katia regina partes a contribuic;:ao dos jogos...

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Katia Regina Partes A CONTRIBUIC;:AO DOS JOGOS PSICOMOTORES E0 TRABALHO COM CRIANC;:AS COM SiNDROME DE DOWN EM ESCOLA REGULAR CURITIBA 2006

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA

Katia Regina Partes

A CONTRIBUIC;:AO DOS JOGOS PSICOMOTORES E 0

TRABALHO COM CRIANC;:AS COM SiNDROME DE DOWN EM

ESCOLA REGULAR

CURITIBA2006

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Katia Regina Portes

A CONTRIBUI<;:AO DOS JOG OS PSICOMOTORES E 0

TRABALHO COM CRIAN<;:AS QUE POSSUEM SiNDROME DE

DOWN EM ESCOLA REGULAR

CURITlBA

2006

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J,p' Universidade Tuiuti do ParanaFACULDADE DE C1ENCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

Curso de Pedagogia

TERMO DE APROVACAO

NOME DO ALUNO: KATIA REGINA PORTES

TITULO: A Contribuil;ao dos logos Psicomotores e a Trabalho com

Crianps que possuem Sfndrome de Down em Escola Regular

TRABALHO DE CONCLusAo DE CURSO APROVADO COMO REQUISITO PARCIAL

PARA A OBTENCAO DO GRAU DE L1CENCIADO EM PEDAGOG lA, DO CURSO DE

PEDAGOG lA, DA FACULDADE DE CIENCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES, DA

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA.

MEMBROS DA COMiSSAo AVALIADORA:

PROF(a). JodkNJkHA6o BUENO

ORIENTADOR(A)

