorre o caminho inverso dessa evolução, indo da praxia à tonicidade”.

Podemos perceber esta perda da coordenação motora em qualquer

atividade proposta da mais simples a mais complexa.

As atividades que envolvem coordenação motora (fina e global) exigem

sempre um pouco mais atenção e cuidado. O idoso precisa pensar mais

antes de realizar seus movimentos, exige mais concentração e esforço.

Ele conhece os riscos e sabe quanto vale escorregar, cair ou tropeçar nesta

idade.

A repetição aqui neste caso, é tão importante como para as crianças, como

cita Darcimyres (2000): "A reeducação neurológica consiste na repetição

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sistemática dos movimentos sob forma de recapitulação de algumas fases

do desenvolvimento natural da criança. Esses movimentos, sob forma de

exercícios repetitivos e sistemáticos são significantemente importantes na

definição da organização neurológica."

A criança tem prazer nesta repetição que é um desafio para ela. Já para o

idoso, o próprio movimento já é um desafio.

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CAPÍTULO 1

A Terceira Idade

A população acima de 79 anos, fase considerada pela OMS (Organização

Mundial da Saúde) como velhice, tem crescido rapidamente. Pessoas na

fase gerontológica no Brasil, contam, em média, 18 milhões.

Segundo a OMS, país com percentual acima de 7% de idosos em sua

população, é considerado idoso. O aumento do número de velhos no Brasil,

até há pouco considerado um país de jovens, começa a dar lugar a uma

realidade diferente e traz a consciência de que a velhice existe e é uma

questão social que pede uma atenção muito grande.

No Brasil, atualmente o percentual é de 10,2% de idosos na população. A

estimativa é que em 2020 cerca de 50% da população brasileira será de

idosos. No município de Rio de Janeiro já temos 800 mil pessoas nesta

classificação.

As etapas da vida são classificadas a seguir, segundo a OMS:

1- Meia-idade: Período entre 45 aos 64 anos de vida;

2- Pessoas idosas: dos 65 aos 79 anos;

3- Velhice: dos 80 aos 90 anos;

4- Grande velhice: pessoas que ultrapassam 90 anos.

Com a rapidez do crescimento da população de terceira idade, essa

tendência provoca uma série de efeitos sócio-econômicos de grande

importância para o País.

Representa muito para o idoso, o jeito como é tratado pela sociedade, a

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atitude de sua família que pode ser de respeito, aceitação, de intolerância e

até mesmo de afastamento familiar.

O crescimento da população idosa causou uma reformulação na vida política

do país, que trouxe o lançamento do Estatuto Social da Velhice.

Em 4 de janeiro de 1994, a lei no 4.882, aprovada pelo Congresso Nacional

e sancionada pelo presidente da República, cria o Conselho Nacional do

Idoso e estabelece suas diretrizes.

Segundo esta lei, é considerado idoso, pessoas com mais de 60 anos que

ganharam diversos benefícios com a idade, principalmente recebendo

amparo em caso de maus tratos.

A Gerontologia surge como uma ciência, ligada à Medicina e à Educação

Física, estuda os fenômenos biológicos, psicológicos, neuro-

psicossomáticos, sócio-culturais e econômicos decorrentes do

envelhecimento, e suas conseqüências. Seus pilares são a saúde e bem-

estar do idoso.

Segundo Zimerman (2000), o envelhecimento traz alterações nos aspectos

físicos, psicológicos e sociais do indivíduo. A alimentação adequada, a

prática de exercícios físicos, a exposição moderada ao sol, a estimulação

mental, o controle do estresse, o apoio psicológico, a atitude positiva perante

a vida e o envelhecimento são alguns fatores que podem retardar ou

minimizar os efeitos da passagem do tempo.

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Os Aspectos Físicos

As principais mudanças do adulto jovem para o velho são as seguintes:

? As bochechas se enrugam e embolsam;

? Aparecem manchas escuras na pele (manchas senis);

? A produção de células novas diminui, a pele perde o tônus, tornando-

se flácida;

? Podem surgir verrugas;

? O nariz alarga-se;

? Os olhos ficam úmidos;

? Há um aumento na quantidade de pêlos nas orelhas e no nariz;

? Os ombros ficam mais arredondados;

? As veias destacam-se sob a pele dos membros, enfraquecem;

? Encurvamento postural devido a modificações na coluna vertebral;

? Diminuição de estatura pelo desgaste das vértebras.

As Modificações Internas:

? Os ossos endurecem;

? Os órgãos internos atrofiam-se, reduzindo seu funcionamento;

? O cérebro perde neurônios e atrofia-se, tornado-se menos eficiente;

? O metabolismo fica mais lento;

? A digestão é mais difícil;

? A insônia aumenta, assim como a fadiga durante o dia;

? A visão de perto piora devido à falta de flexibilidade do cristalino; a

perda de transparência (catarata), se não operada, pode provocar

cegueira;

? As células responsáveis pela propagação dos sons no ouvido interno

e pela estimulação dos nervos auditivos degeneram-se;

? O endurecimento das artérias e seu entupimento provocam

arteriosclerose;

? O olfato e o paladar diminuem.