t:f0-~7dL> .~PROF(a). MARILZA DO~(bc;OM-Afffi:PESSOA DA SILVA

MEMBRO DA BANCA

~~~~PROF(a) M);1tL[ DOCK HORN LEMKE

MEMBRO DA BANCA

DATA: 05/l2/2006

MEDIA: __1:,.5. _CURITIBA - PARANA

2006

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SUMARIO

RESUMO ...

1INTRODU<;:Ao ..

. 3

...4

2 A ESCOLA INCLUSIVA EM ESCOLA REGULAR E A SiNDROME DE

00_.. . B

2.1 A EDUCA<;:AO INFANTIL E 0 ENSINO EM REDE PRIVADA.. . 6

2.2 A ESCOLA INCLUSIVA NA EDUCA<;:AO INFANTIL.. . 9

2.2.1 A CRIAN<;:A COM SiNDROME DE DOWN .. . 11

2.2.2 A INCLUsAo DE CRIAN<;:AS COM SiNDROME DE DOWN NA

EDUCA<;:AO INFANTIL... . 13

3 OS JOGOS PSICOMOTORES E A SINDROME DE DOWN ..

3.1 A PSICOMOTRICIDADE E A DEFICIIONCIA ...

3.2 OS DISTURBIOS PSICOMOTORES ..

3.30 JOGO E A ATIVIDADE PSICOMOTORA. ..

3.4 0 JOGO PSICOMOTOR E A SINDROME DE DOWN ..

.... 17

. 20

. 21

........... 22

. 26

4 A INCLUsAo DA ESCOLA REGULAR, A SINDROME DE DOWN E OS

JOGOS PSICOMOTORES.. ...29

5 CONSIDERA<;:OES FINAlS ..

REFERENCIAS ..

. 32

. 35

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RESUMO

o presente trabalho leve como objetiva compreender a contribui~ao do Irabalho com jogospsicomotores em escolas regula res de EduC8t;aO lnfanti! e Ensine Fundamental, especialmenteaquelas que trabalham com crian<;8s que possuem a Sindrome de Down. visando identificar 0auxilio dos jogos na inclusao dessas crianyas na Educ8<;ao Infantil e no Ensino Fundamental.atraves de pesquisa bibliografica. Assim fundamenla-se e discute-se 0 trabalho com as jogospsicomotores nas rotinas escolares regulares, tendo 0 foeD nas criam;:as com Sindrome de Downincluidas, vista que a proposta inclusiva eslabelece que ela pode sim S8 inserir no mundo habituale passui lanta capacidade quanta uma crianC;8 normal. A mane ira como cada pessoa compreendeo mundo e particular e vai sendo construida ao longo de seu desenvolvimento. Sendo assim, naopodemos deixar de mencionar a importancia do brincar para urna crianc;a, pois e brincando efantasiando que ela adquire as nOl;6es basicas de mundo. Na escola, 0 brincar e uma atividadepresente no eotidiano das crianl;as e 0 resgate do ludico e da ludicidade infantil favorece em muitoo seu desenvolvimento. As atividades ludieas ha muito tempo atras se inlegram ao cotidiano daspessoas e assim podemos evidenciar no jogo nurn 8specte significativ~ como faler essencial daconstrUl;ao da personalidade da crianl;8.

Palavras chave: jogos pSicomotores, hidico, Sindrome de Down, inclusao.

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1 INTRODUC;:AO

o presente trabalho tern como tern a a contribui'fao dos jogos psicomotores

para serem trabalhados com crianyas com Sind rome de Down em escolas

regulares de Educar.;:ao Infantil e Ensino Fundamental, buscando compreender

como as jogos psicomotores podell1 auxiliar no processo de inclusao dos

mesmas.

Hoje em dia uma crianc;a que tern alguma necessidade especial jil nao e

tao vista como um ser que naD evolui, pois eta ja passu! oportunidades e as

mesmos direitos do que uma criam;:a que naD passui essas dificuldades.

Este tern a foi escolhido com objetivo geral de compreender a

contribuit;ao do trabalho com jogos psicomotores em escolas regulares de

Educa<;ao Infantil e Ensino Fundamental, especial mente aquelas que

trabalham com crianc;:as que possuem a Sind rome de Down. Como objetivo

especifico visou identificar 0 auxilio dos jogos na inclusao dessas crianc;as

na Educac;:ao Infantil e no Ensino Fundamental. A escolha do tema foi devido a

inclusa.o de crianc;:as com Sindrome de Down em escolas de Educac;ao Infantil e

Ensino Fundamental. E urn campo novo e esta se expandindo cada vez rnais e

mais rapido, pais a inclusao passa a ser vista como urna conquista dos individuos

com necessidades educativas especiais. Um dos principais motivos que levaram

a construir este projeto foi pelo simples fato de que hoje a Sindrome de Down jil

nao e mais vista como Un1a doenya, que causa vergonha e preconceito e sim

uma sindrome que faz com que a pessoa seja um pouco diferente. mas capaz de

realizar desde atividades adaptadas ate as apresentadas a qualquer crianya,

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dependendo da perda cognitiva que possui. Muitas pessoas. talvez par falta de

conviv~ncia e aM falta de informaryoes julgam aquelas que possuem a sindrome

como seres que sao anormais e deixam de ver a igualdade nas diferen~s.

Uma crianr;:a. ao nascer, requer todo cuidado, todo carinho e apoio dos

pais e de quem convive junto com a mesma. Uma crianr;:a com Sindrome de

Down requer as mesmos cuidados, nada diferenciando-se de outras crianvas,

pais tratanda~a com amor, todos os objetivos podem ser alcanryados e as

dificuldades superadas.

A metodologia utilizada neste trabalho foi a pesquisa bibliografica. sobre

a qual se buscou caletar as infarmat;:Oes existentes sobre esse universo e

tematica, delimitando assim a investiga~ao em cinco capltulos.

o primeiro capitulo trata da Educavao lnfanti! e Ensino Fundamental e do

ensina em rede privada. bern como sabre a inclusao de crianr;:as com Sindrome

de Down na Educar;ao lnfanti! e no Ensino Fundamental. 0 segundo capitulo

versa sobre os jogos psicomotores e a Sind rome de Down e par ultimo buscou-se

compreender a articulaya.o entre a inclusao. a Sind rome de Down e a jogo

psicomotor.

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2 A ESCOLA INCLUSIVA NA EDUCAr;:iio INFANTIL E A SiNDROME DE

DOWN

2.1 A EDUCA<;AO INFANTIL E 0 ENSINO EM REDE REGULAR

Na maiaria das escolas de educayao infantil e esperado que as crianryas

brinquem, fac;am amigos e passem haras se divertindo na convivencia de colegas

e adultos, construindo assim a sua aprendizagem atraves da participaC;:io e da

atuayao com 0 meio. A partir dos seis anos, a crianc;a vivera uma das mais

complexas fases do desenvolvimento humane nos aspectos intelectual,

emocional, social e motor, a qual sera tanto mais fica quanta mais qualificadas

fcrem as condiyoes oferecidas pelo ambiente e pelos adultos que a cercam. Uma

escola precisa ser mais do que urn lugar agradavel, onde se brinca. Deve ser urn

espac;o estimulante, educativ~, segura, afetivD, com professores preparados para

acompanhar a crianya nesse processo intenso e cotidiano de descobertas e de

cresci menta. A escola precis a propiciar a possibilidade de uma base s6lida que

influenciara todo 0 desenvolvimenlo dessa crianya.

o fato de a nova Lei de Diretrizes e Bases (LOB, 1996) reservar urn

capitulo exclusivo para a educa~ao especial parece relevante para uma area lao

pouco contemplada. 0 relativo destaque recebido reafirma 0 direito a educayao,

publica e gratuita, das pessoas com deficiencia, condutas tipicas e altas

habilidades, e trala-se de urna conquisla hist6rica. Em 1961 (lei 4.024/61),

destacava-se 0 descompromisso do ensino publico com a educayao especial; em

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1971 (lei 5.692111), 0 texto apenas indicava um tratamento especial a ser

regulamentado pelos Conselhos de Educa9~o, processo este que se estendeu ao

10ngodaquela dtkada.

A presen,a da educa,ao especial na Lei de 1996 reflete um certo

crescimento da area em relar;ao a educa~ao geral, nos sistemas de ensino,

principalmente nos ultimos 20 anos. Tal afirmativa ja pode ser comprovada na

Constitui<;ao de 1988. a qual contem varios dispositivos relacionados as pessoas

com deficiencia. Oestaca-se, na educa<;a.o, 0 inciso III do Artigo 20B, definido

como dever do Estado 0 atendimento educacional especializado aos portadores

de deficiE!I1cia, preferencialmente na rede regular de ensino. Um ponto central no

artigo e a previsa.o de professores com especializa<;ao adequada ern nivel media

au superior bern como professores do ensino regular capacitados para a

integra<;ao, visando entender 0 papel do professor especializado em uma

proposta integradora. que teoricamente pediria um profissional mais "polivalente".

Ampliando tal discussao, traz-se a tematica das habilitayOes da

pedagogia, as quais vi!m contemplando cad a vez mais a area da educa<;a.o

especial, refletindo as pressOes advindas das discussoes acumuladas sobre a

revisao da formayao do pedagogo e do docente, de urn lado, e das indica<;Oes da

LOB, de outro: ambas, de diferentes perspectivas, enfraquecendo a ideia da

formac;ao de urn especialista ern educayao especial como habilita<;Oes da

pedagogia. E ainda que prevale9a a figura do especialista em urn tipo de

forma9ao ou em outr~, e provave! que 0 educador nao se limite a ideia de urn

regente de classes especiais de determinada categoria de alunos especiais,

dentro das institui<;Oes au nas escolas comuns.

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Na escala particular, muitas vezes, a processo de inser~ao e mais dificil

par conta de que alem de alunos, se estabelece uma rela9ao cliente-empresa e

as familias se sentem na direita de interferir sabre a filosofia da instituir;:ao. Por

conta disso, muitas escolas e muitos orientadores, coordenadores e diretores

estabelecem dificuldades em seus criterios para ~impedir", de forma aculta, a

inseryao de alunos com necessidades educativas especiais naquela escola,

justificando tal nega9ao par conta do ~nivel eJevado do ensino~, a falta de

acessibilidade, dentre outras. No entanto, sabe-se que a insen:;:ao do aluno com

necessidades educativas especiais e um direito estabelecido que assegura a

inser9aO de qualquer aluno com deficlencla no ensino regular.

A Lei de Oiretrizes e Bases da Educa<;ao Nacional (Lei 9.394, de

20.12.1996), no capitulo V, define educa<;ao especial como "modalidade de

educa9c3o escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para

portadares de necessidades especiais" (art. 58). A oferta de educa9ao especial e

"dever constitucional do Estado" (art. 58, § 3'). Alem disso, a LOB prev~

~curriculos, metodos e tecnicas, recursos educativos e organizar;:a.o especificosM

para 0 atendimento adequado de Necessidades Educativas Especiais (art. 59, I)

e u •.. professores de ensina regular capacitados para a integra9ao desses

educandos nas classes comuns" (art. 59, III).

Fica claro, portanto que, no que se refere a educa9ao especial, enecessaria a capacitac;ao dos professores nao 56 para programas especializados

como tam bern para 0 ensina regular.

2.2 A ESCOLA INCLUSIVA

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Segundo 0 que consta na LOB (1996) e somente a partir da decada de 80

e 90 e que comec;:a a ser pensada a inclusao, objetivando incluir condir;:oes

educacionais satisfatorias para alunos especiais dentro do ensino regular.

o processo educativ~ de uma escola inclusiva e entendido como um

processo social, onde todas as crianr;:as portadoras de necessidades especiais e

de dishJrbios de aprendizagem tem 0 direito a escolarizac;:ao 0 mais proximo

possivel do normal. 0 alvo a ser alcanr;:ado e a integrar;:ao da crianc;:a portadora

de deficiencia na comunidade.

Defende-se a ideia de que esse processo de inclusao ou integrar;:ao

favorecer ao aluno portador de alguma deficiemcia e contribuir para 0 seu

desenvolvimento e sua socializa<;ao. romando tambem 0 aprendizado dos outros

alunos um pouco mais rico ao serem trabalhadas noc;:6es de respeito e

solidariedade em relac;:ao aos alunos com deficiencia.

Essa integrac;:ao consiste num reforr;:o dos curriculos de professores que

atuam com tais crianc;:as, exigindo-se assim um professor mais capacitado que

possua projetos educacionais mais completos,

o ensino inclusivo e a pratica da inclusao de todos, independentemente

de talento, deficiencia ou origem. A pratica da educac;:ao para todos aprimora nao

so a desempenho dos alunos como tambem do proprio professor, 0 qual deve

aliar- se a um esfor<;o unificado e consistente.

Dentro do ensino inclusivo ha Ires itens de fundamental importancia,

sendo eles: a rede de apoio, au seja, os organizadores que apoiam uns aos

outros at raves das conex6es formais e informais; 0 segundo e a trabalho em

equipe que envolve individuos de varias especialidades para trabalharem juntos,

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II

que a presem;a de urn cromossomo a mais na celula 21, au seja, tres

cromossomos, 0 que caracteriza a Trissomia 21.

Fai identificada em 1866, par John Langdon Down, que utilizou pela

primeira vez 0 terma "mongoI6ide", como cita Bomfim (1995, p. 60)

A causa da doent;;a ainda nac e cientificamente comprovada mas calcula-

se urn alto indice de incidE!ncia com mulheres mais velhas au seja, quanta maior

for a idade maior sera a probabilidade de nascer urn filho com a Trissomia 21,

geralmente acontecendo mais com maes que len ham mais que quarenta anos.

"A Sindrome de Down ocorre per urn acidente genetico, e e precise

deixar claro que nenhuma atitude tomada durante a gravidez au antes dela

poderia evitar 0 aparecimento da trissomia", nos diz Werneck (1993, p.89).

Uma das caracteristicas da pessoa com a Sindrome diz respeito ao seu

desenvolvimento fisico, pois sa.o urn pouco mais baixas do que uma pessoa que

nao possui a doen<;a, apresentando tambem urn retardo mental que vai de leve a

moderado, sendo que algumas na.o apresentam nenhum tipo de retardo e outras

podem atingir ate urn retardo severo. Ou seja, 0 grau de comprometimento

mental e variada ( SCHWARTZMANN, 1999).

Quanta ao desenvalvimento motor elas tambem apresentam um leve

atrasa ao aprender a andar, e par volta dos 15 ate os 36 meses e que come<;am

as primeiras manifesta<;Oes. Ela apresenta uma hipotania que se arigina no

sistema nervoso central e afeta toda a musculatura da crian<;a. Com a passar do

tempo ela ten de a diminuir, mas permanece presente par tada vida apenas em

graus diferentes.

o autor antes mencionado cita algumas das caracteristicas fisicas da

crian<;a com a Sindrome: hi!. um leve achatamenta da parte de tras da cabega,

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pequenas dobras de pele na parte intern a dos alhos, a ponte nasal e achatada,

as orelhas sao urn pouco menores e sua inser9aO abaixo dos olhas, a boca