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Os Aspectos Psicológicos

Juntando-se a estes aspectos temos também os psicológicos que

relacionamos abaixo:

? Dificuldade de se adaptar a novos papéis;

? Falta de motivação e dificuldade de planejar o futuro;

? Necessidade de trabalhar as perdas orgânicas, afetivas e sociais;

? Dificuldade de se adaptar às mudanças rápidas, que têm reflexos

dramáticos nos velhos;

? Alterações psíquicas que exigem tratamento;

? Depressão, hipocondria, somatização, paranóia, suicídios;

? Baixas auto-imagem e auto-estima.

Segundo estudos internacionais, 15% dos velhos necessitam de

atendimento em saúde mental e 2% das pessoas com mais de 65 anos

apresentam quadros de depressão, que, muitas vezes, não são percebidos

pela família e cuidadores, sendo encarados como características naturais do

envelhecimento.

Há dados mostrando que, além de estarem sujeitos à depressão, os idosos

são atingidos por estados paranóides, hipocondria e outros transtornos.

Aspectos Sociais

O envelhecimento social da população traz uma modificação no status do

velho e no relacionamento dele com outras pessoas em função de:

? Crise de identidade;

? Mudança de papéis;

? Aposentadoria;

? Perdas diversas;

? Diminuição dos contatos sociais.

Uma boa maneira de encarar a terceira idade tem muito a ver com a

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capacidade de adaptação às mudanças da vida. Talvez seja preciso mudar

comportamentos, adquirir novos hábitos e criar outra postura. É preciso ter

coragem para enfrentar a terceira idade, para superar as perdas, continuar

amando e tendo prazeres na vida.

É quando se percebe a atual posição na família. Não se tem mais os avós,

os pais, talvez irmãos e cônjuges. Não se é mais o galho, passa-se a ser o

tronco do qual surgiram os filhos, netos, bisnetos, genros e noras, sua

continuação. A idade muda, a situação muda, mas a vida continua.

Violência contra o velho

Mas parece que o velho não tem um espaço psicológico, moral e existencial

na família atual e, consequentemente, na sociedade. Muitas vezes o velho é

vítima de diversos tipos de violência pela família e pela sociedade. Vivemos

o "mito da cadeira de rodas", onde muitas famílias preferem esconder seus

velhos em casa, em vez de levá-los a passear em cadeira de rodas, quando

ele não tem condições de se locomover sozinho.

Não é apenas a violência física, mas também um tipo de violência que

muitas vezes não é nem percebida, mas que tem efeitos devastadores para

o velho: a violência psicológica ou moral. Forçar, coagir, constranger (física

ou moralmente), alterar e inventar. Quantas vezes eles são vítimas dessas

ações sem que ninguém faça nada para mudar e eles mesmos se

acostumem a ser vítimas delas?

Outro aspecto importante é o da convivência. O velho precisa, assim como

nós todos, conviver com alguém, com alguma coisa, alguma idéia. Além

desse, outro tão importante é a estimulação do pensar, do fazer, do dar, do

trocar, do reformular e, principalmente, do aprender, levando-os à discussão,

atualização, e busca de maiores conteúdos.

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A seguir algumas das principais formas de violência empregadas contra o

velho: (Zimerman - 2000)

? Maus tratos físicos e falta de carinho;

? Valores culturais depreciativos;

? Culto à juventude;

? Velho tem que dar lugar para os jovens;

? Não escutar o velho;

? Velho não tem vida sexual;

? Abusos na condição de aposentado;

? Dificuldades na assistência à saúde;

? Violência na família;

? Falta de adequação arquitetônica da moradia;

? Falta de estimulação.

É preciso parar de associar velhice com doença, morte, passividade física e

mental. Se os jovens de hoje tiverem uma nova percepção da velhice,

começarão a passar para seus filhos e netos uma perspectiva diferente,

mais otimista e de acordo com a realidade.

Os cuidados com o velho

Se quisermos aprender a entender, respeitar e valorizar os velhos, devemos

nos conscientizar de alguns pontos básicos. É importante prestarmos

atenção a alguns cuidados, tais como:

? Respeitar as individualidades, evitando as generalizações;

? Não infantilizá-los;

? Não tratá-los como doentes;

? Não tratá-los como incapazes;

? Oferecer-lhes cuidados específicos para sua faixa etária;

? Preservar sua independência e autonomia;

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? Ajudá-lo a desenvolver aptidões;

? Ter paciência, pois seu tempo é outro, são mais lentos;

? Trabalhar suas perdas e seus ganhos;

? Promover muita estimulação biopsicossocial.

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CAPÍTULO 2

Psicomotricidade

Conceito

“É uma ciência que tem por objetivo o estudo do homem, através do seu

corpo em movimento, nas relações com seu mundo interno e externo.”

(Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, por Mello, 1989, p.31)

Desenvolvimento

Historicamente o termo "psicomotricidade" aparece a partir do discurso

médico, mais precisamente neurológico, quando foi necessário, no final do

século XIX, nomear as zonas de córtex cerebral situadas mais além das

regiões "motoras".