tambem e urn pouco pequena, as maos e as pes tambem sao menores e na nuca

a individuo passui urn leve excesso de pele. Os dentes demoram a nascer e v~m

de uma forma diferente da habitual, sao mal alinhados e a ordem e diferente do

que a que se encontra em crianr;as que nao passu em a sind rome. Os dentes

caninos fiearn urn pouco mais pontiagudos. Nas crianc;as em geral 0 aspecto ebastante tipico e quase sempre nao 5e tern duvida do diagn6stico desde 0

momento do nascimento.

No cerebra dos Down sao prejudicadas as partes respons3veis peto

funcionamento da memoria auditiva de curto prazo e da memoria espa90-

temporal, mas sa.o preservados os outros tipos de memoria. Isso quer dizer que

os Down tem mais dificuldade de entender um raciocinio, porque na.o conseguem

lembrar de todas as palavras de uma frase ou de toda a seqO~ncia de uma

hist6ria que contamos para eles (SCHWARTZMANN, 1999). Eles lambem lem

mais dificuldade de se orientar no espa90 ou no tempo (como por exemplo

quando tern que discernir em urn movimento a direita e a esquerda, compreender

a temporalidade abstrata quando Ihe dizemos uque a aula acaba em quinze

minutos, a filme dura duas horasM

, etc).

Muitas pessoas rotulam urna crian9a com Sfndrome de Down sem ao

menos nunca ter tido urn contata com a mesma, e a pessoa passa a construir urn

significado que pass a a representar uma anomalia para ela.

Desde a Grecia Antiga, e ate pouco tempo atras, as crianyas que

nasciam com qualquer defici~ncia eram abandonadas, postas para marrer, pais

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13

eram consideradas mah?ficas e apresentav8m amea9as ao rei da comunidade.

Mas tal concep9~Ot conforme foi citado acima, modificou-se.

2.2.2 A INCLUsAo DE CRIAN~AS COM SiNDROME DE DOWN NA

EDUCA"AO INFANTIL E NO ENSINO FUNDAMENTAL.

Hoje uma das coisas que mais af1ige tambem as pais de crianyas

portadoras da Sindrorne de Down. diz respeito ao desenvolvimento do potencial

cognitiv~ da crianc;a, pois a Sind rome traz como consequ(mcia na maiaria das

vezes uma defici~ncia intelectual. Em funy~o disto, a entrada dos filhos na

escola, tanto na educ8c;ao infantil quanta no ensina fundamental, representam

momentos marcantes para as seus pais.

Para estes, a entrada da crianya na pre-escola suscita temares em

relac;ao a sua adaptac;a.o, pois ela sairia do seu ambiente e teria que enfrentar a

"vida como ela e" do lado de fora. Tudo depende do processo de inclusao ou

seja, sendo bem feita, havendo socializas:ao tuda comeya a fluir. Por exemplo, ela

tera que brigar pelos brinquedos e tentar se expressar nas mesmas condis:c3es

das crianyas consideradas "normais" e isto ajuda muito no seu desenvolvimento,

principal mente no que diz respeito a cogni<;;~o, a linguagem, as habilidades

motoras e a socializa9~0, po is acredita-se que colocando llma crian9a com

Sindrome de Down em LIma escola regular e dar a ela a chance que todas as

crianyas tem de desenvolver 0 seu potencial cognitivo e s6cio-afetivo.

Para a maiaria dos pais a parte rnais dificil de lidar corn esta condi9aO de

necessidade espacial e na 110ra de escolher uma escola para 0 seu filho, pois

como s6 agora nos ultimos anos e que saiu uma lei espedfica

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14

atendimento de crian9as portadoras de necessidades especiais em escolas

regula res e muitas professoras au professores encontram-se desnorteados

dentro de sala de aula e i550 acaba prejudicando a aluno que muitas vezes

senle-5e frustrado e perde a vontade de voltar para a escola.

Cabe a escola 0 dever de resgatar 0 seu papel de ensinar, considerando

o seu potencial de aprendizagem pois 0 acesso ao saber deve ser garantido a

todos.

Entende-se como ensino inclusivo a pratica da inclusao de todos,

independentemente de talento, deficiencia au origem. A pratica da educagao para

lodos aprimora nao 56 0 desempenho dos alunos como tambem do proprio

professor 0 qual deve se alia a urn esforc;o unificado e consistente (STAINBACK e

STAINBACK, 2000).

A crianya com a Sind rome de Down tern muito a ganhar ao ingressar na

escola inclusiva, pais na maioria das vezes essas escolas tern poucas

alternativas para oferecer a estes alunos e, em contraste, as escolas especiais,

que cada vez s:io mais escassas, colocam a crianya em urn ambiente muito

protegido e algumas vezes segregador. No entanto, focam-se mais no seu

aprendizado formal, usanda as ferramentas adequadas para a sua

aprendizagern.

Sendo assim, as pais, para escolherem a escola que vao colocar as

filhos, ter~1O que pensar nas habilidades e interesses da crianya, tendo coerencia

com as suas cren9as e modelos familiares. Existem pais que optam per escolas

mais rigid as, Quiros par escolas religiosas, outros per escolas mais liberais,

percebendo-se que s~o escolhas vinculadas a vis:lo de mundo dos pr6prios pais

e aquilo que eles desejam para seus filhos.

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15

Em relagao a este aluna com necessidades educativas especiais, seja

par parte da direc;:ao da propria escola ou par parte dos pais das outras crianc;:as

consideradas "normais", em primeiro lugar e importante citar que par lei as

escolas devem reeeber as crianc;:as com a Sind rome de Down sem nenhuma

restric;:ao mesma naD estando "preparadasM para receb~-Ias. Essa imposis:ao da

lei e muito delicada, pois tambem se compreende que e preciso que as pais

coloquem seus filhos em escolas que sinlam que eles esUio sendo bern

recebidos, pois esle ambiente de receptividade e fundamental para todos,

principalmente naquila que diz respeito a aprendizagem. Outro ponto de

fundamental importancia e que os pais observem como fun cion a esle processo

de inclusao dentro da escola, pais a experillncia de conviver com urn amiguinho

com a Sind rome de Down e riquissima para qualquer criant;:a au adolescente.

Assim, as "normais" aprendem na pratica conceitos como diversidade,

solidariedade, etica e respeito, e todos saem ganhando. ~ preciso ainda que a

pai tome conhecimento sabre a filosofia da escola para verificar se a mesma

contempla esses valores que eles almejam.(SCHWARTZMANN, 1999). Para

garantir uma boa inclusao social da pessoa com Sindrome de Down, elta-se aqui

alguns parametres que deveriam ser seguidos, segundo Pueschel (1993):

. Transmitir informat;:oes corretas sobre a que e Sind rome de

Down.

Reeeber com naturalidade pessoas com Sind rome de Down

em locais publicos.

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Estimular suas relar;:Oes sociais e sua participar;:.3o em

atividades de lazer, como esportes, festas, comemorar;:Oes e

Qutros encontros socia is.

Garantir que as responsaveis pela programac;ao voltada ao

lazer, a recreac;ao, ao turismo e a cultura levern em

considerac;::a.o a participac;:a.o de pessoas com Sind rome de

Down .

. Nao tratar a pessoa com Sindrorne de Down como se fosse

"doente", Respeita-Ia e escuta-Ia.

MA pedagogia inclusiva na.o pretende a correc;ao do sujeito, mas a

manifestal'~o do seu polencial" (BONETI, 2001), ou seja, ela reconhece as