Em 1870, fenômenos clínicos levam à uma necessidade médica de

encontrar uma área que explique sintomas que não estão anatomicamente

cincunscritos a uma área ou parte do sistema nervoso. Pela primeira vez se

nomeia a palavra psicomotricidade.

As primeiras pesquisas que dão origem ao campo psicomotor correspondem

a um enfoque eminentemente neurológico.

O percurso histórico deste corpo discursivo e simbólico (eixo do campo

psicomotor) está marcado pelas diferentes concepções que o homem vai

construindo acerca do corpo ao longo da história. Em latim, "corpus", que

significa tecido de membros, envoltura da alma, embrião do espírito.

Entra em questionamento a dicotomia de René Descartes (séc. XVII) onde

se acentua: o corpo, "que é apenas uma coisa externa e não pensa, e a

alma, substância pensante por excelência que não participa de nada daquilo

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que pertence ao corpo".

Este dualismo corpo-alma marca, por um lado, a separação, mas, ao mesmo

tempo e contraditoriamente, sua união. Separações e uniões que formam

uma continuidade e articulação ao longo da história, tentando encontrar

explicações do corpo e da "alma" do sujeito.

No século XX, seu nascimento ocorre no momento em que o corpo deixa de

ser pura carne para transformar-se num corpo falado. A história da

psicomotricidade é solidária à história do corpo. Ficaram perguntas

registradas tais como: de que modo decodificar? Como explicar as emoções,

as sensações do corpo? Qual a relação entre corpo e alma? Porque

diferenciá-los?...

É Dupré, então em 1909, a partir de seus estudos clínicos, que define a

síndrome da debilidade motora, composta de sincinesias, paratonias e

inabilidades, sem que estas sejam atribuíveis a um dano ou lesão

extrapiramidal. É este neurologista francês figura de fundamental

importância para o campo psicomotor. Ele quem afirma a independência da

debilidade motora (antecedente do sintoma psicomotor) de um possível

correlato neurológico.

Aqui ele rompe com os pressupostos da correspondência biunívoca entre a

localização neurológica e as perturbações motoras da infância.

O Psico de psicomotricidade ganha sua origem, quando Dupré descobre que

era possível ser torpe sem ser idiota, marcando a diferença entre cognição e

a psicomotricidade.

Henry Wallon, em 1925, ocupa-se do movimento humano dando-lhe uma

categoria fundante como instrumento na construção do psiquismo.

Relaciona o movimento ao afeto, à emoção, ao meio ambiente e aos hábitos

da criança. Sendo assim, o conhecimento, a consciência e o

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desenvolvimento geral da personalidade não podem ser isolados das

emoções.

Fica delineado um primeiro momento do campo psicomotor: é o momento do

"paralelismo" e, portanto, da relação (tentativa de separação do dualismo

cartesiano) entre o corpo, expressada basicamente no movimento, e a

mente, expressada no desenvolvimento intelectual e emocional do indivíduo.

A prática psicomotora começa com Edouard Guilmain em 1935, que

estabelece segundo teorias do H. Wallon, um exame psicomotor, que

consiste de um diagnóstico de indicação terapêutica e de prognóstico.

Guilmain figura como um inovador neste registro.

Guilmain determina um novo método de trabalho- a reeducação

psicomotora- que estabelece um modelo de exercitações:

? Exercícios de mímica, de atitudes e de equilíbrio (para reeducar a

atividade tônica);

? Exercícios rítmicos, de coordenação e habilidade motora (atividade de

relação e controle motor);

? Exercícios que tendem a diminuir sincinesias.

Guilmain tenta levar por meio de exercícios, sustentado basicamente na

neurologia infantil e nas idéias wallonianas,a prática para crianças instáveis,

torpes ou débeis motoras, com déficit em seu funcionamento motor e que,

portanto não governavam eficazmente seu corpo, o que ocasionava uma

série de problemas em seu meio social.

Neste primeiro momento da prática psicomotora, é estabelecida uma

correlação entre a debilidade mental e a debilidade motora, entre o caráter e

a atividade cinética, na qual a disfunção motora ocupa o lugar

preponderante, junto com o déficit instrumental.

Em 1947/48, Julián de Ajuriaguerra e R. Diatkine redefinem o conceito de

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debilidade motora considerando-a uma síndrome com suas próprias

particularidades.

Só em 1980, em seu Manual de psiquiatria infantil, Ajuriaguerra quem

delimita com clareza os transtornos psicomotores, "que oscilam entre o

neurológico e o psquiátrico", são alguns deles:

? Debilidade motora;

? As instabilidades e as inibições psicomotoras;

? Certas torpezas de origem emocional;

? Dispraxias evolutivas;

? Tiques, gagueiras, etc.

O objetivo de uma terapêutica psicomotora será não só modificar o tônus de

base e influir na habilidade, na posição e na rapidez, mas também, na

organização do sistema corporal, modificando o corpo em seu conjunto, no

modo de perceber e apreender as aferências emocionais.