diferenc;as e intenciona seu trabalho na troca de possibilidades significativas

contemplando a necessidade de todos as alunos.

E as jogos pSicomotores podem ser urn grande auxilio nesse

desenvolvimento.

3 OS JOGOS PSICOMOTORES E A SiNDROME DE DOWN

A pSicomotricidade nos dias de hoje encontra--se em maior destaque

devido ao numero de publicac;Oes relacionando-a com fundamentos filos6ficos,

psicol6gicos e ampliando a sua area de atua9ao, desde a educa9ao ate a terapia

psicomotora.

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o termo psicomotricidade resume-se na concep9ao de movimentos

organizados e integrados; visa uma certa mudan9a em re!a9aO aDs habitos de urn

individuo (ALVES. 1981). Poder-se-ia dizer entao que, dentre 5llas praticas,

poderia tambem se relacionar a urn tipo de pratica da reabi1itac;ao gestual.

Quanta a organiza9a.o psicolllotora, trata-se de delimitar 0 nivel das

performances de cada indivlduD, a medida que as capacidades de cada pessoa

VaG sendo construidas na intera9ao com 0 meio, representando ao final, atraves

de sua expressao par meio do carpa, 0 seu comportamento e 0 esforyo au

facilidade, prazer eu sofrimento as quais determinarao as suas a90es e as suas

compensa90es.

Na area do movimento a crian93 obtem uma contribui9ao para 0

desenvolvimento das eapaeidades pereeptivas e motoras, ou seja, e atraves do

desenvolvimento pSieomotor que as eapacidades eognitivas e s6eio- afetivas

podem ser elevadas. Segundo Le Boulell (1988), a Eduea<;:<3.oPsieomotora se

originou na Fran<;:a, em 1966, pela fragilidade da EduC3C;a.O Fisiea, jil que a

mesma nao teve eondi<;:oes de responder as expectativas de uma eduea<;:a.o

integral do eorpo.

Diversos auto res apresentam eoneeitos relacionados a Psieomotricidade.

Wallon, citado par Bueno (1998) estudou a evolul'ao da crianl'a e

proeurou eompreender as interfert!!ncias entre a motricidade, a inteligeneia e a

afetividade. Para ele, 0 tonus 1 mantem no mLJsculo uma determinada tensao que

se torna assim a base de onde se formam as atitudes, sendo entao chamada de

t Coslaltal (1990) apud Bueno (1998, p. 54-55) considel'a 0 16nu$ como um eslado de atenyionece$s<irio p.ara a harmonia do g~to e equillbrio do organismo. Era divide 0 tOnus em muscular,afelivo e mental. 0 t6nu~ muscular refere-se an movim~nlo e)[ecut~do, 0 tOnus afetiyo refere-seao estildo de espirito apresentado e 0 tOnus mental a c.apacidade de ateno;ao naqueledeterminado momento de ac;oo.

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Uatividade tOnica", Oai entao a complexidade desse estudo realizado par Wallon,

pais 0 tonus e simultaneamente modificado pelas variaC;Oes ambientais selVindo

de suporte para a afetividade.

Barreto (2000) afirma que a psicomotricidade e a integrac;:ao do individua,

utilizando, para isse, 0 movimento e levando em consideraC;:;3o as aspectos

relacionais ou afetivQs, cognitivos e motores. E a educa<;:ao pelo movimento

consciente, visando melhorar a efici~ncia e diminuir 0 gasto energetico.

Para Vayer (1992), a educac;:ao pSicomotora e uma ac;;ao pedag6gica e

psicol6gica que utiliza as meies da educac;:ao fisica com 0 fim de normalizar ou

melhorar 0 comportamento da crianc;:a.

Segundo Coste (1978). a pSicomotricidade e a ciemcia encruzilhada,

onde se cruzam e se encontram multiples pontos de vista biol6gicos,

psicol6gicos, psicanaliticos, sociol6gicos e IingOisticos.

E para Ajuriaguerra (1970), e a ciencia do pensamento atraves de corpo

preciso, econ6mico e harmonioso.

Dentro da literatura a Psicomatricidade recebe uma classifica9~o quanta

as fun90es psicomatoras, s~o elas: esquema corporal; tonos da postura;

dissocia9aO de movimentos; coordena90es globais; motricidade fina; organiza9aO

espacial e temporal; ritmo; lateralidade; equilibria; relaxamento total, relaxamento

diferencial e relaxamento segmentar.

Cita-se aqui em linhas gerais essa area do conhecimento, a qual possui

muitas tecnicas praticas, sendo nosso foco em crian9as a partir dos 5 anos de

idade. Nessa pratica, a psicomotricidade nos permite que se obtenha dados

sabre a crianc;:a, a partir desses pontos abaixo citados conforme Barreto (2000).

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• a qualidade tonica, referente a forma como tensiona seus gestos

ao manipular a objeto de explora<;a.o;

• a qualidade gestual, tratando-se do controle da coordenagflo dos

movimentos para torna-Io urn gesto intencional;

• a lateraliza9~o, a qual aponta qual lado do corpo, sobretudo nas

a96es das m~os e pes, que sao dominantes:

o controle, au seja, a distin<;ao das partes do corpo, apresentado

nos ge5t05 pela inibi<;:io au pela impulsividade nas a<;Oe5;

• a adaptac;ao temporo- espacial, a negao de direita e esquerda, que

e express a em todos as gestos ao se explorar 0 meio e as objetos

em geral; e

• a grafomotricidade, que enfoca a esc rita propriamente dita.

Em relac;a.o ao desenvolvimento psicomotor. para uma atividade

psicomotora consistente e preciso que a crianc;:a aja espontaneamente, assim

como 0 usc de sua criatividade, deve ser de forma liberta. Para a crian<;:a, a

movimento 56 tern valor quando nao esta sendo comandado pelo profissional

presente na hora de tais atividades, mas sim valorizado por este.

Segundo 0 autor Lapierre, dentre as linhas de abordagem ha a

Psicomotricidade Relacional que utiliza 0 jogo como meio principal de expressao.

Nesse metoda nao ha objetivos pedag6gicos diretos, mas sim uma influemcia

clara sobre as dificuldades de adapta<;:ao escolares e socia is, na medida em que

estas estao diretamente relacionadas aos fatores psicoafetivos relacionais.

Lapierre afirma que a essa abardagem e importante que aja entre 0

adulto e a crian<;:a um dialogo autl!ntico, uma rela<;:ao de pessoa a pessoa,

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deixando a crian~a livre para exprimir suas fantasias e de liberar suas pulsOes

(mesma as agressivas), com 0 maximo de permissividade e 0 minima de

proibigOes. Situando essa rela9aO no plano simb6lico, utilizando tact a a

simbologia das posi90es do carpa, do olhar, do gesto, da mimica e da voz para

provocar comportamentos de respostas nas criang3s, au para responder a seus

desejos e fantasias.

E de forma geral, urn dos objetivos de fundamental importancia da

Psicomotricidacte na fase infanti! e fazer com que a crianga alcance sua

autonomia e e atraves do jogo que bons resultados podem ser obtidos, como

poder-se-a ver na seqOencia desse titulo.

3.1 A PSICOMOTRICIDADE, A DEFICIIONCIA E OS DISTURBIOS

PSICOMOTORES

Quando se associ a a Psicornotricidade a defici~ncia, necessaria mente se

falara tambem dos disturbios pSicolllotores existentes nesses individuos com

necessidades especiais, visto que os mesmos, por possuirem alguma debilidade,

terao falhas ou comprometimentos em sua evolu9ao, desenvolvimento e

aprendizagem.

3.2 OS DISTURB lOS PSICOMOTORES

Disturbio psicomotor nada mais e do que a manifesta9~o de urn atraso

nos niveis do desenvolvimento motor, urn transtorno que atinge uma unidade

indissociavel formada pela inteligencia, pela afetividade e pel a motricidade

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(ANDRADE. 1984). Tais disturbios encontram-se relativamente ligados aos

afetos, apresentando um carater expressional em suas manifesta~oes.

Para muilos a terma disturbio e vista tambem como uma "debilidade

motoraft

, segundo Ajuriaguerra (1970).

Hoje em dia ha uma grande incidencia de crian9as e adolescentes com

disturbios pSicomotores, aparentemente consideradas equilibradas em todos as

aspectos, aos elhos dos pais ou respons3veis, mas que apresentam dificuldades

na leitura, na escrita, no calculo e na fala, apresentando falhas em imagem e

esquema corporais (conhecimento e representa9ao do proprio carpal, n09~o e

posi9~O espaciais (dentro/fora; acima/abaixo; atrils/na frente, etc) orientayao

tE!!mporo~espacial (antesfdepois; manha/tarde/noite; ontem/hoje/amanha),

lateralidade (dominio direita/esquerda), direcionalidade (para 0 lado/para a

frente/para atras, etc.); aten~ao e memoria (auditiva e visual); equilibrio (estatico

e dina.mico) e coordena~o motora (am pia e fina).

Alguns desses disturbios podem ser evidenciados precocemente. Por

exernplo: crian~as que nao se fixam em nenhuma atividade, nao levam tarefas a

serio; apresentam atividade muscular agitada, mesmo durante 0 sono; a

inteligencia, em alguns casos, ficam prejudicadas devido a dispersao e

ansiedade; suas fun~Oes motoras, tais como pular corda, amarelinha, jogar bola,

etc., sao defasadas; isolam~se com frequencia: possuem alterayOes circulat6rias,

glandulares (ou sao muito gordas ou sao muito mag"'s) e de pele (escamaI'Oes,

vermelhida.o, etc); caem com muita frequencia, apresentam inabilidade manual;

apresentam grande dificuldade para realizar atividades do cotidiano; sao, em

certos casos, agressivos e impulsivos: destroem os brinquedos e nao conseguem

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de "birra" ao serem impelidas a enfrentar situac;;Oes diferentes: a letra e ilegivel,

as vezes, as folhas do caderno s~o sujas e amassadas: s~o chamadas de

"preguic;:osas" e desinteressadas, pais apresentam lentidao para realizar tarefas

e5colares, como copiar do quadro-de-giz para a caderno; sentem muito sono;

com 1550 se fatigam facilmente.

Enfim, muitas vezes esses disturbios pSicomotores sao evidenciados no

inicio da escolaridade, porern os pais devem ficar atentos aos outros sinais

peneitamente perceptiveis antes do inicio da escolaridade. Eles poderao se

tornar a causa de problemas da aprendizagem importantes no futuro.

Ao observar a presen<;a de urn ou mais desses sinais, seria importante

consultar, imediatamente, profissionais especializados (fonoaudi6Iogos,

psieopedagogos, psicomotricistas, etc.), lembrando que essas crianc;;as nao

podem ser rotuladas de doentes, "coitadinhas" ou HatrasadasM, mas, sim,

neeessitam ser motivadas, eneorajadas e, prineipalmente, amadas pelas suas

familias.

3.30 JOGO E A ATIVIDADE PSICOMOTORA

Segundo Santos (2000), 0 jogo pode apresentar muitos significados, dos

mais amp los aos mais estritos. Oesde as movirnentos que a crianc;;a faz nos seus

primeiros anos de vida, como agitar objetos que estao ao seu alcance, como

tambem os jogos tradicionais e os desportos institucionalizados.

Segundo Mariotti (2003), 0 jogo e urna alividade onde 0 sujeito cria e se

reeria e a expressao ludica favorece a consolidayao da personalidade, podendo

revelar medos e frustra<;oes e oferece urn recurso para elimina-Ios, se utilizado

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como terapia. Na escola. a Educat;~o Fisica ocupa lugar DE destaque como uma

atividade psicornotora para as alunos. E muitas vezes apenas nas aulas de

Educat;ao Fisica que 0 aluno pode "bagunt;ar" urn pouco, e Fazer 0 que nao e

permitido dentro da sala de aula. E um dos meios utilizados para auxiliar no

processo de desenvo!vimento motor dos alunos.

Segundo Tani (1988), a jogo deve proporcionar as criany3s oportunidades

que possibilitem um desenvolvimento hierarquico do seu comportamento motor.

Este desenvolvimento hierarquico deve, atraves da interat;ao entre 0 aumento da

diversifica9ao e complexidade, possibilitar a forma9c10 de estruturas cada vez

mais organizadas e complexas.

Segundo Gomes e Almeida (2001, p.15), para portadores de necessidades

especiais, devera buscar diversos recursos para que a facilitayao e a apropria9ao

motora ocerra, auxiliando 0 portador de defici~ncia neste intercambio Kdeficjente~

sociedade." Sendo assim, a Educa9ao Fisica Especial deve ser prazerosa,

devendo par meio de suas atividades, ter objetivos pre-determinados, e estar

voltada aos participantes da aula.

A Educay30 Fisici1 ElpeciOlI deve proporciono ao aluno aconhecimento de seu corpa, levando-o a usa-Io como instrumentode expres~o oonsciente na busca de sua independ6ncill e nas.atisfa~o de lUllS necessidades, oportuniz8, ainda, a evoluc;:ao doaprendizado como con5.equ~ncia natural da pratica das atividadespropostas. Quanta mais espontanea e prilzerOSB for essa alividade,maiores beneficial trara para a desenvolvimenlo inlegral do aluno.(GOMES, ALMEIDA, 2001, p.1S)

Ou seja, par meio da Educa98.0 Fisica espera-se que os alunos tenham

condi90es de descobrirem suas potencialidades tanto corpora is quanto

cognitivas, e de serem participativos em uma sociedade.

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Como jil. havia side dito que na.o hi! urn canceito especifico para 0 jogo,

estima~se que todos as estudos nessa area vern sendo utilizados com 0 objetivo

de proporcionar a crianc;:a prazer e ludicidade.

Segundo Cascudo (1979), jogos, brinquedos e brincadeiras sao a mesma

coisa, sendo que, para muitos dentro do jogo a competicyao e fata relevante e nao

esta presente num brinquedo e nem sempre numa brincadeira. Porem a maiaria

dos autores sao untmimes em orientar que e importante a observac;:ao de que as

atividades propostas del/em estar de acordo com a faixa etaria de cada crianya,

tarnando assim as atividades rna is eficazes.

A experiencia corporal das crianr;:as atraves do jog a nao pade ser

desvalorizada assim como pelo adulto, pois pode acabar repercutindo de forma

irregular no desenvolvimento da crianya.

o jogo e uma atividade ou ocup;l~o voluntjria. exercida denlro decertos e delerminados limites de lempo e de espayo. segundo regraslivremenle consenlidn mas ilbsolutamente obriget6rias, dolado de umfim em si mesmo, acompanhado de um senlido de lensoo e de alegriae com a consciencia de ser diferenle da vida colidiana(HUIZINGA,1971. p. 33).

o professor deve permitir que a crian<;a realize suas atividades e ao

mesmo tempo garantir a ela certa liberdade, pais esta se torna indispensavel ao

desenvolvimento das func;:Oes mentais e sociais. 0 professor 56 deve intervir

quando a manifestac;:ao agressiva extremada surge entre as crianc;:as. Mesmo

assim, tal intervenc;:ao nao deve acontecer automaticamente sem antes que a

crianc;:a possa assumir 0 seu erro.