Com estas novas contribuições, a Psicomotricidade diferencia-se de outras

disciplinas adquirindo sua própria especificidade e autonomia.

O exame ou avaliação psicomotora é aperfeiçoado com suas respectivas

provas:

? Controle motor e tônico;

? Estruturação do espaço;

? Estruturação do ritmo;

? Estruturação das coordenações e da habilidade motora.

É estabelecido um método e diagnóstico destinados a delimitar o transtorno

psicomotor com suas características e a orientar as modalidades de

intervenção do terapeuta. Assim, fica estabelecido um exame psicomotor

padrão e um programa de sessões de acordo com as categorias dos

distúrbios motores que o sujeito apresenta.

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Já na década de 70, começam a definir a psicomotricidade como "uma

motricidade em relação". Começa a ser delimitada uma diferença entre a

postura terapêutica e a reeducativa que, ao ocupar-se do corpo em sua

"globalidade", vai dando maior importância à relação à afetividade e ao

emocional. Em 1977, Samí Alí propõe um esboço de uma teoria psicanalítica

da psicomotricidade. Então, com a contribuição da psicanálise, são

introduzidos, vários conceitos: Inconsciente, transferência, imagem corporal,

etc., que marcam uma virada nas perspectivas clínico-teóricas do campo

psicomotor. Agora já não se centra o olhar num corpo em movimento mas

num sujeito com seu corpo em movimento.

Já não se trata mais de uma "globalidade", de uma "totalidade", mas de um

sujeito dividido, escondido com um corpo real, imaginário e simbólico.

Funda-se uma clínica psicomotora centrada no corpo de um sujeito

desejante, e não mais numa terapêutica fundamentada em objetivos e

técnicas.

Atualmente, encontramos a reeducação psicomotora, a terapia psicomotora

e, a clínica psicomotora.

A reeducação psicomotora responde a uma concepção de sujeito que traz

consigo o conceito de corpo como uma máquina de músculos que não

funcionam e que, portanto, devem ser reparados, e à medida que isto é feito,

melhoram "paralelamente", a inteligência e o caráter de infante, ainda que,

deste modo, como já sabemos o que fica aí perdido como resto é o corpo de

um sujeito desejante.

A terapia psicomotora dá importância à emoção, à expressão e à

afetividade, considerando o corpo, a motricidade e a emocionalidade como

uma globalidade e uma totalidade em si mesmas. Assim sendo, são

constantemente ressaltadas a globalidade e a totalidade da pessoa.

Ela centra seu olhar, a partir da comunicação e da expressão do corpo, no

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intercâmbio e no vínculo corporal, na relação corporal entre a pessoa do

terapeuta e a pessoa do paciente em diálogo de empatia tônica.

A passagem da terapia à clínica psicomotora implica em ocupar-se do

sujeito e não mais da pessoa, ocupar-se da transferência e não da empatia,

do vínculo ou da comunicação corporal; ocupar-se da vertente simbólica e

não da expressiva, ou seja, implica que nos detenhamos na estrutura dos

transtornos e não apenas em seus signos.

Portanto, a clínica psicomotora é aquela na qual o eixo é a transferência e,

nela, o corpo real, imaginário e simbólico é dado a ver ao olhar do

psicomotricista. O sujeito diz com seu corpo, com sua motricidade, com seus

gestos, e, portanto, espera ser olhado e escutado na transferência desde um

lugar simbólico. Esta concepção de sujeito implica um corte que o lança a

uma divisão no real, no imaginário e no simbólico.

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CAPÍTULO 3

Estímulos aplicados na Terceira Idade.

Antes de falar em estimulação, não podemos esquecer que, à medida que

envelhecemos, vamos sofrendo o desgaste normal da idade. Esse desgaste

não é apenas físico, mas também nas relações sociais e na auto-estima, que

vão diminuindo em função de seu grupo, que fica cada vez mais reduzido

devido às perdas, às dificuldades para sair, à falta de estímulos e às

limitações físicas e psíquicas. Por isso o trabalho de estimulação deve

compreender estes três aspectos: físico, psicológico e social.

Em cada idade somos movidos por diferentes tipos de estímulo. E para o

velho, quais são os estímulos, já que ele está mais próximo do fim da vida e,

teoricamente, não tem a etapa seguinte para querer chegar lá?

Ainda que não tenha um longo futuro pela frente, a motivação, o estímulo do

velho é viver bem e intensamente no presente, ter satisfação com a vida que

leva agora e mostrar que pode e deve viver bem, deixando um modelo de

velho feliz para os que um dia também serão idosos. Um importante

estímulo é ver-se nos filhos, nos netos, nos amigos, nos alunos, nos

colegas, deixar algo de bom para as gerações que vêm depois dele, um bom

exemplo, sua herança, enfim. Para isso, seus estímulos são sua vida, a

família, os amigos, manter atividades, criar, ter lazer, querer ver mais e

aprender mais.

Sabemos que a melhor forma de ter uma velhice saudável é a atividade, seja

ela em que área for. Ninguém duvida da importância da estimulação física.