Resumidamente, a atividade ludica incide na autonomia e na

socializayao, condiyao de uma boa relayao com 0 mundo.

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Para brincar e precisD espa~o. para que as movirnentos Deorram

livremente, e 110jeem dia isso se perde um poueo devido ao limitado espayo de

apartamentos, sobrados. da cidade em fim. No texto trabalhado Huizinga (1971)

cita uma serie de materia is m6veis como: bolas. baloes de diferentes tamanhos,

circulos, p"eus, peda~os de madeira ou de plastico, cordOes de diferentes

tamanhos. cordas de pular, sacolas, areas etc. Com esse material professor

organiza urn canto destinado somente as atividades de completar, permitindo que

atuem livremente em pequenos grupos de crian~as.

E importante que 0 professor tenha clareza de seus objetivos em relayao

aos jogos pois estes darao a ele condi~oes de estabelecer conexoes com outras

areas do conhecimento.

Com 0 processo de inclusao essas atividades tarnam-se mais

importantes. po is as alunos precisam cooperar lIns com os outros para

alcanyarem seus objetivos dentro de um jogo, aceitar a opiniao dos colegas e

assim ajudam-se mutuamente. Segundo Piaget "a coopera9a.o com as outros

indivlduos permite 0 desenvolvimento da moralidade e da alltonomia~.

Ao trabaltlar com 0 jogo pSicemotor possibilita-se a crian9a brincar . a

mergulhar na vida, podendo ajustar-se as expectativas sociais e familiares

(CUNHA, 1994).

Muitas vezes 0 jogo e confundido com ate de lazer ou simples atividade

de encerramento da escola sendo assim muito desvalorizado como pratica

educativa.

Associando a Psicomotricidade ao jogo, tem-se as autores Lapierre e

Aucouturier (19S8). os quais procuraram colocar em evid~ncia as n090es

fundamentais que permitissem it crianga organizar e estruturar sua visao do

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mundo a partir de sua viv~ncia. Os autores comentam que 0 apreender as

conceitos e n01;Oe5 no corpo e de fundamental importancia. "Nada pode 5e

integrar realmente ao ser se n~o passar antes pela sua organiza9~o t6nico-

emocional" (LAPIERRE; AUCOUTURIER, 1986, p. 24).

3.4 0 JOGO PSICOMOTOR E A SiNDROME DE DOWN

Para Faria (1993) in Bueno (1998) "a crialividade desempenha papel

importante no desenvolvimento da personalidade do individuo enquanto facilita a

comunica9ao e a livre expressao".

No entanto, 0 individuo com necessidades educativas especiais pode

manifestar 5uas expressOes de forma destoante da maiaria, e a jogo psicomotor

pade favorecer a descoberta desses desajustes.

"Nos sa ponto de partida e essencialmente diferente no sentido de que

partimos do carpo, do corpo que age numa relat;:ao direta com as objetos, os

sons, 0 espayo, os oulros." (LAPIERRE; AUCOUTURIER, 1986, p. 87). Assim,

entende-se que 0 jogo pSicomotor e as brincadeiras exigem envolvimento fisico,

emocional e provocam desafio mental, tendo como principal caracteristica sua

intencionalidade, favorecendo assim a organizar;:ao pessoal da crianr;:a com

Sfndrome de Down.

Crianyas que freqOentam escola regular envolvidas com crianyas

portadoras de necessidades especiais tanto de ordem motora, cognitiva quanto

emocional estabelecem contatos dentro das suas relayoes tanto com 0 adulto

quanto com objetos, espayos ou ate consigo mesma. Hoje 0 jogo ja e visto como

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uma forma incentivadora, sendo ate incluidos no curriculo das escolas infantis, e

passam entao a ser pedagogicamente aceitos como parte dos contelldos.

Cabe ao edllcador lidar com as diferen93s. na medlda do passive I

enquadrar as crian9as que possuem a sindrome ao meio regular. 0 mesma deve

acreditar que as necessidades e a evolUiy~o acon1ecem. mesma que em tempos

diferentes.

Segundo Bueno 1998) 0 trabalho do psicomotricista deve propiciar ao

aluno: a integra<;ao livre e espontanea de cad a individuo: a definiyao au luta pelo

seu espa90 no contexto social; 0 relacionamento interpessoal de acordo com 0

seu desejo; a aprimoramento de suas capacidades au a facilita9aO de suas

dificuldades psicomotoras. dentro de uma proposta educacional.

Para Lapierre e Aucouturier (1986, p, 20) ~investir todo a espac;:o da sala,

pelo deslocamento em todos os sentidos, pela trajet6ria dos objetos, e

simbolicamente ser aceito no espac;:o dos outros e aceitar as outros no seu

espac;:o".

A crianc;:a portadora da Sindrorne de Down em trabalho conjunto com

outras crianc;:as que na.o possuem a sua patologia 56 tend em a progredir, pois,

somente em cantata com crianc;:as e que ela desenvolve noc;:ao de respeito que

se intensifica gradativamente, ela adequa sell ritmo ao ritmo dos seus colegas

sem angustiar-5e com i550 e passa a ter uma autoconsciencia das suas

limitac;:Des. Tais compartamentos sao adquiridos independentemente se a crianc;:a

possui algum problema neurol6gico ou na.o, mas varia de uma crianc;:a para outra.

Na crianc;:a com Sindrorne de Down torna- se urn pouco comum a

comportamento agressivo em relac;:a.oao adulto. Segundo Lapierre e Allcouturier

(1966),

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adulto representa para essa crianc;a, alguem superior, que simboliza poder au

autoridade, sendo assim a crianc;:a sente urn desejo de detenc;ao desse poder,

como se fosse uma disputa pelo adulto. Quando uma crianC;3 desenvolve a

capacidade de entrar em harmonia tonica com 0 Qutro e descobrir 0 prazer ness a

relayaa, sua autonomia e auto-afirma9aO vao sendo refor<;:adas gradativamente.

Em caso de agressividade manifestada por parte de uma crianga e

dirigida a Dutra que passui alguma deficiencia, a professor deve agir de forma

discreta, protegendo-a, pOis estas se encontram inseguras e com medo. Aos

poucos, se 0 ambiente facilitado pelo professor for propicio, a crianc;a adquire

confianc;a e melhora suas possibilidades e seus limites em rela9210 a sua conduta,

com rna is freqO~ncia.

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4 A ESCOLA REGULAR, A SiNDROME DE DOWN, A lNCLUSAO E 0 JOGO

PS1COMOTOR

Geralmente, para a crianya entrar na escola significa algo novo,

incentivador, com a qual ela vai adquirir progressivamente conhecimentos cad a

vez mais complexos e que precisara inevitavelmente para sua formac;:ao como

individuo.

Ela pass a de urn sistema livre de aprendizado para urn cheio de regTas,

au seja, do ambiente familiar para 0 ambiente escolar a qual atribui a ela novas

formas de adapta9aO social.

Na Educac;ao Infantil, urn dos maiores objetivos implica em formar a

crianc;a nurn ser aut6nomo dentro de sala de aula, portanto, uma crianc;:a com

Sindrome de Down deve ter sua sequencia evolutiva bern desenvolvida e

acompanhada pelo profissional, colocando em evid~ncia as diferenyas individuais

existentes entre elas para que se possa desenvalver atividades diarias centrad as

na crianrya.

Fuentetaja (1991, p. 126) comenta que a escola regular atua, para os

alunos com Sind rome de Down, como "compensadora de outras situac;:oes em

que existe certa risco de superproteryao como e no seio da propria familia", e