A necessidade de exercícios físicos está mais do que provada pelos

cardiologistas, reumatologistas ou profissionais de outras especialidades na

área da saúde. O exercício físico melhora as condições articulares,

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musculares e respiratórias, contribuindo para retardar o declínio dos

sistemas fisiológicos.

A Psicomotrocidade para idosos, como parte do atendimento interdisciplinar

à velhice, tem como objetivo maior a manutenção das suas capacidades

funcionais. Segundo Kalache (1987), um conceito bastante útil no contexto

do envelhecimento... Envelhecer mantendo todas as funções não significa

problema quer para o indivíduo ou para a sociedade (p.21).

Aspectos positivos

1) Visa criar uma consciência de seu poder de sabedoria;

2) Valorizar suas capacidades;

3) Dar realce às suas forças;

4) Incentivar o enfrentamento de certas limitações físicas e perdas;

5) Estimular o auto-cuidado:

6) Colocá-lo diante de um espaço de vida e de um espaço de atividades.

Quem vive mais intensamente sofre menos. Quem se mantém ativo, está

sempre em busca de algo novo, tem o ego mais estruturado e a auto-estima

fortalecida. Quem não tem atividade como hábito está mais sujeito à

depressão e mais vulnerável à frustração causada pelas perdas.

Um aspecto importante na limitação das atividades do velho é a rotulação

das atividades: isto é coisa de criança; isto é para jovem.

Independentemente da idade, todos conservam uma parte da criança e do

adolescente que um dia foi. As atividades, portanto, só devem ser limitadas

de acordo com as condições físicas da pessoa, seja ela velha ou jovem.

As atividades psicomotoras aplicadas em crianças de 6 a 10 anos, fazem o

velho viver um pouco mais suas lembranças e o estimula a recordar

satisfações que teve no passado. Recordar vivências passadas é

importante, pois a melhor maneira de não esquecer é lembrar. Ou seja:

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quanto mais lembrar, mais o velho vai vivenciar os fatos, melhor elaborá-los

e, em conseqüência melhor vai se sentir.

Os estímulos psicomotores são para promover, preservar e recuperar a

movimentação corporal, como instrumento do desenvolvimento humano.

O trabalho se propõe a recuperar e alimentar os movimentos naturais do ser

humano (andar, saltar, manter-se de pé, lançar, agarrar, etc.), a fim de

manter uma boa qualidade de vida para o idoso. Segundo Lowen, “não

conseguimos perceber que o alicerce de uma vida alegre é o prazer que

sentimos em nossos corpos. Este prazer encontra-se intimamente ligado ao

fenômeno de crescimento, importante expressão do processo contínuo da

vida.” (1984)

Exemplos de Atividade

Como exemplo, podemos citar a brincadeira de "Escravos de Jó". Pode ser

realizada em pé, e a atenção fica voltada para os pés, ou sentada, e então o

alvo a ser trabalhado será as mãos. Também temos a letra da música que

citaremos abaixo:

Escravos de Jó, Jogavam caxangá

Tira, bota, Deixa o Zabelê ficar

Guerreiros com guerreiros

Fazem zigue-zigue-zá.

Desenvolvimento da atividade em pé

Em pé, numa roda, todos terão de rodar num sentido, e dar um passo de

acordo com música. No verso "tira, bota" dar-se-á um passo para trás(com o

pé que dá o primeiro passo) e outro para frente, retornando a roda inicial.

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Quando em "zigue-zigue-zá", abre-se uma perna no primeiro zigue, a outra

se junta a esta no segundo zigue, volta a abrir a que chegou por último, e

retoma-se de novo o sentido da roda, abrindo a primeira perna e fazendo um

bis em guerreiros... e, repete-se até se cansarem.

A atividade com as mãos:

É preciso ter um objeto que deverá estar em uma das mãos. Este será

passado de mão em mão seguindo o mesmo roteiro que foi realizado com os

pés. Só que agora, um pegará o objeto da mão do outro e passará adiante.

A quantidade de erros acontece em grande número, pois, além da

coordenação motora, existe o ritmo (a música) que é fundamental para o

desenrolar da brincadeira. A atenção se redobra quando o trabalho é em

grupo, pois o desempenho de cada um vai influenciar no sucesso da

brincadeira.

Com cuidado e, respeitando as limitações da idade, estas brincadeiras, as

cantigas de roda, a dança, são atividades bem-vindas e trazem efeitos

positivos tanto no estado físico quanto emocional.

Através das atividades realizadas com as crianças (amarelinho, escravos de

Jó, etc.), “abre-se um caminho de possibilidades para encontrar outras

formas de fazer o que já sabem, proporcionando a esses indivíduos tão

discriminados, viver o envelhecimento como um momento pleno de vida, de

ação e não de limitações e perdas”. (Ferreira - 2000)

Muitas vezes o idoso não sai mais de casa por sentir vergonha da sua nova

situação física. Vivemos numa sociedade que só valoriza o jovem, e faz-se

de tudo para prolongar esta juventude, como se fôssemos seres eternos. E,

o que é mais agravante, muitas vezes os familiares têm vergonha de seus

velhos, e fazem de tudo para mantê-los em casa. É menos cansativo e

dispendioso.

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As atividades psicomotoras têm o papel de resgate de emoções e

sensações com o desafio de voltar a experimentar atividades recreativas

praticadas na infância.Traz de volta o brilho nos olhos e a certeza de estar

participante no processo da vida.

Como a infância, a terceira idade, também traz suas fragilidades, e devemos

ter atenção às recordações que estas brincadeiras trarão, e sabermos

utilizá-las de maneira que uma situação de desconforto venha à tona. Ou se

esta surgir, sabermos dar conforto e estarmos solidários ao idoso naquele

momento.

O ser humano apresenta uma grande resistência em se expor e o idoso já

traz uma resistência natural por estar vivendo um momento de muitas

perdas e adaptações que lhe foram impostas pela vida. Muitas vezes

resistem às brincadeiras, e aos estímulos, como se estivessem ali porque

foram mandados por alguém. E, aí se rebelam. Talvez, não à situação dos

estímulos psicomotores, mas a tudo que estes o fazem se deparar e se

despirem. Se deparar com a realidade e fazer comparações com o tempo

vivido.

É inegável a necessidade de reencontrar uma nova realidade com as perdas

sofridas e um novo modo de viver. É uma nova experiência, um aprendizado

que é imposto pela vida.

O trabalho em grupo cria um meio favorável para expansão, na qual as

pessoas não só se identificam entre como também passam a se sentir parte

de um todo continente em que são aceitas, e estabelecem relações inter-

pessoais a partir da convivência que ocorrem semanalmente.

As atividades psicomotoras que estimulam crianças de 6 a 10 anos

desenvolverem as potencialidades (tônus- equilíbrio- lateralidade- noção do

corpo- noção do espaço- praxia global- praxia fina), trazem os mesmos

estímulos na velhice.

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Na atividade “amarelinha” onde, utilizando bambolês enfileirados, variando

suas posições, as crianças o fazem com saltos, muita rapidez, alegria e

prazer. Muitas vezes tentam superar seu próprio tempo de execução.

A mesma atividade para o idoso, causa certo receio e desconforto. A maioria

já não consegue pular e a decisão para saber qual pé irá primeiro, é

vagarosa.

É a sensação proprioceptiva que está para a criança de 6 a 10 anos de

maneira inversamente proporcional para o idoso. A criança está aberta aos

estímulos, sem restrições, o que não acontece ao idoso, que terá de analisar

a situação com cuidado para não se ver em apuros.

Sensação proprioceptiva: relata ao corpo o que ele faz e o resultado dessa

ação: se os movimentos seguem conforme o planejado ou se sofrem

obstrução. Em outras palavras, ela monitora e reformula de um momento

para outro as iniciativas musculares do indivíduo (Sherrington - 1978).

O sistema proprioceptivo supre o cérebro com um mapa coordenado de

todos os recursos musculares disponíveis e seu estado de prontidão. Daí a

precaução dos idosos ao realizar uma tarefa psicomotora.

“A Psicomotricidade atuando como uma terapia corporal trabalha

basicamente com o prazer; o prazer de sentir o próprio corpo, tão esquecido

e adormecido, o prazer de perceber possibilidades; o prazer de lidar de

alguma maneira com as suas limitações; o prazer de brincar; o prazer de se

reconhecer; o prazer de viver.” (Levy, Denise- 2000)

As cantigas de roda, brincadeiras de “estátua”, rodar bambolês, jogar bola

com as mãos e/ou com os pés, resgatam o prazer do que já ficou registrado

na infância e, de alguma forma trazem de volta a sensação do corpo livre de

entraves, dores e limitações.

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Nos jogos de ritmo, como por exemplo,“escravos de Jô”, a dificuldade e

concentração aumentam consideravelmente, pois há uma estimulação maior

associando ritmo, coordenação motora óculo-manual e pedal e memória.

“O envelhecimento está associado, de modo inevitável, a declínio cognitivo,

em particular da memória.” (Moura, Claudia Inês - 2000).

Nas situações aonde o ritmo vem associado com algum tipo de coordenação

motora, seja ela global ou fina, o estado de tensão é considerável, e o

cansaço vem rápido.

Elvira Wagner, em seu artigo Memória, inteligência, aprendizagem e

motivação, diz:: -"Alguns processos patológicos podem, de fato, prejudicar

as funções da memória. (...) No entanto, mantidas as condições hígidas do

sistema nervoso, não há funções de memória prejudicadas".