permitir urn melhor desenvolvimento.

o atendimento da crianc;:a nao deve ser interpretado como 0 acumulo de

aprendizagens das diferentes areas do desenvolvimento, isoladamente ou de

forma mecanica (SCHWARTZMANN, 1999). Fuentetaja (1991) comenta que

uma escola que acolhe crianryas com necessidades educativas especiais deve

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oferecer urn rneio de socializa9ao rico em estimulos, cnde a crian9a possa

encontrar uma relayao afetiva estavel e urn contexto escolar normalizador que Ihe

ajude a construir melhor sua autonomia como pessoa e que alcance mais

facilmente sua identidade.

Assim, nada mais certa do que utilizar a jogo para desenvolver

experiencias significativas. Entao nada mais sugestivo do que trabalhar 0 jogo

dentro de sala no processo de alfabetizayao tambem, pO is encontrarnos a jogo

ern todo lugar, na rua, no patio, no predio, na sala etc.

Inserir 0 jogo a fim de utiliza-Io como uma forma OLl aquisi<;ao de

conhecimento nao signifiea impor a crianr;a a to do momento regras. e preciso

antes de l1'lais nada que se busque 0 valor no que e dado para que a crianya

chegue ao prazer de jogar ao mesmo tempo que se aprende.

Como a crian<;a que possui a Sfndrome de Down apresenta uma

hipotonia generalizada cit:ada anteriormente e que se sugere uma estimulayao

motora. e 0 trabalho com os jog os pSicomotores assim a favorece, promovendo

sua mell10ria em suas a90es devido as limita<;Oes fisicas que apresenta e assim

uma intera<;ao positiva entre os pais, alunos e os professores.

Nos jog as, normalmente, sao utilizados multiplos recursos cerebrais,

definidos como varios tipos de men)6ria: expHcita ,memoria de fatos ocorridos) e

impHcita (mem6ria de habilidades), auditiva de curto prazo (memoria das palavras

e sons que formam urn raciocfnio) e de longo prazo (memoria de musicas

assocfadas a eventos). visual. espayo-temporal. etc. Com estas mem6rias

diferentes aprendemos a raciocinar e reconhecer 0 significado e 0 contexto das

coisas (ARAUJO, 1992).

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Como as crianyas com Sindrome de Down apresentam dificuldades de

memoriza9ao, ja citado anteriormente, recomenda-se entao a utiliza903.0 de jogos

de combinar (encontrar figuras iguais, juntar animais e filhotes, juntar conjuntos

de figuras, domino, quebra-cabec;:as, etc), jogos de memoria, jogos de sequencia

e jogos de estrategia, dentre Qutros.

Tambem po de se co[ocar ainda que a jogo psicomotor traz alem do jogo

organizado, 0 jogo livre e espontaneo. 1550 permite favorecer, atraves do jogo de

papeis e da repetic;ao de comportamentos da crianya, quais as estrategias

relacionais a crianc;:a emprega para enfrentar seus desafios. Com relac;ao a isso,

Lapierre e AUGQuturier (1988) dizem que a descoberta do poder agir associ ado ao

poder sentir trazem uma nova dimensao ao prazer do movimento. Atraves do

prazer da ayao, de pegar um objeto, de dar-lhe movimento, de desloca-lo, de

lanc;::a-lo, de modificar sua forma, de fazer barulho com ° objeto, a crianya vai

internalizando as conceitos de forte, fraco, do lento e rapido, auto-afirmando-.se.

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325 CONSIDERA<;OES FINAlS

Este trabalho teve como objetivo auxiliar 0 professor que atua em escola

regular e trabalha com crian~as portadoras da Sind rome de down, apresentando

a contribui~ao de uma estimula~ao motora atraves dos jogos incluindo jogos

pSicomotores.

A utiliza~ao de jogos faz com que tanto a crian~a normal como a

porta dora da deficiemcia possa obter no~ao de respeito e afeto pelo outro,

respeitando cada urn as suas diferen~as.

Encontra-se aqui uma compreensao do que pode ser trabalhado com

crian~as normais que convivem numa mesma sala de aula que crianc;as

portadoras da defici{!ncia, orientando professores para que acontec;a urn trabalho

prazeroso e significativo para as crian93s e tambem para as professores.

Sendo hoje uma das grandes preocupa~oes quanta as Iimitac;Oes de uma

crianc;a Down, tanto fisica quanta intelectual e que este trabalho fai desenvolvida

com 0 intuito de aumentar tais condicionamentos, atraves das estimulayOes,

propiciando alegria e satisfa<;:ao.

Percebe-se que hoje as escolas encontram-se cada vez mais perto de

proporcionar a essas crianc;as 0 que [hes e proposta numa escola regular, sendo

o jogo pSicomotor urn grande facilitador nesse processo inclusivo. Cabe entao ao

educador compreender e habilitar-se cad a vez mais com 0 universo llidico para

favorecer essa inclusao, ja que 0 jogo psicomotor coloca em pratica

simultaneamente dois pontos importantes, 0 prazer ao brincar e a concreticidade

das atividades desenvolvidas, at raves da inser~ao de jogos com 0 carpo, pais e

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na fase pre-escolar que 0 corpo esla na sua melhor fase queira favorecer a

apreens~o de vivencias e de conceitos em seu desenvolvimento.

Num mundo de extrema globaliza9~o, 0 qual obtemos noticias de varias

partes do mundo 0 tempo inteiro, acredito que e possivel mudarmos a nossa

educayao como tambem a educa9aO especial. pois 0 professor que acredita no

que faz tern grandes chances de mudar muito a vida de muitas pessoas, que ou

desacreditam ou ate mesmo desconhecem de um sistema educacional de

qualidade, que atenda seus alunos nao apenas por obriga9ao e sim com 0 intuito

de fazer parte na vida do aluno ao mesmo tempo que 0 ensina a viver para 0

mundo.

As atividades psicomotoras t~m como objetivo explorar 0 desenvolvimento

integral das crianyas, que nao se limitaram a realiza-Ias, colaborando assim com

a expectativa de desenvolvimento geral de portadores de Sind rome de Down, e

favorecendo 0 processo de inclusao, considerando que este sera aceito pelos

demais alunos, quando puder demonstrar a capacidade de realizar as atividades

propostas.

Cabe aos professores uma conscientizayao de que a escola abre

caminhos para os alunos ingressarem futuramente como cidadaos ativos e sendo

assim cabe a estes agirem de forma com que todos saiam ganhando, tanto

alunos como professores que tambem sao alunos mas, desta vez do mundo.

E preciso, antes de mais nada, um trabalho em equipe, onde nao s6 uma

cabe((a pensa, mas varias, agindo de forma eficiente e prazerosa diante de

alunos com Sindrome de Down. Mas esse trabalho ern equipe 56 podera ser

conquistado e a inclusa.o efetivada se os profissionais que atuam na escola

regular possuirem conhecimento real de todos os aspectos que envolvem a

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34Sindrome de Down e se incluirem a proposta e as beneficios do jogo psicomotor

em suas aulas.

Recomenda-se, para novos Irabalhos, que se investigue qual a

compreensao de jogo psicomotor as professores tern quando aplicam jogos para

favorecer a inclusao ern suas turmas, ou mesmo qual a utiliza9ao dos jogos

psicomotores nas turmas regulares que praticam a inclusao de atunos com

necessidades educativas especiais.

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