O que na verdade existe é um mito, e parece que o velho introjeta essa

imagem de demenciado, esquecido e, assim, suas condições de motivação,

atenção e concentração diminuem, fazendo com que ele realmente não se

lembre das coisas. Parece que para ser velho é necessário ser esquecido. O

medo de não se lembrar vira uma certeza e ele acaba não aprendendo em

função da sua insegurança frente às situações de aprendizagem, É a

clássica frase que ouvimos: "Já estou velha para aprender, minha cabeça já

não ajuda mais". É o medo, a insegurança, a falta de motivação, a falta de

confiança em si e na própria capacidade de aprender que faz com que o

velho não se motive não se concentre não preste atenção e não armazene

as informações recebidas. Por falta de hábito, aos poucos vai deixando de

usar sua memória. (Zimerman - 2000)

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Atividade para ativar a memória:

Com música, marcando o ritmo, geralmente uma música quaternária (1-2-3-

4), começa-se um deslocamento para a direita e para esquerda, e então no

ritmo 1 faz-se um movimento qualquer (bate-se palmas, por exemplo).

Para enriquecer, cada participante na sua vez marcada terá de incluir um

outro movimento no ritmo 1.

Exemplos:

? Um levanta os braços;

? O outro dá um tchau com as mãos:

? O seguinte faz sinais positivos com os polegares, etc.

Daí passarão à fase seguinte, onde montaremos uma frase com todos o

movimentos do grupo, estabelecendo uma seqüência a ser repetida, que

ficará assim:

? Bater palmas, levantar os braços, dar tchau com as mãos, sinal

positivo com os polegares. Estes serão feitos no ritmo 1, e

deslocando-se para direita e esquerda.

Nas atividades com música onde pequenas frases de movimentos são

montadas, muitos conseguem e realizam a movimentação com prazer.

Outros se cansam mais facilmente, e aproveitando o mito do cansaço,

abandonam a atividade com mais rapidez.

Atividade para trabalhar a atenção e coordenação motora global:

Dança das Cadeiras

Como é feita tradicionalmente com as crianças, só que a maneira

estimulante que encontramos, é de criar uma outra roda de cadeiras com as

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pessoas que vão saindo do primeiro grupo. Assim não se cria o clima de

competição e a diversão é garantida.

A atividade se desenrola da seguinte maneira:

? Várias cadeiras formam uma roda, colocadas uma ao lado da outra.

Os participantes deverão rodar em volta das mesmas que terão um

número inferior ao número de participantes.

? O professor deverá por uma música que será interrompida sem o

conhecimento do participantes, e quando isto se der, as cadeiras

deverão ser ocupadas. Aquele que não conseguir uma cadeira para

se sentar, deverá começar a formar o grupo adjacente.

Estes exemplos acima são para ilustrar como as brincadeiras e os estímulos

psicomotores aplicados às crianças de 6 a 10 anos, podem ser

administrados aos idosos, e numa dose bem equilibrada, fazer com que

estes se sintam no processo de vida. E, um ponto muito positivo, possa

ativar suas qualidades físicas e sócio-cognitivas de uma maneira prazerosa,

aumentando sua qualidade de vida.

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CONCLUSÃO

O auxílio dos estímulos psicomotores na velhice

A Psicomotricidade para o idoso, visa criar uma consciência de seu poder de

sabedoria, valorizar suas capacidades e dar realce às suas forças, incentivar

o enfrentamento de certas limitações físicas e perdas e estimular o auto-

cuidado com o desenvolvimento de hábitos pessoais de saúde. A prática

psicomotora vai colocá-los diante de um espaço de vida, de um espaço de

atividade. Essa intervenção certamente levará o idoso a questionar suas

atitudes e consequentemente ter mais possibilidades em adaptar-se às

mudanças que o envelhecer acarreta.

O trabalho é feito em grupo, e um grupo é especular, cria um meio favorável

para expansão, e para a relação.

Vimos anteriormente, os vários aspectos onde a vida do idoso se modifica.

Analisemos como os estímulos psicomotores podem influenciar cada um

deles:

Influência nos aspectos físicos

? Melhoram as condições musculares (força e resistência) e articulares

(mobilidade);

? Melhoram a flexibilidade;

? Previnem e melhora as condições cardio-respiratórias, bem como a

circulação periférica;

? Previnem a descalcificação óssea (osteoporose);

? Melhoram a postura, a coordenação motora e o equilíbrio, dentre

outros.

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Influência nos aspectos psicológicos

? Desenvolvem a autoconfiança, a auto-imagem e a socialização,

quando os exercícios são em grupo;

? Promovem a independentização;

? Melhoram a capacidade de adaptação a novas situações;

? Estimulam a memória, a atenção, percepção, pensamento, e juízo

crítico;

? Aprimoram a conduta e a capacidade de tomar decisões;

? Ajudam no discernimento, dentre outros.

Influência nos aspectos sociais

? Melhoram a comunicação, a relação com outros idosos e com

familiares;

? Fomentam o intercâmbio afetivo;

? Promovem a convivência;

? Desenvolvem o sentimento de pertencer (sentir-se respeitado,

valorizado e aceito em seus grupos de convívio);

? Trazem novos aspectos e objetivos para a vida;

? Continuidade de papéis familiares, ocupacionais e nas relações

informais com os amigos.

A atividade é um aspecto importante não só referente a manutenção da

funcionalidade como também pela intensificação das interações sociais e o

desempenho de novos papéis esperados para seu grupo etário, que tendem

a gerar aprovação social se refletindo no auto-conceito que, sendo positivo

gera satisfação na vida. O afastamento entre o idoso e a sociedade é um

processo automático de desengajamento e redução de vínculos e atividades.

Esse processo parece ter grande influência na depressão, nos sentimentos

de inferioridade, na dependência, e no desajuste pessoal e social do idoso.

Os exercícios preparatórios para os jogos psicomotores, são feitos de forma

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lenta, buscando-se levar a atenção para as sensações que os movimentos

despertam no corpo. Parte de movimentos bem simples que vão

gradativamente ficando mais complexos com a intenção de manter e

desenvolver habilidades.

O objetivo principal é a exploração do corpo para levar a uma maior

consciência e consequentemente aprimorar o uso deste corpo, tanto no que

diz respeito à sua funcionalidade como também a sua capacidade de

expressão. Não há contra-indicação, cada um faz aquilo que se sente capaz

de fazer, sem esforço, sem dor e sem sentir cansaço. O que importa é que

se esteja presente em tudo o que se faça.

Outro fator importante dos exercícios preparatórios é que quando feitos em

duplas e propiciam o toque. Tocar a pele do idoso, que já muitas vezes mora

só e carece deste contato, traz de volta sensações e prazeres adormecidos.

Como nos diz Boadella, "tocar outra pessoa envolve muito mais do que

técnica. Algumas vezes, a técnica pode matar o espírito que se procura

transmitir pode-se quebrar uma resistência-chave, e expulsar as tensões do

corpo dessa maneira" (1985).

O bem-estar subjetivo sofre grandes influências do temperamento da pessoa

em questão, do envolvimento em atividades que avalia como importante e

que trazem satisfação, da saúde física percebida, ou seja, a sensação

subjetiva de saúde influi mais do que a situação real, da funcionalidade física

e cognitiva, das condições ambientais e de iniciar e manter contatos sociais.

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ANEXOS

Questionário aplicado à Terceira Idade Nome (opcional): Estado civil: Sexo: Idade: Profissão: ( ) Ativa ( ) Inativa 1- A sociedade discrimina o idoso. ( ) concorda ( ) discorda ( ) indeciso 2- Você tem amigo(s) que costuma conversar ao menos uma vez por semana? ( ) sim ( ) não 3- Você se interessa em se atualizar , fazer cursos como informática, culinária, fotografia,etc? ( ) sim ( ) não 4- Você tem algum hobby? ( ) sim ( ) não Qual? ________________________ 5- Você costuma conhecer lugares novos ao menos uma vez por ano? ( ) sim ( ) não 6- Pratica atividade física semanalmente? ( ) sim ( ) não Qual?_________________________ 7-A atividade física previne doenças relacionadas ao envelhecimento? ( ) sim ( ) não 8- Sente vontade ou necessidade de praticar outras atividades físicas? ( ) sim ( ) não Qual(is)?_______________________ 9- Mora acompanhado ( cônjuge, filhos, irmãos, etc) ou sozinho? ( ) sozinho ( ) acompanhado 10- A solidão contribui para o desinteresse pela vida. ( ) concorda ( ) discorda ( ) indeciso 11- A atividade física o torna mais ativo nos afazeres diários. ( ) concorda ( ) discorda ( ) indeciso 12- Ser idoso é ser doente, sem participação na sociedade, ser dependente? ( ) concorda ( ) discorda ( ) indeciso 13- A velhice chegou. ( ) concorda ( ) discorda ( ) indeciso

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BIBLIOGRAFIA

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Biossíntese - São Paulo: Summus - 1992.

2- FERREIRA, Carlos Alberto Mattos - Psicomotricidade - da educação

infantil à gerontologia - Teoria e prática - Petrópolis - RJ - Artes

Gráficas e Editora Ltda - 2000.

3- KALACHE, A., et al. - O Envelhecimento da População Mundial. Um

desafio novo. - São Paulo - Rev. Saúde - 1987.

4- KUNS, Kevin e Barbara - Reflexologia - como estabelecer o equilíbrio

energético - São Paulo - Ed. Pensamento - 1984.

5- LELOUP, Jean-Yves - O Corpo e seus símbolos - uma antropologia

essencial- Petrópolis - RJ - Ed. Vozes - 2003.

6- LEVIN, Steban - A Clínica Psicomotora - O corpo na linguagem -

Petrópolis - RJ - Ed. Vozes - 1995.

7- LUFT, Lya - Perdas & Ganhos - Rio de Janeiro - Record - 2003.

8- OMS - Organização Mundial da Saúde - Internet - 2004.

9- WAGNER, E. M. - Amor, Sexo e Morte ao entardecer da vida - São

Paulo - Ed. Caiçara - 1989.

10- ZIMERMAN, Guite I. - Velhice - Aspectos biopssicosociais - Porto

Alegre - Artes Médicas Sul - 2000.

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

CURSO DE PSICOMOTRICIDADE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Estímulos Psicomotores para crianças

de 6 a 10 anos

adaptados à Terceira Idade

Autora

Rosane Santos de Andrade

Orientador

Celso Sanchez

AVALIAÇÃO E CONCEITO